Clipping Diário

15 | Setembro | 2025

ECONOMIA

Globo Online - RJ   15/09/2025

Medida mais concreta do presidente Donald Trump para conter os déficits orçamentários sem precedentes dos EUA, o aumento das tarifas impostas a outros países enfrenta o risco de uma reversão judicial que deixaria as finanças americanas uma posição ainda mais frágil.

Trump e seus principais assessores, incluindo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, argumentam que as necessidades de endividamento federal vão diminuir nos próximos anos à medida que os cortes de impostos, a redução da regulação e as grandes promessas de investimentos de empresas e de países estrangeiros impulsionem o crescimento econômico e aumentem as receitas federais.

Muitos economistas questionam essa perspectiva, mas poucos discordam de que os aumentos tarifários estão, de fato, gerando uma nova fonte de recursos para o Tesouro.

As tarifas alfandegárias — pagas majoritariamente por importadores americanos — totalizaram US$ 165 bilhões no ano fiscal de 2025, faltando ainda um mês para o encerramento, segundo apontam dados do Departamento do Tesouro divulgados na quinta-feira. Isso representa um aumento de cerca de US$ 95 bilhões em relação ao ano anterior.

Tarifas contra o déficit

Grande parte desse salto se deve às tarifas impostas por Trump com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), segundo análise da Bloomberg Economics. Mas uma decisão de um tribunal federal de apelações, em 29 de agosto, colocou em dúvida a legalidade dessa manobra.

A menos que a Suprema Corte — que aceitou revisar o caso — decida a favor do presidente, Bessent alertou que o governo pode ser obrigado a devolver grandes somas em dinheiro. Nesta semana, ele disse estar confiante de que a Corte decidirá a favor da Casa Branca.

A receita adicional de tarifas deste ano ainda é pequena em comparação ao déficit orçamentário, que soma quase US$ 2 trilhões nos primeiros 11 meses do ano fiscal de 2025. Mas vários economistas apoiaram a previsão de Bessent de uma taxa anualizada atual de cerca de US$ 300 bilhões ou mais.

Isso equivale a aproximadamente 1% do PIB dos EUA. E em um momento em que o déficit tem superado 6% do PIB, é o suficiente para avançar significativamente, ao longo da próxima década, em direção à meta final de Bessent: déficits próximos de 3%. Sem isso, investidores em títulos e economistas ficam com pouco mais do que projeções otimistas de crescimento e produtividade para conter as necessidades de endividamento dos EUA.

— É simplesmente uma carta fora do baralho com a qual teremos de lidar quando chegar a hora — explicou Lou Crandall, economista-chefe da Wrightson ICAP, que analisa a estratégia da dívida do Tesouro desde os anos 1980. — Se o caso judicial for contrário ao Tesouro e a administração não quiser ver o déficit continuar a subir, haverá algum tipo de resposta de política, só não sabemos qual.

Por ora, os investidores em títulos estão mais focados nas perspectivas de cortes de juros pelo Federal Reserve, com os rendimentos dos papéis de curto e longo prazo caindo neste mês. Além disso, há a possibilidade de a equipe de Trump reconstruir boa parte da estrutura tarifária usando outras autoridades executivas, incluindo medidas conhecidas como Seções 232 e 301.

Coisa irritante

"Achamos que os mercados de títulos devem ignorar o custo único dos reembolsos tarifários e ainda esperamos totalmente que Trump recrie as tarifas de forma prospectiva por meio de outras autoridades, caso perca na Justiça”, escreveu Tobin Marcus, chefe de política e assuntos políticos dos EUA na Wolfe Research, em nota a clientes.

Bessent, em entrevista à Fox Business na terça-feira, descreveu o plano alternativo para as tarifas como “mais complicado, e acho que limita as ações do presidente”.

Isso também significaria uma nova reformulação das tarifas, que já vêm variando. A incerteza ameaça impor custos às empresas e à economia de forma geral. Um crescimento mais lento e um mercado de trabalho enfraquecido também poderiam elevar os gastos e reduzir as receitas, ampliando ainda mais o déficit.

Elana Ruffman, executiva de marketing da fabricante de brinquedos educativos hand2mind, do estado de Illinois, está entre os que se frustraram com as mudanças nas tarifas dos EUA.

— É a coisa mais irritante — disse ela, descrevendo a experiência pela qual sua empresa familiar e a empresa-irmã Learning Resources vêm passando neste ano.

Depois que Trump impôs tarifas bem acima de 100% sobre a China em abril, a empresa transferiu uma linha de produtos para uma fábrica na Índia, país que autoridades do governo indicavam estar prestes a fechar um acordo com Washington. Planejava-se uma nova linha de produtos infantis de ioga e mindfulness para lançamento no Natal, que precisariam ser embarcados em agosto.

— Fizemos tudo o que era possível — contou Ruffman, sobre o esforço de sair da China, realizar testes de segurança e iniciar a produção na Índia. — Tudo para acabar pagando uma tarifa maior do que se tivéssemos mantido na China — disse ela, referindo-se ao fato de que o presidente, no mês passado, elevou o imposto adicional sobre importações indianas para 50%. Enquanto isso, a sobretaxa sobre produtos da China caiu para 30%.

Só neste ano, a executiva calcula que a empresa já pagou mais de US$ 5,5 milhões em tarifas, em comparação com apenas US$ 2,3 milhões em todo o ano de 2024. E a conta seria muito maior se a companhia não tivesse paralisado a produção de muitos de seus produtos para evitar aumentos significativos de preços.

O Estado de S.Paulo - SP   15/09/2025

O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a defender que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já deveria ter retomado a flexibilização das taxas de juros no país e a reiterar críticas ao presidente do BC, Jerome Powell, em entrevista na manhã desta sexta-feira, 12, ao programa “Fox & Friends”, da Fox News.

“Powell está pelo menos um ano atrasado em cortes de juros. Imagine como a economia estaria ainda melhor, se ele já tivesse começado”, disse.

Trump argumentou que a inflação no país está baixa, elogiou os novos recordes do mercado acionário e defendeu que o sucesso da economia está relacionado às suas políticas tarifárias. “Elas corrigiram injustiças, mas agora estão na Suprema Corte e temos de vencer esse caso”, afirmou.

O presidente americano classificou este como o processo “mais importante” na Justiça dos EUA no momento, mas evitou comentar diretamente sobre como o governo poderia lidar com uma eventual derrota. “Se perdermos na Suprema Corte, teremos que devolver trilhões e trilhões de dólares. Seria muito difícil”, disse, reiterando que acredita ter o poder como presidente para controlar as tarifas diante de desafios para a segurança nacional. “Temos de manter tarifas para prosperar como país”.

Em relação ao quadro fiscal, Trump afirmou que está trabalhando com os republicanos para evitar uma paralisação do governo e aprovar a medida provisória que propõe estender o nível de gastos federais até janeiro de 2026. “Provavelmente vamos conseguir”, disse.

Veja - SP   15/09/2025

Na avaliação do governo, o tarifaço vai custar ao país 0,2 ponto percentual no no Produto Interno Bruto (PIB). Mas, com as ações do governo anunciadas de socorro aos setores atingidos, o impacto cai para 0,1 p.p. A estimativa está no boletim Macrofiscal divulgado nesta quinta-feira, 11, pela Secretaria de Política Econômica (SPE).

Em julho, Washington anunciou tarifa extra de 40% sobre parte das exportações brasileiras, que se somou aos 10% definidos em abril, elevando a taxação total para 50%. A taxação recai principalmente sobre minerais não metálicos, máquinas e equipamentos, eletrônicos, móveis e produtos agropecuários.

Sem o pacote antitarifaço lançado pelo governo no mês passado, a perda de postos de trabalho poderia chegar a 138 mil, concentrados na indústria (71,5 mil), nos serviços (51,8 mil) e na agropecuária (14,7 mil). Com a resposta do governo, a estimativa cai para 65 mil empregos.

O efeito sobre a inflação deve ser de 0,1 p.p.. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 passou de 4,9% para 4,8%.

O plano de socorro prevê linhas de crédito mais baratas do Fundo Garantidor de Exportação (FGE) para exportadores, micro, pequenas e médias empresas. O pacote inclui ainda diferimento de tributos, estímulo à manutenção de empregos e compras públicas.

“Linhas de crédito e a oferta de garantias e diferimentos de tributos, além de compras governamentais, vão auxiliar o investimento em capital e inovação produtiva”, diz o boletim.

Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,3 bilhões para os EUA, o equivalente a 12% do total. Desse montante, cerca de US$ 16,4 bilhões passaram a estar sujeitos à tarifa de 50%.

O Estado de S.Paulo - SP   15/09/2025

Recentemente o ministro da Fazenda papagueou tese comum em hordas heterodoxas, a saber que nossa elevada taxa real de juros seria originária do mercado de câmbio.

O “raciocínio” seria o seguinte: como o mercado cambial é grande e a nossa conta de capitais é aberta, haveria uma pressão persistente de venda de reais (ignora-se o motivo, talvez para fazer proteção de outras moedas emergentes), que forçam o BC a manter juros elevados para impedir desvalorização excessiva da moeda e, portanto, inflação alta.

A tese já foi desmontada por Samuel Pessôa em artigo recente, que, dentre outras coisas, notou que, se isto fosse verdade, a inflação — devida ao excesso de juro real — teria que tipicamente ficar abaixo da meta, quando sabemos que o contrário ocorre. Caso encerrado.

Não discordo do Samuel, pelo contrário, mas quero aqui chamar a atenção para outros desenvolvimentos que também apontam para falhas da hipótese. Um deles é o padrão da inflação brasileira: historicamente a inflação dos serviços (6,1% ao ano nos últimos 20 anos) supera a inflação de bens, em particular dos mais ligados à taxa de câmbio, comercializáveis (5,1%) ou os industrializados (3,7%), fenômeno incompatível com a ideia de inflação pressionada pelo câmbio.

Outro é a própria flutuação da taxa real de juros. A taxa de juros para um ano, hoje na casa de 10% ao ano, flutuou ao redor de 2,5% ao ano entre 2017-19 e foi negativa em 2020-21. A taxa para 10 anos, agora superior a 7% ao ano, havia caído para perto de 3% ao ano em 2019, depois de registrar picos similares ao atual em 2015.

Esta variação é incompatível com a tese de tamanho do mercado cambial, ou a abertura da conta de capitais, determinado o juro real, visto que nenhum destes fatores flutuou de forma remotamente similar à taxa de juros.

Não é picuinha acadêmica. Ao apontar na direção errada, o ministro deliberadamente deixa de lado a causa mais provável: o desempenho das contas públicas, sua direta responsabilidade.

É cômodo, sem dúvida, mas também revela alguns dos motivos para a frouxidão fiscal que marca o atual governo. Sem perceber (ou pior, fingir não perceber) o efeito do gasto público crescente sobre a taxa de juros, seja pelo estímulo ao consumo, seja pela elevação do risco associado à dívida pública, o ministro não toma as medidas necessárias para reverter o problema, insistindo que o arcabouço fiscal, mais furado que janela em tiroteio, seria a solução para as contas públicas.

Enfim, a culpa é dele e ele a coloca em quem quiser.

CNN Brasil - SP   15/09/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta semana na rede social Truth Social que "não há inflação". Porém, os dados do Índice de Preços ao Consumidor divulgados nesta quinta-feira (11) mostram uma história diferente.

Os dados não apenas revelam inflação em alta, mas também mostram que o ritmo do aumento dos preços ao consumidor está acelerando.

Os preços ao consumidor subiram 0,4% em agosto em relação ao mês anterior, elevando a taxa anual de inflação para 2,9%, o maior nível desde janeiro, segundo dados divulgados pelo Bureau of Labor Statistics na quinta-feira.

A aceleração ocorre enquanto Trump tem imposto tarifas mais altas em praticamente tudo o que os Estados Unidos importam, além de intensificar a repressão a imigrantes sem documentação, inclusive em seus locais de trabalho.

Muitos economistas afirmam que tanto as tarifas quanto o aumento da fiscalização da imigração estão contribuindo para a elevação dos preços, alertando que essas políticas podem pressionar ainda mais os preços, a menos que a administração mude seu curso.

"Lentamente - na verdade, bem lentamente - mas com certeza, estamos vendo evidências de mais repasse tarifário" aos consumidores, escreveu Brian Coulton, economista-chefe da Fitch Ratings, em nota divulgada na quinta-feira.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, ressaltou que a taxa anual de inflação durante o mandato de Trump este ano está ligeiramente mais contida do que o índice de 2,9% divulgado pelo BLS na quinta-feira.

"À medida que a agenda econômica de Trump continua a fazer efeito, os trilhões de dólares em investimentos do setor privado e estrangeiro, os cortes históricos de impostos, a desregulamentação massiva e o domínio energético que o presidente está liderando irão alimentar um boom econômico", disse Leavitt, em comunicado à CNN.
Preços dos alimentos em alta

Entre os maiores contribuintes para o aumento geral da inflação em agosto estavam os alimentos, com os preços dos supermercados subindo 0,6% - o maior salto mensal em quase três anos. Os preços dos alimentos comprados em restaurantes e outros estabelecimentos aumentaram 0,3% no mês passado, igualando a taxa de julho.

Produtos importados sujeitos a tarifas mais altas registraram alguns dos maiores aumentos nos preços dos alimentos. Por exemplo, os preços do café dispararam 3,6%, o maior aumento mensal desde 2011. Em comparação com o ano anterior, os preços do café subiram 20,9%, um aumento anual próximo ao recorde. Os Estados Unidos dependem de países estrangeiros para o café, já que há poucos lugares onde pode ser cultivado domesticamente.

O Brasil é a principal fonte de café dos EUA, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

No entanto, as importações brasileiras – incluindo café – começaram a enfrentar enormes tarifas de 50% no mês passado.

Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, prevê que os preços do café "facilmente excederão o recorde à medida que os efeitos totais das tarifas de 50% impostas ao Brasil no mês passado chegarem às prateleiras das lojas."

Os preços do tomate subiram 4,5% no mês passado, outro aumento notável. Os Estados Unidos dependem do México para uma variedade de tomates frescos, a maioria dos quais começou a enfrentar tarifas de 17% em julho, após o vencimento de um acordo comercial que durou quase três décadas.

Além das tarifas, as políticas de imigração de Trump — incluindo prisões em massa e deportações de estrangeiros que entraram ilegalmente no país — estão contribuindo para o aumento dos preços dos alimentos, disse Sung Won Sohn, professor de finanças e economia da Universidade Loyola Marymount, à CNN.

O Pew Research Center estima que mais de 750.000 imigrantes nos EUA deixaram a força de trabalho desde janeiro. Os setores de agricultura e serviços alimentícios, que dependem de trabalhadores estrangeiros, provavelmente serão afetados de forma desproporcional pelo aumento das prisões de imigrantes em comparação com outras indústrias, disse Sohn, que também é economista-chefe da SS Economics.

A redução no número de trabalhadores imigrantes elevou os custos trabalhistas, o que impulsionou o aumento dos preços dos alimentos, segundo ele.
Vestuário e acessório

Outros produtos altamente expostos a tarifas que registraram alguns dos maiores aumentos de preços no mês passado incluem: máquinas de costura, tecidos e suprimentos (+9,1%); joias (+6,8%); roupas femininas (+4,4%); calças e shorts masculinos (+4,2%).

O salto mensal nos preços das joias foi o maior já registrado desde que o BLS começou a reportar o IPC no final da década de 1910.

Aumentos de preços majoritariamente moderados — por enquanto

No geral, os efeitos relacionados às tarifas foram relativamente moderados no relatório de inflação de agosto. Mas isso pode mudar à medida que os impactos totais das tarifas se consolidarem.

Os preços têm se mantido contidos em parte porque as empresas acumularam estoques antes que as tarifas de Trump entrassem em vigor

Além disso, muitas empresas têm absorvido a maior parte de suas contas tarifárias até o momento, em vez de repassar todos os custos aos consumidores através de aumentos de preços.

A motivação para evitar esse repasse vem, em parte, da expectativa de que a maioria das tarifas de Trump atualmente em vigor possa ser invalidada como parte de um processo em andamento que agora segue para a Suprema Corte, escreveu o economista do JPMorgan, Michael Hanson, em nota na quinta-feira.

Independentemente do resultado, ele prevê que a administração encontrará outras formas de "manter o atual nível elevado da taxa tarifária efetiva. Dessa forma, continuamos a prever um fortalecimento adicional nas leituras da inflação ao consumidor nos próximos meses."

O Estado de S.Paulo - SP   15/09/2025

Na terça e na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central e o Board of Governors do Federal Reserve se reúnem para discutir as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. As coincidências de momento vão além das datas.

Ambas as autoridades monetárias avaliarão taxas de juros em níveis altos, pelo padrão de cada país. Diante de sinais de inflação resiliente, ambas estão sob certa pressão política, com sua independência sendo testada. É um momento em que é necessário reafirmar a necessidade dessa independência, pelo bem das duas economias.

No Brasil, o Copom não tem uma decisão difícil à frente. Não há mudanças no cenário que justifiquem mexer na taxa Selic, atualmente em 15% ao ano. Na semana passada, o IPCA registrou deflação de 0,11% em agosto. Mas foi uma queda pontual. Além disso, como a inflação anual ainda está acima da meta, o mais provável é a manutenção dos juros no patamar atual.

Nos Estados Unidos, a inflação de agosto registrou alta de 2,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, uma aceleração sensível. Mas, ao mesmo tempo, o mercado de trabalho começa a enfraquecer. Há uma expectativa no mercado de que o Fed comece a reduzir, com cautela, a taxa de juros – hoje entre 4,25% e 4,5% ao ano, alta pelos padrões americanos.

A reunião do Fed está cercada de certa tensão pela participação da diretora Lisa Cook, que o governo Trump tenta remover para indicar um substituto. Na semana passada, a Justiça manteve Cook no cargo até a análise do mérito. É a primeira vez em 90 anos que um presidente tenta trocar um diretor do Fed antes do fim do mandato. No Brasil, há duas semanas, o Congresso aventou a possibilidade de examinar um projeto de lei que permitiria a parlamentares remover diretores do Banco Central.

Para o bem do País, o projeto foi esquecido.

O Fed é independente desde 1935, o Banco Central atingiu este nível em 2021. A coincidência na pressão política sobre as duas instituições mostra que a independência das autoridades monetárias não é garantida para sempre; deve, sim, ser defendida e exercida constantemente para fortalecer as instituições. Autoridades monetárias servem para garantir a estabilidade das economias, uma tarefa que exige olhar de longo prazo e imunidade ao imediatismo da política.

Na terça-feira, diretores do BC e do Fed examinarão dados sobre as economias dos seus países. Na quarta-feira, discutirão e tomarão decisões técnicas, baseadas nos dados, com vista à estabilidade das economias de Brasil e Estados Unidos no longo prazo. É assim que deve ser, é para isso que servem o BC e o Fed.

O Estado de S.Paulo - SP   15/09/2025

Desde que Donald Trump voltou ao cargo, um país tem sofrido o impacto de sua fúria. “Fomos roubados por todos os países do mundo”, declarou ele em abril, “mas a China é o... ‘maior ladrão’”. Em 6 de setembro, o presidente criou um novo rótulo: “a China mais profunda e sombria”.

Ele colocou suas palavras em prática. As tarifas sobre produtos chineses, incluindo impostos cobrados do país por seu papel no comércio de fentanil, estão entre as mais altas dos Estados Unidos. Acordos com países do Sudeste Asiático visam produtos suspeitos de serem “transbordados” da China, e os Estados Unidos pressionaram a União Europeia para manter os metais chineses fora de suas cadeias de abastecimento. Grande parte da agenda de Trump é dispersa; tentar isolar a China parece um plano coerente.

Xi Jinping, líder da China, retaliou com suas próprias tarifas e agora está cortejando outras partes do mundo, incluindo a UE, Índia, Malásia e Vietnã. Sua demonstração mais ousada ocorreu na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, em 1º de setembro, onde ele apresentou a China como uma alternativa aos Estados Unidos, exortando os membros a “se oporem ao pensamento da Guerra Fria... e à intimidação”.

O que tudo isso significa na prática? Alguns meses após o “Dia da Libertação” de Trump, os dados comerciais fornecem uma pista. De acordo com os números da alfândega chinesa, divulgados em 8 de setembro, nos últimos três meses as exportações para os Estados Unidos caíram um quarto em relação ao ano anterior. A participação do Tio Sam nas exportações da China caiu de 15% para 10% em agosto.

No entanto, a ambição maior de Trump — prejudicar a máquina comercial da China — não teve sucesso. De junho a agosto, as remessas totais da China aumentaram 6% em relação ao ano anterior. As vendas para a África aumentaram em um terço, as exportações para a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) aumentaram em um quinto e as remessas para a Europa aumentaram em quase um décimo. Há um ano, a UE e os Estados Unidos absorveram uma parcela semelhante dos produtos chineses; hoje, a Europa absorve mais de 60% a mais.

O mundo além dos Estados Unidos, portanto, está comprando mais produtos chineses do que nunca. Isso é particularmente verdadeiro no hemisfério sul, onde a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) da China, criada em 2013, lançou bases sólidas. O ritmo da BRI acelerou desde que Trump retornou à Casa Branca.

No primeiro semestre de 2025, a atividade da BRI atingiu um recorde, com mais de US$ 120 bilhões em novos contratos e investimentos concedidos no esquema, de acordo com o Griffith Asia Institute, uma organização de pesquisa. Quase metade dos contratos de construção da iniciativa, concedidos a empresas chinesas, são para projetos na África. Esses contratos somaram mais de US$ 30 bilhões, cinco vezes o valor do mesmo período do ano anterior.

Esses acordos estão aumentando o comércio. As exportações chinesas para a Nigéria aumentaram mais da metade nos últimos três meses em comparação com o ano anterior, impulsionadas pela demanda por equipamentos para a construção de ferrovias e geração de energia financiadas pela China. O Egito também recorreu a empréstimos da BRI. E o financiamento chinês também está progredindo em outros aspectos. O Quênia planeja converter empréstimos chineses denominados em dólares para yuans; Egito, Nigéria e África do Sul assinaram acordos de swap.

Ao mesmo tempo, a China consolida seu papel nas cadeias de suprimentos. Entre junho e agosto, os embarques da China para a Tailândia e o Vietnã foram um quarto maiores do que no ano anterior. Os maiores aumentos foram em eletrônicos e máquinas, com os fluxos para ambos os países aumentando em mais de 40%.

Parte disso pode ser devido à “antecipação”, ou antecipação de impostos. No entanto, mudanças mais profundas estão ocorrendo sob a superfície. A China está transferindo a produção dentro da Asean, incluindo para a Indonésia, Malásia e Vietnã, a fim de atender às regras de origem do bloco. Isso pode minimizar o transbordo, mas corrige o papel das empresas chinesas no comércio.

A exceção a esse cenário está mais próxima dos Estados Unidos. De maio a julho, as importações mexicanas da China caíram 6% em comparação com o ano anterior. Em breve, elas poderão cair ainda mais. Em 4 de setembro, Claudia Sheinbaum, presidente do México, anunciou planos para novas tarifas sobre carros, têxteis e plásticos chineses, com o objetivo de proteger as empresas locais e apaziguar Trump, que há muito tempo defende a criação de uma “Fortaleza América do Norte”.

Ele deve estar ciente, no entanto, de que fortalezas raramente são sinais de confiança. No século XV, a dinastia Ming da China voltou-se para dentro, restringindo o comércio e construindo a Grande Muralha. A retirada minou a vitalidade do país e acelerou seu declínio. Ao construir suas próprias muralhas, os Estados Unidos correm o risco de cometer um erro semelhante hoje — como os dados comerciais já sugerem.

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial.Saiba mais em nossa Política de IA.

Diário do Comércio - MG   15/09/2025

Sob impacto de juros elevados e turbulências no comércio internacional, a produção das indústrias em Minas Gerais recuou 2,4% em julho frente ao mês anterior. A queda é a mais acentuada em 14 meses no Estado e a primeira influência negativa no indicador geral, conforme aponta a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, divulgada na sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com retração de 8,3% em 2025, o segmento formado por máquinas, aparelhos e materiais elétricos foi a atividade com maior influência negativa. O setor, que produz eletrodomésticos, lâmpadas, pilhas, disjuntores, entre outros itens, segue pressionado por contextos que envolvem a elevada carga tributária e a dependência de componentes importados.

A queda na indústria em Minas Gerais também ocorreu na comparação com julho de 2024, cujo recuo foi de 0,7%, enquanto no Brasil houve aumento de 0,2%. Já no acumulado do ano, o setor industrial no Estado subiu 1,4%, taxa levemente superior ao avanço de 1,1% observado no País.

Responsável pela pesquisa, a analista Alessandra Coelho avalia que a redução em julho ocorre após um período de alta no mês anterior em um ano marcado altos e baixos na indústria estadual e nacional. Os efeitos, segundo ela, são decorrentes de um contexto econômico marcado pela elevada taxa de juros, hoje a 15% ao ano, encarecendo o crédito e dificultando o consumo e tomadas de decisão de investimentos.

No comércio internacional, o anúncio de aumento em tributações pelos Estados Unidos pode ter acarretado em maior insegurança por parte de empreendedores e investidores. “Dependendo do tipo de produto, o resultado observado em julho é uma defasagem de meses anteriores, mas certamente o anúncio de novas tributações gera insegurança”, acrescenta.

No acumulado dos últimos 12 meses, os segmentos com recuos mais acentuados foram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-19,5%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustível (-10,8%). Bebidas (-9,2%) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-8,6%) também apresentaram queda no Estado.

Por outro lado, as maiores elevações ocorreram em celulose, papel e produtos de papel (14,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias” (8,5%) e máquinas e equipamentos (6,6%).
Tarifaço e juros elevados devem acentuar queda da indústria a partir do próximo mês

Na avaliação do economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Italo Spinelli, o comportamento da indústria mineira está alinhado ao desempenho nacional, embora apresente algumas particularidades. Os resultados em Minas, segundo ele, foram impactados porque setores importantes já estavam sendo afetados com barreiras comerciais mais elevadas, como o aço e biocombustível.

“A indústria metalúrgica e de produtos de metais estão sofrendo há um certo tempo e pode ser que nos próximos meses o reflexo do impacto tarifário será ainda maior”, destaca.

Nos próximos meses, o levantamento deve captar de forma mais clara os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, em vigor desde agosto. Para Spinelli, o contexto tende a ampliar o impacto sobre os setores exportadores e pressionar ainda mais a produção da indústria local.

No cenário interno, mesmo com a redução de indicadores inflacionários, a expectativa gira em torno da manutenção dos juros elevados. “Esse cenário desestimula o crédito, o investimento produtivo e o consumo das famílias, sobretudo sobre bens duráveis e pode ser um fator limitador para expansão do setor, especialmente da indústria da transformação”, conclui o economista.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   15/09/2025

A mineradora Vale afirmou nesta quinta-feira que recebeu a licença de operação para as atividades relacionadas à mina do Projeto Serra Sul +20 Mtpa, o maior da companhia para reforçar a capacidade de produção de minério de ferro a partir do polo de Carajás, no Pará.

A licença de operação, expedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), marca um avanço relevante na execução do projeto, cujo cronograma prevê início do comissionamento no segundo semestre de 2026, disse a mineradora, uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo.

Com investimentos totais estimados em US$2,8 bilhões, o empreendimento na área em que a Vale produz a maior parte de seu minério já alcançou 57% de avanço financeiro e 77% de progresso físico, segundo um comunicado ao mercado.
Serra Sul +20 Mtpa prevê a expansão da capacidade anual da mina-planta S11D, no Sistema Norte, em 20 milhões de toneladas, por meio de iniciativas como a abertura de novas áreas de lavra, a instalação de um novo britador semimóvel, a duplicação da correia transportadora de longa distância existente e a implantação de novas linhas de processamento na planta, segundo a Vale.

Mais cedo neste ano, a Vale anunciou planos de investir R$70 bilhões no Programa Novo Carajás até 2030, dentro do projeto de expandir minas e aumentar a produção de minério de ferro para 200 milhões de toneladas ao ano no complexo do Pará, além de elevar em 32% a extração de cobre.

A Vale produziu 177,5 milhões de toneladas de minério de ferro no Sistema Norte (formado pelas serras Sul, Norte e Leste), no ano passado.

Segundo o comunicado divulgado nesta quinta-feira pelo vice-Presidente Executivo de Finanças e Relações com Investidores, Marcelo Bacci, Serra Sul +20 Mtpa, juntamente com os projetos Vargem Grande e Capanema, compõe o conjunto de iniciativas estratégicas da Vale “voltadas à ampliação sustentável da produção e à maior flexibilidade do portfólio de produtos de minério de ferro”.

Na semana passada, a Vale anunciou investimentos de R$67 bilhões até 2030 na mineração em Minas Gerais, durante cerimônia que marcou a retomada da operação da mina Capanema, em Ouro Preto (MG).

Capanema, que estava paralisada havia 22 anos, deverá adicionar aproximadamente 15 milhões de toneladas por ano (Mtpa) à produção de minério de ferro da Vale, contribuindo para a companhia atingir suas metas.

A empresa tem guidance de produzir entre 340 milhões e 360 milhões de toneladas de minério de ferro em 2026.

AUTOMOTIVO

Globo Online - RJ   15/09/2025

A americana General Motors decidiu entrar na briga com os chineses pela atenção do consumidor brasileiro interessado em carros de entrada puramente elétricos. A GM já está vendendo no país seu Chevrolet Spark por R$ 159.900,00, o elétrico mais barato da montadora oferecido no país. O veículo vai competir com o Dolphin, da BYD, que no Brasil está na mesma faixa de preço.

A estratégia da GM chama a atenção: o Spark é ele mesmo um carro chinês, fruto da parceria entre a GM e as montadoras chinesas Saic e Wuling. Ele é conhecido no país asiático como "Baojun Yep Plus". Inicialmente, os Sparks serão importados da China, mas a novidade anunciada pela GM na semana passada é que o carro será montado no Brasil.

O Spark brasileiro será fabricado na antiga fábrica da Troller, que pertencia à Ford. A Ford adquiriu a Troller em 2007 e a unidade, localizada em Horizonte, Ceará, produzia o jipe T4 até o encerramento das atividades da marca no Brasil, em 2021.

A unidade foi assumida pelo grupo Comexport, empresa brasileira de comércio exterior, que utiliza a unidade para montar veículos de diferentes marcas, numa nova frente de negócios. A unidade foi rebaizada de Polo Automotivo do Ceará (Pace).

A fábrica receberá o Spark em kits previamente montados na China, conhecidos como Semi Knocked Down (na sigla SKD). A fabricação deve começar no final deste ano e a expectativa é produzir pelo menos 400 unidades por mês.

Avanço na estratégia de eletrificação

Segundo especialistas, a montagem nacional do Spark é um avanço importante da estratégia da GM de eletrificação no Brasil fortalecendo sua presença no segmento de elétricos puros, que hoje está dominado pelas marcas chinesas.

Com a produção local, ainda que com SKDs, a GM fica ao lado das montadoras GWM, que já inaugurou sua unidade em Iracemápolis, em São Paulo, e da BYD, que vai produzir também numa antiga fábrica da Ford, em Camaçari, na Bahia. Na prática, a GM trouxe um modelo desenvolvido na China para concorrer com as montadoras chinesas no Brasil.

"Essa iniciativa representa o primeiro passo rumo à industrialização da tecnologia elétrica sob a marca Chevrolet no Brasil, ampliando a oferta de soluções de mobilidade e fortalecendo a cadeia de fornecedores local", declarou a General Motors em comunicado.

Críticas da Anfavea à redução de impostos

Recentemente, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as montadoras já instaladas no país, criticou o pedido da BYD (que não é associada da Anfavea) para que os kits SKDs e CKDs tivessem imposto reduzido pelo governo. A BYD vai utilizar esse sistema de montagem em Camaçari até que haja a nacionalização de peças. O governo determinou uma cota de importação de até US$ 463 milhões para esses kits importados, até 2026, e retomada do imposto de 35% em janeiro de 2027.

Em entrevista para apresentar os números de agosto, na semana passada, o presidente da Anfavea, Igor Calvet,disse que a entidade não é contra a produção em SKD ou CKD. A Anfavea, explicou ele, se opôs à redução do imposto de importação para estes kits. Ele disse que o problema é quando se reduz o imposto para grande escala de produção em SKD/CKD, a cadeia produtiva nacional é prejudicada.

— A GM não pediu a redução da alíquota. Mas quando se começa a produzir um veículo com novas tecnologias a escala de produção é baixa, então faz parte do desenvolvimento iniciar a operação com baixo conteúdo local, em SKD ou CKD, para depois aumentar gradativamente a nacionalização do produto — afirmou.

IstoÉ Dinheiro - SP   15/09/2025

Um levantamento mostra que o Brasil tinha 16.880 pontos públicos e semipúblicos de carregamento de veículos elétricos em agosto. Na comparação com o levantamento anterior, de fevereiro (14.827), houve um crescimento de 14% na rede total de infraestrutura de recarga do país.

Pelo menos 1.499 municípios brasileiros contam com eletropostos, crescimento de 10% na disponibilidade de infraestrutura na comparação com fevereiro de 2025. A atual infraestrutura aponta para uma relação de 18 veículos plug-in por eletroposto.

Os dados são da Tupi Mobilidade, em parceria com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Dos 16.880 eletropostos existentes até agosto, 77% (13.025) oferecem carga lenta (AC), enquanto 23% (3.855) são carregadores rápidos (DC). Esse serviço cresceu 59% em seis meses.

O Norte foi a região que teve a maior evolução porcentual (31%) de pontos, mas o crescimento da infraestrutura tem se distribuído de maneira desigual pelo território nacional, revelando diferentes estágios de maturidade, de acordo com o levantamento.

Folha On-Line - SP   15/09/2025

CEO da empresa diz que atraso será de vários meses devido à escassez de mão de obra

Trabalhadores detidos em operação desembarcaram na Coreia do Sul nesta sexta (12)

Bloomberg A construção de uma fábrica de baterias da Hyundai e LG na Geórgia, nos EUA, que foi alvo de uma operação das autoridades de imigração dos Estados Unidos, está sendo adiada devido à escassez de mão de obra.

O trabalho está sendo atrasado em vários meses após a interrupção da semana passada, disse o CEO da Hyundai, José Muñoz, em uma entrevista na quinta-feira (11).

"Isso vai nos dar no mínimo dois a três meses de atraso, porque agora todas essas pessoas querem voltar", disse ele. "Depois, você precisa ver como preencher essas posições. E, na maior parte, essas pessoas não estão nos EUA".

As falas mostram as crescentes consequências da operação de 4 de setembro, na qual agentes federais detiveram 475 trabalhadores, principalmente coreanos, no local da fábrica de baterias operada conjuntamente pela Hyundai e LG. Com imagens de detidos algemados nos pulsos, cintura e tornozelos, a operação repercutiu em toda a indústria e tensionou as relações diplomáticas entre Seul e Washington.

Com os novos atrasos na fábrica, a Hyundai continuará obtendo baterias de uma fábrica da SK On em Commerce, Geórgia, disse Muñoz.

A LG disse em um comunicado que está "comprometida com nossos projetos nos EUA e continuará a navegar pelas circunstâncias com o objetivo de continuar os investimentos e negócios necessários."

Os esforços para repatriar os trabalhadores avançaram, e o avião fretado com os trabalhadores desembarcou na Coreia do Sul nesta sexta-feira (12).

As ramificações econômicas estão potencialmente apenas começando.

A operação lançou dúvidas sobre bilhões de dólares de investimentos futuros de empresas coreanas nos EUA. A construção foi interrompida em vários locais que a LG possuí em todo o país, enquanto alguns funcionários coreanos estão relutantes em aceitar designações por medo de serem pegos em repressões semelhantes.

A Hyundai prometeu recentemente aumentar seu investimento nos EUA para US$ 26 bilhões até 2028, acima dos US$ 21 bilhões que havia prometido em março. Esse plano anterior incluía US$ 9 bilhões para aumentar a produção de veículos nos EUA e US$ 12 bilhões em outras iniciativas, incluindo uma nova usina siderúrgica na Louisiana.

"Estou realmente preocupado com esse incidente e estamos muito felizes que eles estejam voltando para casa em segurança", disse o presidente do Hyundai Motor Group, Euisun Chung, na quinta no Congresso da Automotive News. "Nosso governo e o governo dos EUA estão trabalhando em estreita colaboração, e a regulamentação de vistos é muito complicada. Espero que possamos criar, juntos, um sistema melhor".

O momento da operação ocorreu logo após o presidente sul-coreano Lee Jae Myung e o presidente dos EUA, Donald Trump, se reunirem para fortalecer sua aliança.

O Secretário de Comércio Howard Lutnick sugeriu na quinta que Trump ajudará na emissão de vistos de curto prazo para trabalhadores estrangeiros qualificados contruírem novas fábricas.

"Acho que ele vai fazer um acordo com diferentes países para que, quando quiserem construir grandes projetos aqui, ele encontrará uma maneira de conseguir vistos de trabalho adequados para seus trabalhadores, ou seja, vistos de trabalho de curto prazo, treinar americanos e depois voltar para casa", disse Lutnick em uma entrevista à CNBC.

Muñoz disse na quinta-feira que a Hyundai continua comprometida com os EUA.

"Mesmo que este tenha sido um incidente muito infeliz, a importância estratégica do mercado americano para nossa empresa não muda", disse ele. "Temos feito muitos investimentos nos últimos anos e continuaremos."

Nesta sexta (12), o ministro do Trabalho da Coreia do Sul afirmou ao Financial Times que "nem mesmo prisioneiros de guerra" seriam tratados tão mal quanto os trabalhadores detidos. Kim Younghoon é ex-líder sindical ferroviário e aliado próximo do presidente progressista Lee Jae Myung.

As declarações refletem a ampla indignação na Coreia do Sul com o tratamento dado aos trabalhadores pelo aliado mais próximo do país asiático. "Esse foi o choque que muitos de nosso povo sentiram, e eu também senti da mesma forma", disse

Embora tenha reconhecido o direito de Washington de reprimir trabalhadores indocumentados, Kim declarou em entrevista no ministério que os coreanos na Geórgia "não estavam tirando empregos de trabalhadores americanos, mas construindo uma fábrica que empregaria americanos no futuro".

CONSTRUÇÃO CIVIL

IstoÉ Dinheiro - SP   15/09/2025

Roberto Justus, conhecido por sua atuação no universo da comunicação, celebrou nessa semana um novo marco em sua carreira de empresário. Uma megafábrica de 16.000 m² de sua construtech, a SteelCorp, que produz estruturas industrializadas para construção de casas, prédios ou galpões, feitas de aço galvanizado, chamado Light Steel Frame (LSF).

Mas teve um participante que acabou sendo “desconvidado” pouco antes da festa de inauguração. A empresa de Justus tinha como um dos sócios a Reag, gestora envolvida na Operação Carbono Oculto, uma das maiores operações realizadas no Brasil contra o crime organizado e um esquema de fraudes e de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, que agrupava empresas do mercado financeiro e membros da organização criminosa PCC.

Após a operação, a gestora passou a se desfazer de alguns negócios. Um deles foi a parceria com a SteelCorp, em que detinha 30%. Procuradas, as empresas não detalharam os termos e circunstâncias da separação. A SteelCorp confirmou, que devido aos fatos, renegociou a participação da gestora. “Somos gratos por terem se tornado sócio no momento inicial, mas hoje não temos mais sociedade depois de tudo o que aconteceu”, diz em posicionamento oficial.

A Reag, por sua vez, também manteve o tom cordial e amigável com a ex-sócia ao comentar o assunto. “A Reag informa que foi realizado o distrato da operação, na qual atuava na gestão e administração do fundo, anteriormente firmada com a SteelCorp. Agradecemos imensamente à SteelCorp pela confiança depositada e pela parceria estabelecida ao longo do período.”
Foco no futuro

Até o distrato com a Reag, Justus, que tem cargo de CEO na SteelCorp, detinha 52% da companhia. Ele tem como sócio Daniel Gispert, com 15% da empresa e com experiência de 24 anos no setor da construção civil, e que ocupa o cargo presidente. Outros 3% da companhia são do presidente do braço financeiro da SteelCorp, Marcelo Pieruzzi. Sem o detalhamento sobre a compra da parte da Reag, não fica claro como ficou a participação societária.

Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, Gispert relata que aposta no potencial do mercado de LSF e construção modular dentro do setor da construção civil.

“A construção civil tem 23% de participação no PIB do país. Com a forma como a construção convencional se comparta, entendemos ser uma grande oportunidade para investir. Menos de 1% das obras do país são em light steel frame. Se o setor movimenta R$ 2,3 tri, a cada 1% que crescer a participação do nosso material, estamos falando em um crescimento de bilhões”, diz.

Entre as vantagens, destaca ele, é que o material industrializado é mais leve, gera 90% menos resíduos no site de construção – já que as estruturas chegam prontas de fábrica e são apenas montadas no local, tem tempo de obra reduzido pela metade e consome 1% de água de uma obra convencional. E ainda, diz, resulta em custo total menor do que o de uma construção convencional, tijolo a tijolo.

As estruturas permitem construções de variados portes, seja casas, prédios ou galpões. Uma das principais vitrines da SteelCorp é o estádio do RedBull Bragantino, o Nabi Abi Chedid, que foi demolido para dar lugar a uma nova estrutura feita 100% com LSF. Será o primeiro estádio no país com esse pefil. A SteelCorp já tem outro estádio no portfólio, a Arena MRV, em Belo Horizonte, mas por lá, a estrutura foi utilizada em algumas partes, como camarotes e fachada.

Apesar da onda de arranha-céus no Brasil, e da possibilidade do uso do material para construção de dezenas de pavimentos, o foco da SteelCorp no médio prazo são as casas populares, o que significa entrar também no programa habitacional do Minha Casa, Minha Vida. Isso porque, explica Daniel, operacionalmente é mais vantajoso para a fábrica uma produção em larga escala. O orçamento do governo para o programa em 2025 está em R$ 151,8 bilhões.

“Projetos customizados impactam a linha. Então o foco será na produção sequenciada de casas. Quanto mais produção, otimiza custos e profissionais, que são especializados. Nossa maior vocação estará em residência populares”, afirma.

A empresa foi criada em meados de 2023. Ano passado, a meta da empresa era alcançar R$ 1,5 bilhão de receita em 2025, mas deve fechar este ano com metade disso. A marca do bilhão agora é projetada para 2026, com a ajuda da nova planta instalada em Cajamar, na grande São Paulo, com total de 16.000 m², 10 mil a mais que a anterior, localizada em Cotia, também na região metropolitana paulista.

A nova fábrica vai elevar a produção de 900 para 10 mil a 12 mil casas por ano. O investimento foi de R$ 45 milhões para a construção da fábrica classificada como 4.0, que é automatizada, mas não robotizada, esclarece.

A SteelCorp tem operação na Flórida, nos Estados Unidos. Como as operações consomem matéria-prima local, Gispert diz que as tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros não impactam seus negócios. “Pelo contrário, com as tarifas, o custo da matéria-prima até reduziu no Brasil”.

Globo Online - RJ   15/09/2025

Construtoras e incorporadoras de cidades como São Paulo e Curitiba estão apostando em empreendimentos para o público de alta renda com mais de 60 anos de idade. Os condomínios, que começam a ser entregues no ano que vem, oferecem aos moradores atividades físicas e de lazer, assistência médica integrada e cuidadores. O metro quadrado chega a R$ 30 mil, e os condomínios, a R$ 6 mil.

Em área valorizada da região central de São Paulo, nos arredores de Higienópolis, a Naara, fundada por Joseph Nigri, inicia até o fim do ano a construção de um prédio com 68 unidades de até 145 metros quadrados. O empreendimento terá parcerias com empresas que oferecerão atividades como hidroginástica e pilates, além de serviço de cuidador, motorista (cada serviço será cobrado a parte) e uma central de emergências médicas 24 horas incluída nos custos do condomínio.

O metro quadrado é estimado em R$ 28 mil, com condomínio de R$ 6 mil. Segundo dados da Loft levantados a pedido do GLOBO, em imóveis de alto padrão na região de Higienópolis o valor médio do metro quadrado é de R$ 12.300 e o condomínio, de R$ 2.800.

— A ideia é que o morador pague mais barato nos serviços (no sistema pay per use) do que se fosse contratar de forma direta — diz Nigri.

Busca por terrenos

Marcelo Nudelman, CEO da Think Construtora, que também atua no empreendimento, diz que a ideia é levar o modelo a outros bairros de alta renda de São Paulo, como Jardins, Vila Mariana, Paraíso e Vila Nova Conceição:

— Temos interesse em áreas nessas localidades.

Em Curitiba, a construtora Laguna aposta no segmento e já comercializou 90% das unidades residenciais no bairro Alto da Glória, região central da capital paranaense. Serão duas torres, uma residencial e a outra comercial, equipada com consultórios e serviços de saúde.

A previsão é que as obras terminem em 2026, com 108 apartamentos de 42 a 83 metros quadrados. As unidades serão atendidas por uma central de emergências médicas, incluída no preço do condomínio, serviços de limpeza e organização e atividades de lazer. As unidades terão botão de socorro e fechaduras eletrônicas, para acesso facilitado de equipes de saúde.

O metro quadrado custa cerca de R$ 22 mil e o condomínio começa em R$ 1.500. Em bairros nobres de Curitiba, como no Batel, o metro quadrado em imóveis de alto padrão é de cerca de R$ 14.400 e o condomínio, de R$ 300, segundo dados da Loft.

— Só poderá morar ali quem tem acima de 60 anos de idade. Devemos lançar outro ainda neste ano — diz o diretor geral da Laguna, André Marin.

A proposta chamou atenção do engenheiro elétrico Jorge Heller, de 61 anos. Há tempos ele procurava uma alternativa a uma casa de repouso para a mãe, a artista plástica Haydee Heller, de 82 anos. Eles adquiriram uma unidade de cerca de 83 metros quadrados e vão vender o apartamento onde Haydee mora atualmente, que tem 110 metros quadrados.

— Não queria colocar ela em um asilo. Ela é independente, dirige, faz pilates, pintura, artesanato, atividades que também serão oferecidas por lá. Ela queria continuar morando sozinha, mas, aos 82 anos, cada vez que viajo fico com o coração na mão, com medo de uma queda —conta Heller.

Em fase inicial no Brasil

Outro projeto em Higienópolis, na capital paulista, é o da incorporadora Vitacon, conhecida pelos estúdios compactos. O CEO Ariel Frankel conta que o empreendimento terá 300 unidades de 30 a 80 metros quadrados. O condomínio será equipado com central para emergências, serviço de ambulância e apartamentos com botão de emergência, e serviços cobrados à parte, como fisioterapia, cuidadores e manicure, entre outros. O metro quadrado será na faixa de R$ 30 mil. O condomínio é estimado em R$ 3 mil.

CEO da Brain Inteligência Estratégica, consultoria voltada para o mercado imobiliário, Fábio Tadeu Araújo analisa que o mercado de senior living ainda engatinha no Brasil em comparação a países como Estados Unidos e nações europeias. Ele diz que o mercado começa pelo segmento de altíssima renda para depois crescer em escala e, com isso, chegar a mais camadas da população.

Money Times - SP   15/09/2025

Apesar das fortes altas no ano, o BTG Pactual mantém recomendação de compra para cinco das principais construtoras brasileiras voltadas ao segmento de baixa renda: Cury (CURY3), Direcional (DIRR3), MRV (MRVE3), Plano&Plano (PLPL3) e Tenda (TEND3).

Em relatório, os analistas Gustavo Cambauva e Gustavo Fabris reiteram a visão positiva para as empresas do setor, que acumulam ganhos entre 45% e 116% em 2025, e afirmam que ainda há espaço para valorização adicional.

O banco destaca o impacto das mudanças recentes no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), especialmente a criação da Faixa 4, que ampliou o público atendido e aumentou o teto dos imóveis financiados para até R$ 500 mil.

Segundo os analistas, a combinação de forte demanda, melhora nas margens das companhias e perspectivas de dividendos maiores mantêm o cenário favorável para as construtoras.

O relatório divide as empresas em dois grupos:

Com bom carrego

Na avaliação da casa, a Cury segue como referência em execução, apresentando o melhor retorno sobre o patrimônio (ROE) do setor e o menor nível de dívida.

Apesar de negociar a múltiplos acima dos pares, o prêmio é considerado justificável pela liderança em mercados estratégicos, como São Paulo e Rio de Janeiro.

A Direcional, com presença forte no Norte e Nordeste, também se destaca por margens elevadas e potencial de crescimento de lucros. O BTG projeta dividend yield de cerca de 11% para os próximos 12 meses.

Já a Plano&Plano é negociada com desconto em relação às concorrentes e tem retorno estimado em dividendos de 7,5%, apoiado pela expansão do MCMV.

Maior risco e retorno

Entre as construtoras mais alavancadas, a Tenda é a principal escolha do BTG, com potencial de valorização de 67% até 2026.

A instituição avalia que a companhia já superou os problemas operacionais dos últimos anos e agora apresenta margens similares às dos pares, além de geração consistente de caixa.

No caso da MRV, maior desenvolvedora do segmento popular no país, os analistas acreditam que o pior já passou, com a conclusão de projetos problemáticos que causaram grandes perdas. A expectativa também é de uma recuperação significativa de lucros.
Confira as recomendações

Ação Ticker Recomendação Preço-alvo (12m)
Cury CURY3 Compra R$ 44,00
Direcional DIRR3 Compra R$ 20,00
MRV MRVE3 Compra R$ 12,00
Plano&Plano PLPL3 Compra R$ 23,00
Tenda TEND3 Compra R$ 44,00

NAVAL

A Tribuna - SP   15/09/2025

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) prevê que investimentos em terminais de passageiros devem ampliar o turismo por cruzeiros no Brasil. Para este ano, estão previstos leilões de terminais de embarque e desembarque de passageiros para estimular a operação de navios de viagens marítimas, com investimentos de cerca de R$ 1 bilhão.

De acordo com o secretário Nacional de Portos, Alex Ávila, está previsto para o dia 22 de outubro, na Bolsa de Valores (B3) em São Paulo, o leilão do terminal de passageiros de Maceió (AL), com investimentos de R$ 3,7 milhões e prazo de 25 anos de concessão. “Esse terminal é destinado ao embarque e desembarque de passageiros que transitam pelo Porto de Maceió, contribuindo para o conforto e a segurança dos turistas”, afirmou Ávila, lembrando que além do terminal, está prevista a construção de estacionamento adjacente.

Com os investimentos, o porto poderá receber navios como os de cruzeiros de 220 metros, podendo chegar a 300 metros com realização de manobras externas à bacia de evolução e uso de equipamentos específicos.

Também está previsto para 2025 o leilão do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Recife (PE). “Nossa expectativa é ter a liberação do Tribunal de Contas da União (TCU) para este leilão para podermos também marcar a data”, acrescentou o secretário, lembrando que a região Nordeste tem uma vocação natural para o turismo, que precisa ser incentivada. O terminal de Recife, juntamente com o de Fortaleza (CE), Maceió e Salvador (BA), deverá fortalecer os cruzeiros no Nordeste.

Santos
Outro empreendimento previsto é a mudança, ampliação e modernização do Terminal de Passageiros Giusfredo Santini, administrado pelo Concais no Porto de Santos.

No projeto do Terminal de Contêineres (Tecon) Santos 10, no cais do Saboó, cujo leilão deverá ocorrer em dezembro, há a previsão de investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão, como contrapartida para a construção da laje do Concais no Valongo.

A nova infraestrutura vai conectar diretamente o embarque de passageiros ao Centro Histórico de Santos.

Ainda de acordo com o secretário, também há uma expectativa de se construir um novo terminal de passageiros no Porto de Paranaguá (PR), manifestada pelo Governo do Estado e pela Autoridade Portuária. Está em fase de estudos para futura implementação.

O secretário citou ainda o terminal de Outeiro (PA), que passa por obra de modernização para receber navios de passageiros já para a COP-30.

Biometria no embarque
Em outra frente, o turismo de cruzeiros marítimos no Brasil, ganhará uma ferramenta de reconhecimento facial para facilitar e dar maior segurança ao embarque dos turistas. Lançada pelo MPor, a plataforma digital é baseada em biometria e check-in antecipado e estará disponível às empresas de cruzeiros a partir de outubro.

A solução integra o Porto Sem Papel (PSP), programa criado pelo Governo Federal para desburocratizar a operação portuária e reunir as necessidades e exigências de outros órgãos, além das autoridades portuárias, como a Anvisa, a Polícia Federal e a Marinha.

Presente nos portos públicos brasileiros e na maioria dos privados, o PSP agregou formulários destes órgãos e reduziu de 20 para quatro dias o tempo médio de uma embarcação no porto.

Números
A temporada 2024/2025 fechou com 838,1 mil cruzeiristas, 0,8% menos do que temporada anterior (844 mil). Haverá um novo recuo na temporada 2025/2026, que ofertará 674,6 mil leitos em sete navios regulares, dois a menos e uma redução de 186,4 mil leitos (-19,5%). Falta de infraestrutura portuária adequada, altos custos de insumos e ações judiciais trabalhistas e de consumidores contribuem para essa retração. A próxima temporada de cruzeiros marítimos será mais curta, de 21 outubro de 2025 a 24 de abril de 2026. Segundo o Concais, que administra o Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini, no Porto de Santos, a temporada começará em 26 de outubro, com a chegada do MSC Preziosa, e encerrará no dia 19 de abril de 2026, com a partida do Costa Diadema.

Globo Online - RJ   15/09/2025

O governo se prepara para lançar uma nova modalidade de leilão no setor portuário: os canais de acesso aos terminais. Essas áreas são hoje administradas pela União ou delegadas a estados e municípios, mas há uma avaliação de que faltam recursos públicos para esse fim. No dia 22 de outubro, será licitado o canal de acesso do Porto de Paranaguá (PR). Em dezembro, será a vez do canal do porto de Itajaí, em Santa Catarina.

De acordo com a modelagem da concessão, vencerá o certame quem oferecer o maior desconto sobre a tarifa para acessar o porto. O prazo do contrato de concessão é de 25 anos, e os projetos fazem parte do rol de empreendimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

No Porto de Itajaí, quem arrematar o canal terá que retirar do fundo do rio que separa a cidade e Navegantes um navio que naufragou há mais de 130 anos, durante a Revolta da Armada. A remoção da estrutura é necessária para destravar o potencial do Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, o terceiro maior complexo de contêineres do país, permitindo a passagem de navios maiores.

Navio construído em 1891

O custo da retirada do navio centenário do fundo das águas é estimado em R$ 25 milhões, exigirá projeto de engenharia e autorização dos órgãos ambientais. O complexo portuário de Santa Catarina já atraca embarcações de até 350 metros e quer aumentar sua capacidade para abrigar navios de até 400 metros.

Construído na Inglaterra em 1891, o Pallas era um navio à vela com estrutura de madeira e ferro. A embarcação fazia a rota entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires quando naufragou. A causa mais provável, segundo historiadores, foi uma suposta recusa do comandante em cooperar com os militares da Marinha que tentaram derrubar Floriano Peixoto do poder.

— A medida é fundamental para aumentar a profundidade do canal — disse o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério de Portos e Aeroportos, Alex de Ávila.

Além desses dois canais de acesso, serão concedidos ao setor privado mais três: nos portos de Santos (SP), da Codeba (BA) e do Rio Grande (RS). Ao todo, o investimento projetado para a ampliação da capacidade dos canais supera R$ 6 bilhões.

Também estão no radar do governo os leilões dos canais dos portos de Suape, em Pernambuco, e Itaqui, no Maranhão.

Segundo Ávila, umas das principais vantagens da concessão é a previsibilidade em relação às obras de dragagem, com cronograma para execução e término. Esse tipo de intervenção, considerada complexa, está a cargo dos administradores dos portos e nem sempre ocorre com a velocidade necessária, explicou.

— A concessão dos canais portuários é um tipo de política pública que tem por objetivo elevar o nível do serviço, a eficiência, com efeitos positivos na economia — disse o secretário.

Ávila acrescentou que obras de dragagem devem ser permanentes nos portos, bem como dispor de boa sinalização para permitir que os navios possam atracar e desatracar com segurança e rapidez.

Além dos canais portuários, a secretaria pretende acelerar as concessões de terminais, embora o controle do porto como um todo continue nas mãos da União. As privatizações dos portos de Santos e de Itajaí, por exemplo, programadas na gestão Jair Bolsonaro, não estão nos planos do atual governo.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   15/09/2025

Novos resultados da campanha de perfuração da Petrobrás no pré-sal da Bacia de Santos. A petroleira notificou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre a descoberta de indícios de petróleo no poço 3-BRSA-1399-SPS, em lâmina d’água de 1.866 metros do bloco de Aram. Para lembrar, o poço começou a ser perfurado no final de maio pelo navio-sonda Valaris DS-4.

A petroleira já encontrou indícios de petróleo em dois poços do bloco. A última descoberta aconteceu em maio deste ano, no poço 3-BRSA-1396D-SPS. À época, a empresa disse que faria as análises laboratoriais para caracterizar as condições dos reservatórios e fluidos encontrados, que permitirão avaliar o potencial da área. A primeira descoberta de indícios de petróleo em Aram aconteceu em março, no poço 4-BRSA-1395-SPS.

Aram foi adquirido pela Petrobrás em março de 2020, durante a 6ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), sob o regime de partilha de produção, com a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) como gestora do contrato. A Petrobrás é a operadora da área, com 80% de participação, em parceria com a CNPC (20%).

Petro Notícias - SP   15/09/2025

A britânica bp fez um rearranjo em seu portfólio de ativos exploratórios no Brasil, pouco tempo após ter anunciado a sua maior descoberta em 25 anos, no bloco de Bumerangue, no pré-sal da Bacia de Santos. A companhia devolveu à União o bloco Pau Brasil, também na Bacia de Santos, após a campanha de exploração indicar poço seco.

Para lembrar, em junho de 2024, a bp chegou a perfurar um poço em Pau Brasil, que ganhou o nome técnico 1-BP-12D-RJS, em lâmina d’água de 2.283 metros. A companhia também notificou a ANP, em agosto do ano passado, a descoberta de indícios de petróleo na área. Contudo, após uma análise mais detalhada sobre os resultados, a empresa decidiu abandonar o poço e devolver o bloco.

Adquirido na 5ª Rodada de Partilha em 2018, com um percentual de excedente em óleo de 63,79%, o bloco era operado pela bp (50%) em parceria com a CNOOC Petroleum (30%) e a Ecopetrol (20%).

A bp também fez a devolução do bloco BAR-M-346, localizado na Bacia de Barreirinhas, no litoral do Maranhão, por conta de dificuldades no processo de licenciamento ambiental. O ativo havia sido comprado em 2013 durante a 11ª Rodada da ANP. O consórcio responsável pela exploração da área era formado pela bp (50%, operadora), em parceria com a TotalEnergies (50%).

Infomoney - SP   15/09/2025

A Petrobras (PETR3; PETR4) participará “com certeza” do leilão de reserva de capacidade em elaboração pelo governo federal, no qual buscará recontratar algumas de suas usinas, afirmou a diretora executiva de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Angélica Laureano, nesta quinta-feira.

A companhia tem 2,9 gigawatts de térmicas descontratadas, reiterou a executiva, ao falar com a imprensa pela primeira vez após tomar posse na diretoria da Petrobras em julho, na vaga antes ocupada por Mauricio Tolmasquim.

O governo cancelou o certame que seria realizado este ano, e uma nova licitação só deverá ocorrer em 2026.
Durante evento no Rio de Janeiro, Laureano afirmou ainda que a Petrobras foi chamada a operar termelétrica Termomacaé por dois dias seguidos devido ao nível mais baixo dos reservatórios hidrelétricos e despachou esta semana 1,3 gigawatts para atender o mercado consumidor de eletricidade.

A executiva disse acreditar que o despacho térmico tende a crescer no Brasil dado o nível dos reservatórios das hidrelétricas.

Laureano afirmou que a Petrobras conta com oferta de gás natural para atender um maior despacho de térmicas no Brasil, seja o insumo produzido no pré-sal ou o gás natural liquefeito importado.

Questionada durante um evento no Rio de Janeiro sobre os planos da Petrobras para o etanol, a executiva afirmou não saber se um acordo para o retorno da empresa ao setor poderá ocorrer ainda neste ano.

Ela mencionou ainda que há um projeto piloto no centro de pesquisas da Petrobras (Cenpes) que avalia “etanol de melaço”.

TN Petróleo - RJ   15/09/2025

A parcela de petróleo da União bateu um novo recorde em julho, alcançando 176,5 mil barris por dia (bpd), somando os volumes dos contratos de partilha de produção (CPP) e dos acordos de individualização da produção (AIPs) das áreas não contratadas de Atapu, Mero e Tupi. A produção de gás natural da União também foi recorde chegando a 454 mil m³ por dia no mesmo período em cinco contratos de partilha e no AIP de Tupi. Os dados fazem parte do Boletim Mensal da Produção, divulgado pela PPSA (Pré-Sal Petróleo) nesta quinta-feira (11).

O crescimento da produção de petróleo da União foi resultado de dois fatores: o aumento do excedente em óleo da União no campo de Sépia, que passou de 1,8 mil bpd, em junho, para 28 mil bpd em julho em função da virada do saldo contratual, e o aumento da parcela da União no AIP de Mero, que saiu de 9,1 mil bpd, em junho, para 11 mil bpd em julho. Com este resultado, a União é a quarta maior produtora do país, estando atrás da Petrobras, Shell e Total.

No gás natural, o crescimento foi expressivo: a parcela da União nos contratos de partilha de produção alcançou 429 mil m³/dia, alta de 256% em relação a junho, também reflexo da virada do saldo contratual em Sépia. O Campo de Sépia respondeu por 76% da parcela da União em julho, seguido por Búzios, com 16%, e Sapinhoá com 8%. Para os próximos meses, a tendência é de pequena redução nos volumes, devido a paradas programadas de manutenção em Búzios e Mero. No AIP de Tupi, a produção de gás da União foi de 25 mil m³ por dia no mês de julho

Produção total em regime de partilha

Em julho, a produção diária de todos os contratos de partilha foi de 1,4 milhão de bpd, resultado 7% maior do que o período anterior. Desde o início da série histórica (2017), a produção acumulada em regime de partilha soma 1,31 bilhão de barris, dos quais 89,16 milhões de barris destinados à União. No gás natural, o volume acumulado já chega a 4,22 bilhões de m³, sendo 256 milhões de m³ da União.

O Estado de S.Paulo - SP   15/09/2025

Ainda que o mundo tenha fechado um acordo para fazer uma “transição para longe dos combustíveis fósseis” — conforme documento assinado durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) —, explorar novas reservas de petróleo é hoje prioridade para o setor de óleo e gás da América Latina. A exploração de novos campos é a principal prioridade das empresas para 28% dos profissionais da indústria de óleo e gás, segundo pesquisa da Aggreko, companhia que fornece soluções de energia para, por exemplo, plataformas de petróleo e minas em construção.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), no entanto, para o aquecimento global ficar limitado a 1,5ºC, como prevê o Acordo de Paris, novos campos de petróleo não poderiam mais ser abertos.

O levantamento da Aggreko indica que, após a exploração de novas reservas, aumentar a produção aparece como a segunda prioridade mais votada, por 23% dos profissionais. Redução de custos, investimento em infraestrutura e expansão para novos mercados vêm em seguida. Adoção de práticas mais sustentáveis foi indicada como prioridade por apenas 7% dos entrevistados. Foram ouvidos 312 profissionais da indústria de óleo e gás. A pesquisa, que será lançada na próxima terça-feira, 16, não incluiu como possível prioridade a diversificação de negócios, incluindo projetos de energia renovável.

O gerente de óleo e gás da Aggreko na América Latina, Daniel Rossi, afirma que as companhias do setor já estiveram mais preocupadas com a adoção de práticas sustentáveis, mas que dificuldades logísticas, técnicas e de custo têm tornado difícil a implementação. “O custo dessas práticas coloca a operação em um patamar em que a empresa perde competitividade.”

Rossi aponta que, no Brasil, grande parte dos projetos de exploração de novas reservas foi paralisada há cerca de dez anos em decorrência da Operação Lava Jato. A tendência agora, no entanto, é que eles sejam retomados. “Agora deve haver a liberação de licença ambiental para perfurar a Margem Equatorial. Tem vários estudos que apontam que a produção lá vai dar certo. É uma região próxima à Guiana, que está assumindo a posição de segundo maior produtor de petróleo da América Latina, atrás apenas do Brasil.”

Na Argentina, comandada pelo presidente Javier Milei, também tem havido um incentivo ao setor e é esperado um aumento da exploração e da produção. O cenário brasileiro e argentino, porém, é diferente do de outros países da região. Na Colômbia, por questões ambientais e climáticas, o governo de Gustavo Petro não está autorizando a exploração de novos campos. Segundo Rossi, o país não deve ter reservas para exploração em sete anos. No México, também não deve haver um crescimento significativo de exploração enquanto a Pemex (a petroleira estatal do país) não reduzir seu endividamento e puder fazer novos investimentos.

Para a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama entre 2016 e 2018, Suely Araújo, a pesquisa da Aggreko mostra uma falta de preocupação do setor de combustíveis fósseis com a crise climática. “É até esperado que a direção das empresas petroleiras coloque prioridade no que fazem, mas teria de estar mais clara a atenção para a necessidade de descarbonização e de diversificação das atividades dessas empresas.”

Araújo destaca que, ainda que no Brasil os combustíveis fósseis não sejam responsáveis pelo maior volume das emissões de gases poluentes, o País não pode ignorar a necessidade de haver um cronograma de redução da produção e do uso desses combustíveis. “Pouco mais da metade da produção brasileira de petróleo é exportada e acaba sendo queimada em outro local, emitindo gases de efeito estufa de qualquer modo.”

A transição das economias para longe dos combustíveis fósseis não entrou na agenda das discussões oficiais da COP-30, que será realizada em novembro em Belém. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, porém, vem tentando incluir nos debates algo sobre como essa transição será feita.

“Mas é muito difícil que isso ocorra. As evidências são de que não conseguiremos avançar em nenhuma colocação mais efetiva nesse sentido”, diz Araújo. A própria posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de defender a expansão da produção de petróleo no País dificulta uma liderança brasileira nessa discussão, acrescenta a coordenadora do Observatório do Clima.

ADVFN - SP   15/09/2025

A PRIO S.A. (BOV:PRIO3), uma das principais petroleiras independentes da bolsa de valores brasileira, deu mais um passo importante rumo à expansão de sua produção. O Ibama atualizou o processo de licenciamento ambiental do campo de Wahoo, na Bacia de Campos, incluindo novos documentos que reforçam a expectativa de emissão da licença de instalação em breve, segundo relatório do Itaú BBA.

Esse avanço marca um ponto estratégico para a companhia, que enxerga em Wahoo um ativo crucial para dobrar sua capacidade produtiva nos próximos anos. O Itaú BBA projetou que o primeiro óleo deve ser extraído em abril de 2026, a partir de quatro poços, o que adicionaria cerca de 40 mil barris por dia ao portfólio da petroleira.

Hoje, a PRIO produz aproximadamente 100 mil barris diários, mas o plano da companhia é superar a marca de 200 mil barris já em 2026, combinando o início da produção em Wahoo e a aquisição do campo de Peregrino. O movimento consolida a estratégia da empresa de ampliar escala e eficiência, aproveitando o ciclo positivo do petróleo no mercado internacional.

Apesar da relevância do marco, nem a PRIO nem o Ibama comentaram oficialmente sobre o processo até o momento. Ainda assim, o Itaú BBA reforçou que a atualização do sistema é um indicativo concreto de que a licença está próxima de ser concedida.

No pregão desta sexta-feira (12/09), às 14h07, as ações da PRIO (BOV:PRIO3) eram negociadas a R$38,34, em alta de 1,13%. O papel abriu o dia a R$38,30, chegou à máxima de R$39,00 e à mínima de R$37,82. O desempenho positivo reflete o otimismo dos investidores com o potencial de expansão da produção.

A PRIO S.A. (PRIO3) é a maior companhia independente de óleo e gás do Brasil, com foco na revitalização de campos maduros na Bacia de Campos. Suas principais concorrentes incluem grandes players como Petrobras (BOV:PETR4) e 3R Petroleum (BOV:RRRP3). A empresa vem ganhando destaque na bolsa de valores por sua eficiência operacional e estratégia de crescimento acelerado.

Com a proximidade da licença de instalação de Wahoo, a PRIO reafirma seu papel como destaque do setor de petróleo na B3.

O Estado de S.Paulo - SP   15/09/2025

A recente proposta da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para revisar a regulação do transporte de gás natural, reacendeu discussões importantes sobre a estrutura tarifária e a alocação de riscos no setor. Em outros artigos, tenho alertado para os potenciais impactos negativos da mudança, como o aumento artificial de tarifas e a duplicidade na remuneração de ativos. Agora, aprofundo a análise comparando o setor de gás com o elétrico, cujo modelo regulatório é consolidado e transparente há décadas.

No setor elétrico, a governança conta com um planejamento conduzido por instituições, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Ministério de Minas e Energia (MME), que definem a expansão da oferta com base em projeções de demanda e critérios técnicos. Os investimentos são viabilizados por leilões públicos, que garantem contratos de longo prazo com remuneração estável e previsível. O risco de demanda, socializado entre os consumidores, reduz a exposição dos agentes e amplia a atratividade do setor. A Aneel, por sua vez, atua com metodologias claras e amplamente debatidas, zelando pela modicidade tarifária e pela segurança jurídica.

Já o setor de gás enfrenta desafios estruturais. A malha de gasodutos foi construída majoritariamente sob contratos antigos, muitos já amortizados, mas que são remunerados como ativos novos. A proposta da ANP não distingue devidamente os ativos legados dos novos investimentos, dando margem à duplicidade de remuneração e à elevação das tarifas de transporte. O planejamento da expansão é fragmentado e os contratos de transporte não oferecem garantias mínimas de receita, deixando o risco de demanda mal distribuído e recaindo, por vezes, sobre o consumidor.

Um dos principais entraves à racionalidade econômica do setor é o conflito de interesses embutido na figura do transportador, que acumula funções operacionais e de planejamento. Sem um operador do gás, o transportador tende a priorizar investimentos que maximizem sua base de ativos e sua remuneração, ainda que não sejam os mais eficientes ou necessários ao sistema. Esse viés compromete a modicidade tarifária e distorce os sinais econômicos para os demais agentes.

Agregar ao escopo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a operação do gás seria uma solução. Assim, ficariam claras as funções de operação, planejamento e regulação. O novo operador coordenaria a expansão da malha de transporte, baseado em critérios técnicos e econômicos, e ampliando a eficiência alocativa e a transparência. Para além, haveria a definição precisa da alocação de riscos entre transportadores, carregadores e consumidores, evitando que o custo da ociosidade recaia injustamente sobre o mercado.

Money Times - SP   15/09/2025

A Petrobras (PETR4) anunciou nesta sexta-feira (12) que concluiu a aquisição de 27,5% de participação no bloco 4, localizado em São Tomé e Príncipe, na África.

Com a operação, a estatal passa a integrar o consórcio formado pela Shell, operadora do ativo (30%), além da Galp (27,5%) e da ANP-STP (15%).

A companhia já atua no país desde fevereiro de 2024, quando adquiriu 45% de participação nos blocos 10 e 13 e 25% no bloco 11.

Segundo a Petrobras, a movimentação reforça sua atuação exploratória no continente africano e faz parte da estratégia de diversificação do portfólio, com foco na recomposição das reservas de petróleo e gás em novas fronteiras e em parcerias estratégicas.

A empresa destacou ainda que a aquisição seguiu todos os trâmites de governança interna e está alinhada ao Plano Estratégico 2025-2029.

Infomoney - SP   15/09/2025

O petróleo fechou em alta e avançou cerca de 2% na semana, conforme o mercado de energia equilibra sinais divergentes sobre oferta com o aumento de tensões geopolíticas em escala global. Entre analistas, contudo, o consenso parece ser de fôlego limitado para o rali da commodity e possível retomada da queda nos preços em breve.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para outubro fechou a sexta-feira, 12, em alta de 0,51% (US$ 0,32), a US$ 62,69 o barril. Já o Brent para novembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 0,93% (US$ 0,62), a US$ 66,99 o barril. Na semana, WTI e Brent avançaram 1,32% e 2,27%, respectivamente.

Os preços do petróleo chegaram a saltar quase 2% nesta manhã, após aliados ocidentais renovarem promessas de sanções à Rússia para pressionar pelo fim da guerra na Ucrânia.
O Reino Unido anunciou um novo pacote de 100 sanções mirando os fluxos de petróleo e o poderio militar russo, enquanto a União Europeia informou que está finalizando um 19º pacote de sanções e restrições adicionais às vendas de petróleo russo, a petroleiros ilegais e a bancos.

Em entrevista à Fox News, o presidente dos EUA, Donald Trump, também defendeu ações mais fortes e disse que sua “paciência está se esgotando” com o presidente russo Vladimir Putin. Segundo fontes revelaram ao Financial Times, os EUA estão pressionando países do G7 a impor tarifas significativamente mais altas à Índia e à China por comprarem petróleo russo.

O Rabobank avalia que os mercados de petróleo e produtos refinados continuam operando de lado, com as tensões geopolíticas, tarifas e aumento da oferta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep) exercendo forças divergentes ao mesmo tempo. “Não há um vencedor entre perspectivas bullish e bearish no curto prazo”, aponta o banco holandês, que projeta preços mais baixos do Brent até 2026.

Para a Capital Economics, os fundamentos do mercado de petróleo indicam queda, apesar da resiliência nos últimos meses. A consultoria britânica prevê que a oferta adicional da Opep+ agravará o superávit no mercado, derrubando os preços do Brent abaixo de US$ 60 o barril até o fim de 2025.

RODOVIÁRIO

Folha On-Line - SP   15/09/2025

Presidente da empresa diz que certames do 1º semestre não tinham perfil de investimento da companhia

Executivo aponta complexidade da obra de túnel que ligará Guarujá a Santos

São Paulo Após participação tímida nos leilões de rodovias do primeiro semestre do ano, a Motiva (ex-CCR) avalia agora oferecer propostas para certames previstos para os próximos meses.

À Folha o CEO da Motiva Rodovias, Eduardo Camargo, disse que "o Paraná certamente é um estado para o qual a empresa está olhando". Segundo ele, as rodovias paranaenses têm um perfil de tráfego que interessa à companhia.

O Ministério dos Transportes marcou para as duas últimas semanas de outubro os leilões dos lotes 4 e 5 das Rodovias Integradas do Paraná. Os projetos englobam uma série de estradas federais e estaduais localizadas no estado.

O lote 4 possui 627 km de extensão e prevê quase R$ 11 bilhões de Capex (investimentos em obras). Já o lote 5 possui 432,8 km de extensão, o projeto prevê R$ 6,7 bilhões de investimentos em obras.

No ano passado, a então CCR arrematou o lote 3 das Rodovias Integradas do Paraná, que reúne quase 570 km de estradas federais e estaduais no estado, depois de oferecer desconto de 26,6% sobre a tarifa básica de pedágio. O vencedor foi decidido no viva-voz, etapa em que os proponentes vão aumentando suas ofertas até chegarem ao valor final.

Não são apenas os certames federais que têm chamado atenção da Motiva. Camargo afirma que a empresa também está olhando para o leilão do projeto que é administrado hoje pela Renovias, concessionária da Motiva. A concessão abrange, em São Paulo, as rodovias SP-215, SP-340, SP-342, SP-344 e SP-350.

O projeto será leiloado novamente pela gestão Tarcísio. Além dos trechos atualmente operados pela Renovias, o governo estadual vai incluir novas vias do DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo). Entre as melhorias previstas estão a duplicação de trechos das rodovias SP-350, SP-344 e SP-215, a construção de passarelas e a implantação do pedágio sem cancela (free flow). Estão previstos R$ 6 bilhões de investimentos.

"O nosso time de novos negócios está trabalhando em projetos cujos leilões ainda vão acontecer neste ano e também alguns que provavelmente vão ficar para o ano que vem que tem mais a cara da Motiva", diz Camargo.

Segundo o executivo, os certames do começo do ano não estavam com o perfil do investimento que a Motiva tinha na carteira de ativos. Ele afirma que a empresa mira, sobretudo, projetos maiores, que sejam mais movimentados e tenham um alto volume de faturamento.

Até setembro de 2025, entre os certames federais, a Motiva participou, somente, do leilão simplificado da BR-163, o primeiro deste tipo realizado pelo governo federal. O modelo prevê a oferta ao mercado de um contrato previamente acertado com uma companhia –neste caso, a antiga CCR MSVia. No entanto, se outra proponente oferecesse um desconto maior sobre a tarifa, ou seja, uma proposta melhor, esse contrato poderia trocar de dono.

Conheça as concessões da Motiva

Concessão Extensão Rodovia(s) Término da concessão Participação no capital, em %
Autoban 319,8 km Anhanguera (SP 330), Bandeirantes (SP-348), Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (SP-300), entre os Km 62 e 64, e Adalberto Panzan (SPI-102/330), entre os Km 1 e 7 dez.2037 100
RioSP 626 km Dutra (BR-116), entre as cidades de São Paulo e Seropédica (RJ), e Rio-Santos (BR-101), entre Ubatuba (SP) e a capital fluminense fev.2052 100
RodoAnel 29,30 km Rodoanel Mário Covas (SP-021) - contorno oeste mai.2038 99,60
Sorocabana 460 km SP-280, SP-075, SPI-091/270, SPI-087/270, SPI-060/270, SP-270, SP-079, SPA-053/280, SPA-103/079, SPA-104/079, SP-264, SPA-160/250 fev.2055 100
PRVias 570 km BR-369 (Rodovia Melo Peixoto), BR-373, BR-376 (Rodovia do Café), PR-090, PR-170, PR-323 e PR-445 abr.2055 100
Motiva Pantanal 845 km BR-163/MS 2054 100
SPVias 516 km Trechos das rodovias Castello Branco (SP-280), João Mellão (SP-255), Antonio Romano Schincariol (SP-127), Raposo Tavares (SP-270) e Francisco Alves Negrão (SP-258) set.2029 100
ViaCosteira 220 km BR-101 Sul/SC ago.2050 100
ViaLagos 57 km Rodovia dos Lagos (RJ-124) jan.2047 100
ViaSul 473 km Trechos de BR-101, BR-290, BR-386, BR-448 fev.2049 100
Renovias 346 km SP-215, SP-340, SP-342, SP-344 e SP-350 abr.2026 40
ViaRio 13 km Trecho do Corredor Presidente Tancredo de Almeida Neves (Transolímpica) jun.2051 66,66

Fonte: Motiva e Invepar

A Motiva, por meio da CCR MSVia, já era responsável pelo trecho. Originalmente, a companhia arrematou a concessão em dezembro de 2013. No entanto, em meio a uma série de dificuldades financeiras, impactos da crise econômica entre 2015 e 2016 e frustração de receitas, a concessionária chegou a pedir a devolução amigável do ativo.

No ano passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou a otimização do contrato de concessão do trecho. O prazo original da concessão de 30 anos, que acabaria em 2044, foi reajustado em dez anos, chegando até 2054. A concessionária passou a ser chamada de Motiva Pantanal.

Entre os leilões realizados pelo Governo de São Paulo, a Motiva decidiu ficar de fora dos certames do Lote Paranapanema e do projeto de túnel imerso que ligará Santos e Guarujá.

"O túnel tinha uma característica de construção. A parte de operação do ativo era menos relevante. É uma obra com uma complexidade que a gente não domina. Tinha uma questão, uma ponderação de risco-retorno que não nos favorecia. A gente não ia conseguir ser competitivo em um leilão desse", diz Camargo.

RAIO-X | MOTIVA

Lucro líquido ajustado: R$ 398 milhões

Ebitda ajustado (rodovias, aeroportos, trilhos e outros): R$ 2,09 bilhões

Ebitda ajustado - rodovias: R$ 1,53 bilhões

Capex (investimentos em obras): R$ 1,78 bilhões

Principais concorrentes: EPR, EcoRodovias, Vinci, 4UM, Opportunity, Azevedo e Travassos, entre outros

*valores aproximados do 2º trimestre de 2025

AGRÍCOLA

Veja - SP   15/09/2025

O agronegócio paulista registrou um desempenho expressivo nos oito primeiros meses do ano, com um superávit de US$14,76 bilhões no período. O saldo positivo decorre de exportações que somaram US$18,62 bilhões e de importações que totalizaram US$3,86 bilhões. O resultado se destaca principalmente por ser o primeiro levantamento do desempenho do comércio exterior de São Paulo após a decisão dos Estados Unidos de acrescentar tarifas às importações brasileiras, no dia 6 de agosto de 2025.

A análise mostra que, entre janeiro e agosto de 2025, o agronegócio respondeu por 40,4% das exportações paulistas e por 6,7% das importações do estado, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta). “O crescimento foi alavancado pelo café e a carne, demonstrando que a produção de São Paulo é diversificada e está preparada para possíveis períodos de instabilidade”, diz Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

De janeiro a agosto de 2025, as exportações do agronegócio paulista foram concentradas em cinco grandes grupos de produtos. O complexo sucroalcooleiro liderou a pauta, com participação de 29,3% e valor de US$5,45 bilhões, sendo a maior parte composta por açúcar (92,2%) e o restante por etanol (7,8%). Em seguida vieram as carnes, que representaram 14,5% das vendas externas, somando US$2,69 bilhões, com destaque para a carne bovina, responsável por 84,4% desse total.

Os produtos florestais ocuparam a terceira posição, respondendo por 10,7% das exportações e alcançando US$1,98 bilhão, divididos principalmente entre celulose (53,9%) e papel (36,7%). O complexo soja participou com 10,5%, registrando US$1,95 bilhão, dos quais 81% correspondem à soja em grãos e 13% ao farelo. Já os sucos, quase integralmente suco de laranja (97,6%), representaram 10,3% do total, com valor de US$ 1,91 bilhão.
Variação

Vale destacar que as variações de valores, em comparação com o mesmo período do ano passado, apontaram aumentos das vendas para os grupos de café (+44,5%), carnes (+27,8%), sucos (+7,8%), e quedas nos grupos de complexo sucroalcooleiro (-34,6%), produtos florestais (-3,2%) e complexo soja (-2,1%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

Os principais destinos do agronegócio paulista seguem os mesmos, sendo a China o maior mercado, com 24,3% de participação, adquirindo principalmente produtos do complexo soja, carnes, açúcar e florestais, na sequência a União Europeia, que corresponde 14,3% de tudo que é exportado, sendo os principais itens sucos, café, produtos florestais e demais produtos de origem vegetal. E o terceiro destino segue sendo os Estados Unidos, responsáveis por adquirir 13,4% dos produtos, comprando sucos, carnes, demais produtos de origem animal, florestais, café, sucroalcooleiro e demais produtos de origem vegetal.

O agronegócio paulista manteve destaque no cenário nacional, respondendo por 16,7% das exportações do setor no Brasil, ocupando a 2ª posição, atrás de Mato Grosso (17,7%) e à frente de Minas Gerais (11,5%).
Medidas de suporte

Por meio do Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS), o governo de São Paulo intensificou a compra pública de café das cooperativas paulistas. Até o momento, em 2025, já foram adquiridas 8 toneladas do grão torrado e moído e a expectativa é que até o final do ano as compras possam chegar a R$ 1 milhão. Estes produtos abastecem hospitais, escolas, penitenciárias e outros prédios da administração pública.

Além das compras públicas, o Estado adota ações complementares de apoio ao setor, como a disponibilização de crédito especial para exportadores, via Desenvolve SP, e a liberação de crédito de ICMS para aliviar custos financeiros dos produtores e cooperativas. Outro ponto de suporte aos produtores é a abertura de novos mercados consumidores para os produtos paulistas.

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