CNN Brasil - SP 25/08/2025
A produção brasileira de aço bruto em julho caiu quase 10% sobre o mesmo período do ano passado e as vendas recuaram cerca de 3%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Aço Brasil, que representa siderúrgicas instaladas no país.
A produção somou 2,8 milhões de toneladas, perto da média mensal do ano, e mostrou recuos de cerca de 8% tanto nos produtos longos quanto nos planos.
Já as vendas no mercado interno foram de 1,86 milhão de toneladas, com recuo de 3,5% nos aços planos, usados em bens como automóveis e máquinas, e leve alta de 0,4% nos produtos longos, comumente utilizados pela construção civil.
O consumo aparente, que considera a produção doméstica, mais importações, menos exportações, teve alta de 1,8%, para 2,34 milhões de toneladas. No ano, o indicador acumula crescimento de 8,1%, a quase 16 milhões de toneladas em meio a um incremento de 24,4% nas importações, enquanto as vendas internas subiram 1,8%.
O Aço Brasil afirmou ainda que enquanto as exportações despencaram 29% em julho sobre um ano antes, a 1,05 milhão de toneladas, pressionadas pelo impacto do fim das cotas livres de imposto de importação dos Estados Unidos, as importações de aço pelo Brasil subiram 4,2% no período, para 616 mil toneladas, ficando próximas de máximas históricas para o período.
Na véspera, o presidente do Inda, de distribuidores de aços planos, Carlos Loureiro, afirmou que o crescimento do consumo aparente no mês passado se deu sobre o forte volume das importações e que a situação tende a manter os preços do aço sob pressão no mercado interno até pelo menos o final do ano.
IstoÉ Dinheiro - SP 25/08/2025
O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou que não pretende igualar as tarifas do Canadá sobre aço e alumínio dos EUA com a alíquota de 50% atualmente praticada pelos norte-americanos. “Elas são parte das discussões intensas em andamento neste momento”, ressaltou, em entrevista coletiva.
O premiê destacou que o país está se preparando para a nova revisão do acordo comercial em vigor com EUA e México, conhecido pelos acrônimos USMCA e CUSMA. No entendimento dele, a decisão de suspender as tarifas retaliatórias sobre produtos cobertos pelo acordo coloca os canadenses em uma posição melhor nas negociações, que devem começar no ano que vem.
“Os EUA mudaram fundamentalmente a política comercial e têm novos objetivos”, destacou Carney.
O Estado de S.Paulo - SP 25/08/2025
O tarifaço imposto pelos Estados Unidos domina o noticiário, mas os problemas econômicos brasileiros são mais antigos, maiores e estruturais que as incertezas geradas pela política comercial de Donald Trump. Reportagem do Estadão mostrou que as taxas de juros reais voltaram a ficar próximas dos 10% ao ano, produto de uma Selic em 15% ao ano menos a inflação.
Não é preciso ser um especialista para perceber o quanto isso inibe o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em vez de aplicar os recursos na expansão da infraestrutura ou da atividade produtiva, quem tem dinheiro sobrando prefere apostar em títulos do Tesouro Nacional ou investimentos com rendimentos semelhantes com muita segurança.
Culpar o Banco Central (BC) por esse cenário seria simplório. Mais difícil é compreender como o IPCA permanece em 5,31% no acumulado de 12 meses e as expectativas de inflação resistem a se aproximar da meta mesmo com a Selic no maior nível desde 2006 e sem perspectiva de queda no curto prazo.
Com a experiência de quem já esteve na direção do BC, o economista José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), foi taxativo ao afirmar que isso é resultado da ausência de coordenação de política econômica – ou seja, entre a política fiscal, conduzida pelo governo, e a política monetária, executada pelo BC.
São muitos os exemplos desse desalinhamento. Enquanto o BC aperta os juros para conter a atividade econômica e, consequentemente, a inflação, o governo amplia gastos obrigatórios para incentivar o consumo e lança linhas de crédito direcionado com juros subsidiados para manter a demanda elevada – o que exige juros ainda mais altos.
Enquanto o desemprego nas mínimas históricas e salários com ganhos reais acima da produtividade sugerem atividade econômica aquecida e preocupam o BC, o Executivo atrela as medidas de auxílio a exportadores prejudicados pelo tarifaço norte-americano ao compromisso de manutenção de empregos.
Esse descompasso não é recente. Antes mesmo de tomar posse, o governo de Lula da Silva já patrocinava a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. A título de reconstruir as políticas públicas destruídas pelo bolsonarismo, o Executivo, com apoio do Legislativo, garantiu quase o dobro do valor necessário para recompor o Orçamento, o que dificultou, já de saída, a busca do déficit zero e de taxas de juros mais civilizadas.
Foi também a aliança entre governo e Congresso que permitiu o retorno dos pisos constitucionais da Saúde e Educação e a política de valorização do salário mínimo, que impulsionou os gastos com aposentadorias, pensões e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O Judiciário também contribuiu com esse movimento ao decidir que o salário-maternidade deve ser pago a autônomas que tenham contribuído uma única vez com o INSS.
Por mais que o governo trabalhe diuturnamente para arrecadar mais, as despesas crescem de maneira mais acelerada, o que resulta, de um lado, em mais dinheiro circulando na economia e mais inflação, e, de outro, em aumento da dívida da União e juros mais altos. Há anos o País resiste a quebrar esse ciclo que só prejudica a si mesmo.
Não foi por acaso que a taxa de investimento na proporção do PIB, que era de pouco mais de 20% em 2010, caiu para 17,8% no primeiro trimestre deste ano, índice baixo comparado à média mundial. Com uma taxa real de juros de 9,8% ao ano, não há como esperar que ela volte aos patamares registrados da década anterior, que dirá atingir os 25% que especialistas apontam como necessário para um crescimento econômico sustentável.
Quando tentou manter juros artificialmente baixos na expectativa de que eles incentivassem investimentos, o País colheu inflação, desemprego e recessão. Somente reformas estruturais que reduzam gastos, contenham o avanço da dívida pública e conduzam ao reequilíbrio fiscal serão capazes de gerar condições que permitam a queda dos juros. Enquanto isso não ocorrer, seguiremos bem posicionados no ranking dos países com os maiores juros reais no mundo.
O Estado de S.Paulo - SP 25/08/2025
montadoras após a crise financeira de 2008, e tanto a administração Obama quanto a de Joe Biden usaram subsídios governamentais para promover a tecnologia verde.
Mas especialistas dizem que a iniciativa de Trump é diferente — e mais agressiva — do que os Estados Unidos já viram antes. As empresas que ele tem como alvo não estão à beira do colapso, nem sua falência, como no caso dos bancos durante a crise financeira, desencadearia uma série de eventos que poderiam levar à ruína econômica global.
“Os Estados Unidos sempre foram cautelosos em relação à linha divisória entre empresas públicas e privadas”, disse Jonathan Levy, historiador e professor da Sciences Po em Paris e autor de “Ages of American Capitalism: A History of the United States” (As eras do capitalismo americano: uma história dos Estados Unidos).
“A única vez em que isso foi suspenso”, acrescentou, “foi no contexto de uma guerra ou de interesses de segurança nacional”.
A Casa Branca insiste que a segurança nacional está, de fato, impulsionando os seus investimentos e contestou a ideia de que adquirir participações em empresas de importância crítica prejudica livre mercado.
A Intel recebeu uma subvenção de cerca de US$ 11 bilhões como parte da Lei dos Chips, uma lei bipartidária aprovada durante a administração Biden com o objetivo de tornar os Estados Unidos menos dependentes da Ásia para a fabricação de semicondutores.
O secretário do Comércio, Howard Lutnick, argumentou que, ao adquirir uma participação acionária, os contribuintes americanos obterão os benefícios de qualquer impulso concedido à Intel.
“Esta não é uma empresa qualquer”, disse um funcionário da Casa Branca. “Isso é algo tão crítico para a segurança nacional que justifica essa ação.”
Mas algumas das medidas recentes de Trump parecem ser uma forte ruptura com os precedentes históricos. Nos casos da Nvidia e da AMD, o governo Trump propôs ditar o mercado global ao qual essas fabricantes de chips podem ter acesso. As duas empresas prometeram dar 15% de sua receita proveniente da China ao governo dos EUA para ter o direito de vender chips naquele país e contornar quaisquer restrições futuras dos EUA.
David Sicilia, professor associado emérito de história da Universidade de Maryland, disse que nunca viu uma época em que os Estados Unidos tivessem mudado a sua política comercial para visar uma ou mais empresas específicas.
“A interpretação menos generosa é que se trata de extorsão”, disse ele.
Ao discutir o acordo com a Intel na sexta-feira, Trump disse que o CEO da empresa “entrou querendo manter o seu emprego e acabou por dar US$ 10 bilhões para os Estados Unidos”.
As empresas americanas criaram defesas contra investidores como Carl Icahn e Nelson Peltz, que normalmente adquirem participações em empresas com dificuldades no mercado público e, em seguida, as pressionam a fazer mudanças que elevem o preço das suas ações, como vender uma divisão ou substituir um CEO.
Mas, ao contrário de um ativista corporativo tradicional, Trump nem sempre vinculou claramente seus apelos por ações corporativas — seja destituir um diretor executivo ou “arcar com o custo das tarifas” — aos retornos da empresa.
Por enquanto, os acionistas da Intel reagiram favoravelmente ao envolvimento cada vez maior do governo. As ações da Intel fecharam com alta de mais de 5% na sexta-feira, quando Trump anunciou que o governo iria adquirir a participação. As ações de concorrentes como a AMD caíram desde que a notícia do possível acordo se tornou pública na semana passada, uma queda que os analistas atribuem em parte à expectativa de que o governo apoiará a Intel em detrimento de outras empresas de chips.
“Se estiver focado no curto prazo, então esse tipo de acordos pode ser benéfico, porque vai acabar por ser pressionado de qualquer maneira”, disse Sarah Bauerle Danzman, cientista política e professora associada de estudos internacionais na Escola Hamilton Lugar de Estudos Globais e Internacionais da Universidade de Indiana.
Mas, ela alertou, “uma vez que o governo se envolve na tomada de decisões estratégicas, essas escolhas estratégicas não são mais motivadas por considerações de mercado”.
O crescente envolvimento do presidente com empresas privadas também levanta questões mais amplas sobre a perda de proteções para os acionistas comuns.
“Estamos acostumados a ouvir acionistas controladores dizerem: ‘Quero obter benefícios privados do controle. Eu também sou o CEO. Quero receber um pacote de compensação de US$ 56 bilhões’. Temos maneiras de lidar com isso”, disse Edward Rock, professor de governança corporativa da Universidade de Nova Iorque.
“Mas se o governo encorajasse uma empresa a encerrar os seus planos de internacionalização, por exemplo, não temos doutrinas no direito societário que nos permitam analisar essa situação.”
Empresas tentam sair ‘da mira’ de Trump
Rejeitar as exigências de Trump não será fácil. Processar o governo provavelmente não é um caminho produtivo, disse Liekefett, advogado da Sidley Austin.
Embora a Lei dos Chips não autorize expressamente o governo a adquirir participações acionárias em empresas que recebem subsídios, ela contém uma linguagem que pode ser interpretada como dando ao governo uma autoridade mais ampla, disse ele.
O manual atual para as empresas evitarem a ameaça de uma participação do governo ou outras exigências extraordinárias, dizem os consultores corporativos, é continuar o que já estão fazendo para ficar fora da mira de Trump: limpar os sites públicos de linguagem sobre diversidade, equidade e inclusão e fazer mais visitas ao presidente em Washington.
(O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, por exemplo, visitou Trump quatro vezes desde que ele assumiu o cargo em janeiro, de acordo com duas pessoas com conhecimento das visitas. Esse é um número incomumente alto para o CEO do banco.)
Especialistas dizem temer que esse tipo de clima de negócios esteja corroendo a igualdade de condições que eles acreditam ser crucial para o sucesso do país a longo prazo.
“Quem vai querer investir em empresas que o governo não apoia?”, questionou Dan Ikenson, economista e especialista em comércio. “O que acontecerá com empresas promissoras que não bajulam Trump?”
IstoÉ Dinheiro - SP 25/08/2025
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou neste sábado (23) que o Brasil vai superar a crise comercial aberta com as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos (EUA) e lembrou da menor dependência em relação ao mercado norte-americano, comparado a décadas passadas.
“Vai passar. Na década de 1980, era 24% a nossa exportação para os EUA, praticamente um quarto das exportações brasileiras. Hoje, é 12%. E o que está afetado é 3,3%. Isso é o que está afetado no tarifaço”, observou o vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, durante participação em debate sobre conjuntura política promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília.
Alckmin lembrou que, no momento, cerca de 36% das exportações aos EUA são as mais afetadas pela tarifa de 50%, e que elas atingem de forma mais preocupante alguns setores da indústria de manufatura, como máquinas e equipamentos e indústria têxtil.
“Indústria de máquinas, equipamentos, calçados e têxtil. Esses são os que sofrem mais. Porque comida, [como] carne, se eu não vendi lá, eu vou ter outros mercados. Não vai cair o mundo. Café, se eu não vendi lá, vou vender em outro lugar. Agora, produto manufaturado é mais difícil de você realocar. Acaba realocando, mas demora um pouco mais”, pontuou o vice-presidente, que vem atuando como o principal negociador do Brasil nessa questão.
“Não vamos desistir de baixar essa alíquota e tirar mais produtos”, insistiu o vice, ao lembrar que cerca nem todo produto exportado pelo Brasil foi sobretaxado. Cerca de 42% deles ficaram de fora da alíquota de 50%, enquanto outros 16% foram incluídos em taxas que atingem outros países na mesma proporção, como é o caso do aço, alumínio e cobre.
Como alternativa, ressaltou Alckmin, o país deverá expandir mercados, com a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, que pode ocorrer até o fim do ano, além de outras tratativas, como o acordo do Mercosul com o EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), Singapura e Emirados Árabes Unidos.
Alckmin também destacou as medidas anunciadas pelo governo federal para reduzir os impactos negativos causados aos exportadores brasileiros com o tarifaço, como abertura de linha de crédito, suspensão de tributos incidentes sobre insumos importados (drawback) e aumento do percentual de restituição de tributos federais a empresas afetadas.
No âmbito internacional, o vice-presidente citou a reclamação aberta pelo governo brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas norte-americanas e prevê que o caso pode chegar também a tribunais dos EUA. “Você não pode usar política regulatória por razões partidárias, políticas”, comentou.
O Estado de S.Paulo - SP 25/08/2025
A “Rodada Trump” de negociações comerciais, como Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos, a chama, tinha o objetivo de reafirmar a primazia americana. Peter Navarro, um conselheiro de longa data de Donald Trump, chegou a sugerir que o presidente merecia um prêmio Nobel de Economia por mostrar como o maior mercado do mundo pode dobrar o comércio global à sua vontade. A aposta da Casa Branca é que o desmantelamento da antiga ordem, antes policiada — mesmo que de forma irregular — pela Organização Mundial do Comércio (OMC), dará início a uma nova ordem com os Estados Unidos em seu centro.
No entanto, ao agir como se os Estados Unidos continuassem sendo o eixo do comércio mundial, Trump pode estar acelerando sua mudança para outro lugar. O maior mercado do mundo é menos central para o comércio global hoje do que já foi. No início do século, os Estados Unidos eram responsáveis por um quinto das importações globais; hoje, representam apenas um oitavo.
Mesmo enquanto os países fazem acordos tarifários com Trump para garantir o acesso ao mercado, eles estão elaborando alternativas. Como disse uma autoridade sul-coreana: “O primeiro passo é fazer concessões aos Estados Unidos. O segundo é procurar outro lugar”.
Em todo o mundo, os governos estão se protegendo contra o fim da antiga ordem econômica de diferentes maneiras. Alguns estão apoiando as empresas locais com subsídios e protecionismo. Outros estão buscando novos mercados. E os mais ousados estão formando alianças para contrabalançar a influência dos Estados Unidos. Para muitos, a escolha não é entre a deferência a Washington ou um Estado de natureza hobbesiano, mas entre soluções de curto prazo e alternativas de longo prazo.
Dada a predileção de Trump por impostos e a tendência de os impostos durarem mais do que o seu criador, as ajudas às vítimas da guerra comercial correm o risco de desperdiçar dinheiro e distorcer os mercados. O Brasil revelou um pacote de crédito de US$ 6 bilhões, que inclui isenções fiscais e garantias de compras estatais. Com as finanças públicas já sob pressão, o plano assustou os investidores.
O Canadá adotou uma abordagem semelhante, prometendo quase US$ 1 bilhão para apoiar seu setor madeireiro. O Ministério do Comércio da África do Sul propôs políticas para permitir que os exportadores coordenem os custos de transporte e construam infraestrutura em conjunto, mesmo que isso signifique contornar as regras antitruste.
Outros estão buscando ferramentas mais simples. O Canadá e o Japão estão aplicando novas taxas sobre as importações de metais. Enquanto isso, a Índia está dobrando sua campanha “Made in India”. Em 15 de agosto, Narendra Modi, o primeiro-ministro do país, exaltou a autossuficiência em tudo, desde energia até jatos de combate.
“Se continuarmos a nos empenhar em termos locais, alcançaremos a prosperidade”, declarou ele. Embora até o momento não tenha havido muita retaliação contra Trump, o risco é que o protecionismo imitador se multiplique, aumentando os custos para todos.
Global é nobre
Mais promissora é a busca por novos mercados. Da Ásia à África, os governos estão estimulando suas empresas com fundos e incentivos à exportação. Cingapura e Coreia do Sul, por exemplo, estão financiando pequenas empresas para explorar oportunidades no sul da Ásia, no Oriente Médio e no México. Alguns já estão redirecionando o comércio.
Os agricultores sul-africanos estão enviando mais produtos para a China e pressionando a União Europeia a flexibilizar suas regras de saúde para cítricos. Os fabricantes de roupas do Lesoto — antes voltados para empresas americanas, como Gap e Levi’s — estão se voltando para compradores regionais e testando a demanda na Ásia. Os exportadores de café do Brasil, atingidos por uma tarifa americana de 50%, estão aumentando as remessas para o norte da África e o Oriente Médio, onde os volumes de vendas aumentaram em três quintos no ano passado.
No entanto, mesmo com essa diversificação, a substituição da América, que ainda é o destino de 16% dos grãos do Brasil, levará tempo.
As novas alianças são o ponto mais importante. O Canadá e o México, os dois vizinhos e parceiros dos Estados Unidos no Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), estão se aproximando, à medida que os Estados Unidos se tornam menos confiáveis. No próximo mês, Mark Carney, o primeiro-ministro do Canadá, visitará o México, onde deverá discutir a resiliência da cadeia de suprimentos, o comércio porto a porto e as joint ventures em energia e inteligência artificial. Com a revisão do USMCA no próximo ano, os dois países esperam criar uma vantagem que possam usar contra Trump.
Muitos dos países do Brics — um clube de 11 economias emergentes que inclui Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul — foram alvos da ira de Trump, mais recentemente com suas taxas de 50% sobre o Brasil e a Índia. Em resposta, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem trabalhado em ligações para reunir aliados. No dia 7 de agosto, ele e Modi discutiram um estreitamento dos laços, incluindo vínculos de pagamentos digitais que poderiam reduzir o domínio dos bancos americanos.
Quatro dias depois, Lula conversou com Xi Jinping, líder da China, sobre o aprofundamento do comércio, após o que Xi declarou que as relações com o Brasil estavam “no melhor momento da história”.
Quando se trata de comércio, o bloco dificilmente está subordinado aos Estados Unidos. O Tio Sam compra apenas um sexto dos produtos indianos e um sétimo das exportações brasileiras, sendo que, neste último, o valor era de um quarto há duas décadas. Como grupo, os membros do Brics agora comercializam mais produtos entre si do que com os Estados Unidos e a diferença está aumentando. A integração está se acelerando após as tarifas de Trump. Mais de uma dúzia de países, incluindo a Tailândia e o Vietnã, buscaram o status de país parceiro ou solicitaram a adesão.
O maior vencedor das novas alianças pode ser a China. Suas exportações para o sul global dobraram desde 2015 — e ela vende mais para o sul e sudeste da Ásia, América Latina e Oriente Médio do que para os Estados Unidos e Europa Ocidental. Em julho, mesmo com o colapso das exportações para os Estados Unidos, suas exportações gerais cresceram 7% em relação ao ano anterior.
As tarifas de Trump aprofundaram esses vínculos. Em junho, Xi se comprometeu a eliminar quase todas as tarifas sobre as importações da África e está participando de cúpulas com líderes da América Latina e do Sudeste Asiático.
A China e a Associação das Nações do Sudeste Asiático — que juntas abrigam um quarto da população mundial e um quinto do PIB — estão reformulando seu acordo de livre comércio, que deverá ser ratificado até o final do ano. As relações com a Índia, por sua vez, estão se descongelando.
As empresas indianas estão explorando projetos de veículos elétricos e baterias com suas contrapartes chinesas; espera-se que Modi visite a China pela primeira vez em sete anos. Trump queria os Estados Unidos no centro do comércio mundial. As coisas não estão saindo como planejado.
IstoÉ Dinheiro - SP 25/08/2025
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, começou a abrir a porta para uma redução da taxa básica de juros nos Estados Unidos nos próximos meses, mas não deu nenhuma pista sobre o momento da medida e sugeriu que o banco agirá com cautela, continuando a avaliar o impacto das tarifas e outras políticas sobre a economia. Em um discurso de grande repercussão, acompanhado de perto pela Casa Branca e Wall Street, Powell disse que há riscos tanto de aumento do desemprego quanto de uma inflação persistentemente alta. Isso coloca o Fed em uma situação difícil, porque normalmente ele reduziria sua taxa de curto prazo para estimular a contratação, enquanto a manteria alta – ou a aumentaria – para combater a inflação.
Powell falou nesta sexta-feira, 22, no simpósio econômico anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, uma conferência com cerca de 100 acadêmicos, economistas e autoridades de bancos centrais de todo o mundo.
“A estabilidade da taxa de desemprego e outras medidas do mercado de trabalho nos permitem proceder com cautela ao considerarmos mudanças em nossa postura política”, disse Powell.
Isso sugere que o Fed continuará avaliando os dados de empregos e inflação ao decidir se reduzirá as taxas, inclusive em sua próxima reunião, em 16 e 17 de setembro. “No entanto, com a política (monetária) em território restritivo, a perspectiva básica e o equilíbrio variável dos riscos podem justificar o ajuste de nossa postura política”, acrescentou, um sinal mais direto de que está considerando um corte nas taxas do que ele havia feito em comentários anteriores.
Ainda assim, as declarações de Powell sugerem que o Fed continuará agindo com cautela nos próximos meses e tomará suas decisões sobre as taxas com base na evolução da inflação e do desemprego nos próximos meses. Isso pode frustrar os mercados financeiros, que esperavam sinais mais claros sobre os próximos passos do Fed, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que criticou Powell por não ter reduzido as taxas mais cedo.
Os mercados esperam amplamente um corte nas taxas em setembro. Trump tem repetidamente pedido cortes nas taxas, argumentando que “não há inflação” e dizendo que um corte reduziria os pagamentos de juros do governo sobre sua dívida de US$ 37 trilhões.
Trump e seus aliados intensificaram os ataques ao Fed, incluindo esta semana, quando pediram a renúncia da governadora do Fed, Lisa Cook, depois que um funcionário de Trump alegou que ela poderia ter cometido fraude hipotecária.
Considerações sobre inflação e mercado de trabalho
Em suas declarações, o presidente do Fed ressaltou que as tarifas estão elevando a inflação e podem empurrá-la para cima nos próximos meses. Ele também sugeriu que o mercado de trabalho não está claramente enfraquecendo de uma forma que levaria o Fed a reduzir os custos dos empréstimos, o que pode impulsionar o crescimento e a contratação.
“Os efeitos das tarifas sobre os preços ao consumidor agora são claramente visíveis. Esperamos que esses efeitos se acumulem nos próximos meses, com alta incerteza sobre o momento e os valores”, disse Powell.
A inflação subiu nos últimos meses, embora esteja abaixo do pico de 9,1% atingido há três anos. As tarifas não estimularam a inflação tanto quanto alguns economistas temiam, mas estão começando a elevar os preços de bens importados, como móveis, brinquedos e sapatos.
Os preços ao consumidor subiram 2,7% em julho em relação ao ano anterior, acima da meta de 2% do Fed. Excluindo as categorias voláteis de alimentos e energia, os preços básicos subiram 3,1%.
Em relação ao mercado de trabalho, Powell observou que, mesmo com a contratação tendo desacelerado drasticamente este ano, a taxa de desemprego permanece baixa. Ele acrescentou que, com a imigração caindo drasticamente, são necessários menos empregos para manter o desemprego sob controle.
No entanto, com a contratação lenta, os riscos de uma recessão mais acentuada, com aumento das demissões, aumentaram, disse Powell.
O Estado de S.Paulo - SP 25/08/2025
Estudo apresentado no simpósio de Jackson Hole alerta para o risco de um novo surto de aumento da inflação nos Estados Unidos minar a credibilidade do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A análise vem à tona em meio aos dados conflitantes da economia americana e que desafiam os dirigentes da autoridade monetária no momento de decidir para onde vão os juros no país.
Os autores do estudo se debruçaram sobre o papel da regra de Taylor, proposta pelo economista John B. Taylor em 1993. Trata-se de um princípio da política macroeconômica que sugere como os bancos centrais devem ajustar suas taxas de juros de acordo com a inflação e a atividade econômica.
Os economistas Emi Nakamura, Venance Riblier, Jon Steinsson, da Universidade de Berkeley, avaliam que desvios da regra de Taylor ocorreram com frequência, particularmente nos últimos 20 anos.
“Em muitos casos, as taxas de juros variam menos do que uma resposta de um para um com a inflação por períodos prolongados”, afirmam os autores, no estudo apresentado em Jackson Hole.
Eles abordam três razões pelas quais a política ideal pode não implicar sempre em uma resposta de um para um das taxas de juros à inflação. São elas: o forward guidance, choques correlacionados e “defasagens longas e variáveis”.
“O principal desafio decorrente de tais políticas não é a indeterminação, mas a erosão da credibilidade no combate à inflação e o potencial desancoramento das expectativas de inflação de longo prazo”, avaliam os autores.
Os autores do estudo não mencionam os riscos relacionados às tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, à inflação americana. Mas alertam para a importância da credibilidade do Fed, que tem sido colocado à prova na gestão do republicano, que pressiona por juros mais baixos na maior economia do mundo.
Na visão dos economistas, somente bancos centrais com expectativas de inflação fortemente ancoradas e uma forte credibilidade no combate à inflação podem ser capazes de ignorar choques inflacionários.
Durante a covid-19, a confiança do BC americano possibilitou uma gama mais ampla de ações políticas do que era possível quando a regra de Taylor foi originalmente proposta, afirmam.
“Mas a credibilidade do Fed não é infinita e poderia se esgotar severamente no caso de outro surto de alta inflação”, alertam Nakamura, Riblier e Steinsson, no estudo.
O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, mencionou, em um discurso feito em maio, em evento do Banco do Japão (BoJ, em inglês), a regra de Taylor. Na ocasião, disse que, pelo princípio, o certo seria elevar as taxas em 2025 para combater aumentos de preços causados pelas tarifas de Trump.
“Tudo o que importa é que a inflação suba mais rápido do que o desemprego. Se essa condição for atendida, as taxas devem subir”, afirmou Kashkari, na ocasião. “Ignorar a inflação tarifária simplesmente não é uma opção para regras de política estritas”, acrescentou.
Para Kashkari, regras simples de política monetária são “atraentes”, mas podem levar a recomendações “absurdas” quando grandes disrupções atingem a economia, a exemplo da covid-19.
O Estado de S.Paulo - SP 25/08/2025
As medidas tomadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu segundo mandato não têm paralelo na história americana, avalia o professor de Relações Internacionais na Science Po Paris, Gabriel Petrus, ex-diretor da Câmara de Comércio Internacional (ICC).
Segundo o pesquisador, as sobretaxas impostas por Trump colocam o país em uma crise de reputação no comércio que se assemelha à vivida pela China do início dos anos 2000.
“O tarifaço é uma das decisões mais anticapitalistas que pudemos testemunhar na história dos Estados Unidos. Me lembro que há 20 anos se falava das dificuldades de se negociar com a China, pela falta de confiança em contratos. Agora, os papéis se inverteram. Os chineses ganharam reputação, e os EUA, perderam”, afirmou Petrus.
Segundo ele, o mundo vai se reorganizar do tarifaço mais rapidamente do que os EUA imaginam. Isso porque o setor de serviços hoje é mais forte do que o industrial, há novas ferramentas de inteligência artificial para abrir mercados e 82% do comércio internacional não passa pelos EUA.
“Trump não vai conseguir o que quer, que é reindustrializar os EUA, gerar empregos e aumentar a arrecadação. E o mundo vai se reorganizar (do tarifaço) mais rápido do que se imagina”, disse.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Qual a sua avaliação sobre o tarifaço americano?
É uma das decisões mais anticapitalistas que pudemos testemunhar na história dos Estados Unidos. Me lembro que há 20 anos se falava das dificuldades de se negociar com a China, pela falta de confiança em contratos. Agora, os papéis se inverteram. Os chineses ganharam reputação, e os EUA, perderam. Os EUA eram o maior promotor do comércio livre no mundo e, hoje, se tornam o país que tem minado o comércio internacional.
A China virou parceiro confiável e os Estados Unidos deixou de ser?
Esse é o inacreditável mundo novo em que estamos vivendo. Os Estados Unidos parecem aquele menino mimado que pega a bola de futebol e fala: “se não for nas minhas regras, a gente não joga”. Então, é muito difícil jogar o jogo nessas condições. A gente vai procurar outros parceiros, outros amigos.
E os efeitos sobre o Brasil?
O Brasil vai sofrer as consequências; mas, em geral, é uma decisão que, no fim das contas, prejudica mais a economia americana. O Brasil tem déficit comercial com os EUA, e o tarifaço encarece o custo de vida para a população dos EUA. O Brasil vai se readaptar, tem uma certa versatilidade sobre os seus parceiros comerciais e hoje a gente vê o mundo com aumento do interesse por negociações regionais.
O tarifaço veio com uma lista de exceções. O quanto isso enfraquece as medidas?
Foi um recuo razoável, mas o impacto para o Brasil ainda será muito grande. São setores campeões no Brasil. A lógica das exceções é não ter substituto para eles comprarem, a impossibilidade de substituir esses produtos - o que não mostra uma abertura de negociação. Estamos longe de um momento de sentar à mesa; ainda é momento de muita tensão e baixa racionalidade econômica, porque encarece o custo de vida nos EUA e pode tirar empregos nas indústrias.
Os EUA estão usando a lei Magnitsky contra o Brasil. Como enxerga o uso desse instrumento?
A lei tem uma aplicação neste caso bastante fora de contexto. Não haveria razão para isso. É uma questão até da Justiça dos EUA, que possivelmente vai ter que responder pela legalidade desse ato. O que tenho ouvido de colegas americanos é que isso pode comprometer o próprio Trump politicamente, gerar maiores questionamentos no Congresso, mesmo tendo maioria. Parece abuso de autoridade, de uma lei que foi criada para responder a outras questões, como ameaça à segurança nacional. Não me parece que o fato de o Brasil ter um poder judiciário independente, que julga através de seus atores, seja motivo para aplicar a lei.
Muita gente reclama que Lula não ligou para Trump. Qual sua avaliação sobre o comportamento do governo brasileiro?
O governo brasileiro tem agido em um contexto muito inusitado. Na Europa, também está sendo muito difícil tomar decisões. O acordo com a União Europeia é uma negociação de mais de seis meses. O mal-estar que essa diplomacia anticapitalista dos EUA traz hoje com esses decisões colocam os EUA como uma das economias mais anticapitalistas do mundo em relação a planejamento econômico, e entre as mais fechadas, certamente. Parece que esse quadro de excepcionalidade tornou difícil para o governo brasileiro encontrar um caminho correto de negociação.
O Brasil deve retaliar?
Houve outros contenciosos comerciais em que o Brasil ameaçou a economia americana, há cerca de 20 anos, como no caso do álcool, e o Brasil não retaliou. O projeto de decreto de retaliação cruzada foi usado como um instrumento de barganha na negociação. Acredito que estamos assistindo a um roteiro muito parecido, de chegar na linha do gol para retaliar, e não retaliar.
Quais os riscos da retaliação cruzada?
Teria efeitos nefastos para a economia brasileira, por conta de o Brasil depender de produtos, principalmente de tecnologia dos EUA. Uma empresa de manufatura em SP pagar mais por um serviços de nuvem, por exemplo, de dados não é bom para a economia brasileira.
A OMC tem sido criticada pela sua inoperância. Ela perdeu totalmente a força?
É uma OMC que já está há anos fragilizada, desde o momento em que os EUA deixaram de indicar juízes para a Corte superior de avaliação de conflitos comerciais. Ela deveria ser o foco privilegiado para discussões de contenciosos comerciais, mas acredito que as eventuais resoluções desse conflito vão se dar pela via bilateral, e não mais pelo quadro multilateral da OMC. Pelo menos até que o presidente dos EUA seja Donald Trump.
Os países não poderiam tentar uma resposta em conjunto? Por que isso não acontece?
Falta coordenação. Não me parece que haja uma comunicação ente eles. Talvez seja uma questão de estratégia não fazer, porque os países estão muito ocupados hoje consultando os seus próprios setores, os porta-vozes dos setores que têm sido afetados, para entender qual é a melhor forma de responder a esse xadrez. Como a economia global é extremamente complexa, uma resposta única seria muito complexa também.
Mas existem negociações bilaterais acontecendo...
Um grande ponto de interrogação é a velocidade com que as empresas afetadas vão buscar novos mercados. Se elas conseguirem se reposicionar junto a outros países, o poder de barganha dos Estados Unidos diminui de forma importante. É bom lembrar que os Estados Unidos respondem por menos de 18% do comércio mundial, que a gente está falando de 82% do comércio mundial que não passa pelos Estados Unidos, ainda que em dólar.
O Ocidente fez um bloqueio à Rússia, mas eles conseguiram encontrar novos caminhos. Isso pode se repetir agora?
Eu acho que sim. Com a tecnologia, o acesso aos novos mercados é muito mais fácil do que há 20 anos. As pessoas podem, com ferramentas de inteligência artificial, localizar potenciais compradores para as suas mercadorias. Hoje menos de 8% dos trabalhadores americanos estão na indústria. Isso nos diz que a maior parte da economia americana se voltou para a área de serviços, que é totalmente digitalizada. Se esse tipo de decisão ocorresse nos anos 60, os impactos seriam muito maiores para a economia mundial.
O mundo vai se reorganizar (do tarifaço) mais rápido do que se imagina. Os efeitos que Trump espera não vão ocorrer
Quanto tempo vai levar para que Trump entenda que essa medida não vai surtir o efeito que ele espera?
O mundo vai se reorganizar (do tarifaço) mais rápido do que se imagina. Os efeitos que Trump espera não vão ocorrer.
Quais são?
Reindustrializar, gerar empregos a arrecadar mais. Hoje, a economia americana é forte em serviços, não vai se tornar industrial com o tarifaço. E o imposto de importação tem foco em regulação, não em arrecadação. Por isso a decisão de Trump é totalmente anticapitalista e antieconômica. Ela não tem fundo econômico nenhum. O único sinal que ele dá é que a economia americana está se fechando.
Quais impactos sobre a economia americana?
Se os americanos se fecharem dessa forma, a inflação vai aumentar, e a empregabilidade vai ser afetada. O tarifaço vai provocar efeitos negativos em menos de seis meses.
Tão rápido?
É só você olhar o indicador de investimento direto nos Estados Unidos, que diminuiu drasticamente nos últimos meses. A gente tem visto um ambiente de instabilidade política e econômica nos Estados Unidos em que os investidores não querem mais anunciar novos investimentos.
Em que posição os Estados Unidos estariam hoje em termos de abertura econômica?
Eu acho que estariam lá atrás. Vão estar junto de quem? Coreia do Norte, Cuba, Venezuela. Não longe de economias fechadas que sofrem sanções dos próprio americanos.
Money Times - SP 25/08/2025
O protecionismo dos Estados Unidos está minando a cooperação agrícola com a China, disse o embaixador chinês em Washington, alertando que os agricultores não devem arcar com o preço da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
“Não é preciso dizer que o protecionismo é desenfreado, lançando uma sombra sobre a cooperação agrícola entre China e EUA”, disse Xie Feng, de acordo com a transcrição de um discurso publicado pela embaixada chinesa no sábado.
A agricultura surgiu como um grande ponto de discórdia entre a China e os EUA, já que as superpotências estão envolvidas em uma guerra tarifária lançada pelo presidente Donald Trump.
Em março, a China impôs taxas de até 15% sobre US$ 21 bilhões em produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos em retaliação às tarifas abrangentes dos EUA. Washington e Pequim estenderam neste mês uma trégua por 90 dias, evitando tarifas de três dígitos sobre os produtos um do outro.
As exportações agrícolas dos EUA para a China caíram 53% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período em 2024, com um declínio de 51% na soja, disse Xie em discurso em um evento da indústria da soja em Washington na sexta-feira.
“Os agricultores norte-americanos, assim como seus pares chineses, são trabalhadores e humildes”, disse Xie. “A agricultura não deve ser sequestrada pela política, e os agricultores não devem ser obrigados a pagar o preço de uma guerra comercial.”
Xie afirmou que a agricultura é uma área promissora de cooperação e um “pilar das relações bilaterais”. A China tem uma vantagem comparativa em produtos intensivos em mão de obra, enquanto os EUA se destacam em commodities a granel com uso intensivo de terra, por meio da produção mecanizada em larga escala, afirmou.
No mês passado, a Secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, disse que Washington restringiria as compras de terras agrícolas por “adversários estrangeiros”, incluindo a China.
O Departamento de Agricultura informou que demitiu 70 pesquisadores estrangeiros contratados após uma revisão de segurança nacional destinada a proteger o fornecimento de alimentos dos EUA de adversários como China, Rússia, Coreia do Norte e Irã.
Xie desconsiderou as preocupações dos EUA. “Os investidores chineses detêm menos de 0,03% das terras agrícolas dos EUA, então de onde vem a alegação de ‘ameaçar a segurança alimentar dos EUA’?”, disse ele, chamando as restrições norte-americanas de “manipulação política”.
Exportadores de soja dos EUA correm o risco de perder bilhões de dólares em vendas para a China neste ano, já que as negociações comerciais se arrastam e compradores do maior importador de oleaginosas garantem cargas do Brasil para embarque durante a importante temporada de comercialização nos EUA, dizem operadores.
Infomoney - SP 25/08/2025
Os futuros do minério de ferro caíram nesta sexta-feira, estendendo as perdas em base semanal para a segunda semana consecutiva, já que o aumento da produção de aço na China pressionou as margens das siderúrgicas e os custos dos insumos.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China recuou 0,71%, a 770 iuanes (US$107,25) a tonelada. O índice caiu 0,97% esta semana.
O minério de ferro de referência de setembro na Bolsa de Cingapura perdeu 0,71%, a US$100,45 a tonelada, com baixa acumulada de 1,42% até agora nesta semana.
“Novos dados semanais divulgados na quinta-feira indicaram que algumas usinas siderúrgicas começaram a aumentar a produção de determinados produtos, em linha com as tendências que observamos nas últimas duas semanas usando imagens e leituras térmicas diárias de satélite”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities em Cingapura.
Como resultado, a produção de aço relativamente maior em um ambiente de demanda fraca pressiona para baixo as margens do aço e os custos dos insumos, incluindo o minério de ferro, acrescentou Atilla.
Enquanto isso, os estoques totais de minério de ferro nos portos da China aumentaram 0,2% em relação à semana anterior, para 138,5 milhões de toneladas em 21 de agosto, de acordo com dados da Mysteel, pressionando ainda mais os preços.
Em paralelo, a China solicitou consultas de disputa na Organização Mundial do Comércio sobre as sobretaxas e cotas do Canadá sobre produtos de aço e alumínio.
Isso ocorre após o anúncio do primeiro-ministro canadense, Mark Carney, no mês passado, de uma tarifa de 25% sobre as importações de aço de qualquer país que contenha aço derretido e derramado na China antes do final de julho, como parte dos esforços para proteger a indústria siderúrgica doméstica do Canadá.
Veja - SP 25/08/2025
As vendas financiadas de veículos no Brasil totalizaram 639 mil unidades em julho deste ano, entre novos e usados, de acordo com dados da B3. O número, que inclui autos leves, pesados e motos em todo o país, representa uma alta de 2,1% na comparação com o mesmo período de 2024. Em relação a junho de 2025, aumento foi de 14,2%.
No segmento de autos leves, houve queda de 1,9% ante julho de 2024. Comparado a julho de 2025, o saldo foi 16,6% maior. Já o financiamento de motos cresceu 8,5% em relação a junho de 2025, e 17,9% em relação a julho de 2024. O número de financiamentos de veículos pesados no mês passado foi 3,6% menor do que em julho de 2024, e 11.5% superior a junho de 2025.
No acumulado do ano de 2025, até o mês de julho, as vendas de veículos financiadas somaram 4 047 mil unidades, entre novas e usadas, incluindo motos, autos leves e pesados. Esse número apresentou uma queda 0,3% em relação ao ano de 2024, o equivalente a 11 mil unidades financiadas a menos.
O Estado de S.Paulo - SP 25/08/2025
A Volkswagen atingiu recentemente um marco histórico no Brasil: 26 milhões de veículos produzidos desde o início de suas operações no país, em 1953. A marca alemã segue como a maior montadora nacional, responsável sozinha por 26% das 100 milhões de unidades fabricadas pelo setor automotivo brasileiro.
O volume simbólico foi alcançado com a fabricação de um Polo, modelo que liderou as vendas entre abril e julho de 2025 e que hoje ocupa a segunda posição no ranking anual, atrás apenas da Fiat Strada.
Esse desempenho reforça a liderança da Volkswagen na produção de automóveis no Brasil. Para efeito de comparação, a Chevrolet, que celebrou seu centenário no país, soma pouco menos de 20 milhões de veículos produzidos, enquanto a Fiat contabiliza aproximadamente 18 milhões.
Volkswagen mantém quatro fábricas no Brasil
Prestes a completar 66 anos de atividades no Brasil, a Volkswagen mantém quatro unidades fabris: São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP), São Carlos (SP) e São José dos Pinhais (PR). Cada uma delas contribuiu significativamente para o resultado:
Anchieta (São Bernardo do Campo): 14,9 milhões de veículos;Taubaté: 7,9 milhões de veículos;Curitiba: 3,2 milhões de veículos;São Carlos: 14,3 milhões de motores
Ao longo de sua trajetória no Brasil, o carro mais produzido pela montadora foi o Gol, com mais de 8,5 milhões de exemplares. O modelo foi o campeão absoluto de vendas por 27 anos consecutivos, entre 1987 e 2014. Na segunda posição aparece o clássico Fusca, com 3 milhões de unidades e liderança de mercado durante 24 anos seguidos, de 1959 a 1982. Em terceiro lugar está a dupla Fox e CrossFox, que juntos somam cerca de 2,1 milhões.
Ranking dos modelos mais produzidos pela Volkswagen no Brasil:
Gol: 8,5 milhões
Fusca: 3 milhões
Fox + CrossFox: 2,1 milhões
Saveiro: 1,7 milhão
Kombi: 1,5 milhão
Voyage: 1,5 milhão
Polo: 1 milhão
Brasília: 950 mil
Parati: 912 mil
T-Cross: 553 mil
Golf: 550 mil
InfraRoi - SP 25/08/2025
A GWM Hydrogen vai começar testes no Brasil de seu caminhão movido a hidrogênio. A iniciativa faz parte da estratégia da marca para criar um ecossistema de hidrogênio no Brasil, com parcerias estratégicas e soluções adaptadas à realidade do País. O veículo desembarcou no Porto de Santos (SP) e seguiu para a fábrica da GWM em Iracemápolis (SP), onde passará por inspeções e validações antes de iniciar seus testes de rodagem.
A tecnologia do caminhão foi desenvolvida pela FTXT, subsidiária da GWM na China responsável pelo desenvolvimento de tecnologias de célula de combustível e componentes para o hidrogênio. Durante este mês de agosto, a equipe de engenharia de produto da montadora, em parceria com especialistas vindos da China, dará início à inspeção técnica do caminhão, com foco inicial na verificação da integridade e desempenho da bateria elétrica.
A GWM explica que veículos com célula de combustível são, na essência, elétricos, pois trabalham em conjunto com a bateria para garantir mais desempenho, segurança e autonomia. Por isso, antes de entrar em operação, passam por validações específicas da bateria e, na sequência, pelos testes da célula de combustível — que utiliza hidrogênio como vetor energético. O ponto positivo é que a reação com o oxigênio gera eletricidade e, como subproduto, apenas vapor de água (H2O).
O veículo conta com uma bateria de 105 kWh e um conjunto de cilindros com capacidade para 40 kg de hidrogênio, que alimentam as células de combustível para gerar eletricidade. O sistema também permite recuperação de energia em desacelerações e frenagens, como em descidas de serra.
Fase de testes
Os primeiros testes com o sistema de hidrogênio estão programados para setembro, em parceria com universidades brasileiras, incluindo a Universidade de São Paulo (USP), que já conta com infraestrutura para abastecimento a partir do etanol, tecnologia desenvolvida no Brasil para produzir hidrogênio de baixo carbono.
Inicialmente, os testes terão caráter essencialmente de pesquisa e desenvolvimento, com foco na transferência de conhecimento para as equipes brasileiras e na colaboração com centros de pesquisa e universidades.
Antes de iniciar a rodagem em vias públicas, o veículo passará por avaliações de suspensão, desempenho e segurança em pistas de prova no interior de São Paulo. Inicialmente, a operação será feita sem carga, evoluindo gradualmente para condições reais de transporte. O objetivo é coletar dados sobre hábitos de condução no Brasil e entender como temperatura, altitude, tipo de pavimento e condições de rodagem influenciam a eficiência do sistema.
Após essa primeira fase, o caminhão será testado em infraestruturas de abastecimento com diferentes fontes de hidrogênio: seja eletrolítico (ou hidrogênio verde) ou hidrogênio da reforma do etanol. Em um terceiro momento, a GWM fará uma avaliação econômico-financeira para estimar a viabilidade comercial da tecnologia no país.
GWM fez parcerias com governos para incentivar desenvolvimento de caminhões movidos a hidrogênio
Os testes no Brasil fazem parte dos esforços de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da GWM dentro do Programa MOVER, do Governo Federal, e se alinham ao plano global da companhia de neutralizar suas emissões de carbono até 2045.
O projeto é fruto de um memorando de entendimento (MoU) assinado em 2023 com o Governo do Estado de São Paulo, que teve como objetivo estudar a viabilidade da tecnologia no Brasil. Em 2024, a GWM mapeou cinco projetos em estágio avançado de maturidade para infraestrutura de abastecimento, o que permitiu avançar para a fase de testes.
Além disso, em novembro de 2024, a GWM Hydrogen firmou um acordo com o Governo de Minas Gerais e a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) para desenvolver caminhões movidos a hidrogênio verde. A parceria prevê fornecimento de hidrogênio pela Unifei, intercâmbio de conhecimento e criação de infraestrutura de abastecimento no estado.
Valor - SP 25/08/2025
A joint venture de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) entre Sony Group e Honda Motor foi processada por um grupo comercial da Califórnia que representa concessionárias de automóveis, alegando que vender carros diretamente aos consumidores é ilegal no estado.
A California New Car Dealers Association anunciou na sexta-feira que a ação foi registrada no Tribunal Superior do Condado de Los Angeles contra Sony Honda Mobility, Sony Honda Mobility of America e American Honda Motor.
Os membros da associação incluem concessionárias que vendem carros japoneses, como Honda e a linha de luxo Acura.
A Sony Honda Mobility, que deve iniciar a entrega do seu EV Afeela 1 no próximo ano, vê o marketing direto ao consumidor online como um canal de vendas central.
A associação afirma que a Sony Honda Mobility é uma afiliada da Honda, colocando a empresa em violação de uma lei estadual que proíbe fabricantes de automóveis de usar marcas afiliadas para competir com suas próprias concessionárias licenciadas.
O processo busca a interrupção das vendas diretas de veículos elétricos, além de indenizações.
A Sony Honda Mobility não respondeu a pedidos de comentário.
De acordo com a lei da Califórnia, uma emenda que entrou em vigor no ano passado exige que fabricantes que lancem novas marcas vendam por meio de uma rede de concessionárias nova ou existente.
Se a Sony Honda Mobility of America é considerada afiliada da American Honda Motor provavelmente será um ponto central da disputa.
IstoÉ Dinheiro - SP 25/08/2025
Promessa do governo Lula para ajudar a população de classe média a comprar a casa própria, a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida (MCMV) foi lançada em maio, mas ainda não deslanchou, conforme números do setor obtidos em primeirão mão pelo Estadão/Broadcast. A expectativa de governo e construtoras é que o novo segmento ganhe tração ao longo dos próximos meses, mas, enquanto isso, começam a surgir algumas conversas em torno de possíveis ajustes para acelerar os negócios.
A nova faixa entrou em vigor em maio. Desde então, a Caixa Econômica Federal acumula 7 mil contratos assinados, o equivalente a 5,8% da meta de contratação anunciada pelo governo, de 120 mil moradias. Neste momento, o banco tem outros 15 mil contratos na esteira de negociações. Além disso, contabiliza mais de 1 milhão de simulações, o que demonstra um grande interesse da população, avaliou o diretor de crédito imobiliário do banco público, Roberto Ceratto. “O número de simulações é um bom sinal”, disse ele em entrevista à Broadcast.
A faixa 4 é destinada para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil e vale para a compra de moradias de até R$ 500 mil. A grande vantagem é o financiamento de até 420 meses com taxa de juro subsidiada, de apenas 10% ao ano, ao contrário dos negócios fora do programa, em que a taxa média está em 13% ao ano. O juro alto é a grande barreira para as famílias comprarem imóveis atualmente, pois encarece a parcela do empréstimo bancário. Com esta iniciativa, o governo tenta recuperar o poder de compra da população.
“Estamos lidando com um público que, até pouco tempo atrás, não tinha opção de mercado por causa dos juros altos. Leva um tempo até as construtoras adaptarem seus projetos e atraírem esse público de volta”, comentou o diretor da Caixa. Ceratto avalia também que, por enquanto, é cedo para falar em ajustes na nova faixa do programa habitacional. “A faixa 4 está andando e vai crescer mais nos próximos meses. Agora é preciso dar segurança e continuidade ao projeto.”
Já o vice-presidente de Habitação de Interesse Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Clausens Duarte, disse nesta segunda-feira, 18, em entrevista coletiva, que a evolução da faixa 4 está abaixo da esperada desde maio, uma vez que o governo previa contratar 120 mil moradias até o fim do ano que vem, o que apontaria para um média próxima de 10 mil contratações por mês. “Então, está abaixo da curva esperada”, citou.
Uma das razões para isso é que faltam casas e apartamentos novos para se enquadrar no segmento. “A nova faixa foi uma surpresa positiva, mas o setor não estava preparado. O volume de oferta para essa faixa estava reduzido”, ponderou Duarte. “O setor recebeu de forma positiva e agora está trabalhado no desenvolvimento de produtos. A expectativa é que os lançamento e as vendas neste segmento aumentem ao longo dos próximos 12 meses”, disse. Enquanto isso, as contratações estão concentradas nos imóveis usados e em apartamentos novos de empreendimentos já lançados, que estão sendo encaixados no programa.
O representante da CBIC acrescentou à Broadcast que o financiamento para as construtoras na faixa 4 do MCMV começou a rodar, mas com recursos de tesouraria (ou seja, sem juro subsidiado, como acontece para os compradores). E por conta disso, ainda não se tornou muito atrativo para os empresários. Segundo Duarte, há uma conversa com o governo em torno da viabilização de uma fonte de recursos com custo mais competitivo para financiar a produção para essa faixa. “O governo estuda flexibilizar financiamento para pessoa jurídica na faixa 4 do MCMV para acelerar lançamentos”, afirmou.
Ao todo, a faixa 4 conta com orçamento de R$ 30 bilhões, sendo que metade sai do fundo social do pré-sal e a outra metade de recursos de tesouraria da própria Caixa. “Vamos avaliar como será o comportamento desse orçamento ao longo das próximas semanas. Nossa expectativa é que tudo seja consumido até o fim de 2026”, disse, em entrevista, o diretor do Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Daniel Sigelmann. “É natural o programa começar mais lento e depois acelerar”, emendou, acrescentando não ter conhecimento de mudança nos parâmetros no momento. “É muito cedo para isso”, opinou.
Visão das construtoras
O presidente da Direcional, Ricardo Ribeiro, acredita que a recém-criada faixa poderia ser submetida a adequações por parte do governo, tendo em vista que o orçamento para o segmento tem sido consumido em ritmo mais lento que o programado. “O governo deve olhar com lupa o consumo de recursos da faixa 4. Se estiver mais lento, acredito que pode ter algum tipo de ajuste”, declarou, durante teleconferência na última semana. Caso haja qualquer tipo de ajuste, creio que seria positivo para o incremento do affordability (poder de compra)”, disse o executivo.
O diretor financeiro e de relações com investidores da MRV&CO, Ricardo Paixão, disse considerar normal que o ritmo de contratações do mercado esteja andando mais lentamente neste momento. “Para nós, está indo muito bem. Mas é normal levar um tempo para o público e os times de vendas se adaptarem.” Neste momento, a MRV&CO está vendendo unidades de empreendimentos já lançados, cujos preços estavam acima da faixa 3 (que vai até R$ 350 mil).
O Estado de S.Paulo - SP 25/08/2025
O efeito do juro alto está começando a pesar no setor de construção civil, que deve crescer menos do que o previsto este ano. O Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV) reduziram a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da construção no ano de 3% para 2,2%.
Para 2025, já era esperado que o setor tivesse um crescimento menor do que em 2024, quando a expansão foi de 4,3%. Mas o juro alto por um período prolongado tem causado uma pressão mais forte que a prevista sobre o nível de atividade, apontou a coordenadora de estudos da construção da FGV, Ana Maria Castelo.
“Já esperávamos uma desaceleração, mas pode estar vindo algo maior que o previsto”, disse ela à Coluna. “Os indicadores ainda estão bons. O setor da construção vai crescer. Mas estamos vendo um processo de acomodação”, comentou.
Venda de material perde fôlego
Essa perda de fôlego foi percebida no consumo de materiais de construção. O faturamento da indústria de materiais caiu 2,7% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado de 2025, o crescimento está em apenas 1,1%.
“O consumo de materiais para obras e reformas começou o ano forte, mas está passando por uma inflexão nos últimos meses”, disse Castelo, lembrando que a venda desses itens têm uma forte dependência de financiamentos ou cartão de crédito.
Outro indicativo apontado por Castelo é a redução no ritmo de contratação pelas construtoras, a despeito do volume elevado de novos projetos anunciados nos meses anteriores. “O mercado de trabalho está desacelerando. O que está por trás disso pode ser a decisão do empresário em adiar o início das obras”, observou. Um grande problema para o setor tem sido o juro alto para financiamento da produção.
Desaceleração reflete a economia do País
O recuo das previsões de crescimento do PIB da construção reflete também o desaquecimento da economia brasileira como um todo. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) está mostrando uma alta de 3,9% nos 12 meses encerrados em junho, uma desaceleração frente ao mesmo período até maio, quando a alta era de 4,04%. O indicador mostra que os diferentes setores produtivos estão sentindo o efeito do juro alto, fruto da política monetária contracionista do Banco Central.
O vice-presidente de Economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, reiterou a preocupação da classe empresarial com o equilíbrio das contas públicas no Brasil, que levantam incertezas sobre a esperada queda dos juros nos próximos meses.
“Nosso equilíbrio fiscal causa mais preocupação do que cenário externo. Estamos com uma taxa de juros muito alta, há muito tempo, e só agora a inflação está começando a ceder, mas ainda está elevada, com os juros penalizando muito as famílias e empresas”, afirmou Zaidan, alertando sobre consequências para a economia brasileira.
Infomoney - SP 25/08/2025
O financiamento à construção de imóveis, tradicionalmente bancado pela poupança, está passando por uma mudança estrutural. Com a retração dos depósitos e a maior seletividade dos bancos, o mercado de capitais vem ocupando espaço como alternativa de funding para incorporadoras. Gestoras e fundos imobiliários se posicionam para atender essa demanda, especialmente em projetos residenciais de médio e alto padrão nas regiões mais valorizadas de São Paulo.
“Esse principal funding da poupança, que sempre foi direcionado à construção, agora está cada vez mais restrito a um grupo seleto de incorporadoras. A régua dos bancos subiu. Essa lacuna vem sendo absorvida pelo mercado de capitais, e nós, na Kinea, nos preparamos para oferecer esse financiamento”, explica Guilherme Coutinho, sócio da área de CRIs da Kinea.
Segundo ele, fora do Minha Casa Minha Vida, essa demanda pelo financiamento através do mercado de capitais, existe para todos os segmentos, seja o médio padrão ao alto. “Naturalmente a gente está super aberto, temos interesse em financiar, em especial, o alto padrão, só que ao olhar a ‘pizza de mercado’, onde existe mais profundidade não é no alto padrão”, diz.
Essa mesma leitura é feita por outras casas. Para Danilo Monteiro, diretor da CBRE, a pressão sobre o funding tradicional — poupança e FGTS — abriu espaço para os fundos. “Nos últimos anos, tivemos recordes de lançamentos, mas também juros em alta e fuga de recursos. Hoje, os instrumentos do mercado de capitais já representam entre 40% a 45% do volume total de funding imobiliário. Só em fundos de incorporação de tijolo, chegamos a aproximadamente R$ 1,8 bilhão até agosto deste ano.”
Ele pontua que o mercado de capitais deve ser cada vez mais acessado principalmente pelo nicho de médio e médio-alto padrão, onde o recurso se mostra mais necessário e com maior potencial de expansão.
Por sua vez, Gustavo Rassi, da Cy Capital, controlada pela Cyrela, aponta que essa competição de crédito ganhou força recentemente. “Os bancos continuam sendo os maiores players do mercado imobiliário, mas com menos dinheiro da poupança disponível, passamos a ser muito mais competitivos do que éramos dois ou três anos atrás. Hoje, temos muito mais incorporadoras nos procurando.”
Fundos ganham protagonismo nos lançamentos
Além da oferta de crédito, os fundos começam a atuar de forma mais próxima na estruturação dos projetos. Fernanda Rosalem, head de investimentos da Paladin, destaca o ganho de previsibilidade que essa parceria traz.
“Quando um projeto tem um fundo como parceiro, há menor risco de execução e mais liquidez durante a obra, para cobrir terreno, custos e despesas comerciais. Isso permite manter o cronograma físico-financeiro e até contribuir na escolha de construtoras mais sólidas”, pontua.
A Paladin tem um FII, em parceria com a Hedge, que desenvolve quatro prédios boutique, na Paulista, nos Jardins, em Pinheiros e no Itaim Bibi, todos bairros de São Paulo (SP).
Coutinho, da Kinea, lembra que o modelo de captação pode variar. Há incorporadoras que buscam o financiamento logo após o lançamento, quando já existe material de venda e um termômetro de demanda. Outras tentam garantir a participação do fundo antes mesmo do lançamento, que condicionam os aportes a métricas de performance, como percentual mínimo de vendas nos primeiros seis meses ou avanço da obra entre 10% e 20%.
“Os fundos que atuam como credores avaliam as premissas de custo, de vendas e o estoque que garante a cobertura do saldo do financiamento. Já os fundos que atuam mais próximos da incorporação, comprando terrenos ou entrando como sócios, têm equipes especializadas quase como incorporadoras”, acrescenta Monteiro, da CBRE.
Rassi reforça que, nesse movimento, a escolha do parceiro é decisiva. “Nosso maior filtro é com quais incorporadoras queremos nos relacionar. Uma vez superado esse crivo, somos mais hands-off. Deixamos o incorporador fazer o que sabe, mas garantimos o funding necessário via CRI ou equity.”
Para os gestores, a tendência é que fundos de desenvolvimento e crédito tenham participação cada vez maior no financiamento de obras de médio e alto padrão no imobiliário, em especial nas regiões da capital paulista.
Globo Online - RJ 25/08/2025
O Brasil patina diante do potencial do setor ferroviário. Enquanto a incerteza persiste, perdemos mais do que trilhos. Perdemos competitividade, talentos, tempo e direção.
Ao longo dos últimos anos, a combinação de instabilidade econômica e planos de governo inconclusos coloca a ferrovia numa espécie de espera permanente. São projetos que não saem do papel, investimentos paralisados no meio do trajeto e uma formação técnica que se perde nos desvios do caminho. Enquanto isso, o mundo segue em movimento, investindo em expansão e tecnologia ferroviária como estratégia de desenvolvimento econômico e social.
Talvez passe despercebido que perdemos gente. Técnicos qualificados, engenheiros experientes, jovens promissores que optam por setores mais estáveis ou simplesmente por outros países. Num setor que exige conhecimento acumulado, precisão e confiança, essa perda pesa mais que qualquer oscilação no câmbio.
O paradoxo é evidente: vivemos num país continental, onde a eficiência do transporte de carga e de passageiros poderia ser profundamente transformada pela malha ferroviária. Ainda assim, os projetos chegam aos gabinetes, mas levam décadas para ser concluídos. Temos a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), cujas obras começaram há 14 anos, e até o momento nenhum trecho funciona. A Transnordestina oscila há quase 20 anos, entre obras, paralisações e mudanças de traçados. O projeto da Ferrogrão ainda enfrenta obstáculos jurídicos.
Há uma cultura de ciclos curtos e falta de continuidade. Cada nova gestão recomeça a discussão do ponto zero. O atual Plano Nacional de Ferrovias desperta a mesma dúvida: haverá recursos disponíveis e sistema de garantias para expansão com investimento público-privado?
Para além disso, vemos um cenário de fragilidade fiscal, inflação persistente e desvalorização cambial, que tende a reduzir o apetite dos investidores por projetos de longo prazo, como os de infraestrutura. Tal situação pressiona negativamente os níveis de confiança do empresariado e compromete decisões de investimento, especialmente no setor ferroviário, intensivo em capital e com prazo de retorno longo.
Como integrante da indústria ferroviária nacional, nos preocupam também acordos do atual governo que visam a priorizar o fornecimento externo em grandes projetos de ferrovia. É sempre bom lembrar que o mercado ferroviário brasileiro não sofre de ausência de capacidade, mas de falta de demanda regular e previsível.
Toda essa dinâmica fragmentada mina o interesse de quem poderia se especializar. Como formar mão de obra técnica se os projetos não avançam? Como manter profissionais em campo quando a instabilidade faz parecer que a oportunidade é provisória? Como convencer um jovem a se dedicar a uma área em que o trem parece ser algo antigo, do passado?
É preciso esforço coordenado entre governo, empresas e instituições de ensino para restaurar o valor estratégico da ferrovia. Não há como falar em transição energética e deixar os trilhos de lado. Um trem retira centenas de caminhões das estradas, reduz custos e emissões. É preciso pensar em políticas que garantam continuidade, segurança jurídica e estímulo à formação. Investir em ferrovia é também investir em conhecimento técnico, em engenharia nacional, em permanência.
Trens, por mais modernos que sejam, não se movem sozinhos. Precisam de quem os projete, os opere, os mantenha, acredite neles. No Brasil, essa gente está se tornando rara. Ou viramos o jogo ou veremos os melhores embarcarem noutras direções.
Leilão histórico de canal de acesso ao Porto de Paranaguá será em 22 de outubro
A Tribuna - SP 25/08/2025
O leilão do canal de acesso ao Porto de Paranaguá, no Paraná, está marcado para o dia 22 de outubro, na sede da B3, em São Paulo. Com investimentos de R$ 1 bilhão, a concessão será o primeiro leilão de canal de acesso de um porto público no Brasil, com previsão de ampliar a capacidade operacional e a movimentação portuária do segundo maior porto do país e da América Latina, atrás apenas do Porto de Santos.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (22) pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Na mesma data, também serão leiloados três terminais portuários: RDJ07, no Porto do Rio de Janeiro; POA26, no Porto de Porto Alegre; e TMP Maceió, no Porto de Maceió.
Canal de acesso de Paranaguá
O processo de licitação já foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e encaminhado em junho à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Os critérios definidos para o leilão do canal de Paranaguá servirão de modelo para futuros leilões em portos como Santos (SP), Itajaí (SC), Porto da Bahia e Rio Grande (RS).
Atualmente, o porto recebe 2.600 navios por ano, com destaque para granéis sólidos, como soja e proteína animal. A concessão permitirá a ampliação do calado do canal de 13,5 metros para 15,5 metros, possibilitando a entrada de navios maiores e aumentando a movimentação de cargas. Cada centímetro adicional de profundidade aumenta a capacidade de carga em 60 toneladas por navio, segundo o secretário Nacional de Portos, Alex Ávila.
Além de ampliar a operação portuária, a medida deve impulsionar a economia regional, com reflexos positivos nos municípios próximos e na geração de emprego e renda.
Terminais Portuários
No mesmo dia, os três terminais portuários também serão concedidos:
- RDJ07 (Rio de Janeiro): Receberá R$ 99,4 milhões em estrutura para movimentação de petróleo (carga offshore) com concessão de 25 anos. - POA26 (Porto Alegre): Destinado à movimentação e armazenagem de granéis sólidos, com investimento de R$ 21,1 milhões e concessão de 10 anos. - TMP Maceió (Maceió): Terminal para embarque e desembarque de passageiros, com construção de estacionamento adjacente, investimento de R$ 3,7 milhões e concessão de 25 anos.
O leilão de Paranaguá e dos terminais reforça a estratégia do governo federal de modernizar a infraestrutura portuária, aumentar a eficiência logística e fortalecer o comércio internacional do Brasil.
A Tribuna - SP 25/08/2025
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) deverá publicar portaria autorizando a expansão parcial da poligonal do Porto Organizado de Santos em setembro. A confirmação foi feita pelo ministro Silvio Costa Filho, nesta quinta-feira (21), durante visita ao Porto de Santos.
Costa Filho estava acompanhado do ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, e do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, relator do processo do leilão do túnel Santos-Guarujá na Corte de Contas.
Costa Filho disse que, em princípio, será autorizada uma expansão parcial da área do ativo portuário. “A ideia é que a Secretaria Nacional de Portos encaminhe a documentação para análise do Conjur, a nossa área jurídica, até o dia 30 (de agosto), para que a gente possa, em setembro, estar com a primeira etapa da poligonal autorizada”.
Atualmente, o maior ativo portuário do Brasil tem 7,8 milhões de metros quadrados (m²). A administração portuária quer incorporar 15 áreas localizadas em Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão, que totalizam 12,6 milhões de m².
Se for autorizado integralmente, o cais santista ampliará a sua poligonal para 20,4 milhões de m², o que representa um aumento de 162,4%.
“A partir daí (publicação da primeira portaria), vamos analisar região por região, porque tem as questões ambientais, as questões de propriedade municipal e do Porto, para que a gente possa construir da melhor forma possível e de maneira mais segura juridicamente”, explicou o ministro.
O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, que estava ao lado do ministro, elogiou a iniciativa. “É absolutamente positivo, ainda que seja parcial. Em um segundo momento a gente resolve as demais partes”.
Berços na Alemoa
Na visita, foi assinado um documento que estabelece parceria entre APS e empresas do Porto de Santos para implementar dois novos berços públicos de granéis líquidos na região da Alemoa. O investimento é estimado em cerca de R$ 400 milhões, para ampliação esperada da capacidade em três milhões de toneladas por ano.
Ministros visitam região do túnel imerso
As visitas dos ministros Silvio Costa Filho, Márcio França e Bruno Dantas, ao Cais da Marinha, nesta quinta-feira (21), ratificam o compromisso do Governo Federal em viabilizar o túnel Santos-Guarujá, visitando a área das obras. A licitação internacional, de concessão patrocinada na modalidade de parceria público-privada (PPP), ocorrerá em 5 de setembro, às 16h, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
“Nós esperamos contar com a presença do presidente Lula na B3 para que a gente possa estar batendo o martelo dessa obra em parceria com o Governo do Estado”, declarou Costa Filho.
Relator do processo licitatório no TCU, o ministro Bruno Dantas salientou que “embora seja um túnel que vai passar por baixo do canal de acesso do Porto, ficou acertado entre as autoridades federais e estaduais que ele seria conduzido como uma obra de mobilidade urbana”.
“O túnel é a solução mais definitiva e mais moderna que há no mundo e será aplicado aqui. É preciso que cada um cumpra a sua parte”, pontuou Márcio França referindo-se aos aportes acordados entre o Governo Federal e o Governo de São Paulo que serão injetados na obra.
O presidente do Porto, Anderson Pomini, comemorou: “É um dia histórico, pois o túnel impactará na vida de 80 mil pessoas que cruzam diariamente esse canal, impactará 700 famílias que receberão casas e deixarão as palafitas no Guarujá, impactará na logística e na eficiência do Porto, beneficiando ainda o meio-ambiente”.
A visita marcou também o início da sondagem para serviços de derrocamento (retirada de rochas) no estuário, para aprofundamento do canal de navegação para 16 metros. É um investimento de cerca de R$ 17 milhões, que permitirá ao Porto receber navios maiores e ampliar o período de entrada de navios, sem depender da maré alta.
Megaterminal
A expectativa do ministro Silvio Costa Filho é de que o leilão do Tecon Santos 10 seja em dezembro. “Estamos trabalhando para que o leilão do Tecon 10 ocorra ainda na primeira quinzena de dezembro”. O processo licitatório está no Tribunal de Contas da União (TCU) para análise da proibição de participação imposta pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) às empresas que já têm ativos no Porto. Costa Filho foi questionado sobre uma recomendação técnica do Ministério da Fazenda, divulgada ontem, para que o leilão seja aberto a todos. “Temos que aguardar o Tribunal de Contas da União, (para saber) se há efetivamente concentração do mercado ou não. Eu acho que a judicialização faz parte de qualquer processo, há visões divergentes, mas todo o esforço é para que esse leilão efetivamente aconteça no mês de dezembro”.
Habitação
Do cais da Marinha, no Porto de Santos, as autoridades seguiram de barco para o Guarujá, onde entregaram 73 casas no conjunto habitacional Parque da Montanha, destinadas a famílias que moravam em palafitas, na Margem Esquerda do Porto. “O túnel tem um papel social, que é poder retirar pessoas da palafita para dar uma moradia mais digna. Já entregamos algumas casas em abril e, agora, estamos 73 de 649 unidades. Além disso, essa obra vai valorizar muito Vicente de Carvalho e gerar empregos, inclusive estamos investindo em qualificação para empregar a nossa mão de obra”, afirmou o prefeito de Guarujá, Farid Madi (Podemos).
Portos e Navios - SP 25/08/2025
A Marinha do Brasil vai dar prioridade a estaleiros brasileiros na construção de embarcações para seu programa de reaparelhamento, anunciou na última quinta-feira (21) o vice-almirante Marcelo Silva Gomes, diretor de gestão de programas da Força, em palestra durante a Navalshore 2025. Na ocasião, o militar apresentou o plano de modernização da Esquadra, com destaque para as fragatas da Classe Tamandaré, que estão sendo construídas no TKMS Estaleiro Brasil, em Itajaí, em Santa Catarina.
O oficial informou que uma das embarcações, a Fragata Tamandaré, já passou por testes de mar e está prestes a entrar em operação. Além dela, a Fragata Jerônimo de Albuquerque foi lançada em 8 de agosto e uma terceira já está em construção. Segundo o vice-almirante, o projeto inicial é de construção de quatro embarcações do tipo, que serão entregues até 2029, mas há perspectiva de encomenda de mais quatro.
O projeto de construção das fragatas no Brasil, informou Gomes, em parceria com a Alemanha, foi incluído no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) do governo federal e representa investimento de R$ 4,8 bilhões. Ele disse que, para executá-lo, foram gerados 23 mil empregos e destacou que o empreendimento envolve ainda o desenvolvimento de tecnologia de ponta. “É a primeira vez no Brasil que três fragatas são construídas ao mesmo tempo”, disse.
Além do das fragatas, segundo o vice-almirante, a Marinha do Brasil tem em andamento projetos para a construção do navio polar Almirante Saldanha, orçado em R$ 750 milhões e que vai gerar 15 mil empregos, 10 navios-patrulha, também com recursos do Novo PAC e investimento total de R$ 3,4 bilhões, dois barcos de apoio logístico, por R$ 1,2 bilhão, uma embarcação de instrução para formação de aspirantes da Força e treinamento de oficiais da marinha mercante, ao custo de R$ 150 milhões, e dois navios hidrográficos, por R$ 1,2 bilhão.
Apesar do volume de encomendas já planejadas, o vice-almirante Marcelo Silva Gomes disse que haverá, nos próximos anos, necessidade de construção no Brasil de mais embarcações militares, já que uma parte significativa da Esquadra é de navios antigos que estão perto do limite de seu tempo de uso. E, segundo ele, é preciso investir para ter navios capazes de cumprir a missão da Marinha de defender a costa brasileira e a Amazônia Azul, área de 5,7 milhões de quilômetros quadrados, e os 60 mil quilômetros de rios do país. “Muitos dos nossos navios estão ultrapassados”, informou o militar.
Ele destacou a importância do mar para o Brasil, lembrando que mais de 90% da produção de petróleo do país e 80% da de gás são feitos a partir de instalações marítimas. Além disso, destacou que 95% do comércio exterior brasileiro é realizado por via marítima e que o país tem grande potencial ainda não explorado para desenvolver atividades de turismo e de pesca.
Gomes explicou que reaparelhamento da Esquadra é fundamental para a fiscalização do vasto litoral brasileira e para a repressão a atividades como pesca e pesquisas ilegais no mar territorial do país, além do combate a atos de pirataria e ao tráfico de armas e de drogas. Ele destacou ainda a necessidade de fiscalização para impedir a poluição ambiental e a possibilidade de ações terroristas.
O vice-almirante anunciou ainda que, além da construção de embarcações, a Marinha investe na modernização do sistema de vigilância por radares, com equipamento de última geração. Um deles, para monitoramento da Amazônia Azul, tem capacidade de fiscalização em área de 100 milhas náuticas, correspondente a mais de 160 mil quilômetros, e outro, que será usado no monitoramento da margem equatorial, no Norte do país, terá alcance de 350 milhas, que representam mais de 560 mil quilômetros.
O militar ressaltou ainda que todos esses investimento anunciados ainda são poucos diante da necessidade do Brasil, ainda mais quando se compara a força naval brasileira com a de outros países. “O Brasil tem a nona maior economia do mundo, mas nossa Força é a vigência quinta”, resumiu.
Valor - SP 25/08/2025
Produção do Brasil responde por parte importante do total global da Shell no mundo, cuja meta é de 1,4 milhão de barris de óleo equivalente até a próxima década
A produção da Shell no Brasil está entre 420 mil e 450 mil barris ao dia, em patamar recorde que deverá ser perseguido pela companhia neste ano, disse o CEO da petroleira no país, Cristiano Pinto da Costa, em entrevista nesta sexta-feira (22).
O executivo afirmou que a produção da petroleira está em fase de “ramp-up”, apontando um avanço na comparação com os cerca de 400 mil barris/dia registrados no mesmo período do ano passado.
A Shell é a segunda produtora de petróleo do Brasil, atrás da Petrobras, sua parceira em projetos como o campo de Mero, no pré-sal da Bacia de Santos, onde mais uma plataforma do tipo FPSO entrou em operação em maio.
“Batemos recorde de produção no Brasil”, disse ele, evitando falar em projeções para o ano. “Estamos muito satisfeitos se conseguirmos manter esse patamar entre 420 e 450 mil”, afirmou Costa, em evento do Lide, no Rio de Janeiro.
A produção do Brasil responde por parte importante do total global da Shell no mundo, cuja meta é de 1,4 milhão de barris de óleo equivalente até a próxima década.
A empresa está analisando a participação no leilão do pré-sal marcado para outubro deste ano, acrescentou. “Temos times olhando para o próximo leilão de outubro. Se vamos participar ou não, vamos deixar para o dia do leilão.”
O CEO lembrou que a Shell foi a única empresa privada que esteve em todos os certames de áreas exploratórias de petróleo e gás realizados no Brasil.
A ANP marcou para 22 de outubro o 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP), por meio do qual serão ofertados sete blocos: Jaspe, Citrino, Larimar, Ônix, Itaimbezinho, Ametista e Esmeralda.
CNN Brasil - SP 25/08/2025
O mercado de gás natural brasileiro apresenta sinais de desconcentração de mercado, mostram dados da plataforma Observatório do Gás Natural.
Apesar do crescimento no número de agentes autorizados para operar no setor, os preços do gás continuam altos.
Até agosto, 226 companhias tinham autorização para operar no mercado de gás natural do Brasil. De 2021 a 2024, a participação da Petrobras nos contratos de longo prazo com distribuidoras caiu de 100% para 69%, sinalizando a abertura gradual do setor.
Os dados são do Observatório do Gás Natural, plataforma lançada pelo Movimento Brasil Competitivo e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com apoio do Ministério de Minas e Energia e execução técnica do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Segundo o Observatório do Gás Natural, o número de empresas autorizadas a comercializar gás natural no Brasil cresceu, em média, 15% ao ano. Já os agentes autorizados ao carregamento na malha de transporte aumentaram 19% ao ano.
No mercado livre, o número de consumidores — grandes empresas que compram gás diretamente, sem intermediários — cresce em média 70% ao ano.
Na avaliação do Observatório do Gás Natural, embora a abertura do setor tenha registrado avanços, grande parte das empresas autorizadas ainda não atua efetivamente devido a limitações operacionais, falta de escala e entraves regulatórios, principalmente em nível estadual.
Para Rogério Caiuby, conselheiro executivo do Movimento Brasil Competitivo, o mercado permanece concentrado e restrito a grandes consumidores industriais, que detêm maior capacidade de negociação e infraestrutura própria.
“Ainda que haja crescimento no número de agentes, a concorrência real não se concretizou [...]. As barreiras são regulatórias, operacionais e comerciais”, diz.
Impacto nos preços
De acordo com o Observatório do Gás Natural, as principais barreiras do setor são operacionais e comerciais, o que reflete nos preços. Os dados da plataforma mostram que a indústria brasileira paga em média R$ 43,65 a mais por milhão de BTUs (medida internacional) do que nos Estados Unidos.
Na região Nordeste, por exemplo, o preço do gás é cerca de 20% menor que no Sudeste. A diferença é reflexo das regras estaduais mais flexíveis que ampliam o acesso e estimulam a concorrência.
O Observatório do Custo Brasil projeta que a abertura plena do mercado pode gerar uma economia anual de até R$ 21 bilhões.
“O aumento do número de importadores diversifica o suprimento e reforça a segurança energética, pressionando a queda do preço médio do gás, que ainda é significativamente superior ao dos países da OCDE”, afirma Caiuby.
"No entanto, gargalos logísticos, como falta de terminais de regaseificação e integração limitada da infraestrutura interna, dificultam o pleno aproveitamento dessas oportunidades."
Valor - SP 25/08/2025
Presidente da estatal, Magda Chambriard, afirma que esforço de disponibilizar cada vez mais gás ao mercado permite a redução gradual dos preços oferecidos pela companhia
A Petrobras ultrapassou no sábado (23) a marca de 50 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) de processamento de gás natural.
Em postagem na rede social Linkedin, a presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou que o esforço de disponibilizar cada vez mais gás ao mercado permite a redução gradual dos preços oferecidos pela companhia.
Segundo a executiva, a depender das condições de demanda, o gás da Petrobras está chegando no mercado livre com contratos “mais flexíveis”, em uma faixa de preços entre US$ 6 e US$ 7 por milhão de BTUs (unidade de medida de volume de gás).
“Nosso esforço para aumentar o aproveitamento do gás produzido no pré-sal, trazendo mais gás para a costa e tratando esse gás para viabilizar seu transporte e distribuição, está se tornando mais claro a cada dia”, disse Chambriard.
Em maio, a Petrobras iniciou operação comercial da unidade de processamento de gás natural (UPGN) do Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), que integra o projeto Rota 3, de escoamento de gás dos campos do pré-sal.
A UPGN tem capacidade de processar 21 milhões de m3/dia de gás.
Jota - DF 25/08/2025
O Brasil avançou muito para tornar o mercado de gás natural mais competitivo desde a aprovação da nova lei do gás, de 2021, mas ainda há entraves para aumentar a concorrência e diminuir o preço do produto.
Essa é a avaliação do Observatório do Gás Natural, iniciativa lançada nesta segunda-feira (25/8) pelo Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Movimento Brasil Competitivo (MBC).
A plataforma projeta que a abertura plena do mercado de gás natural pode gerar uma economia anual de até R$ 21 bilhões no setor. Atualmente, a indústria brasileira paga em média R$ 43,65 a mais por milhão de BTUs do que nos Estados Unidos. Em 2021, essa diferença gerou um impacto de R$ 2,48 bilhões no Custo Brasil.
O maior potencial de redução do preço está no escoamento e processamento, que é quase monopólio da Petrobras. Hoje em dia o gás sai da plataforma ao redor de 3,5 dólares por milhão de BTU, e quando ele chega à terra e sai do processamento já está custando 12 dólares, afirma Rogério Caiuby, conselheiro executivo do MBC.
Quando o MME diz que o acesso à infraestrutura de escoamento e processamento tem que estar mais acessível, isso é uma verdade. E quando a Petrobras afirma que é preciso aumentar a oferta para abaixar o preço, isso também é uma verdade porque quanto mais fluxo passar, menor será a tarifa individual que cada um vai pagar. Então as duas coisas fazem sentido, diz.
Caiuby cita o papel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de avançar na regulamentação para que as empresas tenham maior acesso às infraestruturas de produção, escoamento e transporte.
Ele também vê a importância da harmonização regulatória nos estados, que são responsáveis por regular a distribuição e comercialização. No Nordeste, onde as regras são mais flexíveis e favorecem a concorrência, o preço do gás é cerca de 20% menor que no Sudeste.
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De acordo com o observatório, o número de empresas autorizadas a comercializar gás natural cresceu em média 15% ao ano desde a abertura do mercado, chegando a 226 em agosto de 2025. Já os agentes autorizados ao carregamento na malha de transporte aumentaram 19% ao ano, totalizando 149 em agosto.
Já o número de consumidores livres, grandes empresas que compram gás sem intermediários, cresce em média 70% ao ano, chegando a 90 empresas em junho de 2025.
Caiuby enxerga potencial nas termelétricas movidas a gás, que representam uma alternativa para complementar fontes renováveis intermitentes, como energia eólica e solar. Assim, o gás natural pode ajudar na ampliação de data centers, que têm alta demanda por energia.
A gente precisa de políticas para abrir alguns setores para que a gente possa usar mais gás e até aprofundar aproveitando a questão da descarbonização e transição energética. A gente precisa funcionar para, por exemplo, a gente ter os corredores verdes, os transportes de carga, para que os caminhões possam usar de uma forma mais efetiva a gás, diz.
Valor - SP 25/08/2025
China Concord Resources Corp planeja investir mais de US$ 1 bilhão em um projeto para produzir 60 mil barris por dia de petróleo bruto até o final de 2026
A China Concord Resources Corp (CCRC) começou a desenvolver dois campos de petróleo venezuelanos, planejando investir mais de US$ 1 bilhão em um projeto para produzir 60 mil barris por dia de petróleo bruto até o final de 2026, disse um executivo diretamente envolvido no projeto.
O projeto marca um raro investimento de uma empresa privada chinesa no país, que tem lutado para atrair capital estrangeiro devido a sanções internacionais contra o governo do presidente Nicolas Maduro. O valor do investimento e o plano de produção estão sendo divulgados pela primeira vez.
Pequim tem sido um aliado fundamental de Maduro e de seu predecessor, o falecido presidente Hugo Chavez, e atualmente compra mais de 90% do total das exportações de petróleo da Venezuela.
A gigante estatal de petróleo chinesa CNPC estava entre os maiores investidores no setor petrolífero da Venezuela antes de as sanções dos Estados Unidos serem impostas pela primeira vez ao país em 2019. A China também foi um grande credor da Venezuela.
No início do ano passado, a CCRC começou a negociar sua participação nos dois campos de petróleo, Lago Cinco e Lagunillas Lago, e assinou em maio de 2024 um contrato de partilha de produção de 20 anos com a Venezuela, disse o executivo, falando sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.
O modelo de contrato, introduzido pelo governo venezuelano em 2020 sob a Lei Antibloqueio para lidar com as sanções dos EUA, permite que os investidores atuem como operadores em troca de uma parcela da produção.
A PDVSA e o Ministério do Petróleo da Venezuela não responderam aos pedidos de comentário.
Os campos de petróleo na segunda maior região produtora de petróleo da Venezuela, o Lago Maracaibo, fazem parte de um grupo de blocos para os quais a PDVSA tem buscado parceiros nos últimos anos.
A maioria dos parceiros pretendidos são empresas pouco conhecidas e sem histórico na produção de petróleo, segundo um documento da PDVSA.
Sem experiência prévia em perfuração de petróleo, a CCRC enviou desde setembro passado cerca de 60 funcionários chineses qualificados no desenvolvimento de campos de petróleo e uma sonda de perfuração chinesa, com o objetivo de reabrir rapidamente cerca de 100 poços e recuperar a produção de petróleo, disse o executivo.
A produção nos dois campos, que estava praticamente paralisada nos últimos anos devido à falta de investimento e expertise técnica, está agora em 12 mil barris por dia, disse o executivo.
A CCRC pretende desenvolver um total de 500 poços e elevar a produção para até 60 mil barris por dia até o final de 2026, disse ele, acrescentando que se trata de uma mistura de petróleo leve e pesado, com o petróleo leve sendo entregue à PDVSA e o mais pesado destinado à China.
“Devido às sanções dos EUA sobre o setor petrolífero da Venezuela, nenhuma empresa de grande nome ousaria operar lá, o que abre oportunidades para pequenas empresas como a Concord”, disse o executivo.
A estatal de petróleo PDVSA, que controla as empresas conjuntas e os contratos, estabilizou a produção de petróleo em cerca de 1 milhão de barris, em parte por causa de licenças dos EUA que permitem que um número limitado de parceiros estrangeiros opere no país e exporte petróleo.
Desde que os EUA impuseram sanções ao setor de petróleo e gás à Venezuela em 2019, a maioria das estatais de petróleo chinesas parou de produzir petróleo no país. As refinarias independentes chinesas, no entanto, continuam a comprar o petróleo através de traders.
Diário do Aço - MG 25/08/2025
A empresa que administra a BR-381 entre Caeté e Governador Valadares, deve antecipar o início da retomada da duplicação da rodovia. A informação foi dada por Diego Dutra, gerente de operações da concessionária. “Mas, como muitas pessoas perguntam, e a máquina na pista? A estimativa é para o segundo semestre de 2026, quando as pessoas já verão a mobilização dos canteiros e máquinas na pista”, afirmou Diego Dutra, durante entrevista ao Jornal da Itatiaia sexta-feira (22).
Porém, o gerente frisou que, apesar de não ter máquinas trabalhando efetivamente na duplicação atualmente, a empresa já considera que este processo foi iniciado.
“A duplicação já começou. Para que a gente tenha uma boa duplicação, temos que ter um bom projeto. Já contratamos uma boa equipe de projeto, que está mapeando as referências da rodovia: rede de esgoto, rede da Cemig, da Gasmig, as vias que ligam os municípios, entradas e saída. Ou seja, o projeto está a pleno vapor. As equipes estão trabalhando em topografia e sondagem”, explicou.
Pedágios
Na mesma entrevista, o gerente confirmou que a concessionária da 381 planeja iniciar a cobrança das tarifas de pedágios em dois pontos já no próximo mês, Caeté e João Monlevade. Havia expectativa que os valores só fossem cobrados a partir do início de 2026, no entanto, a empresa entende que os trabalhos já concluídos nos trechos entre o Médio Piracicaba e a capital mineira a credencia a efetuar as cobranças onde a estrutura do pedágio eletrônico já está concluída. Outras três estão em construção, em Jaguaraçu, Jaguaraçu, Belo Oriente e Governador Valadares.
PER
Conforme o Programa de Exploração da Rodovia (PER), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a previsão era que a duplicação fosse iniciada no 3º ano de concessão, ou seja, em 2027, conforme informado pelo Diário do Aço em fevereiro deste ano.
O PER ainda prevê como a primeira obra, a conclusão dos trechos já iniciados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) entre o Km 286,53, em Jaguaraçu (poucos metros após a entrada para o município), e o Km 314,36, em Antônio Dias, cerca de um quilômetro após o segundo túnel no sentido a Belo Horizonte. No entanto, não foi especificado por Diego em qual local começarão as obras. A concessão, que tem o prazo de 30 anos, vai além da duplicação, e outros serviços já são oferecidos aos usuários da rodovia, enfatizou o gerente: “A obra é um dos ingredientes da concessão. O mais importante é entregarmos uma rodovia mais segura. Começamos no dia 1º de agosto a operação na rodovia, com guincho, ambulâncias, médicos 24 horas na rodovia, atendimento ao usuário. Nunca existiu isso na BR-381. São trabalhos importantes que o usuário vai começar a entender. Esses serviços que estarão disponíveis são fruto do pagamento do pedágio”, continuou em entrevista à rádio.
Vale do Aço
O PER descreve que a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) deverá começar a receber a duplicação somente no 6º ano de concessão, quando será duplicado do Km 273,76, próximo ao trevo do distrito de Cachoeira do Vale, em Timóteo, até o Km 285,08, em Jaguaraçu. Porém, esse prazo também pode ser antecipado.
Por fim, no 8º ano de concessão, 2032, a duplicação partirá do Km 273,76, próximo ao trevo do Cachoeira do Vale, até o Km 267,76, em Coronel Fabriciano, sob a ponte velha.
Duplicação contratada até a Cenibra
No mesmo ano de 2032, está haverá uma duplicação do Km 228,98 em Belo Oriente (próximo à Cenibra) até o Km 250,91 em Ipatinga (próximo ao antigo Monte da Resposta no Veneza I). Porém, há um movimento para que haja duplicação até Governador Valadares.
“Nós temos um contrato de concessão que determina que (a duplicação) vá de Caeté até Belo Oriente, de lá até Governador Valadares estão previstas as terceiras faixas. Houve um movimento de empresários e políticos da região solicitando à ANTT que também duplique esse trecho. Estamos em momento de projetos, se a ANTT determinar que esse trecho seja duplicado, o contrato dá margem para esse tipo de solicitação e novos investimentos. Então, se chegarem esses estudos para duplicar esse trecho, a concessionária vai acompanhar os estudos para comprovar essa necessidade”, detalhou Dutra.
Demais trechos previstos para a duplicação
Inicialmente, em 2028, está prevista a conclusão da duplicação no Km 314 em Antônio Dias até o entroncamento da BR-381 com a MGC-120, em Nova Era, no Médio Piracicaba; e do Km 331,17, em Nova Era, até o Km 340,36, na entrada de Bela Vista de Minas.
Para o 5º ano de concessão, em 2029, a duplicação parte de Bela Vista de Minas e finaliza no Km 377,92, em São Gonçalo do Rio Abaixo (próximo ao trevo). No mesmo ano, também está prevista outra obra a partir deste trecho em São Gonçalo do Rio Abaixo, até o Km 385,4, no trecho do distrito de Cocais, em Barão de Cocais.
Também para o 5º ano está prevista a implantação da área de escape no Km 373,94, próximo à comunidade de Chácara Velha em São Gonçalo do Rio Abaixo.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 25/08/2025
Produtos derivados de aço e alumínio, incluindo máquinas agrícolas, terão redução nas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos.
O anúncio foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, na quarta (20/08). A medida representa um alívio de US$ 2,6 bilhões nas exportações brasileiras do setor.
Alckmin participou de uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para defender propostas de apoio a exportadores afetados pelo tarifaço. O governo pediu, também, a urgência na tramitação de uma medida provisória que cria o Plano Brasil Soberano.
O pedido inclui ainda um projeto de lei complementar com incentivos tributários, incluindo linha de crédito de R$ 30 bilhões e ajustes em fundos garantidores.
Vendas de máquinas agrícolas em xeque - O comércio de máquinas agrícolas entre Brasil e Estados Unidos é significativo, sendo o país o principal destino das exportações brasileiras do setor.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), os norte-americanos recebem 26,6% do total exportado.
Na avaliação da entidade, as alíquotas de 50% sobre as importações feitas pelos norte-americanos podem levar a uma retração de R$ 24 bilhões por ano à indústria de máquinas e equipamentos. Como resultado, esse cenário, de acordo com a Abimaq, reduziria o crescimento em 2025 para 5%, provocando uma queda de 15,1% nas exportações.
Para efeitos de comparação, em junho, as exportações de máquinas agrícolas somaram US$ 1,05 bilhão, alta de 14,5% em relação a junho de 2024.
No acumulado do primeiro semestre, entretanto, houve retração de 4,3%. O impacto veio principalmente do recuo nos preços internacionais e pela baixa demanda do país governado por Donald Trump.
Apesar disso, o assessor especial para assuntos internacionais do presidente, Celso Amorim, afirmou que os Estados Unidos não demonstram disposição para negociar as divergências comerciais com o Brasil.