Clipping Diário

30 | Outubro | 2025

SIDERURGIA

Portal Fator Brasil - RJ   30/10/2025

Estado respondeu por 27,4% da produção nacional de setembro, com as 768 mil toneladas de aço que fabricou no mês.

O Rio de Janeiro acumula 6,6 milhões de toneladas de aço produzidas de janeiro a setembro deste ano, o que significa uma alta de 1% na comparação com o mesmo período no ano passado. Apenas em setembro, o estado produziu 768 mil toneladas de aço bruto, sendo responsável por 27,4% da produção nacional no mês. Os dados são do Instituto Aço Brasil, que representa as empresas siderúrgicas brasileiras.

— A cada mês, a indústria siderúrgica fluminense comprova que tecnologia, mão de obra qualificada e competitividade andam juntas no Rio de Janeiro. Os resultados apresentados pelo Instituto Aço Brasil evidenciam um setor que cresce com responsabilidade, gera empregos, abre novas oportunidades e reafirma o papel estratégico do estado na economia nacional — destacou o governador Cláudio Castro (PL).

No ano passado, o Rio de Janeiro produziu 8,8 milhões de toneladas de aço, registrando um crescimento de 2,4% em relação a 2023, sendo responsável por 26,2% da produção de aço bruto no país.

— O Rio de Janeiro segue como o segundo maior produtor nacional de aço bruto, com um crescimento, no acumulado do ano, superior ao do estado de Minas Gerais. No entanto, a elevação das tarifas de importação de aço pelos Estados Unidos representa um desafio significativo para a produção siderúrgica no estado, onde o setor é um pilar econômico regional — avaliou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, Vinícius Farah.

ECONOMIA

CNN Brasil - SP   30/10/2025

Os juros altos têm um custo que vai muito além dos números dos boletins econômicos. Eles limitam o crédito, freiam o consumo, inibem o investimento produtivo e comprometem a geração de empregos. Em outras palavras: travam o Brasil.

Na prática, a política monetária restritiva tem impedido que famílias e empresas avancem. Para o setor produtivo, o impacto é direto — menos acesso a capital de giro, projetos parados e perda de competitividade. Para os trabalhadores, o resultado é a desaceleração da economia e a redução das oportunidades de renda.

“Não existe crescimento sustentável com juros estratosféricos. Não há espaço para inovação, reindustrialização e crédito acessível. O que se vê é a paralisia dos investimentos produtivos, com sequelas para toda a sociedade”, afirma Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O custo do dinheiro caro

Hoje, o Brasil mantém uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Essa diferença entre o custo do crédito e a rentabilidade da economia gera um desequilíbrio que afeta todos os elos da sociedade. Empresas adiam investimentos. Famílias postergam compras. O governo vê a arrecadação cair. O círculo virtuoso do crescimento se transforma em um ciclo de estagnação.

De acordo com levantamentos da CNI, o encarecimento do crédito e a queda da demanda interna estão entre os principais fatores que reduziram o desempenho da indústria em 2024 — cenário que, se mantido, pode comprometer a recuperação econômica nos próximos anos.

Um pacto pelo futuro

Para romper esse impasse, a CNI propõe o Pacto Brasil +25 — uma agenda nacional de desenvolvimento com horizonte de 25 anos.

A iniciativa busca mobilizar governo, setor produtivo e sociedade em torno de um objetivo comum: construir condições sustentáveis para o crescimento, conciliando estabilidade fiscal e expansão econômica.

O pacto propõe a criação de metas fiscais de longo prazo, reformas estruturantes e políticas de Estado que garantam previsibilidade, confiança e estímulo à produção. O objetivo é harmonizar o equilíbrio das contas públicas com a promoção de investimentos, inovação e empregos.

“O país precisa de uma estratégia para o futuro, não de uma política monetária que nos mantém prisioneiros do passado”, reforça Alban.

Equilíbrio e crescimento andam juntos

A redução sustentável da taxa Selic — a taxa básica de juros da economia brasileira — é parte essencial dessa estratégia. Quando o custo do crédito cai, os investimentos aumentam, o consumo se recupera e o PIB reage. Essa dinâmica gera mais empregos e amplia a arrecadação, fortalecendo as contas públicas — um ciclo virtuoso que beneficia toda a sociedade.

O Pacto Brasil +25 propõe exatamente isso: um consenso em torno de políticas econômicas estáveis, previsíveis e voltadas ao desenvolvimento de longo prazo.

Destravar o Brasil é um compromisso coletivo

O desafio de tornar o país mais produtivo, competitivo e inclusivo não cabe a um único setor. É uma tarefa de todos: governos, empresas, trabalhadores e cidadãos.
Reduzir os juros de forma responsável é o primeiro passo para abrir espaço ao investimento, à inovação e à prosperidade compartilhada.

“O Brasil precisa de uma nova visão — uma visão que reposicione o Banco Central e reoriente as políticas públicas para a responsabilidade, a racionalidade e, sobretudo, para o compromisso com o desenvolvimento nacional”, conclui o presidente da CNI.

O Estado de S.Paulo - SP   30/10/2025

O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) voltou a cortar os juros em plena paralisação da máquina pública americana, como já se esperava, mas não garantiu que voltará a usar a tesoura em dezembro. O sinal fez Wall Street recalibrar os cenários para as taxas, mas casas como Morgan Stanley, Pimco, Capital Economics e ING mantêm a previsão de nova redução de 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) na última reunião de 2025.

O Fed anunciou nesta quarta-feira, 29, corte de 0,25 ponto porcentual nos juros americanos, para o intervalo entre 3,75% e 4,00% ao ano. Trata-se da segunda queda consecutiva das taxas no atual ciclo de flexibilização monetária do Banco Central dos EUA.

“As perspectivas para o emprego e a inflação não mudaram muito desde nossa reunião em setembro. As condições no mercado de trabalho parecem estar esfriando gradualmente, e a inflação permanece um pouco elevada”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, ao justificar a decisão de outubro, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira.

A decisão de novo corte de juros nos EUA foi anunciada em pleno shutdown (paralisação da máquina pública) no país, que causou um apagão de dados sobre a maior economia do mundo. A paralisação se estende há 29 dias, o que a posiciona como a segunda maior da história americana. O único indicador divulgado em caráter excepcional foi a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em setembro, que subiu abaixo das projeções do mercado.

Dirigindo no nevoeiro

Segundo Powell, não é possível saber qual será o efeito do shutdown sobre as taxas na reunião de dezembro, mas ele afirmou que um novo corte não é “inevitável”. O dirigente comparou a situação a um motorista que dirige numa estrada com nevoeiro, em que a recomendação é reduzir a velocidade, sinalizando que o Fed pode desacelerar o ritmo das reduções. Mas avaliou que se a economia americana estivesse indo mal, seria possível saber mesmo durante o shutdown.

“Uma nova redução nos juros na reunião de dezembro não é uma conclusão inevitável, longe disso. A política (monetária) não está em um curso predefinido”, disse o presidente do Fed, ao responder às questões dos jornalistas.

Para a economista da Pimco, Tiffany Wilding, o BC dos EUA ainda deve cortar os juros em 0,25 ponto porcentual em dezembro, mas admite que essa é uma “decisão difícil”. Um novo corte de juros na última reunião deste ano depende de novos dados que indiquem a deterioração contínua do mercado de trabalho nos EUA. “Em 2026, as perspectivas para cortes adicionais do Fed são mais incertas”, avalia.

As falas de Powell foram interpretadas no mercado como chances menores de um corte de juros em dezembro, mas este ainda segue sendo o cenário base do mercado, conforme levantamento da plataforma americana CME Group. Casas como Morgan Stanley, ING e Capital Economics também reafirmaram a expectativa de uma nova redução de juros nos EUA na reunião do Fed de dezembro.

“Powell sinalizou explicitamente uma pausa entre esta e as futuras reuniões. Ele se opôs às expectativas do mercado de um corte em dezembro”, avalia o economista da Oxford Economics, Michael Pearce. Na sua visão, o Fed mantém os juros estáveis até março, à medida que os riscos de queda para o mercado de trabalho diminuem.

O presidente do Fed disse que os dois movimentos de reduções de juros foram para apoiar a demanda e não deixar a situação laboral piorar nos EUA. O dirigente afirmou que o BC americano segue comprometido em apoiar o mercado de trabalho, mas deixou na mesa a possibilidade de uma pausa. “Há um coro crescente agora de sentimento de que, talvez, este seja o ponto onde deveríamos pelo menos esperar um ciclo (antes de retomar cortes)”, acrescentou.
Quais foram as divergências

Segundo Powell, as tensões existentes nos dois lados do mandato do Fed levaram às opiniões diferentes dos dirigentes do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) a um “nível intenso” sobre como o Fed deveria proceder na reunião de dezembro. “Houve opiniões fortemente divergentes, e a conclusão é de que não tomamos uma decisão sobre dezembro”, reforçou.

A própria decisão de outubro não foi unânime, com dois votos dissidentes. O diretor Stephen Miran defendeu o corte de 0,5 ponto porcentual, enquanto o presidente da distrital de Kansas City, Jeffrey Schmid, votou pela manutenção dos juros americanos na faixa de 4% a 4,25% ao ano.

Apesar disso, Powell minimizou as divergências de opiniões entre dirigentes do Fomc. De acordo com ele, isso é normal, mas o Fomc tem sido “cuidadoso” diante de circunstâncias “bastante desafiadoras”. “Não seria apropriado simplesmente ignorar ou presumir que o problema da inflação não existe”, disse.

Na sua visão, o impacto das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, na inflação americana ainda está por vir, e esse risco tem de ser monitorado pelo Fed. “Haverá algum aumento adicional na inflação, porque leva um tempo para que as tarifas percorram a cadeia de produção e finalmente cheguem aos consumidores”, avaliou, alegando que esse impacto não deve ser “grande”, mas “modesto”.

O BC americano anunciou ainda que encerrará o processo de redução do seu balanço patrimonial de US$ 6,6 trilhões, conhecido como aperto quantitativo (QT, da sigla em inglês), a partir de 1º de dezembro.

Algumas casas em Wall Street esperavam que esse movimento ocorresse agora, ainda no fim de outubro. O balanço do Fed foi inflado durante a covid-19 para suportar a travessia do mercado pela crise. A decisão “faz sentido” e veio em linha com as expectativas do ING.

Globo Online - RJ   30/10/2025

O corte de juros feito pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, nesta quarta-feira, de 0,25 ponto percentual — levando a taxa para a faixa entre 3,75% e 4% ao ano —, aliado à manutenção dos juros no Brasil em 15% ao ano, amplia o diferencial entre as duas economias e tende a aumentar o interesse de investidores estrangeiros no país, especialmente em renda variável. Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, esse movimento ajuda a sustentar a taxa de câmbio entre R$ 5,35 e R$ 5,40. Ele destaca que, embora não exista uma relação direta entre o corte de juros nos EUA e a decisão do Banco Central brasileiro, há um efeito indireto que pode influenciar a trajetória da Selic.

— Quando o Banco Central americano corta juros, nossa taxa de câmbio tende a se valorizar, o que reduz a pressão sobre a inflação. O câmbio mais baixo ajuda os preços e ancora as expectativas no curto prazo. Isso diminui o estresse do Banco Central no cenário interno. Se o câmbio permanecer nesse patamar, pode ajudar a iniciar futuramente um ciclo de corte de juros — explica Sung.

Como o corte da taxa americana já era amplamente esperado, assim como a manutenção da Selic na reunião do Banco Central brasileiro na próxima semana, Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Investimentos, avalia que o foco dos analistas e investidores estará na sinalização sobre o tempo de permanência dos juros em nível elevado.

— O que pode atrair mais capital para o país é, na semana que vem, o nosso Banco Central indicar que os juros vão continuar altos por um período prolongado. Se o BC se mostrar conservador e ainda muito atento aos preços de serviços, isso tende a puxar a curva de juros de curto e médio prazo um pouco para cima, o que pode aumentar o interesse dos investidores — afirma.

A decisão do Banco Central brasileiro, diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos, não deve ter dissidências. A expectativa é de unanimidade pela manutenção da Selic em 15% e uma comunicação firme, apesar de algumas melhoras em indicadores recentes, avalia Sung.

— Ao meu ver, o Banco Central do Brasil tem feito um trabalho de comunicação muito melhor que o americano. O Fed, há alguns meses, tem deixado o cenário em aberto, com ruídos e dissidências. Aqui, o BC está mais confortável — diz o economista.

Marcela lembra que o Fed enfrenta o desafio de equilibrar inflação ainda alta com a desaceleração da economia, além da falta de dados devido ao shutdown que reduziu recursos do governo americano. No Brasil, observa, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem reiterado que ainda há preocupação com o mercado de trabalho aquecido e com os preços de serviços, que refletem a inflação de demanda.

— As sinalizações do Banco Central brasileiro têm sido muito consistentes quanto à manutenção dos juros. O que todos esperam na reunião da próxima semana é ver se haverá alguma indicação além de dezembro — se o BC fala “nas próximas reuniões” ou “na próxima reunião”, isso faz diferença. Todos estarão atentos ao comunicado, para saber se o BC está mais confortável com a inflação corrente e com as expectativas. Isso, sim, indicaria que o ciclo de cortes está mais próximo. O consenso é de manutenção unânime da Selic em 15%, mas o foco estará no tom do comunicado — avalia a economista.

Jornal de Brasília - DF   30/10/2025

Donald Trump anunciou seu tarifaço em abril com a promessa de ressurgimento da indústria dos Estados Unidos. Na prática, o efeito tem sido o oposto: há sufocamento da importação de produtos intermediários de que a manufatura americana depende para produzir, vender internamente e exportar.

O resultado tem sido a queda do emprego industrial.

Quase dois terços das exportações dos EUA são de suprimentos industriais e de bens de capital (máquinas e equipamentos), que dependem de importados para ser produzidos. A queda nas vendas para fora deu-se pela perda de competitividade dos americanos, que agora pagam por insumos mais caros. O fato sugere que os EUA estão se afastando das cadeias de fornecimento globais.

Intencionalmente ou não, as tarifas de Trump foram concentradas em bens intermediários e matérias-primas importadas, como a sobretaxa de 50% sobre aço e alumínio, além de uma média de 45% para as compras chinesas, que incluem montanhas de peças e componentes para a manufatura.

As importações de suprimentos americanos para a sua indústria (como esses metais e componentes chineses) representam 22% das compras totais dos EUA e caíram US$ 14,4 bilhões entre março e julho (último dado disponível).

“Em termos relativos, outros países estão ganhando competitividade na indústria em relação aos produtos dos EUA porque Trump aumentou o custo para as empresas americanas produzir”, afirma Richard Baldwin, pesquisador do National Bureau of Economic Research, órgão que monitora recessões nos EUA, e professor da IMD Business School, que tem acompanhado esses dados.

Como outros países não subiram tarifas sobre seus insumos industriais, o movimento de Trump resultou no que Baldwin chama de “aperto manufatureiro” (manufacturing squeeze). Canadá e México estariam entre alguns dos beneficiados pela contração da produção e exportações americanas, com aumento de suas participações no mercado global.

O emprego industrial nos EUA declina desde o governo Richard Nixon (1969-1974) e passou a cair mais rapidamente após o lançamento das tarifas de Trump. Entre abril e agosto, 42 mil vagas foram fechadas no setor.

Embora as exportações americanas representem apenas 11% do PIB (Produto Interno Bruto), elas têm aumentado nos anos recentes, e sua diminuição agora tem potencial para afetar mais duramente setores específicos, como os fabricantes de máquinas e equipamentos (32% das exportações) e de suprimentos industriais (36%).

Para além do emprego, as tarifas também já causam efeitos negativos sobre o consumo, a renda e a inflação americanas.

Segundo relatório de 17 de outubro do Budget Lab, órgão de pesquisas da Universidade de Yale, após mudanças nos hábitos de consumo provocadas pela onda de taxação de Trump, as tarifas médias efetivas de importação no país estão em 17%, maior patamar desde 1936.

Foram as tarifas que derrubaram em US$ 14,4 bilhões as importações de insumos industriais e em US$ 44 bilhões as de bens de consumo entre março e julho.

O Budget Lab estima que o PIB americano perderá 0,5 p.p. (ponto percentual) este ano e outros 0,5 p.p. em 2026 por causa das tarifas. No longo prazo, a economia do país ficaria persistentemente 0,4 p.p. menor. A estimativa é que 2025 termine com saldo líquido de menos 490 mil empregos em todas as áreas.

Em termos de renda, as famílias perderão cerca de US$ 1.800 (R$ 9.700) em 2025, sendo regressivo o efeito das tarifas: a perda de poder aquisitivo para os 10% mais pobres seria de 2,7%, três vezes superior à do decil mais rico.

A queda ocorre pelo aumento de preços de bens de consumo. Segundo o Censo americano, em seis meses até agosto, por exemplo, equipamentos eletrônicos ficaram 14% mais caros, o vestuário subiu 8% e materiais e ferramentas domésticas, 5%.

A guerra tarifária de Trump não afeta só os EUA. Dados de 60 companhias globais compilados pela Thomson Reuters mostram que elas somarão perdas financeiras de US$ 23 bilhões neste ano e outros US$ 15 bilhões em 2026.

O Estado de S.Paulo - SP   30/10/2025

Apesar das sinalizações positivas e do otimismo dos governos brasileiro e norte-americano, não há “tema fácil” a ser negociado entre os países em eventual acordo tarifário, avalia o ex-secretário de Comércio Exterior e sócio-fundador da BMJ Consultoria, Welber Barral.

“A negociação está começando agora e são temas complexos colocados na mesa: exploração de terras raras, regulação de big techs, acesso a etanol. O acordo com o Brasil não é simples, não é algo que vai sair de um dia para o outro”, disse Barral, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.

A negociação bilateral quanto ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros teve início nesta semana, após o encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia.

Para Barral, há chances reais de um acordo bilateral dada a movimentação dos Estados Unidos em buscar acordos para a questão tarifária, mas a complexidade e extensão das tratativas vão depender do número de temas a serem incluídos.

Há possibilidade, observa o ex-secretário, de um acordo parcial ainda neste ano a depender de uma visita do presidente Lula aos Estados Unidos. Barral considera que a estratégia mais adequada é a pleiteada pelo governo brasileiro de retirada linear da sobretaxa de 40% em detrimento de uma negociação setor a setor.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista:
O presidente Lula disse que, se depender dele e de Trump, os dois países fecham acordo quanto ao tarifaço. Há chances reais de um acordo bilateral? O senhor acha que o acordo comercial Brasil-EUA sai mesmo?

Existe uma chance de acordo. Neste último fim de semana, os Estados Unidos assinaram vários acordos com países asiáticos, fizeram um acordo específico sobre dez áreas com a Austrália, terão reunião com o presidente da China, Xi Jinping, e ainda estão tentando fechar acordo com a Coreia. Isso mostra que os Estados Unidos estão buscando acordos. Eles estão pressionados também pela situação da economia americana, de elevação de preços e de inflação local. É um tema do foco deles. Agora, o acordo com o Brasil não é simples, não é algo que vai sair de um dia para o outro.
Dado que os EUA têm outras prioridades em acordos, caso dos países asiáticos que têm superávit comercial com os EUA, diferentemente do Brasil, o que podemos esperar de celeridade quanto a esse potencial acordo Brasil-EUA?

Exatamente. Com a União Europeia, eles levaram praticamente seis meses para fechar o acordo. Com a China, os EUA ainda estão tentando fechar o pacto comercial. E com o Brasil, a negociação está começando agora. E são temas complexos colocados na mesa: terras raras, big techs. Todos são temas complexos. Portanto, pode ser rápido, mas rápido não significa uma semana. Rápido pode ser três meses.

É factível termos um acordo concluído ainda neste ano?

Há a expectativa de que Lula vá aos Estados Unidos em dezembro. Eventualmente, se houver uma viagem do Lula, podemos ter um acordo pelo menos parcial neste ano, mas é um processo que pode entrar ainda no próximo ano. As negociações estão começando agora e, no caso, os Estados Unidos ainda não falaram o que eles querem. Então, temos primeiro que ver qual será a complexidade dos temas. É difícil dizer, neste momento, mas não tem tema fácil na mesa.
E a opinião pública americana pode ajudar no convencimento e na pressão das autoridades, sobretudo relacionado ao acordo com o Brasil, pensando no abastecimento de produtos básicos e no impacto na inflação?

Há um efeito importante sobre o consumidor americano, sobretudo com preços mais elevados de café, que não é produzido lá, e carne bovina. Além disso, tem vários outros setores. Por exemplo, o preço da madeira para construção civil está subindo muito nos EUA. O Canadá é o principal fornecedor de madeira para os EUA, mas, de qualquer forma, a importação do Brasil também faz falta.
Com base no modo Trump e nas negociações recentes dos Estados Unidos, o que seria mais factível: uma retirada total da alíquota de 40% sobre todos produtos, como o governo brasileiro pediu, ou a negociação de exceções por setores?

Há dois problemas nisso. O primeiro é o Brasil negociar um setor e não negociar outro. Isso tem um custo político muito grande para o País. Esse é o primeiro ponto que o governo brasileiro vai levar em consideração. O segundo ponto é que é muito difícil ter uma negociação setor a setor. Os Estados Unidos tentaram isso, por exemplo, com o Reino Unido, com o qual fizeram acordo de carne bovina por automóveis, por exemplo. Mas isso acaba sendo uma coisa muito pontual. Em uma negociação de compra com o Brasil, se começar a negociar setor a setor, a negociação não termina nunca. A melhor estratégia é realmente esse pedido para retirada linear da tarifa, considerando que alguns setores já têm outras medidas.
E o senhor acredita numa possível pausa tarifária para a negociação, por exemplo, uma suspensão de 90 dias de aplicação da taxação?

Teoricamente, é possível. Mas isso não aconteceu em todos os casos. Em alguns casos, os Estados Unidos pausaram a tarifa como fez com China, México, União Europeia, mas não houve pausa temporária em todos os casos. Então, vai depender justamente da dinâmica da negociação e de qual será o tamanho da pauta. Quanto maior for a pauta da negociação, mais se justifica uma suspensão temporária.

No caso da China, que o senhor citou, há um vaivém nas tratativas e uma guerra comercial que se arrasta ainda do primeiro mandato Trump. O senhor enxerga um risco neste sentido em relação ao Brasil ou essa prioridade dada pelos presidentes tende a evitar qualquer tipo de vai e volta nas conversas?

A relação com os EUA para o Brasil é muito relevante, mas o Brasil tem uma participação menor nos EUA, na economia americana. Não é o caso da China que é o tema central das negociações americanas. A China, além de toda tensão, retaliou os EUA. O Brasil, não. E a retaliação chinesa, tanto de tarifas quanto de restrições de exportações, está gerando um efeito muito mais urgente para a economia americana. A negociação com a China é muito mais complicada que a com o Brasil. É claro que (um recrudescimento) pode ocorrer. O Trump interrompeu as negociações com o Canadá por causa de um comercial de televisão. Então, pode haver questões imprevistas, mas não é uma relação tão complexa e tão de disputa como é a dos Estados Unidos com a China.
Considerando essa pressão inflacionária em curso nos Estados Unidos, podemos ver exceções iminentes dos Estados Unidos para café, para carne bovina e demais bens não cultivados lá, importados do Brasil?

Os Estados Unidos já fizeram isso com algumas Ordens Executivas que excluíram de tarifas produtos não produzidos nos Estados Unidos, o que seria o caso principalmente do café. Mas, no momento, não tem sinalizações específicas, até porque com o shutdown (paralisação) no governo americano muita coisa está andando devagar por lá.
O senhor disse que não há tema fácil na mesa de negociação entre Brasil-EUA. Dentre os temas de acesso ao mercado de etanol, regulação das big techs e exploração de terras raras, qual desses o senhor enxerga que vai ser inevitável, que o Brasil terá de ceder para a negociação avançar?

O problema não é tanto ceder, mas é como ceder. Por exemplo, terras raras é um tema que o Brasil também tem interesse. O Brasil tem reservas, não tem investimento e não tem tecnologia. Então, interessa para o Brasil um acordo nessa área. Agora, tem que saber como será o acordo. Neste fim de semana, os Estados Unidos assinaram três acordos muito diferentes, com a Tailândia, com a Malásia e outro com a Austrália. O acordo com a Austrália foi bem mais equilibrado. A questão não é entrar no tema, mas como o tema entra na mesa de negociação e como será negociado.

O presidente Lula disse que os temas políticos serão tratados por ele e Trump, como as sanções aos ministros do Supremo Tribunal Federal. O senhor acredita que as questões políticas realmente serão separadas da questão comercial?

Bom, não existe uma linha totalmente clara entre um tema político e um tema comercial. Tributação digital (regulação das big techs) é um tema econômico, claramente, mas tem uma relevância política muito grande. Ao mesmo tempo, há toda uma questão técnica por trás, inclusive, envolvendo outros ministérios. Muito provavelmente alguns temas muito sensíveis vão acabar sendo tratados pelos presidentes, porém, tem de avançar antes no nível técnico entre os ministros.
Em paralelo à negociação tarifária, continua uma investigação dos EUA, no âmbito da Seção 301, na qual acusam o Brasil de práticas desleais. Ela segue sendo perigosa para o Brasil?

Ela terá de entrar na negociação, assim como outras questões paralelas. Há também uma reclamação do Brasil contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio. Tudo isso terá de ser tratado juntamente com as negociações.

Infomoney - SP   30/10/2025

A volatilidade da economia brasileira é o principal fator que explica o baixo desempenho do País em relação a outras nações emergentes, afirmou o economista Marcos Lisboa durante o Painel GCB “O valor da incerteza”, realizado nesta quarta-feira (29), em São Paulo.

“O mundo inteiro evoluiu muito e nós ficamos para trás, porque o Brasil oscila entre graves crises e períodos de forte crescimento. Na média, ficamos abaixo de outros emergentes, sem seguir a regra da convergência, na qual países muito pobres avançaram e os ricos se mantiveram”, disse Lisboa.

Segundo o ex-presidente o Insper, o País ficou preso à “armadilha da renda média” por não garantir condições básicas de produtividade, inovação e concorrência.

“O nome do jogo é produtividade, e nossa indústria ficou para trás. Temos bons resultados em tecnologia, no setor bancário e no agronegócio, mas um problema macroeconômico crucial: o ajuste fiscal. Não dá para seguir aumentando a arrecadação para cobrir gastos públicos. Hoje quem está sendo o adulto da casa é o Banco Central, mantendo juros altos”, afirmou.

Lisboa também criticou a baixa qualidade da infraestrutura, o sistema tributário complexo e a excessiva regulação, fatores que criam incerteza jurídica e desestimulam investimentos. “A consequência disso é a má alocação de capital”, completou.

Para ele, a volatilidade econômica também amplia a desigualdade e impõe desafios adicionais ao País. “A análise de riscos é o maior desafio, porque é preciso entender esse ambiente tão complexo, com regras peculiares e incerteza jurídica”, disse.

O economista destacou ainda a necessidade de melhorar a educação e a formação da mão de obra para sustentar ganhos de produtividade. “Precisamos de uma agenda forte para resolver essas distorções, que acabam sendo as amarras do País”, afirmou.

A avaliação foi compartilhada pelo economista e fundador do Instituto Misis Brasil, Hélio Beltrão, que também participou do painel. “O Brasil é uma aula de como fazer errado”, resumiu.

IstoÉ Dinheiro - SP   30/10/2025

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) notou que os indicadores disponíveis sugerem que a atividade econômica está se expandindo em um ritmo moderado, enquanto os ganhos de emprego desaceleraram neste ano.

Para o Banco Central dos EUA, a taxa de desemprego subiu, mas permaneceu baixa ao longo de agosto. Na visão do Fed, os indicadores mais recentes estão consistentes com esses desdobramentos

O BC norte-americano notou que houve um movimento para cima da inflação desde o início do ano e que a taxa segue “um pouco elevada”, de acordo com comunicado da decisão divulgado nesta quarta-feira. O Fed cortou a taxa dos Fed Funds (como é conhecida a taxa de juros dos Estados Unidos) em 25 pontos-base, para faixa entre 3,75% a 4% ao ano.

O texto do comunicado reiterou que o BC está atento aos riscos para ambos os mandatos de emprego pleno e estabilidade da inflação em 2%. Ao mesmo tempo, o BC norte-americano reiterou que está fortemente comprometido com o pleno emprego e com o retorno da inflação para a meta de 2%.

Segundo o comunicado, o Comitê está preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado e “avaliará cuidadosamente dados, perspectivas e balança de riscos”.

Os dirigentes levarão em consideração uma gama ampla de informações, incluindo dados das condições do mercado de trabalho, pressão da inflação e expectativas inflacionárias, além de desdobramentos financeiros e internacionais.

Infomoney - SP   30/10/2025

Os Estados Unidos e a China fecharam uma trégua comercial de um ano após a primeira reunião entre Donald Trump e Xi Jinping em seis anos, durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Busan, na Coreia do Sul. O acordo, anunciado na madrugada desta quinta-feira (30), suspende restrições e tarifas que vinham elevando a tensão entre as duas maiores economias do mundo.

Segundo comunicado conjunto, Washington e Pequim adiaram por um ano a implementação de medidas que afetariam setores estratégicos. A China suspendeu os controles de exportação sobre terras raras, enquanto os EUA congelaram a ampliação de restrições tecnológicas a subsidiárias de empresas chinesas.

Trump afirmou que o “problema das terras raras foi resolvido” e descreveu o encontro como “incrível”. O presidente disse ainda que as negociações serão revisadas anualmente, mas podem se estender por mais tempo. O entendimento evita a reativação de tarifas que superariam 100% em alguns produtos.

Como parte do acordo, os EUA reduziram de 20% para 10% as tarifas sobre produtos chineses ligados ao fentanil, enquanto Pequim se comprometeu a intensificar o combate à exportação de precursores químicos do opioide. O corte tarifário diminui a taxa média sobre exportações chinesas para 45%.

O Ministério do Comércio da China confirmou que as duas partes também suspenderam por um ano as tarifas aplicadas reciprocamente a embarcações e empresas de logística, e que houve consenso sobre cooperação agrícola, incluindo a retomada das compras chinesas de soja americana.

O comunicado chinês mencionou ainda um compromisso de “resolver adequadamente” questões envolvendo a operação do TikTok nos EUA. Trump declarou que Pequim aceitou a ideia de permitir controle americano sobre a plataforma no território norte-americano.

Os dois governos informaram que Trump visitará a China em abril de 2026 e que Xi fará uma visita recíproca aos EUA. O tema de Taiwan não foi abordado nas conversas, segundo o presidente americano.

O encontro, que durou cerca de 100 minutos, marcou uma inflexão no tom entre os dois líderes. Antes da reunião, Trump chamou Xi de “grande líder de um grande país”, enquanto o presidente chinês afirmou que Washington e Pequim devem ser “amigos e parceiros”.

O mercado reagiu de maneira levemente negativa, com os futuros de Nova York operando no vermelho nas primeiras horas da manhã após o anúncio. O Dow Jones Futuro recuava 0,17%, o S&P 500 Futuro caía 0,03% e o Nasdaq Futuro cedia 0,03% pouco antes das 6h de Brasília.

MINERAÇÃO

Valor - SP   30/10/2025

Contratos para janeiro, os mais negociados, encerraram cotados a US$ 113,32

O minério de ferro subiu pelo terceiro dia consecutivo em meio a um sentimento positivo do mercado sobre a commodity metálica.

Os contratos para janeiro, os mais negociados na Bolsa de Dalian, avançaram 1,96%, a 804,5 yuans (US$ 113,32).

Sinais de que a China está lidando com a guerra comercial com os Estados Unidos melhor do que o esperado encorajaram as siderúrgicas a retomarem a reposição de estoques, afirma a ANZ Research.

No entanto, os preços carecem de suporte fundamental e podem enfrentar pressão de baixa assim que o sentimento geral do mercado esfriar, dizem analistas da Nanhua Futures.

Diário do Comércio - MG   30/10/2025

A mineradora Samarco, joint venture da Vale com a BHP, vê o mercado global de pelotas “muito pressionado”, principalmente por questões geopolíticas, mas sua visão de longo prazo é de recuperação de preços e ampliação da demanda por produtos de alta qualidade, como os da mineradora, disse o presidente da companhia, Rodrigo Vilela, à Reuters.

“A Samarco acredita nos fundamentos para o uso de pelotas, principalmente no caso específico da Samarco, que produz uma pelota de qualidade, ela é utilizada na sua grande maioria nos reatores para a redução direta”, disse o executivo, nos bastidores da Exposibram.

Segundo ele, o produto da Samarco “casa de maneira espetacular” com a transição energética, já que os fornos de redução direta permitem menos emissões.

O atual cenário de preços de pelotas levou a Vale, maior exportadora global de pelotas, a reduzir sua estimativa de produção de aglomerados para 2025, alegando uma menor demanda por produtos de minério de ferro mais caros e de maior qualidade e um excesso de oferta global de pelotas.

A Samarco produziu 4,1 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro no terceiro trimestre, alta de 64% ante o mesmo período do ano anterior.

A companhia alcançou no fim do ano passado 60% de sua capacidade produtiva, com a conclusão da segunda fase de seu processo de retomada de operações iniciado em dezembro de 2020, após cinco anos de paralisação devido ao rompimento mortal de uma de suas barragens, em Minas Gerais.

“A próxima etapa desse processo de reconstrução da empresa será a aprovação e a construção da terceira fase da retomada”, disse Vilela, referindo-se à última fase, que prevê alcançar a produção de 100% de sua capacidade, de cerca de 25 milhões de toneladas, em 2028.

O executivo afirmou que o conselho de administração deverá avaliar a aprovação, no fim do ano, do orçamento da terceira fase, que está estimado em R$ 13,8 bilhões.

Quando atingir sua capacidade máxima, a empresa irá recuperar a sua posição de segunda maior exportadora global de pelotas, perdendo apenas para a Vale. Atualmente, a companhia oscila entre a terceira e quarta posições.

Valor - SP   30/10/2025

Minas de ferro em Piripiri e de níquel em Capitão Gervásio Oliveira garantem presença do Estado no mapa mineral brasileiro

Dois empreendimentos voltados ao mercado internacional, um já operacional e outro em fase de implementação, asseguram a participação do Piauí no mapa mineral brasileiro. Em Piripiri, no noroeste do Estado, a Lion Mining explora minério de ferro desde 2022 e programa expansão para alcançar capacidade produtiva de cinco milhões de toneladas anuais a partir de 2027.

No município Capitão Gervásio Oliveira, no sudeste do Estado, o Projeto Piauí Níquel, do grupo britânico Brazilian Nickel Limited (BRN), orçado em US$ 1,4 bilhão, prevê entrar em operação em 2029 e alcançar a partir de 2030 produção anual de 27 mil toneladas de níquel equivalente e mil toneladas de cobalto. Os dois minérios formam um concentrado denominado de Produto Misto de Hidróxido (MHP), utilizado para aumentar a durabilidade de baterias de veículos elétricos.

A expectativa na BRN é de uma boa aceitação de sua produção no mercado internacional. “Estamos em fase de pré-venda e já contamos com cerca de 50% da capacidade comercializada”, diz André Simão, CFO da Brazilian Nickel. Os acordos comerciais são com duas empresas que participam da cadeia de produção de baterias de veículos elétricos, a alemã Pure Battery Technologies (PBT) e a francesa Electro Mobility Materials Europe (EMME).

O níquel e o cobalto são minerais considerados estratégicos para a transição energética e valorizados globalmente. O Brasil é detentor da terceira maior reserva comprovada de níquel do mundo, mas em 2023, segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o país ocupava apenas o nono posto entre os maiores produtores mundiais, com uma produção naquele ano de 89 mil toneladas. O Projeto Piauí Níquel é um dos pioneiros no mundo a utilizar em escala industrial um processo de produção de níquel por lixiviação em pilha e hidrometalurgia, que consome menos ácidos e energia elétrica, reduzindo o impacto ambiental. “A sustentabilidade é um critério cada vez mais valorizado por clientes na Europa e nos Estados Unidos”, diz Simão.

“Estamos transitando da posição de um Estado que produzia apenas agregados minerais para a construção civil local para um Estado exportador de minérios”, diz Bruno Casanova, superintendente de mineração e energias renováveis da Secretaria do Planejamento (Seplan) do Piauí. Essa transição já rende resultados econômicos. Em 2023, a arrecadação de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) no Piauí foi de R$ 4,13 milhões. Em 2024, quase o dobro, R$ 8,12 milhões. “É o efeito das operações da Lion Mining”, diz Casanova. A arrecadação deve aumentar ainda mais nos próximos anos, uma vez que a mineradora programa a expansão de suas atividades.

A Lion Mining possui duas jazidas abertas em Piripiri. A primeira, que já está sendo explorada comercialmente, tem capacidade de produção de 2,5 milhões de toneladas anuais de minério e apresenta teor de ferro na faixa de 60%, o que é considerado de alto padrão. A extração mineral está evoluindo gradualmente. Em 2024, a produção foi de 1,5 milhão de toneladas e em 2025 deve alcançar dois milhões de toneladas. A China é o principal destino da produção, mas a mineradora também atende a siderúrgica ArcelorMittal Pecém, a unidade cearense do grupo. A segunda jazida, em fase de desenvolvimento industrial, tem previsão de entrar em operação no fim de 2026. “Vamos duplicar nossa capacidade produtiva e chegar a cinco milhões de toneladas anuais”, diz o diretor Gabriell Lessa. O investimento total em Piripiri é previsto em R$ 150 milhões.

A mineradora adota um sistema de separação magnética do material extraído de suas jazidas e implementou a técnica de empilhamento a seco dos rejeitos de mineração, com a qual se retira a umidade do material que será depois disposto em pilhas, dispensando as barragens de rejeitos líquidos, como as que geraram os desastres de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, em 2019, que juntos causaram 289 mortes e uma vasta destruição socioambiental em Minas Gerais. “A população estava bastante resistente à mineradora por conta dos desastres em Minas, mas mostramos que não havia risco com o sistema de empilhamento de resíduos secos”, diz a prefeita de Piripiri, Jôve Oliveira, que se envolveu diretamente no trabalho de convencimento dos moradores.

Um desafio para a operação da Lion Mining é a logística. Atualmente, a produção é levada por caminhões em um percurso rodoviário de 420 quilômetros até o porto do Pecém (CE). A expectativa da mineradora é transferir o escoamento para o porto Piauí, em Luís Correia, distante 170 quilômetros da mina. No entanto, o porto, que prevê iniciar as atividades em seu terminal de cargas em 2026, tem um calado de apenas sete metros de profundidade, o que não permite a atracação de navios de grande porte. “Vamos realizar uma operação transshipment”, diz Lessa. A operação consiste em embarcar o minério em uma barcaça no porto e realizar o transbordo em alto-mar para um navio cargueiro.

Em números absolutos, a produção da Lion Mining é de pequeno porte em um país que exportou 389 milhões de toneladas de minério de ferro em 2024. Uma atividade dominada principalmente por uma companhia, a Vale. “O volume da Lion, no entanto, foi suficiente para estabelecer a empresa como a sexta maior exportadora do minério no ano passado”, diz Casanova.

As principais reservas piauienses de minério de ferro estão na região sul do Estado, onde há vários projetos de prospecção, mas ainda sem processos produtivos estabelecidos. O maior projeto mineral na região é o da SRN, em São Raimundo Nonato, que tem recursos potenciais da ordem de 800 milhões de toneladas. A companhia, no entanto, ainda não conta com licença ambiental e precisa resolver um conflito territorial com a comunidade do Quilombo Lagoas, que reúne mais de cinco mil moradores à espera, desde 2008, da titulação da área em disputa com a SRN.

A viabilidade da exploração da mina da SRN e também de outros projetos no centro-sul piauiense depende da Transnordestina, ferrovia de 1.206 quilômetros de extensão que ligará Eliseu Martins (PI) ao porto do Pecém. A obra, iniciada em 2006, tem previsão de conclusão em 2028. Ao todo, o Piauí soma 3.193 processos de pesquisa mineral em execução e 205 requerimentos de lavras formalizados junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) para o aval de exploração comercial de jazidas já comprovadas.

Em estudo recente realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), o Piauí apresenta potencial mineral em ferro, manganês, níquel e cobre. O Estado já é produtor de diamantes, com uma extração de aproximadamente mil quilates por mês em Gilbués, no sul piauiense, e de opala, uma pedra preciosa encontrada em Pedro II, no norte do Estado.

Money Times - SP   30/10/2025

As ações da Vale (VALE3) avançavam nesta quarta-feira (29), acompanhando a valorização do minério de ferro no mercado internacional. Por volta das 12h, os papéis subiam 1,43%, a R$ 63,09.

Os contratos futuros da commodity encerraram a terceira sessão consecutiva de alta, atingindo o maior valor em duas semanas. O movimento é sustentado pelo otimismo em torno de um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo.

O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou esperar uma redução nas tarifas sobre produtos chineses em troca do compromisso de Pequim de diminuir as exportações de produtos químicos usados na produção de fentanil.

A sinalização reduziu a tensão comercial e melhorou o sentimento de risco global, segundo analistas da corretora Xinhu Futures.

Em Dalian, o contrato de janeiro do minério de ferro subiu 1,96%, a 804,5 iuanes (US$ 112,94) por tonelada — o maior nível desde 14 de outubro. Já na Bolsa de Cingapura, a referência para dezembro avançou 1,42%, a US$ 107,25, também o maior valor em duas semanas.

Além disso, há expectativas de reabastecimento das siderúrgicas chinesas, especialmente após o fim de restrições temporárias à produção em regiões do norte do país, como Tangshan, importante polo siderúrgico.
Vale espera por demanda alta no longo prazo

A Vale disse recentemente que continua muito otimista com relação à demanda de minério de ferro a longo prazo.

A mineradora divulga o balanço do terceiro trimestre nesta quinta-feira (30), após o fechamento do mercado.

Para o BTG, a qualidade do relatório de produção e vendas, divulgado recentemente, reforça a visão de que a Vale deve apresentar resultados sólidos no 3T, sendo provavelmente um dos destaques dentro da sua cobertura neste trimestre.

O Bradesco BBI citou uma produção forte e preços resilientes, com expectativa de Ebtida de US$ 4,2 bilhões no trimestre (aumento de 14% em base anual), com divulgação prevista para 30 de outubro.

Segundo a Genial Investimentos, o trimestre deve mostrar uma recuperação operacional consistente, sustentada por maiores volumes de vendas, melhora dos prêmios e custos sob controle.

A corretora projeta receita líquida de US$ 10,4 bilhões, aumento de 18% em relação ao trimestre anterior, Ebitda de US$ 4,3 bilhões, alta de 26%, e lucro líquido de US$ 2,6 bilhões, crescimento de 22%.

Valor - SP   30/10/2025

Gestoras têm montado posições que miram a valorização das ações da mineradora, ainda que de forma tática, antes da divulgação do balanço

Embalado pelo alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o Ibovespa renovou recordes e, pela primeira vez, tocou os 149 mil pontos. O índice perdeu fôlego na reta final, mas ainda fechou em alta de 0,82%, a 148.633 pontos, enquanto o mercado avalia que as ações da Vale — impulsionadas pela resiliência do minério de ferro — seguem entre os principais vetores de sustentação da bolsa no fim deste ano.

De olho no balanço do terceiro trimestre, que será divulgado hoje, algumas gestoras montaram posição tática comprada em Vale, ou seja, uma aposta na alta das ações da mineradora. Após surpresas positivas no relatório de produção e de vendas, as perspectivas para o resultado continuam otimistas, apoiadas também por uma melhora nas expectativas econômicas na China.

“Depois do ‘Liberation Day’, imaginava-se que a China reduziria a demanda por minério de ferro, e a demanda está estável, ao contrário das projeções de queda do mercado no início do ano”, diz o chefe de metais, mineração, papel e celulose da área de pesquisa da corretora do Santander, Yuri Pereira.

O preço do minério — atualmente em torno de US$ 110 por tonelada — é um fator citado pela corretora para sustentar a visão construtiva com as ações do setor. De acordo com Pereira, a demanda chinesa por investimentos em infraestrutura tem impulsionado a commodity, ao mesmo tempo em que o avanço do setor automotivo e da produção industrial mantêm a demanda por aço em alta.

A Santander Corretora, assim, mantém as ações da Vale nas carteiras recomendadas, com posições entre 10% e 13% desde o começo do ano, afirma o estrategista de ações da casa, Ricardo Peretti.

“Nossa visão é seguir com Vale nas carteiras até o fim do ano. A recomendação aos investidores que estão muito ‘underweight’ [abaixo da média do mercado], especialmente com peso de 5%, é aumentar a posição para ficar mais próximo do neutro”, completa Peretti. A corretora possui o preço-alvo de R$ 75 para ação da mineradora até o fim de 2025, com potencial de valorização de 18,4%. Ontem, o papel fechou o dia cotado em R$ 63,33.

Assim como na Santander Corretora, a estratégia de dolarizar a carteira por meio de ações ligadas a commodities também é seguida pela XP. Desde o início do ano, a valorização da bolsa vinha sendo impulsionada pela entrada de fluxo estrangeiro e pelo recuo do juro nominal, que estimulou a compra de papéis de segmentos ligados à economia doméstica. Mas, a partir da primeira quinzena de outubro, o cenário começou a mudar, diz o estrategista de renda variável da XP, Raphael Figueredo.

“O mercado ficou mais defensivo, comprando um pouco mais de commodities, dolarizando um pouco mais o portfólio”, diz. “Por isso, adicionamos um pouco mais de Vale nas nossas carteiras e um pouco de mineradoras de ouro, no sentido de rotacionar o portfólio buscando mais defesa e menos ciclicalidade.”

Para o gestor de renda variável Alexandre Sant’Anna, da ARX Investimentos, a posição em Vale é mais atrativa pelo lado microeconômico da companhia do que pela conjuntura em si. Neste ano, os fatores de risco que pesavam sobre o papel foram reduzidos, observa.

“A companhia tem melhorado parte da performance operacional, seja em custo ou produção. Ela começou a colher os benefícios das medidas adotadas por essa nova gestão. Outro fator importante, que traz mais segurança, é a redução dos custos relacionados aos incidentes e à operação”, diz o gestor, que reforça a relevância da resiliência do minério de ferro. “A Vale tem operado com desconto em qualquer métrica que se avalie.”

No caso da Persevera Asset Management, o sócio e gestor Fernando Fontoura afirma manter uma visão taticamente positiva, com base em uma abordagem técnica, e não tanto otimista em relação a uma recuperação sustentável do setor. Para ele, a tendência é manter a posição até o fim do ano.

Fontoura observa que o papel acumula alta de quase 10% no mês e explica que a Vale era usada como fonte de liquidez para outras posições, o que deixou o mercado muito “vendido” (pró-queda), situação que, geralmente, não se sustenta. “Qualquer notícia faz a ação superar o desempenho à medida que os investidores fecham posições vendidas. Foi um pouco disso o que aconteceu no começo do mês.”

Surge a dúvida se parte do mercado não está se antecipando a um movimento de valorização da Vale, que deve impulsionar o Ibovespa até o fim de 2025.

“Há uma dicotomia em jogo. Em parte, a análise fundamental aponta para uma projeção de menor demanda, ainda como resquício da desaceleração ou do crescimento mais lento da economia, além do grande enfraquecimento do mercado imobiliário chinês”, explica Figueredo, da XP. Por outro lado, a dolarização passa a ser um “call” mais macro, o que mantém a expectativa positiva para os próximos dois meses, completa.

Uma maior parcela do mercado poderia considerar a Vale uma aposta mais interessante se, após os pagamentos de indenizações, a companhia tivesse organizado os investimentos de forma mais sustentável e com previsão de dividendos extraordinários, avalia Sant’Anna — algo que as petroleiras conseguiram.

AUTOMOTIVO

CNN Brasil - SP   30/10/2025

As montadoras globais estão se esforçando para encontrar chips e verificando se os fornecedores têm estoques suficientes, já que uma crescente crise no fornecimento de semicondutores relacionada à empresa holandesa Nexperia ameaça a produção de automóveis em todo o setor.

Pequim proibiu as exportações de produtos da Nexperia a partir da China depois que o governo holandês assumiu o controle operacional da fabricante de chips no mês passado, citando preocupações com a transferência de tecnologia para sua controladora chinesa, a Wingtech -- algo apontado pelos Estados Unidos como um possível risco à segurança nacional.

A Nissan e a Mercedes-Benz estão entre as montadoras que tentam lidar com uma situação de fornecimento incerta. A Nissan afirma ter chips suficientes até a primeira semana de novembro -- daqui a poucos dias.

Já a produção da Honda em uma fábrica no México foi suspensa na terça-feira (28), e a empresa já começou a ajustar a fabricação nos Estados Unidos e no Canadá, disse um porta-voz.

Segundo um funcionário do governo brasileiro, algumas fábricas podem ter que interromper as operações dentro de duas a três semanas se a crise continuar.

Os chips da Nexperia são amplamente utilizados em componentes automotivos, tornando a crise de fornecimento o mais recente desafio para um setor que já enfrenta tarifas americanas e restrições chinesas às terras raras.

"É um problema sério", disse nesta quarta-feira (29) Guillaume Cartier, diretor de Desempenho da Nissan, a jornalistas no Japan Mobility Show, em Tóquio. "No momento, não temos uma visão completa da situação."

Cartier afirmou que a montadora estava "bem servida até a primeira semana de novembro" em termos de fornecimento de chips.

Mesmo que as montadoras tivessem aprendido a lição com a escassez da era da Covid-19 e estocado chips, elas ainda estavam à mercê de seus fornecedores, incluindo os menores, acrescentou o executivo.

Embora fosse possível ter uma noção do estado da oferta de seus maiores fornecedores de "nível 1", isso se tornava mais difícil à medida que se avançava na cadeia de suprimentos, afirmou Cartier.

Mercedes Busca Fornecedores

"É evidente que estamos vasculhando o mundo em busca de alternativas", disse o presidente-executivo da Mercedes-Benz, Ola Källenius, acrescentando que a montadora alemã está "preparada" para o curto prazo.

Segundo Källenius, esta situação é diferente da última crise dos chips, pois agora o problema tem raízes políticas e exigirá uma solução política.

Isso também serviu como um lembrete de que as cadeias de suprimentos globais deixam os fabricantes vulneráveis aos atritos do comércio internacional.

"Em um carro moderno de alta tecnologia, você tem praticamente os cinco continentes dentro dele", disse Källenius.

As montadoras agora estão considerando a paralisação da produção ou o uso de peças alternativas para contornar a escassez, disse Klaus Schmitz, sócio da consultoria Arthur D. Little.

Mas, em última análise, as empresas -- e os governos -- vão querer se sentar à mesa com a China para encontrar uma solução.

"Com certeza, as empresas agora negociarão com a China. Os governos estão negociando com a China, principalmente os EUA", disse Schmitz. "O verdadeiro impacto ainda precisa ser visto, mas é muito provável que seja uma situação bastante crítica."

Valor - SP   30/10/2025

Segundo analistas, a medida é evidência de que Pequim considera a indústria madura e que ela não requer mais o mesmo nível de apoio financeiro

A China enviou um sinal claro de que está disposta a acabar com os subsídios destinados à indústria de veículos elétricos depois de anos de apoio governamental de alto valor.

Isso porque o setor de veículos elétricos não consta na lista de indústrias consideradas estratégicas no mais recente plano quinquenal de desenvolvimento do país (2026-2030), sendo esta a primeira exclusão dessa indústria em mais de uma década.

Segundo analistas, a medida é evidência de que Pequim considera a indústria madura e que ela não requer mais o mesmo nível de apoio financeiro, deixando seu desenvolvimento para as forças do mercado.

No entanto, eles apontam que a omissão não deve ser vista como um sinal de que a indústria de veículos elétricos caiu em desgraça, apesar de ter se tornado um exemplo de competição excessiva, criticada até mesmo pelo presidente chinês, Xi Jinping.

Em vez disso, reflete uma decisão estratégica de alocar recursos para outras tecnologias nas quais a China busca aprimorar suas capacidades, especialmente à luz das tensões globais de comércio e segurança.

“É um reconhecimento oficial de que os veículos elétricos não precisam mais de políticas prioritárias. Os subsídios para veículos elétricos irão desaparecer”, disse Dan Wang, diretora para a China da consultoria Eurasia Group.

“A China já domina tecnologias relacionadas a veículos elétricos e baterias, então não há sentido em priorizá-las. Isso não significa que o governo exigirá redução de capacidade, mas o mercado terá um papel maior em decidir quem sobreviverá”, acrescentou.

Veículos de nova energia (NEVs, na sigla em inglês), categoria que inclui veículos elétricos, híbridos plug-in e veículos com célula de combustível, foram incluídos como indústrias emergentes estratégicas nos três planos quinquenais anteriores, o que incentivou as autoridades chinesas a investir bilhões de dólares para encorajar montadoras a produzir veículos elétricos e consumidores a comprá-los.

Esse apoio gerou uma cadeia de suprimentos que a China agora controla, com campeões de veículos elétricos como a BYD. Também fez do país o maior mercado mundial de NEVs: em julho de 2024, os NEVs representavam mais de 50% das vendas totais de automóveis na China, mais de 10 anos antes da meta inicialmente estabelecida pelos formuladores de políticas.

No entanto, esse crescimento rápido e o apoio governamental também resultaram em marcas domésticas produzindo mais carros do que o mercado consegue absorver, porque a indústria busca atingir metas de produção influenciadas por políticas governamentais, em vez de demanda do consumidor.

De acordo com a empresa de pesquisa Jato Dynamics, 93 das 169 montadoras que operam na China possuem participação de mercado abaixo de 0,1%.

“Do ponto de vista do país, não é mais necessário dar tanta atenção [aos NEVs], ou isso pode levar a uma supercapacidade ainda maior”, disse Tu Xinquan, reitor e professor do China Institute for WTO Studies da University of International Business and Economics.

Embora os NEVs tenham sido excluídos do mais recente plano nacional, ele espera que ministérios, como o planejador estatal e o ministério da indústria da China, anunciem planos mais específicos para orientar sua trajetória futura.

É certo que os formuladores de políticas chineses afirmam há anos que sua intenção final era fazer com que a indústria se sustentasse sozinha e, paralelamente, vêm encerrando gradualmente os programas de subsídios e incentivos fiscais de longa duração para o setor de NEVs.

O governo encerrou o esquema nacional de subsídio à compra de veículos elétricos no fim de 2022 e pretende eliminar gradualmente os descontos do imposto sobre compras até 2027, embora algumas associações da indústria automotiva chinesa estejam pressionando para que isso ocorra em um ritmo mais lento.

Um conselheiro político chinês, que falou sob condição de anonimato, disse que o fato de os veículos elétricos não serem classificados como uma indústria estratégica emergente “não significa que eles não sejam importantes – eles são absolutamente importantes.”

“Basta olhar para nossas exportações, fonte de lucro para todo o setor automotivo, o impulso à cadeia industrial e nossa liderança global. NEVs são indiscutivelmente importantes”, completou.

Valor - SP   30/10/2025

A montadora registrou, recentemente, expectativas de demanda e lucratividade reduzidas para seu negócio de veículos elétricos, devido, principalmente, ao fim do crédito fiscal para aquisição de EV

A desaceleração na demanda de veículos elétricos começa a se manifestar. Nesta quarta-feira (29), a CNBC informou que a General Motors demitirá 1.700 funcionários, citando a fraqueza do mercado de veículos elétricos.

A GM não respondeu imediatamente ao pedido de comentário.

As vendas de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) atingiram um recorde em setembro, representando 12% de todas as vendas de carros novos nos Estados Unidos, já que os compradores estavam correndo para aproveitar o crédito fiscal de US$ 7.500 para aquisição de EV, que expira e foi eliminado do projeto de lei orçamentária sancionado por Donald Trump em 4 de julho.

Agora, as montadoras se preparam para vendas mais fracas. A GM, inclusive, registrou recentemente baixas de US$ 1,6 bilhão, refletindo expectativas de demanda e lucratividade reduzidas para seu negócio de veículos elétricos.

Apesar dos problemas com EV, as ações da empresa se mantêm estáveis. Até a manhã desta quarta-feira, os papéis da GM acumulavam alta de 31% no ano, incluindo um salto inesperado de 15% de valorização após a divulgação de lucros do terceiro trimestre melhores que o esperado, em 21 de outubro.

Na categoria de veículos à combustão, os aumentos de custo provocados pelas tarifas de importação impostas pelo governo Trump não foram tão severos quanto se imaginava, e a demanda por carros novos se manteve melhor do que os investidores previam no início de 2025.

Valor - SP   30/10/2025

A Honda suspendeu a produção de automóveis no México na terça-feira, conforme apurou o “Nikkei Asia”. Não está claro quando as operações serão retomadas.

A suspensão decorre da falta de peças ligada a uma disputa entre Holanda e China em relação à Nexperia, fabricante holandesa de semicondutores controlada por investidores chineses. Este é o primeiro caso confirmado em que a briga sobre a Nexperia afetou a produção da montadora japonesa.

A Honda utiliza semicondutores padrão fabricados pela Nexperia em algumas peças fornecidas por seus parceiros comerciais. A montadora informou ao “Nikkei Asia” que está "fazendo todos os esforços para minimizar o impacto" da escassez, acrescentando que a produção de motocicletas em outra fábrica no México permanece inalterada.

A Honda também disse que começou a ajustar a produção nos Estados Unidos e no Canadá na segunda-feira devido à escassez de chips da Nexperia. A empresa não divulgou detalhes, como a escala dos cortes ou a duração prevista da paralisação.

Uma desaceleração prolongada na América do Norte, sua principal base de produção, pode impactar os lucros da empresa no ano fiscal 2025, que termina em 31 de março de 2026.

A fábrica de automóveis de Celaya, na região central do México, que suspendeu as operações, tem capacidade anual para cerca de 200 mil carros e produz o veículo utilitário esportivo HR-V. No ano passado, saíram desta linha mais de 190 mil veículos, superando em muito as 40 mil unidades vendidas no México. Isso porque se trata de um importante centro de exportação para o mercado americano.

A América do Norte é um mercado crucial para a Honda. Em 2024, a empresa vendeu cerca de 1,61 milhão de veículos na região, incluindo Estados Unidos e México, representando cerca de 40% de suas vendas globais.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

IstoÉ Dinheiro - SP   30/10/2025

Um dos setores mais afetados pelas tarifas de 50% do governo americano contra produtos brasileiros, a indústria de máquinas e equipamentos teve queda de 13,1% nas exportações aos Estados Unidos em setembro, na comparação com o mesmo mês de 2024.

Na margem – ou seja, ante agosto, quando as tarifas já tinham sido elevadas -, a queda foi de 10%, segundo balanço divulgado hoje pela Abimaq, a entidade que representa as fábricas de bens de capital mecânicos.

As maiores quedas, de agosto para setembro, foram registradas nos embarques de componentes (-28,9%), máquinas para agricultura (-20,6%) e máquinas para a indústria de transformação (-18,5%).

Como as vendas aos Estados Unidos já vinham caindo antes do tarifaço do presidente Donald Trump, as exportações ao país acumulam queda de 8,2% no período de janeiro a setembro. Desde janeiro do ano passado, a participação dos Estados Unidos nas exportações de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil caiu de 31% para 21%.

Investimentos

Os investimentos em máquinas e equipamentos no Brasil tiveram alta de 9,6% em setembro, comparado ao mesmo período do ano passado, chegando a R$ 35,7 bilhões. As compras de máquinas produzidas no Brasil subiram 18,2%, somando R$ 20 bilhões, enquanto as importações tiveram alta, em dólares, de 8,4%, para US$ 2,8 bilhões no mês passado.

Divulgado nesta quarta pela Abimaq, o balanço mostra que as compras de máquinas no País subiram 3,7% frente a agosto, sendo que, nesta comparação, o avanço de bens de capital nacionais foi de 1,4%. Na margem, as importações mostraram alta de 8,1%.

No acumulado desde o início do ano, quando os investimentos em máquinas subiram 13,2%, para R$ 316 bilhões, as importações morderam 45% do consumo nacional, proporção semelhante à observada em 2024. Praticamente uma a cada três máquinas importadas (32%) vem da China, quase o dobro da participação de dez anos atrás (16,6%).

Terra - SP   30/10/2025

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos teve crescimento em setembro, com a receita líquida de vendas subindo 11,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$27,2 bilhões, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela associação de fabricantes, Abimaq.

Em relação às exportações, houve alta de 1,8% na comparação com o mesmo mês de 2024, enquanto que no acumulado anual, o setor ficou no mesmo patamar de 2024. Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos mudaram neste ano, com as vendas para a América do Norte caindo 8,9%, enquanto a Europa e a América do Sul cresceram 4,8% e 18,5%, respectivamente. Na América do Sul, o destaque foi a Argentina, com aumento de 44,3% nas importações de máquinas brasileiras, puxado pelos setores de agricultura e construção civil.

Para os Estados Unidos, houve queda de 10% em setembro em relação ao mês anterior. No ano, a queda acumulada foi de 8,2%, diante do impacto do salto nas tarifas de importação criadas pelo governo norte-americano contra produtos brasileiros.

"O impacto do tarifaço é muito recente", disse o coordenador de economia e estatística da Abimaq, Leonardo Gatto, em coletiva de imprensa sobre os resultados. Segundo o profissional, as empresas do setor não devem fazer desinvestimentos. "Elas vão esperar o que vai ocorrer nos próximos meses, mas não esperamos impactos muito fortes no final do ano."

A Abimaq estimava uma queda geral de 15% nas suas exportações neste ano, partindo da premissa de que as exportações para os EUA tenderiam a zero com o tarifaço."Mas isso não se concretizou", destacou Gatto. Agora, a associação projeta uma queda de 4,2% nas exportações totais no ano. Nas exportações para os EUA, prevê queda de 24,4%.

Associação enfatizou que se o tarifaço de Donald Trump "perdurar muito, o impacto será mais agressivo".

Na véspera, o Senado dos EUA, liderado pelos republicanos, aprovou uma legislação que anula as tarifas de importação impostas contra o Brasil.

A votação no Senado vai agora para a Câmara dos Deputados dos EUA, também controlada pelos republicanos, onde deve ser arquivada. Os republicanos na Câmara têm repetidamente votado para bloquear ações legislativas que encerram as tarifas de importação de Trump.

Os dados da Abimaq também mostraram que as importações subiram tanto na comparação mensal (8,1%) quanto na base anual (8,4%) em setembro, totalizando US$2,78 bilhões. No acumulado do ano, o crescimento foi de 9%, com as importações somando US$23,97 bilhões.

A entidade afirmou que a carteira de pedidos, após ter recuado 1,9% em agosto, estabilizou em 8,9 semanas. "Houve, entretanto, piora nas carteiras de pedidos da indústria de máquinas para logística e construção civil e de componentes para bens de capital", disse a Abimaq.

Valor - SP   30/10/2025

A Abimaq, entidade que representa os fabricantes de máquinas e equipamentos, retomou a projeção de crescimento mais ambiciosa para o setor em 2025 e acredita que a queda das exportações para os Estados Unidos será menor do que a inicialmente prevista, apesar da tarifa de 50% anunciada pela administração contra produtos de segmentos da indústria brasileira.

Segundo Leonardo Gatto Silva, coordenador de competitividade, economia e estatística da Abimaq, as projeções, revisadas em setembro, indicam que a queda nas exportações para os EUA será de 24,4% no quarto trimestre de 2025, na comparação com os três meses anteriores. Mais cedo neste ano, a entidade chegou a dizer que a tendência seria de queda total das exportações mensais para aquele país. Já a retração nas exportações totais do país em 2025 deve ser de 4,2%, e não mais de 15,1%.

A entidade também revisou a projeção de crescimento da receita líquida de 2025, que voltou a ser de 7,6%, e não mais de 5%.

“O que ocorre? Muitas empresas já tinham projetos [com os EUA] em andamento. E quando elas têm projetos em andamento, não param de vender de uma hora para outra. Elas conseguem vender e absorvem um pouco desse custo, que às vezes é dividido entre a empresa aqui no Brasil e a empresa nos Estados Unidos”, disse Silva, em apresentação a jornalistas nesta quarta-feira (29), quando divulgou dados do desempenho do setor em setembro.

Ele afirmou ainda que há casos em que empresas multinacionais optam por planos de realocação, vendendo de outras fábricas, em outras regiões, para os EUA, deixando as unidades do Brasil para alocar a venda em outras regiões, como Europa ou outros países.

“É claro que ainda é muito cedo e as empresas não vão fazer um desinvestimento porque há fábricas no Brasil muito modernas, ainda mais essas multinacionais. Elas ainda vão esperar o que vai ocorrer nos próximos meses. Se isso perdurar muito, é claro que tem um impacto negativo”, acrescentou.

Em setembro, as exportações para os EUA tiveram queda de 10%, mas o total das exportações do Brasil somou US$ 1,3 bilhão no período, alta de 1,8% na comparação com o mesmo período de 2024 e de 5,1% ante agosto. E no acumulado de janeiro a setembro, somou US$ 9,6 bilhões, estabilidade com alta de 0,2% na comparação com o mesmo período de 2024.

Silva disse que o aumento das exportações, mesmo diante da queda nas vendas para os EUA, é suportado pelo movimento de vendas para a América do Sul, principal mercado no exterior no acumulado do ano, período em que a Argentina teve alta de 44,3% nas exportações, seguida por Peru (20,1%) e Chile (16,6%).

“Temos esses dois mercados, que são os principais mercados do setor. Normalmente é os Estados Unidos o principal destino das máquinas, mas também vendemos muito na região, para países do Mercosul, principalmente para a Argentina. Quando a Argentina compra, acabamos tendo esse maior equilíbrio”, completou Silva.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Money Times - SP   30/10/2025

Agosto marcou um ponto de virada para o setor da construção civil. O programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), financiado com recursos do FGTS, atingiu o maior volume de contratações da história. Esse dado revela uma transformação estrutural no mercado imobiliário, especialmente no segmento de habitação popular.

O avanço é resultado de uma combinação de fatores que criaram um ambiente favorável ao crescimento. As políticas públicas foram aprimoradas, com aumento nos limites de renda, redução nas taxas de juros e ajustes importantes nas faixas de atendimento. Ao mesmo tempo, a confiança do consumidor cresceu e devolveu fôlego ao planejamento financeiro das famílias. A demanda reprimida, que durante anos esbarrou em barreiras de acesso, finalmente encontrou espaço para se manifestar. E o mercado reagiu.
Quem não lê o mercado, perde o timing

Do ponto de vista empreendedora, esse novo momento exigiu um redesenho do nosso portfólio. Deixamos de olhar para trás e passamos a projetar os empreendimentos com base no que o novo cenário permite. Isso significou repensar localização, padrão construtivo, faixa de preço e velocidade de execução.

O objetivo foi claro: entregar um produto que dialoga com o momento do país, sem comprometer nossa sustentabilidade financeira e nossa reputação.

Hoje, o foco das construtoras está em empreendimentos que combinam valor acessível, velocidade de venda e manutenção da margem. Essa equação, que parece simples, é um dos maiores desafios da construção civil em ciclos de expansão. E só é possível quando a operação está organizada, os dados são bem interpretados e as decisões são tomadas com agilidade.

MAP saiu de cena. E agora?

Enquanto o MCMV vive seu melhor momento, o financiamento habitacional voltado à classe média passa por uma transição significativa. O antigo modelo de financiamento MAP (Modelo de Aquisição Programada) deu lugar ao Poupança+, que chega com novas regras, novas possibilidades e um impacto direto sobre o comportamento do consumidor. A proposta traz maior flexibilidade, taxas potencialmente mais competitivas e abre espaço para novos perfis de compradores.

Mas toda mudança no crédito exige preparo. Para as construtoras que atuam nesse segmento, isso representa revisar produtos, ajustar processos internos, reavaliar a jornada de compra e adaptar as estratégias comerciais. A resposta precisa ser rápida, sem perder consistência. Quem conseguir assimilar o novo modelo com agilidade vai ganhar espaço e quem esperar demais pode perder relevância.

Do popular à classe média: como manter o pé firme nos dois terrenos

Atuar com força tanto no segmento popular quanto no de classe média exige equilíbrio. Afinal, as dinâmicas, o público, os prazos e os desafios são diferentes. Por isso, sempre enxerguei essa atuação dupla como um jogo com dois regulamentos. Você precisa saber onde pisa, entender as expectativas de cada tipo de comprador e estruturar a empresa para lidar com as frentes de forma simultânea.

Hoje meu time tem operado com dois grandes pilares para manter a competitividade em ambos os terrenos. O primeiro é a flexibilidade operacional, que inclui custos controlados, prazos bem definidos, estrutura e foco em produtividade. O segundo é o relacionamento com o cliente, em entender o comportamento de compra, oferecer um atendimento personalizado e se adaptar às necessidades de cada perfil.

A experiência de compra começa no primeiro contato, não na assinatura do contrato. E isso vale para todos os públicos.
2026 não é o futuro. Já começou.

As projeções para 2026 são otimistas, mas o trabalho para chegar até lá precisa começar agora. A continuidade da política habitacional, a manutenção do crédito subsidiado e a expansão das novas faixas do MCMV devem sustentar o ritmo de lançamentos no segmento popular. A demanda segue reprimida e a necessidade por moradia segue latente, se tornando um campo fértil para empresas comprometidas com entrega e agilidade.

Junto disso, o segmento de classe média deve voltar a crescer à medida que o Poupança+ se consolida. Se os bancos mantiverem o apetite por crédito imobiliário e o cenário macroeconômico colaborar, teremos um mercado ativo em duas pontas. Isso exige das construtoras visão de longo prazo e decisões baseadas em dados, não em intuição.

Olhando para esse panorama, reforço a ideia de que construir moradias vai além de erguer prédios. Envolve acesso, pertencimento e impacto social. O que está em jogo não é só o número de unidades lançadas, mas a transformação que essas unidades proporcionam.

Ou seja: cada projeto é um passo concreto na direção de um país mais justo, mais habitável e mais humano.

FERROVIÁRIO

Agência Senado - DF   30/10/2025

O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) comemorou nesta quarta-feira (29), em pronunciamento, a conclusão dos estudos técnicos e ambientais que vão viabilizar o leilão para a construção e operação de um novo trecho da Ferrovia Norte-Sul ligando Açailândia (MA) a Barcarena (PA). A previsão é de que o leilão será realizado em 2026.

— Isso representa um divisor de águas na logística nacional. Esse novo traçado, com 535 quilômetros de extensão, não é apenas uma obra de infraestrutura. É uma rota de independência, uma alternativa estratégica à atual dependência da estrada de ferro Carajás, hoje sob o controle da Mineração Vale.

Com a nova ferrovia, explicou o senador, será facilitado o escoamento de grãos, celulose, combustíveis e minerais rumo ao porto de Vila do Conde, em Barcarena. Ele afirmou que a nova rota poderá movimentar R$ 8,5 bilhões ao ano, beneficiando produtores, outros setores da economia e a população.

O senador argumentou que o traçado escolhido respeita o meio ambiente e as comunidades locais, não atravessa terras indígenas nem unidades de conservação e foi redesenhado para minimizar desapropriações e impactos fundiários.

— É uma solução moderna, eficiente e acima de tudo responsável. A Ferrovia Norte-Sul é a espinha dorsal da integração logística do Brasil, e com esse novo trecho completamos um corredor ferroviário que liga o Norte ao Sudeste do Brasil, conectando centros produtores e portos estratégicos e redesenhando o mapa da competitividade nacional — afirmou.

NAVAL

Valor - SP   30/10/2025

Decisivo para simplificar o escoamento de grãos e minérios, o porto Piauí deverá iniciar operações ainda neste ano

Sonho de longa data, o porto Piauí – único em Estado banhado pelo Atlântico que não tinha um porto marítimo – foi idealizado nos anos 1960. O projeto foi desenhado para a cidade de Luís Correia, porém nunca avançou, apesar de o Estado ter se tornado grande produtor nacional de grãos e minérios. Com a reestruturação da Companhia de Terminais, Portos e Hidrovias do Piauí e o aporte de R$ 200 milhões – cerca de 10% do orçamento total do Estado para investimentos –, finalmente o projeto saiu do papel.

As primeiras obras concluídas foram a dragagem do canal de acesso à área do terminal pesqueiro e multipropósito, terraplenagem da área do terminal pesqueiro, pátio de manobras e cercamento do pátio e da sede. Simulações de navegação no canal foram concluídas e encaminhadas à Marinha. Agora, a administração aguarda a homologação do canal e entra em fase final de avaliação para o balizamento.

Pelo cronograma do governo, as primeiras operações no porto Piauí acontecem ainda no fim de 2025, com o calcário marinho, fertilizante e recuperador de solos. No primeiro semestre de 2026 estão previstas as operações com o minério de ferro – setor que aumentou mais de 4.000% entre 2023 e 2024. Também no próximo ano, passa a funcionar o cais pesqueiro, onde se instalarão uma fábrica de gelo e terminais para beneficiamento de pescado, com boxes de limpeza, esteiras de classificação e câmaras frigoríficas, atendendo desde pescadores artesanais até clientes industriais.

Raimundo Nonato Palmeira Dias Jr., presidente da Companhia Porto Piauí, explica que, inicialmente, o porto vai receber embarcações de até 5 mil toneladas e fazer o transshipment, técnica em que barcos menores levam a carga até navios maiores, ancorados a 15 milhas da costa. O governo acaba de assinar um contrato nesse formato, que prevê a utilização da técnica, com a mineradora Lion Mining, instalada em Piripiri, que produziu 1,5 milhão de toneladas de minério de ferro em 2024. “Em 2026 vamos iniciar a dragagem do canal para 11 metros. Para 2027 já poderemos receber embarcações acima de 12 metros de calado”, afirma Dias Jr.

Um dos negócios já fechados é um terminal para cargas gerais conteinerizadas, em sociedade com a CNaga Armazéns Gerais, de São Paulo. Segundo Nonato, o grupo, que opera no porto de São Sebastião, vai investir mais de R$ 100 milhões no porto do Piauí.

Petro Notícias - SP   30/10/2025

A Organização Nacional da Indústria do Petróleo e a Firjan promoveram um encontro entre a diretoria da Transpetro e associados da ONIP para debaterem sobre as ações da companhia, a indústria naval e o encadeamento produtivo. A reunião, na Casa Firjan, faz parte das atividades em torno da realização da OTC Brasil 2025, que ocorre no Rio de Janeiro. Recepcionando o encontro, o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, citou o momento positivo do mercado de óleo e gás e da indústria naval, tanto no país quanto no estado de Rio de Janeiro. “Recentemente tivemos o leilão do 3º ciclo da ANP, com três áreas arrematadas no pré-sal fluminense. Também foi liberada a Licença Ambiental da Margem Equatorial, mais a quantidade de pedidos na indústria naval. São oportunidades de negócios e de desenvolvimento para o Brasil e para o estado do Rio”, afirmou Caetano, reforçando que a Firjan apoia as ações para a cadeia produtiva naval.

Já o presidente da ONIP, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, destacou que a entidade mantém o trabalho de integrar as empresas âncoras juntos com as empresas fornecedoras de serviços e equipamentos no mercado de óleo, gás e naval. Nesse sentido, segundo Eduardo Eugenio, a Transpetro possui um papel fundamental para integrar o setor naval. “A Transpetro tem uma atuação estratégica na recuperação das empresas fornecedoras, estaleiros, principalmente por conta do conteúdo local.” Durante o evento, ele lançou o Comitê de Empresas da ONIP, que terá o papel de agregar as grandes empresas do mercado de óleo, gás e naval aos fornecedores. Eduardo Eugenio convidou a Transpetro a integrar o comitê. Além da Firjan, participaram da reunião representantes das Federações das Indústrias dos estados do Pará, da Bahia e do Espírito Santo.

O presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, ressaltou o papel do estado do Rio de Janeiro na atuação do desenvolvimento das indústrias de óleo e gás e naval, e que deve servir de exemplo para os demais estados, principalmente em um momento, que surgem novas áreas de exploração no país. Ele afirmou também que a indústria naval tem que ser perene no país, como forma de garantir o desenvolvimento econômico das empresas. “A Petrobrás e a Transpetro contratarão 74 novas embarcações dentro do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras. Serão investimentos na ordem de R$ 30 bilhões“, apontou Bacci. Já o diretor Corporativo e Jurídico da Transpetro, Thomas Arantes, detalhou aos empresários o programa de renovação de frota.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   30/10/2025

Além da Petrobrás, outras petroleiras também querem marcar presença na OTC Brasil 2025, que começou hoje (28), no ExpoRio Cidade Nova, no Rio de Janeiro. A operadora independente PRIO, por exemplo, aposta que o evento será uma oportunidade de ouro para apresentar mais detalhes sobre suas sobre estratégias de revitalização de campos maduros, com foco na Bacia de Campos.

O diretor de Atividades da companhia, Francilmar Fernandes, conduzirá um painel sobre o assunto nesta terça-feira, entre 15h e 16h30, ressaltando os recursos técnicos e operacionais empregados pela PRIO para elevar a extração de petróleo de modo eficaz e duradouro. “Campos de petróleo não param de produzir quando o petróleo acaba, mas quando deixa de ser economicamente viável produzi-lo. É aí que a PRIO entra. Por isso, falar sobre eficiência em campos maduros é falar sobre o coração do nosso negócio. Temos orgulho de liderar projetos que mostram o potencial de revitalização das bacias brasileiras”, destacou.

A PRIO também abordará a aplicação da técnica de tieback no país. Como é de conhecimento do mercado, a corporação utilizou essa solução para ligar o campo de Wahoo ao FPSO do campo de Frade, ambos na Bacia de Campos. O painel mediado por Fernandes reunirá peritos para ilustrar exemplos de êxito e salientar iniciativas pioneiras para a recuperação da Bacia de Campos, que já supera cinco décadas de operação e se mantém como uma das províncias produtoras mais importantes do Brasil.

Além disso, o espaço PRIO Talks, localizado no estande da PRIO na feira, oferecerá uma grade diversificada que tratará de assuntos cruciais como inovação, desenvolvimento de talentos, cadeia de fornecedores, sustentabilidade e os desafios das operações offshore.

DIRIGENTES DA BRAVA ENERGIA ABORDARÃO AS TENDÊNCIAS DO SETOR

Uma outra petrolífera independente presente na OTC Brasil é a Brava Energia. A empresa disporá de um espaço de 78m², no piso térreo, que contará com detalhes de seus principais ativos (os campos de Atlanta e Papa-Terra), além de um mapa interativo e espaço para apresentações. Já os principais executivos da companhia participarão de mesas de discussão ao longo do evento para analisar as principais movimentações do ramo de energia.

O CEO da Brava, Décio Oddone (foto à esquerda), estará hoje no painel “Energy Forecasting and the Oil Industry: A Strategic Outlook”, às 13h15. O debate versará sobre as implicações estratégicas das tendências de energia emergentes. Amanhã (29), será a vez de Carlos Travassos, Diretor de Operações Offshore da Brava Energia, integrar um painel sobre o campo de Atlanta, a partir das 9h30.

Finalizando a participação da Brava no congresso, no dia 30, Rudimar Lorenzatto, Gerente Executivo da BRAVA, estará entre os oradores do painel “Offshore Supply Chain in Brazil: Operators and Suppliers Prospects and Insights”. O encontro focará em como os atores principais do mercado podem cooperar para a rápida expansão da infraestrutura de suprimentos marítimos no Brasil.

EQUINOR QUER DISCUTIR COMO EQUILIBRAR CRESCIMENTO E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Por sua vez, a empresa petrolífera norueguesa Equinor terá alguns de seus diretores presentes nas sessões principais do congresso para debater os temas centrais desta edição. Para a presidente da companhia no Brasil, Veronica Coelho (foto à direita), o país tem um imenso potencial energético e transformar essa riqueza em desenvolvimento sustentável exige visão de longo prazo, inovação e diálogo entre empresas, governos e sociedade.

“Na OTC, vamos discutir como equilibrar crescimento com responsabilidade, em linha com o que fazemos na Equinor: gerando energia para as pessoas, progresso para a sociedade, buscando o melhor“, afirmou a executiva.

A agenda incluirá a participação dos executivos da Equinor durante os três dias da OTC Brasil. Na terça-feira (28), na abertura da conferência, Veronica Coelho fará uma apresentação na plenária “Desafios do Setor de Energia sob a Perspectiva da COP 30”, às 17h. A mesa reunirá representantes das operadoras de energia para debater os obstáculos e as oportunidades do segmento frente à Conferência da ONU.

Coelho também participará na quarta-feira (29) da seção “Exploração e Desenvolvimento no Brasil: Oportunidades, Desafios e Perspectivas”, às 9h, que trará para o debate as reservas do pré-sal, o aumento da procura por energia, as evoluções técnicas e o aporte de capital estrangeiro, além das descobertas nas áreas de prospecção.

Encerrando a participação no congresso, na quinta-feira (30), Camila França, responsável por subsuperfície da equipe de geologia e geofísica da Equinor, participará da sessão técnica “Caracterização de Reservatórios e Fluidos” às 9h30. No mesmo horário, Andrea Achoa, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, estará no painel “O Poder da Inovação: Como P&D Está Moldando a Próxima Era das Soluções Energéticas”.

Valor - SP   30/10/2025

Entidade afirma estar “profundamente preocupada” com a inclusão, pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), de artigo sobre o tema no relatório da Medida Provisória 1.304

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) diz que mudanças nas regras de cálculo do preço do petróleo para pagamento de royalties e participações especiais prejudica o setor de óleo e gás e coloca investimentos em risco.

Em nota publicada em seu site, a entidade se diz “profundamente preocupada” com a inclusão, pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), de artigo sobre o tema no relatório da Medida Provisória 1.304, que trata da reforma do setor elétrico.

“Essa mudança (...) tende a gerar distorções relevantes no cálculo das receitas governamentais, desestimulando investimentos em campos de menor produtividade e reduzindo a atratividade do ambiente exploratório brasileiro”, afirma o IBP.

O argumento de que a mudança beneficiaria refinarias privatizadas não se sustenta, defende o IBP, uma vez que o cálculo do preço de petróleo para fins de recolhimento das participações governamentais não influencia a oferta da commodity internamente.

O IBP lembra que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revisou e atualizou, recentemente, a fórmula de cálculo do preço de referência para fins de pagamento de royalties e participações especiais.

A regulamentação da ANP sobre o preço de referência do petróleo, amplamente debatida com agentes do setor, representou um avanço importante para a previsibilidade e estabilidade regulatória.

“É fundamental preservar o modelo atual, que equilibra arrecadação e competitividade, assegurando que o preço de referência continue sendo definido por critérios técnicos, sob a regulação especializada da ANP, e não por parâmetros tributários alheios à dinâmica da indústria”, diz a nota.

Vincular o cálculo das participações governamentais às regras de preço de transferência, cuja finalidade é a apuração do imposto de renda, “cria insegurança e desvirtua a lógica técnico-econômica que sustenta a política de participações governamentais”, de acordo com o IBP.

Outro ponto criticado do relatório pela entidade é a limitação da reinjeção de gás natural no processo de produção de petróleo, o que pode refletir de forma negativa nos novos investimentos em exploração e produção de petróleo e gás natural.

Valor - SP   30/10/2025

Sylvia Anjos afirmou que embora a demanda pela commodity diminua nos próximos anos, por causa da transição energética, os atuais níveis de reservas de petróleo não atenderão às necessidades do país

A diretora de exploração e produção da Petrobras, Sylvia Anjos, disse que o país precisa de abertura de novos poços de petróleo para manter o nível de reservas. Segundo a executiva, que participa do segundo dia da OTC Brasil, evento voltado para atividades de exploração e produção marinhas (offshore), a produção de hoje reflete os investimentos que foram feitos no passado.

Embora a demanda pela commodity diminua ao longo dos próximos anos, por causa da transição energética, os atuais níveis de reservas de petróleo não atenderão às necessidades do país, afirmou Anjos.

Ela ressaltou que há potenciais na Margem Equatorial, na Bacia de Pelotas, em projetos na Colômbia e Argentina, além dos anúncios recentes de indícios de hidrocarbonetos na Bacia de Santos, além da busca de novas áreas no exterior. Porém, ressaltou Anjos, não há áreas disponíveis entre o Sergipe e o Espírito Santo para explorar.

Anjos salientou que o petróleo produzido no país é de baixo teor de carbono e que a contribuição dos combustíveis fósseis no país é de cerca de 1% das emissões totais brasileiras.

Anjos disse ainda esperar anúncio, na quinta-feira, de que o Campo de Búzios alcançará a marca de 1 milhão de barris por dia, pois ainda depende de esperar aval da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por 24 horas.

Globo Online - RJ   30/10/2025

Sylvia dos Anjos, diretora de Exploração da Petrobras, exibiu o momento em que a broca começou a perfurar o primeiro poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas. Ela participou de um painel na Offshore Technology Conference (OTC), maior feira de petróleo e gás da América Latina, na tarde desta quarta-feira.

— Essa imagem é da broca esperando a licença. Todo mundo estava esperando (na Petrobras). No dia em que a licença saiu, a sala que acompanha a atividade lotou. E quando a broca enroscou no fundo, foi uma festa. Parecia que a gente tinha ganhado a Copa do Mundo. Olha o momento — disse Sylvia, apontando para o vídeo durante sua palestra, que teve lotação máxima.

A licença do Ibama foi concedida no último dia 20 de outubro. Em sua apresentação, ela destacou que a perfuração começou ainda no dia 20, às 17h52. Em evento recente, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, havia dito que a broca estava apontada para o poço, apenas aguardando o aval do Ibama.

Petrobras exibe vídeo com início da perfuração na Bacia da Foz do Amazonas

Ela aproveitou para dar mais detalhes sobre o primeiro poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas. Destacou que o poço tem uma profundidade total de 7.081 metros, dos quais 2.880 correspondem à profundidade da água. Segundo Sylvia, o tipo de rocha do reservatório é semelhante ao da Bacia de Campos.

— Vamos perfurar esse poço por cinco meses. É essencial ter novas fronteiras. A Margem é a nossa grande fronteira. São cinco bacias. Vemos uma esperança muito grande na região — afirmou Sylvia.

A diretora informou que a Petrobras possui, na Margem Equatorial — composta por cinco bacias —, um total de 30 blocos. Somente na Bacia da Foz do Amazonas, o plano atual da estatal prevê oito poços exploratórios distribuídos em seis blocos.

— São oito poços nessa área, em seis blocos. Só depois disso a gente consegue avaliar o potencial exploratório. A gente tem o recurso, a vontade e o bloco. Acredito que, após essa avaliação feita pelo Ibama e pelo Ministério do Meio Ambiente, ela se adeque a outras áreas ao redor. Todas as empresas têm blocos lá. Estávamos esperando destravar essa licença. No último leilão, levamos mais blocos — dez ao todo com a Exxon. Há um potencial muito grande no Amapá — disse Sylvia.

Segundo Sylvia, o foco da empresa na Margem Equatorial é a Bacia da Foz do Amazonas. Hoje, a companhia tem dois poços perfurados na Bacia Potiguar, também na Margem Equatorial, que ainda dependem de mais atividades sísmicas para comprovar o potencial da região.

Money Times - SP   30/10/2025

O relator da Medida Provisória 1.304 (MP), senador Eduardo Braga, apresentou uma nova versão do texto que altera a metodologia de cálculo dos preços de referência do petróleo — base para a cobrança de royalties e do Imposto de Participação Especial (IPE). O relatório pode ser votado ainda nesta quarta-feira (29).

Originalmente voltada à regulamentação de concessionárias de energia elétrica, a MP passou a incluir dispositivos que afetam diretamente as empresas de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás.

Caso aprovada como está, a MP pode gerar uma receita adicional estimada em R$ 7,5 bilhões por ano para o governo, segundo a XP Investimentos.
O que pode mudar na metodologia

Atualmente, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) define o preço de referência com base em uma fórmula que pondera o valor dos derivados produzidos a partir de cada tipo de petróleo.

O novo texto propõe que o cálculo passe a considerar “a média dos preços publicados por agências internacionalmente reconhecidas”.

A XP Investimentos avalia que a falta de detalhes sobre a nova metodologia traz incerteza e abre espaço para interpretações mais rígidas.

A corretora fala na possibilidade de aproximar os preços de referência do valor do Brent — o principal parâmetro do mercado internacional — e aumentar o montante recolhido em impostos.

Para os analistas Regis Cardoso e João Rodrigues, a proposta amplia o risco regulatório no setor e gera incertezas sobre a previsibilidade tributária das empresas.

As ações do setor na Bolsa, no entanto, operavam sem movimentos expressivos nesta quarta-feira.

Receita maior, custo também

Segundo as estimativas da XP, a adoção do Brent como nova referência poderia elevar em até R$ 7,5 bilhões as receitas fiscais, sendo R$ 5 bilhões em royalties e R$ 2,5 bilhões em IPE.

Essa arrecadação extra, no entanto, viria às custas das petroleiras, sobretudo aquelas que produzem petróleo mais pesado e com maior desconto em relação ao Brent, diz.

A análise da XP mostra que, em um cenário extremo — ainda considerado improvável —, em que todos os fluxos de petróleo bruto fossem avaliados como Brent, as empresas mais afetadas seriam:

A Brava seria a mais penalizada, já que seu petróleo é mais pesado e tem desconto maior em relação ao Brent, segundo a XP. A Petroreconcavo seria a menos afetada, pois a maior parte de sua produção é vendida a refinarias domésticas, disse.

MP 1304/2025 ameaça investimentos no setor de óleo e gás, diz IBP

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) manifestou preocupação com o artigo 15 da MP 1304/2025.

Segundo o IBP, a mudança proposta compromete a previsibilidade regulatória e pode gerar distorções nas receitas governamentais, desestimulando investimentos, especialmente em campos de menor produtividade.

A entidade defende a manutenção do modelo atual da ANP, atualizado pela Resolução nº 986/2025, que, em sua avaliação, reflete as condições de mercado, garante transparência e segurança jurídica.

O instituto também alerta que impor restrições à reinjeção de gás pode reduzir a produção de petróleo e, consequentemente, a arrecadação de royalties.

Para o IBP, o preço de referência deve continuar sendo definido por critérios técnicos sob regulação da ANP, preservando o equilíbrio entre arrecadação e competitividade do setor.

AGRÍCOLA

Agrolink - RS   30/10/2025

O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA-SP), informou que já apoiou a aquisição de 850 tratores e implementos para produtores rurais desde 2023. Segundo a secretaria, a meta é atingir mil máquinas até o final de 2025.

A SAA-SP destacou que o Programa Pró-Trator se consolidou como uma política de modernização da frota agrícola e de incentivo à produtividade no campo. Com a subvenção dos juros pelo Estado, os produtores têm acesso a financiamentos com taxas muito abaixo das praticadas no mercado, o que torna o crédito mais acessível e acelera o desenvolvimento das propriedades rurais.

Podem ser beneficiados pelo programa produtores rurais paulistas, pessoas físicas enquadradas como beneficiárias do FEAP/BANAGRO.

O Pró-Trator financia a aquisição de tratores novos de até 125 cv, de fabricação nacional, e implementos compatíveis, com limite de uma unidade por beneficiário. A secretaria explicou que os prazos, garantias e condições seguem as normas de cada cooperativa de crédito parceira.

Canal Rural - SP   30/10/2025

O painel de lançamento, intitulado “Terceirização e Aluguel de Máquinas: Alternativas para a Colheita de Grãos”, foi conduzido pelo produtor rural e presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, André Dobashi, com participação de Débora Simões, sócia-diretora de Estratégia e Soluções da Agroconsult, e do consultor de negócios agrícolas Vinicius Camargos.

Dobashi destacou que o estudo foi desenvolvido em parceria com a Agroconsult e não busca indicar uma única solução, mas oferecer informações e ferramentas para que o produtor tome decisões baseadas em dados técnicos e econômicos.

“A CNA, em parceria com a Agroconsult, desenvolveu o estudo e uma calculadora online para que o produtor possa comparar custos e benefícios da terceirização, do aluguel ou da compra de máquinas, considerando sua realidade e sistema de produção”, explicou.

Custos crescentes e crédito mais caro pressionam decisões

O levantamento “Máquinas Agrícolas: alugar, comprar ou terceirizar? Tome a decisão certa” foi elaborado a partir de dados do Projeto Campo Futuro e abrange 12 regiões estratégicas do Sul, Centro-Oeste e Matopiba+PA, responsáveis por mais de 80% da área de soja no país.

Entre 2019 e 2025, os preços das máquinas agrícolas subiram fortemente: plantadeiras tiveram alta entre 131% e 225%, colheitadeiras entre 57% e 124%, e tratores entre 107% e 154%. No mesmo período, as taxas de juros do programa Moderfrota mais que dobraram, passando de 6% para até 13,5% ao ano, o que encareceu o financiamento e estimulou o interesse por alternativas como o aluguel e a terceirização.

De acordo com Débora Simões, cerca de 17% do Custo Operacional Total (COT) do produtor está relacionado às máquinas e à depreciação dos equipamentos.

“Esse custo pesa no bolso do produtor. Por isso, é importante oferecer condições e opções de mecanização mais flexíveis e adequadas à realidade de cada propriedade”, afirmou.
Terceirização é mais vantajosa na colheita

O estudo aponta que a terceirização se mostrou a opção mais vantajosa para a colheita em todas as regiões analisadas. O principal motivo é o alto custo de aquisição e manutenção das colheitadeiras, aliado à necessidade de uso concentrado em um curto período da safra.

Além de reduzir o capital imobilizado, a contratação de serviços especializados ajuda o produtor a lidar com a escassez de mão de obra qualificada. No entanto, a disponibilidade de prestadores de serviço durante o pico da safra ainda é um desafio, especialmente em áreas mais remotas ou de menor escala.

Para o plantio, a terceirização foi mais viável em cinco das doze regiões avaliadas, principalmente onde não há segunda safra de milho. Já na pulverização, que exige frequência e agilidade, o modelo mais eficiente segue sendo o de frota própria.
Aluguel cresce entre produtores maiores

O aluguel de máquinas ainda tem participação limitada no segmento de grãos, mas vem crescendo entre produtores de maior porte e perfil empresarial. O modelo reduz o capital imobilizado e permite acesso a equipamentos modernos, embora a compra própria ainda apresente melhor viabilidade na maioria dos cenários analisados.
Referências internacionais reforçam tendência

A CNA também comparou a realidade brasileira com a de outros países. Nos Estados Unidos, o aluguel e a terceirização são práticas consolidadas, com ampla oferta de prestadores e contratos flexíveis. Na Argentina, cerca de 60% das operações mecanizadas são terceirizadas, em um setor já estruturado e tradicional.

Essas referências internacionais, segundo a CNA, confirmam a tendência de adoção crescente de modelos mais flexíveis de mecanização, diante de margens mais apertadas, custos elevados e crédito restrito.
Ferramenta online ajuda na simulação

Além do relatório técnico, a CNA disponibilizou uma calculadora online que permite ao produtor simular, de forma personalizada, os custos e a rentabilidade das diferentes opções para plantio, pulverização e colheita.

A ferramenta, atualizada com dados do Projeto Campo Futuro e de mercado, oferece visualizações gráficas comparando os modelos de frota própria, aluguel e terceirização, e está disponível na página oficial do estudo Máquinas Agrícolas.

“O objetivo é apoiar a tomada de decisão. Cada produtor pode inserir seus dados e avaliar o que faz mais sentido para sua realidade”, resume Dobashi.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   30/10/2025

Em um setor de oportunidades gigantescas, mas repleto de desafios continentais, a LS Tractor, marca sul-coreana, celebra 12 anos de presença no Brasil, desenvolvendo tecnologias e soluções sob medida para o agronegócio nacional, contribuindo para tornar o campo cada vez mais eficiente e produtivo.

O Grupo LS tem origem no Grupo LG, um dos maiores conglomerados da Coreia do Sul.

Com presença em mais de 40 países e atuação em setores estratégicos como energia, maquinário, componentes eletrônicos e veículos, possui faturamento superior a US$ 35 bilhões, com 25 mil funcionários e 132 afiliadas.

A LS Mtron, por sua vez é a empresa do grupo especializada em máquinas industriais e componentes eletrônicos de última geração, sendo a divisão responsável pela fabricação dos tratores agrícolas da marca LS Tractor.

No Brasil, a marca chegou em 2013 com fábrica própria no município de Garuva (SC), o que fortaleceu sua presença no mercado e impulsionou a expansão da rede de concessionárias.

“A localização da nossa fábrica é estratégica, próxima a grandes portos como: Itapoá, Paranaguá, São Francisco do Sul e Itajaí e de importantes regiões agrícolas”, destaca Felippe Vieira, diretor Comercial da LS Tractor.

A LS Tractor, explica Vieira, foi pioneira na introdução de cabines originais de fábrica em tratores até 80 cv, além de trazer tecnologias inéditas para o segmento, como transmissões com reversor sincronizado, maior número de marchas, o superredutor creeper e uma TDP, tomada de força com três opções de rotação. Esses diferenciais consolidaram a marca no país e renderam importantes prêmios, como o Trator do Ano (2015 e 2017, no Brasil) e o Good Design Award (2024, na Coreia do Sul).

Produção no país - Atualmente, a LS Tractor produz no Brasil tratores agrícolas de 25 a 145 cv, as séries J, MT2, R, MT4, MT7, Plus e H, oferece 12 modelos nas mais diferentes versões, com e sem cabine original de fábrica e com o índice de produção local que permite o acesso para o financiamento nos programas do BNDES/FINAME.

Desde a inauguração da unidade fabril, a empresa já ultrapassou a marca de 33 mil tratores produzidos em solo brasileiro.

“Temos uma média superior a 2,5 mil equipamentos fabricados por ano e com capacidade produtiva de 5.000 tratores/ano. Esses números comprovam que estamos consolidados no mercado nacional”, afirma Vieira.

Todo esse desempenho, afirma o executivo, é resultado de investimentos superiores a US$ 200 milhões no país.

Para garantir agilidade no atendimento e suporte técnico, a LS Tractor mantém um Centro de Distribuição de Peças Genuínas junto à fábrica, com mais de 15 mil m² de área e cerca de 650 mil itens em estoque.

“A combinação entre engenharia de ponta e proximidade com o produtor rural brasileiro garante soluções robustas, acessíveis e de alta performance, alinhadas às necessidades reais do campo”, complementa o profissional.

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