IstoÉ Dinheiro - SP 26/05/2025
A aguardada aliança entre as gigantes do aço US Steel e Nippon Steel recebeu a aprovação do presidente Donald Trump, que anunciou, nesta sexta-feira, uma “parceria planejada” entre o grupo americano e a concorrente japonesa, interessada há meses em sua compra.
A autorização de Trump fez a ação da empresa americana disparar, diante da expectativa de encerrar a saga sobre a propriedade estrangeira de um ativo nacional-chave.
“Tenho orgulho em anunciar que, depois de muita ponderação e negociação, a US Steel VAI PERMANECER nos Estados Unidos e manter sua sede na grande cidade de Pittsburgh”, publicou o presidente americano na rede Truth Social.
“Esse será um acordo planejado entre a United States Steel e a Nippon Steel que criará pelo menos 70.000 empregos e adicionará US$ 14 bilhões à economia dos Estados Unidos. A maior parte desse investimento vai acontecer nos próximos 14 meses”, acrescentou Trump.
As duas empresas celebraram a notícia em comunicados separados. A Nippon Steel aplaudiu o que chamou de “ação ousada” de Trump e acrescentou que compartilha do “compromisso do governo com a proteção dos trabalhadores americanos, a indústria siderúrgica americana e a segurança nacional”.
A US Steel elogiou a liderança de Trump e ressaltou que vai continuar sendo americana e se expandindo, graças ao grande investimento que a Nippon fará nos próximos quatro anos como parte do acordo.
Nem a Casa Branca nem as empresas divulgaram os detalhes da aliança. Trump fez o anúncio minutos antes do fechamento de Wall Street, onde a ação da US Steel subiu 21,61%, aos US$ 52,17.
No começo de abril, o presidente americano havia iniciado um processo para revisar a proposta de compra da US Steel, que seu antecessor Joe Biden havia bloqueado.
O anúncio de Trump encerra uma saga que começou em dezembro de 2023, quando a US Steel e a Nippon Steel anunciaram um projeto de fusão de US$ 14,9 bilhões. Mas o Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS), responsável por avaliar o impacto na segurança nacional, não chegou a um consenso.
Biden acabou bloqueando a operação semanas antes de deixar a Casa Branca, alegando motivos de segurança. Durante a campanha eleitoral, Trump afirmou que a U.S. Steel deveria permanecer sob bandeira americana.
Consultado pela AFP, o sindicato USW, que representa os funcionários da US Steel, declarou que não poderia “especular” sobre o impacto do anúncio de Trump sem ter detalhes do acordo. “Nossa preocupação continua sendo que a Nippon Steel, uma empresa estrangeira com histórico de violação das nossas leis comerciais, possa reduzir ainda mais a nossa capacidade metalúrgica e colocar em risco milhares de empregos”, disse o presidente do sindicato, David McCall.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2025
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou as mudanças nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciadas na quinta-feira, 22. As medidas incluem um aumento que a entidade classificou como significativo no IOF cobrado nas operações de crédito a empresas.
A medida, reclamou a Fiesp, eleva custos, inibe os investimentos e prejudica o crescimento. A consequência, emenda a entidade em nota, será o aumento dos custos das empresas, incluindo o setor industrial, já penalizado, conforme a Fiesp, pela desigualdade tributária e pela dificuldade de acesso ao crédito, em especial num ambiente de juros mais altos.
“O efeito será muito negativo sobre a atividade econômica e vai inibir investimentos”, aponta a Fiesp, acrescentando que as medidas vão na contramão de ações voltadas à reindustrialização do País.
Apesar do recuo do governo na elevação do IOF sobre investimentos no exterior, a Fiesp afirmou que nenhuma alteração foi anunciada em relação às medidas que oneram as operações de crédito por parte das empresas.
“A Fiesp apoia o compromisso com o equilíbrio das contas públicas e a responsabilidade fiscal. No entanto, esse objetivo não deve ser alcançado por meio da elevação da carga tributária sobre o setor produtivo, que já lida com obstáculos estruturais de longa data e precisa enfrentar um contexto econômico desafiador, marcado por um cenário externo incerto e condições financeiras restritivas”, conclui a entidade da indústria paulista.
Exame - SP 26/05/2025
Nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil ampliou as exportações para os Estados Unidos, mas viu uma queda no valor enviado para a China, mostram dados da ComexStats, plataforma do governo brasileiro.
De janeiro a abril de 2025, o Brasil exportou US$ 28,5 bilhões em mercadorias para a China. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 32,3 bilhões, uma queda de 12,2%.
Ao mesmo tempo, as exportações para os Estados Unidos subiram 3,7% no período. As exportações brasileiras para os americanos somaram US$ 13,1 bilhões, e as altas mais fortes foram de carne bovina, café e suco de laranja.
"Esta queda de exportação do Brasil para a China é principalmente por preço, e principalmente preço de soja, que caiu bastante esse ano", diz Barral. "Se olhar a queda de quantidade [exportada], não é tanto".
Ao considerar o peso, a queda de exportação foi de 449 mil toneladas, somando todos os itens.
Tarifas de Trump
O começo do ano foi marcado pela imposição de novas tarifas de importação pelos EUA. O presidente Donald Trump anunciou taxas de 10% para quase todos os produtos brasileiros, que passaram a valer em abril. Aço, alumínio e automóveis foram taxados em 25%.
Apesar das novas taxas, as importações brasileiras para os EUA cresceram. Uma das causas apontadas para isso é a de antecipação de importações. "Compradores estavam temerosos de um aumento de tarifa e adiantaram a importação, mas é um efeito muito pequeno ainda. Nós vamos sentir mais efeito a partir de julho e agosto", diz Barral.
Na lista de maiores importações, houve destaque para a carne bovina, que teve alta de 1.006% no valor total exportado. Em abril de 2024, o Brasil havia vendido US$ 21 milhões em carne. No mês passado, foram US$ 229 milhões.
"Os Estados Unidos estão com uma necessidade de compra de carne sem precedentes. Houve redução de rebanho para a pior posição desde os anos 1950. Eles precisam de muita carne e estão fazendo incursões aqui no mercado brasileiro", diz Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado. "Recuperar rebanho não é uma coisa que acontece rapidamente. Essa tendência de ritmo de compra dos Estados Unidos no Brasil deve se manter", afirma.
Os 10 itens mais exportados do Brasil para os EUA em abril
Óleos brutos de petróleo: US$ 522 milhões
Café não torrado: US$ 253 milhões
Aeronaves e partes: US$ 233 milhões
Semi-acabados de ferro ou aço: US$ 232 milhões
Carne bovina: US$ 229 milhões
Óleos combustíveis: US$ 184 milhões
Ferro-gusa e similares: US$ 173 milhões
Equipamentos de engenharia: US$ 149 milhões
Sucos de frutas/vegetais: US$ 109 milhões
Celulose: US$ 83 milhões
Demais produtos: US$ 1.401 milhões
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2025
Faz tempo, muito tempo, havia no Brasil uma prática muito difundida, há quase um século, entre engenheiros, economistas e até em alguns meios políticos. Construído entre 1965 e 1978, o Complexo de Urubupungá, formado pelas hidrelétricas de Ilha Solteira, Jupiá e Três Irmãos, é um produto dessa prática. A produção de energia elétrica na bacia do Rio Paraná era uma ideia bem definida mais de 10 anos antes, na primeira metade dos anos 50, quando o engenheiro Lucas Nogueira Garcez governava o Estado de São Paulo. Essa história é um exemplo daquela prática, batizada como planejamento.
Construída no mesmo rio, mas no Estado do Paraná e com recursos federais, a enorme usina de Itaipu também foi concebida muito antes de se iniciarem suas obras. Num modesto escritório em São Paulo, onde funcionava a Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai, trabalhava um pequeno grupo de economistas, liderado pelo professor Luiz de Freitas Bueno, da USP. Com a participação do jovem economista Antonio Delfim Netto, esse grupo estudava a exploração energética da bacia e seus efeitos no Brasil e em países vizinhos.
Em São Paulo, como em outras partes do País, a prática do planejamento e, portanto, da exploração de cenários futuros, era comum a grupos de economistas, engenheiros e outros profissionais interessados em grandes temas da administração. Criado em 1952, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (ainda sem a palavra “Social”) também reuniu, desde sua fundação, técnicos empenhados em produzir diagnósticos e propostas de transformação para o País. Dois de seus primeiros diretores foram os economistas Celso Furtado e Roberto Campos, futuros ministros em governos com bandeiras ideológicas bem diferentes.
Essas práticas e preocupações parecem hoje muito distantes. O governo central mantém um Ministério do Planejamento, mas a definição de projetos, programas e metas de longo prazo é muito mais modesta do que em outros tempos. Cumprindo uma rotina administrativa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acaba de apresentar ao presidente da República novas projeções de crescimento econômico e de inflação. A estimativa de crescimento foi elevada de 2,3% para 2,4%, com expectativa de uma taxa de 2,6% em 2026. A inflação prevista ficou em 5%, em nível próximo das expectativas mais comuns.
Para facilitar a busca do equilíbrio fiscal, o documento encaminhado ao presidente incluiu proposta de bloqueio de R$ 31,3 bilhões nos gastos orçamentários, além de uma elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas o mercado protestou e a mudança tributária foi revista.
Sejam quais forem os detalhes, a proposta de ajuste imporá ao presidente, se ele se dispuser a seguir o roteiro, uma austeridade contrária às suas práticas habituais. Além disso, a campanha eleitoral de 2026 deve tornar especialmente incômoda, para o chefe de governo e para seu partido, a moderação dos gastos oficiais. O poder de gastar é normalmente uma importante vantagem para o governo em tempos de eleição. Isso vale tanto no Brasil quanto em outros países onde governantes e seus aliados tenham de enfrentar, normalmente, disputas eleitorais. Poderá haver alguma pressão contra a gastança, mas é difícil, agora, estimar seus efeitos.
O debate, se de fato ocorrer, ficará provavelmente limitado à dimensão dos gastos e aos seus efeitos imediatos e de curto prazo. Poderá haver referência aos tipos de gastos e a alguns programas e projetos, mas nada ou quase nada além disso. O mandato presidencial se encerra no ano que vem sem deixar ao País um roteiro claro de investimentos e de metas econômicas e sociais.
Investimentos públicos e privados tiveram alguma recuperação no ano passado e ficaram, de novo, na vizinhança de 17% a 18% do Produto Interno Bruto (PIB), taxa insuficiente para impulsionar o crescimento e modernizar de forma significativa a economia brasileira.
Juros menores poderiam dar algum estímulo à aplicação de capitais em obras, máquinas, equipamentos e outros meios produtivos, mas o custo do dinheiro, segundo tem sinalizado o Banco Central, continuará elevado por um longo período. Para ampliar com segurança o investimento governamental, as autoridades precisam reordenar seus gastos e economizar no custeio. Sem esse cuidado, a expansão do investimento federal produzirá maior desarranjo nas contas da União, maior endividamento público e mais inflação.
Segundo a mal definida e sempre suspeita “sabedoria convencional”, os atuais ocupantes do poder usarão a gastança como instrumento eleitoral e depois, se vitoriosos, tratarão de arrumar – com maior trabalho – as finanças públicas. Contrariando esse padrão, o ministro da Fazenda propõe cortes de gastos e esforço imediato de arrumação das contas federais. Não há como garantir, neste momento, se o presidente da República entrará no jogo da austeridade proposto por seu auxiliar. Se apostas e jogos de azar proliferam tanto neste país, por que não apostar também no sucesso ou insucesso desse esforço ministerial?
Money Times - SP 26/05/2025
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, elogiou nesta sexta-feira (23) a atuação de Fernando Haddad, pela rápida decisão de suprimir parte da medida que previa o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), poucas horas após seu anúncio.
Durante o XI Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Galípolo afirmou ser contrário ao uso do IOF como instrumento fiscal e destacou a agilidade do Ministério da Fazenda em rever a decisão, evitando impactos negativos no mercado financeiro.
“Cabe a todos nós reconhecer a tempestividade e a agilidade com que o ministério da Fazenda atuou”, disse Galípolo, referindo-se à decisão tomada com os mercados fechados, o que ajudou a minimizar riscos. A reversão da medida deve reduzir a previsão de arrecadação do governo em aproximadamente R$ 6 bilhões até 2026.
Galípolo também comentou sobre os desafios fiscais enfrentados pelo governo. Segundo ele, os ministros do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e da Fazenda, Fernando Haddad, têm se empenhado em promover um debate construtivo sobre a questão fiscal, mas frequentemente encontram limitações devido ao ambiente político.
Segundo ele, o governo pode ter uma equipe dedicada a atingir as metas fiscais, mas o canal necessário para fazer cortes ou ajustes fica obstruído pela essa necessidade de buscar consensos com uma diversidade de agentes.
Além disso, o presidente do Banco Central reforçou que a autarquia deve conduzir a política monetária com cautela, especialmente diante do atual cenário de incertezas econômicas.
Galípolo ressaltou que, no atual momento de calibragem do ciclo de juros, ganha relevância a discussão sobre por quanto tempo a taxa Selic deverá permanecer em um patamar elevado e contracionista, fator considerado crucial para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida.
Exame - SP 26/05/2025
Faltando 45 dias para o fim da suspensão temporária de 90 dias nas tarifas recíprocas impostas pelo governo dos Estados Unidos, o cenário internacional vive um clima de intensa pressão para que as negociações comerciais se transformem em acordos concretos.
A incerteza persiste para governos, empresas e consumidores, e, segundo informações da Bloomberg, a expectativa é que os próximos dias sejam decisivos.
O presidente Donald Trump já indicou que nem todas as nações chegarão a acordos até o prazo final, 9 de julho, e que algumas terão as tarifas definidas unilateralmente. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que países que não negociarem “de boa-fé” receberão notificações com as tarifas aplicadas.
O Reino Unido foi um dos poucos a anunciar um acordo com os EUA, em 8 de maio, classificado por Trump como “completo e abrangente”. Apesar disso, o acordo cobre apenas alguns setores e mantém a tarifa padrão de 10% sobre as importações britânicas.
Foram negociadas exceções para as indústrias automotiva e siderúrgica, que enfrentam tarifas setoriais de 25%, o que gerou alertas sobre possíveis perdas de empregos. Ainda faltam informações sobre a entrada em vigor das reduções tarifárias e os critérios para exportação de aço ao mercado americano.
No caso da China, Washington reduziu temporariamente as tarifas que chegavam a 145% sobre produtos chineses, mantendo uma taxa geral de 30% durante os 90 dias de trégua. A China respondeu com uma diminuição para 10% nas tarifas sobre produtos americanos. A pausa tarifária, que vai até meados de agosto, será usada para uma série de rodadas de negociação entre os dois países.
A negociação com a União Europeia, por sua vez, tem enfrentado entraves. Segundo Bessent, o bloco sofre de um “problema de ação coletiva” que tem dificultado as conversas. Após a entrega de uma lista de exigências por parte dos EUA, considerada “irrealista” por representantes europeus, a Comissão Europeia apresentou uma contraproposta revisada. Uma nova rodada de conversas está marcada, mas há ceticismo quanto a possibilidade de avanços relevantes.
Negociações na Ásia
Na Ásia, a Índia adotou uma abordagem em fases. Após uma visita de quatro dias a Washington, o ministro do Comércio, Piyush Goyal, afirmou ter tido reuniões construtivas.
A primeira etapa do acordo deve incluir bens industriais, produtos agrícolas e medidas contra barreiras não tarifárias, com previsão de assinatura antes de julho. Outras fases devem se estender até o fim do ano e culminar, possivelmente em 2026, com um pacto mais amplo que exigirá aval do Congresso americano.
O Japão também intensificou o diálogo e espera chegar a um entendimento até junho, embora sem pressa para fazer concessões. Entre os temas sensíveis estão as tarifas de 25% sobre automóveis e a tentativa da Nippon Steel de adquirir a United States Steel Corp. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba reiterou o pedido de eliminação das tarifas durante conversa recente com Trump.
A Coreia do Sul enviou delegações técnicas a Washington para tratar de temas como equilíbrio comercial, barreiras não tarifárias, segurança econômica e regras de origem. As reuniões seguem o diálogo iniciado entre ministros na semana anterior.
O Vietnã relatou avanços em sua segunda rodada de negociações com os EUA. Segundo comunicado do ministério do Comércio, foram identificados pontos de consenso e outros que ainda exigem debate. As conversas continuarão em junho, com grupos técnicos designados para acelerar o processo.
A Tailândia também sinalizou prontidão para iniciar as negociações e já começou a reforçar os critérios de emissão de certificados de origem, numa tentativa de reduzir o déficit comercial com os EUA em até US$ 15 bilhões por ano, de acordo com o ministro da Fazenda.
América do Norte
Canadá e México, por integrarem o acordo USMCA, que regula o comércio entre os três países, têm conseguido escapar das tarifas recíprocas.
No caso canadense, uma medida do governo Trump impôs em março uma tarifa de 25% sobre produtos relacionados ao fentanil, mas a maioria das mercadorias foi isenta graças ao acordo. O primeiro-ministro Mark Carney defende um novo pacto abrangente com os EUA, possivelmente uma atualização do USMCA, embora ainda não haja cronograma para as negociações.
O México, por sua vez, mantém 86% de suas exportações isentas de tarifas sob o acordo vigente. Ainda assim, o setor automotivo enfrenta tarifas de cerca de 15% sobre veículos com partes produzidas fora dos EUA. O governo mexicano busca tratamento preferencial nas conversas com os EUA, enquanto colabora com Washington em questões de segurança.
A presidente Claudia Sheinbaum discutiu pessoalmente o tema das tarifas sobre aço e alumínio com Trump.
Exame - SP 26/05/2025
A recente viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China resultou na assinatura de 36 acordos bilaterais, selando uma nova fase na relação entre os dois países. As parcerias abrangem setores estratégicos como infraestrutura, energia, meio ambiente, tecnologia, agronegócio e finanças. A missão é considerada a mais robusta da atual gestão em termos de cooperação internacional, reforçando a posição da China como o maior parceiro comercial do Brasil.
Entre os principais acordos, destaca-se o Memorando de Entendimento entre a Casa Civil e a Comissão de Desenvolvimento e Reforma da China, que estabelece sinergias entre os principais programas de desenvolvimento do Brasil – como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano Nova Indústria Brasil e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana – e a Iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como Nova Rota da Seda.
Apesar do alinhamento estratégico, Lula reiterou que o Brasil não aderiu formalmente ao projeto chinês, diferentemente de outros países da América do Sul.
Economia e infraestrutura
No campo financeiro, um dos marcos da visita foi a assinatura de um acordo de swap de moedas entre o Banco Central do Brasil e o Banco Popular da China, que permite operações comerciais e financeiras utilizando moedas locais, reduzindo a dependência do dólar. Também foram firmados memorandos de cooperação em inteligência financeira e no combate à lavagem de dinheiro, além de acordos entre a B3 e as bolsas de Xangai e Shenzhen para facilitar o acesso a fundos de índice (ETF Connect).
A área de infraestrutura também foi alvo de acordos estratégicos. Empresas chinesas demonstraram forte interesse em participar do leilão do Túnel Santos-Guarujá, previsto para setembro, além de projetos portuários e logísticos no Brasil, com potencial de atrair até R$ 6 bilhões em investimentos.
Tecnologia e meio ambiente
Outro avanço relevante é na cooperação tecnológica e digital. O Brasil fechou parcerias com gigantes chinesas, incluindo a Huawei, para desenvolvimento de soluções em inteligência artificial e criação de um Centro de Transferência de Tecnologia, que deve impulsionar setores como telecomunicações, processamento de dados e segurança cibernética. Também foram firmados acordos nas áreas de propriedade intelectual e proteção de indicações geográficas.
Na área de meio ambiente, os governos firmaram um memorando para recuperação de vegetação e sumidouros de carbono, além de acordos de cooperação na área de energia limpa, como etanol e mineração sustentável.
Atualmente, a China responde por mais de US$ 157 bilhões em exportações brasileiras, valor que supera a soma das vendas para os Estados Unidos e União Europeia. Com os novos acordos, a tendência é que esse volume continue crescendo, consolidando ainda mais a parceria estratégica entre Brasília e Pequim.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2025
Na próxima sexta-feira (30/5) o IBGE divulgará os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2025. No mercado financeiro, as estimativas para a variação em relação ao quarto trimestre de 2024 (dados livres de efeitos sazonais) são de crescimento robusto, algo entre 1,5% e 1,8%. Minha projeção é de 1,7%. Se expressássemos esse número em termos anualizados, como é hábito nos EUA, diríamos que no primeiro trimestre do corrente ano o PIB deve ter crescido à velocidade de 6,98% ao ano. Parece taxa chinesa.
Como se sabe, esse desempenho é puxado pelo setor agropecuário, em razão da enorme safra que afeta as contas nacionais mais no primeiro trimestre, e não deverá ser mantido no restante do ano. No entanto, há um ponto que frequentemente não é levado em conta pelos analistas. Trata-se do efeito sobre a renda dos produtores rurais e de várias atividades ligadas ao setor primário, decorrente da supersafra. Esse efeito renda acaba estimulando a demanda em outros segmentos econômicos, induzindo maior crescimento nos trimestres seguintes. Por isso, não acharei surpreendente se o crescimento do PIB em 2025 alcançar 2,5%.
Se isso se confirmar, o crescimento médio anual do período 2023/2025 será da ordem de 3%, muito acima do que vinha acontecendo no Brasil nos últimos dez anos.
Mas será que esse ritmo de crescimento é duradouro? A resposta é: muito provavelmente não.
Em primeiro lugar, é patente que a economia opera acima de sua capacidade potencial. A inflação de preços livres, nos últimos 12 meses encerrados em abril, está em 5,83%. Mesmo os núcleos, que consideram as componentes mais recorrentes do IPCA (índice oficial de inflação), estão rodando próximos a 6% ao ano, dependendo do período considerado.
Ao mesmo tempo que a inflação segue bem acima do teto da meta, observa-se um forte crescimento do déficit em conta corrente (balança comercial e de serviços). Em 2024, esse déficit foi de 1,3% do PIB; em 2025, deve alcançar 2,8% do PIB.
Finalmente, o rendimento médio real efetivo das pessoas ocupadas está crescendo acima da produtividade do trabalho, o que alimenta a inflação. Segundo cálculos do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, da FGV, a produtividade medida pelo valor adicionado por hora trabalhada ficou praticamente estagnada em 2024 (crescimento de 0,1%), enquanto o rendimento médio real efetivo (também por hora trabalhada) cresceu, no mesmo período, quase 5%, e seguiu crescendo no primeiro trimestre de 2025.
Os dados aqui mencionados deixam claro que o boom atual, baseado em estímulos de demanda e aproveitamento da capacidade ociosa da economia, está se esgotando, embora tenha durado mais do que se esperava.
Sem reformas estruturais que induzam a retomada dos investimentos e aumentos duradouros da produtividade, não haverá crescimento sustentado.
Globo Online - RJ 26/05/2025
O Programa de Parceria de Investimentos do governo do estado de São Paulo (PPI-SP) alcançou, em abril, a marca de R$ 354 bilhões em investimentos contratados, informou o governador Tarcísio de Freitas, durante o “Summit Valor Brazil-USA”, em Nova York, na semana passada.
— É um programa vivo e temos novos projetos a serem contratados que irão atrair mais investimentos ao Estado — afirmou o governador.
Lançado em 2023, o PPI-SP tinha como meta inicial promover investimentos privados de R$ 220 bilhões até 2026. Entre as principais contratações já realizadas está o investimento de R$ 14,2 bilhões para viabilizar o Trem Intercidades (TIC) que ligará São Paulo e Campinas, e a privatização da Sabesp, que promoverá R$ 260 bilhões em investimentos — sendo R$ 69 bilhões até 2029 para universalizar o saneamento no Estado.
Planos urbanos
Entre os novos projetos do PPI está o TIC São Paulo-Sorocaba, estimado em R$ 12 bilhões, que deve ser leiloado até o final do ano, segundo o governador, e o Túnel Santos-Guarujá, um investimento de R$ 5,78 bilhões, com leilão previsto para agosto.
Ao todo, o programa lista em sua página 31 projetos qualificados entre obras de transportes intermunicipais, mobilidade urbana, construção de moradias populares e programas sociais, como a adequação e manutenção de escolas públicas e a gestão de parques urbanos.
— O Brasil evoluiu muito na estruturação de projetos. Hoje somos capazes de mitigar riscos percebidos pelos investidores — disse Freitas. — É impossível ter uma infraestrutura adequada sem a mobilização do setor privado.
Inteligência artificial
O governador destaca um grande interesse do investidor estrangeiro em projetos de transição energética e avalia que São Paulo, com sua capacidade de processar biocombustível, tem potencial de atrair propostas de biometano, hidrogênio verde, etanol e combustível sustentável de aviação, conhecido como SAF.
A disponibilidade de energia limpa e relativamente barata, água e mão de obra qualificada, avalia o governador, já atraem investimentos em data centers e permitem ao estado “dar o salto seguinte, ou seja, se apropriar de tecnologias e avançar em inteligência artificial”.
Durante o encontro em Nova York, o governador citou ainda as parcerias público-privadas (PPPs) para a gestão de escolas públicas.
— Uma coisa que tem me chamado a atenção e renova o otimismo é o interesse do investidor estrangeiro nas nossas vocações — concluiu.
Tarcísio de Freitas disse ainda perceber um entusiasmo com o Brasil no exterior e, ressaltou que o país está diante de uma janela de oportunidades para atrair investimentos.
— O Brasil pode dar um salto, basta mexer três ou quatro alavancas. Nós podemos fornecer aquilo que o mundo precisa.
Pautas no congresso
Os ajustes estruturais defendidos pelo governador para o país, segundo ele, “são consensos que podem mobilizar rapidamente o Congresso”.
— Eu me refiro à questão da desvinculação de receita, à reforma administrativa, à redução de custos do governo, à revisão de determinados benefícios que hoje não fazem sentido, e a liberação de espaço para fazer investimento e a mobilização de capital privado — concluiu o governador.
InfraRoi - SP 26/05/2025
A LGA Mineração fez um aporte de R$ 100 milhões no Projeto 3,5M, que prevê a modernização completa de sua planta industrial. O foco está em flexibilizar o abastecimento de matérias-primas e o processamento, aumentando a qualidade do minério final e ganhando em eficiência logística e ambiental.
A aposta da LGA se insere em um contexto desafiador e oportuno. Segundo dados do Platts Steel Markets Daily, o índice de referência do minério com 62% de ferro fechou o dia 13 de maio em US$ 101,25 por tonelada seca, registrando alta de US$ 2,65 desde o início do mês, em resposta ao anúncio de corte tarifário mútuo entre China e Estados Unidos. A trégua elevou expectativas de retomada da demanda e devolveu otimismo às mineradoras.
“Nossa estratégia é pensar além do ciclo imediato. Estamos preparando a LGA para competir em um mercado que exige qualidade, rastreabilidade e impacto ambiental positivo. O Projeto 3,5M é a base para essa transformação”, afirma Paulo Soares Toledo, CEO da companhia.
O projeto, que entra em operação plena no segundo semestre de 2025, tem como premissa estratégica a capacidade de processar ROMs (run of mine) com menor teor de ferro. Isso é importante porque, além de mais abundantes, muitos deles são desprezados por outros players da região. A intenção da LGA é transformá-los em concentrados com mais de 65% de ferro, prontos para atender siderúrgicas com metas de descarbonização.
Transformando ROMs em ferro
A LGA não possui lavra própria de minério de ferro, então, ao longo de mais de 15 anos de atividade, consolidou uma rede de suprimentos com fornecedores de matérias-primas, estruturando processos industriais que agora exigem uma alta adaptabilidade técnica. Com o Projeto 3,5M, a intenção é transformar essa fragilidade em um diferencial competitivo.
A estrutura do Projeto 3,5M inclui nova britagem, um sistema de moagem inovador, melhorias no circuito de concentração e a instalação de um novo filtro prensa em parceria com a chinesa JingJin. A planta continua operando com empilhamento a seco sem barragens de rejeito e com reaproveitamento de até 95% da água utilizada.
A LGA também tem investido na redução da circulação de caminhões, seja pela melhoria da qualidade do ROM, que exige menos transporte para blending, seja pelo uso de circuitos logísticos fechados que evitam deslocamentos vazios. Um projeto de terminal ferroviário está em avaliação para a unidade de Lobo Leite, o que poderá reduzir ainda mais os custos operacionais e emissões.
Fraqueza vira vantagem competitiva
Como está localizada no centro do quadrilátero ferrífero, no centro-sul do estado de Minas Gerais, a empresa tem à disposição diversos tipos de ROM. “O que o projeto traz é justamente a tecnologia para processar qualquer tipo de minério disponível. Isso nos coloca em posição estratégica e reduz nossa exposição a riscos de suprimento”, diz Wellington Ceciliano, diretor comercial da LGA.
Do ponto de vista comercial, o salto já pode ser mensurado. Em 2024, mais de 60% da produção da LGA já superavam os 62% de ferro, com um aumento de 15% no volume produzido em relação a 2023. A companhia também viu crescer sua fatia no mercado internacional: mais de 15% das vendas foram destinadas indiretamente à exportação. “Deixamos de disputar vendas no mercado spot e passamos a ser procurados como fornecedor regular”, diz Ceciliano.
A expectativa é que, com o novo sistema em pleno funcionamento, 100% da produção ultrapasse a faixa de 62% de ferro, com parte significativa acima dos 65%. Esses produtos, além de mais valorizados, geram menor consumo energético e menos emissão de CO2 nas etapas seguintes da cadeia, ganhando importância diante das metas globais de descarbonização da siderurgia.
Planejamento da LGA
No plano financeiro, o projeto foi estruturado com recursos próprios e financiamentos de longo prazo obtidos junto a três instituições bancárias de primeira linha. “Realizamos uma análise estratégica com base em SWOT, e identificamos uma ameaça concreta: a deterioração do teor médio do ROM disponível. Nossa resposta foi imediata, com uma rota industrial robusta, que eleva a qualidade final do produto e amplia a nossa base de fornecedores”, explica Antônio Henriques, diretor financeiro.
Segundo ele, o investimento também traz ganhos indiretos relevantes: reduz a dependência de blends, aumenta a previsibilidade de suprimentos e dá maior segurança ao fluxo de caixa. “A estrutura de risco e retorno da LGA muda com o projeto. Tornamo-nos menos vulneráveis às oscilações de matéria-prima e mais atrativos comercialmente.”
O foco da gestão, neste momento, é garantir estabilidade operacional e alinhamento entre pessoas, processos e metas. Já do ponto de vista financeiro, a companhia projeta impactos positivos mesmo em áreas tradicionalmente sensíveis, como a recuperação mássica. “É verdade que a recuperação em massa será impactada negativamente, pois os produtos serão de melhor qualidade. No entanto, realizamos investimentos específicos para compensar essa perda em outras etapas da produção”, explica Antônio Henriques.
Para ele, o diferencial está na valorização crescente do mercado por minérios premium. “Melhor do que a recuperação mássica é a qualidade dos produtos finais. O mercado vem, cada vez mais, premiando a qualidade do minério”, finaliza.
Revista Mineração - SP 26/05/2025
A Rio Tinto anunciou, nesta quinta-feira (22), que o CEO Jakob Stausholm deixará a empresa até o final do ano, encerrando um mandato de quase cinco anos focado em reconstruir a confiança com as partes interessadas e expandir para metais de transição energética. A empresa já começou a busca pelo seu sucessor.
Storsholm ingressou na Rio Tinto em 2018 e assumiu como CEO em 2021, após a polêmica sobre destruição de abrigos rochosos aborígenes de 46.000 anos na Austrália Ocidental. Seu antecessor, Jean-Sébastien Jacques, renunciou após reação de grupos indígenas e investidores.
Em uma publicação no LinkedIn, Stausholm afirmou que foi uma honra liderar a gigante da mineração e se orgulhar do progresso alcançado durante seu mandato. “Permanecerei como CEO enquanto um sucessor for nomeado por meio de um processo rigoroso já em andamento”, escreveu.
A Rio Tinto não revelou o motivo da renúncia. Simon Trott, diretor de minério de ferro, e Bold Baatar, diretor comercial, são vistos internamente como possíveis sucessores.
Analistas previam uma procura externa, embora a Rio Tinto possa competir com a BHP, cujo CEO, Mike Henry, também está se preparando para renunciar ao cargo no próximo ano.
Ao longo de sua gestão, o executivo dinamarquês ampliou a oferta de minério de ferro da Rio Tinto para além de sua sede em Pilbara, obtendo aprovações para o gigantesco projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, com previsão de início de produção para o final deste ano. Ele também conduziu a compra da Arcadium por US$ 6,7 bilhões e, mais recentemente, uma parceria de lítio no valor de US$ 900 milhões com a estatal chilena Codelco.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/05/2025
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) comemorou que o setor foi incluído entre as áreas econômicas sujeitas às novas regras do licenciamento ambiental previstas no projeto de lei aprovado na quinta-feira, 22, no Senado. Em jogo, está algo muito caro ao setor: a possibilidade do autolicenciamento por parte das empresas, que se estenderia para as mineradoras que, nos últimos anos, causaram desastres ambientais da maior gravidade como o de Mariana.
O projeto da Lei Geral de Licenciamento Ambiental concentra as normas que deverão ser seguidas pelo Sistema Nacional do Meio Ambiente, além de estabelecer os critérios para a emissão de licença ambiental. O texto causou um racha no governo. Foi duramente criticado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e elogiado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O instituto reúne as empresas que produzem 85% do minério no país. São mais de 200 filiadas. O Ibram afirma que suas associadas são comprometidas com a “mineração sustentável”.
Em nota, o instituto destacou que a mineração havia sido excluída do projeto de lei quando tramitava na Câmara.
“Diante disso, o Ibram limitou-se a argumentar unicamente a favor da reinserção da mineração — um dos mais relevantes setores econômicos do país —, em simetria com outras atividades empresariais”, disse a nota do Ibram.
“O Instituto enfatiza que defendeu tão somente a sua reinserção nos processos de licenciamento sem abrir mão do rigor da análise, por parte das autoridades competentes, dos requerimentos encaminhados pelas mineradoras”, prosseguiu o texto do Ibram.
Na nota, o instituto citou também nominalmente os senadores Tereza Cristina, do PP do Mato Grosso do Sul, e Confúcio Moura, do MDB de Rondônia, e disse esperar que “a Câmara dos Deputados, na nova apreciação do projeto, mantenha a decisão tomada pelos senadores”.
Ambientalistas têm apontado para problemas da nova lei, a exemplo do autolicenciamento.
“O licenciamento autodeclaratório é uma excrescência, um absurdo diante do histórico da mineração brasileira, especialmente nesses dez anos, com Mariana, Brumadinho, Braskem e outros desastres menores. É preocupante você estender para projetos de potencial ‘médio poluidor’ esse licenciamento praticamente automático”, disse à coluna o jornalista Maurício Angelo, fundador do Observatório da Mineração, centro de jornalismo investigativo e think tank focado no setor extrativo.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2025
A montadora chinesa GAC celebrou nesta sexta-feira, 23, o lançamento da marca no Brasil, que começa com a venda a partir deste sábado, 24, de cinco modelos — quatro puramente elétricos e um híbrido — em seus 83 pontos de venda. O projeto prevê ainda para este ano a produção de automóveis, inicialmente importados da China, em Goiás, tudo dentro do investimento de US$ 1,3 bilhão anunciado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita de Estado à China.
Nesta sexta-feira, porém, a empresa não deu mais detalhes do projeto industrial, dedicando a cerimônia de lançamento, realizada no Distrito Anhembi, centro de convenções na zona norte de São Paulo, aos produtos que serão vendidos no País.
Serão quatro utilitários esportivos (SUVs) — sendo um deles o único modelo híbrido —, com valores de R$ 174.990,00 a R$ 299.990,00. Completa o portfólio inicial um sedã elétrico que terá preços a partir de R$ 169.990,00.
A GAC, sexta maior montadora da China, onde tem quatro fábricas, está presente em mais de 70 países e produz mais de 2,5 milhões de carros por ano, conforme dados de 2023.
Em discurso no lançamento da marca no Brasil, Feng Xingya, chairman do GAC Group, destacou os motivos que levaram a marca a investir no Brasil, como a posição do País de sexto maior mercado de carros do mundo, além das oportunidades estratégicas de cooperação entre Brasil e China.
“Vamos trazer tecnologia e oferecer o melhor serviço, colocando o consumidor em primeiro lugar. Esperamos que a GAC seja uma marca também reconhecida no Brasil”, declarou Feng Xingya.
Antes mesmo de desembarcar no Brasil a GAC abriu em fevereiro um centro de distribuição de autopeças em Cajamar (SP). Seu plano prevê, além da montagem nacional, a construção de uma rede de recarga de energia com cobertura nacional.
A meta é chegar ao fim do ano com 120 lojas e 100% de cobertura nacional, elevando esse número para 200 pontos de venda até 2027. Hoje são 33 concessionárias tradicionais e 50 pontos em shopping centers.
“Vamos produzir em solo brasileiro carros com as mais modernas tecnologias do mundo. Posso garantir que estamos chegando para inaugurar uma nova era da indústria automotiva no Brasil”, prometeu Xingya.
A partir do Brasil, a montadora pretende exportar a mercados da América Latina. A GAC quer ter no Brasil uma linha de produção integral, abrangendo automóveis a combustão, híbridos e elétricos, além de estabelecer um centro de pesquisa e desenvolvimento. A meta é vender 8 mil carros até dezembro. Para 2026, o objetivo sobe para 29 mil automóveis.
Veja - SP 26/05/2025
Há alguns anos, a popularização dos carros autônomos era dada como iminente. Algumas das maiores empresas do mundo, tanto do setor de tecnologia quanto do mercado automotivo, tinham criado divisões específicas para testar seus modelos sem motoristas. Esse otimismo se mostrou exagerado. Os carros autônomos operam em algumas cidades do mundo, mas numa escala muito menor do que a originalmente prevista. General Motors, Uber e Apple decidiram abandonar seus projetos, afirmando que seria preciso muito tempo e dinheiro para escalar o negócio. Outras empresas se mantiveram na corrida. É o caso da americana Waymo, da Alphabet, dona da Google, e da chinesa Baidu, que já têm modelos circulando pelas ruas. A Tesla, de Elon Musk, e a Zoox, da Amazon, também estão no páreo. Ou seja, os veículos sem motoristas são uma realidade, mas sua popularização anda em ritmo lento.
O avanço da tecnologia foi freado em decorrência de uma série de incidentes. Em 2024, por exemplo, a Waymo recolheu 600 carros para manutenção depois que um deles atingiu um poste. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, um passageiro ficou preso no carro enquanto o veículo dava voltas em um estacionamento, sem conseguir parar. A Administração Nacional de Segurança Rodoviária dos Estados Unidos investigou 22 acidentes menores envolvendo modelos da Waymo, mas a empresa não foi considerada culpada. De fato, os dados de acidentes indicam que, em certa medida, andar em um táxi-robô é mais perigoso do que em um carro conduzido por seres humanos (veja no quadro). Por outro lado, a maior parte dos incidentes é de menor gravidade e causada principalmente por motoristas impacientes que entram no caminho dos autônomos. Atropelamentos de pedestres são raros. Os poucos que aconteceram desde a entrada em cena dessa frota chamaram atenção, mas indicam ser ocasionais.
Na crença de que será uma questão de tempo caírem por terra as barreiras que emperram o avanço da tecnologia, empresas se mantêm no negócio para largar na frente quando ocorrer o grande salto. Nos Estados Unidos, a Waymo lidera a corrida e já atua em Phoenix, São Francisco, Los Angeles e Austin. Em breve, espera lançar o serviço em outras cidades do Texas, além de Miami, na Flórida, e Atlanta, na Geórgia. Outro mercado relevante é a China. Há dezenove diferentes fabricantes atuando em dezesseis cidades. A Baidu é a mais reputada, com mais de 500 veículos rodando pelas ruas de Wuhan. A Alemanha também tem investido no setor e conta hoje com uma legislação robusta, além da participação de montadoras como a Mercedes.
Algumas das tecnologias dos veículos autônomos já são usadas em veículos comuns, em menor escala. Modelos da americana Tesla e da chinesa GWM, por exemplo, têm sistemas avançados de condução autônoma, mas exigem a presença — e a atenção constante — do motorista. Em um teste acompanhado pela reportagem de VEJA na cidade de Xangai, um veículo da GWM acelerou em ruas e estradas em uma rota pré-programada. O motorista podia mexer no celular enquanto o veículo desviava de obstáculos e fazia os retornos necessários.
O ponto é que a segurança precisa ser infalível quando não há ninguém atrás do volante. Por isso, o processo de introdução do serviço em novas cidades e países é lento. Além das liberações legais, há um longo período de testes, em que os carros são conduzidos pelas ruas por motoristas de carne e osso à exaustão, e correções no aprendizado da máquina são feitas manualmente. O serviço funciona bem em locais com trânsito mais controlado, em velocidades menores e condições climáticas ideais, sem neve, por exemplo. Até funcionariam no Brasil, mas o tráfego caótico tornaria o progresso ainda mais lento. O próximo passo é avançar a tecnologia também no transporte de cargas. Scania e Volkswagen têm projetos do tipo, mas as altas velocidades das rodovias exigem cuidado ainda maior, já que acidentes nesse ambiente podem ser devastadores. O futuro sem motorista vai acontecer, mas será em ritmo de marcha lenta.
SEGS.com.br - SP 26/05/2025
O Polo Automotivo Stellantis de Goiana, em Pernambuco, completa 10 anos de operação em 2025, marcando uma década de transformação na realidade local e de forte impulso ao desenvolvimento regional. Inaugurada em 2015, a fábrica se consolidou como referência global no setor automotivo, capaz de projetar do zero, desenvolver e produzir produtos de alta qualidade e valor agregado.
Além de celebrar a história, a Stellantis vislumbra um futuro promissor para o Polo de Goiana. Com os R$ 13 bilhões em investimentos anunciados recentemente, a companhia irá renovar a linha de produtos, desenvolver tecnologias, atrair fornecedores e gerar empregos. Durante coletiva de imprensa, Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, confirmou a chegada da tecnologia Bio-Hybrid ao Polo em 2026. Cappellano também anunciou a chegada de uma nova marca e 6 novos produtos no horizonte de 2025 a 2030.
“Temos um orgulho enorme da história construída ao longo dos últimos 10 anos pelo Polo Automotivo de Goiana, e dividimos esta alegria com todos os nossos empregados e parceiros que nos ajudaram a consolidar a fábrica como uma das mais modernas da Stellantis no mundo. As perspectivas para o futuro são excelentes! Teremos uma nova marca e 6 novos produtos na fábrica entre 2025 e 2030. Confirmamos também que o primeiro veículo equipado com a tecnologia Bio-Hybrid produzido em Goiana será lançado em 2026”, comemora Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul.
Prestes a completar 2 milhões de unidades produzidas, o Polo Automotivo de Goiana tem capacidade para produzir 280 mil veículos por ano. São mais de 14.700 empregados diretos e indiretos envolvidos na fabricação de modelos icônicos das marcas Jeep, Fiat e Ram.
“O Polo Automotivo Stellantis de Goiana seguirá na vanguarda da tecnologia automotiva em nossa região. Preparada para desenvolver e produzir veículos cada vez mais modernos, nossa fábrica celebra 10 anos de produção cercada de êxito e apontando para um futuro promissor, com novas marcas, produtos, e tecnologias híbridas”, destaca Glauber Fullana, vice-presidente de manufatura da Stellantis para a América do Sul.
Estudos apontam resultados positivos para a região
Impactos econômicos para a indústria pernambucana
Após 10 anos de operação, o Polo Automotivo de Goiana se consolidou como importante vetor de transformação socioeconômica, com a utilização predominante de mão de obra local que hoje corresponde a mais de 85% dos trabalhadores pernambucanos, principalmente residentes no entorno da fábrica.
De acordo com um estudo realizado pela Ceplan (Consultoria Econômica e Planejamento), com a instalação da fábrica, a Stellantis contribuiu para o aumento da participação da produção manufatureira no PIB regional e para a elevação do Valor da Transformação Industrial (VTI) da região no total do país.
A participação do segmento de indústria de veículos automotores no VTI do estado de Pernambuco aumentou significativamente, passando de 1,5%, em 2011, para 12,4% em 2022. A chegada do Polo de Goiana impulsionou o aumento da participação do setor industrial de 29%, em 2010, para 34% em 2021 no PIB estadual.
Esses dados reforçam a transição da economia de Pernambuco para um modelo mais industrializado e menos dependente do setor público, com a Stellantis desempenhando um papel central nesse processo de transformação econômica.
Transformação social e econômica para o município de Goiana
Até 2013, período pré-instalação da fábrica, a participação de Goiana no PIB estadual era, aproximadamente, de 1,0%. Em 2021, a participação no PIB estadual chegou a 4,8%. Com o avanço das operações da fábrica e a atração de fornecedores para a região, a indústria passou a dominar o cenário econômico, alcançando 48% do PIB de Goiana em 2021, reforçando o papel da Stellantis na transformação da economia do município como um polo industrial estratégico para Pernambuco.
A partir de 2011, o PIB per capita de Goiana cresceu de forma exponencial – evidenciando expansão de 300% entre 2011 e 2021, passando de R$ 10.380,90 para R$ 45.259,54. A receita tributária per capita, especialmente a proveniente do ICMS, aumentou em torno de 222% entre 2011 e 2022
Emprego e Renda
Em Goiana, o emprego formal cresceu, passando de 19,8 mil em 2014 para 31,5, mil, em 2024, uma variação de 59%. A participação dos empregos gerados pelo Polo Automotivo de Goiana, incluindo Supplier Park, no conjunto do emprego formal (RAIS e Novo Caged) do município evoluiu de 12,9% em 2014, para aproximadamente 43,8% em 2024.
Próximo de um quinto (19,5%) dos postos de trabalho são ocupados por residentes de Goiana, seguido dos municípios de Igarassu e Paulista que domiciliam, respectivamente, 15,9% e 15,3% do total de empregos registrados pela Stellantis em 2025. Alguns residem em municípios mais distantes, inclusive nas capitais de Pernambuco (Recife, 8,0%) e Paraíba (João Pessoa, 4,2%).
A fábrica não gerou apenas empregos diretos e indiretos, mas também estimulou a criação de um ecossistema automotivo na Zona da Mata Norte, atraindo fornecedores e ampliando a cadeia produtiva. O número de fornecedores locais aumentou de 22, em 2015, para 38, em 2025, com perspectiva de atingir 100 fornecedores nos próximos anos.
Valor - SP 26/05/2025
South Western Railway foi a primeira a retornar ao controle público, e todas as operadoras ferroviárias britânicas devem ser renacionalizadas até o final de 2027, quando as concessões chegam ao fim
A companhia ferroviária South Western Railway, que opera no sudoeste da Inglaterra, se tornou neste domingo (25) a primeira a retornar ao controle público como parte da campanha de reestatização do sistema ferroviário pelo governo trabalhista britânico. Todas as operadoras ferroviárias britânicas devem ser renacionalizadas até o final de 2027, quando as concessões chegam ao fim.
A reforma foi anunciada desde o retorno dos trabalhistas ao poder em julho de 2024, após 14 anos de governo conservador. "A South Western Railway agora pertence ao setor público. E isso é apenas o começo", escreveu o primeiro-ministro Keir Starmer na rede social X. "Isto será traduzido em um serviço melhor, uma venda de passagens mais simples e trens mais confortáveis", afirmou.
A privatização do setor ferroviário aconteceu em meados da década de 1990, durante o governo do primeiro-ministro conservador John Major, que seguiu a política liberal de Margaret Thatcher na década de 1980. Apesar da promessa de um serviço melhor, mais investimentos e custos menores para o Estado, o projeto foi muito impopular na época, criticado pelos sindicatos, pela oposição, por alguns conservadores e por grande parte da população.
O número de passageiros aumentou inicialmente, assim como os investimentos. Mas um descarrilamento provocado por microfissuras nos trilhos, que deixou quatro mortos no ano 2000, provocou uma grande comoção entre a opinião pública. Cancelamentos e atrasos também se tornaram comuns e os preços provocaram descontentamento dos passageiros.
Segundo dados oficiais, 4% das viagens de trens foram canceladas este ano no Reino Unido. A rede ferroviária Network Rail já está sob controle público. No final de novembro, a maioria trabalhista aprovou uma lei que determina a nacionalização das operadoras privadas ao fim de suas concessões (ou até mesmo antes, em caso de má gestão) para reuni-las em um organismo chamado "Great British Railways".
A espera pelo término dos contratos permite, segundo o governo, evitar o pagamento de indenizações às atuais operadoras. Os sindicatos do setor celebraram a recuperação das ferrovias pelo Estado.
(Com agências internacionais)
CNN Brasil - SP 26/05/2025
Os portos Aratu-Candeias, Salvador e Ilhéus — localizados na Bahia — receberão R$ 1,5 bilhão de investimentos. As melhorias contam com recursos do Novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).
De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos, a iniciativa visa ampliar a infraestrutura logística, aumentar a competitividade e impulsionar o desenvolvimento econômico do estado.
O pacote de investimentos inclui obras no Porto de Salvador, com foco na ampliação da infraestrutura, modernização e incorporação de inovações tecnológicas.
Os investimentos têm como objetivo aumentar a eficiência operacional e consolidar o terminal como um polo estratégico do comércio marítimo da Bahia e do Brasil.
Aratu-Candeias
O complexo portuário de Aratu-Candeias vai receber investimentos de cerca de R$ 400 milhões da ATU 12 Arrendatária Portuária SPE S.A. Os recursos serão aplicados na ampliação e modernização do terminal de granéis sólidos minerais.
Ainda no Aratu-Candeias, será executado um contrato de R$ 120 milhões pela ATU 18, que apresentou proposta adicional de R$ 535 milhões para a movimentação de granéis vegetais.
Já a Ultracargo Logística S.A., também instalada no complexo, destinará R$ 305,7 milhões para a construção de um novo píer de líquidos e ampliação da capacidade de armazenamento.
Com isso, o Porto de Aratu terá dois novos terminais dedicados ao escoamento da produção agropecuária da Bahia. A projeção é de que a movimentação de cargas do complexo poderá aumentar em até seis vezes, subindo de 2 milhões para 12,5 milhões de toneladas por ano.
Porto de Ilhéus
No complexo portuário de Ilhéus, serão investidos R$ 129,6 milhões para reativar o Moinho de Trigo, inativo há 17 anos. O governo projeta que o equipamento gere até R$ 229 milhões em receitas nos próximos cinco anos.
Uma dragagem de manutenção – retirada de sedimentos – também foi realizada no porto, assegurando a profundidade operacional de 10 metros.
Para a próxima etapa, a obra ampliará a profundidade para 14 metros, permitindo a atracação de navios maiores e aumentando a competitividade do terminal no cenário logístico nacional.
A Tribuna - SP 26/05/2025
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou, na tarde deste sábado (24), nas redes sociais, a criação de uma comissão especial para discutir o Projeto de Lei (PL) 733/ 2025 que propõe a revisão da Lei dos Portos (12.815/2013), com o objetivo de modernizar o setor. Segundo o anúncio, o deputado Murilo Galdino (Republicanos-PB) será o presidente da comissão e o deputado Arthur Maia (União-BA) ficará como relator.
Motta escreveu ainda que “o foco dessa comissão é trabalhar um texto que incentive o crescimento e desenvolvimento desse setor que é fundamental para a economia brasileira”. Na última quinta-feira (22), A Tribuna havia antecipado que o presidente da Casa chegou a um acordo com parlamentares e deveria instalar nos próximos dias a comissão especial para a atualização do Marco Legal dos Portos.
Na ocasião, o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) confirmou que já havia decisão política nesse sentido. O projeto enfrenta resistência do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), por tirar competências da pasta, e de trabalhadores portuários, por mudar a forma de contratação de mão de obra.
No dia 23 do mês passado, Motta havia autorizado a criação da comissão especial, mas voltou atrás na mesma data e reverteu a decisão sem dizer o motivo. Agora, o presidente da Câmara precisa fazer o despacho oficial de instalação do grupo, o que deve acontecer na segunda-feira (26).
A comissão especial será responsável pelo andamento do processo, dando maior agilidade para a possível votação ainda este ano. Pelo tramite normal, a proposta passaria por cinco comissões da Câmara e poderia demorar anos para ser votada.
O projeto foi apresentado este ano com base no anteprojeto elaborado pela Comissão de Juristas para a Revisão Legal da Exploração de Portos e Instalações Portuárias (Ceportos) e entregue na Câmara dos Deputados no ano passado.
Valor - SP 26/05/2025
Relatório aponta para aumento do tempo de espera por espaço para atracar de 77%, na comparação entre março e maio, em portos no continente; escassez de mão de obra e baixo nível de água no Rio Reno estão entre os principais culpados
O congestionamento portuário está piorando em importantes pontos de entrada no norte da Europa e outros centros, de acordo com um novo relatório que sugere que as guerras comerciais podem espalhar as interrupções marítimas para a Ásia e aos EUA e aumentar as taxas de frete.
O tempo de espera por espaço para atracar aumentou 77% em Bremerhaven, na Alemanha, entre o final de março e meados de maio, de acordo com o relatório divulgado na sexta-feira (23) pela Drewry, uma consultoria marítima de Londres. Os atrasos aumentaram 37% em Antuérpia e 49% em Hamburgo no mesmo período, com Roterdã e Felixstowe, no Reino Unido, também apresentando esperas mais longas.
A escassez de mão de obra e os baixos níveis de água no Rio Reno são os principais culpados, dificultando o tráfego de barcaças, de ida e volta, para o interior. Agravando as restrições, o presidente dos EUA, Donald Trump, suspendeu temporariamente as tarifas de 145% sobre as importações chinesas, o que impulsionou a demanda por transporte marítimo entre as maiores economias do mundo.
“Atrasos nos portos estão prolongando os tempos de trânsito, interrompendo o planejamento de estoque e pressionando os transportadores a manter estoques extras”, informou a Drewry. “Aumentando a pressão, o comércio transpacífico em direção ao leste está mostrando sinais de uma temporada de pico antecipada, impulsionada por uma pausa de 90 dias nas tarifas EUA-China, prevista para expirar em 14 de agosto.”
Padrões semelhantes estão surgindo em Shenzhen, na China, bem como em Los Angeles e Nova York, "onde o número de navios porta-contêineres aguardando atracação vem aumentando desde" o final de abril, disse.
Rolf Habben Jansen, CEO da Hapag-Lloyd AG, sediada em Hamburgo, disse em um webinar na semana passada que, embora tenha visto sinais recentes de melhora nos portos europeus, ele espera que leve "mais seis a oito semanas antes que tenhamos isso sob controle".
Ainda assim, Torsten Slok, economista-chefe da Apollo Management, destacou em nota neste domingo (25) que a trégua tarifária entre EUA e China alcançada há quase duas semanas ainda não desencadeou um aumento no número de navios no Pacífico.
“Isso levanta a questão: as tarifas de 30% sobre a China ainda são muito altas? Ou as empresas americanas estão simplesmente esperando para ver se as tarifas cairão ainda mais antes de aumentar os embarques?”, escreveu Slok.
Disputa UE-EUA
Tarifas americanas, combinadas com ameaças e tréguas repentinas, dificultam a calibração de pedidos por importadores e exportadores, causando oscilações fora de época na demanda. Para as companhias marítimas, isso se traduz em atrasos e custos mais altos, exigindo aumentos nas tarifas de frete.
O mais recente golpe à visibilidade ocorreu na sexta-feira (23), quando Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% à União Europeia em 1º de junho, uma medida que poderia prejudicar o comércio transatlântico.
“A incerteza política adicional será um custo morto para a atividade global, adicionando riscos às decisões sobre gastos”, afirmou a Oxford Economics em nota de pesquisa, neste sábado (24). Alemanha, Irlanda, Itália, Bélgica e Holanda são os países mais vulneráveis, considerando suas proporções de exportações dos EUA em relação ao PIB, afirmou a agência.
A Bloomberg Economics disse em nota de pesquisa, na sexta-feira (23), que "tarifas adicionais de 50% provavelmente reduziriam as exportações da UE para os EUA para todos os produtos que enfrentam impostos recíprocos para quase zero — reduzindo o total das exportações da UE para os EUA em mais da metade".
A crescente incerteza sobre se Trump daria continuidade a uma ameaça comercial tão grande ou a adiaria, como fez com a China, está aumentando as pressões sobre o transporte marítimo.
Transportadoras como a MSC Mediterranean Shipping, a maior linha de contêineres do mundo, já haviam anunciado aumentos gerais de tarifas e sobretaxas de alta temporada, a partir de junho, para cargas da Ásia.
Nas próximas semanas, é provável que isso aumente as tarifas spot para frete marítimo, cujo custo ainda é sustentado pela turbulência geopolítica.
Os navios de carga ainda estão evitando o Mar Vermelho, onde os Houthis do Iêmen começaram a atacar embarcações no final de 2023, e navegando pelo sul da África para transportar mercadorias em rotas que conectam a Ásia, a Europa e os EUA.
Evitando 'congestionamento massivo'
No webinar, Habben Jansen disse que ainda não é seguro atravessar o Mar Vermelho e indicou que qualquer eventual restauração de viagens regulares pelo Canal de Suez teria que ser gradual, talvez levando vários meses, para evitar inundar os portos com tráfego de embarcações.
“Se, de um dia para o outro, transferíssemos esses navios de volta por Suez, criaríamos um congestionamento enorme em muitos portos”, disse Habben Jansen. “Portanto, nossa abordagem seria: se possível, que o façamos por um período mais longo para que os portos não entrem em colapso, porque isso não é do interesse de ninguém.”
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 23, que é importante que a Petrobras “volte a ter participação ativa na prospecção, pesquisa de petróleo e gás”. A declaração foi dada após assinatura de atos ao lado do presidente de Angola, João Lourenço.
O presidente defendeu que ambas as nações trabalhem para “fazer o fluxo maior de comércio exterior ser do tamanho” dos países. “Assinaremos hoje um importante acordo que viabilizará a retomada das linhas de financiamento e ensejará novas oportunidades para as economias”, afirmou.
“Nós estamos modernizando os instrumentos de garantia de crédito às exportações. Angola sempre foi um bom pagador e quitou sua dívida com cinco anos de antecedência. Ninguém tem que ter medo de vender nada para Angola ou fazer empréstimo a Angola, porque os angolanos são cumpridores de seus deveres”, ressaltou Lula.
Lula ainda apontou a cooperação do País com a modernização das frotas aéreas e da marinha angolana. Ele disse que a Embraer está à disposição para restauração da frota angolana de aeronaves e fornecimento de aeronaves adicionais.
“Vamos fazer gestão junto à Embraer e ao BNDES para ele possa financiar venda dos 3 aviões CAR-190 que vocês querem comprar. É um avião a jato, bom para o Brasil e bom para Angola e acho que precisamos fazer um esforço de ajudar a Angola a comprar tais aviões”, apontou.
Jornal de Brasília - DF 26/05/2025
A Justiça Federal no Amazonas determinou, em decisão proferida na noite da quinta-feira (22), que o governo do estado deixe de emitir novas licenças ambientais para o empreendimento privado de gás e petróleo em expansão numa área de floresta, na região das cidades de Silves (AM) e Itapiranga (AM). A Eneva é a dona do empreendimento.
Conforme a decisão, a suspensão das novas licenças deve ocorrer enquanto a empresa não fizer consulta livre aos povos indígenas e extrativistas da região, como determina convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) da qual o Brasil é signatário.
Outra condição estabelecida para que novas licenças voltem a ser expedidas pelo órgão do governo do Amazonas -o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas)- é a realização de um ECI (estudo de componente indígena), que deve ser analisado pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
O órgão do governo federal também precisa concluir os estudos sobre a possibilidade de presença de indígenas isolados na região, segundo a decisão da juíza Mara Elisa Andrade, da 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária em Manaus.
A ordem da juíza, para paralisação de novas licenças, diz respeito ao complexo do Azulão, e abarca licenças prévias, de instalação e de operação.
A Eneva fica obrigada também a suspender, de forma imediata, a operação de poços na área sobreposta ao território indígena Gavião Real. A empresa também não pode impedir a atividade tradicional de indígenas e ribeirinhos.
Em nota, a Eneva afirmou que ainda não foi notificada sobre a decisão judicial.
“A companhia reitera que seus procedimentos de licenciamento ambiental seguiram todas as etapas necessárias, incluindo a realização de audiências públicas e a expedição de licenças de instalação e operação conforme as exigências legais”, disse.
O governo do Amazonas não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Eneva e Ipaam devem prestar as informações solicitadas em um laudo de perícia feito pelo Centro Nacional de Perícia da PGR (Procuradoria-Geral da República), como consta na decisão. O documento de 64 páginas, assinado em 28 de março por três peritos, foi protocolado pelo MPF na Justiça Federal no Amazonas.
Uma ação pede a suspensão do licenciamento -feito pelo governo do Amazonas, e não pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)- e da exploração de poços sobrepostos a comunidades. O MPF pediu, no dia 16, que Eneva e Ipaam sejam obrigados a apresentar as informações sobre os pontos levantados no laudo.
A juíza admitiu a inclusão de novas “questões de fatos” e de novos documentos, relacionados à possibilidade de presença de indígenas isolados na região.
O MPF recomendou que a Funai interdite o uso da área onde há indícios de presença de indígenas isolados. O local está a 31 km, em linha reta, do empreendimento de prospecção de gás natural e petróleo.
O empreendimento da Eneva é o maior na área de exploração privada de gás e óleo na amazônia. A empresa tem faturamento bilionário e estruturou um sistema com dezenas de poços, quilômetros de gasoduto e termelétricas em uma área de floresta preservada e recursos hídricos fartos.
A Eneva obteve licenças do Ipaam para perfuração de 29 poços de gás (18 somente em 2023). As autorizações incluem um gasoduto com 32 km de extensão e a construção de usinas termelétricas.
No campo de Azulão, a empresa busca explorar 14,8 bilhões de metros cúbicos de gás. No campo mais recente, o Tambaqui, a expectativa é de exploração de 3,6 bilhões de metros cúbicos de gás, com quase 14 milhões de barris, segundo relatórios da Eneva.
A exploração de combustível fóssil pela floresta está em expansão. A companhia tem BTG Pactual, BW Gestão de Investimentos, Dynamo e Partners Alpha em sua estrutura societária.
A perícia feita pelo MPF afirma que o empreendimento subdimensionou danos ambientais, apontou uma área de influência irreal e deixou de prever o impacto climático do combustível fóssil explorado.
O laudo diz que a área de influência direta e indireta do empreendimento, definida no EIA (estudo de impacto ambiental), não é adequada, sem “critérios claros” e com “homogeneidade forçada”. No caso da influência direta, a faixa traçada foi de 2 km a partir dos gasodutos, segundo o laudo.
No gasoduto de Coari (AM) a Manaus, relacionado ao empreendimento da Petrobras, a área de influência direta foi estabelecida em 10 km para um dos lados, com distância variável no outro lado, limitada ao rio Solimões, compara a perícia.
“Na delimitação da área de influência houve a exclusão da maior parte das bacias hidrográficas em que se inserem os corpos d’água diretamente afetados pelo empreendimento”, cita o documento, que aponta o descumprimento de uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). “A área de influência deveria abranger essas bacias hidrográficas.”
Segundo o MPF, ao longo do Lago Canaçari há relatos de dezenas de comunidades ribeirinhas sobre contaminação da água superficial e subterrânea, além de limitação a acordo de pesca previamente acertado.
Tanto os relatos de contaminação quanto os demais apontamentos da perícia foram citados na decisão judicial que determina a paralisação de novas licenças.
Segundo a Eneva, os procedimentos de licenciamento seguiram todas as etapas necessárias, incluindo a realização de audiências públicas e a expedição de licenças de instalação e operação conforme as exigências legais.
A exploração de gás contribui para a redução de emissões de gases de efeito estufa, disse a Eneva, pois abastece uma termelétrica em Roraima que substitui usinas a diesel. Nos últimos dois anos, isso evitou a emissão de mais de 300 mil toneladas de CO2, conforme a empresa.
A empresa diz ainda que não foram identificadas comunidades tradicionais indígenas ou quilombolas nas áreas de influência das operações no campo de Azulão, conforme bases oficiais da Funai e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Valor - SP 26/05/2025
As empresas petrolíferas dos EUA estão cortando gastos e paralisando plataformas de perfuração, enquanto as tarifas de Donald Trump aumentam os custos e a queda dos preços do petróleo reduzem os lucros, levando os executivos a alertar que o boom do xisto, que durou uma década, está chegando ao fim.
Decisões surpreendentes do cartel Opep+ de bombear mais petróleo agravaram o pessimismo no setor petrolífero dos EUA, gerando temores de uma nova guerra de preços e levando analistas a cortar as previsões de produção.
“Estamos em alerta máximo neste momento”, disse Clay Gaspar, CEO da Devon Energy em Oklahoma City, aos investidores este mês. “Tudo está em jogo à medida que avançamos para um ambiente mais delicado.”
A produção de petróleo cairá 1,1% no ano que vem, para 13,3 milhões de barris por dia, de acordo com a S&P Global Commodity Insights, já que as grandes perfuradoras de xisto, que fizeram dos EUA o maior produtor mundial, estão paralisando suas plataformas devido aos preços reduzidos por medo de excesso de oferta e pela guerra comercial de Trump.
Isso marcaria o primeiro declínio anual em uma década, excluindo a pandemia de 2020, quando a queda na demanda levou os preços do petróleo abaixo de zero e desencadeou falências generalizadas em estados como Texas e Dakota do Norte.
Os preços do petróleo nos EUA recuaram novamente na sexta-feira, encerrando a semana em US$ 61,53 o barril, uma queda de cerca de 23% em relação ao seu pico neste ano. Os produtores de xisto precisam de um preço do petróleo de US$ 65 o barril para atingir o ponto de equilíbrio, de acordo com a pesquisa trimestral de energia do Federal Reserve Bank de Dallas.
“A palavra de ordem agora é 'aguente firme'”, disse Herbert Vogel, diretor executivo da SM Energy em Denver, na conferência Super DUG em Fort Worth.
Uma queda na produção encerraria uma trajetória impressionante no setor energético dos EUA, onde a revolução do xisto gerou volumes cada vez maiores de petróleo e gás baratos para abastecer a economia, um impulso ao PIB e aos mercados de trabalho e um aumento nas exportações que melhorou a balança comercial do país.
A crescente produção de xisto também quebrou a dependência dos EUA de fornecedores estrangeiros, como a Arábia Saudita e outros membros do cartel da Opep, ao mesmo tempo que liberou a Casa Branca para visar exportadores como Irã, Rússia e Venezuela com sanções.
Trump prometeu “liberar” mais perfuração e produção na tentativa de garantir o "domínio energético" dos EUA. Mas a produção, que atingiu um recorde durante o governo de seu antecessor, Joe Biden, pode cair ainda mais se os preços continuarem em viés de baixa.
Scott Sheffield, ex-chefe da empresa de perfuração de xisto Pioneer Natural Resources, disse ao Financial Times que se o petróleo bruto cair para US$ 50 o barril, a produção dos EUA provavelmente perderia até 300.000 barris por dia — mais do que a produção total de alguns membros menores da Opep.
A decisão de Riad de bombear mais petróleo nos últimos meses seria uma ameaça direta à participação dos produtores americanos no mercado global, ele sugeriu. “A Arábia Saudita está tentando recuperar participação de mercado e provavelmente conseguirá isso nos próximos cinco anos”, disse Sheffield.
A contagem de plataformas de petróleo em terra nos EUA, um barômetro da atividade de perfuração, foi de 553 na semana passada, 10 a menos que na semana anterior e 26 a menos que no ano passado, de acordo com a empresa de serviços de campos petrolíferos Baker Hughes.
Alguns grandes produtores já estão eliminando empregos. A Chevron e a BP anunciaram, juntas, 15.000 cortes de empregos em todo o mundo, embora nos EUA, até agora, o emprego no setor tenha permanecido relativamente estável este ano, de acordo com o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA.
Os 20 maiores produtores de xisto dos EUA, excluindo ExxonMobil e Chevron, cortaram seus orçamentos de despesas de capital para 2025 em cerca de US$ 1,8 bilhão, ou 3%, de acordo com a Enverus, uma empresa de pesquisa de energia.
“Como operadores, não podemos controlar o macro, mas podemos controlar como respondemos”, disse Vicki Hollub, presidente-executiva da Occidental Petroleum, que reduziu a contagem de sondas em duas no primeiro trimestre.
Muitas empresas cortarão ainda mais se os preços atingirem US$ 50 o barril — o preço que as autoridades de Trump indicaram que ajudaria a controlar a inflação. “Nesse ambiente, desmontamos as plataformas e recompramos ações”, disse Travis Stice, presidente e CEO da Diamondback Energy, que recentemente alertou os investidores de que a produção de petróleo dos EUA provavelmente atingiu o pico. “Todas as conversas que tive foram de que esse preço do petróleo não vai funcionar.”
Mas outras políticas do presidente também estão abalando o setor. As tarifas elevaram os preços do aço e do alumínio — insumos cruciais na indústria petrolífera. O preço do revestimento, o metal usado para revestir poços e o maior gasto para perfurar um poço, subiu 10% somente no último trimestre.
“A economia será desafiada. Veremos mais retirada de capital à medida que os trimestres avançam”, disse Doug Lawlor, presidente-executivo da Continental Resources, uma das maiores empresas privadas de energia do país. Isso forçará as empresas a se prepararem ainda mais para manter os investidores de Wall Street felizes, protegendo o fluxo de caixa livre para pagar dividendos e quitar dívidas.
“Você precisa se concentrar nos dividendos, eles são sacrossantos neste ambiente”, disse Jim Rogers, sócio da Petrie Partners, uma empresa de investimentos em Houston.
CNN Brasil - SP 26/05/2025
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um crédito de R$ 5,05 bilhões para a Concessionária Nova Rota do Oeste duplicar 444 quilômetros da BR-163, no Mato Grosso. A obra é realizada em parceria com o governo do estado.
Desse total, o BNDES subscreveu R$ 4,575 bilhões em debêntures — título de dívida que gera um direito de crédito ao investidor — e aprovou financiamento no valor de R$ 475 milhões, por meio do BNDES Finem.
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A oferta de debêntures foi coordenada pelo BNDES com o BNP Paribas, que também investiu na emissão. Considerando as obras de melhoria na BR-163, o investimento total deve alcançar R$ 9 bilhões.
A rodovia é um dos principais corredores logísticos utilizados no escoamento da produção agrícola do Brasil.
O anúncio foi realizado durante evento com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros Carlos Favaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Marcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
"Em parceria com o governo do estado, encontramos uma solução que vai diminuir o tempo de viagem em 1h30, vai trazer muito mais segurança, muito mais produtividade para escoar a produção, vai gerar mais emprego, qualidade de vida e melhorias para o estado", afirmou Mercadante no evento.
Além da BR-163, o BNDES também atua em outros projetos rodoviários no Mato Grosso, como as rodovias MT-100, a MT-246 e MT-130.
Desde o início do governo Lula, em 2023, o banco já emprestou R$ 29 bilhões para execução de obras e projetos no estado.
Valor - SP 26/05/2025
É o primeiro investimento da gestora australiana no setor rodoviário no Brasil; o valor da empresa (“enterprise value”) seria de R$ 2 bilhões
A gestora australiana Macquarie comprou 100% da Monte Rodovias, apurou o Valor. Trata-se do seu primeiro investimento no setor rodoviário no Brasil, mas a gestora já está presente no país em outros segmentos de infraestrutura. O valor da empresa (“enterprise value”) seria de R$ 2 bilhões. O Bradesco BBI foi assessor exclusivo da Monte na operação.
O ativo contou com o interesse de outros investidores, conforme noticiou o Valor. Dentre os candidatos estavam o fundo de private equity do BTG Pactual, a Aenza, a empresa da gestora IG4 Capital, o Opportunity, que recentemente conquistou uma concessão rodoviária no Norte do país e também tem participado das licitações recentes, e a EPR, plataforma da Equipav e da Perfin que nos últimos anos se tornou um grande ator na área.
A área de infraestrutura tem sido a mais aquecida nas transações de fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) no país. Conforme mostrou o Valor, os fundos de infraestrutura globais têm sido os protagonistas nas operações.
A Monte Rodovias surgiu em 2020, a partir da compra de concessões da Odebrecht no Nordeste pela Monte Equity Partners. Na ocasião, foram adquiridos os contratos da Concessionária Bahia Norte (CBN), da Concessionária Rota do Atlântico (CRA) e da Concessionária Rota dos Coqueiros (CRC).
Depois disso, a empresa também comprou outra concessão da Invepar, a Litoral Norte, e, em março deste ano, conquistou um contrato no Mato Grosso, em leilão realizado pelo governo estadual. O projeto, arrematado em meio ao processo de M&A, é o Lote 8, que inclui um trecho entre Brasnorte (MT) e Castanheira (MT), com previsão de R$ 1,1 bilhão de investimentos.
No Brasil, a Macquarie Asset Management já é sócia da empresa de terminais portuários CLI (Corredor Logística e Infraestrutura) e na Solví, que opera resíduos sólidos, e tem estudado ampliar seus investimentos na área de infraestrutura do país.
Monitor Digital - RJ 26/05/2025
Acompanhando o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em sua recente visita à China, estava uma importante delegação representando o setor agrícola do Brasil. Essa grande presença do agronegócio não foi surpreendente.
Segundo uma reportagem recente do China Daily, a China é o maior importador de alimentos do mundo, e o Brasil é seu principal fornecedor, respondendo por 25% de todos os produtos agrícolas importados pelo país.
Embora seja líder na importação de alimentos, a China também é um grande produtor de grãos, especialmente trigo, milho e arroz. Devido a limitações na disponibilidade de terra arável e água, a China produz relativamente menos quantidade de soja, dependendo, portanto, em grande parte, de importações.
O Brasil se tornou um parceiro estratégico nesse contexto, com a soja respondendo por mais de 60% das exportações do agronegócio do país para a China.
Outras exportações importantes incluem carne e celulose, enquanto o milho está ganhando terreno. O sorgo e as leguminosas, como feijão e gergelim, também apresentam grande potencial.
Os laços do agronegócio são complementares e mutuamente benéficos. O Brasil fornece grãos e apoia a crescente demanda do país por proteínas. Enquanto isso, as importações chinesas alimentam o desenvolvimento econômico rural no Brasil.
Ambos os países compartilham o desafio de alimentar populações em crescimento de forma sustentável. O aumento da disponibilidade de alimentos é uma prioridade para a China, conforme descrito em seu atual plano quinquenal. Para atingir essa meta e, ao mesmo tempo, preservar os recursos naturais e reduzir o impacto ambiental, são necessárias melhorias na produtividade agrícola. A tecnologia e a biotecnologia são fundamentais nessa jornada.
Entre 1976 e 2024, o Brasil dobrou a área usada para o cultivo de grãos, enquanto a produção total aumentou sete vezes, refletindo um aumento de três vezes na produtividade.
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, sem os avanços tecnológicos, o Brasil precisaria de mais de 278 milhões de hectares de terras aráveis para produzir o que atualmente consegue com apenas 81,6 milhões de hectares.
A produção brasileira de culturas geneticamente modificadas só perde para os Estados Unidos, com soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e eucalipto plantados em 56 milhões de hectares. Na safra de 2022 e 2023, as taxas de adoção atingiram 99% para soja e algodão e 98% para milho.
Acredita-se que a biotecnologia também tenha levado a uma redução na necessidade de pesticidas, o que é fundamental na agricultura tropical. Os dados da Croplife Brasil mostram uma redução no uso de pesticidas de 35% para a soja, 16,2% para o milho de verão, 16,4% para o milho de inverno e 27,5% para o algodão.
Menos uso de pesticidas significa menos consumo de combustível e menos operações de máquinas. Juntamente com os ganhos de eficiência da terra, isso contribui para uma redução de 70,4 milhões de toneladas métricas de emissões de dióxido de carbono, o equivalente ao plantio de 504 milhões de árvores nativas. Essas melhorias fortalecem a sustentabilidade das exportações de soja brasileira para a China.
Money Times - SP 26/05/2025
Desde que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, anunciou o chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril — impondo uma série de novas tarifas de importação contra mais de 180 países —, o mundo entrou em um período de grande incerteza e especulação sobre os impactos e os desdobramentos desse episódio controverso e histórico na economia global.
No Brasil, o efeito foi relativamente menor em comparação a outros países. A tarifa de 10% sobre a entrada de produtos nos EUA — uma das mais baixas — reflete o equilíbrio da balança comercial entre os dois países: em 2024, as exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 40,3 bilhões (12% do total), enquanto as importações atingiram US$ 40,6 bilhões (15,5% das compras externas).
Nesse contexto, a expectativa é que o impacto na balança comercial brasileira seja praticamente neutro, equilibrando perdas e ganhos. O agronegócio, entretanto, desponta como um dos setores mais beneficiados. Do total de US$ 164 bilhões exportados pelo setor em 2024, 30,2% tiveram como destino a China, 14,2% a União Europeia e 7,4% os Estados Unidos.
Diante das atuais condições da “nova guerra comercial” — ainda marcada por incertezas e longe de um equilíbrio estável —, o agronegócio brasileiro pode aproveitar uma janela de oportunidade, especialmente ao ocupar parte relevante das exportações americanas para a China. Entre os dois países, as barreiras tarifárias se tornaram praticamente intransponíveis, com alíquotas de 145% sobre produtos chineses nos EUA e 125% no sentido inverso.
O maior impacto tende a ocorrer nas exportações brasileiras de soja, que devem substituir uma fatia expressiva das vendas dos EUA para a China — cerca de 22 milhões de toneladas em 2024, o que representa mais de 20% do volume importado pelo país asiático.
Para contextualizar, a China produz aproximadamente 21 milhões de toneladas de soja por ano e importa mais de 100 milhões de toneladas, destinadas principalmente à alimentação do maior rebanho suíno do mundo, com mais de 40 milhões de matrizes.
Em 2024, o Brasil exportou 69 milhões de toneladas de soja para a China — cerca de 70% das importações chinesas do grão —, e tem capacidade de preencher boa parte da lacuna deixada pelos EUA. A projeção para a safra de 2025 é de um aumento superior a 20 milhões de toneladas em relação à safra anterior, chegando a 165 milhões de toneladas, um crescimento de 13% no ano.
Esse cenário é atrativo para os produtores, considerando a manutenção das atuais taxas de câmbio e o preço da commodity no mercado internacional (US$ 10,40 por bushel, equivalente a cerca de US$ 380 por tonelada). Isso representaria um aumento de mais de US$ 7 bilhões na receita anual, mesmo diante da possibilidade de desaceleração da demanda chinesa em 2025, com crescimento do PIB abaixo dos 5% registrados em 2024.
O protagonismo do Brasil no comércio internacional de soja é evidente: o país concentra 42% da produção global, contra 31% dos EUA, 7% da Argentina e 3% da China. Quase 100 milhões de toneladas da produção nacional já são destinadas à exportação, com canais comerciais e logísticos bem estruturados.
Para o milho, o cenário é diferente. EUA e China são os dois maiores produtores globais (378 milhões de toneladas e 295 milhões, respectivamente, em 2024), seguidos pelo Brasil, com 126 milhões de toneladas. A China é praticamente autossuficiente, importando apenas 11 milhões de toneladas, sendo 48% do Brasil e 44% dos EUA. Apesar de o mercado ser menor em comparação ao da soja, há espaço para o Brasil ampliar sua participação.
Nas exportações brasileiras para os EUA, destaca-se o café. Os Estados Unidos são o principal destino do produto brasileiro, representando 16% do volume exportado, o equivalente a US$ 1,9 bilhão em 2024. Mesmo com a elevação da tarifa de importação para 10%, a alíquota segue inferior à aplicada a outros grandes exportadores, como Suíça (31%) e Vietnã (46%). Por isso, não se espera uma mudança significativa no perfil das exportações.
Com o avanço do protecionismo e o isolamento do mercado norte-americano, a tendência é que outras relações comerciais se fortaleçam como alternativa. Negociações entre União Europeia e Mercosul, por exemplo, já estão em andamento e podem resultar na redução de tarifas de importação sobre mais de 90% dos produtos comercializados entre os blocos.
Ainda assim, não se espera que o atual “tarifaço” se sustente por muito tempo nesses patamares. Uma nova configuração do comércio global deve se desenhar nos próximos meses. O ponto positivo, especialmente para o Brasil, é que a competitividade do agronegócio nacional o torna mais resiliente diante da turbulência internacional, consolidando ainda mais seu protagonismo, em um cenário de menor participação dos EUA no comércio global, ao menos no curto prazo.