Grandes Construções - SP 16/09/2025
As exportações de sucata ferrosa voltaram a aumentar em agosto último, ao alcançarem 71.476 toneladas, expansão de 9,5% em relação ao mesmo mês de 2024, 65.254 toneladas.
De janeiro a agosto, o crescimento das vendas externas de sucata já atinge 573.306 toneladas, mais 14,2% em comparação a igual período de 2024 (502.208 toneladas). Em relação a julho deste ano, declinaram 15,03%, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia, Secex.
O aumento das exportações em agosto e no ano – referentes apenas aos volumes excedentes não consumidos internamente – ocorre em meio ao baixo interesse na aquisição de sucata ferrosa pelas usinas siderúrgicas no Brasil, que continuam sendo impactadas com a política de tributação do governo dos EUA nas exportações de aço, segundo o Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), órgão de classe que representa mais de 5,5 mil empresas recicladoras que praticam a economia circular, reinserindo materiais reciclados no ciclo da transformação.
Conforme levantamento do final de agosto da S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados de commodities, “o pessimismo ecoou as discussões do Congresso Aço Brasil, onde executivos destacaram que as importações recordes vêm comprimindo margens das siderúrgicas para níveis abaixo do sustentável, diminuindo o apetite por matérias-primas como a sucata”.
Segundo a Global Platts, grandes pátios de reciclagem reduziram a coleta, enquanto operadores menores relataram dificuldades em arcar com custos trabalhistas e de conformidade. “Está tudo parado, todos com medo de investir”, disse um reciclador, observando que alguns players já enxugaram equipes.
O Estado de S.Paulo - SP 16/09/2025
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos iniciou nesta segunda-feira, 15, um procedimento que pode resultar na ampliação da lista de derivados de aço e alumínio sujeitos a tarifas de importações. Atualmente, os dois produtos enfrentam uma sobretaxa de 50%.
Em comunicado, o órgão disse ter aberto a chamada “janela de inclusões” prevista na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962. O processo permite que interessados solicitem a adição de determinados derivados no escopo das tarifas.
O aviso, publicado pelo Escritório de Indústria e Segurança (BIS), informa que os pedidos poderão ser enviados até 29 de setembro de 2025.
O documento lembra que, em fevereiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, editou proclamações que ajustaram as importações de alumínio e aço, impondo tarifas também a alguns produtos derivados. Essas medidas determinaram que o secretário de Comércio, Howard Lutnick, criasse um mecanismo para avaliar se novos itens derivados poderiam ser incluídos nesse regime.
Segundo o BIS, o processo foi detalhado em uma regra provisória publicada em maio de 2025, que estabeleceu três períodos anuais de duas semanas (em janeiro, maio e setembro) para apresentação de pedidos. As solicitações aceitas serão submetidas depois a um período de comentários públicos, antes da decisão final do governo.
O texto destaca ainda que todos os pedidos devem ser enviados por e-mail ao programa de base industrial de defesa do Departamento de Comércio. Após análise e comentários, o BIS decidirá se os produtos serão ou não incluídos no escopo das tarifas.
O aviso, disponível no Federal Register, o diário oficial dos EUA, será publicado oficialmente nesta quarta-feira e faz parte da política americana de controle sobre importações de metais considerados estratégicos para a segurança nacional.
Valor - SP 16/09/2025
Com operações em sete países, a companhia equilibra perdas no país com ganhos na América do Norte, enquanto enfrenta aumento das importações de aço subsidiado da China
Em cenários de incerteza, a flexibilidade é melhor que a rigidez — e isso vale mesmo no mundo dos produtores de aço, como a Gerdau. A pulverização geográfica de suas atividades produtivas por sete países tem assegurado bons resultados ao grupo. “Quando o mercado de um país não vai tão bem, o desempenho de outro compensa”, diz o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck.
No momento, o mercado de aço no Brasil preocupa, mas nos Estados Unidos os negócios vão bem. No segundo trimestre de 2025, a receita líquida da Gerdau foi de R$ 17,5 bilhões. O Brasil contribuiu com R$ 7,3 bilhões, queda de 2,4% em relação ao primeiro trimestre do ano. Na operação da América do Norte, que inclui Estados Unidos, México e Canadá, a receita líquida bateu em R$ 9,1 bilhões, 4,2% a mais que no primeiro trimestre do ano. O resultado foi impulsionado por aumento nas vendas e também por preços mais altos.
No período, o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) do grupo alcançou R$ 2,6 bilhões, com margem Ebitda de 15,8%. O resultado também foi influenciado pelos resultados na América do Norte, onde o Ebitda ajustado foi de R$ 1,63 bilhão (61% do Ebitda da companhia). “Nosso desempenho consolidado é muito bom, mas o Brasil preocupa”, diz Werneck.
O desempenho das indústrias siderúrgicas brasileiras tem sido duramente afetado por aumento significativo do aço importado. De acordo com o Instituto Aço Brasil, no primeiro semestre de 2025, as importações somaram 3,5 milhões de toneladas, uma expansão de 28,8% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Entre 2022 e 2024, as importações já haviam crescido 78%. Em junho, o aço estrangeiro abasteceu 24,1% do mercado interno, mais do que o dobro da margem histórica, de 11%. A China é a origem de mais de 60% do aço que chega ao país. “Hoje quem mais vende aço no Brasil não é nenhuma empresa brasileira, são os chineses”, lamenta Werneck. “Vivenciamos uma invasão de aço chinês subsidiado”, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil.
A invasão chinesa é global e levou vários países a adotar estratégias de defesa comercial para a produção local. Em junho de 2024, o governo brasileiro estabeleceu uma política de cota-tarifa pela qual dez diferentes tipos de aço passaram a pagar uma tarifa extra de 25% quando o volume importado ultrapassa a média das compras feitas entre 2020 e 2022. Em junho deste ano, mais quatro tipos de aço foram incorporados à proteção. Mas, na avaliação do setor siderúrgico, o sistema de cota-tarifa fracassou.
“Os chineses estão dispostos a pagar a tarifa, seja qual for o patamar estabelecido. Eles utilizam dinheiro público chinês para viabilizar suas exportações e manter as suas atividades”, afirma o executivo. “Nossa estimativa é que as importações da China vão continuar a crescer e chegar a 40% de participação no mercado brasileiro, dizimando a produção nacional.” Para ele, a solução do problema é o governo brasileiro determinar um patamar máximo de volume de importações anuais, a partir do qual ficariam proibidas as compras internacionais. A medida traria previsibilidade para os produtores locais, argumenta.
A falta de uma política governamental mais firme, avalia Werneck, obriga as empresas a realizar ajustes. “É uma decisão dolorosa, envolve demitir pessoas, mas a situação exige redução de capacidade produtiva.” A Gerdau paralisou em 2024 as atividades de três usinas: Barão de Cocais, em Minas Gerais; Cearense, em Fortaleza (CE); e a Usiba, em Simões Filho (BA). Em agosto, a companhia decidiu reduzir a capacidade produtiva das unidades de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes, ambas no interior paulista, com dispensa de 1.500 trabalhadores. “Procuramos sempre realocar o pessoal em outras unidades da companhia, em fornecedores e parceiros de negócios”, diz Werneck. Na unidade de Barão de Cocais foram desligadas 400 pessoas em 2024 e a empresa conseguiu realocar 80% delas, diz.
Outra preocupação na Gerdau é dar transparência às decisões. “Fazemos reuniões frequentes com colaboradores; eles precisam entender o que está acontecendo e a razão de nossas decisões”, afirma o executivo, que em agosto participou de um encontro com dois mil líderes globais do grupo.
A Gerdau também decidiu rever seus planos de investimentos, que rondam a casa de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões anuais. Em 2025, o total programado é de R$ 6 bilhões (R$ 4 bilhões no Brasil), volume que não será alterado. Werneck afirma, porém, que a participação brasileira nos próximos orçamentos de investimentos será reduzida e a dos Estados Unidos, ampliada. Os detalhes do novo planejamento devem ser divulgados em outubro.
De acordo com o executivo, a revisão dos investimentos no Brasil será restrita a novos projetos industriais e não afetará a pauta de sustentabilidade. Em 2024 a companhia investiu R$ 1 bilhão em ganhos de eficiência que melhoram o desempenho ambiental das operações. A Gerdau reduziu suas emissões de poluentes para 0,85 tonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2e) por tonelada de aço produzida, índice menor do que a média global do setor, de 1,92 tonelada de CO2e por tonelada de aço produzida, segundo dados da World Steel Association (Worldsteel).
Também não será afetado o investimento de R$ 3,2 bilhões até 2026 em um projeto de mineração sustentável em Miguel Burnier, em Ouro Preto (MG), com capacidade de produção anual de 5,5 milhões de toneladas de minério de ferro. A operação fará o empilhamento a seco dos rejeitos, eliminando o uso de barragens, e o minério será transportado por mineroduto, reduzindo o impacto logístico.
A companhia foi pouco afetada pela decisão do governo Trump de impor taxas de 50% para as importações de aço porque pouco exporta para os Estados Unidos. A atuação no país se dá por meio de produção local, com capacidade anual de 5,4 milhões de toneladas de aço bruto e 4,5 milhões de toneladas de produtos acabados. A estrutura é composta por 11 unidades que incluem instalações de reciclagem de sucata e produção de aços longos e aços especiais.
Segundo Werneck, a unidade que deve ser privilegiada no novo planejamento de investimentos em elaboração é a fábrica de aços longos em Midlothian, no Texas. A Gerdau também tem planos de construir uma nova usina de aços especiais no México, com foco no mercado automotivo, mas o projeto entrou em compasso de espera. “Estados Unidos, Canadá e México estão discutindo um novo acordo comercial que envolve a indústria automobilística. Vamos aguardar o desfecho das negociações para decidir quando e onde investir”, diz Werneck.
Safras & Mercado - RS 16/09/2025
A produção brasileira de aço bruto foi de 2,9 milhões de toneladas em agosto deste ano, uma redução de 4,6% frente ao apurado no mesmo mês de 2024, segundo dados preliminares divulgados pelo Instituto Aço Brasil.
No mês passado, a produção de laminados foi de 2,0 milhões de toneladas, 5,5% inferior à registrada em agosto de 2024. A produção de semiacabados para vendas foi de 661 mil toneladas, uma queda de 17,9% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2024.
As vendas internas recuaram 6,9% frente ao apurado em agosto de 2024 e atingiram 1,8 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,2 milhões de toneladas, 11,3% inferior ao apurado no mesmo período de 2024.
As exportações de agosto de 2025 foram de 861 mil toneladas, ou US$ 582 milhões, o que resultou em aumento de 4,0% em quantum e redução de 8,1% em valor, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2024.
“Cabe ressaltar que os dados de exportação de agosto de 2025 podem ter sido impactados por operações com embarque antecipado, o que pode distorcer a base de comparação mensal. A correção desses dados poderá ocorrer nas próximas divulgações do Comex”, comentou o instituto, em nota.
As importações de agosto de 2025 foram de 491 mil toneladas e de US$ 419 milhões, uma queda de 24,0% em quantum e de 28,0% em valor na comparação com o registrado em agosto de 2024.
Acumulado do ano
No acumulado de janeiro a agosto de 2025, a produção brasileira de aço bruto foi de 22,2 milhões de toneladas, o que representa uma retração de 1,5% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 15,8 milhões de toneladas, mesmo patamar registrado em igual período de 2024. A produção de semiacabados para vendas totalizou 5,4 milhões de toneladas de janeiro a agosto de 2025, uma queda de 11,4% na mesma base de comparação.
As vendas internas foram de 14,2 milhões de toneladas de janeiro a agosto de 2025, o que representa uma elevação de 0,6% quando comparadas com igual período do ano anterior.
O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 18,2 milhões de toneladas no acumulado até agosto de 2025. Este resultado representa um aumento de 5,3% frente ao registrado no mesmo período de 2024.
As importações alcançaram 4,6 milhões toneladas no acumulado até agosto de 2025, um aumento de 16,5% frente ao mesmo período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 4,2 bilhões e avançaram 5,6% no mesmo período de comparação.
As exportações de janeiro a agosto de 2025 atingiram 7,1 milhões de toneladas, ou US$ 4,9 bilhões. Esses valores representam, respectivamente, aumento de 1,9% e redução de 10,6% na comparação com o mesmo período de 2024.
ICIA Setembro
O Indice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) cresceu 3,1 pontos em relação a agosto, alcançando 27,5 pontos. Esse é o segundo movimento de alta após uma sequência de nove meses de retração. Apesar da elevação, o índice permanece 23,4 pontos abaixo da média histórica de 50,9, indicando persistente falta de confiança entre os CEOs do setor, disse a entidade.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/09/2025
O mercado financeiro reviu para baixo as expectativas de inflação para 2025. De acordo com o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (15) pelo Banco Central, o Brasil fechará o ano com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país) em 4,83% – abaixo, portanto, dos 4,85% projetados há uma semana.
Há quatro semanas, o mercado trabalhava com a previsão de que 2025 terminaria com uma inflação ainda mais alta, de 4,95%. Para os anos subsequentes, as projeções são de 4,30% em 2026 e de 3,90% em 2027.
A estimativa para 2025 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
Em agosto, o Brasil registrou, pela primeira vez desde agosto de 2024, inflação negativa (deflação, quando a média dos preços fica mais barata), de -0,11%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Com isso, as projeções do mercado financeiro ficam mais próximas do teto superior (4,5%).
A conta de luz recuou 4,21% no mês, representando impacto negativo de 0,17 ponto percentual (p.p.), figurando como o subitem que mais puxou a inflação para baixo. Com isso, o grupo habitação recuou 0,90%. O recuo o conjunto de preços foi o maior para um mês de agosto desde o início do Plano Real, em 1994, segundo o IBGE.
O grupo alimentação e bebidas (-0,46%) caiu pelo terceiro mês seguido. O de transportes (-0,27%) também ajudou a deixar o IPCA negativo IPCA. Nesses três meses, os alimentos acumularam queda de -0,91%. O de transportes (-0,27%) também ajudou a deixar o IPCA negativo.
Câmbio
As expectativas do mercado financeiro com relação à cotação do dólar ao final de 2025 também recuou, passando dos R$ 5,55 projetados há uma semana, para R$ 5,50, segundo o boletim divulgado hoje.
É a quarta semana consecutiva, em que se reduz as expectativas do valor de câmbio da moeda norte-americana. Em parte, isso se explica pelas medidas econômicas que vêm sendo adotadas pelo governo de Donald Trump. Para 2026 e 2027, a cotação projetada é a mesma: R$ 5,60.
PIB e Selic estáveis
Já as expectativas relacionadas ao Produto Interno Brutop (PIB, a soma de todas riquezas produzidas no país) e à taxa básica de juros (Selic) se mantiveram estáveis.
No caso do PIB, o mercado projeta um crescimento de 2,16% em 2025 – o mesmo projetado há uma semana. Há quatro semanas, as expectativas eram de que a economia do país crescesse 2,21% no ano.
Para 2026, as expectativas do PIB estão em 1,80% – menores, portanto, do que os crescimentos projetados há uma semana (1,85%); e há quatro semanas (1,87%). Para 2027, o crescimento econômico projetado é de 1,90% – acima do 1,88% projetado há uma semana; e do 1,87% projetado há quatro semanas.
Taxa básica
Com relação à Selic, a projeção é de que ela feche o ano em 15%, o mesmo percentual que vem sendo projetado há 12 semanas. Para os anos subsequentes, o mercado projeta uma Selic de 12,38%, em 2026; e de 10,50%, em 2027.
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros – a Selic – definida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Com o recuo da inflação e o início da desaceleração da economia, o colegiado interrompeu o ciclo de aumento de juros.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Os bancos consideram outros fatores além da Selic na hora de definir os juros a serem cobrados dos consumidores. Entre eles estão risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Quando a taxa Selic é reduzida a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
O Estado de S.Paulo - SP 16/09/2025
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de prévia do PIB, ficou negativo em 0,53% em julho, na comparação com junho e na série com ajuste sazonal, informou o BC nesta segunda-feira, 15. No mês anterior, o índice havia ficado negativo em 0,25% (índice revisado, de -0,06%).
O resultado de julho ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para uma queda de 0,3%. As estimativas do mercado iam de recuo de 0,8% a alta de 0,9%.
O indicador acumula alta de 3,54% nos 12 meses encerrados em julho, na série sem ajuste sazonal. É uma desaceleração frente ao mesmo período até junho, quando a alta era de 3,96% (revisado, de 3,94% apontado anteriormente).
O IBC-Br ex-agropecuária, que exclui os efeitos do setor agrícola da conta, caiu 0,43%, após uma baixa de 0,09% no mês anterior (revisado, de uma alta de 0,07%). O indicador próprio da agropecuária recuou 0,81%, após uma baixa de 2,36% (revisado de -2,27%) em junho.
O índice de serviços cedeu 0,19%, depois de ter recuado 0,03% no mês anterior (revisado, de +0,10%); o da indústria recuou 1,07%, após baixa de 0,16% em junho (revisado, de -0,08%); e o de impostos - equivalente, em linhas gerais, à rubrica de impostos líquidos sobre produtos do Produto Interno Bruto (PIB) - caiu 0,69%, após uma baixa de 0,14% (revisado de +0,13%).
Trimestre mais fraco
Para Leonardo Costa, economista da ASA, o terceiro recuo consecutivo do IBC-Br em julho reforça o diagnóstico de que o PIB do terceiro trimestre será mais fraco do que as leituras anteriores. Além do recuo de julho e junho, o índice já havia caído 1,17% em maio.
“Esse conjunto de dados sugere que o PIB do terceiro trimestre deve ser mais fraco, com desaceleração nas principais aberturas: agropecuária devolvendo parte dos ganhos da supersafra, indústria mostrando contrações recorrentes e serviços, que vinham sustentando a atividade, perdendo tração na margem”, disse Costa, em nota.
Ele também observou que, mesmo no horizonte comparativo de 12 meses atrás, a atividade econômica do País também vem perdendo força. “Na comparação interanual, o índice ainda avança 1,15%, mas em clara trajetória de desaceleração - vinha de 3,6% em maio e 1,3% em junho.”
IstoÉ Dinheiro - SP 16/09/2025
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,324 bilhão na segunda semana de setembro. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 15, o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,935 bilhões e importações de US$ 5,611 bilhões.
No ano, de janeiro a setembro de 2025, o superávit soma um total de US$ 44,572 bilhões – uma queda de 18% em relação ao mesmo período de 2024, quando o superávit foi de US$ 58,702 bilhões.
O superávit do acumulado de 2025 é resultado de US$ 240,847 bilhões em exportações e US$ 196,274 bilhões em importações.
Nas duas primeiras semanas de setembro, comparado ao mesmo período de setembro de 2024, as exportações caíram 2,2% e somaram US$ 13,263 bilhões. O resultado se deu devido a uma queda de 4,0% em Agropecuária, que somou US$ 2,603 bilhões; queda de 1,1% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 2,852 bilhões e, por fim, queda de 2,8% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 7,643 bilhões.
Por outro lado, as importações tiveram crescimento de 3,3% nas primeiras duas semanas de setembro e totalizaram US$ 11,503 bilhões na mesma comparação, com queda de 11,1% em Agropecuária, que somou US$ 195 milhões; queda de 8,9% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 668 milhões e, por fim, crescimento de 5,0% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 10,611 bilhões.
O Estado de S.Paulo - SP 16/09/2025
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira, 15, que há uma Lei de Reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional, mas que o governo não pretende usá-la contra os Estados Unidos no momento.
“Para isso, existem regras, que é a Organização Mundial do Comércio, a OMC. Então, o que o Brasil fez foi ir ao OMC, que não está em plenos poderes, porque não tem a sua segunda instância, mas fez o correto”, disse o vice-presidente, que participou na noite desta segunda-feira da 25ª edição do Prêmio Valor 1000, em São Paulo.
Alckmin voltou a dizer que o Brasil só perdeu competitividade para quem está dentro dos EUA e não para os concorrentes. Segundo o vice-presidente, o governo está trabalhando para retirar as tarifas sobre os produtos brasileiros que entram no país.
Sobre as ameaças do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, de novas sanções ao Brasil, Alckmin reiterou que o País defende o livre comércio e o multilateralismo.
Alckmin disse que é e sempre foi favorável a uma política fiscal rigorosa. “Eu sou favorável à política fiscal rigorosíssima. Nós assumimos o governo do Estado com o Mário Covas, em 1995, sem dinheiro para pagar salário. Tinha 500 obras paradas por falta de pagamento, o Estado estava quebrado. Não aumentamos um imposto e nós saneamos o Estado. Tivemos superávit todos os anos, todos os anos. Agora é bom lembrar, nós estamos discutindo hoje se é déficit de zero ou 0,25% do PIB. Em 2021, o Brasil fez um déficit primário central de 9,8% do PIB, não pagou a dívida e gastou a mais do que arrecadou, quase 10% do PIB. Aí você pode falar que foi a covid, mas covid teve no mundo inteiro”, afirmou.
Ele citou o México que, mesmo com a pandemia, teve déficit primário de 0,5% em 2021. “Aqui o Paulo Guedes fez 9,8% de déficit primário. Nós estamos falando de 0 ou 0,25%. Claro que tem que ter superávit. Nós deveríamos chegar a um superávit de 2,5% a 3% do PIB para ir reduzindo. Agora os países todos se endividaram na covid. Então você tem um momento diferente no mundo inteiro. E, melhor, a dívida começa a cair”, disse.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/09/2025
Nesta semana praticamente todas as projeções apontam para um aumento do diferencial de juros entre os Estados Unidos e o Brasil, dado que o Federal Reserve (Fed) deve cortar a taxa básica enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve tomar mais uma decisão de manutenção da Taxa Selic.
Os indicadores mais recentes de inflação e de atividade corroboram um corte de juros por parte do Fed. No início deste mês o mercado financeiro passou a precificar em 100% a probabilidade de corte pelo BC americano depois de dados do Payroll de agosto ficarem aquém do esperado – sinalizando uma desaceleração da economia em meio a um cenário de juros restritivos.
A ferramenta de monitoramento do CME Group mostrou que a chance de manutenção da taxa – que já era de menos de 1% – caiu para zero com a divulgação do indicador.
Em um passado mais recente, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,4% em agosto, acima das expectativas do mercado. No acumulado em 12 meses, o CPI acelerou de 2,7% em julho para 2,9% em agosto.
Apesar de o indicador vir levemente acima do esperado pelo mercado, a perspectiva é de que isso não deve pesar tanto nas decisões de política monetária dos EUA.
“Embora a inflação siga acima da meta do Federal Reserve, os números de hoje não devem alterar o plano de voo da autoridade monetária. O foco permanece nos sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho, reforçados nesta semana pela revisão para baixo de mais de 900 mil vagas pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), indicando uma desaceleração maior do que a esperada”, observa Rafael Perez, Economista da Suno Research.
A avaliação é de que o dilema do Fed é equilibrar dois riscos: um deles é reduzir os juros cedo demais, correndo o risco de estimular a economia antes que a inflação esteja devidamente ancorada; o outro é esperar mais tempo para avaliar a trajetória dos preços, com a possibilidade de aprofundar a desaceleração da atividade.
“Diante da fraqueza mais evidente no mercado de trabalho, as decisões do Fed tendem a pender para o mandato ligado ao emprego e se antecipar a uma possível desaceleração maior do que o esperado da economia”, conclui Perez.
A tese compartilhada por diversos bancos é de um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) nos juros dos EUA, para um intervalo de 4% a 4,25% ao ano. A expectativa é de cortes em setembro em dezembro – ou até em três reuniões consecutivas.
O Bank of America (BofA) estima dois cortes, um na reunião desta semana e outro na reunião de dezembro, em revisão de cenário feita após a divulgação dos dados do mercado de trabalho.
“O relatório de empregos de agosto deve consolidar uma mudança na postura do Fed, de preocupação com a inflação para foco na fraqueza do mercado de trabalho”, disseram economistas do BofA em relatório.
Apesar disso, o BofA alertou que, se o mercado de trabalho enfraquecer significativamente mais, o Fed poderá cortar juros em sua reunião de outubro e ‘possivelmente mais’ no próximo ano.
O Morgan Stanley expressou visão semelhante, citando que para o Fed, ‘isso provavelmente se traduz em um corte de 25 pontos-base, mas inclina os riscos na direção de cortes que totalizam 75 pontos-base até o fim do ano’.
Juntamente com o Deutsche Bank, as duas casas esperam que o Federal Reserve promova cortes nas taxas de juros em todas as três últimas reuniões deste ano.
No mês passado, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que um corte na taxa era possível na reunião de política monetária de 16 e 17 de setembro, citando os crescentes riscos do mercado de trabalho, mas alertando que a inflação continuava sendo uma ameaça.
O Morgan Stanley disse que as condições de mercado dão ao Fed um espaço para avançar mais rapidamente em direção a uma postura política neutra.
A visão é de que o Fed provavelmente realizará quatro cortes consecutivos de 25 pontos-base nas taxas, começando na semana que vem e continuando até janeiro, com mais dois cortes projetados para abril e julho de 2026.
“Embora atualmente não tenhamos cortes adicionais nas taxas em nossa previsão para o próximo ano, dado que nossas previsões de inflação e mercado de trabalho são inconsistentes com taxas abaixo do neutro, os riscos estão distorcidos em direção a mais reduções em 2026”, disse Matthew Luzzetti, economista-chefe dos EUA no Deutsche Bank.
No Brasil, juros inalterados
No cenário doméstico, de forma praticamente unânime o mercado espera manutenção da taxa de juros por parte do Copom. Aliás, a expectativa é de que a Selic se mantenha nos mesmos 15% até o fim do ano.
A tese é endossada pelos comunicados e atas recentes do Copom, que citaram que a autoridade monetária manterá juros elevados por um período ‘significativamente longo’.
“O Copom encerrou o ciclo de alta da Selic em 15% a.a., sinalizando manutenção prolongada da taxa diante de incertezas externas e sinais ambíguos vindo da economia doméstica. Projetamos corte de juros apenas no 1º trimestre de 2026, mas riscos seguem inclinados para um corte ainda mais tardio, salvo choques desinflacionários relevantes”, disse o Itaú em sua revisão de cenário mais recente.
A casa projeta juros fechando em 15% neste ano e em 12,75% no ano de 2026.
O time de macroeconomia do C6, liderado pelo economista-chefe Felipe Salles, avalia que o BC deve manter os juros no mesmo patamar e que o Copom antecipou, em se confirmando o cenário esperado, com uma ‘continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado’.
Os especialistas do C6 avaliam que desde a última reunião algumas variáveis mudaram, a exemplo da projeção de IPCA do Focus que passou de 5,1% para 4,8% para 2025 e de 4,4% para 4,3% para 2026, e da taxa de câmbio que registrou queda de R$ 5,6 para R$ 5,4.
“Os dados mostram uma melhora no cenário prospectivo de inflação. Além disso, as expectativas de inflação para horizontes mais longos registraram leve queda, ainda que permaneçam acima da meta estabelecida. Considerando as sensibilidades dos modelos do Banco Central, acreditamos que as projeções de inflação para o horizonte relevante devem registrar leve queda”, diz o relatório do banco.
“Apesar dessa melhora, o Comitê deve justificar a manutenção da taxa de juros diante do cenário marcado por desancoragem das expectativas de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária contracionista”, completa.
Nesse contexto, a projeção é de uma flexibilização dos juros no primeiro trimestre do ano que vem, com Selic terminando 2026 em 13%.
O Estado de S.Paulo - SP 16/09/2025
O crescimento das exportações brasileiras para a China e a Argentina, em agosto, ajudou a compensar a queda nas vendas para os Estados Unidos, afetadas pelo duro tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump.
No mês passado, as exportações brasileiras para os EUA recuaram 18,5% na comparação com agosto de 2024 e somaram US$ 2,762 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Na contramão, as exportações para a China aumentaram 31% (US$ 9,494 bilhões) e para a Argentina subiram 40,4% (US$ 1,642 bilhão).
O avanço das exportações para os chineses e argentinos contribuiu para o resultado positivo da balança comercial de agosto. Ao todo, as vendas brasileiras somaram US$ 29,861 bilhões, o que representou um crescimento de 3,9% na comparação com 2024 e ajudou o Brasil a colher um superávit de US$ 6,133 bilhões.
“No início de julho, foi anunciada a tarifa adicional de 40%. Houve um movimento de antecipar (as exportações) porque a tarifa só valeria em agosto. Em julho, as exportações para os EUA subiram. Esse movimento de antecipação ocorreu, principalmente, com aeronaves, suco, produtos de ferro e aço”, afirma Júlia Marasca, economista do banco Itaú.
“Em agosto, quando passa a valer a tarifa, houve a queda das exportações para os EUA. E foi bastante difusa entre os bens exportados para lá”, acrescenta.
Historicamente, os Estados Unidos, a China e a Argentina estão entre os principais destinos das exportações do Brasil. Juntos, esses três países responderam por quase metade das vendas de produtos brasileiros.
Os dados do comércio exterior ainda são insuficientes para apontar uma tendência clara de como as exportações brasileiras devem se direcionar nesse cenário de tarifaço imposto pelos Estados Unidos.
“Tem de lembrar que os efeitos gerais de um corte na balança de produtos de vendas para os EUA não são muito grandes. É um tarifaço bem aguado com as exceções que foram colocadas na mesa”, afirma Lívio.
O Itaú, por exemplo, estima que a tarifa efetiva adotada pelos EUA para as importações brasileiras subiu para 30%. O impacto nas exportações brasileiras pode ser de US$ 13 bilhões em 12 meses, mas o banco avalia que esse montante deve recuar para US$ 7 bilhões, dado que o Brasil deve conseguir redirecionar parte das suas exportações, sobretudo as commodities.
“Se o Brasil conseguir realocar parte das exportações, o impacto ficará mais na casa de US$ 7 bilhões em 12 meses, mas vai depender muito de como esse comércio global deve se reorganizar”, afirma Júlia.
Por ora, já há alguns indícios de como o Brasil tem conseguido driblar o tarifaço imposto pelos EUA. As exportações de carne bovina estão aumentando para países como México, Argentina, Chile, China e Rússia. E as vendas de pescado e frutas estão sendo realocadas para nações da América do Sul.
“A parte de alimentícios está sendo mais fácil de realocar. O que não parece que está sendo fácil de realocar é essa parte de ferro e aço, aeronaves, máquinas e equipamentos. Essa parte de manufaturados é mais desafiadora, seja porque tem uma exposição muito grande aos EUA, seja porque é um produto de demanda específica.”
O banco projeta que o Brasil deve colher um superávit de US$ 65 bilhões em 2025. No ano passado, o saldo comercial foi de US$ 74,6 bilhões.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/09/2025
O porta-voz da Administração Nacional de Estatísticas da China (NBS) Fu Linghui afirmou, nesta segunda-feira, 15, que a economia chinesa manteve resiliência em agosto, mas enfrenta um quadro de incertezas. Em coletiva de imprensa sobre dados econômicos do mês, ele destacou que o ambiente externo é “complexo e severo, com muitos fatores instáveis e incertos” e reconheceu que parte das empresas chinesas enfrenta dificuldades de operação.
Segundo o porta-voz, a dificuldade das empresas ocorre porque “no mercado interno, a oferta é forte, mas a demanda é fraca”.
Ele também apontou que o consumo e os preços seguem como prioridades. “É preciso fortalecer as políticas para expandir a demanda doméstica, estimular o consumo e promover a recuperação razoável dos preços”, disse, acrescentando que medidas de estímulo já mostram efeitos, como nas vendas de eletrodomésticos e veículos elétricos.
Dados da indústria e varejo na China mostraram sinais de fraqueza. A produção industrial, por exemplo, cresceu 5,2% na comparação anual de agosto, desacelerando em relação ao ganho de 5,7% de julho e vindo abaixo da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de acréscimo de 5,8%. As vendas no varejo chinês, por sua vez, avançaram 3,4% em agosto, na comparação anual. O resultado também veio abaixo do desempenho de julho, quando houve alta de 3,7%.
O setor imobiliário continua sob pressão, mas Linghui buscou sinalizar estabilização gradual. “O mercado de imóveis ainda passa por ajustes, mas as vendas e os preços vêm registrando queda mais lenta e o estoque de unidades encolheu por seis meses seguidos”, afirmou, acrescentando que esforços locais de desestocagem “já mostram resultados”.
Linghui reforçou que a economia segue em trajetória de recuperação, mas que será necessário “expandir a demanda, estabilizar o emprego e continuar a promover o desenvolvimento estável e saudável da economia”.
Diário do Comércio - MG 16/09/2025
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 70% dos empresários industriais consideram honrar tributos como o principal vilão do Custo Brasil. Em seguida, aparece a dificuldade em “contratar mão de obra qualificada”, com 62%; seguido de “financiar o negócio”, 27%; “segurança jurídica e regulatória”, 24%; e “competitividade justa”, 22%.
Os entrevistados citaram outros entraves à performance dos negócios no Brasil, como o acesso a insumos básicos, com 20%; inovar, 14%; infraestrutura, 12%; acessar serviços públicos, 10%; integração internacional, 4%; e abrir um negócio e retomar ou encerrar o negócio com 3%.
A pesquisa integra a nova campanha Custo Brasil que a CNI lança nesta segunda-feira (15). O objetivo é mostrar o impacto do Custo Brasil na rotina dos brasileiros e possíveis caminhos para superar os problemas de ineficiência. O termo foi criado no fim da década de 1990 para identificar o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que prejudica o ambiente de negócios, encarece os custos das empresas, atrapalha investimentos e compromete a competitividade do País.
“Todos os anos, jogamos fora mais de 20% do PIB brasileiro por não resolvermos dificuldades estruturais, como tributos, financiamento, qualificação de pessoas e infraestrutura. Esse é preço do Custo Brasil. O valor equivale aos gastos de toda a máquina estatal com servidores públicos neste ano. Diante de um cenário externo cada vez mais desafiador e instável, precisamos avançar internamente e encontrar saídas para melhorar nosso ambiente de negócios. Qual país pode se dar ao luxo de desperdiçar tanto dinheiro?”, avalia o presidente da CNI, Ricardo Alban.
De acordo com o levantamento, a maioria dos empresários industriais (77%) acredita que o Custo Brasil aumenta os preços finais pagos pelos consumidores. A percepção é maior no Nordeste: para 93% dos respondentes o Custo Brasil resulta em aumento expressivo nos preços, seguido pelas regiões Sul (87%), Sudeste (78%), Norte/Centro Oeste (76%).
Para 64% dos empresários, o impacto do Custo Brasil cresceu nos últimos três anos, refletindo no aumento nos preços. Portanto, 78% dos entrevistados acreditam que reduzir o Custo Brasil é prioridade estratégica para as empresas.
Comparado com países ricos, a pesquisa mostra que honrar tributos (66%), financiar o negócio (66%), retomar ou encerrar o negócio (60%) são os fatores que mais encarecem a competitividade internacional na percepção do empresariado.
“Precisamos reduzir o Custo Brasil para promover a competitividade da indústria e um ambiente de negócios mais eficiente, estimulando a indústria brasileira tanto no mercado interno quanto externo. Isso faz com que os brasileiros possam acessar produtos mais baratos e melhorar sua qualidade de vida”, explica o vice-presidente da CNI, Léo de Castro.
Sobre as consequências da inércia em relação ao Custo Brasil, o cenário mais temido é o aumento de falências e fechamento de empresas (24%), seguido de possibilidade de crise e a recessão econômica (19%), além da perda de competitividade (10%).
Juros menores
Em um cenário com o Custo Brasil reduzido, 77% dos empresários industriais afirmaram que aumentariam o nível de investimento em sua empresa caso a taxa de juros aplicada a empréstimos para pessoas jurídicas fosse reduzida pela metade. Entre esses, 31% indicam que o investimento “aumentaria muito” e 46% que “aumentaria”.
A maioria dos respondentes (56%) também afirma que a redução de processos trabalhistas impulsionaria a contratação de mão de obra. Além disso, 46% dos entrevistados afirmaram que adotariam a estratégica de empregar mais trabalhadores e aumentar o investimento simultaneamente.
“A pesquisa revela um forte consenso no setor empresarial: a redução dos processos trabalhistas e taxas de juros são um gatilho direto para um ciclo virtuoso de crescimento econômico, impactando positivamente tanto a geração de empregos quanto o investimento privado”, ressalta o vice-presidente da CNI.
Valor - SP 16/09/2025
Contratos mais negociados, para janeiro, fecharam cotados a US$ 111,71 por tonelada
Os futuros do minério de ferro recuam, com perspectivas limitadas de alta, em reflexo da fraca demanda por aço e a contínua compressão de margens nas siderúrgicas.
Ainda, qualquer novo afrouxamento das taxas de juros nos Estados Unidos pode ter impacto positivo limitado, já que o mercado já precificou as expectativas de corte de juros em setembro, dizem os analistas da Nanhua Futures, segundo o Dow Jones Newswires.
Os contratos do minério de ferro mais negociados na Bolsa de Dalian, para janeiro, fecharam em queda de 0,31%, cotados a 796 yuans (US$ 111,71) a tonelada.
Valor - SP 16/09/2025
Com receita líquida de R$ 13,3 bilhões e mais de 200 projetos de novos materiais, a companhia amplia aplicações do nióbio e reforça agenda ESG para crescimento sustentável
A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) completa 70 anos em 2025 com a classificação de melhor empresa do setor de mineração do anuário Valor 1000, uma conquista já obtida no ano passado que o CEO da empresa, Ricardo Lima, vê como resultado de uma associação de quatro fatores: gestão focada no desenvolvimento de aplicações para seus produtos, para impulsionar o crescimento contínuo do mercado; visão estratégica de longo prazo; excelência operacional; e adoção das melhores práticas de ESG.
Líder global em tecnologia e produtos de nióbio, a CBMM alcançou no ano passado uma receita líquida de R$ 13,3 bilhões, com lucro líquido de R$ 5 bilhões e Capex de R$ 630 milhões. As vendas de produtos de nióbio cresceram 4%, superando 95 mil toneladas. Com mais de 500 clientes em 50 países e hubs logísticos nos cinco continentes, a CBMM também lidera o ranking do setor no quesito eficiência, com uma margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 69,8% e rentabilidade de 221,2%
Neste ano, a empresa mantém investimentos em inovação no mesmo patamar de 2024, quando foram aplicados R$ 270 milhões na área. A inovação, aliás, tem sido um importante pilar da mineradora para ampliar os usos do nióbio e dar suporte técnico aos setores atendidos, em especial a siderurgia, indústria que mais utiliza nióbio no mundo, principalmente como ferronióbio, que, adicionado em pequenas proporções ao aço, lhe dá maior resistência e durabilidade, além de leveza.
Como o nióbio tem alta condutividade térmica e elétrica, maleabilidade e alta resistência ao calor, à corrosão e ao desgaste provocado pelo envelhecimento, também melhora a capacidade de outros materiais. É utilizado para diversos segmentos, como indústria de veículos, nas estruturas das construções civis, em turbinas de aviões, em aparelhos médicos de alta precisão, como ressonância. Mesmo diante de desafios recentes como o tarifaço imposto pelo governo Trump, grande parte da produção brasileira de nióbio segue para os Estados Unidos.
O mercado de mineração, como um todo, segundo Clovis Torres, sócio do escritório de advocacia Souza, Mello e Torres e ex-diretor-executivo da Vale, tem apresentado crescimento robusto. Para ele, as maiores oportunidades estão em três frentes: exploração de minerais críticos e estratégicos, como o nióbio; infraestrutura para a cadeia de energia renovável e mineração ambientalmente responsável e sustentável.
No caso do nióbio, a crescente demanda também se explica pela importância que o metal vem ganhando no processo de descarbonização da economia e de transição energética para fontes renováveis como a eólica e a solar. Nas turbinas eólicas, por exemplo, o nióbio é aplicado em ligas de aço altamente resistentes à corrosão e altas temperaturas, melhorando o desempenho e prolongando a vida útil dos equipamentos.
“A CBMM mantém um portfólio robusto com mais de 200 projetos voltados à ampliação das aplicações do nióbio”, conta Lima. Além da siderurgia, a busca da companhia é por novos usos do metal nas áreas de eletrônicos, mobilidade e data center. “Nosso norte estratégico, e também o nosso principal desafio, é o crescimento sustentável do mercado de nióbio”, diz o executivo.
No ano passado, a área de novos materiais e aplicações da CBMM cresceu 23%, reforçando, segundo Lima, a tese de que o desenvolvimento de materiais e processos gera mercado adicional sem abrir mão do núcleo do negócio em aço estrutural e automotivo, que continua sendo o principal segmento da empresa. Em 2024, essa estratégia acelerou iniciativas nas áreas de baterias, químicos, eletrônicos, vidros, superligas e supercondutividade.
Um dos destaques foi a inauguração, em 2024, da primeira unidade de produção de ânodos ativos de nióbio do mundo dedicada à produção da tecnologia XNO, de carregamento ultrarrápido, da Echion Technologies. Localizada em Araxá (MG), cidade-sede da companhia, a planta, um investimento de R$ 265 milhões, tem capacidade de produção de duas mil toneladas por ano, o equivalente a 1 GWh de células de íons de lítio, o que permite a produção em larga escala e capacidade para atender à demanda mundial do produto.
De acordo com a empresa, a parceria da CBMM com a Echion garante uma cadeia de suprimentos robusta e confiável para o XNO, projetado para permitir que veículos pesados industriais, comerciais e de transporte operem com alta produtividade e menor custo total. A aliança, segundo a CBMM, maximiza o potencial de novos materiais, focando no desenvolvimento de ânodos que incorporam o nióbio.
No ano assado, a CBMM desevolveu ainda o e-Bus, primeiro protótipo de ônibus elétrico movido a bateria de íons de lítio com nióbrio, resultado da parceria entre a CBMM, a Toshiba Corporation e a Volkswagen Caminhões e Ônibus. A empresa informa que essa tecnologia possibilitará carregamento ultrarrápido com segurança e maior durabilidade. Os testes abrem caminho para o próximo ciclo de projetos. A companhia também avalia o uso da inteligência artificial para acelerar o desenvolvimento de novas aplicações e materiais e pesquisa rotas de descarbonização para a indústria do aço com universidades internacionais – agenda que orienta as prioridades de 2025.
“A maior utilização do nosso parque industrial resultou em ganhos de produtividade e otimização de custos”, afirma o executivo. Esses avanços são apresentados como parte de um programa contínuo de atualização tecnológica e parceria com clientes, universidades e centros de pesquisa.
Player de um setor frequentemente associado a preocupações com o meio ambiente, a mineradora reserva à agenda ambiental, social e de governança um papel central na política da empresa. Até 2040 a CBMM quer zerar as emissões que produz diretamente e as ligadas à eletricidade que consome. Hoje, a energia elétrica usada nas operações é integralmente oriunda de fontes renováveis. A empresa também está medindo o que é emitido fora da fábrica, na cadeia de fornecedores e de clientes, para mapear esse impacto.
No ano passado, a CBMM reportou redução de 55% na intensidade de carbono (escopos 1 e 2) em relação a 2014 e publicou a Declaração Ambiental de Produto do ferronióbio no International EPD System – base para clientes quantificarem pegada de carbono. Para o executivo, que assumiu a empresa em 2022, a agenda ESG robusta é vetor de crescimento. “Nossos avanços e investimentos em nosso mercado principal, em inovação e na diversificação de produtos refletem nossa direção estratégica no desenvolvimento de tecnologias que promovem a descarbonização, a eletrificação e a transição para uma economia de baixo carbono”, diz Lima.
Exame - SP 16/09/2025
A Audi do Brasil anunciou nesta segunda-feira, 15, a nomeação de Sascha Sauer como novo CEO e presidente. Com mais de 28 anos de experiência na indústria automotiva e trajetória internacional em países como Alemanha, Reino Unido, China e África do Sul, o executivo passa a comandar a operação brasileira em um momento de transformação e crescimento para a marca.
Sauer faz parte do Grupo Audi desde 1997 e, nos últimos cinco anos, esteve à frente da operação da montadora na África do Sul —período em que alcançou avanços estratégicos e operacionais. Ele sucede Daniel Rojas, que retornou ao Chile para assumir novas funções no Grupo Volkswagen. Durante a transição, o negócio esteve sob a gestão interina do diretor-executivo e financeiro Philippe Siffert.
“O setor automotivo global vive um período de grandes mudanças, com desafios tão significativos quanto as oportunidades. A Audi está preparada para liderar a mobilidade premium progressiva no Brasil, acelerando digitalização e fortalecendo o relacionamento com clientes e concessionárias”, afirma Sauer em sua primeira fala oficial.
Estratégia no Brasil: eletrificação e novos produtos
O novo presidente terá como foco dar continuidade ao plano de eletrificação da Audi no País, além de fortalecer vendas e pós-vendas, ampliar a digitalização e consolidar parcerias com a rede de concessionárias. A ofensiva de produtos é um dos pilares dessa estratégia: em 2025, serão 13 lançamentos, incluindo o novo Q5 previsto para o último trimestre.
“Nos próximos anos, vamos abrir um novo capítulo para a Audi no Brasil, com uma fase inédita de produtos, serviços e experiências – e até mesmo nossa entrada na Fórmula 1”, diz Sauer.
A Audi comemorou três décadas de presença no Brasil em 2024 e mantém operações que incluem sede administrativa em São Paulo, terminal logístico em Vinhedo (SP) e fábrica em São José dos Pinhais (PR), onde produz os modelos Q3 e Q3 Sportback. Hoje, são mais de 40 concessionárias espalhadas pelo país.
Além do portfólio, a montadora aposta em uma estratégia que combina negócios e sustentabilidade. Já foram investidos quase R$ 90 milhões em infraestrutura de recarga elétrica, com pontos em concessionárias e em locais públicos. Projetos de diversidade, inclusão, cultura e educação também fazem parte da agenda ESG da empresa.
“A base está construída. Agora, nosso desafio é acelerar o crescimento, apoiar a rede de parceiros e seguir moldando a mobilidade premium do futuro”, afirma Sauer.
Valor - SP 16/09/2025
Ao observar a carnificina que está ocorrendo na indústria automobilística da China, o homem mais poderoso do país e sua maior fabricante de veículos elétricos chegaram a conclusões parecidas: o banho de sangue precisa parar.
Em julho, o presidente Xi Jinping fez seu alerta mais claro até agora contra a “involução” — a competição extrema de preços decorrente do excesso de capacidade de produção industrial —, ao apontar planos de investimentos imprudentes e questionar se todas as províncias precisam ter fábricas de veículos elétricos.
Stella Li, vice-presidente executiva da BYD, a principal fabricante de veículos elétricos da China, disse na semana passada que a repressão de Pequim aos descontos agressivos poderá levar até 100 montadoras, das mais de 120 existentes no país, a serem “expulsas”. A declaração foi feita nos bastidores do Salão do Automóvel de Munique.
Nos últimos meses, as montadoras responderam à chamada campanha anti-involução do governo acelerando pagamentos a fornecedores e moderando alguns de seus descontos mais agressivos no varejo.
Mas há poucos sinais de uma guinada mais profunda em andamento, já que as empresas, que se veem como pioneiras na transição energética, temem ficar para trás em escala e tecnologia e estão dispostas a sacrificar a rentabilidade no curto prazo.
“É um jogo de quem pisca primeiro”, diz Bill Russo, ex-chefe da Chrysler na Ásia e fundador da consultoria Automobility de Xangai. “Se, para ter sucesso é preciso ter escala e para ter escala é preciso cortar preços, então a escala é mais importante do que os lucros”.
Pequim teme que a involução esteja alimentando pressões deflacionárias na segunda maior economia do mundo, além de tensões comerciais com o Ocidente, à medida que as montadoras, tendo um mercado interno saturado, buscam vendas no exterior.
Paul Gong, que lidera as análises do setor automobilístico chinês no UBS, diz que as guerras de preços “deram uma leve trégua” desde junho. Os descontos médios para veículos elétricos recuaram de cerca de 8% no fim de junho para 6,7% na primeira metade de agosto, segundo dados do Citigroup.
Ainda assim, Gong minimiza as chances de uma consolidação no setor no curto prazo, já que o forte apoio financeiro a grupos deficitários, vindo dos governos das províncias e dos mercados de capitais, atrapalham esse processo. “Não veremos isso acontecer nas próximas semanas ou meses, mas sim em anos”.
A Nio de Xangai, que divulgou um prejuízo de US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre, disse na quarta-feira que levantou US$ 1 bilhão via venda de ações, para financiar sua área de pesquisa e desenvolvimento e a rede de troca de baterias.
Analistas não acreditam que Pequim adote uma postura dura contra as empresas, dado o amplo apoio político à transição para os veículos elétricos, que se espera beneficiará a China no longo prazo.
Tampouco a campanha contra a “involução” vai mudar a sorte das marcas estrangeiras no país, afirmam analistas. A participação de mercado dessas empresas caiu de 60% em 2020 para 30%, â medida que os consumidores chineses trocam os carros a combustão das montadoras estrangeiras por veículos chineses, mais tecnológicos e de menor custo.
Gong acrescenta que embora tenha havido “um certo caos” com guerras de preços ferozes e montadoras pressionando fornecedores, “o fato de os consumidores poderem desfrutar hoje de modelos melhores a preços mais baixos é, em si, resultado do progresso tecnológico” estimulado pela concorrência de mercado.
Analistas descrevem a campanha como “a clássica formulação de políticas chinesa”, em que Pequim sinaliza que espera mais disciplina do setor, mas deixa para empresas e investidores determinar onde estão os limites das autoridades.
Li, da BYD, disse acreditar que Pequim “não permitirá” que a guerra de preços continue, mas que “se competirmos para ver quem tem a melhor inovação, quem é o melhor em tecnologia... isso nos ajudará a ficar mais fortes”.
Thomas Schemera, diretor operacional global da montadora estatal chinesa GAC Motor, diz acreditar que o processo de consolidação já está ocorrendo como parte da “concorrência normal”.
Mesmo assim, a campanha anti-involução complica as perspectivas para um grupo de campeãs chinesas do segmento de veículos elétricos, incluindo a BYD, que compete com a Tesla de Elon Musk pela coroa de maior fabricante de veículos elétricos do mundo.
Antes dos comentários de Xi, as autoridades reguladoras haviam implementado uma série de medidas mais brandas, como diretrizes para os governos locais cortarem subsídios excessivos e incentivos fiscais.
Uma medida concreta foi anunciada em junho, quando as montadoras foram forçadas a pagar os fornecedores em 60 dias. O setor vinha se tornando cada vez mais dependente de práticas como atrasar o pagamento de faturas, exigir preços mais baixos de peças como condição para pagamentos mais rápidos e emitir notas promissórias, em vez de pagar em dinheiro.
Os pagamentos acelerados contribuíram para que o lucro líquido e as receitas da BYD ficassem abaixo das expectativas dos analistas no segundo trimestre, e a margem bruta caísse mais de 2 pontos porcentuais.
Na semana passada, Pequim também anunciou uma campanha de três meses contra a propaganda exagerada ou falsa de automóveis.
Com a dupla pressão da concorrência setorial e de uma fiscalização governamental mais rígida, espera-se que os grupos chineses redobrem os esforços de exportação.
Nos primeiros oito meses do ano, 4,3 milhões de carros foram exportados pela China, incluindo 1,5 milhão de veículos elétricos, contra menos de 1 milhão em todo o ano de 2020, numa mudança para um setor historicamente dominado pela Europa, Japão e Estados Unidos.
A liderança dessa ofensiva tem sido da BYD, cujas vendas no exterior mais que dobraram para mais de 630 mil veículos nos primeiros oito meses do ano. Recentemente, a companhia disse estar confiante de que venderá 940 mil veículos até o fim do ano, acima da meta inicial de 800 mil estabelecida pelo presidente Wang Chuanfu.
Analistas do Goldman Sachs acreditam em uma melhora no equilíbrio ante a oferta e a demanda, em parte devido ao aumento das exportações. Eles preveem que a utilização das fábricas de veículos elétricos subirá de 61% em 2024 para até 81% no ano que vem.
Entretanto, o aumento das exportações também tem sido alvo de críticas de autoridades ocidentais, que acusam as montadoras chinesas de exportarem como forma de contornar problemas de excesso de capacidade de produção.
A campanha anti-involução é “a maneira de Pequim sinalizar que guerras de preços destrutivas e a expansão da capacidade sem controle estão ameaçando a sustentabilidade de longo prazo de um setor importante”, diz Russo da Automobility. “Embora o governo possa agir para frear aqui, ele não quer mudar a direção do setor”.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/09/2025
O Índice FipeZAP de Locação Residencial registrou um aumento médio de 0,66% nos preços de aluguel em agosto, interrompendo uma sequência de desaceleração. O resultado superou as variações dos três meses anteriores e ficou acima de índices de referência como o IPCA/IBGE (-0,11%) e o IGP-M/FGV (+0,36%).
Das 36 cidades monitoradas, 29 apresentaram aumento nos preços em agosto. Entre as capitais, Brasília (+3,55%), Teresina (+3,08%) e Belém (+2,10%) registraram as maiores altas. Apenas Campo Grande (-3,13%) e Manaus (-1,28%) tiveram recuo.
Os imóveis com três dormitórios apresentaram a maior variação em agosto, com alta de 0,87%. O menor crescimento foi a da locação de imóveis com até dois dormitórios (0,54%)
No acumulado do ano até agosto, o índice avançou 6,83%, superando o IPCA (+3,15%) e o IGP-M (-1,35%) no mesmo período. Nos últimos 12 meses, a alta acumulada foi de 10,04%, também acima do IPCA (+5,13%) e do IGP-M (+3,03%). Todas as 36 localidades monitoradas registraram alta no acumulado de 12 meses.
O preço médio de aluguel no país foi de R$ 49,77/m². São Paulo (R$ 61,69/m²), Recife (R$ 60,65/m²) e Belém (R$ 60,65/m²) lideram o ranking de capitais com os maiores valores.
Revista Ferroviaria - RJ 16/09/2025
O Metrô de Teresina projeta inaugurar no ano que vem uma nova estação, ampliar a rede metroferroviária e utilizar três novos trens para o transporte de passageiros.
Apesar de o Piauí ter uma participação modesta no mapa de metrôs e trens urbanos no país, com 13,5 quilômetros dos 1.137,5 existentes, ele apresentou crescimento de 51,2% no total de passageiros transportados no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento é atribuído à instituição da tarifa zero, em vigor desde janeiro.
Um levantamento do cenário metroferroviário no país divulgado nesta semana pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) mostra que a primeira etapa da modernização da linha 1 do metrô deverá estar pronta no ano que vem, mesmo ano em que deve inaugurar uma expansão.
A criação da estação Todos os Santos fará com que o sistema ganhe 2,5 quilômetros de trilhos, chegando a 16 quilômetros no total. O sistema no Piauí é operado pela CFLP (Companhia Ferroviária e de Logística do Piauí), que também atua em terminais de transbordo e portuários.
Para a ampliação prevista para o ano que vem, foi fechado um contrato entre a CFLP e a Marcopolo Rail para o fornecimento de três trens urbanos Prosper, que recentemente também teve duas unidades entregues para a EFE Trenes de Chile. No país, eles serão utilizados na rota interurbana de passageiros Talca-Constitución, de 88 quilômetros de extensão.
Segundo a Marcopolo, o metrô no Piauí terá duas composições com dois carros de passageiros e uma com três carros. O modelo Prosper City tem embarque em plataforma elevada de 1,10 m e capacidade de transportar até 560 passageiros na versão com três carros.
O Brasil fechou o ano passado com 1.137,5 quilômetros de trilhos, somente 4,1 quilômetros a mais do que no ano anterior. As obras no Piauí estão dentro de um pacote que inclui o surgimento de mais de cem estações e 112 quilômetros de trilhos nos próximos cinco anos no país.
Os sistemas em operação no país são administrados por 16 empresas —nove concessionárias e sete do setor público—, que possuem 49 linhas de metrôs, trens urbanos, VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), monotrilho e APM (Automated People Mover), em 11 estados e no Distrito Federal.
Revista Ferroviaria - RJ 16/09/2025
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai testar um modelo inédito de chamamento público de empresas interessadas em recuperar e operar trechos ferroviários pouco utilizados. O plano terá início com dois traçados que hoje estão sob controle da concessionária FCA (Ferrovia Centro-Atlântica).
O primeiro trecho corresponde à ligação entre os municípios de Arcos (MG), Barra Mansa (RJ) e Angra dos Reis (RJ), com cerca de 610 km de extensão e vocação para o transporte de calcário e siderurgia, além do turismo.
Um segundo traçado envolve a malha que sai de Varginha e segue até Lavras (ambas em MG), com cerca de 130 km de extensão. Neste caso, o perfil da linha está mais voltado ao potencial de escoamento do café do sul mineiro, além da mobilidade interurbana na região.
Os estudos do Ministério do Transportes indicam que as duas linhas, hoje pouco movimentadas ou até com trechos inoperantes, têm potencial para atrair novas cargas e estimular o desenvolvimento regional.
Os projetos também passarão a fazer parte da carteira do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o que significa prioridade com relação a outros empreendimentos e possibilidade de aporte público em obras.
“O chamamento público vai permitir testar o interesse privado em recuperar trechos ferroviários subutilizados, sem comprometer desde logo o orçamento público, oferecendo previsibilidade regulatória e tornando mais eficiente o uso dos ativos logísticos que hoje estão ociosos”, disse o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro.
Diferentemente das concessões tradicionais, que exigem a organização de um leilão completo, o chamamento pretende verificar se há empresas interessadas em assumir esses segmentos hoje degradados. Se houver, a autorização de exploração seria concedida por até 99 anos, seguindo a Lei das Autorizações Ferroviárias, que é mais flexível que a Lei de Concessões.
Segundo Santoro, nesse modelo o operador tem liberdade não apenas para movimentar cargas e passageiros, mas também para desenvolver negócios associados ao longo da ferrovia, como empreendimentos em imóveis.
“Vai ser a primeira vez que a gente vai testar esse modelo de chamamento público, em que a empresa passa a ter um contrato que é mais aberto, com mais opções de negócio. Ele pode emitir debêntures, por exemplo, para fazer um investimento imobiliário”, afirma.
Se houver mais de uma manifestação de interesse, o critério de seleção será o de quem oferecer o maior valor de investimento no trecho. A lógica, portanto, é semelhante à de um leilão, mas com menos amarras regulatórias. Se não surgirem candidatos, o governo fica livre para avaliar a injeção de recursos públicos diretamente.
ACORDO HISTÓRICO
O governo federal e a concessionária VLI, que opera a malha da FCA, estão em vias de fechar um dos maiores acordos ferroviários da história do país, com a renovação antecipada da concessão, que acaba em agosto de 2026. O acerto, que passou por uma longa etapa de negociação entre o Ministério dos Transportes e a concessionária, prevê um pacote total de R$ 28 bilhões em investimentos obrigatórios pela empresa.
A proposta inclui a renovação integral de 4.138 km de trilhos, além de uma série de obras de grande porte. Outros 3.082 km devem ser devolvidos à União, para que sejam oferecidos a eventuais interessados. Entre estes estão os dois traçados entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Paralelamente, outros seis trechos ferroviários —estes voltados para o transporte de passageiros— já foram incluídos no Novo PAC e também têm previsão de serem oferecidos ao mercado em 2026. Todos já estão com seus estudos de viabilidade econômica praticamente concluídos.
O primeiro é o traçado entre Brasília e Luziânia (GO), com cerca de 60 km de extensão, considerado estratégico para a mobilidade do Distrito Federal e seu entorno. O plano é criar uma alternativa ferroviária à BR-040, reduzindo congestionamentos e tempo de deslocamento entre a capital e as cidades vizinhas.
O segundo trecho liga Salvador a Feira de Santana, com aproximadamente 100 km. Esse trecho, atualmente desativado, teria o potencial de diminuir a saturação da BR-324 e de estimular a integração econômica da região metropolitana de Salvador com o interior.
No Maranhão, o governo quer licitar o trecho de São Luís a Itapecuru Mirim, com cerca de 100 km, para conectar a capital ao interior e facilitar o acesso logístico ao porto do Itaqui, com transporte de passageiros e de cargas.
Já no Ceará o plano é viabilizar a malha entre Fortaleza e Sobral, com extensão aproximada de 230 km, ligando o interior ao litoral. O traçado é utilizado hoje apenas de forma parcial, para cargas, mas pode ser requalificado para passageiros.
No Paraná, o trecho entre Maringá e Londrina, de cerca de 100 km, pretende conectar duas das principais cidades do estado. Hoje voltado ao transporte de cargas, o traçado tem potencial para receber trens de passageiros.
No Rio Grande do Sul, por sua vez, o plano se concentra no traçado que liga Pelotas a Rio Grande, com aproximadamente 60 km. Essa malha une a produção agrícola e industrial do sul gaúcho ao porto de Rio Grande. A avaliação é que o ramal pode ampliar a logística regional de cargas, além do transporte de passageiros.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/09/governo-vai-testar-modelo-inedito-de-oferta-de-dois-trechos-ferroviarios-entre-mg-e-rj.shtml
VÁ ALÉM DA MANCHETE
O setor ferroviário é complexo e as notícias do dia a dia são apenas a ponta do iceberg. Para entender o cenário completo, é preciso de contexto e a visão de quem cobre o setor desde 1940.
A cada edição, a Revista Ferroviária traz reportagens aprofundadas, estudos de mercado e entrevistas exclusivas sobre os temas que realmente importam: de novos VLTs e projetos privados a desafios de manutenção, o futuro da tecnologia e muito mais.
Automotive Business - SP 16/09/2025
O Governo da Bahia revelou as primeiras imagens dos trens que irão compor o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Salvador. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), visitou a fábrica da CAF, responsável pela montagem dos veículos, em Hortolândia (SP).
Na era dos eletrificados, o Brasil será fornecedor ou comprador de baterias? Esse debate e muito mais no #ABX25
Acompanhado por 20 lideranças comunitárias do Subúrbio Ferroviário (região de Salvador por onde o VLT passará), Rodrigues pôde conhecer o primeiro trem que será entregue, com previsão de chegada em 5 de dezembro de 2025.
Em 2026, um segundo lote levará 18 trens à capital baiana, mesma quantidade que deve ser recebida em 2027.
VLT de Salvador terá fase de testes
Os testes com o VLT de Salvador percorrendo a via férrea entre as estações estão programados para o início de 2026,. A operação com passageiros está prevista para o segundo semestre daquele ano.
Com investimento de R$ 5,4 bilhões, o sistema do VLT de Salvador terá 40 km de trilhos e 42 estações. Sua construção foi dividida em três trechos:
Trecho 1: Calçada à Ilha de São João, obras 33,79% concluídas Trecho 2: Paripe a Águas Claras, obras 19,99% concluídas Trecho 3: Águas Claras a Piatã, obras 2,11% concluídas
Ao todo, serão 40 composições do modelo URBOS3 formadas cada uma por sete carros de passageiros de cabine dupla, que permitem a operação do trem nas duas direções. Cada trem terá 45 metros de comprimento e permitirá o transporte de 400 pessoas por viagem, com velocidades de até 70 km/h.
Trens serão adaptados para pescadores
Além de atender aos requisitos técnicos, os trens serão adaptados para permitir o transporte dos produtos de marisqueiras e pescadores um uso que existia nos antigos trens da região e será mantido no novo sistema.
Em 2028, vamos chegar com esse VLT cortando toda a Suburbana chegando até Piatã, conectando com o modal de metrô, conectando com o modal de ônibus, prometeu o governador, prevendo a integração do sistema.
A frota que será empregada em Salvador foi originalmente adquirida para atender ao sistema de VLT em Cuiabá (MT), sistema que teria investimento superior a R$ 1 bilhão. Posteriormente, o governo da capital matogrossense desistiu da ideia do VLT e a substituiu por um sistema de BRT. Com isso, os trens foram vendidos para a Bahia por R$ 793,7 milhões.
Monitor Digital - RJ 16/09/2025
Conversamos com Thalita Vicentini, diretora do Grupo Náutica e da Boat Show Eventos, sobre o mercado náutico brasileiro e o São Paulo Boat Show, que será realizada em São Paulo de 18 a 23 de setembro.
Qual o tamanho do mercado náutico brasileiro?
O mercado náutico brasileiro tem mais de 1 milhão de embarcações registradas na Marinha, incluindo esporte e lazer, mas ainda com um potencial de crescimento imensurável, pois o seu tamanho é proporcional à infraestrutura que temos no país. Esse mercado possui muitas possibilidades, já que o país possui uma costa altamente navegável, mas a ausência parcial de infraestrutura cria alguns limitantes para essa evolução.
Quais são os principais produtos demandados pelo mercado brasileiro?
As embarcações de 30 a 50 pés possuem um grande protagonismo dentro do mercado, principalmente no pós-pandemia, já que muitas pessoas descobriram o lazer náutico a partir de 2020. Como o mercado náutico vai muito além da navegação, existem vários mercados conexos, como os brinquedos náuticos, que pode ser dividido entre antes e depois da pandemia.
Quando nós tivemos o boom do mercado no pós-pandemia, entre 2020 e 2022, nós vivenciamos um crescimento de 30% ao ano. Como havia muita demanda e pouca oferta, as pessoas compravam as embarcações que estavam disponíveis, já que o mercado não estava preparado para atender essa explosão. Na primeira curva, muitas pessoas buscavam as embarcações de entrada, como barcos de 18, 19 e 20 pés, mas como hoje nós temos um mercado que entende muito mais o que quer, o tamanho das embarcações passaram por mudanças. Por exemplo, uma embarcação de 30 pés já permite ao seu dono pernoitar nela ou seja, embarcações maiores permitem aos seus donos outros tipos de usabilidades, sem contar que eles podem receber mais pessoas. Além disso, nós temos variações de modelos, como os modelos de água abrigada ou de alto mar.
Esse mercado também passa por sups, caiaques, wakes, motores que permitem às pessoas mergulharem um pouco mais profundo para visitarem belezas marinhas ou naufrágios, e tapetes. Foi o aumento do mercado que permitiu que essas usabilidades diferentes pudessem ser descobertas.
Qual o perfil de consumidor desse mercado?
O consumidor está mais exigente. Por exemplo, como o mercado possui embarcações de 19 pés a partir de R$ 99 mil, uma pessoa começa a ter dúvida se vale a pena trocar de carro, comprar um imóvel ou comprar uma embarcação. Isso porque a embarcação começa a entrar dentro dos hábitos de consumo, dentro de uma vertente que antes não era vista. Como a pessoa também pode compartilhar esse barco de R$ 99 mil ou uma moto aquática, cujo valor vai de R$ 60 mil a R$ 70 mil, o mercado passa a ter um ticket médio muito mais acessível.
O mercado náutico possui um nicho menor e muito específico composto pelos iates e super iates, mas projetos como o São Paulo Boat Show aproximam o público, desmistificam os valores e abrem oportunidades através da diversidade de marcas que não tinham tanta força e que não eram muito conhecidas.
Como está o mercado brasileiro frente aos principais mercados internacionais?
O mercado brasileiro é muito pequeno comparado ao seu potencial, mas quando olhamos os indicadores do mercado de luxo, ele se mostra um pouco mais potente. Um ponto importante é que esse mercado possui uma mão de obra extremamente artesanal, qualificada e especializada. Por exemplo, uma grande fábrica deste setor emprega muito mais pessoas do que uma fábrica do setor automotivo que trabalha com robótica. Além disso, nós temos todo o potencial de desenvolvimento de turismo náutico.
O mercado brasileiro é importador ou exportador?
O mercado brasileiro possui uma grande gama de fabricantes nacionais. Quando falamos na produção de barcos, o nosso mercado é independente, mas quando falamos na composição, na funcionalidade de um barco, ele depende da importação de motores e de outros acessórios como GPS. Com relação às exportações, o Brasil começou a fazer esse trabalho há pouco tempo, até porque esse tipo de produto exige uma série de certificações para que possa ser vendido no exterior.
Como o São Paulo Boat Show tem visto a evolução do mercado brasileiro desde o seu início, em 1999?
Quando olhamos para trás, nós vemos que o mercado brasileiro dependia de produtos de marcas internacionais, mas hoje mais de 80% dos fabricantes que participam do nosso evento são nacionais. O mercado brasileiro se desenvolveu através de produtos que trouxeram inovações e que se aproveitaram das novas tecnologias embarcadas. Esse é um mercado pujante e cheio de oportunidades, com novos produtos, novas marcas e novos fabricantes nacionais. Nós temos muito orgulho de termos presenciado o desenvolvimento desse mercado e de novos estaleiros fabricantes de barcos, que produzem um produto tão bem aceito no mercado nacional.
Considerando a nossa conversa, você gostaria de acrescentar algum ponto à sua entrevista?
Existem duas grandes iniciativas que vão estar no São Paulo Boat Show: o barco voador desenvolvido pelo ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e o JAQ H2, uma embarcação movida a hidrogênio que vai ser apresentada na COP30. O público poderá ver as maquetes dos dois projetos no evento. Essas novidades mostram o desenvolvimento tecnológico desse mercado e o que podemos fazer de diferente pelo planeta.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/09/2025
Os portos brasileiros registraram, em julho, o maior volume mensal de cargas da história, com 124,7 milhões de toneladas transportadas, sendo 73% de navegação de longa distância – exportação e importação – e 20% de cabotagem – entre portos brasileiros.
Nos primeiros sete meses do ano, os portos atingiram 780,4 milhões de toneladas de cargas, volume 1,76% maior do que o registrado no mesmo período de 2024.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, reafirmou que o governo federal tem atuado com a finalidade de ampliar as concessões e fortalecer a infraestrutura nacional.
“Temos como foco garantir segurança jurídica e atrair novos investimentos. Essa política, liderada pelo presidente Lula, vem aumentando a capacidade dos portos e fortalecendo as exportações do Brasil”, afirmou em nota.
De acordo com Sílvio Costa Filho, “a ampliação da capacidade de nossos portos é fundamental para a economia nacional”.
A principal carga transportada foi de granéis sólidos (minerais e vegetais), com mais de 76,6 milhões de toneladas. Todos os tipos de carga tiveram aumento em julho, em relação aos números registrados no mesmo mês em 2024.
“Granéis líquidos [especialmente combustíveis] tiveram um aumento de 6%, enquanto a movimentação de granéis sólidos aumentou quase 4%. O crescimento de carga em contêineres foi de 3% no período e o volume de carga geral foi 0,9% superior ao registrado em julho do ano passado”, informou o ministério.
Petro Notícias - SP 16/09/2025
A Tenaris anunciou a conquista de um contrato para fornecimento de 18 mil toneladas (115 km) de tubos sem costura para risers e flowlines para o sistema de produção do FPSO P-83 (Búzios 11). O escopo do acordo prevê ainda a entrega dos revestimentos TenarisShawcor para isolamento térmico.
Os tubos sem costura serão produzidos no centro de fabricação da Tenaris em Dalmine, na Itália. Além disso, 112 km de tubos serão isolados com os revestimentos TenarisShawcor Marine Sintático de 5 Camadas e Marine Sólido de 5 Camadas, a serem aplicados na Confab, a fábrica da Tenaris em Pindamonhangaba (SP).
“Estamos orgulhosos de, mais uma vez, apoiar o desenvolvimento do campo de Búzios, com base na experiência positiva das fases anteriores. Este contrato demonstra o valor que entregamos ao integrar nossas tecnologias de produtos com serviços especializados, ao mesmo tempo em que alavancamos nossa capacidade global de fabricação e nossa forte presença local no Brasil”, disse o presidente da Tenaris no país, Renato Catallini.
O Projeto de Desenvolvimento de Produção de Búzios 11 prevê a interligação de 15 poços à plataforma P-83, sendo 8 produtores, 7 injetores alternados de água e gás. O contrato de engenharia, aquisição, construção e instalação submarina (EPCI) da plataforma está sendo executado pela Subsea7.
O início da campanha offshore para instalação da infraestrutura submarina está previsto para outubro de 2027. O consórcio de Búzios é composto por Petrobrás (operadora), em parceria com CNOOC, CNODC e a PPSA (empresa gestora dos contratos de partilha da produção).
Valor - SP 16/09/2025
Com mais de 4,5 mil quilômetros em dez Estados, a companhia abastece indústrias e cidades, reforçando sua presença no mercado de gás natural
Identificar oportunidades e desenvolver soluções que incentivaram a abertura do mercado de gás natural no Brasil foi o caminho trilhado pela Transportadora Associada de Gás (TAG) para se tornar uma das principais responsáveis pelo abastecimento de gás de várias indústrias e cidades em todo o país. Controlada por um consórcio formado pela multinacional francesa Engie e pelo fundo de pensão canadense CDPQ, a TAG, campeã no setor de transportes e logística do anuário Valor 1000, detém hoje uma das mais extensas redes de gasodutos de transporte de gás do país. São mais de 4.500 quilômetros, que atravessam quase 200 municípios de dez Estados brasileiros. Mais de 3.700 quilômetros estão na região costeira do Brasil (Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro), e cerca de 800 quilômetros no Amazonas. No total, são 74,67 milhões de metros cúbicos de gás natural transportados diariamente por meio de gasodutos.
Para alcançar esse patamar de sucesso, a companhia passou por uma transformação estratégica, em perfeita sintonia com o mercado brasileiro de gás, destaca Joaquim Saboia, diretor financeiro da TAG. “Para superar os desafios do cenário econômico, adotamos uma estratégia voltada à inovação comercial e flexibilidade contratual, lançando produtos de curto prazo que estimularam a liquidez do mercado”, conta ele. Com isso, relata Saboia, a empresa evoluiu de dois clientes em 2021 para 24 clientes atualmente e de menos de dez contratos para atingir hoje um portfólio de 400 contratos. “Investimos também na confiabilidade, segurança e expansão dos ativos, reforçando o papel da TAG como elo estratégico na cadeia de gás natural para a segurança de abastecimento para o país”, afirma.
Além de maior eficiência operacional, assinala o executivo, a companhia tem apresentado, nos últimos anos, bons resultados, igualmente consistentes, no aspecto econômico. “O que nos garante maior previsibilidade e resiliência financeira diante de cenários adversos”, afirma ele. Em 2024, a receita total atingiu mais de R$ 9 bilhões. O lucro líquido chegou a R$ 3,99 bilhões e a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou 86,5%.
Segundo o executivo, esses indicadores mostram a confiança plena da TAG quanto à manutenção do atual ritmo de crescimento. A empresa tem grande expectativa de avanços relevantes na abertura do setor. “Importantes regulamentações estão em processo de consulta pública e a TAG vem contribuindo ativamente para que as atualizações produzam resultado positivo no mercado de gás enquanto se fortalece o ambiente regulatório”, comenta Saboia.
Em conjunto com as demais transportadoras, coordenadas pela Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (ATGás), a TAG enviou à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) o Plano Coordenado de Expansão, que mapeia demandas e orienta investimentos para o sistema integrado de transporte. “A iniciativa fortalece a integração entre os agentes do setor energético e consolida o transporte como um verdadeiro marketplace, conectando fontes de suprimentos, nacionais e importadas, às demandas industriais, termelétricas e de outros segmentos consumidores”, explica Saboia.
Os planos de investimentos da empresa preveem aportes de recursos de até R$ 5,4 bilhões para o período 2025-2029, com objetivo de garantir a disponibilidade de seus ativos e o acesso a novos clientes. De 2019 a 2024, os investimentos somaram R$ 550 milhões, a maior parte destinada às áreas de manutenção, avanços tecnológicos e segurança operacional da malha. Também foi concluído o gasoduto de conexão ao terminal de GNL de Sergipe e ao complexo termelétrico da Eneva, no qual foram investidos aproximadamente R$ 380 milhões para aumentar a segurança no suprimento de gás natural e energia elétrica.
Desde janeiro, a companhia passou a operar também a interconexão com a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), que recebeu investimentos de R$ 46 milhões. O objetivo é permitir a transferência direta de gás natural entre as malhas das duas empresas, conectando as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Nesses dois últimos anos, a TAG buscou também fortalecer seus compromissos com a sustentabilidade, a partir de análise de riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados a temas socioambientais e de governança. Segundo Saboia, a companhia vem evoluindo no fortalecimento de suas práticas de gestão. “Para a TAG, o gás natural é um pilar de segurança por sua flexibilidade e complementaridade à geração de energia renovável, garantindo estabilidade e confiabilidade no suprimento energético”, diz ele.
A estratégia ESG, que se refere às boas práticas ambientais, sociais e de governança, está incorporada em várias atividades da empresa, informa o executivo. A companhia desenvolve programas de preservação ambiental junto às comunidades, realiza estudos para a conexão entre produtores de biometano, com alto potencial de descarbonização no transporte de gás, e investiu R$ 34 milhões em projetos de responsabilidade social. Ao longo deste ano, 60% de suas contratações de colaboradores foram mulheres e 25% de pessoas negras, acentua o executivo.
Mas há grandes desafios a superar nessa trajetória de crescimento, especialmente para empresas transportadoras que atuam em ambiente regulado, avalia Maurício Lima, sócio-diretor do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). “O principal ponto com relação aos desafios das transportadoras e operadoras logísticas em 2025 está muito relacionado ao custo de capital. Uma taxa de juros de 15% acaba elevando muito o custo de capital para essas empresas. Mesmo as grandes de capital aberto estão captando com taxas médias de 16,5%, 17%, 18% ao ano — as médias chegam a 20% ao ano. Isso faz com que essas empresas estejam com dificuldades muito grandes de realizar investimentos”, explica Lima.
A TAG se preocupa com a queda de atratividade de novos investimentos em função da elevada taxa de juros, especialmente em comparação com outros setores, como o de transmissão de energia, admite Saboia. Ainda assim, diz a empresa considera o momento atual como uma oportunidade para ampliar a eficiência e o uso intensivo da sua infraestrutura. “Isso vai contribuir para a transição energética do país”, ressalta. “O gás natural é uma opção energética segura, capaz de garantir mais confiabilidade para a indústria e o setor elétrico, além de contribuir para a descarbonização desses setores”, afirma.
Infomoney - SP 16/09/2025
A recente descoberta pela BP de um campo de petróleo gigante na costa do Brasil reacendeu o entusiasmo dos investidores, lembrando a era de exploração agressiva de duas décadas atrás, quando as empresas estavam sedentas por recursos em meio a temores de que o mundo estivesse ficando sem petróleo.
O anúncio da descoberta de Bumerangue, descrita pelo presidente-executivo Murray Auchincloss como a mais significativa da BP em 25 anos, provocou um aumento de 8% nas ações da empresa listadas em Londres em agosto, superando o desempenho de seus pares do setor.
A descoberta sinaliza que as preocupações de que as grandes petroleiras possam ficar com ativos ociosos na transição energética podem estar diminuindo.
Se for totalmente desenvolvido, o enorme campo poderá ser transformador para a companhia de US$ 93 bilhões, que nos últimos anos enfrentou turbulência na liderança, desvio estratégico, especulação persistente de aquisição e pressão de investidores ativistas.
A BP precisará de meses para avaliar completamente Bumerangue, mas os resultados iniciais revelaram uma coluna de hidrocarbonetos de 500 metros em um reservatório de pré-sal de alta qualidade que pode se estender por mais de 300 quilômetros quadrados (115,8 milhas quadradas).
Claudio Steuer, do Oxford Institute for Energy Studies, estima que o campo possa conter de 2 bilhões a 2,5 bilhões de barris de óleo equivalente recuperável, com base em campos próximos. Isso, por sua vez, poderia se traduzir em um enorme desenvolvimento offshore capaz de produzir cerca de 400.000 barris por dia durante décadas, de acordo com Steuer. E a BP, com uma participação de 100%, poderá colher um enorme lucro com essa descoberta.
Essa descoberta reflete o fato de que a BP agora está redirecionando dinheiro e talentos para o setor de upstream, após anos de redução de suas equipes de exploração e engenharia de reservatórios. Ela planeja aumentar os gastos anuais com upstream em 20%, chegando a US$10 bilhões até 2027, e manter a produção estável em 2,3 milhões a 2,5 milhões de barris por dia até 2030.
A BP parece estar voltando à estratégia do início dos anos 2000 – e não está sozinha.
NÃO MAIS ENCALHADOS?
Durante duas décadas, o tamanho das reservas foi uma métrica fundamental para os investidores das empresas de energia. Para aumentar as reservas, as grandes petrolíferas tiveram que aumentar os gastos com exploração, que cresceram de US$5 bilhões por ano entre 1995 e 2005 para um pico de mais de US$35 bilhões em 2013, de acordo com a consultoria Thunder Said Energy.
Mas a corrida diminuiu em meados da década de 2010, pois os retornos dos acionistas foram corroídos pelo aumento dos custos de desenvolvimento e pela queda dos preços do petróleo.
O apetite pela exploração foi ainda mais reduzido pelo acordo climático de Paris de 2015 e pelas previsões subsequentes de desaceleração, se não de redução, da demanda de petróleo na próxima década.
As empresas – e os investidores – começaram a temer que as reservas pudessem se tornar ativos encalhados que nunca seriam explorados e que, por fim, não teriam valor.
Consequentemente, os gastos com exploração da ExxonMobil, Chevron, Shell, BP e TotalEnergies caíram para menos de US$10 bilhões por ano nos últimos anos, e as empresas começaram a minimizar o tamanho das reservas.
Atualmente, as empresas petrolíferas ocidentais detêm reservas equivalentes de 7 a 13 anos de produção atual, em comparação aos de 12 a 17 anos de uma década atrás. As reservas da BP eram de 6,25 bilhões de barris de petróleo equivalente no final de 2024, 8% abaixo do ano anterior e equivalentes a 7,25 anos de produção, em comparação com os 15 anos de uma década atrás.
Agora, é claro, a maré parece estar mudando, como indica o entusiasmo em torno da descoberta de Bumerangue.
O sentimento dos investidores está mudando, e anos de subinvestimento significam que as grandes empresas ocidentais agora precisam repor as reservas simplesmente para manter a produção.
REDIRECIONAMENTO DE RECURSOS
Atualmente, as empresas estão direcionando cada vez mais recursos para a exploração, uma atividade de alto risco e alta recompensa. O presidente-executivo da Chevron, Mike Wirth, disse em agosto que “não estava satisfeito” com os resultados da exploração nos últimos anos e, como resultado, a empresa norte-americana está aumentando os gastos na busca de novos recursos, tanto em torno de sua produção existente quanto em novas bacias de fronteira, como Suriname, Namíbia e Egito.
“Houve um aumento na atividade, começando pelas rodadas de licenciamento. Esse é o principal indicador da atividade de exploração”, disse o analista-chefe da Rystad, Per Magnus Nysveen.
A Rystad estima que o mundo possui 1,5 trilhão de barris de petróleo potencialmente recuperável, incluindo petróleo não descoberto, o que equivale ao consumo global total de 1900 a 2024. Isso parece muito, mas a extração desses recursos potenciais exigirá grandes investimentos.
Além disso, a incerteza sobre a demanda de longo prazo complica a situação. A Agência Internacional de Energia espera que a demanda se estabilize até 2030, enquanto a Opep prevê que o crescimento continue até 2050. Muito depende da rapidez com que a transição energética progride, especialmente em mercados importantes como a China.
No entanto, também é possível que haja um piso sob a demanda daqui para frente, dado o foco renovado na segurança energética que começou após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 e o aumento esperado nas demandas gerais de energia impulsionadas pelo boom da inteligência artificial.
O debate sobre esses cronogramas continuará, mas uma coisa é certa. Para a BP, a descoberta de Bumerangue está chegando no momento certo.
Valor - SP 16/09/2025
O petróleo Brent com entrega em novembro subiu 0,67% e o WTI para outubro ganhou 0,97%
Os contratos futuros da commodity encerraram esta segunda-feira (15) em alta, diante dos temores sobre a oferta de petróleo russo. Novos ataques ucranianos à infraestrutura petrolífera da Rússia alimentaram preocupações sobre uma eventual interrupção no fornecimento da commodity no país.
Na Intercontinental Exchange (ICE), o petróleo Brent com entrega em novembro subiu 0,67%, a US$ 67,44 por barril. Já na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para outubro ganhou 0,97%, a US$ 63,30 por barril.
Os apelos do presidente Donald Trump aos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para suspender compras de petróleo de Moscou também influenciaram o desempenho da commodity. "Seria necessário um declínio permanente de mais de 1 milhão de barris por dia nas compras de petróleo russo pela China e pela Índia para, eventualmente, levar a perdas líquidas nos mercados globais", afirma Kim Fustier, analista sênior do HSBC.
Mais cedo, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que os EUA não pretendem impor tarifas à China por conta das compras de petróleo da Rússia a não ser que os países europeus façam o mesmo. “Os países europeus precisam fazer sua parte para interromper o fluxo de receita [oriundo] do petróleo russo”, disse.
Canal Rural - SP 16/09/2025
A tática já elevou a arrecadação tarifária a mais de US$ 100 bilhões em um ano fiscal, mas também trouxe efeitos adversos dentro do próprio país, como aumento de preços de bens de consumo e tendência de elevação inflacionária.
No caso do Brasil, a decisão mais dura foi anunciada em 9 de julho: tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, em vigor desde 1º de agosto. Trump justificou a medida alegando “relações injustas” e citou ainda fatores políticos, como o apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, além da irritação com a agenda dos Brics e a defesa da desdolarização. Paralelamente, ordenou ao Representante de Comércio dos EUA (USTR) uma investigação com base na seção 301 da Lei de Comércio de 1974, instrumento que pode abrir caminho para novas retaliações unilaterais contra o Brasil.
O impacto já aparece nos números. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5% em agosto, o equivalente a US$ 600 milhões a menos em relação ao mesmo mês de 2024.
A retração não se limitou aos produtos diretamente taxados: aeronaves, óleos e combustíveis, celulose e minério de ferro também sofreram quedas expressivas, reflexo da insegurança gerada pela medida. Entre os itens mais atingidos, destaque para minério de ferro (-100%), aeronaves (-84,9%), açúcar (-88,4%), carne bovina fresca (- 46,2%) e máquinas (-45,6%).
Vale notar que agosto ainda refletiu embarques programados anteriormente, o que sugere que os efeitos negativos podem se aprofundar nos próximos meses.
Apesar da perda nos EUA, o comércio exterior brasileiro mostrou resiliência. Houve alta de 3,9% nas exportações em agosto, puxada por maiores vendas para China (+29,9%), Argentina (+40,3%) e México (+43,8%). O superávit de US$ 6,13 bilhões foi garantido, sobretudo, pela agropecuária (+8,3%) e pela indústria extrativa (+11,3%), com destaque para soja, carne bovina, minério de ferro e açúcar. A diversificação de mercados é, portanto, um fator-chave para mitigar os efeitos do tarifaço.
Do lado diplomático, o setor privado se mobilizou rapidamente. Uma comitiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com 130 empresários, esteve em Washington para participar da audiência pública da seção 301. Apesar da boa argumentação técnica, não houve resposta do USTR sobre possíveis exceções setoriais ou sobre a suspensão de sobretaxas adicionais. O sentimento predominante é de que o impasse não deve ser resolvido no curto prazo.
O cenário político também pesa. As tensões aumentam com o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e com as críticas de Lula a Trump durante a presidência temporária do Brics. O governo brasileiro evita anunciar retaliações imediatas, mas avalia medidas sob a Lei de Reciprocidade Econômica, que autoriza restrições às importações, suspensão de concessões de propriedade intelectual e revisão de obrigações em acordos internacionais. Caso tais medidas sejam aplicadas, é provável que os EUA endureçam ainda mais, gerando uma escalada tarifária de difícil controle.
A experiência de outros países mostra que a saída passa pela negociação. China, Reino Unido, Vietnã e Indonésia conseguiram acordos comerciais mesmo sob pressão tarifária americana. O Brasil, embora disponha de maior poder de barganha que Vietnã e Indonésia, enfrenta um contexto político conturbado e menos espaço para concessões. Uma redução significativa das tarifas, para antigo patamar de 10%, parece improvável no curto prazo; alcançar uma alíquota média, que alivie parte do setor exportador, seria um cenário mais realista.
O balanço do primeiro mês é claro: o tarifaço já provoca perdas relevantes, especialmente no agronegócio, mas também escancara a importância da diversificação comercial brasileira.
A resposta precisa ser pragmática: buscar novos mercados, negociar com firmeza em Washington e avançar em acordos bilaterais. Ainda que o mercado americano seja estratégico para o Brasil, superar os desafios impostos pelas tarifas exige persistência diplomática e coordenação com o setor privado.
O caminho passa por manter canais de diálogo abertos, inclusive com o empresariado dos EUA, e por reforçar a capacidade de adaptação do agronegócio brasileiro diante de um cenário internacional cada vez mais instável.