Valor - SP 28/05/2025
Medida visa fortalecer a indústria siderúrgica nacional contra o que o setor chama de ‘surtos de importação’
A Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), decidiu na terça-feira (27) renovar a alíquota de 25% de imposto de importação para 19 tipos de aço e ampliar para mais quatro NCMs (códigos utilizados para identificar os produtos). Com isso, a taxação passará a atingir 23 NCMs e será válida pelos próximos 12 meses.
Também foi mantido o sistema de cotas até determinados volumes de importação, que poderão entrar no país pelas tarifas originais (entre 9% e 16%). Entretanto, foram excluídas do cálculo as importações feitas no contexto de acordos comerciais ou de regimes especiais. Essas medidas também serão válidas pelos próximos 12 meses.
A decisão de ontem é uma continuidade das medidas adotadas desde 2024 para fortalecer a indústria siderúrgica nacional, contra o que o setor chama de “surtos de importação”, especialmente de produtos vindos da China. Também é uma forma de ajudar o setor em meio à taxação promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo o Mdic, 19 tipos de aço já tinham importação taxada em 25% por decisões anteriores da Camex. Na reunião de ontem, a câmara decidiu manter a medida para esses NCMs e estender para outros quatro.
O ministério afirma que a ampliação foi necessária para evitar “fugas”, ou seja, o uso, por parte das empresas, desses outros códigos de aço para evitar a tributação. “Estas últimas foram caracterizadas como ‘NCMs de fuga’ e sua inclusão na medida decorreu da identificação de aumentos expressivos de importação no último ano, demonstrando que passaram a ser usadas como substitutas dos produtos originalmente tarifados”, explica o Mdic, em nota.
Em relação à manutenção das cotas, o ministério diz que a medida busca “reduzir os impactos nos setores que usam o aço em sua cadeia produtiva - como construção civil, automóveis, bens de capital e eletroeletrônicos”. Esses setores têm se posicionado contra a elevação da alíquota de importação.
Em abril do ano passado, a Camex havia elevado para 25% o imposto de importação de 11 NCMs de aço e estabelecido cotas de volume de importação para esses produtos. Outras NCMs foram adicionadas à medida posteriormente.
Assim como no ano passado, o governo afirma que tanto a manutenção da taxação como a ampliação das NCMs decidida nesta terça-feira “seguiram os critérios técnicos já utilizados nas decisões anteriores, alcançando as NCMs cujo volume de compras externas superaram em 30% a média das compras ocorridas entre 2020 e 2022”.
A renovação da tarifa de importação era um pleito do setor de aço, que pedia desde o início do ano ao Mdic a adoção de mais medidas que protegessem a indústria nacional.
O Comitê Executivo de Gestão da Camex é o órgão do governo responsável pelas decisões de comércio exterior. O colegiado é formado por representantes do Mdic, da Casa Civil e do Ministério da Fazenda, entre outros.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/05/2025
O crescimento das exportações de aço da China em meio ao excesso de capacidade global tem provocado uma onda de medidas protecionistas mundo afora, alerta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório publicado nesta terça-feira, 27. A entidade afirma que “as exportações de aço da China dispararam para um nível recorde de 118 milhões de toneladas em 2024”, superando o pico da crise do aço de 2015-2016.
O documento observa que “as pressões provocadas por exportações a preços baixos levaram a um salto nas novas investigações antidumping”. Em 2024, “19 governos iniciaram 81 investigações antidumping envolvendo produtos siderúrgicos”, número cinco vezes maior que o registrado no ano anterior. “Quase 80% dos casos foram iniciados contra produtores asiáticos, com a China respondendo por mais de um terço do total”, diz a OCDE.
Além das disputas formais, crescem também medidas amplas, como aumentos generalizados de tarifas sobre o aço em diversos países. A entidade nota que “cada vez mais países têm adotado medidas mais abrangentes para proteger suas indústrias siderúrgicas, por meio de aumentos tarifários setoriais”.
O relatório aponta ainda que as exportações chinesas não afetam apenas os mercados diretamente importadores. Muitas vezes, “produtores sujeitos a medidas comerciais buscam contornar restrições, desviando exportações para outros mercados ou enviando produtos por países intermediários”. A OCDE calcula que, entre 2013 e 2020, o volume de comércio siderúrgico suspeito de reencaminhamento totalizou “21,5 milhões de toneladas métricas (13,3 bilhões de euros)”.
Agência Brasil - DF 28/05/2025
Pelos próximos 12 meses, 23 produtos de aço estão submetidos a cotas de importação, pagando 25% para entrar no país quando os volumes forem superados.
O Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) renovou por mais um ano as medidas de proteção da indústria siderúrgica nacional em vigor desde 2024.
Além de aprovar a renovação, o Gecex-Camex aprovou a extensão da alíquota de 25% para quatro tipos de aço, totalizando 23.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), esses quatro produtos foram incluídos porque foi identificado aumento expressivo nas importações no último ano, indicando que passaram a ser usados como substitutos dos itens originalmente tarifados.
Assim como no ano passado, o sistema de cotas foi mantido até determinados volumes de importação. Enquanto o limite de volume não for atingido, os produtos entram no país pagando de 9% a 16% de Imposto de Importação. Caso o teto seja superado, vigora a tarifa de 25%.
“O estabelecimento de cotas busca reduzir os impactos nos setores que usam o aço em sua cadeia produtiva – como construção civil, automóveis, bens de capital e eletroeletrônicos”, informou o Mdic em nota.
A pasta esclareceu que foram excluídas do cálculo as importações feitas com base em acordos comerciais ou por meio de regimes especiais.
Para renovar e ampliar os tipos de produtos de aço abrangidos pelo sistema de cotas, o Mdic aplicou os critérios técnicos usados nas decisões anteriores. A tarifa de 25% abrange os itens cujo volume de compras externas superou em 30% a média das compras ocorridas entre 2020 e 2022.
Os quatro novos tipos de produtos de aço submetidos às cotas de importação serão detalhados posteriormente pela Camex.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/05/2025
O Brasil tem mantido uma postura de contenção diante da crise global do aço, com capacidade produtiva estagnada e medidas defensivas para proteger seu mercado. É o que aponta um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira, 27, que registra que o Brasil não registrou qualquer crescimento de capacidade entre 2020 e 2024, permanecendo com 50,9 milhões de toneladas por ano. A participação do país na capacidade global é de apenas 2,1%.
A estabilidade contrasta com o avanço de outras economias emergentes, como a Índia, cuja capacidade aumentou 26,2% no período, e o Irã, com alta de 22,6%. Ainda assim, o Brasil aparece entre os países que adotaram barreiras comerciais. Segundo a OCDE, “Brasil, México e Turquia aumentaram as tarifas com a intenção de enfrentar aumentos substanciais de importações verificados nos últimos anos”.
As ações incluem investigações antidumping. O Brasil foi um dos países que mais iniciaram processos em 2024, com “8 investigações envolvendo produtos siderúrgicos”, mesmo número que Austrália e atrás apenas de Turquia e Estados Unidos, com 10 casos cada.
O relatório destaca ainda que a América do Sul, onde o Brasil é o principal player, viu as importações de aço aumentarem “cerca de 60% entre 2020 e 2024”, reflexo do redirecionamento das exportações chinesas, que atingiram recorde de 118 milhões de toneladas em 2024.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/05/2025
O senador americano David McCormick afirmou nesta terça-feira que o acordo que permitirá à japonesa Nippon Steel investir na U.S. Steel garantirá um CEO e a maioria dos membros do conselho provenientes dos Estados Unidos, além da necessidade de aprovação do governo americano sobre certas funções corporativas.
O senador da Pensilvânia falou à CNBC quatro dias após o presidente Donald Trump sugerir estar próximo de um acordo de “parceria” para resolver a oferta de quase US$ 15 bilhões da Nippon Steel pela icônica siderúrgica americana, bloqueada por questões de segurança nacional.
Trump disse a repórteres, no domingo, que a U.S. Steel será “controlada pelos Estados Unidos” e que, caso contrário, não teria feito o acordo. “É um investimento e uma propriedade parcial, mas a U.S. Steel será controlada pelos EUA”, acrescentou.
McCormick descreveu o veto do governo americano como uma “golden share” e sugeriu que a ideia partiu da própria proposta da Nippon Steel.
A Nippon Steel ainda não se manifestou sobre aceitar o parâmetro descrito por Trump e McCormick como alternativa a sua oferta de compra da empresa.
Enquanto buscava a aprovação de autoridades americanas para rever o veto à aquisição, a Nippon Steel aumentou gradualmente o valor que pretende investir na U.S. Steel além do preço da compra. Esse valor agora soma US$ 14 bilhões, segundo Trump, McCormick e a senadora estadual da Pensilvânia Kim Ward, que avaliou o negócio em US$ 28 bilhões.
O investimento de US$ 14 bilhões inclui a construção de um novo forno elétrico a arco – equipamento usado para produzir aço de alta qualidade a partir de sucata – em algum lugar dos EUA, segundo o gabinete da senadora.
Além disso, a Nippon Steel direcionaria US$ 2,4 bilhões para instalações da U.S. Steel na região de Pittsburgh, incluindo a siderúrgica Edgar Thomson Works, construída no século XIX, além da construção de um novo centro de pesquisa e desenvolvimento na Universidade Carnegie Mellon, disseram autoridades americanas.
Segundo McCormick, a Nippon Steel assinará um “acordo de segurança nacional” com o governo americano, o que implicaria um CEO americano, um conselho com maioria americana e uma “golden share” que permitiria aos EUA garantir que os níveis de produção da companhia não sejam reduzidos.
O senador também disse que a Nippon Steel terá membros no conselho e que fará parte da estrutura corporativa geral da empresa americana. “Acho que eles sabem onde estão se metendo,” afirmou.
Globo Online - RJ 28/05/2025
A prévia da inflação de maio, divulgada ontem pelo IBGE, mostrou um alívio disseminado nos preços, especialmente de alimentos. O IPCA-15 deste mês ficou em 0,36%, abaixo do 0,43% registrado em abril e das previsões dos analistas do mercado, de 0,44%. Foi a terceira desaceleração consecutiva, e a menor alta para o mês desde maio de 2020.
A visão de economistas é de que o resultado começa a apresentar sinais de uma melhora da inflação mês a mês, com desaceleração disseminada entre os grupos analisados.
Economistas acreditam que o resultado do IPCA-15 reforça as previsões de que Copom deve interromper o ciclo de altas da taxa básica de juros (Selic) já na próxima reunião, em junho. A ressalva é que a prévia da inflação acumulada em 12 meses ficou em 5,4%, muito acima do centro da meta de 3% para o IPCA cheio no ano e do teto de 4,5%.
Entre os grupos que surpreenderam positivamente para baixo estão alimentação no domicílio, eletrônicos e comunicação, além de serviços sensíveis à política monetária. O cenário é diferente do visto em março e abril, que, embora também tenham vindo com altas menores, o alívio ficou concentrado em poucos itens.
— Ao contrário de números anteriores, quando o índice geral vinha bom, mas você abria o resultado e encontrava dados ruins, dessa vez o IPCA-15 foi bom. Apesar disso, o acumulado em 12 meses continuou subindo. Isso nos mostra que a gente ainda está em um processo de aceleração da inflação que ainda não foi revertido. Obviamente é uma boa notícia, mas isso não garante uma tranquilidade com relação ao processo inflacionário — explica Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners.
Ainda longe da meta
Para Leal, a expectativa é de números baixos para os próximos meses, mas ainda não compatíveis com a meta da inflação:
— Temos que considerar que agora estamos em um período em que parece que finalmente os números dos alimentos estão mais tranquilos. Considerando que o peso do Grupo Alimentação chega a mais de 20% do índice geral, isso traz uma perspectiva de desaceleração.
O economista avalia que ainda há itens que podem pressionar, como vestuário, que pode ver os preços subirem com lançamentos da moda outono-inverno, o que faz com que ainda seja cedo para projetar uma desaceleração constante do número.
Na visão de Marianna Costa, economista chefe da Mirae Asset, a melhora no índice está mais ligada à sazonalidade dos grupos. Por isso, ela ainda espera uma inflação em 12 meses persistente nos próximos dois ou três meses, rodando perto do 5,5%:
— Antes de agosto dificilmente a gente vai ter grandes alívios. Isso está diretamente ligado ao comportamento do mercado de trabalho ainda muito aquecido, com volume de vendas no varejo ainda em patamares relevantes, o que sugere que a inflação ainda segue pressionada.
Mesmo com o resultado em 12 meses elevado, os economistas já consolidam a expectativa de fim de ciclo de alta da Selic, cenário reforçado pelas altas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que indiretamente encarecem o crédito e diminuem a pressão sobre o Banco Central.
— Essa combinação do resultado de IPCA-15 melhor que o esperado, com a visão do mercado com relação ao IOF, mostra que está bem encaminhada a manutenção dos juros na próxima reunião do Copom — avalia Leal.
Para Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, ainda é muito cedo para falar em redução da Selic. Porém, “sem novos estímulos fiscais do governo (o que não é óbvio, com tantas medidas sendo anunciadas) e com maior contingenciamento de gastos, o processo de desinflação pode se consolidar e podemos começar a discutir a redução da Selic no final do ano”, comentou ela.
Ovo e tomate caem
Após dois meses em alta, alimentação em domicílio teve forte desaceleração, saindo de 1,29% em abril para 0,30% este mês. O preço do tomate caiu 7,3%, depois de altas sucessivas em março (12,5%) e abril (32,6%). O arroz recuou 4,3%, e o ovo teve deflação de 2,2%. Entre as altas se destacaram batata-inglesa (+21,7%), cebola (+6,1%) e café moído (+4,8%).
No Grupo Transportes houve queda de 11,18% no item passagens aéreas. Já a energia elétrica residencial teve alta de 1,68%, a maior pressão de aumento, já que no mês passou a vigorar a bandeira tarifária amarela, com cobrança adicional nas contas de luz. O Grupo Saúde e Cuidados Pessoais subiu 0,91%, influenciado pelos produtos farmacêuticos (1,93%).
O Estado de S.Paulo - SP 28/05/2025
Os debates do XI Seminário Anual de Política Monetária do IBRE-FGV trataram de duas importantes questões da política monetária hoje no Brasil: a internacional e a fiscal.
O evento, organizado pelo economista José Júlio Senna, à frente do Centro de Estudos Monetários do IBRE, aconteceu na sexta-feira, 23/5, e foi aberto com uma apresentação por videoconferência (seguida de uma sessão de perguntas e respostas com a audiência) de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC). Também houve uma apresentação presencial de Paulo Picchetti, diretor de assuntos internacionais e de gestão de riscos corporativos do BC. Os debates do seminário foram mediados por este colunista.
A primeira questão surgiu no painel inicial do evento, que contou com Fernanda Guardado, ex-diretora do BC e economista-chefe do BNB Paribas, Tiago Berriel, ex-diretor do BC e economista do BTG-Pactual e o próprio Senna. Guardado e Berriel convergiram em mostrar certa apreensão com a ênfase da comunicação recente do BC no risco baixista para a inflação de "uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza", como consta da ata da última reunião do Copom.
Guardado apontou que o momento internacional conturbado deve ser considerado "com muitos grãos de sal", e não se sobrepõe à questão da demanda doméstica - mesmo com todo o aperto monetário até agora levado a cabo, atividade e mercado de trabalho permanecem mais aquecidos do que o desejável para a convergência da inflação à meta.
O risco baixista no cenário internacional deriva de uma possível desaceleração mais forte da economia global, na esteira da guerra comercial de Trump e da incerteza causada pela forma errática com que o presidente dos Estados Unidos, impõe, adia, reduz ou cancela aumentos de tarifas de importação de rivais e aliados. Dois canais frequentemente mencionados sobre essa possível tendência desinflacionária são as commodities, afetadas pela demanda global (e que já deram sinais iniciais de desaquecimento) e a eventualidade de a China despejar nas outras economias os manufaturados barrados nos Estados Unidos.
Mas há dúvidas e mais dúvidas sobre todos esses fatores. Como enfatizaram os economistas no primeiro painel do seminário, desde a reunião do Copom (ponto de referência da ata) se reduziu muito a preocupação com uma possível recessão mundial, com - entre outros fatores - Trump negociando um acordo bem mais razoável de tarifas com a China.
Por outro lado, commodities em queda podem ajudar o Brasil no front inflacionário, mas atrapalhar em relação a arrecadação e setor externo (com potencial impacto no câmbio). O risco de estagflação nos EUA, por sua vez, pode manter os juros elevados na economia central, o que também é negativo para a percepção de risco de emergentes como o Brasil. Novamente, é no câmbio e em juros domésticos elevados (que via dívida pública realimentam o risco, com novos rebatimentos no câmbio) que reside o risco nesse caso.
Finalmente, caso a China de fato inunde outras economias com manufaturados que iriam para os EUA (cenário que se torna menos intenso com a recente negociação tarifária entre os dois grandes rivais), não se sabe se a economia política no Brasil, num governo com pendores desenvolvimentistas, não levaria a mais proteção a setores industriais domésticos atingidos. O que poderia mitigar ou até anular a desinflação importada da China.
Sobre a questão do risco desinflacionário internacional, Senna ponderou que o tratamento dado à questão na última ata do Copom reflete o momento da reunião (6 e 7 de maio), quando o temor de recessão global estava muito mais exacerbado do que agora.
O segundo e último debate do seminário foi, de certa forma, complementar ao primeiro. Dele participaram Sérgio Werlang, ex-diretor do BC, assessor da presidência e professor da FGV e sócio da Sarpen Quant Investments, Rodrigo Azevedo, ex-diretor do BC e sócio da Ibiúna Investimentos, e Ana Paula Vescovi, ex-secretária do Tesouro Nacional e economista-chefe do Santander.
O tema do segundo painel foram as interações entre política monetária e política fiscal. Os três debatedores convergiram - como seria de se esperar - para o diagnóstico de que o BC fica numa situação muito frágil sem uma ação mais decidida do governo para consertar o desequilíbrio fiscal estrutural e para evitar a tentação de acelerar a economia com medidas parafiscais na reta para o ano de eleições presidenciais.
O vínculo entre os dois painéis do seminário é que a questão fiscal estrutural não resolvida, somada ao aquecimento da economia e à inflação e expectativas inflacionárias muito acima da meta, representa um risco cuja intensidade, relativamente a outros riscos (como a eventualidade da desaceleração global mais intensa), deveria ser mais enfatizada pela comunicação do Banco Central.
Uma questão paralela, em que Werlang polemizou com Azevedo e Vescovi, é o tamanho da meta de inflação no Brasil. Já há bastante tempo Werlang - com base, em parte, em papers do renomado economista Aloísio Araújo e colegas - defende a ideia de que a meta de inflação no Brasil deveria ser na casa de 4,5%, e não 3%, como de fato é. A razão é a rigidez do regramento fiscal do Brasil, com impedimentos constitucionais e legais de toda sorte ao ajuste fiscal estrutural. Em função dos diversos canais por meio dos quais o desarranjo fiscal é inflacionário, na visão de Werlang, a meta de 3% leva a política monetária a ficar pesadamente contracionista por períodos demasiadamente prolongados, com prejuízos à atividade e ao próprio equilíbrio fiscal (via juros reais da dívida).
Azevedo e Vescovi ponderaram que essa argumentação é mais um motivo para centrar esforços em reformar o regramento fiscal, e não para trabalhar com uma meta de inflação maior do que a de boa parte dos países emergentes mais equilibrados macroeconomicamente, como Chile e México.
Mas Werlang frisou que a mudança por ele defendida só poderia se dar com a casa fiscal relativamente estabilizada em termos conjunturais, o que não é o caso hoje em dia. Mudar as metas nas atuais circunstâncias poderia rebater imediatamente nas expectativas, contaminando a inflação corrente, de forma contraproducente. Ainda assim, o economista acha válido que o BC hoje mire um ponto acima da meta central de 3%, que tem um intervalo de tolerância até 4,5%.
O Estado de S.Paulo - SP 28/05/2025
Donald Trump zombou da China em seu primeiro mandato, alegando que suas tarifas haviam levado à perda de cinco milhões de empregos no país. Em um tuíte de 2019, ele disse que suas políticas comerciais haviam colocado a China “de volta em seus calcanhares”.
Os economistas contestaram fortemente a quantidade de dor causada pelas tarifas de Trump, mas a mensagem ressaltou a centralidade dos empregos para a economia dependente de exportação da China.
Quatro meses após o início do segundo mandato de Trump, os Estados Unidos e a China estão novamente negociando sobre tarifas, e o mercado de trabalho chinês, especialmente os empregos nas fábricas, está no centro das atenções. Desta vez, a economia da China está enfrentando dificuldades, deixando seus trabalhadores mais vulneráveis.
Uma desaceleração persistente no setor imobiliário, que piorou durante a pandemia da covid-19, eliminou empregos e fez com que as pessoas se sentissem mais pobres. Novos graduados universitários estão entrando no mercado de trabalho em um momento em que a taxa de desemprego entre os jovens trabalhadores está na casa dos dois dígitos.
“A situação está claramente muito pior”, disse Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico do banco de investimentos Natixis.
Segundo ela, à medida que as oportunidades de emprego em outros setores desaparecem, cresce a importância de preservar os 100 milhões de empregos no setor de manufatura da China.
Este mês, as autoridades chinesas e americanas concordaram em reduzir temporariamente as tarifas punitivas de ambas as partes, enquanto tentavam evitar o retorno de uma guerra comercial total que ameaçaria minar ambas as economias.
Em um relatório de pesquisa, a Natixis afirmou que, se as tarifas dos EUA permanecerem em seus níveis atuais de pelo menos 30%, as exportações para os Estados Unidos cairão pela metade, resultando em uma perda de até seis milhões de empregos na indústria. Se a guerra comercial recomeçar por completo, a perda de empregos poderá chegar a nove milhões.
A economia da China tem enfrentado dificuldades para se recuperar da pandemia, expandindo-se mais lentamente do que nos anos do primeiro mandato de Trump, quando o crescimento foi superior a 6% ao ano. Embora o governo chinês tenha dito que sua meta de crescimento é de cerca de 5% este ano, muitos economistas previram que o número real não atingirá esses níveis.
No início de 2018, a China afirmou que sua taxa de desemprego urbano havia caído para o nível mais baixo em 15 anos e que o país havia criado um número recorde de novos empregos. Desde então, as repressões do governo e as regulamentações mais rígidas subjugaram setores como tecnologia e educação online - setores outrora prósperos que criaram montes de novos empregos.
Durante esses anos, o desemprego aumentou especialmente entre os jovens. A taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos foi de 15,8% em abril, uma melhora em relação ao mês anterior. Entretanto, espera-se que esse número aumente novamente quando 12 milhões de novos graduados universitários ingressarem na força de trabalho este ano.
Em 2023, quando os números do desemprego entre os jovens atingiram um recorde de 21,3%, o governo chinês suspendeu a divulgação dos números. Na época, um importante economista afirmou que o número real estava mais próximo de 50%. Pequim começou a distribuir os números novamente no ano passado com uma nova metodologia que reduziu a taxa de desemprego.
Ao mesmo tempo, mesmo aqueles que têm emprego estão em uma posição mais precária. Menos empresas estão oferecendo emprego em tempo integral e, em vez disso, estão recorrendo a trabalhadores temporários para serviços como entrega de alimentos e fabricação. Embora esses empregos ofereçam mais flexibilidade aos trabalhadores, eles geralmente pagam menos e oferecem poucas proteções ou benefícios.
Os Estados Unidos, por sua vez, têm suas próprias responsabilidades. O setor americano é profundamente dependente de metais de terras raras e minerais essenciais controlados em grande parte pela China, enquanto uma paralisação dos produtos chineses aumenta o risco de inflação e pode contribuir para a escassez de produtos.
Se as negociações se resumirem a qual país é capaz de suportar mais dificuldades econômicas, a China tem uma vantagem em termos de “resistência à guerra comercial”, disse Diana Choyleva, economista-chefe da Enodo Economics, uma empresa de pesquisa londrina com foco na China. Pequim pode conter o descontentamento em relação aos choques no mercado de trabalho mais prontamente do que os políticos americanos podem suportar a raiva das prateleiras vazias das lojas, disse ela.
De acordo com dados oficiais, em abril, antes de os Estados Unidos e a China concordarem em suspender as tarifas mais pesadas, os novos pedidos de exportação da China caíram para seu nível mais baixo desde 2022. Mesmo em um período de um mês, as tarifas altíssimas afetaram o emprego.
Em Guangzhou, o centro do setor de vestuário da China, as empresas fecharam porque os pedidos de compradores estrangeiros caíram antes da suspensão das tarifas altíssimas. Muitos disseram que a queda nos pedidos os forçou a contratar menos trabalhadores.
Jane Hu, funcionária de um escritório em Xangai, disse que perdeu o emprego no mês passado, não por causa das tarifas de Trump, mas pela contramedida da China de aumentar as tarifas sobre as importações americanas para 125%.
Ela disse que seu antigo empregador, uma empresa de equipamentos de construção que dependia da importação de máquinas dos Estados Unidos para a China, não podia arcar com as tarifas, que mais do que dobraram os custos das importações.
Isso agravou os problemas que a empresa já estava enfrentando devido à desaceleração do setor imobiliário. As vendas caíram cerca de 40%, tornando as demissões inevitáveis.
Aos 33 anos, Hu teme ter experiência demais para cargos de nível básico. Muitas empresas hesitam em contratar mulheres como ela, que são casadas e não têm filhos, porque não querem ter de arcar com os custos da licença parental, disse ela. As mulheres de sua faixa etária têm um ditado, disse ela: “Somos velhas e caras. Por que alguma empresa nos escolheria?”
Ela disse que conseguiu apenas duas entrevistas de emprego. Para obter uma renda adicional, Hu começou a dirigir ocasionalmente para serviços de carona.
No final de abril, Yu Jiadong, uma das principais autoridades do Ministério de Recursos Humanos e Previdência Social da China, disse que o governo havia preparado uma série de medidas para manter o emprego estável, especialmente para os exportadores chineses. Ele disse que Pequim ajudaria as empresas a manter seus funcionários e incentivou o empreendedorismo para os desempregados.
Com tanta coisa em jogo, as sensibilidades em relação ao emprego são maiores. O proprietário de uma fábrica no sul da China, que pediu para não ser identificado, disse que havia planejado demitir funcionários, mas adiou quando os clientes correram para atender aos pedidos após a trégua tarifária. Um funcionário do governo lhe disse que, se precisasse reduzir sua força de trabalho, deveria fazê-lo de forma adequada e silenciosa para evitar causar alvoroço.
Os proprietários de fábricas que empregam trabalhadores assalariados são obrigados por lei a indenizá-los em caso de demissão, disse Han Dongfang, fundador do China Labor Bulletin, que acompanha o fechamento de fábricas e os protestos dos trabalhadores. Normalmente, eles são obrigados a pagar um mês de salário para cada ano de emprego, tornando as demissões uma perspectiva tão cara que algumas fábricas fecham sem aviso prévio e os proprietários desaparecem.
A atividade de emprego fora do setor de manufatura tem se contraído por mais de dois anos, de acordo com uma pesquisa mensal de empresas industriais. A guerra comercial tornou as empresas mais cautelosas, acrescentando outro fator preocupante para os graduados universitários em busca de emprego.
“O mercado de trabalho atual está muito pior do que antes”, disse Laura Wang, 23 anos, estudante de pós-graduação em contabilidade em Chongqing. Ela disse que mais de 80% de seus colegas de classe estavam lutando para encontrar emprego.
Wang disse que o mercado estava especialmente difícil para os estudantes de finanças e contabilidade. Os poucos empregos e estágios disponíveis têm requisitos significativamente mais altos. A agitação relacionada à tarifa deixou as empresas pouco propensas a se arriscarem com alguém sem um histórico comprovado.
“Há muitas incertezas”, disse Wang. “Para recém-formados sem experiência como eu, o impacto é ainda maior.”
Monitor Digital - RJ 28/05/2025
A China pretende consolidar ainda mais o papel das zonas de desenvolvimento econômico e tecnológico em nível estatal em angariar investimentos estrangeiros, em meio a seus esforços contínuos de abertura, disse o Ministério do Comércio nesta terça-feira.
A ordem econômica e comercial internacional está atualmente enfrentando graves choques, disse Ling Ji, vice-ministro do Comércio, em uma coletiva de imprensa, observando que o papel dessas zonas como um pilar na estabilização do comércio exterior e do investimento estrangeiro está se tornando cada vez mais proeminente.
Até o final de 2024, o número dessas zonas chegou a 232 em todo o país, gerando um PIB combinado de 16,9 trilhões de yuans (US$ 2,35 trilhões), de acordo com o ministério. Durante o mesmo período, o comércio exterior dentro dessas zonas totalizou 10,7 trilhões de yuans, representando 24,5% do comércio geral da China.
O investimento estrangeiro direto (IED) nas zonas em uso real atingiu US$ 27,2 bilhões, representando 23,4% do IED total do país. As zonas fizeram contribuições significativas para a construção de um novo sistema econômico aberto, promovendo o desenvolvimento regional coordenado e impulsionando o crescimento industrial de alta qualidade, disse Ling.
Na semana passada, o ministério divulgou um plano de trabalho destinado a aprofundar a reforma e a inovação nas zonas de desenvolvimento, com foco em alcançar um crescimento de alta qualidade por meio de uma abertura de alto padrão.
Para aprimorar a qualidade da utilização do investimento estrangeiro, o plano de trabalho pede a priorização de projetos financiados por estrangeiros em setores como circuitos integrados, biomedicina e fabricação de equipamentos avançados dentro das zonas para inclusão na lista dos principais projetos de investimento estrangeiro.
Ele também incentiva as zonas de desenvolvimento a aprofundar o engajamento com importantes investidores globais e instituições financeiras alavancando as plataformas de promoção comercial, e promete apoio para as zonas em organizar delegações ao exterior para atrair capital estrangeiro.
Na próxima etapa, o ministério disse que facilitará a implementação do plano de trabalho e apoiará as zonas de desenvolvimento na expansão das fontes de investimento estrangeiro e na promoção do reinvestimento por empresas com financiamento estrangeiro na China.
O Estado de S.Paulo - SP 28/05/2025
O Banco Central vem alertando os analistas para uma possível surpresa para cima no desempenho do PIB no primeiro trimestre deste ano, puxado basicamente pelo setor agropecuário. Ao mesmo tempo, o BC vem pedindo paciência para o mercado esperar pelo efeito defasado do aperto monetário, esfriando a atividade e trazendo a inflação para baixo. Só que a resiliência da economia e do mercado de trabalho está deixando o mercado ansioso e reticente sobre se o nível da taxa Selic a 14,75% é mesmo suficiente.
Nesta sexta-feira, o IBGE divulga o resultado do PIB do primeiro trimestre, e o consenso das projeções aponta para alta de 1,5% ante o quarto trimestre de 2024. É um ritmo diferente do que os dados da economia em dezembro de 2024 e em janeiro deste ano sugeriam, de uma perda maior de fôlego. De lá para cá, os indicadores vieram mais fortes do que se imaginava – e um desempenho melhor para além da agropecuária.
Não à toa, na última semana houve uma rodada de revisões para cima das projeções de vários economistas para o crescimento do PIB de 2025 como um todo, com a mediana das estimativas se afastando cada vez mais da própria previsão do BC, atualmente de expansão de 1,9%. Quem ainda no mercado não melhorou sua projeção tem um viés para cima. O consenso está rodando um crescimento de 2,2% neste ano, mas há quem não descarte que essa previsão suba para 2,5%.
Se não fosse o temor de um choque na economia global com as tarifas de importação impostas pelo presidente americano Donald Trump, muito provavelmente a revisão para cima do PIB brasileiro em 2025 ganharia impulso. O consumo das famílias brasileiras está sólido, refletindo uma geração robusta de vagas de trabalho e uma taxa de desemprego ainda baixa.
“A atividade no primeiro trimestre foi muito forte, com o componente de agro bastante relevante, mas não foi só isso”, diz o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, cuja projeção de crescimento para o PIB de 2025, de 2,3%, tem um viés para cima. “Todos os indicadores coincidentes – expedição de papel ondulado, fluxo de veículos nas rodovias, vendas em supermercados, entre outros – mostram que a desaceleração mais profunda do início do ano foi algo pontual.”
O alerta do BC sobre a defasagem da alta acumulada de 4,25 pontos porcentuais dos juros no atual ciclo poderá até anestesiar o mercado, caso o desempenho do PIB neste segundo trimestre siga acima do esperado. Mas o eletrocardiograma da economia ainda mostra uma pulsação forte e coloca em xeque a dosagem ideal do remédio, os juros.
Valor Investe - SP 28/05/2025
Banco projeta que o preço do minério de ferro fique em US$ 100 por tonelada em 2025 e US$ 95 em 2026, abaixo da média de US$ 110 em 2024 e do preço atual de US$ 100
As ações da CSN Mineração (CMIN3) apresentaram o maior recuo dentro do Ibovespa hoje, após o Morgan Stanley rebaixar a recomendação para as ações da CSN Mineração de neutra para venda e o preço-alvo de R$ 6,20 para R$ 5,30. As perdas foram de 5,80%, cotadas a R$ 5,20. O principal índice acionário, por sua vez, terminou o dia com a maior parte das ações em terreno positivo.
De acordo com o banco, há uma piora nas dinâmicas de oferta e demanda do minério de ferro pressionando as ações, enquanto o plano de expansão da companhia apresenta alto risco de execução, com atrasos significativos no principal projeto de crescimento.
O banco destaca ainda que o valor da empresa (EV, na sigla em inglês) é 4,7 vezes maior do que o lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) projetado para o ano de 2025, cerca de 15% acima da média histórica, o que pode indicar que a ação está relativamente cara em relação ao seu padrão passado. Além disso, a empresa apresenta um rendimento negativo de fluxo de caixa livre, o que significa que, em vez de gerar caixa excedente para os acionistas após os investimentos operacionais, está consumindo mais caixa do que gera, pressionado por acordos de pré-pagamento que afetam o capital de giro.
A equipe de “commodities” do Morgan Stanley projeta que o preço do minério de ferro fique em US$ 100 por tonelada em 2025 e US$ 95 em 2026, abaixo da média de US$ 110 em 2024 e do preço atual de US$ 100. A queda reflete um superávit esperado no mercado marítimo, estimado em 62 milhões de toneladas em 2025, com crescimento contínuo até 2029, após um pequeno déficit de 2 milhões de toneladas em 2024. A mudança nas dinâmicas de oferta e demanda é atribuída à queda na demanda, especialmente da China, e ao aumento da oferta, incluindo 20 milhões de toneladas adicionais do projeto de Simandou em 2026.
O principal projeto de expansão da CSN Mineração, a mina Itabirite P15, que adicionaria 16,5 milhões de toneladas por ano de capacidade com teor de 67% de ferro, teve seu início adiado em quatro anos, de 2023 para o quarto trimestre de 2027. O banco vê riscos crescentes de execução, tanto em prazo quanto em orçamento, o que pode pressionar ainda mais o cenário-base atual.
O banco espera que a CSN Mineração reporte um Ebitda de R$ 1,627 bilhão no segundo trimestre deste ano, redução de 3,8% ante a estimativa anterior, e um lucro por ação de R$ 0,10, estável entre estimativas. Para o ano de 2025, é esperado um Ebitda de R$ 6,41 bilhão, piora de 9% ante a última estimativa, e lucro por ação de R$ 0,24, saindo dos R$ 0,50 previstos anteriormente.
Veja tudo sobre os balanços e outros indicadores financeiros, além de todas as notícias sobre a empresa, no Valor Empresas 360.
Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico
Valor - SP 28/05/2025
Companhia decidiu prorrogar prazo até 4 de julho para que as pessoas apresentarem requerimentos na plataforma do Programa Indenizatório Definitivo
Advogados que representam os atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que pertencia à Samarco, questionam a decisão anunciada nesta terça-feira (27) pela companhia de prorrogar até 4 de julho o prazo para as pessoas apresentarem requerimentos na plataforma do Programa Indenizatório Definitivo (PID). O prazo se encerraria nesta terça-feira (27).
PID é o modelo indenizatório previsto no acordo de reparação da Bacia do Rio Doce e prevê o pagamento de R$ 35 mil individuais para pessoas e empresas elegíveis pelo rompimento da barragem de Fundão.
O presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, disse que o PID deveria começar até 150 dias após a homologação do Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce, que seria até 5 de abril. Mas como a plataforma foi aberta em 26 de fevereiro, o prazo de funcionamento de 90 dias terminaria ontem (26).
“Para atender melhor os interesses dos indivíduos elegíveis ao ingresso na plataforma, e sem que isso represente alteração ou revisão do quanto acordado no Acordo de Repactuação, a Samarco manterá a plataforma aberta até 4 de julho”, informou a empresa.
O escritório Pogust Goodhead, que representa atingidos em uma ação em Londres contra a BHP, sócia da Samarco em conjunto com a Vale, questiona a decisão.
“Mais uma vez, as mineradoras BHP, Vale e Samarco estruturam sua estratégia no Brasil com base no andamento da ação inglesa de Mariana. Não é coincidência que o novo prazo de adesão ao PID seja 4 de julho, um dia após a conclusão da Audiência de Gerenciamento de Caso (Case Management Conference – CMC, em inglês), marcada pelo Tribunal Superior de Londres para os dias 2 e 3 de julho”, diz o escritório em nota.
A audiência definirá o cronograma da segunda fase do julgamento, agendada para outubro de 2026, na qual serão discutidos os danos decorrentes do rompimento da barragem e as indenizações.
“O agendamento da audiência, mesmo antes da sentença sobre a responsabilidade da BHP, é mais uma demonstração da agilidade e da prioridade que a corte inglesa tem dado ao caso Mariana. Essa celeridade preocupa as mineradoras, que prefeririam que todos os atingidos aderissem a um acordo mais barato no Brasil”, acrescentou em nota.
Segundo o escritório, o PID não teria alcançado a adesão massiva esperada pelas mineradoras.
A Samarco informou que recebeu mais de 255 mil pedidos de indenização, com mais de 90% de validação. “Até agora mais de 60 mil termos foram assinados e mais de 31 mil pagamentos foram feitos”, disse Vilela. O valor pago soma R$ 1,08 bilhão.
Advogados que defendem os atingidos já haviam criticado antes o funcionamento do PID. Entre as principais reclamações estão recusas e cancelamentos de pedidos sem justificativa clara, divergências na análise de documentos, falta de comunicação com os gestores do sistema.
A OAB-MG chegou a solicitar a prorrogação do prazo do PID.
Infomoney - SP 28/05/2025
O volume de crédito concedido para a compra de veículos novos somou R$ 58 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com retração de 4% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pela Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).
A principal linha utilizada pelos consumidores, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), recuou 5%, movimentando R$ 57 bilhões. A inadimplência também avançou, passando de 3,6% para 5,6% no período de doze meses. Apesar do quadro mais restritivo no crédito, os papéis de empresas do setor de locação operam em alta nesta terça-feira (27). Por volta das 13h (horário de Brasília), Localiza (RENT3) disparava 4,80%, a R$ 42,81, e Movida (MOVI3) avançava 4,39%, a R$ 7,13.
A elevação dos juros é apontada como o principal fator por trás do enfraquecimento da demanda. “A taxa de 14,75% ao ano tem limitado o acesso ao financiamento, e isso derruba o valor médio das operações”, diz Enílson Sales, presidente da Anef, em entrevista à Autodata. Ainda assim, o saldo total das carteiras financiadas avançou 15% na comparação anual, alcançando R$ 494 bilhões.
O Bradesco BBI afirma que o recuo no financiamento de veículos novos acende um alerta para empresas de locação, como Localiza e Movida. Em relatório enviado ao mercado, analistas afirmam que o enfraquecimento do crédito pode reduzir a liquidez do mercado de seminovos. Esse movimento tende a pressionar a renovação de frotas e encarecer as despesas com depreciação dos ativos.
Para o BBI, o encarecimento do custo de capital e a redução da velocidade de venda dos usados elevam o risco de ajustes contábeis nas linhas de resultado das companhias de locação. O banco mantém recomendação de compra para as ações de Localiza, com preço-alvo de R$ 56, e para Movida, com preço-alvo de R$ 8, ambos acima do valor negociado no pregão de hoje.
Embora o saldo geral das carteiras de crédito continue em expansão, o recuo nas concessões para veículos novos pode se traduzir em um menor giro de ativos nos próximos trimestres, segundo os analistas. Nesse contexto, a estratégia comercial das locadoras pode ser influenciada por uma postura mais cautelosa nas aquisições, tanto pelo encarecimento dos financiamentos quanto pela menor atratividade do mercado secundário.
O Bradesco BBI diz que a elasticidade da demanda por seminovos tende a diminuir quando o financiamento ao consumidor perde força, criando um ambiente menos favorável para a rotação de veículos. Essa dinâmica, segundo os estrategistas, impõe pressão adicional sobre a rentabilidade das operações de locação e gestão de frotas.
Auto Industria - SP 28/05/2025
A indústria de autopeças apresentou déficit comercial de US$ 1,2 bilhão em abril, resultado 6,1% superior ao de idêntico mês de 2024, conforme relatório da balança comercial divulgado pelo Sindipeças.
Com US$ 674,5 milhões embarcados, as exportações recuaram tanto na comparação mensal quanto na interanual, “sinalizando perda de dinamismo”, avalia a entidade.
As importações, por sua vez, seguem em alta em todas as bases de comparação, com destaque para a elevação de 14,1% no primeiro quadrimestre do ano, com US$ 7,54 bilhões adquiridos no exterior, ante os US$ 6,6 bilhões do mesmo período do ano passado.
“Tal cenário evidencia a dependência estrutural do setor em relação a componentes e autopeças estrangeiras, intensificada nos primeiros meses de 2025”, admite o Sindipeças.
As exportações também cresceram no acumulado do ano, mas em índice inferior, de apenas 5,7% (US$ 2.64 bilhões versus US$ 2,5 bilhões). Nesse caso, o principal destaque é a Argentina, que apresentou crescimento de 22,6% no acumulado do ano e participação de 38,5%, com compras acima de US$ 1 bilhão (veja tabela abaixo).
Já as exportações para os Estados Unidos, que anunciaram barreiras a componentes automotivos de outros países, recuaram 4,8%, de US$ 4,38 milhões para US$ 417,8 milhões.
No que diz respeito às importações, a China segue na liderança desse ranking, com a venda para o Brasil de US$ 1,43 bilhão, alta de 23,7% sobre o primeiro quadrimestre do ano passado e participação de 19%
O Sindipeças avalia que apesar de sinais de memlhora no cenário externo, fatores adversos permanecem no horizonte, conforme relata em seu boletim da balança comercial:
“O avanço do protecionismo global e a maior inserção da China em mercados tradicionalmente atendidos pelo Brasil tendem a limitar o ritmo de expansão das exportações. Além disso, há risco de efeitos indiretos decorrentes das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, especialmente com o possível redirecionamento das exportações mexicanas para mercados onde o Brasil atua”.
Globo Online - RJ 28/05/2025
O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou hoje uma ação civil pública contra a BYD e duas empreiteiras que prestavam serviços à montadora chinesa por suposto trabalho escravo e tráfico de pessoas.
O órgão pediu que a Justiça condene as empresas a pagarem cerca de R$ 257 milhões por danos morais coletivos, além de indenizações individuais no valor mínimo de 21 vezes o salário contratual de cada uma das vítimas, acrescidas de uma remuneração por dia a que foram submetidas às condições análogas à escravidão.
Os procuradores também pleiteiam que a BYD, o Jinjiang Group e a Tecmonta sejam multadas em R$ 50 mil para cada item descumprido nas normas brasileiras de proteção ao trabalho. A quantia deve ser multiplicada pelo número de trabalhadores prejudicados.
Em dezembro passado, 220 trabalhadores chineses foram encontrados em situação análoga à escravidão e vítimas de tráfico internacional de pessoas. O grupo foi contratado para construir a planta industrial da BYD em Camaçari, na Bahia.
Segundo o MPT, todos esses trabalhadores entraram no país de forma irregular, com visto de trabalho para serviços que não correspondiam às atividades desenvolvidas na obra.
Uma força-tarefa chegou a encontrar trabalhadores amontoados em alojamentos sem condições básicas de higiene e sob vigilância armada. Também constatou a retenção de passaportes, contratos de trabalho com cláusulas ilegais, jornadas exaustivas e sem descanso semanal.
A apuração começou em 2024 após uma denúncia anônima.
(Atualização às 19h: A assessoria do BYD enviou a seguinte nota: “A BYD reafirma seu compromisso inegociável com os direitos humanos e trabalhistas, pautando suas atividades pelo respeito à legislação brasileira e às normas internacionais de proteção ao trabalho. A empresa vem colaborando com o Ministério Público do Trabalho desde o primeiro momento e vai se manifestar nos autos sobre a ação movida pelo MPT”.)
Valor - SP 28/05/2025
Filosa tem 25 anos de casa e é atualmente diretor de operações para as Américas e diretor de qualidade
Antonio Filosa — Foto: Alexandre Campbell / Valor
A fabricante do Jeep, Stellantis, nomeou Antonio Filosa como seu próximo diretor executivo, colocando um veterano da empresa no comando enquanto o grupo automotivo enfrenta tarifas e um mercado automotivo desafiador.
A empresa informou nesta quarta-feira que Filosa — veterano com 25 anos de casa, atualmente diretor de operações para as Américas e diretor de qualidade — assumirá o cargo de CEO em 23 de junho.
Segundo a Stellantis, o conselho escolheu Filosa por seu histórico no setor automotivo e pelo conhecimento da empresa, na qual liderou operações tanto na América do Norte quanto na América do Sul. Promovido em dezembro à chefia das operações nas Américas, ele buscou fortalecer a atuação da empresa nos EUA reduzindo o excesso de estoques nas concessionárias e aumentando o diálogo com revendedores, sindicatos e fornecedores, informou a empresa.
John Elkann, que assumiu funções executivas após a saída de Carlos Tavares da presidência em dezembro, continuará como presidente executivo até que Filosa assuma oficialmente o cargo. Na ocasião, Filosa apresentará a nova equipe de liderança da Stellantis, disse a companhia.
A renúncia de Tavares ocorreu após um período tumultuado para a empresa, que ele ajudou a criar por meio da fusão entre a Fiat Chrysler Automobiles e o grupo francês PSA, dono das marcas Peugeot e Citroën.
A Stellantis informou ainda que uma assembleia extraordinária de acionistas será convocada nos próximos dias para votar a nomeação de Filosa ao conselho como diretor executivo.
Infomoney - SP 28/05/2025
As vendas da Tesla caíram 49% em 32 países da Europa, em abril, apesar da aceleração do crescimento do mercado de carros elétricos, de acordo com números divulgados pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), nesta terça-feira, 27. No total, foram 7.261 veículos entregues, ante 14.228 no mesmo mês em 2024, o que indica uma reação negativa contra o CEO da montadora, Elon Musk, por suas posições políticas.
Os números, que abrangem os 27 países-membros da União Europeia (UE) e cinco outras nações fora do bloco, corroboram dados iniciais da Suécia, Holanda e Dinamarca, divulgados no início deste mês, que apontavam para um colapso nas vendas da Tesla. Nos primeiros quatro meses deste ano, as vendas europeias da montadora caíram cerca de 39%, para 61.320 unidades.
A montadora de Musk busca se recuperar de protestos e boicotes devido à intromissão do CEO na política dos EUA e enfrenta uma intensificação da concorrência de marcas rivais de veículos elétricos, especialmente da China. A Tesla também está sofrendo porque teve que fechar fábricas por várias semanas para atualizar seu utilitário esportivo mais vendido, o Model Y, o que reduziu o fornecimento.
Segundo os dados da ACEA, por outro lado, as vendas de veículos elétricos de todos os fabricantes aumentaram cerca de 28%, enquanto as vendas de carros movidos a gasolina e diesel caíram. Dentre marcas chinesas, as vendas da SAIC aumentaram 54% no mês passado. Fonte: Associated Press.
O Estado de S.Paulo - SP 28/05/2025
A Volvo anunciou nesta segunda-feira, 26, um plano de reestruturação global que envolve a demissão de 3 mil empregados, incluindo funcionários e consultores. A medida faz parte de um plano de enxugamento da empresa, “em um momento em que a indústria automotiva enfrenta desafios consideráveis em seu ambiente externo”, diz o comunicado de imprensa.
As demissões afetarão principalmente cargos administrativos na Suécia, representando aproximadamente 15% da força de trabalho de escritório global da Volvo. No país, cerca de 1,2 mil funcionários terão seus contratos rescindidos, além da redução de cerca de 1 mil posições atualmente ocupadas por consultores.
As demais demissões ocorrerão em outros mercados globais. Os locais exatos onde elas ocorrerão dependerá de revisão de toda a organização da empresa, segundo o texto. “A Volvo Cars tem como meta concluir as mudanças estruturais durante o outono de 2025”, informa o texto.
Em nota à imprensa, Håkan Samuelsson, presidente e CEO da Volvo Cars, disse que as ações, embora difíceis, são cruciais para construir uma empresa mais forte e resiliente. “A indústria automotiva está no meio de um período desafiador. Para lidar com isso, devemos melhorar nossa geração de fluxo de caixa e reduzir estruturalmente nossos custos”, disse o executivo.
Apesar das demissões, a Volvo reafirma seu compromisso de longo prazo em se tornar uma empresa de carros totalmente elétricos. “A Volvo Cars mantém-se firme em sua ambição de se tornar uma empresa de carros totalmente elétricos, pois o segmento de carros totalmente elétricos é o de crescimento mais rápido e a Volvo Cars é líder nesta transição”, diz o texto.
A montadora adiantou que essa movimentação impactará em seu resultado financeiro. “A empresa estima um custo de reestruturação único de até 1,5 bilhão de coroas suecas (cerca de R$ 891 milhões), que impactará os resultados financeiros do segundo trimestre de 2025”, diz.
Recorde de receita e vendas
Fundada em 1927, a Volvo tem hoje clientes em mais de 100 países. Para o ano de 2024, a empresa reportou em seu balanço uma receita histórica de 400,2 bilhões de coroas suecas (R$ 237,7 bilhões), com lucro operacional de 27 bilhões de coroas suecas (R$ 16 bilhões). As vendas globais alcançaram um recorde de 763.389 carros.
No final do ano passado, a empresa empregava aproximadamente 42.600 funcionários em tempo integral. A sede da Volvo Cars, as funções de desenvolvimento de produtos, marketing e administração estão localizadas principalmente em Gotemburgo, na Suécia. As fábricas da Volvo Cars estão localizadas em Gotemburgo, Gante (Bélgica), Carolina do Sul (EUA), Chengdu, Daqing e Taizhou (China). A empresa também possui centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) e design em Gotemburgo e Xangai (China).
Infomoney - SP 28/05/2025
O mercado de imóveis comerciais manteve a tendência de maior valorização dos aluguéis em abril de 2025, enquanto os preços de venda mostram sinais de desaceleração. De acordo com o levantamento mensal feito pela FipeZAP, os preços de locação de salas e conjuntos de até 200 m² subiram, em média, 1,08% no mês — mais do que o triplo da variação observada nos preços de venda, que aumentaram apenas 0,23% no mesmo período.
A retomada de atividades presenciais, aliada ao avanço do setor de serviços e ao maior apetite de empresas por flexibilizar espaços sem comprometer capital vem mantendo o dinamismo dos dois segmentos. Porém, o mercado de compra e venda de imóveis comerciais mantém um ritmo mais lento de recuperação, em função da situação macroeconômica, com os juros subindo continuamente.
“A alta dos juros influencia muito o mercado imobiliário, especialmente as vendas. Com o crédito mais caro, empresas e investidores tendem a adiar a compra de imóveis, optando pela locação”, afirma a economista do DataZAP, Paula Reis.
Segundo ela, diante do atual cenário de Selic em alta, a perspectiva é de que as dificuldades ao acesso ao crédito comercial continuem durante o ano inteiro, assim como a desaceleração da valorização dos imóveis. “Por outro lado, o mercado de trabalho aquecido deve sustentar a demanda por bens e serviços, fomentando o comércio e contribuindo para acelerar os reajustes de aluguéis comerciais”, afirma.
Locação supera inflação
A variação de 1,08% nos aluguéis comerciais em abril superou os aumentos tanto do IPCA do mês (0,43%), que mede a inflação oficial no Brasil, quanto o IGP-M (0,24%), considerado o índice de reajuste dos alugueis. Já os preços de venda ficaram praticamente empatados com o índice geral de inflação ao consumidor, com uma alta de apenas 0,23%.
Entre as dez cidades monitoradas pelo FipeZAP, a maior valorização dos aluguéis foi registrada em Brasília, com alta de 2,74%, seguida por Curitiba (+2,49%) e Campinas (+2,01%). No mercado de venda, Curitiba também liderou, com alta de 1,57%, mas outras cidades apresentaram desempenho morno ou até queda, como Salvador (-0,35%), Rio de Janeiro (-0,24%) e Campinas (-0,14%).
Acumulado de 2025
No acumulado do ano até abril, os aluguéis comerciais já subiram 3,12%, ritmo mais do que duas vezes superior ao dos preços de venda, que avançaram apenas 1,19% no período. Em termos comparativos, a inflação oficial medida pelo IPCA acumula 2,48% no ano, e o IGP-M teve alta 1,23%.
Essa diferença reforça o descolamento entre os dois mercados: o da locação mais sensível à demanda empresarial por espaços operacionais e o de venda ainda travado por incertezas macroeconômicas e altas taxas de juros, que afetam diretamente o investimento em imóveis comerciais.
Alta em 12 meses
No período de 12 meses encerrado em abril, o contraste é ainda mais expressivo. Os aluguéis comerciais acumulam alta de 7,83%, ante apenas 1,34% nos preços de venda. O desempenho da locação foi mais intenso em Niterói (+16,45%), Curitiba (+15,17%) e Campinas (+10,77%).
Entre as capitais que registraram queda nos preços de venda no período estão Rio de Janeiro (-2,85%), Porto Alegre (-0,68%) e Belo Horizonte (-0,65%).
São Paulo é destaque
Segundo levantamento do FipeZAP, São Paulo lidera o ranking de valores médios cobrados no período, ficando em R$ 10.256/m² para venda e R$ 56,06/m² para locação. Outras capitais com preços elevados incluem Florianópolis (R$ 8.779/m² e R$ 47,33/m²) e Rio de Janeiro (R$ 8.555/m² e R$ 46,55/m²).
Na outra ponta, Salvador segue com os menores preços de venda (R$ 5.220/m²), embora seus aluguéis estejam acima da média nacional, em R$ 43,17/m².
Rentabilidade
O índice também mostra que a rentabilidade média do aluguel comercial atingiu 6,84% ao ano em abril, acima dos 5,92% observados no mercado de locação residencial. Entre as cidades com os maiores retornos anuais para investidores estão Salvador (9,99%), Campinas (8,17%) e Brasília (6,96%).
Mesmo com essa atratividade, o retorno dos imóveis comerciais ainda fica abaixo de aplicações financeiras de renda fixa, especialmente diante de uma taxa Selic elevada, fator que continua impactando negativamente a liquidez e a valorização no mercado de compra e venda.
Diário do Comércio - MG 28/05/2025
O Índice de Confiança da Construção (ICST), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) recuou 0,3 ponto em maio, para 93,3 pontos, menor nível desde junho de 2021 (92,3 pontos). Na média móvel trimestral, o índice também cedeu 0,3 ponto.
“É importante destacar que uma maior parcela das empresas da construção mantém-se otimista com a demanda futura e sinaliza aumento das contratações de pessoal nos próximos meses. No entanto, o otimismo tem arrefecido e as dificuldades com o ambiente de negócios continuam evoluindo de forma negativa, mantendo a confiança no terreno do pessimismo moderado. Assim, a despeito das projeções de crescimento dos investimentos na infraestrutura e no mercado imobiliário, tem pesado mais o cenário adverso de alta dos juros, dos custos e, principalmente, das incertezas”, observou a coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, Ana Maria Castelo.
Em maio, a confiança da construção foi influenciada pelo momento atual e pelas perspectivas. O Índice de Situação Atual caiu 0,4 ponto, para 92,2, menor nível desde fevereiro de 2022 (91,4 pontos). O Índice de Expectativas diminuiu 0,2 ponto, para 94,6 pontos, menor nível desde janeiro deste ano (94,2 pontos).
Entre os componentes do Índice de Situação Atual (ISA-CST) foi observada variações opostas. O indicador de situação atual dos negócios recuou 1,8 ponto, alcançando 91,2 pontos, enquanto o indicador de volume de carteira de contratos avançou 1,0 ponto, para 93,2 pontos.
No Índice de Expectativas (IE-CST) também ocorreu variações contrárias nos seus componentes: o indicador de demanda prevista nos próximos três meses retraiu de 1,1 ponto, para 95,9 pontos, por outro lado, o indicador de tendência dos negócios subiu 0,7 ponto, atingindo 93,3 pontos.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da Construção aumentou 0,8 ponto percentual (p.p.), chegando aos 79,5%. O Nuci de Mão de Obra e o de Máquinas e Equipamentos avançaram 0,9 e 0,4 ponto percentual, para 81,0% e 73,6%, respectivamente.
Demanda prevista
“A diferença entre as assinalações de crescimento e redução da demanda nos próximos três meses voltou a cair. O saldo na média móvel trimestral alcançou o menor patamar desde julho de 2021. De todo modo, uma possível desaceleração da demanda não deve repercutir na atividade nos próximos meses, que ainda irá refletir o crescimento do investimento dos últimos anos. “As indicações de aumento da mão de obra continuam se elevando”, observou Ana Maria Castelo.
Custo avançou 0,26% em maio
São Paulo – O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) subiu 0,26% em maio, desacelerando o ritmo de alta em relação a abril, quando aumentou 0,59%, segundo a Fundação Getulio Vargas. Com o resultado, o índice acumula alta de 2,48% no ano e de 7,17% em 12 meses.
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Os preços de Materiais, Equipamentos e Serviços caíram 0,07% em maio, após alta de 0,37% no mês anterior, enquanto o custo da Mão de Obra aumentou 0,72%, desacelerando em relação ao avanço observado em abril, de 0,91%.
As principais influências para cima no INCC-M vieram dos preços de contratação de engenheiro (0,95% em abril para 1,26% em maio), elevador (0,95% para 0,92%), pedreiro (1,07% para 0,42%), carpinteiro (fôrma, esquadria e telhado) (0,74% para 1,07%) e pintor (1,19% para 0,87%).
Na outra ponta, puxaram o índice para baixo tubos e conexões de PVC (0,76% para -5,51%), vergalhões e arames de aço ao carbono (-1,27% para -0,56%), eletrodutos de PVC (0,95% para -3,90%), bandeja de proteção – primária e secundária (0,40% para -0,27%) e tela de aço soldada para concreto (-0,88% para -0,66%).
Globo Online - RJ 28/05/2025
A inflação da construção desacelerou em maio, foi de 0,26% ante a 0,59% apurado em abril. A queda no ritmo foi puxada por uma deflação em material e equipamos, que recuou 0,12%, depois de uma alta de 0,35%, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo FGV Ibre. Houve ainda desaceleração em serviços, que subiu 0,40% contra alta de 0,50% em no mês anterior e na variação da mão de obra que foi de 0,91% em abril e de 0,72% neste mês. A pergunta que fica é se esse mês representará uma inflexão no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), firmando uma tendência de queda na inflação do setor, que acumula em 12 meses alta de 7,17%.
E a resposta, diz e Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV IBRE, deve vir dos materiais. Isto porque, 28% das empresas ouvidas na Sondagem da Construção, indicam que irão aumentar as contratações nos próximos três meses, sem falar que junho é mês de acordo coletivo da categoria em São Paulo.
- O alívio, portanto, não deve vir da mão de obra, grupo que deve voltar a acelerar em junho. Na sondagem, a mão de obra continua aparecendo como a maior dificuldade para o setor que continua bastante aquecido. Para se falar em tendência de queda do setor, será preciso observar o comportamento dos materiais confirmam a curva de queda. A guerra de tarifas pode propiciar a importação de produtos mais baratos, o aço já caiu esse mês - explica a economista.
Os juros altos e o aumento das incertezas externas levaram a um arrefecimento do otimismo das empresas do setor com o futuro. Ainda assim, diz Ana Maria, a maioria das construtoras se mantém otimista.
- A atividade em si está refletindo um ciclo de negócios anterior, que foi muito forte, seja em investimentos da infraestrutura, seja no mercado imobiliário. E isso explica por que a previsão de contratação continuou muito forte. Agora, na hora que se pergunta se esse ciclo vai continuar, as empresas ficaram um pouco menos otimistas.
InfraRoi - SP 28/05/2025
A Trivia Trens, do Grupo Comporte Participações S.A, assinou o contrato de concessão patrocinada do Lote Alto Tietê, que contempla as linhas 11–Coral, 12–Safira e 13–Jade da CPTM, além da operação do Serviço Expresso Aeroporto, que conecta a capital paulista ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. O contrato, assinado com a Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado (SPI), estabelece uma parceria público-privada com vigência de 25 anos e investimentos estimados em R$ 14,3 bilhões, conforme divulgou a Agência SP.
O projeto prevê a construção de dez novas estações, a reforma de outras 24 e a reconstrução completa de mais quatro. Também está incluída a ampliação de mais de 20 quilômetros de trilhos. A Linha 11–Coral será estendida até a Estação César de Sousa, em Mogi das Cruzes, com a implantação de uma nova parada. A Linha 12–Safira será prolongada até Suzano, enquanto a Linha 13–Jade chegará aos bairros de Gabriela Mistral, na zona leste da capital, e Bonsucesso, em Guarulhos — uma antiga demanda da população local que finalmente será atendida.
Com essas melhorias, a expectativa é que as três linhas transportem juntas cerca de 1,3 milhão de passageiros por dia até 2040. A concessão permitirá também a redução dos intervalos entre trens, confira:
Na Linha 11–Coral, o intervalo será reduzido para 3 minutos entre Palmeiras-Barra Funda e Suzano, e para 6 minutos entre Suzano e Cesar de Sousa. A linha será estendida em 4 km, chegando até a Estação Cesar de Sousa, com ampliação do serviço até a Barra Funda. Na Linha 12–Safira, o intervalo entre Brás e Itaquaquecetuba passará de 5 para 3 minutos e 15 segundos, e entre Itaquaquecetuba e Suzano, de 10 para 6,5 minutos. A extensão da linha será de 2,7 km até Suzano. Na Linha 13–Jade, o intervalo será reduzido para 10 minutos. O ramal será ampliado até Bonsucesso, com 15,6 km de novos trilhos. O Expresso Aeroporto passará a operar com viagens a cada 30 minutos no horário de vale e a cada 1 hora nos horários de pico. Quando a Trivia Trens assume a gestão?
A Trivia Trens não vai assumir as operações imediatamente. A partir da assinatura do contrato, há um período de dois meses para a produção de efeitos jurídicos e operacionais. Depois, outros 12 meses de fase pré-operacional onde a concessionária vai se adaptar para assumir a gestão.
Após esses 14 meses, a Trivia vai cumprir um período de um ano de operação assistida, durante o qual a CPTM acompanha e supervisiona a atuação da concessionária. Após esse período, tem início a operação comercial plena, quando a CPTM deixa de prestar assistência direta e a concessionária assume integralmente a gestão do sistema. A fiscalização do contrato ficará a cargo da Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
A concessão integra o programa SP nos Trilhos, que contempla mais de 40 projetos voltados à expansão da malha ferroviária, incluindo trens urbanos, os Trens Intercidades (TICs) e os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs). Juntas, as iniciativas somam mais de R$ 190 bilhões em investimentos e abrangem mais de mil quilômetros de extensão de trilhos na Grande São Paulo, interior e litoral, consolidando o maior programa de mobilidade ferroviária do país.
Valor - SP 28/05/2025
Todo o projeto terá 750 km e só no primeiro trecho serão investidos cerca de R$ 5 bilhões
Machado, gerente de implantação da nova ferrovia da Rumo: “Em uma obra como essa, uma das grandes dificuldades é levar o material até o canteiro” — Foto: Gabriel Reis/Valor
Quem avança pela BR-163, entre Cuiabá e Rondonópolis (MT), já enxerga os primeiros sinais de que a nova ferrovia da Rumo no Mato Grosso começou a sair do papel. Os viadutos que passam por cima da rodovia, com o nome da companhia estampado, deverão começar a receber em meados de 2026 os trens carregados de grãos do Centro-Oeste, em direção ao Porto de Santos.
Ao todo, o empreendimento deverá somar 750 km, entre e Lucas do Rio Verde, no norte do Estado, e Rondonópolis, onde a nova rota se conectará com a Malha Norte, ferrovia já em operação pela Rumo. Por enquanto, está em curso a primeira fase de construção, com 162 km. Porém, a empresa de logística do grupo Cosan já começa a preparar a segunda etapa da obra, que deverá ter início no próximo ano.
A primeira fase vai de Rondonópolis até o chamado Terminal 070, na região de Campo Verde. Os primeiros quilômetros já estão praticamente concluídos, mas a movimentação de carga só será possível em meados do próximo ano, quando entrará em funcionamento o primeiro terminal da nova malha - local onde os caminhões deverão descarregar os grãos, para fazer a transferência ao modal ferroviário.
A segunda etapa da obra seguirá do terminal até a região de Planalto da Serra, com mais 180 km de ferrovia. Esse próximo trecho já tem licenciamento ambiental emitido e projetos executivos praticamente prontos. A empresa começa a procurar as construtoras para os primeiros pacotes de obra.
A construção da fase 2 deverá começar até meados de 2026. “A ideia é não parar a frente de obras”, afirmou Natalia Marcassa, vice-presidente de relações institucionais da Rumo. A construção desse segundo trecho deverá levar em torno de dois anos.
A empresa também acaba de protocolar o licenciamento ambiental para a construção do ramal que irá conectar a ferrovia à capital Cuiabá. Porém, diante do volume bilionário de recursos, o grupo deverá priorizar a construção da linha central.
“A gente deve começar também [a construção do ramal] e aí vai avançando com as duas frentes à medida que for captando recursos e financiamento, porque são obras caras. Talvez a empresa não consiga dar velocidade grande nas duas de uma vez. Vamos avançar mais rápido na linha central, para aumentar a capacidade, e depois vamos para o ramal”, disse Marcassa.
A alta da taxa de juros não deverá travar o projeto, segundo a executiva. “A gente continua fazendo a ferrovia no cronograma acordado. É lógico que uma taxa de juros a 15% machuca qualquer negócio de infraestrutura, mas a empresa acredita muito na tese de crescimento da ferrovia no norte do Mato Grosso, então estamos mantendo os investimentos”, afirmou.
Só na primeira etapa deverão ser aplicados entre R$ 4,6 bilhões e 5,1 bilhões. Até o fim de 2024, R$ 2,1 bilhões já tinham sido investidos e, neste ano, a previsão da companhia é aplicar cerca de outros R$ 2 bilhões no projeto.
Com o fim da temporada de chuvas no Mato Grosso, que neste ano se arrastou até maio, a construção voltou a ganhar tração e deverá seguir o cronograma previsto do ano, disse Leandro Machado, gerente de implantação da Ferrovia de Mato Grosso, durante visita do Valor às obras.
Parte relevante das primeiras intervenções já foi concluída. Uma das principais e mais complexas obras de arte, a ponte do Rio Vermelho, logo nos primeiros quilômetros da nova ferrovia, está praticamente pronta, após cerca de 17 meses de construção.
O mercado acredita na tese da Rumo, não há problema para captar dívida”
— Natalia Marcassa
A companhia também já adquiriu a totalidade dos trilhos que serão usados nos 750 km da ferrovia. Em um dos canteiros de obras próximo a Rondonópolis é possível encontrar pilhas com as 24 mil toneladas do material, que foi importado da China em dois navios - as unidades começaram a chegar em setembro do ano passado e os últimos trilhos acabam de ser descarregados, em abril deste ano.
Às margens da nova ferrovia também está sendo construída uma fábrica de dormentes (estruturas de concreto nas quais os trilhos são fixados) destinada apenas ao empreendimento. Após a conclusão da ferrovia da Rumo, a expectativa é que a planta seja desmontada.
“O volume de material necessário é tão grande que a empresa avaliou que seria mais vantajoso construir aqui do que trazer de outras fábricas”, afirmou Machado. Ao todo, deverão ser necessários cerca de 1,3 milhão de dormentes de cimento, para os 750 km da via. A fábrica deverá ficar pronta por volta de setembro deste ano, então os primeiros dormentes estão vindo de uma planta em São Paulo.
“Em uma obra como essa, uma das grandes dificuldades é levar o material até o canteiro”, explicou. Ao longo dos trechos em obras é possível ver, além da nova linha, trilhos que percorrem a via de forma paralela, que são construídos temporariamente, apenas para transportar os materiais da construção, e que depois também deverão ser desmontados.
A nova ferrovia da Rumo no Mato Grosso foi assinada em setembro de 2021 com o governo estadual. Do ponto de vista regulatório, o contrato é inovador: além de ser estadual, e não federal como a maior parte das grandes malhas, o projeto foi firmado em regime de autorização, e não de concessão - ou seja, tem caráter privado, sem recursos ou tomada de risco do poder público.
As obras tiveram início oficialmente no fim de 2022, mas ganharam força em 2024. Hoje há cerca de 5.800 funcionários trabalhando no empreendimento.
A ferrovia será uma extensão da operação da Rumo, que transporta boa parte dos grãos do Mato Grosso até Santos. A diferença é que hoje a carga chega por caminhão até o megaterminal da empresa em Rondonópolis, onde é feito o transbordo para a ferrovia. Em média, 1.500 caminhões por dia chegam ao complexo logístico para fazer a descarga.
Com o prolongamento da via e a instalação de novos terminais, até o norte do Estado, a ideia é que a carga chegue antes à ferrovia, reduzindo os trajetos feitos por caminhão no Mato Grosso. “Na prática vai despressurizar o terminal de Rondonópolis.”
Os contratos comerciais com os clientes interessados em usar o novo trecho a partir de 2026 ainda não foram firmados, o que deverá começar a ser feito a partir de agosto, segundo Marcassa. “Na verdade, são os nossos próprios clientes que estão interessados, porque eles já levam a carga por caminhão até Rondonópolis.”
A previsão inicial da empresa, divulgada em 2022, era que toda a ferrovia até Lucas do Rio Verde, custaria entre R$ 14 bilhões e R$ 15 bilhões, mas o valor deverá ser maior. A previsão de gastos com a primeira fase já sofreu a primeira revisão, para a estimativa atual de até R$ 5,1 bilhões, mas ainda não há cálculo atualizado para as etapas seguintes.
Questionada sobre a captação de recursos para os demais trechos, Marcassa afirmou que o financiamento não será problema, apesar do custo mais elevado, e que hoje a alavancagem financeira do grupo está baixa - o indicador, medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), encerrou o primeiro trimestre em 1,6 vezes.
Segundo ela, hoje a empresa negocia um empréstimo de mais R$ 1 bilhão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e está trabalhando para acessar recursos do Fundo Clima para a construção da ferrovia, sob a tese de que o modal irá substituir viagens de caminhão e reduzir as emissões. “O mercado acredita na tese da Rumo, não há problema para captar dívida, mas a gente quer captar mais barato”, disse.
A repórter viajou a convite da Rumo
Valor - SP 28/05/2025
Preocupação da agência está relacionada ao risco de concentração de mercado, considerando a presença significativa de grupos econômicos ligados a empresas de navegação que já operam terminais no Porto de Santos
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou nesta terça-feira (27) que a pasta irá aguardar a manifestação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) sobre as regras do leilão de arrendamento do megaterminal Tecon Santos 10 (STS10), no Porto de Santos (SP), para se posicionar sobre eventual restrição à participação de empresas.
A preocupação da Antaq está relacionada ao risco de concentração de mercado, considerando a presença significativa de grupos econômicos ligados a empresas de navegação (armadores) que já operam terminais de contêineres no Porto de Santos. Já há alguns anos essa disputa tem atrasado a oferta do megaterminal em leilão. O governo espera levar o projeto ao mercado em dezembro deste ano. Os estudos econômicos ainda precisam passar por análise do Tribunal de Contas da União (TCU).
"Nós estamos aguardando oficialmente a manifestação da Antaq. Eu tive uma informação que a Antaq está primando, no primeiro momento, pela possibilidade de não incluir armadores no processo de concessão. Existe uma preocupação que a Antaq coloca sobre a questão mercadológica para que não haja uma grande concentração de mercado e o Porto de Santos não fique dependente de grandes grupos econômicos dominando o controle do Porto, mas a gente ainda não teve a oportunidade de ler o voto do relator que ainda não foi publicado", disse o ministro, durante o programa de rádio "Bom dia, Ministro", da EBC.
O estudo atualizado prevê o investimento de R$ 5,6 bilhões, com valor global do contrato estimado em R$ 44,4 bilhões. A área de arrendamento está localizada na margem direita do complexo portuário, na região do Saboó. O prazo de contratos é de 25 anos, com início em 2026 e término em 2050.
No início deste mês, o ministro de Portos e Aeroportos apresentou o projeto a investidores chineses, na viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim. “O Tecon Santos 10 vem sendo pensado há mais de 15 anos, mas não avançou. Agora, a gente trabalha para tirar esse terminal do papel, o que vai representar mais de R$ 5 bilhões de investimentos e dobrar a capacidade de operação de contêineres no Porto de Santos. Isso é muito estratégico para o Brasil e a gente não vai perder essa oportunidade de avançar com o projeto”, afirmou Costa Filho, ao Valor, antes da viagem ao país asiático.
Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho — Foto: Foto: Wenderson Araujo/Valor
Exame - SP 28/05/2025
Um novo relatório da consultoria marítima Drewry revela que o congestionamento em portos-chave do norte da Europa está se agravando, com riscos de se espalhar para a Ásia e os EUA – o que pode pressionar as taxas de frete marítimo.
Em Bremerhaven, na Alemanha, o tempo de espera por atracação saltou 77% entre março e meados de maio. Antuérpia, na Bélgica, e Hamburgo, na Alemanha, registraram aumentos de 37% e 49%, respectivamente, enquanto Roterdã, na Holanda, e Felixstowe, no Reino Unido, também enfrentam atrasos crescentes.
Os principais culpados são a escassez de mão de obra e os baixos níveis do rio Reno, que prejudicam o transporte por barcaças. A situação piorou com a suspensão temporária das tarifas de 145% sobre importações chinesas pelo governo Trump, que antecipou a demanda por fretes entre as duas maiores economias do mundo.
“Os atrasos nos portos estão alongando os tempos de trânsito, atrapalhando o planejamento de estoques e levando os embarcadores a manter estoques extras”, disse a Drewry. “Para piorar, o comércio transpacífico no sentido leste já dá sinais de alta temporada antecipada, impulsionado por uma pausa de 90 dias nas tarifas entre EUA e China, com vencimento em 14 de agosto.”
Padrões semelhantes estão surgindo em Shenzhen, na China, assim como em Los Angeles e Nova York, “onde o número de navios porta-contêineres aguardando atracação vem aumentando desde o final de abril”, informou a Drewry.
Rolf Habben Jansen, CEO da Hapag-Lloyd, afirmou em webinar que, apesar de melhoras recentes em portos europeus, a normalização deve levar "mais 6 a 8 semanas".
Disputa entre EUA e UE
A política tarifária dos EUA — com ameaças e tréguas repentinas — dificultam o planejamento de pedidos por importadores e exportadores, causando oscilações sazonais incomuns na demanda. Para as empresas de transporte marítimo, isso resulta em atrasos e custos maiores, o que exige aumentos nas tarifas de frete.
O golpe mais recente à previsibilidade veio na sexta-feira, quando Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% à União Europeia em 1º de junho. No entanto, ele recuou no fim de semana, adiando o prazo para 9 de julho após uma ligação com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Com pouco mais de seis semanas até que as tarifas mais altas possam entrar em vigor, os volumes de carga transatlântica devem aumentar.
— Os embarcadores têm ainda mais incentivo para enviar o que puderem aos EUA antes da nova tarifa — disse Emily Stausbøll, analista sênior de transporte na Xeneta, plataforma digital de frete com sede em Oslo.
A incerteza política adicional será um peso morto para a atividade global, ao aumentar os riscos em decisões de investimento, segundo nota da Oxford Economics divulgada no sábado. Alemanha, Irlanda, Itália, Bélgica e Países Baixos são os países mais vulneráveis, dado o peso das exportações para os EUA em relação ao seu PIB, informou a consultoria.
A Bloomberg Economics afirmou na sexta-feira que tarifas adicionais de 50% provavelmente reduziriam as exportações da UE para os EUA a quase zero para todos os produtos sujeitos a tarifas recíprocas, cortando as exportações totais da UE para os EUA em mais da metade.
A crescente incerteza sobre se Trump realmente cumprirá essa ameaça comercial ou se a adiará novamente aumenta ainda mais a pressão sobre o transporte marítimo.
Empresas como a MSC Mediterranean, a maior linha de contêineres do mundo, já anunciaram aumentos nas tarifas e sobretaxas de alta temporada, com início em junho, para cargas vindas da Ásia.
Nas próximas semanas, é provável que esses aumentos elevem as tarifas spot de frete marítimo, cujo custo continua pressionado pelas tensões geopolíticas.
Os navios cargueiros ainda evitam em grande parte o Mar Vermelho, onde os rebeldes houthis do Iêmen começaram a atacar embarcações no final de 2023, optando por navegar ao redor do sul da África para transportar mercadorias nas rotas que conectam Ásia, Europa e EUA.
Evitando 'congestionamentos massivos'
No webinar, Habben Jansen afirmou que ainda não é seguro cruzar o Mar Vermelho e indicou que qualquer eventual retomada de tráfego regular pelo Canal de Suez precisará ser gradual, talvez levando vários meses, para evitar sobrecarregar os portos com excesso de navios.
— Se, de um dia para o outro, realocarmos esses navios de volta pelo Suez, criaremos um congestionamento massivo em muitos portos — explica Jansen.
— Nossa abordagem seria, se for possível, fazer isso ao longo de um período maior, para que os portos não entrem em colapso, o que não é do interesse de ninguém.
Valor - SP 28/05/2025
“Este é o último suspiro aqui”, disse Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado americano, acrescentando que a licença da Chevron expirará às 23h59 desta terça-feira (27)
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (27) que não renovarão a licença da Chevron para operar no setor de petróleo na Venezuela, enquanto o governo de Donald Trump endurece sua postura em relação ao regime autoritário do presidente Nicolás Maduro.
A decisão, anunciada pelo Departamento de Estado americano, ocorre após mensagens contraditórias de figuras importantes do governo Trump sobre a política para a Venezuela e os esforços para garantir a libertação de cidadãos americanos detidos no país.
“Este é o último suspiro aqui”, disse Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado, a jornalistas nesta terça-feira, acrescentando que a licença da Chevron expirará às 23h59 de hoje. “Vamos continuar negando qualquer financiamento ao regime de Maduro que ele utilize para oprimir o povo venezuelano.”
As declarações do Departamento de Estado surgem após incertezas sobre o futuro da licença de exploração. Richard Grenell, enviado especial do governo Trump cujas responsabilidades incluem a Venezuela, viajou na semana passada a Antígua para garantir a libertação de um refém americano em Caracas. Ao retornar, previu em entrevista que Trump anunciaria a prorrogação da licença como parte de um acordo mais amplo com Maduro.
Mas no dia seguinte, o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou que não haveria extensão e que a “licença petrolífera pró-Maduro de Biden” da Chevron expirará conforme programado, em 27 de maio.
“Há uma queda de braço entre dois grupos dentro do governo”, disse um ex-funcionário que atuou no primeiro governo Trump e acompanha os assuntos da América Latina.
A Chevron, que possui uma forte operação de lobby em Washington, é a única grande petroleira americana que manteve presença na Venezuela após o antecessor de Maduro, Hugo Chávez, impor restrições às empresas estrangeiras.
Atualmente, a Chevron é responsável por mais de um quarto da produção de petróleo do país e argumenta que forçá-la a sair da Venezuela — que possui as maiores reservas comprovadas do mundo — beneficiaria a China, um dos principais aliados de Maduro.
Investidores que possuem títulos da dívida do governo venezuelano ficaram inquietos com a incerteza em torno da licença, mas os preços no mercado secundário não foram amplamente afetados com decisão do governo americano.
O compromisso de Rubio com sanções rigorosas à Venezuela para forçar a saída de Maduro do poder reflete sua postura em relação a Cuba e remonta à sua época como senador pela Flórida, um Estado com grande população latino-americana que fugiu de governos repressivos.
Autorização mais limitada
Após o vencimento da licença, a Chevron ainda poderá manter suas instalações no país para uso futuro, sob uma autorização mais limitada dos EUA.
O Departamento de Estado e o Departamento do Tesouro dos EUA se recusaram a comentar se Washington emitirá essa nova autorização. A Chevron foi contatada para comentar o caso.
A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, tem pressionado Washington por medidas duras contra Maduro e acusa a petroleira de ajudar a financiar o regime repressivo com suas operações no país.
Mas muitos acreditam que o esforço do governo para expulsar imigrantes ilegais exigirá algum tipo de acordo com Maduro. “Há 350 mil venezuelanos que tiveram seu status de proteção temporária nos EUA revogado. Como levá-los de volta à Venezuela se não houver um acordo com Maduro?”, disse Tom Shannon, ex-alto funcionário do Departamento de Estado para a América Latina.
Maduro reforçou sua posição em Caracas após declarar vitória na eleição presidencial do ano passado, considerada uma farsa pelo Ocidente. Tendo sobrevivido às sanções de “pressão máxima” dos EUA entre 2018 e 2022, ele, agora, parece estar em melhor posição para resistir.
“Temos uma economia muito menor do que há dez anos”, disse uma importante figura empresarial em Caracas. “Agora estamos acostumados com isso e o governo está mais próximo da Rússia e da China do que antes. Maduro não terá tanto problema para sobreviver às sanções petrolíferas dos EUA desta vez.”
Petro Notícias - SP 28/05/2025
A britânica bp deu novos passos em suas atividades exploratórias no Brasil. A empresa iniciou nesta semana a perfuração do poço pioneiro 1-BP-13-SPS, no bloco de Bumerangue, no pré-sal da Bacia de Santos. A atividade está sendo realizada em lâmina d’água de 2.372 metros com o navio-sonda Valaris Renaissance. O bloco de Bumerangue foi adquirido pela companhia em dezembro de 2022, durante o primeiro leilão da Oferta Permanente de Partilha.
Em julho do ano passado, a empresa perfurou o poço pioneiro (1-BP-12D-RJS) do bloco Pau Brasil, também no pré-sal da Bacia de Santos. Em agosto do mesmo ano, a companhia anunciou a descoberta de indícios de óleo no poço, em lâmina d’água de 2.283 metros.
A bp é operadora de quatro blocos exploratórios no Brasil. Na Bacia de Santos, a companhia lidera os ativos Bumerangue e Tupinambá, ambos com 100% de participação. Também atua como operadora no bloco Pau Brasil, onde detém 50% de participação, em consórcio com a CNOOC (30%) e a Ecopetrol (20%).
Na Bacia do Barreirinhas, a bp opera o bloco BM-BAR-346, com participação de 50%, em parceria com a Total. A companhia ainda integra os blocos BM-BAR-3 e BAR-M-175 (BM-BAR-5), com 40% de participação em cada um, que são operados pela Petrobrás. Já na Bacia de Campos, a empresa participa do bloco C-M-477 (30%) e do Alto de Cabo Frio Central (50%), ambos com a Petrobrás como operadora.
Jota - DF 28/05/2025
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) suspenda imediatamente o leilão da 5ª Oferta Permanente de Concessão (OPC), previsto para 17 de junho, ou exclua do leilão os 47 blocos petrolíferos localizados na bacia da foz do Rio Amazonas. A recomendação foi expedida nesta segunda-feira (26/5), com prazo de 72 horas para que a ANP comunique a adoção das medidas. Leia aqui na integra.
O MPF aponta que a decisão de expandir a fronteira de exploração petrolífera no Brasil, especialmente na foz do Amazonas, representa um grave contrassenso aos esforços globais de descarbonização e aos compromissos climáticos do país, que se prepara para sediar, em novembro, em Belém, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).
A recomendação ressalta que os 47 blocos são reofertas de áreas não arrematadas na 11ª Rodada de Licitação (2013-2014) e que, mesmo após mais de dez anos, nenhum dos blocos então arrematados na bacia obteve licença de operação.
O MPF cita, ainda, o indeferimento de licenças ambientais pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para blocos na região devido à dificuldade das empresas em demonstrar capacidade de resposta a emergências de vazamento de óleo e apresentar programas ambientais adequados às especificidades amazônicas.
O MPF aponta a necessidade da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), que ainda não foi realizada para a bacia da foz do Amazonas e para a bacia Pará-Maranhão, apesar de ambas serem áreas ambientalmente sensíveis e pouco estudadas. A falta de estudos estratégicos levou à exclusão de todos os blocos da bacia Pará-Maranhão, mas não dos blocos da foz do Amazonas, conforme ressalta o MPF.
O MPF enfatiza a necessidade do cumprimento da Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI) aos povos indígenas e demais comunidades tradicionais, conforme a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A ausência de previsão de CPLI nos modelos de contrato da ANP é apontada pelo MPF como falha grave.
A consulta deve ocorrer na fase de planejamento, antes de qualquer medida relacionada à licitação, e abranger os impactos socioambientais em toda a área dos projetos, não apenas bloco a bloco ou na fase de perfuração, ainda segundo o MPF.
Por fim, o MPF destaca a necessidade de um estudo de impacto climático antes da concessão, conforme a Política Nacional sobre Mudança do Clima e o Enunciado 31 do Conselho da Justiça Federal, dado que a operação de múltiplos blocos gera efeitos cumulativos e sinérgicos que aumentam a pressão sobre o clima.
InfraRoi - SP 28/05/2025
A Motiva (antigo Grupo CCR) venceu processo competitivo de otimização do contrato da BR-163/MS, um dos principais eixos logísticos de escoamento do agronegócio. A concessão otimizada, com prazo remanescente de 29 anos, irá demandar investimentos de mais de R$ 9,3 bilhões (edital ano-base 2022) em obras de melhorias e modernização das condições viárias.
A proposta negociada pela Companhia foi considerada a melhor, uma vez que não foram apresentadas propostas alternativas, conforme estabelecido no processo de otimização da concessão, negociado entre a Motiva, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes no âmbito da Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos (Secex Consenso), do Tribunal de Contas da União (TCU).
Os investimentos previstos no contrato de concessão otimizado serão aplicados na duplicação de aproximadamente 203 quilômetros (km) de vias, na implantação de 150 km de faixas adicionais em pista simples e 23 km de novas marginais, na construção de novos acessos, contornos urbanos e em obras de infraestrutura viária, entre outras. Nas estimativas do Ministério dos Transportes, as obras na BR-163/MS irão criar 246,308 mil postos de trabalho (entre empregos diretos, indiretos e os gerados pelo efeito-renda).
A partir de agora, dentro do rito previsto no processo de otimização, a Motiva irá apresentar uma série de documentos exigidos no edital, que serão analisados e validados pelo poder concedente previamente à assinatura do aditivo contratual. A concessionária planeja o início de mobilização das obras para o mês de junho.
Quais as obras de melhorias na BR-163/MS que a Motiva vai realizar?
Com 845,4 km de extensão, a MSVia administra o trecho da BR-163 que corta todo o Mato Grosso do Sul, entre as cidades de Mundo Novo, na divisa com o Paraná, ao Sul, e Sonora, na divisa com o Mato Grosso, ao Norte. O percurso da rodovia atravessa 21 municípios e a rodovia é um importante eixo de escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste, principalmente de soja e milho, conectando a região com portos no Paraná e Santa Catarina.
Entre as melhorias previstas no novo contrato está a execução de 28,9 quilômetros de obras de contornos viários para melhorar a fluidez do trânsito nos seguintes trechos:
Contorno Mundo Novo, com 5,7 km de extensão, obra prevista para ser concluída nos três primeiros anos da nova concessão; Contorno Eldorado, com extensão de 11 km; Contorno Itaquiraí, com extensão de 6 km Contorno Vila São Pedro, sentido duplo, com 3,4 km; Contorno Vila Vargas, sentido duplo, com 2,8 km
O contrato também prevê 203 km de duplicação de vias, a implantação de 150 km de faixas adicionais em pista simples, 23 km de marginais e implantação e adequação de acostamentos, 129 dispositivos, 22 novas passarelas de pedestres, três Pontos de Parada e Descanso (PPD), 144 pontos de ônibus, 56 passagens de fauna e 10 unidades operacionais (UOP) da Polícia Rodoviária Federal. Nos primeiros três anos do contrato otimizado, está previsto um investimento de R$ 2,0 bilhões para obras prioritárias.
O contrato otimizado incluí as inovações previstas nos programas recentes do governo federal, como desconto de 5% nas tarifas para veículos com TAG e descontos progressivos de acordo com o nível de utilização da rodovia dentro de um mesmo mês para veículos leves. Motos passarão a ser isentas do pagamento. Ao todo, a BR-163 continuará com a operação de nove praças de pedágio ao longo de toda a sua extensão.
Tecnologia e sustentabilidade
Além das ações de melhoria das condições viárias da BR-163, o novo contrato também prevê investimentos em tecnologia. A Companhia terá que instalar três postos de pesagem veicular com o HSWIM (sistema de pesagem automática, por meio de sensores de alta precisão) e terá que implementar a cobertura 4G de internet móvel nos 845,4 km de extensão da rodovia.
Na frente de sustentabilidade, a Motiva deverá implementar na BR-163 o Programa Carbono Zero, com o objetivo de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas das atividades operacionais da rodovia. Entre as iniciativas que poderão ser implementadas para alcançar esta meta estão ações de reflorestamento e compra de crédito de carbono.
Expansão dos investimentos
A otimização do contrato de concessão da BR-163/MS amplia a carteira de investimento compromissada pela Motiva em suas operações de rodovias, trilhos e aeroportos. Com a concessão sul-mato-grossense, o volume passa dos atuais R$ 50 bilhões para R$ 59,3 bilhões, o que posiciona a companhia como um dos grandes investidores em infraestrutura no Brasil. Trata-se, além disso, do maior plano de Capex dos 25 anos de história da Motiva.
Entre as obras em andamento estão a ampliação da capacidade de tráfego da Rodovia Presidente Dutra, a implantação de vias marginais e faixas adicionais na Rodovia Presidente Castello Branco em Barueri (SP) e a duplicação da Rodovia Raposo Tavares no trecho entre as cidades paulistas de Mairinque, Sorocaba e São Roque.
Há ainda a duplicação do maior trecho da BR-386, na chamada Estrada da Produção, no Rio Grande do Sul, o recapeamento do asfalto de 100% do Sistema Anhanguera-Bandeirantes, entre a capital e o interior paulista, e a ampliação e a modernização da Rio-Santos (BR-101), no trecho entre Ubatuba (SP) e o Rio de Janeiro. Em 2025, a partir deste segundo trimestre, a Motiva Rodovias também deu início às obras de modernização e melhorias da Sorocabana, com investimentos totais de R$ 8,8 bilhões, e da PRVias, no valor de R$ 9,8 bilhões.
A Tribuna - SP 28/05/2025
A nova ligação entre o Planalto e a Baixada Santista, no litoral de São Paulo, contará com o maior túnel rodoviário do Brasil e será voltada, principalmente, para o transporte de cargas. Desenvolvido pela concessionária Ecovias Imigrantes, a pedido do Governo do Estado de São Paulo, o projeto permitirá a circulação de caminhões e ônibus, ampliando em 145% a capacidade do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) para esse tipo de veículo.
Após estudos realizados pela Ecovias, empresa responsável pelo Sistema Anchieta-Imigrantes, a nova pista terá início no km 43 da Rodovia dos Imigrantes, com acesso facilitado para quem vem do Rodoanel. Na Baixada Santista, a conexão será no km 265 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, em Cubatão, nas proximidades do Polo Industrial, garantindo acesso tanto à Margem Direita como à Margem Esquerda do Porto de Santos.
O projeto prevê a construção de uma nova pista no trecho de serra, com 21,5 km de extensão, sendo a maior parte composta por túneis, que somam 17 km, o equivalente a 80% do percurso, além de quatro quilômetros de viadutos.
Um dos túneis terá aproximadamente seis quilômetros, o que o tornará a maior estrutura rodoviária do tipo no país. A pista contará com duas faixas de rolamento e um acostamento, que poderá ser convertido em faixa de tráfego, se necessário.
Outro diferencial da obra é a inclinação média de 4%, ideal para garantir mais segurança no tráfego de veículos pesados, segundo a Ecovias. Além disso, túneis paralelos de emergência reforçam as medidas de segurança. A nova pista também terá operação reversível, podendo atender o fluxo em direção à Capital em situações específicas de alta demanda.
Ainda de acordo com a Ecovias, o projeto vai gerar um aumento de 25% na capacidade total do Sistema Anchieta-Imigrantes e de 145% na capacidade de descida para veículos pesados. O objetivo é não apenas atender à demanda atual, mas também suprir o crescimento do tráfego nos próximos anos.
Para minimizar os impactos ambientais, a obra utilizará, sempre que possível, estradas de serviço já existentes e terá poucos pontos de abertura para frentes de trabalho.
A definição dos pontos de acesso, tanto no Planalto quanto na Baixada Santista, e do traçado seguiu critérios aplicados nos maiores projetos de infraestrutura do Brasil. A análise foi conduzida por uma equipe multidisciplinar da Ecovias, com apoio de consultores e construtoras, inclusive internacionais, que avaliaram diferentes alternativas até chegar à solução que melhor atendesse os padrões de engenharia, segurança viária e responsabilidade socioambiental.
Próximas etapas
Atualmente, a Ecovias Imigrantes está concentrada na elaboração do projeto funcional e, na sequência, dará início ao desenvolvimento dos projetos básico e executivo. Essas etapas definirão todos os parâmetros técnicos para a execução da obra, incluindo detalhes construtivos, prazos, custos e metodologias de construção. Paralelamente, seguem em andamento as etapas do processo de licenciamento ambiental, que tem previsão de ser concluído nos primeiros meses de 2026.
A autorização para que a Ecovias Imigrantes desenvolvesse o projeto foi concedida pelo Governo do Estado em 29 de janeiro deste ano. O prazo inicial é de dois anos, podendo ser prorrogado por mais um, período no qual serão realizados estudos de tráfego, além dos projetos funcional, básico e executivo, com levantamento topográfico, sondagens e análises geológicas e hidrogeológicas. Também estão incluídos a elaboração e aprovação dos estudos e relatórios de impacto ambiental, que serão avaliados pelos órgãos competentes.
Projeto necessário
No Sistema Anchieta-Imigrantes, a movimentação de veículos aumentou mais de 50% nos últimos 25 anos e os caminhões só têm como opção a Via Anchieta para fazer o trajeto para o Porto de Santos. Da mesma forma, a movimentação de cargas no complexo portuário santista vem aumentando ano a ano, com previsão de chegar a 241 milhões de toneladas em 2040, de acordo com a Autoridade Portuária de Santos.
Globo Online - RJ 28/05/2025
O bate-boca na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal que levou a ministra do Meio Ambiente Marina Silva a abandonar a sessão foi motivada por discussões relacionadas às obras da BR-319, estrada que liga Porto Velho a Manaus. Defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a obra envolve a pavimentação de 20 quilômetros da rodovia e já rendeu críticas de ambientalistas.
Marina Silva deixou a sessão depois que o líder do PSDB, senador Plínio Valério (AM), afirmou querer separar a mulher da ministra porque a primeira merecia respeito, e a segunda não. A ministra disse que só continuaria na comissão se houvesse um pedido de desculpas. Plínio se recusou. Em março, disse ter vontade de enforcar a ministra.
Momentos antes, o senado Omar Aziz acusou a ministra de “atrapalhar o desenvolvimento do país” por questões ambientais. Marina, por sua vez, afirmou que defende o desenvolvimento econômico com sustentabilidade e que explorações ambientais ilegais e suas consequências são “concretas”.
Entre as obras mencionadas por Aziz estava a BR-319. Por um lado, asfaltar a rodovia pode facilitar a integração da região e questões econômicas. Por outro, pode facilitar o desmatamento e ameaçar a biodiversidade da região.
— A senhora atrapalha o desenvolvimento do país. Lhe digo isso com a maior naturalidade do mundo. A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do nosso país. Tem mais de 5 mil obras paradas por causa dessa conversinha ‘governança’, nhe nhe nhe.
Marina, por sua vez, defendeu a realização de estudos de impacto ambiental e afirmou que há picos de atividade ilegal na região quando o tema da BR-319 volta a ser discutido.
— Desde o processo em que vem se discutindo o anúncio da estrada, quando se fala da estrada a primeira coisa que tem é uma corrida de grilarem. Por isso o que se propõe desde lá é a avaliação ambiental estratégica. Qual é o problema de fazer? De ter governança? Estamos propondo desde sempre, por que não faz? Agora o ministro Renan [dos Transportes] está trabalhando para fazer, porque é isso que dá segurança aos empreendimentos ( ) Não é questão ideológica. Desmatamento, exploração ilegal de madeira, garimpo ilegal é objetivo.
Marina também afirmou que o tema é complexo e por isso não teve solução ao longo dos 15 anos em que ficou fora do governo.
— Temos visões que podem ser diferentes, mas gostei de uma equação que Vossa Excelência coloca: que não é conversa fiada, mas coisa concreta ( ) Uma coisa é concreta, concretíssima. O debate da 319 virou um debate em cima de "bode expiatório", que chama Marina Silva. É concreto que saí do governo em 2008. Até 2023, são 15 anos. Por que as pessoas tão dadas a coisas concretas não fizeram a BR?
Em julho do ano passado, uma decisão liminar da 7ª Vara Ambiental e Agrária da Seção Judiciária do Amazonas suspendeu a licença prévia, concedida no governo Bolsonaro, para a reconstrução e asfaltamento do trecho do meio da estrada. Na época, o advogado do Observatório do Clima, Paulo Busse destacou que o Ibama “vem alertando para os riscos socioambientais do empreendimento”. O especialista ressalta que, caso a obra seja retomada, as consequências serão “catastróficas e irrecuperáveis para a floresta, os povos que lá vivem e para o clima do planeta”.
— A mera expectativa gerada pela concessão da licença prévia já aumentou o desmatamento às margens do traçado da futura estrada. Os povos indígenas sequer foram ouvidos, o que viola uma série de direitos — aponta Busse.
Pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas, Lucas Ferrante apontou que a rodovia não tem viabilidade científica atestada e destaca que a seca — elemento levantado por Lula para justificar a importância da obra — não deve ser motivo para pressionar o licenciamento.
— O desmatamento na Amazônia é maior na beira das estradas. A pavimentação da rodovia provocaria uma situação extremamente crítica, que impacta no ciclo hídrico inclusive de outros países. Também não há contingente para combater o crime organizado caso o projeto vá a frente. O presidente precisa se guiar por critérios técnicos e reverter a obra imediatamente — avalia.