Valor - SP 12/11/2025
China respondeu por 61,1% das importações brasileiras de produtos de aço de janeiro a setembro de 2025
O alto volume de aço exportado pela China continua a ser um problema para o setor siderúrgico da América Latina, dizem especialistas da indústria reunidos no congresso da Associação Latinoamericana do Aço (Alacero), em Cartagena das Índias, na Colômbia. Jorge Oliveira, presidente da Alacero, disse nesta terça-feira (11) que o cenário está mais preocupante do que nos últimos anos e que ainda há mais dúvidas do que respostas para resolver as questões decorrentes da entrada do produto chinês na região: “A realidade mostra que, apesar dos esforços, o mercado de aço da América Latina está em deterioração por conta da capacidade global excedente de produtos da Ásia.”
Oliveira, que também é presidente da ArcelorMittal no Brasil, disse que empresas latinas têm sido obrigadas a reavaliar investimentos e reduzir produção: “A maior produtora de aço do Chile [Huachipato] fechou operações. Essas tensões geopolíticas afetam toda a cadeia de insumos e os preços das commodities e de logística. Precisamos buscar respostas efetivas para enfrentar esse ambiente desafiador.”
A preocupação com a entrada do produto chinês em países latino-americanos se confirma nos números. Entre janeiro e setembro deste ano, as importações totais de aço do Brasil (de todas as origens) somaram 5,075 milhões de toneladas, 9,7% acima das 4,628 milhões de toneladas de igual período do ano passado, conforme dados do Instituto Aço Brasil.
Já as importações de produtos de aço com origem na China cresceram 25,9% no mesmo período, em comparação com nove meses de 2024, somando 3,1 milhões de toneladas. Os chineses representaram 61,1% das importações brasileiras de produtos de aço de janeiro a setembro de 2025, aumento de 7,9 pontos percentuais ante igual período do ano anterior.
De janeiro a setembro de 2025, a produção brasileira de aço caiu 1,7%, para 24,982 milhões de toneladas, também segundo o Aço Brasil, ante 25,419 milhões de toneladas de igual período de 2024.
Segundo a Alacero, a China produz em 20 dias o equivalente a um ano de operação da indústria siderúrgica de toda a América Latina. Quando se trata de Brasil, o país asiático produz em 12 dias o mesmo volume produzido pela indústria brasileira em um ano.
“A América Latina está perdendo a possibilidade de desenvolvimento. As barreiras de defesa da região são muito baixas”, disse Ezequiel Tavernelli, diretor-executivo da Alacero. Ele prosseguiu: “As economias latinas estão se ‘primarizando’. As indústrias da região estão vendendo mais produtos primários do que manufaturados. Os países não estão se industrializando.”
Na visão do diretor-executivo da Alacero, a China pode se tornar um problema social para países da América Latina como resultado dos efeitos que uma desaceleração da siderurgia pode ter sobre a cadeia produtiva: “A indústria do aço gera empregos, movimenta logística e abastece outras indústrias. Muitos setores são afetados ao mesmo tempo.”
Para Tavernelli, o ideal seria uma maior integração regional entre os países, com políticas de defesa comercial que incluam maiores tarifas para produtos importados. Segundo o executivo, o exemplo da cota-tarifa do Brasil mostra que é necessário que os impostos cobrados sobre as importações sejam mais altos.
O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex), ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, renovou em maio deste ano o sistema de cotas de importação de produtos de aço no Brasil, prorrogado até maio de 2026. A regra prevê uma alíquota de 25% sobre o aço importado da China que ultrapassar a cota, válida sobre 23 tipos de produtos
“A América Latina poderia ganhar a partida se houvesse igualdade de competição”, disse Tavernelli. “O aço da China é subsidiado, desde a energia utilizada para a produção até o transporte. A América Latina tem uma indústria siderúrgica potente e com potencial de competir. Mas não conseguiremos em um espaço desigual.”
Também no evento da Alacero, o professor de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Oliver Stuenkel disse que um dos diagnósticos do cenário problemático do setor é a ausência de união entre governos da região: “A falta de união de governantes da América Latina deixa a região mais frágil. O que sobra é um espaço para que o setor privado se una e cumpra esse papel. Os países atuando de forma autônoma não devem conseguir uma solução.”
A jornalista viajou a convite da Alacero
Valor - SP 12/11/2025
Recentemente, o presidente Lula (PT) e Donald Trump se encontraram na Malásia e acertaram que suas equipes se reuniriam para avançar na busca de soluções para tarifas e sanções
Apesar da recente aproximação entre Brasil e Estados Unidos, a presidente da Aço Verde do Brasil (AVB), Silvia Nascimento, não demonstra otimismo em relação a possíveis retrocessos do governo americano em relação às tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros, entre eles o aço. “Não estou tão otimista", disse a executiva, em entrevista ao Valor.
"Não acho que o governo Trump vá voltar atrás e vai voltar as tarifas para 10%, como é com ferro-gusa e outras commodities que interessam a eles. Se houver, pode ser que ele reduza para 35%, que seria o melhor dos cenários”, afirmou.
Recentemente, o presidente Lula (PT) e Donald Trump se encontraram na Malásia e acertaram que suas equipes se reuniriam para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras – agenda que está em andamento. Segundo Nascimento, o gesto americano de iniciar conversas pode representar sinalização política, mas não necessariamente um recuo efetivo nas medidas de proteção à indústria dos EUA.
“O governo Trump deve sinalizar uma boa vontade de abrir um diálogo e pode voltar para tarifas da OMC [Organização Mundial do Comércio], mas não creio que volte a patamares anteriores”, disse.
O setor siderúrgico brasileiro tem sido um dos mais afetados pelas medidas tarifárias impostas pelos Estados Unidos. O ferro-gusa, matéria-prima usada na produção de aço, foi uma das poucas exceções: o governo americano aplicou tarifa de apenas 10% sobre o insumo, um alívio para produtores brasileiros.
Embora a maior parte das vendas da Aço Verde do Brasil esteja concentrada no mercado interno, a empresa acompanha com atenção os desdobramentos das negociações, diante da possibilidade de novos impactos sobre a competitividade do produto nacional no exterior.
Neste trimestre, a AVB embarcou 11 mil toneladas de ferro-gusa para a americana Big River, em operação que deve se repetir apenas uma vez mais, com nova remessa prevista para meados de novembro, devido a um prêmio adicional pago pelo cliente.
Silvia Nascimento, no entanto, avalia que essa movimentação é pontual e talvez esse movimento de exportação não se repita, já que a perspectiva é que, nos próximos trimestres, o setor siderúrgico no Brasil se recupere. Com a expectativa de uma retomada gradual da demanda doméstica, a Aço Verde do Brasil deve concentrar seus esforços no mercado interno.
Resultados do terceiro trimestre
A empresa registrou lucro líquido de R$ 12,1 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 88,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando havia lucrado R$ 106,9 milhões. O resultado reflete a queda do preço do aço causada pela entrada de produtos importados, sobretudo da China, e em menor proporção, a redução no volume em função de troca de equipamentos.
Apesar de margens mais apertadas, a expectativa de melhora no segundo semestre se confirmou, puxada, principalmente, pelo aumento da demanda do segmento de construção civil. “O terceiro trimestre foi melhor do que o segundo e estamos vendo um quarto trimestre bastante positivo. Outubro foi mês recorde com sinais de recuperação de preços, entre 2% e 4% a depender do cliente”, diz a companhia.
O Estado de S.Paulo - SP 12/11/2025
O choque de juros promovido pelo Banco Central está dando resultado, e com a divulgação do IPCA de outubro nesta terça-feira, 11, cresceram as chances de a inflação terminar 2025 no teto da meta, de 4,5%. Na Ata do Copom, também divulgada nesta terça-feira, o BC suavizou um pouco o discurso em relação ao comunicado da última quarta, mas sem que isso abra a porta para um corte de juros na reunião de dezembro.
O principal efeito do texto será manter a dúvida no mercado sobre a chance de redução da Selic em janeiro, como espera uma parte dos investidores, ou em março, como aposta outro grupo de economistas.
O IPCA de outubro, segundo o IBGE, mostrou avanço de 0,09% na inflação, abaixo da mediana de 0,14% da pesquisa Projeções Broadcast. Ou seja, ficou 0,05 ponto abaixo. Isso pode levar a uma nova queda nas estimativas do Boletim Focus, que projeta inflação de 4,55% este ano, coincidentemente 0,05 ponto percentual acima do teto da meta. Se essa diferença sair da conta, a inflação volta para o teto da meta.
Entregar a inflação na meta (ainda que no teto de 4,5%) será uma grande vitória para o Banco Central, porque comprovará, mais uma vez, a eficácia da política monetária. Quando os juros sobem, há os efeitos colaterais adversos sobre a economia, como desaquecimento do nível de atividade, restrição do crédito, e, num efeito mais extremo, aumento da taxa de desemprego. Mas há também o lado positivo, como o controle do dólar e das expectativas, o que ajuda a derrubar a inflação corrente.
Na ata, o BC reafirmou que está seguro de que os juros em 15% são suficientes para levar a inflação para a meta de 3% no “horizonte relevante”. Mas, em outros trechos, apontou que as expectativas estão em queda, que já há desaceleração da atividade, e que já incorporou em seu cenário efeitos sobre a isenção do Imposto de Renda. Tudo isso levou o mercado a ter uma visão mais “dovish” (pomba), ou seja, mais leve sobre os próximos passos do BC.
Se a inflação de fato terminar o ano em 4,5%, dentro da meta, o governo Lula vai aumentar a pressão para que o BC inicie o ciclo de cortes dos juros. A dúvida é se terá a humildade para reconhecer que estava novamente errado por ter feito críticas ao banco, já que a queda da inflação vem ajudando a recuperar a popularidade do presidente. Como mostraram diversas pesquisas de opinião, a inflação elevada era um dos tópicos que vinham corroendo a imagem do governo.
Com trabalho estritamente técnico, o BC está conseguindo vencer o ceticismo do mercado e desmoralizar as críticas do governo.
IstoÉ Dinheiro - SP 12/11/2025
Os juros futuros de vencimentos curtos e intermediários operaram em queda firme no pregão desta terça-feira, 11, e terminaram a sessão nos menores níveis em cerca de um ano, embalados pela sinalização menos conservadora dada pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e pela surpresa baixista com a inflação de outubro.
Ambos os dados reforçaram apostas de que o Banco Central pode começar a reduzir a Selic em janeiro, assim como a leitura de que o orçamento de flexibilização pode ser maior.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 diminuiu de 13,835% no ajuste de ontem a 13,68%. O DI para janeiro de 2028 caiu de 13,057% no ajuste para 12,915%. O DI para janeiro de 2029 recuou de 12,983% no último ajuste para 12,86%. Todas as três taxas estão em seu menor patamar, considerando níveis de fechamento, desde novembro de 2024. Na ponta mais longa da curva, o DI para janeiro de 2031 marcou 13,175%, vindo de 13,282% no ajuste.
Com o mercado de Treasuries fechado devido ao feriado do Dia do Veterano nos Estados Unidos, os maiores gatilhos para o fechamento da curva local foram domésticos. O enfraquecimento do dólar e o ambiente externo de maior apetite ao risco, com os avanços em curso para o fim do shutdown, deram suporte adicional ao bom comportamento dos DIs.
Gestor de renda fixa da Porto Asset, Gustavo Okuyama classifica a ata da última reunião do Copom como “a estrela do dia”. No documento, diz, o colegiado dissipou duas grandes dúvidas do mercado: se os efeitos da isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil estavam incorporados em seu cenário, e a que a autoridade monetária se referia exatamente ao reiterar que a Selic vai ficar no nível atual por período “bastante” prolongado.
O Copom explicitou no texto que “optou por já incorporar uma estimativa preliminar” do impacto da ampliação da isenção do IR e, mesmo assim, a projeção para a alta do IPCA no segundo trimestre de 2027, horizonte relevante para a política monetária, mudou de 3,4% para 3,3% – alteração vista como ‘dovish’, ou seja, mais inclinada a cortes, por participantes do mercado.
Já sobre o advérbio “bastante”, Okuyama destaca que o comitê afirma que o cenário tem evoluído dentro do esperado e que opta por manter a Selic inalterada por período “bastante prolongado”, mas já com “maior convicção” de que o nível de 15% é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta de 3%.
“Esse trecho esclarece que o ‘bastante’ não é sobre uma reunião, e sim sobre o ciclo, ou seja, deixando a Selic parada por bastante tempo, já é suficiente”. Segundo o gestor, a ata está longe de representar uma guinada na comunicação do BC, mas, ao lado o IPCA de outubro, dá elementos para o mercado ver maiores chances de um corte em janeiro, embora a Porto Asset continue projetando uma primeira redução em março, de 0,5 ponto. “Com essa comunicação, o mercado está migrando para uma assimetria entre jogar o corte para frente com uma redução mais expressiva ou antecipá-lo”.
Divulgado nesta terça pelo IBGE, o IPCA de outubro desacelerou de 0,48% em setembro para 0,09% no mês passado, abaixo da mediana do Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, de 0,14%, e mais próximo do piso das estimativas, de 0,08%. Mais do que o número cheio, economistas viram também uma composição benigna no número, com núcleos de inflação comportados, ainda que em ligeira aceleração na passagem mensal, de 0,19% a 0,26%. Diretor de pesquisa econômica do banco Pine, Cristiano Oliveira avalia que o ritmo atual seria compatível com a meta de inflação de longo prazo.
“Na métrica de três meses anualizada, a média dos núcleos roda a 3,9%, refletindo a combinação de menor pressão dos bens industriais e serviços contidos”, diz o Bradesco. O número desencadeou novas revisões para baixo nas estimativas para a inflação de 2025, como a do UBS BB, que reduziu sua projeção de 4,6% para 4,5% – agora dentro, portanto, do limite da meta inflacionária.
Diário do Comércio - MG 12/11/2025
A produção da indústria cresceu 0,7% em Minas Gerais em setembro deste ano ante o mesmo período de 2024, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Foi a primeira alta na comparação interanual desde junho, quando subiu 3%. Em julho, houve retração de 0,7% e, em agosto, de 4,8%.
Contribuindo para o resultado registrado pelo setor no Estado, cinco, das 14 atividades analisadas, apresentaram avanços. A maior variação percentual foi de celulose, papel e produtos de papel (28,7%), enquanto a principal influência positiva veio de produtos alimentícios (7%). Máquinas e equipamentos (23,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (11,9%) e metalurgia (2,4%) foram os outros segmentos que expandiram.
Na direção oposta, a maior queda ocorreu em máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-19,6%). Na sequência vieram: coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-6,53%), produtos de minerais não metálicos (-6%), produtos do fumo (-5,5%), produtos químicos (-2,9%), indústrias extrativas (-2,3%), bebidas (-1,6%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-0,3%), e produtos de borracha e de material plástico (-0,2%).
Em relação ao mês imediatamente anterior, a produção da indústria mineira teve um incremento de 1,3% no nono mês do ano. Nesse caso, não há dados por segmento.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, ante igual época do ano passado, a produção industrial em Minas Gerais subiu 0,7%. Oito, das 14 atividades, contribuíram para o resultado. A maior variação e a principal influência veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (14,1%). Os resultados dos outros segmentos foram esses, segundo o IBGE:
celulose, papel e produtos de papel (7,6%); produtos químicos (6,3%); máquinas e equipamentos (5,4%); metalurgia (1,6%); produtos alimentícios (1,1%); produtos de borracha e de material plástico (0,2%); produtos do fumo (0,1%); bebidas (-0,4%); indústrias extrativas (-1,2%); coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-1,7%); produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-3%); produtos de minerais não metálicos (-5,5%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,8%).
O Estado de S.Paulo - SP 12/11/2025
Boa notícia, mas nem tanto, a inflação mensal baixou de 0,49% em setembro para 0,09% em outubro, a menor taxa para o mês desde 1998, quando os preços ao consumidor subiram 0,02%. Mas a taxa acumulada no ano ainda ficou em 3,73%. O resultado medido em 12 meses bateu em 4,68%, superou o teto da meta, 4,50%, e continuou longe do centro do alvo, 3%.
Continua difícil apostar num resultado anual melhor que os 4,55% indicados no boletim Focus, baseado em pesquisa semanal conduzida no mercado pelo Banco Central (BC).
Projeções contidas no boletim apontam altas de preços de 4,20% em 2026 e de 3,80% em 2027 — desafios para o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e para quem ocupar seu gabinete no início do novo mandato presidencial. Inflação longe da meta e juros elevados ainda por muitos meses compõem um cenário ruim para o consumidor, para o empresariado e também para o ministro da Fazenda, impedido de conduzir livremente uma política de crescimento da produção e do emprego.
Sempre ruim para as famílias, a inflação poderia ter sido pior, no entanto, se a alta de preços fosse liderada pelos alimentos. Em outubro, no entanto, o custo da alimentação, o componente inflacionário de maior peso, variou apenas 0,01%.
Comer em casa ficou 0,16% mais barato, e o custo da alimentação fora do domicílio aumentou 0,46%. As maiores pressões sobre o orçamento vieram dos grupos saúde, cuidados pessoais e transportes
Apesar do recuo mensal, as perspectivas de inflação permanecem preocupantes, segundo o Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC). A insegurança decorre tanto de fatores externos, como a política econômica americana, quanto de causas internas, como a pressão de preços no setor de serviços e as incertezas quanto às finanças do governo.
Mais uma vez os dirigentes do BC mencionam a “desancoragem das expectativas” como justificativa para a manutenção do aperto na política de crédito. Apesar de alguns indicadores favoráveis à moderação dos preços, como a desaceleração econômica e o barateamento de produtos básicos, a solução continua sendo, segundo o comitê, a manutenção dos juros básicos de 15% durante um “período bastante prolongado”.
O ministro da Fazenda mostrou, inicialmente, algum desconforto diante da decisão do Copom, mas logo mudou sua atitude e se apresentou mais conformado. Se tivesse maior sucesso no esforço de conter impulso gastador do presidente da República, o ministro talvez fosse menos pressionado, em seu trabalho, pelo aperto monetário do BC.
Monitor Digital - RJ 12/11/2025
A desaceleração da inflação, para 0,09% em outubro (IPCA), o menor índice para o mês desde 1998, reforça um cenário de estabilidade de preços que pode favorecer o ambiente econômico e a previsibilidade para o setor produtivo, avalia a Rio Indústria.
“O resultado, abaixo do esperado pelo mercado, indica o efeito positivo da redução nas tarifas de energia elétrica, um fator de grande impacto nos custos industriais”, analisa a entidade. Ainda assim, a Rio Indústria pondera que a inflação acumulada em 12 meses, próxima ao teto da meta do Banco Central, requer cautela, especialmente diante das variações de preços em alimentos e insumos estratégicos.
Por outro lado, a entidade destaca que a atual taxa de juros da economia brasileira segue sendo um dos principais entraves ao avanço da indústria.
“A Selic elevada aumenta de forma significativa os custos de produção, encarece o crédito e inibe investimentos em ampliação e inovação. Diante do cenário de estabilidade inflacionária, esperamos que o Banco Central adote uma postura mais favorável à redução da taxa básica de juros, criando condições reais para o crescimento sustentável do setor produtivo e da economia como um todo”, avalia a Rio Indústria.
A entidade lembra que a produção industrial brasileira recuou 0,4% em setembro, segundo o IBGE, o que elimina parte do avanço registrado em agosto. Para a Rio Indústria, o resultado reforça a necessidade de medidas que estimulem a atividade produtiva e ampliem a competitividade do setor, que ainda opera 14,8% abaixo do pico histórico de 2011.
Apesar do recuo, o crescimento de 2% na comparação anual e a alta de 1,5% no acumulado de 12 meses demonstram uma trajetória de recuperação moderada, mas consistente.
O IPCA acumula alta de 4,68% em 12 meses, abaixo dos 5,17% registrados no período anterior e rompendo, pela primeira vez em oito meses, o patamar de 5%. Apesar disso, o índice permanece acima do teto da meta de inflação definida pelo governo, de 4,5%, considerando a meta central de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual.
Diário do Comércio - MG 12/11/2025
A inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechou outubro em 0,03%, mostrando redução em relação ao 0,52% de setembro. Com o resultado, o acumulado de 12 meses fica em 4,49%. Nos 12 meses encerrados em setembro, o índice chegava a 5,1%.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em outubro, os produtos alimentícios pesquisados pelo IBGE tiveram variação nula (0%). Já os não alimentícios subiram 0,04%.
Conta de luz ajuda
O grupo de produtos e serviços que mais puxou o INPC para baixo foi a habitação (-0,32%), que representou impacto de menos 0,06 ponto percentual.
A explicação está na migração da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para 1. No 2, há cobrança adicional de R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos. Já no nível 1, vigente em outubro, o extra é de R$ 4,46.
A cobrança extra é determinada pela Aneel para custear usinas termelétricas em tempos de baixa nos reservatórios das hidrelétricas. O adicional é necessário, pois a energia gerada pelas termelétricas é mais cara que a hidrelétrica.
Salários
O INPC é muito utilizado como indexador para cálculo de reajuste anual de salários de diversas categorias.
O salário mínimo, por exemplo, além de outras métricas, leva o INPC anual de novembro para chegar ao valor no ano seguinte. O seguro-desemprego, o benefício e o teto do INSS são reajustados com base no resultado de dezembro.
INPC x IPCA
O IBGE divulgou também nesta terça-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conhecido como inflação oficial, que ficou em 0,09% em setembro e 4,68% em 12 meses.
A diferença entre os dois índices é que o INPC apura a inflação para as famílias com renda de um até cinco salários mínimos e o IPCA para lares com renda de um até 40 salários mínimos. Atualmente o mínimo é de R$ 1.518.
O IBGE confere pesos diferentes aos grupos de preços pesquisados. No INPC, por exemplo, os alimentos representam quase 25% do índice, mais do que no IPCA, cerca de 21%, pois as famílias de menor renda gastam proporcionalmente mais com comida. Na ótica inversa, o preço de passagem de avião pesa menos no INPC do que no IPCA.
De acordo com o IBGE, a apuração do INPC “tem por objetivo a correção do poder de compra dos salários, através da mensuração das variações de preços da cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento”.
A coleta de preços é feita em dez regiões metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. A coleta também é feita em Brasília, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Valor - SP 12/11/2025
O mercado está se preparando para a primeira entrega da enorme mina de Simandou, na Guiné, dizem analistas da ANZ
O minério de ferro voltou a subir nesta terça-feira (11), se recuperando da queda na primeira sessão de negociações da semana.
Os contratos para janeiro, os mais negociados na Bolsa de Dalian, subiram 0,20%, a 763 yuans (US$ 107,17).
O mercado está se preparando para a primeira entrega da enorme mina de Simandou, na Guiné, dizem analistas da ANZ.
“Os estoques nos portos estão aumentando devido ao crescimento das importações e à menor produção de aço”, acrescentam.
Infomoney - SP 12/11/2025
A Vale (VALE3) reconquistou de vez a confiança do mercado? Os últimos passos da mineradora, cujas ações sobem quase 30% em 2025 (mais precisamente, 28,59% até o fechamento de 10 de novembro na B3 e 39% em dólares), indicam que sim.
O último balanço , do terceiro trimestre de 2025 (3T25), trouxe boas notícias para os investidores, com resultado operacional sólido, forte contribuição de sua divisão de minério de ferro e refletindo a flexibilidade da empresa. Além disso, trouxe sinalizações de que em breve a Vale pode anunciar dividendos extraordinários.
Com base nos resultados, o Bradesco BBI revisou suas estimativas e ressaltou que as ações da mineradora têm mais potencial de crescimento, mantendo assim recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e com preço-alvo de US$ 15 para os ADRs (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) para 2026, ou potencial de alta de 22% em relação ao fechamento da véspera.
“Com as ações da Vale subindo 39% no acumulado do ano em dólares — bem acima do ganho médio de 15% entre seus pares internacionais (ou +49% contra +23% em retornos totais) — os investidores agora debatem se é hora de realizar lucros, principalmente porque estamos entrando em um período sazonalmente mais fraco para a demanda de minério de ferro. No entanto, mantemos nossa recomendação, considerando os níveis atuais um ponto de entrada atraente”, apontam os analistas do BBI.
Eles acreditam que o forte desempenho reflete a crescente confiança dos investidores na nova equipe de gestão, que vem construindo um sólido histórico de execução e disciplina de capital.
Para a equipe de análise do banco, as ações continuam sendo negociadas com um grande desconto em relação aos seus pares (rendimento de FCF, ou fluxo de caixa livre, estimado para 2026 de 10,5% contra 5,2%), enquanto a projeção de Ebitda (ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2026-2027 aponta para um potencial de alta superior a 5% em relação ao consenso.
Remuneração sólida à frente
Embora ainda vejam alguns investidores questionando a capacidade da Vale de manter uma remuneração sólida para os acionistas no futuro, os analistas do BBI acreditam que isso continuará sendo uma prioridade fundamental para a administração.
Durante a teleconferência da Vale sobre os resultados do 3º trimestre de 2025, o diretor financeiro, Marcelo Bacci, observou que, com os preços do minério de ferro acima de US$ 100 a tonelada (t), a dívida líquida expandida deverá convergir para o ponto médio da meta (US$ 15 bilhões) no curto prazo, criando capacidade adicional para aumentar os retornos aos acionistas, mesmo após a recompra de aproximadamente US$ 700 milhões em debêntures participativas.
Embora a dívida líquida expandida da Vale deva permanecer ligeiramente acima do limite de US$ 15 bilhões, considerando a estimativa do BBI de US$ 105/t para o minério de ferro no 4º trimestre de 2025, a administração ainda poderá anunciar dividendos extraordinários antes de atingir esse patamar.
” Com base em distribuições anteriores, estimamos que a empresa poderá anunciar entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão no 4º trimestre de 2025 (rendimento de 1% a 2%), mantendo sua dívida líquida expandida abaixo de US$ 17 bilhões. Olhando para 2026, com base em nossa estimativa de Ebitda de US$ 16,9 bilhões, vemos espaço para a empresa pagar US$ 3,5 bilhões em dividendos mínimos, o que implica um rendimento de dividendos de 6,7%”, aponta. Enquanto isso, também esperam que a dívida líquida expandida da empresa atinja US$ 13,2 bilhões no final de 2026 (minério de ferro a US$ 100/t), criando espaço para US$ 1,8 bilhão em retornos extraordinários (rendimento de 3,4%), elevando o rendimento total de dividendos para 10,1%.
O banco pondera que há um debate entre otimistas versus pessimistas sobre a Vale.
Os otimistas ressaltam que: (i) A demanda chinesa por minério de ferro permanece em níveis sólidos, e qualquer desaceleração adicional provavelmente será compensada pelo crescimento da demanda do Sudeste Asiático; (ii) A trajetória da Vale melhorou nos últimos trimestres, e a empresa parece preparada para entregar uma combinação de crescimento da produção, custos/capex (investimentos em capital) mais baixos e geração sólida de fluxo de caixa livre nos próximos anos; (iii) A Vale mantém uma estrutura de alocação de capital clara e disciplinada, com menores necessidades de capex e fluxo de caixa livre recorrente mais forte em comparação com seus pares internacionais; (iv) A Vale tem apresentado melhorias consistentes em sua divisão de Metais Básicos, mas iniciativas adicionais de autossustentabilidade e as perspectivas de crescimento do cobre ainda não estão precificadas.
Já os pessimistas consideram que: (i) a economia chinesa pode ainda não refletir totalmente os efeitos da escalada da guerra comercial. Isso, combinado com o enfraquecimento do setor imobiliário e o esperado aumento da oferta de minério de ferro em 2026 (por exemplo, Simandou), sustenta uma visão pessimista sobre os preços do minério de ferro; (ii) os preços do minério de ferro permanecem bem acima da curva de custo marginal (US$ 90-95/t), e novas medidas econômicas na China provavelmente não alterarão a perspectiva de preços no médio prazo; (iii) a Vale negociando com um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF) em torno de 10%, com preços do minério de ferro a US$ 100/t, não oferece um bom perfil de risco-retorno — os rendimentos podem cair para um dígito médio se os preços do minério de ferro subirem. (iv) algumas incertezas, incluindo as reivindicações do Reino Unido e a concessão ferroviária, podem representar riscos de queda no desempenho a curto prazo.
Visão construtiva
O BBI, por sua vez, tem uma visão construtiva para o minério de ferro. O banco aponta que, mais uma vez, os preços surpreenderam positivamente em 2025. O desempenho superior foi impulsionado principalmente pelos fundamentos sólidos da demanda, com a produção de ferro-gusa na China permanecendo resiliente apesar da queda nos níveis de produção de aço bruto — uma tendência que espera que persista nos próximos trimestres. Do lado da oferta, persistem as preocupações em torno do projeto Simandou, mas continua a prever um aumento gradual da produção, com apenas cerca de 20 milhões de toneladas entrando no mercado em 2026.
“Embora reconheçamos que os preços do minério de ferro possam enfrentar pressão adicional no curto prazo, à medida que a China entra em um período de atividade sazonal mais moderada, mantemos nossa visão de que os preços têm pouco espaço para cair abaixo da marca de US$ 100/t. Dito isso, mantemos nossa previsão de preço do minério de ferro em US$ 100/t para 2026 e preços de longo prazo em US$ 95/t (em termos reais)”, reforça.
Além disso, a nova equipe de gestão da Vale estabeleceu um sólido histórico operacional nos últimos trimestres, atingindo níveis de produção recordes em vários anos e mantendo-se em um ritmo favorável para alcançar o limite superior de sua projeção de produção para 2025, segundo o BBI. O sólido desempenho da empresa é sustentado por volumes mais fortes do sistema S11D e pelo aumento da contribuição dos sistemas Sul e Sudeste — refletindo a expansão contínua de Vargem Grande e Capanema — parcialmente compensado pelo desempenho mais fraco em Serra Norte. Enquanto isso, em resposta às condições cada vez mais desafiadoras do mercado de pelotas, a Vale redirecionou estrategicamente a produção para finos, realocando-se para a produção de minério de ferro.
Por sinal, a nova estratégia comercial já está produzindo resultados importantes. O BBI ressalta que a empresa deixou de se concentrar na produção da mais alta qualidade possível e passou a adotar uma abordagem mais centrada no cliente, adaptando sua produção para atender às necessidades específicas de cada cliente.
Como resultado, a Vale desenvolveu novos produtos de qualidade média em Carajás, o que se traduziu em benefícios imediatos para a empresa, com os prêmios para esses minérios de qualidade média (incluindo o carro-chefe BRBF, Brazilian Blend, uma mistura que equilibra custo e qualidade) aumentando em cerca de US$ 3/t em relação aos níveis do ano anterior, o que se traduz em ganhos de Ebitda anualizados de aproximadamente US$ 750 milhões. “Olhando para o futuro, embora reconheçamos que os prêmios também dependam em grande parte da evolução das margens das siderúrgicas, esperamos que a Vale continue se beneficiando dessa abordagem mais flexível”, reforça.
O banco americano mantém recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para a Vale. “A próxima revisão do benchmark, combinada com a gradual queda na qualidade do minério australiano e a redução contínua da sílica pela Vale, aponta para uma perspectiva de melhoria nos preços realizados da Vale”, avalia.
Também após os resultados, o Safra introduziu um novo preço-alvo para a Vale, de US$ 11,50 para US$ 13,20 por ADR para 2026, com recomendação de compra para os ativos. O banco também destacou que a ação está atrativa comparada a seus pares australianos, além de ter elevado as suas estimativas para o Ebitda para refletir uma melhora mais ampla nos preços das commodities.
O Safra elevou as projeções do lucro operacional para a Vale para US$ 16,6 bilhões em 2026 (+8%) e US$ 16,7 bilhões em 2027 (+11%), refletindo melhor desempenho de custos e preços de commodities mais fortes em minério de ferro e metais para transição energética.
Cabe destacar que, antes mesmo da divulgação do balanço, no fim de outubro, o BTG Pactual elevou a recomendação para as ações de neutra para compra, cerca de oito meses após tê-las rebaixado em março. O preço-alvo para as ADRs da companhia subiu de US$ 11 para US$ 15.
O banco destacou que, em março de 2024, quando foi o papel foi rebaixado, apontava conflito no conselho, desempenho operacional fraco, interferência governamental elevada, pendências de Brumadinho e Samarco e dúvidas sobre a trajetória do minério de ferro. De lá para cá, explica, o papel ficou para trás do mercado, mas acumulou recuperação de 22% em reais, com preços do minério bem acima do previsto e por resultados internos melhores que o esperado.
Para os analistas, a história microeconômica (da gestão da empresa) surpreendeu positivamente, com disciplina de capital e agenda de eficiência. “Ainda sentimos que esta é uma tese com baixa alocação nas carteiras, embora tenha havido alguma recompra de short sellers (parte do mercado que apostava na queda) e compras tímidas de alguns investidores. Apesar do risco de ser uma revisão tardia, acreditamos que o cenário para os próximos trimestres é favorável”, avaliou na ocasião.
O início de produção de Simandou continua sendo o principal risco para a tese, avalia, mas os analistas ganharam confiança de que ele não deve comprometer a estabilidade dos preços na faixa de US$ 95–105/t.
Além disso, embora os dividendos extraordinários no curto prazo devam ser modestos (1–2% de yield adicional), devem ganhar tração nos próximos trimestres/anos.
De acordo com compilação feita por analistas consultados pela Reuters, a maior parte dos analistas está otimista com os ADRs da Vale, com 9 recomendações de compra, ainda que 6 casas tenham visão neutra para os ativos. Contudo, a visão de dias melhores tem aumentado: em setembro, a visão era dividida: 8 casas recomendavam compra e 8 recomendavam manutenção dos papéis. Enquanto isso, não houve recomendação de venda em nenhum dos períodos.
Valor - SP 12/11/2025
As tarifas americanas de 27,5% sobre produtos japoneses estiveram em vigor durante quase todo o período de abril a setembro
As sete maiores montadoras do Japão viram suas receitas combinadas reduzidas em 1,5 trilhão de ienes (US$ 9,74 bilhões) devido às tarifas americanas no período de abril a setembro, segundo resultados divulgados até segunda-feira. O lucro líquido do primeiro semestre apresentou piora generalizada, a primeira desde o início da pandemia de covid-19, em março de 2020.
"Este é o novo normal, que esperamos que continue no futuro próximo", disse Noriya Kaihara, vice-presidente executivo da Honda, em uma entrevista coletiva para anunciar os resultados do primeiro semestre.
As tarifas americanas de 27,5% sobre produtos japoneses estiveram em vigor durante quase todo o período de abril a setembro, tendo sido reduzidas para 15% pelo governo americano em 16 de setembro.
Além do impacto negativo das tarifas, a valorização do iene reduziu o lucro operacional combinado das sete montadoras em 700 bilhões de ienes. Nissan, Mazda e Mitsubishi registraram prejuízos líquidos.
O lucro líquido combinado das sete montadoras no período foi de pouco menos de 2,1 trilhões de ienes, uma queda de cerca de 30% em relação ao mesmo período do ano passado, marcando o segundo ano consecutivo de declínio. Os lucros teriam sido significativamente maiores sem o impacto das tarifas e da variação cambial.
Espera-se que as tarifas causem um impacto de aproximadamente 2,5 trilhões de ienes nos resultados das empresas para o ano fiscal que termina em março de 2026.
Mazda e Subaru, com seus principais mercados na América do Norte, foram duas das mais afetadas pelas tarifas. O mercado americano representa aproximadamente 30% das vendas globais da Mazda. Como grande parte desses veículos é exportada do Japão, as tarifas reduziram os lucros em 97,1 bilhões de ienes somente no período de abril a setembro, resultando no primeiro prejuízo líquido da empresa em cinco anos.
A Mazda esperava inicialmente que a redução das tarifas entrasse em vigor em agosto. "A implementação da redução das tarifas de importação de automóveis entre o Japão e os Estados Unidos ocorreu mais tarde do que prevíamos inicialmente", disse Jeffrey H. Guyton, diretor financeiro da Mazda, em uma apresentação de resultados. "O impacto disso no segundo trimestre foi de 10,3 bilhões de ienes, o que explica amplamente o prejuízo."
A Subaru também sofreu um grande impacto, já que 80% de suas vendas são destinadas aos Estados Unidos. As vendas cresceram com o lançamento de novos modelos durante o período, mas os 154,4 bilhões de ienes destinados às tarifas anularam qualquer lucro. Agora que as tarifas parecem ser permanentes, a Subaru lançou uma iniciativa que prevê cortes de custos no valor de 200 bilhões de ienes até 2030.
A Toyota foi a grande vencedora do período devido às fortes vendas de seus veículos híbridos. Mesmo com 900 bilhões de ienes destinados às tarifas, suas vendas globais cresceram 5% em relação ao ano anterior, atingindo um novo recorde. Apenas a Toyota e a Subaru registraram crescimento no volume de vendas durante esse período.
O aumento de 9% nas vendas de híbridos lucrativos da Toyota e o corte de custos bem-sucedido resultaram em uma queda de apenas 7% no lucro líquido, o melhor resultado entre as sete maiores montadoras japonesas. "A demanda por híbridos é extremamente forte nos Estados Unidos", disse o diretor financeiro Kenta Kon, acrescentando que a empresa espera que essa tendência continue.
A Toyota também obteve sucesso notável em outros mercados. As vendas da empresa aumentaram 6% na China, enquanto a Honda e outras montadoras japonesas reclamavam da concorrência local.
"É um bom sinal que a Toyota tenha conseguido se recuperar tanto na China quanto na América do Norte", disse Seiji Sugiura, analista sênior do Tokai Tokyo Intelligence Laboratory. "Sua forte linha de produtos está fazendo a diferença."
Mas as montadoras japonesas têm uma nova preocupação para o segundo semestre do ano fiscal: a fabricante de chips Nexperia, de propriedade chinesa e controlada por holandeses, suspendeu as entregas.
A Honda teve que reduzir drasticamente a produção de seus principais modelos no México e nos Estados Unidos no final de outubro devido ao uso de chips da Nexperia em alguns componentes. Isso levou a montadora a revisar para baixo sua previsão de lucro líquido para o ano fiscal, devido a um impacto estimado de 150 bilhões de ienes no lucro operacional.
A Suzuki não vende veículos de quatro rodas nos Estados Unidos, o que significa que as tarifas a afetaram apenas ligeiramente. Mas a empresa também está se preparando para riscos relacionados a chips no segundo semestre do ano fiscal.
Embora a Suzuki espere se beneficiar de cortes de impostos em seu principal mercado, a Índia, sua previsão para este ano fiscal permanece inalterada devido aos riscos de fornecimento de chips. "Continuaremos acompanhando os desdobramentos para evitar qualquer impacto na produção", disse Naomi Ishii, vice-presidente executiva da Suzuki.
Todas as sete montadoras basearam suas previsões em uma taxa de câmbio na faixa de 140 a 147 ienes por dólar. Atualmente cotada a 154 ienes por dólar, um valor mais fraco do que o esperado, a taxa de câmbio tem sido um fator positivo para os balanços patrimoniais.
"Ainda é muito cedo para ver o impacto total das tarifas", disse Sugiura, do Laboratório de Inteligência Tokai Tokyo. "Cada empresa considerou o impacto das tarifas sobre seus fornecedores em uma medida diferente. O desempenho ainda está sujeito a mudanças."
Automotive Business - SP 12/11/2025
As marcas chinesas que desembarcam às dúzias no Brasil já querem chegar, chegando. A Jetour, por exemplo, vai começar as operações no primeiro trimestre, mas se apressa em falar sobre produção local e até híbrido flex a curto e médio prazos.
Em evento para detalhar o plano de atuação no país, em São Paulo (SP), a divisão de SUVs do Grupo Chery confirmou os três modelos que serão lançados no primeiro trimestre de 2023. São eles os híbridos plug-in S06, T1 e T2 (o da foto) os quais detalharemos mais abaixo.
Jetour quer P&D no Brasil para híbrido flex
Os veículos serão importados da China e vendidos nas mais de 40 concessionárias que a Jetour vai abrir no começo do ano que vem. Depois, mais seis outros SUVs virão para cá. A operação será independente da Chery, que por aqui já trabalha com as marcas Omoda Jaecoo e tem joint venture com o Grupo Caoa desde 2017.
O trio está em fase final de testes de rodagem pelo Brasil. Um time de engenheiros local avalia e define os ajustes necessários e a matriz na China faz a tropicalização.
Contudo, nas palavras dos executivos da Jetour, isso será temporário. A Jetour tem um plano ousado de operações locais para breve.
Um deles inclui montagem em CKD ou SKD de veículos. Segundo Henrique Sampaio, diretor de marketing, produto e imprensa da Jetour, desde o começo do ano representantes da montadora estão em busca de locais para a instalação de uma linha de montagem.
Um detalhe é que o plano estratégico global da Jetour prevê a abertura de 15 novas linhas de montagem. Quatro delas foram da China.
Temos intenção de produzir no curto e médio prazos, já buscando o desenvolvimento de fornecedores locais, garante Henrique Sampaio.
Parceria industrial pode ser caminho mais curto
As recorrentes parcerias industriais não estão descartadas, mas o executivo, obviamente, não dá detalhes sobre como andam, nem com quem estão sendo feitas tais negociações. Nos bastidores, contudo, a planta da Comexport em Horizonte (CE), onde será montado o Chevrolet Spark, é a mais cotada.
Outra frente nas prioridades da empresa é um motor flex. A Jetour garante que vai desenvolver um conjunto eletrificado bicombustível a médio prazo.
Para tal, nos planos da Jetour também está a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Hoje a marca tem P&Ds na China, México e Europa, que reuniram mais de R$ 15 bilhões em investimento e somam mais de 20 mil engenheiros.
Os carros que a Jetour vai lançar no Brasil
A fabricante chinesa confirmou os três SUVs que vai vender no Brasil no começo de 2026, mas sem grandes detalhes. O que se sabe é que o trio usa motor híbrido plug-in, sempre aliado a uma unidade 1.5 turbo a gasolina. E todos com uma vontade de ser premium.
Jetour S06
S06 tem proposta urbana
Um deles é o S06, crossover médio com 4,61 metros de comprimento, desenho genérico e proposta mais urbana. Entre os equipamentos, além dos itens de assistência à condução, chassi transparente, câmera 360 graus, ar automático com duas zonas e bancos com ventilação.
Jetour T1
T2 tem modo de condução todo terreno
O T1, por sua vez, tem um visual mais jipinho, que lembra até um Spark parrudo. Ele mede 4,70 metros no comprimento e 1,90 m na largura, terá modo de condução todo terreno, vidros laterais laminados e chapa de aço inferior para proteger as baterias no fora de estrada.
Jetour T2
T2 é o SUV fora de estrada de luxo
O modelo mais caro e completo será o T2. Esse tem uma carroceria que lembra os SUVs da Land Rover, mas com uma grade dianteira que parece beber na fonte da Jeep.
O T2 trabalha com dois motores elétricos, tem suspensão elevada, tração 4×2 e 4×4 e um sistema que mede o nível de água de trechos alagados para orientar o motorista.
Segundo a Jetour, os três carros terão garantia de sete anos, com a bateria com cobertura de oito anos.
A estratégia da fabricante inclui, ainda, venda de acessórios, grife de roupas e clube de benefícios para os clientes da marca.
Valor - SP 12/11/2025
Segundo a Abraciclo, que representa 97% do mercado, outubro foi o melhor mês do ano; 2025 caminha para ser 3º melhor ano na história do setor
A produção de motos no Brasil em outubro cresceu 21,8% na comparação anual, atingindo 188,8 mil unidades montadas. Segundo números divulgados, na manhã desta terça-feira (11), pela Abraciclo, associação que representa 11 montadoras do Polo Industrial de Manaus e responsáveis por 97% do mercado, outubro foi o melhor mês do ano. Na comparação com setembro, o setor cresceu 11,6%.
Ao contrário dos ultimos dois anos, em 2025, o setor não sofreu com as consequências da seca em Manaus. Em 2023 e 2024, os fabricantes enfrentaram problemas de logística pelo baixo nível dos rios na região e houve casos de paralisação de algumas linhas de montagem por falta de insumos e peças.
No acumulado do ano, o setor apresenta expansão de 14% sobre os dez primeiros meses de 2024, com 1,685 milhão de motocicletas produzidas. A expectativa da Abraciclo para 2025 é de crescimento de 11,5% na produção, chegando a 1,95 milhão de motocicletas montadas no Polo Industrial de Manaus.
2025 caminha para ser 3º melhor ano na história do setor
Mantido o bom desempenho do setor em novembro e dezembro e confirmada a expectativa da Abraciclo, o ano de 2025 deve ser o terceiro melhor na história do setor, que já passou a marca de 2 milhões de motos produzidas em 2008 e 2011.
As vendas no mercado interno justificam o aquecimento da produção. E outubro, foram emplacadas 209,8 mil motocicletas, alta de 25,8% sobre o mesmo mês do ano passado. Na comparação com setembro, a expansão é de 1,9%. Foi o melhor outubro da história do setor.
No acumulado de dez meses, a soma é de 1,824 milhão de motocicletas licenciadas, volume 15,6% superior ao mesmo período de 2024. A estimativa da Abraciclo é de emplacar 2,1 milhões de motocicletas neste ano, alta de 11,9% sobre o ano passado.
As exportações do setor também apresentam crescimento no ano, mas a base de comparação é historicamente baixa. Em outubro, foram embarcadas 5.568 unidades, crescimento de 87,9% sobre o mesmo mês de 2024 e de 5,9% na comparação com setembro. No ano, são 35.058 motocicletas exportadas, alta de 30,7% sobre os primeiros dez meses de 2024.
CNN Brasil - SP 12/11/2025
A Toyota apresentou seus planos de sustentabilidade durante a COP30, em Belém, destacando sua estratégia de múltiplos caminhos para a redução de carbono. A montadora japonesa reforça sua aposta em modelos híbridos e no uso do etanol, especialmente no mercado brasileiro.
A empresa adota uma abordagem que privilegia soluções adequadas aos contextos regionais de cada país. No Brasil, a combinação entre eletrificação e biocombustíveis tem demonstrado resultados expressivos, com reduções de até 70% nas emissões em comparação ao uso de combustíveis fósseis.
Expansão do modelo brasileiro
O modelo brasileiro de utilização de etanol em veículos híbridos tem despertado interesse internacional. Países como Índia, Itália e Colômbia, que também possuem produção significativa de etanol, são mercados potenciais para a replicação desta tecnologia. Em entrevista exclusiva ao CNN Money, Evandro Maggio, presidente da empresa no Brasil, diz que a Toyota mantém diálogos constantes com o governo indiano e participa de discussões no âmbito do Global Alliance Fields.
Maggio também destaca a escolha da companhia por veículos híbridos se baseia em três elementos principais: praticidade, infraestrutura existente e custos acessíveis. O Brasil, com 50 anos de experiência em biocombustíveis e uma rede de distribuição consolidada, oferece condições ideais para esta tecnologia.
Durante o evento climático, a Toyota também destacou iniciativas de colaboração intersetorial. A empresa tem trabalhado com a Embrapa para aumentar a produtividade do biocombustível e aplicado seu sistema de produção em usinas de etanol, visando maior eficiência e redução de custos.
Diário do Comércio - MG 12/11/2025
O Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) aprovou o reajuste dos valores máximos de imóveis que podem ser financiados pelo Minha Casa, Minha Vida para as faixas 1 e 2, voltadas para famílias de menor renda. A medida não altera o subsídio direto às famílias (desconto dado no financiamento), mas vai permitir que mais imóveis possam ser financiados pelo programa de habitação.
O limite máximo de financiamento para famílias que se enquadram nas duas primeiras faixas subiu para até R$ 275 mil, variando o valor de acordo com o município.
Hoje, o teto de financiamento para famílias com renda familiar bruta de até R$ 4.700 por mês é de R$ 264 mil, também com variações municipais. Segundo técnicos do governo, 263 municípios serão beneficiados.
*
Número de habitantes – Limite atual do valor do imóvel – Novo teto
Acima de 750 mil – R$ 264 mil – R$ 275 mil
Entre 300 mil e 750 mil – R$ 250 mil – R$ 270 mil
Entre 100 mil e 300 mil – R$ 230 mil – R$ 245 mil
O Ministério das Cidades afirma que norteou o reajuste após avaliar que o número de contratações caiu na faixa 1 e na região Norte do país.
A expectativa do governo federal é que a atualização dos valores atraia mais construtoras e incorporadoras para atuar nas faixas mais baixas do programa e compense a alta nos custos da construção civil.
Composto por representantes do governo, dos trabalhadores e dos empregadores, o Conselho Curador do FGTS é responsável por definir as diretrizes de uso dos recursos do Fundo de Garantia, que financia também o programa habitacional.
A mudança deve permitir ao governo Lula atingir 3 milhões de unidades contratadas pelo Minha Casa, Minha Vida até o fim deste mandato, superando a meta inicial de 2 milhões no período de quatro anos.
O programa é uma das vitrines da gestão petista. O reajuste dos tetos se soma a um conjunto de ações do governo, que inclui o aumento no subsídio para o valor de entrada, a redução das taxas de juros e a criação de uma nova faixa, voltada à classe média.
Em 2025, o Minha Casa contratou quase 200 mil unidades na faixa 1 e quase 157 mil unidades na faixa 2, correspondendo a 29% das contratações. O governo estima fechar o ano com 660 mil unidades contratadas, das quais 620 mil serão financiadas somente com recursos do FGTS, o que representaria um recorde.
Nesta terça, o Conselho Curador do FGTS aprovou ainda o orçamento de R$ 160,5 bilhões para empréstimo habitacional e projetos de saneamento em 2026. O valor é 5,4% maior do que os R$ 152,3 bilhões disponíveis para este ano Do total, R$ 144,6 bilhões serão destinados à habitação.
O colegiado também aprovou o orçamento plurianual de 2027 a 2029. Em 2027, serão destinados R$ 144,50 bilhões para habitação. O montante cai para R$ 139,50 bilhões em 2028 e 2029.
Para saneamento básico e infraestrutura urbana o orçamento permanecerá em R$ 8 bilhões ao ano de 2026 a 2029.
Valor - SP 12/11/2025
Custo nacional da construção por metro quadrado foi de R$ 1.877,29 no antepenúltimo mês de 2025
A inflação medida pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) se situou em 0,27% em outubro, após ficar em 0,50% em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outubro de 2024, o indicador foi de 0,53%. Esse foi um dos menores resultados do ano, ficando atrás apenas da taxa registrada em fevereiro (0,23%).
Com o resultado, o indicador registrou elevação de 5,30% nos 12 meses até outubro, ante 5,58% até setembro.
O custo nacional da construção por metro quadrado foi de R$ 1.877,29 em outubro, sendo R$ 1.071,42 relativos aos materiais e R$ 805,87, à mão de obra. Em setembro, esse custo nacional totalizava R$ 1.872,24.
Assim, em outubro, a parcela dos materiais subiu 0,31%, ante 0,38% em setembro. Em outubro de 2024 essa parcela havia aumentado 0,79%.
Já a parcela da mão de obra, com apenas um acordo coletivo captado, avançou 0,22% em outubro, ante aumento de 0,65% em setembro. Em outubro de 2024, essa fatia tinha subido 0,16%.
Infomoney - SP 12/11/2025
A Cury Construtora (CURY3), uma das líderes do mercado imobiliário residencial, figura no Prêmio ‘As Marcas Mais Valiosas do Brasil 2025’ elaborado pela TM20 Branding em parceria com o InfoMoney. A companhia ocupa a 2ª posição no setor ao cravar valor financeiro da marca em R$ 3,41 bilhões.
“É uma alegria ocupar o segundo lugar do ranking ao lado de companhias relevantes para o nosso setor e o desenvolvimento do país. Chegar a esse lugar é resultado de um trabalho permeado por sólidos resultados financeiros, dedicação de uma equipe altamente qualificada e reconhecida, processos bem definidos e uma base de clientes fidelizada. Estamos gratos e bastante orgulhosos”, diz Leonardo Mesquita da Cruz, Vice-presidente de Negócios da Cury.
5 anos de IPO
A jornada de 63 anos da Cury no setor da Construção Civil se traduz em uma trajetória de sucesso, que reflete a estratégia de avanço gradual da operação em diversas frentes.
Um dos momentos mais simbólicos da sua história foi a abertura de capital na Bolsa de Valores, que completou cinco anos em setembro, mesmo mês em que a companhia passou a fazer parte da carteira teórica do Ibovespa.
Desde a oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês), os papéis da companhia valorizaram mais de 400%.
Neste período, o valor de mercado da Cury evoluiu de R$ 3 bilhões para mais de R$ 10 bilhões, acompanhado da distribuição de R$ 1,8 bilhão em dividendos, enquanto o Volume Médio Diário de Negociação (ADTV) passou de R$ 11,9 milhões para mais de R$ 60 milhões, evidenciando maior liquidez e o crescente interesse no papel.
“Um dos nossos principais acertos foi cravar a transição de uma empresa média para uma empresa grande com o IPO, e seguir mantendo os nossos números eficientes. Trata-se de um case de sucesso no mercado, especialmente por ser um negócio que gera um grande valor para a sociedade”, diz Leonardo Mesquita, vice-presidente de Negócios da Cury.
Em meio à atuação robusta, a base de acionistas cresceu de 1,5 mil para mais de 38 mil investidores, sendo 37 mil pessoas físicas. A participação estrangeira nos papéis, por sua vez, avançou de 5,3% para 36,9%, elevando o free float de 14,8% para mais de 70% entre os acionistas do exterior.
Números em ascensão
O crescimento operacional da companhia acompanha o reconhecimento do mercado. O banco de terrenos mais que dobrou ao passar de R$ 10,5 bilhões, em 2020, para os atuais R$ 23,3 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV).
Já os lançamentos evoluíram de R$ 1,5 bilhão, de 2020, para os atuais R$ 8,3 bilhões nos últimos doze meses. No mesmo período, as vendas líquidas avançaram de R$ 1,3 bilhão para R$ 7,6 bilhões.
Os resultados refletiram diretamente no lucro líquido da companhia, que saltou de R$ 190 milhões, em 2020, para R$ 870 milhões.
O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), por sua vez, subiu de 46% para 70% nos últimos 5 anos, com a geração de caixa acompanhando o crescimento ao evoluir de R$ 170 milhões para R$ 513 milhões.
Na avaliação de Mesquita, os números robustos refletem a estratégia da empresa de explorar cada vez mais terrenos em São Paulo e no Rio de Janeiro localizados em regiões com maior infraestrutura de mobilidade.
“O nosso público busca imóveis com qualidade e que estejam perto de grandes modais de transporte. Por isso, priorizamos lançamentos em locais que prezam pela diminuição do tempo de deslocamento nas grandes capitais”, pontua o executivo.
Viés social do negócio
Leonardo Mesquita complementa que a estratégia da companhia é centrada em contribuir para reduzir o déficit habitacional do país.
“Contribuímos para que diversas famílias realizem o sonho da casa própria, além de seguirmos sendo uma marca empregadora e que gera valor aos acionistas”, afirma.
Atualmente, a Cury agrupa com mais de 6 mil profissionais diretos e indiretos, e tem uma série de reconhecimentos pela sua atuação no mercado nacional.
São exemplos o Prêmio Top Imobiliário, Prêmio Master Imobiliário e Ademi-RJ, além da certificação máxima de repassadora pela Caixa Econômica Federal, com nível A no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-h).
Mais informações sobre os lançamentos da Cury podem ser acessadas no site.
Valor - SP 12/11/2025
Linha que deve atravessar Bahia tem três etapas distintas de obras estruturais; empresa foi impactada pela invasão da Rússia à Ucrânia
Mesmo a 18 mil km de distância, o conflito entre Rússia e Ucrânia paralisou parte das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) na Bahia (Fiol). Em abril, a Bahia Mineração (Bamin), responsável pela construção, suspendeu a obra do trecho 1 da via, entre Caetité e Ilhéus. Isso porque a empresa, controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), é do Cazaquistão, que sentiu fortemente os impactos econômicos da guerra.
“A Bamin, infelizmente, teve um problema sério com a guerra e ficou sem recursos para implementar [a Fiol 1]. O governo está tratando esse assunto como prioridade, e eu acho que isso vai se resolver”, disse Jorge Bastos, presidente da Infra S.A., em evento do Valor no final de outubro.
Procurada, a Bamin não se manifestou. Também no fim de outubro, porém, o presidente da empresa, Eduardo Ledsham, abordou o tema durante a abertura da Exposibram, congresso de mineração que ocorreu em Salvador. Ele confirmou que a empresa sofreu impactos econômicos decorrentes do conflito ucraniano e que, desde então, vinha procurando soluções para capitalizar R$ 5,7 bilhões em investimentos.
“Estamos trabalhando com três propostas reais [de potenciais investidores], todas interessadas em um projeto integrado - mina, ferrovia e porto”, afirmou Ledsham na ocasião, acrescentando que cerca de R$ 4,8 bilhões já estão assegurados via linhas de crédito do governo federal. O restante deve vir do novo sócio na empreitada.
Mas a espinha dorsal da estratégia é a conclusão da Fiol 1, que, embora paralisada, tem 62% das obras concluídas, segundo o CEO da Bamin. O novo parceiro da empresa deve ser definido até o começo do ano que vem, mas essa reconfiguração deve passar pela repactuação do contrato de concessão, mediante solicitação da extensão do cronograma de 2027 para 2031. “É um processo natural. Um projeto dessa dimensão exige ajuste de prazos e de responsabilidades, sempre em diálogo com o Ministério dos Transportes e a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres]”, apontou o executivo.
Tanto pela empresa quanto pelo governo, a integração entre logística das ferrovias, agronegócio e mineração é apontada como uma estratégia de desenvolvimento e de transformação do Nordeste, além da interligação com outros corredores logísticos. Junto à Fiol, o Porto Sul, em Ilhéus, que ainda não saiu do papel, é tido como um corredor que deve reduzir o custo de frete em até 40%, calculou Ledsham.
Bamin estuda três propostas para um projeto que integre mina, ferrovia e porto, disse o CEO, Eduardo Ledsham, durante evento
A Bamin detém a mina Pedra de Ferro, em Caetité, com capacidade de produção de até 2 milhões de toneladas por ano do minério com alto teor (65% de concentração do elemento), o que atrai interesse de eventuais exportadores. O escoamento do ferro, no entanto, depende da conclusão da ferrovia.
De acordo com o presidente da Infra S.A., a conclusão da Fiol é estratégica por integrar a produção mineral e agrícola ao sistema portuário. “A Fiol 2 [Guanambi- Caetité], hoje, já está a pleno vapor. Destravamos grande parte dos gargalos e estamos botando em licitação quase todos os trechos para terminar no prazo mais rápido possível”, disse Bastos.
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), porém, apontou “atraso significativo” nas obras. “Após nove meses de execução (dos 26 meses de vigência contratual prevista), apenas 3% do contrato foi medido, sem que nenhum projeto executivo tenha sido aprovado ou que tenha ocorrido o início das etapas de construção. Isso representa atrasos de nove meses para projetos e quatro meses para obras”, apontou o órgão em outubro.
O tribunal avisou a Infra S.A. que a falta de abertura de processos para punir empresas contratadas, que não estão cumprindo prazos ou regras do contrato, pode ser vista como falha da autarquia, mas recomendou que cada caso seja avaliado com cuidado. Metade dos 485 km que compõem a Fiol 2 já possuem trilhos.
Já os 840 km da Fiol 3, que ligam Mara Rosa (GO) a Correntina (BA), ainda estão em planejamento. Todos os trechos da ferrovia se integram ao Corredor Ferroviário Leste-Oeste, projeto tido como estratégico pelo Ministério dos Transportes. A ideia é conectar a Fiol à Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), fazendo integração logística para o escoamento da produção de grãos e etanol entre esta região e o Nordeste para o mercado internacional. O edital para a concessão do corredor deve ser lançado no primeiro semestre de 2026, segundo a pasta.
Valor - SP 12/11/2025
Região tem quatro das sete novas linhas de transporte ferroviário em estudo pela estatal Infra AS
No que depender de projetos, o Nordeste tende a liderar uma onda de investimentos na construção de linhas de trens de passageiros no país. A região concentra quatro dos sete novos corredores ferroviários de transporte em estudo pela Infra S.A., estatal responsável pela estruturação de propostas para melhoria na infraestrutura nacional.
Três dos projetos já constam da lista oficial de trabalhos desenvolvidos pela empresa: uma linha entre Salvador e Feira de Santana (BA); outra de Fortaleza a Sobral (CE); e mais uma ligando São Luís e Itapecuru Mirim (MA). Nesses três casos, a Infra S.A. elabora um estudo de viabilidade econômica, junto com uma proposta de parceria público-privada (PPP) para que os projetos saiam do papel. Eles devem ser apresentador no primeiro trimestre do ano que vem.
Há uma quarta linha em estudo, entre Recife (PE) e João Pessoa (PB), ainda não citada na lista de projetos. Os trabalhos sobre o projeto foram revelados pelo presidente da estatal, Jorge Bastos, e fazem parte de um plano maior de transporte ferroviário para o Nordeste. “É importante a ligação entre as capitais. Isso pode impulsionar o turismo e outras atividades”, disse o presidente da estatal, Jorge Bastos, em evento promovido pelo Valor , com oferecimento de Infra S.A. e Ministério dos Transportes, em outubro, em Fortaleza. “O primeiro trecho que o ministério [dos Transportes] deu para a gente estudar é uma ligação entre as capitais que têm a menor distância entre elas. Mais tarde, a linha pode ir até Maceió, Natal e assim vai”, disse.
Pedro Paulo Magalhães, diretor de operações da Bahiainveste, empresa de fomento que conta com a participação societária do governo baiano, ressaltou em outro evento promovido pelo Valor, este em Fortaleza, que, quando estiver operando, o trem entre Salvador e Feira de Santana percorrerá os cerca de 98 km entre as duas cidades em cerca de 35 minutos.
É importante a ligação entre as capitais. Isso pode impulsionar o turismo”
— Jorge Bastos
Gabriela Avelino, subsecretária de fomento e planejamento do Ministério dos Transportes, disse no mesmo encontro que os projetos devem ser incluídos no Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050), que deve ser apresentado ainda em 2025.
Os estudos são financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que apoiou a elaboração de um diagnóstico sobre toda a malha ferroviária nacional para identificar novas possibilidades de uso. “Temos 35 mil km de trilhos no país, mas só 10 mil km são operacionais hoje”, ressaltou George Santoro, secretário executivo do Ministério dos Transportes, que solicitou os projetos à Infra S.A. “A ideia é revisar isso tudo e verificar o que pode funcionar para transporte de passageiros ou mesmo mobilidade urbana.”
No caso do trecho de cerca de 115 km entre Recife e João Pessoa, já existe linha férrea. Adaptá-la ao transporte de passageiros evitaria um novo processo de licenciamento ambiental, disse Santoro. Isso tende a tornar o projeto mais barato e rápido.
O governo vê a expansão ferroviária no Nordeste como estratégica também para melhoria da qualidade de vida da população. Santoro acrescentou que a União está disposta a cobrir o déficit de viabilidade dos projetos para garantir que eles sejam executados.
Mas o primeiro novo trem de passageiros deve entrar em operação em outra região, no Centro-Oeste, entre Brasília e Luziânia (GO), que pode ser licitado já em 2026. A estatal estuda ainda linhas entre Londrina e Maringá, no Paraná, e Pelotas e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Valor - SP 12/11/2025
Projeto ultrapassa duas décadas, triplica orçamento e ainda enfrenta disputas políticas e desconfiança de produtores
O cancelamento de última hora da inauguração operacional da Ferrovia Transnordestina foi um banho de água fria em uma empreitada que precisa da credibilidade de parceiros para transformar o investimento de R$ 15 bilhões em lucro dentro dos próximos 30 anos, tempo que vai durar a concessão. No final de setembro, Tufi Daher Filho, o presidente da Transnordestina Logística, subsidiária da CSN que constrói e irá operar a via, estava eufórico com os primeiros trens que se preparavam para rodar em 23 de outubro no trecho de 600 km entre Bela Vista do Piauí (PI) e Iguatu (CE). “Agora não tem mais volta”, dizia.
Seria o início das operações comerciais, num período experimental carregando soja, milho e caroço de algodão, e marcaria, ao menos simbolicamente, as promessas de que os trens cortariam a caatinga até chegar ao mar, num trajeto de 1.200 km de Eliseu Martins (PI) ao Porto de Pecém (CE), em 2027. A animação era tal que Daher projetava uma expansão para 20 milhões de toneladas já em 2030. A previsão é transportar 15 mil toneladas no ano que vem e 4 milhões de toneladas em 2028, quando todo o traçado estiver concluído.
Mas não deu certo. Apesar dos testes realizados e aprovados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Ibama negou a licença ambiental de operação alegando pendências técnicas e documentais. A empresa preferiu não se manifestar de forma contundente. Disse apenas que a inauguração deve ocorrer ainda neste ano, em data a ser definida, adiando o início da operação de uma ferrovia projetada por Dom Pedro II em meados do século XIX como solução para amenizar a miséria e a pobreza do interior árido do país, mas que apenas duas décadas atrás começou a sair do papel.
A Transnordestina já enfrentou problemas maiores. Seu traçado é criticado por estar distante de grandes áreas produtoras de grãos na região do Matopiba - que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - e por não estar interligado a outras ferrovias. “Isso é besteira, nós fizemos diversos estudos que mostram que, num raio de até 300 km, há uma produção agrícola de quase R$ 45 bilhões que precisa ser escoada”, diz Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estados do Ceará (Fiec).
Mesmo assim, e com as décadas de idas e vindas, empresários ainda estão cautelosos para investir em projetos que poderiam ser beneficiados pela Transnordestina. “Eu não tenho coragem de imobilizar capital num negócio que ninguém sabe ao certo se vai mesmo acontecer”, diz Airton Carneiro, um produtor de ração animal de Quixeramobim (CE) que não pretende investir em silos em um terminal intermodal que será construído a poucos quilômetros de sua fábrica.
Dentre essas idas e vindas está a desistência, em 2022, quinze anos depois de as obras terem começado, da conexão da ferrovia com o Porto de Suape (PE). A briga política se estendeu até agosto deste ano, quando o pernambucano Danilo Cabral (PSB) foi demitido da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) supostamente por tentar disputar verbas destinadas à via com o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).
Numa tentativa de apaziguar a base de apoio no Nordeste, o Planalto anunciou no fim de outubro que o ramo pernambucano será concluído e prometeu investir R$ 200 milhões para construir os primeiros 73 km do trecho total de 500 km que vai ligar Salgueiro (PE) a Suape. Desta vez, será o próprio governo federal, por meio da Infra S.A., que vai licitar e tocar os trabalhos, num modelo diferente do que vinha ocorrendo até agora, em que a CSN recebia recursos federais e executava as obras.
De acordo com o Ministério dos Transportes, o ramal pernambucano será licitado apenas após o fim das obras, que começarão em 2026 e deverão demorar quase cinco anos para serem concluídas. Essa, ao menos, é a promessa da vez.
A Tribuna - SP 12/11/2025
O incentivo fiscal concedido às empresas dos setores portuário e ferroviário por meio do Regime Tributário e Incentivo à Modernização e à Ampliação (Reporto), do Governo Federal, pode encolher em 10%. O Reporto foi incluído no Projeto de Lei Complementar (PLC) 221/2025, da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que estabelece um plano de redução de benefícios tributários da União.
O texto foi apresentado no dia 20 de outubro e aguarda despacho do presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos – PB). “O presidente da Câmara vai determinar a tramitação da proposta, ou seja, quais comissões temáticas vão analisar o PL, se o projeto é conclusivo nas comissões ou se será analisado pelo plenário. Somente após o despacho é possível saber detalhes da tramitação”, informou a Casa de Leis em nota.
O PLC 221/2025 estabelece que os benefícios federais de natureza financeira e creditícia da União serão reduzidos em, no mínimo, 10% no período de 2026 a 2027. A redução será implementada de forma gradual, sendo 5% em 2026 e mais 5% em 2027.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Silva, “a proposta gera insegurança jurídica e ameaça afastar investimentos de empresas internacionais que atuam no Brasil”.
Necessidade
Jesualdo lembrou que o Reporto foi prorrogado até 2027 pela Lei Complementar nº 214/2025, que regulamentou a reforma tributária. “Conseguimos provar a necessidade dele, e ele entrou até 2027, quando já se imagina que essa parte da reforma envolvendo bens de capital estaria plenamente implementada”, afirmou.
O representante das empresas portuárias privadas destacou, no entanto, que já há sinais de atraso na implementação dessa etapa da reforma, motivo pelo qual a ABTP defende a extensão do benefício até 2040. “Queríamos colocar uma salvaguarda para que, se houvesse algum atraso na implementação, o benefício não fosse prejudicado. Essa passa a ser nossa luta agora”.
Impactos
Quanto ao PLC 221/2025, Jesualdo disse que a redução de 10% no benefício fiscal, se vigorar, terá impacto direto nos custos de grandes empreendimentos. “Estamos falando de projetos de grande envergadura, com aquisição de equipamentos caríssimos, em dólar. Essa redução impacta o planejamento das empresas e pode até levar à desistência de projetos de manutenção ou expansão”, observou.
Ele ressaltou que, na prática, o Reporto só é aplicado na fase de importação dos equipamentos, quando o investimento já foi planejado e executado. “Os contratos para utilização do Reporto, em sua maioria, já foram feitos. O processo é: a empresa planeja, implementa o projeto e só depois faz a encomenda dos equipamentos. Mudar a regra agora é mudar o jogo com a bola rolando”, criticou.
O presidente da ABTP alerta que a maior parte dos projetos de infraestrutura no Brasil não é feita apenas por empresas nacionais. “Muitas companhias do setor portuário têm 20 ou 30 terminais em outros países. Se o Brasil dificulta o investimento, os recursos vão migrar para ativos de fora”.
Jesualdo explicou que a ABTP está mobilizada junto à Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura (Frenlogi), que reúne mais de 320 parlamentares, além de atuar diretamente com os ministérios de Portos e Aeroportos (MPor) e dos Transportes. “Já começamos a agir. Vamos atuar em todas as instâncias para evitar que o Reporto sofra qualquer redução. Vamos mostrar que o País perde mais tentando diminuir o incentivo do que mantendo-o integralmente”, concluiu.
O Reporto é um regime aduaneiro especial, criado por meio da Lei 11.033/2004, para incentivar investimentos na recuperação, modernização e ampliação de portos e ferrovias brasileiras, com a suspensão e/ou isenção de tributos federais, como Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e PIS/Cofins-Importação.
Procurado, o Ministério da Fazenda não falou sobre o assunto.
Valor - SP 12/11/2025
Terminais marítimos da região devem receber R$ 4 bilhões nos próximos anos
Uma série de investimentos públicos e privados previstos para os próximos anos, que podem superar os R$ 4 bilhões, irá ampliar a capacidade da infraestrutura portuária no Nordeste, que ganha relevância tanto para escoar a produção agropecuária quanto no recebimento de cargas para o mercado interno. Em 2024, os dez portos organizados e 19 terminais de uso privado (TUPs) da região movimentaram 330 milhões de toneladas de mercadorias, 3,52% acima de 2023, contra expansão nacional de 1,32%, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Neste ano, a alta acumulada até agosto é de 1,14%.
Dois fatores contribuem para essa expansão. O primeiro é que a economia da região vem crescendo acima da média nacional. A Tendências Consultoria projeta avanço anual de 3,2% do PIB nordestino de 2027 a 2034, contra 2,3% para o país. O segundo é que os portos do Nordeste vão assumir um papel ainda mais relevante no escoamento da safra, tanto a produzida no Matopiba - região formada pelas áreas produtoras de grãos de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - quanto a proveniente do Centro-Oeste, devido aos novos corredores logísticos programados para entrar em funcionamento nos próximos anos.
“A demanda por serviços de transporte aquaviário no Nordeste é crescente e é urgente ampliar a oferta de capacidade portuária”, afirma Alex Sandro de Ávila, secretário nacional de Portos. Em 2024, o Porto do Itaqui (MA) embarcou 17, 8 milhões de toneladas de soja e milho colhidas nessas regiões e recebeu 4 milhões de toneladas de fertilizantes, de acordo com a Antaq. A carga do agronegócio chega ao porto maranhense por meio de caminhões, mas principalmente pelo corredor ferroviário formado pela Ferrovia Norte-Sul - Tramo Norte e pela Estrada de Ferro Carajás.
Novas infraestruturas vão ampliar o transporte de grãos aos portos nordestinos. A Ferrovia Transnordestina, que ligará o Matopiba ao porto do Pecém (CE), tem previsão de entrar em operação gradualmente entre 2027 e 2028. No final de outubro o governo federal lançou o edital para a construção do trecho da ferrovia entre Salgueiro (PE) e o Porto de Suape (PE).
Em 2026, o Ministério dos Transportes prevê realizar a licitação do corredor ferroviário Leste-Oeste, formado pelas ferrovias de integração Centro-Oeste (Fico) e Oeste-Leste (Fiol), interligando Lucas do Rio Verde (MT) a Ilhéus, no sul da Bahia.
Duas hidrovias também estão nos planos. A do Parnaíba, 924 km navegáveis entre Uruçuí, no centro produtor de grãos piauiense, e o novo porto do Piauí, que está sendo constituído pelo governo do Estado em Luís Correia. E a Hidrovia do Rio São Francisco, com 1.371 km entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), que o Ministério dos Portos e Aeroportos (Mpor) pretende licitar no final de 2026. A hidrovia prevê a conexão em Juazeiro com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que transportaria a carga até o porto de Aratu (BA), e também com a Fiol em Cariacá (BA), podendo chegar à Ilhéus ou Aratu, com um novo trecho ferroviário partindo de Jequié (BA).
O Nordeste vive uma expansão do modal para o transporte marítimo. Investimentos previstos incluem R$ 350 milhões da União para obras como dragagens dos portos de Suape (PE), Recife e Natal. Há outros R$ 184,75 milhões já contratados em 11 leilões de terminais portuários realizados desde 2023, entre eles três de granéis sólidos em Recife e três de granéis líquidos e um de sólidos em Maceió, além de terminais de passageiros em Maceió e Fortaleza (CE).
Até o final de 2026 estão previstos leilões que devem estimular investimentos de R$ 647,25 milhões. Vão ao pregão dois terminais de granéis sólidos - um em Itaqui (MA) e outro em Natal -, um de contêineres em Fortaleza e um terminal de passageiros no do Recife. As iniciativas também contemplam R$ 1,6 bilhão da APM Terminals, subsidiária da Maersk, em um terminal em Suape com capacidade para 400 mil TEUs (contêineres de 20 pés) por ano, previsto para 2026. O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), em Itaqui, vai receber R$ 1,16 bilhão para expansão. Sua capacidade anual irá passar de 15 milhões de toneladas para 23,5 milhões de toneladas.
Esse investimento pode reduzir as filas de navios para atracação, principalmente no escoamento da safra, quando chegam a 35 dias. “E cada navio parado apresenta um custo de US$ 30 mil a US$ 40 mil por dia”, diz o operador portuário Admar Pereira, da Ziran Logística.
Para Maurício Laranjeira, gerente de políticas industriais da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), o novo terminal de contêineres em Suape deve atrair novas linhas marítimas e diversificar rotas de transporte, principalmente com Estados Unidos e Ásia. “É mais oportunidade de mercado para a economia pernambucana”, diz.
Plano para Aratu prevê que agente privado procure investidores
O volume de investimentos portuários públicos e privados que estão previstos para o Nordeste pode ser ainda maior, caso o Ministério de Portos e Aeroportos consiga levar adiante seu plano de expandir o porto de Aratu-Candeias (BA) por meio de uma concessão no modelo Landlord Port, onde o Estado manterá a propriedade do terreno e da infraestrutura básica e transferirá a um agente privado a tarefa de viabilizar o desenvolvimento de áreas e a atração de investidores para projetos greenfield de novos cais, berços e terminais.
“O projeto está em fase final de elaboração e encaminharemos ao Tribunal de Contas da União [TCU] no primeiro semestre de 2026”, diz Alex Sandro de Ávila, secretário nacional de Portos. A ideia é realizar o leilão de concessão no próximo ano. O secretário, no entanto, prefere ainda não detalhar a proposta, que pode envolver contratos de concessão de até 70 anos.
“Aratu e Itaqui [MA] são os portos com maior disponibilidade de áreas para projetos greenfield [na região] e vão ter papel importante na expansão da infraestrutura portuário do Nordeste”, afirma Ávila.
Para Carlos Henrique Passos, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), os portos do Nordeste, em geral, possuem boa estrutura e muitos, como Aratu, têm potencial de expansão com novos terminais. A região, porém, peca por dificuldade de acesso terrestre aos portos. “Falta conectividade intermodal”, afirma.
Uma das reivindicações do setor produtivo é a modernização e duplicação das BRs 101 e 116, que atendem a maioria dos portos da região. Outra reivindicação é a revitalização de malhas ferroviárias existentes, como as ferrovias Centro-Atlântica (FCA) - que liga Belo Horizonte ao porto de Aratu e apresenta velocidade média de 11 km/h - e Transnordestina Logística (FTL), que interliga os portos do Itaqui, Pecém, Fortaleza e passa por Teresina (PI), com trens que viajam em média a 7,1 km/h, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Jornal de Brasília - DF 12/11/2025
Formado em Pedagogia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) com especialização em Administração, o ministro Silvio Costa Filho iniciou sua vida na política no movimento estudantil da universidade. Em 2004, aos 21 anos, foi eleito o vereador mais jovem da história do Recife, sendo o 4º mais votado naquela eleição. Dois anos depois, em 2006, aos 24 anos, Silvio Costa Filho conquistou uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Como deputado estadual, Costa Filho exerceu a função por três mandatos cumpridos entre os anos de (2006-2018).
Nesse período, Silvio foi vice-líder do governo e secretário de Estado da gestão do ex-governador Eduardo Campos. Em 2018, o ministro disputou pela primeira vez e foi eleito deputado federal, sendo reeleito em 2022. Na Câmara dos Deputados, Costa Filho assumiu comissões importantes, como a de Constituição e Justiça (CCJ) e relatorias de projetos como a autonomia do Banco Central. Desde setembro de 2023, exerce a função de ministro de Portos e Aeroportos. À frente da pasta, o ministro coordena a organização e elaboração da política nacional de transportes aquaviário e aeroviário.
Como tem sido o desafio de comandar uma pasta que conecta o Brasil ao mundo e ao mesmo tempo exige decisões rápidas, técnicas e políticas?
Tem sido uma experiência muito interessante, porque me permitiu adotar medidas que ajudam no desenvolvimento socioeconômico regional, na melhoria dos serviços ofertados nestas áreas e ainda questão da sustentabilidade. Cerca de 95% do comércio internacional brasileiro passa pelos portos, o que dá uma ideia do potencial que o setor tem para o crescimento do país. E estamos tendo recordes de movimentação de cargas. Também em aeroportos estamos batendo recordes de passageiros. Em três anos colocamos mais de 30 milhões de passageiros no transporte aéreo. Acho que é fundamental ouvir a sociedade, ouvir o setor, o Congresso, o Judiciário, para ter mais chance de tomar decisões acertadas.
Seu pai, ex-deputado federal Silvio Costa, teve uma longa trajetória no Congresso Nacional. Que lições da convivência com ele o senhor leva para sua atuação como ministro?
O meu pai é um amigo que a vida me deu, além disso sempre procurou fazer política com lealdade, com correção, e defendendo aquilo que acredita. Sempre me ensinou a ter lado, a ter posição e tenho procurado atuar muito para ajudar o Brasil, ao lado do presidente Lula. Faço política com seriedade, com compromisso e com respeito às pessoas, por entender que a política é um exercício permanente de esperança e a nossa geração, ela tem muita responsabilidade com o Brasil. E tenho procurado exercer a nossa gestão dialogando com setor produtivo, com a classe trabalhadora, e efetivamente fazer as entregas que o Brasil precisa.
O senhor sempre conviveu com o ambiente político desde muito jovem. Em que momento percebeu que seguiria o mesmo caminho?
Tive o privilégio de ser eleito vereador do Recife, até hoje o mais jovem da história, com 21 anos, depois exerci por três vezes o mandato de deputado estadual, fui secretáriode estado, duas vezes deputado federal e agora ministro do presidente Lula. Sempre entendi que a política é um instrumento de construir cidadania e que só através da política é que vamos construir um país mais justo, mais solidário e mais soberano. Desde o movimento estudantil, na Universidade, eu sempre gostei de fazer política e atuar é de maneira coletiva, sempre construindo entendimentos a favor daqueles que mais é precisam, até porque eu digo sempre que eu sou defensor dos programas sociais no Brasil, mas o maior programa social do país é o emprego e a renda. É isso que traz dignidade e eu sempre pautei
Como é equilibrar a herança familiar na política com a construção de uma identidade própria?
A formação familiar é a base para todos. A gente é forjado nos ensinamentos que recebe em casa. Meu avô falava que a melhor virtude de uma pessoa é a gratidão. E sou muito grato pelo que aprendi. Mas entendo que cada um constrói seus próprios caminhos, a partir desta base.
O Ministério de Portos e Aeroportos tem papel estratégico na economia brasileira. Quais os principais desafios que o senhor enfrenta hoje na pasta?
Estamos deixando nossos portos adequados às demandas que virão, portos capacitados para as necessidades das próximas décadas. Quando se faz um leilão de unidade portuária, os resultados começam a aparecer em 4 ou 5 anos. Em Itajaí, por exemplo, o porto estava no programa de privatização do governo passado e foi abandonado, sem projetos. A cidade sofreu, o estado de Santa Catarina sofreu com redução da movimentação, redução da renda e do emprego na região. Retomamos as atividades e, em breve, Itajaí voltará a ter o peso que tinha entre os portos públicos do país. Estamos trabalhando também pela descentralização da movimentação portuária. Estamos expandindo o Porto de Santos, que continuará a ser o maior do país por muito tempo. Mas já não representa um terço da movimentação de cargas em portos públicos. Ano passado ficou abaixo de 30%. A política do presidente Lula é de promover o desenvolvimento socioeconômico em outras regiões. E é isso que temos feito.
Há planos específicos para ampliar a competitividade dos portos brasileiros e atrair mais investimentos privados?
Temos uma carteira relevante de investimentos em portos públicos. Vamos concluir 2026 com mais leilões de unidades portuárias do que as realizadas entre 2015 e 2022. Serão R$ 30 bilhões de investimentos contra R$ 6 bilhões. Fizemos a primeira concessão de um canal de acesso do país, no Porto de Paranaguá. Vamos fazer outras similares em Santos, Bahia, Itajaí. O que significa isso? Portos mais eficientes, mais modernos, adaptados às necessidades de crescimento do país.
O setor aéreo vem passando por transformações rápidas, especialmente após a pandemia. Como o governo tem trabalhado para equilibrar tarifas, oferta de voos e qualidade do serviço?
Durante a pandemia, o setor não recebeu qualquer apoio do Governo Federal. Outros países, como Estados Unidos, França, Portugal, perceberam a necessidade de ajudar as aéreas porque o movimento ficou próximo de zero. O resultado foi que quase fecharam, tiveram que passar por um processo de reestruturação financeira nos Estados Unidos. A fabricação de aeronaves também caiu no mundo por conta da pandemia. Sem dinheiro, as companhias nacionais passaram a oferecer menos assentos e o custo operacional das empresas aumentou. O que nós fizemos foi criar condições diferenciadas para empréstimos com recursos do Fundo Nacional da Aviação Civil (FNAC) a juros que variam de 6,5 a 7,5%, dependendo da linha de financiamento. Com isso, poderão adquirir novas aeronaves nacionais, fazer manutenção, comprar combustível sustentável de aviação, desde que se comprometam a reduzir a emissão de CO2 e aumentar o número de voos para as regiões Norte e Nordeste. O que esperamos é que, com mais oferta de assentos, o preço da tarifa caia ainda mais. Segundo dados da ANAC, a tarifa média de janeiro a setembro caiu 12,5% em relação ao mesmo período de 2022, mesmo considerando a inflação.
O senhor tem dialogado bastante com governadores e prefeitos. Como vê a importância dessa articulação federativa para o avanço da infraestrutura nacional?
O diálogo sempre será o melhor caminho. Enquanto estive no Congresso, por exemplo, sempre busquei entender os argumentos. Especialmente daqueles que tinham pensamento diferente do meu. Para crescer, é necessário ouvir e aceitar as diferenças, construir soluções. No ministério tem sido assim também. Temos conversado bastante com governadores e prefeitos, independente do partido. Se apresentam bons argumentos, soluções para a melhoria da infraestrutura, para o desenvolvimento econômico e social de sua região, eu preciso considerar isso no momento de tomar alguma decisão. Agora, inegavelmente, gosto muito da gestão pública e de atuar ao lado da inciativa privada e do setor produtivo, que são fundamentais para o desenvolvimento econômico e para a geração de emprego e renda do país.
Olhando para o futuro, o senhor se vê mais como gestor público ou como um político com ambições de novos desafios eleitorais?
Não vejo muita diferença entre ser um gestor e um político. O importante é saber tomar as decisões na hora certa, evitando problemas para a sociedade, melhorar a qualidade de vida do cidadão. Quando resolvemos uma questão na área de portos, por exemplo, isto tem um impacto direto na comunidade que mora ao redor do porto e também para a economia de outras localidades.
O senhor acredita que o Brasil está preparado para integrar uma logística mais sustentável, com portos e aeroportos conectados a práticas de baixo carbono?
Com certeza. Não só está preparado como tem toda a capacidade de ser um protagonista na logística de baixo carbono. Fomos pioneiros no uso do etanol para carros e hoje temos tecnologia para desenvolver diversos tipos de combustível sustentável para aviões e navios. E isto se faz também com decisão política, com políticas públicas que estamos desenvolvendo. Dentro do MPor, por exemplo, estamos impulsionando a navegação de cabotagem (entre portos brasileiros) e nos rios, com as primeiras concessões de hidrovias da história. Queremos também estimular que as empresas do setor estejam alinhadas com esta política de descarbonização. No BR do Mar, por exemplo, são priorizadas empresas que utilizam embarcações sustentáveis. Construímos um pacto pela sustentabilidade, concedendo selos de reconhecimento a quem adota medidas de sustentabilidade ambiental, social e de governança.
O senhor vem sendo apontado como uma das novas lideranças políticas de Pernambuco. Já pensa em disputar o governo do estado ou pretende seguir no executivo federal por mais tempo?
Ficou muito feliz em ser lembrado como uma das novas lideranças da política do meu estado. Isso só me dá animo para continuar nessa caminhada dificil que é a vida pública, mas sempre em busca de ações que visem um estado mais justo e solidário. Eu tô meio acabado (risos) com meus 41 anos de idade, mas a caminhada na política já são mais de 20 anos. Nesse período, fui vereador, deputado estadual, secretário de estado, deputado federal e agora ministro do melhor presidente do Brasil que é o presidente Lula. Agora, estamos trabalhando para chegar ao Senado Federal. Eu não serei mais candidato a reeleição como deputado federal e vamos trabalhar para chegar ao Senado. Quero aproveitar o espaço até para agradecer as diversas manifestações de apoio à nossa pré-candidatura ao Senado. Agradecer a confiança do presidente Lula e a de muitos prefeitos, prefeitas, vice-prefeitos, vereadores, vereadoras, lideranças de movimentos sociais e do setor produtivo. Se Deus quiser, e estamos trabalhando para isso, vamos construir a nossa candidatura ao Senado para, se eleito for, continuar trabalhando por Pernambuco e pelo Brasil.
Valor - SP 12/11/2025
Em Pecém (CE) e Suape (PE), 82% e 72% dos contêineres movimentados, respectivamente, são pelo modal, segundo a Antaq
Custo menor de transporte e a ampliação de escalas marítimas, entre outros fatores, têm feito a cabotagem avançar no Nordeste. Segundo operadores, há cada vez mais adesão essa modalidade de transporte, bem presente nos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), dois dos mais importantes da região, onde 82% e 72% dos contêineres movimentados, respectivamente, são por cabotagem, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
E há espaço para crescimento. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que menos de um terço das indústrias do Nordeste utilizam o modal. Mesmo assim, impulsionado pela posição geográfica da região, o transporte de volumes consideráveis de mercadorias de alto valor agregado (eletrônicos e produtos industrializados) e de consumo (alimentos, bebidas, vestuário) por embarcações que fazem a navegação costeira no Nordeste saltou de 8,94 milhões de toneladas, em 2021, para pouco mais de 10 milhões de toneladas em 2024.
Luis Fernando Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), defende que esse avanço se deve também ao menor custo para distâncias acima de 1,5 mil km. O modal ainda é considerado mais seguro, com índice de roubo praticamente nulo, e tem oferta de serviço porta a porta.
“Quando se avalia o impacto econômico da cabotagem, é importante considerar que a redução de custos não se limita ao valor do frete, mas a toda eficiência gerada pelo modelo marítimo”, diz Felipe Gurgel, diretor comercial da Log-In Logística Integrada, que atua na região. Segundo ele, o modal traz ganhos em previsibilidade, segurança e controle operacional, com menor incidência de avarias, redução de riscos logísticos e, em consequência, redução nos custos de seguros.
Redução de custos não se limita ao valor do frete, mas a toda eficiência gerada pelo modelo marítimo”
— Felipe Gurgel
A empresa registrou crescimento de 36% no volume de cargas destinadas aos portos nordestinos entre 2021 e 2024, reflexo de um relativo fortalecimento da infraestrutura portuária e de uma maior adesão das empresas locais a esse modal. Gurgel afirma que, desde 2023, cerca de 68,5% de toda a carga movimentada pela companhia por cabotagem teve origem ou destino entre os portos da região.
Ainda há entraves, porém. Segundo a CNI, empresários locais citam principalmente incompatibilidade geográfica com rotas existentes (45%), indisponibilidade de serviços regulares (39%), tempo de trânsito elevado (15%) e distância entre fábricas e portos (15%). Infraestrutura portuária insuficiente, qualidade de estradas que prejudicam o acesso aos terminais e limitada integração multimodal, que aumentam custos e tempo de transporte, também são citados como parte dos problemas.
A Log-In recentemente lançou uma nova escala em Suape, ampliando a capacidade de atendimento, e a Aliança Navegação & Logística destaca que a movimentação no porto deverá ficar ainda maior com o início das operações da APM Terminals Suape, primeiro porto 100% eletrificado da América Latina, que entrará em operação no segundo semestre de 2026. Suape bateu recorde nos primeiros sete meses do ano, com pouco mais de 389 mil TEU’s (unidade de medida para a capacidade de carga de contêineres marítimos) movimentados.
“Com localização privilegiada, infraestrutura modernizada e eletrificada e uso de tecnologia de ponta e soluções sustentáveis, o terminal será ponto-chave na integração das cadeias produtivas do Nordeste”, diz José Roberto Duque, diretor comercial da Aliança Navegação & Logística. “Para que a cabotagem seja mais utilizada no Nordeste, é necessário avançar em investimentos em infraestrutura, ampliar linhas, reduzir custos e burocracia e fortalecer a integração tecnológica e logística, garantindo maior competitividade e eficiência frente a outros modais”.
Duque completa afirmando que a modernização tecnológica dos terminais tem ritmo desigual, com poucos portos totalmente automatizados ou eletrificados. Gurgel, da Log-In, cita ainda os custos operacionais elevados nos portos da região. O executivo, por outro lado, afirma que o programa BR do Mar, do governo federal, tem contribuído para a expansão das operações. A companhia, afirma, aumentou sua capacidade ofertada na região em mais de 75% desde que o programa foi lançado.
Portos e Navios - SP 12/11/2025
A Autoridade Portuária de Santos (APS) informou, nesta terça-feira (11), que em 2025 ofereceu R$ 16,8 milhões em descontos sobre tarifas a navios e terminais que adotam práticas sustentáveis. Desde 2023, segundo a APS, o montante chega a R$ 40,6 milhões, como parte de iniciativas para atingir as metas de descarbonização estabelecidas pela Organização Marítima Internacional (IMO) e pelo Acordo de Paris.
A APS afirma que abre mão de arrecadação para incentivar terminais a produzirem o inventário completo de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), além do detalhamento da matriz energética. E que os benefícios são concedidos também a navios “verdes”, aqueles que seguem normas internacionais sobre emissões de carbono e níveis de ruído. “Para a APS, não é perda de receita. É investimento”, disse o presidente da empresa pública, Anderson Pomini.
Além da concessão de descontos, o projeto de redução de emissões da APS inclui a elaboração do Plano Diretor Energético (PDE) para o Porto de Santos. Para isso, em outubro de 2025, a autoridade assinou contrato com a Fundação Valenciaport para a elaboração de estudos específicos com prazo de finalização de 22 meses.
O plano vai traçar diretrizes e metas para descarbonizar as operações de todo o complexo portuário da Baixada Santista, tanto da APS como dos terminais portuários, dos navios que operam no porto e dos modais de transporte ferroviário e rodoviário. Estão previstas também ações para que o complexo faça a transição da energia oriunda de combustíveis fósseis, altamente emissora de CO2, para fontes mais limpas.
A APS informou ainda que, desde 2024, desenvolve projeto de eletrificação do cais, com energia limpa e renovável gerada pela usina hidrelétrica de Itatinga abastecendo os rebocadores que operam no local. Além disso, apoia o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (PIT), que desenvolve soluções para o sequenciamento de caminhões e navios, reduzindo o tempo de espera e, consequentemente, as emissões.
O diretor de operações da APS, Beto Mendes, disse que é dever do porto, que é o maior do Hemisfério Sul, investir em inteligência e tecnologia em busca de eficiência e de sustentabilidade. Segundo Mendes, a parceria com o PIT visa alinhar o Porto de Santos às melhores práticas globais em operações portuárias.
A autoridade portuária informou que já está em estudos o aumento da capacidade de geração de energia da hidrelétrica de Itatinga, incluindo a produção de hidrogênio verde (H2V). A meta é que a unidade própria do complexo portuário, que hoje já atende a quase a totalidade da demanda energética da APS, possa abastecer diretamente parcela significativa de todas as operações do porto.
Além disso, as instalações de gás natural da Baixada Santista são vistas como diferencial para a transição energética, permitindo o abastecimento de navios com combustível de baixo carbono. Sidnei Aranha, superintendente de meio ambiente da APS, explicou que o objetivo é consolidar o complexo portuário como parte de corredores marítimos verdes, em que os pontos de chegada e de partida das embarcações asseguram o fornecimento de combustível de baixo impacto.
A APS afirmou que acompanha suas emissões com rigor desde 2021. A autoridade portuária acrescentou que elabora a cada ano seu inventário de GEE usando a metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol. O documento abrange cerca de 400.000 metros quadrados (m²) de áreas operacionais em Santos, Guarujá e Bertioga, além de 19,5 milhões de metros quadrados de áreas verdes sob gestão ambiental. Aranha acrescentou que o inventário é o orientador para decisões consideradas estratégicas. “Saber exatamente nossa pegada de carbono permite que cada investimento seja direcionado para onde há maior impacto climático", afirmou.
IstoÉ Dinheiro - SP 12/11/2025
O início da produção do navio-plataforma P-79, que deixou nesta terça-feira, 11, o estaleiro da Hanwha Ocean, na Coreia do Sul, está previsto para agosto de 2026, informou a Petrobras em nota nesta terça, depois que a presidente da companhia anunciou a partida da unidade em direção ao Brasil em uma rede social.
Com isso, a produção do campo de Búzios será elevada em 15,6%, para cerca de 1,3 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boed), disse a estatal, considerando também a entrada em operação da P-78 a partir de dezembro deste ano.
Assim como a P-78, a P-79 partiu tripulada do estaleiro coreano, segundo a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi.
A plataforma será rebocada até a locação com a tripulação a bordo, o que contribui para agilizar o início da produção. A chegada está prevista para fevereiro do ano que vem.
“A vinda da plataforma tripulada, a exemplo do que foi feito com a P-78, mostrou-se uma estratégia bem-sucedida para reduzir o tempo de início da produção. Essa é a oitava unidade das 12 previstas para o campo. Nossa expectativa é que consigamos antecipar o 1º óleo em dois meses em relação ao que está previsto no nosso Planejamento Estratégico”, avaliou a executiva.
O Estado de S.Paulo - SP 12/11/2025
O leilão das áreas não contratadas do pré-sal, agendado para 4 de dezembro, apresenta ativos que despertam o interesse das empresas. No entanto, o preço do petróleo, oscilando em torno de US$ 60 por barril, pode trazer a arrecadação da União para perto do lance mínimo de R$ 10,2 bilhões, de acordo com analistas entrevistados pelo Estadão/Broadcast.
O preço do petróleo acumula queda de cerca de 10% neste ano, principalmente pela perspectiva de aumento na oferta por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e países aliados ao cartel.
Com isso, o valor mínimo das áreas a serem leiloadas, definido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ficou bem abaixo dos R$ 14,78 bilhões estimados no relatório bimestral de receitas e despesas divulgado em setembro pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
As jazidas envolvidas na oferta — Mero, Tupi e Atapu — são ativos considerados bons, segundo o analista Vitor Souza, da Genial Investimentos. Foi isso que possibilitou um preço mínimo de, pelo menos, R$ 10 bilhões, a despeito do cenário desafiador para os preços do petróleo.
No leilão, o governo venderá a participação da União nas jazidas compartilhadas de Mero (3,5%), Atapu (0,95%) e Tupi (0,551%). Os três campos são operados pela Petrobras e estão entre os seis maiores produtores do Brasil. A estatal tem como sócias gigantes como Shell, Total, Galp, CNODC e CNOOC.
Souza, porém, aponta que as descobertas comerciais nos campos do pré-sal têm diminuído em comparação com anos anteriores. “Somando isso ao preço do petróleo mais baixo, me pergunto se faz sentido pagar muito acima do piso”, acrescenta.
“Quando um leilão de petróleo ocorre com o preço da commodity em baixa, a tendência é que se aproxime do limite inferior da faixa, a menos que os ativos sejam muito especiais, como foi o caso do pré-sal em 2018 e 2019”, ressalta.
O analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, explica que é natural haver discrepâncias entre a estimativa do governo e o lance mínimo. “Se a competitividade for alta e tiver ágio, pode ser que chegue próximo à estimativa do governo”, afirma.
Ele destaca que os ativos de petróleo brasileiros estão atraindo empresas nacionais e internacionais devido à qualidade do óleo, à localização geográfica vantajosa e à segurança regulatória.
Mesmo assim, nem Arbetman nem Souza estimam qual será o ágio nesta oferta. “Há leilões com lote vazio, outros com ágio de 10% ou até 1.000%. Mas as empresas tendem a ser mais comedidas no poder de fogo e mais seletivas atualmente”, diz o analista da Genial.
A XP Investimentos projetava uma arrecadação entre R$ 9,7 bilhões e R$ 10,5 bilhões para o leilão, que, segundo a corretora, tem como detalhe significativo a data efetiva: 1º de março de 2027. “Isso significa que os vencedores começarão a receber sua parte da produção a partir dessa data”, destaca em relatório.
O terceiro leilão de áreas do pré-sal da oferta permanente da União, ocorrido mais recentemente, em 22 de outubro, foi considerado um sucesso pelos participantes e autoridades, obtendo ágios expressivos. Mesmo assim, vendeu apenas cinco dos sete blocos ofertados.
Para Arbetman, da Ativa, o formato mais recente do leilão de oferta permanente tem demonstrado maior sucesso, com taxas de participação e competitividade mais elevadas. “Anteriormente, eram levadas a pleito todas as áreas. Agora, apenas aquelas com interesse prévio”, observa.
Souza, da Genial, pondera que leilões de oferta permanente são relativamente pequenos. “O sucesso foi porque alguns lotes tiveram muita disputa”, explica.
O maior ágio registrado foi de 251,63% no bloco Citrino, disputado entre Petrobras e Prio, cujo excedente em óleo destinado à União — critério para definir o vencedor do certame — atingiu 31,19%.
Segundo o analista da Genial Investimentos, comparar o leilão de oferta permanente com o das áreas não contratadas do pré-sal não é apropriado. “Ter tido disputa em um não muda o ponteiro para o outro”, avalia.
TN Petróleo - RJ 12/11/2025
A GNLink, distribuidora de gás natural da gestora de recursos Lorinvest e da Copa Energia, firmou contrato com a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) para o fornecimento de 54,7 milhões m³ de gás natural ao interior baiano, no município de Vitória da Conquista. A iniciativa faz parte do modelo de redes locais aprovado pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) e marca um avanço relevante na interiorização do gás no estado.
O contrato permitirá que o gás natural chegue a regiões ainda não conectadas à malha de gasodutos, por meio do gás natural liquefeito e de uma logística integrada de liquefação, transporte e regaseificação. O gás é liquefeito na unidade de acondicionamento da GNLink em Itabuna, transportado até o destino e, no ponto de consumo, regaseificado para abastecer a rede local da Bahiagás.
"Esse contrato com a Bahiagás reforça nossa missão de levar o gás aonde ele ainda não chega, garantindo o transporte seguro e eficiente até os municípios atendidos. A interiorização do gás natural é um vetor essencial da transição energética brasileira", destaca Marcelo Rodrigues, presidente da GNLink.
Com esse contrato, GNLink e Bahiagás consolidam um modelo inovador de expansão do gás natural no Nordeste, combinando eficiência logística, inovação tecnológica e compromisso ESG, em linha com as políticas de descarbonização e desenvolvimento sustentável da Bahia e do Brasil.
A previsão é que as obras da instalação em Vitória da Conquista sejam finalizadas em dezembro de 2025.
Sobre a GNLink - A GNLink Distribuidora de Gás Natural S.A., constituída em 2022, é uma empresa da gestora de recursos Lorinvest, presente no Brasil desde 1953, com foco em projetos disruptivos e com pegada predominante ambiental/ESG e da Copa Energia, líder em engarrafamento e distribuição de GLP, que completou mês passado 70 anos de atuação no Brasil. Tem como premissa atuar no segmento de combustíveis gasosos e líquido, para o atendimento a Distribuidoras Estaduais de Gás Natural, Indústrias e segmento automotivo, com viés de transição energética onde o Gás Natural e é a peça-chave neste processo.
A empresa tem como objetivo levar o gás aonde ele ainda não chega, com a distribuição multimodal rodoviário.
Grandes Construções - SP 12/11/2025
A rodovia Fernão Dias (BR-381), principal ligação entre São Paulo e Belo Horizonte, será leiloada no dia 11 de dezembro, na B3, em São Paulo.
O novo contrato de concessão prevê R$ 15,3 bilhões em investimentos e vigência de 15 anos, com término estimado em 2040.
A licitação representa uma nova etapa na gestão da estrada, considerada uma das mais perigosas do país por órgãos de trânsito e especialistas em transporte rodoviário.
O trecho, que corta 33 municípios e soma 569 quilômetros, voltará a ser administrado por um operador privado sob supervisão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Ministério dos Transportes.
O processo foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) após análise técnica do edital.
A disputa marca o encerramento de um período de divergências contratuais com a atual concessionária, Autopista Fernão Dias S.A., do grupo Arteris, responsável pela via desde 2008.
Segundo o Ministério dos Transportes, o novo contrato busca corrigir distorções identificadas no modelo anterior e garantir maior eficiência na execução das obras.
Pelo menos quatro grupos empresariais devem disputar o leilão: Arteris Fernão Dias, Motiva Infraestrutura, EPR e Via Appia.
O vencedor assumirá a administração da via e a execução das obras previstas, com R$ 9,5 bilhões destinados a melhorias estruturais e R$ 5,4 bilhões a serviços operacionais, como atendimento a emergências, conservação e sinalização.
Principais obras e intervenções previstas - O edital define 108 quilômetros de faixas adicionais, 14 quilômetros de vias marginais, nove quilômetros de correções de traçado e a construção de novos túneis.
Também estão programadas 29 passarelas, 17 interseções otimizadas, 62 melhorias de acesso, seis passagens de fauna e duas áreas de escape para caminhões.
De acordo com a ANTT, as intervenções têm o objetivo de aumentar a fluidez e reduzir os índices de acidentes, especialmente nos trechos de serra.
A previsão é de que as obras mais urgentes comecem nos dois primeiros anos de contrato.
Um dos eixos mais movimentados do Sudeste - Inaugurada em 1959, durante o governo de Juscelino Kubitschek, a BR-381 é um dos principais corredores logísticos entre Minas Gerais e São Paulo, conectando polos industriais e centros de distribuição.
Segundo dados da atual concessionária, a rodovia tem fluxo médio diário de mais de 61 mil veículos por praça de pedágio, sendo 37% de veículos de carga.
Órgãos de segurança e especialistas em trânsito apontam que o alto movimento de caminhões e a presença de curvas acentuadas, principalmente entre Belo Horizonte e Governador Valadares, aumentam o risco de acidentes.
Programa federal de concessões - O leilão da BR-381 integra o programa de otimização da malha rodoviária federal, que revisa contratos antigos e busca atrair novos investidores para o setor.
De acordo com o Ministério dos Transportes, trata-se da terceira concessão repactuada nesse formato. A pasta prevê 16 leilões rodoviários em 2025, com expectativa de gerar R$ 176 bilhões em investimentos.
Até 2026, o total estimado é superior a R$ 350 bilhões, somando concessões de rodovias, ferrovias e portos.
IstoÉ Dinheiro - SP 12/11/2025
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) disse nesta terça-feira, 10, em nota, que o novo contrato para a BR-101, trecho que foi à leilão nesta terça-feira na B3, retomará investimentos para melhoria da logística do Leste e do Norte fluminense. Estão previstos investimentos de R$ 10,18 bilhões e 22 anos de concessão.
Única proponente no leilão, a Arteris manteve a operação da BR-101/RJ, conhecida como Autopista Fluminense, após não enfrentar concorrência no leilão de otimização. A empresa ofertou um desconto de 0% sobre a tarifa básica de pedágio estipulada em edital.
Para o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, é fundamental para a eficiência logística, segurança viária e competitividade para a atividade produtiva do Estado.
“A importância da rodovia vai muito além do setor de óleo e gás. A BR-101 é fundamental para a competitividade de toda a indústria fluminense, garantindo o transporte de matérias-primas, produtos acabados e insumos essenciais para segmentos como siderurgia, cimento, alimentos, construção civil e logística portuária. A rodovia também integra polos produtivos como o de Macaé e o Porto do Açu, ao restante do país, fortalecendo o escoamento da produção e o abastecimento regional”, destacou Caetano.
Segundo a Firjan, a BR-101 é importante via logística e de acesso terrestre para a região da bacia de Campos, consolidada como o segundo maior polo produtor de petróleo do País, com tendência de crescimento segundo a atual gestão da Petrobras. De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2024, a região foi responsável por 20,3% da produção nacional de petróleo.
Os municípios do Norte Fluminense têm se beneficiado enormemente dos royalties do petróleo, afirmou a entidade. Em 2024, por exemplo, mais de R$ 2,8 bilhões foram distribuídos à região. “Esses recursos vêm transformando a realidade local, viabilizando investimentos em áreas fundamentais como saúde, educação, infraestrutura e segurança pública”, destacou Caetano.
O documento “Panorama de Investimentos”, lançado recentemente pela Firjan, mapeia as oportunidades em todo o Estado e mostra que só na região Norte Fluminense há cerca de R$ 5,3 bilhões em investimentos confirmados para o próximo triênio, além de R$ 32 bilhões em investimentos potenciais.
“Grande parte desses projetos está diretamente associada à presença do setor de petróleo e gás. No entanto, é à infraestrutura que o sustenta esse investimento, com destaque para a BR-101, eixo logístico essencial para o escoamento da produção, o deslocamento de trabalhadores e o abastecimento das cidades”, explicou. “Essa dinâmica garante renda, emprego e novas perspectivas de desenvolvimento para a população local”, concluiu Caetano.