Valor - SP 07/07/2025
Após a aquisição da U.S. Steel, a Nippon Steel pretende aumentar a produção de aço bruto em mais de 60%, para 100 milhões de toneladas métricas em dez anos, e retomar a liderança entre os produtores globais, afirmou o executivo-chefe (CEO), Eiji Hashimoto, ao “Nikkei Asia”.
A empresa japonesa tornou-se a siderúrgica número um do mundo no início da década de 1970, mas perdeu o posto na década de 2000, com o fortalecimento das rivais chinesas.
"Nos tornaremos uma empresa líder mundial para deixar sonhos e opções para a próxima geração", disse Hashimoto em entrevista.
A aquisição da U.S. Steel pela empresa por US$ 14,1 bilhões, concluída em junho, representa o cerne desse esforço. A Nippon Steel construirá novas siderúrgicas e fará investimentos de ponta, como equipamentos para a produção de chapas de aço elétrico, o que a unidade americana não pode fazer atualmente.
A siderúrgica japonesa planeja investir US$ 11 bilhões na empresa americana até 2028, buscando aumentar a produção de aço bruto da unidade em mais de 20 milhões de toneladas nos próximos dez anos, em relação aos 14,18 milhões de toneladas produzidos em 2024.
"A indústria siderúrgica americana está em declínio há muito tempo, então há uma escassez avassaladora de engenheiros", disse Hashimoto. A Nippon Steel enviará inicialmente cerca de 40 engenheiros do Japão para trabalhar na redução de custos.
A aquisição levou um ano e meio para ser concluída, período durante o qual os especialistas em marketing da Nippon Steel "estudaram o mercado americano de dentro para fora".
"Ouvimos muitas vozes dizendo que esperam produtos de aço de alta qualidade", disse Hashimoto.
"A U.S. Steel conquistará participação de mercado da Cleveland-Cliffs", previu ele, referindo-se à segunda maior siderúrgica do país.
A Nippon Steel emitiu uma "ação de ouro" na U.S. Steel, concedendo poder de veto ao governo americano, e concluiu um acordo de segurança nacional, prometendo que a empresa não cortará a capacidade de produção nos Estados Unidos sem consentimento.
Apesar do risco de estagnação da demanda por aço caso a economia americana desacelere, Hashimoto afirmou que a taxa de autossuficiência do país em relação à demanda total permanece em 55%, incluindo importações de peças e produtos acabados, como automóveis.
"Há um espaço significativo para expandir a produção doméstica", afirmou.
A Nippon Steel está investindo pesado na U.S. Steel entre a aquisição e os aportes planejados. Questionado sobre esse desembolso, Hashimoto citou o 1,6 trilhão de ienes (US$ 11,1 bilhões na cotação atual) que sua empresa investiu na siderurgia japonesa nos seis anos fiscais a partir de 2019, afirmando que o setor exige um investimento enorme.
Para se tornar a número um, a Nippon Steel precisa enfrentar a China, que exporta excedentes de produtos siderúrgicos e conquista participação de mercado com uma ofensiva de preços baixos. Entrar em países onde as siderúrgicas chinesas já estão presentes é difícil e, ao mesmo tempo, garantir a lucratividade.
"Já é tarde demais para o Vietnã e a Indonésia", disse Hashimoto.
Mas, na Índia, o CEO disse que sua siderúrgica "tomará a iniciativa de aumentar a produção para conter as empresas chinesas". A Nippon Steel estabeleceu uma joint venture com a ArcelorMittal na Índia e aumentará sua produção de aço bruto em 15 milhões de toneladas nos próximos dez anos.
Acredita-se que as empresas chinesas estejam de olho no mercado indiano, um dos poucos no mundo que está crescendo.
"Não permitiremos que a China aumente sua presença", disse Hashimoto. A Nippon Steel planeja, da mesma forma, enfrentar e conter as rivais chinesas na Tailândia.
Na Europa, a U.S. Steel possui 4,5 milhões de toneladas de capacidade de produção na Eslováquia, com potencial para atingir 10 milhões de toneladas no futuro. A Nippon Steel considerará aumentar a produção no país com base na atividade econômica europeia.
Os diversos aumentos de produção planejados nos Estados Unidos, Europa e Ásia elevarão a produção combinada de aço bruto da Nippon Steel e da U.S. Steel de 57,8 milhões de toneladas em 2024 para 100 milhões de toneladas em dez anos.
A demanda por aço no Japão estagnou em torno de 50 milhões de toneladas e "certamente cairá para menos de 40 milhões de toneladas no futuro", disse Hashimoto.
A Nippon Steel planeja aumentar o quadro de engenheiros alocados na U.S. Steel para cerca de 100, a fim de expandir as capacidades tecnológicas do Japão. Engenheiros também serão enviados para a Índia e a Europa.
"Sem produzir grandes quantidades de aço, a tecnologia não pode ser mantida e desenvolvida", disse Hashimoto. "Escala é essencial."
Portal Fator Brasil - RJ 07/07/2025
Reconhecimento reforça excelência da empresa em soluções para a construção civil
A ArcelorMittal foi agraciada com cinco premiações do Prêmio Qualidade Sinaprocim/Sinprocim 2025, um dos mais prestigiados reconhecimentos da indústria da construção no Brasil. A conquista reafirma o compromisso com a qualidade, a inovação e a confiabilidade de seus produtos.
A cerimônia aconteceu, no dia 02 de julho (quarta-feira) , no Salão Nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo(Fiesp) e reuniu mais de 300 representantes da cadeia produtiva da construção civil, incluindo empresários, fornecedores, autoridades e líderes do setor.
—Receber este prêmio reforça o nosso propósito de oferecer soluções que elevam o padrão da construção civil brasileira. É o resultado do empenho de nossas equipes, da confiança dos nossos clientes e da constante busca pela inovação e qualidade— destaca Paula Couri, diretora de Marketing e Produtos da ArcelorMittal.
Entre as conquistas da ArcelorMittal estão: armaduras treliçadas para espaçador em piso/parede de concreto, no Segmento Construtora. Já no Segmento Associado, a empresa foi premiada com os vergalhões CA-50 em barra e CA-60 em rolo, telas eletrossoldadas em painéis ou rolos e armação treliçada para lajes/estruturas planas.
O Prêmio Qualidade Sinaprocim/Sinprocim é concedido com base em uma pesquisa conduzida pela Quorum Brasil e destaca empresas referência por seu desempenho, tecnologia e padrões de excelência na fabricação de insumos para a construção civil.
Valor - SP 07/07/2025
Gecex também estendeu o direito antidumping definitivo às importações brasileiras de polióis poliéteres originárias da China e EUA.
Após encerrar processo de investigação, o governo decidiu aplicar, por até cinco anos, o direito antidumping definitivo às importações brasileiras de polióis poliéteres originárias da China e EUA.
Além disso, também estendeu por mais cinco anos o direito de antidumping aplicado às importações brasileiras de tubos de aço inoxidável da China.
A decisão consta de resoluções do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio (Gecex) publicadas nesta sexta-feira (04) no Diário Oficial da União (DOU).
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
Em seu primeiro mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, forçou empresas a abandonarem sua dependência da China. Agora ele está pressionando países a empurrarem a China para fora de suas cadeias de suprimentos.
Um pacto comercial preliminar entre o Vietnã e os Estados Unidos, anunciado na quarta-feira, 2, é o passo mais significativo até agora em direção a esse objetivo.
Embora os detalhes sejam escassos, as exportações vietnamitas para os Estados Unidos pagarão uma tarifa de 20%, muito menos do que a taxa de 46% que Trump havia ameaçado.
Mas, por outro lado, o acordo imporia uma tarifa de 40% sobre quaisquer exportações do Vietnã classificadas como transbordo, ou seja, mercadorias que se originaram em outro país e apenas passaram pelo Vietnã.
A penalidade visa a China, que tem usado o Vietnã e países vizinhos para contornar as tarifas americanas sobre seus produtos. E isso pode se tornar uma característica dos acordos comerciais dos EUA com outros governos do Sudeste Asiático, enquanto eles tentam evitar tarifas altíssimas que entram em vigor na próxima quarta-feira, 9.
Os negociadores comerciais de Trump estão pressionando vizinhos do Vietnã orientados para a exportação, como a Indonésia, a reduzir a quantidade de conteúdo chinês em suas cadeias de suprimentos. Eles estão pedindo ao governo da Tailândia para fiscalizar o investimento estrangeiro que entra, esperando impedir que empresas chinesas se estabeleçam no país.
Eles estão até mesmo pressionando alguns países a considerar controles de exportação de tecnologia, como semicondutores.
“A administração Trump está dizendo: ‘Precisamos ver um desacoplamento estratégico se você quiser ser um parceiro comercial dos EUA’“, disse Steve Okun, CEO da APAC Advisors, uma empresa de consultoria geopolítica. “A questão é: os países concordarão com isso?”
Os esforços dos EUA para isolar a China aumentam as vulnerabilidades enfrentadas pelos países do Sudeste Asiático, uma região estrategicamente importante para Pequim e já na linha de frente da dominação chinesa do comércio e da manufatura global.
Na quinta-feira, 3, o Ministério do Comércio da China disse que estava “conduzindo uma avaliação” do acordo EUA-Vietnã, acrescentando que se opunha firmemente a qualquer acordo que ocorresse “às custas do interesse da China” e que “tomaria contramedidas para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos”.
Os termos comerciais com que os Estados Unidos e o Vietnã concordaram até agora também dependerão de como serão definidos — por exemplo, quantos insumos chineses serão permitidos nas exportações vietnamitas e como serão aplicados.
Vietnã estava acuado pelas ameaças de taxas
O Vietnã tinha tudo a perder ao entrar em negociações comerciais com os Estados Unidos. Trump ameaçou o país com um imposto de importação de 46% sobre seus produtos, causando alvoroço em setores como calçados, vestuário e eletrônicos, que passaram a depender do país como alternativa à China.
A incerteza causada pela ameaça de tarifas de Trump estava pesando sobre as empresas vietnamitas.
Uma tarifa de 20% não era o melhor cenário para ninguém, diz Tran Quang, executivo de uma empresa de aromas para casa que exporta quase todos os seus produtos para os Estados Unidos. “Mas não é tão ruim”, comentou.
Ele acrescentou que apoiava a tarifa mais alta sobre transbordo porque isso poderia ajudar empresas vietnamitas que enfrentam concorrência desleal de empresas chinesas que investiram no Vietnã para escapar das tarifas.
“Há muitos pequenos empresários chineses que vêm ao Vietnã apenas para colocar uma outra etiqueta em seus produtos antes de exportá-los para os EUA”, afirma.
O comércio e o investimento de empresas chinesas ajudaram a impulsionar o crescimento econômico no Vietnã e na região, mas o Sudeste Asiático está lutando para conter a enxurrada de mercadorias da China que estão tirando as empresas domésticas do mercado.
Nos últimos anos, com a economia da China ameaçada por uma crise imobiliária, o governo tem subsidiado pesadamente as fábricas, levando a um aumento nas exportações chinesas em todo o mundo.
Mas as limitações ao comércio da China na região correm o risco de desencadear reações em cadeia que podem prejudicar os países do Sudeste Asiático.
A falta de informações divulgadas até agora sobre o acordo com o Vietnã impossibilita a avaliação completa de seu impacto, disseram especialistas. O transbordo pode se referir a produtos que se originam na China. Também pode incluir coisas que são feitas no Vietnã, mas têm uma certa porcentagem de peças chinesas.
Mas, se os limites nos componentes chineses acabarem sendo rígidos, as empresas americanas poderiam transferir sua produção para fora do Vietnã, disse Matt Priest, CEO da Footwear Distributors and Retailers of America, um grupo comercial.
“Se for muito pesado ou difícil de cumprir, as empresas não usarão a oportunidade para aumentar o fornecimento no Vietnã“, disse ele. “Elas podem até voltar para a China se o preço for competitivo.”
O pacto com o Vietnã também deixa incertezas para as empresas, que aguardam para ver que tipo de tarifas e restrições à China outros países do Sudeste Asiático concordarão em potenciais acordos com a administração Trump.
As restrições à quantidade de conteúdo chinês em produtos exportados também impõem um fardo aos funcionários aduaneiros locais que nunca foram solicitados a fiscalizar as exportações tão de perto, levantando questões sobre a eficácia de suas ações.
Alguns países até discutiram a criação de cadeias de suprimentos totalmente diferentes para os Estados Unidos.
Washington também corre o risco de empurrar alguns países, profundamente integrados à economia chinesa, para os braços de Pequim.
Preocupação com a reação da China
Muitos governos asiáticos estão preocupados com a forma como a China pode reagir a acordos que buscam isolar empresas chinesas. Pequim demonstrou que está disposta a tomar medidas retaliatórias cada vez mais agressivas, como boicotar produtos e restringir minerais críticos dos quais seus vizinhos dependem.
Também intensificou as tensões no Mar da China Meridional, onde fez reivindicações militares sobre grande parte da hidrovia.
“Politicamente, temos que pisar em ovos entre as duas superpotências”, declara Pavida Pananond, professora de Negócios Internacionais na Universidade Thammasat, na Tailândia.
“A China é uma potência econômica muito importante, não apenas como importadora de bens, mas também como fonte de investimento e destino para exportações.”
Países do Sudeste Asiático tomaram suas próprias medidas para intensificar o monitoramento e a fiscalização de transbordo nas últimas semanas, fornecendo algumas informações sobre o que eles poderiam concordar em seus próprios pactos comerciais com Washington.
Na Tailândia, onde Trump ameaçou tarifas de 36%, o governo estimou que suas ações para fiscalizar de perto as exportações para transbordo poderiam reduzir suas exportações para os Estados Unidos em US$ 15 bilhões, o equivalente a um terço do superávit comercial da Tailândia com Washington no ano passado.
Também prometeu analisar mais de perto os investimentos estrangeiros em áreas, como veículos elétricos, onde empresas chinesas investiram muito dinheiro para trazer seus próprios fornecedores para a Tailândia.
Autoridades na Malásia e na Indonésia apertaram as regras de exportação para garantir que os envios para os Estados Unidos sejam documentados com precisão. Ambos os países também centralizaram a autoridade para emitir certificados de exportação.
Mesmo antes que quaisquer acordos comerciais sejam firmados, a administração Trump está remodelando como a região vê a China.
“A ideia é espremer a China para fora“, diz Deborah Elms, chefe de política comercial da Hinrich Foundation, uma organização que se concentra no comércio.
Mas para países como o Vietnã, concordar com o que os Estados Unidos querem é geopoliticamente arriscado.
“É uma aposta para ver como os EUA, a China e as empresas do seu país responderão”, afirma Elms.
Tung Ngo contribuiu com reportagens de Hanói, Vietnã, e Zunaira Saieed de Kuala Lumpur, Malásia.
Jornal de Brasília - DF 07/07/2025
Em três décadas, a indústria extrativa multiplicou por seis a sua participação no valor adicionado ao PIB (Produto Interno Bruto) do país, enquanto a fatia da construção caiu pela metade, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A série histórica do órgão vai de 1995 a 2024. Nesse período, o peso da indústria extrativa, que inclui as commodities da mineração e o petróleo, saltou de 0,7% para 4,2%, ao passo que a parcela da construção baixou de 7% para 3,6%.
A indústria de transformação também perdeu participação no PIB em três décadas. Saiu de 16,8% em 1995 para 14,4% em 2024. Ainda assim, seguiu como a principal atividade industrial.
A transformação, como o nome indica, converte matérias-primas em novos produtos. Alimentos, calçados, roupas, máquinas e veículos fazem parte da lista.
No cálculo do PIB, a indústria ainda é composta por uma quarta atividade. Trata-se do ramo de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos, cuja participação passou de 2,4% em 1995 para 2,6% em 2024.
Os percentuais são calculados a partir de valores correntes, refletindo as variações do volume e dos preços em cada atividade, aponta o IBGE.
Perder participação de um ano para outro não quer dizer necessariamente que a produção de um setor diminuiu. Ela apenas pode ter aumentado menos do que as demais.
Ao longo da série, o baixo investimento do Brasil em infraestrutura, seja por problemas regulatórios ou por restrições fiscais do governo, acabou freando o ritmo de crescimento da construção, aponta o gerente de análise econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Marcelo Azevedo.
Segundo ele, o setor também sentiu o impacto de turbulências no mercado imobiliário, além dos juros altos, que encarecem os financiamentos.
O ramo extrativo, por outro lado, teve impulso da demanda aquecida e da valorização dos preços de commodities no mercado externo, diz Azevedo. “Isso promoveu um aumento muito grande do investimento e da produção desse setor, que se tornou mais atrativo.”
No caso da indústria extrativa, o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, cita o impacto das exportações de mineradoras para a China e o desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil -a extração comercial do pré-sal começou em 2008.
Já a construção e a indústria de transformação sentiram mais o efeito de “instabilidades” da economia brasileira, com períodos de crise ou baixo crescimento da demanda interna, aponta Vale.
“A construção teve vários trimestres seguidos (durante os anos de 2014, 2015, 2016 e 2017) com queda em volume, o que também contribui para a perda de participação na economia”, afirma o IBGE.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL
A indústria como um todo, na soma das suas quatro atividades, viu a sua fatia no PIB encolher de 27% em 1995 para 24,7% em 2024.
Enquanto isso, a participação do setor de serviços subiu de 67,2% para 68,8%. A agropecuária, por sua vez, aumentou a sua parcela de 5,8% em 1995 para 6,5% em 2024.
“O processo de desindustrialização não é exclusivo do Brasil. É verdade que o Brasil atingiu esse processo com um nível de renda per capita menor do que outros países que viveram o mesmo fenômeno, mas não é algo inédito”, diz o economista Gustavo Inácio de Moraes, professor da Escola de Negócios da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
“O Brasil começa a ter uma especialização em indústrias ligadas ao agronegócio, e isso reflete condições que vão perdurar nos próximos anos. O que pode ter de novo e que de repente jogue a favor da indústria é a reforma tributária encaminhada”, acrescenta.
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) elaborou uma série histórica focada no ramo de transformação com dados que consideram preços constantes -ou seja, com o ajuste pela inflação do setor. Esses números também mostram perda de participação no PIB brasileiro.
Conforme o Iedi, a fatia da transformação na economia recuou de 17,2% em 1995 para 10,8% em 2024.
Essa proporção havia alcançado 21,4% durante a década de 1970, calcula o instituto.
“O país não conseguiu criar condições para ir agregando valor ao longo das cadeias produtivas”, afirma o economista Rafael Cagnin, diretor-executivo do Iedi. “A transformação não cresce tanto quanto o restante da economia e acaba perdendo participação.”
Segundo Cagnin, essa atividade andou com o “freio de mão puxado” ao longo das últimas décadas devido a fatores como os juros altos e o chamado Custo Brasil -expressão para um conjunto de gargalos que inclui complexidade tributária, burocracia e problemas de infraestrutura no país. A construção, diz, também foi afetada.
“A desindustrialização no Brasil foi prematura, não tem nada a ver com a discussão nos Estados Unidos ou em outros países desenvolvidos, porque não éramos ricos quando isso começou. A perda de participação aqui foi muito rápida, muito acelerada”, avalia.
JURO E INCERTEZA EXTERNA SÃO DESAFIOS
Impulsionar a indústria é uma das bandeiras do governo Lula (PT), que aposta em um plano de ações para o setor. Analistas, contudo, afirmam que o cenário é de desafios com os juros altos no Brasil e as incertezas externas da guerra comercial neste ano.
“Ainda que esses planos [do governo] se mantenham, com a taxa de juros do jeito que está, não tem muito como a indústria manter o ritmo de crescimento”, aponta Marcelo Azevedo, da CNI.
Cagnin, do Iedi, afirma que a redução do Custo Brasil é questão “de primeira ordem”. “Neste ambiente de incertezas, quem está melhor é quem tem condições de empregar mais competitividade”, diz o economista, que também defende acordos comerciais como o do Mercosul e da União Europeia.
Para Sergio Vale, da MB Associados, não faz sentido para a indústria brasileira pensar em “produzir tudo”. Há, segundo ele, nichos que devem ser explorados, como o potencial do país na área de transição energética.
Vale afirma que a indústria relacionada a commodities tende a seguir com desempenho positivo nos próximos anos, reunindo tecnologia e inovação, ao contrário do que apontam visões mais críticas.
“É só pensar na tecnologia que existe por trás da indústria de petróleo, da extração do pré-sal.”
Ele também destaca a importância da agenda de redução de custos produtivos e chama a atenção para a necessidade de o país evoluir em educação. Segundo Vale, o avanço na área de ensino se torna ainda mais urgente para capacitar a mão de obra em um horizonte de transformações tecnológicas.
CNN Brasil - SP 07/07/2025
O ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto avalia que a composição atual do Comitê de Política Monetária (Copom) está fazendo um trabalho "irretocável". A declaração foi dada ao jornal Folha de S.Paulo.
"Não tenho nenhum reparo a fazer. Eles [Copom] têm atuado de forma técnica, comunicado com transparência. Está fazendo um trabalho irretocável. Só que o problema não está no lado monetário, está no lado fiscal", disse Campos Neto.
Para o ex-presidente da autoridade monetária, há uma "guerra de narrativas", com a inserção da polarização política dentro do debate fiscal. Campos Neto considera que falta credibilidade em relação à ancoragem fiscal, diante do crescimento da dívida pública.
"Para mim, o importante não é se vai cair 1 ou 1,5 [ponto da Selic]. A gente precisa ter uma interpretação do mercado de que o governo é sério. Precisa de medidas fiscais. Falei no passado que o governo, se quisesse trabalhar com juros mais baixos, precisava gerar um choque positivo de credibilidade no fiscal", afirmou.
Na reunião de junho, o Copom subiu a Selic para 15% ao ano, o maior patamar para os juros básicos do país desde maio de 2006. Se os parâmetros observados pelo BC se confirmarem, o Copom antevê o fim do ciclo de alta na próxima reunião, prevista para o final de julho.
Em maio, a Dívida Pública Federal (DPF) avançou 0,71%, subindo para R$ 7,67 trilhões. No mês, a arrecadação federal atingiu R$ 230,15 bilhões, um aumento real de 7,66% em relação ao mesmo período do ano passado, marcando o melhor desempenho da série histórica para o mês.
"Mesmo quando se arrecada muito mais, não se consegue produzir superávits. Sem ter condições de cair muito os juros, vamos para um déficit nominal que fica preso em uma faixa ao redor de 8%. Como não conseguimos gerar um primário positivo, nossa dívida vai crescer em torno de 3 a 5 pontos porcentuais ao ano",. afirmou Campos Neto.
Em seguida, o ex-presidente do BC completou: "Como nossa dívida já é a maior do mundo emergente, este crescimento [da dívida] é muito grave. Precisamos de um plano ambicioso."
Campos Neto transmitiu a chefia do BC a Gabriel Galípolo em 1º de janeiro deste ano. Após cumprir período de quarentena obrigatório, ele assumiu, no último dia 1º, o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração e Chefe Global de Políticas Públicas do Nubank.
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
Em meio a mudanças no comércio global com a política de tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, o mês de junho registrou crescimento das exportações brasileiras para China (2,3%), Estados Unidos (2,4%) e Argentina (70,8%). Já a União Europeia (UE) comprou menos no mês passado (queda de 14,0%).
No caso da China e dos EUA, a alta é decorrente do aumento nas vendas de carne bovina brasileira. Já o incremento das exportações para a Argentina foi motivado pelo aquecimento do setor automotivo, já que aquele país vem recuperando a demanda nessa área.
Também houve aumento das importações com origem na China (4,5%), na União Europeia (6,6%), nos EUA (18,5%) e na Argentina (8,9%). No caso dos EUA, a alta foi decorrente da compra de motores, máquinas e combustíveis.
Os dados foram apresentados na tarde desta sexta-feira, 4, pelo diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão.
Brandão argumentou que tanto exportações quanto importações cresceram em junho em valor e volume, mas caíram em preço. No caso das exportações, a queda dos preços no mês passado foi mais acentuada, de 4,3%, enquanto nas importações, a redução dos preços foi de 1,1%.
Exportações no primeiro semestre tiveram leve baixa
Brandão ainda explicou que, no primeiro semestre deste ano, as exportações ficaram ligeiramente abaixo das registradas no ano passado (US$ 165,87 bilhões em 2025 contra US$ 166,96 bilhões em 2024, queda de 0,7%), motivadas por preços menores.
“O valor exportado deste ano é sustentado pelos volumes crescentes, já que temos observado uma redução dos preços internacionais dos bens”, explicou. Entre os destaques nas exportações nos seis primeiros meses do ano, está a queda de 7,6% nas vendas para a China e a redução de 18,7% para o Oriente Médio. Houve aumento de valor exportado para a UE, os EUA e a Argentina (2,6%, 4,4% e 55,4% respectivamente).
No caso das importações, o técnico explicou que a economia brasileira vem demandando mais bens importados, em especial de capital e intermediários. Houve crescimento de 8,3% na comparação entre o primeiro semestre de 2025 (US$ 135,78 bilhões) e o mesmo período de 2024 (US$ 125,4 bilhões).
No primeiro semestre, cresceu a importação das principais origens: 21,4% da China, 4,5% da UE, 11,5% dos EUA e 1,6% da Argentina.
Previsão de superávit comercial do ano é reduzida
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) revisou para baixo a previsão de superávit comercial de 2025.
Agora, a expectativa é de que, no ano, o saldo positivo das contas feche em US$ 50,4 bilhões. A primeira previsão, divulgada no fim do primeiro trimestre, era de que o saldo poderia terminar este ano em US$ 70,2 bilhões.
No ano passado, o saldo comercial foi de US$ 74,2 bilhões. Se confirmada a previsão da pasta, haverá uma variação negativa neste ano de 32,0%.
“A gente vê uma leve queda de exportações no primeiro semestre, motivada por preços menores. E o valor é sustentado por volume”, explicou Herlon Brandão. Ele lembrou que a primeira previsão já apontava queda de saldo, com um aumento mais forte de importações em relação a exportações.
“A demanda mundial vem se enfraquecendo, isso vem afetando o preço das commodities”, disse o secretário. “Por outro lado, a economia brasileira continua crescendo, continua demandando insumos e bens de capital importados, o que deve resultar nesse saldo comercial de US$ 50 bilhões”, completou.
É esperado que as exportações brasileiras somem US$ 341,9 bilhões neste ano - montante 1,5% maior em relação a 2024 (US$ 337,0 milhões). A projeção do início do ano era de que as exportações somassem US$ 353,1 bilhões em 2025.
Nas importações, o dado foi ajustado para cima. Agora, a expectativa é de que as compras somem US$ 291,5 bilhões em 2025, alta de 10,9% na comparação com o ano passado (US$ 262,9 bilhões). Na última projeção, o MDIC esperava importações de US$ 282,9 bilhões.
Já na corrente de comércio, o número projetado pelo MDIC baixou de US$ 636,1 bilhões para US$ 633,5 bilhões, número 5,6% maior que os US$ 599,9 bilhões registrados no ano passado.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/07/2025
Pressionada pela queda no preço de diversas commodities, bens primários com cotação internacional, e pelo consumo de importados, a balança comercial registrou o superávit mais baixo para meses de junho em seis anos. No mês passado, o país exportou US$ 5,889 bilhões a mais do que importou, queda de 6,9% em relação ao registrado no mesmo mês de 2024.
Os números foram divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O superávit em junho é o menor desde 2019, quando o resultado positivo ficou em US$ 4,362 bilhões.
A balança comercial acumula superávit de US$ 30,092 bilhões nos seis primeiros meses de 2025. O valor representa queda de 27,6% em relação aos mesmos meses do ano passado e é o pior para o período desde 2020, quando houve superávit de US$ 22,295 bilhões.
Parte do recuo no valor acumulado ocorreu porque a balança comercial teve déficit de US$ 471,6 milhões em fevereiro, motivado pela importação de uma plataforma de petróleo.
As exportações subiram levemente, mas as importações cresceram ainda mais. Em junho, o país exportou US$ 29,147 bilhões, alta de 1,4% em relação ao registrado no mesmo mês do ano passado. Esse é o terceiro maior valor da história, só perdendo para junho de 2022 e 2023.
As importações somaram US$ 23,257 bilhões, alta de 3,8% na mesma comparação. O valor é o segundo maior valor da série histórica para o mês, só perdendo para junho de 2022.
Ao analisar a quantidade exportada e os preços médios, o volume de mercadorias exportadas subiu 6,1%. Os preços, no entanto, recuaram 4,3% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado, refletindo a queda no valor das commodities. Nas importações, a quantidade subiu 5,8%, impulsionada pelo crescimento econômico, mas os preços médios recuaram 1,1%.
Produtos
Do lado das exportações, a soja, principal produto da agropecuária, caiu 12,5% em relação a junho do ano passado, por causa da queda de 9% dos preços médios. O volume vendido recuou 3,9%. Além disso, o milho, o segundo principal produto de exportação do agronegócio, registrou queda de 56,6%, apesar da alta de 29,7% no preço médio.
As vendas de petróleo recuaram 2,1%, também motivadas pela redução de 15,2% nos preços, com o volume exportado subindo 15,5%. As exportações de minério de ferro recuaram 8,6%. Apesar de a quantidade ter subido 9,8%, os preços caíram 16,7%.
No entanto, a alta no preço do café, que subiu 56,1% em 12 meses, e da carne bovina, que subiu 22%, ajudou a sustentar a balança. As vendas de alguns produtos, como veículos, ouro e produtos semiacabados de aço, subiram no mês passado, compensando a diminuição na exportação dos demais produtos.
Do lado das importações, as aquisições de motores e máquinas não elétricos, compostos organo-inorgânicos, aeronaves e componentes de aeronaves e inseticidas subiram. A maior alta ocorreu com os motores, cujo valor comprado aumentou US$ 251,4 milhões (37,5%) em junho na comparação com junho do ano passado.
Setores
No setor agropecuário, a queda na quantidade vendida pesou mais para o recuo de 10% nas exportações do segmento. O volume de mercadorias embarcadas caiu 12,4% em junho na comparação com o mesmo mês de 2024, enquanto o preço médio subiu 3,6%.
Na indústria de transformação, a quantidade subiu 14,7%, com o preço médio caindo 3,3%, refletindo uma certa recuperação econômica na Argentina, o maior comprador de bens industrializados do Brasil.
Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 9,6%, enquanto os preços médios recuaram 14,8%, fruto da desaceleração econômica na China e do acirramento da guerra comercial por parte do governo de Donald Trump.
Estimativa
O Mdic revisou as estimativas para a balança comercial este ano. O superávit deverá ficar em US$ 50,4 bilhões, queda de 32% em relação a 2024. A próxima projeção será divulgada em outubro.
Segundo o Mdic, as exportações subirão 1,5% este ano na comparação com 2024, encerrando o ano em US$ 341,9 bilhões. As importações subirão 10,9% e fecharão o ano em US$ 291,5 bilhões. As estimativas são as primeiras a considerar os efeitos da política tarifária de Donald Trump e das retaliações comerciais da China.
As previsões estão bem mais pessimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 73 bilhões neste ano.
Globo Online - RJ 07/07/2025
O desequilíbrio das contas públicas não é um problema abstrato de economistas. Trata-se, segundo especialistas, de uma bomba-relógio que, quando explode, atinge com força o dia a dia de todos os brasileiros, por meio do custo de vida elevado, do crédito inacessível e da falta de perspectivas de crescimento da economia. Um país que gasta mais do que arrecada é visto com desconfiança pelos investidores estrangeiros, dizem os economistas, e isso afasta o capital.
— Reformas para buscar o equilíbrio fiscal trariam mais produtividade e crescimento à economia, mais emprego e, portanto, mais renda para a população. Provocariam um ciclo virtuoso com efeitos muito positivos — diz Maílson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências e ex-ministro da Fazenda.
Nóbrega observa que o aumento do gasto do governo aumenta a demanda na economia sem que a oferta acompanhe. Isso, diz, provoca inflação, um “imposto” que impacta especialmente as camadas mais pobres da população. Por isso, o Banco Central tem que manter a taxa de juros em nível muito mais elevado que outros países da América Latina para “esfriar a economia”. Se não houvesse a distorção fiscal, explica, a taxa de juros de equilíbrio poderia ser a metade do que a Selic que temos hoje, de 15%.
Asituação das contas públicas foi tema do evento “Agenda Brasil — o cenário fiscal brasileiro”, promovido em junho pelo jornal Valor, pela rádio CBN e pelo jornal O GLOBO no Insper, em São Paulo
O economista Raul Velloso, um dos maiores especialistas do Brasil em contas públicas, aponta como resultado do descontrole fiscal no país o baixo crescimento da economia brasileira, a queda na oferta de serviços de infraestrutura (seja transporte, energia ou saneamento) com a redução do investimento público— e também do privado.
— O país está condenado a não investir mais em infraestrutura. E o investidor privado não só não confia no governo, como não gosta das remunerações pagas a ele. Então o Produto Interno Bruto (PIB) paga a conta e não cresce — diz o economista.
Em seu diagnóstico, as contas públicas estão dilaceradas por um fator central: o crescimento dos desembolsos em Previdência, em todos os níveis (INSS, União, estados e municípios), ao mesmo tempo em que a população em idade ativa, que contribui para manter o equilíbrio aposentadoria, está diminuindo.
Um levantamento feito pelo economista mostra que, apenas nos municípios, a taxa real de crescimento dos regimes de Previdência foi de 12,5% (entre 2011 e 2018); nos estados, de 5,9% (de 2006 a 2018); na União, de 3,1% (de 2006 a 2021); e no INSS, de 5,1% (de 2006 a 2020).
Cenário antagônico
Na direção contrária, o investimento em infraestrutura, que já foi de 10% do PIB em 2014, caiu para -3,4% do PIB, em termos reais, em 2022. E o PIB, que crescia a 4% em 2014, estacionou em 0,4% em 2022.
Luiz Fernando Figueiredo, presidente do Conselho de Administração da Jive Mauá, e ex- diretor do Banco Central, vê um cenário de antagonismo entre as políticas fiscal e monetária que prejudicam o país. Enquanto o Executivo impõe um ritmo expansionista à economia, o BC tenta freá-la com juros altos. Juros altos travam a economia, encarecem o crédito, e reduzem o investimento. Simultaneamente, diz Figueiredo, a dívida pública brasileira vem crescendo e é a mais alta dos países emergentes (quase 80% do PIB). E, como em qualquer lar onde se gasta mais do que se ganha, existe a possibilidade de um calote em caso de insustentabilidade.
— O governo deveria fazer um ajuste fiscal de 1% a 3% do PIB no gasto, incluindo as isenções fiscais, ao longo do tempo. Esse ajuste para um país que arrecada o equivalente a 35% do PIB é quase nada. E se o salário mínimo fosse reajustado apenas com inflação, isso ajudaria também a reduzir os gastos e fazer a dívida parar de crescer — explica Figueiredo, lembrando que o custo da dívida com juros altos também é caro.
Nóbrega acredita que será preciso uma nova reforma da previdência que unifique as regras tanto para o INSS, como para servidores públicos, além da necessidade de rever as regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O ex-ministro observa que no mundo todo os países garantem o poder de compra dos aposentados repondo as perdas da inflação, mas no Brasil o ganho é real, pela indexação ao salário mínimo. O Brasil gasta com aposentadorias 32% do Orçamento primário, enquanto a média de outros países (incluindo mais ricos) fica em 7,5%.
— É um sistema fiscal torto, que era disfarçado pelo aumento da carga tributária. Esse sistema levou a uma rigidez no Orçamento sem paralelo no planeta, com mais de 90% de gastos obrigatórios, com pisos constitucionais para saúde e educação. O governo foi perdendo a margem de gastos para financiar políticas públicas de ciência, cultura, e investimento público — explica Nóbrega, que avalia que todos os brasileiros deveriam se conscientizar que esta situação é “uma calamidade”.
Velloso avalia que se os gastos com a Previdência, em todos os níveis, não tivessem crescido tanto o país teria superávit em suas contas.
— O IBGE, que faz o censo, tinha que ter alertado que houve um crescimento muito forte da população acima de 65 anos, o que impactaria nos gastos previdenciários — diz.
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
O presidente Donald Trump anunciou na noite deste domingo, 06, que os acordos tarifários feitos pelos Estados Unidos com diversos países serão divulgados a partir das 13h (horário de Brasília) desta segunda-feira, 07. O republicano disse ainda que países alinhados às “políticas antiamericanas do Brics” vão pagar uma tarifa adicional de 10%. Segundo ele, “não haverá exceções a esta regra”. As declarações foram feitas através da Truth Social.
A ameaça ao pagamento de uma taxa extra aos países de acordo aos ideais ‘anti-EUA’ dos Brics foi feita durante a cúpula do bloco, que ocorre esta semana no Rio de Janeiro.
Mais cedo no domingo, os líderes do bloco publicaram a Declaração do Rio de Janeiro. Mesmo sem citar nominalmente os Estados Unidos, o texto faz referência ao país ao condenar ataques realizados contra o Irã e a Rússia, dois membros plenos do bloco.
O Brics expressou “séria preocupação” com os “ataques deliberados” contra as “infraestruturas civis”, mas não apenas as iranianas, como desejava Teerã, e também às “instalações nucleares pacíficas”.
A cúpula também condenou “os ataques contra pontes e infraestrutura ferroviária que visaram deliberadamente civis nas regiões de Bryansk, Kursk e Voronezh, na Federação Russa, em 31 de maio e 1.º e 5 de junho de 2025, resultando em várias vítimas civis, incluindo crianças”.
É a primeira vez que o Brics cita ataques específicos em território russo desde a invasão russa à Ucrânia, em 2022.
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
Segundo o Observatório de Política Fiscal da Fundação Getulio Vargas (FGV), em 2011, a carga tributária brasileira foi de 33,4% do PIB. Em 2024, alcançou 34,2% (aumento de 0,8% do PIB). No mesmo período, as despesas do governo geral com previdência e assistência social, que incluem o Regime Geral da Previdência (RGPS), os regimes próprios dos servidores públicos (RPPS) e todos os programas sociais de transferências de renda, cresceram 3,7% do PIB (de 12,6% para 16,3%).
Salários dos servidores e investimentos públicos caíram ligeiramente: eram 13,3% do PIB em 2011 e somaram 12,8% em 2024. Em 2011, o governo geral registrou superávit primário de 2,9% do PIB; em 2024, o déficit primário foi de 0,4%.
Esses números resumem a questão fiscal brasileira: 1) ao longo dos anos, o governo (União, Estados e municípios) vem se transformando num grande fundo deficitário de previdência e assistência social; 2) a carga tributária cresceu muito menos do que as despesas primárias; e 3) assim, o setor público brasileiro entrou em trajetória de déficit estrutural, cuja reversão depende de um conjunto amplo de medidas, tanto do lado das receitas quanto das despesas.
O tamanho do ajuste fiscal necessário para estabilizar a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) como proporção do PIB depende do cenário macroeconômico adotado. Por exemplo, se trabalharmos com taxa real de juros para financiamento da DBGG de 5% ao ano (hoje está em 9%) e crescimento real do PIB a longo prazo de 2% ao ano, o superávit primário requerido para estabilizar a dívida em 80% do PIB é da ordem de 2,4% do PIB.
Dado que para 2025 espera-se déficit primário de 0,6% do PIB, o ajuste estrutural seria algo da ordem de 3% do PIB, ou seja, cerca de R$ 380 bilhões, a preços atuais.
O número impressiona, mas o recente trabalho do Banco Mundial sugere uma enorme lista de medidas, incluindo ajustes tributários e principalmente cortes de gastos obrigatórios, que podem promover, em cerca de uma década, um ajuste fiscal anual de 5,4% do PIB.
Além de propostas já conhecidas para a redução de gastos, o estudo acrescenta outras, detalhadas e quantificadas cuidadosamente. A grande novidade é mostrar como políticas de sustentabilidade ambiental podem provocar expressivos ganhos fiscais (cerca de metade dos mencionados 5,4%).
Maior taxação sobre os combustíveis fósseis, eficiente sistema de comércio de emissões e associar as transferências de recursos da União para os Estados e municípios aos avanços obtidos por esses entes na política ambiental são pontos de destaque no estudo.
A esses ganhos fiscais diretos da política ambiental, deve ser acrescida a elevação do crescimento potencial da economia em virtude da melhor distribuição das precipitações pluviométricas pela redução/eliminação do desmatamento.
A bola está com a política. As questões técnicas estão cada vez mais claras.
Valor - SP 07/07/2025
Contrato, para entrega em setembro, fechou cotado a US$ 102,2 por tonelada.
O sentimento positivo para o minério de ferro é impulsionado pelo maior foco do governo chinês nas reformas do lado de oferta, depois que os principais líderes econômicos da China disseram querer “reduzir a competição desordenada de preços baixos e eliminar capacidades industriais obsoletas”, segundo o Commonwealth Bank of Australia, citado pelo Dow Jones Newswires.
O contrato do minério mais líquido, para entrega em setembro, fechou em alta de 0,62% na Bolsa de Dalian, cotado a 732,5 yuan (US$ 102,2) a tonelada.
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
No primeiro trimestre de 2025, a Tesla culpou a paralisação temporária de fábricas para a produção da nova geração do Model Y. Mas, agora, o argumento não cola: a produção do SUV renovado está em plena capacidade desde abril, mas as vendas seguem abaixo do esperado — especialmente na Europa.
Na região, o baque foi pesado: de janeiro a maio, as vendas da Tesla caíram 45% em comparação ao mesmo período de 2024. Analistas apontam dois fatores principais: a perda de prestígio de Elon Musk, que tem manifestado apoio a políticos e movimentos de extrema-direita, algo que vem incomodando fortemente o público europeu; e o avanço das montadoras chinesas, que oferecem modelos elétricos mais baratos — e, em muitos casos, tecnologicamente mais avançados.
Os números da categoria “Outros modelos” — que inclui o polêmico Cybertruck, além dos Model S e X — também ligam o sinal de alerta: apenas 10.394 unidades foram entregues no trimestre, reflexo de um mercado pouco receptivo. O Cybertruck, apontado como uma das grandes apostas da Tesla, já é tratado como um fiasco comercial.
Outro ponto que preocupa investidores é o desequilíbrio entre produção e vendas. No segundo trimestre, a Tesla fabricou 410.244 veículos — quase 26 mil a mais do que entregou aos clientes. Só em 2025, a montadora acumula um estoque excedente de mais de 50 mil carros, sinal claro de que a demanda não acompanha o ritmo das linhas de montagem.
Valor - SP 07/07/2025
A montadora anunciou em maio que cortará 20 mil empregos e reduzirá de 17 para 10 o número de fábricas, focando em uma produção mais eficiente com ênfase em elétricos.
A montadora japonesa, que enfrenta dificuldades, está revisando suas operações industriais em todo o mundo. A estratégia busca uma rápida reviravolta nos negócios por meio da venda de veículos elétricos (EVs) fabricados na China, que se destacam pelo custo competitivo e bom desempenho, para diversos mercados internacionais.
Entre os veículos elétricos que a Nissan planeja exportar da China está o sedã médio N7, que tem registrado boas vendas no país desde seu lançamento em abril. O N7 é o primeiro EV projetado e desenvolvido pela joint venture da Nissan na China, que também escolheu os componentes do modelo.
O N7 tem preço inicial de 119.900 yuans (cerca de US$ 16.733), o mesmo nível de preço de modelos concorrentes da gigante chinesa BYD. A produção do sedã ocorre na unidade da Nissan em Guangzhou, província de Guangdong.
O software do N7 utiliza inteligência artificial desenvolvida por uma empresa chinesa. Como alguns países impõem restrições ao uso de IA chinesa, a Nissan precisará adaptar as especificações do software antes de exportar o modelo.
Para desenvolver o software da versão de exportação, a Nissan investiu na IAT Automobile Technology, uma das principais desenvolvedoras chinesas de EVs, cujos principais clientes são montadoras locais.
Por meio de uma subsidiária chinesa, a Nissan também firmou um acordo com a estatal Dongfeng Motor para criar uma empresa conjunta que ficará responsável por processos como o despacho aduaneiro na exportação de veículos elétricos. A subsidiária da Nissan deterá cerca de 60% da nova empresa.
A China está na vanguarda da eletrificação automotiva, superando outros países. Os EVs chineses são altamente avançados em termos de autonomia, conforto e outros recursos. A Nissan aposta que EVs de baixo custo fabricados na China despertarão forte demanda no exterior.
Após o lançamento do N7, a montadora japonesa pretende comercializar outros EVs e híbridos plug-in na China. Até o fim do ano, a Nissan lançará sua primeira picape elétrica no mercado chinês.
A BYD e outras montadoras chinesas já iniciaram exportações para o Sudeste Asiático e outros mercados. A Nissan espera que sua rede de serviços e manutenção no exterior lhe proporcione vantagem competitiva frente aos rivais.
As dificuldades da Nissan decorrem, em parte, de atrasos no lançamento de novos modelos. Em maio, a empresa anunciou um plano de reestruturação que inclui o corte de 20 mil empregos e a consolidação de 17 fábricas em 10. Enquanto define quais unidades serão fechadas, a empresa busca um sistema de produção otimizado, com os EVs como produto central para o futuro.
Valor - SP 07/07/2025
A Nissan está em negociações com a Foxconn para permitir que a gigante taiwanesa produza veículos elétricos em uma fábrica japonesa que corre o risco de fechamento como parte da reestruturação planejada da montadora, segundo apurou o “Nikkei Asia”.
A possível colaboração envolve a fábrica da Nissan em Oppama, na cidade de Yokosuka, na província de Kanagawa, ao sul de Tóquio, disse uma fonte da Nissan ao “Nikkei Asia”.
A fábrica empregava cerca de 3.900 pessoas no final de outubro. Governos locais, incluindo o da província de Kanagawa, expressaram preocupação com o futuro da instalação, considerando os amplos planos de reestruturação da Nissan.
A colaboração com a Foxconn pode permitir que a Nissan proteja a fábrica e seus funcionários, além de reduzir custos.
A Foxconn quer produzir seus próprios veículos elétricos em Oppama, e a Nissan aumentaria a taxa de utilização da unidade, direcionando as linhas de produção excedentes para instalações da Foxconn.
A Foxconn vem expandindo rapidamente seus negócios para a área de produção de veículos elétricos por meio de joint ventures no exterior. Em 2024, a fabricante taiwanesa investiu para adquirir 50% de participação em uma subsidiária de chassis da gigante alemã de autopeças ZF.
A Nissan anunciou planos em maio para reduzir suas fábricas de montagem final em todo o mundo de 17 para 10. Das suas cinco fábricas no Japão, fontes disseram que Oppama e a unidade de uma subsidiária também na província de Kanagawa são candidatas.
Oppama, que iniciou suas operações em 1961, é uma das principais fábricas da Nissan. A capacidade anual totaliza 240 mil unidades, mas a taxa de utilização tem sido baixa devido às vendas fracas da montadora. A taxa no ano passado foi de 40%, relata a empresa de pesquisa MarkLines, bem abaixo do ponto de equilíbrio de 80%.
Mas se o fechamento da fábrica exigir demissões, o custo para a Nissan será alto. Muitos fornecedores de peças afiliados à Nissan estão próximos da fábrica, portanto, mantê-la aberta também ajudaria a preservar a cadeia de suprimentos da empresa.
A fábrica de Oppama, com 170 hectares, inclui importantes e pistas de testes de colisão. Ela abriga um centro de pesquisa e um cais onde os transportadores de veículos podem atracar. O fechamento da fábrica forçaria a Nissan a construir novas pistas de teste e instalações em outros lugares, potencialmente prejudicando o desenvolvimento de novos veículos necessários para aumentar as vendas.
A Foxconn anunciou sua entrada no mercado de veículos elétricos em 2019, com um modelo de projeto e fabricação de automóveis sob contrato. A empresa busca uma base de fabricação no Japão.
Em maio, a Foxconn assinou um memorando de entendimento para fornecer veículos elétricos de passageiros à Mitsubishi Motors. A empresa taiwanesa também está negociando o fornecimento de ônibus elétricos para a Mitsubishi Fuso Truck and Bus. Usar a fábrica de Oppama como base de fabricação pode ajudar a Foxconn a desenvolver relacionamentos com montadoras japonesas.
A Foxconn manifestou interesse em colaborar com a Nissan nos bastidores. Sua presença foi um dos motivos pelos quais a Honda e a Nissan iniciaram negociações de fusão em dezembro.
O governo japonês desconfia do envolvimento da Foxconn na gestão da Nissan. Mas se uma colaboração proteger empregos, será mais fácil obter aval do governo.
Num momento de queda nas vendas, a Nissan também enfrenta as tarifas de automóveis impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que devem reduzir o lucro operacional da empresa neste ano fiscal em até 450 bilhões de ienes (US$ 3,12 bilhões).
Globo Online - RJ 07/07/2025
O plano do governo de Donald Trump de eliminar os incentivos fiscais federais para veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) será um grande obstáculo para o transporte movido a bateria nos Estados Unidos, mas não um bloqueio total, segundo previsões de analistas.
Na quinta-feira, republicanos na Câmara dos Deputados enviaram ao presidente Donald Trump um projeto de lei que encerra os créditos fiscais de até US$ 7,5 mil (R$ 40,5 mil) para compradores de veículos elétricos — como os da Tesla do agora desafeto de Trump Elon Musk —, que faziam parte da Lei de Redução da Inflação de 2022.
A Casa Branca afirmou que a iniciativa do ex-presidente Joe Biden “prometeu muito, mas não entregou nada”. No entanto, os créditos fiscais ajudaram a impulsionar um mercado de EVs muito mais robusto e acessível do que o que existia antes dos subsídios, há dois anos e meio.
Revogá-los — junto a uma série de outras políticas anti-EV adotadas ou em curso pela administração Trump — causará um sério impacto nas vendas, apontam especialistas.
Segundo um relatório recente da BloombergNEF, a adoção de EVs nos EUA ficará abaixo da média global até 2040, e o país deixará de figurar entre os três maiores mercados de veículos elétricos. A versão do relatório publicada no ano passado previa que os EUA superariam a média global de vendas a partir de 2029.
Atraso de dois anos
Ainda assim, Elaine Buckberg, ex-economista da General Motors e hoje no Instituto Salata de Clima e Sustentabilidade da Universidade Harvard, estima que, mesmo com o fim dos créditos fiscais federais, cerca de 37% dos carros novos comprados em 2030 serão elétricos — abaixo da projeção anterior de 48% com os incentivos mantidos.
Os fatores que sustentam essa demanda são relativamente simples: os carros elétricos estão muito melhores e mais baratos do que antes, e há muito mais modelos disponíveis.
— No cenário mais provável, você acaba com um atraso de cerca de dois anos na adoção — disse Buckberg. — Acho que (os veículos elétricos) serão mais resilientes do que as pessoas estão imaginando.
O preço médio pago por consumidores americanos por um EV caiu ligeiramente desde o início da era da Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), de US$ 64.700 (R$ 350 mil) em janeiro de 2023 para US$ 59.900 (R$ 323,4 mil) em abril — queda de 7,4%, sem ajuste pela inflação, segundo o site Edmunds.com. Porém, o leque de opções aumentou significativamente.
Quando a IRA foi aprovada, havia 34 tipos de EVs à venda nos EUA, sendo apenas 11 modelos abaixo do preço médio dos veículos, de US$ 47.500 (R$ 256,5 mil). Hoje, há o dobro de modelos elétricos disponíveis, com 19 deles abaixo desse valor. Incentivos estaduais em 17 estados podem reduzir ainda mais o custo para alguns compradores.
— Há muito mais opções não luxuosas — disse Buckberg. — É mais provável que você encontre a marca, o estilo e o tamanho que deseja.
Descontos amenizam fim do subsídio
Stephanie Valdez Streaty, diretora na Cox Automotive, afirmou que montadoras e concessionárias estão oferecendo descontos que muitas vezes igualam ou superam os incentivos governamentais.
Ela destacou que, em alguns casos, os incentivos de revendedores no Nissan Leaf fazem com que “você consiga esse carro por menos de US$ 20 mil”.
A BNEF prevê que os EVs nos EUA serão tão baratos quanto — ou mais — que os modelos a gasolina por volta de 2028 (o banco Goldman Sachs estima que esse ponto pode ser alcançado ainda antes).
Americanos têm interesse no carro elétrico
Há indícios de que a maioria dos americanos está, ao menos, curiosa sobre os EVs. Segundo uma pesquisa da JD Power realizada em maio, quase 60% dos consumidores nos EUA estão “muito” ou “um pouco” propensos a comprar um veículo elétrico — mesmo nível de um ano atrás.
Além disso, preocupações com o preço e o custo de manutenção diminuíram nos últimos 12 meses. Ainda assim, o fim dos incentivos federais afetará mais duramente a base do mercado.
— As pessoas que têm condições de comprar um Rivian ou um Lucid vão continuar fazendo isso — disse Ingrid Malmgren, diretora de políticas do grupo de defesa Plug In America. — O impacto, como boa parte desse projeto, será desproporcionalmente pago pelos americanos de baixa renda.
Incentivo aos carros convencionais
Revogar os créditos fiscais para EVs é apenas parte da forma como o governo Trump favorece os modelos a combustão. A administração congelou um plano federal de US$ 5 bilhões para construir estações de recarga, principalmente em rodovias rurais e comunidades de baixa renda.
A Casa Branca também prometeu afrouxar os regulamentos sobre emissões de escapamento e bloqueou a política da Califórnia que previa banir a venda de carros a gasolina até 2035.
Considerando todas essas mudanças, o impulso dos EVs deve perder ainda mais força do que só com o corte da IRA: a BNEF projeta que apenas 27% do mercado americano será elétrico em 2030, ante os 48% estimados no ano passado. Buckberg prevê desaceleração semelhante.
Fora dos EUA, no entanto, os veículos elétricos continuam em ritmo acelerado, impulsionados pela queda no preço das baterias e pela enxurrada de modelos baratos fabricados na China. A BNEF estima que um em cada quatro carros vendidos no mundo este ano — cerca de 22 milhões de unidades — será elétrico, um aumento de 25% em relação a 2024. Dois terços dessas vendas ocorrerão na China.
Valor - SP 07/07/2025
A rivalidade entre o empresário e Trump ameaça partes cruciais do império de Musk e deixa os legisladores republicanos presos em uma disputa entre o presidente dos EUA e o homem mais rico do mundo.
Elon Musk doou mais de US$ 250 milhões para eleger Donald Trump. Em troca, recebeu um projeto de lei que poderá custar bilhões à Tesla.
O “grande e belo projeto de lei” de Trump coloca em risco uma fonte de lucro crucial para a Tesla ao neutralizar as regras que permitem à fabricante de veículos elétricos vender bilhões de dólares em créditos de emissões.
O projeto aprofunda a crise de uma empresa que já enfrenta uma queda acentuada nas vendas e a perda de incentivos fiscais para veículos elétricos. A legislação provocou uma reação furiosa de Musk.
Enquanto Trump se esforçava para a aprovar o projeto no Congresso esta semana, Musk o chamou de “aberração” e ameaçou retaliar os legisladores que o apoiaram, fazendo doações a seus adversários políticos — e até mesmo lançar seu próprio partido.
Trump retrucou que “sem subsídios, Elon provavelmente teria que fechar as portas e voltar para a África do Sul”.
A crescente rivalidade entre eles ameaça partes cruciais do império de Musk e deixa os legisladores republicanos presos em uma disputa entre o presidente dos Estados Unidos e o homem mais rico do mundo.
“Todas as brigas de família são, em última análise, por dinheiro”, disse o empreendedor do setor de tecnologia de São Francisco Trevor Traina, que atuou como embaixador na Áustria durante o primeiro mandato de Trump. “Esta não parece ser diferente... Bilhões em subsídios contra centenas de milhões em eleições primárias”.
Publicamente, Musk tem criticado o projeto de lei fiscal, alegando que ele aumentará drasticamente o déficit dos EUA. Mas a ameaça à Tesla também é um motivo central da sua oposição.
Trump prometeu acabar com os três sistemas paralelos de créditos de emissões existentes nos EUA, em nome da redução dos preços dos carros — incluindo um programa da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) para emissões de gases do efeito estufa e um segundo na Califórnia baseado nas vendas de veículos elétricos e híbridos.
Sistema Cafe
Seu “grande e belo projeto de lei” visa a um terceiro sistema, os padrões federais do “Consumo Médio de Combustível Corporativo” (Cafe). O programa penaliza as montadoras cujos veículos não atingem as metas de eficiência de combustível e recompensa aquelas que produzem carros sem emissões, concedendo créditos de ar limpo que podem ser vendidos para concorrentes focadas em veículos movidos a gasolina, ajudando-as a compensar suas multas.
A venda de créditos sob o sistema Cafe e programas similares em outras regiões representa uma parcela substancial e crescente dos lucros da Tesla.
No primeiro trimestre, a dependência da Tesla desses sistemas ficou evidente: ela teria sofrido um prejuízo não fosse pelas vendas de créditos, que cresceram 35%, chegando a US$ 595 milhões — valor que superou o lucro líquido total da Tesla de US$ 409 milhões.
No ano passado, a companhia divulgou uma receita de US$ 2,8 bilhões com a venda de créditos regulatórios em todo o mundo, acima do US$ 1,8 bilhão registrado em 2023, e representando 39% de seu lucro líquido anual de US$ 7,1 bilhões. Desde 2015, a empresa já arrecadou mais de US$ 11 bilhões com esse tipo de operação.
O novo projeto orçamentário anula, na prática, o sistema Cafe ao fixar as multas em zero. Segundo fontes a par das discussões internas da empresa, a Tesla teme que as montadoras tradicionais deixem de comprar créditos como consequência disso.
“Se não há penalidade para quem burlar a lei, também não há razão para comprar créditos de conformidade”, diz Dan Becker, diretor da Campanha de Transporte Climático Seguro do Center for Biological Diversity. “Não tenho certeza quão custosas essas mudanças serão em comparação com o dano que Musk causou à Tesla ao virar uma sombra de Trump e se tornar um pária.”
A Tesla não divulga quanto lucra com a venda de créditos regulatórios por região ou dentro dos três programas americanos. Mas, segundo uma fonte a par do assunto, até três quartos dessa receita vêm, em média, dos EUA — com o restante vindo de sistemas similares na União Europeia e Ásia.
O impacto nas finanças da Tesla não será imediato, já que a companhia costuma fechar contratos de vários anos com outras montadoras, que levarão algum tempo para expirar. No entanto, segundo uma fonte, alguns desses acordos incluem cláusulas de força maior e dispositivos sobre mudanças legislativas que podem levar á anulação dos contratos após a aprovação do projeto de lei de Trump.
A Tesla continuará lucrando com créditos no exterior. Recentemente, ela assinou um acordo de “pooling” de emissões com a União Europeia, ao lado da Stellantis, Ford, Mazda, Subaru e Toyota. Analistas do UBS disseram que esse arranjo pode valer mais de 1 bilhão de euros se a Tesla conseguir monetizar toda a sua posição comprada de créditos de CO2.
Nos EUA, há pouca esperança de reverter os créditos federais de emissão enquanto Trump estiver no poder. Mas a Califórnia entrou com um processo contra os esforços do governo para encerrar o seu programa, no qual a Tesla detém, de longe, o maior saldo de créditos.
“Vai haver algum nível de negociação de créditos enquanto houver incertezas, mas o mercado já despencou a longo prazo”, diz uma das fontes da Tesla. “Trump agiu de forma tão rápida e agressiva que programas inteiros poderão simplesmente desaparecer.”
Golpe duro
A Tesla não respondeu a um pedido para comentários. A montadora tem mais a perder com a agenda de Trump. Além de vender carros e créditos, ela também fabrica suas próprias baterias, opera uma rede de cerca de 2.600 estações de recarga rápida para veículos elétricos nos EUA, produz telhas solares e sistemas de armazenamento de energia para residências e empresas.
Quase todos esses negócios perderão apoio federal significativo ou benefícios fiscais; apenas os subsídios para armazenamento de energia permanecem em vigor. Um dos golpes mais duros será o fim do crédito fiscal federal de US$ 7.500 para a compra e o leasing de determinados veículos elétricos, previsto para encerrar no fim de setembro.
Em resposta aos ataques de Musk, Trump sugeriu que o chamado Departamento de Eficiência Governamental (Doge), que o próprio Musk fundou, deverá cancelar os contratos federais com a SpaceX e a Tesla.
A Tesla também alertou que a política tarifária imprevisível de Trump e a guerra comercial com a China deverão perturbar a cadeia de abastecimento da empresa, dificultar seu acesso a materiais essenciais e fazer dela um alvo de retaliações – especialmente devido à ligação de Musk com o governo.
“Essa é uma política terrível e um golpe devastador para os resultados da Tesla”, diz um ex-executivo da companhia. “Não se trata apenas do Cafe isoladamente, é o conjunto todo: as tarifas, o crédito de US$ 7.500 ao consumidor, os incentivos fiscais para a manufatura e os subsídios residenciais para energia solar”. “Elon finalmente se deu conta disso, mas chegou tarde e com pouco na mão”, acrescentou.
O poder do bilionário para contra-atacar e defender seu império parece limitado, mesmo com o enorme caixa que ele dispõe para futuras doações políticas.
Musk deixou seu cargo polêmico no Doge — o órgão criado para enxugar a burocracia federal — em maio. As tensões entre Musk e a Casa Branca aumentaram em junho, quando Musk atacou duramente, no X, o principal projeto de lei do presidente.
A relação entre Trump e Musk tem sido marcada por reviravoltas dramáticas. Na semana passada, Eric Trump, um dos filhos do presidente, disse ao “Financial Times” que é “fascinado” por Musk, chamando-o de “um dos grandes gênios do nosso tempo”.
Mas Musk intensificou sua oposição nesta semana, à medida que o projeto de lei enfrentava votações finais apertadíssimas no Congresso.
O bilionário declarou que todos aqueles que votaram a favor do “maior aumento da dívida da história deveriam abaixar a cabeça de vergonha”, e acrescentou: “Vão perder a eleição primária no ano que vem, nem que essa seja a última coisa que eu faça nessa vida”.
Thomas Massie, um dos raros republicanos na Câmara que se opuseram ao projeto, agradeceu Musk por sua “ajuda financeira para continuar minha missão como uma voz independente” — após Trump ter prometido tirar Massie do cargo.
Mas poucos republicanos se alinharam a Musk. Cinquenta dos 53 senadores republicanos votaram a favor do projeto de lei, com o voto de desempate dado pelo vice-presidente JD Vance.
Muitos dos aliados de Musk na comunidade empresarial também apoiaram o projeto, que prevê a extensão de cortes no imposto de renda pessoal. James Fishback, um investidor e ex-conselheiro do Doge, criou um Super Pac para neutralizar as doações políticas de Musk.
“Evitar o aumento de impostos é absolutamente essencial”, disse o investidor em tecnologia Keith Rabois, que doou mais de US$ 2 milhões junto com seu marido, Jacob Helberg, para a campanha de Trump em 2024. Helberg foi nomeado para um cargo de alto escalão no Departamento de Estado.
O projeto de lei foi aprovado em votação final no Congresso na quinta-feira (3) seguiu para a mesa de um presidente triunfante.
Traina, o ex-embaixador nomeado por Trump, disse: “Tenho um imenso respeito pelo Elon, mas acho que, nesse caso, é o Trump que carrega o porrete maior”. (Com Kana Inagaki, de Londres)
Money Times - SP 07/07/2025
O mercado imobiliário brasileiro ganha novo impulso com a criação da Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida (MCMV). A medida promete reposicionar a classe média como protagonista da próxima onda de crescimento habitacional. Em um cenário de crédito caro e acesso limitado à moradia, a nova faixa surge como uma resposta cirúrgica a um dos principais vazios do mercado atual.
Até então, a classe média brasileira estava sufocada pela alta dos juros e dos preços. Sem se encaixar nas faixas subsidiadas do programa e sem fôlego para acessar o crédito tradicional, ficou sem alternativas viáveis.
Agora, com renda familiar elegível de até R$ 12 mil, teto de imóvel de R$ 500 mil, juros mais competitivos (10% ao ano) e prazo de financiamento de até 35 anos, a Faixa 4 abre um novo horizonte tanto para famílias quanto para incorporadoras e construtoras preparadas para esse momento.
Mas como aproveitar esse fôlego em um mercado ainda pressionado por crédito escasso e juros elevados? A resposta está na gestão inteligente da operação e na adaptação estratégica das empresas ao novo perfil de consumo.
Proteger as vendas em tempos de incerteza: três movimentos essenciais
Em um ambiente onde cada aprovação de crédito conta, proteger as vendas se tornou um exercício estratégico. Três pilares têm se mostrado fundamentais:
1. Represamento e Projeto Resgate: qualificar para conquistar
O foco não está apenas em vender, mas em preparar o cliente para comprar. O Represamento orienta o cliente a movimentar sua renda no banco financiador e acompanha mensalmente o rating e o score, organizando a documentação antecipadamente e aumentando as chances de aprovação do crédito habitacional.
Já o Projeto Resgate atua com clientes inicialmente reprovados ou com crédito condicionado, ajudando-os a melhorar seu score e criando oportunidades reais de retorno. Essa abordagem tem recuperado clientes descartados e transformado frustração em conversão. Em vez de perda, há potencial.
2. Gestão de caixa com antecipação de recebíveis
Com o custo do capital em alta, manter um fluxo de caixa saudável virou sinônimo de sobrevivência. A antecipação de recebíveis por meio de processos digitais e ágeis — como o NATO Digital — e o bom relacionamento com cartórios e prefeituras tornaram-se vantagens competitivas.
A previsibilidade de caixa permite continuar produzindo, investindo e lançando mesmo em um cenário adverso.
3. Mix de produtos inteligente e bem posicionado
O novo consumidor é mais criterioso e tem menor poder de compra. Por isso, ter um mix de produtos alinhado às faixas de renda — especialmente agora com a Faixa 4 — é essencial. Diversificar o portfólio e comunicar com assertividade os diferenciais de cada produto são estratégias que garantem relevância e engajamento com cada público.
Não se trata apenas de lançar mais, mas de lançar certo: no preço adequado, no local estratégico, com o padrão certo e falando a linguagem do cliente.
A nova corrida imobiliária começou
A Faixa 4 representa um reposicionamento estratégico do setor habitacional. Ela oferece uma ponte entre o sonho da casa própria e a realidade da classe média, esquecida pelas políticas públicas recentes.
Para as empresas do setor, oportunidade e responsabilidade caminham juntas. Será necessário adaptar produtos, rever políticas comerciais e, sobretudo, operar com inteligência financeira e foco total na jornada do cliente.
O mercado está pronto para uma nova corrida. A pergunta que fica é: quem vai largar na frente?
Por Eduarda Tolentino
Eduarda Tolentino é sócia e presidente da BRZ Empreendimentos. Ela é especialista em assuntos ligados a empreendedorismo feminino, liderança feminina no setor de construção civil, empreendimentos, construções, moradia, moradia popular, entre outros. Formada em Direito e pós-graduada em Direito Empresarial, Eduarda iniciou sua atuação na BRZ Empreendimentos como coordenadora do departamento jurídico e em 2015 tornou-se sócia e diretora comercial. Desde 2020, é sócia e CEO e em outubro de 2022 tornou-se também presidente do Conselho de Administração da companhia. Mãe de três filhos, atua pela equidade de gênero no mercado da construção civil, mais mulheres em cargos de liderança e, à frente da BRZ, para que mais famílias tenham acesso à moradia.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/07/2025
Os projetos anunciados pelo governo federal no setor ferroviário há várias administrações — por sua complexidade e alto volume de investimentos — costumam demorar para entrar nos trilhos.
A carteira Ferrovias do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), compilada no início do atual governo, tem 39 empreendimentos entre construções, estudos de novos projetos e investimento em concessões já existentes com valor total previsto de R$ 91,3 bilhões.
O governo federal lançou, em meados de junho, o Plano Nacional de Ferrovias. O objetivo é destravar esse nó logístico com regras mais simples para expandir e modernizar a infraestrutura ferroviária do país, a fim de reduzir a dependência do transporte rodoviário e aumentar a participação do modal ferroviário na matriz de transporte.
O valor total dos investimentos foi estimado em R$ 138,6 bilhões distribuídos em 15 ativos, com expectativa de 19 mil quilômetros de extensão de trilhos. O pacote inclui aportes, repactuação de concessões existentes e soluções para gargalos regulatórios, tais como a definição de direito de passagem e agilidade para liberar licenciamentos ambientais.
A intenção do Ministério dos Transportes é atacar em várias frentes: além de passar cerca de 4.700 quilômetros de ferrovias para a iniciativa privada, por meio de seis leilões até 2027, estão previstas a construção ou conclusão de projetos existentes.
Os problemas mais citados por especialistas para que os projetos ferroviários continuem dormentes incluem desde a falta de estímulo à diversificação das cargas transportadas por via férrea à ausência de unificação de bitola dos trilhos, o que impede a integração da malha, passando pela chamada interoperabilidade – a dificuldade de um comboio de trens obter o direito de passagem por uma ferrovia sob concessão para chegar ao destino, geralmente um porto.
“Não temos nenhum exemplo de construção de ferrovia no País que tenha cumprido o cronograma previsto”, afirmou Marcus Quintella, diretor executivo da FGV Transportes, ao portal Neofeed.
O governo federal demonstra intenção de mudar essa realidade. Em recente evento promovido pela Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, apresentou medidas voltadas à estruturação de projetos, fortalecimento do ambiente regulatório e ampliação dos mecanismos de financiamento, com o objetivo de ampliar a eficiência e atratividade do setor ferroviário.
Entre elas, está a implementação de um banco de projetos ferroviários em diferentes estágios de maturação, medida que considera essencial para garantir a qualidade técnica e a viabilidade econômica das futuras concessões: “Não adianta fazer projetos mal elaborados. Já vimos leilões que não avançaram na execução por falta de consistência técnica. Nosso foco é gastar tempo na fase certa para garantir que os investimentos se concretizem”.
Em outro evento recente com representantes de uma delegação da União Europeia para tratar de parcerias para o transporte de cargas e para a reestruturação do transporte de passageiros, Leonardo Ribeiro apresentou os principais projetos da Política Nacional de Ferrovias e destacou oportunidades de investimento e parcerias técnicas para fortalecer o setor.
“O setor ferroviário é estratégico para o país. Estamos avançando na modernização do marco legal, inspirados em modelos internacionais como o das shortlines (ferrovias de curta distância) que conectam ferrovias principais e aumentam a eficiência operacional”, afirmou.
Um dos projetos de shortlines em desenvolvimento no Brasil é o do grupo Cedro Participações, conglomerado de empresas das áreas de mineração, logística, agronegócios e saúde, o qual planeja investir R$ 1,5 bilhão em um ramal ferroviário de 26,47 quilômetros entre os municípios mineiros de Mateus Leme e São Joaquim de Bicas, na região de Serra Azul.
O projeto será conectado à Malha Regional Sudeste, garantindo acesso ferroviário ao Porto de Itaguaí (RJ), onde a Cedro também constrói um terminal destinado à movimentação de minério de ferro.
O Ramal Ferroviário Serra Azul, da Cedro, prevê o transporte de 24 milhões de toneladas de minério de ferro para exportação anualmente e deve retirar 5 mil carretas e caminhões por dia das estradas da região, reduzindo emissões de gás carbônico (CO2) em cerca de 40 mil toneladas anuais.
O mapeamento fundiário ainda está na fase de levantamento das propriedades que serão atingidas. No estudo do traçado da ferrovia está prevista a menor interferência possível das áreas povoadas e o aproveitamento de caminhos geográficos existentes, com o menor número de pontes, viadutos, extensão de túneis e cortes rochosos.
O início das obras do Ramal Ferroviário Serra Azul está previsto para 2027, e suas operações, em 2030. Calcula-se que um dos principais impactos do projeto seja uma redução significativa dos acidentes de trânsito na BR-381, também conhecida como “Rodovia da Morte”.
“Os EUA têm 720 ramais ferroviários. Este aqui será pioneiro, junto a um ramal para transportar celulose no Mato Grosso do Sul. A economia de transporte será de milhões, com a retirada de veículos pesados das estradas. E principalmente, muitas vidas serão poupadas na BR-381”, destaca o presidente do conselho da Cedro Participações, Lucas Kallas.
Além da redução dos acidentes, o projeto também contribuirá para a geração de empregos na região. Prevê-se a criação de 4.000 postos de trabalho, entre empregos diretos e indiretos. Haverá também um aumento na arrecadação tributária dos municípios.
Os investimentos ferroviários voltam a ganhar protagonismo no país, no momento em que se discute os gargalos logísticos e o desafio da descarbonização da economia em setores estratégicos, como é o caso da mineração, mas também no agro e até mesmo no transporte de passageiros.
Valor - SP 07/07/2025
Memorando define que a estatal Infra S.A., ligada ao Ministério dos Transportes, será o canal responsável pela articulação, coleta de dados, estudos ambientais e suporte institucional do projeto.
O governo brasileiro avançou em um acordo assinado com a China, para estruturar o plano de viabilidade do corredor ferroviário bioceânico Brasil-Peru.
Memorando firmado com os chineses define que a estatal Infra S.A., ligada ao Ministério dos Transportes, será o canal responsável pela articulação, coleta de dados, estudos ambientais e suporte institucional do projeto.
Do lado da China, o projeto será tocado por um grupo técnico liderado pelo China Railway Economic and Planning Research Institute.
O plano prevê que a ferrovia saia do porto de Chancay, no litoral do Peru, onde os chineses já estabeleceram um dos maiores portos da América Latina, e avance pelo território peruano até Cusco e Pucallpa, chegando até o Acre, no Brasil.
A partir de Rio Branco, o projeto ferroviário prevê a construção de um traçado que cruzaria Rondônia, nas proximidades da BR-364, até chegar a Mato Grosso, onde já está em construção parte da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico).
Esta malha, ligada à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), cruzaria Goiás e entraria na Bahia, para terminar nas margens do porto Sul de Ilhéus. Ao todo, são aproximadamente 4,5 mil km de ferrovias neste traçado.
O secretário nacional de transporte ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro, confirmou o andamento dos acordos. “Esse memorando e os passos que estamos dando agora são resultados de uma atuação diplomática e técnica iniciada em abril entre o governo brasileiro e a China. Do nosso lado, já avançamos bastante com a Fico e a Fiol. Essa parceria ajuda a avançar do lado peruano”, comentou.
O corredor ferroviário é visto como um dos maiores projetos logísticos do mundo, com potencial de reduzir em até dez dias o tempo de transporte de cargas entre os portos brasileiros do Atlântico e os mercados asiáticos, via porto de Chancay.
Estima-se que cerca de US$ 350 bilhões por ano em exportações brasileiras tenham como destino a China, dos quais 60% correspondem a minério de ferro e soja.
“Esse acordo abre portas para que a China passe, efetivamente, a participar dos projetos brasileiros. No fim do dia, esse trabalho vai dar ainda mais segurança para atração de novos investimentos”, disse Leonardo Ribeiro.
Como mostrou a Folha, os chineses passaram a fazer um levantamento detalhado das concessões logísticas do Brasil para analisar a possibilidade de entrar em projetos ferroviários, além de portos, hidrovias e rodovias, repetindo um movimento que já consolidaram no setor elétrico.
Uma série de reuniões e encontros bilaterais foram realizados nos últimos meses, incluindo visitas presidenciais entre Brasil e China e constantes viagens de equipes técnicas de ambos os países.
Em maio, uma delegação de 11 autoridades chinesas fez visitas de campo a obras como as ferrovias Fico e Fiol, que devem cortar o Brasil de leste a oeste, interligando a área produtora de grãos de Mato Grosso ao litoral baiano, em Ilhéus.
O grupo chinês também passou pelo porto de Santos, que está próximo de realizar o leilão de seu novo terminal de contêineres, previsto para ser o maior empreendimento deste tipo já realizado pelo Brasil.
A estatal chinesa Cosco Shipping é nome por trás do novo complexo portuário de Chancay, que fica a 70 km da capital peruana, Lima. Com investimento total de US$ 3,5 bilhões (mais de R$ 20 bilhões na cotação atual) Chancay é hoje o maior empreendimento chinês fora do país asiático. Depois de uma inauguração simbólica em novembro do ano passado, vai começar a operar efetivamente em março.
Na área rodoviária, a integração está mais adiantada em relação ao projeto que passou a ser chamado de “Corredor Bioceânico”, desta vez envolvendo o Chile. A nova rota será viabilizada a partir de uma série de estradas que já existem, além de trechos que passam por obras de melhorias e pequenos traçados em fase de pavimentação.
O traçado sai do Brasil, atravessando o Paraguai e a Argentina, até chegar ao Chile. Uma ponte, que conectará Porto Murtinho (MS), no Brasil, a Carmelo Peralta, no Paraguai, é a principal obra do projeto, e está sendo realizada pela Itaipu Binacional, em acordo com o Paraguai.
A travessia está em fase de construção e, segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, será concluída em maio de 2026. Outros 200 km de pavimentação estão em andamento no território paraguaio e deverão estar asfaltados até dezembro do ano que vem, embora a pavimentação tenha previsão de ser concluída antes disso.
Com esses dois empreendimentos, o corredor rodoviário estará viabilizado, segundo Tebet, interligando os portos brasileiros do Sudeste e do Sul do Brasil, no Atlântico, até os portos do Chile, no oceano Pacífico.
A extensão total entre Campo Grande (MS) e os portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, por exemplo, é de aproximadamente 2.400 km. Hoje, caminhões com carnes e grãos que saem de Mato Grosso do Sul precisam descer até o Rio Grande do Sul para, a partir de lá, seguir até o Chile, num percurso muito maior.
Em parceria com países vizinhos, o governo brasileiro tem trabalhado, desde 2023, no programa Rotas de Integração Sul-Americana, que prevê cinco caminhos de acesso a países de fronteira com o Brasil. A conexão mais viável e avançada, neste momento, é a chamada “Rota 2”, que prevê a interligação do Peru com o Brasil por meio da hidrovia do rio Solimões, que forma o rio Amazonas.
Valor - SP 07/07/2025
Perto de acordo para FCA, grupo investe R$ 600 milhões para gerir trens na Vitória-Minas.
Em reta final da negociação para renovar a concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a VLI deverá fazer um investimento de R$ 600 milhões para começar a operar trens na Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), da Vale, como agente transportador ferroviário - modalidade criada pela nova lei das ferrovias para que operadores atuem na concessão de terceiros.
A empresa já transportava carga pela ferrovia da Vale, pagando à mineradora um valor pelo chamado “direito de passagem”. A diferença é que agora a própria VLI vai transportar a carga, o que significa que a empresa poderá coletar e entregar carga ao longo da EFVM, criar instalações na linha e ter mais controle sobre a carga no trajeto, que se conecta à malha da FCA. A mudança deverá simplificar o modelo de pagamento à Vale e ampliar a eficiência, segundo Fábio Marchiori, presidente do grupo.
Quando o sistema estiver 100% implementado, a VLI deverá ter 22 pares de trens (ida e volta) por dia na ferrovia e assumirá a gestão de 17 pátios de manobra.
Do investimento total, R$ 530 milhões serão destinados à compra de locomotivas e vagões. Outros R$ 70 milhões serão aplicados em instalações na malha. Marchiori diz que hoje não há previsão de terminais, mas já será construída uma oficina de reparos.
“Já operamos dentro da Vitória-Minas 22 milhões de toneladas anuais. Nos próximos cinco a sete anos, devemos subir para 30 milhões, não só pelo acordo. Esse corredor conversa muito com o Espírito Santo, que vai ser beneficiado. É um corredor muito importante.”
Na nova operação, a siderurgia deverá ser o setor mais atendido. “Há muita coleta e entrega de material siderúrgico, coque, carvão e minério de ferro”, diz. Cargas como celulose, grãos e fertilizantes também deverão ser beneficiadas.
A VLI já assumiu oito pátios de manobras e iniciou as contratações e treinamentos dos funcionários da operação. Os maquinistas do grupo deverão entrar na via a partir de novembro, e haverá um período de transição de cerca de oito meses, até meados de 2026.
A empresa também está habilitada a atuar como agente transportador ferroviário de cargas em outras malhas do país, caso haja acordo com as concessionárias. “Não somos mais apenas detentores de concessão, somos agentes operadores”, diz o presidente. Porém, ele afirma que, no momento, não há conversas em curso.
A Vale é acionista da VLI com 29,6% de participação. O maior sócio é a Brookfield, com 36,5%. Os demais são FI-FGTS (15,9%), Mitsui (10%) e BNDESPar (8%).
A nova operação se dá em meio a negociações duras com o governo para renovar por 30 anos, a concessão da FCA, em troca de R$ 30 bilhões em investimentos e pagamento de outorga. Nos últimos dias, a VLI entregou nova proposta de acordo ao Ministério dos Transportes, que irá analisar os termos.
Segundo fontes, ainda não há decisão sobre o tema, mas as conversas caminham bem. Recentemente, o secretário-executivo do ministério, George Santoro, disse que acredita que, até o início de agosto, haverá uma definição.
A VLI tem ainda planos de expansão de sua infraestrutura portuária, tanto em Santos quanto no Arco Norte, principalmente no Maranhão, segundo Marchiori. “Queremos fazer [os investimentos] em cocriação com clientes.”
O presidente diz que a situação financeira é confortável para os investimentos. Em maio, a VLI captou R$ 1,5 bilhão. O grupo tem alavancagem financeira de 1,5 vez a dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização), com autorização do conselho para chegar a 3 vezes.
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
A assinatura de um memorando de entendimento para que estaleiros brasileiros e chineses desenvolvam parcerias tecnológicas e comerciais, ou até mesmo aquisições ou fusões, será anunciada neste sábado, 5, durante o Fórum Estratégico para a Indústria Naval Brasil-China, no Rio de Janeiro.
O acordo é um desdobramento da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em maio, e resultado de um esforço do presidente da Transpetro, Sérgio Bacci. Ao Estadão/Broadcast, o executivo disse que, há dois meses, conversa com parceiros chineses para elaborar o documento.
“Eu funcionei como o “tinder” do negócio”, diz Bacci, que esta semana levou representantes dos quatro maiores estaleiros da China para visitar quatro estaleiros brasileiros.
Quais são os quatro maiores estaleiros da China:
China State Shipbuilding Corporation (CSSC)Cosco (China Ocean Shipping Company)China Offshore Oil Engineering Company (COOEC)China International Marine Containers (CIMC)
Quais são os estaleiros brasileiros no roteiro:
Mauá, no Rio de JaneiroEstaleiro Atlântico Sul (EAS), em PernambucoEnseada, na BahiaEstaleiros do Brasil (EBR), no Rio Grande do Sul
Nesta sexta-feira, 4, a comitiva chinesa deve conhecer o Estaleiro Rio Grande, da Ecovix.
“Nossos estaleiros passaram dez anos sem obra, sem encomendas. Então, a gente está tentando trazer estaleiros chineses para fazer parcerias aqui. Ou parcerias tecnológicas, ou parcerias comerciais, ou até mesmo fazer aquisição ou fusão com estaleiros brasileiros”, explicou.
A assinatura dos acordos de parceria ocorre no momento em que a petroleira e a Transpetro retomam os investimentos no segmento naval e offshore, apoiadas pelo Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras.
Para Bacci, a assinatura entre os estaleiros dos dois países evidencia o novo momento da indústria naval brasileira, que está retomando suas atividades e pode trabalhar com um horizonte de demandas perenes.
“Como o sistema Petrobras voltou a retomar as encomendas, tanto com embarcações de apoio, como cabotagem, e também as plataformas que estão sendo feitas, a ideia é que, a partir daí, a gente consiga ter uma demanda perene no País e, com isso, atraia os chineses pra vir fazer essas parcerias”, explicou.
O acordo que será assinado entre os dois países tem cláusula de confidencialidade para a troca de informações, disse Bacci.
“São documentos onde os estaleiros vão trocar informações entre si para ver qual tipo de negócio pode ser feito. Se é parceria tecnológica, se é parceria comercial, se é aquisição, se é fusão, enfim. Ver como é que se consegue fazer acordos possíveis”, explicou. “Com isso, a gente inicia um processo de aproximação entre os estaleiros chineses e os estaleiros brasileiros, que já é um avanço. Nunca teve essa aproximação no Brasil.”
Quais seriam as vantagens
Para os chineses, Bacci vê vantagem na parceria após as restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos aos navios da China. “Talvez, para os chineses, seja importante ter uma base aqui de construção no Brasil, que possa atender as embarcações que fazem rota pros Estados Unidos. E a gente tem a oportunidade de reposicionar a indústria nacional”, afirmou.
Bacci destacou que o Fórum de sábado vai concretizar essa cooperação com o país asiático. “O governo vai apresentar as políticas que ele tem, a política industrial, o conteúdo local, o fundo da Marinha Mercante, a depreciação acelerada, e a Marinha também vai apresentar a demanda que ela tem, assim como a Petrobras e a Transpetro”, informou.
Segundo Bacci, a Petrobras tem uma previsão de R$ 29 bilhões em investimentos no setor naval, que envolvem as 52 embarcações de apoio previstas no planejamento, e a Transpetro outros 25 navios. “Além da demanda da Marinha, que eu ainda não sei exatamente o número, mas já anunciaram que vão fazer navio-patrulha. Eu sei que eles têm mais fragatas e navios-patrulha pra ser feito”, informou.
Em nota, a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, afirma ser estratégico para a companhia que a indústria naval brasileira retome sua capacidade produtiva e que possa ampliar as parcerias com o restante do mundo.
“Para nós do Sistema Petrobras, que somos os maiores demandantes dos estaleiros brasileiros e um dos maiores contratantes da indústria naval e offshore mundial, ter um mercado fornecedor nacional fortalecido é fundamental para a implementação eficaz dos nossos projetos. Além disso, apoiar o desenvolvimento de parcerias para a indústria nacional é um dos objetivos de negócio da Petrobras. Sem dúvida, o Brasil sai ganhando com esse diálogo entre os estaleiros dos dois países”, explicou Renata.
Além de Renata e de Bacci, o Fórum Estratégico para a Indústria Naval Brasil-China contará com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de secretários dos ministérios de Portos e Aeroportos, Desenvolvimento, Indústria e Comércio e da Casa Civil.
A Tribuna - SP 07/07/2025
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou nesta sexta-feira (4) o início do processo de licitação do canal de acesso ao Porto de Santos, o maior do País. A autorização para abertura do processo de concessão foi enviada na quinta-feira pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que realizará consulta e audiência públicas. O leilão está previsto para acontecer ainda este ano.
Segundo o ministro, “esse projeto vai ampliar a eficiência e a capacidade de operação portuária, permitindo o acesso de navios ainda maiores ao Porto de Santos e uma operação mais sustentável”. Ele destacou também outros projetos em desenvolvimento pelo MPor, como o Terminal de Contêineres (Tecon) Santos 10, no cais do Saboó, e o túnel imerso Santos-Guarujá, que também devem ser licitados em 2025.
A previsão de investimentos no canal de navegação santista é de R$ 6,45 bilhões, valor que inclui tanto investimentos quanto custos operacionais das atividades.
O leilão do canal de acesso de Santos seguirá o modelo adotado para o canal do Porto de Paranaguá, no Paraná, que já recebeu aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU). O leilão do canal de Paranaguá está previsto para este mês. A expectativa do MPor, segundo o secretário nacional de Portos, Alex Ávila, é que a modelagem atraia investidores e promova competição nos leilões.
“Com a dragagem do canal, vamos elevar a capacidade do porto para receber navios de maior porte e ampliar a movimentação de cargas. A profundidade será ampliada gradualmente de 15 metros para 17 metros”, afirmou o secretário.
Atualmente, o Porto de Santos recebe em média 4,5 mil navios por ano, com destaque para a movimentação de granéis sólidos, como soja, açúcar e milho. Cada centímetro a mais no calado do canal de acesso corresponde a um aumento de 60 toneladas de carga no porão do navio.
Além de ampliar o acesso a navios de grande porte, a concessão impulsionará o desenvolvimento da região, gerando reflexos positivos na economia local e nacional, além de emprego e renda.
O Porto de Santos é o maior porto brasileiro em valores de carga movimentada, responsável por cerca de 25% do comércio exterior do país. No ano passado, o porto registrou movimentação de 138,7 milhões de toneladas.
Além de Santos e Paranaguá, estão previstos leilões dos canais dos portos de Itajaí (Santa Catarina), da Bahia e do Rio Grande (Rio Grande do Sul).
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
A Petrobras está reavaliando sua operação no Polo Bahia, que consiste em 28 blocos em terra com produção de cerca de 9 mil barris por dia de petróleo, ou 12 mil barris de óleo equivalente, se incluído o gás natural. O Polo chegou a ter o processo de venda iniciado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), mas foi suspenso em setembro de 2023.
De acordo com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a possibilidade de venda do ativo voltou à prancheta da estatal recentemente, quando o preço do barril do petróleo começou a cair.
“A produção em terra envolve esforço grande, às vezes o campo é menor que um poço do pré-sal. Quando o óleo está a US$ 100 o barril faz sentido (produzir em terra), não a US$ 65 o barril. Vamos decidir se Polo Bahia fica com a gente, se terceiriza a operação ou se repassa o ativo”, disse Magda após sair do Fórum Estratégico da Indústria Naval Brasil-China.
A executiva, ressaltou, porém, que apesar de ser em terra, o campo de Urucu, na Amazônia, ainda não está sendo avaliado. “O óleo de Urucu é o melhor óleo do Brasil, vamos pensar na Bahia e depois olhar Urucu”, explicou a executiva.
TN Petróleo - RJ 07/07/2025
A Petrobras informa que estão previstos investimentos de cerca de R$ 33 bilhões em projetos de refino e petroquímica no Rio de Janeiro, sendo R$ 29 bilhões de Capex da Petrobras e R$ 4 bilhões de outro projeto que atua em sinergia com os ativos da Petrobras.
A implementação dos projetos de integração do Complexo de Energias Boaventura (Itaboraí – RJ) com a Reduc (Duque de Caxias – RJ) tem investimento estimado em R$ 26 bilhões. Este valor está previsto no Plano de Negócios 2025-2029 (PN 2025-2029) e os pacotes de serviços para os projetos estão atualmente em processo de licitação.
Esta nova estrutura ampliará a produção de diesel S-10 em 76 mil barris por dia (bpd), sendo 56 mil provenientes da troca de qualidade e 20 mil em capacidade adicional. O projeto também prevê um aumento da capacidade de produção de querosene de aviação (QAV) em 20 mil bpd e de lubrificantes grupo II em 12 mil bpd.
Também estão contempladas uma planta dedicada de BioQAV no Complexo Boaventura, com capacidade de produção de 19 mil bpd de combustíveis renováveis (Hydrotreated Vegetable Oil – HVO e Sustainable Aviation Fuel - SAF); e duas termelétricas a gás, no Complexo Boaventura, para participação nos leilões de reserva de capacidade. O projeto de engenharia das termelétricas foi aprovado e as unidades aproveitarão as sinergias com a infraestrutura da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) de Itaboraí.
Ainda está em estudo um projeto de rerrefino de lubrificantes da Reduc, com capacidade de 30 mil m³/mês (6,3 mil bpd). Com a operação do Complexo Boaventura para a produção de lubrificantes grupo II, a Reduc poderá converter unidades existentes para rerrefinar óleos usados, aplicando o conceito de economia circular para gerar produtos de alto valor a partir de resíduos. O teste de coprocessamento já foi autorizado pela ANP e está previsto para ocorrer ainda este ano.
Descarbonização na Reduc
A Reduc concluiu com sucesso o teste de produção do primeiro combustível de aviação com conteúdo renovável (SAF) por coprocessamento, alcançando até 1,2% de óleo de milho na fabricação do QAV. A autorização pela ANP já foi emitida e a produção comercial na Reduc terá início nos próximos meses, com capacidade de até 50 mil m³/mês (10 mil bpd).
A Reduc já produz Diesel R5, com 5% de conteúdo renovável, e recebeu a autorização da ANP para iniciar os testes com o novo teor de 7% para produção do Diesel R7. Essas iniciativas reforçam o compromisso da Petrobras com a descarbonização de seus produtos e a transição energética justa.
Com foco em modernização e eficiência energética, a Petrobras prevê a construção de uma nova central termoelétrica na Reduc, substituindo equipamentos obsoletos de geração de vapor e energia elétrica, com um investimento previsto de R$ 860 milhões, elevando a confiabilidade e posicionando a refinaria nos melhores padrões internacionais de eficiência.
Também estão planejados investimentos de até R$ 2,4 bilhões em paradas de manutenção da Reduc no período de 2025 a 2029, para garantir a integridade, a confiabilidade e a segurança das instalações. Em 2026, serão realizadas importantes paradas nas unidades de coqueamento retardado e de hidrotratamento da refinaria.
Petroquímica
Na área da petroquímica, está em estudo a oportunidade de produção de ácido acético e monoetilenoglicol (MEG) no Complexo Boaventura. O ácido acético é um importante insumo para produção de tintas, PET e para indústria química em geral. O Brasil importa toda a demanda de ácido acético e complementa por importação a demanda de MEG.
Além dos projetos da Petrobras na região, os investimentos da Braskem, coligada da Petrobras, incluem a expansão da sua planta de polietileno, que elevará a capacidade produtiva da unidade em até 230 mil toneladas por ano. O projeto, que utiliza parte do gás natural processado na Rota 3 do Complexo Boaventura, está orçado em cerca de R$ 4 bilhões, ainda sujeito às necessárias aprovações pela governança da Braskem.
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
As tarifas impostas pelo governo Trump geraram ondas de choque na economia global, afetando diretamente a produção e a exploração de óleo e gás de shale nos Estados Unidos. O anúncio do pacote tarifário provocou uma queda imediata dos preços do petróleo.
Comparado ao preço médio de janeiro, quando Trump assumiu, em abril o West Texas Intermediate (WTI), benchmark norte-americano, chegou a recuar para a casa dos US$ 60/barril, mantendo esse nível de preço até o presente. Com um pequeno interregno devido à guerra entre Irã e Israel, quando o petróleo chegando a US$ 80/barril.
A lógica é simples: tarifas elevadas desencadeiam receios de menor crescimento econômico e, consequentemente, redução no consumo de energia.
A incerteza econômica e o aumento das barreiras comerciais para diversas matérias-primas criaram as condições de uma “tempestade perfeita”.
A operação no setor depende tanto de preços favoráveis do barril quanto de custos controlados dos insumos, especialmente o aço e o alumínio, e ambos foram fortemente impactados pelas tarifas.
Esse aumento nos custos ocorre num momento crítico para a indústria do shale. Embora o preço do petróleo ainda esteja acima do breakeven técnico da maioria dos produtores de shale, a realidade financeira corporativa é mais complexa, especialmente na Bacia Permiana, o principal polo produtor dos EUA.
O breakeven, que inclui custos de dívida, pagamento de dividendos e exigências de retorno aos investidores, gira em torno de US$ 62,50/barril. Com o WTI oscilando na faixa dos US$ 60 a US$ 62, muitos operadores enfrentam o risco de inviabilização de novas operações.
Na guerra do Irã com Israel, Trump ameaçou quem subisse o preço do petróleo. Isso, a princípio, parece meio contraditório. Todos sabem que qualquer guerra no Oriente Médio vai empurrar os preços do óleo para cima.
Se o preço sobe, é mais lucrativo investir, e mais projetos de óleo e gás natural acabam sendo aprovados. Isso bate com o lema da campanha “drill, baby, drill”. Mas o preço alto do óleo implica em crescimento da inflação americana, pois gasolina, diesel, etc., sobem rapidamente. Isso prejudica os objetivos políticos de Trump.
E onde está a contradição? “Drill, baby, drill” só é viável com preços de petróleo e gás altos, ou subsídios, o que não é nada provável diante da situação da dívida pública americana. No final do dia, Trump está preso entre o posicionamento de promover o estímulo à produção doméstica de petróleo e gás e sua proposta de baixar o preço interno da energia.
Esses dois movimentos só se casariam se o tarifaço proposto pelo seu governo tivesse voado, e não voou. Logo, do ponto de vista pragmático, apostaria que a pressão por preços baixos do óleo só vai durar até o estoque regulador americano secar. Ou seja, os preços do barril de petróleo vão voltar a subir e viabilizar o shale americano.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/07/2025
Arábia Saudita, Rússia e outros seis países da aliança Opep+ surpreenderam o mercado neste sábado (5) ao anunciar um aumento na produção de petróleo superior ao que era esperado pelo mercado, a partir do mês de agosto.
“Os oito países participantes aplicarão um ajuste de produção de 548.000 barris por dia em agosto de 2025, na comparação com os níveis de produção exigidos em julho de 2025”, anunciou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo em um comunicado, no qual cita as “baixas reservas de petróleo”.
O aumento, assinado por Rússia, Arábia Saudita, Argélia, Omã, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Cazaquistão e Iraque, supera o consenso dos analistas, que projetava um incremento de 411.000 barris por dia, o mesmo que havia sido aprovado para maio, junho e julho.
O aumento confirma de maneira clara que “o grupo avança firmemente em direção a uma estratégia de cotas de mercado”, declarou à AFP Jorge León, da Rystad Energy.
A aliança Opep+, que inclui os 12 Estados membros da organização com sede em Viena e seus parceiros, começou a reduzir a produção em 2022 para sustentar os preços.
Porém, em uma mudança de rumo, oito países integrantes da aliança, liderados pela Arábia Saudita, surpreenderam o mercado ao anunciar que aumentariam significativamente sua produção a partir de maio, com o consequente impacto nos preços.
O petróleo, que tinha cotação por volta 75 dólares (406 reais na cotação atual) no início do ano, está oscilando desde maio entre 65 e 70 dólares (352 e 379 reais) por barril.
Para justificar sua decisão, a Opep+ citou “as perspectivas econômicas mundiais estáveis e os atuais fundamentos saudáveis do mercado, refletidos nos baixos estoques de petróleo”.
Contudo, o descumprimento das cotas por parte de alguns países membros, como Cazaquistão e Iraque, “é um fator que reforça a decisão”, declarou à AFP Giovanni Staunovo, analista do UBS.
Para Jorge León, nos próximos meses a Opep+ poderia até considerar aumentar sua produção além da faixa gradualmente reintroduzida de 2,2 milhões de barris diários, graças a preços que parecem situados “confortavelmente acima de 60 dólares por barril e a um contexto geopolítico turbulento”.
Em junho, a guerra de 12 dias entre Irã e Israel levou o preço do barril de petróleo a superar brevemente 80 dólares (433 reais).
Os ataques de Israel e, posteriormente, dos Estados Unidos ao programa nuclear iraniano e a resposta de Teerã contra o Estado hebreu provocaram o temor de fechamento do Estreito de Ormuz, por onde transita 20% da produção mundial de petróleo. O cenário não foi concretizado.
O conflito reforçou a decisão da Opep+ de aumentar a produção “na improvável hipótese de que a capacidade de produção e exportação do Irã seja afetada”, explicou Ole Hansen, do Saxo Bank.
Os oito países se reunirão em 3 de agosto de 2025 para decidir os níveis de produção de setembro, segundo um comunicado da Opep, um cartel de produtores que inclui a Venezuela.
Globo Online - RJ 07/07/2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou, nesta sexta-feira, que operação da petroleira na Margem Equatorial será segura. Ela disse ainda que a companhia vem contribuindo para a transição energética no país e celebrou retomada de investimentos nos ativos do Rio de Janeiro.
— Nosso histórico de zelo pelas pessoas, pelo meio ambiente e pelo patrimônio próprio e de terceiros vai garantir uma operação segura em todas as áreas da Petrobras, inclusive na Margem Equatorial brasileira — disse.
A exploração na região, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, vinha enfrentando resistência de ambientalistas e de órgãos de fiscalização por se tratar de uma área sensível próxima à foz do rio Amazonas. Em maio, o Ibama aprovou o plano da estatal para prevenção a emergências, o último passo antes da licença ambiental necessária a prospectar petróleo e gás.
Chambriard disse ainda que a companhia vem contribuindo para uma transição energética justa no país, com a fabricação de combustíveis renováveis.
— Eu gosto de dizer que não são combustíveis do futuro, são combustíveis do presente, porque eles já estão sendo fabricados, investindo cada vez mais em combustíveis mais renováveis.
Magda participou, ao lado do presidente Lula, de evento da Petrobras na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Região Metropolitana do Rio, uma das maiores do país.
Nesta quinta-feira, a Petrobras anunciou investimento de cerca de R$ 33 bilhões até 2029 em refino e petroquímica no Rio de Janeiro. Cerca de R$ 6,26 bilhões serão voltados para a Reduc, com R$ 2,4 bilhões voltados para paradas programadas de manutenção na refinaria.
Em Caxias, serão ainda investidos R$ 860 milhões na modernização da central termelétrica para substituição de equipamentos e melhoria na eficiência energética. Já no Complexo de Energias Boaventura (CEB), o antigo Comperj, em Itaboraí, a Petrobras anunciou investimento de cerca de R$ 23 bilhões até 2029.
A companhia também irá investir R$ 4,3 bilhões na ampliação da unidade de polietileno da Braskem, para aumentar a produção em 230 mil toneladas por ano.
Em sua fala no evento, Magda chamou atenção para as movimentações da estatal de integrar os principais ativos no estado, com o objetivo de ampliar a produção de combustível nos próximos anos com o uso do gás natural do pré-sal.
— Nós acreditamos nessa integração e é isso que vai ser feito nesse megaprojeto, que é a sinergia da Reduc, com o Complexo de Energias Boaventura e com a Braskem no Rio de Janeiro — disse ela, e acrescentou — Vamos colocar a Braskem no local que ela merece, que é de sexta maior petroquímica do mundo.
Globo Online - RJ 07/07/2025
As principais petroleiras do mundo pisam no freio dos investimentos em novas reservas e campos de produção. Com a perspectiva de que a cotação internacional do barril de petróleo se mantenha por mais tempo entre US$ 60 e US$ 70 — o menor nível em quatro anos —, as companhias estão reavaliando projetos em várias áreas. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima queda de 6% em 2025 nos aportes em desenvolvimento de produção no mundo, para US$ 420 bilhões. É o primeiro recuo desde a pandemia.
Roberto Monteiro, CEO da Prio, maior petroleira independente do Brasil, confirma a atenção redobrada ao custo operacional no atual cenário:
— Já passamos por períodos como a pandemia e a crise de preços do petróleo em 2016, mas, graças a esse esforço (de controle de custos), nunca vendemos carga com prejuízo. Projetamos alcançar mais de 200 mil barris por dia até 2026. Isso mostra que, mesmo num cenário desafiador, há espaço para crescer com foco em eficiência operacional.
O esforço de redução de custos das petroleiras não significa menos encomendas aos fornecedores do setor. Ao contrário, eles esperam alta nas receitas com soluções de aumento de eficiência operacional. É o caso da Shape, empresa de tecnologia que tem a Modec, fabricante de plataformas e fornecedora de serviços e soluções, como acionista. Felipe Baldissera, CEO da Shape, diz que há aumento na procura por soluções para reduzir despesas na produção, como os softwares que ajudam a antever problemas na operação com a ajuda de algoritmos e inteligência artificial:
— Em 2024, dobramos o número de clientes. Neste ano, devemos crescer de três a quatro vezes. Há um apetite não só no Brasil, mas de operadoras em outros países, como Argentina e Colômbia. Estamos abrindo escritório nos EUA.
Globo Online - RJ 07/07/2025
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou, nesta sexta-feira, que conta com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, para reduzir o preço do gás natural no país.
— Contamos com sua sensibilidade, capacidade de liderança e gestão para avançar na regulamentação das tarifas de escoamento do gás natural. A Petrobras precisa se unir ao esforço coletivo que estamos coordenando para reduzir o preço do gás e reindustrializar o país — disse.
A fala foi feita na presença de Magda e do presidente Lula, em evento na Refinaria Duque de Caxias (Reduc) para divulgar retomada dos investimentos em refino e petroquímica no estado do Rio de Janeiro. Silveira elogiou a iniciativa e mencionou que a ampliação do refino no país contribui para a diminuição do preço dos combustíveis, com impacto na inflação.
— Podemos, queremos e estamos ampliando o refino do nosso petróleo aqui no Brasil. Isso é segurança de suprimento e soberania energética. Nossas refinarias garantem o abastecimento do país, diminuem o preço do combustível e economizam o dinheiro de todo mundo aqui. Tem impacto na inflação, no preço do alimento que chega à mesa do trabalhador e em toda a economia.
Nesta quinta-feira, a Petrobras anunciou investimento de cerca de R$ 33 bilhões até 2029 em ativos no Rio de Janeiro. Cerca de R$ 6,26 bilhões serão voltados para a Reduc, com R$ 2,4 bilhões voltados para paradas programadas de manutenção na refinaria.
Em Caxias, serão ainda investidos R$ 860 milhões na modernização da central termelétrica para substituição de equipamentos e melhoria na eficiência energética. Já no Complexo de Energias Boaventura (CEB), o antigo Comperj, em Itaboraí, a Petrobras anunciou investimento de cerca de R$ 23 bilhões até 2029.
A companhia também irá investir R$ 4,3 bilhões na ampliação da unidade de polietileno da Braskem, para aumentar a produção em 230 mil toneladas por ano.
O Estado de S.Paulo - SP 07/07/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 4, ser favorável ao fim do uso do combustível fóssil, mas que não abrirá mão do petróleo brasileiro para “outros explorarem”.
“Não vou abrir mão do petróleo brasileiro para os outros explorarem. Quero que façamos da forma mais saudável e responsável possível. Não queremos prejudicar nada, mas não queremos abrir mão da nossa riqueza”, declarou em Duque de Caxias (RJ), durante cerimônia de anúncio de investimentos da Petrobras em refino e petroquímica.
Lula disse estar orgulhoso da Petrobras e que é necessária uma transição energética responsável.
“Tem gente que fala: ‘Vamos acabar com o combustível fóssil’. Eu também sou favorável a acabar. Quando fizermos para o combustível fóssil o financiamento para o chamada transição energética que temos que fazer”, falou.
O presidente defendeu mais investimentos em pesquisa para “achar mais gás e mais petróleo”. Também disse que a Petrobras é uma bússola para economia. Segundo o petista, ele é o presidente que mais visitou a empresa.
“Tenho dimensão do que é a Petrobras. Não é só uma empresa de petróleo. É uma espécie de bússola da economia brasileira. A Petrobras vai bem, a economia vai bem”, declarou.
O petista disse também que os investimentos podem ajudar na economia. Voltou a defender o programa de concessão de gás para a população e um programa de financiamento de motos para entregadores por aplicativo.
“Chama a gente de populista. ‘Está interferindo no mercado’. Quero interferir no mercado para abaixar o preço da comida”, falou.
A inteligência ‘tratada de veneno’ de Magda
Lula ainda disse que a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, parece ser “bobinha”, mas que tem uma “inteligência tratada de veneno”.
“Magda, estou fascinado com a sua presidência. Quem vê a Magda pensa: ‘É uma presidente bobinha, vamos acossar ela’. Está ferrado. Não sabe a quantidade de inteligência tratada de veneno que tem na cabeça dessa mulher”, declarou.
TN Petróleo - RJ 07/07/2025
Apesar das incertezas do cenário global, o mercado de fusões e aquisições (ou M&A, sigla para mergers and acquisitions) no mundo segue aquecido. Report mais recente do IMAA – Institute for Mergers, Acquisitions & Aliances, com dados de 2025 consolidados até abril em oito setores da economia, mostra transações da ordem de US$ 230 bilhões em todo o planeta.
Os setores de software e tecnologia da informação e de energia e petróleo foram os que mais movimentaram recursos em fusões e aquisições: US$ 115 bilhões, praticamente metade da soma das oito atividades analisadas. O setor de software e TI respondeu por US$ 74,3 bilhões (com 805 operações mapeadas) e o de energia e petróleo, por US$ 40,7 bilhões, com 232 transações.
O relatório destaca algumas dessas operações. No setor de software e TI está, por exemplo, a aquisição da estadunidense Dotmatics, desenvolvedora de software, pela gigante alemã Siemens. No setor de energia e petróleo, também houve aquisição de empresas dos Estados Unidos por companhias canadenses: a Capital Power, que comprou a LS Power, e a Brookfield Infrastructure Partners, que adquiriu a Colonial Pipeline Company.
Para os analistas Leonardo Grisotto e Jefferson Nesello, o report do IMAA confirma que, a despeito da conturbada conjuntura internacional, as grandes companhias do planeta seguem apostando em fusões e aquisições como estratégia. Guerras na Ucrânia, no Oriente Médio e na África; e o tarifaço dos Estados Unidos, atingindo principalmente China e Europa, estão entre os acontecimentos que abalam as relações geopolíticas mundiais.
Grisotto e Nesello são sócios e diretores da Zaxo, boutique de M&A brasileira que, no último ano bateu recorde de transações (foram 2 em buy side, 1 em sell side e JV) e tem pipeline atual acumulado emR$ 600 milhões em valores de transações em fusões e aquisições em assessoria. "De fato, justamente pela importância estratégica dessas atividades no cenário global, tecnologia da informação e energia e petróleo têm mobilizado grandes recursos em M&A", pontuam.
Já em quantidade de transações, outras atividades se sobressaem. O relatório do IMMA indica que no setor de produtos de consumo e serviços houve a maior quantidade de operações: 995 (ante as 885 de software e TI). Elas somaram US$ 33,5 bilhões. "Entre essas operações está o movimento da conhecida marca Prada, da Itália, que adquiriu sua concorrente Versace, do mesmo país", citam os analistas.
Os diretores da Zaxo lançam luz ainda sobre dois outros setores: o de saúde e o de farmácia e biotecnologia. Juntos, contabilizaram 495 operações, envolvendo US$ 35,6 bilhões. Nessas duas atividades, por exemplo, a gigante suíça Novartis comprou a estadunidense Regulus; outra empresa dos Estados Unidos, a SpringWorks, foi adquirida por uma estrangeira – a alemã Merck.
"Esses dois setores, saúde e biotecnologia, também se mostram bastante aquecidos quando o assunto é M&A. Os recursos envolvidos são menores se comparados à energia e petróleo, e software e tecnologia. Mas reúnem players de grande alcance mundial, inclusive com atuação no Brasil", observam os analistas.
Confira as fusões e aquisições globais mapeadas pelo IMMA
Software e tecnologia da informação: US$ 74,3 bilhões. 805 transações Energia e petróleo: US$ 40,7 bilhões. 232 transações Produtos de consumo e serviços: US$ 33,5 bilhões. 995 transações Saúde: US$ 24,9 bilhões. 397 transações Química: US$ 21,9 bilhões. 161 transações Mídia e entretenimento: US$ 16,9 bilhões. 387 transações Farmácia e biotecnologia: US$ 11,8 bilhões. 98 transações Inteligência artificial: US$ 3,1 bilhões. 11 transações
Valor - SP 07/07/2025
A SPVias, concessionária controlada pela Motiva (ex-CCR), celebrou, nesta sexta-feira (4), termo aditivo modificativo ao contrato de concessão assinado com o Estado de São Paulo.
O documento formaliza a incorporação dos investimentos relacionados às obras de implantação de faixa de segurança (refúgio) em trechos da Rodovia SP-270 ao escopo contratual, além de recompor o equilíbrio econômico-financeiro do contrato por meio de extensão de prazo do contrato de concessão em 73 dias.
“A assinatura do referido aditivo demonstra o respeito da Motiva pela parceria com o Estado de São Paulo e reafirma seu compromisso com o desenvolvimento de infraestrutura para mobilidade urbana no país”, afirmou a Motiva, em comunicado.