Clipping Diário

28 | Julho | 2025

INDA

Portal Fator Brasil - RJ   28/07/2025

Comparado a junho de 2024. Mas 11,2% menos ante o mês de maio deste ano.

O instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), divulgou os resultados do mês de junho no dia 25 de julho (sexta-feira), onde mostrou que as compras do mês registraram queda de 8,7% perante a maio, com volume total de 310,1 mil toneladas contra 339,5 mil. Frente a junho do ano passado —352,9 mil toneladas—, apresentou queda de 12,1%.

Vendas — De acordo com o Instituto as vendas de aços planos em junho contabilizaram queda de 4,6% quando comparada a maio, atingindo o montante de 313,8 mil toneladas contra 328,9 mil. Sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 338,7 mil toneladas, registrou queda de 7,3%.

Estoques — Em número absoluto, o estoque de junho obteve queda de 0,3% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 1.068,2 mil toneladas contra 1.071,9 mil. O giro de estoque fechou em 3,4 meses.

Importações (chapas grossas, laminados a quente, laminados a frio, chapas zincadas a quente, chapas eletro-galvanizadas, chapas pré-pintadas e galvalume) — As importações encerraram o mês de junho com queda de 11,2% em relação ao mês anterior, com volume total de 371,3 mil toneladas contra 417,9 mil. Comparando-se ao mesmo mês do ano anterior —211,2 mil toneladas —, as importações registraram alta de 75,8%.

Projeções — De acordo do com a apresentação do presidente- executivo do Instituto, Carlos Jorge Loureiro durante o fechamento do mês de junho de 2025, em coletiva de imprensa por videoconferência, a expectativa para julho de 2025, da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 5% em relação a junho.

SIDERURGIA

Portal Fator Brasil - RJ   28/07/2025

Resultado ante o mesmo mês de 2024. As exportações em junho tiveram elevação de 62,8% no volume e 17,8% em valor, mas as importações também avançaram bastante em volume e valor, tanto no mês, quanto no semestre.

O Instituto Aço Brasil divulgou no dia 23 de julho (quarta-feira), os dados do segmento referentes ao mês de junho de 2025, onde demonstra que a produção brasileira de aço bruto foi de 2,8 milhões de toneladas, uma redução de 0,5% frente ao apurado no mesmo mês de 2024. Já a produção de laminados foi de 2,0 milhões de toneladas, 5,2% superior à registrada em junho de 2024. A produção de semiacabados para vendas foi de 730 mil toneladas, uma queda de 13,3% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2024.

Consumo e vendas — As vendas internas avançaram 2,2% frente ao apurado em junho de 2024 e atingiram 1,9 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,5 milhões de toneladas, 13,2% superior ao apurado no mesmo período de 2024.

Exportações — As exportações de junho de 2025 foram de 1,1 milhão de toneladas, ou US$ 677 milhões, o que resultou em elevação de 62,8% e de 17,8%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2024.

Importações— As importações de junho de 2025 foram de 596 mil toneladas e de US$ 543 milhões, um aumento de 39,2% em quantum e de 28,3% em valor na comparação com o registrado em junho de 2024.

Produção no acumulado do ano — Ainda de acordo com o Aço Brasil, a produção brasileira de aço bruto foi de 16,5 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a junho de 2025, o que representa um crescimento de 0,5% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 11,8 milhões de toneladas, expandindo 2,1% em relação ao registrado no mesmo acumulado de 2024. A produção de semiacabados para vendas totalizou 4,0 milhões de toneladas de janeiro a junho de 2025, uma queda de 8,7% na mesma base de comparação.

Vendas — As vendas internas foram de 10,5 milhões de toneladas de janeiro a junho de 2025, o que representa uma elevação de 3,1% quando comparadas com igual período do ano anterior.

Consumo — O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 13,7 milhões de toneladas no acumulado até junho de 2025. Este resultado representa um aumento de 9,9% frente ao registrado no mesmo período de 2024.

Exportações — As exportações do semestre atingiram 5,2 milhões de toneladas, ou US$ 3,6 bilhões. Esses valores representam, respectivamente, aumento de 11,5% e redução de 4,5% na comparação com o mesmo período de 2024. Entre os destinos América do Norte (EUA); América latina (Mercosul); Europa; Oriente Médio; Ásia e, África.

Importações — As importações alcançaram 3,5 milhões toneladas no acumulado de janeiro até junho de 2025, um aumento de 28,8% frente ao mesmo período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 3,2 bilhões e avançaram 15,8% no mesmo período de comparação.

Ranking mundial de produção — A produção mundial do aço em junho, o Brasil caiu para o 10º lugar respectivamente: China; Índia; Japão; Estados Unidos; Rússia; Coréia do Sul; Turquia; Alemanha; Irã; Brasil.

Produção regional — Quanto a distribuição regional da produção de aço bruto, de semiacabados e laminados no mês de junho, e no acumulado do semestre de 2025, os estados continuam aparecendo nesta ordem: Minas Gerais; Rio de Janeiro ; Espírito Santo; São Paulo.

Destaque — O Rio de Janeiro produz 750 mil toneladas de aço bruto em junho e é responsável por 26,5% da produção nacional do mês — Estado acumula 4,4 milhões de toneladas no primeiro semestre do ano, o que representa uma alta de 4,6% em comparação ao mesmo período de 2024.

O Rio de Janeiro produziu 750 mil toneladas de aço bruto em junho, sendo responsável por 26,5% da produção nacional do mês. No primeiro semestre deste ano, o estado acumula 4,4 milhões de toneladas produzidas, uma alta de 4,6% em comparação ao mesmo período de 2024. Os dados são do Instituto Aço Brasil, que representa as empresas siderúrgicas brasileiras.

— O aço fluminense é estratégico para diversas cadeias produtivas e tem um papel fundamental no crescimento econômico do estado. O expressivo desempenho da indústria siderúrgica fluminense reforça a relevância do Rio de Janeiro no cenário nacional e tem efeitos diretos sobre o emprego, a arrecadação e o desenvolvimento de diversificados setores, como construção civil, naval e automotivo — destacou o governador Cláudio Castro(PL).

No ano passado, o Rio de Janeiro produziu 8,8 milhões de toneladas de aço, registrando um crescimento de 2,4% em relação a 2023. Com isso, o estado se consolidou como o segundo maior produtor do país, respondendo por 26,2% da produção nacional — atrás apenas de Minas Gerais.

— Apesar do clima de incertezas, por conta do anúncio das taxas de exportação de 50% pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil, as vendas de aço para o exterior ainda registraram, em junho, forte crescimento — observou a secretária interina de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, Fernanda Curdi.

De acordo com o Instituto Aço Brasil, em junho, a produção nacional de aço bruto alcançou 2,8 milhões de toneladas. No acumulado do ano, o volume produzido no país chegou a 16,4 milhões de toneladas, o que significa um crescimento de 0,5% frente ao mesmo período de 2024.

ICIA — No levantamento do indicador antecedente desenvolvido pelo Instituto Aço Brasil: o Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA), houve um recuo de 1,7% em julho ante o mês anterior, e atingiu 21 pontos, sendo a nova queda seguida, que mostra o mais longo período de deteriorização da confiança dos CEOs da indústria do aço, de toda série histórica.

Valor - SP   28/07/2025

Companhia vendeu 1,07 milhão de toneladas de aço no segundo trimestre, alta de 4% na comparação anual, e sua unidade de mineração registrou aumento de 22% na mesma comparação, para 2,45 milhões de toneladas

A Usiminas vendeu 1,07 milhão de toneladas de aço no segundo trimestre, alta de 4% na comparação anual e queda de 1% sobre os três primeiros meses do ano.

A produção de aço bruto ficou em 789 mil toneladas no período, queda de 3% sobre o segundo trimestre de 2024 e aumento de 2% sobre o primeiro trimestre do ano.

Já a produção de laminados foi de 1,12 milhão de toneladas, o que representa alta de 6% no ano e de 6% sobre o primeiro trimestre.

Segundo a companhia, houve recuo de receita por tonelada em base sequencial na siderurgia, reflexo da deterioração dos preços domésticos e da desvalorização do dólar.

Em sua unidade de mineração, a Usiminas viu crescimento de 22% no ano de suas vendas, a 2,45 milhões de toneladas. A produção de minério foi de 2,31 milhões de toneladas, alta de 22,4% no ano.

Segundo a empresa, os números refletem o maior rendimento operacional de suas minas, o que levou a um maior consumo por clientes, além de melhorias em redução de estoques e na compra de terceiros.

No entanto, as receitas de mineração não acompanharam, devido ao recuo nos preços que o minério teve ao longo do segundo trimestre e também por conta da valorização do real no período.

O custo de produção em mineração ficou em R$ 127,5 por tonelada, o que representa um aumento de 10,2% sobre o primeiro trimestre, por maior movimentação interna e manutenção de plantas.

Portal Fator Brasil - RJ   28/07/2025

O diagnóstico é claro: a indústria siderúrgica global está passando por uma crise histórica de excesso de capacidade, e a América Latina está sendo severamente afetada.

Em 2024, a produção de aço da região representava apenas 3% do total mundial e apresentou uma tendência de queda sustentada nos últimos 20 anos. Hoje, 40% do consumo interno de aço acabado da região provém de produtos importados, principalmente da China e de outros países do Sudeste Asiático.

Os números são alarmantes e revelam uma assimetria que coloca todo o nosso setor em risco. A produção de aço bruto na América Latina vem diminuindo sistematicamente, enquanto países como a China aumentaram drasticamente suas exportações de aço e produtos manufaturados que contêm aço, como veículos e máquinas, para nossa região na última década. Essa avalanche de produtos desloca a produção local e enfraquece as cadeias de valor industriais de nossos países.

A crise da indústria siderúrgica na América Latina — Enquanto o mundo implementou 703 medidas de defesa comercial entre 2010 e 2023, a América Latina registrou apenas 79, das quais apenas 40 foram direcionadas à China e ao Sudeste Asiático. Essa baixa capacidade de resposta contrasta com regiões como Europa, Estados Unidos e Índia, que endureceram suas políticas comerciais para proteger suas indústrias das distorções do mercado internacional.

O caso do Chile não é uma exceção, mas sim um exemplo desse problema regional. No ano passado, vimos como importações a preços artificialmente baixos podem afastar players importantes do setor.

Mas o que está em jogo não é apenas uma empresa, mas o futuro industrial de toda a América Latina. A cadeia de valor do aço gera 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos na região, empregos de alto valor que permitem mobilidade social ascendente e desenvolvimento econômico sustentável. No entanto, a região enfrenta um preocupante processo de desindustrialização: entre 1990 e 2023, a América Latina perdeu 5,3 pontos percentuais na participação de produtos manufaturados em suas exportações totais, caindo de 52,8% para 47,2%.

Esse declínio tem sido acompanhado por uma crescente “primarização” de nossas economias, reduzindo nossa capacidade de gerar valor agregado e consolidar setores estratégicos. Em vez de exportar produtos industriais, a proporção de matérias-primas que a América Latina exporta está crescendo, aprofundando sua dependência externa e vulnerabilidade.

Uma política industrial coordenada para a América Latina — Diante desse cenário, a América Latina precisa urgentemente de uma política industrial coordenada e ambiciosa. Os governos precisam agir de forma mais rápida e decisiva, implementando medidas que nivelem o campo de atuação e defendam nossas indústrias de práticas desleais.

Em particular, as medidas de defesa comercial estão sendo implementadas de forma mais lenta e com menos força no Chile do que em outras regiões, limitando a capacidade do país de responder a crises como a que enfrentou no ano passado. Essas medidas são importantes para proteger o que resta da indústria local, que é um exemplo global de produção de baixo carbono.

Não se trata de fechar mercados, mas sim de garantir uma concorrência justa. A América Latina possui o talento, os recursos e as capacidades para desenvolver uma indústria siderúrgica sustentável e competitiva que impulsione cadeias de valor e o desenvolvimento econômico e social. Mas cada dia que passa sem uma resposta coordenada significa mais perdas de empregos e maior dependência do aço estrangeiro.

Os governos têm a sua palavra a dizer. Proteger a nossa indústria não é protecionismo: é defender o futuro produtivo da região e o bem-estar de milhões de famílias que dela dependem.

• Por: Ezequiel Tavernelli, diretor-executivo da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero). | BBCL.

Automotive Business - SP   28/07/2025

Sustentabilidade se tornou mais presente no universo das autopeças no país, sobretudo depois que virou exigência por meio do programa Mover.

Nesse sentido, a Thyssenkrupp costurou parceria com a Arcelormittal para fornecer uma suspensão veicular que usa uma barra metálica produzida com material reciclado.

No caso, a Barra Chata Mola XCarb, criada pela produtora de aço e disponível no mercado desde janeiro. O produto está em fase de homologação.

Além dos projetos do mercado de reposição, a solução também está pronta para ser testada nos projetos das montadoras.

O produto garante a mesma resistência e durabilidade da suspensão produzida com aço convencional, sem qualquer perda de performance, explica Alessandro Alves, CEO da divisão de molas da Thyssenkrupp.

Afora as demandas do Mover, a iniciativa tem aderência às metas das duas fabricantes. A Thyssenkrupp e a ArcelorMittal querem ser empresas neutras em carbono até 2050.

Até 2030, a meta global da Thyssenkrupp é reduzir em 30% as emissões diretas de CO‚ associadas aos processos produtivo, enquanto a ArcelorMittal quer trabalhar na adoção de alternativas energéticas para reduzir em 25% suas emissões.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   28/07/2025

O presidente americano, Donald Trump, disse que a maioria dos acordos, “se não todos”, será concluída até 1º de agosto, quando entram em vigor as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Em comentários para jornalistas nesta sexta-feira, 25, ele afirmou que, atualmente, “a maioria dos acordos está concluída”.

“A maioria dos acordos serão fechados por cartas que estabelecem tarifas e elas (cartas) mencionam tarifas de 10% ou 15%”, afirmou, ao citar que serão enviadas cerca de 200 cartas tarifárias.

Trump defendeu que os americanos estão se aproximando de um acordo comercial com a China e que já possuem “os limites” para a negociação com a potência asiática. Por outro lado, com o país vizinho Canadá, o republicano avalia que “não teve muita sorte”.

“Não tive muita sorte com as negociações com o Canadá. Posso impor uma tarifa unilateral para eles. Não há muita negociação e não estou focado em um acordo com o Canadá”, afirmou.

O presidente dos EUA ainda disse que gosta de um “dólar forte”, mas ponderou que “com um dólar forte, não podemos vender nada”. “O dólar mais fraco faz as tarifas valerem mais”, ressaltou. “Tudo o que a China faz é lutar por uma moeda fraca. Quando o Japão ia muito bem, eles tinham uma moeda fraca”, adicionou.
União Europeia

Trump disse que, em um possível acordo com a União Europeia (UE), o bloco poderá ter de reduzir suas tarifas. Em comentários antes de embarcar para viagem ao Reino Unido, ele afirmou que os europeus “querem muito” fechar um acordo com os Estados Unidos. “Existe uma chance de 50% de fechar um acordo com a UE. Eles (europeus) têm uma boa chance de fechar um acordo”, ressaltou.

Sobre a viagem ao Reino Unido, Trump mencionou que irá se encontrar com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na noite desta sexta e, na reunião, os dois irão conversar sobre o acordo comercial e “possivelmente aprová-lo”.

“Eu e o primeiro-ministro (Starmer) nos damos muito bem, vamos celebrar (um possível acordo). Não há muita margem de ‘manobra’ sobre o aço e alumínio no acordo com Reino Unido. Se eu cortar (as tarifas dos metais) em um, terei que cortar em todos”, defendeu.

Encontro com Powell

O presidente americano afirmou que os dados econômicos dos EUA estão “ótimos” e que teve um encontro positivo com o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, ao visitar a sede do BC americano na quinta-feira, 24.

“Powell disse ‘firmemente’ e me parabenizou, dizendo que o país está ‘indo muito bem’. Ontem (quinta) tive a impressão de que ele pode estar pronto para reduzir as taxas de juros. Ele é um homem muito bom”, disse. Nas últimas semanas, Trump tem realizado críticas ao chefe do Fed por não reduzir as taxas de juros e o chamou diversas vezes de “atrasado”.

Infomoney - SP   28/07/2025

Os Estados Unidos não têm outra alternativa a não ser “acomodar a China”, que é “vencedora em todos os casos” no embate comercial com o país norte-americano. A afirmação é de João Landau, sócio-fundador da Vista Capital, que participou de painel na Expert XP 2025 nesta sexta-feira (25).

“Trump está tentando parar a China, mas acho que não consegue”, disse o gestor, em painel mediado por Gustavo Pires, sócio-diretor executivo da XP. A “explosão de produtividade” da economia chinesa é o que dá vantagem para a potência asiática, segundo Landau. Ele pontua que o país tem energia barata, investimento em infraestrutura e em tecnologia.

“A China teve um ciclo de crescimento muito forte entre 2002 com manufatura simples; depois, mercado achou que viraria uma economia de consumo, o que não aconteceu”, argumenta. Agora, o gestor da Vista Capital vê o país asiático entrando em um segundo ciclo de crescimento, puxado pelo investimento em tecnologia.

Dois fatores foram essenciais para o sucesso chinês até aqui, segundo Landau. O primeiro foi “não cair na armadilha da classe média” após aumento do PIB per capita. O segundo, é a ausência de lobby, diz o gestor: “Os negócios de propriedades começaram a cair, em um setor que emprega 20 milhões de pessoas; se fosse no Brasil, teria um programa para não cair, o que a China não fez”.

Agora, portanto, o país consegue se concentrar na aceleração em tecnologia, o que vai trazer o segundo boom de crescimento do PIB per capita no país, espera Landau. “Se isso for verdade, será muito relevante para o mundo”. Com isto, “a China está ganhando o primeiro round por estar mais preparada” do que os Estados Unidos.

A guerra comercial imposta por Trump pode “acalmar” a China, mas o melhor caminho para competir com Pequim é “estabelecer uma agenda de produtividade, seja com energia nuclear, regulamentações” ou outros temas, diz Landau.

O Estado de S.Paulo - SP   28/07/2025

Ruim, mas nem tanto, o avanço da inflação mensal de 0,26% em junho para 0,33% em julho levou a taxa acumulada em 12 meses a 5,30%, pouco acima dos 5,27% registrados até junho. A alta no período equivalente a um ano foi bem superior ao teto da meta, 4,50%, mas o conjunto negativo foi pelo menos atenuado pela menor pressão dos custos da comida.

Os preços da alimentação baixaram 0,02% e 0,06% nos dois meses finais do período, dando às famílias um pequeno alívio nas condições de vida e na administração de suas contas. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A produção rural continua, portanto, facilitando o dia a dia dos brasileiros, além de sustentar, por meio da exportação, boa parte do comércio exterior do País. O tempo tem favorecido a produção nas principais zonas da agropecuária.

O presidente americano Donald Trump, em novo surto de agressividade, é a principal fonte de risco para a economia brasileira no momento. Mas ele se mostrou inclinado, até agora, a respeitar as importações de alimentos originários do Brasil. Barrar esse comércio resultaria, como até ele deve ter notado, em riscos inflacionários para os consumidores americanos.

Cuidar da mesa brasileira tem ficado um pouco mais fácil, com a boa oferta de produtos agrícolas. Se nenhum desastre ocorrer, o quadro geral poderá ficar mais favorável, depois do estouro da meta oficial de 4,50% nos últimos 12 meses.

Mas o custo da habitação permanece desafiador, depois da alta acumulada de 5,37%. Esse custo foi impulsionado principalmente pelas tarifas de eletricidade, com aumento anual de 6,57%. Além de comida na mesa, as famílias precisam, para suas condições mínimas de sobrevivência e conforto, de um teto protetor. Além do custo da energia, seus orçamentos foram também afetados, em 12 meses, pela alta de 4,85% nos aluguéis e taxas.

Como sempre, o governo poderá contribuir para a contenção do custo de vida se contiver seus gastos e avaliar com muito cuidado cada item das despesas. Esse tipo de preocupação continua sustentado, no Executivo federal, principalmente — e quase exclusivamente — pelo ministro da Fazenda.

Globo Online - RJ   28/07/2025

O comportamento do presidente Donald Trump nas relações internacionais costuma ter um padrão. Primeiro, anuncia datas para a imposição de tarifas escorchantes a um país ou bloco econômico, acompanhadas de demandas absurdas. Num segundo momento, começa a negociar. É hora de Trump dar início a essa segunda fase com o Brasil, congelando a ameaça da agressão tarifária marcada para sexta-feira. A imposição do tarifaço seria prejudicial para os dois lados. Além de perdas econômicas bilionárias, a agressão desmedida acirraria os ânimos, retardando ainda mais o entendimento entre aliados históricos. Na defesa de seus próprios interesses, Trump deveria baixar a bazuca das tarifas e começar a conversar.

Estados Unidos: The Economist classifica de chocante agressão a tentativa de Trump de interferir no Brasil com tarifaço

Como antecipou O GLOBO, Gabriel Escobar, principal representante americano no Brasil, ressaltou o interesse dos Estados Unidos por um conjunto de minerais conhecido como terras-raras, matéria-prima para os setores militar e de energia. Dono de uma das maiores reservas, o Brasil é protagonista nessa área. Ao deixar de lado demandas absurdas, como o cancelamento do julgamento de Jair Bolsonaro, e se concentrar na economia, Trump terá a chance de explicar melhor seus planos na mineração.

As riquezas do subsolo são monopólio da União, e sua exploração é concedida a empresas de diferentes nacionalidades. Isso não deve mudar. Mas é legítimo discutir um acordo para a venda de terras-raras de forma preferencial aos Estados Unidos, desde que a preços de mercado e com contrapartidas. O Brasil quer aumentar a extração e explorar a capacidade de processamento. Hoje os chineses respondem por mais de metade da mineração e quase todo o refino.

Destacado para tratar da questão com os Estados Unidos, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços, afirmou que a pauta da mineração “é muito longa e pode ser explorada e avançada”. Ele tem razão. Compostas por 17 elementos químicos, as terras-raras são essenciais na fabricação de baterias, chips, radares, satélites, painéis solares, turbinas de jatos, entre vários outros produtos. Não é do interesse brasileiro que os minérios críticos sejam exportados apenas em forma bruta.

Do ponto de vista americano, diversificar os fornecedores de terras-raras é prioridade. Cerca de 80% da demanda dos Estados Unidos é hoje coberta pela China. O esforço de diminuir sua dependência do principal rival é tamanho que o Departamento de Defesa anunciou no início do mês a compra de 15% das ações da MP Materials, tornando o governo o principal acionista do único produtor de terras-raras nos Estados Unidos. Investimento dessa ordem não era feito desde que as ferrovias foram nacionalizadas, na Primeira Guerra Mundial.

Pode ser positivo conversar com um país em busca de um produto que o Brasil tem com tanta fartura. Há uma série de outras questões comerciais e de investimento de interesse mútuo. Mas para que isso ocorra de forma proveitosa, Trump precisa adiar o tarifaço e dar logo início a negociações técnicas. A lógica da ameaça não funcionará com o Brasil.

O Estado de S.Paulo - SP   28/07/2025

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse neste sábado que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado pode ser afetado negativamente entre 0,3% e 2,7% com a tarifa de 50% prometida pelos Estados Unidos contra os produtos do Brasil. A declaração foi feita na Expert XP 2025, em São Paulo. “A gente tem feito muitas simulações e o efeito pode ser muito severo de fato”, afirmou.

Além do impacto no PIB, Tarcísio mencionou a possibilidade de 44 mil a 120 mil empregos a menos no Estado, e de uma perda de R$ 3 bilhões a R$ 7 bilhões na massa salarial.

Tarcísio afirmou ainda estar preocupado tanto com as pequenas empresas quanto com as grandes que operam no Estado. Ele citou o caso da Caterpillar, que tem fábrica em Piracicaba.

Mencionou também a Embraer. “Ela manda [aos EUA] os aviões executivos que são fabricados em Gavião Peixoto, manda os aviões da aviação comercial que são fabricados em São José dos Campos, e a gente está falando de impor um ônus significativo [à empresa]”, disse.

Tarcísio esteve no evento da XP em um painel ao lado dos governadores de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil) e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD).

IstoÉ Dinheiro - SP   28/07/2025

A bandeira vermelha na conta de luz e reajustes de tarifas em cinco capitais pressionaram o bolso do brasileiro em julho, fazendo com que a prévia da inflação ficasse em 0,33%, acima do registrado em junho (0,26%).

Ao mesmo tempo, o preço dos alimentos – um vilão da inflação nos últimos meses – caiu pelo segundo mês seguido, ajudando a segurar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (25), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o IPCA-15 acumula 5,3% nos últimos 12 meses, acima da meta do governo, que tolera até 4,5%. Em julho de 2024, o IPCA-15 tinha sido de 0,30%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, cinco tiveram alta em julho.

Confira resultados e impactos em pontos percentuais (p.p.)

– Alimentação e bebidas: -0,06% (-0,01 p.p.)

– Habitação: 0,98% (0,15 p.p.)

– Artigos de residência: -0,02% (0 p.p.)

– Vestuário: -0,10% (0 p.p.)

– Transportes: 0,67% (0,13 p.p.)

– Saúde e cuidados pessoais: 0,21% (0,03 p.p.)

– Despesas pessoais: 0,25% (0,03 p.p.)

– Educação: 0,00% (0 p.p.)

– Comunicação: 0,11% (0 p.p.)
Conta de luz

Apesar de ter sido o maior impacto de alta na prévia da inflação, a subida de 0,98% do grupo habitação desacelerou ante junho, quando marcou (1,08%). Agora em julho, o grupo foi pressionado pela energia elétrica residencial, que subiu 3,01%, sendo o subitem com maior impacto positivo de todo o IPCA-15.

A culpa desse aumento situa-se na bandeira tarifária vermelha patamar 1, determinada pelo governo para custear usinas termelétricas em tempos de baixa nos reservatórios das hidrelétricas. Iniciada em junho, a cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos foi mantida em julho. No mês passado, a energia residencial subiu 3,29%.

O subitem foi pressionado também por reajustes nas contas em Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Como o IPCA-15 é nacional, esses aumentos regionais se refletem no índice.
Alimentos

Depois de terem recuado 0,02% em junho, os alimentos caíram novamente em julho, desta vez, 0,06%. As quedas da batata-inglesa (-10,48%), cebola (-9,08%) e arroz (-2,69%) foram as que mais puxaram para baixo o resultado.

Antes desses dois recuos, o preço da comida tem sido um grande vilão, tanto que acumula alta de 7,36% em 12 meses, se configurando o grupo de maior variação em todo o IPCA-15. Um dos fatores que têm ajudado a baixar os custos é a safra brasileira, com previsão de ser recorde.
Transportes

No grupo transportes, a alta de 0,67% foi impulsionada pelas passagens aéreas, que subiram 19,86% (impacto de 0,11 p.p.) e pelos serviços de carros de aplicativo ((14,55% e 0,03 p.p.).

Já os combustíveis trouxeram alívio com recuo de 0,57%. Caíram os preços do gás veicular (-1,21%), diesel (-1,09%), etanol (-0,83%) e gasolina (-0,50%). Como a gasolina é o subitem com maior representatividade na cesta de consumo dos brasileiros, o resultado de julho fez com que representasse o recuo com mais peso de todo o IPCA-15 (-0,03 p.p.)
IPCA-15

O IPCA-15 tem basicamente a mesma metodologia do IPCA, a chamada inflação oficial, que serve de base para a política de meta de inflação do governo: 3% em 12 meses, com margem de tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos.

A diferença está no período de coleta de preços e na abrangência geográfica. Na prévia, a pesquisa é feita e divulgada antes mesmo de acabar o mês de referência. Em relação à divulgação atual, o período de coleta foi de 14 de junho a 15 de julho.

Ambos os índices levam em consideração uma cesta de produtos e serviços para famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. Atualmente o valor do mínimo é R$ 1.518.

O IPCA-15 coleta preços em 11 cidades do país (as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.); e o IPCA, 16 localidades (Vitória, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju). O IPCA cheio de julho será divulgado em 12 de agosto.

MINERAÇÃO

Brasil Mineral - SP   28/07/2025

Samarco registra produção recorde de 3,9 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro no segundo trimestre de 2024, o maior volume desde sua retomada operacional.

A Samarco produziu volume recorde de 3,9 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro – o maior volume desde a sua retomada operacional, em dezembro de 2020. É também o segundo trimestre consecutivo em que a mineradora bate recorde de produção.

A produção recorde no 2º trimestre representou um crescimento de 91% na comparação anual e de 22% frente ao 1º trimestre deste ano, que tinha sido de 3,2 milhões de toneladas. O resultado foi alcançado com a conclusão do ramp-up (alcance gradual) dos 60% da capacidade produtiva instalada. “Esses resultados confirmam que o nosso ramp-up foi bem-sucedido. Alcançamos uma produção recorde de pelotas e finos de minério de ferro com práticas sustentáveis, mantendo nossa função social e cumprindo o que estava previsto no nosso plano de negócios”, afirmou o diretor de Estratégia, Financeiro e Suprimentos, Gustavo Selayzim.

Valor - SP   28/07/2025

Contratos para setembro, os mais negociados, fecharam cotados a US$ 112,16 por tonelada

A falta de novos catalisadores faz os futuros do minério caírem e evidencia a dificuldade de impulsionar os preços ainda mais, dado que as perspectivas do mercado para demanda por aço bruto são relativamente racionais, dizem os analistas citados pelo Dow Jones Newswires.

Os contratos do minério de ferro para setembro, os mais negociados, fecharam em queda de 1,11% na Bolsa de Dalian, cotados a 802,50 yuan (US$ 112,16) a tonelada.

AUTOMOTIVO

Globo Online - RJ   28/07/2025

Pelas ruas de Los Angeles, nos Estados Unidos, carros autônomos, sem motoristas, já circulam como táxis, transportando passageiros. A Waymo, empresa do Google, expandiu seu serviço de robotáxis para a cidade, além de já operar em São Francisco e Phoenix. Na China, em Wuhan e Pequim, a Baidu, conhecida como o “Google chinês”, oferece o serviço de robotáxis Apollo Go, e planeja expandir para mais de 100 cidades até 2030.

Essas novidades sinalizam que o carro autônomo será o ápice de um futuro que já começa a ser desenhado, mas que ainda levará tempo até ser atingido plenamente.

— Com carros cada vez mais conectados, a tendência, no futuro muito próximo, é essa evolução na autonomia aumentar muito, até a etapa de não termos mais condutores nos veículos — avalia Igor Calvet, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as montadoras instaladas no Brasil.

Os primeiros passos dessa mudança já estão sendo dados velozmente, com carros cada vez mais recheados de tecnologia, conectados e movidos por eletricidade, na busca pela redução das emissões de carbono.

A eletrificação, segundo especialistas, é a maior transformação dessa indústria desde sua criação, no século XIX. No mundo, estima-se que as montadoras vão investir US$ 1 trilhão até 2030 para produzir milhões de carros eletrificados, incluindo investimento em baterias e produção de lítio para confeccioná-las.

— Um motor a combustão tem entre 2 mil e 3,5 mil componentes. No elétrico, são entre 200 e 300 peças. Isso tem como consequência fábricas com menos trabalhadores, mais automação e maior facilidade de manutenção desses veículos. O desafio é produzir baterias mais baratas e reduzir o preço final desses carros — observa Jorge Antonio Martins, coordenador dos cursos automotivos da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Estima-se que, no Brasil, cerca de 80% dos veículos leves terão algum nível de eletrificação até 2040, segundo uma pesquisa da Anfavea, em conjunto com a consultoria BGC. O presidente da associação observa que ainda não se sabe qual tecnologia deve prevalecer no país, se a de veículos híbridos, híbridos plug in ou elétricos puros.

Por enquanto, os híbridos saem na frente, já que a infraestrutura de carregamento para os elétricos puros ainda é fator de receio entre os consumidores, assim como o valor de revenda do carro. O dado mais recente da Anfavea mostra que, entre os veículos vendidos no país, a parcela dos eletrificados já representa 10,6%, com híbridos e híbridos plug in liderando as preferências. Mas Calvet observa que tanto aqui quanto globalmente, o mundo ainda será multipropulsão por anos, com veículos a combustão coexistindo com os eletrificados.

Investimentos no país

Com seu mercado que permite escala (anualmente, o país vende cerca de 2,5 milhões de veículos), o Brasil está numa briga global por investimentos nessas novas tecnologias. As montadoras já instaladas no país anunciaram que, até 2030, vão desembolsar R$ 180 bilhões no desenvolvimento de projetos.

Programas do governo federal, como o Mover, que oferece incentivos fiscais para estimular a produção de veículos mais “verdes”, além da cobrança de menos imposto de quem polui menos, como o IPI Verde, têm trazido mais previsibilidade ao setor e ajudado no desenvolvimento dessas tecnologias de transição.

A indústria automotiva, que foi dominada sempre por europeus e americanos, assistiu aos chineses aproveitarem uma brecha para ganhar mercado. Com carros elétricos cheios de tecnologia, a China espalhou seus produtos pelo mundo e pisou no acelerador da transição para os chamados “carros verdes”. Duas gigantes chinesas, inclusive, a BYD e a GWM, estão investindo no Brasil, para produzir localmente.

— A Anfavea vê com bons olhos a produção local. Mas a entrada dos carros chineses no Brasil, de maneira abrupta, promoveu um desequilíbrio concorrencial. São veículos que vêm de fora, com tarifas baixas de importação, e tem subsídios por trás — diz Calvet.

As duas montadoras chinesas, BYD e GWM, prometem investir quase R$ 10 bilhões para fabricar seus carros no país. Dentro de algumas semanas, a GWM vai inaugurar a sua primeira fábrica no Brasil, no interior de São Paulo, num investimento que totaliza R$ 4 bilhões, até 2026. Serão produzidos o SUV Haval 6 e a picape Poer.

A montadora revela que se trata do primeiro ciclo de investimento no país, etapa que inclui o início da produção e avanços em pesquisa e desenvolvimento. A GWM também vai montar um centro de engenharia, cujo anúncio será feito ainda neste ano.

— No Brasil, estamos vendo uma procura muito forte para os veículos híbridos, e híbridos plug-ins principalmente. No caso dos elétricos, há demanda, mas ainda temos algumas questões de infraestrutura, que estão avançando com a chegada dos carregadores mais potentes e rápidos — conta Ricardo Bastos, diretor de Assuntos Institucionais da GWM Brasil.

A BYD já inaugurou sua unidade na Bahia, em Camaçari, onde vai produzir o SUV Song Plus, um híbrido plug in, e o elétrico Dolphin Mini. O objetivo da BYD é produzir 150 mil unidades inicialmente, e subir para 300 mil/ano. Quando estiver totalmente operacional, o projeto deve gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos, prevê a montadora.

— O que estamos vendo hoje, na Bahia, é um marco na reindustrialização do país e um grande salto tecnológico — afirmou Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD no Brasil e chefe Comercial e de Marketing.

Conglomerado que detém as marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, a Stellantis anunciou o maior investimento da história do setor no Brasil e na América do Sul, com desembolso de R$ 32 bilhões entre 2025 e 2030, destinados ao lançamento de 40 novos produtos. Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para América do Sul, explica que esse aporte contempla o desenvolvimento das tecnologias Bio-Hybrid (que combinam motores elétricos e a combustão, utilizando etanol).

—Com uma matriz energética privilegiada, o Brasil tem a oportunidade de trilhar um caminho próprio no processo de descarbonização, fazendo valer uma vantagem competitiva que é o etanol e a energia elétrica de fonte renovável — afirma Cappellano.

Desafio para vender

Para os executivos dessas montadoras, entraves como o domínio de novas tecnologias e deficiências de infraestrutura para carregamento dos carros elétricos vêm sendo superados no Brasil. Mas a indústria automotiva tem um desafio também do lado do consumidor: boa parte das novas gerações, que utilizam os aplicativos para se locomover nas grandes cidades, não quer ter a propriedade do veículo.

— Isso é uma grande tendência e ninguém sabe exatamente como ficará essa questão, que muda também a forma de vender carros — pontua Igor Calvet, da Anfavea.

COMO O GLOBO VIU

A indústria automotiva estava nas páginas do GLOBO desde sua primeira edição. A manchete histórica, naquele dia 29 de julho de 1925, estampava: “Voltam-se as vistas para a nossa borracha”. Havia a expectativa de que o empresário americano Henry Ford desembarcasse no país para anunciar investimentos numa fábrica de borracha, no Pará.

As vendas de automóveis já sinalizavam o gosto do consumidor brasileiro pelos carros. Entre 1922 e 1923, o total de carros importados subiu de 2.772 para 12.995 unidades, mostrou O GLOBO em sua primeira edição.

A cobertura do setor automotivo intensificou-se no GLOBO a partir de julho de 1933, quando o jornal ganhou sua primeira coluna sobre o assunto chamada “Automobilismo”. Os temas eram principalmente ligados ao exterior, mas também havia algumas notas de conteúdo nacional e testes com acessórios.

No segundo governo de Getulio Vargas, o então presidente restringiu a importação de veículos para estimular a indústria nacional. Essa virada foi refletida nas páginas do jornal, que aumentou o número de reportagens sobre o setor.

Em 1956, o primeiro veículo produzido localmente foi a Isetta, fabricado pela nacional Romi. O GLOBO já havia antecipado os planos da empresa meses antes do início da produção. Nessa época, o jornalista Mauro Salles criou a coluna semanal "Automóveis, Lanchas, Motos e Aviões", que caiu no gosto dos leitores e tornou-se uma referência para o jornalismo automotivo brasileiro.

— Falar de automóveis era tabu na imprensa nacional. Na época, muitos jornais brasileiros consideravam as informações sobre automóveis, propaganda ou entretenimento — lembrou Salles, em uma entrevista publicada em 2005.

Pela primeira vez na imprensa brasileira, antes mesmo das chamadas revistas especializadas, a coluna fez testes com veículos, algo inovador na época.

Em 1962, O GLOBO fez a primeira cobertura de um Salão Internacional do Automóvel, em Paris.

Os carros continuaram na pauta do jornal pelas décadas seguintes, em colunas e suplementos como “Veículos e Transportes”, “Auto-Moto” e “CarroEtc”. Agora, com a transição para a indústria dos chamados “carros verdes”, que demandam investimentos bilionários, o assunto tem ganhado cada vez mais espaço nas páginas de Economia.

O Estado de S.Paulo - SP   28/07/2025

A indústria automotiva brasileira vai rever a projeção de investimentos de R$ 180 bilhões se o governo Lula aceitar os pleitos da empresa chinesa BYD para reduzir tarifas de importação. A informação é do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, em entrevista exclusiva à Coluna do Estadão.

Em fevereiro, a BYD pediu ao governo a redução de imposto de importação dos kits SKD (Semi Knocked Down, ou literalmente semipronto) e CKD (Completely Knocked Down), de 5% para carros elétricos e 10% para híbridos. Hoje, as taxas estão em 20% para híbridos e 18% para elétricos. Os sistemas que trazem os carros quase prontos para o País serão usados na fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia.

“Se mudar as regras do jogo, as empresas instaladas no País reavaliam, obviamente, todos os investimentos que foram anunciados”, afirmou Calvet. “Esses recursos (programados até 2030) são absolutamente importantes para o País, no sentido de agregar o valor à produção nacional, que não é uma mera montagem, não é um mero apertar parafusos”, complementou.

O pleito da BYD será avaliado pelo Comitê-Executivo de Gestão, da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que reúne 11 ministérios. A reunião está prevista para o próximo dia 30, véspera do início do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Isso ser feito em uma semana em que já se sabe que haverá uma confirmação ou não das tarifas dos Estados Unidos reforça um pouco mais negativamente (a preocupação). Nós estamos num jogo bastante atribulado. Por um lado o mercado americano que é muito importante para parte do setor automotivo brasileiro e, também, lidando com essas questões de importação que tanto nos aflige”, ressaltou.

Igor reclamou da “importação maciça” de veículos que já vêm ocorrendo no País. Disse que foram 228 mil emplacamentos somente neste ano. Destacou, ainda, que a indústria automotiva nacional já enfrenta queda de 6,5% na produção nos primeiros seis meses deste ano, redução de 10% na venda do varejo, na comparação com o ano passado, e fechou o mês passado com perda de 600 empregos.

“Então, nesse contexto, não quero crer que o governo decidirá contra a política industrial, portanto a favor de uma redução de alíquota de imposto para algo que vá desfavorecer a industrialização brasileira. Me parece contraditório com as políticas anunciadas pelo governo federal”, avaliou.

Nesta entrevista, ele ainda analisou o cenário de concorrência e considerou que os números de produção da indústria brasileira ficarão maquiados. “Você vai produzir no País algo que é só montar e você pode virar uma grande maquila - empresas maquiladoras que realizam a manufatura parcial, encaixe ou empacotamento de um bem sem que sejam as fabricantes originais”, concluiu.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista

Revisão de investimentos

“Nós anunciamos investimentos da ordem de R$ 180 bilhões. Uma decisão que, eventualmente, diminua a alíquota dos impostos de importação, tal como pedido pela BYD, fará com que esses investimentos sejam revistos. Esses recursos são absolutamente importantes para o País, no sentido de agregar o valor à produção nacional, que não é uma mera montagem, não é um mero apertar parafusos. Ao mudar as regras do jogo, as empresas instaladas no País reavaliam, obviamente, todos os investimentos que foram anunciados. É uma grande mudança. Nos R$ 180 bilhões estão incluídos também a indústria de autopeças. Mais ou menos R$ 50 bilhões”.

Impacto da importação de elétricos e híbridos

“Nós tivemos, no último mês, uma queda de produção (nacional) na ordem de 6,5%. Na venda no varejo, nós caímos 10% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Os produtos nacionais, inclusive os que usam biocombustíveis, caíram no mercado, enquanto as importações avançaram. Já tivemos o emplacamento de 228 mil automóveis importados só nos primeiros seis meses deste ano. Isso significa uma fábrica de porte médio para grande. Uma fábrica que emprega, em média, cinco mil trabalhadores.

Expectativa sobre a decisão

“Nesse contexto, de queda de produção, de queda no mercado no varejo dos automóveis nacionais, da entrada maciça de importações, não quero crer que o governo decidirá contra a política industrial, portanto a favor de uma redução de alíquota de imposto para algo que vá desfavorecer a industrialização brasileira. Me parece contraditório com as políticas anunciadas pelo governo federal. Não me parece apropriado não só para as montadoras e fabricantes nacionais, nem para os trabalhadores, muito menos para a indústria de autopeças”.

Impacto futuro (Se forem autorizadas as tarifas de 5 e 10%)

Na China o imposto para se fazer CKD e SKD é 15%. Então o pedido é inclusive de taxa menor do que é praticada na China. Essa redução é na ordem de dez pontos porcentuais. Imagina que os veículos estão sendo importados prontos a 25%. Quando vier SKD e CKD a 10 ou 5% vai haver uma expansão. Hoje já há emplacamento de 228 mil veículos. Então vamos ver uma expansão de uns 30% a mais desses veículos, sendo apenas parafusados no País. E terá queda de produção associada. Agora esses números são preliminares. Não vai ter autopeças associadas.

Produção nacional

No momento que isso for feito (a redução da tarifa e aumento do sistema SKD e CKD no Brasil), essa produção em largo volume será considerada produção nacional. E é muito difícil dizer isso, porque estaremos produzindo aqui, mas é produção de baixa sofisticação. Você vai produzir no País algo que é só montar e você pode virar uma grande maquila - empresas maquiladoras que realizam a manufatura parcial, encaixe ou empacotamento de um bem sem que sejam as fabricantes originais. É isso que não podemos deixar acontecer. Pode ter risco de aumentar a importação de kits também. Pode acontecer a pilhagem do mercado brasileiro com fachada de produção nacional. Haverá desequilíbrio concorrencial muito grande.

Valor - SP   28/07/2025

Montadora alemã apresentou uma proposta na qual investiria nos EUA em troca de concessões tarifárias

A Volkswagen disse que as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já custaram à empresa US$ 1,5 bilhão. Agora, ela tem uma solução, uma oferta à Casa Branca que poderia trazer a produção de sua marca Audi para os EUA pela primeira vez.

A montadora alemã apresentou, nesta sexta-feira (25), uma proposta na qual investiria nos EUA em troca de concessões tarifárias. A medida veio no momento em que a empresa teve uma forte queda nos lucros do primeiro semestre e reduziu sua projeção anual em meio à incerteza comercial.

Em abril, Trump impôs uma tarifa de 25% sobre as importações globais de automóveis, somando-se a uma taxa existente de 2,5%. O novo imposto virou de cabeça para baixo uma indústria que opera com margens apertadas e depende de cadeias de suprimentos globais.

Enquanto o Reino Unido e o Japão já fecharam acordos para tarifas mais baixas, a União Europeia ainda não garantiu um.

Nesta sexta-feira, o diretor-presidente da Volkswagen, Oliver Blume, disse que um acordo entre a empresa e o governo Trump seria centrado em investimentos que a montadora poderia fazer nos EUA. “É um pacote escalável, que no final, claro, dependerá do que recebermos em troca”, disse.

A Volkswagen está considerando trazer a produção de sua marca Audi para os EUA, que atualmente é importada da Europa e do México. Blume disse que a empresa apresentou uma oferta detalhada ao governo que veria a carga tarifária sobre a montadora reduzida em um dólar para cada dólar que ela investe no país. A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Volkswagen, que busca aumentar sua modesta participação de mercado de 5% nos EUA, já se comprometeu a fazer grandes investimentos no país, incluindo um acordo de mais de US$ 5 bilhões com a Rivian e uma fábrica de US$ 2 bilhões na Carolina do Sul para a marca Scout.

As tarifas são o mais recente obstáculo para a indústria. A Volkswagen disse, nesta sexta-feira, que, além dos custos tarifários de 1,3 bilhão de euros, seu lucro operacional no primeiro semestre foi atingido por 700 milhões de euros em encargos de reestruturação.

No geral, o lucro operacional do primeiro semestre caiu um terço, para 6,7 bilhões de euros, com receita praticamente estável em 158 bilhões de euros.

A Volkswagen agora projeta que as vendas anuais fiquem em linha com as do ano passado, com um retorno operacional sobre as vendas entre 4% e 5%, abaixo da projeção anterior de 5,5% a 6,5%. A empresa disse que a extremidade inferior da meta assume que as tarifas atuais de 27,5% continuarão, enquanto a extremidade superior assume uma redução para 10%.

O diretor financeiro, Arno Antlitz, afirmou que uma taxa de 15% provavelmente colocaria os resultados anuais no meio da faixa de projeção.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   28/07/2025

O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção e Mineração prevê uma pequena redução de máquinas da linha amarela (movimentação de terra) em 2025 em relação a 2024.

São estimadas 35,8 mil unidades comercializadas neste ano contra 36,6 mil equipamentos vendidos no ano passado. O coordenador do estudo, Mario Miranda, afirmou, durante o Radar Tendências, transmitido no dia 24 de julho, que a quantidade de máquinas comercializadas é a terceira maior da série histórica, apenas atrás do volume vendido em 2022 (recorde) e em 2024.

As escavadeiras hidráulicas devem ser o destaque nas vendas de equipamentos neste ano, com um percentual 15% superior a 2024, alcançando mais de 9.4 mil unidades vendidas, enquanto as pás-carregadeiras devem apresentar uma nova queda nas vendas.

“Percebemos um crescimento expressivo de escavadeiras pesadas, voltadas à produção, com estabilidade para as escavadeiras de 20 toneladas, que são consideradas um canivete suíço”, avaliou Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e
Mineração (Sobratema).

Alberto Silva, CEO do Grupo Lafaete, acrescentou que houve um aumento na demanda para escavadeiras de 50 toneladas juntamente com os caminhões fora de estrada.

“Esse crescimento está ligado a uma maior oferta de novos fabricantes com preços competitivos, enquanto a queda das pás pode ter relação com a substituição desse tipo de máquina pelas escavadeiras”, explicou.

Em relação as vendas totais de equipamentos para construção, o Estudo Sobratema estima uma queda também de 2% em 2025 diante de 2024, chegando a 57,8 mil equipamentos comercializados neste ano ante quase 59 mil unidades vendidas no ano passado.

Miranda ponderou que, mesmo assim, é possível perceber um crescimento sustentável do setor nos últimos cinco anos (2021-2025).

No primeiro semestre deste ano, as vendas se destinaram à construção (37%), seguido pela outras áreas, incluindo mineração (25%), locação (23%), e agronegócio (15%).

Entretanto, na percepção dos dealers, o setor de locação lidera as vendas, à frente da construção pesada, agro, mineração e construção leve.

Desafios, investimentos e frota - A taxa de juros elevada, a dificuldade de obter crédito, as flutuações econômicas e mudanças nas políticas públicas são desafios que influenciam nos investimentos dos compradores de máquinas e trazem impacto ao setor.

“Para conter o processo inflacionário, escolheu-se a política de juros alto, que representa um desestímulo ao investimento e à inovação, além de
afetar o crescimento econômico. No setor de locação, cujo principal investimento está na aquisição da máquina, o custo do financiamento tem um grande peso, que não pode ser, muitas vezes repassado, pois inviabiliza o negócio”, comentou o economista Fernando Garcia de Freitas, sócio-diretor da Ex Ante Consultoria Econômica.

O Estudo de Mercado apontou que 87% das locadoras, construtoras e serviços responderam que o volume de negócios no primeiro semestre deste ano foi mais ou menos igual ou maior em relação ao mesmo período de 2024 e 70% disseram que alcançaram um resultado mais ou menos ou melhor do que o planejado.

Em relação aos investimentos feitos para aquisição de máquinas, 61% dos respondentes utilizaram a capital próprio, enquanto 19% de CDC, e 10%
FIname.

“Fiquei surpreso com esse percentual e tenho uma certa preocupação em longo prazo, pois o setor é intensivo em capital e não tem como as empresas fazerem esses investimentos usando capital próprio, pois ele tem um custo e precisa ser remunerado. É uma questão complexa”,
destacou Silva.

Para o economista da Ex Ante, a construção civil tem buscado maior mecanização para o aumento da produtividade e caminhou naturalmente para o uso de recursos próprios.

“Mas, no longo prazo, é necessário o capital de terceiros. E, isso está atrelado à questão da redução da Selic”, explanou. Em relação à taxação de 50% do governo dos Estados Unidos ao Brasil, ele ponderou que dois setores podem ser fortemente afetados: o aeroespacial e o de máquinas,
como tratores voltados à agricultura, construção e outros, cujo mercado americano tem uma representatividade nas exportações.

Miranda avaliou ainda a percepção dos usuários de equipamentos para a economia brasileira, o setor da construção e suas próprias empresas. O resultado foi otimismo apenas para as empresas, com cautela para a construção e pessimismo pela economia nacional. Outros dados trazidos foram: a frota das construtoras, locadoras e serviços cresceu para 57% dos respondentes e ficou estável para 30%; e no primeiro semestre de 2025, apenas 14% da frota esteva parada.

O Radar Tendências foi aberto pelo engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema, que enfatizou o novo formato, mais interativo e dinâmico, e a utilização de novos recursos, mas preservando a qualidade das informações, o rigor de dados e a credibilidade das fontes, e contou com o patrocínio da Addiante, Komatsu, Sotreq, JCB e Trimble.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   28/07/2025

A taxa atual de juros, em 15% ao ano, também é parte da explicação

As prévias das incorporadoras no segundo trimestre, divulgadas neste mês, permitem ver um crescimento dos lançamentos e das vendas na primeira metade do ano, em valor comercializado. Levantamento com dados de 15 incorporadoras mostra alta de 49% nos lançamentos e de 13% nas vendas, na comparação com o mesmos período de 2024.

Outro indicador, que costuma antecipar a tendência do setor, aponta para um movimento contrário. O Registro de Novas Obras Iniciadas, obtido por meio do Cadastro Nacional de Obras (CNO), do Ministério da Economia, mostra uma queda de 6,2% nas novas construções imobiliárias iniciadas nos primeiros seis meses do ano, que somaram 71,8 mil obras. Ao se considerar apenas o mês de junho, a queda é maior, de 8,2%.

Fábio Moraes, economista e sócio da consultoria E2+, afirma que a queda era esperada, mas “talvez não nessa intensidade”. A empresa compilou o dado em seu relatório de julho sobre construção civil.

Moraes pondera que a queda se dá sobre uma base elevada, porque o volume de novas obras iniciadas cresceu 19% de 2023 para 2024. A taxa atual de juros, em 15% ao ano, também é parte da explicação. “Estamos em patamar elevado de juros há bastante tempo. O patamar atual é restritivo”, diz, lembrando que “esfriar crédito e demanda” é o objetivo do Banco Central.

O setor imobiliário reage “de forma mais direta” a aumentos no custo de capital, afirma, embora haja uma defasagem no tempo que esse impacto leva para ser sentido — tanto que o setor continuou crescendo no último ano.

A taxa de juros mais alta dificulta o acesso do cliente ao imóvel, mas principalmente o acesso do desenvolvedor ao crédito para financiar a construção. “Se não tiver solução para isso, pode impactar nos lançamentos, e aí quem tem [acesso ao] ‘funding’, empresas de balanço forte, ganha mais ‘market share’”, afirma Fanny Oreng, que lidera a equipe de analistas de mercado imobiliário do Santander.

De acordo com a E2+, todas as regiões brasileiras tiveram queda nas novas obras: os recuos foram de 6,4% no Sudeste, 7,8% no Sul, 8% no Norte, 4,1% no Centro-Oeste e 4,3% no Nordeste. As licenças para novos lançamentos imobiliários também entram nesse registro.

Para Moraes, o setor deve manter um ritmo mais moderado de atividades pelo menos até meados de 2026, e até que haja uma reversão clara da política monetária, com queda de juros.

Enquanto isso, nem todo o setor passa por problemas. As obras do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) têm liderado os novos projetos e “são alternativa que ajuda a sustentar a atividade no curto prazo”. O alto padrão também tem público mais resiliente.

O custo para se construir tem ficado comportado, segundo o indicador de Custo Médio do Metro Quadrado, do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, que a E2+ também compila em seu relatório. O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) acumula alta de 7,19% em 12 meses até junho, ante 3,77% em junho de 2024, mas isso é pouco perto dos aumentos de 30% vistos na pandemia. Porém, o preço dos materiais não teve queda desde aqueles incrementos, destaca Moraes.

Outros indicadores da saúde do setor imobiliário seguem positivos, como o da venda de cimento, que cresceu 3,5% até junho, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), e o faturamento do setor de material de construção, que cresceu 2,2% no período, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).

A guerra tarifária iniciada pelo governo dos Estados Unidos pode ter impactos indiretos na construção, como em um eventual aumento do preço do cimento, caso o Brasil adote a reciprocidade tarifária. Bernardo Jannuzzi e Flávio Guimarães, do Snic, lembram que 40% do custo do material vem do combustível usado nos fornos, e que 70% desse combustível é importado por meio dos Estados Unidos.

Já o preço do aço pode cair, se as siderúrgicas tiverem que destinar parte das exportações ao mercado doméstico, afirma Moraes. “É uma conta que não dá para ter previsão ainda, precisamos esperar um pouco mais”, diz. Também é cedo para saber se isso vai prolongar o período de juros altos.

Em agosto, as incorporadoras de capital aberto divulgam seus balanços financeiros do segundo trimestre. Com base nos dados operacionais, Oreng afirma esperar uma boa série de resultados. “Devemos ver números decentes”, diz, ressaltando que há “menos espaço para surpresa”.

CNN Brasil - SP   28/07/2025

O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aprovou, nesta quinta-feira (24), uma suplementação de R$ 10 bilhões do orçamento para habitação em 2025, que passou de R$ 126,8 bilhões para R$ 136,8 bilhões.

Os recursos adicionais serão destinados ao programa de Apoio à Produção de Habitações - Pessoa Jurídica (PJ).

No fim de julho, esse programa já estava com 89% dos recursos executados (R$ 19,6 bilhões do total de R$ 21,9 bilhões do limite até então vigente), segundo o Ministério das Cidades.

"Os recursos estão praticamente esgotados. Nos próximos dias, já deve haver um esgotamento", argumentou o coordenador de acompanhamento do FGTS do Ministério das Cidades, Gustavo Piccinini Dullius, ao defender a suplementação.

Foram mantidos os atuais orçamentos para a área de saneamento (R$ 7,5 bilhões), de infraestrutura (R$ 8 bilhões) e de subsídio (R$ 12 bilhões).

Distribuição do lucro do FGTS

Na mesma reunião, o conselho aprovou a destinação de R$ 12,9 bilhões do lucro do FGTS em 2024 aos trabalhadores, conforme mostrado pelo Broadcast.

O valor representa 95% do resultado obtido pelo fundo no ano passado (R$ 13,6 bilhões).

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   28/07/2025

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) deu início nesta quarta-feira à elaboração de projeto básico para a construção do contorno ferroviário do município de Cruz Alta, região Noroeste do Rio Grande do Sul. O empreendimento inclui a implantação de um novo pátio para mitigação de conflitos ferroviários com o sistema viário no perímetro urbano e Obras de Arte Especiais (OAEs).

Com investimento de aproximadamente R$ 8,3 milhões do Governo Federal, o projeto básico contemplará a construção do Contorno I com extensão de 18,69 quilômetros, incluindo dois viadutos ferroviários ao longo do contorno que serão projetados sobre as rodovias; a construção do Contorno II com a extensão de 11,10 quilômetros, incluindo também dois viadutos ferroviários sobre as rodovias; a implantação do novo pátio ferroviário de Cruz Alta; a mitigação de conflitos ferroviários com o sistema viário no perímetro urbano; e estudos ambientais necessários visando a obtenção das licenças ambientais. Esses cerca de 30 quilômetros irão substituir os cerca de 45 quilômetros da extensão atual.

Esse projeto, visando uma futura construção, tem uma visão a longo prazo, de acordo com o diretor de Infraestrutura Ferroviária, Eloi Palma Filho. “Hoje a ferrovia passa dentro de Cruz Alta. Com o contorno ferroviário, o tráfego será desviado por fora, de maneira segregada. Além disso, a concepção do empreendimento já está visando a futura a implantação da Ferrovia Norte-Sul, que começa no Maranhão e faz a ligação com o estado de São Paulo. Posteriormente, deverá ser estendida até Paraná, Santa Catarina e o porto de Rio Grande, passando por Cruz Alta”, explicou.

O projeto da via férrea será em bitola mista, contemplando ambos os padrões atuais. Os terminais de transbordo da malha ferroviária que estão localizados no Rio Grande do Sul atendem a demanda de commodities agrícolas: soja e farelo de soja, combustíveis e derivados, produtos agrícolas, açúcar, contêineres, adubos e fertilizantes, produtos de extração vegetal e celulose, cimento e produtos industrializados para construção civil.

Atualmente, o município de Cruz Alta possui o maior volume de embarque de tonelada por quilômetro útil de soja (TKU) de soja, milho e trigo do estado do Rio Grande do Sul, assim como é o destino de considerável volume de cargas de outros produtos.

Em abril, a prefeita Paula Facco Rubin Librelotto comemorou a contratação do projeto do contorno ferroviário de Cruz Alta. “Formamos uma comissão com os moradores da beira-trilho para que suas demandas fossem ouvidas e atendidas. Buscamos sempre soluções que promovam a qualidade de vida e a segurança em nossa cidade. Essa licitação (que agora se transformou na elaboração do projeto) é o início da história de muito esforço e luta da população envolvida, e ainda há muito a ser feito”, declarou a prefeita.

Jota - DF   28/07/2025

Está em discussão a minuta do novo Regulamento das Condições Gerais de Transporte Ferroviário (CGTF) da ANTT. A proposta será objeto da Reunião Participativa 9/2025, com prazo de contribuições aberto até o próximo dia 10 de agosto. Identificamos uma oportunidade ímpar para que a regulação do setor ferroviário avance em busca de maior eficiência e modernidade.

Um dos principais méritos do novo Marco Regulatório é a consolidação de normas dispersas, eliminando sobreposições e conflitos regulatórios, visto que, atualmente, diversos aspectos do setor são regulamentados por múltiplas resoluções, o que gera insegurança e complexidade desnecessária.

É o caso da temática de autorizações ferroviárias, introduzida pela Lei de Ferrovias (Lei 14.273/2021) e regulamentada pelas Resoluções ANTT 5.987/2022 e 6.058/2024. A unificação dessas regras facilitará a interpretação e a aplicação das normas, reduzindo custos de compliance regulatório.

Além disso, a proposta avança em aspectos inovadores, com a regulamentação de pontos antes não detalhados. Dentre os destaques, a minuta estabelece com clareza os documentos e informações necessários para requerer autorizações, agilizando a análise pela ANTT e reduzindo subjetividades.

O texto também desenvolve as hipóteses de extinção de autorizações, com detalhamento das condições de caducidade e com a introdução da vedação de novas autorizações por cinco anos em caso de extinção por cassação. Trata-se de coibir más práticas e reforçar a responsabilidade das operadoras, ao mesmo tempo em que se assegura maior segurança jurídica ao detalhar as possibilidades de extinção introduzidas na Lei de Ferrovias.

Apesar dos avanços, a minuta em debate ainda apresenta aspectos passíveis de melhoria, e o período de contribuições é o momento ideal para propor ajustes.

Vemos como muito pertinente que se estabeleça limites claros para modificações contratuais unilaterais, já que a redação proposta dispõe sobre essa possibilidade sem detalhamentos (art. 18). Seria possível pensar, a título exemplificativo, na inclusão de dispositivos que condicionem a hipótese de alteração unilateral pela ANTT de forma similar às previsões constantes da lei de licitações.

De forma similar, também gera alguma preocupação a abertura irrestrita para modificação contratual de média complexidade sem previsão de reequilíbrio econômico-financeiro (art. 29). Melhor seria caso o termo aditivo fosse prescindível apenas para hipóteses de alteração contratual sem impacto na equação financeira do contrato.

Caberia ainda aproveitar a oportunidade para avançar na consolidação de normas mais afeitas à maior liberdade econômica inerente ao regime de direito privado das autorizações ferroviárias. Devem ser pensados incentivos para ampliação de investimentos em modernização e recapacitação da infraestrutura ferroviária.

Não parecem relevantes os ganhos em obrigar a obtenção de autorização prévia do Regulador para realização de investimentos que impliquem maior capacidade de movimentação da ferrovia autorizada (art. 84). Sequer nos parece necessário vincular a autorizatária a um cronograma fixo, a ser apresentado à ANTT, de implementação de projetos na ferrovia autorizada. A ferrovia autorizada deve ser administrada pela autorizatária em regime o mais próximo possível de um ativo privado.

O novo CGTF representa um salto qualitativo na regulação ferroviária brasileira, com potencial para desburocratizar processos, atrair investimentos e modernizar a operação. É fundamental que as contribuições da sociedade e do setor produtivo sejam consideradas para garantir um texto equilibrado e eficaz. Essa é a oportunidade para construir uma regulação que una modernidade, eficiência e liberdade econômica.

NAVAL

Porto Gente - SP   28/07/2025

A Autoridade Portuária de Santos (APS) abriu licitação para contratar a dragagem de aprofundamento do canal de navegação do Porto de Santos. A nova profundidade será de 16 metros, atendendo a uma necessidade do mercado de navegação e ampliando a capacidade do complexo portuário.

"Atendemos assim uma necessidade do mercado internacional. É o primeiro passo para, na sequência, buscarmos uma concessão para o aprofundamento para 17 metros e manutenção do canal por 25 anos ou mais", afirmou o presidente da APS, Anderson Pomini.

O edital foi publicado no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (23/07). A abertura das propostas será no dia 26 de setembro. Além do aprofundamento, a contratação prevê também a dragagem de manutenção do novo gabarito por um período de dois anos.

Podem participar da concorrência, nos termos do edital, empresas ou consórcios. A contratação será para o procedimento desde o licenciamento ambiental, execução dos projetos básico e executivo e a dragagem propriamente dita.

O aprofundamento do canal do Porto de Santos será feito depois de 13 anos da última obra, quando a profundidade foi aumentada para 15 metros. Neste período, os navios evoluíram e exigem maior calado. Com essa obra, a APS visa garantir aos usuários do complexo portuário melhor infraestrutura.

O edital completo, com termo de referência e demais documentos, pode ser encontrado no site do Porto de Santos.

 

Valor - SP   28/07/2025

A Índia lançou um plano ambicioso para construir portos de grande porte e abrir novas rotas marítimas, buscando aproveitar a realocação de empresas que estão se afastando da China devido às disputas geopolíticas com os Estados Unidos.

O Porto Jawaharlal Nehru — também conhecido como Porto Nhava Sheva — é o segundo maior da Índia em volume de contêineres movimentados. Localizado próximo a Mumbai, está sendo renovado com um empréstimo de US$ 131 milhões do Banco Asiático de Desenvolvimento e outros parceiros.

Portos existentes como esse têm espaço limitado para expansão. Em fevereiro, o governo e o setor privado — incluindo o operador do Nhava Sheva — anunciaram planos para construir um novo porto em Vadhavan, ao norte de Mumbai.

Com um investimento de 210 bilhões de rúpias (cerca de US$ 2,43 bilhões na cotação atual), a Índia pretende transformá-lo em um dos dez maiores portos do mundo, à medida que o comércio global se volta para a região do Oceano Índico, que abriga quase um terço da população mundial.

A maior parte do transporte global de contêineres segue rotas que conectam a Ásia aos EUA e à Europa. Navios que partem de portos asiáticos normalmente passam por centros internacionais como Xangai — o maior porto do mundo em volume de contêineres — e Cingapura, o segundo maior, seguindo depois diretamente para os EUA ou Europa.

Até agora, os portos indianos funcionavam como “ramificações” de portos centrais. No entanto, em maio de 2024, a MSC (Mediterranean Shipping Company), maior empresa de transporte de contêineres do mundo, atracou um navio de grande porte com capacidade para 19.200 TEUs (Twenty-foot Equivalent Unit, unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) no Porto de Mundra, no oeste da Índia. No ano passado, um navio ultragrande de 24.000 TEUs fez escala no Porto de Vizhinjam, no sul do país.

Atualmente, a MSC opera uma rota principal de Qingdao (China), passando por Busan (Coreia do Sul) e Xangai até Barcelona (Espanha), com navios de 20.000 TEUs, tendo adicionado temporariamente Vizhinjam como escala. A empresa continua usando Vizhinjam em outra rota de retorno da Europa para a Ásia. Incluir uma escala regular para navios de 20.000 TEUs é um grande passo para uma companhia de transporte.

“Até agora, navios ultragrandes de 20.000 TEUs só podiam partir diretamente de Xangai ou Cingapura para a Europa ou América do Norte,” disse Gentaro Hara, vice-diretor do grupo de pesquisa da empresa japonesa NYK Line. “Agora, uma nova rota foi aberta para a Índia.”

“No futuro, pode ser criada uma rota direta da Índia para a costa leste dos EUA para navios de 20.000 TEUs,” acrescentou Hara.

As exportações do Leste e Sudeste Asiático para a Índia e o Oriente Médio em 2024 chegaram a cerca de 9,61 milhões de TEUs, um aumento de 40% em relação a 2022. “O crescimento da movimentação de cargas é notável, especialmente em bens de consumo,” afirmou Hara.

Empresas japonesas estão buscando aproveitar a transformação da Índia em um centro logístico. A Ocean Network Express — uma joint venture entre NYK, Mitsui O.S.K. Lines e Kawasaki Kisen Kaisha — inaugurou no ano passado sua primeira rota própria ligando a Índia à costa leste dos EUA.

Neste mês, os portos de escala dessa rota foram ajustados para facilitar a cobertura de portos importantes em ambos os países, como Mundra, Nhava Sheva e Nova York.

Empresas de transporte e logística esperam que os negócios originados na Índia se expandam para outras regiões e setores. As companhias já começam a enxergar a Índia como um polo de exportação.

A exportação de veículos de passeio da Índia no ano fiscal de 2024 foi de aproximadamente 770.000 unidades, um aumento de 15% em relação ao ano anterior, segundo a Sociedade de Fabricantes de Automóveis da Índia.

A Suzuki lançou o SUV Fronx no Japão em outubro passado como modelo reimportado fabricado na Índia. A Nissan começou a exportar o compacto Magnite este ano a partir do porto de Kamarajar, na Índia.

“Estamos considerando o Oceano Índico como uma região estratégica para nosso negócio de transporte de veículos como nunca antes,” afirmou Yutaka Ikeda, chefe regional da MOL (Índia), subsidiária da Mitsui O.S.K., que atua em parceria na operação do porto de Kamarajar.

A Índia também deve se tornar uma porta de entrada para a África. A Associação do Arco do Oceano Índico tem 23 países-membros, incluindo Índia, Austrália e África do Sul. As nações do grupo somam 2,7 bilhões de habitantes, cerca de 30% da população global.

O PIB da Índia deve crescer 6,2% este ano, superando a média global de 2,8%. Tanzânia e Quênia também têm projeções acima da média, com 6% e 4,8%, respectivamente.

“Se houver um hub na Índia, será mais fácil entender o que está acontecendo no Oriente Médio e na África,” disse Koichiro Hayashi, líder do grupo de pesquisa da NYK Line. A diáspora indiana tem presença forte na África, especialmente em ex-colônias britânicas como Quênia e África do Sul.

A Yusen Logistics Global Management, subsidiária da NYK, estabelecerá uma unidade no Quênia até março de 2026. A operação vai instalar uma sede regional para o Leste da África, levando à expansão da logística para o interior do continente.

“Usaremos o Quênia como base para expandir nossos negócios na Índia e na África,” afirmou Takeshi Kondo, executivo da Yusen Logistics Global Management.

A empresa começará oferecendo serviços de frete para cargas importadas por via aérea e marítima da Índia e de outras partes da Ásia, captando a crescente demanda africana por bens de consumo como autopeças, medicamentos e vestuário.

Depois, a Yusen Logistics passará a operar instalações logísticas próprias. No exercício fiscal que termina em março de 2027, a empresa planeja retornar ao mercado sul-africano, do qual havia se retirado temporariamente.

“O arco do Oceano Índico é um território completamente inexplorado,” afirmou Kondo. “Queremos transformá-lo em uma nova região prioritária.”

PETROLÍFERO

TN Petróleo - RJ   28/07/2025

A Diretoria Colegiada da ANP aprovou ontem (24/07) os estudos geoeconômicos relativos a três novos blocos exploratórios localizados no Pré-sal da Bacia de Campos: Calcita, Dolomita e Azurita. Os estudos foram conduzidos no âmbito do Projeto Calcita e integram a quarta iniciativa associada ao Calendário Estratégico de Avaliações Geológica e Econômica para o Polígono do Pré-sal, instituído pela Agência no final de 2023.

Com área total de aproximadamente 6.200 km², os blocos foram classificados como de elevado potencial, e os estudos indicam a existência de condições técnicas e econômicas favoráveis ao desenvolvimento de grandes projetos na região.

Com essa nova entrega, a ANP atinge a marca de aproximadamente 68% da área sedimentar efetiva do Polígono do Pré-sal estudada, um índice sem precedentes desde a criação do regime de partilha.

Nos termos da Lei nº 12.351/2010, os estudos geoeconômicos e as coordenadas dos blocos definidos serão agora encaminhados ao Ministério de Minas e Energia (MME), que detém a prerrogativa de divulgar a disposição geográfica e propor a inclusão no regime de partilha ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Além da autorização do CNPE, os blocos ainda dependem da emissão de Manifestação Conjunta do MME e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) para que possam ser formalmente incluídos no rol da Oferta Permanente de Partilha (OPP). Assim, os blocos ainda não constam do edital e não serão incluídos no 3º Ciclo da OPP.

A iniciativa reafirma o compromisso da ANP com a valorização estratégica dos recursos do Pré-sal brasileiro, contribuindo para o aumento da previsibilidade regulatória e o fortalecimento da concorrência no setor de petróleo e gás.

Indicação de bloco para a Oferta Permanente de Concessão (OPC)

A Diretoria da ANP também aprovou ontem a indicação de um novo bloco exploratório terrestre na Bacia do Amazonas, para inclusão no rol da Oferta Permanente de Concessão (OPC). Com cerca de 275 km², o bloco foi delimitado respeitando os critérios técnicos e socioambientais estabelecidos pela legislação aplicável.

Para ser incorporado ao edital da OPC, o bloco ainda precisará passar por análise ambiental, emissão de Manifestação Conjunta do MME e do MMA, além de audiência pública, conforme descrito na página Blocos Exploratórios, em "Blocos em estudo". Somente após a inclusão no edital o bloco estará apto a receber declaração de interesse de empresas inscritas e constar de um futuro ciclo da OPC.

A disposição geográfica do bloco originalmente proposto estará sujeita a alterações após análises e diretrizes ambientais e será oportunamente divulgada na página da OPC.

Globo Online - RJ   28/07/2025

A partir de 1º de agosto, o preço médio cobrado pela Petrobras para a molécula de gás natural vendida às distribuidoras terá redução de 14%. A queda intensifica a trajetória de baixa no preço do gás natural no Brasil, que, desde dezembro de 2022, teve redução acumulada de 32% para os clientes do mercado cativo, podendo ultrapassar 40% de queda para os clientes industriais que aderiram ao mercado livre.

Além do impacto do câmbio e do preço do petróleo, a redução de preços foi impulsionada por uma série de ações que a Petrobras adotou nos últimos anos para oferecer melhores condições aos clientes, sejam as distribuidoras ou indústrias que migraram para o ambiente livre, passando a comprar gás diretamente dos fornecedores.

Como uma empresa comprometida com o país, a Petrobras está empenhada em garantir condições competitivas para o mercado nacional, contribuindo para o desenvolvimento do mercado de gás natural e das indústrias que têm o gás natural como fonte de energia.

No ano passado, incrementamos a oferta nacional com o início de operação da maior unidade de processamento de gás natural do país, com capacidade de processamento de até 21 MMm³/dia; e pela nova infraestrutura de escoamento de gás, com capacidade de até 18 MMm³/dia, no Complexo de Energias Boaventura.

Além disso, diante de um mercado de gás cada dia mais competitivo, desde 2023 os clientes têm opções para contratos com diferentes prazos de duração, indexadores, local de entrega e início de fornecimento. Desde outubro de 2024, oferecemos às distribuidoras 48 possibilidades diferentes de customização nas condições comerciais, com ainda mais flexibilidade para a montagem de um portfólio aderente às necessidades locais de suas áreas de concessão.

E não paramos por aí: criamos em maio de 2024 o prêmio por performance, que prevê a redução adicional de até cerca de 10% no preço dos contratos vigentes, a depender do portfólio do cliente e dos volumes efetivamente movimentados.

Aprovamos em outubro de 2024, para todos os clientes contratados, também o novo mecanismo de incentivo à demanda com uma precificação de 10% da referência do Brent, o que permitiu, pela primeira vez, que o cliente pague cada vez menos à medida que consumir cada vez mais. A depender do valor do Brent, o mecanismo faz com que o cliente perceba preços de gás entre US$ 6 e US$ 7/MMBTU, valores bem inferiores aos patamares percebidos por países com perfil majoritariamente importador.

No segundo trimestre de 2025 tivemos um acréscimo de mais de 240% no número de clientes do mercado livre, resultando em um volume de gás natural da ordem de 6 milhões de m³/dia no segmento, com preços praticados ainda menores.

Nessa jornada pela ampliação do mercado de gás brasileiro e consolidação de um mercado aberto e diverso, competitivo e sustentável, prevemos o fortalecimento das ofertas de gás nacional com o incremento da nossa produção offshore de baixa emissão e a entrada futura de novos projetos próprios e em parceria.

RODOVIÁRIO

InfraRoi - SP   28/07/2025

O número de obras em execução nas rodovias paulistas cresceu 40% três meses após o lançamento do programa SP Pra Toda Obra, do Governo de São Paulo. O estado tem atualmente 290 intervenções em andamento, ante 208 em abril, segundo a Agência SP. As melhorias preveem duplicação e faixas adicionais; implantação de contornos; manutenção e recuperação; pavimentação; e recapeamento. A distribuição dos recursos busca atender demandas específicas de cada corredor rodoviário.

Os destaques são a pavimentação da Estrada Municipal José Theotônio Silva (SBS-371), em São Bento do Sapucaí (R$ 37 milhões), bem como as vicinais Sete Voltas (R$ 16,9 milhões) e Rio das Antas (R$ 4,9 milhões) em Taubaté. O SP Pra Toda Obra contou ainda com a entrega de 560 intervenções, entre elas o viaduto que liga Sumaré e Hortolândia, finalizado com investimento de R$ 16,8 milhões em junho.

O programa reúne investimentos que ultrapassam R$ 30,5 bilhões, distribuídos ao longo de 21,2 mil quilômetros de intervenções rodoviárias. O montante engloba obras em trechos urbanos, rodovias estaduais e concessões, e tem foco em mais fluidez, segurança e conservação de vias essenciais ao escoamento de cargas e ao transporte de passageiros.

Em fase de licitação, o DER-SP ainda prepara quatro grandes lotes: recuperação de 115 km da SP-222 (R$ 630,5 milhões); melhorias em 58,5 km da SP-147 (R$ 319,5 milhões); obras em 44,8 km da SP-123 (R$ 246,1 milhões); e duplicação de 29,9 km na SP-129 (R$ 200,6 milhões). Esses trechos integram o cronograma de entregas previstas para os próximos semestres.
Mais de um terço das obras em rodovias paulistas concluídas

Com os investimentos, o SP Pra Toda Obra já alcança 1.546 intervenções em todo o estado. Desse total, 36,22% estão concluídas, 18,69% em execução, 7,37% com licitação em andamento e 37,71% com obras já contratadas, a iniciar. As obras são de responsabilidade das concessionárias, com fiscalização da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), e do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP), órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado (Semil).

O SP pra Toda Obra deve gerar 252,6 mil postos de trabalho ao longo da execução dos projetos. A previsão é de beneficiar 34,7 milhões de pessoas em mais de 540 municípios, promovendo não apenas infraestrutura, mas também desenvolvimento socioeconômico.

Entre as iniciativas em destaque na fase inicial está o recapeamento do Sistema Anhanguera-Bandeirantes, com extensão de 2,1 mil quilômetros e investimento de R$ 1 bilhão. A ação é a maior em extensão da história no trecho e atende diariamente 955 mil motoristas, com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2026.

Outra obra de grande porte em andamento é o Rodoanel Norte, que, com aporte de R$ 3,4 bilhões, ligará a Grande São Paulo às principais rodovias estaduais e federais, desviando o tráfego das marginais Tietê e Pinheiros e reduzindo congestionamentos na região metropolitana.

Porto Gente - SP   28/07/2025

A necessidade de investir nas rodovias brasileiras vai muito além da perspectiva da infraestrutura e da logística. Trata-se de um fator essencial para a mobilidade e o desenvolvimento econômico. O Brasil depende massivamente desse modal: cerca de 60% das cargas e 90% dos passageiros são transportados por estradas, um índice elevado em comparação com outras grandes economias, nas quais ferrovias e hidrovias têm participação mais expressiva. Tal cenário exige que a malha rodoviária seja não apenas extensa, mas também de alta qualidade e segura.

A Pesquisa CNT de Rodovias de 2024 revelou avanços, mas também desafios significativos. Apenas 7,5% das estradas pavimentadas do País foram classificadas como "ótimas", enquanto 26,6% estão em condições "ruins" ou "péssimas". Além disso, 84,8% das vias são pistas simples, o que limita a capacidade de tráfego. Estima-se que sejam necessários cerca de R$ 100 bilhões para recuperar a infraestrutura existente e adequá-la às demandas nacionais.

Os investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) são uma esperança para a reversão desse cenário, mas precisam ser agilizados. Em uma de suas vertentes, o programa prevê o fortalecimento de parcerias público-privadas (PPPs) e concessões. Estas são uma estratégia que apresenta bons resultados, pois rodovias sob concessão têm índices de qualidade muito superiores às de gestão pública, com 21,4% em estado "ótimo", contra apenas 2,7% das públicas, aponta o estudo da CNT.

Exemplo disso é a Régis Bittencourt (BR-116) no trecho entre São Paulo e Curitiba, que desempenha papel estratégico no transporte de pessoas e cargas no Brasil. Conhecemos bem essa estrada, pois ela atende a uma das principais linhas da Santa Maria, entre as capitais paulista e paranaense. Com 402 quilômetros de extensão, é administrada desde 2008 sob regime de concessão, está totalmente duplicada e tem boa manutenção, fatores importantes para a segurança e fluidez do trânsito.

A modernização e melhoria das estradas têm impactos econômicos e sociais. Vias ruins geram maiores ônus logísticos, aumento de acidentes e perda de competitividade. Cada real investido em infraestrutura rodoviária não só melhora a segurança e a eficiência do transporte, mas também estimula o nível de atividade, reduzindo custos operacionais e criando empregos. Malha rodoviária de qualidade é um fator de crescimento do PIB e integração deste Brasil continental.

AGRÍCOLA

CNN Brasil - SP   28/07/2025

O governo federal mapeia mercados para o redirecionamento de produtos agropecuários que deixarão de ser exportados para os Estados Unidos, caso a tarifa de 50% entre em vigor em 1º de agosto.

São duas frentes: a abertura de novos mercados e a ampliação de fluxos comerciais para destinos para os quais os produtos já são exportados, relatam fontes ao Broadcast Agro.

O diagnóstico de destinos alvos está sendo feito pelo Ministério da Agricultura juntamente com o Ministério das Relações Exteriores e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O Oriente Médio e a Ásia estão na mira das ações.

O foco inicial está nos setores mais atingidos pela tarifa de 50% e mais expostos ao mercado norte-americano, caso do suco de laranja, do café, da carne bovina, das frutas e dos pescados, apurou o Broadcast Agro.

O governo alinha a estratégia conjuntamente com o setor privado, sobretudo quanto a quais mercados devem ser priorizados nas negociações bilaterais. Em outra ponta, adidos agrícolas que atuam nas embaixadas no exterior foram orientados a procurar importadores para colocar o país à disposição e identificar oportunidades no exterior.

Em paralelo, câmaras de comércio já acionam o governo para apresentar seus países como possível destino para o redirecionamento dos produtos brasileiros, caso dos países árabes.

Um raio-x inicial apresentado ao setor produtivo pelo Ministério da Agricultura a entidades que representam os exportadores do setor inclui a conclusão de tratativas de aberturas de mercado, a habilitação de frigoríficos e a negociação para redução tarifária de alguns produtos.

"Todas as alternativas estão à mesa para minimizar o máximo possível os impactos do fluxo comercial afetado com os Estados Unidos. O primeiro passo é olhar os setores que terão vendas inviabilizadas aos EUA com a taxa de 50% e realizar busca ativa de oportunidades", afirma um interlocutor que acompanha as tratativas.

No Ministério da Agricultura, há recomendação de reforçar agendas do ministro com seus pares de outros países para acelerar as conversas com países importadores em alto nível e destravar negociações em curso.

Entre as possibilidades citadas estão a abertura do Japão, da Turquia e da Coreia do Sul para a carne bovina brasileira, tratativas que estão em andamento. O processo mais avançado é com o Japão, que já fez auditoria no sistema sanitário nacional e deve dar o aval à proteína brasileira em novembro deste ano.

Ainda em carne bovina, o Brasil negocia a ampliação de frigoríficos habilitados a exportar o produto para Indonésia, Vietnã e México. Há pedido de habilitação de pelo menos 50 plantas somando os três destinos. O aval depende da autoridade sanitária de cada país importador.

No caso do suco de laranja, uma das negociações no pipeline envolve o pedido de redução de alíquota cobrada pela China para importação do produto brasileiro, que chega lá com imposto de 7,5% ou 20%, o que hoje limita os embarques ao país.

A Arábia Saudita também é citada como um destino para ampliar as vendas externas de suco de laranja.

Também a China está no centro de intenções de aberturas para frutas brasileiras, como lima ácida, e de aumentar o comércio para itens como manga e uva.

Com o México, já há uma negociação do governo brasileiro com o governo mexicano para manutenção de isenção de alíquota para produtos agropecuários provenientes do Brasil, que termina em 31 de dezembro, e até mesmo a ampliação do Acordo de Complementação Econômica nº 53 (ACE 53).

Há ainda uma frente para ampliar a promoção comercial para produtos agropecuários, como o café na China, que apresenta consumo crescente da bebida brasileira, e também do café brasileiro na Austrália.

Empresários do setor concordam com a estratégia de diversificação de mercados proposta pelo Executivo, mas em conversas reservadas com integrantes do governo, exportadores relataram ver efeito limitado das ações no curto prazo.

"São negociações longas e, em alguns casos, com pontos técnicos ainda a serem dirimidos", pontuou um representante dos exportadores.

A preocupação externada pelos exportadores é em especial com os volumes já produzidos para os Estados Unidos, que estão em portos ou em alto-mar ou na indústria aguardando distribuição.

"Não há espaço no mercado interno para absorver toda essa mercadoria de imediato, o que pode derrubar os preços. Mas para longo prazo fica a lição da importância de desconcentrar a pauta exportadora", observa uma liderança do setor.

Exportadores pediram, inclusive, ao vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, um tratamento diferenciado para cargas embarcadas em portos ou já a caminho dos Estados Unidos.

O pleito é que a aplicação da alíquota de 50% considere a data de embarques dos produtos após 1º de agosto. A data base seria a emitida na Bill of Landing, documento para o transporte marítimo de cargas.

O próprio ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vem reforçando publicamente que já foram abertos 397 novos mercados para produtos agropecuários brasileiros na atual gestão, desde janeiro de 2023. Ele defende que a pasta seja proativa na intensificação de busca de mercados.

O ministro também já reconheceu publicamente que, apesar da estratégia de buscar novos mercados, não é possível dar vazão a todo o volume que é vendido aos Estados Unidos em dez a quinze dias.

"É determinação do presidente Lula que este papel de abrir e ampliar mercados seja intensificado, de achar alternativas à essa produção brasileira", disse Fávaro a jornalistas recentemente, após reunião do setor agropecuário no âmbito do comitê interministerial que discute as reação do governo brasileiro ao tarifaço dos Estados Unidos.

A preocupação do governo e dos exportadores é justificada pelos números da balança comercial. Os Estados Unidos foram o terceiro maior destino dos produtos agropecuários exportados em 2024, com embarques que somaram US$ 12,1 bilhões — posto que foi mantido no primeiro semestre deste ano.

De janeiro a junho, as exportações do agronegócio brasileiro aos Estados Unidos somaram US$ 6,63 bilhões, 8% do total exportado pelo setor na primeira metade do ano, de acordo com dados do Agrostat - sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro, gerido pelo governo federal.

Produtos florestais (US$ 1,762 bilhão, 26,6%), café (US$ 1,063 bilhão, 19,54%), carnes (US$ 1,063 bilhão, 16%) e sucos (US$ 743 milhões, 11,21%) lideram a pauta de produtos do agronegócio comercializados ao mercado norte-americano.

O agronegócio brasileiro pode deixar de exportar US$ 5,8 bilhões aos Estados Unidos, caso se concretize a tarifa de 50% anunciada pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, estima a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

A projeção da confederação considera uma queda de 48% nos embarques de produtos do agronegócio ao mercado norte-americano ante os US$ 12,1 bilhões comercializados em 2024.

Money Times - SP   28/07/2025

No dia 1º de agosto, entram em vigor as tarifas de 50% impostas por Donald Trump em face de importações de produtos brasileiros pelos Estados Unidos. Elas estabelecem a mais grave crise em décadas no relacionamento entre as duas nações mais populosas do ocidente.

Não obstante a balança comercial entre os dois países ser amplamente favorável ao mercado norte-americano — um superavit de US$ 7,4 bilhões —, o Brasil está sendo punido em tarifas muito superiores àquelas fixadas em face de países cuja balança comercial é imensamente desfavorável aos Estados Unidos.

Além da alegada motivação calcada no desrespeito a marcas e patentes, e em práticas supostamente anticoncorrenciais em meios de pagamento, transparece por parte da ação de Donald Trump a motivação política e o protecionismo em relação às gigantes do mundo digital.

Sob a aura do patriotismo, só a indústria norte-americana consumidora de aço e alumínio arcará com um excedente tributário de U$ 5,7 milhões.

Como na situação do marisco na luta entre o rochedo e o mar, no caso presente, o agronegócio parece ser um dos maiores prejudicados até o momento, juntamente com o consumidor norte-americano dos produtos agrícolas brasileiros.

Exemplos dos efeitos nefastos da tarifação desmedida são os experimentados pelo mercado do suco de laranja e do café. Estudos do CNA apontam para uma redução quase que integral das importações de suco de laranja brasileiro, com aumento de mais de 30% sobre o preço do produto comercializado no mercado consumidor americano.

No que se refere ao café, há estimativas de redução em mais de 30% nas importações por aquele país. Os mesmos estudos apontam para prejuízos substanciais no mercado de carnes (diminuição por volta de 47% no volume de importações) e açúcar (redução de até 74% no volume de importações), entre outros.
Tratando-se de uma disputa em que não há ganhos e todas as partes envolvidas perdem, a atuação de Donald Trump acaba por causar um efeito contrário ao aparentemente pretendido.

Pesquisas aqui e lá apontam para uma massiva reprovação em relação à forma como o assunto está sendo tratado, com a desaprovação de 47% dos americanos e 62% dos brasileiros.

Mas há outras consequências graves decorrentes dessa posição do governo americano. Há uma inegável quebra de confiança dos países em geral em relação a esse parceiro comercial ocidental. Isso conduz à busca de novos mercados e, em muitos casos, a uma cada vez maior aproximação da China em relação aos mercados desses países, resultado de um novo alinhamento de interesses.

A solução, indiscutivelmente, deve passar e está passando por negociações sérias e livres de componentes que desvirtuam a lógica comercial. Caso as negociações não funcionem, talvez vejamos no futuro a história considerando esse episódio como o tarifaço que fez os Estados Unidos perderem o Brasil como grande parceiro comercial.

TOP