Globo Online - RJ 09/04/2025
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostram que, mesmo com a tarifa de 25% sobre o aço e alumínio importados pelos Estados Unidos em vigor por quase metade do mês, o Brasil exportou em março 39% a mais desses metais em comparação com o mesmo mês de 2024. O aço, justamente o principal item da pauta exportadora, foi o que teve melhor desempenho.
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, explicou que as exportações brasileiras de aço para os Estados Unidos têm caráter complementar, já que o principal produto embarcado são as placas de aço, um tipo de semiacabado usado pela própria indústria siderúrgica americana, que não tem autossuficiência na produção dessa matéria-prima. Ele lembrou ainda que, ao mesmo tempo em que exporta aço, o Brasil importa carvão mineral dos Estados Unidos, essencial para o setor siderúrgico brasileiro.
Segundo ele, esses argumentos foram fundamentais nas negociações que resultaram, em 2018, em um acordo comercial entre os dois países, após a imposição de tarifas pelo governo Trump. Pelo acordo, que durou seis anos, o Brasil pôde exportar até 3,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano para os EUA, além de 687 mil toneladas de produtos acabados.
- Nenhum acordo vigia por tanto tempo se fosse bom só para uma das partes. Esse acordo foi bom tanto para a indústria siderúrgica brasileira quanto para a americana - afirma ele, considerando que estes motivos é que devem ser usados na negociação entre o governo brasileiro e o norte-americano neste novo governo Trump.
O presidente do Instituto Aço Brasil ressalta que o país não sai de navio em busca de comprador e quem vai pagar pela alta da tarifa é o importador norte-americano.
- Nós não saímos pelo mundo procurando comprador. Nós somos demandados. O que a gente exporta, de maneira geral, é placa. Placa é matéria-prima. Não é um produto acabado que concorre com as indústrias automobilística, de linha branca, construção civil. Quem paga por essa tarifa? É o consumidor americano. O preço que nós vendemos aqui é o preço FOB (Free on Board), entregue no porto. Daí pra frente, todas essas tarifas, custos logísticos, quem paga é o comprador.
Além das tarifas dos Estados Unidos, o presidente do Instituto Aço Brasil chamou a atenção para um segundo problema enfrentado pelo setor: o aumento das importações predatórias de aço chinês. Agora com a promessa de taxação de 104% dos Estados Unidos à China, a busca por outros territórios deve aumentar.
- O Brasil tem sido bombardeado por importações predatórias há anos. No ano passado, entraram 4,8 milhões de toneladas de aço. E a nossa projeção é que em 2024 esse volume chegue a 5,3 milhões de toneladas, o que representa 25% das nossas vendas. Mais de 90% disso é China - destacou.
Para Marco Polo, o problema é estrutural, já que as empresas brasileiras não competem apenas com companhias chinesas, mas com o próprio Estado chinês, que subsidia a produção e mantém as exportações em alta mesmo diante de uma queda no consumo interno.
- A China exporta cerca de 100 milhões de toneladas de aço por ano. Isso faz parte de uma política de Estado. Eles mantêm a produção e colocam o excedente para fora - afirmou.
Marco Polo destacou ainda que o Brasil não deve se preocupar com um eventual desvio de exportações da China que deixariam de ir para os Estados Unidos e passariam a ser destinadas ao mercado brasileiro. Segundo ele, as tarifas aplicadas pelos EUA já limitam fortemente a entrada do aço chinês naquele mercado.
-Os Estados Unidos já tinham antes dessa nova decisão uma alíquota de 70% contra a China. Em 2023, a China exportou cerca de 1,2 milhão de toneladas para os EUA. No ano passado, esse número caiu para 400 mil toneladas por causa das tarifas. O problema não é o desvio para os EUA. O problema é o mundo inteiro, inclusive o Brasil, ficar exposto a essa enxurrada de aço chinês.
Valor - SP 09/04/2025
Empresário foi o entrevistado de ontem no Programa Roberto D’Ávila, no canal GloboNews
“O que mais possibilita decisões é quando você tem um ambiente de confiança no futuro, certeza”, diz Gerdau — Foto: Carlos Macedo/Valor
A guerra tarifária promovida pelo presidente americano, Donald Trump, ainda não atinge “a vida do empresariado”, mas traz incertezas, e a insegurança decorrente dessa falta de visibilidade afeta a tomada de decisões nas empresas, segundo Jorge Gerdau, acionista e presidente do conselho de administração do grupo siderúrgico. O empresário foi o entrevistado desta terça-feira (8) no Programa Roberto D’ Ávila, no canal GloboNews.
“A incerteza em termos empresariais, em termos de decisão econômica, é o maior inimigo que existe. O que mais possibilita decisões é quando você tem um ambiente de confiança no futuro, certeza. Neste momento, essa instabilidade prejudica muito o processo decisório”, afirmou.
Com operações industriais nos Estados Unidos, a Gerdau é vista como uma das companhias brasileiras que podem ser beneficiadas pela elevação das tarifas sobre produtos importados pelo país.
Segundo o empresário, de fato, “sob certo aspecto, proteções ou dificuldades de importação” beneficiam o produtor local. “Pessoalmente, não consegui ainda detectar claramente, fico até preocupado, qual é a proposta final que Trump tem”, comentou. “Acho que a guerra que ele está estabelecendo está gerando confusão. E essa confusão, no momento, dá um certo nível de insegurança”.
Conforme Gerdau, alguns aspectos do momento atual, de agitação, talvez sejam necessários, mas não está claro a qual finalidade estão atendendo. “Acho que não sou o único nesse sentido, de não saber com clareza qual é o propósito, aonde quer chegar”.
Em relação ao Brasil, Gerdau reafirma posição favorável a medidas que elevem a produtividade e retirem amarras de custos que afetam a indústria e a economia no geral. E o país tem a base, em sua avaliação. “O exemplo melhor, mais genérico, é a conquista que fizemos na agricultura. Há 30 anos, o Brasil importava comida. Hoje, somos grandes exportadores. Acredito demais no Brasil”, disse.
Na política, aponta que os ajustes passam pela reforma e adoção do voto distrital. “Para estabelecer claramente o vínculo do político com a sua comunidade”, explicou. “Hoje, o político é eleito com a votação de todo o Estado, que não tem um relacionamento pessoal. O voto distrital força um relacionamento pessoal, e aí se cria um vínculo de responsabilidade”. Da democracia, o empresário disse não abrir mão, e vê qualquer outro regime político como inaceitável.
Gerdau também reafirma a defesa a mandatos definidos para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Nosso Supremo entrou em áreas do poder Executivo e, principalmente, do Legislativo por espaços vazios. Houve motivos, talvez até por aspectos políticos. Mas o Supremo, no mundo, tem anos limitados de existência”.
A solução, segundo o empresário, é aproximar a atuação do Supremo brasileiro à das Cortes em demais países, com foco em legislar e aprimorar leis, enquanto a elite empresarial deveria participar mais do processo político. “Deveria participar mais na construção do aprimoramento. Tem que tentar reduzir ao máximo o lobby, o tipo de lobby. Depende de como é feito”, acrescentou.
O Estado de S.Paulo - SP 09/04/2025
A reciprocidade tarifária anunciada por Donald Trump visa, em especial, a compensar as restrições tarifárias e as medidas não tarifárias que afetam os produtos norte-americanos e que dificultam a implementação de uma política industrial que favoreça os interesses das empresas norte-americanas. Na realidade, a medida poderá representar um dos maiores atos de autossabotagem na história dos EUA.
As tarifas universais são variáveis, oscilando de 10% a 49%, entram em vigor imediatamente e serão acrescentadas às tarifas já em vigor, dependendo do produto e do país, além das aplicadas ao aço e ao alumínio e à importação de carros. Os países agora terão de negociar a redução dessas tarifas variáveis com compensações para os EUA. Vietnã e Israel resolveram, antes do anúncio, eliminar as tarifas para os produtos norte-americanos. México, Canadá e União Europeia já deixaram saber que vão retaliar de forma proporcional. A China retaliou com tarifas no mesmo nível: 34% sobre os produtos norte-americanos. Trump disse que, se isso de fato ocorrer, irá treplicar e impor tarifas ainda mais elevadas. Estaria, assim, declarada uma dura guerra comercial global com impactos imprevisíveis. Com base na experiência passada, em especial nos idos de 1930, com a Lei Smoot-Hawley, que elevou as tarifas e isolou os EUA, pode-se antever a possibilidade de uma recessão global, com inflação, desemprego e crise cambial, ao contrário dos objetivos enunciados por Trump.
Em relação à China, o país com o maior superávit no comércio bilateral com os EUA, Trump tomou uma série de medidas, além das tarifas. Entre elas, decisão de conter investimentos em tecnologia e energia nos EUA, de revisar o acordo para evitar a bitributação de 1984 e de impor, a partir de novembro, taxas pesadas sobre navios chineses que buscam os portos norte-americanos com bens de qualquer outro país, para reduzir o domínio chinês no transporte marítimo. Essa taxação teria um efeito dramático sobre o comércio global pelo aumento no preço do frete e no custo final dos produtos no mercado norte-americano.
A região mais prejudicada foi a Ásia (China, com 34%; Vietnã, com 46%; Tailândia, com 31%; Indonésia, com 32%; Malásia, com 24%; e Taiwan, com 32%). O continente menos afetado foi a América Latina, com 10%, à exceção do México, que foi penalizado com múltiplas tarifas. À Rússia e à Coreia do Norte, zero de tarifa...
O anúncio da decisão causou alívio inicial ao governo brasileiro, visto que o País ficou no nível mais baixo das tarifas, com 10% sobre a exportação de produtos brasileiros. Isso pode ser explicado pelo fato de o Brasil ter um déficit (não um superávit) na balança comercial com os EUA, com poucos produtos com tarifas mais elevadas (etanol 18%, ante 2% dos EUA). As barreiras não tarifárias vigentes, identificadas no documento Barreiras contra o Comércio Exterior, produzido pelo United States Trade Representative (USTR), não foram consideradas. Dependendo da evolução das negociações bilaterais, não se deve descartar a possibilidade de, no futuro, o governo de Washington vir a penalizar as barreiras mencionadas no referido documento, como IPI, impostos sobre serviços audiovisuais, remessas relacionadas com obras audiovisuais, restrições à importação de equipamentos de terraplenagem, importação de bens de consumo usados, regulamentações sobre biocombustíveis, barreiras sanitárias e fitossanitárias, compras governamentais, comércio digital e propriedade intelectual.
O governo brasileiro, no nível mais alto, declarou que essas medidas unilaterais são contrárias às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que a primeira reação será levar o caso para a OMC em Genebra, a exemplo do que já anunciaram a China e o Canadá. Além dessa medida, Lula disse que o Brasil poderia retaliar. Altos funcionários em Brasília disseram que o governo “está habilitado a tomar contramedidas que afetem os EUA, como retaliação cruzada, em propriedade intelectual, mas que não sejam um tiro no pé”.
No meio das crescentes incertezas quanto às medidas protecionistas dos EUA, o Brasil deveria negociar a volta de cotas, em vez de tarifas, sobre o aço e o alumínio e formas de reduzir o impacto negativo das medidas anunciadas sobre os produtos nacionais. A curto prazo, com a escalada das medidas protecionistas globais, será importante atentar à possibilidade de desvio de comércio para o mercado brasileiro.
Como ficou no nível mais baixo das tarifas variáveis, o Brasil não tem alternativa senão aguardar as reações ao redor do mundo, em especial do Canadá, do México, da União Europeia, da China e do Japão. A partir daí, apresentar queixa à OMC e avaliar como negociar com os EUA. O comunicado oficial do Itamaraty está correto ao anunciar uma posição de cautela para os próximos passos. A retórica radical de retaliação aos EUA deve ser deixada de lado e substituída por medidas concretas de reciprocidade, apoiadas na nova lei de defesa comercial aprovada pelo Congresso.
O cenário mundial, em rápida transformação e ebulição, exige uma visão estratégica e pragmática da parte do governo brasileiro, acima de ideologia e partidarismo, para a defesa do interesse nacional, aproveitamento das oportunidades e resposta aos desafios que surgirão para o Brasil.
IstoÉ Dinheiro - SP 09/04/2025
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou nesta terça-feira (8) que os Estados Unidos vão cobrar tarifas de 104% sobre os produtos chineses a partir de quarta-feira (9). A medida é mais um episódio da guerra comercial entre os países.
Na coletiva de imprensa transmitida pelas redes sociais da Casa Branca nesta tarde, a secretária foi questionada por um repórter se o presidente Donald Trump manteria a decisão de adicionar 50% em taxas sobre os produtos da China.
“Elas [as novas taxas] entrarão em vigor à meia-noite de hoje. Então, efetivamente amanhã”, respondeu Karoline Leavitt.
Minutos antes, a secretária havia criticado o governo chinês por não recuar e aceitar uma negociação com os Estados Unidos.
“Países como a China, que escolhem retaliar e tentam redobrar os maus-tratos aos trabalhadores americanos, estão cometendo um erro. O presidente Trump tem uma espinha dorsal de aço e não vai quebrar. A América não vai quebrar sob sua liderança. Ele é guiado por uma firme convicção de que a América deve ser capaz de produzir bens essenciais para o nosso próprio povo e exportá-los para o mundo”, disse Leavitt.
Na segunda-feira, Donald Trump havia ameaçado impor tarifas adicionais sobre todas as importações da China caso Pequim não recuasse da decisão de impor tarifas recíprocas contra Washington.
“Se a China não retirar seu aumento de 34% acima de seus abusos comerciais de longo prazo até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas adicionais à China de 50%, com efeito em 9 de abril”, disse o americano em rede social.
Histórico de taxação
Em março, Washington impôs taxas específicas de 20% à China, em um dos primeiros movimentos de Trump para pressionar o país asiático. No último dia 2 abril, os EUA iniciaram uma guerra de tarifas contra todos os parceiros comerciais, com taxação adicional de 34% sobre todos os produtos chineses que entram no país norte-americano. Com a promessa de uma terceira taxação de 50%, o total iria para 104%.
Além de retaliar com tarifas de 34% sobre os produtos estadunidenses, Pequim também estabeleceu restrições para exportação de minerais raros, chamados terras raras, e proibir o comércio com 16 empresas dos EUA.
Em editorial publicado no domingo (6), o jornal porta-voz do Partido Comunista Chinês (PCCh) – o Diário do Povo – disse que a China está preparada para a guerra de tarifas de Donald Trump e que o “céu não cairá” por causa das novas barreiras comerciais.
“Devemos transformar pressão em motivação e encarar a resposta ao impacto dos EUA como uma oportunidade estratégica para acelerar a construção de um novo padrão de desenvolvimento”, afirmou o editorial do principal jornal do PCCh.
Infomoney - SP 09/04/2025
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou a 0,05% na primeira prévia de abril, após alta de 0,29% na mesma leitura do mês de março, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira (8).
Entre as aberturas, o Índice de Preços ao Produtor Amplo – M (IPA-M) passou de alta de 0,14% na primeira prévia de março para queda de 0,07% nesta leitura, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor – M (IPC-M) desacelerou de 0,77% para 0,28%.
Já o Índice Nacional da Construção Civil – M (INCC-M) repetiu a mesma variação da primeira prévia de março nesta divulgação, de alta de 0,50%.
O Estado de S.Paulo - SP 09/04/2025
O “Dia da Libertação” da semana passada marcou uma espécie de “Dia D” no esforço para reordenar o sistema econômico internacional. Essa reordenação é desesperadamente necessária para abordar os desequilíbrios do sistema, que levaram à desindustrialização e a déficits comerciais anuais de trilhões de dólares para os Estados Unidos. No entanto, lembre-se, longe de desferir o golpe decisivo da Segunda Guerra Mundial, o Dia D foi apenas o início da campanha europeia. Seguiram-se onze meses de luta feroz, com mais de 100 mil americanos mortos antes que a vitória fosse assegurada. Com as tarifas, também, o sucesso ou o fracasso depende do que acontece a seguir, e a nação terá de suportar custos reais enquanto o processo estiver em andamento.
A amplitude, a velocidade e a severidade das ações do presidente Donald Trump, que ele finalizou apenas pouco antes do anúncio no Rose Garden, provocaram pânico imediato nos mercados e entre aliados. As ondas de rádio se encheram de previsões sombrias, enquanto as pessoas examinavam as fontes e os tamanhos dos números, a estratégia e até a autoridade legal. No meio da histeria, preocupações justas também surgiram sobre o que falta no plano: tempo para empresas e governos responderem, permanência para aquelas tarifas destinadas a mudar investimentos e uma visão clara dos objetivos e de como alcançá-los. Mas há passos simples que a administração poderia tomar agora para corrigir o curso e passar de sua posição inicial sitiada para uma posição avançada sustentável.
A tarifa global de 10% - uma política permanente fundamental, que já entrou em vigor, e que carrega um custo tolerável - é o ponto de partida correto. O Congresso deve transformá-la em lei o mais rápido possível. Isso confirmaria sua permanência e também proporcionaria uma receita fiscal substancial que poderia ajudar o Congresso a resolver alguns de seus problemas matemáticos orçamentários. Um projeto de lei com este efeito, o Built USA Act (que eu defendi), foi introduzido em janeiro pelo deputado Jared Golden, um democrata conservador.
Para as tarifas mais altas, específicas por país, que Trump chama de “recíprocas”, a primeira prioridade deve ser escalá-las mais gradualmente, para dar tempo aos mercados e aliados de se adaptarem. Jogar cadeias de suprimento no maior caos e impor os maiores ônus mais rápido do que as empresas poderiam se mover para evitá-los leva a custos excessivos com poucos benefícios. Uma segunda prioridade para a Casa Branca deve ser comunicar a visão final do presidente e seu plano para chegar lá, para que todos possam ter confiança na direção e agir de acordo. Alguma opacidade pode ajudar a preservar poder de negociação, mas as exigências fundamentais da América de seus aliados devem ser claras para todos.
Entre os alvos das tarifas recíprocas, a China pertence à sua própria categoria. Já tendo aumentado as tarifas sobre a China para 20% no total desde que assumiu o cargo, além de outras tarifas já em vigor para alguns produtos, o presidente adicionou 34 pontos percentuais no “Dia da Libertação” e na segunda-feira ameaçou com mais 50 pontos percentuais se a China não recuasse de sua retaliação. A nova linha de base de 54%, na ausência de retaliação, aproxima-se dos 60% de tarifas para a China em que ele fez campanha e é melhor entendida como permanente. Esse é o movimento certo se o objetivo é, como deveria ser, desembaraçar as economias americana e chinesa. Em seu primeiro mandato, ele buscou fazer um acordo com Xi Jinping. Agora, Trump está, corretamente, se afastando.
Mas dar um salto desse tamanho tão rapidamente é desnecessário e imprudente. A empresa mais determinada não poderia mudar a produção com essa velocidade. Uma abordagem melhor seria aumentar a tarifa em três etapas - 20 pontos percentuais agora, em um ano e em dois anos - e o Congresso legislar isso, revogando o status de relações comerciais normais permanentes da China, como foi a recomendação bipartidária do Comitê Seleto da Câmara sobre o Partido Comunista Chinês e a Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China em 2024. A legislação já existe para isso, copatrocinada por Marco Rubio (agora secretário de Estado de Trump) quando ele estava no Senado, e acompanhada por um projeto de lei bipartidário na Câmara. Essa legislação prevê tarifas sobre bens estrategicamente importantes aumentando em etapas ao longo de cinco anos.
Finalmente, Trump tem as tarifas recíprocas que ele definiu de país para país em proporção ao seu desequilíbrio comercial com os Estados Unidos. Estas parecem ser temporárias por natureza, destinadas como margem para fazer outros países adotarem políticas que promovam o comércio equilibrado. Poucos esperavam que essas tarifas fossem definidas em níveis tão altos. Entre os aliados que expressaram abertura para negociar, mas ainda não têm certeza do que precisam fazer, estas são fontes de consternação compreensível.
As altas tarifas recíprocas parecem estruturadas para maximizar a credibilidade do compromisso do presidente, para garantir que todos os países levem sua ameaça a sério, mas suas ações anteriores, junto com medidas em direção a tarifas globais permanentes e tarifas para a China, cumprem esse objetivo. Há um limite para os custos que o povo americano e os aliados americanos suportarão, especialmente sem constantes lembretes de uma visão de longo prazo coerente. O presidente deveria querer minimizar o dano de curto e médio prazos às empresas e cadeias de suprimentos que devem sobreviver à disrupção se forem prosperar a longo prazo.
Para os muitos parceiros comerciais que vieram negociar, pouco seria perdido e muito seria economizado se Trump os agradecesse com um período de carência de seis meses para trazer suas melhores ofertas à mesa. Aqueles que falharem em entregar poderiam ser atingidos com metade da taxa de tarifa do Rose Garden e ter mais seis meses para acertar antes que o peso total caia. As empresas teriam tempo para avaliar seu risco e planejar de acordo, enfrentando uma paisagem em que o imperativo óbvio é começar a investir nos Estados Unidos.
Em qualquer caminho que escolha, Trump poderia aumentar muito as chances de negociações bem-sucedidas com o maior bloco econômico possível liderado pelos EUA, explicando exatamente o que ele quer. Os Estados Unidos não ganham nada ao se recusar a articular claramente uma visão.
Então, qual é o objetivo? Com base nos comentários públicos da administração, é eliminar grandes desequilíbrios comerciais dentro de um bloco liderado pelos EUA que exclui a China, outras economias não mercantis e qualquer país determinado a continuar acumulando grandes superávits à custa de seus parceiros. Em comentários na segunda-feira, Stephen Miran, o chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, enfatizou que a administração também vê os compromissos de segurança indissoluvelmente ligados aos econômicos.
Se esses são os contornos, Trump deveria dizer isso, delinear os tipos de concessões que ele espera dos aliados buscando reequilibrar o comércio e detalhar as políticas comuns em relação à China que todos os membros do bloco devem adotar. (Os comentários de Miran, respondendo à pergunta “quais formas essa divisão de pacotes pode tomar?”, com cinco sugestões diferentes, foram um passo importante na direção certa.) Então, o presidente pode sentar e esperar as melhores ofertas. Graças às ações iniciais contra nossos vizinhos mais próximos, a renegociação do Acordo Estados Unidos-México-Canadá começará em breve. Um novo acordo bem-sucedido estabeleceria um forte núcleo norte-americano para qualquer futuro bloco e sinalizaria claramente o que os Estados Unidos esperam dos outros.
Finalmente, a administração de Trump precisa levar a sério outras políticas necessárias para apoiar a reindustrialização. Se os Estados Unidos vão reduzir seu déficit comercial rapidamente sem cortes dolorosos no consumo doméstico, terão de aumentar a capacidade de produção muito rapidamente, seja para expandir as exportações para outros mercados, seja para substituir importações em casa. Isso requer uma política industrial semelhante ao que o CHIPS and Science Act já alcançou para a fabricação de semicondutores, com ajuda de novas formas de financiamento público e permissões aceleradas. Novas infraestruturas terão de ser construídas e novas fontes de energia colocadas em linha. Talvez o ponto mais crítico, recursos enormes devem ser investidos no desenvolvimento da força de trabalho.
Os primeiros dias de uma guerra raramente são determinantes para o seu resultado, e até o melhor plano muda quando encontra o mundo real. Os líderes têm a oportunidade de provar seu valor nesses momentos em que devem se adaptar sob fogo para perseguir melhor um objetivo inabalável. Para Trump, o campo de batalha espera.
O Estado de S.Paulo - SP 09/04/2025
F oi uma segunda-feira caótica nos mercados globais. Queda generalizada de preços de ativos, volatilidade extrema, circuit breaker (suspensão de negócios quando há movimentos bruscos nas bolsas) em Tóquio, muita boataria e muitos desmentidos.
Não é de estranhar que os mercados reajam ao tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, e ao contra-ataque da China, que retaliará os americanos impondo os mesmos 34% sobre importações que Trump anunciou sobre os importados chineses. Anormal seria se a belicosidade entre as duas maiores economias do mundo fosse ignorada pelos investidores.
Ocorre que o pânico se dá em momento em que apoiadores entusiasmados de Trump, como o bilionário Bill Ackman, pediram ao presidente que evitasse um “inverno econômico nuclear” e suspendesse o tarifaço por 90 dias para negociar “assimetrias tarifárias” com os países envolvidos.
Na rede social X, Ackman afirmou ainda que negócios dependem de confiança, e que Trump “está perdendo a confiança de líderes empresariais ao redor do mundo”, o que prejudica os EUA e os milhões de cidadãos que apoiaram o republicano, sobretudo os mais pobres.
A ilusão de que Trump, notório por seu comportamento errático e imprevisível, anunciaria uma suspensão do tarifaço por 90 dias chegou a causar uma reviravolta nas bolsas norte-americanas.
Mas a trégua durou pouco. O governo Trump não apenas qualificou como “fake news” uma suspensão do chamado “Dia da Libertação”, como ameaçou aumentar para 50% a tarifa sobre as importações chinesas caso Pequim não desista de retaliar os EUA.
E enquanto líderes de Wall Street, como o presidente do J.P. Morgan, Jamie Dimon, afirmavam que as tarifas provavelmente resultarão em inflação maior, Trump resolveu interpretar a queda nos preços do petróleo, por exemplo, como um sinal de que sua ofensiva protecionista já está funcionando.
Nada mais dissociado da realidade, já que o recuo da commodity se deu pelo temor de recessão e consequente arrefecimento na demanda. Em apenas uma semana, o banco Goldman Sachs elevou em duas vezes a probabilidade de que os EUA caiam em uma recessão: primeiro para 35%, e agora para 45%.
Se a recessão será evitada, ainda é difícil saber. Mas o fato de que gente influente em Wall Street, até mesmo aqueles que apoiaram Trump vigorosamente, está claramente se manifestando contra o tarifaço tal como ele foi concebido expõe fissuras nas hostes trumpistas.
O bilionário Ackman, por exemplo, acusou o secretário de Comércio, Howard Lutnick, de lucrar com a debacle econômica. Posteriormente, se desculpou. Já Elon Musk, eminência parda do governo, se indispôs com o conselheiro de Comércio de Trump, Peter Navarro.
Como se vê, não são apenas os mercados que estão ruindo, embora no caso dos ativos financeiros sempre haja espaço para recuperação.
Ao fazer ouvidos moucos para os importantes alertas de aliados que foram fundamentais para seu retorno à Casa Branca e que não rasgam dinheiro, Trump arrisca perder apoio e ficar cercado apenas por quem não ousa dizer que ele talvez não tenha razão.
O Estado de S.Paulo - SP 09/04/2025
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) aumentou de 75,7% em janeiro para 76,2% em fevereiro, informou o Banco Central. Em reais, a DBGG passou de R$ 8,940 trilhões para R$ 9,045 trilhões.
Pelo conceito do Fundo Monetário Internacional (FMI), a DBGG cresceu de 87,1% para 88,7% do PIB no período. O BC informou, no mais recente Relatório de Política Monetária (RPM), que iria incorporar a metodologia do FMI às suas divulgações.
O pico da série da dívida bruta no critério do BC foi alcançado em dezembro de 2020 (87,6%), devido às medidas fiscais adotadas no início da pandemia de covid-19. No melhor momento, em dezembro de 2013, a dívida bruta chegou a 51,5% do PIB.
A DBGG – que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o BC e as empresas estatais – é uma das referências para avaliação, por parte das agências globais de classificação de risco, da capacidade de solvência do País. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote por parte do Brasil.
A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) – que considera as reservas internacionais do Brasil – subiu de 61,1% do PIB em janeiro para 61,4% em fevereiro. Em reais, atingiu R$ 7,297 trilhões.
IstoÉ Online - SP 09/04/2025
Os futuros do minério de ferro registraram nesta terça-feira, 8, a quarta queda consecutiva, atingindo o menor preço desde outubro do ano passado. O contrato mais negociado na Bolsa de Commodities de Dalian recuou 3,15%, encerrando a 738,5 iuanes (US$ 100,87) a tonelada.
A baixa é reflexo direto da escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, maior consumidora global do insumo, o que tem ofuscado o habitual aumento da demanda durante o pico sazonal do setor de construção chinês, que ocorre em abril.
Os investidores reagiram negativamente à recente ameaça do presidente norte-americano Donald Trump de elevar tarifas adicionais sobre produtos chineses, o que levou Pequim a prometer retaliação. Analistas apontam que este cenário pode comprometer ainda mais a demanda global por aço e seus componentes.
Além do minério de ferro, outros insumos siderúrgicos também foram afetados pelas tensões comerciais. Na Bolsa de Dalian, o carvão de coque caiu 4,68%, e o coque teve recuo de 4,08%. Os principais contratos futuros do aço negociados em Xangai também encerraram o dia em queda.
IstoÉ Online - SP 09/04/2025
O setor de metais sofreu perdas de R$ 25,92 bilhões em dois dias no Ibovespa após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar aumento nas tarifas sobre produtos chineses. A Vale liderou as perdas, com redução de R$ 19,79 bilhões no valor de mercado, seguida pela Gerdau, que perdeu R$ 2,13 bilhões.
A China respondeu com tarifas equivalentes sobre importações americanas e restrições à exportação de terras raras, fundamentais para tecnologia e defesa. Analistas alertam que essas medidas devem agravar a desaceleração econômica chinesa, reduzindo a demanda por commodities brasileiras, especialmente minério de ferro.
Segundo Igor Guedes, analista da Genial, as ações da Vale caíram para níveis semelhantes aos registrados após o rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019. Para a XP, a guerra tarifária pode levar à redução da produção de aço chinesa, impactando negativamente as vendas externas da Vale e da CSN Mineração.
O Instituto Aço Brasil alerta para o risco de o mercado brasileiro receber um fluxo maior de aço estrangeiro, antes direcionado aos EUA. Segundo o presidente do Instituto, Marco Polo Lopes, a defesa comercial deve ser tratada como prioridade para evitar prejuízos adicionais às siderúrgicas nacionais.
Infomoney - SP 09/04/2025
Ao observar o comportamento recente das ações da Vale (VALE3), nota-se que o papel segue dentro de uma ampla faixa lateral iniciada desde o topo histórico registrado em 2021. Desde então, o ativo respeita uma linha de tendência de baixa (LTB) mais recente, iniciada em 2023, e ainda não mostrou força para rompê-la de forma consistente. Em 2025, após atingir a mínima do ano em R$ 48,96, houve uma tentativa de reação com fluxo comprador, mas que esbarrou exatamente na LTB. Desde então, o movimento vendedor voltou a predominar, e o ativo se aproxima novamente da zona de suporte.
No fechamento mais recente, VALE3 encerrou cotada a R$ 52,05, acumulando queda de 8,20% apenas neste mês de abril. No ano, a desvalorização é de 0,86%, evidenciando a dificuldade do papel em sustentar movimentos de recuperação.
Para entender até onde o preço das ações da Vale pode ir, confira a análise técnica completa e os principais pontos de suporte e resistência.
No gráfico semanal, observo que a tendência no médio prazo segue pressionada pela LTB iniciada em 2023. Apesar do movimento lateral que se desenha desde 2021, o viés atual é de baixa. Recentemente, o papel perdeu as médias móveis de 9 e 21 períodos, reforçando o enfraquecimento da força compradora.
O rompimento da LTB em fevereiro sugeriu uma possível reversão, mas rapidamente o papel perdeu força e voltou a cair. Agora, a atenção se volta para dois pontos importantes: o suporte imediato em R$ 50,76 e a mínima do ano em R$ 48,96. A perda dessa faixa pode acelerar o movimento vendedor e abrir caminho para os R$ 46,58 (mínima de 2021). Abaixo disso, os alvos se projetam para R$ 43,88, R$ 39,40 e até R$ 36,70.
Para inverter esse cenário, será necessário um retorno da força compradora com volume, rompendo as médias de 9 e 21 períodos — localizadas hoje em R$ 53,70 e R$ 54,28. Superando essas resistências, o ativo pode buscar a máxima de 2025 nos R$ 58,45 e a média de 200 períodos nos R$ 61,09. Alvos mais longos ficam nas regiões de R$ 69,36 e R$ 74,38. O IFR (14) semanal está em 43,62, ainda fora da zona de sobrevenda, o que mostra espaço técnico para mais quedas caso o suporte ceda.
Confira nossas análises:
Análise de curto prazo
No gráfico diário, observa-se que VALE3 vem de um forte movimento descendente após ter tocado a resistência em R$ 62,42. Desde então, o ativo recuou até a mínima do ano (R$ 48,96), reagiu com força até os R$ 58,45 — máxima de 2025 — mas voltou a perder fôlego ao reencontrar a LTB de médio prazo. Desde então, emplacou novas quedas, com forte pressão vendedora nas últimas sessões.
Atualmente, o ativo opera abaixo das médias de 9, 21 e 200 períodos, o que reforça o viés negativo. Para seguir com as quedas, será necessário romper a faixa de suporte entre R$ 51,15 e R$ 50,00. Perdendo essa região, pode voltar à mínima do ano em R$ 48,96, com projeções em R$ 46,58 e, no limite, R$ 43,88 e R$ 41,20.
Por outro lado, o IFR (14) no diário marca 32,23, próximo da zona de sobrevenda, o que abre espaço técnico para um eventual repique de curto prazo. Para isso, o ativo precisa romper a resistência em R$ 53,52 e, com força compradora, mirar as médias móveis nos R$ 55,50 e R$ 56,10. Acima disso, os alvos são R$ 58,45, R$ 60,00 e, mais acima, os R$ 62,42.
Fonte: Nelogica. Gráfico diário. Elaboração: Rodrigo PazAnálise do minério
Nas últimas semanas, o minério de ferro vem reforçando um cenário de baixa consistente, o que tem gerado reflexos imediatos nos ativos de siderurgia e mineração. Ao analisar o gráfico, nota-se uma pressão vendedora, com a formação de gaps sucessivos de baixa e o rompimento de suportes importantes, movimento que mantém o ativo abaixo das médias móveis de curto prazo.
A dinâmica do curto prazo mostra que o minério recuou 5,35% na semana passada e já acumula cerca de 3,23% de queda nesta semana, reforçando o ímpeto vendedor. A commodity atingiu a região de 710 iuanes (US$ 97,14), que passa a ser um ponto importante: caso seja rompido, pode abrir espaço para quedas mais acentuadas.
Os próximos suportes relevantes ficam em 657 iuanes (US$ 89,89), 600 iuanes (US$ 82,09) e, num cenário mais estressado, em 510 iuanes (US$ 69,77). O padrão gráfico, marcado por forte pressão de venda e ausência de repiques relevantes, indica que o mercado ainda não encontrou um piso técnico confiável. Para que o minério volte a sinalizar alguma recuperação, será necessário vencer resistências importantes entre 729 e 737 iuanes (US$ 99,74 a US$ 100,83). Acima disso, vejo alvos técnicos mais longos em 753,90 iuanes (US$ 103,15), 770,42 iuanes (US$ 105,41) e, no cenário mais otimista, 800 iuanes (US$ 109,45).
Suportes e resistências da VALE3
Suportes:
R$ 53,52 > Primeira resistência que precisa ser rompida para indicar reação no curto prazo. R$ 53,70 / R$ 54,28 > Médias móveis de 9 e 21 períodos no gráfico semanal. Zona importante para mudança de viés. R$ 55,50 / R$ 56,10 > Médias móveis no gráfico diário (200 e 21 períodos). R$ 58,45 > Máxima de 2025, e ponto onde o papel falhou recentemente. R$ 60,00 / R$ 62,42 > Resistências mais fortes no curto prazo. R$ 62,42 foi topo anterior importante. R$ 61,09 > Média de 200 períodos no gráfico semanal, resistência significativa para o médio prazo. R$ 69,36 / R$ 74,38 > Alvos longos em caso de reversão mais estruturada. Resistências:
R$ 58,24 > Máxima de 2025; nível-chave que, se rompido, pode impulsionar novas altas. R$ 60,00 – R$ 62,40 > Faixa de resistência importante; rompimento pode levar o ativo a buscar níveis mais altos. R$ 61,32 > Média móvel de 200 períodos no gráfico semanal; forte barreira técnica. R$ 64,56 > Região de resistência intermediária. R$ 69,35 – R$ 72,06 > Resistência significativa, podendo atuar como alvo caso o papel mantenha a alta. R$ 74,38 – R$ 80,81 > Topo histórico e alvo mais longo para um cenário otimista.
Valor - SP 09/04/2025
As vendas na China despencaram 42% no primeiro trimestre para 9.471 unidades — o pior resultado trimestral da empresa no país asiático desde 2013
As vendas da Porsche na China caíram para o menor nível em mais de uma década, obscurecendo ainda mais as perspectivas da fabricante de carros de luxo, já que novas tarifas dos EUA ameaçam pedidos em seu maior mercado.
As vendas na China despencaram 42% no primeiro trimestre para 9.471 unidades — o pior resultado trimestral da empresa no país asiático desde 2013 — à medida que a intensa concorrência de montadoras nacionais cortou mais profundamente a participação de mercado da montadora europeia.
A piora da queda ocorre em um momento particularmente ruim para a Porsche, que está se preparando para um golpe das tarifas automotivas nos EUA, seu maior mercado. Sem nenhuma unidade de produção nos EUA, a Porsche está entre as montadoras mais vulneráveis às taxas.
As entregas na América do Norte ofereceram um ponto positivo no primeiro trimestre, aumentando 37%, embora os ganhos tenham ocorrido antes das novas tarifas e sejam difíceis de sustentar com o aumento dos custos de importação.
Enquanto isso, os clientes na Alemanha compraram 34% menos veículos Porsche nos primeiros três meses do ano, levando a uma queda de 10% na Europa. A descontinuação da Porsche de modelos que não atendiam aos regulamentos de segurança cibernética da União Europeia, incluindo o 718 e o popular SUV Macan, contribuiu para o resultado. As entregas globais caíram 8%.
As ações caíram mais de 50% no ano passado.
A Porsche está reduzindo o número de funcionários e reorganizando seu conselho enquanto tenta lidar com a redução das vendas. Como outras montadoras europeias, a Porsche está sob crescente pressão na China devido a uma onda de marcas nacionais que estão rapidamente ganhando terreno nos segmentos premium e de veículos elétricos.
O CEO, Oliver Blume, disse no início deste ano que a demanda na China provavelmente não melhorará em breve.
IstoÉ Dinheiro - SP 09/04/2025
As tarifas de importação de 25% impostas por Donald Trump ao setor automotivo vão mexer na cadeia global do setor e afetar investimentos no Brasil. Embora o País não exporte uma quantidade expressiva de veículos para os Estados Unidos, a expectativa é de que, com a política tarifária da Casa Branca, investimentos das montadoras sejam deslocados para os EUA.
Além disso, o Brasil precisará lidar com uma maior entrada de carros importados de países que tradicionalmente exportam muito para os EUA, como México, Canadá e Coreia do Sul. Os alertas foram feitos pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta terça-feira, 8, em entrevista à imprensa.
A preocupação acontece em especial com o México. “México possui livre-comércio com o Brasil e tem menor custo de produção de veículos”, apontou o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.
No último ano, as vendas de veículos mexicanos para os EUA foi de 3,2 milhões de unidades. Além disso, aqui, o setor de autopeças deverá ser impactado pela elevação tarifária, por conta da importância dos EUA no saldo comercial.
Por isso, a Anfavea acredita que os investimentos anunciados por montadoras no Brasil podem sofrer uma revisão em razão desse novo cenário imposto. Para a entidade, se ocorrer um desbalanceamento nas trocas comerciais, com aumento excessivo de importações, o País precisará elevar suas tarifas e criar um sistema de cotas para proteger a indústria local.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, avaliou positivamente o desempenho da diplomacia brasileira com os Estados Unidos até o momento. “O Brasil é país amigo de todos os demais países, segue negociando. O que sempre pedimos ao governo é que haja tratamento de forma a não prejudicar nossos investimentos” apontou.
Segundo a entidade nos Estados Unidos, a política tarifária de Trump vai provocar no curto prazo uma queda do mercado em 1 milhão de veículos (de 15,9 milhões para 14,9 milhões), com estimativa de elevação do preço entre US$ 3 mil e US$ 12 mil. Também deve haver uma elevação da inflação de custos que levará à redução do nível de emprego, da produção e das vendas.
A associação também prevê que as tarifas provocarão nos EUA um atraso na transição para veículos eletrificados, questão influenciada por investimentos em infraestrutura, estímulos fiscais e financeiros. No médio prazo, ou até mesmo no curto prazo, o prognóstico aponta para um deslocamento de investimentos para os EUA, gerando capacidade ociosa em outros países produtores, especialmente o México.
Na América Latina, o mercado vai sofrer com uma maior concorrência de produtos mexicanos, seja de veículos, seja de peças.
Auto Industria - SP 09/04/2025
O ritmo do chão das fábricas de caminhões promoveu crescimento de 8,2% nos três primeiros meses de 2025 ao acumular 31.721 unidades ante as 29.327 registradas no mesmo período de 2024. Apesar do resultado positivo, a Anfavea enxerga sinais de que as atividades não se apresentarão tão aquecidas nos próximos meses.
As razões vêm do comportamento do mercado que já reduz a cadência nas linhas. Embora a produção de março tenha anotado alta de 4,4% no confronto com o volume de um ano atrás, de 11.224 unidades para 11.720, em relação a fevereiro, quando a produção somou 11.970, expressou baixa de 2,1%.
“A tendência é de a produção começar a cair. Cabe lembrar que o resultado até agora reflete as compras feitas no fim do ano passado e os investimentos, principalmente em pesados, estão sendo postergados, como aponta os números do trimestre”, avaliou Igor Calvet, diretor executivo da Anfavea, durante apresentação do balanço do setor automotivo, na terça-feira, 8.
Globo Online - RJ 09/04/2025
As tarifas de 25% impostas pelo presidente Donald Trump sobre veículos importados, que entraram em vigor na semana passada, já estão têm impacto na indústria automobilística. E montadoras estão suspendendo envio de carros para os Estados Unidos, fechando fábricas no Canadá e no México, e demitindo trabalhadores em Michigan e outros estados americanos.
A Jaguar Land Rover, com sede no Reino Unido, afirmou que interromperá temporariamente as exportações de seus carros de luxo para os EUA. A Stellantis paralisou fábricas no Canadá e no México que produzem veículos das marcas Chrysler e Jeep, além de ter demitido 900 trabalhadores nos EUA que atuavam no fornecimento de motores e outras peças para essas fábricas.
A Audi, divisão de luxo da alemã Volkswagen, também suspendeu as exportações de carros para os EUA a partir da Europa, orientando suas concessionárias a venderem o que ainda têm em estoque. Se outras montadoras tomarem medidas semelhantes, o impacto econômico pode ser severo, com aumento nos preços dos carros e demissões em massa.
As tarifas sobre veículos são uma das primeiras dentre várias tarifas setoriais que Trump planeja implementar e podem oferecer os primeiros indícios de como as empresas irão reagir às suas políticas comerciais — incluindo se vão aumentar os preços ou expandir a produção dentro dos Estados Unidos.
Os EUA impuseram tarifas de importação de ao menos 10% a todos os países. Consulte abaixo a lista completa dos países e em quanto eles serão tributados conforme a nova política tarifária de Trump.
Mais tarifas a caminho
O presidente americano já disse que também pretende taxar importações de medicamentos e chips de computador.
Aplicar a nova tarifa a carros importados pode elevar seus preços para os consumidores dentro dos EUA em milhares de dólares, reduzindo drasticamente a demanda. Em alguns modelos da Jaguar Land Rover ou da Audi, as tarifas podem ultrapassar US$ 20 mil carro.
Embora grande parte do impacto inicial das tarifas tenha sido negativa, em pelo menos um caso as tarifas de Trump tiveram o efeito desejado de aumentar a produção dentro dos EUA. A General Motors anunciou, no fim da semana passada, que aumentaria a produção de caminhonetes leves em sua fábrica em Fort Wayne, no estado de Indiana.
O impacto de longo prazo das tarifas de 25% ainda é incerto. Muitas montadoras estão tentando descobrir como evitar aumentar os preços em uma proporção que levaria os consumidores a não conseguirem mais comprar carros novos. Os investidores estão pessimistas. As ações de Ford, GM e Tesla caíram nos últimos dias de negociações.
— Todo mundo na cadeia de suprimentos automotiva está focado em encontrar maneiras de minimizar o impacto das tarifas em seus balanços financeiros e nos preços — disse Kevin Roberts, diretor de Economia e Inteligência de Mercado da CarGurus, site de compras on-line.
Mas as montadoras nunca antes enfrentaram tarifas tão altas e com tão pouco aviso prévio — nem tão pouca clareza sobre os próximos passos do presidente, disseram analistas e concessionários.
— A cartilha (de regras) tradicional não é mais suficiente — disse Lenny LaRocca, que lidera a equipe do setor automotivo da consultoria KPMG.
LaRocca previu que as montadoras passarão a focar mais na produção de SUVs maiores e caminhonetes, que geralmente são montados nos EUA, são mais lucrativos e permitem que as empresas absorvam melhor os custos das tarifas sem repassá-los aos consumidores.
Linhas de produção adaptadas
Muitas linhas de montagem modernas conseguem produzir vários modelos, o que dá flexibilidade às empresas para mudar o foco para veículos mais lucrativos e abandonar os menos rentáveis. A Mercedes-Benz, por exemplo, disse que usará suas linhas de montagem flexíveis na fábrica do Alabama.
Essa estratégia, no entanto, tem desvantagens. Pode se tornar mais difícil para os consumidores encontrarem carros novos com preços acessíveis. Hoje, o preço médio de um carro novo já está próximo dos US$ 50 mil.
Analistas dizem que uma coisa está clara: as tarifas não levarão as empresas a abrirem novas fábricas ou reabrirem plantas fechadas imediatamente. Isso só acontecerá se as montadoras tiverem certeza de que as tarifas serão permanentes e que valerá a pena investir centenas de milhões — ou bilhões — de dólares em novas capacidades produtivas.
— Não vi nenhum movimento significativo — disse LaRocca. — Estamos em modo de espera.
Algumas montadoras e fornecedoras expandiram suas operações nos EUA antes mesmo de Trump assumir. Muitas vezes, isso foi uma reação à pandemia de coronavírus, que tornou arriscado depender de fábricas distantes para peças críticas.
Outras fizeram grandes investimentos em fábricas de veículos elétricos ou de baterias para veículos elétricos, aproveitando os incentivos oferecidos pelo governo de Joe Biden.
A ZF, fabricante alemã de peças automotivas, investiu US$ 500 milhões no ano passado para expandir uma fábrica na Carolina do Sul que produz transmissões para a BMW e outras montadoras. E, nos últimos anos, a GM abriu duas novas fábricas de baterias nos EUA, em parceria com a sul-coreana LG Energy Solution.
No curto prazo, algumas montadoras estrangeiras podem simplesmente parar de enviar veículos para os Estados Unidos, seja porque não conseguem mais obter lucro ou porque conseguem lucrar mais em outros mercados. Esse pode ser o caso da Jaguar Land Rover, conhecida por seus SUVs de luxo fabricados no Reino Unido, que vende cerca de um quinto de seus carros nos EUA.
Se outras empresas também deixarem de vender certos modelos nos EUA, os consumidores terão menos opções de veículos, e as montadoras restantes terão mais liberdade para aumentar os preços.
Preços ainda não subiram
Até agora, no entanto, as tarifas ainda não resultaram em aumentos generalizados no preço dos carros novos. A Hyundai Motor afirmou na semana passada que não aumentará os preços sugeridos de seus carros Hyundai e Genesis até 2 de junho.
Claro que, mesmo com essa promessa, as concessionárias ainda podem elevar os preços. Isso aconteceu com frequência durante a pandemia, quando a oferta de veículos novos foi afetada por escassez de chips e outras peças.
Concessionárias e montadoras relataram um aumento nas vendas nos últimos dias, já que muitas pessoas correram para comprar carros antes que as tarifas entrassem em vigor. O tempo médio que um veículo passa no pátio de uma concessionária caiu de 77 dias no fim de janeiro para menos de 50 dias no início de abril, segundo dados da CarGurus.
A demanda tem sido especialmente alta por marcas japonesas como Honda, Subaru e Nissan, aparentemente porque os compradores acreditam que esses carros são importados, disse Sean Hogan, vice-presidente do Sierra Auto Group, que possui uma dúzia de concessionárias no sul da Califórnia. As três montadoras japonesas têm fábricas nos EUA, embora importem alguns modelos.
Infomoney - SP 09/04/2025
A BYD anunciou nesta terça-feira, 8, previsões para resultados financeiros no primeiro trimestre e no ano completo de 2025, em movimento para impulsionar a confiança do mercado. Segundo a montadora chinesa, o lucro líquido provavelmente subiu para cerca de 8,5 bilhões de yuans a 10 bilhões de yuans, o equivalente a US$ 1,16 bilhões a 1,37 bilhões, no primeiro trimestre. Em igual período do ano anterior, a BYD teve lucro de 4,57 bilhões de yuans.
Diluído por ação, o lucro líquido deve ser entre 2,91 yuans a 3,42 yuans no período, acima dos 1,57 yuans registrados no ano anterior.
As projeções da BYD vieram bem acima do esperado por analistas consultados pela FactSet, que projetavam lucro líquido total de 6 bilhões de yuans e por ação de 2,55 yuans.
A montadora chinesa disse que a elevação das projeções reflete a trajetória de crescimento robusto da indústria de veículos elétricos (EVs, em inglês) e o crescimento das vendas internacionais, além de um equilíbrio em estratégias internas para aumentar a lucratividade. A empresa lembrou que as estimativas são preliminares e que os resultados serão publicados com balanço corporativo do primeiro trimestre.
Analistas disseram que a divulgação do guidance do primeiro trimestre em uma data tão precoce reflete a confiança da BYD sobre seu desempenho, mas também visa melhorar o sentimento do mercado, fragilizado após a escalada da guerra comercial com trocas de ameaças entre EUA e China. “É um catalisador para impulsionar a confiança, após a forte liquidação de ontem”, disse o analista da CCB International Qu Ke.
As ações da BYD listadas em Shenzhen fecharam em alta de 1,8% nesta terça-feira, enquanto as de Hong Kong subiram 4,8%, após a divulgação das projeções. No acumulado do ano, os papéis da chinesa também permanecem no azul, em avanço de mais de 20%, apesar do forte tombo registrado na segunda-feira.
Valor - SP 09/04/2025
A produção fechou o primeiro trimestre do ano com alta de 8,3%. Foram fabricados 582,9 mil veículos no período
A venda de veículos no primeiro trimestre de 2025 acumula alta de 7,2% somando 551,7 mil unidades, ante o mesmo período do ano passado. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta terça-feira (8), março fechou com alta de 4,2% nos emplacamentos, com 195,5 mil veículos, na comparação com o mesmo mês de 2024.
A entidade que representa as montadoras com produção no Brasil aponta que o crescimento nas vendas tem se mantido constante, com uma média de 10,3 emplacamentos diários. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, aponta que isso se dá apesar do custo de financiamento para compra de veículos por pessoas físicas ser “o maior da história”, estimado em 29,5%. “O custo de financiamento é irreal quando nós comparamos com o que tem acontecido no mundo”, afirmou.
A produção fechou o primeiro trimestre do ano com alta de 8,3%. Nos três meses foram fabricados 582,9 mil veículos. No entanto, a Anfavea destaca que o mês de março registrou queda de 2,9% na comparação anual, com 190 mil unidades produzidas. A queda pode ser explicada por ajustes de estoques e pelo número de feriados no mês, que reduziram a quantidade de dias úteis.
Argentina puxa crescimento das exportações
As exportações de veículos apresentaram um aumento expressivo de 40,6% no trimestre, para 115,6 mil veículos embarcados. Considerando apenas março, a exportação cresceu 19%, para 38,9 mil unidades. De acordo com a entidade, o crescimento foi puxado principalmente pela Argentina, que apresentou um aumento de 120%, com 67,6 mil veículos exportados pelo Brasil.
No trimestre, a Argentina foi destino de 58% das exportações de veículos brasileiros, seguida de México (15%) e Uruguai (8%). “Qual a nossa preocupação? O Brasil vem perdendo participação no mercado latino-americano”, alertou o presidente da Anfavea.
Segundo o representante das montadoras, o setor teme que as tarifas impostas globalmente pelos Estados Unidos, anunciadas na semana passada pelo presidente Donald Trump, prejudiquem a produção brasileira, que pode perder espaço para o México. “Uma vez que haverá uma queda nas exportações do México para os EUA, o México vai mandar produtos para onde? Para os países com os quais ele tem acordos de bitributação ou tarifa zero, como é o caso do Brasil”, disse.
Para a entidade, investimentos realizados pelas empresas automotivas no Brasil e na Argentina serão alocados para recompor a capacidade ociosa que pode se formar no México — que atualmente exporta 76% de sua produção para os EUA — em função do aumento de tarifa. “Esse efeito indireto acaba prejudicando o Brasil, que tem acordo de livre comércio com o México, que inclusive tem um custo de produção mais baixo”.
Eletrificados
A Anfavea também demonstrou preocupação com o aumento das vendas de veículos eletrificados importados, já que os compradores estão se antecipando ao aumento da alíquota de importação, que vai de 10% para 25%, no caso de carros elétricos, e de 15% para 30%, para automóveis híbridos.
O setor projeta que mais de 100 mil unidades devem ser importadas até julho de 2025 por conta dessa antecipação. O presidente da Anfavea defende que o Governo Federal antecipe a recomposição dessas alíquotas para o patamar de 35%, o que só tem previsão para acontecer em julho de 2026. “O Brasil é hoje o país que tem a tarifa mais baixa entre todos os produtores do mundo”, disse.
Caminhões e ônibus
A Anfavea também aponta que o segmento de caminhões, em especial os pesados, está em queda. No acumulado do trimestre a baixa registrada é de 7%, com 13,1 mil emplacamentos ante 14,1 mil no mesmo período de 2024. Na comparação apenas com o mês de março, a queda é de 16,5%.
Segundo o diretor-executivo e próximo presidente da entidade, Igor Calvet, estes dados alertam o segmento. “Isso acende uma luz amarela, talvez vermelha, para o final do ano”, disse. Segundo ele, a previsão de safra recorde não tem se refletido em vendas de caminhões pesados.
“Há uma tendência no agro de maior endividamento. Além do endividamento, a gente está vendo em alguns associados um aumento de inadimplência. E o preço das ‘commodities’ segue estável. A alta de juros, aliada a esse cenário conturbado e inseguro no mundo todo, faz com que haja uma postergação do investimento”, afirmou.
Já o segmento de ônibus apresentou alta de 34,7% nas vendas. De acordo com a Anfavea o resultado foi principalmente puxado pelo programa Caminhos da Escola, iniciativa do Governo Federal que promove a renovação e ampliação da frota de veículos escolares da rede pública de ensino.
Valor - SP 09/04/2025
A chamada linha amarela, que compreende escavadeiras e tratores, por exemplo, cresceu 3,5% em unidades em 2024
Na semana passada, o governo paulista anunciou um pacote de R$ 5,7 bilhões em 175 novas obras rodoviárias a cargo do DER (Departamento de Estradas de Rodagem). No ano passado, as novas concessões de estradas somaram R$ 70 bilhões em investimentos previstos para os próximos 30 anos. Para 2025, com uma agenda repleta de leilões de rodovias federais e estaduais previstos, a expectativa é superar o valor de 2024.
Todo esse volume de aportes prometido para obras, como duplicações, pavimentação, acostamentos, viadutos e rotatórias, tem impacto direto nos negócios dos fabricantes de máquinas para construção.
O segmento da chamada linha amarela (escavadeiras, retroescavadeiras, rolo compactador, pás-carregadeiras e tratores, por exemplo) cresceu 3,5% em unidades em 2024, para uma previsão inicial de expansão de 5%. O desempenho final foi afetado pelo agronegócio, que ficou aquém do esperado.
Foram perto de 32 mil máquinas entregues, o segundo melhor resultado da história do setor, atrás das 35 mil unidades registradas em 2022. A participação da construção civil no mercado total de subiu de 40% para 43%. O agronegócio, que nos últimos anos vinha ganhando espaço nos negócios, caiu de 17% para 14%.
Perspectiva é positiva
A previsão da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da Abimaq (associação que representa toda a indústria brasileira de máquinas) é de crescimento de 5% para este ano, puxada principalmente pelas concessões e as obras previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Para os fabricantes, as concessões rodoviárias significam bons negócios no curto, médio e longo prazos. Como o cronograma de obras se espalha, principalmente, pelos primeiros oito a dez anos do contrato, a demanda promete permanecer aquecida por um bom tempo.
As vendas no setor seguem dois caminhos. A negociação direta do fabricante com as construtoras responsáveis pelas obras ou com as grandes locadoras de máquinas que atendem a essas mesmas empreiteiras.
A locação de máquinas no Brasil ainda está engatinhando, mas cresce seguidamente. Em 2024, a venda para locadoras representou 24% do total produzido, contra 23% no ano anterior. Em mercados considerados mais “maduros”, como Europa e Estados Unidos, as locadoras chegam a representar 60% das vendas de máquinas.
“Existe um tempo entre a assinatura da concessão e o início da obra em si. No primeiro momento, antes de investir, as construtoras tendem a usar o equipamento que já possuem e pode estar parado. Depois, procuram novas máquinas”, afirma Adriano Merigli, presidente da fabricante inglesa JCB no Brasil. “E tem a opção da locação, que cresce muito no Brasil e tem potencial para crescer mais. É um segmento muito pulverizado. As cinco maiores locadoras [Vamos, Armac, Unidas, Mills e Addiante] representam somente 12% do mercado.”
A produção da JCB cresceu 10% no ano passado, somando 5,3 mil máquinas. Do total, entre 1,4 mil e 1,5 mil unidades foram exportadas, principalmente para Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México. A empresa está investindo R$ 500 milhões na duplicação da capacidade produtiva da fábrica em Sorocaba (SP), de 5 mil para 10 mil máquinas por ano até 2030.
Merigli, presidente da JCB no Brasil: “Compensamos a queda [no agronegócio] com os segmentos de construção e locação” — Foto: Rogerio Vieira/Valor
“Compensamos a queda [no agronegócio] com os segmentos de construção e locação”, conta Merigli. A expectativa da JCB para 2025 é de novo crescimento e também na casa dos 10%. Para o mercado como um todo, o executivo prevê que fique entre estável e queda de 5%, “mesmo com o agronegócio prometendo safra mais forte”.
O começo do ano foi fraco, mas Merigli destaca que o período é tradicionalmente ruim. A expectativa é sempre compensar nos segundo e terceiro trimestres a produção perdida nos primeiros três meses. Historicamente, o fim do ano também é mais fraco
Produção em alta
Segundo números da Abimaq, no primeiro bimestre, a produção atingiu 6.404 máquinas rodoviárias, expansão de 21,9%. As vendas no mercado interno, no entanto, sobem menos, com 5.086 unidades entregues, alta de 3,7%. As exportações despontam como saída neste momento, com o embarque de 2.540 máquinas, crescimento de 25,7%. A Argentina voltou a ser um importante mercado para produto brasileiro, principalmente para máquinas de infraestrutura.
“Mas, mesmo que o ano termine em queda de 5%, estamos falando de um resultado entre os maiores da história do setor. Não devemos esquecer que esse mercado já foi de 6 mil máquinas na crise de 2015 e 2016”, destaca o presidente da JCB.
Mesmo com o juros em alta, o que torna o financiamento de máquinas mais difícil, e provável desaquecimento da economia em função dos esforços do Banco Central em segurar a inflação, a infraestrutura é mais resiliente nesses momentos.
Levantamento da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), realizado em 2024, mapeou 495 projetos em vários segmentos de infraestrutura com investimento total de R$ 750,5 bilhões. Desse total, 55 são de rodovias, com R$ 288,6 bilhões previstos.
Somente nos próximos cinco anos, o estudo mostra investimento total de R$ 116,2 bilhões em rodovias, com o pico em 2027 chegando a R$ 29,5 bilhões no ano. Em relação ao estudo de 2023, houve crescimento de 66,7% nos investimentos previstos em rodovias.
O Estado de S.Paulo - SP 09/04/2025
Apesar dos temores com a subida dos custos de construção e dos juros, as incorporadoras não têm do que reclamar. A temporada de balanços referente ao quarto trimestre de 2024 mostrou que as companhias conseguiram ampliar lançamentos, vendas, faturamento, margem e lucro, de acordo com levantamento do Estadão/Broadcast com as 13 maiores incorporadoras listadas na Bolsa. O lucro consolidado do setor chegou a R$ 1,3 bilhão, aumento de 63,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Com isso, as empresas entraram em 2025 numa posição saudável, na avaliação de analistas do mercado imobiliário. A partir de agora, porém, a tendência é de estabilidade ou alguma diminuição no nível das atividades operacionais, o que é visto como uma acomodação após anos consecutivos de crescimento. Além disso, as turbulências da economia brasileira também causam incerteza nos empresários, que devem adotar uma postura mais cautelosa.
O aquecimento do mercado imobiliário acelerou a inflação no setor, que é medida pelo Índice Nacional de Custos da Construção (INCC). Em 2024, o INCC acabou fechando em 6,3%, patamar bem acima dos 3,3% de 2023, mas nada a ponto de causar um estrago generalizado, avalia o líder de análise de empresas do Citi para Brasil e América latina, André Mazini.
Mazini observa que as empresas conseguiram subir as margens, na média, o que indica uma boa capacidade de manter os custos internos abaixo da inflação do setor, bem como capacidade de subir os preços de venda. A analista de mercado imobiliário do Santander Fanny Oreng também vê a inflação como algo menos preocupante hoje do que no semestre passado.
Outro fantasma que não assustou — ao menos não até agora — foi a subida dos juros. “Está todo mundo surpreso como os juros mais altos não bateram nas vendas e nos lançamentos”, comenta Mazini, do Citi. “Pelo lado positivo, a economia continua forte, com o desemprego baixo, o que alimenta a demanda por imóveis. Por outro lado, os bancos subiram juros dos financiamentos, o que reduz o acesso.”
Um fator que pode explicar a resiliência na demanda por imóveis vem do campo demográfico, segundo Mazini. Há uma parcela crescente da população na faixa dos 30 a 50 anos, período em que há mais decisões de casamento e filhos, o que costuma vir acompanhado da casa própria. Sem contar que os salários dos trabalhadores nessa faixa são mais altos na comparação com os jovens recém-formados. “Esse é um fator que ajuda muito. Mesmo assim, nós acreditamos que os juros mais altos ainda devem bater nas vendas. Talvez isso aconteça na segunda metade deste ano”, prevê.
Oreng, do Santander, também acredita em uma desaceleração nos lançamentos e vendas ao longo do ano, influenciada pelos juros altos. Ainda assim, prevê um pouso suave para o setor. “Não esperamos dificuldade de repasse pós-chaves, nem aumento relevante de distratos. A dinâmica de mercado ainda vai ser saudável. O preço do imóvel subiu e o estoque é baixo”, aponta.
Minha Casa, Minha Vida
As incorporadoras que atuam no segmento econômico (Cury, Direcional, MRV, Plano & Plano e Tenda) tiveram mais um trimestre forte, com os lançamentos e vendas puxados pelo programa do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Na visão dos analistas, Cury e Direcional foram os destaques positivos por combinarem crescimento operacional, geração de caixa e rentabilidade. Nos dois casos, a margem bruta ficou na faixa de 39%, nível acima da média do segmento, de 35%.
A Tenda foi a surpresa negativa da temporada por apresentar queda nas vendas da subsidiária Alea devido a um ajuste nas equipes comerciais, além de subir a provisão para inflação, o que foi visto pelos analistas como uma atitude excessivamente conservadora. O balanço da MRV também não agradou, mas devido aos resultados negativos da subsidiária nos Estados Unidos.
Médio e alto padrão
As incorporadoras do segmento de médio e alto padrão (Cyrela, Even, Eztec, Gafisa, Mitre, Moura Dubeux, Tecnisa e Trisul) também apresentaram números positivos, na média. O grande destaque foi a Cyrela, com avanço na parte operacional e financeira. Outra empresa elogiada foi a Eztec, com evolução nas vendas de estoques, retomada dos lançamentos e melhora das margens. A Gafisa viu uma disparada em suas ações na Bolsa após apresentar melhora do balanço e próximos lançamentos após passar muitos meses sem novos projetos.
A Even, por sua vez, decepcionou analistas e investidores por conta de efeitos não recorrentes que levaram a empresa ao prejuízo no trimestre, apesar dos números positivos no campo operacional. Outra no vermelho foi a Tecnisa, que sentiu o peso do aumento no serviço de dívida e das ações judiciais.
IstoÉ Dinheiro - SP 09/04/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (8), que é preciso “criar mais dinheiro” e ser criativo para resolver o problema do déficit habitacional do Brasil. Segundo ele, o déficit atual, de 7 milhões de moradias, é o mesmo registrado há mais cinco décadas. “Significa que nós estamos enxugando gelo”, disse durante a abertura do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção (Enic), em São Paulo (SP).
“Se fazer a quantidade de casas que nós estamos fazendo [8 milhões pelo Minha Casa, Minha Vida] ainda não dá conta de vencer esse tal de déficit habitacional, é preciso que a gente seja criativo e que a gente pense mais. É preciso criar mais dinheiro, inventar mais fundo, inventar mais alguma coisa, porque nós precisamos resolver o déficit habitacional. Ainda tem muita palafita nesse país”, reforçou.
Lula comentou sobre a comunidade do Dique da Vila Gilda, em Santos, litoral paulista, que é considerada a maior favela de palafitas do Brasil. Palafita é o nome dado a uma casa construída sobre estacas em regiões alagadiças.
“É uma vergonha. São Paulo é o estado mais rico da Federação, [e ter] a quantidade de palafitas entre Santos e Guarujá”, afirmou o presidente.
Ao discursar para empresários da construção civil, Lula afirmou que é preciso fazer mais e, para ele, o setor está preparado. “Com o crescimento do conhecimento científico e tecnológico, hoje, vocês estão dando uma demonstração de que esse setor continua e por muito tempo será um setor de ponta neste país. Até porque falta muita coisa para a gente fazer”, afirmou.
Na semana passada, Lula anunciou a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida para atender a classe média, com renda familiar até R$ 12 mil. Os recursos para financiar a nova faixa, a Faixa 4, chegam a R$ 30 bilhões, sendo R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal e o restante da poupança e de Letra de Crédito Imobiliário (LCI).
A taxa de juros para a nova faixa é de 10,5% ao ano, e o número de parcelas vai até 420 meses. O limite para financiamento é de imóveis até R$ 500 mil.
O presidente reafirmou que é dever do governo garantir estabilidade política, jurídica, social e econômica no país, além de dar previsibilidade para que os empresários façam seus investimentos.
“Todo mundo precisa de previsibilidade para fazer, no começo do ano, as contas e os projetos do que vão fazer durante o ano inteiro. E aí, é inexorável a necessidade da construção de uma parceria de honestidade entre o governo e a sociedade brasileira, entre o governo e o Poder Legislativo”, disse Lula.
“Se a gente brinca de enganar, achando que a gente pode dizer o que a gente quiser, porque não vai acontecer, porque vai acontecer, não dá certo. Esse país não pode ser vítima de um cavalo de pau”, afirmou o presidente.
Demandas do setor
Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a 100ª edição do Enic está sendo realizada dentro da Feira Internacional da Construção Civil (Feicon), que é referência para o setor.
Durante seu discurso, o presidente da CBIC, Renato Correia, elogiou a criação da Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida e agradeceu Lula por cumprir a promessa de que “não faltaria dinheiro para a construção”. Para ele, é preciso garantir fontes recorrentes de recursos para a habitação.
“A decisão recente do nosso presidente da República completa o círculo virtuoso desse programa, melhorando as condições de aquisição da casa própria também para a classe média. O uso de recursos do pré-sal é inédito para essa finalidade e pode gerar uma nova revolução na habitação brasileira, assim como foi a criação do Minha Casa, Minha Vida em 2009”, disse.
“Tornar essa fonte de financiamento recorrente e previsível, aliada ao FGTS, viabiliza a alocação de recursos capazes de fazer frente à grande demanda por habitação no país, atendendo o direito constitucional à moradia”, acrescentou Correia.
O presidente da CBIC afirmou que o atual governo “destravou o investimento e tem atuado para estimular a tomada de decisão por novos projetos”. Mas, segundo ele, o setor ainda tem demandas importantes para a Presidência. “Nas obras públicas, pedimos seu apoio para evitar a contratação de serviço de engenharia por pregão eletrônico e para fixar prazo de pagamento pela administração pública no âmbito da lei de licitações”, pediu.
Segundo Renato Correia, a indústria da construção também espera que o atual ciclo de alta de juros seja revertido. “O aumento da Selic se aproxima dos 15%, sufoca a indústria e abrevia nossa capacidade de investir. Apoiaremos toda iniciativa do governo na direção de uma reforma administrativa que fomente a eficiência de administração pública, que somado ao aumento da nossa infraestrutura, abrirá o caminho para reverter juros tão elevados”, disse.
Para conter a inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Money Times - SP 09/04/2025
O governo federal anunciou um novo pacote de medidas para incentivar o financiamento habitacional voltado à classe média. Será injetado cerca de R$ 30 bilhões no Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Entre as medidas, está a criação da Faixa 4 do programa habitacional que utilizará recursos do FGTS para atender famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, taxas de juros de 10,5% ao ano e prazos de financiamento de até 420 meses para imóveis de até R$ 500 mil. A expectativa é contemplar 120 mil famílias já no início da operação.
Outra medida do pacote prevê a ampliação da Faixa 3, que passará a incluir famílias com renda de até R$ 8,6 mil mensais. A mudança deve permitir a inclusão de ao menos 15 mil novas famílias, segundo o Ministério das Cidades.
Para viabilizar o programa, o governo destinará R$ 15 bilhões do FGTS em 2025, valor que será compensado por recursos do Fundo Social do Pré-Sal. A liberação desses recursos foi possível graças à mudança na Lei do Fundo Social, aprovada neste ano, o que assegura a sustentabilidade financeira do FGTS e permite a expansão das linhas de crédito habitacional.
Outros R$ 15 bilhões serão captados pelas instituições financeiras habilitadas, que segundo a apuração do Broadcast, do Estadão, seriam disponibilizados pela Caixa Econômica Federal.
Durante a abertura do evento 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção (Enic), nesta terça-feira (8), em São Paulo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva compareceu junto dos ministros da Cidade, Jader Filho; Fazenda, Fernando Haddad; e Casa Civil, Rui Costa, e falaram sobre o impacto das novas medidas na construção civil.
Lula ressaltou a importância da redução do déficit habitacional, que já chega a 6,2 milhões de moradias, e representa 8,3% do total de domicílios ocupados no país. Segundo ele, a indústria tem tentado, mas está “enxugando gelo” e, por isso, mais medidas devem ser discutidas para que o setor cresça.
“Não há maior sinal de crescimento em um país do que quando olhamos para cima e vemos várias gruas”, disse o presidente durante a sua participação.
Já Costa, em seu discurso, avaliou a possibilidade do Fundo Social continuar sendo uma alavanca para a construção com a disponibilização de mais recursos ao longo dos anos.
“Estamos agora avançando para atender a moradia da classe média, consolidando um fundo com horizonte até 2032. Trata-se de um fundo progressivo, alimentado pelas receitas do petróleo. Com novas áreas sendo exploradas, a tendência é que ele se fortaleça no longo prazo, garantindo previsibilidade e sustentabilidade ao financiamento habitacional no Brasil”, disse o Ministro da Casa Civil.
Diário do Comércio - MG 09/04/2025
O ministro das Cidades, Jader Filho, disse que a meta do governo federal é alcançar 3 milhões de novas unidades habitacionais contratadas até 2026 na nova linha do programa Minha Casa, Minha Vida para quem ganha entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.
A ampliação do programa para atender a famílias da classe média prevê a possibilidade de financiamento de imóveis novos ou usados de até R$ 500 mil, em até 420 parcelas, com taxa de juros de 10,5 % ao ano.
Jader Filho explicou que, normalmente, quem financiava os imóveis para essa faixa de rendimento, era a poupança, mas esse tipo de investimento perdeu espaço para outras aplicações, o que levou o governo a usar recursos do Fundo Social para estimular os novos financiamentos pelo Minha Casa, Minha Vida.
“A gente tem visto muito dinheiro sair da poupança para outros tipos de aplicação. Com isso, está faltando dinheiro para financiar a habitação no Brasil por parte da poupança. Então, o governo federal colocou esse recurso que vem do Fundo Social, que vem lá do pré-sal, com uma parte também da poupança, mais da LCI [Letra do Crédito Imobiliário], e estamos conseguindo R$ 30 bilhões para financiar as famílias de R$ 8 mil até R$ 12 mil. Então, acreditamos que, neste ano, vamos financiar 120 mil famílias para realizar o sonho da casa própria”, disse.
Em entrevista do programa Voz do Brasil, Jader Filho ressaltou que a maioria dos financiamentos do Minha Casa, Minha Vida tem atendido as famílias de rendas mais baixas, ou seja, aquelas que antes não conseguiam acesso ao financiamento imobiliário.
“Hoje, a maioria dos financiamentos que temos feito do Minha Casa, Minha Vida tem sido para a faixa 1, até R$ 2,8 mil. Com isso, o que está se alcançando com todas essas alterações? Aumentamos o subsídio, que passou para R$ 55 mil. Reduzimos a taxa de juros, é a menor da história de todos os programas habitacionais do Brasil. Com isso, estamos conseguindo fazer justiça social”, ressaltou.
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A faixa 1 do programa atende famílias com renda mensal de até R$ 2,8 mil; a faixa 2, famílias entre R$ 2,8 mil e R$ 4,7 mil; a 3 é para aqueles que têm renda familiar entre R$ 4,8 mil e R$ 8 mil; e a faixa 4, para os de R$ 8 mil a R$ 12 mil.
O Estado de S.Paulo - SP 09/04/2025
As contratações da recém-criada faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) vão começar na primeira quinzena de maio e devem ser capazes de atender 120 mil famílias por ano. A medida faz parte da agenda do governo federal para aquecer as atividades da economia brasileira e atender a classe média diante do aumento nas taxas de juros dos financiamentos para a casa própria.
O orçamento para o novo segmento já está praticamente garantido até o fim do ano que vem, afirmou o ministro das Cidades, Jader Filho, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast. “Nós estamos muito felizes e animados que isso aconteça. É um pedido que o presidente Lula vinha fazendo para atendermos a classe média”, disse ele, após participar do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), em São Paulo, evento com empresários do setor organizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que cria a faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida. O programa foi ampliado para atender famílias da classe média que ganham entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. A nova linha terá financiamentos de até 420 meses, com taxa de juros de 10,50% ao ano, para aquisição de imóveis de até R$ 500 mil. Até então, o programa abrangia famílias com renda de até R$ 8 mil e imóveis de até R$ 350 mil.
A iniciativa busca suprir a carência de financiamento para a população de classe média, historicamente atendida por linhas de crédito cujos recursos saem das cadernetas de poupança. No entanto, as taxas de juros vêm subindo nos últimos meses, ficando em torno de 12% ao ano, algo que dificulta o fechamento de negócios.
A faixa 4 vai ter um orçamento total de R$ 30 bilhões, contando com os R$ 15 bilhões originados no Fundo Social com recursos do pré-sal mais outros R$ 15 bilhões que a Caixa Econômica Federal vai captar nas suas cadernetas de poupança e via emissões de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs). Segundo o ministro, existe a possibilidade deste “mix” de funding proporcionar uma taxa até menor do que o nível de 10,5% anunciado.
O ministro acrescentou que já há conversas em andamento para garantir a continuidade deste orçamento no ano que vem, de modo a dar mais previsibilidade para que as construtoras preparem os lançamentos futuros. “Nós temos já 2025 já garantido e estamos discutindo também para 2026. Não está 100% batido o martelo, mas tudo indica que [o orçamento] está garantido para 2026 também”, declarou.
Reajuste na faixa 3
O ministro das Cidades confirmou também que o governo está trabalhando na proposta de reajuste nos limites das rendas das famílias já atendidas pelas demais faixas. O foco é elevar o teto da faixa 3, que hoje está em R$ 8 mil.
A previsão é de que o tema seja levado para deliberação na próxima reunião do conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Nós estamos discutindo isso. Assim, como já foi feito com todas as áreas, deve sim haver um reajuste na faixa 3, com certeza”, afirmou.
Entre os empresários, o pleito é que a faixa 3 seja elevada para até R$ 8,5 mil. O ministro, porém, evitou falar de valores na entrevista. Outra novidade é que o governo permitirá que a população da faixa 3 também possa acessar a faixa 4, com imóveis de um valor mais alto, de R$ 350 mil até R$ 500 mil. A medida deve contribuir para acelerar as vendas, pois amplia a quantidade de imóveis e de pessoas enquadradas no programa.
Valor - SP 09/04/2025
“Quando as ameaças começaram, a demanda começou a aumentar”, diz João Braz, diretor de terminais e logística
A guerra comercial do presidente americano, Donald Trump, pode ter derrubado os preços globais das commodities. No entanto, isso é uma boa notícia para um dos maiores portos do Brasil, que registra um aumento nos volumes de exportação.
O Porto do Açu, no Estado do Rio de Janeiro, o número 1 do país para exportação de petróleo, já investia em capacidade extra para ajudar a resolver os gargalos comerciais na agricultura e no setor mineral. Distorções no comércio global provocadas por tarifas agora estão proporcionando um impulso adicional, segundo o porto.
“Quando as ameaças começaram, a demanda começou a aumentar”, disse João Braz, diretor de terminais e logística do porto, em entrevista. “Estamos em uma posição muito boa aqui.”
Os ganhos destacam a rapidez com que outras nações podem aproveitar as oportunidades, enquanto os Estados Unidos e a China se envolvem em um confronto comercial. Na semana passada, a China disse que planejava responder à tarifa de 34% de Trump sobre seus produtos com uma taxa equivalente. Tal medida poderia oferecer aos exportadores brasileiros uma vantagem única para ganhar participação de mercado.
O Brasil é o maior parceiro comercial da China e compete com os EUA pela supremacia nos mercados globais de exportação agrícola. O país sul-americano também é o maior produtor de petróleo da região e um dos maiores exportadores mundiais de minério de ferro, usado na fabricação do aço.
Demanda por ferro-gusa e soja
Em fevereiro, o governo Trump disse que planejava impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio para os EUA. Naquele momento, o Porto do Açu viu um aumento na demanda por ferro-gusa, uma matéria-prima usada por siderúrgicas americanas, de acordo com Braz. As exportações de ferro-gusa do Porto do Açu no primeiro trimestre foram 50% maiores do que em todo o ano de 2024, afirmou Braz.
O Brasil está particularmente bem posicionado para ganhar espaço no mercado de soja dos EUA. O Brasil é o maior produtor do grão, e a consultoria independente Agroconsult espera que a produção doméstica alcance um recorde de 171,3 milhões de toneladas este ano, com clima favorável e expansão das áreas plantadas.
Frango e carne bovina
Novos dados sugerem que os embarques em outras categorias estão se beneficiando com eventos globais. As exportações brasileiras de carne de frango fresca e processada atingiram 476.000 toneladas em março, disse o grupo industrial ABPA na segunda-feira (7), um aumento de 19% em relação ao ano anterior. Os embarques de aves para a China aumentaram na mesma proporção, enquanto as exportações de carne bovina aumentaram 20%.
No entanto, os agricultores brasileiros estão cultivando, de forma constante, mais soja do que as ferrovias e portos do país podem suportar. “Há um grande engarrafamento em ambas as pontas”, disse o CEO do Porto do Açu, Eugenio Figueiredo, em entrevista.
O Porto do Açu lida com exportações agrícolas em um terminal multiuso conhecido como T-Mult e planeja dobrar a capacidade anual para 5 milhões de toneladas nos próximos anos. O porto está dragando o canal em frente ao T-Mult para que dois navios Panamax possam ser carregados simultaneamente.
Por enquanto, pelo menos, o porto diz que os clientes estão estocando soja em suas instalações, com a maior parte do estoque finalmente destinada à China.
Militantes Houthis e café
Uma escassez de contêineres também está direcionando negócios para o Porto do Açu. O ataque a navios comerciais por militantes Houthis, apoiados pelo Irã no Mar Vermelho, desacelerou o fluxo de contêineres usados por exportadores de café, por exemplo. O Brasil é o maior exportador de café e alguns vendedores estão atualmente embalando os grãos em sacos superdimensionados no Porto do Açu para evitar longas esperas em outros portos.
O porto começou a enviar grandes sacos de café em 2024 e espera um aumento nos volumes este ano. Também planeja iniciar embarques de açúcar. “Os clientes precisam de uma alternativa. O sistema está congestionado”, acrescentou Braz.
TN Petróleo - RJ 09/04/2025
A expansão da produção de petróleo e gás nos próximos anos deverá proporcionar maior arrecadação de royalties, oferta de empregos e dinamismo à economia do Espírito Santo, representando uma grande oportunidade de atração de investimentos. A análise foi feita hoje (8/4), na Vitória PetroShow, por José Mauro Coelho e Guilherme Mercês, sócios fundadores da Aurum Tank, consultoria especializada em estratégia e regulação para o setor de energia.
Segundo a consultoria, o leilão este ano de 10 blocos na Bacia do Espírito Santo indica investimentos superiores a R$ 230 bilhões, divididos por todo o horizonte de operação dos projetos, de cerca de 25 anos. Somados aos campos hoje em desenvolvimento, podem triplicar as reservas e dobrar a produção atual. Os novos blocos exploratórios, de acordo com a Aurum Tank, representarão royalties de R$ 10,9 bilhões para o Estado e de R$ 4,7 bilhões para os municípios capixabas até 2054.
“A manutenção de patamares elevados de produção de petróleo e gás natural é relevante para as finanças públicas do Estado e dos municípios do Espírito Santo”, destaca José Mauro Coelho, ex-presidente da Petrobras e ex-secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. “Municípios com maior arrecadação de royalties apresentam maior desenvolvimento econômico, aumentando o poder de compra das famílias”, acrescentou.
Valor - SP 09/04/2025
Petroleira planeja desmontar 50 plataformas pelos próximos anos, mas tem estudado maneiras de reaproveitar estruturas que eventualmente seriam desmanteladas no futuro
A Petrobras enxerga risco de aumento de custos em projetos de descomissionamento plataformas no fim da vida útil, além de um eventual impacto negativo que o desmantelamento de plataformas pode causar à imagem e à reputação da companhia. A avaliação da empresa consta de documento a investidores internacionais.
Descomissionamento é o termo que significa a desativação de uma plataforma, com fechamento de poços, quando um campo de petróleo ou gás perde viabilidade econômica, chega ao esgotamento ou tem o contrato de concessão encerrado sem possibilidade técnica e econômica de extensão.
Segundo a Petrobras, projetos de descomissionamento têm se tornado cada vez mais relevantes no portfólio da companhia e embora tenham sido desenvolvidos conforme a legislação em vigor, os planos podem enfrentar escrutínio da sociedade, não cumprir exigências ou não atender expectativas das partes interessadas em relação a práticas ambientais, sociais e de governança.
A manifestação da Petrobras está registrada num formulário chamado 20-F, depositado na semana passada na Securities and Exchange Comission (SEC), órgão do governo dos Estados Unidos responsável pela regulação do mercado de ações equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira.
“Apesar da publicação da Resolução ANP 817/2020 que estabelece as regras para a realização do descomissionamento de sistemas de produção, poderemos enfrentar algumas dificuldades na definição do escopo desses projetos e no atendimento às exigências regulatórias, especialmente devido à nossa curva de aprendizado e à da indústria nesta área, bem como a evolução da regulamentação aplicável”, disse a companhia.
A Petrobras prossegue no 20-F: “O encerramento das operações e o descomissionamento podem impactar negativamente o meio ambiente e as comunidades de entorno devido aos processos de desmantelamento de estruturas e instalações”.
A companhia planeja desmontar 50 plataformas pelos próximos anos, mas tem estudado maneiras de reaproveitar estruturas que eventualmente seriam desmanteladas no futuro.
No ano passado, a consultoria Aurum Tank realizou um estudo segundo o qual a desmontagem de plataformas marítimas (“offshore”) e terrestres (“onshore”) de petróleo e gás deve gerar um fluxo de investimentos no país da ordem de R$ 306 bilhões nos próximos 30 anos.
Infomoney - SP 09/04/2025
Os preços do petróleo caíram mais de US$1 por barril nesta terça-feira, sendo negociados nas mínimas de quatro anos, já que os temores de recessão exacerbados pelo conflito comercial entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo, compensaram a recuperação do mercado acionário.
Os contratos futuros do Brent fecharam em queda de US$ 1,39, ou 2,16%, a US$62,82 por barril. Os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) caíram US$1,12, ou 1,85%, para US$59,58.
Os contratos futuros do Brent chegaram a cair mais de US$2 por barril durante a sessão.
Os dois índices de referência haviam caído 14% e 15%, respectivamente, na segunda-feira, após o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, em 2 de abril, de “tarifas recíprocas” sobre todas as importações dos EUA.
Ibovespa Ao Vivo: Bolsa cai com VALE3 e PETR4; dólar passa de novo dos R$ 6
Bolsas dos EUA oscilam e devolvem ganhos robustos da manhã, com tarifas contra a China subindo a 104%
Os EUA imporão uma tarifa de 104% sobre a China na quarta-feira, disse uma autoridade da Casa Branca, depois que Pequim não suspendeu suas tarifas retaliatórias sobre os produtos norte-americanos nesta terça-feira, em prazo estabelecido por Trump.
Ambos os índices de referência caíram mais de US$1 por barril após a notícia.
Nesta terça-feira, Pequim prometeu não se curvar ao que chamou de “chantagem” dos EUA, depois que Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 50% sobre os produtos chineses se o país não suspendesse sua tarifa retaliatória de 34%.
O Ministério do Comércio da China disse que o país “lutará até o fim”, aumentando os temores de uma contração da economia global.
Valor - SP 09/04/2025
Ministro acrescentou que a medida adotada pelo presidente americano Donald Trump tem criado instabilidade no mundo inteiro e vai deixar consequências
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta terça-feira (08) que a queda na cotação do petróleo é um reflexo das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Além disso, ele notou que o preço dos combustíveis tem "todas as condições" para ser reduzido.
“Considerando o preço do Brent dessa semana, naturalmente, nós temos o preço que tem todas as condições de ser reduzido. Agora, é importante dizer que o preço que está refletido esta semana no Brent leva muito em consideração as loucuras cometidas pelo presidente dos Estados Unidos", disse o ministro.
Ele acrescentou que a medida adotada pelo presidente dos EUA tem criado instabilidade no mundo inteiro e vai deixar consequências e que, para contornar os efeitos da política na economia brasileira, o presidente Lula tem atuado fortemente no diálogo internacional.
“O presidente Lula tem atuado fortemente no diálogo internacional para tentar buscar caminhos de construção é para minimizar os impactos desse rebuliço extravagante”, disse.
Silveira também voltou a defender o licenciamento da exploração de petróleo e gás natural na Margem Equatorial e disse que teve uma reunião cancelada com o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, para tratar sobre o assunto. Agora, segundo ele, as tratativas serão com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
— Foto: Bloomberg
Agência Camara - DF 09/04/2025
O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 316/24, em análise na Câmara dos Deputados, suspende a resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que revisou as regras sobre acondicionamento e movimentação de Gás Natural Liquefeito (GNL).
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), autor do projeto, alega que a suspensão da Resolução ANP 971/24 é necessária porque ela também trata da distribuição de GNL a granel, assunto que é de competência dos estados.
“A legislação é transparente e restringe a atuação da agência às seguintes atividades do mercado de gás natural: exploração e produção, processamento, liquefação, transporte, regaseificação, estocagem e comercialização do gás natural”, disse Zarattini.
Próximos passos
O projeto será analisado pelas comissões de Minas e Energia; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Depois, seguirá para o Plenário. Para entrar em vigor, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.
O Estado de S.Paulo - SP 09/04/2025
As obras de maior impacto da concessão Nova Raposo só vão acontecer a partir de 2028, segundo a concessionária Ecovias Raposo Castello. As obras incluem 34 quilômetros de novas estruturas na rodovia Raposo Tavares, incluindo novas faixas nas pistas atuais. Haverá a construção de um túnel e de novas pontes sobre o Rio Pinheiros. A Ecovias assumiu no dia 30 de março a concessão, que tem prazo de 30 anos.
O Movimento Nova Raposo, Não!, integrado por associações de moradores e ambientalistas, mantém a mobilização para pedir mudanças que reduzam o impacto das obras. Dois seminários já estão marcados para os dias 9 e 22 deste mês, na Assembleia Legislativa, em São Paulo. O objetivo é discutir questões ambientais, como a supressão da arborização urbana, e o maior adensamento urbano a ser estimulado pelo projeto.
Conforme a Ecovias Raposo Castello, as obras de ampliação ocorrem entre o terceiro e o oito ano da concessão, e abrangem:
44 km de faixas adicionais na rodovia Castello Branco;duplicação de 22 km de estradas, incluindo trechos da SP-029 (Estrada da Roselândia) e na ligação entre Cotia e Embu das Artes;43 km de vias marginais, principalmente na Raposo Tavares.
Como o foco inicial será a conservação e manutenção das rodovias, não haverá, por ora, a instalação de canteiros de obras. Já as intervenções que acontecem nas pistas marginais da Castello Branco, bem como a remodelação dos trevos de Alphaville e Barueri, vão continuar sob responsabilidade e execução da concessionária antiga, a CCR ViaOeste.
Capital e outras nove cidades
O trecho da nova concessão atravessa 10 municípios do estado de São Paulo, incluindo a capital. Os demais são Araçariguama, Barueri, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Santana de Parnaíba, Itapecerica da Serra e Embu das Artes.
Na Raposo Tavares, a concessão abrange o trecho urbano da rodovia em São Paulo, a partir do km 10,9, na região do Butantã, até o km 34, em Cotia, cortando a região da Granja Viana. O trecho foi administrado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), sem a cobrança de pedágio.
Na Castello, a Ecovias assume o trecho entre o Cebolão (km 13,2) e Araçariguama (km 54,1). Na rodovia Cel PM Nelson Tranchesi (SP-029), o trecho concedido vai do km 34,5, em Jandira, ao km 43,7, em Cotia.
O contrato prevê investimentos de R$ 8 bilhões em obras e serviços e R$ 3 bilhões na operação do sistema. A partir do terceiro ano, a concessionária converterá as praças de pedágio existentes em pórticos de cobrança automática (free flow). Na fase inicial, as ações têm como foco a segurança, qualidade do atendimento e melhoria das condições de trafegabilidade dos trechos.
Pedágios sem cabine
A concessionária vai instalar e operar 13 pedágios com tecnologia free flow (fluxo livre, sem cabines e cancelas), de cobrança automática. Destes, cinco serão no trecho entre São Paulo e Cotia, sendo o primeiro no km 11,81, na região do Butantã, e o último no km 29, em Cotia.
Outros seis vão funcionar no trecho sob concessão da Ecovias na Castello e dois serão na SP-029. Os dois primeiros pórticos vão funcionar a partir de abril de 2027 no km 29 da Castello - o P06 – e no km 34,6 da Estrada da Roselândia - o P12. Ao mesmo tempo serão desativadas as praças existentes no trecho sob concessão da Ecovias na Castello. Outros cinco pedágios operam até 2030 e os demais nos anos seguintes.
Impacto ambiental
Coordenador do Nova Raposo, Não!, Ernesto Maeda diz que o projeto não foi precedido de discussões sobre os impactos. Além da supressão de áreas verdes, há risco para os mananciais existentes no trecho a ser duplicado da Estrada da Embu das Artes, que formam reservatórios usados para abastecimento.
Ele aponta que a concessão foca no transporte individual e não leva em conta o maior adensamento a ser incentivado pela Nova Raposo. “Só um empreendimento chamado Reserva Raposo, próximo à Granja Viana, terá 100 torres de 20 andares, onde se fala em um acréscimo populacional de 80 mil pessoas”, diz.
Segundo Maeda, como os projetos executivos das obras ainda serão elaborados para posterior aprovação ambiental, podem ser feitas mudanças que atendam melhor a população diretamente envolvida.
A prefeitura de Cotia informou que deve se reunir nas próximas semanas com a concessionária Ecovias Raposo Castello para tratar sobre o projeto no trecho que corta o município. Como os apontamentos para o projeto foram feitos pela gestão anterior, a nova administração do município quer discutir alguns aspectos do projeto. O objetivo, segundo a prefeitura, é que o impacto no sistema viário do município seja o menor possível durante as obras.
Sobre a mobilização do movimento e os impactos ambientais, a Ecovias Raposo Castello diz que todos os projetos de ampliação serão concebidos “em conformidade com a legislação vigente e com as melhores práticas de engenharia e sustentabilidade, atendendo integralmente às condicionantes do processo de licenciamento ambiental”. Cada etapa será precedida de estudos técnicos específicos.