Diário do Aço - MG 14/11/2025
A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa) e representantes da Usiminas se reúnem, novamente, na próxima terça-feira (18), às 10h, em mais uma rodada de negociação da Campanha Salarial 2025/2026.
O último encontro entre empresa e os representantes dos trabalhadores ocorreu terça-feira (11). Na oportunidade, a entidade rejeitou a proposta de um reajuste salarial de 4,49%, baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
“Ela [Usiminas] propôs apenas pagar o INPC de forma parcelada, ou seja, 80% a partir de 1º de novembro e os outros 20% a partir de 1º de janeiro. Apenas o INPC integral, que está a 4,49% reajustando o vale alimentação, que hoje está em R$ 600”, afirmou Geraldo Magela, presidente do Sindipa.
A porcentagem do INPC, além de ser aplicada no salário dos funcionários, também seria acrescentada no vale alimentação, e caso fosse aceita, subiria para cerca de R$ 626.
“A gente já está trabalhando a mobilização dos trabalhadores. A proposta está muito aquém do que os trabalhadores precisam e merecem”, acrescentou o líder sindical.
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Em meados de outubro o Sindipa, junto aos metalúrgicos, definiu que além do reajuste conforme o INPC, também iriam solicitar o aumento salarial real de 7%; um abono no valor correspondente ao salário mínimo calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a ser pago no mês de aprovação do acordo; e um valor mensal de R$ 1.000 no vale alimentação para todos os trabalhadores ativos e afastados.
O que diz a Usiminas
Por meio de nota enviada ao Diário do Aço, a Usiminas informou que continua “em processo de negociação com os representantes dos sindicatos, mantendo o diálogo aberto para construir uma proposta que esteja dentro da realidade do atual cenário de desafios da indústria do aço, fortemente impactada pela importação do aço chinês, que ameaça a competitividade do mercado brasileiro”.
Globo Online - RJ 14/11/2025
As tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros provocaram forte deterioração no comércio bilateral e pressionaram a balança comercial do Brasil entre agosto e outubro de 2025. O déficit com os EUA subiu para US$ 4,7 bilhões, uma alta de 341%, ou US$ 3,6 bilhões, em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo negativo fora de cerca de US$ 1,1 bilhão, segundo dados do Monitor Macroeconômico da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.
O recuo de 24,9% nas exportações brasileiras para o mercado americano explica a ampliação do déficit. Os produtos atingidos pela tarifa de 50% — carne bovina, café, maquinaria, açúcar e madeira — sofreram as maiores quedas, entre 17,3% e 78,8% em valor exportado.
Embora parte do comércio tenha sido redirecionada para China e México, no caso da madeira os Estados Unidos permaneceram como principal destino, o que mostra que a diversificação ainda não compensou totalmente as perdas.
Entre os bens sujeitos à tarifa de 10%, o minério de ferro teve a retração mais severa, de 83,3%, com a China assumindo o posto de principal destino. O aço também foi duramente atingido, com queda de 60,2% e perda de posição dos Estados Unidos, que passaram de segundo para terceiro maior comprador, atrás da Argentina.
A única exceção positiva foi o alumínio, cujas exportações para o mercado americano aumentaram 314,3% em volume, ampliando a participação brasileira nesse segmento.
Apesar do choque tarifário, o relatório destaca sinais de resiliência na pauta exportadora. O Brasil ampliou suas vendas para a Ásia — especialmente China, Cingapura e Índia — e para as Américas, com destaque para Argentina e México. A participação chinesa nas exportações totais subiu de 25% para 29% no período.
O impacto das tarifas ocorre num contexto de desaceleração moderada da economia. As projeções do Ministério da Fazenda apontam crescimento de 2,2% do PIB em 2025, após 3,4% no ano anterior. A inflação medida pelo IPCA deve ficar em 4,55%, enquanto a taxa de desemprego recuou para 5,6%, o menor nível em mais de uma década.
As contas externas seguem pressionadas: o déficit em transações correntes está estimado em US$ 56 bilhões, após US$ 66,2 bilhões em 2024. A dívida bruta do governo deve atingir 80,7% do PIB, em alta frente ao ano passado. Ainda assim, o país preserva uma posição de liquidez confortável, com reservas internacionais de US$ 359 bilhões em 11 de novembro.
Nos fluxos financeiros, o investimento estrangeiro direto (IED) manteve-se forte: US$ 63,2 bilhões ingressaram no país entre janeiro e setembro, superando as projeções para o ano. A origem, porém, mudou: a participação dos EUA diminuiu, enquanto aumentaram os aportes vindos da Europa — notadamente Holanda, Luxemburgo, França, Alemanha e Reino Unido — e da China.
Mesmo sob o peso das tarifas e de um ambiente global incerto, o Brasil conseguiu amortecer parte do impacto por meio da diversificação de mercados e da entrada robusta de capitais produtivos. Analistas veem nesses movimentos sinais de que a economia brasileira mantém capacidade de adaptação e resiliência externa, atributos que serão decisivos para atravessar o atual ciclo de tensões comerciais.
O Estado de S.Paulo - SP 14/11/2025
Varejo em queda e mais um recuo da produção industrial parecem combinar com o crédito caro — os juros básicos estão em 15% —, mas contrastam com os 5.6% de desemprego, o menor do período iniciado em 2012. Crédito caro, normalmente nocivo ao consumo, à produção e ao emprego, é o principal instrumento usado pelo Banco Central (BC) para conter e derrubar a inflação.
Seu efeito corretivo, no entanto, foi até agora moderado, apesar da redução do consumo. Por isso, o aperto monetário deve ser mantido por vários meses, talvez com algum afrouxamento no primeiro semestre do próximo ano.
“Todo mundo pode brigar com o BC”, disse o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, mas o BC, acrescentou, “não pode brigar com os dados”. A inflação superou a meta em 2024, continua acima e assim deve permanecer nos próximos anos, comentou o economista, concordando, aparentemente, com avaliações correntes no mercado.
Os efeitos do crédito caro têm sido pouco visíveis no mercado, apesar de alguma contração nos negócios. Com a queda de 0,3% em setembro, o comércio varejista acumulou cinco resultados negativos nos seis meses a partir de abril, mas o volume vendido foi 0,8% maior do que o de um ano antes. Além disso, as vendas acumuladas em 12 meses superaram por 2,1% as do período anterior.
Mas a expansão foi além das vendas do varejo. Apesar dos juros altos e do crédito apertado, o setor de serviços cresceu em setembro 0,6%, completando oito meses seguidos de resultados positivos. Com esse avanço, houve um retorno ao patamar recorde da série, 19,5% acima do nível atingido em fevereiro de 2020, antes da pandemia de covid.
Os números do varejo e dos serviços são compatíveis com a situação do mercado de emprego. Além de repetir a menor taxa da série iniciada em 2012, a desocupação no trimestre encerrado em setembro — 5,6% da força de trabalho — ficou restrita a 6,04 milhões de pessoas, o menor contingente registrado na série.
O total de trabalhadores, 102,4 milhões, permaneceu estável e em patamar recorde, enquanto o contingente ocupado de pessoas em idade de trabalhar ficou em 58,7%. Também o número de empregados com carteira assinada, 39,23 milhões, foi o maior da série.
Apesar do recuo em outubro, quando a taxa mensal ficou em 0,09%, influenciada principalmente pela redução da tarifa de energia elétrica, a inflação acumulada em 12 meses, 4,68%, continuou acima do teto, 4,50%, e distante do centro da meta, 3%. A mediana das projeções do mercado ficou em 4,55% nas duas últimas pesquisas Focus. Um mês antes estava em 4,72%.
Houve melhora ao longo de meses. Mas a taxa estimada para o próximo ano, 4,20%, confirma um cenário ainda desafiante, sem condições para juros muito mais suaves e pouco favorável a um crescimento econômico mais vigoroso.
Globo Online - RJ 14/11/2025
A perspectiva mais favorável a negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, sinalizadas nas declarações da Casa Branca sobre café e frutas, tem como pano de fundo efeitos colaterais do tarifaço, como o salto nos preços de carne bovina e café nos EUA.
Ao mesmo tempo, o impacto negativo dos atritos comerciais tem sido menor do que o esperado para o Brasil. Uma posição pragmática diante desse cenário poderá destravar as negociações, segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO.
— As economias são perfeitamente complementares. Não tinham que passar por nenhuma crise, como esta, que foi engendrada mais por razões políticas do que comerciais — disse o embaixador José Alfredo Graça Lima, que foi cônsul-geral do Brasil em Nova York e Los Angeles e é vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Embora o presidente Donald Trump venha insistindo em defender o tarifaço e em dizer que a economia americana vai bem, as primeiras consequências negativas da guinada na política comercial já começam a aparecer.
Em setembro, os preços médios ao consumidor do café nos EUA até ficaram comportados, com queda de 0,1%, mas após saltos de 3,6%, em agosto, e de 2,3%, em julho, segundo o CPI, um dos principais índices de preços americanos, calculado pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês).
No agregado, o indicador subiu 0,3% em setembro. Além do café, a carne bovina subiu acima da média, com 1,2% em setembro, após avançar 2,7%, em agosto, e 1,5%, em julho.
Interdependência entre as duas economias
O mercado de café evidencia a interdependência. Os americanos são os maiores compradores do mundo, enquanto os brasileiros são os maiores produtores e exportadores. O Brasil atende cerca de um terço da demanda americana — até a sobretaxa de 40% entrar em vigor, a partir de agosto.
— Nunca entendi porque não teve exceção para o café — disse Graça Lima, referindo-se à lista de bens excluídos da sobretaxa, anunciada junto da ordem executiva publicada pela Casa Branca no fim de julho.
Ao interromper o fluxo do maior produtor para o maior comprador, o tarifaço americano sobre o café brasileiro virou o mercado global do grão de cabeça para baixo. De agosto a outubro, as exportações brasileiras de café estão em queda, mas não só por causa das tarifas dos EUA.
Segundo relatório sobre a balança comercial de outubro do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), já é possível observar, no mercado americano, blends sem o grão brasileiro. Isso preocupa os cafeicultores nacionais, mas os dados do CPI americano mostram que substituir o café brasileiro poderá não ser tão simples.
Saída por outros mercados
A posição de maior produtor e exportador global permitiria ao Brasil encontrar novos mercados, para substituir o americano, no médio prazo. A avaliação combina com a perspectiva de que, por enquanto, o impacto do tarifaço sobre a economia do Brasil não tem sido tão grande.
Um levantamento do jornal Valor nos dados da balança comercial sugere que os exportadores brasileiros dos produtos atingidos pela sobretaxa desde agosto têm encontrado outros mercados.
As exportações para os EUA de um grupo de 1.503 bens não isentos somaram US$ 3,8 bilhões de agosto a outubro de 2025, ante US$ 5,3 bilhões em igual período de 2024, um tombo de 29%. As vendas do mesmo conjunto de produtos para o resto do mundo somaram US$ 18,2 bilhões em 2025, 20% a mais do que os US$ 15,2 bilhões de 2024.
Segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da Fundação Getulio Vargas (FGV), o aumento das exportações para a China tem compensado a queda nos embarques para os EUA. Em outubro, as vendas para o mercado americano caíram 35,9%, em volume, ante um ano antes, mas, para a China, houve um salto de 32,8%, mostrará o Icomex de novembro, que será divulgado na semana que vem.
Números confirmam visão diplomática
Na visão dos economistas, os números confirmam o que os diplomatas apenas intuem: o tarifaço não feriu o Brasil tão fundo quanto se temia.
Para Lia Valls, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), responsável pelo Icomex, os números confirmam as impressões iniciais de que o tarifaço americano tem um impacto negativo agregado relativamente pequeno.
Alguns setores que dependem muito do mercado americano, como a produção de mel ou a indústria madeireira sofrerão, mas, em geral, especialmente matérias-primas e insumos básicos tenderão a encontrar outros mercados. E o efeito do apetite importador chinês tem sido verificado na economia global como um todo, lembrou Lia.
Para a pesquisadora, o quadro deixa o Brasil em melhor posição para negociar um acordo comercial com os EUA, para reduzir a sobretaxa:
— Temos uma margem a mais. Vamos para a mesa de negociações sem estar com a corda no pescoço.
O Estado de S.Paulo - SP 14/11/2025
A Moody’s revisou para cima suas projeções de crescimento para os Estados Unidos e a China em seu relatório global de novembro, enquanto cortou as estimativas para a França e o México. A agência, uma das principais classificadoras de risco de crédito no mundo, vê um quadro de expansão “estável, porém moderada” para a economia mundial entre 2026 e 2027.
Segundo o documento, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA deve avançar 2,0% em 2025 e 1,8% em 2026, acima da previsão anterior de 1,5% para os dois períodos. A melhora reflete gastos do consumidor mais fortes e o impulso do investimento em inteligência artificial (IA).
No caso da China, a Moody’s elevou a estimativa de crescimento para 4,5% em 2026, ante 4,0% previsto antes, diante dos estímulos e exportações, embora a demanda doméstica siga “moderada”.
Em direção oposta, a agência reduziu a projeção para a França, citando incerteza política e menor confiança empresarial. O crescimento francês em 2026 foi revisado de 1,2% para 0,9%. O México também teve corte relevante: a expectativa para 2026 passou de 1,7% para 1,2%, diante do investimento fraco e maior incerteza sobre mudanças na dinâmica comercial.
A Moody’s manteve a previsão de que o crescimento global ficará entre 2,5% e 2,6% em 2026-27, abaixo de 2024 e 2025. A agência destaca que o ambiente de tarifas mais altas, riscos geopolíticos e volatilidade em cadeias de suprimentos deve continuar a limitar a expansão, apesar da resiliência recente.
O relatório também ressalta que a possibilidade de desacoplamento comercial entre EUA e China aumentou, diante do avanço de restrições, incertezas políticas e uso mais frequente de medidas tarifárias e controles de exportação pelos dois lados.
Ainda assim, a Moody’s observa que o restante do mundo tem buscado ampliar e aprofundar acordos bilaterais e regionais para reduzir vulnerabilidades e evitar depender do eixo EUA-China.
A agência cita o impulso a novos pactos comerciais na Ásia — como negociações da União Europeia com Índia, Tailândia, Malásia e Filipinas — e movimentos recentes no Reino Unido e no México.
Monitor Digital - RJ 14/11/2025
A taxa de juros real neutra do Brasil foi estimada em 5,7% ao ano no primeiro trimestre de 2025. Este número implicaria uma Taxa Selic nominal próxima de 9%, com inflação na meta de 3% e PIB operando em seu nível potencial.
O levantamento, conduzido pela Rio Bravo Investimentos, traz uma leitura abrangente sobre o custo estrutural do capital e sobre a eficiência da política monetária no Brasil, temas centrais para investidores e formuladores de política econômica.
A taxa de juros foi mantida pelo Banco Central em 15% ao ano, o que leva a taxa de juros real a 9,74%, a segunda maior do planeta, atrás apenas da Turquia (17,8%) e superior à da Rússia em guerra (9,1%) e da Argentina, cuja economia está quase quebrada (5,16%), de acordo com levantamento feito pela MoneYou.
O cálculo da Rio Bravo, obtido pelo modelo Holston, Laubach e Williams (HLW) – metodologia desenvolvida por economistas do Federal Reserve de Nova York – reforça que o país continuará convivendo com juros estruturalmente elevados, independentemente do ciclo monetário. A empresa de gestão foi fundada por ninguém menos que Gustavo Franco, que presidia o Banco Central quando o Brasil entrou na crise cambial de 1999.
Gráfico taxa de juros (elaboração Rio Bravo)
Segundo o estudo, a explicação passa pela baixa sensibilidade da economia às variações da taxa básica de juros, o que reduz a potência da política monetária. Mesmo diante de um “gap” positivo entre a Selic real e o juro neutro, a atividade reage pouco, e a inflação corrente mostra resposta limitada ao hiato do produto.
“O modelo mostra que, mesmo com estabilidade de preços e crescimento próximo ao potencial, a economia brasileira requer juros reais elevados para conter pressões inflacionárias. Isso evidencia um sistema financeiro segmentado e uma transmissão ineficiente da política monetária”, afirma José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos.
Juros seguirão altos, projeta a Rio Bravo
O estudo conclui que juros altos seguirão sendo parte do ambiente econômico brasileiro no futuro previsível. Mesmo após a convergência da inflação à meta, empresas e investidores devem planejar decisões de financiamento e alocação de capital com base em um custo estruturalmente elevado, segundo a Rio Bravo.
O documento destaca que apenas reformas institucionais e avanços na produtividade poderão, no longo prazo, reduzir o nível do juro real neutro. Até lá, a taxa neutra estimada em 9% segue como o ponto de equilíbrio de uma economia que ainda paga caro para manter a estabilidade.
Completando 25 anos desde a sua fundação, a Rio Bravo tem mais de R$13 bilhões em ativos sob gestão, distribuídos entre 40 fundos de investimento e mais de 200 mil cotistas.
Diário do Comércio - MG 14/11/2025
O Ministério da Fazenda revisou para baixo as previsões para o crescimento do país e a inflação neste ano, em meio a uma política restritiva de juros do Banco Central, informou a Secretaria de Política Econômica (SPE) nesta quinta-feira (13).
Segundo boletim divulgado pela SPE, a Fazenda reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2,2% neste ano, contra previsão de 2,3% feita em setembro. Para 2026, a estimativa de crescimento foi mantida em 2,4%.
A Fazenda ainda projetou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará este ano com alta de 4,6%, ante avanço de 4,8% na projeção de setembro. Para 2026, o ministério prevê que a inflação será de 3,5%, contra 3,6% estimados anteriormente, “atingindo 3,2% no segundo trimestre de 2027, horizonte relevante de política monetária”.
A meta do Banco Central para a inflação é 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
De acordo com a pasta, a visão menos otimista para a atividade deste ano está relacionada a uma menor previsão para o crescimento do terceiro trimestre, “repercutindo o alto patamar dos juros reais”, o que impactou também as previsões para o fechamento do ano.
A secretaria apontou ainda que a desaceleração poderia ser maior, não fossem alguns fatores, como o pagamento de precatórios pelo governo em julho e o ritmo mais forte das concessões de crédito consignado.
Para 2026, a SPE espera desaceleração da atividade agropecuária, um arrefecimento que deve ser mais que compensado por uma maior expansão esperada para a indústria e os serviços.
“No próximo ano, a expectativa é de desaceleração da atividade agropecuária, mais que compensada pela maior expansão esperada para a indústria e os serviços”, disse.
Em relação aos preços no país, a Fazenda afirmou que a perspectiva de menor inflação no ano reflete efeitos defasados do real mais apreciado, a menor inflação no atacado agropecuário e industrial e o excesso de oferta de bens em escala mundial como reflexo dos conflitos comerciais.
A Fazenda disse ainda que a projeção para o IPCA considera uma bandeira amarela para as tarifas de energia elétrica em dezembro, o que imporia um custo menor para o consumidor do que a bandeira vermelha atualmente em vigor. A bandeira das tarifas é definida pela Aneel, agência reguladora do setor elétrico, com base nas condições para a geração de energia.
Money Times - SP 14/11/2025
O Itaú cortou a projeção de inflação para 2025 de 4,6% para 4,5%, refletindo surpresas baixistas recentes e um cenário de preços mais controlados. Agora, a expectativa é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano na banda superior de tolerância da meta — de 3%, com intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.).
Segundo o banco, os riscos estão equilibrados, com chances menores de alta de preços de alimentos, mas com possível pressão no custo de energia diante da menor incidência de chuvas e da chance de acionamento da bandeira amarela no fim do ano.
Para 2026, a estimativa também foi revisada para baixo, passando de 4,3% para 4,2%, diante de um cenário de menor inflação de bens industriais.
A instituição vê um balanço de riscos assimétrico para baixo, apontando que a queda dos Índices Gerais de Preços (IGPs) e o nível elevado de estoques devem aliviar as pressões sobre os preços de bens de consumo final. Além disso, a expectativa de redução nos preços do petróleo pode abrir espaço para novos recuos nos combustíveis.
Apesar desse quadro mais benigno, o banco alerta que a resiliência do mercado de trabalho — com desemprego abaixo do nível neutro — segue como o principal fator de pressão sobre os preços de serviços, mantendo parte da inflação resistente.
Cortes da Selic à vista
Na avaliação do Itaú, o Comitê de Política Monetária (Copom) demonstra crescente confiança de que a atual estratégia de manter a Selic em patamar elevado por um período prolongado está surtindo efeito.
O banco destaca sinais de moderação na atividade econômica, queda da inflação corrente e arrefecimento das expectativas, inclusive para além do horizonte relevante.
As projeções de inflação do próprio Banco Central (BC) para o segundo trimestre de 2027 recuaram para 3,3%, ante 3,4% no relatório anterior, mesmo após o impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. Esse movimento, segundo o Itaú, indica que o comitê vê menor risco de reaquecimento da economia e, consequentemente, de pressão inflacionária.
O banco mantém a previsão de que o ciclo de cortes de juros começará em janeiro de 2026, com uma redução inicial de 0,25 p.p., levando a Selic a 12,75% ao fim do ano. No entanto, o início dessa flexibilização depende de ajustes na comunicação do Copom — em especial, a retirada da sinalização de que pode “retomar o ciclo de ajuste”.
Ainda assim, o Itaú reconhece que há risco de adiamento no início dos cortes: crescimento acima do esperado, persistência de um mercado de trabalho aquecido ou postura mais conservadora do BC.
Investing - SP 14/11/2025
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está observando sinais crescentes de tensão na economia dos EUA, com expectativa de que o crescimento do quarto trimestre desacelere em relação à previsão anterior de 1,9%, disse a porta-voz do FMI, Julie Kozack, na quinta-feira.
A atual paralisação do governo complicou a capacidade do FMI de avaliar adequadamente o desempenho econômico dos EUA devido à falta de dados, informou Kozack durante uma coletiva de imprensa regular.
O FMI adiou suas consultas anuais de política "Artigo IV" com as autoridades americanas porque a paralisação impediu o trabalho preparatório necessário. Nenhuma nova data foi definida para essas discussões.
De acordo com o FMI, a inflação nos EUA está se movendo em direção à meta de 2% do Federal Reserve, mas tarifas e outros fatores apresentam riscos de alta. Apesar das expectativas de inflação ancoradas, os preços mais altos continuam causando dificuldades para certos setores da sociedade.
Vários fatores têm pesado sobre a atividade econômica dos EUA, incluindo a desaceleração dos fluxos de imigração, tarifas e uma incerteza política mais ampla, observou a porta-voz do FMI.
O Estado de S.Paulo - SP 14/11/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diz não enxergar na questão fiscal a causa de a taxa básica de juros permanecer em 15% ao ano, como manteve o Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada. Questionado se deveria agradecer à autoridade monetária pelo recente controle da inflação, Haddad respondeu que é o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, que tem agradecido pelo esforço fiscal coordenado pelo ministro.
Em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, ele afirmou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou o ajuste fiscal brasileiro como o terceiro mais ousado do mundo e que gostaria de ver uma menção ao trabalho da Fazenda também na ata do Copom.
“Estou louco para ver uma ata do Banco Central dizendo que eu estou fazendo um esforço fiscal relevante, como fez o FMI. Mas vai chegar meu dia”, afirmou.
Haddad repetiu que não há justificativa para a Selic estar no patamar atual. Ele disse que “rodou” dois modelos econométricos reconhecidos no mercado e que um deles revelou que, se a Selic estivesse atualmente em 12% ao ano - e não em 15% - a inflação seria apenas 0,2 ponto porcentual maior.
Ele reconheceu, no entanto, que há outras variáveis envolvidas e que a decisão é tomada por pessoas, não apenas pelo modelo. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Se Lula ganhar em 2026, há chance de um ajuste fiscal mais robusto, tocando em temas sensíveis como salário mínimo e a vinculação de saúde e educação à receita?
O arcabouço fiscal, conceitualmente, é a legislação mais avançada que já tivemos. Porque ele trabalha a receita e a despesa concomitantemente - o que não acontecia com o teto de gastos. Mas algumas despesas obrigatórias, pela dinâmica própria, como elas não estão submetidas especificamente ao arcabouço - embora o todo tenha de estar dentro -, algumas coisas saem da lógica do arcabouço fiscal. Isso vai ter de ser repensado.
O que impede o governo de tocar a agenda dessas despesas obrigatórias?
No ano passado nós medimos temperatura e pressão no Congresso Nacional para saber o que passava. Porque o deputado também não gosta de votar, ainda mais em temas tão sensíveis quanto esses. Para a minha surpresa, eles não aprovaram sequer aquilo que nós encaminhamos - como, por exemplo, a indexação dos fundos constitucionais. Eu queria trazer tudo para IPCA, como é no Fundo de Desenvolvimento Regional da reforma tributária. Não conseguimos.
Também houve resistência a mudanças no BPC…
Sim, em alguns limitantes de elegibilidade de programas sociais também houve uma grande dificuldade. A Câmara votou, o Senado barrou. Então, há muita sensibilidade no Congresso Nacional. A Simone (Tebet, ministra do Planejamento) foi até mal interpretada, porque ela falou que nós vamos abrir uma janela de oportunidade de novo para dialogar com o Congresso, para esse tipo de discussão ser feita de uma maneira serena. Agora, em defesa do trabalho que eu e a Simone estamos fazendo: todo mundo dizia: “não vai cumprir meta”, “vai mudar meta”. Eu não sou desses. Acho que a área econômica perde a credibilidade quando começa a mudar regra. Este ano e no ano que vem, estou bastante seguro de que vamos cumprir, com as medidas que estamos tomando. O FMI considerou o ajuste fiscal brasileiro o terceiro mais ousado do mundo. Porque o Fundo viu também o que eu herdei. É fácil aprovar o Fundeb jogando a conta para o sucessor. “Ah, é despesa do Haddad”. Não, não é.
Por que é tão difícil convencer o Congresso do problema das despesas obrigatórias?
É difícil convencer alguém de que o problema é o salário da educação, quando você tem R$ 20 bilhões sendo gastos em desacordo com a Constituição no supersalários. Eu sentei com os comandantes das três Forças para negociar uma pequena mudança da Previdência, negociei com deputados e senadores a questão dos fundos constitucionais, mas não teve apelo. No BPC e seguro-defeso, ninguém está querendo tirar direito de ninguém. No caso do seguro-defeso é a terceira medida que a gente manda. Foram três tentativas. Duas frustradas e uma de implementação.
O que a gente escuta no Congresso é que o governo não se empenha na agenda fiscal. Não falta uma presença mais incisiva do presidente?
Mas foi ele que enviou tudo isso. O presidente aponta o caminho. Eu já aprovei tanta coisa no Congresso - reforma tributária, reforma do crédito, reforma do seguro, corte de benefício fiscal. Nós estamos encontrando caminhos para não permitir um desaquecimento irracional da economia. Eu mesmo defendi que a gente mandasse o Orçamento com crescimento de 2,5% (do PIB), tendo crescido 3,4% no ano anterior. Eu não sou daqueles que querem crescer a qualquer custo, não é assim que se faz. Você tem de crescer com equilíbrio e sustentabilidade. Eu brinco que a gente governa com uma chave de fenda, e não com uma serra elétrica.
Por que não deu para resolver o problema dos precatórios em quatro anos e o governo precisa de mais dez anos?
Porque o precatório galopou de um jeito que saiu completamente fora do controle. O (Jorge) Messias (advogado-geral da União) tem feito um grande trabalho de trazer esse número (para baixo), com boa advocacia.
Os juros reais estão muito elevados e o mercado atribui esse patamar a questões fiscais. Como o sr. avalia?
Eu acredito que nem precise estar com esse juro alto. Eu comparo o Brasil com outros países e não se justifica essa taxa de juros. O Brasil já teve situação fiscal muito pior do que a atual, com juros muito mais baixos.
Eu acredito que nem precise estar com esse juro alto. Eu comparo o Brasil com outros países e não se justifica essa taxa de juros. O Brasil já teve situação fiscal muito pior do que a atual, com juros muito mais baixos.
Fernando Haddad
Mas não de dívida, ministro... A Instituição Fiscal Independente (IFI) projeta dívida em 100% do PIB em dez anos.
Projeção de dívida tem para todo o gosto. Se você mantiver 10% de juros cada ano, vai passar de 100% de dívida. Mas ninguém acredita que isso seja necessário. É muito difícil, entre os economistas, uma divergência sobre se as taxas de juros têm de subir em um determinado momento. Geralmente, a discussão se dá em torno da dose. E, nesse ponto, é natural que haja divergência. Eu estive com os bancos na semana passada e o senso comum ali, com uma exceção, é de que os juros já deveriam estar caindo. Isso significa que alguém está sendo mais irresponsável do que o outro? Que um está olhando para o dado, o outro não está olhando para o dado - está olhando para a eleição? Não é verdade. Aqui na Fazenda, todo mundo olha para dado.
O que o governo pode fazer para reduzir os juros em um eventual quarto mandato do presidente Lula?
Todo mundo tem modelo: o banco, a Fazenda, o Banco Central. Eu vi rodar dois modelos respeitados pelo mercado: um com juros a 15% (ao ano) e outro com 12%. Eu falei: roda os dois e vê o que acontece. Deu 0,2 ponto porcentual a diferença de inflação no fim do horizonte relevante, de 3,3% contra 3,1%. Por isso que a trajetória é tão importante. Isso não é desmerecer ninguém. Eu vejo os editoriais dos jornais falando do Haddad, mas, nos EUA, o presidente Donald Trump não para de falar do presidente do Fed, Jerome Powell.
Mas o sr. acha que o Trump é uma boa referência?
Eu falo educadamente de um assunto técnico, respeitando quem pensa diferente de mim. Eu não diminuo a importância ou o conhecimento de ninguém. Agora, evitar o debate público... Quer dizer, eu sou ministro da Fazenda, não posso falar do assunto quando 300 caras lá da Faria Lima falam? O debate é saudável, não tem problema.
Mas o choque de juros deu certo não é ministro, a inflação caiu, tanto as expectativas quanto a inflação corrente.
Mas ninguém está dizendo que está dando errado o Brasil. Eu sou o primeiro a dizer que está dando certo. Eu aqui da Fazenda tenho que prestar atenção em todas as variáveis da economia. Inflação é uma delas. Eu tenho a questão do emprego, do crescimento, da saúde financeira das empresas que estão produzindo, do mercado de trabalho, de como isso vai impactar para frente, inclusive a inflação... Tem uma série de coisas que eu tenho que olhar e eu posso, com base nesse conhecimento, emitir respeito para saber de uma opinião que não é para ofender ninguém.
O sr. já agradeceu o Banco Central por ele estar baixando a inflação?
Ele me agradece direto, também, no discurso fiscal que eu faço. A gente se agradece. Estou louco para ver uma ata do Banco Central dizendo que eu estou fazendo um esforço fiscal relevante, como fez o FMI. Mas vai chegar meu dia.
E o tarifaço, ministro? O impacto na economia foi menor do que o esperado?
Olha, o Mauro (Vieira, ministro de Relações Exteriores) está no G-7, conversando agora com o (Marco) Rubio (secretário de Estado dos EUA), e a reunião técnica da qual nenhum ministro participou foi uma conversa boa. Eles apresentaram uma série de problemas, nós mandamos uma carta concreta de qual é a nossa expectativa. O Senado (dos EUA) já analisou (o tarifaço), já não gostou, o preço do café explodiu, o preço da carne explodiu. No dia que saiu o tarifaço, eu falei: é um tiro no pé. É um problema maior para eles do que para nós. Eles compram commodity, vai subir os preços lá, o café da manhã vai ficar mais caro. Não vai afetar macroeconomicamente o Brasil como eles imaginavam, embora os setores tenham sido afetados. A previsão se confirmou. E fizemos o Plano Brasil Soberano, estamos aí com R$ 10 bilhões encaminhados, mas também não explodiu a demanda por crédito barato.
O sr. acha que o programa ainda é necessário?
Vai terminar agora, né? A medida do Senado deve caducar. Se precisar de outra edição, pode até pensar; mas, neste momento, eu não estou vendo uma demanda muito forte. Talvez uma medida para só contemplar quem já deu entrada. Depende um pouco da avaliação do BNDES, do MDIC. Mas eu penso que o Brasil se saiu superbem nisso. Não fez bravata, não ficou fazendo política ideológica de baixo nível.
Valor - SP 14/11/2025
Os insumos siderúrgicos minério de ferro e carvão metalúrgico têm apresentado um efeito gangorra, com uma queda acentuada nos preços do carvão metalúrgico abrindo espaço para a alta do minério de ferro
O preço do minério de ferro subiram pelo terceiro dia consecutivo, em meio a expectativas de que a demanda chinesa pela commodity metálica possa aumentar.
Os contratos para janeiro, os mais negociados na Bolsa de Dalian, subiram 0,26%, a 772,5 yuans (US$ 108,61).
Os insumos siderúrgicos minério de ferro e carvão metalúrgico têm apresentado um efeito gangorra, com uma queda acentuada nos preços do carvão metalúrgico abrindo espaço para a alta do minério de ferro, escreve a Nanhua Futures.
Menores embarques de minério de ferro, melhoria na rentabilidade das siderúrgicas e redução da pressão de custos do carvão metalúrgico sinalizam uma potencial recuperação de preços no curto prazo e uma taxa de declínio mais lenta, acrescenta.
No entanto, a oferta geral permanece ampla, com o acúmulo contínuo de estoques nos portos, o que pode impulsionar a volatilidade dos preços no curto prazo.
O Estado de S.Paulo - SP 14/11/2025
A produção de veículos teve queda de 0,5% em outubro frente ao mesmo período de 2024. No total, foram produzidas 247,8 mil unidades de veículos no País no mês passado. Na comparação na margem, ou seja, com setembro deste ano, porém, houve um crescimento de 1,8% na fabricação de veículos, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
Divulgado nesta quinta-feira, 13, pela Anfavea, a entidade que representa as montadoras, o balanço mostra que no acumulado do ano até outubro, houve 2,23 milhões de veículos montados, 5,2% acima do volume registrado no mesmo período de 2024.
Já as vendas do mês passado, de 260,7 mil veículos, caíram 1,6% no comparativo com outubro de 2024. Na passagem de setembro para outubro deste ano, as vendas cresceram 7,2%. Com isso, as vendas no acumulado do ano até outubro atingiram 2,17 milhões de veículos, 2,2% acima do observado no mesmo período de 2024.
As exportações, por sua vez, somaram 40,6 mil veículos no mês passado, uma queda de 6,8% em relação a outubro de 2024. Na comparação com setembro deste ano a queda foi ainda mais intensa, de 22,7% nas exportações.
Desde o início do ano, 471,4 mil veículos foram exportados, um crescimento de 43,8% ante os dez primeiros meses de 2024. A Argentina é o principal destino das vendas de veículos ao exterior e vem puxando o resultado.
O balanço da Anfavea mostra ainda que houve perda de 500 vagas de emprego nas montadoras em outubro. O setor agora emprega 110,9 mil trabalhadores.
Globo Online - RJ 14/11/2025
A crise no fornecimento de chips para a indústria automotiva começa a se normalizar com a retomada das exportações da Nexperia, fabricante chinesa, mas o risco de desabastecimento ainda existe, alertou o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet. A informação que a Anfavea tem neste momento é de que há uma retomada lenta e gradual na exportação desses semicondutores. Há cerca de três semanas, a entidade alertou sobre a possibilidade de desabastecimento, já que os estoques naquela data eram suficientes para duas semanas.
— A gente não pode dizer que o mercado (de chips) está normalizado. Eu acho que diminuiu o risco com as ações que foram tomadas pelo governo chinês, mas como o processo (de retomada das exportações) é lento e gradual, acho que a vigilância nos impele a continuar monitorando semana após semana, se não diariamente essa questão. O risco está zerado? Não, o risco não está zerado — disse Calvet durante coletiva da Anfavea, realizada em Belém, onde acontece a COP30, para apresentar os dados de produção e vendas do mês de outubro.
Calvet lembrou que as empresas do setor seriam afetadas de maneira diferente. Algumas tinham mais estoque, algumas usavam mais os chips da Nexperia. Portanto, disse o executivo, a queda ou paralisação da produção não aconteceria de maneira simultânea por todas as empresas.
— Fica a impressão de que o setor todo pararia ao mesmo tempo, o que não é uma verdade, porque você tem planejamentos de produção diferentes em cada uma das empresas. Mas como um todo, o setor sofreria bastante em algumas semanas — disse.
Calvet afirmou que a luz amarela acendeu quando empresas associadas à entidade começaram a ser notificadas pelos fornecedores de que a exportação desses semicondutores não chegaria ao Brasil. Ele contou que a Anfavea entrou em comtato com o ogverno brasileiro e com o governo chinês e que houve avanços. Há uma semana, o governo chinês informou que as empresas brasileiras do setor automotivo teriam um "fast track" (aceleração) para a liberação desses semicondutores. E que as empresas que atuavam no Brasil com fábricas na China também teriam uma facilidade para a exportar esses semicondutores.
— Conversei com algumas empresas na última semana, e a informação é que as exportações estão chegando lentamente — explicou Calvet que entretanto não soube avaliar se houve algum impacto na produção, já que cada empresa tinha seus próprios estoques.
— Não conseguimos fazer isso (estimar o impacto na produção), mas o relato de todos é de que nós tínhamos poucas semanas para agir e resolver o problema sob pena de termos paralisaçõe — disse.
A crise no fornecimento de chips teve início após a escalada de um conflito diplomático entre a Holanda e a China envolvendo a fabricante de chips Nexperia. A tensão começou quando o ministro holandês da Economia, Vincent Karremans, de 38 anos, decidiu vetar a influência dos acionistas chineses na empresa, sediada em Nijmegen, alegando riscos à segurança nacional. A decisão foi tomada após pressões dos Estados Unidos, que vêm impondo restrições comerciais à Nexperia.
A reação de Pequim foi imediata: o governo chinês bloqueou a comunicação entre a Nexperia e sua fábrica na China, o que já começou a afetar o fornecimento de chips para clientes do setor automotivo no Japão e na Europa
Produção de veículos recua em outubro
Em outubro, a produção de veículos chegou a 247,8 mil unidades, queda de 0,5% em relaão ao mesmo mês de 2024. No acumulado de janeiro a outubro, a produção chegou a 2,2 milhões de unidades, alta de 5,2% em relação ao acumulado de 2024.
Já os emplacamentos, chegaram a 260,7 mil unidades em outubro, queda de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do ano (até outubro), os emplacamentos chegam a 2,17 milhões frente aos 2,12 milhões do mesmo período do ano passado, alta de 2,2%.
A queda na venda de caminhões, mesmo com perspexctiva de alta safra e crescimento da economia, preocupa a Anfavea. A redução das vendas nos últimos três meses, diz a Anfavea, equivale a quase um mês de produção. Os juros elevados são apontados pela Anfavea como principal fator de retração das vendas no segmento de caminhões.
Entre janeiro e outubro de 2025, a produção de caminhões caiu 7,3% em relação ao mesmo período de 2024, passando de 117,4 mil para 108,6 mil unidades. O emplacamento também registrou retração superior a 8%, de acordo com a entidade.
Embora o cenário geral da indústria automotiva ainda mostre estabilidade na produção de veículos leves, a falta de medidas específicas para o setor de pesados agrava o quadro. Enquanto os carros tiveram algum alívio com o programa Carro Sustentável, lançado pelo governo, o segmento de caminhões ficou sem incentivos, lembra a Anfavea.
Automotive Business - SP 14/11/2025
As vendas em queda livre no mercado de caminhões, puxado pelo mau desempenho comercial do segmento de pesados, levou a indústria a classificar o momento como o de colapso iminente, revelou na quinta-feira, 13, Igor Calvet, presidente da Anfavea.
Já estamos ouvindo dos fabricantes que a situação é de iminente colapso, com reflexos na produção e no emprego, disse o representante da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, durante a apresentação do balanço do setor em outubro.
O colapso visto pela indústria é ilustrado pelos números da indústria. A produção total realizada até outubro caiu 7% ante igual período no ano passado, saindo das linhas 108,7 mil unidades fabricadas nos dez meses do ano.
A produção menor é fruto de vendas 8% mais baixas no mercado doméstico entre janeiro e outubro, na comparação com o resultado registrado em mesmo intervalo em 2024. Foram vendidas no período 94,7 mil unidades.
As exportações deram algo de fôlego às montadoras, mantendo as linhas ocupadas. Foram embarcadas 24 mil unidades até outubro, 73% a mais sobre igual período no ano passado.
A Anfavea afirma que já foi feito todo o possível para que algo aconteça para melhorar o ambiente interno das vendas. O possível, no caso, foi articulação em Brasília (DF) para engrossar o discurso de que os juros precisam cair para que os financiamentos e o crédito voltem a ser viáveis.
Diferentemente dos automóveis, cujas vendas só não foram menores por causa do programa Carro Sustentável, o segmento de caminhões não teve nenhum fomento que viabilizasse as compras. Do jeito que está o frotista está adiando a renovação da frota, contou Calvet.
Ranking de vendas tem VW Caminhões e Volvo como líderes
Até o final de outubro, o ranking geral de vendas foi encabeçado pela Volkswagen Caminhões, com 25 mil unidades emplacadas, queda de 5% ante o mesmo período em 2024.
Na sequência, em segundo llugar, vem a Mercedes-Benz com 23 mil unidades emplacadas, alta de 10,5% ante o janeiro-outubro do ano passado. A Volvo vem em terceiro, com 16,8 mil unidades, 10% menos.
No ranking do combalido segmento de pesados, a Volvo é a líder em vendas com 12,9 mil unidades vendidas até outubro, 14,5% menos na comparação com o resultado dos dez meses do ano passado.
Scania (9,5 mil unidades, queda de 34,6%) e Mercedes-Benz (7,9 mil unidades, 0,7% mais) fecham o top 3 das vendas no acumulado do ano.
Globo Online - RJ 14/11/2025
O Porto Maravilha vive um novo ciclo de expansão. A Prefeitura do Rio intensificou os incentivos para moradia na área. Desde o início da Operação Urbana Consorciada (OUC), em 2009, 23 condomínios residenciais foram lançados pelas construtoras Cury – que tem 20 empreendimentos –, Emccamp, CTV e Azos, somando 15 mil unidades. São esperados 45 mil novos moradores até 2029. A meta é chegar a cem mil unidades até 2064, com aproximadamente 250 mil habitantes.
– É uma área central, com toda a infraestrutura, trem, metrô, VLT, aeroporto, BRT, além de as pessoas estarem perto do local de trabalho. Estamos consolidando a segunda fase do Porto Maravilha. A infraestrutura foi feita com a derrubada da Perimetral, a criação do boulevard, de museus. Agora, com os residenciais, as pessoas estão vindo morar aqui. É uma área de expansão imobiliária e vai ser muito bom morar na região central – afirma o prefeito, Eduardo Paes.
A maior operação urbana consorciada do país ultrapassou as fronteiras da região portuária e chegou a São Cristóvão, ampliando de 5 milhões para 8,7 milhões de metros quadrados a área de requalificação, historicamente marcada pela atividade portuária. O projeto, que há mais de uma década redesenha o mapa do Centro do Rio, combina habitação, infraestrutura, cultura e tecnologia em uma agenda de transformação urbana.
– É a região que mais cresce no Rio de Janeiro. Pela primeira vez em 40 anos, uma área tem mais venda de imóveis do que a Barra da Tijuca. O Porto Maravilha, hoje, atrai moradores e investimentos. É a fronteira de desenvolvimento da cidade, a região que vai continuar crescendo e se colocando como coração da região metropolitana do Rio. Conecta passado, presente e futuro – ressalta o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere.
DO CAIS À ZONA NORTE
A ampliação da OUC até São Cristóvão levou também os benefícios urbanísticos e fiscais do modelo que se tornou referência nacional. A operação utiliza os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) como instrumento de financiamento. Esses títulos, negociados pela Caixa Econômica Federal, permitiram custear obras de infraestrutura e atrair investimentos privados para áreas antes degradadas.
— A expansão da Operação Urbana do Porto Maravilha para São Cristóvão e as perspectivas de avanço para esse bairro tão importante serão o novo marco da grande transformação por que passa a região central: com planejamento, investimento e aposta na parceria público-privada — destacou Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico.
O primeiro empreendimento lançado após a ampliação foi o Cartola, construído no terreno de uma antiga distribuidora de combustíveis. Outro projeto, previsto para 2026, vai ocupar o espaço histórico da Companhia de Luz Steárica, com preservação de galpões tombados e integração entre habitaçãoe uso cultural.
A transformação também avança sobre o eixo da Avenida Francisco Bicalho, que passa por reurbanização completa e reforma da antiga Estação Barão de Mauá. O entorno será sede do futuro Centro de Convenções Leopoldina e da Fábrica do Samba, conjunto de 14 galpões para as escolas da Série Ouro, com áreas de lazer, oficinas e geração própria de energia.
MOBILIDADE E INOVAÇÃO
O novo Porto Maravilha se conecta com toda a cidade. Desde 2024, o Terminal Intermodal Gentileza integra o BRT Transbrasil, o VLT e linhas de ônibus municipais, ligando o Centro às zonas Norte, Oeste, Sudoeste e Sul. O terminal, que requalificou o entorno da Rodoviária Novo Rio, se tornou um marco da nova lógica de mobilidade.
Nos últimos anos, novos túneis e vias, como o Rio450, o Nina Rabha e a Via Binária do Porto, abriram espaço para um novo traçado urbano. A Praça Mauá, símbolo da revitalização, abriga hoje o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Pier Mauá. Completam a paisagem de um dos principais pontos turísticos e de lazer do Rio o AquaRio, a Orla Conde e a YupStar.
No eixo tecnológico, o Porto Maravalley consolidou-se como um dos maiores hubs de inovação do país. O espaço reúne 80 empresas — 55 delas startups, que captaram cerca de R$ 150 milhões em investimentos — e a faculdade IMPA Tech, dedicada à formação em matemática e tecnologia. Em parceria com a NVIDIA, a Prefeitura instalará no local um supercomputador de inteligência artificial (IA). E o programa Rio.IA, feito pelo município em conjunto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a PUC-Rio, vai instalar um centro de referência em IA, projetando a cidade no cenário global da inovação.
Outro marco previsto é o Mata Maravilha, projeto da Al Moinho, fruto da parceria entre o empresário Alexandre Allard e a Autonomy Capital, que combinará natureza e tecnologia. Quase metade da área de 223 mil metros quadrados terá vegetação nativa da Mata Atlântica, em um enorme projeto de reflorestamento urbano. Entre as atrações previstas estão dois parques, hotéis, torres residenciais verdes, restaurantes e comércio, campus de tecnologia verde, com escritórios, coworking e salas de eventos/convenções.
O Porto Maravilha se consolida como projeto urbano que ultrapassa o desenho físico da cidade. A sua transformação em um polo de moradia, cultura e inovação recoloca o Rio em diálogo com seu passado e com o futuro. Antes símbolo de abandono, o local ganha novos habitantes, empresas e espaços públicos, em um território que volta a pulsar no coração da cidade.
Passado, presente e futuro no Cais do Valongo
Símbolo mundial da resistência e da cultura afro-brasileira, o sítio histórico ganha protagonismo no processo de revitalização do Porto Maravilha
Durante as obras de revitalização da Região Portuária, em 2011, um achado mudou a histó¬ria da cidade: o Cais do Valongo, o principal porto de chegada de africanos escravizados nas Américas no século XIX. O antigo cais de pedra recebia homens, mulheres e crianças trazidos da África e vendidos no Rio. Entregue em 2012 à população, como sítio arqueológico, o Cais do Valongo se tornou um espaço de memória e reverência.
A Prefeitura transformou o espaço em monumento preservado que passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, como a Pedra do Sal, o Centro Cultural José Bonifácio, o Cemitério dos Pretos Novos e o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), que reúne cerca de 2,5 mil itens, como pinturas, esculturas e materiais arqueológicos. E a Prefeitura irá construir o Centro Cultural Rio-Áfricas, um espaço que terá exposições e programas educativos que mostrem a história e a cultura da região de forma sensível e crítica.
Em 2017, o Cais do Valongo foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). É o único sítio no mundo que representa fisicamente a chegada forçada de africanos escravizados ao continente americano.
Money Times - SP 14/11/2025
As ações de Direcional (DIRR3), Moura Dubeux (MDNE3) e MRV(MRVE3) operam de forma mista nesta quinta-feira (13), na esteira da divulgação dos resultados do terceiro trimestre (3T25).
Por volta das 12h (horário de Brasília), os papéis DIRR3 e MDNE3 recuavam 0,67% e 1,08%, cotados a R$ 17,91 e R$ 30,17, respectivamente, enquanto MRVE3 avançava 0,74%, negociada a R$ 8,20 na B3.
Direcional (DIRR3)
Entre as construtoras, analistas apontam a Direcional como o destaque positivo do trimestre no segmento de baixa renda, com previsão de crescimento em lançamentos, vendas e receita bruta.
Entre julho e setembro, a companhia registrou lucro líquido de R$ 230 milhões, alta de 43% na comparação anual, e retorno sobre patrimônio líquido (ROE) anualizado de 38%.
Em relatório, o BTG Pactual avaliou que os resultados foram impulsionados por um “desempenho financeiro acima das expectativas”.
A receita líquida da empresa atingiu R$ 1,16 bilhão, avanço de 27% em um ano, com forte performance comercial.
Já a margem Ebitda ajustada foi de 26,1%, crescimento de 170 pontos-base, refletindo a diluição de custos fixos.
O BTG, que mantém uma visão positiva para o segmento de baixa renda, amparada pela boa dinâmica do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), também apontou que a construtora deve pagar dividendos robustos no 4T25. Os proventos devem ser impulsionados, principalmente, pelo recebimento dos recursos da venda da Riva, estimados em R$ 1 bilhão.
“A Direcional combina forte momento de resultados, expectativa de dividendos elevados e valuation atrativo de 8 vezes o múltiplo P/L projetado para 2026”, destacou o relatório.
O banco possui recomendação de compra para as ações DIRR3, com preço-alvo de R$ 20, o que implica potencial valorização de aproximadamente 11%.
MRV (MRVE3)
No caso da MRV&Co, o BTG avaliou que os números consolidados vieram em linha com as estimativas, com a recuperação de margens no Brasil compensada por desempenho mais fraco da Resia, subsidiária nos Estados Unidos, e maiores despesas financeiras.
No 3T25, a receita líquida do grupo somou R$ 2,9 bilhões, alta de 18% em relação ao 3T24, com margem bruta de 33,1% (crescimento de 320 pontos-base) e lucro por ação (LPA) de R$ 0,15, conforme projetado pelo banco.
“Os resultados consolidados da MRV estiveram em linha com nossa previsão do início ao fim, visto que a recuperação das margens brutas foi parcialmente compensada por uma Resia fraca e maiores despesas com juros”, pontuou o relatório.
Nos EUA, a Resia teve prejuízo de US$ 19 milhões devido à alta alavancagem, com queima de caixa de US$ 2 milhões, mesmo após vendas de ativos. No Brasil, a queima de caixa foi de R$ 29 milhões.
“Em nossa opinião, a recuperação da MRV está levando mais tempo do que o esperado. No entanto, a perspectiva para o programa MCMV é boa, e a venda dos ativos nos Estados Unidos também está progredindo”, ressaltou o BTG.
O banco também manteve compra para MRVE3, com preço-alvo de R$ 12, o que representa potencial de valorização de aproximadamente 46%.
Moura Dubeux (MDNE3)
Já a Moura Dubeux, apontada como um dos possíveis destaques do 3T25 no segmento de média e alta renda, reportou lucro líquido de R$ 118 milhões, alta anual de 32%, com ROE de 26%, superando as projeções do mercado.
Entre julho e setembro, o lucro bruto ajustado atingiu R$ 236 milhões, avanço de 37% em relação ao 3T24, com margem de 43%, impulsionado pelo segmento de condomínios.
A queima de caixa foi de R$ 65 milhões, melhor do que o esperado, apesar de um maior ritmo de lançamentos e aquisições. A companhia também anunciou dividendos de R$ 51 milhões.
Segundo o BTG, a combinação de forte crescimento, margens elevadas e baixa alavancagem sustenta a visão positiva sobre a empresa.
O banco destacou que a construtora deve continuar expandindo suas operações em segmentos com menor necessidade de capital de giro.
Negociada a 5 vezes o P/L projetado para 2026, a ação é considerada atrativa. O BTG manteve recomendação de compra para MDNE3, com preço-alvo de R$ 40, o que representa potencial de alta de 32%.
A Tribuna - SP 14/11/2025
A pera ferroviária do Porto de Santos segue com expectativa para ser concluída no segundo semestre do próximo ano, segundo a Associação Gestora da Ferrovia Interna do Porto de Santos (AG-Fips), responsável pelas obras. O prazo ultrapassa os 24 meses inicialmente previstos quando as intervenções começaram, em janeiro de 2024. Trata-se de um pátio circular — por isso o nome da fruta — que possibilitará o transbordo da carga sem a necessidade de desmembramento do trem.
Não foi informado o valor de investimentos realizados e projetados envolvendo a iniciativa. A cessionária privada da Fips, composta pelo consórcio formado pela Rumo, MRS e VLI, prefere aguardar a conclusão das obras. A estrutura, localizada em Outeirinhos, na Margem Direita do complexo portuário santista, será construída em uma área de 102 mil metros quadrados (m²).
Das sete fases da obra, de acordo com a AG-Fips, quatro já foram realizadas: revitalização do Pontilhão nº 3 do Canal do Mercado, retificação de traçado e ampliação das linhas férreas da saída de vagões vazios, retificação de traçado e ampliação das linhas férreas de entrada de vagões carregados e compatibilização com a estrutura dos Terminais de Outeirinhos para entrada do trem.
“Nesse momento encontram-se em execução as fases 5 e 6, com previsão de serem concluídas no primeiro trimestre de 2026. A partir daí, entra na última etapa do projeto, a fase 7, com expectativa de término no segundo semestre do mesmo ano”, revela, em nota, a AG-Fips.
A quinta fase é a retificação da geométrica da curva para acesso aos terminais. “Essa é a etapa da obra que prepara as curvas das vias férreas para completar a parte circular da pera (que será na fase 7)”, detalha. A sexta etapa é a compatibilização com a estrutura dos terminais de Outeirinhos para saída do trem. “Podemos resumir em preparação dos terminais para a nova operação, com a ação contínua das composições”, explica. Por fim, a etapa 7 é o fechamento do loop da pera, quando a parte circular é fechada e inicia a nova operação sem o desmembramento das composições.
Aumento
Segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS), a implantação da pera ferroviária aumentará em até 20 milhões de toneladas por ano o escoamento dos granéis vegetais. A mudança beneficiará 13 terminais da Margem Direita do Porto de Santos, calcula.
“A Fips tem como missão aumentar a eficiência da operação ferroviária no Porto de Santos, oferecendo mais segurança e benefícios para a comunidade portuária. Para os próximos anos, a meta é ampliar a capacidade ferroviária, atualmente em 50 milhões de toneladas úteis ao ano, para 115 milhões de toneladas úteis ao ano”, projeta a AG-Fips.
Consultor considera obra estratégica para o Porto
O diretor na Graf Infra Consulting, Rodrigo Paiva, considera a pera ferroviária uma necessidade estratégica para o Porto de Santos. “Ao eliminar a necessidade de desmembrar os trens, o tempo de ciclo das composições diminui drasticamente. Trens mais longos podem operar de forma mais ágil, otimizando o fluxo de entrada e saída de cargas. A estrutura é essencial para atender ao crescimento de setores específicos, como o de grãos, açúcar e celulose que demandam grande volume e eficiência no escoamento”, explica.
Paiva chama a atenção para o desequilíbrio na matriz de transporte no Porto de Santos, em uma proporção semelhante em outros complexos Brasil afora: cerca de 70% das cargas chegam e saem por caminhões, um modal considerado saturado e com pouca margem para expansão a curto prazo. O modal ferroviário responde por aproximadamente 30%.
“O grande objetivo do Porto e dos operadores ferroviários é inverter essa lógica, e a pera ferroviária é a principal ferramenta para isso. As projeções de crescimento do agronegócio indicam que o volume de cargas que chegará a Santos irá duplicar nos próximos cinco anos. Sem uma ferrovia mais robusta, o porto simplesmente não conseguiria absorver essa demanda, gerando um gargalo logístico de proporções nacionais”, prevê.
Sem desmembramento
Imagine uma rotatória, mas para trens. A pera ferroviária é um pátio em formato circular que permite que uma composição inteira (locomotivas e vagões) entre, contorne o circuito e saia na direção oposta, pronta para a viagem de volta. A vantagem é que o processo acontece de forma contínua, sem a necessidade de desmembrar o trem ou realizar manobras complexas de ré, que consomem tempo e recursos. “Essa estrutura é especialmente valiosa em terminais de grande movimento, como portos, onde o trem chega com uma carga (soja, por exemplo), descarrega e, em vez de ficar parado ocupando espaço, já pode ser carregado com outra mercadoria (como fertilizantes) ou simplesmente retornar à sua origem de forma rápida e eficiente”, explica o diretor na Graf Infra Consulting, Rodrigo Paiva.
Revista Ferroviaria - RJ 14/11/2025
O governo federal vai oficializar a inclusão do novo trecho da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), além de sua adesão ao PND (Programa Nacional de Desestatização).
Com as duas medidas, o Ministério dos Transportes e a Casa Civil da Presidência confirmam a alteração do trecho 3 da Fiol. O traçado original ligaria Barreiras (BA) a Figueirópolis (TO). Agora, a nova malha pretende conectar Correntina (BA) a Mara Rosa (GO), um eixo de 840 km de extensão que cria uma rota direta de integração com a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste), em Mato Grosso.
O novo traçado foi decidido após estudos mostrarem que a via direta de conexão evita a passagem por um longo trecho da Ferrovia Norte-Sul, que tornaria o caminho mais longo e caro, devido a direito de passagem cobrado por empresas que já atuam na ferrovia.
A mudança foi realizada com base em estudos feitos pela Infra SA, em parceria com a International Finance Corporation. A inclusão no PPI só depende, agora, de aprovação final pelo Palácio do Planalto.
O enquadramento no PPI dá ao projeto caráter de prioridade nacional, com agilidade em seu licenciamento ambiental e destaque em ações de financiamento público, como acesso facilitado a linhas de crédito e estudos pelo BNDES e pela Caixa Econômica Federal.
Os estudos de rotas chegaram a avaliar três alternativas, até concluir que o trajeto entre Correntina e Mara Rosa é o mais vantajoso. Segundo as análises, a nova rota pode gerar uma economia operacional estimada em R$ 1 bilhão, considerando a redução do pagamento de direito de passagem na FNS, ao longo do período de concessão.
Do ponto de vista de engenharia e socioambiental, o traçado via Correntina também teria menos dificuldades, com menor presença de territórios indígenas, quilombolas e áreas de proteção ambiental que o traçado original.
Segundo parecer técnico da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o investimento total estimado para implantação da Fiol 3 é de R$ 12 bilhões, valor que inclui obras civis, aquisição de equipamentos, sistemas de controle e sinalização.
O trecho de 840 quilômetros de extensão se somará à Fico e aos demais lotes da Fiol, alcançando cerca de 2,4 mil quilômetros, até chegar ao Porto Sul, em Ilhéus (BA).
O corredor é visto pelo governo como um dos principais vetores de redução de custos do transporte de grãos, combustíveis e minérios. A expectativa do Ministério dos Transportes é encaminhar o edital do traçado ao Tribunal de Contas da União no início de 2026, para realização do leilão no primeiro semestre.
Como revelou a Folha, o projeto ferroviário envolve uma disputa bilionária entre as duas das maiores companhias logísticas do país: a VLI, empresa de transporte controlada pela Vale e pela canadense Brookfield, e a Rumo, braço de infraestrutura do grupo Cosan.
Em um documento elaborado pela VLI e enviado à cúpula do governo em 31 de julho, a VLI despeja críticas à minuta do edital do governo previsto para a Fico-Fiol.
Em suas “contribuições adicionais ao edital”, a VLI diz que o texto cria uma “clara vantagem artificial” para a Rumo e pode levar a licitação ao fracasso.
Segundo a VLI, a estrutura econômica e regulatória do edital “desestimula novos concorrentes” e mantém o domínio da Rumo sobre o escoamento de grãos do Centro-Oeste, jogando toda a carga da região no colo da rival.
O argumento central da VLI é que a Rumo já controla as principais ferrovias que conectam Goiás e Mato Grosso até a chegada ao porto de Santos, o que inclui a Malha Central (RMC) e a Malha Paulista (RMP). Por isso, mesmo que a Rumo não vença a licitação da nova ferrovia, diz a VLI, continuaria a comandar o acesso à rota de exportação mais usada do país, o porto de Santos (SP).
“A Fico estará pronta para operação antes da Fiol II e Fiol III, ou seja, antes que o sistema tenha saída para o mar por Ilhéus (BA) e seja autossuficiente para escoamento para exportação”, diz a VLI, ao afirmar que qualquer operador que assumir a nova ferrovia dependeria de trechos já controlados pela Rumo para chegar ao litoral.
Procurada pela Folha, a VLI declarou que “acompanha com atenção as políticas públicas, os debates sobre a expansão da infraestrutura ferroviária brasileira e tem contribuído de forma construtiva e colaborativa com o poder público para o aperfeiçoamento de um sistema logístico”.
A Rumo afirmou que “participou das fases de audiência e consulta pública da modelagem nos canais institucionais adequados, apresentando contribuições técnicas, como previsto pelas regras do processo licitatório, com base em dados objetivos e visando à melhoria do projeto”.
Valor - SP 14/11/2025
Cientistas que alertam para desastre e empresários que defendem transição energética lenta compartilham o mesmo espaço, mas opiniões se dividem na COP30
O dilema sobre o quão rápido o mundo consegue abrir mão dos combustíveis fósseis não começou nesta COP30 e tampouco deve acabar no dia 21, data em que a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas está programada para terminar em Belém. Mas a questão está presente por todos os lados, desde a plenária onde são feitos os discursos até os corredores onde centenas de países, empresas e organizações da sociedade civil apresentam suas pautas e posicionamentos.
Enquanto no espaço da Confederação Nacional da Indústria (CNI) o presidente da entidade, Ricardo Alban, defendia uma transição energética bastante gradual dos combustíveis fósseis para fontes limpas e declarava serenamente ser favorável à exploração de novos campos de petróleo na foz do Amazonas, um cartaz na tenda da Civil Society Climate Hub a aproximadamente dez passos largos do seu púlpito apresentava a mensagem: “Combustível fóssil não é transição. É atraso”.
As duas visões distintas sobre o mesmo tema compartilhando o mesmo corredor exemplifica o que a presidência brasileira da COP30, liderada pelo embaixador André Corrêa do Lago, buscou previamente. Na sua sétima carta à comunidade internacional, divulgada no fim de agosto, ele escreveu que “diálogos críticos devem acontecer não apenas onde é fácil, mas sobretudo onde mais importa”.
Para Dan Ioschpe, empresário ligado à indústria que tem feito o elo entre o setor privado e a presidência da COP30 no cargo de Campeão de Alto Nível do Clima da conferência da ONU, não há motivos para esperar a conclusão desse diálogo no curto prazo porque não é isso que se está buscando. “Esse é um diálogo continuado. As conclusões para temas dessa magnitude não são necessariamente o caminho. O mapa do caminho é o mais importante. O fundamental é saber como caminhar para a direção certa”, afirma.
Estamos muito próximos de atingir o aquecimento de 1,5ºC”
— Carlos Nobre
Na visão de Ioschpe, a direção certa é o avanço significativo da utilização de fontes limpas de energia. “As renováveis estão tomando uma participação da oferta global de energia mais significativa e, em algum momento, devem inclusive superar os combustíveis fósseis, caminhando para a transição”, diz. “Mas há uma dinâmica própria de cada país, cada um com as suas preferências e vontades”, acrescenta. “O aspecto positivo é que novas tecnologias ajudarão a acelerar esse processo.”
O posicionamento de Ioschpe, que integra conselhos de grandes empresas do setor industrial como a sua própria, a Iochpe-Maxion, além de Embraer, Marcopolo e WEG, converge com o de cientistas climáticos no que se refere a defender o crescimento a custos competitivos das energias renováveis. Porém, está mais próxima dos argumentos empresariais ao não advogar diretamente pelo bloqueio à abertura de novos campos petrolíferos.
Para Alban, a transição energética precisa ser gradual para que seja bem-sucedida. “É óbvio que precisamos conviver em harmonia com o meio ambiente, mas a prioridade é o ser humano. E o ser humano precisa de melhoria da qualidade de vida. Tecnologia e inovação são fundamentais para que isso se torne realidade”.
Alban vai além e, ao comentar sobre a possibilidade real de a Petrobras futuramente extrair petróleo da foz do Amazonas, diz que “não temos o direito” de não utilizar um recurso natural que, para ele, pode beneficiar a população da região da Amazônia.
“As narrativas existem. As teorias e os dados econômicos existem para ambos os lados quando estamos falando de transição. Por isso, é melhor encontrar as convergências do que cada um ficar com a sua narrativa. Vamos tentar encontrar uma solução pragmática. No caso da Margem Equatorial, vamos pensar no quanto de benefício pode trazer para o desenvolvimento de uma região ainda com poucas oportunidades.”
O argumento da CNI sobre a exploração de novos campos de petróleo na bacia da foz do Amazonas ainda não representa a opinião da maioria dos brasileiros, mas tem ganhado adesão. De acordo com uma pesquisa da Quaest feita entre 6 e 9 de novembro, 49% dos entrevistados disseram ser contra a exploração de petróleo na Margem Equatorial e 42% afirmam ser a favor - 9% afirmaram que não sabem ou não quiseram responder. No mês passado, somente 26% diziam ser a favor e 70% eram contrários à ideia.
“Não temos capacidade de dispensar o uso de hidrocarbonetos. Não adianta criarmos factóides ou ilusões”, diz Alban.
Nesta mesma semana em que a COP30 começou em Belém, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) revelou no seu relatório anual que, considerando as políticas atuais, a demanda de petróleo atingirá 113 milhões de barris por dia até meados do século atual, o que representa um aumento de 13% em relação ao consumo de 2024.
Ciência vê cenário desastroso
O cenário, do ponto de vista de cientistas climáticos, é desastroso. “A ciência está apontando muito claramente que, nas condições atuais, estamos muito próximos de atingir o aquecimento de 1,5ºC. Os estudos mostram que não demorará mais do que dez anos para isso acontecer”, diz Carlos Nobre, um dos cientistas do clima mais renomados do mundo. O aumento de 1,5ºC é em relação ao período pré-industrial.
Na COP30, Nobre copreside o espaço Ciência Planetária dentro da blue zone, onde passeiam os negociadores das delegações oficiais e onde também está o espaço da CNI a poucos metros de distância.
Segundo ele, a ciência trabalha com fatos, e não narrativas, e cientificamente não faz sentido iniciar a exploração de novos campos de petróleo, seja no Brasil ou em qualquer país, mesmo que a intenção seja financiar melhorias de adaptação climática.
“Nós estamos numa crise climática muito grande. Temos que reduzir muito, a jato, o uso de combustíveis fósseis, pois 75% das emissões dos gases de efeito de estufa provêm dessa fonte. Não tem nenhuma justificativa para nenhuma nova exploração de carvão, poços de petróleo ou gás natural em nenhum lugar do mundo, principalmente porque o preço da energia eólica e solar hoje já é um terço mais barato comparada a energia vinda de combustíveis fósseis”, diz.
No caso da foz do Amazonas, Nobre defende que o dinheiro que a Petrobras quer investir para abrir um novo campo de exploração, estimado em US$ 3 bilhões, poderia ajudar a acelerar tecnologias de energias renováveis.
Do ponto de vista dos cientistas climáticos, a ideia de usar os recursos do petróleo da Margem Equatorial para financiar adaptação climática e benefícios sociais para a população da Amazônia é contraditória em si pelo fato de que a região já está sentindo severamente os efeitos do aquecimento global e que o descontrole das emissões vai piorar ainda mais a situação.
Estresse hídrico global
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, um cenário de aquecimento de 1,5ºC permanente, o que por si representaria um fracasso para o Acordo de Paris e para as COPs, deixará quase 1 bilhão de pessoas no mundo em situação de estresse hídrico e expostas à desertificação, geraria custos estimados em US$ 63 bilhões em adaptação e danos residuais às principais culturas agrícolas.
Além disso, cerca de 24% mais pessoas enfrentariam inundações em comparação aos níveis históricos, haveria uma redução de 70% a 90%, nos recifes de corais e cada vez mais casos de malária.
“Não posso te dizer exatamente o que precisa ser feito para que a transição energética seja acelerada no ritmo ideal. Sou meteorologista, não engenheira. Mas o que posso te afirmar é que a utilização de combustíveis fósseis precisa ser reduzida para o nosso bem-estar humano. Isso é fato, ciência, não narrativa”, diz a cientista climática e professora da Universidade Federal do Pará Julia Cohen.
Ela é cética em relação à capacidade dos diplomatas da COP30 em costurar alguma solução que agrade o setor privado, principalmente a indústria, e acalme os cientistas que emitem os alertas para que não se explore novas áreas de combustíveis fósseis.
“O presidente da COP é um grande negociador, mas eu não sei qual é a carta na manga que ele tem. Eu, pessoalmente, sou um pouco pessimista em relação a essa proposição de que haja uma solução de agrade os dois lados”, acrescenta Cohen.
Victoria Santos, gerente de Energia e Indústria do Instituto Clima e Sociedade (iCS), é mais otimista e observa convergência nos dois lados que parecem estar no embate presente nos corredores da COP30. “Na minha perspectiva, ambos estão até falando a mesma língua”, diz. “Mas de fato a transição energética precisa ser mais rápida. Todos concordamos que ela é necessária e que estamos no caminho.”
Para a especialista, o setor privado, de modo geral, está disposto a embarcar na agenda da transição energética e precisa de instrumentos financeiros e políticas públicas para que sejam mais incentivados a seguir o caminho.
Mas Santos corrobora a visão de que é preciso evitar ao máximo a abertura de novos campos de exploração de combustíveis fósseis. “Os estudos científicos mostram que não temos mais espaço para exploração de novas fontes fósseis. Nem óleo, nem carvão, nem gás. Entendendo que precisamos controlar o aumento da temperatura do planeta, não tem mais como explorar novas fronteiras de produção desse tipo de fonte.”
Diário do Comércio - MG 14/11/2025
A Petrobras postergou em cinco meses a data para o envio de propostas para a construção de navio-plataforma do projeto de revitalização do campo de Albacora, na Bacia de Campos, para 25 de maio, informou a companhia nesta quinta-feira (13) em nota.
A licitação para contratação da unidade havia sido publicada em março deste ano e o recebimento de propostas estava previsto para 15 de dezembro, destacou a companhia.
“A decisão visa garantir a máxima aderência do projeto às melhores práticas técnico-econômicas do setor, considerando o contínuo aprimoramento das premissas e levando em conta os cenários de mercado”, disse a petroleira em nota.
O projeto de revitalização de Albacora contempla o desenvolvimento inicial do reservatório de Forno (pré-sal) e o desenvolvimento complementar dos reservatórios de pós-sal, detalhou a Petrobras.
A Petrobras detém 100% de participação no campo de Albacora, sendo o reservatório de Forno unitizado com o Bloco Norte de Brava, acumulação de Manjuba.
Valor - SP 14/11/2025
ANP critica alteração prevista em MP, já ala econômica vê receita maior com nova regra
A mudança no preço de referência do petróleo, prevista na medida provisória da reforma do setor elétrico, tem gerado divergências entre agentes do setor de óleo e gás e até mesmo dentro do governo. Enquanto refinarias privadas, municípios produtores de petróleo e Ministério da Fazenda defende, a manutenção da proposta, que tem potencial para elevar a arrecadação federal, a Petrobras, o Ministério de Minas e Energia (MME), a Casa Civil e a Agência Nacional de Petróleo (ANP) tendem a sugerir o veto da mudança, apurou o Valor.
O preço de referência do petróleo é um valor calculado pela ANP que serve como base para a cobrança de royalties e outras participações governamentais, não sendo o preço de venda do barril. Com a decisão do Congresso, esse preço poderá ser definido de duas maneiras: a partir de cotações realizadas por agências de informações de preços internacionais com base nos preços médios de comercialização ou regulamentado por decreto presidencial. A decisão sobre o que prevalecerá caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem até o dia 24 de novembro para sancionar o texto.
Em nota técnica ao MME, a ANP recomendou a rejeição da medida que redefine o cálculo do preço do petróleo para pagamento de royalties. No documento, obtido pelo Valor, a agência argumenta que a nova sistemática é inexequível, pois desconsidera a diversidade dos petróleos nacionais, depende de dados restritos de poucas agências privadas e rompe a coerência do modelo de participações governamentais “Além disso, gera insegurança jurídica, eleva o risco de judicialização e pode reduzir a arrecadação de royalties e participações especiais”, afirma.
O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) também vem manifestando preocupação com a alteração nas regras. A avaliação é que a proposta pode afastar investimentos e resultar em perdas de arrecadação.
Crítica de que preço de referência está abaixo do mercado é infundada”
— Cláudio Nunes
“A crítica de que o preço de referência está abaixo do mercado é infundada. Se o estivesse, a arrecadação com royalties e participação especial estaria sendo abaixo do mercado, a União estaria perdendo a arrecadação, só que isso não confere com a realidade”, afirma o diretor de Exploração e Produção do IBP, Cláudio Nunes. Em sua avaliação, caso a mudança prevaleça, haverá desorganização do setor e possíveis consequências judiciais.
Defensores da mudança nas regras contestam a conclusão. A avaliação é que o artigo previsto na MP não substitui integralmente o modelo vigente, mas prevê três métodos distintos para cálculo do preço: o preço de cotação, a metodologia de preço de transferência alinhada à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o próprio preço de referência da ANP.
Na visão da Refina Brasil, entidade, que representa as refinarias privadas, Evaristo Pinheiro, a medida incentivará as petroleiras a venderem o petróleo bruto para refinarias no Brasil, em vez de exportar o insumo. Além disso, alegam que a medida deve ampliar a arrecadação da União, dos Estados e dos municípios produtores, com projeção de um ganho adicional de cerca de R$ 83 bilhões nos próximos anos.
Segundo a entidade, o preço “artificialmente baixo” atual corrói a base de cálculo de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), esvaziando cofres públicos. Estados e municípios também deixam de arrecadar parte significativa dos royalties e participações.
O presidente da entidade argumenta que a proposta aprovada pelo Congresso corrige uma distorção, uma vez que estudos motram que os preços calculados pela ANP sempre estiveram abaixo do preço de mercado. “A medida prevista na MP inaugura uma política de refino no Brasil. O Brasil não conta com isso hoje. As poucas refinarias que existem no Brasil, elas existem apesar da situação atual”, afirma. De acordo com o executivo, o acesso ao petróleo bruto, sem a necessidade de importação, é um estímulo para destravar novos investimentos no segmento.
A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) também se posicionou a favor da medida. A entidade endossa o discurso de que a alteração corrige distorção no cálculo de royalties e participações, “que atualmente resultam em valores subavaliados e perda arrecadatória significativa”.
A desoneração para baterias incluída na MP entrou, inclusive, no debate sobre a mudança do preço de referência do petróleo. A MP inclui os sistemas de armazenamento de energia no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi).
Para integrantes da ala econômica da União, a receita adicional estimada com a nova regra compensaria a perda gerada pela desoneração. O entendimento, contudo, não é unanimidade no governo. Alguns técnicos avaliam que as medidas não estão relacionadas, pois a lei que regulamentou a reforma tributária preservou o Reidi já adaptado ao novo sistema.
Para eles, como o Reidi continuará em vigor mesmo a partir de 2027, bastará manter a previsão de renúncia no Orçamento nos próximos anos, como já consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026. Dessa forma, o governo aproveita a renúncia já existente para viabilizar o benefício às baterias, sem necessidade de nova compensação. Além disso, técnicos do Executivo ressaltam que a compensação fiscal prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal só pode ser feita com renúncia tributária, não abrangendo receitas como royalties e participações especiais.
Infomoney - SP 14/11/2025
Os contratos futuros de petróleo encerraram a sessão desta quinta-feira, 13, em leve alta, em pequena recuperação após registrar queda de aproximadamente 4% no pregão anterior. A commodity se beneficiou de um dólar enfraquecido, enquanto pondera relatórios mensal da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre o mercado global do óleo e semanal de estoques dos Estados Unidos.
O petróleo WTI para dezembro, negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex), fechou em alta de 0,34% (US$ 0,20), a US$ 58,69 o barril. Já o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange de Londres (ICE), subiu 0,48% (US$ 0 30), a US$ 63,01 o barril.
Os preços da commodity operaram voláteis durante a sessão, ora influenciados por um dólar mais baixo até pares rivais, ora ponderando temores de aumento na oferta global. Contudo, para o Saxo Bank, a perspectiva a curto prazo é frágil, levando em conta uma oferta abundante e fraca demanda sazonal.
O banco ING, por sua vez, aponta que o mercado dá sinais de sobreoferta, com os preços futuros do petróleo maiores que o preço corrente.
Os investidores acompanharam a publicação de dois importantes relatórios durante a sessão de hoje. O Departamento de Energia dos EUA (DoE) informou uma alta acima do esperado nos estoques da commodity do país. Já a AIE alertou sobre um desequilíbrio no mercado, elevando a previsão de alta na oferta e na demanda do petróleo para 2025 e 2026.
“O equilíbrio do mercado global de petróleo está se tornando cada vez mais desigual, à medida que a oferta mundial avança, enquanto o crescimento da demanda permanece modesto em relação aos padrões históricos”, disse a agência internacional.
Exame - SP 14/11/2025
Após um ano com recorde de leilões, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizará, em 2026, 12 certames para rodovias federais e três para ferrovias.
"A expectativa é realizar entre 10 e 12 leilões de rodovias. Já a questão ferroviária está retomando sua relevância, com previsão de três leilões", afirma Guilherme Theo Sampaio, presidente da agência, em entrevista ao EXAME Infra, podcast realizado pela EXAME em parceria com a empresa Suporte.
A ANTT encerrará 2025 com 10 leilões. Nos últimos três anos, foram 19 no total, enquanto na gestão anterior (2019 a 2022), a agência promoveu apenas seis certames.
No último mês, a ANTT deu seguimento a uma agenda intensa de leilões rodoviários na B3. De outubro a dezembro, ocorrerão cinco certames.
Segundo Sampaio, em novembro, a agência enviará ao Tribunal de Contas da União (TCU) os projetos da ferrovia EFT 118 (Estrada de Ferro 118) e da Ferrogrão. Este último é um empreendimento aguardado desde 2020, com mais de 900 quilômetros de extensão, ligando Sinop, no Mato Grosso, a Itaituba, no Pará.
"Esses dois projetos têm grande perspectiva de serem leiloados no primeiro semestre do ano que vem. Eles são atrativos, com interessados, e respeitam os povos originários e o meio ambiente", diz Theo Sampaio.
Para o segundo semestre de 2026, a previsão é realizar o leilão do Corredor Leste-Oeste (FICO-FIOL). O projeto abrange 1.708 km de extensão, distribuídos entre os 383 km da FICO I (ligando Água Boa/MT a Mara Rosa/GO), os 840 km da FIOL III (ligando Mara Rosa/GO a Correntina/BA) e os 485 km da FIOL II (conectando Barreiras/BA a Caetité/BA).
"Estamos também avançando na nossa carteira de renovações antecipadas. Em novembro, enviaremos ao TCU a renovação antecipada da ferrovia Centro-Atlântica, controlada pela VLI, e vamos resolver a FTL. No próximo ano, daremos continuidade à ferrovia Tereza Cristina", explica Sampaio.
Brasil terá quase R$ 500 bilhões em investimentos na próxima década
Sampaio ressaltou que o Brasil contará com R$ 480 bilhões em investimentos contratados nos próximos 10 anos, oriundos dos leilões realizados nos últimos três anos. Desse montante, cerca de R$ 360 bilhões serão destinados a rodovias e mais de R$ 120 bilhões a ferrovias.
"São quase R$ 500 bilhões que serão investidos na infraestrutura de transportes do país na próxima década. Isso representará uma transformação significativa", afirma.
Esse resultado foi alcançado em um contexto de redução do orçamento das agências federais. De acordo com Guilherme Sampaio, o sucesso, mesmo em um cenário de escassez de recursos, é fruto de um "esforço coletivo" dos servidores da ANTT e do programa ProRev, que focou em mudanças comportamentais, tecnológicas e no resgate do orgulho de pertencimento à agência.
"É um trabalho integrado, especialmente dos servidores da ANTT. A agência é uma grande empresa que precisa de governança, processos, procedimentos, metas, reconhecimento e ajustes conforme a demanda", afirma.
O Estado de S.Paulo - SP 14/11/2025
O País deve colher um novo volume recorde de soja em 2026, segundo o primeiro Prognóstico da Produção Agrícola, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É recuperação da soja em 2026 no Rio Grande do Sul”, esclareceu Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agricultura do IBGE. “Apesar de 2025 ter sido bom para a maioria dos Estados, o Rio Grande do Sul ainda perdeu na safra.”
Segundo Guedes, além da confirmação da recuperação da safra de soja gaúcha, ainda é necessário acompanhar a evolução do plantio e da produtividade no Centro-Oeste. Ele conta que o clima estava bom para o cultivo, o que antecipou o plantio em algumas regiões. No entanto, houve falta de chuvas em seguida, o que reduziu o ritmo de plantio, além de ter havido relatos de algumas áreas que precisaram ser replantadas no Mato Grosso.
“As condições climáticas estão boas para o Rio Grande do Sul e não estão tão boas assim para a Região Centro-Oeste. Mas a expectativa é que as chuvas voltem para o Centro-Oeste”, disse ele.
A primeira estimativa de produção para 2026 indica um aumento de 1,1% na safra de soja em relação a 2025, totalizando 167,7 milhões de toneladas. É esperado crescimento de 0,8% no rendimento médio e avanço de 0,3% na área plantada.
O País deve colher neste ano um volume recorde de soja, milho, algodão e sorgo. São esperados aumentos de dois dígitos em 2025 para a soja (alta de 14,5%, para um recorde de 165,9 milhões de toneladas) e o milho (23,5%, para 141,6 milhões de toneladas). O milho 1ª safra terá alta de 13,8%, para 26,1 milhões de toneladas, e o milho 2ª safra terá aumento de 25,9%, totalizando 115,5 milhões de toneladas.
As projeções são de aumentos também para o arroz (18,7%, para 12,6 milhões de toneladas), algodão (10,6%, para um novo recorde de 9,8 milhões de toneladas), sorgo (31,0%, para um recorde de 5,2 milhões de toneladas) e trigo (4,5%, para 7,9 milhões de toneladas). O feijão terá queda de 1,9%, para 3,0 milhões de toneladas.
A safra agrícola de 2025 deve totalizar um recorde ainda maior que o previsto, de 345,6 milhões de toneladas, 52,9 milhões de toneladas a mais que o desempenho de 2024, um aumento de 18,1%. Em relação ao levantamento de setembro, houve um aumento de 1,1% na estimativa, o equivalente a 3,7 milhões de toneladas a mais.