Terra - SP 27/10/2025
A Usiminas está avaliando pagar dividendo aos acionistas neste ano, embora tenha acumulado resultado negativo bilionário nos nove primeiros meses de 2025, afirmou o vice-presidente financeiro da produtora de aços planos, nesta sexta-feira.
"Não temos uma decisão ainda...Estamos avaliando a possibilidade de distribuição de dividendos este ano", afirmou o vice-presidente de finanças, Thiago Rodrigues, em conferência com analistas após a publicação do balanço de terceiro trimestre da companhia mais cedo.
A Usiminas acumula até setembro um resultado negativo de R$3 bilhões, com uma margem líquida negativa em 15,1%. No terceiro trimestre, a empresa realizou testes de recuperabilidade de ativos siderúrgicos que resultaram em um impacto contábil negativo de mais de R$2 bilhões.
As ações da companhia exibiam queda de 1,4% às 12h19, enquanto o Ibovespa subia 0,44% e a rival CSN mostrava ganho de 0,3%.
Questionado sobre o baixo nível de alavancagem financeira do grupo, de 0,16 vez ao final de setembro, Rodrigues comentou que a Usiminas se sente confortável com uma relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado abaixo de uma vez.
Já sobre os custos do grupo, o executivo comentou que a Usiminas deve voltar a apresentar redução no quarto trimestre, apoiada em preços de matérias-primas e "ganhos de eficiência". No terceiro trimestre, o custo do produto vendido da divisão de siderurgia da empresa foi de R$4.982 por tonelada, uma queda de 2,9% ante o segundo trimestre. Um ano antes, o chamado CPV/tonelada da Usiminas foi de R$5.164.
ANTIDUMPING
Uma das principais esperanças de melhora de resultados da companhia, o processo antidumping do Brasil contra produtores chineses de aços laminados a frio e revestidos não deve ter uma decisão definitiva em novembro, afirmou o vice-presidente comercial, Miguel Camejo, durante a conferência.
O executivo, porém, afirmou que a empresa tem otimismo de que o governo federal tome uma decisão definitiva de aplicar o direito antidumping entre fevereiro e março do próximo ano.
"Estamos confiantes sim", disse Camejo sobre uma decisão positiva do governo federal, que nos últimos meses adotou algumas medidas de defesa comercial do setor. "São processos muito sólidos e foram confirmados nas determinações preliminares publicadas pelo ministério", disse o executivo referindo-se ao Ministério da Indústria e Comércio. "A margem de dumping (foi) confirmada com tarifas acima de US$500 dólares por tonelada tanto para frio como para revestidos", acrescentou.
A informação já havia sido mencionada na véspera pelo presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, que citou que, no caso dos laminados a quente, a expectativa é de uma decisão definitiva entre maio e junho do próximo ano.
Questionado sobre preços de aços no Brasil, Camejo disse que a Usiminas segue "monitorando" novos aumentos após reajustes aplicados em outubro entre 4% e 7%, que vieram na sequência de preços em setembro que ficaram de 2% a 3,5% abaixo da média do terceiro trimestre por conta de "queda no mercado spot e pior mix" de produtos vendidos.
Ainda sobre preços, Camejo mencionou que a Usiminas mantém negociações iniciais com montadoras para contratos de longo prazo que vencem em janeiro, grupo que compõe 30% do setor. O restante tem contratos com a empresa que vencem em abril.
Money Times - SP 27/10/2025
A Usiminas (USIM5) registrou prejuízo líquido de R$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre de 2025 (3T25), o que representa uma reversão do lucro de R$ 185 milhões reportado no mesmo período do ano passado, mostra relatório de resultados divulgado nesta sexta-feira (24).
A cifra veio muito pior do que as expectativas do mercado. Projeções reunidas pela Bloomberg apontavam para um lucro líquido de R$ 33 milhões no período.
No relatório, a Usiminas afirma que administração efetuou uma análise de recuperabilidade de seus ativos, baseadas no ambiente macroeconômico e na situação de mercado, o que resultou em uma perda por impairment (desvalorização) de ativos no valor de R$ 2,2 bilhões, além de R$ 1,4 bilhão pela avaliação de recuperabilidade de impostos diferidos.
Segundo a companhia, esses lançamentos não têm efeito no caixa.
“Com isso, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 3,5 bilhões, R$ 3,6 bilhões inferior ao lucro líquido apresentado no trimestre anterior (R$ 128 milhões)”, diz o relatório.
De acordo com a Usiminas, sem o efeito mencionado, o lucro líquido teria sido de R$ 108 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia, que mede o desempenho operacional, totalizou R$ 434 milhões no período, um avanço de 2% em comparação anual e de 6% em base trimestral.
A margem Ebitda ajustada atingiu 7%, um avanço de 0,3 ponto percentual ante o terceiro trimestre de 2024.
“A Usiminas apresentou evolução positiva no Ebitda e na geração de caixa do 3T35, apesar da pressão cada vez maior das importações em condição de competição desleal, principalmente de origem chinesa”, diz a companhia.
Já a receita líquida encolheu 3% na comparação anual, totalizando R$ 6,6 bilhões no terceiro trimestre deste ano.
O volume de vendas de aço foi de R$ 1,1 bilhão, um recuo de 2% na comparação anual. Já o volume de venda de minério da Usiminas atingiu R$ 2,5 bilhões, um avanço de 9% no ano.
Valor - SP 27/10/2025
Presidente da companhia, Marcelo Chara ressalta que países como EUA, México, além da UE, já adotaram mecanismos de defesa comercial e disse esperar que o Brasil siga o mesmo caminho
O presidente da Usiminas, Marcelo Chara, disse que a empresa encerrou o terceiro trimestre com sinais de recuperação em suas principais frentes de negócio, apesar das pressões externas. Em teleconferência com analistas e investidores, nesta sexta-feira (24), o executivo destacou aumento do volume da siderurgia, maiores preços e volumes da mineração e maior geração de caixa como pilares do desempenho recente. A companhia também reduziu sua alavancagem financeira.
Mesmo com resultados positivos, Chara repetiu a preocupação com o avanço das importações de aço, especialmente da China. Segundo ele, as importações cresceram 33% em relação ao mesmo período de 2024, em um contexto de excesso de capacidade global e práticas comerciais que classificou como “desleais”.
“Não estamos sentindo os efeitos das medidas cota-tarifa. Mas temos confiança técnica do MDIC [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] para tomar medidas contras as importações”, afirmou o executivo.
O presidente ressaltou que países como Estados Unidos, México, além de União Europeia, já adotaram mecanismos de defesa comercial semelhantes e disse esperar que o Brasil siga o mesmo caminho para “corrigir distorções no mercado de aço”, além de restabelecer um cenário de isonomia competitiva.
Na frente operacional, a Usiminas registrou melhora no desempenho da siderurgia, com maior volume produzido e vendido, sustentado por uma leve recuperação da demanda doméstica e preços mais firmes. A mineração também teve um trimestre positivo, beneficiada pelos preços do minério de ferro.
Para o último trimestre do ano, porém, a expectativa é de volumes ligeiramente menores de vendas nesse segmento, reflexo de efeitos sazonais comuns no final do ano.
A Usiminas teve prejuízo de R$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre, revertendo lucro de R$ 184,6 milhões de um ano atrás, impactada pela baixa contábil (“impairment”) de ativos no valor de R$ 2,2 bilhões, além de R$ 1,4 bilhão pela avaliação de recuperabilidade de impostos diferidos.
“Guerra comercial” provocada pro excesso de capacidade global de aço
A Usiminas espera que o governo brasileiro aplique medidas “antidumping” nos próximos meses para conter o avanço das importações de aço, especialmente da China. O vice-presidente comercial da companhia, Miguel Homes, afirmou que o setor vive uma “guerra comercial” provocada pelo excesso de capacidade global, que vem pressionando os mercados do Brasil, Estados Unidos e União Europeia.
“Estamos confiantes nas aplicações de medidas antidumping. As determinações devem vir nos próximos meses”, afirma Homes, na teleconferência.
O desequilíbrio no setor siderúrgico internacional decorre principalmente da sobreprodução chinesa, que tem gerado distorções de preços e um fluxo crescente de exportações a valores abaixo do custo. Essa dinâmica, disse o executivo, tem forçado países a adotar mecanismos de defesa comercial, movimento já observado em EUA, México e União Europeia.
Hoje, a Usiminas tem capacidade ociosa em toda a sua estrutura industrial, o que, segundo os executivos, permitiria à empresa absorver parte da demanda interna e da concorrência estrangeira que tem entrado no mercado brasileiro.
“Temos capacidade ociosa em toda capacidade industrial e temos capacidade de absorver a demanda e parte da concorrência que está invadindo o mercado brasileiro”, afirmou o presidente da companhia, Marcelo Chara.
Já em relação à política de preços da Usiminas, o vice-presidente destacou que os ajustes recentes tiveram impacto limitado sobre a inflação e não devem influenciar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “O impacto dos ajustes de preços sobre a inflação foi baixo”, disse. “Por isso, não acreditamos que isso terá reflexo no IPCA.”
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
A inflação ao consumidor nos Estados Unidos subiu menos do que Wall Street previa em setembro, deixando o caminho livre para o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) cortar os juros na próxima semana. Além de os preços não terem disparado após as tarifas do presidente Donald Trump, como temiam muitos economistas, o indicador interrompeu, ainda que de forma momentânea, o apagão de dados provocado pelo shutdown no país.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,3% em setembro ante agosto e 3% em um ano. Ambos vieram abaixo das expectativas de casas consultadas pelo Projeções Broadcast, de altas de 0,4% e 3,1%, respectivamente. Por sua vez, o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,2% na comparação mensal e 3% em um ano. Novamente, as variações vieram abaixo das projeções o mercado.
Os sinais mais benignos da inflação nos EUA reforçaram as expectativas de um novo corte de juros na reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), na próxima semana. As apostas de um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) bateram 98,9% contra 96,7% antes do dado, conforme levantamento da plataforma americana CME Group. “Os preços desaceleraram de forma geral. Não há nada aqui que impeça o FOMC de cortar as taxas na próxima semana, se assim desejar”, diz o economista-chefe da High Frequency Economics (HFE), Carl B. Weinberg.
O CPI foi celebrado por diferentes razões em Wall Street, sem dados há mais de 20 dias por conta do shutdown nos EUA. “Estamos de volta aos negócios”, comemorou economista do CIBC Economics, Ali Jaffery. Para o Wells Fargo, foi um “oásis no deserto de dados” de Wall Street.
Segundo Jaffery, do CIBC, a barra para convencer o Fed a não cortar juros em outubro era “muito alta”. “Os dados de hoje certamente não atendem ao padrão, tornando o corte de taxa da próxima semana quase certo”, acrescentou o economista.
Além do CPI, as expectativas com a inflação em 12 meses nos EUA caíram de 4,7% em setembro para 4,6% em outubro, informou a Universidade de Michigan. Para o horizonte de cinco anos, contudo, piorou de 3,7% para 3,9%.
O americano, claro, está mais cético em meio ao shutdown nos EUA. O índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos, medido também pela Universidade de Michigan, caiu para 53,6 em outubro contra 55,1 em setembro. Mas, novamente, levemente pior que o mercado esperava.
No conjunto da obra, investidores também reforçaram as expectativas para o “pré-Natal” em Wall Street com a última reunião do Fed de 2025, programada para os dias 9 e 10 de dezembro. O mercado precifica chances de 94,3% de as taxas americanas terem uma queda adicional de 50 pontos-base (0,50 ponto) até o fim do ano, segundo o CME Group.
O Wells Fargo alerta, porém, que os dados do CPI de setembro não foram tão fracos a ponto de o FOMC poder declarar que a inflação está totalmente sob controle nos EUA. Até mesmo porque o indicador anual ainda segue distante da meta do Fed, de 2% ao ano.
Ao menos até aqui, o Bank of America ainda não prevê um corte adicional na reunião de dezembro. Mas, depois do CPI, o banco americano avalia que o Fed estará inclinado a reduzir as taxas novamente se não houver mais divulgações sobre o mercado de trabalho nos EUA até lá.
Por sua vez, o holandês ING passou a prever uma nova redução de 25 pontos-base na reunião do Fed de dezembro. “Somente se os dados de inflação ou emprego surpreenderem positivamente, o FOMC ainda pode decidir pular dezembro”, diz o estrategista sênior do ING para os EUA, Philip Marey. Ele vê o BC dos EUA dando sequência ao ciclo de cortes em 2026 até que sua estimativa da taxa neutra seja alcançada.
“O que acontecerá além da reunião do Fed na próxima semana dependerá de dados subsequentes, principalmente a confirmação de um enfraquecimento do mercado de trabalho e a continuidade da desinflação nos EUA”, avalia o presidente da Queen’s College e conselheiro econômico chefe da Allianz, Mohamed El-Erian.
Mas a euforia de Wall Street com a leve trégua no shutdown dos EUA com a divulgação do CPI de setembro durou pouco. A Casa Branca informou nesta sexta-feira que provavelmente não haverá divulgação de dados de inflação no próximo mês em razão do shutdown do governo americano. Se a paralisação não for encerrada até lá, será a primeira vez na história que isso acontece, conforme Washington.
O CPI foi publicado em caráter excepcional por conta da reunião do Fed na próxima semana. A divulgação de outros dados macroeconômicos dos EUA segue suspensa por conta da paralisação da máquina pública americana, que já é a segunda maior da história, ambas sob a gestão de Trump.
Assim, Wall Street pode ter de esperar até dezembro para ter acesso ao próximo relatório do CPI. Se isso acontecer, a última reunião do FOMC de 2025 será ainda mais “crucial”, diz a economista sênior do Wells Fargo, Sarah House.
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
Na semana passada, o Senado aprovou a retirada de mais R$ 5 bilhões da meta fiscal deste ano para ampliar gastos com Defesa. A regra valerá para os próximos seis anos e resultará em R$ 30 bilhões fora da meta. Já estão fora da meta fiscal deste ano a ajuda a setores afetados pelo tarifaço, despesas com precatórios e o ressarcimento de aposentados e pensionistas que foram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios. São exceções demais.
Ao mesmo tempo, o governo discute um socorro de R$ 20 bilhões aos Correios. Não há espaço aparente no orçamento para isso. A alternativa, um empréstimo via bancos públicos, é controversa e remonta às piores práticas do passado recente.
Devido a esta rotina de anúncios de novos gastos, é consenso que a taxa Selic deve permanecer no atual patamar de 15% ao ano por algum tempo. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse na semana passada que a inflação começa a reagir aos juros altos, mas segue fora da meta. Não há sinal de mudança na política monetária porque não há sinal de mudança na política fiscal. Enquanto o governo seguir gastando além da conta, não haverá espaço para uma taxa de juros menor.
Cortar gastos é difícil, vai contra as práticas mais tradicionais dos governos brasileiros. Em contraste com a facilidade com que novas despesas são aprovadas, medidas de racionalização enfrentam larga resistência. O deputado federal Pedro Paulo conseguiu apenas 120 das 171 assinaturas necessárias para protocolar os projetos de reforma administrativa.
Reformar a máquina pública é essencial para reduzir gastos e estabelecer práticas mais justas de remuneração, evitar que algumas categorias consigam receber uma parcela maior dos recursos públicos do que outras. Mas será uma tarefa difícil , como foi a negociação pela reforma da Previdência, que comecei no governo Temer em 2017 e só saiu em 2019. O governo deveria se empenhar pela reforma administrativa, enfrentar os grupos de interesse.
Em algum momento, o governo terá de interromper a atual trajetória do gasto, que é insustentável. Quanto mais cedo fizer isso, menor será o esforço para colocar as contas no lugar e menor será o sacrifício imposto à população. Não precisamos chegar ao limite que atingimos na crise de 2014-2016, quando o PIB recuou mais de 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016. Temos conhecimento suficiente para não repetir erros do passado e experiência acumulada para saber dos benefícios de uma política fiscal saudável para o crescimento e o emprego.
Exame - SP 27/10/2025
O representante de Comércio Internacional da China, Li Chenggang, garantiu neste domingo que Pequim e Washington alcançaram um "acordo preliminar" após dois dias de conversas em Kuala Lumpur, onde hoje chegou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em declarações coletadas pela agência “Xinhua”, Li, que também é vice-ministro do Comércio da China, afirmou que ambas as partes alcançaram um entendimento "preliminar" e exploraram "propostas adequadas para abordar as preocupações mútuas" durante as conversas, que definiu como "construtivas".
"O próximo passo será que cada parte cumpra com seus respectivos procedimentos internos de aprovação", declarou Li, que acrescentou que os Estados Unidos mantiveram uma postura "firme" durante as negociações, enquanto a China "defendeu com determinação" seus interesses.
Acordo China-EUA
Embora não tenha esclarecido os termos desse "acordo preliminar", Li declarou que o diálogo entre as duas partes abrangeu "numerosos temas", entre eles os controles sobre as exportações (que Pequim aplica às terras raras), a possível prorrogação da suspensão recíproca de tarifas e os impostos relacionados ao fentanil e a cooperação antidrogas em torno dessa substância.
Estados Unidos e China também abordaram a "ampliação adicional" do comércio bilateral, bem como as medidas americanas vinculadas às tarifas portuárias contra os navios chineses, apontou Li.
Algumas horas antes, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que ambas as partes haviam estabelecido "bases muito sólidas" para a reunião prevista entre Trump e seu homólogo chinês, Xi Jinping, no próximo dia 30 de outubro na Coreia do Sul.
O segundo dia de negociações econômicas e comerciais entre as duas potências coincidiu com o primeiro dia de Trump em Kuala Lumpur, primeira parada de uma viagem asiática que o levará também ao Japão e à Coreia do Sul, e cujo principal objetivo é o esperado encontro com Xi.
O diálogo comercial entre Washington e Pequim transcorreu em um clima de tensão depois que a China impôs em meados de outubro novas restrições ao comércio de terras raras, cuja produção e exportação praticamente monopoliza.
Em resposta, o presidente americano ameaçou elevar para 100% os impostos sobre os produtos chineses a partir de 1º de novembro.
Veja - SP 27/10/2025
Acabar com o dólar como moeda de troca, proteger “traficantes que são vítimas de usuários” e dizer que uma interferência na Venezuela, governada pelo ilegítimo Nicolás Maduro, é o fim do mundo tal como o conhecemos.O presidente Lula da Silva disse tudo isso e depois exaltou a disposição a um acordo sobre tarifas, com a vantagem de ter à frente, excepcionalmente, um interlocutor disposto a deixar o jogo mais solto para o adversário, pensando no grande quadro geopolítico: o confronto com a Venezuela, que muda tudo na América do Sul a curto prazo, e, a prazo mais longo, a influência da China em países simplesmente negligenciados pelos Estados Unidos.
Tal como Lula, Donald Trump também é um mestre em equilibrar duas bolas divergentes no firmamento da política externa. Depois de tascar a Magnitsky e o cancelamento de vistos nos supremos e dizer que o governo brasileiro estava no caminho errado da extrema esquerda, o presidente americano fez numerosos gestos de boa vontade, teve a notória reação química positiva na ONU e chegou a Kuala Lumpur, a capital de nome maravilhoso da Malásia, cheio de atitudes positivas, redundando no encontro “ótimo”, na palavra do chanceler Mauro Vieira. Só disse que ficava “mal”com a situação de Jair Bolsonaro, considerado uma patente perseguição política, mas relevou isso também. Todas as iniciativas conciliatórias foram de Trump
Trump foi para a Malásia cheio de pautas boas – e politicamente vantajosas para ele: fazer um acordo comercial com a China, marcar um encontro com Kim Jong Un, acertar-se com o Japão sob nova direção e assinar um acordo de paz, mesmo sem esse nome oficial, entre Tailândia e Camboja, o que acabou sendo o primeiro resultado concreto da visita. Tudo, como dá para perceber, para simultaneamente acalmar o confronto comercial com a China e controlar sua influência da potência competidora (o Camboja, por exemplo, recebe armas e incentivos dos chineses) . É nesse quadro que operam os movimentos de reaproximação com o Brasil.
NEM SE ANDAR SOBRE AS ÁGUAS
Trump está endurecendo em vários e importantíssimos aspectos da política externa e comercial. Depois de ser infinitamente acusado, com uma certa dose de razão, de se deixar convencer pelas insanas posições de Vladimir Putin em relação à Ucrânia, o presidente se irritou com a recusa do russo em aceitar um cessar-fogo que congelaria as presentes posições – sendo que o Kremlin quer anexar até territórios que não tomou -, Trump tascou sanções pesadas contra as duas grandes petrolíferas russas
E passou a ser imediatamente acusado de insuflar a fogueira de uma terceira guerra mundial; nem que ande sobre as águas e traga a cura do câncer e do envelhecimento, ele terá algum mérito reconhecido pelos adversários, que são praticamente o mundo inteiro não identificado com a direita – e, na Europa, até mesmo entre conservadores que não engolem a hegemonia americana.
Com o endurecimento em relação à Rússia, a doutrina Trump – chamada internamente em tom jocoso de Doutrina Donroe, uma mistura de Donald com Monroe, referência à oposição do presidente James Monroe ao colonialismo europeu nas Américas – está finalmente desenhada: se fizerem como ele quer, e acha correto não só para os Estados Unidos como também para as partes envolvidas, manda uma chuva de rosas.Promete, por exemplo, o fim das sanções e benesses econômicas para a Rússia, além de projetos de reconstrução mutuamente vantajosos para a Ucrânia. É um ganha-ganha.
Deu certo, com as devidas cautelas, em relação à guerra de Gaza, um tema onde conseguiu o prodígio de ser elogiado por judeus e árabes (talvez um pouco mais por estes, pois
Trump já soltou os cachorros, preventivamente, sobre Benjamin Netanyahu se fizer algum movimento para anexar a Cisjordânia, o cerne de um futuro Estado palestino independente. Teve até palavras feias no meio).
Os gestos em relação ao Brasil devem ser vistos nesse quadro.
ENCRENCA MONUMENTAL
A quem o desafia, como Nicolás Maduro, Trump manda simplesmente a força-tarefa que acompanha o porta-aviões Gerald Ford, com aeronaves de todos os tipos, um submarino movido a energia nuclear e outros componentes que equivalem várias vezes o poderio bélico do Brasil, por exemplo. Para não falar na desconstruída Venezuela, onde os russos nunca deixarão os locais mexer nos armamentos antiaéreos que venderam, sob risco de provocar aquela guerra do fim do mundo que todos querem evitar, até as cabeças mais quentes do entorno de Putin.
Mas o caso da Venezuela é, definitivamente, uma encrenca monumental que ninguém sabe como vai terminar, inclusive pelas múltiplas possibilidades de que a lei das consequências indesejadas apronte mais uma.
Idealmente, toda a pressão sobre Maduro induziria nomes mais palatáveis a despachá-lo para as delícias do exílio em Cuba – ou, sabe-se, lá, em Brasília, pois chegamos a esse nível de destempero. Como tem a pecha de chefe do narcoterrorismo, Maduro depararia com menos flexibilidade por parte dos americanos em relação a seu futuro. A probabilidade, no momento, é que não seja nada brilhante.
Já que está brigando abertamente com Maduro, Trump decidiu incluir também na conta o lamentável Gustavo Petro. Até que pegou leve, ao cancelar o visto e sancionar do presidente colombiano; sua mulher, Veronica; o enrolado filho Nicolás e o ministro do Interior, Armando Benedetti (“Gringos go home”, tuitou pateticamente o ministro, mostrando os poucos argumentos da estratégia da esquerda). Todos foram incluídos na lista negra do Serviço de Controle de Ativos Estrangeiros, o que os torna párias em relação a qualquer atividade econômica que envolva americanos.
IDIOTAS VIRAM ‘MULAS’
Para que achava que Scott Bessent, o secretário do Tesouro, só ficaria no papel de bonzinho, ou das “forças do céu” tão mencionadas por Javier Milei, para ajudá-lo a não naufragar num dos habituais ciclos destrutivos da Argentina, e que Marco Rubio ficaria no papel de policial mau, ficou demonstrado que todo mundo está liberado para bater no continuum Venezuela-Colômbia.
“Desde que o presidente Gustavo Petro chegou ao poder, a produção de cocaína na Colômbia explodiu para o nível mais alto em décadas, inundando os Estados Unidos e envenenando americanos”, dizia o comunicado do Departamento do Tesouro, só para começar, enumerando uma longa lista de malfeitos. O que Petro vai fazer, além de se comportar como um lunático, na definição de Trump? Invadir os Estados Unidos?
O clima não está para quem defende traficantes – e ainda por cima o faz na Indonésia, um dos países com legislação mais dura do mundo para quem acha que pode ir para Bali e financiar a estadia entregando cocaína escondida na bagagem aos espertalhões que transformaram idiotas em “mulas”. Vários estrangeiros já foram condenados à morte, incluindo dois brasileiros.
Ressalve-se que o presidente Lula da Silva captou o tamanho do estrago e se retratou sobre a “frase mal colocada”. Mostrou o jogo de cintura do Lula de antigamente, não da versão raivosa e mais esquerdista do momento.
BATEU, LEVOU
Nem aliados muito mais confiáveis dos Estados Unidos estão se dando bem quando desafiam Trump. O presidente cancelou todas as negociações comerciais depois que o ocupante do cargo equivalente ao de governador da província de Ontario, Doug Ford, achou que estava sendo esperto ao mandar produzir um filme publicitário, transmitido no intervalo do campeonato de beisebol, no qual frases de Ronald Reagan são manipuladas para parecer que ele somente condenava a imposição de tarifas, sem as ressalvas feitas no discurso original, preparatório para um encontro de cúpula com o Japão, agravado por tarifas impostas por Reagan.
Ford é do Partido Conservador Progressista, uma contradição que só existe no Canadá, e já havia levado uma lapada, em março passado, quando teve a ideia de impor uma tarifa retaliatória de 25% sobre a eletricidade vendida por sua província aos Estados Unidos. Trump mandou aumentar para 50% as tarifas sobre aço e alumínio vendidos pelos Canadá e Ford rapidamente mudou de ideia. O aumento extra agora foi de 10%.
Foi uma manifestação pioneira sobre a Doutrina Donroe, que pode ser resumida em duas palavras: bateu, levou. E não adianta oferecer amplas concessões quando a coisa aperta, como fez Nicolás Maduro. A Doutrina Donroe não reage bem, mas também tem flexibilidade para se adaptar a novos fatores – e interesses, evidentemente. É nesse pequeno espaço que deve operar o governo brasileiro e a cúpula de Kuala Lumpur foi um avanço notável.
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
Desde junho/25, a inflação no Brasil vem apresentando tendência cadente, que teve continuidade no IPCA-15 (0,18%), divulgado na última sexta-feira, 24. Isso vem ocorrendo também nos núcleos, que excluem os subitens mais voláteis e analisam a variação recorrente dos preços.
Cabe destacar o grupo Serviços Subjacentes. Esse indicador exclui do grupo Serviços os itens que sofrem influência de fatores temporários, sazonais ou que são administrados pelas autoridades reguladoras, tais como contas de serviços de utilidade pública, passagens aéreas e alimentação fora do domicílio. O conjunto restante, ou seja, os serviços livres e menos voláteis, possui maior correlação com o ciclo econômico, e, principalmente, com o grau de aperto no mercado de trabalho.
Uma das justificativas para o Banco Central (BC) manter o juro real em aproximadamente 10% ao ano, por período bastante prolongado, é a queda contínua da taxa de desocupação, que chegou a 5,6%, ou 5,8%, com dados dessazonalizados, no trimestre encerrado em agosto/25. Esse é o menor nível da série iniciada em março de 2012, e estaria muito abaixo da taxa neutra, ou seja, aquela compatível com a convergência da inflação para a meta, também conhecida como Nairu, Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment, em inglês.
Pela última estimativa do BC, divulgada em blogue de março/25, a Nairu teria caído do nível médio ao redor de 10%, observado até 2016, para 8,25%, atualmente. Contudo, é provável que a queda tenha sido maior do que a apresentada no estudo do BC. Em uma simulação recente que fizemos, utilizando filtro de Kalman, encontramos uma Nairu próxima a 7,0%, no segundo trimestre de 2025. Os pesquisadores do Ibre/FGV, Gabriel Hartung e Mario Carvalho, em uma publicação recente, estimaram em 6,8%.
Vários fatores concorreram para a queda da Nairu. Os mais prováveis são a reforma trabalhista, que reduziu o passivo contingente do empregador, o aumento do nível de educação da força de trabalho, a queda do número de pessoas que se declaram desempregadas em função do aumento dos programas sociais de transferência de renda, a regulamentação do Microempreendedor Individual (MEI), os trabalhos remotos e por aplicativos, entre outros. Ou seja, o mercado de trabalho ficou mais flexível e isso reduz a taxa neutra de desocupação.
Como o mercado de trabalho geralmente reage com defasagem à atividade econômica, a taxa de juro real da magnitude atual aumenta o risco de elevar o desemprego para além do necessário para conter a inflação.
Além disso, o custo fiscal é gigantesco. Em nossas simulações, no período 2023-2026, os juros reais acrescentarão R$ 1,7 trilhão à dívida pública, que deve chegar a 83,4% do PIB em 2026. Isso poderá levar a economia para próximo da zona de dominância fiscal, situação em que a política monetária perde a capacidade de controlar a inflação.
Money Times - SP 27/10/2025
O IPCA-15 de outubro, que subiu 0,18% e veio abaixo das projeções do mercado, reforça um cenário mais positivo para a inflação, segundo Rafael Passos, sócio da Ajax Asset.
No entanto, no Giro do Mercado, apresentado pela jornalista Paula Comassetto, o especialista afirmou que o Banco Central (BC) ainda deve manter uma postura cautelosa antes de iniciar o ciclo de cortes de juros.
“Esse quadro é mais favorável do lado inflacionário, mas eles ainda continuam com um peso relevante na hora em que olham a expectativa de inflação”, disse.
Segundo ele, o Banco Central deve manter a Selic em 15% por mais tempo, com início do ciclo de corte apenas no primeiro trimestre de 2026.
Passos também comentou o impacto do ambiente internacional, com o Federal Reserve (Fed) caminhando para continuar o ciclo de cortes de juros. O movimento, segundo ele, tende a favorecer o real e a facilitar o trabalho do Comitê de Política Monetária (Copom).
“O real vem se apreciando, surfando esse maior diferencial de juros. Essa expectativa de continuidade de corte (nos EUA) é muito positiva, ajuda o trabalho do Copom para começar a iniciar esse ciclo de afrouxamento”, afirmou.
Analista espera que Petrobras (PETR4) traga números fortes
O sócio da Ajax Asset também comentou sobre a Petrobras (PETR4), que deve divulgar ainda nesta sexta-feira (24) o relatório de produção e vendas do terceiro trimestre de 2025 (3T25). Para Passos, os números devem vir bem mais positivos do que no primeiro semestre.
Apesar da perspectiva otimista para a produção, ele ponderou que o aumento de investimentos pode pressionar o fluxo de caixa e reduzir a distribuição de dividendos.
“Ao mesmo tempo em que ela está aumentando muito a produção, ela vem aumentando muitos gastos com investimento. E esses gastos com investimento vêm pressionando um pouco o fluxo de caixa da Petrobras”, disse.
Sobre a liberação do Ibama para exploração na Foz do Amazonas, Passos avaliou que a chamada margem equatorial é um ponto estratégico para a petroleira.
“A margem equatorial é um trigger bastante relevante para ela continuar com os campos, ampliar essa carteira de produção dela com campos mais maduros”, afirmou.
O programa ainda abordou o desempenho dos mercados globais e outros destaques corporativos, como Copasa (CSMG3) e Usiminas (USIM5). Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.
Globo Online - RJ 27/10/2025
Após a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada no domingo, na Malásia, autoridades brasileiras e americanas se preparam para os próximos passos na retomada das relações bilaterais. O objetivo imediato é avançar na negociação para suspender o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, que, segundo interlocutores, pode ter uma conclusão em semanas, como o próprio Trump sinalizou durante o encontro.
O plano B seria ampliar a lista de itens isentos do tarifaço, começando por produtos já incluídos pelo próprio Donald Trump como possíveis exceções por serem “recursos naturais indisponíveis” nos EUA.
Se os Estados Unidos concordarem com a suspensão, será iniciado o processo de negociações cujo objetivo do Brasil é eliminar a sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros, que se soma à tarifa de 10% previamente estabelecida pelos EUA para todos os países, em vigor desde antes de agosto. O tarifaço afeta setores estratégicos da economia brasileira, como aço, alumínio, carne e café, e vinha sendo considerado um obstáculo para um diálogo comercial equilibrado.
O encontro entre Lula e Trump marcou, segundo interlocutores que acompanham o assunto, uma virada na relação comercial, com diálogo franco e disposição para avançar em soluções que permitam reconstruir a confiança mútua e abrir espaço para negociações mais amplas sobre comércio, tarifas e regulamentações. Contudo, há incertezas sobre o que entraria em um eventual acordo.
Além do tarifaço, há pontos importantes ainda pendentes nas relações bilaterais. Um deles é a aplicação de sanções, pelos Estados Unidos, a cidadãos brasileiros. O principal alvo é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, considerado, por parte do governo americano — incluindo o secretário de Estado Marco Rubio —, o algoz do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Também seguem pendentes na agenda a investigação conduzida pelos EUA com base na chamada Seção 301, que examina supostas práticas comerciais desleais, e a ação movida pelo Brasil contra o tarifaço na Organização Mundial do Comércio (OMC), ainda em tramitação. No caso da Seção 301, da lei de comércio americana, Washington alega que empresas locais são prejudicadas por tarifas elevadas adotadas pelo Brasil, problemas relacionados à propriedade intelectual, desmatamento ilegal e até pelo uso do Pix como meio de pagamento instantâneo.
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
Donald Trump e Xi Jinping devem se encontrar na Coreia do Sul na próxima semana. No entanto, não se sabe se isso realmente acontecerá. Esse é o estado chocante da relação mais importante do mundo. Durante semanas, os dois países têm se atacado mutuamente. Os Estados Unidos reforçaram as restrições à exportação de tecnologia e ameaçaram aumentar as tarifas; a China impôs sanções e restrições às terras raras.
A comunicação entre os dois lados é deficiente. Na Casa Branca, acredita-se que os Estados Unidos levam vantagem nessa prova de nervos e tolerância à dor. Scott Bessent, secretário do Tesouro, diz que a China é “fraca”. Mas a realidade é diferente.
A China está vencendo a guerra comercial. Ela aprendeu a escalar e retaliar com a mesma eficácia dos Estados Unidos. E está experimentando suas próprias regras comerciais extraterritoriais, mudando assim o rumo da economia mundial.
Quando Trump voltou à Sala Oval, a componente de defesa da sua política em relação à China era ambígua: estaria ele preparado para defender Taiwan e os aliados americanos das ameaças militares chinesas ou não? A resposta continua a ser preocupantemente vaga. Mas a sua posição em relação ao comércio com a China era clara. Ele iria intensificar a campanha de pressão que iniciou no seu primeiro mandato.
Isso significava mais tarifas, mais controles sobre o comércio de alta tecnologia e o uso entusiástico de sanções. O objetivo do governo era prejudicar a potência industrial chinesa, obter concessões financeiras e comerciais e retardar o desenvolvimento tecnológico da China.
Alguns membros da equipe de Trump até sonhavam com um “grande acordo” em que a China se comprometeria a reformar o capitalismo de estado em troca de os Estados Unidos tirarem o pé do pescoço do país.
Após seis meses, a China está respirando mais aliviada do que os Estados Unidos, por três motivos. Primeiro, ela provou ser capaz de resistir à coerção americana e hábil em retaliar, alcançando o que é conhecido no jargão como “domínio escalonado”.
Alguns críticos de Trump atribuem isso ao Taco (Trump Always Chickens Out, ou Trump sempre se acovarda). Isso também reflete o poder, a preparação e a habilidade subjacentes da China. As tarifas do “Dia da Libertação” impostas por Trump à China em abril foram revertidas após a queda de Wall Street.
Recentemente, depois que a China impôs limites às exportações de terras raras usadas na fabricação de alta tecnologia, Trump ameaçou com tarifas de 100%, mas acabou recuando novamente.
Suas ameaças de paralisar a China por meio de um embargo quase total não são credíveis, pois isso também prejudicaria os Estados Unidos. Aqueles que afirmam que a China está em crise devem observar que, neste ano, seu mercado de ações subiu 34% em dólares, o dobro do aumento do índice S&P 500.
Se Trump e Xi se encontrarem na Coreia do Sul, pode ser conveniente para ambos fingirem uma redução da tensão. Poderia haver uma pausa nas tarifas americanas em troca de um atraso na imposição dos controles de terras raras, com algumas compras de soja incluídas e a aprovação do acordo proposto para vender o TikTok, uma plataforma de mídia social controlada pela China, para proprietários americanos.
Mas não se engane: a perspectiva que se desenrola não é a de dois países superando suas diferenças, mas a de gigantes beligerantes transformando seu poder econômico em arma. E mesmo que a China esteja vencendo a guerra comercial de Trump, o recuo do comércio aberto acaba fazendo com que todos saiam perdendo.
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
O ministro Mauro Vieira (Itamaraty) disse nesta segunda-feira, dia 27, que o governo americano concordou com uma cronograma de negociações com o Brasil para chegar a um acordo sobre o tarifaço contra o Brasil, nas próximas semanas.
As reuniões na Malásia não foram suficientes para suspensão das tarifas impostas pelos EUA, como pedido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Donald Trump.
Vieira comentou a reunião de negociação realizada nesta manhã, no horário local da Malásia, a mando de Trump e Lula. Segundo ele, os dois países concordaram com um cronograma de negociação.
Essa era a saída política prevista nos bastidores da diplomacia, caso não houvesse um concessão maior para suspender o tarifaço, como antecipou o Estadão.
O ministro não anunciou a suspensão das tarifas temporariamente durante esse tempo, como requisitou Lula ao presidente americano. O governo brasileiro não quis estabelecer um prazo, para dar senso de urgência e não prolongar demais a negociação.
“Concordamos em trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes nas próximas semanas. Acordamos um cronograma de reuniões entre as equipes de negociadores com foco nos setores mais afetados pelas tarifas”, declarou o chanceler brasileiro.
Eles deixaram o hotel do presidente Lula por volta das 8h da manhã. Do lado brasileiro, participaram o ministro Vieira, o secretário-executivo Márcio Elias Rosa, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e o embaixador Audo Faleiro, assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial da Presidência.
“Deveremos ter um acordo nas próximas semanas”, disse Elias Rosa. “Os aspectos políticos já não estão mais na mesa, aquilo que nunca poderia ter estado. Hoje fazemos a discussão de uma acordo comercial e não de outra natureza.”
O Brasil vai enviar uma equipe de alto nível a Washington, segundo o governo brasileiro. A pretensão é que a próxima rodada ocorra na semana que vem. Os americanos também desejam um encaminhamento rápido, segundo relato de participantes brasileiros.
Lula se dispôs a enviar Vieira, o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do MDIC, e até o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Pelo lado americano, houve a presença do representante comercial Jamieson Greer, e do secretário de Tesouro, Scott Bessent. Rubio não apareceu. A reunião ocorreu no hotel The Ritz Carlton, local de hospedagem da delegação de Trump.
O governo brasileiro ainda espera uma contraproposta à solicitação de pausa nas tarifas. Trump terá a palavra final. A reunião desta manhã foi uma espécie de rescaldo da conversa anterior entre Lula e Trump.
Agora, o Brasil vai precisar definir o formato de sua proposta e o esboço de um acordo, se algo abrangente, incluindo promessas de compra do setor privado e de investimentos, ou a redução de tarifas entre setores específicos.
Infomoney - SP 27/10/2025
Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta sexta-feira, interrompendo uma sequência de três sessões de ganhos, com a diminuição da demanda na China, principal consumidor, atingida pela redução das margens do aço.
O contrato janeiro na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas em baixa de 0,58%, a 771 iuanes (US$108,24) a tonelada métrica, registrando uma queda semanal de 0,1%.
A produção mais baixa de metais quentes, um indicador da demanda de minério de ferro, reduziu os preços do principal ingrediente da fabricação de aço, disse Ying Cao, analista da corretora SDIC Futures, com sede em Pequim.
A produção média diária de metais quentes caiu pela quarta semana consecutiva, 0,4% em relação à semana anterior, atingindo o nível mais baixo desde 5 de setembro, com 2,4 milhões de toneladas na semana de 23 de outubro, segundo dados da consultoria Mysteel.
“Esperamos que a produção de metais quentes caia ainda mais nas próximas semanas, uma vez que os preços mais altos do carvão pressionaram as margens do aço, forçando algumas usinas a reduzir a produção”, disse Cao.
Os preços do carvão e coque ampliaram os ganhos, com altas de 1,42% e 1,53%, respectivamente, impulsionados pela queda na oferta causada pela interrupção das operações de mineração em alguns centros de produção, disseram analistas da GF Futures.
Diante disso, as esperanças de uma diminuição da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo ajudaram a limitar a perda de preços.
O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, deve se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e com o representante comercial, Jamieson Greer, a partir de sexta-feira, em uma tentativa de aliviar um inesperado aumento da tensão antes de uma reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping.
Valor - SP 27/10/2025
Analistas acreditam que a baixa alavancagem e a geração de caixa da Vale serão mantidas ao longo dos diferentes ciclos de preços do minério de ferro
A Fitch Ratings elevou as notas de crédito da Vale em moedas estrangeira e local de “BBB” para “BBB+”, alterando a perspectiva de positiva para estável, e reiterou a nota nacional em “AAA(bra)”, com perspectiva estável.
Os analistas Hector Collantes, Debora Jalles e Martha Rocha escrevem que o aumento das notas da Vale são apoiadas nas melhorias do mix de produtos, com maior diversificação e valor agregado, maior flexibilidade operacional e escala.
Eles também levaram em conta a mitigação de riscos ambientais envolvendo os desastres de Brumadinho e Mariana, além da descaracterização de barragens, o que reduziu incertezas envolvendo litígios.
“Como resultado, o perfil de crédito da Vale se fortaleceu dentro da categoria de rating e em comparação com seus pares”, afirma a avaliação da agência de classificação de riscos.
As notas refletem a posição de destaque da companhia no negócio de minério de ferro, sua posição de baixo custo, reservas de minerais de alto teor com longa vida útil, a conservadora estrutura de capital e sua elevada flexibilidade financeira.
Os analistas acreditam que a baixa alavancagem e a geração de caixa da Vale serão mantidas ao longo dos diferentes ciclos de preços do minério de ferro, com a empresa administrando de forma conservadora as oportunidades de crescimento e de competitividade e o retorno aos acionistas.
Consultor Jurídico - SP 27/10/2025
A 2ª Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo julga uma apelação da Vale S.A contra 121 fundos de investimento estrangeiros que são seus acionistas. A mineradora questiona a aplicação do item 3.6 do Regulamento da Câmara de Arbitragem do Mercado (Câmara B3) por seu presidente nos procedimentos arbitrais.
Esse item do regulamento diz que se houver mais de uma parte requerida ou requerente, essas, conforme seus interesses em comum, deverão indicar conjuntamente um árbitro. Na ausência de consenso, o presidente da câmara indicará todos os árbitros.
Em primeiro grau, o pedido de revogação da decisão do presidente foi indeferido. A Vale, então, recorreu. No julgamento do caso, que ocorreu na terça-feira (21/10), o advogado da mineradora alegou que o árbitro indicado pelo presidente da Câmara B3 era advogado da outra parte. Também apresentaram sustentação na sessão o advogado dos fundos e o defensor da câmara, que ponderou que uma decisão favorável à Vale resultaria em um risco à arbitragem.
O relator da matéria, desembargador Sérgio Seiji Shimura, votou por dar provimento ao recurso. Entretanto, os outros dois julgadores do caso, os desembargadores Maurício Pessoa e Jorge Tosta, pediram vista e, com isso, o julgamento foi suspenso.
Voto do relator
O artigo 18 da Lei de Arbitragem diz que o árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que ele proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário. Para Sérgio Shimura, entretanto, a intervenção do Judiciário no caso da Vale se justifica porque o que se discute é a aplicação correta do regulamento, e não a validade ou eficácia da jurisdição arbitral.
“Negar o acesso ao processo judicial significa manter a parte excluída do seu direito de petição, colocando-a num limbo jurídico, sem saída, com obstrução tanto da via jurisdicional como também da arbitragem”, disse Shimura. Em sua ótica, não se trata de um caso de ausência de consenso entre as partes. Assim, a Vale tem razão ao questionar a indicação do árbitro pelo presidente da câmara.
O relator votou por cassar a sentença de primeiro grau, anular a decisão do presidente da Câmara da B3 e manter a nomeação da árbitra indicada pela Vale.
Globo Online - RJ 27/10/2025
As montadoras chinesas que já começaram a produzir veículos no Brasil, a BYD e a GWM, informaram que a possibilidade de uma nova crise na cadeia de fornecimento de semicondutores não vai atingir suas linhas de produção no país. As duas empresas recebem chips diretamente de suas matrizes, na China, o que garante o abastecimento desses itens usados em diferentes funções do veículo, como o gerenciamento do motor, freios, airbags, sistemas de entretenimento, entre outros.
Esta semana, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as montadoras instaladas no país, alertou o governo sobre o risco de paralisação da produção de veículos no Brasil, nas próximas duas a três semanas, devido à escassez de semicondutores.
Uma crise geopolítica na Nexperia, empresa que fornece cerca de 60% de sua produção de semicondutores para a indústria automotiva, pode afetar o fornecimento desses itens, alertou a Anfavea. As duas montadoras chinesas não são associadas da entidade.
"Não temos risco em nosso fornecimento, que é realizado pela matriz da GWM, na China", declarou a GWM em nota.
Já a BYD reforçou que, por "sua forte estratégia de integração vertical, produzindo internamente a maior parte dos componentes essenciais, o abastecimento de semicondutores não será afetado", disse a empresa em nota.
A GWM inaugurou, em agosto, sua produção local de veículos, na antiga unidade da Ford, na cidade de Iracemápolis, interior de São Paulo. Ali serão fabricados os SUVs Haval 6, em versões híbridas e plug in, além da picape Poer e o Haval H9, ambas em versões a diesel. A empresa anunciou recentemente uma série de investimentos e parcerias para garantir o abastecimento de chips.
Para reforçar o abastecimento de semicondutores, a GWM fechou parceria com a fabricante chinesa de chips Horizon Robotics, líder em chips de IA, para direção inteligente e funções de cabines inteligentes nos veículos.
Também adquiriu a Wuxi Xindong, empresa fabricante de semicondutores, ampliando sua atuação nesse segmento. Além disso, a empresa anunciou investimentos em semicondutores de terceira geração, que oferecem maior eficiência, estabilidade e desempenho em comparação com gerações anteriores, já utilizados em sua marca de carros elétricos de ponta, a Shalong.
Já a BYD começou em outubro sua produção no Polo Petroquímico de Camaçari, em uma área que faz parte do terreno antes utilizado pela também empresa automobilística Ford, que encerrou as atividades no Brasil em 2021. Ali serão produzidos o elétrico Dolphin Mini, além dos híbridos Song e King.
Em junho passado, a BYD Semicondutores, braço da empresa que atua na fabricação desses componentes, assinou um acordo de investimento estratégico com o Xiaomi Changjiang Industry Fund para ampliar pesquisas e desenvolvimento, contratar pessoal e ampliar sua produção.
O projeto de aumento de capital e expansão da BYD Semiconductor atraiu outros 30 investidores estratégicos, financeiros e industriais, dada a importância do setor. Durante a pandemia, a BYD não teve problemas de abastecimento de chips, com a quebra das cadeia de fornecimento, já que desenvolveu grande parte de sua tecnologia internamente.
As demais montadoras seguem monitorando a situação. Em nota, a Toyota do Brasil afirmou que está avaliando os possíveis impactos relacionados à situação de fornecimento de componentes envolvendo a Nexperia.
"Até o momento, não foram identificados impactos significativos no curto prazo para as operações. A empresa segue monitorando de forma contínua a situação junto a seus fornecedores, a fim de antecipar eventuais riscos e garantir a sustentabilidade do negócio", diz a nota.
A General Motors América do Sul informou que acompanha atentamente o cenário global de fornecimento de semicondutores. Apesar das oscilações no mercado, a companhia não prevê impactos relevantes em suas operações no curto prazo.
"A GM segue monitorando o tema de forma contínua e coordenada com sua cadeia de suprimentos, reforçando o compromisso da empresa com a estabilidade operacional e a continuidade dos negócios", explicou a montadora na nota.
Outros setores seguem sem dificuldades
Outros setores consultados pelo GLOBO que também utilizam chips em seus produtos ainda não relataram dificuldades no fornecimento de semicondutores. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, que reúne mais de 400 empresas fabricantes de equipamentos elétricos e eletrônicos no país, informou que seus associados ainda não relataram falta de chips.
“Até o momento, as empresas associadas da Abinee não relataram dificuldades em relação ao fornecimento de semicondutores devido às recentes tensões geopolíticas. A associação e as fabricantes permanecem monitorando a situação", informou a entidade em nota.
O presidente executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos(Eletros), Jorge Nascimento, também informou que por enquanto não teve informações de seus associados de falta de componentes.
— Nenhuma das nossas associadas apresentou até o momento problemas relacionados a isso — disse ao GLOBO.
Retomada do fornecimento de chips na China
De acordo com informações da agência de notícias Reuters, a unidade chinesa da Nexperia retomou o fornecimento de semicondutores para distribuidores locais. Pequim proibiu as exportações após uma disputa sobre propriedade intelectual com a Holanda, maior acionista da empresa.
A unidade chinesa também instruiu os distribuidores a realizar transações com seus clientes apenas em iuan, a moeda chinesa, em uma aparente tentativa de estabilizar o fornecimento na China e operar de forma mais independente de sua matriz holandesa.
De acordo com a Bloomberg, a tensão começou quando o ministro holandês da Economia, Vincent Karremans, decidiu vetar a influência dos acionistas chineses na empresa, sediada em Nijmegen, alegando riscos à segurança nacional.
A decisão foi tomada após pressões dos Estados Unidos, que vêm impondo restrições comerciais à Nexperia por sua ligação com a chinesa Wingtech Technology, controlada parcialmente por entidades ligadas ao Estado chinês.
Em resposta, a China impôs restrições à exportação de componentes eletrônicos, o que já afeta a produção em algumas fábricas automotivas na Europa. Um veículo moderno usa, em média, de 1 mil a 3 mil chips. Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento.
Exame - SP 27/10/2025
As entregas globais de veículos da Tesla devem cair pelo segundo ano consecutivo, mesmo com o crescimento do mercado mundial de carros elétricos, de acordo com informações da Bloomberg. A empresa enfrenta redução na demanda interna após o término do crédito fiscal de US$ 7.500 oferecido aos consumidores norte-americanos e aumento de custos com tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.
Além da perda de receita com a venda de créditos regulatórios, a Tesla observa desaceleração de vendas em mercados estratégicos como China e Europa, ao mesmo tempo, em que rivais locais ampliam a oferta de modelos mais baratos.
As entregas globais da Tesla caíram 13% no primeiro semestre de 2025, reflexo da interrupção temporária nas fábricas para o redesenho do Model Y. O terceiro trimestre registrou recuperação de 7%, impulsionada pela corrida dos consumidores para aproveitar o subsídio antes de seu fim em setembro.
Nos Estados Unidos, a empresa mantém a liderança entre as marcas de veículos elétricos, mas sua participação no segmento caiu de mais de 75% em 2022 para cerca de 40% neste ano, segundo a Kelley Blue Book.
Na Europa, as vendas recuaram um terço entre janeiro e agosto, enquanto o mercado de elétricos na região cresceu 26%, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. Já na China, as remessas da fábrica de Xangai diminuíram em sete dos nove primeiros meses de 2025, de acordo com a Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros.
Concorrência e desafios na linha de produtos
A Tesla segue com uma linha restrita de cinco modelos — Model S, Model X, Model 3, Model Y e Cybertruck — e ainda não lançou um veículo de baixo custo. As versões simplificadas do Model 3 e do Model Y, com preço inicial em torno de US$ 40 mil, reduziram autonomia e recursos, mas não atingiram o público de entrada.
Enquanto isso, a chinesa BYD mantém vantagem ao oferecer maior variedade e preços mais competitivos. A empresa superou a Tesla em entregas de veículos 100% elétricos por quatro trimestres consecutivos, consolidando-se como líder global no segmento.
As políticas do CEO Elon Musk também influenciam o desempenho da empresa. Sua aproximação com o Partido Republicano e o apoio financeiro à campanha do presidente Donald Trump em 2024 resultaram em desgaste político e na eliminação de incentivos federais ao setor.
As tarifas impostas pelo governo norte-americano adicionaram cerca de US$ 700 milhões aos custos da Tesla nos últimos trimestres. Além disso, a receita com a venda de créditos regulatórios, usada por outras montadoras para cumprir metas de emissões, caiu 44% no terceiro trimestre.
Estratégias de retomada e novas apostas
A Tesla abriu seu primeiro showroom na Índia em julho, mas enfrenta barreiras de preço: o Model Y básico custa cerca de US$ 70 mil no país, valor elevado para o mercado local. Na China, a empresa tenta recuperar espaço com novos recursos baseados em inteligência artificial e versões de seis lugares do Model Y, com preço a partir de US$ 47,2 mil.
Musk também centralizou o comando das operações na Europa e nos Estados Unidos após a saída de executivos de longa data. Paralelamente, reforça a aposta em robótica e automação, com planos de expandir o serviço de robotáxis, o Cybercab, lançado em Austin, Texas.
O bilionário afirma que os robôs humanoides e os veículos autônomos podem representar até 80% do valor futuro da Tesla, que ainda depende de aprovação regulatória para operar em larga escala.
Globo Online - RJ 27/10/2025
A General Motors e a Stellantis NV serão obrigadas a pagar tarifas sobre alguns veículos fabricados nos Estados Unidos que importam para venda no Canadá, depois que as empresas decidiram reduzir o trabalho nas linhas de montagem em fábricas em Ontário. O anúncio foi feito um dia depois do presidente Donald Trump afirmar que as negociações com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, estavam encerradas.
O Canadá impôs tarifas de até 25% sobre carros e caminhonetes leves fabricados nos EUA em abril, em retaliação às tarifas aplicadas por Trump sobre veículos estrangeiros. No entanto, o governo de Mark Carney também criou uma isenção — conhecida como “remissão” — para montadoras que produzem veículos no Canadá.
Essa isenção permitia que as montadoras continuassem importando veículos para o Canadá sem pagar tarifas, desde que mantivessem a produção e os investimentos em fábricas canadenses. Mas, agora, a Stellantis verá sua cota de veículos isentos de tarifas ser reduzida em 50%, e a GM enfrentará uma redução de 24%, segundo um funcionário do governo familiarizado com o assunto, que falou sob condição de anonimato por não estar autorizado a comentar publicamente.
A medida representa uma escalada nas tensões entre o governo de Carney e as montadoras, que vêm alterando seus planos de produção em resposta às tarifas de Trump e às mudanças na demanda por veículos elétricos.
A GM anunciou nesta semana que encerrará permanentemente a produção de vans elétricas na cidade de Ingersoll, em Ontário, lançando dúvidas sobre o futuro dessa fábrica, que não produz nenhum outro modelo. Na semana passada, a Stellantis suspendeu os planos de fabricar o utilitário esportivo Jeep Compass em uma fábrica próxima a Toronto, colocando em risco 3.000 empregos diretos. O destino dessa unidade também é incerto.
As medidas irritaram autoridades canadenses em parte porque o Canadá ajudou a financiar o resgate e a reestruturação da GM e da Chrysler — agora parte da Stellantis — quando elas enfrentavam dificuldades financeiras durante a crise financeira global. Os governos canadenses continuaram a oferecer ajuda financeira tanto à GM quanto à Stellantis como incentivo para modernizar fábricas e manter a produção de veículos no país.
A decisão do governo de reduzir o benefício tarifário para a Stellantis e a GM foi divulgada mais cedo nesta quinta-feira pela emissora pública Canadian Broadcasting Corp.
Ambas as empresas ainda mantêm uma fábrica de montagem em operação no sul de Ontário, mas a maioria dos modelos que vendem no Canadá é importada — geralmente dos Estados Unidos ou do México. A General Motors detinha 15,8% do mercado automobilístico canadense no primeiro semestre do ano, o que a tornou líder do setor, segundo a empresa informou em julho.
O Canadá é, de longe, o maior mercado de exportação para veículos novos fabricados nos EUA, tendo adquirido cerca de 629 mil unidades no ano passado, de acordo com dados do Departamento de Comércio.
A General Motors não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Um porta-voz da Stellantis disse que a empresa estava preparando uma resposta.
Valor - SP 27/10/2025
Presidente-executivo da Porsche, Oliver Blume, que também é presidente-executivo da Volkswagen, entregará o comando da Porsche ao ex-chefe da McLaren, Michael Leiters, no início de 2026
A Porsche reportou, nesta sexta-feira (24), um prejuízo operacional maior do que o esperado no terceiro trimestre, em resultado pressionado pelo adiamento na expansão de veículos elétricos anunciada no mês passado.
O prejuízo operacional do grupo somou 967 milhões de euros (US$ 1,1 bilhão) de julho a setembro, abaixo do lucro de 974 milhões de euros um ano antes. Analistas consultados pela Visible Alpha esperavam um prejuízo de 611 milhões de euros.
“Esperamos que 2025 seja o piso que antecede uma melhora notável para a Porsche a partir de 2026”, disse o CFO da fabricante, Jochen Breckner, alertando que “soluções em larga escala” eram necessárias nas atuais negociações de reestruturação com representantes trabalhistas.
O presidente-executivo da Porsche, Oliver Blume, que também é presidente-executivo da Volkswagen, entregará o comando da Porsche ao ex-chefe da McLaren, Michael Leiters, no início de 2026, disse o grupo na semana passada.
Leiters está prestes a herdar um dos maiores casos de crise no setor automotivo da Europa, afetado pela queda na demanda na China e pela pressão sobre as margens devido às tarifas impostas pelos Estados Unidos.
CNN Brasil - SP 27/10/2025
O setor de máquinas e equipamentos demonstra otimismo em relação às negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre as tarifas impostas aos produtos brasileiros. José Velloso, presidente executivo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), destacou no Agora CNN que o governo brasileiro deu um passo importante ao entregar, durante o encontro na Malásia entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um documento formal para iniciar as negociações, revelando a importância da indústria brasileira para o mercado americano.
Após o encontro, a expectativa é de que as equipes técnicas de ambos os países deem continuidade às negociações.
Impacto nas exportações
O setor de máquinas e equipamentos, que representa aproximadamente 20% dos produtos afetados pelo aumento tarifário, já registra quedas significativas nas exportações. "Excluindo-se as máquinas para construção civil, houve uma redução de 28% nas vendas para os Estados Unidos em setembro, primeiro mês após a implementação das tarifas", explica Velloso.
As máquinas rodoviárias mantiveram seus níveis de exportação devido a contratos de longo prazo entre grandes empresas. No entanto, estas companhias estão absorvendo prejuízos causados pela tarifa adicional de 50% que não existia anteriormente.
Preocupação com atrasos
Uma das principais preocupações do setor é o tempo das negociações. Velloso ressalta que, quando se trata de produtos de alta e média tecnologia, como máquinas e equipamentos, a substituição no mercado pode ter consequências duradouras, tornando mais complicada a reconquista do espaço perdido.
O setor industrial tem mantido contato constante com contrapartes americanas e participado ativamente das discussões, incluindo missões aos Estados Unidos em maio e setembro. "Esta articulação do setor privado tem sido fundamental para a evolução das relações entre os dois países", conclui o presidente executivo da Abimaq.
Valor - SP 27/10/2025
Incertezas econômicas, contudo, levantam dúvidas sobre a manutenção do ritmo da melhora de desempenho
O terceiro trimestre marcou mais um período de recuperação contínua da ocupação nos escritórios de São Paulo, conforme mostram os dados das consultorias imobiliárias para o período.
De acordo com a Newmark, a taxa de vacância ficou em 17,3% na cidade, queda de 3,6 pontos percentuais sobre o terceiro trimestre de 2024. É uma tendência que deve continuar, afirma Mariana Hanania, diretora de pesquisa de mercado da consultoria, porque a entrega de novos prédios corporativos não está forte. Há mais projetos em construção do que há um ano - 151 mil metros quadrados, ante 128 mil metros quadrados em setembro de 2024 -, mas o prazo para a entrega dos projetos tem sido dilatado.
“Existe uma certa cautela para novos empreendimentos”, afirma Hanania, e o motivo não vem apenas do próprio setor, como a percepção de demanda para determinada região, mas de questões macroeconômicas. “A incerteza ainda é forte”, diz, citando a expectativa de crescimento menor da economia neste ano e de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, enquanto a inflação persiste. “Isso se reflete no mercado imobiliário como um todo, e principalmente em escritórios”.
Enquanto isso, a ocupação dos escritórios tem aumentado em toda a cidade, e não apenas nas regiões mais disputadas, como Faria Lima, destaca Fernando Didziakas, sócio-diretor da Buildings.
Antes da pandemia, no início de 2020, havia 9,7 milhões de metros quadrados de lajes corporativas ocupados na cidade. Esse montante soma também prédios de categorias B e C, mais antigos, e não só de alto padrão. Em 2021, no vale da pandemia, o volume caiu para 9,1 milhões de metros quadrados. No entanto, lembra Didziakas, a base de 2020 já foi ultrapassada no fim do ano passado. Hoje, são 10,3 milhões de metros quadrados ocupados na capital paulista.
Segundo a consultoria, a vacância na cidade, nos prédios corporativos em geral, é de 16,5%, e vem caindo. Há áreas em que uma recuperação contínua ainda vai demorar a dar resultados práticos para os proprietários, como fundos de investimento imobiliário (FIIs).
As regiões da Chácara Santo Antônio e da Chucri Zaidan exemplificam isso. São áreas que estão atraindo novos ocupantes todos os trimestres e possuem estoque de prédios novos, de alta qualidade. Porém, esse novo estoque, somado à pandemia, fez com que a vacância crescesse demais, e o preço caísse. A recuperação está em andamento, mas é preciso paciência.
Segundo a Buildings, a Chácara chegou a ter 50% de vacância em 2022 em ativos de classe A, de alto padrão, mas hoje o patamar recuou para 33%. “É bastante, mas caiu”, afirma Didziakas. Na Chucri, chegou a 32% em 2023, e está em 17%.
O preço negociado nas novas locações de prédios na Chucri chegou a R$ 60 ou R$ 65 por metro quadrado ao mês, lembra, embora o preço oficialmente pedido fosse de R$ 90. “Hoje, os proprietários testam [aluguéis] de R$ 100 a R$ 120”, afirma, ressaltando que não se deve esperar atingir o patamar de R$ 200 pelos próximos dois anos.
Em termos de tijolo, a região teria condições de cobrar valor próximo à Faria Lima, onde os preços pedidos estão na casa dos R$ 300 por metro quadrado, mas a localização faz a diferença. “Quem paga os R$ 300 é quem precisa da sofisticação do endereço Faria Lima”, afirma o sócio da Buildings, citando bancos e gestoras de investimento e advogados corporativos. Já outras empresas podem ver vantagem em outras regiões, mais em conta, mas sem o mesmo prestígio.
Chucri e Chácara ganham com isso. No entanto, essas regiões aguardam a entrega de dois grandes projetos que, ao serem concluídos, devem fazer com que a ocupação média caia novamente, o Esther Towers e o Alto das Nações. Juntos, somam quase 200 mil metros quadrados.
A previsão de entrega está para o começo de 2026. Para Didziakas, a chegada desses edifícios ocasionará uma dinâmica de “rouba monte” nessas áreas, com muita movimentação de empresas, “mas, talvez, pouco crescimento”.
Ainda pensando em 2025, a perspectiva geral para o mercado de imóveis corporativos na cidade é positiva, segundo Hanania, com demanda crescente. “[A respeito] do que está ao alcance do mercado, estamos contentes com os resultados”, diz.
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
De Porto Alegre a Gramado em apenas uma hora – e não será de carro. Esse é o tempo que o viajante levará para percorrer a distância entre as duas cidades quando elas estiverem interligadas pelo trem expresso em 2032. O projeto de construção da ferrovia foi autorizado pelo governo do Rio Grande do Sul e a concessionária SulTrens prevê o início de obras para 2029. A linha terá como ponto de partida o Aeroporto Internacional Salgado Filho e chegada pela Avenida das Hortênsias, entre Gramado e Canela. Hoje esse trajeto leva no mínimo duas horas para ser percorrido.
“Quem chega ao aeroporto de Porto Alegre com destino a Gramado precisa pegar uma van ou alugar um carro para subir a serra, em um trajeto que pode durar até quatro horas. Com o trem, haverá uma passarela climatizada, com esteira rolante, de 700 metros até a estação. O turista vai acessar o trem e chegar a Gramado em até uma hora”, afirmou o administrador da SulTrens, Renato Ely.
Serão duas linhas férreas com até dez trens de passageiros, que vão cruzar e impactar 22 cidades ao longo do percurso. A previsão é que o novo modal faça até 28 viagens por dia, com saídas planejadas no período das 7h às 22h. Não foi definido ainda qual deverá ser o valor das passagens. A expectativa para o primeiro ano é de transportar 2 milhões de passageiros.
Impulso à economia local
O trajeto incluirá 27 cruzamentos rodoferroviários, 15 pontes e viadutos e 9 túneis. O contrato tem investimento previsto na ordem de R$ 4,5 bilhões e duração de 99 anos, prorrogáveis por outros 99. A estimativa é que a obra gere mais de 22 mil empregos diretos e indiretos.
Com o objetivo de gerar recursos financeiros para a obra, serão construídos dois condomínios no curso da ferrovia, em local a ser definido. “O trem vai ter parada nesses pontos exclusivos, levando os moradores para Gramado, Canela ou Porto Alegre”, completou Ely. Por enquanto, são as únicas paradas previstas para o trajeto.
Diante da perspectiva de receber mais turistas, o secretário de Turismo de Gramado, Ricardo Bertolucci, explica que o poder público tem projetos de melhoria de infraestrutura e serviços da cidade, hoje com 40 mil habitantes, de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Dentre eles, desenvolver um novo território urbano em uma área que não é habitada na cidade atualmente. Vamos fazer um planejamento urbano de empreendimentos e moradia. Outro ponto é descentralizar os serviços públicos: escolas e prefeituras, por exemplo, podem sair da região central”, informou Bertolucci.
Para o CEO da Gramado Parks, rede de hotéis e parques na cidade, Ronaldo Costa Beber, a nova possibilidade de transporte pode ajudar a diminuir a sazonalidade do turismo na região, somada às atratividades turísticas. “A gente tem trabalhado para diminuir essas tônicas entre os períodos mais cheios de Gramado, como a Páscoa, o inverno e o Natal Luz. Eventos como a Oktoberfest e o Festival de Cinema, por exemplo, entre a alta temporada, junto com as novas possibilidades de transportes, fazem com que a cidade atenda turistas o ano inteiro”, contou.
Porto Alegre: mais do que passagem
Do outro lado da linha, Porto Alegre começa a planejar como atrair os turistas com destino à Serra Gaúcha, evitando que seja apenas uma cidade de passagem. “Temos até 2032 para pensar em maneiras de retenção do turista que veio para subir a serra, tornar Porto Alegre um local atrativo para os estrangeiros também”, comenta a secretária de Turismo de Porto Alegre, Fernanda Barth. “Com certeza, num primeiro momento, vamos trabalhar o receptivo para quem mora em Gramado e se sente prejudicado durante a alta temporada”, diz ela, referindo-se ao deslocamento de moradores da serra à capital.
Segundo a secretária, a cidade busca se firmar como a capital mundial do churrasco, fortalecer o polo cervejeiro e se consolidar como destino esportivo, com a construção do polo náutico a partir de 2026.
Revista Ferroviaria - RJ 27/10/2025
A Transnordestina Logística adiou nesta quinta-feira (23) o início do transporte de cargas entre Piauí e Ceará, previsto para esta sexta-feira (24), por falta de licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo a empresa, o trecho da ferrovia no qual o transporte seria realizado está concluído e tem autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para iniciar as operações comissionadas — fase de testes com carga real. Todos os testes técnicos foram aprovados.
Apesar da estrutura pronta, a Licença de Operação do Ibama ainda não foi emitida, o que impede o início oficial das atividades. Procurado, o instituto afirmou que pendências técnicas e documentais que impedem a devida conclusão do processo de licenciamento.
“Lamentamos informar o adiamento do início da operação e dos eventos agendados nos dias 24 e 25 de outubro. A Transnordestina Logística, junto com o Ministério dos Transportes, não tem medido esforços para iniciar as operações o mais breve possível”, informou a empresa.
Primeira viagem e trajeto
O trem sairia de Bela Vista do Piauí às 10h de sexta-feira (24) e chegaria em Iguatu, no Ceará, às 10h de sábado (25), após percorrer 585 km em cerca de 20 horas.
A viagem seria acompanhada pelos governadores Rafael Fonteles (PI) e Elmano de Freitas (CE), além de autoridades federais, estaduais e municipais.
O carregamento seria feito próximo ao futuro Terminal Intermodal de Cargas do Piauí (TIPI), da própria Transnordestina. O descarregamento ocorreria perto do Terminal Logístico de Iguatu, em construção por empresários locais.
Uma carga de farelo de milho já estava pronta para a viagem inaugural.
Avanço das obras
Com 1.206 km de extensão, a ferrovia é um dos maiores projetos logísticos em andamento no Nordeste. A Fase 1 já tem 78% de avanço físico, com 676 km prontos e 280 km em obras, divididos em seis lotes.
Mais de 4 mil trabalhadores atuam nas obras. Os lotes 4 e 5 estão com trilhos, dormentes e brita em 108 km. Já os lotes 6, 7, 8 e 11 seguem com infraestrutura em 178 km.
A previsão é concluir a Fase 1 até 2027, conectando a ferrovia ao Porto do Pecém (CE). A Fase 2, com 151 km no Piauí, deve ser retomada no primeiro semestre de 2026 e finalizada em 2028 — um ano e meio antes do prazo original.
Histórico do projeto
As obras começaram há 19 anos. Metade da ferrovia já está pronta. O projeto foi alvo de investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) e chegou a ser paralisado em 2016 por suspeitas de irregularidades.
Apesar do histórico, o avanço das obras no Piauí e no Ceará é considerado estratégico para a logística e o escoamento da produção agrícola e mineral do Nordeste.
Nota do Ibama
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) esclarece que, até o momento, não foi possível emitir a Licença de Operação (LO) referente à ferrovia de responsabilidade da Transnordestina Logística S.A., uma vez que persistem pendências técnicas e documentais que impedem a devida conclusão do processo de licenciamento ambiental.
Entre os principais pontos ainda não atendidos pelo empreendedor, destacam-se:
Ausência de aprovação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), instrumento essencial para assegurar a adoção de medidas preventivas e de resposta a eventuais situações de emergência durante a operação da ferrovia; Ausência de manifestação favorável do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), considerando que o traçado da ferrovia afeta diretamente comunidades quilombolas; e A análise das informações complementares apresentadas pela empresa relativas ao Plano Ambiental de Operação (PAO) e ao atendimento das condicionantes ambientais, atualmente sob avaliação das equipes técnicas, protocolados respectivamente em 07/10/2025 e 15/10/2025.
O Ibama ressalta que todas as análises técnicas vêm sendo conduzidas dentro dos prazos e procedimentos previstos e que os ajustes no cronograma de emissão da Licença decorrem exclusivamente da necessidade de garantir o cumprimento integral das exigências técnicas e legais que garantam a segurança socioambiental da operação.
O Instituto reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e a proteção socioambiental, assegurando que a Licença de Operação somente será emitida quando todas as exigências técnicas forem plenamente atendidas e quando for comprovada a viabilidade ambiental da operação da ferrovia.
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
O Ministério Público Federal (MPF) entrou, nesta sexta-feira, 24, com recurso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para tentar derrubar a decisão da Justiça Federal que havia negado em setembro a suspensão do leilão de 19 blocos de exploração de petróleo e gás na Bacia da Foz do Amazonas.
Essa bacia é uma das cinco que compõem a Margem Equatorial brasileira, região que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, a última grande fronteira petrolífera no Brasil e considerada uma espécie de segundo pré-sal.
A iniciativa do MPF vem quatro dias depois de o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ter concedido à Petrobras licença de operação para perfuração do poço exploratório Morpho, na bacia da Foz do Amazonas.
O recurso do MPF pede a proibição imediata de qualquer processo de licenciamento ambiental, para os blocos arrematados, sem que haja a prévia realização de ações e estudos apontados pelo órgão como necessários.
O MPF exige, ainda, a realização da Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI), conforme a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O órgão ministerial pediu ainda a proibição de inclusão de blocos da Bacia da Foz do Amazonas em novos leilões de Oferta Permanente de Concessão (OPC), até o julgamento definitivo da ação.
De acordo com o MPF, o objetivo do recurso é garantir que o leilão e os futuros contratos de concessão:
Não sejam formalizados sem o Estudo de Impacto Climático (EIC)
Sem a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS)
E sem os Estudos de Componentes Indígenas, Quilombolas e de Povos e Comunidades Tradicionais (ECI/ECQ).
Na justificativa, o MPF sustenta que a ausência dos estudos e da consulta na fase pré-licitatória viola o ordenamento jurídico brasileiro e compromissos internacionais assumidos pelo país.
A representação do órgão cita o Parecer Consultivo nº 32 da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), que recomenda atuação estatal com “diligência reforçada” em contextos de emergência climática e em áreas de alta sensibilidade ambiental.
De acordo com o órgão, a omissão em seguir esse dever pode levar o Brasil a sofrer condenações internacionais por violação de direitos humanos e ambientais, colocando em risco ecossistemas únicos e comunidades tradicionais que vivem na região.
O MPF reforça ainda que a consulta às comunidades potencialmente afetadas deve acontecer antes da fase de licenciamento ambiental, e não depois.
Segundo o Ministério Público, a realização da CPLI na etapa de planejamento é obrigatória sempre que houver qualquer possibilidade de impacto direto, sobre povos indígenas, quilombolas ou populações tradicionais, independentemente da localização ou distância física das áreas afetadas.
Órgão havia tentado barrar leilão em junho
Em 12 de junho, o MPF, a partir do Pará, havia entrado com uma ação na Justiça Federal, na tentativa de suspender o leilão de blocos de petróleo e gás da 5ª Oferta Permanente de Concessão (OPC) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que acabou ocorrendo no dia 17 seguinte, como previsto.
A Petrobras adquiriu áreas na foz em dois lances diferentes, como explicou em comunicado. Na Bacia Foz do Amazonas, a Petrobras adquiriu, na ocasião, os blocos FZA-M-1040, FZA-M-1042, FZA-M-188, FZA-M-190, FZA-M-403, FZA-M-477, FZA-M-547, FZA-M-549, FZA-M-619 e FZA-M-621, em parceria com a ExxonMobil Exploração Brasil. Nos cinco primeiros blocos o consórcio terá a Petrobras como operadora, com participação de 50%, em parceria com a ExxonMobil (50%). Nos outros cinco blocos, a ExxonMobil será operadora e a Petrobras terá participação de 50%.
A Petrobras programa investir US$ 3,1 bilhões até 2029 na exploração da Margem Equatorial.
A ação do MPF em junho tentava impedir a oferta de 47 blocos para exploração de petróleo e gás na bacia da Foz do Amazonas, até que fossem cumpridas uma série de medidas previstas na legislação socioambiental.
A ação foi movida contra a União e a ANP. Segundo o MPF, a realização do leilão sem os estudos prévios adequados representa uma grave violação de direitos fundamentais, compromissos internacionais e da legislação ambiental brasileira.
O MPF pediu que a Justiça condicionasse a realização do leilão à execução de quatro medidas principais como o estudo de impacto climático; a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS): Estudos sobre povos e comunidades tradicionais; e Consulta Prévia.
A ação do MPF seguiu outra impetrada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) e utiliza argumentos semelhantes.
Na ação, o MPF destaca que a expansão da exploração de petróleo na região representa um “grave contrassenso” diante da emergência climática e dos compromissos assumidos pelo Brasil, como o Acordo de Paris, tratado internacional com metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e que desestimula o uso de combustíveis fósseis.
Petro Notícias - SP 27/10/2025
A produção média de óleo, LGN e gás natural alcançou 3,14 MMboed (milhões barris de óleo equivalente por dia), no 3º trimestre de 2025 (3T25). Isto significa 7,6% acima do 2º trimestre de 2025 e 16,9% acima do 3º trimestre de 2024, em função, principalmente, do atingimento do topo de produção (capacidade de projeto) do FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios, e ao aumento da capacidade de produção do FPSO Marechal Duque de Caxias, no campo de Mero. Além disso, houve o ramp-up (aumento gradual de produção) dos FPSOs Maria Quitéria, no campo de Jubarte, Anita Garibaldi e Anna Nery, nos campos de Marlim e Voador, e Alexandre de Gusmão, no campo de Mero. Também contribuíram para este aumento de produção o menor volume de perdas por paradas e manutenções e a maior eficiência
Campo de Búzios está marcado em vermelho
operacional nas Bacias de Campos e Santos. A eficiência realizada nos primeiros 9 meses do ano, em relação a 2024, foi cerca de 3% maior, incluindo aumento em campos com produção bastante significativa, como Tupi e Búzios. Neste trimestre, entraram em operação 11 novos poços produtores, sendo sete na Bacia de Campos e quatro na Bacia de Santos. Em 25 de setembro, o FPSO Marechal Duque de Caxias atingiu a marca de 200 mil bpd, 20 mil bpd acima da sua capacidade nominal de projeto, conforme autorizado pelos órgãos competentes.
O FPSO Almirante Tamandaré(esquerda), que entrou em produção em fevereiro deste ano, em Búzios, alcançou o topo de produção previsto de 225 mil bpd em 14 de agosto, com apenas cinco poços produtores e três meses de antecedência em relação ao cronograma inicial. Em 09 de outubro, a unidade atingiu a marca de 250 mil bpd, acima da sua capacidade nominal de projeto, co nforme autorizado pelos órgãos competentes, tornando-se a plataforma de maior produção de petróleo da Petrobras e do Brasil. O navio-plataforma P-78 chegou tripulado no dia 30 de setembro ao campo de Búzios, onde já iniciou as atividades de ancoragem. A plataforma é a sétima unidade a ser instalada no campo de Búzios, após a P-74, P-75, P-76, P-77, Almirante Barroso e Almirante Tamandaré. Sua capacidade de produção será de 180 mil barris de petróleo por dia, além de comprimir até 7,2 milhões de m³ de gás diários. O início da produção está previsto para o 4T25.
FPSO Duque de Caxias
RECORDES DE PRODUÇÃO:
Produção total operada no 3T25: 4,54 milhões de boed (recorde anterior de 4,20 milhões de boed no 2T25); Produção total própria no 3T25: 3,14 milhões de boed (recorde anterior de 3,02 milhões de boed no 4T19);
Produção total operada no pré-sal no 3T25: 3,88 milhões de boed (recorde anterior de 3,62 milhões de boed no 2T25);
Produção total própria no pré-sal no 3T25: 2,56 milhões de boed (recorde anterior de 2,41 milhões de boed no 2T25); As plataformas do campo de Búzios romperam a marca de produção operada de 900 mil bpd de óleo em 07 de outubro.
No 3T25, as vendas de derivados também apresentaram um bom desempenho, alcançando o volume total de 1.804 Mbpd (mil barris por dia) comercializados no mercado interno. Destaque para as vendas de diesel que registraram um crescimento de 12,2%, com o diesel S10 respondendo por 67,8% do volume total comercializado no trimestre e alcançando 68,4% em setembro, estabelecendo recordes trimestral e mensal, respectivamente. O trimestre também foi marcado pelo recorde das exportações de petróleo que alcançaram a marca de 814 Mbpd, acompanhando a maior produção de óleo pelo E&P.
No 3T25, o parque de refino reafirmou sua eficiência operacional e sustentou, mais uma vez, volumes expressivos de produção de derivados. O fator de utilização total (FUT) atingiu 94%, acima dos 91% registrados no trimestre anterior, refletindo o elevado aproveitamento das capacidades instaladas. A produção de derivados alcançou 1.790 Mbpd, representando um crescimento de 3,5% em relação ao 2T25. A produção de derivados de alto valor agregado (diesel, QAV e gasolina) representou 69% do volume total no trimestre (68% no 2T25), reforçando a maximização de rentabilidade do parque. Em relação ao perfil do petróleo processado, a participação de óleo do pré-sal na carga manteve-se elevada no trimestre, alcançando 69%. Este resultado está em linha com a estratégia da companhia de otimização do uso de correntes de maior valor agregado e menor intensidade de carbono.
Foi concluída no dia 3, a assinatura de cinco contratos de serviços para a construção das unidades que compõem o Projeto Refino Boaventura, marco na modernização do parque de refino. O projeto propiciará a integração entre a REDUC e o Complexo de Energias Boaventura, ampliando a produção de diesel S10 em 76 Mbpd, e de Querosene de Aviação (QAV) em 20 Mbpd. Além disso, o Boaventura possibilitará a produção de 12 Mbpd de lubrificantes Grupo II, agregando valor e competitividade ao portfólio.
A companhia também avançou no mercado livre de gás natural, atingindo a marca de 6,5 MMm³/d de volume contratado nessa modalidade, um crescimento de 14% em relação ao 2T25. Esses resultados reafirmam a competitividade da carteira da Petrobrás e destacam o compromisso com a alocação eficiente do gás natural. Além disso, em agosto, as usinas termelétricas Ibirité e Termorio iniciaram a entrega antecipada da potência contratada no Leilão de Reserva de Capacidade de 2021, que estava prevista para julho de 2026. Com isso, foram disponibilizados 1,12 GW de potência ao operador nacional do sistema, para garantir a confiabilidade e flexibilidade do sistema elétrico diante da expansão das energias renováveis.
O Estado de S.Paulo - SP 27/10/2025
Às vésperas de completar 100 anos no mundo e 80 no Brasil, a empresa de origem francesa SLB, ex- Schlumberger, vem se consolidando como uma das principais fornecedoras da Petrobras, posição que garantiu lugar de destaque na exploração da Margem Equatorial brasileira e nos campos do pré-sal.
Recentemente, a empresa fechou um contrato de mais de R$ 1,5 bilhão com a estatal para implantar, no próximo ano, um pioneiro projeto de completação elétrica de poços, tecnologia usada atualmente em apenas três países, e considerada um salto na operação offshore (alto-mar), na avaliação do presidente da SLB no Brasil, Thomas Filiponi. Completação é o processo de preparação do poço para a produção, instalando equipamentos que assegurem a operação.
“O Brasil é uma região muito estratégica para a empresa por vários motivos. Primeiro, pela quantidade e o volume de trabalho. Nós temos um volume de trabalho expressivo aqui. E esse volume não é só a questão de quantidade, mas também de complexidade e desafios”, disse o executivo ao Estadão/Broadcast.
Ele conta que a Schlumberger chegou ao Brasil antes da Petrobras, para atender empresas privadas. Mas, desde a criação da estatal, na década de 1950, participa dos principais projetos da companhia e não poderia ficar de fora da exploração na bacia da Foz do Amazonas, onde é responsável pela perfuração do poço Morpho, a bordo da sonda ODN II, e para onde os holofotes da indústria estão voltados.
“Iniciamos a perfuração às duas da manhã. Nós trazemos a tecnologia para fazer a perfuração do poço. Você pode perfurá-lo verticalmente, com desvio, horizontalmente, e toda essa direção é trazida pelo nosso equipamento, pelas tecnologias que nós temos. Aí a gente vai fazendo essa avaliação em tempo real”, explicou, afirmando que ainda é cedo para ter qualquer informação sobre a exploração, mas que outros três poços devem ser perfurados.
Oportunidade na Margem Equatorial
“A Margem Equatorial traz hoje uma oportunidade única, de acordo com os estudos mais recentes de sísmica que ocorreram lá. Então, eu acho que essa aprovação (da licença de operação) que ocorreu recentemente, nós da SLB, vemos com bastante positivismo, porque ela traz, claro, um benefício para a indústria. Abre uma gama de oportunidades (para a indústria) que até então estava bem limitada. Vai abrir outras oportunidades para outros clientes, e nós estamos muito contentes de estar lá operando esse primeiro poço com toda a responsabilidade que temos aqui”, avaliou, destacando que foi a SLB que perfurou para a BP o campo de Bumerangue, onde em agosto foi anunciada a descoberta de gás natural.
Operação no pré-sal
O pré-sal também está no topo da agenda de Filiponi. Ele vai trazer para o campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, uma tecnologia inédita no Brasil, de completação elétrica de poços para substituir a completação hidráulica, um contrato de R$ 400 milhões por cinco anos com a Petrobras, que vai trazer maior eficiência, precisão e possibilidade de um controle em tempo real do poço.
Segundo ele, o controle do fluxo em tempo real é um divisor de águas. Decisões que antes levavam dias poderão ser tomadas em minutos, otimizando a produção e a segurança, explicou.
“Essa ‘onda 3 de Búzios’ visa os contratos das plataformas para Búzios 9, 10 e 11, estar recebendo os FPSOs (navios-plataforma) no futuro. Esses postos já são perfurados, completados e são deixados prontos, junto com o equipamento submarino, para assim que o FPSO chegar, ser conectado”, informou.
A SLB venceu também a licitação da Petrobras para aplicar tecnologias sísmicas de ponta nas bacias de Campos e Santos (3D e 4D), para permitir uma visão mais detalhada e precisa do subsolo dessas bacias, e otimizar as decisões sobre exploração e produção. A atual gestão da Petrobras tem como lema “qualquer óleo importa”, e vem estudando as antigas bacias produtoras para saber onde ainda podem buscar petróleo e gás natural.
Na Bacia de Santos, o foco da SLB será o campo de Tupi, que já foi o maior campo do pré-sal, mas está em declínio natural. Em agosto, foi ultrapassado pelo campo de Búzios, na mesma bacia. O projeto da SLB em Tupi engloba 950 km² de área a cinco mil metros de profundidade.
O objetivo é fazer o campo voltar a produzir no patamar de 1 milhão de barris de óleo equivalente. Em agosto, Tupi produziu 780 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), contra 822 mil boed de Búzios. Há um ano, Tupi produzia 832 mil boed e Búzios, 605 mil boed.
Na Bacia de Campos, a pesquisa da SLB será no campo de Jubarte, em uma área de 800 km². Enquanto o processamento em 3D cria imagens tridimensionais no subsolo marinho, a 4D adiciona uma dimensão temporal, explicou Filiponi, permitindo comparar imagens obtidas em diferentes momentos.
Potencial da Bacia de Pelotas
Responsável pelas operações da SLB no Brasil e Uruguai, além da Margem Equatorial, Filiponi vê um grande potencial na Bacia de Pelotas, no Sul do País, que se estende até o Uruguai, lembrando que a região pode ter o mesmo sucesso que está sendo observado na Namíbia, já que os continentes foram unidos no passado.
A previsão é de que a exploração no Uruguai comece no ano que vem por uma empresa norte-americana, o que poderá dar uma ideia do que poderá ser descoberto no lado brasileiro da bacia.
“No momento, não há operação acontecendo no Uruguai. Há uma empresa chamada Apache Corporation, americana, que vai fazer uma operação lá no final do ano que vem. Na Bacia de Pelotas, a atividade ainda está em trabalho sísmico, nós esperamos que se desenvolva para atividades de perfuração de poços no futuro”, avaliou.
Créditos de carbono
Nem só de fósseis vive a SLB, diz Filiponi. No ano passado, a SLB fechou parceria com a produtora de etanol FS para a venda futura de créditos de carbono derivados de seu projeto com tecnologia de Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono (BECCS).
A SLB realizou a interpretação dos dados sísmicos, bem como a perfuração do poço que vai armazenar o carbono para o mapeamento dos dados geológicos.
Segundo o executivo, a iniciativa une a expertise da SLB em geotecnologia e engenharia de poços à liderança da FS na produção de etanol de milho, criando um modelo inédito de descarbonização industrial. As novas energias, ressalta Filiponi, representam um dos pilares atuais da empresa no Brasil e no mundo.
“Captura e estocagem de carbono, hidrogênio, estocagem de energia como um todo, soluções de postos geotérmicos e minerais críticos. Essas são as grandes cinco frentes de serviço. A gente vem operando no Brasil há 80 anos, e essas novas energias já vêm agora nesses últimos dois anos e meio, quase três”, informou.
A SLB foi responsável pelo estudo de viabilidade técnica do projeto e agora atua na execução da infraestrutura de armazenamento subterrâneo de carbono. A companhia vai construir dois poços de injeção e dois poços de monitoramento, além de liderar o estudo MMV (Monitoring, Measurement and Verification), que garante a rastreabilidade e a mensuração precisa da pegada de carbono. A caracterização geológica e geofísica e os estudos de expansão já estão em andamento nos municípios de Sorriso e Querência, em Mato Grosso.
IstoÉ Dinheiro - SP 27/10/2025
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) liberou parcialmente, neste sábado, 25, as instalações da Refinaria de Petróleo de Manguinhos (Refit), após a empresa comprovar que atendeu a 10 dos 11 condicionantes apontados na fiscalização realizada pela agência em 25 e 26 de setembro. Na ocasião, houve a interdição cautelar de toda a instalação produtora de derivados da Refit.
As instalações liberadas incluem as áreas de movimentação, tancagem, expedição e carregamento de produtos. Foi mantida a interdição da torre de destilação até que seja comprovada a necessidade do uso das colunas de destilação para compor produção de gasolina.
Com a decisão da ANP, a Refit fica liberada para realizar formulação de combustíveis, movimentação e comercialização de seus produtos e insumos, assim como aqueles de terceiros que estejam armazenados em suas instalações, desde que respeitadas as normas regulatórias aplicáveis.
O pedido anterior da empresa para liberação total das instalações seguirá para apreciação e deliberação da Diretoria Colegiada, a quem compete a análise e eventual revisão, em segunda instância, das decisões das áreas técnicas.
Carbono Oculto
A Refit foi alvo da Operação Carbono Oculto e teve quatro navios com carga apreendida, tendo sido interditada pela ANP no dia 26 de setembro, por suposta importação irregular de gasolina e por não refinar petróleo, apesar de acessar benefícios tributários específicos para a atividade de refino.
De acordo com a operação, o PCC usava redes de postos de gasolina e instituições financeiras instaladas na Avenida Faria Lima, em São Paulo, para lavar dinheiro do crime. Parte do combustível que irrigava os postos do PCC era produzido na refinaria, segundo a Polícia Federal, e vendido por distribuidoras ligadas à Refit.
Petro Notícias - SP 27/10/2025
A PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.) promoverá no dia 29 de outubro, às 16h, a “Sessão Especial: Leilão de Áreas Não Contratadas”, durante a OTC Brasil 2025. O evento será realizado na Sala C – Mezanino, na ExpoRio, no Rio de Janeiro. As inscrições para a sessão são gratuitas e podem ser feitas neste link. A entrada estará sujeita à lotação do auditório.
Na ocasião, o consultor jurídico da PPSA, Lucas Ribeiro, apresentará as regras do edital do certame, que prevê a alienação dos direitos e obrigações da União referentes aos Acordos de Individualização da Produção (AIPs) das jazidas compartilhadas de Mero, Tupi e Atapu. O superintendente de Reservatórios da PPSA, Mauro Mihaguti, abordará as principais características técnicas das áreas ofertadas e o potencial de produção de cada uma.
O leilão está marcado para 4 de dezembro, na B3, em São Paulo, e oferecerá ao mercado a totalidade da participação da União nas três áreas — atualmente equivalente a 3,500% em Mero, 0,950% em Atapu e 0,551% em Tupi (com revisão para 0,833% em Tupi ainda aguardando aprovação da ANP em 2025).
IstoÉ Dinheiro - SP 27/10/2025
A produção de petróleo da Petrobras no Brasil cresceu 18,4% no terceiro trimestre ante igual período do ano passado, permitindo um recorde de exportações da commodity pela estatal, com o avanço operacional de novas plataformas e menor volume de paradas programadas, apesar de declínio em campos maduros.
A Petrobras produziu uma média de 2,52 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) no país entre julho e setembro, versus 2,13 milhões de bpd nos mesmos três meses de 2024, mostrou a empresa em seu relatório de produção e vendas, nesta sexta-feira.
Na comparação com o segundo trimestre, houve uma alta de 8% na produção de petróleo da Petrobras no Brasil.
O avanço, segundo a Petrobras, ocorreu principalmente com o atingimento do topo de produção do FPSO Almirante Tamandaré, que entrou em produção em fevereiro deste ano, no campo de Búzios, e aumento da capacidade de produção do FPSO Marechal Duque de Caxias, no campo de Mero.
“O FPSO Almirante Tamandaré é a primeira plataforma de alta capacidade da Petrobras e alcançou o topo de produção de 225 mil bpd em apenas seis meses, reafirmando nossa excelência técnica e a potência do campo de Búzios”, disse em nota Renata Baruzzi, diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação.
Além disso, houve avanço na produção dos FPSOs Maria Quitéria, no campo de Jubarte, Anita Garibaldi e Anna Nery, nos campos de Marlim e Voador, e Alexandre de Gusmão, no campo de Mero.
Durante o terceiro trimestre, entraram em operação 11 novos poços produtores, sendo 7 na Bacia de Campos e 4 na Bacia de Santos, informou o relatório.
Somente no pré-sal, a Petrobras produziu 2,12 milhões de bpd nos meses de julho e setembro, alta de 16,2% na comparação com o mesmo período do ano passado e avanço de 6,6% em relação ao segundo trimestre.
As exportações de petróleo da estatal somaram recorde 814 mil bpd no terceiro trimestre, alta de 36,1% ante o mesmo período do ano passado e avanço de 18% na comparação com o segundo trimestre.
A China, principal destino das exportações de petróleo da Petrobras, representou 53% das vendas externas da empresa, contra 39% no mesmo período de 2024 e 51% no segundo trimestre.
Os países da Ásia (fora a China) somaram 19%, enquanto a Europa representou 15% e os Estados Unidos, 3%.
Produção e vendas totais
Considerando a produção total de óleo e gás natural no Brasil e no exterior, a Petrobras bombeou uma média diária de 3,14 milhões de barris de óleo equivalente (boed) entre julho e setembro, alta de 16,9% ante o mesmo período de 2024 e avanço de 7,6% versus o segundo trimestre deste ano.
Como operadora, a companhia produziu 4,54 milhões de boed no terceiro trimestre, alta de 17,3% ante igual período do ano passado e avanço de 8% na comparação com o trimestre anterior, considerando o volume total produzido pelos campos operados pela empresa, incluindo parcelas que pertencem a eventuais parceiros nos ativos.
A Petrobras também informou que suas vendas totais de petróleo, gás e derivados cresceram 9,8% no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, para 3,26 milhões de bpd, com vendas domésticas respondendo por 2,18 milhões de bpd.
As entregas de gás natural da Petrobras para consumo interno somaram 38 milhões de metros cúbicos por dia, contra 31 milhões no mesmo trimestre do ano passado. O aumento da oferta de gás dos campos da empresa ao mercado doméstico é uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Derivados
O fator de utilização total (FUT) do parque de refino da Petrobras atingiu 94% no terceiro trimestre, ante 95% no mesmo período de 2024 e contra 91% no trimestre anterior.
A produção de derivados do petróleo da Petrobras somou média de 1,79 milhão de bpd no terceiro trimestre, queda de 1,5% ante o mesmo período de 2024 e alta de 3,5% em relação ao segundo trimestre.
As importações de diesel no terceiro trimestre totalizaram 121 mil bpd, alta de 49,4% ante o mesmo período do ano passado e queda de 0,8% na comparação com o segundo trimestre.
As vendas de diesel subiram 6,4% no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano passado e cresceram 12,2% na comparação com o segundo trimestre, para 809 mil bpd.
Já as vendas de gasolina no período registraram leve alta de 1,5% na comparação anual e queda de 0,5% na base trimestral, para 402 mil bpd.
Globo Online - RJ 27/10/2025
A Petrobras tem licença apenas para procurar petróleo na Margem Equatorial, no litoral do Amapá. Se encontrado óleo, precisará voltar ao Ibama e iniciar outro processo de licenciamento para a exploração comercial. Desde já, está claro que, encontrado o petróleo, como é provável, a empresa tocará a produção. Mais que isso: os comentários do presidente Lula mostram que ele já conta com o dinheiro do petróleo para “financiar a transição energética” e para “melhorar a vida do povo brasileiro”, como disse em sua passagem pela Indonésia.
Mas pode demorar, e muito. Na verdade, já há um atraso considerável, determinado pelas dificuldades na obtenção do licenciamento ambiental. Desde o início dos anos 2000, já havia fortes indícios da existência de óleo, e abundante, na Margem Equatorial. Em 2013, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) fez um leilão de blocos na Bacia da Foz do Amazonas. O poço que a Petrobras começou agora a perfurar foi então adquirido pela estatal, em sociedade com a multinacional bp (ex-British Petroleum).
A Petrobras tinha apenas 30% do negócio, de modo que foi a bp, dona dos outros 70%, que apresentou o primeiro pedido de licenciamento ao Ibama. Isso em 2014. Seis anos depois, em 2020, sem ter obtido a licença, a bp abandonou o projeto. E a ANP autorizou a transferência dos 70% à Petrobras. A estatal foi à luta, mas também sofreu um revés. Em 2023, já no governo Lula, o Ibama negou a licença, apresentada como decisão final, considerando um risco fatal a exploração de óleo numa região de tamanha riqueza natural.
Iniciou-se então pesada pressão política, aplicada pelo próprio Lula, que chegou a reclamar da “lenga-lenga” do Ibama. Até que, no último dia 20, a Petrobras obteve a licença — 11 anos depois do primeiro pedido e 12 anos depois da aquisição do bloco. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o projeto da Petrobras foi aperfeiçoado, atendendo assim às exigências do Ibama. É verdade que a estatal modificou seu pedido, mas todo mundo sabe que a história foi outra.
Mais Sobre Marina Silva
Marina diz que decisão do Ibama sobre Foz do Amazonas foi 'técnica'
Por que Petrobras comemora aval para furar um poço na Margem Equatorial? Veja quanto petróleo pode sair dali
A ministra era e é contra a exploração de óleo lá na Foz do Amazonas. Lula é e sempre foi a favor — e simplesmente impôs a sua decisão. Mas demorou a passagem pelos ritos do Ibama — demonstrando algo que todo mundo já sabe: o processo de licenciamento ambiental no Brasil, para exploração de petróleo e de tudo mais, é lento, burocrático e, por isso, confuso e inseguro.
Vamos falar francamente: se fosse uma empresa estrangeira a solicitar a licença, não sairia. Só saiu porque se trata da Petrobras, estatal por que Lula tem o maior apreço, e porque o próprio presidente aplicou toda a sua força para superar o impasse. Ainda não acabou. O próprio Lula disse que levará tempo até que a Petrobras possa iniciar a extração comercial do petróleo, porque isso exige novo licenciamento, em três fases, pelo Ibama.
E, nesse caso, tempo é dinheiro. A demanda por petróleo continua crescendo e deverá seguir assim por alguns anos. Há mercado, portanto, que outros têm ocupado. Guiana e Suriname ganham muito dinheiro com o petróleo que exploram ali bem ao lado da Bacia da Foz do Amazonas.
Contrário à tese de ambientalistas, que pregam a eliminação da exploração de óleo, Lula comentou:
— É muito fácil criticar o uso de combustíveis fósseis, mas é difícil apontar quem, hoje, tem condições reais de se libertar deles. Ninguém tem.
A decisão política, portanto, está tomada. Lula não vê qualquer contradição entre se apresentar como líder da mudança climática e, ao mesmo tempo, promover a exploração de petróleo. E isso a apenas poucos dias da COP30, a COP da Amazônia, em que ele espera ter participação dominante.
Mas há uma contradição dentro do governo. Abriga tanto os ambientalistas quanto os favoráveis ao petróleo. Por isso, se avança no caso a caso, em vez de promover mudança na legislação ambiental, não para algo tipo “liberou geral”, mas para tornar os processos de licenciamento mais rápidos e previsíveis.
Valor - SP 27/10/2025
Concessões têm atraído consórcios de construtoras, fundos de investimento e empresas estrangeiras, como a portuguesa Mota-Engil
O fôlego do setor privado por novas concessões rodoviárias parece não se esgotar. Em meio a uma onda de licitações, na semana passada, o leilão do Lote 4 do Paraná, com mais de R$ 10 bilhões em obras, atraiu quatro grandes empresas, com lances competitivos. Nesta semana, mais uma concorrência, agora do Lote 5 do Paraná, com outros R$ 6,7 bilhões de investimentos, tem sido estudado por cinco empresas, segundo o governo.
Até mesmo o processo competitivo da concessão da Fernão Dias poderá atrair interessados. O contrato, da Arteris, passou por uma repactuação junto ao governo e ao Tribunal de Contas da União (TCU) e agora será oferecido ao mercado, no fim deste ano. As concorrências desse modelo realizadas até agora não tiveram participação de outros grupos além do atual operador, dado que o formato é favorável à manutenção da empresa que já está no ativo. Porém, no caso da Fernão Dias, há uma grande expectativa no governo de que o cenário será diferente.
Se por um lado a lista de licitações por vir é extensa - só no governo federal há planos de 14 leilões em 2026, fora as do governo paulista e de outros Estados -, o que gera dúvidas sobre a viabilidade de tantos projetos, também é verdade que até o momento não há sinais de desaceleração do interesse privado no setor.
Só no segundo semestre deste ano, os leilões rodoviários realizados na sede da B3, em São Paulo, já receberam dez diferentes concorrentes, alguns deles presentes em mais de uma licitação - isso já desconsiderando a Azevedo e Travassos, que após o escândalo policial envolvendo a Reag deverá ser inabilitada como vencedora do leilão da Rota Agro, realizado em agosto.
Nos ‘roadshows’ que realizamos, temos visto novos ‘players’”
— Guilherme Sampaio
Em conversa recente com o Valor, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Sampaio, afirmou que novos atores ainda podem aparecer, para engrossar a lista de “entrantes” no mercado rodoviário. “Nos ‘roadshows’ temos visto novos ‘players’. Temos observado três perfis: fundos de investimento, consórcios de construtoras e a retomada de estrangeiros no país”, disse.
No leilão da última quinta-feira (22), por exemplo, a Mota-Engil, construtora portuguesa que tem os chineses da CCCC como principais sócios, participou da disputa, para surpresa do mercado. A empresa também conquistou, em setembro, a Parceria Público-Privada (PPP) para construir o túnel Santos-Guarujá.
Segundo executivos e assessores do setor privado, todo esse interesse do mercado pelas concessões rodoviárias está respaldado por projetos bem estruturados, com riscos equilibrados e taxas de retorno atrativas.
Diante desse cenário, a expectativa, tanto nos governos quanto entre analistas do mercado, é que a onda de leilões rodoviários vista nos últimos anos continue forte - ao menos até abril de 2026, quando o clima de ano eleitoral deve ganhar força.