Valor - SP 30/04/2025
Decisão, segundo a companhia, deve vir depois de maio, quando é esperado que o governo federal faça uma revisão do sistema de cota tarifa sobre o aço importado
Gustavo Werneck, presidente da Gerdau — Foto: Divulgação/Aço Brasil
O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, disse, nesta terça-feira (29), que a companhia tem estudado reduzir os níveis de investimentos a partir do próximo ano. Conforme o executivo, a ideia não afeta a projeção de investir R$ 6 bilhões em 2025, mas sim os próximos anos.
“Nós temos um balanço saudável que nos permite manter o nível de capex [investimento], mas estamos nos questionando se faz sentido manter esse volume no Brasil”, disse Werneck, em entrevista coletiva sobre os resultados do primeiro trimestre.
Segundo o presidente, a revisão pode passar por hibernar unidades ou alocar mais capital em recompra de ações.
A decisão, segundo a companhia, deve vir depois de maio, quando é esperado que o governo federal faça uma revisão do sistema de cota tarifa sobre o aço importado. Werneck disse que, no primeiro trimestre deste ano, houve um aumento de 20% da entrada do produto chinês no Brasil.
Defesa comercial
“O que nos preocupa é como vai ficar o nível de importação no Brasil. Há uma competição desleal. Temos dúvida se vale a pena continuar investindo no país, onde não temos uma defesa comercial que traga competição isonômica”, disse Werneck.
O presidente da companhia informou ainda que cancelou estudos para uma nova operação no México. “Estamos atentos a incertezas no cenário nos Estados Unidos, a partir de conversas com cliente.”
Tarifas dos EUA
Os executivos da Gerdau disseram que, ainda que o cenário de tarifas nos Estados Unidos tenha elevado a volatilidade, a companhia teve um impacto positivo, com aumento de pedidos e maior utilização de capacidade no país.
Para o fim do ano, o diretor financeiro da Gerdau, Rafael Japur, disse que há uma incerteza sobre a desaceleração da economia americana, mas que, por enquanto, a siderúrgica não tem percebido esses efeitos: “Trabalhamos com informações que temos dos clientes. Nossa carteira de pedidos não reduziram, mesmo depois das tarifas de Donald Trump.”
Werneck reforçou, ainda, que, mesmo que haja um recuo no consumo das famílias nos Estados Unidos, a companhia tem uma maior ligação com projetos grandes de infraestrutura, o que deve sofrer um impacto menor. O executivo deu o exemplo de construções que estão sendo feitas no país para receber a Copa do Mundo em 2026.
Exame - SP 30/04/2025
Se alguém quer entender os impactos das disputas comerciais, avaliar o balanço da Gerdau (GGBR4) é bom caminho.
A siderúrgica brasileira vem há meses lamentando o crescimento das importações do aço asiático no Brasil. Mas, com operações nos Estados Unidos, viu com bons olhos as tarifas anunciadas pelo governo de Donald Trump.
O efeito do anúncio das tarifas por Trump já se faz sentir. A companhia viu uma antecipação da demanda de alguns clientes nas suas operações nos Estados Unidos.
A venda na unidade da América do Norte, que inclui as plantas americanas e mexicanas, cresceu 8% no primeiro trimestre.
Mas isso não quer dizer que não faltem incertezas. A companhia vem acompanhando com atenção as volatilidades causadas pelo cabo de guerra comercial, afirmaram o CEO, Gustavo Werneck, e o CFO, Rafael Japur, em entrevista coletiva após a divulgação de resultados no primeiro trimestre.
Se, por um lado, clientes americanos se anteciparam e resolveram proteger estoques, por outro há também um receio de desaceleração em alguns setores. “Nosso posicionamento hoje nos EUA é muito para atender grandes obras de infraestrutura. Isso nos leva a crer que a recessão nos pega menos, já que as grandes obras continuam”, diz Werneck.
Ainda assim, a visão turva de mercados deixada pelo anúncio de tarifas levou a Gerdau a cancelar o investimento em uma nova planta que faria no México. A unidade, que seria de aços planos e bastante focada em atender o setor automotivo, teria capacidade de produzir 500 toneladas ao ano, ao que analistas de mercado atribuiam um valor de US$ 600 milhões em investimento.
“O tema da tarifa vai trazer uma transformação mais profunda para o setor automotivo. Vai haver uma reconfiguração dessas cadeias, e nossa decisão passa muito por isso, pela incerteza de como vai se reconfigurar”, disse Werneck.
A companhia já opera três plantas no México para outros produtos, como vergalhão, por exemplo.
Enquanto isso, no Brasil...
A disputa comercial também afeta o cenário para a companhia no Brasil.
Por ora, a Gerdau manteve a previsão de R$ 6 bilhões em investimentos em 2025, mesmo patamar de 2024. Capitalizada, essa seria a tendência de investimento anual da Gerdau, segundo os executivos.
Mas a disputa do mercado brasileiro com o aço importado pode levar a companhia a revisar seus planos mais à frente.
"Estamos analisando com muito detalhe a possibilidade de reduzir o capex. No Brasil, a lentidão nos mecanismos de defesa comercial aumenta a nossa preocupação, e há uma forte possibilidade de reduzir investimentos", afirma Werneck. A decisão valeria apenas para os próximos anos e os investimentos programados para 2025 não sofreriam alteração.
Uma das alternativas estudadas, segundo Japur, é usar parte dos recursos para a recompra de ações da companhia. A companhia está com programa aberto de recompra de ações. Até 11 de abril, recomprou 44% do planejado.
O aço importado, em especial o chinês, segue sendo a pedra no sapato da empresa, cujas operações brasileiras ficaram mais pressionadas de janeiro a março. As vendas no mercado interno caíram 4,6%. No primeiro trimestre de 2025, a participação do aço importado no mercado nacional chegou a 22%.
Em maio, a política de cota-tarifa de 25% para alguns produtos do setor siderúrgico se encerra e a expectativa da companhia é de que seja revista.
“Se for isonômico, todo aço que entra no Brasil deveria pagar taxa para competir de igual para igual. A tarifa atual de 25% não traz competitividade, e a China paga essa taxa para continuar produzindo”, diz Werneck.
A política de cotas, na visão da Gerdau, se mostrou ineficiente, já que, segundo o CEO, “não há limite de volume que entra no Brasil sem pagar taxa”.
Os resultados do primeiro trimestre de 2025 da Gerdau mostraram crescimento na receita líquida, que alcançou R$ 17,4 bilhões, uma alta de 7,2% em relação ao mesmo período de 2024.
No entanto, o lucro líquido ajustado da companhia caiu 39,1%, somando R$ 758 milhões. O EBITDA ajustado ficou em R$ 2,4 bilhões, 14,6% inferior ao registrado no primeiro trimestre de 2024.
Às 12h20, as ações da Gerdau caíam 0,71%, para R$ 15,44. No ano, o papel recua quase 14%.
Petro Notícias - SP 30/04/2025
A ArcelorMittal Brasil, que é a maior produtora de aço do Brasil, divulgou hoje (29) os seus resultados financeiros e operacionais relativos ao exercício de 2024. Os dados consolidados de produção e vendas vieram acima das expectativas, apesar do cenário de pressão dos importados sobre o aço brasileiro. O bom desempenho operacional veio atrelado ao aumento de consumo interno de aço, alinhado a uma bem estruturada estratégia de mercado, lançamento de novos produtos, excelência produtiva e redução de custos. Em 2024, a ArcelorMittal Brasil produziu 15,3 milhões de toneladas de aço, um aumento de 3,8% em relação ao ano anterior. Já o volume total de vendas foi de 15,1 milhões de toneladas, crescimento de 5,2% sobre 2023, sendo 55,5% de vendas no mercado interno e 44,5% de exportações.
Os resultados financeiros poderiam ter sido melhores não fossem o aumento da importação do aço e a queda acentuada dos preços das commodities metálicas no primeiro semestre de 2024, segundo um comunicado da companhia. No ano passado, o aço importado bateu recorde histórico de entrada no país, totalizando 5,9 milhões de toneladas, o que correspondeu a uma taxa de penetração sobre o consumo aparente de aço no país de 18,5%, e a um aumento em relação a 2023 de 18,2% (dados do Instituto Aço Brasil). A receita líquida consolidada da ArcelorMittal Brasil apresentou recuo de 4,7%, para R$ 66,6 bilhões. Já o lucro líquido apurado foi de R$ 2,3 bilhões, uma queda de 39,7% na comparação com o ano anterior, decorrente também do aumento da despesa financeira advinda da variação cambial negativa da controlada Acindar (Argentina) e das despesas com juros da controladora. O Ebitda alcançado foi de R$ 9,1 bilhões, menor em 2% na comparação com o ano anterior, mas o suficiente para permitir à empresa alcançar uma margem Ebitda sobre a receita líquida de 14% (contra 13% em 2023).
Jorge Oliveira, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Planos LATAM. “Os resultados de produção alcançados são fruto da dedicação e competência dos nossos empregados, que trabalham alinhados ao nosso propósito e colocam o cliente no centro das decisões, atuando com foco contínuo em inovação e excelência operacional. Mesmo diante de um cenário global desafiador e da concorrência desleal do aço importado, conseguimos mostrar resiliência e solidez. Seguiremos trabalhando pelo fortalecimento da indústria do aço, com respeito às pessoas e guiados pelos nossos valores de segurança, sustentabilidade, qualidade e liderança.“
Em 2024, foi feita a inauguração da expansão da Unidade Vega, em São Francisco do Sul, Santa Catarina, que demandou investimentos de R$ 2,2 bilhões. Foram construídas novas linhas de galvanização e recozimento contínuo de aço, que aumentaram a capacidade instalada da planta de 1,6 milhão para 2,2 milhões de toneladas por ano de aços laminados a frio. Já na Unidade de Sabará, em Minas Gerais, foi inaugurada, em março de 2025, a nova linha de trefilação, ao custo de R$ 144 milhões, que abastecerá a indústria automotiva com produtos de alto valor agregado. Estão em andamento os investimentos em Barra Mansa, de R$ 1,6 bilhão, para a montagem de uma nova linha de laminação e melhorias na aciaria; e a ampliação e construção de uma nova planta de beneficiamento de minério na Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu, Minas Gerais, que somarão outros R$ 2,5 bilhões.
A ArcelorMittal anunciou a instalação de duas plantas de geração de energia solar, em Minas Gerais e na Bahia, como parte do plano de descarbonização da empresa. Os investimentos estão sendo feitos por meio de joint ventures estabelecidas com as empresas Casa dos Ventos e Atlas Renewable Energy e somam R$ 1,6 bilhão. “Nossos investimentos em energia renovável mostram que a ArcelorMittal não quer ser apenas a maior produtora de aço no Brasil, mas também a mais sustentável. Estamos descarbonizando nossas operações e garantindo segurança energética para nossas unidades“, disse Everton Negresiolo, CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil. O investimento em energia solar soma-se aos R$ 4,2 bilhões que a empresa já está destinando para a construção de um parque de energia eólica na Bahia, o que perfaz um total de R$ 5,8 bilhões de investimentos em energia renovável no país. Quando estiverem em plena operação, a geração de todas as plantas de energia renovável reduzirá as emissões de CO2 da empresa em 200 mil toneladas ao ano. A ArcelorMittal tem a meta de alcançar 100% de fontes renováveis em energia elétrica até 2030.
O Estado de S.Paulo - SP 30/04/2025
As contas do Governo Central - que reúnem Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - registraram superávit em março. Neste mês, a diferença entre as receitas e as despesas ficou positiva em R$ 1,096 bilhão. O resultado sucedeu o déficit de R$ 31,673 bilhões em fevereiro.
O saldo foi o melhor desempenho em termos reais (descontada a inflação) para março desde 2021 - a série histórica do Tesouro foi iniciada em 1997. Em março de 2024, o resultado havia sido negativo em R$ 1,024 bilhão, em valores nominais.
No acumulado do ano até março, o Governo Central registrou superávit de R$ 54,532 bilhões, o melhor resultado desde 2022. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era positivo em R$ 20,171 bilhões, em termos nominais.
Em março, as receitas tiveram alta de 2,2% em relação a igual mês do ano passado. No acumulado de 2025 até março, houve alta real de 2,8%. Já as despesas caíram 0,5% em março, já descontada a inflação, em comparação com o mesmo período de 2024. No acumulado destes três meses, a variação foi negativa em 3,4%.
Déficit no acumulado em 12 meses
Em 12 meses até março, o Governo Central apresenta déficit de R$ 10,9 bilhões, equivalente a 0,07% do PIB. Desde janeiro de 2024, o Tesouro passou a informar a relação entre o volume de despesas sobre o PIB, uma vez que o arcabouço fiscal busca a estabilização dos gastos públicos.
No acumulado dos últimos 12 meses até março, as despesas obrigatórias somaram 16,94% em relação ao PIB, enquanto as discricionárias do Executivo alcançaram 1,52% em relação ao PIB no mesmo período.
Para 2025, o governo almeja um resultado primário neutro (0% do PIB), permitindo uma variação de 0,25 ponto porcentual para mais ou menos, conforme estabelecido no arcabouço. O limite seria um déficit de até R$ 31 bilhões. O limite de despesas para 2025 é fixo em R$ 2,249 trilhões neste ano.
As contas do Tesouro Nacional - incluindo o Banco Central - registraram um superávit primário de R$ 24,047 bilhões em março. Em 2025, o superávit primário acumulado até março nas contas do Tesouro Nacional (com BC) foi de R$ 20,510 bilhões.
Já o resultado do INSS foi deficitário em R$ 22,951 bilhões no terceiro mês do ano. No acumulado até março de 2025, o resultado foi negativo em R$ 65,516 bilhões. As contas apenas do Banco Central tiveram déficit de R$ 7 milhões em março e déficit de R$ 11 milhões no acumulado até março.
CNN Brasil - SP 30/04/2025
O déficit comercial de bens dos Estados Unidos atingiu um recorde em março, à medida que empresas intensificaram esforços para importar mercadorias antes das tarifas do presidente Donald Trump, sugerindo que o comércio foi um grande obstáculo ao crescimento econômico no primeiro trimestre.
Embora alguns dos produtos importados tenham acabado em armazéns de atacadistas, economistas disseram que isso não atenuaria o impacto previsto no Produto Interno Bruto (PIB) decorrente da deterioração do déficit comercial.
O relatório do Departamento do Comércio divulgado nesta terça-feira (29) mostrou que os estoques no atacado apresentaram forte aumento no mês passado.
O governo deve publicar sua estimativa antecipada do PIB para o trimestre de janeiro a março na quarta-feira (30), coincidindo com os 100 dias de Trump no cargo.
Economistas preveem que o crescimento econômico tenha praticamente estagnado, conforme as mudanças constantes de Trump em relação às tarifas. Isso criou incertezas entre as empresas, dificultando planejamentos futuros.
Economistas estimaram que o comércio pode ter subtraído até 1,9 ponto percentual do PIB no último trimestre.
O déficit no comércio de bens aumentou 9,6% em março, para US$ 162 bilhões, o maior já registrado, informou o Departamento de Comércio.
As importações de bens aumentaram US$ 16,3 bilhões, atingindo um recorde de US$ 342,7 bilhões, impulsionadas por um aumento de 27,5% nas importações de bens de consumo.
Houve também aumentos nas importações de veículos automotores e bens de capital. Já as importações de insumos industriais caíram 13,5%.
Economistas alertaram que as importações podem afetar a desaceleração econômica prevista para o crescimento do PIB no trimestre de janeiro a março.
Exportações aumentam
As exportações de bens aumentaram US$ 2,2 bilhões, para US$ 180,8 bilhões em março, impulsionadas por embarques de veículos automotores, alimentos e suprimentos industriais.
As exportações de bens de capital e de consumo, contudo, diminuíram.
Embora um dólar mais fraco seja favorável às exportações, os ganhos podem ser limitados pela imposição de tarifas retaliatórias sobre produtos fabricados nos EUA por outros países.
Parte das importações do mês passado foi parar nos armazéns, à medida que as empresas buscavam estocar.
Os estoques de produtos no atacado aumentaram 0,5%, refletindo fortes aumentos nos estoques de bens manufaturados e não duráveis.
Houve ganho semelhante em fevereiro, mas os estoques do varejo caíram 0,1%, igualando a queda de fevereiro. Eles foram pressionados por uma queda de 1,1% nos estoques em concessionárias de veículos automotores e peças.
Excluindo veículos automotores e peças, os estoques do varejo subiram 0,4% após alta de 0,1% em fevereiro. Essa medida entra no cálculo do PIB.
Uma pesquisa da Reuters com economistas previu que o PIB crescerá a uma taxa anualizada de 0,3%, que seria a mais baixa desde o segundo trimestre de 2022. A pesquisa foi concluída antes dos dados de estoque e comércio de bens. Os riscos já estavam inclinados para baixo.
O Federal Reserve de Atlanta prevê uma queda de 0,4% no PIB após ajustes para importações e exportações de ouro.
Além das importações, a incerteza causada pela política tarifária frequentemente caótica do governo Trump, que mergulhou os Estados Unidos em uma guerra comercial prejudicial com a China, também provavelmente impactou negativamente o crescimento no último trimestre.
O Estado de S.Paulo - SP 30/04/2025
Em artigo publicado em 24/4, Adam Shapiro, vice-presidente do Fed Reserve Bank (banco central) de São Francisco notou que, por causa do tiroteio tarifário de Donald Trump, indicadores de incerteza como o Índice de Incerteza de Política Econômica e o Índice de Volatilidade da Bolsa de Opções de Chicago (VIX) atingiram níveis não observados desde a chegada da pandemia em 2020.
Segundo Shapiro, o aumento da incerteza pode fazer com que empresas adiem contratações (embora o mercado de trabalho norte-americano se mantenha aquecido) e investimentos de capital. Adicionalmente, eleva os prêmios de risco e o custo dos empréstimos e reduz o crédito, tudo na direção de desacelerar a economia.
"De forma mais geral, o aumento da incerteza tende a reduzir a demanda agregada por bens e serviços na economia", resume o vice-presidente do Fed.
No Brasil, entretanto, a evolução da percepção de incerteza recente tem um padrão um pouco diferente, como observa Aloisio Campelo, superintendente de estatísticas do IBRE-FGV. O IBRE divulga mensalmente o Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br).
Ao contrário dos índices norte-americanos citados acima, o IIE-Br está muito longe do nível atingido na pandemia, quando chegou ao recorde de 210,5 pontos em abril de 2020. Na sua última leitura, de março de 2025, o IIE-Br estava em 110,9. 100 seria o nível normal de incerteza.
Campelo nota que, no segundo semestre do ano passado, o indicador caiu para um nível moderadamente alto (entre 105 e 108), mas, com o estresse cambial de dezembro, voltou ao patamar acima de 110. Em dezembro e janeiro, ficou em, respectivamente 115,4 e 116,9.
Na interpretação do pesquisador do IBRE, a piora da incerteza do final do ano passado foi quase totalmente interna, ligada ao pacote fiscal mal anunciado pela equipe econômica (incluindo a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, o que assustou ao mercado). O câmbio desvalorizou-se fortemente, obrigando o BC a uma das maiores intervenções das últimas décadas, e o temor de que a dívida pública não se estabilize tomou conta do mercado.
Mais recentemente, contudo, o mercado parece ter se acalmado (em relação à crise de dezembro), mas os efeitos a turbulência externa provocada por Trump - principalmente, mas não apenas, na política tarifária - estariam impedindo uma queda maior do IIE-Br.
O IIE-Br é composto em 80% por análises (com ferramentas de informática) de textos noticiosos para identificação de incerteza; e 20% pela dispersão das expectativas dos analistas em relação a câmbio, Selic e IPCA. Naturalmente, quanto maior a dispersão, maior a incerteza.
Na parte de análise noticiosa, diz Campelo, a política econômica norte-americana desponta muito forte nos textos que indicam incerteza.
"Nas nuvens de palavras, 'Trump' aparece enorme", ele aponta.
Já na dispersão das expectativas, curiosamente, a incerteza brasileira abrandou significativamente desde fevereiro. O subíndice, que ficou acima de 110 de novembro a janeiro, caiu para menos de 100. Em fevereiro foi de 94,8, e em março, de 90,8.
Segundo o economista, parece que o mercado convergiu para certa segurança em relação a um determinando cenário, que, se não é exatamente positivo, pelo menos deixou de dar uma sensação de imprevisibilidade.
Assim, a maioria prevê Selic subindo até cerca de 15%, e, mais para frente, recuando "um pouquinho". Já o câmbio, nessa visão bastante disseminada, "nem cai significativamente, nem explode", gravitando este ano e nos próximos na faixa de R$ 5,8-6. As projeções do IPCA para 2025 concentram-se entre 5,7% e 6%.
"Parece haver certa certeza de desaceleração com juros muito altos, mas com os agentes convencidos de que conhecem o padrão deste ciclo", assinala o pesquisador.
Mas Salles não vê sinais de que a incerteza brasileira como um todo vai diminuir à frente. Primeiro, há a questão tarifária norte-americana, com a perspectiva de que as decisões erráticas de Trump continuem no mínimo até o fim deste semestre. No Brasil, a inflação e alguns de seus componentes importantes (como alimentos e serviços) permanecem altos, o que é um fator de instabilidade. E, finalmente, há a eleição presidencial em 2026, com a possibilidade de que o governo aperte botões de impulso fiscal e parafiscal para compensar o freio da política monetária.
Agência Brasil - DF 30/04/2025
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como fator de reajuste em alguns contratos de aluguel, registrou inflação de 0,24% em abril deste ano. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o indicador havia registrado deflação (queda de preços) de 0,34% em março deste ano.
Com o resultado de abril deste ano, o IGP-M acumula taxa de inflação de 8,50% em 12 meses. No acumulado do ano, a taxa é de 1,23%. Em abril de 2024, o IGP-M havia apresentado inflação de 0,31% no mês e acumulado deflação de 3,04% em 12 meses.
A alta da taxa de março para abril deste ano foi puxada principalmente pelos preços no atacado, medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo, que passaram de uma deflação de 0,73% em março para uma inflação de 0,13% em abril.
Os preços da construção, medidos pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), também tiveram alta, já que a inflação subiu de 0,38% em março para 0,59% em abril.
Por outro lado, a inflação do varejo, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), teve queda, ao passar de 0,80% em março para 0,46% em abril.
O Estado de S.Paulo - SP 30/04/2025
Donald Trump completa hoje 100 dias como presidente dos EUA com o início de presidência mais avassalador desde Franklin Delano Roosevelt, que, em 1933, estabeleceu a tradição de impor uma agenda política nos três primeiros meses de administração para construir uma marca presidencial.
Se, há 92 anos, Roosevelt combateu a Grande Depressão com a regulamentação e o aumento do papel do Estado da economia por meio de um furacão de leis aprovadas no Congresso e decretos, Trump hoje tenta desmontar esse legado.
“Estamos forjando uma nova maioria política que está destruindo e substituindo a coalizão do New Deal de Franklin Roosevelt, que dominou a política americana por quase 100 anos”, disse ele num encontro com governadores republicanos em fevereiro.
Já foram mais de 140 decretos assinados desde janeiro, mais de quatro vezes mais que na comparação com o primeiro mandato, quando Trump emitiu 33 decretos, e mais que FDR, o recordista até então, com 99.
Esses decretos atuam nas quatro frentes eleitas pelo republicano como prioridades de seu segundo mandato: comércio exterior, imigração, diminuição da máquina pública e de regulações e no combate ao que chama de ‘ideologia woke’ (como os republicanos se referem pejorativamente a iniciativas de diversidade adotadas por empresas e governos).
Para Lucas de Souza Martins, historiador da Temple University, na Filadélfia, o segundo mandato de Trump rompe com várias tradições da política americana e é, em certa medida, revolucionário.
“Ele transforma instituições em algo que servem a um partido em vez de um Estado. O fechamento da USAID e do Departamento de Educação deixaram de atender interesses estratégicos do Estado americano, que era compartilhado até então por democratas e republicanos”, diz.
Ao comparar FDR e Trump, Martins lembra que Roosevelt é, em certa medida, uma resposta à Era Dourada que resultou na Grande Depressão. Trump, na posse, prometeu uma Nova Era Dourada da história americana, e exaltou um de seus arquitetos, William McKinley.
“O FDR tenta recompor a economia americana e resgatar o poder de compra do americano médio. Na medida que o Trump recupera ideias econômicas do McKinley, com tarifas e, possivelmente, um surto inflacionário, o futuro pode trazer alguém que traga mais Estado na economia”, diz.
Embora presidentes americanos tenham cada vez mais recorrido a essa ferramenta em virtude da paralisação legislativa provocada pela polarização, os decretos têm um escopo limitado. Eles servem para a organização do governo federal, dentro dos preceitos limitados pela Constituição e pelo Congresso.
Os decretos de Trump foram alvos de mais de 150 ações judiciais que contestam sua legalidade. Muitos deles foram bloqueados de forma parcial ou total por não estarem de acordo com a Constituição. Um dos mais notórios deles é o decreto que extinguia o direito de cidadania por nascimento nos EUA.
A resistência de Cortes federais contra os decretos de Trump detonou uma briga pública entre os presidentes e seus aliados e o Judiciário. O presidente diz ter um mandato para implementar sua agenda que não pode ser contestado por juízes. Em ao menos uma oportunidade, advogados do governo descumpriram uma ordem de um juiz federal, quando não agiu para repatriar aos EUA Kilmer Garcia, expatriado erroneamente para uma prisão em El Salvador.
A retórica agressiva de Trump contra o Judiciário provocou uma rara reprimenda da Suprema Corte. Em março, o presidente do Tribunal, o conservador John Roberts, publicou um comunicado advertindo Trump contra suas declarações favoráveis a impeachment de juízes que decidiram contra o governo.
Na semana passada, o FBI prendeu uma juíza de primeira instância, acusando-a de ajudar um imigrante ilegal a escapar da deportação. A medida, rara se não inédita, aumentou a preocupação entre especialistas sobre a isonomia entre os poderes nos EUA.
Com uma maioria enxuta no Congresso, Trump tem conseguido aprovar poucas leis. A única mais importante até agora foi o Ato Laken-Riley, que permite a prisão de imigrantes ilegais suspeitos de roubo.
Nos mesmos 100 dias, Roosevelt conseguiu aprovar 16 leis no Congresso, muitas delas desenhadas para tentar tirar o país da Grande Depressão, que contaram com apoio bipartidário, algo impensável nos dias de hoje.
Mas Roosevelt tinha um capital político infinitamente maior que o de Trump. Eleito com 57% dos votos, tinha maioria de quase dois terços no Senado e na Câmara.
Ponto forte de Trump durante a campanha, a economia foi um de seus focos nos primeiros 100 dias, sobretudo com a imposição de tarifas comerciais para os principais parceiros dos Estados Unidos.
Entre idas e vindas, Trump taxou os maiores sócios dos americanos, como mexicanos, canadenses e chineses. Em abril, anunciou as maiores tarifas alfandegárias em um século, contra basicamente todos os parceiros comerciais americanos.
“Muitos países tem procurados outros países como cliente para fugir dos EUA por causa das tarifas. É o caso da União Europeia, a China, que tem procurado alianças com Japão e Coreia do Sul”, observa Natália Fingermann, docente de Relações Internacionais da ESPM.
Eleito com a promessa de fazer o poder de compra dos americanos aumentar, ele herdou uma inflação de 3% que tem boas chances de aumentar quando as tarifas forem repassadas para consumidores americanos. O índice de inflação anualizado de março foi de 2,4%.
Na imigração, Trump decretou emergência na fronteira e autorizou o uso de militares no combate aos ilegais. Os números de entrada, que chegaram a 250 mil pessoas por mês no governo Biden já estavam baixos quando Trump tomou posse. Desde então, saíram de 8,3 mil para 7,1 mil travessias mensais.
O foco de Trump parece ser na deportação de ilegais dentro dos EUA. Segundo a revista Newsweek, mais de 37 mil pessoas foram deportadas no primeiro mês de governo, um número abaixo da média de governos anteriores. Desde então, o governo parou de divulgar os números.
Segundo a ONG Migration Policy, estima-se que até o fim do ano Trump deportará 500 mil imigrantes, metade da meta prometida pela Casa Branca.
Trump também forjou uma aliança com o presidente salvadorenho Nayib Bukele para enviar muitos deles a prisões de segurança máxima na América Central.
Entre os deportados, estão imigrantes que ainda não tiveram acesso ao devido processo legal nos EUA e até mesmo cidadãos americanos de origem latino.
“Essa política migratória acaba afastando pessoal qualificado dos EUA e procurem outros lugares. No longo prazo, isso provocará um problema muito sério, já que os EUA deixarão de ser o lugar onde os grandes cérebros querem estar e debater”, diz a professora Natália.
Outro foco de Trump, o corte de gastos na máquina pública ficou a cargo do dono da Tesla, Elon Musk, e seu Departamento de Eficiência Governamental. Ao assumir o cargo de consultor na Casa Branca, Musk prometeu economizar US$ 1 trilhão com demissões. Ele obteve acesso a dados sensíveis de milhões de americanos, com uma devassa em agências do governo. A economia, no entanto, ficou aquém do desejado. O Doge diz ter economizado US$ 150 bilhões, mas apenas US$ 32 bilhões dessa economia pode ser comprovada
Muitos desses cortes estavam em departamentos e autarquias criadas ainda no governo Roosevelt, como maneira de aumentar o funcionalismo público americano, empregando pessoas afetadas pela Grande Depressão.
Trump chega ao final desses 100 dias com a pior avaliação de um presidente na era moderna, perdendo apenas para si mesmo em seu primeiro mandato. Até em áreas onde o presidente era eleitoralmente forte, seus números estão caindo. Entre independentes, que costumam decidir eleições é onde a queda é mais pronunciada, segundo os institutos de pesquisa.
Segundo um levantamento do Ipsos e do Washington Post, Trump é aprovado por 39% da população e reprovado por 55%. Para 61%, seu manejo da economia é ruim e para 58% dos independentes, ele não faz um bom trabalho.
“Roosevelt estava colocando em prática coisas que duraram o resto do seu século e até o final deste século”, disse Elaine Kamarck, historiadora da Brookings Institution. “Nada, nada, nada nessas 200 ordens executivas provavelmente durará além do mandato de Trump.”
Infomoney - SP 30/04/2025
O Banco Central não tem nenhum tipo de desconforto com a meta de 3% para a inflação, disse nesta terça-feira o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, ponderando que o Brasil diverge de outros países ao seguir com dinamismo econômico mesmo convivendo com juros elevados.
Em entrevista coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira, Galípolo também afirmou, ao ser perguntado sobre a compra do Banco Master pelo BRB, que não há nenhum tipo de ameaça do ponto de visto sistêmico, acrescentando que o sistema financeiro está sólido.
Valor - SP 30/04/2025
Gustavo Pimneta defende atividades legais de mineração, combinadas com ações que protegem o meio ambiente e a população no entorno
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O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, defendeu, nesta terça-feira (29), que a atividade de mineração é importante para o desenvolvimento econômico sustentável, não somente do país, como também em escala global. O executivo defendeu atividades legais de mineração, combinadas com ações que protegem o meio ambiente e a população no entorno.
Ele admitiu que a empresa enfrentou muitos desafios nos últimos anos, como no caso do rompimento de barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, que levou a um desastre ambiental com 272 mortos.
No entanto, ponderou que o cenário socioeconômico, hoje, tem mostrado que a população global depende cada vez mais do que a mineração produz. O executivo citou a exploração em terras raras, essenciais para o funcionamento de diversos componentes usados nos programas de inteligência artificial, especialmente no hardware.
Outro exemplo foi o interesse global crescente por veículos elétricos (EVs), que dependem de metais como níquel e lítio, extraídos por meio da mineração. “O futuro não é possível de se imaginar sem mineração; mineração é essencial para tudo o que fazemos”, disse.
Compromisso com descarbonização
O executivo ressaltou, ainda, que a empresa permanece comprometida em ajudar seus clientes a prover acelerar a descarbonização. Ele admitiu que a maioria das unidades siderúrgicas no mundo ainda usa carvão como combustível.
A ideia da companhia, continuou ele, é auxiliar seus parceiros a buscar alternativas voltadas para energia limpa nas unidades de produção de aço — setor no qual o minério de ferro, principal produto da Vale, é matéria-prima principal.
Assim, no entendimento dele, a indústria siderúrgica, um dos setores de maiores emissões de CO2, pode reduzir suas emissões ao mudar suas fontes de combustível, substituindo o carvão por gás natural e, em um estágio futuro, pelo hidrogênio.
"Mineração responsável"
Para o presidente da Vale, é possível ter "mineração responsável" que respeite e proteja o meio ambiente. O executivo deu como exemplo o trabalho realizado pela Vale na Amazônia, onde a empresa preserva grandes áreas de floresta enquanto realiza atividades de mineração.
Pensar em maneiras de preservar o meio ambiente é algo urgente, no entendimento da empresa. Pimenta chamou a atenção para o acentuado aumento da temperatura global observada por cientistas, no ano passado.
Cientistas já alertam que a temperatura elevada da Terra pode levar a mudanças irreversíveis no meio ambiente global. “O problema climático é urgente. É um dos... se não o maior desafio da nossa sociedade”, disse.
Mercado de níquel seguirá desafiador, diz Pimenta
Pimenta foi questionado sobre evolução do mercado de níquel para 2025. A empresa possui operações de níquel no Canadá. Para ele, esse mercado deverá permanecer com excesso de oferta.
“No níquel, nossa visão é de que [o mercado] vai seguir sendo desafiador pelos próximos anos. A questão do níquel é interessante porque não é um problema de demanda” disse ele.
Segundo o executivo, a demanda pelo níquel, por carros elétricos, segue crescendo em percentuais “bastante lucrativos”. “O desafio do níquel é que a oferta que vem da Indonésia é muito substancial”, afirmou. “Nós temos vivido um mercado ‘sobreofertado’ de níquel, e quando a gente olha o curto prazo, a expectativa é de que ele siga sendo ‘sobreofertado’”, comentou.
O que a Vale tem como estratégia, disse, é cada vez mais trabalhar na eficiência interna dos ativos desse mineral. Em resumo, complementou o executivo, a ideia da companhia é, no caso do níquel, “reduzir custo, ser mais eficiente, melhorar a alocação de capital para [...] ter um ‘business’ que seja rentável, minimamente rentável dentro dos níveis de preço atual”, nas palavras de Pimenta.
“Estamos também avaliando se algum desses ativos dentro do portfólio tem alguma alternativa estratégica melhor do que manter dentro do nosso portfólio, e a gente está aberto a diferentes alternativas”, disse, sem citar ativo específico.
Quando foi questionado se a ideia da Vale seria vender algo, Pimenta respondeu que também se poderia “ou buscar um sócio, ou trazer um parceiro, ou vender, ou fazer o ‘care maintenance’ [realizar ações para que permaneça em bom estado de funcionamento ou condição, mesmo quando não está em uso ativo]”, afirmou.
“Continua sendo um negócio atrativo no médio e longo prazo”, disse. “A questão é como é que a gente mantém esse ‘business’ rentável no curto prazo para navegar nesse momento 'sobreofertado'”, concluiu.
Pimenta fez as afirmações durante palestra na terceira edição do Web Summit Rio, evento de tecnologia e inovação que acontece na capital fluminense. O tema foi “Key Technologies for the future start with three letters: ore” ou “As principais tecnologias para o futuro começam com sete letras: minério” em tradução livre.
O Web Summit Rio ocorre até quarta-feira (30), no Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mais de 34 mil pessoas são esperadas no evento.
Valor - SP 30/04/2025
Montadoras reviram previsões para 2025 em meio a dúvidas sobre tarifas
Samuelsson, da Volvo Cars: “Precisamos proteger mais nossa geração de fluxo de caixa e reduzir nossos custos fixos” — Foto: Mikael Sjoberg/Bloomberg
Os lucros da Porsche e da Volvo Cars tiveram forte queda no primeiro trimestre e as duas montadoras fizeram alertas sobre os custos para o setor causados pela guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A Volvo Cars, pertencente à Geely, retirou suas projeções de lucro para os próximos dois anos, enquanto a Porsche projetou que as margens de lucro de 2025 cairiam para “um nível historicamente baixo”, em meio à corrida das empresas para reduzir custos e proteger seus fluxos de caixa em resposta às tarifas alfandegárias dos EUA.
O governo americano impôs uma tarifa de 25% sobre carros fabricados no exterior importados a partir do início de abril, com algumas isenções para México e Canadá. Outra tarifa de 25% sobre autopeças entrará em vigor a partir de 3 de maio.
Após um intenso lobby do setor automotivo, Trump planeja poupar as montadoras de algumas das tarifas, como as aplicadas sobre o aço e o alumínio. No entanto, a incerteza sobre os níveis finais das tarifas tem dificultado os cálculos de custos das empresas.
“Este ano será muito desafiador e turbulento”, disse Håkan Samuelsson, que voltou à Volvo Cars em abril, como executivo-chefe. “Precisamos proteger ainda mais nossa geração de fluxo de caixa e reduzir nossos custos fixos.”
As ações da empresa caíram 10% nesta terça-feira (29) após ter anunciado uma queda de 59% no lucro operacional trimestral, de 4,7 bilhões de coroas suecas no primeiro trimestre de 2024, para 1,9 bilhão de coroas no mesmo período deste ano. O resultado ficou abaixo dos 2,7 bilhões de coroas previstos pelos analistas, segundo a S&P Capital IQ. A empresa também anunciou um programa de redução de custos de 18 bilhões de coroas (US$ 1,9 bilhão), que inclui cortes de cargos administrativos e de despesas com fornecedores.
Em fevereiro, a Volvo havia advertido que os lucros e os volumes seriam menores em 2025 e anunciado como meta uma margem de lucro operacional de suas principais divisões de 7% a 8% em 2026. As previsões para 2025 e 2026 foram retiradas na terça.
A empresa destacou que pretende aumentar a produção em sua fábrica na Carolina do Sul e disse ter a esperança de que os EUA ajustem sua política para permitir a compensação das tarifas de importação se também estiver exportando veículos a partir país. “[A política] está mudando todos os dias, mas [...] é do próprio interesse deles promover exportações de sua fábrica”, disse Samuelsson.
Também na terça, a Porsche anunciou que seu lucro operacional caiu 40% no primeiro trimestre, para 762 milhões de euros, em comparação ao 1,28 bilhão de euros no mesmo período de 2024. O resultado foi influenciado pelas tarifas e pelos custos associados à mudança para uma estratégia com menos veículos elétricos (VEs), assim como pela queda nas entregas.
O ambiente vai “permanecer desafiador” disse o diretor de finanças da Porsche, Jochen Breckner. “Não podemos escapar completamente disso, mas estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para contrabalançar isso”.
A companhia está particularmente exposta às tarifas dos EUA, pois fabrica todos os seus carros na Alemanha. Suas vendas na China, outro mercado importante, também estão em queda.
A Porsche previu na segunda-feira uma margem de retorno sobre vendas para todo o ano de 2025 entre 6,5% e 8,5%, abaixo da anterior de 10% a 12%.
É o segundo corte das projeções em dois meses e reflete os “impactos negativos” das tarifas dos EUA em abril e maio, segundo a empresa. Suas ações recuaram 5% no início dos negócios da terça-feira, mas se recuperaram da maior parte dessas perdas iniciais.
A Porsche informou que sua decisão de não expandir a produção em sua fabricante de baterias Cellforce, em razão da desaceleração na demanda por seus VEs, puxada por uma queda na China, terá influência no aumento previsto para as "despesas especiais" em 2025, de 800 milhões de euros para 1,3 bilhão de euros.
O Estado de S.Paulo - SP 30/04/2025
A paralisação na produção de veículos elétricos da Hyundai no complexo de Ulsan, na Coreia do Sul, deverá ser interrompida até o dia 30 de abril. Conforme publicação do site Autoblog, a suspensão temporária das atividades da fábrica, que produz os elétricos Ioniq 5 e Kona, se deve à baixa demanda e às tarifas de importação de 25% sobre carros e picapes impostas pelos Estados Unidos.
Aliás, o tarifaço de Trump tem colocado pressão sobre diversas montadoras. No ano passado, o Hyundai Motor Group - que inclui Hyundai, Kia e Genesis - tornou-se a quarta maior montadora dos Estados Unidos pelo segundo ano consecutivo. No entanto, isso diminuiu e a fabricante - que recentemente divulgou seus lucros operacionais do primeiro trimestre - teme pelos números do fim deste semestre, que já refletirão a baixa.
Cabe recordar que, em fevereiro, a Hyundai já havia suspendido temporariamente a produção devido aos seus números de vendas no mercado interno.
Independentemente da situação da Hyundai na Coreia do Sul, tudo continua normal nos Estados Unidos. A fábrica da Hyundai, na Geórgia, produz o Ioniq 5 e o Ioniq 9 EV. Entretanto, a marca realizará a transferência de parte da produção de carros do México para os EUA. Informações revelam que a Hyundai considera ainda transferir outros modelos para território norte-americano, a fim de amenizar as taxas.
Auto Industria - SP 30/04/2025
Na última semana de março, o Explorer One, navio RoRo privado da BYD, atracou no porto de Aracruz, ES, para entregar 5,5 mil veículos. Já na semana seguinte, a Anfavea emitiria nota manifestando “preocupação” com crescimento das importações e intensificou campanha para que o governo cobre imediatamente tarifa integral de 35% de imposto de importação, índice previsto apenas para meados do ano que vem.
Esse mesmo cenário e chiadeira da entidade, com certeza, se repetirão daqui a umas cinco ou seis semanas, quando uma nova remessa de carros chineses promete abarrotar, novamente, os pátios do complexo portuário localizado a cerca de 80 km da Grande Vitória.
Isto porque no último domingo, 27, alçou âncora no porto de Jiangsu, na China, o Shenzen, outro navio da montadora, com 7 mil veículos a bordo e que tem como destino a Brasil, informa a imprensa chinesa. É oficialmente a primeira viagem transoceânica do Shenzem, embarcação que foi entregue à BYD há apenas uma semana.
Com 220 metros de comprimento, 37,7 metros de largura e 12 conveses, é o maior transportador de veículos do mundo: comporta até 9,2 mil automóveis e comerciai leves simultaneamente. Movido a gás e diesel, tem velocidade máxima de 18,5 nós, cerca de 35 km/h.
A viagem inaugural para o Brasil se justifica: o país é o maior mercado externo da BYD. No ano passado, foram licenciados aqui 76,7 mil automóveis e comerciais leves da marca. Já no primeiro trimestre de 2025, 21,7 mil, crescimento da ordem de 45% frente a igual período de 2024.
Globo Online - RJ 30/04/2025
O presidente americano Donald Trump assinou uma ordem executiva atenuando os efeitos de suas tarifas sobre automóveis, cedendo após semanas de intensa pressão de montadoras, fornecedores de autopeças e concessionárias, que alertaram que tarifas excessivas poderiam elevar os preços dos carros, provocar o fechamento de fábricas e causar perda de empregos.
De acordo com a ordem executiva, assinada a bordo do Air Force One, os automóveis importados ficaram isentos de tarifas separadas sobre alumínio e aço — uma medida para evitar que as tarifas se acumulassem sobre os mesmos produtos.
“Determinei agora que, na medida em que essas tarifas se aplicam ao mesmo item, elas não devem ter efeito cumulativo (ou seja, que ‘sobreponham-se’ umas sobre as outras), porque a alíquota resultante desse empilhamento excede o necessário para alcançar o objetivo da política pública”, afirmou Trump na ordem.
Além disso, autoridades do governo disseram que Trump modificará as tarifas de 25% sobre autopeças, previstas para entrarem em vigor em 3 de maio, permitindo que montadoras que produzem e vendem veículos completos nos EUA solicitem um desconto de até 3,75% sobre o valor de um carro fabricado no país, segundo um alto funcionário do Departamento de Comércio.
Esse desconto será reduzido, em um ano, para até 2,5% do valor do veículo, e depois eliminado no ano seguinte — uma tentativa de incentivar a produção doméstica. O benefício estará disponível para veículos produzidos após 3 de abril.
Trump suavizou sua posição antes de uma viagem ao estado americano do Michigan, onde planeja comemorar os primeiros 100 dias de seu segundo mandato com um discurso no Condado de Macomb — um subúrbio conservador de Detroit que abriga muitos trabalhadores industriais, os quais, segundo o presidente, são os principais beneficiários das tarifas.
Embora os últimos ajustes de Trump aliviem o impacto financeiro para montadoras, fornecedores e concessionárias, ainda é cedo para saber qual será o real alívio nos custos. O setor ainda lida com uma tarifa de 25% sobre veículos importados, o que pode elevar significativamente os custos e pressionar as cadeias de suprimentos.
A indústria também aguardava detalhes do governo sobre como calcular os custos tarifários das autopeças, o que gerou confusão e levou algumas fábricas a suspenderem a produção enquanto as montadoras simulam diferentes cenários e discutem com fornecedores sobre quem assumirá a maior parte dos novos encargos.
Essa instabilidade ficou evidente mais cedo, na terça-feira, quando a General Motors retirou sua projeção de lucros para o ano e adiou uma teleconferência com investidores, a fim de dar tempo para que seus executivos avaliassem as novas regras e seus impactos nas finanças da empresa.
Até agora, as montadoras têm mantido os preços estáveis, tentando conter o temor de que a tarifa de 25% sobre carros importados eleve os custos em milhares de dólares. O medo de aumentos nos preços impulsionou as vendas no primeiro trimestre.
Grandes Construções - SP 30/04/2025
A decisão do governo norte-americano sobre a retomada de tarifas de 25% para o aço e de 10% para o alumínio importados de países como o Brasil reacendeu alertas em setores estratégicos da economia nacional.
Um dos setores mais afetados é o da construção civil, que já enfrenta oscilação no preço dos insumos e teme novos aumentos — especialmente em obras que utilizam estruturas metálicas e acabamentos com alumínio, como é o caso dos empreendimentos de alto padrão.
Embora o foco inicial da medida seja o comércio entre EUA e Brasil, os reflexos internos já começam a ser sentidos.
Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o preço médio da tonelada de aço teve aumento de 6,3% no 1º trimestre de 2025.
As projeções indicam novas altas até o fim do semestre, especialmente se a demanda internacional se reorganizar.
“Boa parte do aço que usamos aqui é nacional, mas o mercado é interligado. Se os EUA restringem compras, o excedente busca outros mercados, pressionando nossa cadeia de abastecimento”, explica Celso Zaffarani, CEO da Zaffarani Design Building.
“Além disso, muitos acabamentos metálicos de alto padrão são importados ou dependem de ligas específicas que também sofrem com esse tipo de tarifa”, acrescenta.
Segundo ele, obras residenciais e comerciais de alto padrão utilizam amplamente materiais metálicos, desde estruturas em steel frame, esquadrias de alumínio e revestimentos, até elementos decorativos.
Além do custo, o prazo e a qualidade são fatores inegociáveis para esse público — e a volatilidade do mercado de metais pode impactar diretamente nesses pilares.
Além da alta nos preços, o setor também observa uma preocupação crescente com a queda na qualidade de alguns materiais metálicos disponíveis no mercado.
Com a corrida por alternativas mais baratas ou de fornecimento emergencial, as construtoras relatam que ligas e componentes que antes atendiam a padrões elevados agora apresentam variações que comprometem desempenho e durabilidade — o que exige ainda mais rigor na seleção de fornecedores e inspeção dos insumos recebidos.
“Projetos com padrão de excelência exigem precisão. Um atraso no fornecimento ou uma variação brusca de preço pode desorganizar toda a obra”, pontua Zaffarani.
Diante do cenário, as construtoras estão reforçando os planejamentos de suprimentos, contratando com maior antecedência e buscando alternativas para manter a previsibilidade dos orçamentos.
“Antecipamos compras estratégicas e mantemos parcerias consolidadas com fornecedores, inclusive internacionais”, assegura.
Monitoramento — Segundo o Instituto Aço Brasil, o consumo aparente de aço no país deve atingir 25,1 milhões de toneladas este ano, com crescimento de apenas 1% frente a 2024 — um índice abaixo da média esperada, freado pelas incertezas internacionais.
O aumento da tarifa pode ainda redirecionar fluxos globais de comércio, o que exigirá monitoramento constante por parte do setor.
“O setor da construção não pode ser pego de surpresa, é preciso ter uma visão macroeconômica e estratégica”, observa o CEO.
“Mesmo que a tarifa seja aplicada por outro país, o reflexo pode estar aqui no nosso canteiro. E, para quem constrói com excelência, cada detalhe importa”, finaliza Zaffarani.
Revista Ferroviaria - RJ 30/04/2025
O Governo do Rio de Janeiro tenta destravar a agenda de expansão da rede metroviária após finalizar um acordo para concluir as obras da estação da Gávea (zona sul) e estender por mais 10 anos a concessão das linhas 1, 2 e 4.
As novas obras em debate fazem parte de antigos planos no estado e, de acordo com o Plano Diretor Metroviário, concluído em 2016, estão estimados em cerca de R$ 36 bilhões. A persistente crise financeira fluminense e o histórico de crescimento lento da rede deixam em dúvida a possibilidade dessa retomada.
A gestão Cláudio Castro (PL) assinou no início de abril um acordo com a concessionária Metrô Rio para concluir as obras da estação Gávea, paralisadas desde 2015. A empresa vai custear R$ 600 milhões das intervenções, e o estado vai complementar o valor restante, estimado em R$ 97 milhões. A obra deve durar três anos.
Em troca, o governo estendeu em mais dez anos a concessão, agora a ser concluída em 2048. A Metrô Rio também vai assumir a responsabilidade pela gestão da linha 4, onde antes atuava apenas como operadora.
O acordo precisou do aval de inúmeros órgãos a fim de encerrar uma miríade de discussões jurídicas entorno da conclusão da estação, que envolviam suspeitas de superfaturamento, falta de recursos e risco aos prédios no entorno. Assinaram o contrato, além do governo e da concessionária, representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Agetransp (agência reguladora do setor), Tribunal de Contas do Estado e Tribunal de Justiça.
“Quando eu entrei [no comando do governo, em 2021], tinha duas decisões: uma que mandava eu fazer [a obra da estação] e a outra que me proibia fazer. Eu tinha que escolher qual que eu ia descumprir, porque era uma coisa tão complexa, TAC [Termo de Ajustamento e Conduta] daqui, TAC dali, ação daqui, ação dali ”, disse o governador.
Castro afirmou que o acordo permite o destravamento do debate sobre a expansão da rede metroviária.
“O sistema metroviário do Rio estava travado. [ ] São debates que a gente vai ter que travar, e que a gente não podia travar até agora porque tinha um sistema travado”, disse o governador.
O presidente da Metrô Rio, Guilherme Ramalho, disse que o acordo é também uma aposta da concessionária na política de expansão.
“Isso aqui não deixa de ser uma aposta nossa no Rio de Janeiro, de que esse acordo aqui vai significar o desenvolvimento do setor e da cidade. O objetivo é que o Rio tenha uma política constante, perene de investimentos em metrô, porque é assim que se faz no mundo inteiro. São obras que demoram, não são feitas de um dia para o outro. Fazia dez anos que não tinha obra de metrô no Rio. Para nós, como somos operadores, é importante a gente ver o sistema sempre crescendo”, afirmou o executivo.
O governo estadual tenta agora iniciar uma licitação para estudos de implementação da linha 3, que liga o centro do Rio de Janeiro a São Gonçalo, passando por Niterói por meio de um túnel sob a baia de Guanabara. O projeto também consta dos planos de legado da candidatura das duas cidades para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), por sua vez, propôs apoiar a ampliação da linha 4 até o Recreio e a construção da linha 6, que sairia do fim da Barra da Tijuca (terminal Alvorada) até a Ilha do Governador.
Outra opção, também em análise, é conclusão da linha 2, ligando a estação Estácio à Praça 15, que serviria de conexão com a linha 3.
Para especialistas, esta obra é a mais importante, pois ampliaria a capacidade da rede do trecho que atende à zona norte, indo até a Pavuna. Atualmente, os trens das linhas 1 e 2 dividem o trecho da Central até Botafogo, impedindo que o intervalo entre eles seja menor nas pontas do sistema.
O presidente do conselho da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, afirma que a ampliação da rede também vai exigir a compra de novos trens e modernização da sinalização. Para ele, a demanda por recursos exige que o governo federal participe das obras, dada as dificuldades financeiras do estado.
“No Brasil, diferente de países da Europa e América Latina, o governo federal não participa da mobilidade, nem com investimento, nem com custeio. Como o município ou o estado vão fazer esse investimento sozinhos?”, disse ele.
A linha 3 está incluída no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas ainda depende da conclusão dos estudos a serem licitados pelo governo estadual.
Flores, que trabalhou por mais de 40 anos no metrô do Rio de Janeiro, afirma que a política de expansão da rede deve ser uma política de Estado, não de governo, já que a conclusão das obras costuma demorar mais do que um mandato.
“O metrô de São Paulo, que é mais velho 5 anos do que o do Rio, já tem o dobro da rede e mais 4 ou 5 linhas planejadas. O crescimento da rede no Rio é muito pequeno. Cidades como as nossas na América Latina, que tem sistemas da mesma idade, tem todos 200 km. Tivemos uma política de crescimento muito lenta”, afirmou ele.
Outra dúvida é em relação ao estado da tuneladora, conhecida como “tatuzão”, estacionada há dez anos no túnel incompleto que ligaria a estação Antero de Quental, no Leblon, à Gávea. Caso o estado opte em utilizá-lo para abrir novas frentes da rede, ele precisaria ser desmontado para perfurar os vãos das novas linhas.
O governo também estuda meios para ampliar o subsídio da tarifa do metrô e dos trens. O valor cobrado do passageiro no Rio de Janeiro é o mais alto do país (R$ 7,90). Há contudo, uma tarifa social subsidiada de R$ 5 a pessoas com renda até R$ 3.200.
Portos e Navios - SP 30/04/2025
O leilão de três áreas portuárias da Portos do Paraná (PR), marcado para esta quarta-feira (30) na B3, em São Paulo (SP), registra 16 propostas apresentadas — seis para a área PAR15 e cinco para cada uma das áreas PAR14 e PAR25. De acordo com a Portos do Paraná, trata-se do maior número de participantes em um leilão público de terminais portuários na história da Bolsa de Valores.
As áreas em disputa são destinadas à movimentação e armazenagem de granéis sólidos vegetais, como soja, milho e farelo, com contratos de concessão de 35 anos e investimentos previstos de R$ 2,2 bilhões. Os terminais, classificados como projetos brownfield, somam 169 mil metros quadrados no Porto de Paranaguá.
A expectativa da autoridade portuária é que, com a conclusão dos leilões, a Portos do Paraná se torne a primeira autoridade portuária pública do Brasil a ter 100% de sua área regularizada, todas chanceladas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Além de atrair investimentos, a Portos do Paraná considera que o certame reforça a posição do porto como referência nacional em gestão portuária, consolidando seu papel estratégico no comércio exterior.
Valor - SP 30/04/2025
Licitação de terminais de grãos em Paranaguá e corredor Rio-Juiz de Fora atraíram disputa
Apesar das turbulências globais e das altas taxas de juros no país, o setor de infraestrutura deverá ter, nesta quarta-feira (30), uma sequência de leilões de novos contratos bilionários, que deverão atrair forte competição do setor privado. Deverão ser licitados quatro terminais portuários, em Paranaguá (PR) e no Rio de Janeiro, além de uma concessão rodoviária federal, entre o Rio e Minas Gerais. No total, os novos projetos deverão gerar investimentos de R$ 7,3 bilhões. As concorrências serão realizadas na sede da B3, em São Paulo.
Na parte da manhã, serão licitados três arrendamentos portuários em Paranaguá (PR), todos destinados à movimentação de grãos, em contratos com duração de 35 anos. O chamado PAR14 prevê investimentos de R$ 529 milhões. Além disso, está previsto um pagamento de aporte de R$ 477 milhões, que será destinado à autoridade portuária de Paranaguá, para a construção do “Píer T”, uma estrutura aquaviária para a atracação de navios.
Os outros terminais são o chamado PAR15, que exige obras de R$ 293 milhões, além de um aporte de R$ 311 milhões, para a mesma finalidade, e o PAR25, que também demanda R$ 331 milhões para o “Píer T”, além de R$ 233,5 milhões em investimentos no próprio terminal.
Os terminais paranaenses atraíram forte interesse do setor privado. Segundo a autoridade portuária, houve cinco ofertas no caso do PAR14 e do PAR25, e seis propostas pelo PAR15. Entre os concorrentes estão tradings agrícolas e a Quadra Capital, gestora de investimentos que em dezembro de 2023 já havia conquistado um grande terminal de grãos em Paranaguá e que também controla a VPorts, antiga companhia docas do Espírito Santo, privatizada no governo passado.
Além deles, também deverá ser realizada a licitação de um ativo de menor porte no Porto do Rio de Janeiro, o RDJ11, destinado a movimentação de carga geral e granéis sólidos. Trata-se de um contrato de dez anos, arrendado em regime simplificado. Inicialmente estava previsto o leilão também de um terminal de granéis sólidos e carga geral em Porto Alegre, o POA26, porém a concorrência foi suspensa.
Na disputa pelos ativos portuários, vencerá o grupo que oferecer o maior valor de outorga ao poder público. Como é comum nos leilões do setor, o valor mínimo é simbólico, de R$ 1.
Já na parte da tarde, será realizada a licitação do corredor rodoviário entre Juiz de Fora (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Três grupos vão participar da concorrência: a espanhola Sacyr, a EPR e o Consórcio Nova Estrada Real, que segundo fontes tem como acionistas a OHLA (antiga OHL, ex-dona da Arteris) e pela Construcap.
Na disputa, vencerá a empresa que oferecer o maior desconto sobre a tarifa básica de pedágio, cujo valor máximo foi fixado no edital em R$ 0,35513 por km. Caso o deságio oferecido pela empresa supere os 18%, a vencedora terá que pagar um aporte adicional, cujo montante aumenta conforme o desconto proposto.
A EPR já opera a concessão federal da BR-040 entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, portanto, o novo trecho seria uma continuação. O grupo também já tem concessões estaduais em Minas Gerais, além de outros lotes rodoviários federais no Paraná. A espanhola Sacyr também já atua em concessões rodoviárias no Brasil, com um contrato no Rio Grande do Sul. Já a OHLA vem ensaiando seu retorno ao mercado brasileiro - há cerca de um ano, no leilão do lote Litoral Paulista, do governo de São Paulo, a OHLA quase fechou uma parceria com o consórcio que acabou vencendo a disputa, mas ficou de fora.
A concessão inclui um corredor de 218,9 km da BR-040, no qual estão previstos R$ 5 bilhões de investimentos em obras, além de R$ 3 bilhões de custos operacionais para os 30 anos do contrato. A principal intervenção é a da obra nova pista da Serra de Petrópolis, parada desde 2016.
Trata-se de uma rodovia já administrada pela Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora-Rio de Janeiro (Concer), da Triunfo. O contrato, que nos últimos anos gerou uma série de embates entre a companhia controladora e o governo federal, teria vencido em 2021, mas a empresa conseguiu prolongar a extensão por meio de decisões judiciais.
Money Times - SP 30/04/2025
A presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Magda Chambriard, reuniu-se na China com empresários, investidores e representantes do governo chinês na segunda-feira (28), para apresentar e propor novas parcerias na indústria naval, informou a companhia em comunicado nesta terça-feira (29).
Em reunião, que contou ainda com a participação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, a Petrobras apresentou um panorama de suas atividades, especialmente na indústria naval, e destacou o potencial para ampliação dos estaleiros no Brasil.
“Nós estamos aqui para propor a ampliação da parceria do Brasil e China no investimento em petróleo e gás. Entendemos que há oportunidades para empresas chinesas atuarem em parceria com os estaleiros brasileiros e acreditamos que o incremento da nossa cooperação trará benefícios para os nossos países”, disse Chambriard, segundo comunicado da estatal.
A executiva também convidou investidores chineses para visitarem os estaleiros brasileiros.
Já o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, reforçou o movimento de retomada da construção de navios para a indústria de petróleo no Brasil, em linha com os planos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, de estimular um setor que é grande gerador de empregos.
“Nós pretendemos contratar 25 navios até 2030. Temos estaleiros ociosos no Brasil e seria importante construirmos novas parcerias comerciais e tecnológicas”, disse Bacci, que também participou da reunião.
Diário do Comércio - MG 30/04/2025
A produção total de petróleo e gás da Petrobras somou 2,77 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (boed) no primeiro trimestre, praticamente estável em relação ao registrado no mesmo período do ano passado, apontou relatório da companhia nesta terça-feira.
Em relação à média do quarto trimestre, a produção aumentou 5,4%, em função do menor volume de perdas por paradas para manutenções, da entrada em produção do FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios e do “ramp-up” do FPSO Marechal Duque de Caxias, no campo de Mero, além da melhor eficiência operacional na Bacia de Santos.
“A entrada em operação do FPSO Almirante Tamandaré é estratégica para a Petrobras e representa ampliação de produção no campo de Búzios de forma sustentável e inovadora”, disse a diretora de engenharia, tecnologia e inovação da companhia, Renata Baruzzi, em nota.
A executiva lembrou que a plataforma pode produzir até 225 mil barris de óleo e processar 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
29 de abril • 19:47
No último trimestre, entraram em operação 11 novos poços produtores, sendo seis na Bacia de Campos e cinco na Bacia de Santos. A produção total foi limitada pelo declínio natural de produção em alguns campos.
Já a produção exclusiva de petróleo da Petrobras no Brasil atingiu 2,2 milhões de barris por dia nos três primeiros meses do ano, queda de 1% na comparação anual, mas um aumento de 5,9% em relação ao trimestre anterior.
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A Petrobras relatou que a produção de óleo no pré-sal no primeiro trimestre foi de 1,85 milhão de barris ao dia, também praticamente estável ante o mesmo período do ano passado (-0,2%), mas com um crescimento trimestral de 5,3%, com a entrada do FPSO Almirante Tamandaré e o desenvolvimento das atividades do FPSO Marechal Duque de Caxias.
A produção do pós-sal no trimestre atingiu 326 mil barris por dia, queda de 5% na comparação anual, mas avanço de 10,5% sobre o quarto trimestre.
Valor - SP 30/04/2025
Margem Equatorial pode ajudar a suprir demanda que seguirá crescente pelo óleo, inclusive interna, mas ônus ambiental deixa exploração em escrutínio público quando Brasil é sede da COP30
David Zylbersztajn: “Se o Brasil não explorar uma nova fronteira, outro país poderá fazê-lo” — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Enquanto discute a exploração de novas fronteiras de petróleo, como a da Bacia da Foz do Rio Amazonas, na Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, o governo federal trabalha na estratégia de redução de emissões. A estratégia de mitigação às mudanças climáticas deve ser definida antes do início da conferência climática da ONU, a COP30, que irá ocorrer em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro. Com o objetivo de promover e monitorar políticas e ações setoriais para que o país zere as emissões líquidas em 2050, a estratégia está em consulta pública até 9 de maio.
No fim da década, o Brasil deverá se tornar um dos cinco maiores produtores de petróleo do mundo, com mais de 5 milhões de barris diários produzidos em grande parte de poços do pré-sal, que responde por três quartos da produção nacional. Um quadro bem diferente do visto há 25 anos. Em 2000, as importações de petróleo brasileiras chegaram a responder por 12% dos US$ 55 bilhões que o país comprou de produtos no exterior e geraram um déficit setorial de US% 7 bilhões. Em 2006, o país atingiu a autossuficiência, com a produção superando a demanda interna. Com a exploração do pré-sal, o petróleo se tornou o maior item exportado em 2024, com US$ 45 bilhões (13% do total embarcado no ano passado em valor), e as importações somando US$ 15 bilhões (5% do total).
Uma das decisões sobre o futuro da transição energética brasileira é sobre as descobertas recentes de petróleo na Margem Equatorial, que ganhou destaque há pouco mais de uma década quando o governo da Guiana anunciou a incorporação de 11 bilhões de barris em reservas com a exploração de poços ali. O vizinho Suriname encontrou cerca de 4 bilhões de barris.
Estudo interno da Petrobras indica que o bloco que a estatal tenta licenciamento ambiental para exploração na Margem Equatorial tem potencial de ter 5,6 bilhões de barris de óleo. Trata-se de um possível incremento de 37% nas reservas de petróleo brasileiras, atualmente em 14,8 bilhões de barris. A continuidade das atividades de exploração e produção está suspensa por determinação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“O mundo até 2050 continuará demandando petróleo. Mas, se tivermos sucesso na exploração, não podemos melhorar? Não podemos inovar em uma governança local, fundo para reflorestamento, recursos voltados para investimentos em fontes renováveis? Não podemos incluir outros indicadores sociais para avaliar se os investimentos estão transformando as regiões produtoras?”, questiona Clarissa Lins, sócia-fundadora da Catavento, consultoria em estratégia e sustentabilidade.
“Mesmo com os investimentos em renováveis no mundo, o petróleo responde por 80% da energia primária no planeta; a demanda por ele se manterá alta nos próximos anos. Se o Brasil não explorar uma nova fronteira, outro país poderá fazê-lo, e importar nesse cenário geopolítico instável também enseja reflexões. A grande questão é de demanda”, afirma o ex-diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) David Zylbersztajn.
Há outro ponto: royalties e participações especiais devem atingir recordes de R$ 100 bilhões nesse ano, cifra que deve aumentar com a produção maior do pré-sal até o fim da década. Esses são recursos que financiam Estados, municípios e a União.
Divulgado em abril do ano passado, estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão estatal de planejamento, aponta que o país demandará petróleo além de 2050. O consumo de petróleo e derivados deve aumentar de 2,33 milhões de barris diários em 2022 para 2,62 milhões de barris dia em 2032, sendo que o diesel deverá registrar o maior crescimento, de 0,96 milhão de barris diários para 1,2 milhão em 2032. Caso a oferta de biocombustíveis no país fosse inexistente, a demanda nacional de derivados de petróleo seria 24% maior em 2032, e a importação líquida de derivados de petróleo seria 620 de mil barris por dia.
“Se pararmos de produzir e não irmos atrás de novas fronteiras, poderemos importar derivados com pegada ambiental maior”, analisa a diretora de Petróleo, Gás e Biocombustível da EPE, Heloísa Borges.
Se pararmos de produzir poderemos importar derivados com pegada maior”
— Heloísa Borges
O climatologista Carlos Nobre, entretanto, avalia que as emissões não cairão no ritmo necessário enquanto essa trajetória de exploração de novas fronteiras de óleo e gás não for revertida. No ritmo atual, diz, as temperaturas globais continuarão subindo, mesmo com desenvolvimento de novas tecnologias de captura e armazenamento. “A abertura de novas fronteiras fará o mundo caminhar para 2050 com um aumento de temperatura global entre 2,5 e 3 0 C”, afirma.
Produção, importação, exportação de petróleo têm de ser vista sob os aspectos climáticos, continua Lins, da Catavento, para quem a transição energética expõe dilemas, e as concessões no setor, ganhos e renúncias que terão de ser feitas. “O que podemos fazer para melhorar e como poderemos inovar nas dimensões sociais e ambientais?”, observa.
Atualmente, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, responde por 18% das emissões brutas do país, atrás de desmatamento, responsável por metade delas - apenas as derrubadas na Amazônia respondem por 36% das emissões brutas do país -, e da agropecuária, com 27%.
O Brasil precisa de uma estratégia para a transição energética global”
— Natalie Unterstell
Para Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, um centro de estudos especializado em política do clima, ao sediar a COP30, o Brasil terá sua transição energética e sua posição geopolítica no cenário agroenergético sobre os holofotes mundiais. A transição não envolve apenas a questão do petróleo ou do uso de renováveis, mas vai mais a fundo, por exemplo na oferta e processamento de minerais críticos. Esse tema ganhou dimensão depois de a China, líder global na cadeia, ter suspendido embarques para os Estados Unidos, em retaliação à guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump.
“O Brasil precisa de uma estratégia de Estado e de longo prazo para se posicionar diante da transição energética global e avaliar o que pode abrir mão e o que pode ganhar em troca e o que deve priorizar em investimentos. Isso não é uma questão de um setor, mas de toda a sociedade”, afirma Unterstell.
Agência Senado - DF 30/04/2025
A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou nesta terça-feira (29) a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial do Brasil. De autoria do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), o projeto de resolução (PRS 2/2025) segue agora para análise do Plenário.
De acordo com o texto, a Frente terá como objetivo promover o debate, a formulação e o desenvolvimento de ações legislativas voltadas ao apoio e fortalecimento da exploração de petróleo na região. A Margem Equatorial é o trecho do mar territorial brasileiro localizado entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, e parte dela abrange a foz do Rio Amazonas. O parecer favorável ao projeto foi dado pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).
O senador Jayme Campos (União-MT) fez a leitura do relatório durante a reunião. Ele defendeu a criação da Frente e ressaltou a importância de superar "divergências ambientais" que dificultam a exploração de petróleo na Margem Equatorial.
— A proposta pode agilizar o desfecho da questão relativa ao licenciamento ambiental. Resolvido tal impasse, será possível a exploração de poços de petróleo na região de forma responsável e economicamente viável, com todos os benefícios que ela pode proporcionar.
Zequinha alertou para a necessidade de "urgência" na liberação das licenças ambientais e criticou possíveis entraves. Segundo a justificativa da proposta, o impasse atual decorre de exigências ambientais, consideradas excessivas, feitas pelo Ibama. Atualmente, a Petrobras tenta obter licença para perfuração no bloco FZ-M-59, localizado na bacia da Foz do Amazonas, em águas do Amapá.
— Da nossa parte, a avaliação é que tem bastante petróleo e gás naquela região, mas isso também tem pressa. Temos a COP [Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima] pela frente, e não duvido que o Ministério do Meio Ambiente não leve ao presidente da República, em plena COP, a proposta de criação de um parque marinho nessa região equatorial, o que poderia congelar qualquer possibilidade de exploraçãor.
Outro defensor da proposta, o senador Lucas Barreto (PSD-AP) ressaltou que a exploração de petróleo na Margem Equatorial pode ser "decisiva" para o crescimento de vários estados brasileiros, especialmente na região Norte.
— A prospecção do petróleo na costa do Amapá é a redenção para muitos estados brasileiros. Todo mundo sabe que, hoje, o Brasil passa por dificuldades muito grandes. A economia está em uma situação muito complicada e, no Norte, não é diferente: é muito piorr.
Além da autoria de Zequinha Marinho, o projeto tem outros cinco signatários. Eles argumentam que a exploração das reservas da Margem Equatorial poderá elevar a produção nacional de petróleo, reforçar a soberania energética do país e impulsionar o desenvolvimento social e econômico das regiões Norte e Nordeste. A expectativa é de geração de empregos, aumento de investimentos estrangeiros, fortalecimento da balança comercial e melhoria da infraestrutura local.
InfraRoi - SP 30/04/2025
O Consórcio Zancanaro/Dalba/Duovias foi o vencedor da licitação para pavimentação do lote 2 do Contorno Noroeste de Pato Branco, na região Sudoeste do Paraná. Com investimento de R$ 148,9 milhões, está prevista a pavimentação de 14,34 quilômetros com asfalto flexível da PR-916, o Contorno Noroeste de Pato Branco, iniciando da rotatória no entroncamento com a PR-493 e seguindo até a PRC-158.
O projeto inclui a pavimentação de duas faixas de tráfego de 3,6 metros de largura e acostamentos de 3 metros em ambas as laterais. Também serão implantadas terceiras faixas nos trechos de subida mais íngreme, em um total de 8,12 quilômetros.
Também será construído um viaduto no entroncamento com a PRC-158, no final do contorno, e uma interseção em nível no entroncamento com a Estrada Irineu Bertani, acesso para o aeroporto municipal.
O trecho também receberá um sistema de drenagem de águas da chuva e dispositivos para lidar com os cursos d’água na região, como bueiros, pontilhões e galerias; nova sinalização horizontal, sinalização vertical e a implantação de dispositivos de segurança viária; e serviços complementares, como o plantio de vegetação nos espaços próximos à pista.
Como foi o leilão de pavimentação da PR-916
O Consórcio Zancanaro/Dalba/Duovias foi confirmado como vencedor pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), autarquia da Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), após as demais participantes não terem apresentado recurso quanto ao resultado anterior. O próximo passo é a publicação da homologação do resultado, seguido pelos trâmites internos para formalização do contrato, e depois a emissão da Ordem de Serviço, que estabelece a data de início das atividades.
O prazo para execução será de 900 dias (30 meses), sendo os primeiros seis meses voltados para a elaboração do projeto executivo da obra, e os 24 meses restantes para a execução da obra em si.
IstoÉ Dinheiro - SP 30/04/2025
A BR-040/495, que liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora (MG), vai a leilão nesta quarta-feira, 30, às 14 horas na sede da B3, em São Paulo. O projeto, que prevê R$ 8 bilhões em investimentos, deve ser disputado por três concorrentes, sendo dois estrangeiros entrantes no setor, conforme mostrou o Broadcast.
As propostas foram apresentadas pela EPR (Equipav e Perfin), que já opera no setor, além de dois grupos espanhóis: a Sacyr e um consórcio entre OHLA e Construcap. A OHLA atuou na gestão de concessões rodoviárias brasileiras no início do século, mas havia optado por deixar as operações do País.
O projeto estipula R$ 5 bilhões em investimentos em obras e cerca de R$ 3 bilhões em custos operacionais ao longo de 30 anos de contrato. Entre as melhorias previstas estão a duplicação de trechos, implantação de faixas adicionais, ciclovias, túneis, vias marginais, viadutos, passarelas e pontos de ônibus. Estão previstas também a construção de áreas de escape, passagens de fauna e pontos de parada e descanso para caminhoneiros.
O critério do leilão será o de maior desconto sobre a tarifa de pedágio. Os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental foram elaborados pela Infra S.A. e aprovados pelo Ministério dos Transportes.
Projeto atualizado
A concessão que será leiloada amanhã soma 218,9 quilômetros, englobando trechos das duas rodovias. Da extensão total, 184 km são da BR-040 e estão sob responsabilidade da Concer, do Grupo Triunfo, desde 1996. O restante pertence a BR-495, administrado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O novo modelo, que prevê a integração das duas rodovias, foi construído como uma alternativa para viabilizar uma nova concessão para o trecho da BR-040, após décadas de disputas judiciais entre o poder concedente e a Concer. A operação, uma das mais antigas do País, tendo sido iniciada em 1996, foi marcada por críticas e disputas judiciais com o poder concedente.
A concessionária alega que ocorre um desequilíbrio econômico financeiro desde 2014. Em fevereiro de 2023, a Justiça Federal prorrogou, por meio de liminar, o contrato em meio à tramitação de recursos movidos pela própria companhia. O prazo contratual da Concer, de 30 anos, acabou inicialmente em fevereiro de 2021.
Exame - SP 30/04/2025
As concessionárias associadas à MoveInfra, movimento que reúne seis grandes grupos de infraestrutura no Brasil, têm um capital de investimento (CAPEX) de R$ 40 bilhões em projetos de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos já contratado para os próximos cinco anos. De acordo com Ronei Glanzmann, CEO da MoveInfra, considerando uma janela de dez anos, o montante poderá se aproximar de R$ 80 bilhões.
"Temos grandes obras em andamento que demandam muito CAPEX", afirmou Glanzmann no 9º episódio do videocast EXAME INFRA realizado pela EXAME, em parceria com a empresa Suporte, para debater o tema da infraestrutura no país.
Entre os projetos destacados estão a construção da nova descida da Serra dos Imigrantes, pela EcoRodovias, que terá 21 quilômetros — 17 deles em túneis — e deve abrigar o maior túnel rodoviário do Brasil. A obra é estratégica para melhorar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste rumo ao Porto de Santos, o maior complexo portuário da América Latina.
Assim como a ferrovia de 740 quilômetros que vem sendo construída pela Rumo Logística entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. A estrutura deve mudar a lógica do escoamento de grãos na região, hoje dependente da BR-163, ao ligar o terminal de grãos ao "coração da soja", entre 2028 e 2029.
Além desses projetos, um ponto de atenção da MoveInfra é garantir que o Porto de Santos supere os gargalos que, com a demanda atual, prejudicam embarques e desembarques de cargas.
"Todas aquelas vias acesso, seja na margem direita ou esquerda, são vias muito complicadas, com muito trânsito e muita carga e isso vai aumentar. Temos nesse ano a super safra. Esses investimentos em infraestrutura [pelo país] vão demandando mais, uma coisa puxa a outra, o Rodoanel Norte puxa a nova descida da serra, que puxa o sistema viário. E temos obras previstas em Santos e tem o ferroviário chegando", disse o CEO da MoveInfra.
Fundada como uma associação, mas atuando como um "movimento" de articulação de alto nível para infraestrutura, a MoveInfra reúne seis grandes operadores: CCR, EcoRodovias, Rumo Logística, Hidrovias do Brasil, Ultracargo e Santos Brasil.
"São empresas com contratos de 20 a 30 anos, todas listadas em bolsa e com forte compromisso com a agenda de infraestrutura e sustentabilidade", afirmou Glanzmann.
'Filho caçula' da infraestrutura: as hidrovias
O CEO também destacou o crescente foco da MoveInfra em hidrovias, o "filho caçula", como definiu, da infraestrutura brasileira e peça-chave na agenda de descarbonização.
"O Brasil tem um potencial gigantesco de rios navegáveis o ano inteiro. Um comboio de barcaças com um único empurrador retira milhares de caminhões das rodovias, o que é ambientalmente muito positivo", disse.
Em 2024, nota técnica da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) também observou que, para o transporte de commodities, o frete hidroviário unitário (por tonelada) chega a quase metade do valor do modal ferroviário e 25% do rodoviário. Mas, apesar disso e do impacto na agenda ambiental, o plano de aumentar o potencial hidroviário do país pouco avançou.
Segundo Glanzmann ainda é necessário garantir a navegabilidade dos rios, com obras de dragagem para manter o calado, além de sinalização e, em alguns casos, a retificação de curvas. "Muita gente fala: 'mas então o governo vai privatizar os rios?' e não é nada disso. Não se trata de privatizar rios, mas de conceder a gestão de serviços que mantenham a navegabilidade o ano todo", afirmou.
O primeiro passo já foi dado: o governo federal lançou consulta pública para a concessão da Hidrovia Paraguai-Paraná. O tramo sul com 600 quilômetros de Corumbá (MS) à foz do rio Apa (no município de Porto Murtinho) tem edital previsto para o segundo semestre deste ano.
"Essa região já movimenta minério, celulose e produtos agrícolas, e tem um potencial logístico enorme, seja para o sul, via Rio da Prata, seja para o norte. A produção de soja, milho e uma serie de atividades pode correr para cima, seja pelo rio Madeira ou pelo Tapajós".
Expansão ferroviária e novo ciclo rodoviário
O setor ferroviário também vive um momento de transformação, na análise do CEO da MoveInfra, impulsionado pelo lançamento do Plano Nacional de Ferrovias e por projetos estruturantes como a Fiol (Bahia) e a Fico (Mato Grosso).
De acordo com o Ministério dos Transportes, a Fiol ligará o interior da Bahia ao Porto de Ilhéus, facilitando o escoamento da produção agrícola e mineral. Enquanto a Fico conectará o estado do Mato Grosso à Ferrovia Norte-Sul, fortalecendo a logística do agronegócio.
O modal é previsto para esse ano como um projeto prioritário no Novo PAC, com investimentos estimados em R$ 28,7 bilhões em um prazo de 35 anos de concessão.
Na área rodoviária, o CEO também enxerga um ciclo promissor, impulsionado pelos esforços do governo e do Tribunal de Contas da União (TCU) para repactuar contratos problemáticos e lançar novos leilões com maior segurança jurídica.
"Contrato frustrado é ruim para todo mundo, inclusive para a sociedade. Agora temos processos de revisão republicanos e transparentes", disse.
Novos players no setor de infraestrutura
Com 15 leilões rodoviários federais previstos apenas em 2025, Glanzmann vê espaço para a entrada de novos perfis de investidores, incluindo fundos de investimento alinhados a operadores especializados.
"Essa diversificação de players é um sinal da maturidade do setor e da crescente competitividade nos projetos", afirmou.
Para ele, a evolução do mercado também se reflete na disposição dos associados da MoveInfra em participar de concessões mais desafiadoras em regiões como Norte de Minas, Tocantins e o Nordeste, além dos tradicionais eixos do Sudeste. "É importante que tenhamos projetos que extrapolem os corredores óbvios. Isso mostra que mais gente está vendo viabilidade nas modelagens".