Diário do Comércio - MG 17/09/2025
As importações de aço laminado em agosto deste ano totalizaram 393 mil toneladas, marcando um recuo de 20,3% em relação a igual período do último ano, de acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr). Apesar da redução, no acumulado de 2025 desde janeiro, os desembarques do produto siderúrgico cresceram 29,7%, para 4,1 milhões de toneladas.
Quanto ao total de aço importado, o que inclui semiacabados para vendas, o volume chegou a 491 mil toneladas no mês, representando uma queda anual de 24%. Novamente, a despeito da baixa, o montante no ano subiu 16,5%, atingindo 4,6 milhões de toneladas – a China, acusada pelo setor siderúrgico de concorrência desleal, respondeu por 61,3% dos envios.
Há cerca de três semanas, o Aço Brasil revisou as estimativas para 2025. Em novembro de 2024, a previsão era de que as importações de aço laminado cresceriam 11,5%, totalizando 5,3 milhões de toneladas. No entanto, as compras se intensificaram desde então, e o instituto agora projeta uma alta de 32,2%, para o patamar de 6,3 milhões de toneladas.
É válido lembrar que a invasão de aço, sobretudo de origem chinesa, tem gerado, já há algum tempo, consequências negativas, como paralisação de operações, demissões e postergação de investimentos. Em razão da crise duradoura, o governo brasileiro implementou uma medida de defesa comercial em junho do ano passado, que foi renovada em junho deste ano com algumas melhorias, porém, os efeitos não surtiram como previstos.
Diante do cenário desafiador, grandes players do setor tem se movimentado. A Gerdau, por exemplo, demitiu mais de 1.500 pessoas e decidiu reduzir o nível de aportes no Brasil a partir de 2026. A ArcelorMittal, por sua vez, diz que não fez movimento direto de desligamentos, mas condicionou o valor de novas inversões no País à evolução das políticas de defesa comercial. Enquanto isso, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) não descartou diminuir o quadro de funcionários e já ameaçou fazer cortes nos investimentos.
Nesse sentido, um levantamento do Aço Brasil indicou que se nada melhorar e a capacidade instalada da siderurgia brasileira cair dos atuais 66%, para 40%, mais de 37 mil colaboradores podem perder os empregos. A entidade também disse que, devido à situação crítica, a indústria do aço vai revisar para baixo a projeção de investimentos para o Brasil para o período de 2025-2029, antes estimada em cerca de R$ 100 bilhões para 2024-2029.
Produção de aço bruto diminui no Brasil e em Minas Gerais
Outro dado negativo da siderurgia nacional foi o volume de aço bruto produzido. Conforme os dados do instituto, no oitavo mês de 2025, foram fabricadas 2,9 milhões de toneladas no Brasil inteiro, queda de 4,6% ante igual período de 2024. No acumulado do ano, o montante chegou a 22,2 milhões de toneladas, o que representa um decréscimo anual de 1,5%.
Em Minas Gerais, principal produtor siderúrgico do País, a produção atingiu 870 mil toneladas em agosto, totalizando 6,7 milhões de toneladas nos primeiros oito meses do ano. Os volumes produzidos no Estado representam baixas de 5,8% e 0,8%, respectivamente.
Vendas internas, exportações e consumo aparente
Ainda segundo o Aço Brasil, as vendas internas de aço caíram 6,9% em agosto frente a igual intervalo do último ano, para 1,8 milhão de toneladas, mas subiu 0,6% no acumulado anual, para 14,2 milhões de toneladas. Enquanto isso, as exportações cresceram 4% no mês, para 861 mil toneladas, e 1,9% no ano, para 7,1 milhões de toneladas.
Já o consumo aparente recuou 11,3% na primeira base de comparação, para 2,2 milhões de toneladas, e aumentou 5,3% na segunda, para 18,2 milhões de toneladas – impulsionado pelas importações. A entidade não disponibiliza o recorte estadual desses dados.
Valor - SP 17/09/2025
Oferta surge no momento em que o conglomerado alemão tenta reduzir sua complexidade, aumentar sua competitividade e aumentar a rentabilidade
A Thyssenkrupp disse nesta terça-feira (16) que recebeu uma oferta não vinculante da indiana Jindal Steel por suas operações de siderurgia na Europa.
“O conselho executivo da Thyssenkrupp examinará a oferta de perto, particularmente no que diz respeito à sustentabilidade econômica, à continuação da transformação verde e ao emprego em nossas unidades siderúrgicas”, disse a empresa.
A oferta surge no momento em que o conglomerado alemão tenta reduzir sua complexidade, aumentar sua competitividade e aumentar a rentabilidade.
Uma tentativa em 2017 de combinar seu negócio de aço com a unidade europeia da indiana Tata Steel foi bloqueada por reguladores antitruste da União Europeia dois anos depois.
No início deste ano, a Thyssenkrupp anunciou uma iniciativa de corte de custos, envolvendo milhares de demissões e salários reduzidos para seus trabalhadores siderúrgicos.
Narendra Misra, diretor de operações europeias da Jindal, disse que a empresa indiana pretende transformar o negócio de aço da Thyssenkrupp na maior siderúrgica integrada de baixas emissões da Europa.
A Jindal apresentou um plano para descarbonizar o negócio e tornar sua produção de aço na Alemanha competitiva.
Se adquirida pela Jindal, a Thyssenkrupp Steel se beneficiará do fornecimento adicional da nova fábrica da Jindal em Omã, com início de operações previsto para 2027, bem como do minério de ferro de suas minas em Camarões, disse a empresa indiana.
Ao se integrar à cadeia de suprimentos da Jindal, a TK Steel permanecerá competitiva em todos os ciclos econômicos, acrescentou a Jindal.
A empresa indiana também planeja investir em nova capacidade de fornos elétricos a arco na Alemanha, aumentando a produção de aço de baixa emissão da TK Steel.
Valor - SP 17/09/2025
A produção brasileira de aço bruto entre janeiro e agosto de 2025 totalizou 22,2 milhões de toneladas, uma queda de 1,5% frente a igual período de 2024, quando foram produzidas 22,5 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (15) pelo Instituto Aço Brasil. Na mesma comparação, as importações de aço cresceram 16,5%, para 4,6 milhões de toneladas, contra 3,9 milhões nos oito primeiros meses do ano passado.
O Aço Brasil informou ainda que as vendas internas atingiram 14,2 milhões de toneladas, com leve alta de 0,6% frente às 14 milhões de toneladas do período janeiro-agosto do ano passado. As exportações avançaram 1,9% na mesma comparação, totalizando 7,1 milhões de toneladas.
Na comparação de agosto de 2025 com agosto de 2024, a produção de aço bruto foi de 2,9 milhões de toneladas, queda de 4,6%; as vendas internas somaram 1,8 milhão de toneladas, recuo de 6,9%; as importações caíram 24%, fechando em 491 mil toneladas; e as exportações foram de 861 mil toneladas, crescimento de 4%.
Valor - SP 17/09/2025
Em agosto, a Gerdau informou a demissão de 1,5 mil funcionários no Brasil, de janeiro a julho deste ano; a paralisação foi iniciada na segunda-feira (15)
Os funcionários da Gerdau em Pindamonhangaba (SP) encerraram nesta terça-feira (16) a greve iniciada ontem, após acordo para reduzir demissões no setor de cilindros da unidade, informou o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade. A paralisação, que interrompeu a produção, foi suspensa depois da negociação com a companhia.
Segundo o sindicato, o acordo prevê a redução pela metade de 400 demissões previstas para o setor, o que equivale a 200 desligamentos, e a aplicação de um plano de demissão individual, com pagamentos adicionais aos demitidos, sem demissão em massa até dezembro. Uma campanha salarial também foi definida, com proposta de reajuste de 6,4%, disse a associação.
Procurada, a Gerdau disse apenas que a informação sobre o desligamento de 400 colaboradores na unidade de Pindamonhangaba não procede.
“Vamos manter a negociação para reduzir ao máximo o número de demissões e também já estamos discutindo com outras fábricas para buscar a recolocação deles”, disse André Oliveira, presidente do sindicato, em comunicado.
Em agosto, a Gerdau informou a demissão de 1,5 mil funcionários no Brasil, de janeiro a julho deste ano. O diretor-presidente da companhia, Gustavo Werneck, afirmou à época que as demissões se concentraram principalmente em unidades do interior de São Paulo, nas cidades de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes.
O Estado de S.Paulo - SP 17/09/2025
Desde que o Copom deixou a taxa Selic inalterada em 15%, avisando que a manteria parada por um período prolongado, alguns investidores vêm testando a disposição do Banco Central em cumprir essa sinalização, com a aposta de que um corte de juros poderia acontecer ainda neste ano.
A dúvida é quem vai piscar primeiro: se o Copom, ao indicar uma redução de juros mais cedo, ou se esses investidores, adiando sua precificação para o início do afrouxamento monetário em dezembro.
No cenário doméstico, pouca coisa mudou desde a reunião de julho. A atividade econômica segue dando sinais de desaceleração, embora incipientes e dentro do esperado. Idem no caso da inflação corrente: as expectativas inflacionárias, que têm um peso importante no balanço de riscos para a política monetária, vêm recuando consistentemente, mas ainda estão bem acima da meta de inflação de 3%.
Do lado fiscal, é esperado um impulso maior no segundo semestre, não só porque os gastos discricionários foram represados no primeiro semestre, mas também porque o governo pagará R$ 65 bilhões em precatórios até o fim do ano. Isso aquece a atividade e pressiona os preços.
Já a mudança mais significativa para o Copom veio do cenário externo. Após dados do mercado de trabalho americano muito mais fracos do que o esperado em julho e em agosto, disparou a aposta de um corte de 0,25 ponto porcentual dos juros nos EUA pelo Federal Reserve (Fed) na sua reunião de política monetária desta quarta-feira, 17, horas antes da decisão do Copom. E a precificação majoritária embute uma redução total de 0,75 ponto da taxa básica até o fim deste ano. Com isso, o dólar se enfraqueceu ao redor do mundo. No Brasil, caiu até R$ 5,30. Na última reunião do Copom, estava em R$ 5,55.
É com base na aposta de cortes sequenciais de juros nos EUA, levando à apreciação do real brasileiro ante o dólar, que muitos analistas acreditam que o Copom possa antecipar o ciclo de afrouxamento monetário para a sua reunião de dezembro. Acontece que o dólar vinha oscilando entre R$ 5,40 e R$ 5,60 nos últimos meses, ficando só recentemente abaixo de R$ 5,40.
A questão crucial é quão mais o real precisa apreciar e por quanto tempo ficar nesse patamar baixo. Isso porque uma melhora na inflação induzida pelo câmbio precisa se mostrar mais persistente antes de provocar uma reação do BC.
Como pouca coisa mudou no cenário doméstico, fica difícil enxergar o Copom, hoje, mudando a sua última sinalização, de juros parados, com base apenas no movimento recente do dólar. No jogo do pisca, o Copom devia ficar parado.
O Estado de S.Paulo - SP 17/09/2025
A guerra comercial deste ano entre a China e os Estados Unidos começou com um estrondo, uma escalada rápida e furiosa das tarifas para níveis astronômicos. Nos meses seguintes, ambos os países mostraram disposição para recuar e não interromper o comércio entre as maiores economias do mundo.
Mas eles fizeram poucos progressos perceptíveis na resolução de suas diferenças comerciais. Na segunda-feira, 15, após uma quarta rodada de negociações, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que os dois lados voltariam a discutir o comércio em cerca de um mês.
Enquanto outros países se apressaram para atender às exigências do presidente Trump de fechar acordos para reduzir as tarifas, a China manteve seu próprio cronograma. O impasse comercial com os Estados Unidos teve um preço — principalmente uma queda acentuada nas exportações para os Estados Unidos. Veja como Pequim está tentando superar o impasse, fazendo o possível para evitar ceder primeiro.
As exportações da China para os EUA caem, mas aumentam em todos os outros lugares
As exportações da China para os Estados Unidos caíram cerca de 15% neste ano. Mas isso não desacelerou sua máquina de exportação.
O superávit comercial do país com o mundo chegou a quase US$ 1 trilhão no ano passado, já que suas exportações superaram suas importações em uma escala raramente vista, exceto na época das duas guerras mundiais. Apesar das tarifas dos EUA, o superávit deste ano para a China está a caminho de ser ainda maior.
Este ano, até agosto, o superávit comercial da China aumentou de US$ 612,6 bilhões no ano passado para US$ 785,8 bilhões. Seu superávit com países do Sudeste Asiático, África, América Latina e Europa cresceu rapidamente. As marcas de veículos elétricos da China estão conquistando novos mercados na Europa e no Sudeste Asiático, enquanto as vendas de painéis solares chineses com grandes descontos estão em alta na África.
Parte do excedente que a China exporta para outros países acaba nos Estados Unidos, embora o governo Trump esteja prometendo reprimir esse comércio.
A China conseguiu evitar as tarifas mais altas ameaçadas pelo presidente Trump — que chegaram a 145% em determinado momento. Mas os produtos dos fabricantes chineses ainda estão sujeitos a um imposto mínimo de 30%, além de outras taxas, elevando significativamente a alíquota real sobre muitas importações chinesas.
O aumento das exportações chinesas está mascarando a fraqueza em outras áreas da economia. A persistente recessão no setor imobiliário causou estragos na economia. Os consumidores estão gastando menos, enquanto o desemprego entre os jovens continua sendo um grande problema.
A China também está lidando com uma espiral deflacionária persistente, impulsionada pela superprodução em setores-chave e guerras de preços. Os formuladores de políticas tomaram medidas para sustentar a economia doméstica, mas até agora os resultados são mistos.
Embora isso possa aumentar a pressão para ceder às demandas dos EUA, a capacidade da China de controlar rigidamente a mídia e a internet permitiu que ela evitasse conversas irrestritas sobre os danos causados pela guerra comercial.
Na segunda-feira, a China anunciou que os gastos no varejo e a produção industrial em agosto ficaram aquém das expectativas dos economistas, um sinal de que a atividade econômica estava desacelerando drasticamente. A lentidão também sugere que os esforços de Pequim para estimular a economia com taxas de juros baixas, flexibilização das regras de compra de imóveis e subsídios para produtos de consumo podem não ser suficientes se o país quiser atingir sua meta de crescimento econômico anual de 5%.
A China encontra pontos de vantagem
Em qualquer negociação, ambas as partes precisam entender o que está em jogo. Para a China, os Estados Unidos continuam sendo o maior e mais próspero mercado consumidor. Suas empresas correm o risco de perder clientes nos Estados Unidos por causa das tarifas.
Mas, nos últimos meses, a China também deixou claro o que os Estados Unidos arriscam ao jogar duro com Pequim. Em abril, logo após Trump impor pesadas tarifas à China, o país retaliou suspendendo as exportações de metais raros e ímãs para os Estados Unidos.
Os ímãs são essenciais para a montagem de tudo, desde carros e drones até a fabricação de robôs e mísseis. A China produz cerca de 80% dos ímãs de terras raras do mundo e refina quase 100% dos minerais críticos que tornam os ímãs mais resistentes ao calor.
Em junho, a China concordou em retomar os embarques de terras raras como parte das negociações comerciais, mas algumas empresas americanas continuam tendo dificuldade em obter suprimentos adequados. Os fabricantes europeus também tiveram dificuldade em garantir ímãs de terras raras suficientes, já que Pequim pressionou a União Europeia a abandonar as tarifas sobre carros elétricos da China. A mensagem de Pequim foi transmitida: a China também tem uma influência significativa e não tem medo de usá-la.
Mais recentemente, a China tem demonstrado seu poder ao boicotar a compra de soja dos Estados Unidos. A China compra cerca de 60% da soja mundial, tornando-se um cliente essencial para os produtores de soja americanos. Ao suspender as compras, a China demonstrou seu descontentamento com as tarifas impostas por Trump, causando prejuízos aos agricultores do meio-oeste americano.
Globo Online - RJ 17/09/2025
O Banco Central (BC) deve manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), iniciada ontem e que termina hoje. A decisão será comunicada nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado.
Os analistas de mercado especula que o BC vai manter os juros neste que é o maior nível em 19 anos, repetindo a escolha feita no último encontro, em julho.
A estabilidade dos juros básicos é amplamente esperada pelo mercado financeiro, especialmente devido à comunicação do Copom em julho. Na ocasião, o comitê indicou uma "continuação na interrupção no ciclo de alta de juros".
Depois de um ciclo "rápido e firme" de elevação da Selic, que totalizou 4,5 pontos percentuais em nove meses, o BC tem adotado uma postura cautelosa diante de um ambiente de elevada incerteza, tanto interna quanto no mundo. Segundo o colegiado, a fase agora é de tentar entender se o atual nível de juros, mantido por período "bastante prolongado", é suficiente para colocar a inflação na meta de 3%.
"Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", disse, em julho, completando que não "hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado".
Toda cautela é explicada porque as expectativas de inflação estão longe da meta de 3,0% em uma conjuntura de desaceleração da atividade bastante gradual, com o mercado de trabalho ainda forte. No último Copom, a projeção do BC para o IPCA — índice oficial de inflação — no horizonte relevante, prazo que mira para colocar a inflação na meta, era de 3,4%.
Os dados mais recentes de inflação, como o IPCA de agosto (-0,11%), ainda mostraram que os preços de serviços continuam pressionados. Já as expectativas de inflação recuaram em todos os horizontes desde o último Copom, mas distantes da meta de 3,0%.
Além disso, a baixa visibilidade do cenário externo diante da ofensiva comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recomenda também cuidado por parte da autoridade monetária A perspectiva de início de corte de juros pelo banco central americano, por sua vez, tende a ser favorável para o cenário brasileiro.
Além da desaceleração gradual da atividade e da reancoragem lenta de expectativas, a Warren Investimentos cita que a manutenção da Selic em 15% se justifica pela acomodação dos dados de crédito e da valorização do câmbio brasileiro.
Por outro lado, os ganhos reais de rendimento no mercado de trabalho seguem dando suporte à renda, contribuindo para uma evolução marginalmente desfavorável dos preços, especialmente em itens sensíveis à demanda.
O economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, espera poucas mudanças na comunicação do Copom. A principal mudança que o economista aguarda é a retirada do trecho que indica uma "continuação da interrupção do ciclo de alta", mas mantendo o tom duro do BC contra a inflação.
— A sinalização de manutenção da Selic por período bastante prolongado deve continuar, assim como a garantia de que não "hesitará" em retomar o ciclo caso seja necessário. Mas o BC deve simplificar. A Selic já está parada desde junho. A chance de ter que retomar é mais baixa.
Na avaliação de Serrano, a conjuntura doméstica tem evoluído de acordo com a expectativa da autoridade monetária. O BC deve continuar avaliando o cenário externo como incerto, embora deva reconhecer uma expectativa de corte de juros mais intenso nos Estados Unidos. O economista prevê que o corte dos juros só deve começar em janeiro de 2026.
Já o C6 Bank espera que o Copom faça reduza o tom duro e ajuste a comunicação sobre a manutenção da Selic, de período bastante prolongado para apenas prolongado.
"O Copom deve manter os juros estáveis em 15% até o fim de 2025. No entanto, considerando o recente alívio nas expectativas de inflação e a possibilidade de cortes de juros no exterior, acreditamos que pode haver espaço para flexibilização dos juros no primeiro trimestre do ano que vem. Nossa expectativa é de que o ciclo de cortes da Selic comece em março, com a taxa de juros terminando 2026 em 13%", diz a instituição em relatório.
Globo Online - RJ 17/09/2025
A economia dá sinais de desaceleração mais forte. Houve uma inflexão no PIB mensal estimado pelo Banco Central, enquanto se previa apenas uma acomodação. Já são três meses em queda.
Novos fatores parecem pesar, para além do efeito crescente do aperto monetário, tendo em vista a demora usual para sua materialização na economia. Assim, no chamado balanço de riscos feito pelo Copom, o Comitê de Política Monetária, a dinâmica mais fraca da economia deverá ganhar peso daqui para frente.
A análise de riscos envolve identificar fatores que podem levar a maiores erros, para cima ou para baixo, nas previsões de inflação no horizonte temporal relevante — no Brasil, o BC considera em torno de um ano e meio o intervalo de tempo necessário para os juros atuarem plenamente sobre a inflação.
Na última ata do Copom, o balanço de riscos estava equilibrado, sem viés altista ou baixista para a inflação projetada. Para a alta, foram citadas as expectativas de inflação do mercado acima da meta por período prolongado, a inflação de serviços muito resistente e a taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Para a baixa, a desaceleração mais acentuada da atividade econômica, a maior perda de ímpeto da economia global e a redução dos preços das commodities.
De lá para cá, grosso modo, os riscos altistas cederam. Observou-se um recuo das expectativas de inflação, ainda que se mantenham acima da meta — a convergência das expectativas de longo prazo (2027 em diante) para a meta de 3% é improvável em um quadro de continuidade política, em função das críticas de Lula à meta. Quanto à taxa de câmbio, os valores atuais, em torno de R$ 5,35, estão abaixo dos R$ 5,55 considerados pelo BC.
Os riscos baixistas, por sua vez, recrudesceram, com a economia brasileira desacelerando mais rapidamente, e o mundo também, a julgar pelas menores projeções de crescimento mundo afora.
Há importantes elementos novos para o balanço de riscos. A política de Trump é desinflacionária no Brasil, pois representa um choque de demanda negativo, com recuo (moderado) das exportações. A reorientação da produção para o mercado interno pode ajudar na queda da inflação, mas seria algo transitório, menos importante para o Copom.
Outro fator interno recente é a queda da confiança dos agentes econômicos em curso, possivelmente como reflexo das turbulências internas e externas. Um quadro que poderá prejudicar as decisões de consumo e de investimento.
Fica a dúvida sobre a aguardada queda na taxa de variação do rendimento das pessoas ocupadas. Seu vigor, que alimenta principalmente a inflação de serviços, reflete não apenas o aquecimento do mercado de trabalho, que tende a perder força, mas também a política de valorização do salário mínimo e a maior formalização na economia.
Quanto ao dólar, não convém grandes convicções, mas a diversificação de investimentos de players globais, reduzindo o foco nos EUA, sugere espaço para mais fraqueza da moeda no mundo, especialmente com o início do corte de juros pelo Fed. Vale citar que seu patamar em termos reais (desconta o diferencial de inflação entre os países) ainda está nas máximas históricas.
A China contribui para reduzir o risco inflacionário no mundo, por conta da deflação no nível do produtor. Além do efeito direto na contenção da inflação no atacado no Brasil, há um efeito indireto ao contribuir para afastar um cenário de juros muito elevados nos EUA.
Há muitos riscos, e incertezas também. Na complexa conjuntura, os bancos centrais precisam lidar com maiores incertezas, o que envolve uma abordagem diferente. Se, para lidar com os riscos, contam com modelos quantitativos e previsões probabilísticas para mensurar o balanço de riscos em torno das projeções econômicas, para as incertezas é necessário reconhecer os limites dos modelos de previsão, que se tornam menos confiáveis.
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Banco Central decide hoje taxa de juros no Brasil: entenda por que expectativa é de manutenção dos atuais 15%
A comunicação cuidadosa do Banco Central ganha maior importância. Sinalizações mais assertivas não são recomendáveis. Mais importante é o Banco Central explicar sua tomada de decisões (função-reação, no jargão técnico), de modo a ter flexibilidade para agir, mas preservando sua credibilidade.
Há mudança de marcha na economia. O espaço para corte da Selic parece mais próximo do que o mercado espera (fev/26), ainda que não seja para agora. Porém, sem o BC abdicar da necessária cautela na comunicação.
Infomoney - SP 17/09/2025
Mais do que a decisão sobre as taxas de juros, o mercado financeiro está de olho no tom da declaração dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos nesta Superquarta. O motivo é claro: o comunicado das instituições deve revelar, nesta quarta-feira (17), as intenções futuras da política monetária, não apenas o que está sendo decidido agora.
Especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) deve anunciar um corte inicial nos juros, acompanhado de uma comunicação descrita como dovish-cautelosa.
Isso significa reconhecer algum alívio no mercado de trabalho e uma inflação mais benigna, mas ao mesmo tempo enfatizar que os próximos passos dependerão de dados futuros e que não haverá um cronograma antecipado de reduções.
Nos EUA, a pressão por flexibilização aumentou depois que o número de pedidos de auxílio-desemprego atingiu o maior patamar em dois anos. O Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) também revisou para baixo a criação de empregos até março, de 1,8 milhão para 911 mil.
Esses sinais de desaquecimento contrastam com uma inflação ainda persistente e reforçam a visão de que a autoridade monetária prefere adotar uma comunicação cuidadosa, calibrando expectativas sem se comprometer com um ciclo definido de cortes.
Por lá, a expectativa compartilhada por diversos bancos como Bank of America (BofA) e JPMorgan, é de um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.), ajustando a taxa para um intervalo de 4% a 4,25% ao ano.
No Brasil, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom, órgão do Banco Central) mantenha a Selic em 15% ao ano. O discurso deve vir com tom de vigilância, mesmo após uma melhora nas projeções de inflação captadas pelo boletim Focus. A autoridade monetária reconhece a recente deflação e a queda do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), mas deve reforçar a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo para garantir a ancoragem das expectativas.
Bruna Centeno, economista da Blue3 Investimentos, diz que, na prática, o tom do comunicado pode mexer bastante com os mercados se vier diferente do que já está precificado. A Bolsa brasileira, por exemplo, acompanha com sucessivos recordes nas últimas sessões a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos, porque o investidor estrangeiro tende a direcionar recursos para economias que oferecem melhor retorno.
“O risco é que, caso o Fed não corte os juros, haja um movimento contrário, já que o mercado trabalha com uma probabilidade de cerca de 90% de redução de 0,25 ponto percentual. Ou seja, parte do otimismo já está incorporada nos preços, e qualquer sinal mais cauteloso pode gerar correção imediata”, diz.
Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, se o Federal Reserve (Fed) adotar uma postura mais conservadora na decisão desta semana, há risco de correção no Ibovespa e em outras bolsas globais.
A sinalização de um ritmo mais lento de flexibilização também pode provocar realização de lucros em mercados que vêm renovando máximas e reabrir o prêmio de risco. Para emergentes, conforme ele, o impacto tende a ser mais acentuado, devido à maior sensibilidade às condições financeiras internacionais.
No caso brasileiro, o quadro interno adiciona pressão, de acordo com Thiago Costa Azevedo, sócio-fundador da Guardian Capital. Ele explica que além da vulnerabilidade aos fluxos globais, os dados econômicos locais trazem preocupação, com uma situação fiscal delicada e projeções que já apontam para risco de um “apagão fiscal” em 2027 (quando o orçamento poderia ficar totalmente engessado por despesas obrigatórias, sem espaço para investimentos), fator que pode reduzir o apetite de investidores estrangeiros pelo país.
Pós-Superquarta: efeitos de juros sobre bolsas, commodities e fluxo de capitais
Cortes de juros nos Estados Unidos tendem a beneficiar tanto as bolsas quanto as commodities, explicam os especialistas. A redução do custo de capital e a expectativa de um dólar mais fraco historicamente favorecem múltiplos de ações e preços de ativos em dólar, como ouro e metais industriais. Ainda assim, parte desse movimento já foi antecipada pelos mercados, que aguardam o tom do discurso de Jerome Powell para calibrar as projeções de 2025 e 2026.
No mercado acionário, a perspectiva de juros menores pode ampliar o apetite por risco, sobretudo em setores mais descontados após anos de preferência global por renda fixa. Já nas commodities, diz Centeno, a expectativa é de maior demanda em um ambiente de liquidez mais frouxa e câmbio menos pressionado. O risco, no entanto, é que qualquer sinalização mais cautelosa ou cortes abaixo do esperado reverta o otimismo atual.
“Essa alta costuma acontecer no curto prazo. Se, no médio e no longo prazo, não houver fundamentos econômicos e estruturais para manter a tendência de alta, apenas os juros não conseguem segurar”, avisa Azevedo.
Por outro lado, a manutenção da Selic em 15% pelo Banco Central preserva o diferencial de juros, tornando o Brasil atrativo para o chamado carry trade, estratégia em que investidores captam recursos em países com juros mais baixos e aplicam em ativos locais de maior rendimento. Esse fluxo de capital, explica LIma, sustenta a demanda por renda fixa e ajuda a ancorar o câmbio. Com cortes de juros nos EUA, a tendência é de aumento da entrada de dólares, pressionando o câmbio para baixo no curto prazo.
IstoÉ Dinheiro - SP 17/09/2025
Apesar da inflação brasileira ter ficado acima do teto da meta em 2024 e manter-se elevada ao longo de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou acreditar que o governo Lula entregará a alta dos preços em um patamar histórico desde o início do Plano Real.
“Nós vamos terminar o mandato com a menor inflação de um mandato desde o Plano Real. Seguramente a inflação acumulada em 4 anos será pela primeira vez inferior a 20%“, disse Haddad durante evento promovido pelo Banco Safra nesta terça-feira (16).
A alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, considerado a inflação oficial do país) acumulada em 12 meses até agosto de 2025 foi de 5,13%. Nos oito primeiros meses do ano, a alta foi de 3,15%. Em agosto, foi registrada deflação de 0,11%.
O ministro afirmou ainda que espera “um crescimento médio próximo de três e o desemprego da mínima histórica” ao final do terceiro mandato do presidente Lula. Apesar do país estar de fato no ponto mais baixo da série histórica, as previsões para o crescimento da economia estão piorando em um cenário de alta dos juros para conter a inflação.
A última edição do Boletim Focus, que reúne as projeções do mercado financeiro para a economia, prevê um PIB (Produto Interno Bruto) de 2,16% para 2026 e de 1,80% para 2025. O ministro discorda. “Tenho muita esperança de que o PIB potencial do Brasil vai superar os 2,5% estimados hoje”, disse Haddad.
Haddad espera corte de juros
O alto patamar da taxa básica de juros, mantida em 15% desde junho, contribui para a desaceleração da economia. Haddad afirmou no entanto que acredita em um corte próximo na Selic.
“Eu penso que nós vamos entrar numa trajetória de queda de juros com sustentabilidade”, disse o ministro, citando reformas como a tributária, a das leis de seguro e a do crédito, além de iniciativas de economia verde e das políticas do governo focadas em data centers.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou sua reunião bimestral nesta terça-feira, com o mercado financeiro prevendo de forma consensual a manutenção da taxa Selic no atual patamar de 15%. A expectativa, segundo o boletim Focus, é que a taxa permaneça inalterada até o final de 2025, recuando para 12,38% ao término de 2026.
Meta fiscal
O ministro também defendeu a gestão das contas públicas promovida no atual governo. “Eu penso sinceramente que o arcabouço fiscal, do ponto de vista de arquitetura, está funcionando conforme previsto. Nós temos um limite de gasto que está sendo respeitado”, disse.
Em sua fala, Haddad elogiou a colaboração do Congresso para cumprimento da meta: “Nós obviamente dependemos do que não tem nos faltado, que é a compreensão do Congresso Nacional, tanto do ponto de vista de limitação de despesas, exclusão de pautas bombas, geração de despesas indevidas, quanto a questão da recomposição da base fiscal do Estado brasileiro, que foi dilapidada por 10 anos”.
O governo estabeleceu como meta fiscal um resultado primário de zero para 2025. Para 2026, o objetivo é um superávit de 0,25% do PIB. Em ambos os anos, há uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo.
Infomoney - SP 17/09/2025
A produção industrial dos Estados Unidos subiu 0,1% em agosto ante julho, segundo dados publicados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) nesta terça-feira, 16.
O resultado contrariou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam queda de 0,1%.
O dado de produção de julho foi revisado para baixo, de queda mensal de 0,1% para contração de 0,4%.
Já a taxa de utilização da capacidade instalada se manteve entre julho e agosto, em 77,4%. O dado de julho foi revisado de 77,5% para 77,4%.
O Estado de S.Paulo - SP 17/09/2025
O relator do projeto que limita o endividamento do governo federal, senador Oriovisto Guimarães (PSDB-PR), quer dar mais credibilidade às contas públicas ao definir que a dívida federal não ultrapasse a marca equivalente a 80% do Produto Interno Bruto (PIB), como mostrou o Estadão.
“O arcabouço está mais furado que peneira”, argumentou em entrevista ao Estadão/Broadcast, acrescentando que a referência fiscal se tornou uma “peça de ficção”, um objetivo em que “ninguém mais acredita”.
Pelo texto, que deve ser colocado para votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na semana que vem, segundo o autor do projeto e presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL), quando a dívida do governo federal bater em 80% do PIB - atualmente está em 74%, a administração será obrigada a se submeter à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
“Não sei qual vai ser a reação do governo, mas o que vai acontecer? Vou expor o projeto. Fiz de tal forma que o projeto seja palatável. Ele não para o governo amanhã; é realista. Não adiantava eu fixar um limite para a dívida que ia parar o governo amanhã. Isso não seria realista e não estaria de acordo com a maioria dos países”, defendeu.
Para o senador, a “culpa” do juro alto não é a oscilação do câmbio, mas a política fiscal. O parlamentar também responsabiliza o governo pela taxa de juros atual de 15% ao ano. “O Banco Central reage às besteiras que o Governo Central faz. Mas se o Governo Central administrar bem, por que o Banco Central vai aumentar os juros?”, questionou. A seguir, os principais trechos da entrevista:
No projeto do senador Calheiros, o sr. decidiu mudar o teto da dívida federal. Por quê?
A metodologia do FMI (Fundo Monetário Nacional) já está acima de 80% do PIB há muito tempo: está 12 pontos porcentuais maior do que a calculada pelo Banco Central, que está em 77,6%. A metodologia do FMI leva em conta a dívida dos agentes subnacionais, dos Estados e municípios. Também leva em conta todo o estoque de títulos do governo central que está em posse do Banco Central, as operações compromissadas. É a metodologia usada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) também; então eu vou continuar com essa metodologia. Retirando-se os entes subnacionais, a taxa está em 74,1%. São quase seis pontos porcentuais para chegar em 80%. Se não cuidar, só o juro da dívida interna leva a isso rapidinho.
Mas por que a relação de 80% do PIB?
Porque é importante que o Brasil se compare a outros países. Embora haja diferença de metodologia, é muito fácil comparar uma coisa com a outra. É só acrescentar aqueles 12 pontos que você consegue comparar. É um pouco acima da média dos países da América Latina, mas fica muito abaixo da dívida dos Estados Unidos. Fica muito abaixo da dívida dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Fica muito abaixo do Japão.
Qual o impacto que os juros na conta?
Por que o Brasil tem taxa de juros tão alta? Muitas pessoas dizem erroneamente que é por causa da dívida. Não é. Tanto não é que países que devem muito mais do que o Brasil têm taxa de juros baixíssima. O próprio Brasil, no tempo do (ex-presidente Michel) Temer, por exemplo, teve taxas bastante baixas. E a dívida já era grande. Então, o que determina os juros realmente é a política fiscal. Política fiscal é a forma como o governo está gerindo a economia. Se ele gasta cada vez mais, se ele demonstra que quer fazer política populista, etc., ele perde a credibilidade e todo mundo começa a querer fugir do real. E aí, tem que aumentar o juros. A culpa do juro alto não é o câmbio, é a política fiscal. Isso vai ficando cada vez mais claro.
A diretoria do BC está justamente reunida neste momento para decidir a trajetória da Selic...
Eu sei. O (presidente) Lula vai ficar louco para que eles baixem a taxa de juros. O Lula não fala coisa com coisa. Quando era o presidente anterior (do BC, Roberto Campos Neto), ele dizia que o homem estava jogando contra a nação. Agora, como foi ele que indicou o (Gabriel) Galípolo, que aumentou muito mais o juro que o Campos Neto, para ele está tudo bem.
Por que o sr. decidiu ser o relator desse projeto? O sr. acha que o nosso arcabouço fiscal não se sustenta?
Nosso arcabouço fiscal está mais furado do que uma peneira. Toda hora estão tirando alguma coisa para não contar para efeito do resultado do arcabouço: tiram o precatório, tiram a ajuda para a enchente do Rio Grande do Sul, tiramos hoje a questão do tarifaço, mais R$ 30 bilhões que o governo vai gastar para proteger indústrias... Então, isso virou uma peça de ficção. Ninguém acredita mais no arcabouço, não tem mais nenhum sentido. E, se tiver um limite para a dívida, quando o governo bater nos 80%, vai ser obrigado a se submeter à Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo não pode mais fazer empenhos, não pode mais aumentar o salário, vai ser obrigado a fazer uma administração coerente para produzir superávit. Isso faz baixar o juro, isso traz crescimento sustentável.
Qual é seu principal objetivo com esse teto, então? É baixar o juro?
Baixar juro, dar confiança ao mercado brasileiro, fazer com que o governo tenha de fazer uma política não populista, não de voo de galinha, mas de crescimento sustentável. Os investidores têm milhões aplicados em banco. Se eu tenho R$ 100 milhões no banco, para que eu vou investir? Se eu deixar parado lá, eu ganho R$ 15 milhões por ano sem fazer nada. Agora, se a taxa de juros fosse, não 15% ao ano, mas 2% ou 3%, como é no mundo civilizado, eu ia ter de pegar esse dinheiro e ir para a economia real: criar emprego, montar uma fábrica, montar um negócio para ter algum resultado para esse dinheiro. Isso cria crescimento sustentável, e não esses voos de galinha que o governo faz distribuindo benesses.
O senador Calheiros disse que vai colocar o projeto para votar na terça-feira da semana que vem. Como acha que será a recepção de seus colegas?
Primeiro: essa proposta vai para a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e depois para o plenário do Senado. Não precisa ir para a Câmara e nem pode ser vetada pelo presidente Lula, porque está previsto na Constituição que o Congresso fixa esse limite. Vou trabalhar para que seja aprovada.
Em uma semana?
Não, vou ter mais (tempo). Não sei qual vai ser a reação do governo, mas o que que vai acontecer? Vou expor o projeto. Fiz de tal forma que o projeto seja palatável. Ele não para o governo amanhã, é realista. Não adiantava eu fixar um limite para a dívida que ia parar o governo amanhã. Isso não seria realista e não estaria de acordo com a maioria dos países. Tem um limite bastante folgado até. O governo continua navegando por algum tempo, mas já tem que começar a se preocupar. Imagina uma fração: o numerador é o valor da dívida e o denominador, o PIB. O que acontece? Se essa dívida aumenta e o PIB não, o quociente aumenta, ele chega nos 0,80, 0,90 em pouco tempo. O que o governo vai ter que perseguir? Ele vai ter que perseguir a diminuição do numerador e o aumento do denominador. Como é que faz isso? Baixando o juro. Se você baixar o juro, a dívida não cresce tanto. Se esse juro baixa de 15% para 3%, a dívida cresce muito mais lentamente, entendeu?
O sr. está jogando uma parte da responsabilidade para o BC baixar o juro? O BC é autônomo formalmente nos últimos anos...
A missão do Banco Central continua a mesma. É bom que o BC tenha autonomia. Se a inflação começar a aumentar, o Banco Central, tem, sim, que aumentar o juro. Por que a inflação aumenta? Aí é política fiscal, aí é Governo Central. O que precisa ficar claro no nosso País é que o responsável pela inflação, o responsável pela taxa de juros, é o Governo Central, não é o Banco Central. O Banco Central reage às besteiras que o Governo Central faz. Mas se o Governo Central administrar bem, por que o Banco Central vai aumentar os juros? Vai baixar, como já tivemos juros baixos no País. Se você pega a curva de juros do nosso País, nos últimos dez anos, você vai ver que já tem uma flutuação que vai, desde 2%...
Isso foi durante a pandemia, senador...
Mas há quantas décadas estamos andando de lado com o crescimento? Porque é tudo baseado em aumento de gasto do governo, e não tinha que ser baseado nisso. Tem que ser baseado no investimento. O Governo Central tem que deixar de só pensar em ganhar a próxima eleição. Tem que ter duas metas: promover o desenvolvimento econômico sustentável e diminuir o custo da dívida.
Infomoney - SP 17/09/2025
Os preços futuros do minério de ferro se recuperaram nesta terça-feira, apoiados pelo aumento da produção de aço na China, enquanto os ganhos nos índices de referência do aço refletiram a melhora do sentimento apesar de dados fracos do setor imobiliário.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China subiu 0,82%, a 803,5 iuanes (US$ 112,94) a tonelada.
O minério de ferro de referência de setembro na Bolsa de Cingapura avançava 0,24%, a US$ 105,75 a tonelada.
Grandes empresas siderúrgicas produziram uma média diária de 2,087 milhões de toneladas no início de setembro, um aumento de 7,2% em relação ao mês anterior, de acordo com a corretora chinesa Galaxy Futures.
Isso ocorre depois que a produção de aço bruto da China em agosto caiu pelo terceiro mês consecutivo, já que as siderúrgicas em Tangshan, o principal centro de produção de aço da China, reduziram as operações para um grande desfile militar em Pequim. Enquanto isso, a produção de aço bruto no Brasil caiu 4,6% em relação ao ano anterior em agosto.
Após semanas de quedas, a produção de concentrados de minério de ferro pelas mineradoras chinesas se recuperou na semana passada, um sinal de que as mineradoras locais estão gradualmente reiniciando as operações, disse a consultoria chinesa Mysteel.
Enquanto isso, os preços das casas novas na China caíram 0,3% em agosto em relação ao mês anterior, em meio à fraqueza persistente no setor imobiliário.
A Associação de Ferro e Aço da China, apoiada pelo governo chinês, realizará uma reunião com os chefes responsáveis pelas compras de minério de ferro das siderúrgicas na quinta-feira.
Infomoney - SP 17/09/2025
A S&P elevou nesta terça-feira o rating da Vale (VALE3) de “BBB-” para “BBB”, com perspectiva estável, ao citar o foco da mineradora na redução de riscos, progresso no descomissionamento de barragens e melhorias na entrega de minério de ferro.
Em sua análise, a S&P destacou que a Vale removeu no mês passado sua última barragem da lista de estruturas em seu portfólio no mais alto patamar de risco e “aprimorou consideravelmente” sua supervisão e controles de risco nos últimos anos.
“Agora avaliamos sua gestão e governança como neutras para o rating, antes avaliadas como negativas”, adicionou.
Ao mesmo tempo, a agência de classificação de risco afirmou que a mineradora manteve uma alavancagem controlada e um balanço “forte”, apesar dos preços de seus produtos mais baixos em geral, alinhando seus planos de investimentos e remuneração aos acionistas às condições de mercado.
“A perspectiva estável reflete nossa visão de que a Vale manterá a alavancagem sob controle e a liquidez forte, ajustando o pagamento de dividendos, capex e recompra de ações, se necessário”, disse a S&P.
A agência afirmou ainda que a Vale revisou sua estratégia há alguns anos para focar em rentabilidade ao invés de volume, visando maximizar o valor de seu portfólio, que inclui o equilíbrio ideal entre o “blend” de minério de ferro e capacidade de adaptação às condições de mercado.
Como exemplo, a S&P citou uma redução significativa da produção de pelotas neste ano, devido às condições de preço, e ressaltou melhorias operacionais. Também disse que os custos operacionais do níquel tiveram uma melhora e que houve uma expansão da produção de cobre.
Valor - SP 17/09/2025
Com essa nova rodada de demissões, a força de trabalho europeia total será cortada em cerca de 18%
A Ford planeja cortar mais 1 mil empregos na Alemanha, enquanto busca cortes de custos mais profundos para compensar a fraca demanda por veículos elétricos na Europa.
A montadora americana delineou no fim do ano passado um programa de reestruturação para se tornar mais competitiva, que incluía cerca de 4 mil cortes de empregos em toda a Europa até 2027, com as unidades na Alemanha e no Reino Unido sendo as mais atingidas. Na época, esperava-se que a medida afetasse cerca de 2.900 empregos na Alemanha e 800 no Reino Unido.
O plano mostrado nesta terça-feira (16) de cortar até 1 mil posições em Colônia vem somar-se a essas demissões originais e
A Ford havia alertado anteriormente que a transição para veículos eletrificados tem sido altamente disruptiva para o mercado automotivo, particularmente na Europa, onde os fabricantes enfrentam significativas pressões competitivas e econômicas, além das regulamentações de dióxido de carbono e da demanda vacilante por veículos eletrificados.
A empresa disse que a evolução das regulamentações de dióxido de carbono na Europa, juntamente com a falta de investimento em infraestrutura de recarga e incentivos de compra, significa que os consumidores permanecem hesitantes.
A Ford gastou US$ 2 bilhões transformando sua fábrica de Colônia em uma instalação de produção de alta tecnologia para construir sua nova geração de veículos elétricos de passageiros. Quando a fábrica modernizada abriu em 2023, a Ford disse que 35% dos emplacamentos de veículos novos na Europa eram esperados como veículos elétricos, segundo as expectativas do setor, mas hoje espera-se que apenas 20% dos emplacamentos de veículos novos na Europa sejam veículos elétricos até o final de 2025.
“A Ford está continuamente avaliando seus volumes de produção e fazendo ajustes em sua programação de manufatura com base na demanda do mercado”, disse a empresa, em um comunicado.
Com a demanda europeia por veículos elétricos de passageiros ainda significativamente abaixo das projeções do setor, a Ford disse que agora está ajustando a produção na fábrica de Colônia para um único turno a partir de janeiro.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 17/09/2025
A venda de caminhões para o país vizinho praticamente triplicou este ano, com 11 mil embarques de janeiro a agosto frente a apenas 4 mil no mesmo período de 2024.
Com tal desempenho, a Argentina está respondendo agora em 2025 por 45% dos negócios das montadoras de pesados.
No cômputo geral do setor, as vendas para outros países cresceram 55,9% este ano, para 378.249 veículos, conforme revelou o presidente da Anfavea, Igor Calvet, que atribui ao desempenho extremamente positivo das exportações o aumento de 6% na produção de veículos no Brasil (Produção de veículos cresce graças às exportações).
Só em agosto as exportações atingiram 57,1 mil unidades, melhor resultado desde junho de 2018.
O volume representou alta de 19,3% sobre julho e de 49,3% sobre o mesmo mês do ano passado. Incluindo leves e pesados, a Argentina responde por 59% dos embarques no ano, índice que em 2024 era de 36%.
Ao revelar que a produção só cresceu nos últimos meses devido à maior presença das associadas no mercado externo, o presidente da Anfavea lembrou que o mercado interno já está em retração no segmento de caminhões e comerciais leves, assim como no varejo de automóveis.
Pelos números da entidade, a exportação tem compensado em parte a desaceleração no mercado de veículos leves, o que já não corre nos caminhões que, em agosto, teve a primeira queda de produção no acumulado do ano (Segmento de caminhões retrata cenário cada vez mais desafiador)
Os comerciais em geral, tanto leves como pesados, são mais afetados pelo juro alto do que os automóveis, embora já haja sinais de que a meta de crescimento de 5% no mercado interno este ano possa não se concretizar por causa da disponibilidade mais limitada de crédito.
Valor - SP 17/09/2025
Montadora japonesa também informou que vai reduzir operações em Londres e no Japão
A Nissan disse nesta terça-feira (16) que fechará seus centros de design na Califórnia e em São Paulo e reduzirá as operações em Londres e no Japão como parte de um realinhamento de sua organização global de design.
A montadora japonesa afirmou que a reestruturação, que será concluída até o final do ano fiscal de 2025, tem como objetivo simplificar suas operações de design.
Revista Ferroviaria - RJ 17/09/2025
A construção da EF-118, conhecida como Anel Ferroviário do Sudeste, corre o risco de descarrilar. A ferrovia, planejada para ligar o Rio de Janeiro a Vitória (ES), é considerada peça-chave na integração logística do país, pois conectará os portos fluminenses e capixabas à malha ferroviária nacional, abrindo uma rota estratégica para importações e exportações. No entanto, um acordo mal resolvido entre o governo federal e a mineradora Vale ameaça comprometer o futuro do projeto.
Elaborado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o traçado da EF-118 prevê a execução da obra em três etapas, em regime de concessão à iniciativa privada. O primeiro trecho, com leilão previsto para o início de 2026, conectará o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), ao município capixaba de Anchieta, onde fica o Porto de Ubu. Serão 170 quilômetros destinados a impulsionar o escoamento da produção e a competitividade portuária da região. O segundo trecho, com 325 quilômetros, ligará o litoral sanjoanense a Nova Iguaçu.
O terceiro trecho, de 80 quilômetros, ligará Anchieta a Santa Leopoldina, na Grande Vitória, onde a ferrovia se integrará à Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). A obra era dada como certa para acontecer paralelamente à obra do primeiro trecho. Inicialmente, o governo federal havia firmado acordo com a Vale para que a mineradora financiasse esse trecho como contrapartida à renovação da concessão da EFVM e da Estrada de Ferro Carajás. Entretanto, as negociações não avançaram.
Segundo uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, existem pressões em Brasília para direcionar os esforços da Vale a outro projeto: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia. Essa disputa acendeu o alerta sobre um possível enfraquecimento da EF-118, que pode perder espaço na agenda federal diante de prioridades concorrentes.
Em maio, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) recomendou a inclusão da EF-118 no Programa Nacional de Desestatização (PND), mantendo a previsão de início das obras já no próximo ano. O Ministério dos Transportes garante que o empreendimento seguirá adiante, mesmo sem a participação da Vale.
Diante desse novo cenário, entretanto, cabe às lideranças políticas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo redobrar a vigilância e a articulação em Brasília. A EF-118 não é apenas mais uma obra de infraestrutura. Trata-se de um corredor logístico estratégico, capaz de transformar a dinâmica portuária do Sudeste e ampliar a competitividade brasileira no comércio exterior. Se o projeto perder prioridade agora, corre-se o risco de adiar por décadas uma oportunidade histórica de integração econômica e desenvolvimento regional. Esse trem não pode parar.
A Tribuna - SP 17/09/2025
O Trem Intercidades (TIC) – Eixo Sul, projetado para ligar São Paulo à Baixada Santista e a outras regiões do litoral paulista por meio de uma linha ferroviária, já está em fase de estudo e terá entre 80 km e 130 km de extensão. Em paralelo, o TIC – Eixo Leste, com mesma extensão, conectará São Paulo ao Vale do Paraíba e também está em andamento.
O Governo do Estado projeta um investimento de R$ 10 bilhões para o Eixo Leste. Já para o Eixo Sul, a estimativa é de R$ 15 bilhões em investimento. A previsão é que a conclusão de ambos os projetos ocorra ao longo dos próximos 30 anos.
Os projetos do TIC – Eixo Sul e do TIC – Eixo Leste seguem em progresso, seguindo um cronograma composto por seis etapas iniciais. A primeira fase, relacionada à qualificação no Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), já foi concluída.
Atualmente, estão em andamento os estudos, com previsão de término no primeiro semestre de 2027. As etapas seguintes incluem a realização de audiência pública, a elaboração do edital, o leilão e, finalmente, a assinatura do contrato.
Trem Intercidades (TIC) – Eixo Sul
Com extensão estimada entre 80 km e 130 km, o trajeto do Eixo Sul deve ser percorrido em cerca de 90 minutos. O projeto prevê a geração de aproximadamente 13 mil empregos e tem como meta reduzir o tráfego no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).
Entre as rotas estudadas para ligar a Baixada Santista à Capital, há três possibilidades. A primeira sugere a Estação Brás como destino final, passando pela Via ABC e pelo trecho de Paranapiacaba, que pertence à faixa de domínio da cremalheira. No entanto, essa opção enfrenta atualmente competição com o transporte de cargas, o que dificulta sua implementação.
A segunda alternativa prevê a Estação Pinheiros, utilizando a Linha 9 e o trecho de Parelheiros, seguindo o percurso usado pelos trens até a década de 1970. A terceira rota considera a Estação Santos-Imigrantes, aproveitando a faixa de domínio da Rodovia dos Imigrantes até a conexão com a Ferrovia Santos-Cajati, permitindo que os trens cheguem diretamente à cidade de Santos.
Trem Intercidades (TIC) – Eixo Leste
O Trem Intercidades (TIC) Eixo Leste ligará, por meio de uma linha férrea, a cidade de São Paulo e sua Região Metropolitana ao Vale do Paraíba, com destino final em São José dos Campos, no interior paulista. O trajeto terá duração estimada de 75 minutos, passando por quatro municípios e beneficiando cerca de 2,7 milhões de pessoas.
A extensão total da ferrovia deve ficar entre 80 km e 130 km, sendo que o traçado definitivo será definido após a conclusão dos estudos de viabilidade.
Valor - SP 17/09/2025
Especialistas participaram de evento em Porto Alegre sobre a infraestrutura de transportes da região Sul, parte da série de debates "Logística no Brasil", promovida pelo Valor, com oferecimento de Infra S.A. e Ministério dos Transportes
Na ressaca do desastre climático de maio de 2024, o maior registrado na história do Estado, o Rio Grande do Sul viu gargalos logísticos se tornarem mais evidentes em vários pontos de seu território. Ficou evidente a urgência de discussões sobre anéis viários, qualidade das rodovias, alternativas para o transporte aéreo — com o principal aeroporto atingido e fechado por quase seis meses —, e um ponto que já preocupava antes das enchentes, a situação das ferrovias.
Essas foram algumas das questões diagnosticadas e analisadas por especialistas em evento realizado nesta terça-feira (16), em Porto Alegre, sobre a infraestrutura de transportes da região Sul, parte da série de debates “Logística no Brasil”, promovida pelo Valor, com oferecimento de Infra S.A. e Ministério dos Transportes.
Com uma economia baseada em sua maior parte no agronegócio, e uma posição geográfica que o coloca em uma das pontas do mercado nacional, afastado do centro de consumo, o Estado vê sua indústria e a produção ainda mais dependentes de condições de transporte.
Segundo o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Afonso dos Santos Senna, um dos painelistas, apenas 10% da malha rodoviária do RS é pavimentada, percentual abaixo da média nacional, de 12%. Enquanto obras de recuperação de grandes estradas andaram e se encaminham para pontes, as ferrovias seguem como uma preocupação pendente.
Diretora de obras e projetos da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, criada pelo governo atual dentro do Ministério dos Transportes com foco no setor, Maryane da Silva Figueiredo Araujo, diz que a discussão é baseada no que já existe na malha do país e na possibilidade de novos corredores.
No caso da região Sul, diz ela, foi aberto um grupo de trabalho para analisar estudos com diversos atores, incluindo municípios e ONGs. Com o levantamento em fase de conclusão, ela antecipa que um dos pontos pensados é racionalizar a malha, dividindo-a em trechos que fazem ou não sentido e que sejam atrativos para o mercado.
‘‘A Malha Sul, especificamente, tem um traçado antigo e desafiador para competir com outros modos. Dividimos ela em três: a malha gaúcha, um corredor Mercosul, que é a ligação com o Paraná, e o corredor do Paraná, que liga ao Porto de Paranaguá’’, explica. ‘‘Estamos vendo o quão viável é cada pedaço e as possibilidades de financiamento ou funding que a gente vai precisar endereçar a cada parte ou ao todo.’’
Jorge Bastos, presidente da Infra S.A., que tem trabalhado junto ao governo gaúcho para elaboração de um novo Plano Estadual de Logística de Transportes (Pelt), lembra que as ferrovias atuais, tanto no RS quanto em outras partes do país, foram pensadas há dois séculos, quando os trens competiam com carroças e não com os caminhões e as rodovias atuais.
‘‘É uma ferrovia que está desatualizada. A opinião do Rio Grande do Sul, das federações é superimportante, eles estão vivendo aqui, sofrendo aqui com o que acontece, tem que ser levado da conta’’, afirma Bastos. ‘‘Estamos agora com um diálogo para 2050, ferrovia não é uma coisa rápida de acontecer, mas não adianta ficar deixando para depois, senão não acontece.’’
Ricardo Portella, vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), embra que o desenho da malha gaúcha é ainda baseado no que foi feito à época do Império, no século XIX, basicamente para transporte de gado. O cenário hoje é de uma malha antiga, com problemas de geometria devido a quantidade de curvas e que atravessa zonas urbanas de cidades.
‘‘Essa malha tem utilidade emergencial, mas ela tem muita dificuldade de competir com caminhões. Estamos defendendo que, existe um estudo feito, de uma nova ferrovia, bitola larga, que sairia do porto de Rio Grande, chegaria próximo a Santa Maria, e subiria’’, afirma ele. ‘‘Tem um corredor de transporte de grãos fortíssimo, poderia inclusive juntar ao hub de combustíveis que vai para Passo Fundo [norte do Estado]’’.
Na avaliação do cenário geral do Rio Grande do Sul, que conta com estruturas de todos os modais, ainda que com problemas, Portella salienta: ‘‘O desafio agora é transformar essa malha em algo melhor do que tínhamos antes. Para isso precisamos de recursos, investimentos’’.
Money Times - SP 17/09/2025
Apesar das tarifas impostas pelos Estados Unidos, o Porto de Santos encerrou o mês de agosto com novos recordes. É isso que aponta o resumo mensal das movimentações, realizado pela Gerência de Inteligência e Estatística da Autoridade Portuária de Santos (APS).
Foi o melhor agosto da história em movimentação de cargas, com 16,5 milhões de toneladas considerando embarques e desembarques, crescimento de 3,5% em relação ao mesmo mês de 2024.
As entradas e saídas de contêineres também bateram o recorde mensal, com um aumento de 8,9% frente ao ano anterior e 518,1 mil de TEU (unidade padrão de contêineres). Desde janeiro, o Porto de Santos movimentou 3,8 milhões de TEU, uma alta de 8% ante o mesmo período de 2024.
“Os dados demonstram que o mês de agosto foi de superação do cenário internacional adverso e apontam para uma consolidação de um ano histórico para o setor. Fruto do trabalho conjunto dos portuários, empresas e terminais, e dos esforços diplomáticos do governo federal e do setor produtivo”, avalia Anderson Pomini, presidente da APS.
Além da alta expressiva de contêineres, houve crescimento substancial na exportação de celulose (55,8%) entre agosto de 2024 e de 2025, bem como de soja (27%), sucos (20,8%), gasolina (24,1%) e óleo combustível (15,3%). O fluxo de navios também aumentou, com a atracação de 489 embarcações, 9,6% a mais.
Já a participação acumulada de Santos na corrente comercial brasileira chegou a 29,9% em agosto, superando os 28,5% registrados no mês em 2024.
Os efeitos do tarifaço
Dados extraídos do sistema Comex, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), apontam para uma queda de 5,79% no valor das exportações do Porto de Santos para os Estados Unidos no mês de agosto (comparado a agosto de 2024), o primeiro com a aplicação das tarifas.
Entretanto, o valor total das exportações registrou um incremento de 8,55% no mesmo recorte temporal. Considerando apenas os embarques para a China, o aumento foi de 63,25%.
A Tribuna - SP 17/09/2025
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) realizará, no dia 22 de outubro, o segundo bloco de leilões portuários de 2025. Estarão em disputa, na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, três empreendimentos.
O ativo com mais investimentos é a concessão do canal de acesso aquaviário aos portos de Paranaguá e Antonina, no Paraná. O total será de R$ 1,2 bilhão ao longo dos 25 anos do contrato.
Entre as principais melhorias previstas para o projeto está o aumento da profundidade, a partir do quinto ano da concessão, para 15,5 metros (atualmente o acesso aquaviário tem 13,3 metros).
Além disso, foram definidas a ampliação e o alargamento do canal, o alargamento da bacia de evolução e o aprofundamento da área de fundeio, entre outras melhorias. O futuro concessionário executará, também, investimentos que incluem serviços de dragagem, derrocagem, sinalização náutica, batimetria, programas e monitoramentos ambientais.
Outros
Também será leiloado o terminal RDJ07, no Porto do Rio de Janeiro. Ele tem como objetivo a movimentação de carga de apoio offshore. A previsão de investimentos, ao longo dos 25 anos, é de R$ 99,4 milhões.
Por fim, serão investidos R$ 3,7 milhões no Terminal Marítimo de Passageiros (TMP) do Porto de Maceió, em Alagoas. O prazo da concessão é de 25 anos e contará com estação de passageiros e estacionamento.
Agência Senado - DF 17/09/2025
O governo federal editou medida provisória que cria incentivos para a indústria naval e para o setor de petróleo do país. Publicada em edição extra do Diário Oficial da União da segunda-feira (15), a MP 1.315/2025 aumenta o limite da concessão de quotas de depreciação acelerada para navios-tanque novos produzidos no Brasil e para embarcações de apoio marítimo usadas em plataformas offshore. O objetivo é incentivar a produção nacional e o uso de embarcações brasileiras no transporte de petróleo e derivados e no apoio a operações marítimas.
Depreciação acelerada é um mecanismo que reduz o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) pagos pelas empresas beneficiadas. A MP aumenta o limite da concessão da depreciação acelerada para R$ 2,4 bilhões. Para isso, o texto altera a Lei 14.871, de 2024, que fixava esse limite em R$ 1,6 bilhão.
O benefício se aplicará aos navios-tanque cujos contratos sejam celebrados até 31 de dezembro de 2026 e que entrem em operação a partir de 1º de janeiro de 2027.
Segundo o governo, o objetivo da medida é ampliar os estímulos a investimentos em modernização e aumento da frota de embarcações de cabotagem de petróleo e seus derivados, bem como de derivados de gás natural, além de reduzir a exposição a oscilações de preço e dos custos com frete de embarcações.
A MP já está em vigor, mas precisa ser votada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Inicialmente, o texto passará pela análise de uma comissão mista.
Investimentos
De acordo com o Poder Executivo, os investimentos são importantes para atender às perspectivas de demanda crescente por serviços de cabotagem e do próprio setor de petróleo, gás natural e seus derivados, “que realizou investimentos de R$ 94,1 bilhões na fase de produção em 2024 e tem previsão de investimentos de R$ 139,9 bilhões em 2025, alcançando montante de R$ 609,5 bilhões no quinquênio de 2025-2029”.
Os dados apresentados pelo governo são do Painel Dinâmico de Previsão de Atividade, Investimento e Produção na Fase de Produção, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O Executivo aponta que essa expansão foi acompanhada por crescimento da produção na indústria naval, “que gerou quase 9 mil postos de trabalho em 2024 (crescimento de 33% em relação 2023), em consonância com os resultados esperados na concepção da política pública de depreciação acelerada de navios-tanque”, objeto da medida provisória.
“A proposta resultaria em aumento de 50% da renúncia relativa à depreciação acelerada de embarcações, levando em conta o aumento projetado pela ANP do investimento na fase de produção de petróleo e gás natural na mesma proporção entre 2024 e 2025”, diz o texto da medida provisória.
O governo argumenta ainda que a urgência da medida é justificada pela “necessidade imediata de eliminar insegurança jurídica na implementação da política pública de depreciação acelerada de navios-tanque e de embarcações de apoio marítimo, preconizada na Lei 14.871/2024, e evitar a descontinuidade de investimentos”.
Valor - SP 17/09/2025
A Turquia busca financiar parte de seu investimento naval de US$ 13 bilhões impulsionando as vendas de armas na Ásia e na Ásia Central, afirmam analistas.
A Turquia assinou acordos para fornecer fragatas para a Indonésia este ano e corvetas para a Malásia em 2024. Estes acordos se somam às vendas anteriores de corvetas para o Paquistão, navios de patrulha offshore para o Turcomenistão e embarcações de superfície não tripuladas para o Azerbaijão.
Na mais recente demonstração de sua destreza militar, a Marinha turca exibiu 15 ativos em um evento inaugural de quatro dias chamado "Teknofest Blue Homeland" em agosto, no Comando do Estaleiro Naval de Istambul, que atraiu cerca de 175 mil visitantes.
Analistas afirmam que as bases militares turcas no exterior e as ambições distantes de pesquisa de hidrocarbonetos em alto-mar exigem uma marinha maior, capaz de operar globalmente. Esses acordos com países asiáticos abrirão caminho para a exportação de outros ativos navais, afirmam.
"A Turquia tem ambições navais muito maiores para projetar poder globalmente", disse Serhat Suha Cubukcuoglu, pesquisador sênior da Trends Research & Advisory, sediada em Abu Dhabi, que escreveu um livro sobre a estratégia naval turca.
"A Turquia espera financiar parte da reforma da frota com uma política de exportação agressiva para nações amigas e aliadas, à medida que as disputas em torno do Mar da China Meridional, as tensões entre Paquistão e Índia e outras se intensificam no Indo-Pacífico, impulsionando a demanda", acrescentou, citando a aceleração da corrida armamentista global.
A China recentemente exibiu sua força militar em um desfile em Pequim, tendo como pano de fundo suas ações agressivas no Mar da China Meridional e incursões no espaço aéreo de Taiwan.
Enquanto isso, os membros da Otan (aliança militar do Ocidente), incluindo a Turquia, comprometeram-se em junho a gastar 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa até 2035, em grande parte devido às preocupações de que a Rússia pudesse invadir o flanco oriental da Europa.
Na quarta-feira, a Polônia, membro da Otan, abateu drones russos que entraram em seu espaço aéreo, embora Moscou tenha afirmado que não pretendia atingir nenhum alvo no vizinho da Ucrânia.
No Oriente Médio, as tensões estão altas após Israel lançar ataques aéreos contra autoridades do Hamas no Qatar em 9 de setembro.
Uma pesquisa realizada em junho mostrou que 69% acreditam que o alvo final de Israel é a Turquia, enquanto outra pesquisa realizada no mês seguinte mostrou que 71% acreditam que a Turquia deveria começar a construir armas nucleares.
No encerramento do evento naval, o chefe da Marinha turca, Almirante Ercument Tatlioglu, disse: "A Turquia está construindo simultaneamente 36 plataformas navais, que variam de porta-aviões nacionais a submarinos. Poucos países almejam tal feito."
Os 11 bilhões de euros em construção naval serão destinados à construção de plataformas navais que substituirão embarcações antigas e expandirão o tamanho da frota.
A Turquia foi o 11º maior exportador de armas do mundo e ficou em 17º lugar em gastos militares em 2024, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo.
Dados oficiais mostram que as exportações de defesa atingiram US$ 7,1 bilhões no ano passado, com o governo alocando 1,6 trilhão de liras (US$ 38,7 bilhões) para defesa e segurança no orçamento deste ano.
Para aumentar suas ofertas, a Turquia assinou acordos com países muçulmanos no Sul e Sudeste Asiático.
"A fraternidade muçulmana compartilhada pela Turquia com a Malásia, Indonésia e Paquistão — reforçada por fortes laços interpessoais e pela harmonia entre os líderes — tornou as exportações de defesa para esses parceiros particularmente favoráveis", disse Cubukcuoglu.
Em julho, a Indonésia se tornou a primeira cliente das fragatas classe I de fabricação nacional da Turquia, comprando dois navios de guerra que entraram no inventário da Marinha Turca apenas no ano passado. Os estaleiros TAIS Shipyards da Turquia, que ganharam as encomendas das fragatas, também estão construindo duas aeronaves menores de ataque rápido equipadas com mísseis para a Indonésia.
Além disso, uma empresa privada indonésia assinou um acordo com a fabricante de drones Baykar para fabricar as armas no país. Esses drones podem ser instalados em grandes navios de guerra, como mostrado no navio de assalto anfíbio da Turquia, o TCG Anadolu.
Além das vendas completas de plataformas navais, a Turquia também fornece sistemas e armas para a Marinha da Indonésia, como sistemas de gerenciamento de combate, mísseis antinavio e canhões navais.
Para a Malásia, a estatal turca STM está construindo três corvetas, com entrega prevista para 2027.
Analistas afirmam que, além das bases militares da Turquia em países como Qatar e Somália, seus projetos de petróleo e gás no Mar Negro e no Oceano Índico ressaltam a necessidade de uma Marinha maior. A empresa também está se preparando para pesquisas de energia offshore no Paquistão, missões que geralmente são acompanhadas pela Marinha.
Kozan Selcuk Erkan, arquiteto naval e analista da indústria de defesa, afirmou que, após os acordos recentes, a Turquia poderia oferecer aos países asiáticos outras plataformas navais, como contratorpedeiros, submarinos e navios de caça-minas, assim que se tornassem operacionais.
A política turca, sem vínculos políticos, para as exportações de defesa, a disposição para transferir tecnologia e a abertura à produção conjunta, produtos com boa relação custo-benefício e soluções flexíveis de engenharia naval são atraentes para os compradores, disse Erkan.
No entanto, ele acrescentou que a dependência externa de alguns componentes-chave, como motores e turbinas navais, pode ser problemática.
Money Times - SP 17/09/2025
A Petrobras (PETR4) assinou um contrato de operação e manutenção de até cinco anos com a empresa de serviços industriais Engeman que visa a retomada das operações de suas fábricas de fertilizantes nitrogenados na Bahia e em Sergipe até o fim do ano, informou a petroleira nesta terça-feira.
A licitação para a contratação da Engeman foi possível após a Petrobras firmar em maio um acordo com a Unigel para encerrar um contrato de arrendamento e litígios relacionados, permitindo que as unidades retornassem à posse da estatal.
“A previsão é que a posse para a Petrobras seja restabelecida no mês que vem, prazo no qual a Unigel desmobilizará suas equipes e realizará demais processos do encerramento do arrendamento”, disse a Petrobras, no comunicado nesta terça-feira.
A petroleira havia arrendado as fábricas para a Unigel em 2019, por dez anos, mas elas foram paralisadas em 2023, sob a alegação da parceira de que os altos preços do gás natural no Brasil inviabilizavam a operação de forma lucrativa.
O avanço da Petrobras com a contratação da Engeman atende a anseios do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu desde o início do seu mandato o retorno de investimentos da estatal no setor, uma vez que o Brasil, uma potência agrícola, é fortemente dependente de importações de fertilizantes.
Os investimentos da Petrobras no segmento, entretanto, são vistos como controversos, uma vez que o produto importado chega ao Brasil a custos competitivos.
A Petrobras adicionou nesta terça-feira que o contrato com a Engeman vai gerar cerca de 800 empregos diretos e indiretos para atender as duas fábricas, com priorização da mão de obra local, “reforçando o compromisso da Petrobras com o desenvolvimento da cadeia produtiva nacional”.
A Engeman atende indústrias de vários setores, como óleo e gás, mineração, química, petroquímica e fertilizantes, papel e celulose, siderurgia, naval e energia, entre outros, com atividades de referência em manutenção industrial e gestão de manutenção, segundo o site da companhia.
Nas Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) serão produzidas amônia, ureia perolada e Arla-32, em contrato que ainda inclui a operação dos Terminais Marítimos de Amônia e Ureia no Porto de Aratu, em Candeias, na Bahia. Já na Fafen-SE serão produzidas amônia, ureia perolada e ureia granulada.
Valor - SP 17/09/2025
A Ucrânia afirmou que atacou a refinaria de petróleo de Saratov, na região do Volga, na Rússia, durante a madrugada desta terça-feira (16)
Os contratos futuros do petróleo fecharam em firme alta nesta terça-feira (16), com investidores precificando maior prêmio de risco diante da escalada nas tensões geopolíticas, após um ataque de drones ucranianos à infraestrutura de energia na Rússia, que pode comprometer os fluxos da commodity.
No fechamento, o futuro do petróleo tipo Brent (a referência mundial) com vencimento em novembro subiu 1,52%, cotado a US$ 68,47 por barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O WTI (a referência americana) com entrega prevista para outubro teve alta de 1,93%, a US$ 64,52 por barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex).
A Ucrânia afirmou, nesta terça-feira, que atacou a refinaria de petróleo de Saratov, na região do Volga, na Rússia, durante a madrugada.
Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a pressionar os países da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a pararem de comprar petróleo russo. A fraqueza do dólar na sessão também contribui para impulsionar os preços da commodity, à medida que ela se torna mais barata para compradores em moedas emergentes.
CNN Brasil - SP 17/09/2025
A maior e mais cara obra da Rota Bioceânica, que ligará o Brasil ao Paraguai, está em estágio avançado de construção no Pantanal. A ponte, orçada em mais de US$ 100 milhões, conectará Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, a Carmelo Peralta, no Paraguai, com previsão de conclusão em 2026. O tema é abordado na série da CNN Brasil Rota Bioceânica: Brasil rumo ao Pacífico, em exibição no CNN Prime Time, produzida pelo analista Caio Junqueira e pelo cinegrafista Djalma Sena.
Com 75% da obra já executada, a estrutura impressiona por suas dimensões: são 1.294 metros de extensão e 21 metros de largura, incluindo viadutos de acesso e um trecho estaiado com torres de 125 metros de altura. A ponte será a terceira ligação entre os dois países.
Obras complementares e impacto logístico
Para garantir o pleno funcionamento da ponte, estão em andamento as obras de acesso, que se estendem por 13 quilômetros e têm custo estimado em R$ 425 milhões. A complexidade do projeto se deve à necessidade de construção sobre áreas pantanosas. A expectativa é que 250 caminhões utilizem a travessia diariamente após sua inauguração.
Porto Murtinho, município de 15 mil habitantes, prepara-se para se tornar um importante hub logístico. A cidade já conta com um novo plano diretor que visa reorganizar sua infraestrutura pelos próximos dez anos, prevendo inclusive a criação de uma área de serviços específica para atender ao fluxo da rota.
Transformação e desenvolvimento regional
A expectativa é que a população de Porto Murtinho triplique com a chegada de funcionários aduaneiros, agentes de segurança e o aumento do fluxo de pessoas. O município já atrai investidores por sua posição estratégica na bacia platina, contando com porto privado que deve expandir suas operações com a inauguração da rota.
A obra representa uma mudança significativa para a região, historicamente vista como ponto final da logística nacional. Com o corredor bioceânico, a área se transformará em um importante nó logístico, facilitando as conexões comerciais entre o Brasil e os países do Pacífico.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 17/09/2025
As indústrias de máquinas agrícolas começaram a rever o seu crescimento para este ano.
O movimento está associado à baixa comercialização, observada, por exemplo, durante a Expointer 2025, quando as vendas de máquinas e implementos agrícolas registraram uma queda de 50% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 3,7 milhões.
Segundo Fernando Capra, CEO da Baldan, o cenário está atrelado ao endividamento no campo, que se choca, hoje, com preços das commodities estabilizados e custo de produção em alta.
“Nós tivemos, sim, um primeiro semestre muito interessante. Tivemos a Agrishow, que foi um grande momento, porque a conjuntura não era de tanta incerteza como agora”, disse.
O dirigente salientou que, por mais que, nos primeiros meses deste ano, se soubesse que o capital ainda estava caro, a produção era boa e tinha uma perspectiva de melhora nos preços internacionais das commodities.
Porém, tudo mudou neste segundo semestre. “O que aconteceu agora é que, além do Plano Safra ter vindo mais tarde e mais caro, a incerteza no cenário geopolítico mundial também assustou todo mundo”.
Diante deste contexto, a Baldan tem observado uma procura maior dos agricultores por implementos para preparo do solo, considerados “linhas de produtos de menor valor”.
Do outro lado, a busca por tratores tem caído. Com isso, o dirigente acredita em um crescimento de cerca de 5% no setor em 2025, ante 10% projetados no início do ano.
“Quando você entra em um cenário onde o custo de capital é alto, isso inviabiliza ainda mais qualquer decisão de investimento do produtor rural em equipamentos. Porque o cenário já não permite nem a continuidade do básico na produção dele, muito menos investir em equipamentos”, afirma.
Perante as atuais circunstâncias, a empresa, quase centenária na cadeia de máquinas e implementos agrícolas, deve frear os investimentos, operando em um ritmo menos acelerado do que o previsto. “Reduzindo e redirecionando”, como destacou o CEO.
Para o próximo ano, contudo, a visão de Capra é de continuidade das condições observadas nesta reta final de 2025.
“Não há, no horizonte de curto prazo, pelo menos na nossa visão, nada que altere essa dinâmica. E partindo do entendimento que o ponto central disso é o custo de capital, a taxa de juros no nível que está inibe investimentos”, apontou.