Globo Online - RJ 30/05/2025
A Casa Branca foi bem-sucedida na apelação a cortes federais e conseguiu derrubar na Justiça a decisão liminar de um tribunal de Nova York que havia suspendido ontem o seu tarifaço sobre produtos importados nos EUA, informou há pouco a CNBC.
A decisão, que se refere ao tarifaço apresentado por Trump em 2 de abril, foi contestada pelo governo de Trump em instância federal ainda ontem.
Contudo, a decisão mantém intactas as tarifas de 25% para as indústrias automotiva, do aço e do alumínio.
Hoje, mais cedo, por meio de uma de suas contas na rede social X, a Casa Branca qualificou a medida como "manifestamente equivocada". "Confiamos que esta decisão será revertida em apelação", acrescentou.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a jornalistas que os juízes "abusaram descaradamente de seu poder judicial para usurpar a autoridade do presidente Trump".
A Suprema Corte "deve pôr fim" ao desafio às tarifas, disse Leavitt, mas ressaltou que Trump dispõe de outros meios legais para impô-las.
O que sustentaram os juízes?
O Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos (ITC, na sigla em inglês), composto por três juízes, entendeu que o Congresso não delegou poderes “ilimitados” ao presidente na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Nacional de 1977 (IEEPA, na sigla em inglês), que Trump invocou para justificar as tarifas.
Seria um freio institucional importante que reafirma o papel do Congresso e restabeleceria o sistema de pesos e contrapesos da democracia americana na definição da política de comércio exterior do país, limitando decisões econômicas potencialmente arbitrárias.Se tivesse sido confirmada por cortes superiores, essa decisão anularia uma parte significativa das tarifas de Trump, especialmente as que ainda não haviam sido negociadas com outros países, invalidando negociações em curso com economias importantes como a chinesa e a da União Europeia.
O que são tarifas recíprocas?
O termo "recíproco", no contexto do comércio, normalmente se refere a medidas adotadas por ambas as partes para garantir justiça no comércio bilateral. Nos últimos 90 anos, isso geralmente significava a redução de barreiras comerciais.
Nos EUA, a Reciprocal Trade Agreements Act (Lei de Acordos Comerciais Recíprocos), de 1934, marcou o fim de uma era protecionista e permitiu que os EUA e seus parceiros negociassem tarifas mais baixas para seus produtos.
Para Trump, o conceito de "comércio recíproco" surgiu em materiais de campanha on-line de 2023, descrito como uma abordagem de "olho por olho" para corrigir desequilíbrios comerciais, aumentando as tarifas dos EUA.
Trump e seus assessores argumentam que as práticas de muitos parceiros comerciais dos EUA favorecem seus próprios exportadores em detrimento das empresas americanas.
Construir uma barreira tarifária em torno da economia dos EUA incentivaria produtores estrangeiros – ou empresas americanas que operam no exterior – a instalar fábricas no país e contratar trabalhadores americanos, revertendo o declínio da classe média, segundo eles. A estratégia também tem outro objetivo recentemente declarado: gerar receita para ajudar a pagar cortes de impostos.
Como funcionariam as tarifas recíprocas?
Os novos impostos sobre importação seriam personalizados para cada parceiro comercial dos EUA, de acordo com um memorando distribuído pela Casa Branca.
O objetivo é compensar não apenas as tarifas aplicadas pelos parceiros sobre produtos americanos, mas também outros fatores que prejudicam os fabricantes dos EUA, como subsídios considerados injustos, regulamentações como leis de proteção de dados pessoais, impostos sobre valor agregado (IVA), taxas de câmbio controladas e proteções insuficientes à propriedade intelectual.
Essas chamadas "barreiras não tarifárias" são difíceis de quantificar, criando um grande desafio para o Escritório do Representante Comercial dos EUA e o Departamento de Comércio, que são responsáveis por propor novas tarifas país por país. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, comparou essa tarefa a renegociar acordos comerciais com dezenas de países, algo que normalmente leva anos para ser concluído.
As tarifas recíprocas poderiam ser aplicadas de várias maneiras: sobre produtos específicos, setores inteiros ou como uma tarifa média sobre todas as mercadorias de um determinado país.
Em teoria, os EUA poderiam reduzir tarifas em alguns casos, por questões de reciprocidade. Alguns países poderiam receber isenções ou reduções tarifárias, segundo Trump, embora ele tenha destacado que não quer conceder "tantas" exceções.
O Estado de S.Paulo - SP 30/05/2025
O tarifaço do presidente Donald Trump sofreu, na última quarta-feira, seu maior golpe, quando o Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos julgou inválidas as decisões que envolvem o pacote. Pode ser o começo da reversão da política de Trump, mas, nem por isso, ficam neutralizadas as incertezas que pairam sobre a economia mundial. Ao contrário, as incertezas aumentam.
O argumento de fundo do Tribunal é o de que, por disposição constitucional, comércio exterior é exclusivamente atribuição do Congresso dos Estados Unidos, e não do Executivo.
A alegação de Trump é a de que uma lei de 1977, a International Emergency Economic Powers Act, em situações de emergência, autoriza o presidente dos Estados Unidos a baixar decretos de comércio exterior. Como os Estados Unidos não estão em guerra, nem sob calamidades naturais, fica difícil sustentar que a hora é de emergência. O Tribunal avisou que essa lei teve por objetivo lidar com ameaças à segurança nacional, e não com déficits na balança comercial.
Ainda cabem os recursos de praxe, tanto ao Tribunal Internacional quanto à Suprema Corte. Ainda nesta quinta-feira a Corte de Apelações suspendeu “até segunda ordem” a decisão do Tribunal de Comércio. E vem aí uma profusão de decisões de cortes regionais. Essas idas e vindas nos tribunais consumirão tempo, e muita coisa poderá ficar no ar.
Se prevalecer o que ficou disposto pelo Tribunal de Comércio Internacional, grande parte da estratégia do governo Trump baseada no MAGA( Make America Great Again), seria desmantelada, com as consequências econômicas, políticas e geopolíticas que daí se seguissem.
Por aí se vê que às incertezas anteriores, acrescentam-se novas. Se tudo ficar pelo menos temporariamente suspenso, como é que os países e blocos de países atingidos pelo tarifaço poderiam armar uma resposta adequada?
Ou, pensando mais na microeconomia, como o comércio varejista dos Estados Unidos que trabalha com produtos importados pode programar suas compras ou, como um empresário qualquer pode definir um rumo a seus negócios, se não sabe que regras do jogo acabarão por prevalecer? De todo modo, alguns efeitos já foram produzidos e poderão causar grandes prejuízos dentro e fora dos Estados Unidos.
Até recentemente, antes de tomar decisões que envolvessem políticas de comércio exterior, seja a imposição de tarifas ou a negociação de tratados comerciais com outros países, o presidente dos Estados Unidos tinha de recorrer ao “fast track” (caminho rápido), que é a autorização do Congresso para que pudesse tomar iniciativas sem ter de esperar por sucessivas votações nas duas casas do Congresso ou, mesmo, sem ter de correr o risco de vê-las revogadas. Esta seria uma opção que Trump tem ainda à disposição para o que pretende agora, na medida em que confia na força do Partido Republicano. Mas também levaria tempo e energia política.
Globo Online - RJ 30/05/2025
O presidente Donald Trump pressionou o presidente do Federal Reserve (BC americano), Jerome Powell, para que reduzisse as taxas de juros em sua primeira reunião presencial desde que Trump assumiu o cargo, segundo informou a Casa Branca.
Trump disse a Powell que acredita que ele está cometendo um erro ao não reduzir as taxas, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, durante uma coletiva nesta quinta-feira. Isso “nos coloca em desvantagem econômica em relação à China e a outros países, e o presidente tem sido muito claro sobre isso, tanto publicamente quanto, agora posso revelar, em privado”, acrescentou.
Leavitt disse que não foi discutido se Trump tentaria destituir Powell, cujo mandato expira em maio de 2026. O Fed informou em comunicado, também nesta quinta-feira, que os dois se reuniram na Casa Branca a convite do presidente.
Segundo a nota, eles conversaram sobre a evolução da economia, incluindo crescimento, emprego e inflação. A última reunião entre eles havia ocorrido em novembro de 2019.
“A trajetória da política dependerá totalmente dos dados econômicos recebidos e do que eles indicarem para as perspectivas”, disse o Fed, destacando que Powell não falou sobre expectativas de política monetária.
O presidente do Fed também disse a Trump que as decisões do banco central serão baseadas exclusivamente em “uma análise cuidadosa, objetiva e apolítica”, conforme o comunicado. Leavitt confirmou a veracidade dessa declaração.
A reunião ocorreu após uma decisão judicial que bloqueou a maioria das tarifas impostas por Trump este ano a parceiros comerciais dos Estados Unidos.
Powell e outros membros do Fed mantiveram as taxas de juros estáveis em 2025, argumentando que é apropriado adotar uma abordagem paciente diante da incerteza econômica causada pela evolução do uso de tarifas. Os formuladores da política monetária do Fed afirmaram ainda que esperam que as tarifas anunciadas prejudiquem o crescimento econômico e impulsionem a inflação.
Pressão de Trump
A postura cautelosa do Fed provocou a reação de Trump, que tem solicitado repetidamente uma redução das taxas e criticado a liderança de Powell à frente do banco central. Trump afirmou que Powell costuma demorar demais para ajustar a política monetária e o chamou de “grande perdedor”, entre outros insultos.
Uma publicação de Trump nas redes sociais, em abril, reacendeu as especulações — que surgiram inicialmente durante seu primeiro mandato — de que ele tentaria destituir Powell. Posteriormente, Trump descartou essa possibilidade, e uma recente decisão da Suprema Corte protegeu o Fed contra tal medida, como parte de um veredito mais amplo que permite ao presidente demitir altos funcionários de agências independentes.
Powell tem reiterado que os dirigentes do Fed adotam uma abordagem apolítica e baseiam suas decisões em seu julgamento sobre o que é melhor para a economia. Segundo o Fed, ele repetiu essa mensagem a Trump na reunião de hioje.
Powell afirmou que ele e seus colegas do Comitê Federal de Mercado Aberto “estabelecerão a política monetária, conforme exige a lei, para apoiar o pleno emprego e a estabilidade de preços, e tomarão essas decisões com base exclusivamente em uma análise cuidadosa, objetiva e apolítica”.
Agência Brasil - DF 30/05/2025
Num mês tradicionalmente de forte entrada de receitas no governo, as contas públicas surpreenderam. Em abril, as contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registraram superávit primário de R$ 17,782 bilhões. Descontada a inflação, o resultado positivo é 45,5% maior que o do mesmo mês do ano passado, quando as contas tinham registrado superávit de R$ 11,585 bilhões.
Esse é o melhor superávit para meses de abril desde 2022, quando o Governo Central tinha registrado resultado positivo de R$ 28,997 bilhões. O resultado veio melhor que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Fazenda, os analistas de mercado esperavam resultado positivo de R$ 12,2 bilhões em abril.
Com o resultado positivo de abril, as contas públicas continuam no positivo no acumulado do ano. Nos quatro primeiros meses de 2025, o Governo Central registra superávit primário de R$ 72,359 bilhões, o segundo melhor resultado da série histórica com início em 1997, só perdendo para o mesmo período de 2022. Nos mesmos meses do ano passado, havia superávit de R$ 31,756 bilhões.
O resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano e o novo arcabouço fiscal estabelecem meta de déficit primário zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo, para o Governo Central. No limite inferior da meta, isso equivale a déficit de até R$ 31 bilhões.
Precatórios
Apesar do superávit acumulado no ano, está previsto o pagamento de R$ 70 bilhões em precatórios (dívidas com sentenças judiciais definitivas) em julho. Em 2024, o governo antecipou o pagamento de precatórios para fevereiro.
Segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, divulgado na semana passada, o Orçamento de 2025 prevê déficit primário de R$ 97 bilhões. Ao considerar apenas os gastos dentro do arcabouço, há previsão de déficit primário de R$ 31 bilhões, no limite inferior da meta. O marco fiscal exclui R$ 45,3 bilhões de precatórios (dívidas com sentença judicial definitiva a serem pagas pelo governo).
Receitas
Na comparação com abril do ano passado, as receitas subiram em ritmo maior que as despesas. No mês passado, as receitas líquidas subiram 10,9% em valores nominais. Descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta chega a 5,1%. No mesmo período, as despesas totais subiram 8,2% em valores nominais e 2,5% após descontar a inflação.
O superávit primário foi impulsionado pelo crescimento da arrecadação federal em abril. Se considerar apenas as receitas administradas (relativas ao pagamento de tributos), houve alta de 3,3% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação.
Os principais destaques foram o aumento do Imposto de Importação, decorrente da alta do dólar em 12 meses, e do Imposto de Renda. A alta do lucro de empresas também beneficiou o caixa do Tesouro.
As receitas não administradas pela Receita Federal subiram 18,2% descontada a inflação na mesma comparação. Os principais fatores de alta foram os pagamentos de dividendos de estatais, que subiram R$ 3,25 bilhões por causa do pagamento de juros sobre capital da Caixa Econômica Federal e a alta de 18,2% nos royalties de petróleo, decorrente da desvalorização cambial nos últimos 12 meses.
Despesas
Quanto aos gastos, o principal fator de alta foi a Previdência Social, que subiram 2,4% acima da inflação em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, devido ao aumento do número de beneficiários e à política de valorização do salário mínimo. Os gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) saltaram em ritmo maior: 9,9% acima da inflação, pelos mesmos motivos.
A complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) saltou 22,8% acima da inflação na mesma comparação. Segundo o Tesouro, isso ocorreu por causa da mudança na cesta de impostos que compõem os repasses.
As despesas obrigatórias com controle de fluxo (que englobam os programas sociais) subiram 2,1% em abril descontada a inflação na comparação com o mesmo mês do ano passado. As despesas com saúde subiram R$ 2 bilhões, parcialmente compensadas pelo recuo de R$ 1,1 bilhão nos gastos com o Bolsa Família, que passa por uma revisão constante de cadastro.
Os gastos discricionários (não obrigatórios) subiram 5% descontada a inflação em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. A queda reflete o atraso na aprovação do Orçamento, que só começou a ser totalmente executado em abril.
Os gastos com o funcionalismo federal recuaram 1,4%, também considerando a inflação. No entanto, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, admitiu que as despesas com os servidores aumentarão nos próximos meses, com o início do pagamento retroativo do reajuste salarial para diversas categorias.
Investimentos
Quanto aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o total nos quatro primeiros meses do ano somou R$ 16,462 bilhões. O valor representa alta de 3,3% descontado o IPCA em relação ao mesmo período de 2024.
Além das diferenças de cronogramas mensais de obras públicas, o atraso na aprovação do Orçamento interferiu na alta. Até a sanção da lei orçamentária, em meados de abril, os investimentos estavam sendo executados com restos a pagar, verbas empenhadas (autorizadas) em anos anteriores. Nas duas semanas finais do mês, os investimentos aceleraram.
CNN Brasil - SP 30/05/2025
Os contratos futuros do minério de ferro interromperam uma sequência de quatro dias de perdas nesta quinta-feira (29), impulsionados por um sentimento otimista do mercado, depois que o tribunal federal dos EUA impediu que as tarifas do presidente Donald Trump entrassem em vigor.
O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,29%, a 707 iuanes (US$ 98,31) a tonelada.
O minério de ferro de referência de junho na Bolsa de Cingapura subiu 0,95%, a US$ 97 a tonelada.
Um tribunal de comércio dos EUA impediu que a maior parte das tarifas de Trump entrassem em vigor, em uma decisão abrangente na quarta-feira (28), que considerou que o presidente excedeu sua autoridade ao impor taxas gerais sobre as importações de parceiros comerciais do país.
A decisão judicial estimulou o sentimento dos investidores e traz uma oportunidade de recuperação para os mercados de ferrosos, disse a corretora Galaxy Futures.
Ainda assim, a demanda sazonal por aço atingiu seu pico, e a demanda por materiais de construção continuará a diminuir, acrescentou a Galaxy.
A primavera é normalmente a estação de pico de construção na China, antes da estação chuvosa em junho.
Enquanto isso, embora Pequim tenha dito anteriormente que deseja reduzir a produção de aço bruto este ano, traders e siderúrgicas apostam que os cortes não deverão ser aplicados em meio à melhoria da lucratividade do setor.
Os preços do carvão de coque caíram para 757 iuanes no início da sessão, menor valor desde 8 de junho de 2021, mostraram os dados da LSEG.
Revista Mineração - SP 30/05/2025
A ArcelorMittal assinou o Termo de Acordo Complementar 2 (TAC 2) que estabelece um investimento total de aproximadamente R$ 440 milhões para execução e monitoramento das medidas de reparação dos danos coletivos e difusos em função da realocação preventiva de 58 famílias em Itatiaiuçu, próximo à Mina de Serra Azul, operada pela empresa.
O acordo foi assinado junto ao Ministério Público de Minas Gerais, Ministério Público Federal, a Comissão Representativa dos Atingidos e Atingidas de Itatiaiuçu e a Prefeitura Municipal devido ao acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) da Mina Serra Azul. O nível de emergência da barragem foi elevado em fevereiro de 2019, levando à evacuação de famílias e à suspensão de atividades nas regiões impactadas.
Do total a ser investido, R$ 300 milhões são dinheiro novo. Deste montante, R$ 215 milhões serão destinados às medidas e R$ 85 milhões já estão sendo investidos no pagamento das prestações mensais aos moradores de Pinheiros e região como incremento de renda.
A execução do TAC será acompanhada por um Comitê Local de Gestão e Monitoramento, composto por representantes das comunidades atingidas, do município, da empresa, de entidade gestora independente e da sociedade civil.
Na ocasião, também foi assinado termo aditivo sobre a prestação mensal, garantindo que o valor pago às famílias seja reajustado para R$ 1.980 mensais. Esse valor vigorará de maio de 2025 até que todo o valor de R$ 85 milhões, acrescido dos rendimentos, seja integralmente destinado às famílias.
Ao todo, o acordo prevê até 66 medidas de reparação coletiva considerando os eixos:
trabalho e renda
saúde
assistência social
educação
cidadania
comunicação
cultura
esporte e lazer
meio ambiente
infraestrutura
Reparações individuais
A ArcelorMittal encerrou, em junho de 2024, o processo de negociações individuais, com o fechamento de 942 acordos, o que representa 97,8% do total de famílias que comprovaram os danos sofridos pelo acionamento do PAEBM e mais de 80% das famílias cadastradas.
As indenizações individuais contemplaram moradias, atividades econômicas e agropecuárias, danos morais e prestação mensal como incremento de renda. Além das indenizações, 1.012 núcleos familiares ainda são assistidos pela ArcelorMittal, entre famílias diretamente atingidas e aquelas que residem no raio de um quilômetro em torno da mancha de inundação.
Além das reparações e indenizações coletivas e individuais, a ArcelorMittal está finalizando a construção da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), que é uma barreira com capacidade para reter todo o rejeito da barragem na hipótese de rompimento.
Essa estrutura permitirá o início dos trabalhos de descaracterização da barragem, que é a retirada de todo o material contido em seu interior e o desmonte da estrutura. A previsão de conclusão da obra é no segundo semestre deste ano.
Exame - SP 30/05/2025
A Hyundai Motor Co. planeja reajustar os preços de todos os seus veículos vendidos nos Estados Unidos em resposta às tarifas implementadas pelo presidente Donald Trump. A informação sobre a nova estratégia foi divulgada pela Bloomberg.
A fabricante sul-coreana avalia elevar em 1% o preço sugerido de varejo de todos os modelos da sua linha a partir da próxima semana. Esse ajuste afetaria apenas os veículos recém-fabricados, sem alterar os valores dos carros já disponíveis nas concessionárias.
Além do aumento no preço-base, a empresa deve elevar também as taxas de envio e os custos de opcionais, como tapetes e barras de teto, instalados antes da entrega aos pontos de venda. Essa estratégia visa limitar o impacto no preço inicial dos veículos.
Em comunicado, a Hyundai afirmou que sua política de preços visa manter a competitividade no mercado e que nenhuma decisão definitiva foi tomada até o momento.
"Este período marca nossa revisão anual regular de preços, guiada pela dinâmica do mercado e pela demanda do consumidor, independentemente de tarifas", declarou a empresa. "Continuaremos a nos adaptar às mudanças na oferta, na demanda e nas regulamentações, com uma estratégia de preços flexível e programas de incentivo direcionados."
Efeitos no setor automobilístico
Essa iniciativa representa uma das respostas mais amplas de uma montadora diante das tarifas elevadas impostas por Trump sobre automóveis e peças importadas. A Hyundai, que figura entre os principais vendedores de veículos nos EUA, havia anunciado anteriormente o compromisso de manter os preços de suas marcas Hyundai e Genesis até 2 de junho.
No mês passado, o CEO da Hyundai, José Muñoz, disse à Bloomberg que não esperava um aumento abrupto e expressivo nos preços, mas não detalhou os planos para o fim do ano.
O ajuste nos preços e a elevação das taxas podem adicionar algumas centenas de dólares ao custo final de cada veículo.
Apesar de contar com grandes fábricas de montagem em solo americano, o Hyundai Motor Group é um dos maiores importadores de carros prontos nos EUA. Considerando suas marcas afiliadas Kia e Genesis, a empresa importou cerca de 1,1 milhão de veículos no ano passado, ficando atrás apenas de Toyota e General Motors, que trouxeram cerca de 1,2 milhão de unidades cada.
Embora as montadoras tenham sido cautelosas em aumentar preços, executivos do setor alertam que as tarifas podem elevar em milhares de dólares o custo de cada automóvel.
A Ford já promoveu reajustes em três modelos importados do México, e outras montadoras revisaram suas metas financeiras em função da instabilidade no comércio global. A Subaru of America confirmou no início deste mês o aumento nos preços de seus veículos produzidos nos EUA.
O Estado de S.Paulo - SP 30/05/2025
A BYD finalmente marcou uma data para o início das operações em seu novo complexo industrial de Camaçari (BA). O “dia D” será no próximo dia 26 de junho, precisamente às 9h da manhã, de acordo com o vice-presidente da BYD Brasil, Alexandre Baldy.
O anúncio foi feito durante a apresentação da linha 2026 do SUV Song Plus. Em Camaçari, a BYD vai produzir dois de seus modelos de maior volume, o hatch Dolphin Mini e o SUV compacto Song Pro, ambos elétricos. Eles deverão ser os primeiros carros elétricos produzidos no Brasil.
As instalações de Camaçari ganharam um novo dono depois de um bom tempo de especulações que sucederam o encerramento das atividades da Ford no local em 2021. A americana construiu um complexo na Bahia e desenvolveu e produziu modelos importantes por lá, como o primeiro Ford EcoSport. Além da fábrica, Camaçari abriga diversos fornecedores, de autopeças para compor uma robusta cadeia de produção.
A BYD por sua vez, resolveu botar abaixo a já antiga fábrica e construiu seu próprio complexo no lugar, mais moderno, capaz de produzir até 150 mil carros por ano, número que pode dobrar até 2027.
Inicialmente, os carros serão montados em regime de CKD, ou seja, virão prontos da China, apenas para serem montados aqui. Mas o objetivo é chegar a 80% de nacionalização, segundo o governador da Bahia Jerônimo Monteiro, em visita à China junto com diversos investidores e fornecedores para a fábrica de Camaçari.
Os BYD nacionais já terão uma boa rede de concessionárias para escoar a produção. São 180 concessionárias no Brasil, número que pode chegar a 272 ainda em 2025. A BYD já é a oitava colocada no ranking de montadoras no Brasil no acumulado do ano, com 29 mil carros emplacados neste ano e o BYD Dolphin Mini vende mais do que modelos como Citroën C3 e Honda City, por exemplo.
A nacionalização pode reduzir os preços e aumentar ainda mais a competitividade dos modelos mais populares da marca, que mesmo importados ainda fazem bonito no ranking.
Valor - SP 30/05/2025
Suzuki Nomade — Foto: Reprodução: Nikkei Asia
O mercado japonês de automóveis importados está mudando, com a Suzuki se tornando a líder em vendas em abril, à frente da Mercedes-Benz e da BMW, com a entrada de mais veículos fabricados na Índia.
As vendas de veículos importados da Suzuki atingiram 3.990 unidades em abril, um aumento de 83 vezes em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação de Importadores de Automóveis do Japão. O número ultrapassou as 3.202 unidades da Mercedes-Benz e as 2.575 da BMW, tornando-se a líder pela primeira vez.
O aumento nas importações da Suzuki decorre do lançamento do SUV Jimny Nomade (fabricado na Índia) no Japão em abril. A Suzuki recebeu cerca de 50 mil pedidos em quatro dias para o SUV de cinco portas, após começar a aceitá-los em 30 de janeiro, superando em muito a meta mensal de 1.200 unidades.
A Suzuki também importa da Índia o SUV compacto Fronx, que começou a ser vendido em outubro. A montadora posicionou o Fronx como um veículo estratégico global, com planos de lançá-lo em mais de 70 países. A produção em massa na Índia ajuda a reduzir custos.
O crescimento do mercado indiano de veículos de quatro rodas levou à criação de uma cadeia de suprimentos de peças de alta qualidade no país. Os custos de mão de obra são baixos e a produção de veículos no país é competitiva, mesmo com o iene desvalorizado.
"O nível da tecnologia de produção também está melhorando", disse o presidente da Suzuki, Toshihiro Suzuki.
A Suzuki está desenvolvendo a Índia como base de exportação para o Japão, Europa e África. A empresa planeja aumentar gradualmente a produção anual para 4 milhões de unidades e investirá 1,2 trilhão de ienes (US$ 8,3 bilhões) no país até março de 2031.
Outras montadoras japonesas também estão produzindo mais veículos no exterior. As vendas de automóveis importados da Honda de janeiro a abril aumentaram 65% em relação ao ano anterior, para 16.720 unidades. A empresa vem aumentando as importações de seu SUV compacto WR-V da Índia e foi a líder em vendas de veículos importados no período de janeiro a abril.
As vendas de carros importados do Japão aumentaram 33% em relação ao ano anterior, de janeiro a abril, para 35.269 unidades, e estão a caminho de igualar o recorde anual de 107.092 unidades registrado em 1995. As montadoras japonesas veem altos riscos em investir na produção doméstica, onde a queda na taxa de natalidade reduz as perspectivas de crescimento.
As importações dos Estados Unidos também podem crescer. O presidente americano, Donald Trump, instou as montadoras a transferirem a produção para seu país e impôs tarifas sobre veículos importados. Muitas montadoras japonesas dependem do mercado americano para obter receita e provavelmente aumentarão a produção nos Estados Unidos.
Em meados da década de 1990, o déficit comercial dos Estados Unidos com o Japão levou Tóquio a promover a expansão das importações, levando as montadoras japonesas a fabricarem mais veículos nos Estados Unidos.
Enquanto isso, a Toyota estabeleceu a meta de produzir 3 milhões de veículos no Japão. Em uma entrevista coletiva sobre os resultados financeiros deste mês, o presidente Koji Sato disse que a Toyota "não vacilará nesse objetivo".
Terra - SP 30/05/2025
A receita da indústria de máquinas e equipamentos registrou um crescimento de 9% em abril em comparação com o mesmo mês do ano passado, para R$24,6 bilhões, de acordo com dados da associação do setor, Abimaq, divulgados nesta quinta-feira.
Na comparação com março, a receita total do setor em abril subiu 2,5% -- ou 4,8%, com ajuste sazonal.
Considerando apenas as vendas internas, o faturamento da indústria totalizou R$18,6 bilhões no mês passado, avanço de 14,7% ano a ano e de 2,8% ante março deste ano.
"Com este resultado, no período de janeiro a abril, o setor manteve desempenho positivo (13,4% acima do mesmo período de 2024), favorecido pela base de comparação mais fraca, mas também pelo desempenho favorável dos setores menos sensíveis ao aperto da política monetária" disse a Abimaq em apresentação.
O setor, contudo, pode ver uma desaceleração do crescimento no segundo semestre, disse a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.
"(No ano passado), a gente teve um processo de recuperação, principalmente na receita, mais intenso no segundo semestre. Então, a gente vai passar a comparar os números desse ano com aqueles números que estavam mais positivos naquela ocasião."
Zanella também citou como entraves, para além do patamar elevado da Selic, o recente aumento de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo governo.
"É uma política de contenção muito agressiva. Imaginamos que isso vá impactar negativamente os resultados dos investimentos ao longo do segundo semestre", disse a diretora a jornalistas.
As exportações de máquinas e equipamentos em abril recuaram 12,9% ante a mesma etapa de 2024, para US$1 bilhão, enquanto as importações tiveram alta de 8,5% na mesma comparação, para US$2,6 bilhões, de acordo com os dados da entidade.
O consumo aparente de máquinas, que leva em conta equipamentos produzidos no país e importados, foi 16,3% maior em abril em relação ao mesmo mês do ano passado, e 0,9% acima do registrado em março -- ou 10%, feitos os ajustes sazonais.
RENOVAÇÃO DE ALÍQUOTAS NO SETOR SIDERÚRGICO
A Abimaq também comentou sobre a decisão do governo de renovar por 12 meses o sistema de alíquotas sobre a entrada de produtos de aço no país, além da inclusão de mais quatro itens que vinham sendo usados para contornar a tarifa de 25%.
"A gente contestou a alegação do lado das siderúrgicas que solicitaram essa proteção. Eles falam em defesa comercial, mas não é defesa comercial, é uma proteção", disse o presidente-executivo da entidade, José Velloso.
A indústria siderúrgica pleiteou a implementação do sistema de cotas para conter um grande fluxo de importações, originadas principalmente da China, mas vinha criticando o esquema desde pouco depois de sua criação, alegando ineficácia da medida.
O setor defendia que o esquema fosse renovado com a inclusão de todos os produtos siderúrgicos na tarifa de 25%.
"Se fosse uma defesa comercial, teria que aumentar a alíquota do aço vindo da China, como aumentou a alíquota de aço vindo de qualquer procedência do mundo, inclusive dos Estados Unidos, que têm o aço mais caro do que aqui, isso é protecionismo", acrescentou Velloso.
Dos produtos (NCMs) contemplados na medida, oito impactam o setor nacional de máquinas e equipamentos, segundo o executivo.
"No ano passado, o setor siderúrgico repassou o aumento da alíquota para os preços. A gente espera que não haja mais aumento de preços do aço em função desse protecionismo."
Globo Online - RJ 30/05/2025
Após virem à tona fraudes na comercialização de apartamentos populares em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) editou um novo decreto endurecendo as regras para essas unidades habitacionais. A norma, publicada nesta quinta-feira (29), prevê valores máximos que podem ser cobrados pelos imóveis a depender da categoria na qual eles foram licenciados.
São Paulo: Onze empreiteiras já foram notificadas por fraudes na venda de habitação de interesse social
O decreto fixa que os imóveis destinados à famílias que ganham até três salários mínimos (classificados como Habitação de Interesse Social 1) devem custar, no máximo, R$ 266 mil. Já os imóveis feitos para quem ganha de três a seis salários mínimos (HIS-2) não poderão ultrapassar R$ 369,6 mil.
O Plano Diretor de São Paulo prevê, desde 2014, uma série de benefícios para as construtoras que constroem imóveis para a baixa renda, especialmente a possibilidade de construir prédios mais altos sem pagar a mais pelo excesso. Em contrapartida, os imóveis só podem ser vendidos para pessoas que de fato estão na faixa salarial prevista. Para essa análise, é considerada a renda familiar bruta. A HIS-1 é para famílias que ganham até três salários mínimos, e a HIS-2 para aqueles que ganham de três a seis. Já a Habitação de Mercado Popular (HMP) só pode ser vendida para quem ganha entre seis e dez salários mínimos.
Com o decreto desta quinta, as unidades HMP deverão custar até R$ 518 mil. Os valores praticados em mercado para essas unidades são, geralmente, muito maiores, especialmente quando localizados em bairros do Centro expandido. Reportagens do GLOBO mostraram que há apartamentos classificados como HIS-2 de 25 metros quadrados sendo vendidas a R$ 560 mil, mais de R$ 22 mil por metro quadrado.
Outra nova regra é a proibição expressa do uso dessas unidades habitacionais para locação de curta temporada, estilo Airbnb. Desde 2023, o Plano Diretor passou a prever a possibilidade de investidores comprarem esse tipo de unidade para posterior locação, mas há regras. É necessário constar na matrícula registrada em cartório que aquele imóvel só poderá ser usado para locação social. Nessa locação os critérios de renda do locatário são os mesmos que na compra: se o apartamento é classificado como HIS-1, por exemplo, só poderá ser alugado para quem ganha até três salários mínimos. Na prática, porém, é comum que esses apartamentos sejam vendidos para locação temporária.
O decreto também obriga que as empreiteiras divulguem, de forma explícita, que estão vendendo unidades classificadas como HIS ou HMP. A divulgação deverá estar no site dos empreendimentos, nos folders e em qualquer publicidade ou comunicação sobre os imóveis — é comum que essas informações sejam omitidas inclusive pelos corretores durante as negociações.
A norma ainda prevê que, na hora de vender unidades HIS-1, destinadas à fatia da população com renda mais baixa, a pessoa que tiver cadastro em quaisquer dos programas de provisão habitacional da prefeitura terá prioridade na compra. Se não houver interessados, aí os imóveis poderão ser livremente comercializados, desde que respeitada a renda máxima familiar de até três salários mínimos.
Outra determinação é que haja um cadastro detalhado sobre os imóveis, adquirentes e locatários dessas unidades. Essas informações deverão ser incluídas em um sistema que ainda será divulgado pela prefeitura, e tanto o dono do empreendimento, quanto o proprietário do imóvel, o adquirente-locador, o adquirente-final e o locatário das unidades serão "responsáveis pela correta observância da implantação e destinação das unidades", e poderão responder por eventuais irregularidades. Até agora, a fiscalização e punições estavam ocorrendo sobretudo contra as empreiteiras, e não contra os compradores.
Em nota, o secretário municipal de Habitação, Sidney Cruz, afirmou que a medida é "fortalece a fiscalização, define limites de preços e aluguéis e assegura o atendimento às faixas de renda previstas no Plano Diretor".
Regras para HIS:
Construtoras podem construir prédios mais altos, sem pagar a mais por isso, se fizerem unidades HIS e HMP Essas unidades precisam ser vendidas para pessoas que tenham um salário dentro dos requisitos previstos em lei para cada categoriaHIS-1: renda de até 3 salários mínimosHIS-2: renda de 3 a 6 salários mínimosHMP: renda de 6 a 10 salários mínimosOs valores consideram a renda familiar – se o apartamento é comprado por duas pessoas, por exemplo, será considerada a somatória dos salários dos doisInvestidores podem comprar essas unidades, mas elas precisam ser destinadas exclusivamente para locação social por dez anos
Fraudes e investigação do Ministério Público
Em janeiro, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu que a Justiça suspendesse a venda de imóveis direcionados à população de baixa renda que estariam sendo vendidos a famílias de renda alta, incompatível com os incentivos para esse tipo de habitação. Os promotores vinham investigando desde 2022 supostas fraudes na venda de habitações de interesse social, destinadas a famílias que ganham até seis salários mínimos por mês.
A prefeitura passou a investigar o tema somente no fim de 2024, quando a Secretaria de Habitação (Sehab) começou a notificar as empreiteiras para comprovarem que venderam suas unidades HIS para pessoas dentro da renda. Muitos dos indícios de irregularidades chegaram à secretaria por meio de cartórios de registro de imóveis, que desde o ano passado passaram a informar o poder público quando um imóvel do tipo HIS ou HMP é vendido sem que haja a devida comprovação de renda na matrícula. A política de incentivos fiscais e urbanísticos para esse tipo de imóvel está vigente há dez anos na cidade.
A Justiça negou a suspensão total da política de incentivos financeiros para as empreiteiras, mas determinou, em março, que a Prefeitura de São Paulo deve fiscalizar esses imóveis. Entre as empreiteiras já notificadas, há casos de apartamentos destinados à população mais pobre sendo vendido para pessoas que ganhavam mais de R$ 49 mil por mês.
Valor - SP 30/05/2025
O contrato obriga subsidiária ViaMobilidade a substituir o sistema de sinalização das duas linha pelo sistema europeu de controle ferroviário, o ETCS-N2, em um investimento adicional de R$ 1,09 bilhão
A Motiva (ex-CCR) anunciou nesta quinta-feira (29) que assinou um aditivo no contrato das concessões das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) junto ao Estado de São Paulo.
Confira resultados e indicadores da Motiva (ex-CCR) e demais companhias abertas no portal Valor Empresas 360
O contrato obriga a ViaMobilidade, subsidiária da companhia que opera as concessões, a substituir o sistema de sinalização das duas linha pelo sistema europeu de controle ferroviário, o ETCS-N2, em um investimento adicional de R$ 1,09 bilhão.
O termo também garante que a companhia realizará estudos e projetos para implantação de viaduto ferroviário no trecho entre as estações Ceasa, da Linha 9-Esmeralda, e Imperatriz Leopoldina, da Linha 8-Diamante, interligando as duas linhas.
Além disso, o novo acordo reconhece a quitação não litigiosa de R$ 179 milhões em multas aplicadas à ViaMobilidade decorrentes de processos administrativos instaurados até janeiro de 2024.
O aditivo também conta com a postergação e supressão de obrigações de investimentos da ViaMobililidade que totalizam um crédito de R$ 364,1 milhões em favor do governo estadual.
O reequilíbrio econômico-financeiro em favor da Motiva ocorrerá na forma de pagamento de R$ 589,6 milhões em dinheiro por parte do Estado de São Paulo ao longo de sete anos.
O Estado de S.Paulo - SP 30/05/2025
É curioso como no Brasil os assuntos vão se sucedendo, ocupam os discursos políticos, os noticiários, as redes sociais, e depois revelam que não passam de frases de efeito. Uma espécie de surto de boas intenções, mas que ocorre sem qualquer planejamento, como se as coisas se fizessem sozinhas.
Não há no Brasil um plano que mostre os caminhos que o País irá trilhar nas próximas décadas. Algo que é comum em empresas privadas, mas, infelizmente, é raro no setor público.
O curioso é que há bons políticos. Gente que planeja e executa. Entre os exemplos positivos podemos citar a educação no Ceará, a gestão fiscal e de infraestrutura no Espírito Santo, o avanço em inovação em Pernambuco, o investimento tecnológico agrícola no Paraná, entre outros. Com foco, governos se sucederam nesses locais seguindo uma lógica, com objetivos que se revelaram extremamente positivos para o desenvolvimento regional e, principalmente, para os cidadãos.
Mas, o que se destaca hoje em Brasília não são os políticos mais preparados, que pensam um projeto de desenvolvimento a longo prazo para o Brasil. Os que pautam os debates públicos no Congresso são aqueles que mais fazem recortes para as redes sociais, geralmente detratando alguém ou algo, e focando em uma vertente destrutiva e não de construção.
Há duas semanas o assunto queridinho do momento, que gerou memes e muitos debates, dizia respeito à expectativa criada pelo governo de que a China estava pronta para “rasgar o Brasil com ferrovias”. A frase foi dita pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e bastou isso para que o País passasse a comentar uma ideia grandiosa, mas que parece seguir uma lógica de quebra-cabeças, com peças que não se encaixam.
A ministra revelou que há um desejo político, o que seria um bom começo se houvesse projeto, cronograma e acordo para ser assinado. Não existe um plano detalhado sobre onde passariam esses ambicionados trilhos, quem financiaria as obras ou quais regiões seriam beneficiadas. A frase de Tebet caiu no gosto do público porque traduz um desejo legítimo. O Brasil quer ferrovias, e precisa delas.
A malha ferroviária brasileira atual possui apenas 30 mil quilômetros de extensão, muito distante da rodoviária, que possui 1,7 milhão de quilômetros. Está concentrada no Sul, no Sudeste e em parte do Centro-Oeste. A estrutura é operada, em sua maioria, por concessionárias privadas e voltada ao transporte de cargas pesadas e de baixo valor agregado. Minério de ferro representa mais da metade do volume que circula. Produtos agrícolas como soja, milho e açúcar também são cargas frequentes, mas o transporte de passageiros é quase inexistente.
Nos últimos anos, alguns grandes projetos tentaram alterar um pouco o cenário, mas sempre de forma isolada, sem o pensamento de uma real rede de conexões por trilhos, que incluísse também as pessoas. A FIOL - Ferrovia de Integração Oeste-Leste é um deles. Prevista para ligar Caetité à cidade portuária de Ilhéus, na Bahia, consolidaria um corredor estratégico para o escoamento de grãos do interior ao litoral. Mas, embora o trecho inicial esteja em construção, os demais ainda dependem de estudos e não têm previsão clara de conclusão.
A Ferrogrão, projetada para conectar o norte do Mato Grosso ao porto de Miritituba, no Pará, está travada por disputas judiciais e preocupações ambientais.
Já a Transnordestina, prometida desde o início dos anos 2000, segue como um exemplo crônico de atraso. As obras se arrastam há quase duas décadas sem que a ferrovia esteja efetivamente pronta.
Também está prevista a FICO - Ferrovia de Integração Centro-Oeste, que pretende ligar Mara Rosa, em Goiás, a Água Boa, no Mato Grosso. É vista como alternativa para desafogar a BR-158 e conectar a produção agrícola à Ferrovia Norte-Sul, mas avança devagar, quase parando.
Como pano de fundo, ainda há o ambicioso projeto da Ferrovia Transoceânica, que ligaria o Brasil ao Pacífico, atravessando a América do Sul. Um sonho cheio de entraves ainda por serem resolvidos.
Portanto, as ferrovias continuam sendo fundamentais para o desenvolvimento logístico do Brasil, mas os avanços concretos seguem muito aquém do que o País precisa.
O que se vê é uma coleção de trechos independentes, operando por interesses distintos, sem conexão entre si. Fica claro que, além de simplesmente buscar as parcerias com o setor privado, o Estado deveria imprimir uma lógica ampla para o transporte ferroviário.
O sonho expresso pela ministra do Planejamento virou manchete e estimulou a produção de conteúdo nas redes porque oferece uma imagem forte. Um país rasgado por ferrovias é um país moderno, mais conectado, mais concorrencial e menos desigual. Mas nada disso acontecerá se governo e Congresso continuarem se ocupando de disputas vazias e distrações políticas que não interessam de fato às pessoas.
O Brasil vive anunciando o futuro, mas tropeça sempre na mesma falta de rumo, sem que as gestões federais planejem adequadamente o país que dizem querer construir. Assim, não surpreende que se discuta algo há tantas décadas, com tão pouca evolução, afinal, quem não sabe exatamente para onde vai, não chega em lugar algum.
Valor - SP 30/05/2025
Nas últimas duas semanas, preços na rota de importação da Ásia subiram quase quatro vezes, com trégua entre EUA e China
Leandro Barreto: “No primeiro momento, a guerra puxou os preços para baixo” — Foto: Gabriel Reis/Valor
A guerra tarifária entre EUA e China gerou uma disparada nos fretes marítimos no Brasil nas últimas duas semanas, desde que os países acordaram uma trégua de 90 dias. Em junho, os preços na rota de importação da Ásia para o Brasil deverão chegar a US$ 4 mil por contêiner, segundo dados da consultoria Solve Shipping. O valor é quase quatro vezes maior do que o de abril, quando as tarifas foram anunciadas.
O motivo da disparada é que, com a redução temporária das tarifas, navios e contêineres estão sendo desviados para a rota EUA-China, explicou Leandro Barreto, sócio da Solve Shipping.
Quando as tarifas foram anunciadas, diversas viagens entre EUA e China foram canceladas, e os fretes no mundo caíram. “No primeiro momento, a guerra puxou os fretes para baixo, mas agora há muita carga represada e, em 90 dias, querem passar um elefante por um buraco de agulha. A expectativa é que varejistas dos EUA tentem fazer estoques para o Natal e Black Friday nessa janela, porque não se sabe o que vai vir depois. Então, navios de outras rotas vão ser realocados”, disse.
Em apenas uma semana, o frete Ásia-Brasil subiu mais de 100%, chegando a um patamar atual de US$ 3.300 por contêiner, segundo Andrew Lorimer, diretor-executivo da consultoria Datamar. Para ele, o preço seguirá em alta nas próximas semanas
“As empresas de navegação anteciparam o GRI [sigla em inglês para General Rate Increase], que são os aumentos que colocam sobre o frete nos momentos de pico de demanda, que no Brasil acontecem entre julho e setembro, quando as empresas fazem estoques para o Natal”, disse ele.
No mercado, há notícias de alguns “blank sailings” (cancelamento de viagens) por empresas de navegação, o que significa que a capacidade disponível em navios já deverá ser reduzida.
Além disso, a falta de contêineres começa a ser percebida e poderá gerar problemas também para rotas de exportação nessa modalidade, disse Lorimer.
Barreto também alerta para o risco de falta de contêineres, em especial refrigerados. “Nesta época do ano, tradicionalmente já faltam contêineres ‘reefer’, por conta de safras em outras regiões, então isso pode se agravar”, disse. Um possível atenuante seria uma menor demanda no Brasil por conta da crise da gripe aviária, que poderá reduzir as exportações e amenizar a pressão de alta.
A disparada de preços é o primeiro efeito significativo das tarifas sobre fretes no país. Nos primeiros meses do ano, o volume de importações cresceu. No acumulado entre janeiro e abril, houve um crescimento anual de 10,7% nas importações em contêineres, que somaram 1,136 milhões de TEUs (medida equivalente a contêiner de 20 pés), segundo a Datamar.
Na avaliação de David Pinheiro, sócio da Cargo Sapiens, a demanda subiu principalmente a partir do anúncio das tarifas, em abril. “Houve um redirecionamento de exportações chinesas dos EUA a outros mercados, como o Brasil.” Já Lorimer diz que não é possível afirmar que a alta do começo do ano esteja relacionada às tarifas.
A expectativa é que, durante os 90 dias de trégua, os fretes seguirão altos. Para Lorimer, a grande dúvida é como ficará a situação após esse período. “Possivelmente, até lá os acordos comerciais estarão estabelecidos, o que pode suavizar o frete. Mas esse assunto ainda deverá ter idas e vindas.”
Outra variável importante é como ficará a negociação das tarifas entre EUA e Europa, onde os portos já enfrentam congestionamentos devido a outros motivos. “É um mercado grande, e não estão chegando em um acordo, o que gera dúvidas. Hoje há um congestionamento forte na Europa, por conta do nível dos rios, da falta de mão de obra, isso tudo dificulta o contexto todo do frete, agrava a falta de contêineres, de navios e coloca a pressão para cima”, diz Lorimer
Para Pinheiro, é difícil traçar projeções. “A cadeia é tão complexa que seria audacioso prever. Depende não só das tarifas, mas dos volumes, da oferta de navios, de conflitos geopolíticos. O mercado tem sido muito dinâmico.”
IstoÉ Dinheiro - SP 30/05/2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta quinta-feira, 29, que a Petrobras planeja contratar 52 novas embarcações para ampliar a frota brasileira até 2026. Essas embarcações, segundo Chambriard, custarão R$ 29 bilhões e devem gerar 50 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
De acordo com ela, 16 das 52 novas embarcações contratadas pela Petrobras serão para Santa Catarina. A presidente da Petrobras citou que a indústria naval não recebia demandas da estatal por novas embarcações desde 2016 e que, “desde o ano passado, estamos demandando embarcações para a indústria nacional”.
Chambriard participa de cerimônia de retomada das operações do Porto de Itajaí nesta quinta-feira, 29, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros de Estado.
Segundo a presidente da Petrobras, a “retomada das operações do Porto de Itajaí representa o compromisso do governo com o crescimento econômico do País”. Chambriard disse que a estatal “olha com atenção para cada Estado e porto brasileiro”.
Valor - SP 30/05/2025
Em cerimônia de retomada das operações do porto catarinense, Silvio Costa Filho disse que o governador Jorginho Mello é “ingrato com o presidente Lula”
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), anunciou que o governo vai editar uma medida provisória (MP) para passar o Porto de Itajaí, em Santa Catarina, para a administração federal. O anúncio foi feito durante cerimônia de retomada das operações do porto, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Esse é um dos momentos mais importantes para o setor portuário brasileiro. A reabertura do Porto de Itajaí é uma das nossas principais pautas. Vamos encaminhar uma Medida Provisória para transformar o porto em uma doca independente e em um porto federal”, disse Costa Filho.
O anúncio do ministro coincide com outra decisão recente dos órgãos públicos. No ano passado, a diretoria da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) deu aval para que a Seara, do grupo JBS, assuma o controle societário da empresa responsável pela operação, em contrato de arrendamento transitório, no Porto de Itajaí.
Atualmente, a Antaq conduz o processo de concessão do arrendamento definitivo do terminal de contêineres do mesmo porto. A agência dividiu o processo de licitação em dois, o primeiro relacionado à concessão do canal de acesso, e o segundo para o arrendamento do terminal de contêineres e carga geral.
No evento, Silvio Costa Filho aproveitou para ironizar o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), que é alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e não compareceu à cerimônia. "Eu não ia nem falar isso, mas se tem um governador que está sendo ingrato com o presidente Lula é o governador deste Estado aqui. Porque, no governo passado, não chegou um real do governo federal aqui no Estado de Santa Catarina”, acrescentou.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, durante a cerimônia de retomada das operações do Porto de Itajaí (SC) — Foto: Ricardo Stuckert / PR
CNN Brasil - SP 30/05/2025
O Ministério de Portos e Aeroportos aprovou a decisão da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) de fazer o leilão do terminal Tecon Santos 10 em duas fases.
A proposta da Antaq dificulta a participação de empresas que já operam no Porto de Santos no certame do megaterminal.
“A Secretaria Nacional de Portos aprovou os estudos técnicos deliberados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), após as contribuições da audiência pública”, disse em nota enviada à CNN.
Com isso, a pasta enviou a proposta ao Tribunal de Contas da União (TCU) sem alterações. Em nota, o Ministério de Portos e Aeroportos disse que “não emitiu juízo de valor sobre o mérito do aspecto concorrencial, que será analisado pelo TCU”.
A Antaq estabeleceu restrições à participação, na primeira fase do leilão, de empresas controladas, total ou parcialmente, por operadores que já atuam no complexo.
Caso não haja propostas válidas, os operadores já atuantes no mercado de contêineres no porto poderão participar, desde que apresentem compromisso de saírem das participações que atualmente ocupam em Santos.
“Esta Agência Reguladora é uma defensora da competitividade e entende que concentrações de mercado devem ser evitadas. Este é um dos papéis primordiais da Regulação”, disse a Antaq à CNN.
Na prática, a proposta impede a participação de empresas como Maersk e MSC, sócias no terminal BTP, e também a DP World e a Santos Brasil, adquirida em 2024 pela CMA CGM.
Por outro lado, a restrição favorece novos entrantes no porto. A J&F, o Pátria Investimentos, a chinesa Cosco e a filipina ICTSI são vistas no mercado como potenciais concorrentes no leilão do Tecon Santos 10 e beneficiárias da medida.
Concorrência
Na segunda-feira (26), a área técnica da Antaq recomendou dois cenários para o leilão:
Proibir a participação, direta ou indireta, de uma das empresas já presentes na operação de contêineres em Santos. Isso valeria não apenas para a Santos Brasil, a BTP ou a DPW. Também afetaria a MSC ou a Maersk individualmente; Permitir a participação direta ou indireta dessas empresas, mas desde que elas vendam as fatias acionárias de suas atuais operações nos terminais de contêineres em caso de sagrar-se vencedores no leilão do Tecon Santos 10. Se isso ocorrer, a transferência de controle precisaria ocorrer antes da assinatura do contrato de arrendamento do novo terminal.
O parecer técnico ressalta risco de concentração no Porto de Santos, caso a Santos Brasil ou a BTP vença o leilão. Nesse cenário, a Santos Brasil ou a BTP ficariam com 60% da capacidade total de movimentação de contêineres no porto em 2034. Já se a DPW se consagrasse vencedora, a participação da empresa chegaria a 48% no porto.
Em nota, a Antaq informou que a decisão de restringir a participação das empresas que já operam no Porto de Santos foi embasada em critérios técnicos.
Segundo a Antaq, foram considerados dois indicadores principais: (i) a concentração de mercado, que ultrapassaria o limite de 30% se um mesmo operador acumulasse o Tecon Santos 10 com outro terminal no porto; e (ii) o Índice Herfindahl-Hirschman (HHI), que também indicou níveis de concentração superiores aos aceitáveis para garantir ambiente concorrencial adequado.
Valor - SP 30/05/2025
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram o declínio da exploração de óleo nos últimos anos
A decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) relativa à perfuração de um poço exploratório de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, mais a aprovação do marco legal do licenciamento ambiental, coloca a emissão de licenças para a atividade exploratória no radar do mercado.
O tema ganha relevância porque uma das etapas da fase de exploração de áreas de petróleo é a perfuração de poços, para que eventuais indícios de existência de jazidas em uma área seja confirmada ou não. Cada poço ou conjunto de poços marítimos que terá perfuração requer a emissão de licença ambiental pelo Ibama.
Na semana passada, o Ibama aprovou a construção do centro de fauna pela Petrobras no Oiapoque e autorizou a realização da avaliação pré-operacional para perfuração de um poço na Bacia da Foz do Amazonas, no Amapá.
Os senadores também aprovaram um projeto de lei que estabelece o marco legal do licenciamento ambiental, que estabelece regras que simplificam processos de licenciamento.
Na tramitação do projeto de lei no Senado, foi incluída uma proposta do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que cria uma licença ambiental especial. A leitura é de que essa licença pode impulsionar projetos como a exploração da Margem Equatorial.
Perfurações em queda
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram o declínio da atividade exploratória nos últimos anos: em 2024, foram perfurados 10 poços, o menor número em um ano desde o início da série histórica da agência, em 1998. O recorde foi em 2011, quando foram perfurados 152 poços.
Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), disse que a dificuldade nos processos de licenciamento ambiental ajuda a explicar a queda no número de perfurações. O tema ficou evidenciado no licenciamento do poço “Morpho”, como é chamado o local que será perfurado no bloco FZA-M-59, a 185 quilômetros da costa do Amapá.
Para Ardenghy, um dos motivos é o maior rigor dos órgãos ambientais na emissão da licença, mesmo em áreas menos sensíveis.
“Temos encontrado dificuldade com áreas novas. É um processo complexo e que tem atrasado a atividade exploratória”, disse Ardenghy.
No caso da Margem Equatorial, especialmente na Foz do Amazonas, a questão se torna mais importante: se o primeiro poço confirma a tese geológica de que há alto potencial, como ocorre nos vizinhos Guiana e Suriname, é necessário que sejam perfurados outros poços na mesma região para delimitar a área de um eventual reservatório em caso de descoberta.
Também são necessários para confirmar a qualidade do óleo eventualmente encontrado. “Ninguém explora uma região para furar um poço só”, disse ao Valor a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. A executiva ressalta que a primeira descoberta na Bacia de Campos, a região pioneira na exploração e produção offshore, exigiu a perfuração de nove poços antes da primeira descoberta.
Outras regiões
Uma região que vai exigir perfurações é a Bacia de Pelotas, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, outra área com expectativa de alto potencial petrolífero. No entanto, o principal potencial está na Margem Equatorial, estimado em 30 bilhões de barris. O pré-sal tinha previsão mínima de 40 bilhões de barris, ressalta Ardenghy.
“Ou seja, a Margem é quase um pré-sal. Se for confirmada [a existência de petróleo na Margem Equatorial, será a maior descoberta nos últimos dez anos", disse Ardenghy. A reposição de reservas é considerada importante para evitar a dependência externa da commodity.
Ardenghy, do IBP, salienta que outro fator que influi no baixo número de perfurações é a realização de leilões de áreas de petróleo. Em 2024, a ANP não realizou nenhuma sessão da oferta permanente, porque ajustou os editais, retirando áreas ambientalmente sensíveis. A previsão é de realização de dois certames em 2025: um em junho e outro no fim do ano.
Valor - SP 30/05/2025
Os planos do governo até o momento envolvem a venda da produção de petróleo em jazidas localizadas em áreas não contratadas adjacentes aos campos de Mero, Atapu e Tupi
O governo enviou nesta quarta-feira (28) ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 2632/2025, que autoriza a União a vender o petróleo em jazidas do pré-sal localizadas em áreas marítimas não concedidas e vizinhas a campos que estejam em produção. Segundo o projeto, assinado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o governo poderá vender "direitos e obrigações", designando a Pré-Sal Petróleo (PPSA) para elaborar editais e a realização dos leilões.
O que vinha sendo estudado pelo governo como forma de aumentar a arrecadação, e se materializa agora no projeto, é a venda do óleo a ser extraído em áreas vizinhas a campos do pré-sal em produção, mas que não foram contratadas. São campos que não foram colocados em leilões de petróleo. Para esses campos, foram firmados acordos de individualização da produção (AIP).
Os planos do governo até o momento envolvem a venda da produção de petróleo em jazidas localizadas em áreas não contratadas adjacentes aos campos de Mero, Atapu e Tupi.
Pelos cálculos do governo, o óleo seria referente a áreas que correspondem a 3,5% do campo de Mero, de 0,95% do campo de Atapu, e de 0,55% do campo de Tupi, um dos maiores produtores do pré-sal no país. As três áreas não contratadas produzem cerca de 13 mil barris por dia de petróleo.
Se o projeto for aprovado sem alterações, compete ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) propor o valor mínimo da venda de petróleo, que deve fazer parte do edital das eventuais licitações. Segundo a proposta, uma vez realizada a transferência de "direitos e obrigações", a União não poderá conceder ou contratar a exploração e a produção da parcela de participação dela na jazida.
Ao ser indagado sobre o tema, após participar de evento da FGV Energia nesta quinta-feira, no Rio, o secretário de petróleo, gás e biocombustíveis do MME, Pietro Mendes, disse que não poderia comentar a medida.
Procurada, a PPSA também não comentou o assunto.
O projeto enviado ao Congresso tem um texto diferente do que era esperado pelo mercado. Havia uma sinalização de que haveria a venda de óleo com base na curva de produção das áreas não contratadas. Por esse critério, a venda de óleo seria proporcional à produção dos campos: se a produção cresce, vende mais óleo; se a produção cai, vende menos.
“O governo está elaborando um novo projeto de lei para vender toda a curva [dessas áreas]", disse a diretora técnica da PPSA, Tabita Loureiro, em apresentação na OTC, evento de petróleo realizado em Houston, no Texas, nos Estados Unidos, este mês.
O óleo almejado pelo governo pode ter relação com o chamado excedente da cessão onerosa, segundo fontes do mercado.
A cessão onerosa é um regime criado em 2010 a partir de um acordo no qual o governo concedeu à Petrobras o direito de explorar e produzir até 5 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) em áreas específicas do pré-sal.
O excedente da cessão onerosa é o volume acima do que foi contratado nos acordos de cessão onerosa. Números de mercado apontam um potencial produtivo de 7 bilhões de boe nessas áreas. É a diferença de 2 bilhões de boe ou o excedente o que está em jogo, a partir de agora.
Para as demais áreas do pré-sal, foi criado o regime que estabeleceu os contratos de partilha.
Na partilha, o Estado brasileiro é proprietário do petróleo e gás natural produzidos em áreas do pré-sal, de modo que as petroleiras atuam como operadoras. A PPSA é responsável pela gestão dos contratos. Nos leilões, as petroleiras disputam o direito de operar áreas no pré-sal.
O critério para vencer a disputa é a oferta à União do excedente em óleo, parcela da produção de petróleo e gás natural a ser repartida entre a vencedora e o Estado.
A venda do óleo do pré-sal em áreas não contratadas é vista como uma saída para o governo aumentar a arrecadação.
Na semana passada, o governo anunciou o congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento e o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A repercussão negativa levou o governo a recuar em parte das mudanças no IOF.
Infomoney - SP 30/05/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Congresso Nacional, nesta quarta-feira, proposta que permite ao governo vender em um leilão toda a produção de óleo e gás em campos do pré-sal que operação sob o regime de partilha.
De acordo com integrantes da Esplanada, seria possível arrecadar R$ 15 bilhões neste ano com a medida. O alívio de receita, caso o Congresso aprove a proposta, ocorreria em um momento em que o governo está sendo pressionado a recuar do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, com o qual espera-se levantar R$ 19 bilhões neste ano.
O pré-sal opera sob o regime de partilha, de modo que parte da produção cabe ao governo federal (o percentual foi definido na disputa entre as empresas). O governo vende esse produto por meio da estatal PPSA quando recebe o óleo e o gás.
A proposta do projeto é colocar à venda a totalidade do óleo excedente da União em áreas hoje não contratadas dos campos de Tupi, Mero e Atapu, todas exploradas sob regime de partilha. Seria uma espécie de antecipação de recebíveis do óleo.
Para isso, seria feito um leilão ainda neste ano. Pela proposta em tramitação, enviada ao Congresso me regime de urgência, o Comitê Nacional de Política Energética avaliaria as condições do edital e os valores envolvidos para a liberação do leilão.
Grupos chineses já exploram os campos de Tupi e Mero junto com a Petrobras. E um percentual pequeno deles não está contratado. A ideia é oferecer isso em leilão.
Inicialmente, o governo chegou a discutir incluir as receitas advindas desse projeto no relatório que indicou o congelamento de R$ 31,3 bilhões em gastos, na semana passada. Mas segurou por questões técnicas. O recurso só pode ser contado no Orçamento após a aprovação do texto.
TN Petróleo - RJ 30/05/2025
A frota da MODEC continua a se destacar no cenário da produção offshore brasileira. De acordo com o Painel Dinâmico de Produção de Petróleo e Gás Natural, de abril de 2025, disponibilizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o FPSO Guanabara MV31, o FPSO Almirante Barroso MV32 e o FPSO Carioca MV30 estão entre os dez maiores produtores de petróleo e gás do país, ocupando, respectivamente, o primeiro, sexto e o sétimo lugares no ranking nacional. Os três juntos respondem por cerca de 15% da produção nacional de óleo equivalente.
Além disso, o FPSO Guanabara MV31 foi, mais uma vez, destaque como o maior produtor nacional, com total de produção média de 184.000 barris de petróleo e 12,09 milhões de m³ de gás por dia, reforçando sua importância estratégica no desenvolvimento do pré-sal e para a matriz energética do país. Operando no campo de Mero, na Bacia de Santos, o FPSO Guanabara MV31 tem atingido marcas expressivas entre os maiores produtores nacionais desde o início de sua operação, em abril de 2022. Já o FPSO Almirante Barroso MV32, em operação desde maio de 2023 no campo de Búzios, também demonstra desempenho robusto, tendo alcançado pico de produção de 150.000 barris por dia em menos de cinco meses de operação.
Segundo a Petrobras, o campo de Búzios, em breve deverá ultrapassar a produção de Tupi, que é até agora o maior campo produtor do país.
“É um enorme orgulho para a MODEC contribuir diretamente, junto ao nosso cliente, para a produção dos maiores campos do Brasil. Cada marco atingido pela nossa frota reflete o resultado do trabalho dedicado de profissionais que atuam com o propósito de entregar excelência operacional com segurança”, afirma Rodrigo Rocha, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da MODEC no Brasil.
Sobre a MODEC - A MODEC é líder global no segmento de construção, afretamento e operação de plataformas para produção de óleo e gás e possui mais de 55 anos de história. Há mais de duas décadas em mares brasileiros, a MODEC opera 13 plataformas de petróleo e gás, possui uma unidade em construção e outra em fase final de comissionamento para o país. São mais de 3,3 mil empregados atuando no Brasil.
Valor - SP 30/05/2025
Parte do governo considera a nova fronteira estratégica, mas ambientalistas veem retrocesso na exploração
Considerada uma nova fronteira petrolífera, a Margem Equatorial – que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte e inclui as bacias marítimas da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar – está no centro de uma grande polêmica nacional. Trata-se do desafio de compatibilizar a exploração de petróleo e gás com preservação ambiental em uma região especialmente sensível como a Amazônia.
O Ministério de Minas e Energia (MME) entende a exploração na Margem Equatorial como estratégica para a segurança energética do país, uma vez que a produção do pré-sal, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), entrará em declínio a partir de 2030. Para o MME, a Margem Equatorial tem potencial para atrair R$ 280 bilhões em investimentos, gerar 350 mil empregos e participações governamentais superiores a R$ 1 trilhão, com produção que pode ultrapassar um milhão de barris por dia.
A exploração na Margem Equatorial divide o governo. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou licença para a Petrobras perfurar no bloco FZ-AM-59, na bacia da Foz do Amazonas, em 2023, e em fevereiro passado seus técnicos recomendaram manter a negativa. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, por sua vez, já cobrou publicamente mudança de posição e agilidade nessa autorização.
Fujii, do WWF, alerta para possíveis prejuízos ao ecossistema e emissão de CO2 — Foto: Guilherme Kardel/Divulgação
Oficialmente, o Ibama informa que o processo de licenciamento do bloco FZ-AM-59 ainda se encontra em fase de análise da nova versão do Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF), apresentado pela Petrobras em novembro de 2024, e que não há prazo definido para a conclusão do parecer técnico. Em 19 de maio, o Ibama aprovou o plano de proteção à fauna apresentado pela Petrobras e que integra o pedido de licença de perfuração na Foz do Amazonas, mas ainda há outras etapas a serem cumpridas.
Segundo a Petrobras, o bloco FZ-AM-59 terá seis embarcações para contenção de óleo, três aeronaves e mais seis embarcações dedicadas à proteção da fauna. Além disso, haverá um centro de manejo de fauna no Oiapoque (AP), que será integrado ao já existente em Belém.
Em seu Plano de Negócios 2025-2029, a estatal reservou US$ 3 bilhões para investimentos na perfuração de 15 poços na Margem Equatorial. Além da Petrobras, outras petroleiras possuem blocos nas bacias da Margem Equatorial – são 34 deles sob contrato. Entre elas a BP, a Shell, a PetroRio e a Brava Energia. Em 2023, o Ibama concedeu licença para a estatal perfurar na bacia Potiguar e, no ano seguinte, a empresa encontrou indícios de hidrocarbonetos, que ainda requerem mais análises.
Ardenghy, do IBP: petróleo garante a segurança energética enquanto a transição caminha — Foto: Divulgação
Para a professora Glaucia Fernandes, da Coppead/UFRJ, a liberação da licença para perfurar na bacia da Foz do Amazonas pode prejudicar a imagem do Brasil no exterior, em um momento em que o país busca reafirmar sua liderança ambiental com a realização da COP30 em Belém. “O Brasil tem sido visto como um ator-chave na preservação da Amazônia e no combate às mudanças climáticas”, diz.
Por isso, a exploração de petróleo em uma região ecologicamente sensível, ressalta ela, pode ser percebida como um retrocesso. “Geopoliticamente, pode enfraquecer a posição do país em negociações climáticas globais”, acrescenta.
Organizações não governamentais (ONGs) de proteção ao meio ambiente também estão preocupadas. Ricardo Fujii, especialista em conservação do WWF Brasil, lembra que cerca de 80% dos manguezais brasileiros estão na costa da Margem Equatorial e, no ambiente marinho, há o grande sistema recifal amazônico, abrigo para diversas espécies, muitas ainda desconhecidas pela ciência.
“Outro fator de risco são as fortes correntezas, que não foram plenamente consideradas nos modelos de dispersão de possíveis vazamentos”, salienta ele. Um vazamento pode afetar a fauna e a pesca, prejudicando comunidades tradicionais. Além disso, Fujii aponta que a atividade petrolífera em larga escala na região pode trazer até 4 bilhões de toneladas de CO2, o que agravaria os efeitos das mudanças climáticas.
Já Pablo Nava, porta-voz do Greenpeace Brasil, alerta que a autorização para perfuração no bloco FZ-AM-59 traria “uma espécie de chancela” para a exploração de diversos outros blocos de petróleo na região. “O Greenpeace defende que o país invista em energias renováveis e proteja os territórios e povos na linha de frente da crise climática”, diz.
Segundo Nava, além dos riscos de derramamentos de óleo, há ainda a poluição sonora gerada pela atividade de exploração, que pode prejudicar a fauna marinha na área da Margem Equatorial. Ele aponta também como ameaça ao ambiente as alterações nos ecossistemas, devido à instalação de infraestrutura petrolífera.
Polêmica ambiental à parte, empresas do setor de petróleo enxergam a exploração da Margem Equatorial como estratégica para o Brasil. Para o gerente-executivo de exploração, desenvolvimento e subsuperfície da Shell Brasil, Lucio Prevatti, a energia fóssil ainda será necessária por algumas décadas e o país tem reservas provadas por pouco mais de dez anos, lembra.
A Shell tem ativos na bacia de Barreirinhas e na bacia Potiguar ainda em processo de licenciamento. “Os próximos dez a quinze anos serão uma janela de oportunidade crucial para a produção de petróleo e gás no mundo. O Brasil pode se beneficiar se avançar na abertura de novas fronteiras”, destaca Prevatti.
Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), ressalta que o sucesso da Guiana, onde a exploração descobriu mais de 10 bilhões de barris de petróleo, indica o potencial na Margem Equatorial brasileira, já que ambas possuem formações geológicas similares. O IBP projeta, na área, uma produção com potencial para adicionar 1,1 milhão de barris diários à produção nacional a partir de 2029.
“No total, são 30 bilhões de barris que superam a capacidade, por exemplo, do campo de Búzios, na bacia de Santos”, afirma Ardenghy. Búzios, no pré-sal, é o maior campo em águas profundas do mundo. Para o executivo, a indústria do petróleo precisa garantir a segurança energética enquanto a transição avança gradualmente.
Enquanto o setor aguarda a decisão do Ibama – que agora, segundo o mercado, cabe ao presidente do órgão, Rodrigo Agostinho –, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) abriu seu 5º Ciclo de Oferta Permanente, listando 65 blocos na Margem Equatorial: 47 na bacia da Foz do Amazonas, 17 na bacia Potiguar Mar e um na bacia do Ceará. A sessão pública de apresentação de ofertas está prevista para 17 de junho – ela incluirá apenas os blocos e setores para os quais as empresas apresentarem declaração de interesse acompanhadas de garantias de oferta.
Valério Salgado, associado sênior na área de direito de energia do escritório FAS Advogados, lembra que a concessão de áreas não garante automaticamente a obtenção das licenças. “Questões ambientais, especialmente em áreas de reconhecida sensibilidade, representam um elemento relevante na análise, na precificação de risco e na tomada de decisão por parte das empresas”, avalia.
Valor - SP 30/05/2025
De acordo com presidente da Petrobras, a estatal tem a obrigação de garantir a segurança energética do Brasil a longo prazo e, por isso, investe em petróleo e gás
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a exploração na Bacia de Pelotas, se for encontrado petróleo e gás na região, poderá alavancar o desenvolvimento econômico da região Sul do Brasil. De acordo com ela, a estatal tem a obrigação de garantir a segurança energética do Brasil a longo prazo e, por isso, investe em petróleo e gás.
“Se nós encontrarmos petróleo e gás que estamos buscando na Bacia de Pelotas, no litoral do Rio Grande do Sul, poderemos alavancar o desenvolvimento econômico de toda a região Sul do país”, disse Magda em cerimônia de retomada das operações do Porto de Itajaí, em Santa Catarina.
De acordo com a presidente da Petrobras, a estatal pretende liderar uma transição energética justa. “Já estamos fazendo isso, adicionando novas energias e deixando nossas operações cada vez mais limpas”, comentou. “Temos obrigação de garantir a segurança energética do Brasil a longo prazo, por isso investimentos em petróleo e gás”, citou.
Magda afirmou que as demandas da Petrobras serão “cada vez menores”, pois a empresa está “muito comprometida” com o Brasil. Porém, segundo ela, não existe uma Petrobras “forte” sem o apoio da sociedade e uma cadeia de suprimentos.
A presidente da estatal avaliou que a retomada das operações o Porto de Itajaí representa o compromisso do governo Lula com o crescimento econômico nacional. Em sua avaliação, a Petrobras tem um papel fundamental no desenvolvimento do Brasil e “olha para cada porto brasileiro”.
O Estado de S.Paulo - SP 30/05/2025
Na sexta-feira, 30, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, a agropecuária vai mostrar novamente a sua força. A projeção de bancos e consultorias é de que o setor deve ter colhido um crescimento superior a 10%.
O resultado da agropecuária vai contribuir, de forma expressiva, para o bom desempenho da economia brasileira no período de janeiro a março. A mediana da previsão dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast é a de que o PIB tenha avançado 1,5% na comparação com os últimos três meses de 2024.
Isoladamente, a agropecuária não tem muita força para ditar o rumo da atividade econômica do País. No cálculo do IBGE, representa cerca de 6% a 7% do PIB brasileiro. É um número que considera basicamente o que é produzido da “porteira para dentro”, de acordo com economistas.
O que ocorre, no entanto, é que a força do setor se espalha para as atividades da indústria e para o setor de serviços, que acabam se beneficiando do bom resultado do campo brasileiro.
“Em 2023, quando o País registrou um PIB mais forte no agro, o resultado positivo se espalhou para outros setores. Devemos ter isso ao longo de 2025. Outros setores, que são beneficiados pelo agro, podem ter um desempenho melhor neste primeiro trimestre”, afirma Natália Cotarelli, economista do Itaú.
No primeiro trimestre, o banco estima um crescimento da agropecuária de 10,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre, a alta deve ser de 12,8%.
Um levantamento anual realizado pelo Cepea e pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) ajuda a dimensionar o tamanho do agronegócio na economia. Em 2024, toda a cadeia representou 23,2% do PIB brasileiro. Em valores, a produção daquilo que foi influenciado dentro e fora da porteira da fazenda somou R$ 2,72 trilhões.
“Esse número envolve desde uma indústria de fertilizantes, ou de defensivos, ou de máquinas agrícolas até as indústrias que vêm depois da porteira, que processam essas matérias-primas”, diz Nicole Rennó, pesquisadora do Cepea e professora da Esalq/USP. “E calculamos a mesma coisa para o setor de serviços. Se estão transportando soja, é agronegócio, mas, se estão transportando celular, não é.”
Na safra atual, diante de um clima favorável, o cenário traçado é bastante positivo para o agronegócio. O Brasil vai colher uma safra recorde de grãos. A última estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, apurado pelo IBGE, projeta 328,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2025, o que representa um crescimento de 12,2% na comparação com o ano passado.
O resultado deverá ser impulsionado pela colheita de soja, que tem um peso relevante no resultado do primeiro trimestre. A produção deve ser a maior já apurada e alcançar 164,2 milhões de toneladas, aumento de 13,3% ante 2024.
A outra força do campo virá da safra de milho, que deve somar 128,2 milhões de toneladas, alta de 11,8%.
“São duas lavouras de peso grande e que contribuem para a nossa previsão de crescimento do PIB agro”, afirma Natália. “De maneira geral, é um agro mais forte ao longo do ano. E, na parte de pecuária, que também tem um peso relevante e estávamos com uma projeção mais pessimista no começo do ano, acabou surpreendendo para cima.”
Nos últimos anos, o dinamismo do agronegócio tem ficado evidente quando se observa o desempenho econômico das regiões brasileiras. Como mostrou o Estadão, o Centro-Oeste deve ser a única região a apresentar uma aceleração do PIB em 2025. A região também tem observado um crescimento no número de companhias instaladas.
“O País produziu uma montanha de soja. O que faço com isso? Tem de encaminhar ou para uma indústria, ou para um mercado consumidor, ou para o porto. Isso vai aquecer tanto a agroindústria como todo o setor de serviços”, diz Felippe Serigati, professor do FGVAgro.
Na safra atual, os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e o Distrito Federal vão responder por 50,4% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas.
“Nem todo ano o agro é forte, mas esse crescimento não fica dentro só do agro. Ele dinamiza. Você vai ter ali a escolinha infantil, a escola de idiomas, o restaurante da esquina, a diarista, o crescimento do mercado imobiliário”, acrescenta Serigati.