Clipping Diário

06 | Novembro | 2025

SIDERURGIA

IstoÉ Dinheiro - SP   06/11/2025

A Ternium será a única controladora da Usiminas, pondo fim a uma disputa com a Nippon Steel. A siderúrgica mineira informou que a Nippon Steel, em conjunto com a Mitsubishi Corporation (Grupo NSC), venderam a totalidade de suas ações para a Ternium, saindo, dessa forma, da companhia mineira, da qual faziam parte desde a sua fundação.

Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Ternium comprou 153.135.207 ações vinculadas ao acordo de acionistas de propriedade do Grupo NSC, as quais representam 31,67% do total das ações vinculadas (capital votante) e 21,71% do total de ações ordinárias. A empresa deve pagar US$ 2,06 por papel, preço acordado entre as partes em 03 de julho de 2023.

“A Previdência Usiminas (PU) e os demais membros do Grupo Ternium (Ternium Argentina, Prosid Investments e Confab Industrial) deram seus respectivos consentimentos à operação, sem exercício de sua preferência”, informou a Usiminas. “A conclusão da pperação está sujeita à implementação de condições precedentes usuais neste tipo de negócio, especialmente a prévia aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Segundo a Usiminas, após o fechamento da operação, a Ternium passará a deter aproximadamente 92,95% do capital votante, enquanto a PU manterá 7,05%. Em relação ao total de ações ordinárias da siderúrgica mineira, o grupo passará a deter 71,02%.

“Como resultado da operação, o Grupo NSC deixará de fazer parte do grupo de controle e do acordo de acionistas da companhia. Os direitos e as obrigações da PU, incluindo direitos de voto e indicação, não serão alterados”, informou a Usiminas.

A Ternium ressaltou, segundo a Usiminas, que o investimento adicional representado por esta operação reforça ainda mais seu compromisso com a companhia e o mercado siderúrgico brasileiro, “e que a Ternium continuará trabalhando para levar a Usiminas ao seu pleno potencial, comprometida em aprimorar sua competitividade e valor, no melhor interesse da Usiminas e de todos os seus stakeholders.”

Valor - SP   06/11/2025

A siderúrgica japonesa Nippon Steel está investindo pesado em sua nova subsidiária, a U.S. Steel, na esperança de superar a forte concorrência de rivais americanos e sul-coreanos.

“Ao executar este investimento e transformar a empresa internamente, os resultados certamente virão”, disse o vice-presidente executivo da Nippon Steel, Takahiro Mori, em uma entrevista coletiva na quarta-feira sobre os planos de investimento na U.S. Steel, adquirida por US$ 14,1 bilhões em junho.

A Nippon Steel investirá US$ 11 bilhões na empresa até 2028. Em uma fábrica da U.S. Steel no Arkansas, serão construídas novas capacidades de produção de chapas de aço elétrico com grãos orientados – usadas em transformadores para data centers – com planos de iniciar a produção em massa já em 2028. Esta será a primeira vez que a Nippon Steel transfere sua tecnologia de aço elétrico para o exterior.

Nos Estados Unidos, a concorrente Cleveland-Cliffs é a única siderúrgica que atualmente produz aço de alta qualidade. A Nippon Steel espera aproveitar a demanda das gigantes da tecnologia que investem pesadamente em inteligência artificial e alavancar sua tecnologia para quebrar o domínio da Cleveland-Cliffs no mercado, elevando a participação de mercado da U.S. Steel.

O maior alto-forno da U.S. Steel, localizado em Indiana, também será reformado, enquanto novas instalações para o processamento de escória de aço — um subproduto da siderurgia — serão construídas em sua usina na Pensilvânia.

Na quarta-feira, a Nippon Steel anunciou que está revisando para baixo sua previsão de lucro consolidado para o ano fiscal que termina em março de 2026, de um prejuízo líquido de 40 bilhões de ienes (US$ 260 milhões) para um prejuízo líquido de 60 bilhões de ienes. A empresa registrou um lucro líquido de 350,2 bilhões de ienes no ano anterior.

Sua decisão de não incluir nenhuma contribuição de lucro da U.S. Steel no atual ano fiscal pressionou a previsão para baixo. Inicialmente, a projeção era de que a U.S. Steel contribuiria com 80 bilhões de ienes em lucro operacional no ano fiscal, excluindo perdas com a desvalorização de estoques.

Fatores positivos, como a redução de custos e um impacto menor do que o esperado das políticas tarifárias do governo Trump, não foram suficientes para compensar o impacto da exclusão da contribuição da U.S. Steel para o lucro.

Os embarques de aço das siderúrgicas americanas em agosto aumentaram 6% em relação ao ano anterior, marcando o sexto mês consecutivo de crescimento, segundo o Instituto Americano de Ferro e Aço (Aisi). As importações de aço caíram 17% em relação a julho devido às tarifas.

Ao mesmo tempo, os preços do aço nos Estados Unidos, que subiram após a implementação das tarifas, estabilizaram-se antes de iniciarem uma tendência de queda. O preço do aço em bobina a quente, amplamente utilizado na indústria, era de US$ 898 por tonelada em 27 de outubro, segundo a empresa de pesquisa americana SteelBenchmarker, uma queda de 12% em relação ao pico no final de abril, após a imposição das tarifas. Embora a eliminação do aço importado barato, impulsionada pelas tarifas, seja um fator positivo, as políticas tarifárias gerais do governo Trump podem prejudicar os lucros nas indústrias automotiva e de outros setores manufatureiros, potencialmente levando à queda da demanda e ao excesso de oferta de aço.

"A incerteza está aumentando e o mercado está adotando uma postura de cautela", disse Mori na quarta-feira. "Esperamos que os efeitos das altas tarifas americanas se materializem completamente em 2026, levando a um retorno da demanda" para o mercado interno dos Estados Unidos, acrescentou.

Os preços do aço nos Estados Unidos ainda estão muito acima dos níveis globais. "A razão pela qual a lucratividade é precária neste nível é porque a U.S. Steel está muito fraca", disse Mori.

Espera-se que a concorrência no mercado americano se intensifique no futuro. No final de outubro, a gigante siderúrgica sul-coreana Posco Holdings anunciou um acordo de parceria com a Cleveland-Cliffs, que lhe permitirá entrar na produção de aço nos Estados Unidos por meio das matérias-primas e instalações de processamento da parceira.

A Cleveland-Cliffs, que perdeu para a Nippon Steel na disputa pela aquisição da U.S. Steel e enfrenta dificuldades, pretende aumentar a taxa de operação de suas minas e usinas siderúrgicas por meio da parceria com a Posco.

"A Posco é poderosa em termos de capacidade tecnológica e solidez financeira", disse Mori.

O mercado interno japonês continua a enfrentar dificuldades devido à superprodução e às exportações chinesas. As exportações de produtos siderúrgicos da China, de janeiro a setembro, aumentaram 9,2% em relação ao ano anterior, atingindo 87,96 milhões de toneladas, um recorde para os primeiros nove meses do ano, segundo a Federação Japonesa de Ferro e Aço.

A Nippon Steel anunciou na quarta-feira planos para consolidar suas instalações de produção na região de Kansai, no Japão, sob a subsidiária Sanyo Special Steel. A empresa suspenderá as operações em fornos elétricos e instalações de produção na região de Osaka para melhorar a eficiência.

Com perspectivas de crescimento doméstico limitadas, a Nippon Steel busca oportunidades no exterior. Na Índia, onde o crescimento econômico continua, a empresa planeja construir uma nova siderúrgica por meio de uma joint venture com a europeia ArcelorMittal, numa tentativa de impulsionar seus lucros.

Infomoney - SP   06/11/2025

As ações da CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) fecharam entre as maiores perdas do Ibovespa nesta quinta-feira (5), ainda que longe das mínimas, após divulgação de resultados trimestrais na noite da véspera. CSNA3 teve queda de 4,60%, a R$ 8,71, enquanto CMIN3 fechou em baixa de 0,17%, a R$ 5,96, após chegar a cair mais de 3% no pior momento do dia.

O JPMorgan avaliou que ambas as companhias superaram suas estimativas e o consenso do mercado, mas o fluxo de caixa livre negativo continua sendo um ponto de preocupação, levando o banco a adotar uma visão neutra sobre os resultados.

Contrariando as expectativas de uma reação neutra dos analistas do Bradesco BBI, as ações da CSN recuam, já que o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) acima do esperado e o forte desempenho operacional são compensados pela continuidade da fraqueza na geração de caixa.

Para a CSN Mineração, o banco previa uma reação ligeiramente positiva, apesar dos desafios semelhantes de caixa, avaliando que os bons resultados operacionais e o anúncio consistente de dividendos poderiam sustentar o otimismo.

Já o Goldman Sachs destacou que o EBITDA da CSN, de R$ 3,3 bilhões, ficou 7% acima das suas estimativas e 13% acima do consenso da Visible Alpha, impulsionado principalmente pelo desempenho da subsidiária CSN Mineração (CMIN3), que registrou EBITDA de R$ 2,0 bilhões, superando as projeções do Goldman e da Visible Alpha em 23% e 35%, respectivamente.

Os resultados do segmento de aço foram mais fracos, ficando 30% abaixo da estimativa do Goldman Sachs e 25% abaixo do consenso da Visible Alpha.

O consumo de caixa livre da CSN diminuiu no trimestre para R$ 1 bilhão, ante R$ 1,5 bilhão no 2T25, refletindo maior rentabilidade no minério de ferro. O Goldman observa que algum impulso nos preços do aço pode ajudar os lucros entre o 4T25 e 2026, mas avalia que o ciclo de alta do minério de ferro já atingiu o pico. Além disso, o alto nível de alavancagem e as necessidades elevadas de investimento (capex) devem manter o balanço sob pressão, o que segue sendo um dos principais motivos para a visão cautelosa do banco sobre a companhia.

Os números da CSN também vieram acima das estimativas da Monte Bravo. No entanto, a corretora salienta que, dado o cenário desafiador para suas principais atividades, as estimativas eram muito baixas. “Mesmo com os resultados melhores, a companhia continua tendo dificuldades para acelerar sua geração de caixa, o que não é bom em um cenário de Selic elevada e estrutura de capital desequilibrada”, comentam analistas da Monte Bravo.

Para a XP Investimentos, apesar dos resultados sequencialmente melhores, a alavancagem continua sendo uma preocupação para a geração de fluxo de caixa (FCF). Sendo assim, manteve recomendação neutra, devido à perspectiva estruturalmente cautelosa em relação aos preços do minério de ferro e a alta alavancagem da CSN implica uma margem de segurança limitada em meio às elevadas taxas de juros no Brasil.

Morgan eleva Cogna e rebaixa Yduqs, enquanto Ser e Ânima são favoritas; YDUQ3 cai

Banco mantém visão positiva para o 3T25 e para o ciclo de afrouxamento monetário de 2026, mas demonstra cautela em relação aos riscos regulatórios de longo prazo

CSN Mineração

O Morgan Stanley destacou que o EBITDA ajustado de R$ 1,988 bilhão ficou 39% acima do consenso da Visible Alpha de R$ 1,435 bilhão e 12% acima da estimativa de mercado de R$ 1,769 bilhão. Segundo o banco, o desempenho acima do esperado foi impulsionado por receitas significativamente maiores, que mais do que compensaram os custos e as despesas gerais e administrativas também acima das projeções.

O lucro por ação normalizado de R$ 0,13, no entanto, ficou abaixo do consenso da Visible Alpha e da estimativa de mercado, ambos em R$ 0,15. O Morgan Stanley atribui o resultado mais fraco a maiores perdas líquidas monetárias e cambiais, além de uma alíquota efetiva de imposto acima do esperado, fatores que compensaram o bom resultado operacional.

O Morgan Stanley também observou que o fluxo de caixa operacional de R$ 1,163 bilhão superou amplamente o consenso da Visible Alpha de R$ 394 milhões e sua própria estimativa de R$ 432 milhões. “O desempenho acima do previsto foi explicado por adiantamentos de clientes de aproximadamente R$ 722 milhões, relacionados ao minério de ferro.”

O Itaú BBA comenta que os resultados melhoraram sequencialmente, devido aos preços realizados mais altos e aos volumes mais robustos. A posição de caixa líquida, por sua vez, caiu de R$ 4,7 bilhões no 2T25 para R$ 3,9 bilhões em relação ao trimestre anterior, devido ao pagamento de dividendos de R$ 1,5 bilhão durante o 3T.

Segundo a Monte Bravo, a operação de mineração apresentou bons resultados, sendo responsável pela performance positiva da holding, com forte volume de vendas e uma boa performance em seu custo caixa, que veio abaixo das projeções. Com melhores volumes de vendas e melhor desempenho de custos, a companhia conseguiu entregar um bom EBTIDA. “Em nossas contas, mesmo após o trimestre bastante positivo, a companhia continua com uma geração de caixa ligeiramente negativa.”

Recomendações

A Monte Bravo manteve recomendação neutra para CSN (CSNA3) e preço-alvo de R$ 12,50, enquanto reiterou classificação de venda para CSN mineração, com preço-alvo de R$ 5,75. Já o Goldman Sachs manteve recomendação de venda para CSNA3 e CMIN3, com preço-alvo de R$ 7,50 e R$ 5, nesta ordem. O JPMorgan, por sua vez, reiterou classificação neutra para CSN, com preço-alvo de R$ 8,50 e de venda para a mineradora.

O Morgan Stanley também manteve recomendação de venda para ações da CSN Mineração, com preço-alvo de R$ 4,50. O BBA, por sua vez, reiterou classificação neutra e preço-alvo de R$ 6,50.

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2025

Foi uma parceria que durou 68 anos e ajudou a criar no Brasil uma indústria siderúrgica forte. Mas chegou ao fim nesta quarta-feira, 5, quando os japoneses informaram que estão deixando, de vez, a sociedade na Usiminas, siderúrgica que ajudaram a fundar, junto com o governo brasileiro, em 1958.

Além de capital, os investidores japoneses trouxeram para a nascente produtora de aço a mais moderna tecnologia siderúrgica da Nippon Steel. O empreendimento, que foi o primeiro investimento externo em grande escala do Japão após a Segunda Guerra Mundial, foi viabilizado pelo acordo conhecido como Lanari-Horikoshi, sobrenomes de Amaro Lanari Júnior e Teizo Horikoshi, que lideraram missões japonesas ao Brasil.

Lanari foi o presidente da Usiminas entre 1958 e 1976 — fase de consolidação da siderúrgica —, e Horikoshi presidiu a Nippon Usiminas, empresa criada para facilitar e intermediar os investimentos do Japão na siderúrgica mineira. O capital japonês ficou com 40% da nova fabricante de aço, que iniciou produção alguns anos depois em Ipatinga, na região do Vale do Aço, em Minas Gerais. Ipatinga, na época, era um vilarejo com cerca de 200 casebres, distrito de Coronel Fabriciano.

O projeto colocou Minas Gerais no mapa da siderurgia mundial. Até então, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que foi fundada em abril de 1941 em Volta Redonda (RJ), com a benção do presidente da República, Getúlio Vargas, era a única fabricante de aços planos do País. A CSN, dona de uma grande mina de ferro (Casa de Pedra), nasceu de um acordo dos governos brasileiro e americano para fornecer aço aos EUA em plena guerra contra a Alemanha, Japão e Itália.

Nesta quarta-feira, 5, dois anos e meio após o primeiro passo para assumir integralmente o controle acionário da Usiminas, o grupo ítalo-argentino Ternium anunciou ter adquirido, por US$ 315,2 milhões (R$ 1,7 bilhão), as ações restantes da gigante japonesa do aço e passou a ser, junto com outras empresas da organização Techint, a controladora integral da siderúrgica mineira, com 92,9% no bloco de controle.

A diferença das ações com direito a voto no bloco de controle (7,1%) ficou com a Caixa de Previdência dos Empregados da Usiminas, que está presente na empresa desde sua privatização, 34 anos atrás.

Com o negócio, o grupo Ternium, pertencente à família ítalo-argentina Rocca e comandado por Paolo Rocca, passa a deter 71,97% das ações ordinárias totais da Usiminas e se consolida como segundo maior produtor de aço no Brasil. A fundação dos empregados tem 4,84% e outros acionistas somam 23,19% do capital ordinário da companhia. Entre os demais acionistas está a própria CSN, que travou uma longa disputa com o grupo ítalo-argentino desde 2013 e reduziu sua participação na empresa mineira este ano.

Procuradas, tanto a Ternium quanto a Nippon Steel informaram que não iriam se pronunciar além do comunicado oficial.

Impulso da tecnologia japonesa

Com a Nippon como parceira e fornecedora de tecnologia de produção de aço, a Usiminas ganhou projeção, crescendo em capacidade de produção na usina de Ipatinga - que se emancipou em 1964 e é hoje a principal cidade da Região Metropolitana do Vale do Aço.

A siderúrgica tornou-se, ao longo de duas décadas, a mais eficiente, e única lucrativa, das usinas de aço que compunham a extinta Siderbrás, holding estatal que no fim dos anos de 1980 controlava também CSN, Cosipa (Cubatão-SP), Açominas (Ouro Branco-MG) e Cia. Siderúrgica de Tubarão (Serra-ES).

Por essa razão, a Usiminas foi a primeira a entrar no programa de privatização do governo federal, na gestão de Fernando Collor, em 1991. O leilão da empresa, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, contestado por sindicatos e outras entidades, foi disputado por vários grupos industriais e financeiros. De 1991 a 1994, todas as cinco empresas foram vendidas ao capital privado.

A Usiminas, no auge, tornou-se uma referência no fornecimento de aço para o setor automotivo, que exigia material de alta qualidade. A tecnologia japonesa estava na cultura da empresa, que uniu o jeito mineiro e a disciplina dos sócios. A empresa atingiu capacidade de produção superior a 5 milhões de toneladas de aço bruto por ano após vários planos de expansão. Sob gestão privada, fez o primeiro movimento de expansão por aquisição: liderou a compra do controle da Cosipa no leilão de privatização.

Na formação da parceria, em 1958, após um ano de negociações, o governo brasileiro foi responsável por garantir o capital necessário à construção da siderúrgica mineira, com financiamento do então Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE), atual BNDES, acrescido da palavra Social. Do lado japonês, um grupo privado, liderado pela Yawata Iron and Steel (que foi renomeada Nippon Steel), reuniu produtoras de aço e fabricantes de máquinas e equipamentos.

A empresa de capital misto, Nippon Usiminas, em quatro anos passou a fornecer, a partir da Usina Intendente Câmara, em Ipatinga, aços que atendiam à demanda nacional das indústrias naval, automobilística, de base e mecânica pesada. Os japoneses, que forneciam a tecnologia, e passaram a receber royalties por isso anos depois, contribuíram para desenvolver aço de alto valor agregado. Apostando na parceria brasileira, estiveram presentes desde a construção e entrada em operação do primeiro alto-forno, em outubro de 1962.
Trajetória difícil do entrante

A Ternium entrou no capital da Usiminas no início de 2012, após a compra, em novembro de 2011, das participações dos grupos Camargo Corrêa e Votorantim, que eram integrantes do bloco controlador da siderúrgica juntamente com a Nippon Steel e os empregados. O grupo pagou R$ 4,1 bilhões, valor considerado alto, para integrar o bloco de controle da Usiminas, com quem já tinha parcerias de venda de tecnologia para suas usinas na Argentina e México. Também foram sócias na privatização da venezuelana Sidor, em 2007 - que anos depois foi encampada pelo governo do presidente Hugo Chávez.

Ou seja, o grupo ítalo-argentino conhecia muito bem a empresa na qual estava investindo. A aquisição de 27,7% de capital ordinário dos acionistas que estavam saindo dava direito a 43,3% no bloco controlador, ao lado de Nippon (46,6%) e empregados (10,1%). O valor pago por ação, de R$ 36, representou prêmio de 80% sobre a cotação em bolsa. Agora, o valor pago aos japoneses foi de US$ 2,06 (R$ 11,12) por ação ordinária.

Em março de 2023, a Nippon decidiu, por R$ 10 por ação, vender parte de sua fatia de ações. O valor do negócio foi de R$ 687 milhões. Isso representou, naquele momento, que o grupo japonês deixava de ter poder nas decisões estratégicas da Usiminas. Pelo acordo, que dava lhe um direito de saída (“put option”) após dois anos, garantiu a presidência do conselho de administração e um vice-presidente (de tecnologia e inovação) na diretoria executiva.

No comunicado da Ternium desta quarta-feira, não está informado se a joint venture Unigal, entre Usiminas e Nippon, voltada à fabricação de aços revestidos (de alto valor agregado), será também desfeita agora ou futuramente. O grupo japonês tem 30% de participação na Unigal, que fica dentro da própria usina de Ipatinga.

Segundo pessoas ligadas ao grupo japonês, em 2023 a Nippon Steel havia perdido totalmente o encanto com a Usiminas, depois de cinco anos de divergências sobre o modelo de gestão da Ternium na empresa, mesmo com acordo de decisões compartilhadas. Só aguardava o momento adequado para iniciar a saída. Estava também frustrada com o mercado de aço do Brasil após a crise iniciada em 2015.

A Ternium não teve uma convivência tranquila na Usiminas nesses 13 anos de presença na siderúrgica. Ao contrário, viveu alguns conflitos. Mesmo antes das divergências com os sócios japoneses, enfrentou desde 2013 ações na Justiça por parte da CSN, que reivindicava que o grupo ítalo-argentino tinha a obrigação de fazer uma oferta pública de compra das ações dos minoritários. Alegava que houve mudança de controle na gestão da siderúrgica mineira desde 2012, se não no papel, de fato no dia a dia.

A CSN já estava na Usiminas desde 2011, em movimentos graduais de compra de ações. Chegou a 20% das ações ordinárias e 16% do capital total. Mesmo sob pressão do Cade, por se tratar de uma siderúrgica concorrente, Steinbruch não se desfez de sua participação. Foi empurrando o caso com o auxílio de seus advogados.

Após pareceres contrários da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e várias derrotas na Justiça, em 2024 a CSN obteve julgamento favorável à sua tese no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão aprovada por três ministros desembargadores da Corte e dois votos contrários obrigava a Ternium a reparar, com multas, R$ 5 bilhões à companhia de Steinbruch. Tempos depois, o valor foi reduzido a R$ 3 bilhões, mas o imbróglio continua parado na Justiça, aguardando uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma vitória da Ternium nessa disputa foi obtida com pressão judicial do TRF-6 (Tribunal Regional Federal, da sexta região) sobre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que a CSN reduzisse sua posição abaixo de 5%. A siderúrgica teve de acatar e fez duas vendas de ações ao longo deste ano para atender a demanda judicial. De sobra, ainda recebeu uma multa do órgão antitruste, no mês passado, de R$ 128,7 milhões.

Mais barulho pode vir pela frente para a Ternium, dizem pessoas do setor e especialistas. Ao ficar com 93% do bloco de controle, é esperado que minoritários da empresa de ações ordinárias, entre eles a CSN, poderão questionar nos órgãos regulatórios do mercado de capitais se têm o direito de uma oferta pública de ações (OPA) por parte da Ternium. Mas, com base em decisões anteriores, o Cade poderá argumentar que houve nova movimentação de acionistas do atual bloco controlador.
Com Nippon fora, caminho para integração

Um fechamento de capital da Usiminas, dizem especialistas ouvidos pelo Estadão, na condição de anonimato, faria muito sentido para Ternium/Techint avançar na integração da siderúrgica mineira com a Ternium Brasil (produtora de placas do grupo em Santa Cruz, Rio de Janeiro), unindo as operações das três unidades de produção (Ipatinga, Cubatão e Rio de Janeiro), sob o mesmo guarda-chuva, com ganhos custos e sinergias.

Atualmente, nas usinas mineira e fluminense, o grupo Ternium está apto a fazer 9 milhões de toneladas de aço bruto por ano. A produção de placas da Ternium Brasil é quase 100% exportada para a América do Norte. A unidade de Cubatão, que tem um terminal portuário ao lado do Porto de Santos, passaria, com uma fusão da operações, a ser abastecida dentro do grupo.

Mesmo com uma fatia expressiva do mercado brasileiro de aços planos, competindo com CSN, a Usiminas viu ao longo dos anos o avanço da ArcelorMittal (maior produtora de aço do País) em seu segmento de atuação, o de aços planos de alto valor agregado. A Gerdau também ganhou posição em alguns mercados relevantes.

No comunicado do negócio com a Nippon, a Ternium ressalta que o movimento reforça a “estratégia de fortalecer sua presença industrial e tecnológica no Brasil, integrando operações e otimizando sinergias regionais”. A operação envolveu também a pequena fatia de ações da Mitsubishi Corporation no grupo de controle da Usiminas. Toda a operação, informou, será financiada com recursos próprios.

Sediada em Luxemburgo, a Ternium é uma companhia com receita líquida de quase US$ 18 bilhões (R$ 97 bilhões) em 2024, com operações em vários países das Américas — Argentina, Brasil, Colômbia, México e EUA. O grupo possui capacidade de produção anual de 15,4 milhões de toneladas de aço bruto, já considerando a consolidação de Usiminas em seus resultados.

A Usiminas, além de aço, produz minério de ferro e tem empresas de distribuição e centros de serviços para clientes. Registrou receita líquida de R$ 20 bilhões de janeiro a setembro deste ano. E agora vai precisar aprender a operar sem o traço nipônico que a marcou pelas quase últimas sete décadas.

Money Times - SP   06/11/2025

A CSN (CSNA3) está em estágio avançado para a criação de uma empresa que concentrará os ativos de infraestrutura do grupo e espera conseguir concluir o processo em meados de 2026, disse o diretor financeiro, Antonio Marco Rabello, nesta quarta-feira (5).

“O grupo tem sete ativos que vão migrar para essa operação”, disse Rabello em conferência com analistas após a publicação, na noite da véspera, dos resultados do terceiro trimestre. O movimento, segundo ele, vai trazer liquidez adicional para o grupo.

“Vai trazer alguns importantes bilhões de reais para reduzir alavancagem ainda em 2026 acrescentou o executivo.

Segundo Rabello, a CSN deverá fazer “anúncios formais” sobre a operação nas “próximas poucas semanas”.

A CSN tem uma série de ativos de infraestrutura dentro do grupo, incluindo a ferrovia Transnordestina, portos no Rio de Janeiro e participação na transportadora ferroviária MRS.

Rabello comentou que a formação da CSN Infraestrutura atraiu “vários grupos interessados” e que a empresa espera conseguir fechar a transação em meados do próximo ano.
CSNA3 cai

As ações da CSN operavam em queda de mais de 4% nesta quarta-feira, em reação ao balanço do terceiro trimestre, em que a companhia apresentou uma dívida líquida consolidada de R$ 37,5 bilhões, alta em relação aos R$ 35,7 bilhões de um ano anos.

A alavancagem financeira, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda, atingiu 3,14x no 3T25, frente a 3,24x no encerramento do 2T25 e 3,34x um ano antes.

A empresa teve um lucro líquido de R$ 76 milhões no terceiro trimestre de 2025, revertendo um prejuízo de R$ 751 milhões de um ano antes.

Seu desempenho operacional, medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, totalizou R$ 3,3 bilhões no período de julho a setembro, 45,3% acima do registrado no terceiro trimestre de 2024. A margem Ebitda ajustada expandiu 7,1 pontos percentuais, para 26,8%.

A CNS ainda apurou receita líquida de R$ 11,8 bilhões nos três meses encerrados em setembro, 6,6% acima do registrado na base anual, e marginalmente acima da estimativa de R$11,3 milhões do mercado.

ECONOMIA

CNN Brasil - SP   06/11/2025

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano nesta quarta-feira (5), em decisão unânime.

A decisão deixa a Selic no maior patamar desde 2006.

Para representantes do setor produtivo, a medida joga contra a economia ao frear a atividade e desacelerar a produção e geração de emprego.

Em nota, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), diz que o prolongamento da taxa básica em patamar elevado afeta tanto as incorporadoras quanto os consumidores.

“A construção é um dos setores mais sensíveis ao custo do crédito e à confiança do consumidor. Uma Selic de 15% por um ciclo longo traz desafios, porque o setor depende de financiamento de longo prazo, e esse custo torna muitos projetos inviáveis”, explica o presidente da entidade, Renato Correia.

No fim de outubro, a entidade revisou de 2,3% para 1,3% a projeção de crescimento do setor em 2025. A mudança reflete os efeitos do ciclo prolongado de juros altos, que tem limitado o ritmo das atividades da construção.

O PIB (Produto Interno Bruto) do setor recuou 0,6% no primeiro trimestre e 0,2% no segundo, na comparação com os períodos anteriores.

“O setor da construção gera emprego e renda. Manter os juros nesse nível por muito tempo é apostar numa desaceleração prolongada da economia real”, afirma Correia.

A Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) também avalia que a decisão mantém o ambiente econômico sob forte restrição, com efeitos negativos sobre a indústria.

O custo elevado do crédito afeta diretamente a capacidade das empresas de manter operações e planejar novos investimentos, ressalta a entidade.

Segundo a federação, haverá desaceleração no ritmo de produção e na geração de empregos. A demanda doméstica também sofrerá impacto: com o crédito mais caro, as famílias reduzem compras de maior valor, o que afeta diretamente setores como o automotivo, o eletroeletrônico e a própria construção civil.

“Quando o consumo encolhe, a indústria sente o efeito em cadeia, postergando planos de expansão e enfraquecendo a capacidade produtiva do país”, diz Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.

Outro problema, segundo a entidade, é a deterioração do parque industrial. Muitos empresários adiam a modernização das plantas e a compra de equipamentos, o que compromete a competitividade da indústria brasileira.

“Manter os juros elevados por um período prolongado representa um entrave ao crescimento econômico. O Brasil precisa alinhar a política monetária ao esforço de dinamização do setor industrial, sem sufocar a força produtiva da sua economia”, ressalta Roscoe.

Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que 80% das empresas industriais apontam a taxa de juros elevada como a principal dificuldade para a tomada de crédito de curto prazo. No caso de acesso a financiamento de longo prazo, 71% dos empresários apontam a Selic como principal barreira.

As empresas arcam ainda com o aumento recente das alíquotas do IOF, o que reduz o crédito e os investimentos. Segundo o mesmo levantamento, quase metade das indústrias desistiu de contratar ou renovar o crédito, ou reduziu o volume contratado, após o aumento das alíquotas do imposto.

“A Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda. A taxa de juros atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e, por consequência, o bem-estar da população. Além disso, o Brasil segue com a segunda maior taxa de juros real do mundo, penalizando duramente o setor produtivo”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Para a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a medida trava o avanço da economia real.

“Esse patamar impõe um custo elevado para empresas e famílias, reduzindo o consumo, o investimento e a geração de empregos. A política monetária, sozinha, não é capaz de sustentar a estabilidade econômica”, analisa Janine Pessanha, Especialista em Estudos de Competitividade da Firjan.

IstoÉ Dinheiro - SP   06/11/2025

O diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) Stephen Miran afirmou nesta quarta-feira, 5, que ainda considera “razoável seguir com os cortes nas taxas de juros” em dezembro, apesar de alguns indicadores recentes mais fortes. Segundo ele, a política monetária atual “é muito restritiva e estamos muito acima da taxa neutra”, o que implica riscos de manter o aperto “por tempo excessivo”.

Miran destacou que os dados de emprego indicam espaço para uma política menos dura. “Os dados de mercado de trabalho mostram que as taxas de juros podem ser menores do que o nível atual”, disse, acrescentando que a surpresa positiva do relatório ADP foi “bem-vinda”, mas não muda a tendência de desaceleração gradual.

Ele também observou, em entrevista ao Yahoo! Finance, que a demanda por mão de obra ainda não é “tão forte quanto gostaríamos”.

O dirigente se mostrou mais otimista sobre a trajetória da inflação do que outros membros do Fed, afirmando que a inflação subjacente do PCE medida pelo mercado está muito mais próxima de 2%.

Para ele, isso reforça o argumento de que o banco central pode continuar ajustando as taxas.

Miran alertou, porém, que o aumento da incerteza sobre tarifas e mudanças em políticas de fronteira “podem criar obstáculos ao crescimento”.

Ele ressaltou que “a política monetária não deve reagir mecanicamente a movimentos do mercado acionário” e que choques fiscais, como o desaparecimento de receita tarifária, “afetariam a condução da política do Fed”.

IstoÉ Dinheiro - SP   06/11/2025

Se a taxa básica de juros do País, a Selic, caísse de forma expressiva, 77% das empresas industriais do País aumentariam os investimentos nos próximos dois anos. Isso é o que aponta pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) à Nexus.

O levantamento, que ouviu 1.000 executivos da indústria, mostra o impacto direto dos juros altos sobre a economia brasileira. A margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais e intervalo de confiança de 95%.

“A decisão do Copom de manter a Selic em 15% ao ano é mais um duro golpe na economia e na competitividade da indústria brasileira”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.

A avaliação do presidente da CNI é de que não há justificativa técnica para manter a Selic em patamar tão elevado. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira, 05, sua decisão sobre a taxa Selic. Segundo o Projeções Broadcast, a ampla maioria do mercado (60 de 65 instituições) espera que os juros fiquem estacionados em 15% até o final do ano.

O levantamento da CNI também mostra a preocupação dos empresários com o Custo Brasil e a taxa de juros é um dos principais componentes desse custo. Para 60% dos executivos industriais, deveria ser a principal prioridade do País reduzir o Custo Brasil. Para outros 18%, essa seria a segunda prioridade.

De acordo com a pesquisa, 81% dos industriais afirmam que o Custo Brasil eleva os preços finais ao consumidor. Desses, 55% acreditam que o aumento é muito significativo, 22%, razoável; e apenas 4% veem impacto pequeno.

“É esse o preço que toda a sociedade paga por uma política de juros equivocada”, afirma Alban. “Com os preços controlados e o investimento em queda, manter a Selic em 15% ao ano impede o Brasil de crescer. Não se trata apenas de prejudicar as empresas, mas de afetar milhões de brasileiros – sobretudo os de menor renda – que ficam sem acesso ao crédito e, portanto, sem capacidade de consumo.”

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2025

O ministro Fernando Haddad precisa decidir se exalta a inflação controlada no governo Lula ou se critica a política de juros do Banco Central. As duas falas não cabem no discurso de uma mesma autoridade. Primeiro, porque a inflação em queda - mas ainda acima do teto da meta - é resultado do trabalho técnico do Copom. Segundo, porque a manutenção da meta em 3% ajudou a ancorar expectativas a ponto de o ministro apregoar agora que a média do IPCA neste mandato será a mais baixa desde o início do Plano Real.

Haddad poderá dizer que votou pela manutenção da meta em 3% no Conselho Monetário Nacional (CMN) e ajudou a dissuadir o presidente Lula, quase sempre mal aconselhado por outros interlocutores, a subir o número no início do seu governo. E também que indicou o presidente do BC, Gabriel Galípolo, para o cargo, depois de ele ter sido seu braço direito no Ministério da Fazenda por seis meses.

Essas dois fatores podem ajudar o governo a ter uma média de inflação mais baixa, na comparação com outros mandatos, porque até 2018 a meta era mais elevada, de 4,5%, e com limite de tolerância até 6%. O BC agora mira um patamar mais baixo e, pelo seu trabalho técnico, tem sido bem sucedido no controle dos preços, ainda que isso não aconteça na velocidade que o País deseja.

O fato é que os juros só não caem mais rapidamente porque a política fiscal do governo Lula não transmite segurança. Isso pressiona o dólar, afeta as expectativas de inflação e contribui para diminuir a poupança agregada do País. O governo não conseguiu ter superávits primários, mesmo com a aprovação do novo arcabouço fiscal, e alterou a meta no ano passado, com compromissos fiscais mais frouxos.

O resultado primário também está cheio de exceções, por medidas não só do Executivo, mas também do Congresso e do Judiciário, foi furado inúmeras vezes, e o mercado financeiro teme que o pacote de bondades em gestação pelo presidente Lula para a campanha do ano que vem signifique aumento de gastos e pressão sobre os preços.

Ontem, o Banco Central manteve os juros em 15% ao ano, e indicou que a taxa permanecerá nesse patamar por um período “bastante prolongado”. Isso quer dizer que ela certamente não cairá em dezembro, e possivelmente será mantida em janeiro. Mas melhorou um pouco o cenário para os preços.

Nos EUA, as críticas ao Fed são feitas pelo presidente Donald Trump. No Brasil, Haddad e Lula assumem esse papel. O melhor seria que a inflação em queda e o trabalho técnico do BC fossem reconhecidos pelo governo.

CNN Brasil - SP   06/11/2025

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, disse nesta quarta-feira (5) que a economia do país ultrapassará 170 trilhões de iuanes (US$ 23,87 trilhões) até 2030, apresentando uma grande oportunidade de mercado para o mundo à medida que as restrições comerciais aumentam globalmente.

Em seu discurso na cerimônia de abertura da CIIE (China International Import Expo) em Xangai, Li criticou as tarifas e disse que a China quer reformar o sistema de comércio econômico global para torná-lo mais razoável e transparente, especialmente para os países em desenvolvimento.

As tarifas estão "minando seriamente as regras econômicas e comerciais internacionais e afetando a operação normal das empresas em vários países", disse ele, sem mencionar os Estados Unidos.

"Em cinco anos, a expectativa é de que a economia da China ultrapasse 170 trilhões de iuanes, o que dará novas e importantes contribuições para o crescimento econômico global", acrescentou Li.

A China disse que seu PIB ultrapassará 140 trilhões de iuanes este ano, e a projeção até 2030 está de acordo com as propostas de seu próximo plano quinquenal, que prevê um crescimento anual de 4,17% nos próximos cinco anos.

A CIIE foi lançada pelo presidente Xi Jinping em 2018 para promover as credenciais de livre comércio da China e combater as críticas sobre seu superávit comercial com muitos países.

Mas ela tem seus céticos, já que os superávits comerciais do país com outros mercados só cresceram nos anos seguintes.

Embora o fornecimento de produtos manufaturados da China para o mundo esteja crescendo, sua contribuição para a demanda global é menos significativa, com as importações praticamente sem avançar -- uma dinâmica que, segundo economistas, alimenta a tensão comercial no exterior e a pressão deflacionária no país.

Este ano, o comércio global foi fortemente afetada pelas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Elas lançaram os EUA e a China em uma nova guerra comercial que resultou em ações de retaliação ao longo deste ano.

Na semana passada, Xi e o presidente dos EUA, Donald Trump, reuniram-se na Coreia do Sul para chegar a uma trégua comercial.

Os EUA concordaram em reduzir algumas tarifas sobre produtos chineses e suspender alguns controles de exportação, e a China concordou em suspender novas restrições de exportação de minerais de terras raras e ímãs e retomar as compras de soja norte-americana.

Mas os analistas dizem que isso pode não passar de uma trégua frágil em uma guerra comercial cujas causas ainda não foram resolvidas.

Em seu discurso, Li disse que a China quer aumentar suas importações de produtos de alta qualidade e enfatizou repetidamente que o país está aberto a negócios e ao comércio.

"Deixem que as empresas de todo o mundo se desenvolvam na China com mais tranquilidade, mais conforto e mais confiança", disse ele.

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2025

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarte-feira, 5, manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, conforme esperado pelo mercado.

A decisão do colegiado, unânime, ocorreu um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que, se fosse diretor do BC, votaria pela queda dos juros. Hoje, o ministro reclamou que debater juros virou “tabu” e diz sentir obrigação de opinar sobre o tema.

Essa é a terceira reunião consecutiva em que a autarquia mantém o nível da Selic. De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o BC aumentou a taxa em 4,50 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo apenas para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, que ocorreu após o fim da pandemia.

O BC não mudou a sinalização de que a Selic deve ficar neste patamar por “período bastante prolongado”.

"O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", disse o colegiado em comunicado. “O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”

Veja - SP   06/11/2025

A manutenção da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central em 15% ao ano era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Ainda assim, analistas leram com atenção o comunicado que a autoridade monetária emitiu na noite desta quarta-feira e sugerem duas conclusões. Os juros não devem cair tão cedo, com a aposta mais comum sendo de uma mudança no ciclo monetário apenas em março de 2026. O BC, de todo modo, utilizou uma linguagem um pouco mais “suave” ao divulgar a deliberação desta semana, indicando que o cenário econômico está um pouco mais benigno do que em setembro, quando o comunicado anterior veio a público.

“A barra para cortes em janeiro ficou um pouco mais alta, mas ainda há tempo até lá. Mantemos nossa projeção de início do ciclo em março”, escreveu a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal. A tendência de corte apenas em março também está nas projeções da Manchester Investimentos: “As apostas agora devem se concentrar em março”, diz o especialista Felipe Cima. A principal razão para isso é o Banco Central ter voltado a falar que “exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”. O mercado enfatiza a manutenção do “bastante” no comunicado deste mês de novembro.

A expectativa do mercado é que o BC não faça grandes alterações na sua comunicação por mais alguns meses. A autoridade monetária tem os olhos centrados na convergência do indicador com a meta, que é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. “O Banco Central deve se manter na postura hawk (dura) e sinalizar movimento somente quando a projeção de inflação para 2027 atingir o centro da meta”, escreve Felipe Tavares, economista-chefe da corretora BGC Liquidez. Essa projeção foi reduzida de 3,4% para 3,3%, como divulgado nesta quarta-feira. “É a única alteração relevante no comunicado”, avalia José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.

Os diretores da autoridade monetária brasileira reconhecem que o cenário econômico do país é “um pouco mais benigno” do que o constatado em setembro, segundo o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung. “Trocaram a mensagem de ‘certa moderação’ da atividade para ‘trajetória de moderação’ e também reconhecem arrefecimento da inflação e medidas subjacentes”, diz. Nesse sentido, a autarquia aponta que os dados de inflação melhoraram, mas segue em cautela frente à pressão do mercado de trabalho aquecido. “Mantém essa estratégia agora para ganhar mais graus de liberdade no futuro, quando houver espaço para iniciar os cortes”. Sung também aposta em um corte de juros em março. O estrategista da ONE Wealth Management, Pedro Cutolo, concorda que a redução da Selic não deve vir ainda neste ano. “(O BC reiterou) a intenção de manter a taxa no nível atual por um período prolongado. Em nossa avaliação, uma mudança nessa postura seria necessária para permitir uma eventual flexibilização da política monetária na reunião de dezembro”, diz.

IstoÉ Dinheiro - SP   06/11/2025

O Comitê de Política Monetária (Copom) revisou sua projeção para a inflação acumulada em 12 meses até o fim do segundo trimestre de 2027, de 3,4% para 3,3%. Na reunião desta quarta-feira, 05, esse se tornou o horizonte relevante da política monetária.

A projeção continua acima do centro da meta, de 3%. Isso indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus é insuficiente para fazer a inflação convergir ao alvo no período de seis trimestres observado pelo BC. As medianas indicam que a Selic estará em 15,0% no fim deste ano e vai cair a 12,25% no fim de 2026.

Nesta quarta-feira, o Copom manteve a Selic em 15,0%, em uma decisão unânime. A decisão era esperada por todas as 65 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Ao justificar a decisão, o colegiado disse que o “cenário segue incerto sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz o comunicado.

A cotação do dólar usada pelo comitê nas suas projeções permaneceu em R$ 5,40. A mediana do Focus para o IPCA de 2025 passou de 4,83% na reunião anterior para 4,55% agora. Para 2026, foi de 4,30% para 4,20%. Para 2027, passou de 3,90% para 3,80%.

A projeção do Copom para o IPCA acumulado em 2025 passou de 4,8% para 4,6%, ainda acima do teto da meta, de 4,50%. A estimativa para 2026 foi mantida em 3,6%.

Todas as estimativas levam em conta a evolução da taxa de câmbio conforme a paridade do poder de compra (PPC), a trajetória da Selic embutida no relatório Focus e o preço do petróleo seguindo a curva futura por aproximadamente seis meses, passando a aumentar 2% ao ano posteriormente.

Também nesse cenário de referência, o Copom ajustou as suas projeções para a inflação de preços livres em 2025 (5,0% para 4,5%), em 2026 (3,5% para 3,6%) e manteve as projeções no segundo trimestre de 2027 em 3,2%. A projeção para os preços administrados passou de 4,3% para 5,0% este ano, de 3,8% para 3,4% no próximo e de 3,7% para 3,5% no horizonte relevante.

Juros reais

Com a manutenção da Selic em 15%, o Brasil continua com a segunda maior taxa de juros reais do mundo, de 9,74%, segundo ranking do site MoneYou. O País está atrás apenas da Turquia, com 17,80%. A Rússia aparece no terceiro lugar, com 9,10%. Depois, figuram no ranking Argentina (5,16%) e Índia (4,21%).

O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil – que não estimula, nem deprime a economia – é de 5,0%.

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2025

Enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) prossegue com o ciclo de afrouxamento monetário, com corte de 0,25 ponto porcentual em outubro, outros bancos centrais ao redor do mundo mostram cautela e preferem esperar antes de dar o próximo passo. No rol dos países que mantiveram as taxas estáveis em suas últimas reuniões estão os BCs do Brasil, zona do euro, Inglaterra, China, Índia, África do Sul, Indonésia e Coreia do Sul.

Na reunião de quarta-feira, 5, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15% pela terceira vez seguida, e o mercado aposta que o mesmo deve ocorrer em dezembro. O ciclo de reduções, segundo o Projeções Broadcast, tende a começar em janeiro de 2026.

No caso brasileiro, a pausa reflete um ciclo de forte aperto monetário conduzido pelo Banco Central em resposta à desvalorização do real, ao aquecimento da economia e à piora nas expectativas de inflação. Nos últimos meses, porém, o cenário tem mostrado sinais de melhora. O balanço de riscos evoluiu de forma mais favorável, o que pode abrir caminho para o início de um novo ciclo de cortes de juros no primeiro trimestre de 2026.

Já nos Estados Unidos, o ciclo de relaxamento monetário começou com o enfraquecimento do mercado de trabalho. Agora, o recado do presidente do Fed, Jerome Powell, foi de cautela. Ele evitou sinalizar novos cortes de juros em dezembro, mas também não descartou essa possibilidade, reforçando que o ciclo não terminou — apenas segue em ritmo mais moderado. “O que há de comum entre Brasil e EUA é a incerteza acima do usual”, afirma o sócio-fundador da Eytse Estratégia, Sergio Goldenstein.

Ele cita a apreciação do real, a desaceleração dos núcleos de inflação e dos serviços subjacentes, o recuo das expectativas e o arrefecimento da atividade como justificativa para o início do processo de corte dos juros. “Há um espaço grande para o afrouxamento monetário (no Brasil), desde que o governo não atrapalhe via novas medidas fiscais e parafiscais expansionistas", diz Goldenstein.

Segundo ele, nos EUA, a taxa de juros deve caminhar para um patamar mais neutro no próximo ano, em torno de 3%, não apenas em razão do enfraquecimento do mercado de trabalho, mas também da perspectiva de uma composição mais dovish (mais favorável à queda dos juros) do Fomc.

O economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, observa que, de modo geral, outros bancos centrais vinham de um processo de flexibilização dos juros. “Alguns pararam porque concluíram o processo de ajuste. O Fed ficou um pouco para trás, quando o pessoal já estava cortando, e no Japão a expectativa é de alta. Não dá para colocar o Brasil no mesmo bolo, porque o BC cortou antes de todo mundo, teve de parar e depois voltou a subir.”
Tarifaço de Trump

Além dos riscos inflacionários, os bancos centrais que mantêm suas políticas monetária em “ponto morto” têm citado as incertezas causadas pelas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

“O ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”, disse o Copom, logo na abertura do comunicado da reunião de setembro. Segundo o BC, a imposição de tarifas comerciais ao Brasil e a política fiscal doméstica reforçam “a postura de cautela”.

Além disso, as expectativas de inflação seguem desancoradas, com pressões no mercado de trabalho mais resistente, o que exige “uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.

Goldenstein observa que, embora vários bancos centrais estejam em pausa, os momentos são distintos. “Não chamaria de uma pausa coletiva. Na zona do euro, a taxa de juros caiu de 4% em meados de 2024 para cerca de 2% em 2025, ou seja, levemente abaixo da taxa neutra”, afirma.

Mas o economista admite que, “sem dúvidas”, as incertezas sobre a política comercial de Trump dificultam o trabalho dos bancos centrais. “O Fed enfrenta um cenário mais nebuloso, agravado pelo shutdown (paralisação dos funcionários públicos), mas principalmente devido ao fato de a inflação permanecer elevada. De qualquer forma, a avaliação majoritária é de que os efeitos das tarifas serão temporários”, avalia.

No caso do Copom, o canal de transmissão seria a taxa de câmbio, diz. “Apesar de o cenário externo incerto, o real vem se valorizando de forma significativa no ano, puxado pelo enfraquecimento global do dólar e pelo elevado diferencial de juros.”

Entre os Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, apenas o Banco Central da Rússia segue em ciclo de afrouxamento, enquanto os demais mantêm postura estável diante de incertezas externas. O grupo, que recentemente incorporou Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, reflete políticas cautelosas e distintas condições domésticas.

Na Índia, o Banco Central (RBI), presidido por Sanjay Malhotra, manteve a taxa básica em 5,5% ao ano na reunião de outubro, citando um ambiente global volátil e desenvolvimentos internos relevantes. Malhotra afirmou que o comitê decidiu manter “postura neutra” e alertou para a falta de clareza sobre a política comercial internacional. O próximo encontro do RBI ocorrerá em 5 de dezembro.

Na China, o Banco Popular (PBoC), comandado por Pan Gongsheng, manteve suas taxas de referência pelo quinto mês consecutivo, com a LPR de 1 ano em 3% e a de 5 anos em 3,5%, diante da desaceleração da economia. O PBoC não divulga comunicado pós-reunião, e o próximo encontro deve ocorrer em dezembro.

Na África do Sul, o Banco Central (Sarb), liderado por Lesetja Kganyago, manteve em setembro a taxa básica em 7% ao ano, em decisão dividida. Segundo Kganyago, o colegiado aguarda os efeitos dos cortes anteriores, enquanto a inflação se aproxima gradualmente da meta de 3%. A próxima reunião está marcada para 20 de novembro.

Já o Banco Central da Rússia, presidido por Elvira Nabiullina, reduziu sua taxa básica em 0,5 ponto porcentual, para 16,50% ao ano, em 24 de outubro, afirmando que a economia “retorna à trajetória de crescimento equilibrado”, embora os preços ainda cresçam acima de 4% ao ano. A nova decisão será anunciada em 19 de dezembro.

Europa

O Banco Central Europeu (BCE), comandado por Christine Lagarde, manteve os juros pelo terceiro encontro consecutivo, com inflação próxima da meta de 2%. Lagarde reconheceu que as projeções seguem incertas e que o BCE permanecerá “em seu bom lugar” enquanto a economia não mostrar sinais claros de estabilização. A próxima decisão será conhecida em 18 de dezembro.

O Banco da Inglaterra (BoE), liderado por Andrew Bailey, também manteve em setembro sua taxa principal em 4%, diante da combinação de inflação persistente e crescimento fraco. Segundo o ING, o BoE ainda tende a cortar juros novamente, mas a Capital Economics projeta que isso só deve ocorrer em fevereiro de 2026, com sinais mais consistentes de desinflação. A próxima reunião está agendada para 7 de novembro.
Ásia e Oceania

No Japão, o Banco Central (BoJ), sob comando de Kazuo Ueda, manteve a taxa básica em 0,5% em outubro, reiterando postura prudente e atenção aos preços. A Oxford Economics prevê alta de 0,25 ponto porcentual na reunião de dezembro, embora veja risco de adiamento para janeiro, dependendo da economia e das políticas da primeira-ministra Sanae Takaichi.

Na Austrália, o Banco Central (RBA), presidido por Michele Bullock, manteve a taxa básica em 3,60% ao ano, em decisão unânime. Em comunicado, Bullock afirmou que a inflação voltou a subir no terceiro trimestre e que “ainda levará tempo” para os efeitos dos cortes anteriores serem sentidos. O próximo encontro do RBA ocorrerá em 3 de dezembro.

MINERAÇÃO

Brasil Mineral - SP   06/11/2025

O desempenho reforça o excelente momento operacional vivido pela companhia, com uma gestão cada vez mais eficiente em ativos que não tiveram aumentos de capacidade.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) produziu um novo recorde histórico de 11.911 mil toneladas de minério de ferro - incluindo compras de terceiros - no terceiro trimestre de 2025, um crescimento de 2,8% em relação ao trimestre anterior e de 4,1% na comparação anual. O desempenho reforça o excelente momento operacional vivido pela companhia, com uma gestão cada vez mais eficiente em ativos que não tiveram aumentos de capacidade. A CSN segue bem-posicionada e confiante no cumprimento de seu guidance anual de produção e compras, esperando ficar na banda superior de suas estimativas projetadas de 42 a 43,5 milhões de toneladas. A vendas alcançaram 12.396 mil toneladas no terceiro trimestre de 2025, um aumento de 4,8% em relação ao trimestre anterior e de 4,3% na comparação com o mesmo período de 2024. Essa foi a primeira vez na história que a CSN superou o montante de 12 milhões de toneladas em um único trimestre, o que ressalta os ganhos significativos de eficiência no escoamento da produção, com o Tecar tendo alcançado pela primeira vez a marca de 4 milhões de toneladas embarcadas em um único mês.

A Receita Líquida Ajustada totalizou R$ 4.405 milhões no trimestre, incremento de 29,3% quando comparado com o trimestre anterior e de 48,2% na comparação anual. Todo esse resultado reflete a combinação de volumes recordes de embarques com a melhora no preço realizado, em linha com a tendência favorável de demanda verificada no mercado chinês, enquanto o lucro bruto atingiu R$ 1.760 milhões no período, um crescimento de 71.1% em relação ao trimestre anterior, com uma Margem Bruta de 39,9%, ou 9,8% acima da verificada no 2T25. Tal melhora na rentabilidade reflete toda a excelência operacional verificada no período ao combinar volumes recordes com uma melhor realização de preço, seguindo a tendência favorável do Platts no período. Na comparação com o 3T24, o crescimento de rentabilidade foi na mesma magnitude, com a margem bruta subindo 9,3 p.p. e refletindo essa dinâmica mais forte de faturamento apresentada no trimestre.

A CSN Mineração registrou um lucro líquido de R$ 696 milhões no trimestre, contra um lucro líquido de apenas R$ 116 milhões registrado no trimestre anterior, o que representa um crescimento de 500% em relação à performance verificada no segundo trimestre do ano. Todo esse resultado reflete os recordes operacionais registrados no período, a melhora dos preços e as menores despesas financeiras. O EBITDA Ajustado atingiu R$ 1.991 milhões, com uma margem EBITDA Ajustada trimestral de 45,2%, o que representa um aumento de 8,0%. e 6,9% quando comparado com o 2T25 e 3T24, respectivamente. Esse aumento na rentabilidade reflete a retomada no preço do minério aos níveis acima de US$ 100/t acompanhado da melhor performance operacional já registrada na história da Companhia e da eficiente gestão de custos. No acumulado do ano, o EBITDA ajustado da Companhia foi de R$ 4,7 bilhões, com uma margem EBITDA ajustada de 41,8%.

No trimestre, a CSN investiu R$ 603 milhões, o que representa um aumento de 20,6% em relação ao trimestre anterior, como resultado dos esforços para manter o alto nível de execução da operação e conseguir atingir os recordes operacionais observados no período, além do avanço nos projetos de expansão, principalmente os relacionados às obras de infraestrutura da P15.

Revista Mineração - SP   06/11/2025

A Cedro Participações vai ampliar a capacidade produtiva de sua mina em Mariana, em Minas Gerais, com o objetivo de atingir 5 milhões de toneladas anuais de minério de ferro em processo a úmido. O projeto de expansão prevê uma ampliação gradual no volume de extração, além de fomentar a economia local.

Os investimentos em infraestrutura e equipamentos devem adicionar mais 2 milhões de toneladas de minério de ferro por ano na produção da mina de Mariana, que atualmente é de 3 milhões de toneladas. Além disso, toda a produção passará a ser de minério premium, conhecido como pellet feed, que é uma matéria-prima com alto teor de qualidade e baixos níveis de impurezas, capaz de reduzir em até 50% as emissões de carbono na atmosfera da indústria siderúrgica.

Essa solução soma-se às outras práticas inovadoras como a filtragem e empilhamento a seco, tecnologia que a Cedro Mineração já vem utilizado para eliminar completamente o risco das barragens de rejeito, e o reaproveitamento de 85% da água utilizada em seus processos.

A expansão da mina também abrange o arrendamento, por parte da Cedro, de uma jazida da Vale que teve o direito de exploração minerário autorizado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no último mês de setembro. Com R$ 4 bilhões em investimentos, o projeto permitirá o aproveitamento máximo da jazida e possibilitará mais incrementos de tributos e maior oferta de ROM pela Cedro Mineração.

O membro do Conselho de Administração da Cedro Mineração, José Carlos Martins, projeta que, com a ampliação da capacidade produtiva da mina, serão gerados cerca de 300 vagas de emprego diretas e outras mil indiretas na cidade, movimentando setores como serviços, comércio e transporte.

“Vamos combinar a ampliação da nossa capacidade, com a geração de mais empregos em Mariana e a adoção de tecnologias mais modernas em um só projeto. A Cedro vai promover um marco para a mineração regional e nacional, reforçando o papel estratégico do setor mineral no desenvolvimento econômico do Brasil”, ressalta.

O projeto para aumentar a capacidade produtiva em Mariana integra os planos da Cedro para atingir 9 milhões de toneladas até 2028, volume que deverá subir para 20 milhões até 2030, o que irá transformar a empresa na quinta maior mineradora de ferro do Brasil.

Um dos pontos estratégicos para a eficiência do processo produtivo desta expansão é a construção de um Transportador de Correia de Longa Distância (TCLD), uma correia transportadora, que terá 19 km, para ligar a mina com o terminal, dispensando o uso de caminhões no transporte do minério de ferro. De acordo com as estimativas da companhia, a execução da obra de criação da correia deve levar aproximadamente 24 meses para ser concluída.

“Queremos apresentar esse projeto como um modelo para outras operações. Nossa equipe de engenharia está coordenando uma série de estudos que avaliam a viabilidade de replicar a experiência em novos projetos a serem desenvolvidos. Queremos consolidar um novo padrão de produção no setor”, conclui Martins.

Além dessa ampliação, o planejamento da holding também inclui a construção do Porto do Meio, em Itaguaí (RJ), que irá redefinir o escoamento do minério de ferro brasileiro. Resultado de um investimento de R$ 3,6 bilhões, esse ativo vai permitir escoamento de até 25 milhões de toneladas de minério por ano, conectando as minas de Minas Gerais à estrutura portuária do país e dando novo fôlego às exportações.

Um dos grandes diferenciais está na verticalização do negócio, que possibilitará a Cedro se tornar a primeira mineradora de ferro 100% nacional e de capital fechado a controlar todas as etapas da cadeia, da extração ao embarque.

Infomoney - SP   06/11/2025

Os contratos futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian caíram pela quarta sessão consecutiva nesta quarta-feira, pressionados por preocupações com a demanda na China, principal mercado consumidor de minério, devido à fraqueza persistente do setor industrial.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China caiu 0,26%, para 776 iuanes (US$108,94) a tonelada.

O minério de ferro de referência de dezembro na Bolsa de Cingapura subia 0,1%, a US$103,7 a tonelada.
A atividade industrial da China em outubro expandiu-se em ritmo mais lento, já que os novos pedidos e a produção caíram em meio a preocupações com tarifas, mostrou uma pesquisa do setor privado na segunda-feira.

Na semana passada, dados oficiais mostraram que a atividade fabril da China encolheu pelo sétimo mês em outubro, caindo para 49,0 em outubro, de 49,8 em setembro, e permanecendo abaixo da marca de 50 que separa o crescimento da contração, devido a uma queda nos novos pedidos de exportação.

Os preços do minério de ferro devem continuar em baixa, com o enfraquecimento da demanda de aço, o aumento dos estoques domésticos desde o terceiro trimestre e a aceleração da oferta de minério de ferro importado, disse a corretora chinesa Galaxy Futures.

Analistas do ANZ disseram que, embora Hebei, uma das principais províncias siderúrgicas da China, tenha reeditado um alerta de proteção ambiental, as medidas continuam concentradas nas operações de sinterização e ainda não afetaram a atividade de alto-forno, limitando o impacto sobre a demanda de minério de ferro.

Ainda assim, ‘as principais incorporadoras imobiliárias da China aumentaram as aquisições de terrenos nos primeiros 10 meses de 2025, destacando uma recuperação cautelosa no setor imobiliário, conforme algumas incorporadoras intensificam os investimentos em meio às pressões financeiras contínuas’, disse a consultoria chinesa Mysteel em nota.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   06/11/2025

Projeto custará mais de US$ 200 milhões, segundo fonte; montadora se prepara para lançar cerca de 30 veículos elétricos (VEs) no país, nos próximos cinco anos

A Volkswagen pretende desenvolver na China um chip próprio de inteligência artificial (IA) especializado em recursos avançados de condução, dentro dos esforços da empresa alemã para tentar sobreviver no maior mercado automotivo do mundo.

A montadora europeia anunciou, nesta quarta-feira (5), que seu primeiro chip próprio está sendo desenvolvido na China por meio de um empreendimento conjunto entre sua unidade de softwares Cariad e a parceira chinesa Horizon Robotics, de softwares para direção inteligente. O prazo previsto para as primeiras entregas é de três a cinco anos.

“Ao projetar e desenvolver o ‘sistema integrado em chip’ [SoC, na sigla em inglês] aqui na China, estamos assumindo o controle de uma tecnologia-chave que definirá o futuro da direção inteligente”, disse o executivo-chefe da Volkswagen, Oliver Blume.

Um SoC é um circuito integrado que reúne componentes cruciais de um sistema computacional ou eletrônico em um único chip. Normalmente usado em telefones celulares e outros dispositivos conectados, esses chips são necessários para desenvolver e operar sistemas avançados de assistência ao motorista e condução autônoma.

Montadora prevê lançar cerca de 30 veículos elétricos no país

A aposta em desenvolver seu próprio chip de IA na China faz parte de um esforço mais amplo da empresa para ter um maior grau interno de pesquisa e o desenvolvimento em áreas como hardware, software e design de veículos. A montadora se prepara para lançar cerca de 30 veículos elétricos (VEs) no país nos próximos cinco anos.

A medida também reflete o desejo da Volkswagen de ter uma maior capacidade tecnológica interna, depois de sofrer com falta de chips causada pela pandemia de covid-19 e com as incertezas de longo prazo sobre o acesso da China a importações de semicondutores em tempos de aumento nas tensões com os Estados Unidos.

Durante anos, a Volkswagen foi a maior montadora da China, com uma participação de mercado superior a 20% no segmento de carros a combustão, segundo dados de vendas do país da firma de consultoria Automobility, de Xangai.

Já no segmento de VEs, que inclui carros totalmente elétricos e híbridos plug-in, a montadora não está nem entre a dez primeiras. Por sua vez, a participação das montadoras chinesas de VEs quase dobrou. Passou de cerca de 35%, em 2020, para quase 70%.

Centro de inovação de 1 bilhão de euros na China

Analistas têm elogiado a Volkswagen por ser uma das poucas empresas estrangeiras a fazer um esforço sério para reconquistar consumidores na China. Desde o fim de 2022, a montadora já fez uma série de investimentos de quase 4 bilhões de euros no país para tentar resgatar suas operações na China.

As iniciativas incluem a construção de um centro de inovação de 1 bilhão de euros e um investimento de 2,4 bilhões de euros na Horizon Robotics, uma empresa com sede em Pequim especializada em design de chips e softwares para sistemas avançados de assistência ao motorista.

A empresa alemã também pagou US$ 700 milhões por uma participação de 5% na Xpeng, em 2023, e assinou uma parceria com a montadora chinesa de VEs para desenvolver dois carros com a marca Volkswagen. O Financial Times noticiou em junho que o chip de IA Turing, desenvolvido pela própria Xpeng, seria usado nesses modelos.

A Volkswagen também destacou, nesta quarta-feira (5), que sua futura tecnologia SoC aumentará a capacidade de tomada de decisões em tempo real e o desempenho computacional de seus carros, o que melhorará a segurança e os recursos de direção inteligente. O desenvolvimento do chip custará mais de US$ 200 milhões, segundo uma fonte a par do assunto.

*Colaborou Eleanor Olcott, em Pequim

Exame - SP   06/11/2025

A Comissão Europeia planeja anunciar em dezembro a criação de uma nova categoria de veículos elétricos pequenos e acessíveis. O objetivo é estimular a produção europeia e enfrentar a concorrência da indústria chinesa. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 4, pelo comissário europeu para a Indústria, Stéphane Séjourné, durante o Dia da Indústria Automotiva, em Paris.

Segundo a Reuters, a iniciativa busca reduzir custos e simplificar exigências técnicas para montadoras que produzem modelos compactos. A ideia é que o novo quadro regulatório permita o lançamento de modelos elétricos na faixa de 15 mil a 20 mil euros, considerando que as regras atuais impactam diretamente o preço final.

O comissário acrescentou ainda que a proposta será formalmente apresentada pela Comissão Europeia em 10 de dezembro.

Medida busca reaquecer o mercado europeu e conter avanço chinês

A nova classificação criará uma categoria intermediária entre os quadriciclos leves e os automóveis convencionais, permitindo que os carros elétricos menores tenham menos exigências de segurança e tecnologia do que os modelos de grande porte. A medida deve reduzir custos de produção e tornar os veículos urbanos mais acessíveis para consumidores europeus.

O tema vem sendo discutido há meses entre fabricantes e reguladores, mas o cronograma da reforma ainda era incerto. Montadoras como a Renault, que produz o Kangoo ZE e outros modelos compactos, defendem ajustes nas normas para fortalecer a competitividade da indústria local.

O CEO do Grupo Renault, François Provost, sugeriu que a União Europeia mantenha as regulamentações automotivas congeladas por 10 a 15 anos para dar estabilidade ao setor e incentivar o desenvolvimento de carros pequenos, com até 4,2 metros de comprimento.

A medida é vista como uma resposta direta ao avanço das montadoras chinesas, que vêm aumentando a presença no mercado europeu com modelos elétricos de baixo custo. Pequenos carros urbanos com autonomia limitada, mas preços competitivos, têm atraído consumidores preocupados com o custo de transição energética.

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   06/11/2025

As obras do Trem Intercidades, que ligará São Paulo a Campinas, no interior de SP, estão marcadas para começar em maio de 2026.

A informação foi revelada por Pedro Moro, CEO da TIC Trens, em entrevista ao podcast Exame Infra, do portal Exame, na última quinta-feira (30/10).

O projeto prevê o início das intervenções pelo trecho entre Jundiaí e Campinas, onde as obras serão feitas do zero.

A TIC Trens protocolará o pedido de licença ambiental para esse trecho em breve. A versão prévia da licença já foi aprovada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Já em abril de 2027, as maiores dificuldades deverão surgir com o início das obras no trecho entre Jundiaí e São Paulo, uma vez que a operação da Linha 7-Rubi será afetada pela construção.

Como funcionará
O Trem Intercidades partirá da estação Água Branca, em São Paulo, e chegará a Campinas, no interior paulista, em 64 minutos.

Veja abaixo os principais detalhes do projeto:

Trajeto: Água Branca – Campinas

Tempo de viagem: 1 hora e 4 minutos (64 minutos)

Velocidade máxima: até 140 km/h

Capacidade: 860 passageiros por viagem

Preço previsto da passagem: R$ 64

Fase do projeto
No momento, a TIC Trens está em busca das licenças ambientais para avançar com as obras do Trem Intercidades.

Segundo Pedro Moro, o projeto tem três diretrizes principais:

Elaboração de todos os projetos executivos de obra, estações, sistemas e energia;

Obtenção das licenças ambientais;

Desapropriações.

Essas diretrizes orientam a próxima fase do empreendimento.

NAVAL

A Tribuna - SP   06/11/2025

O Porto de São Sebastião, no Litoral Norte, conclui a dragagem de manutenção do principal berço de atracação, uma das obras mais importantes para o terminal nos últimos anos. O serviço, conduzido pela Companhia Docas de São Sebastião (CDSS), estatal vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado (Semil), teve como objetivo garantir maior segurança à navegação e restabelecer as profundidades operacionais da área.

Com uma das maiores profundidades do País, de até 25 metros no canal de acesso, o Porto é estratégico para o escoamento de cargas no litoral paulista. O berço de atracação de navios, porém, sofre com o assoreamento natural causado por chuvas, correntes e ventos, o que exige dragagens periódicas. A última intervenção havia sido realizada em 2022.

Desta vez, estima-se que tenham sido retirados até a semana passada, quando o trabalho terminou, aproximadamente 60 mil metros cúbicos (m³) de sedimentos. Uma batimetria final será realizada nos próximos dias para confirmar a profundidade de projeto de 10 metros na bacia de manobra e no berço 101, principal ponto de atracação de navios do terminal.

Meses
Os trabalhos se estenderam por cerca de cinco meses, sem paralisações. A etapa de dragagem efetiva durou 45 dias com autorização do Ibama. Um dos principais pontos de atenção foi a Baía do Araçá, área de manguezal próxima ao porto. A região passou por monitoramento ambiental contínuo para evitar dispersão de sedimentos. Também foram realizados estudos de perfil praial.

“Esta dragagem é estratégica não apenas para a operação segura do porto, mas também para manter a competitividade e a eficiência logística do Porto”, afirmou Ernesto Sampaio, diretor-presidente da Companhia Docas de São Sebastião.

O encerramento da dragagem ocorre em meio a uma fase de crescimento do terminal. Até setembro deste ano, o Porto de São Sebastião movimentou 1,127 milhão de toneladas, com destaque para cargas de açúcar, malte, cevada, barrilha, coque e silicato de vidro.

Até setembro deste ano, o porto do Litoral Norte do Estado movimentou 1,127 milhão de toneladas.

Administrado pela Companhia Docas de São Sebastião (CDSS), vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), o Porto de São Sebastião é uma delegação federal ao Governo do Estado de São Paulo. Entre as principais cargas importadas estão barrilha, malte, cevada e produtos siderúrgicos; nas exportações, destacam-se açúcar, coque de petróleo, máquinas e equipamentos.

CNN Brasil - SP   06/11/2025

Os ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) devem analisar no plenário, em sessão extraordinária marcada para o dia 18 de novembro, o modelo de leilão do novo superterminal de contêineres no Porto de Santos (SP).

Segundo relatos feitos à CNN, o ministro Antonio Anastasia, relator do processo no órgão de controle, deve apresentar seu voto nessa data para os colegas.

O futuro Tecon Santos 10 prevê mais de R$ 6 bilhões em investimentos e permitirá ampliar em 50% a capacidade de movimentação de contêineres no maior porto da América Latina, que está à beira da saturação.

O governo pretendia realizar o leilão na segunda quinzena de dezembro, mas já admitiu que o certame deve ficar para 2026.

Depois da decisão do TCU, haverá a necessidade de ajustes para o edital definitivo, que precisa ser publicado pelo menos 30 dias antes da disputa na B3.

O modelo tem sido objeto de intenso lobby empresarial e de divergências entre órgãos públicos.

A Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e o MPor (Ministério de Portos e Aeroportos) entendem que o Tecon Santos 10 representa uma última oportunidade de desconcentrar mercado no porto e reforçar a concorrência.

Por isso, defendem um modelo de leilão com restrições, em duas fases. Na primeira, as atuais operadoras de terminais não poderiam participar, o que exclui gigantes da navegação como a suíça MSC e a dinamarquesa Maersk, donas do BTP em Santos.

Por essa proposta, as empresas incumbentes só poderiam acabar entrando em uma segunda fase, caso não haja nenhuma oferta na primeira etapa do leilão. Mesmo assim, teriam que se desfazer dos seus ativos atuais antes da assinatura do novo contrato.

O Ministério da Fazenda, por meio da Seae (Subsecretaria de Acompanhamento Econômico e Regulação), defende um modelo de leilão aberto à participação de todos os interessados.

A unidade técnica do TCU -- AudPortoFerrovia -- criticou a proposta da Antaq e do MPor, classificando as restrições como "ilegais". Na semana passada, o Ministério Público de Contas emitiu parecer seguindo na mesma linha.

Os auditores do tribunal sugerem apenas uma cláusula de "desinvestimento", com a venda das operações atuais em Santos, no caso de eventual vitória de uma das empresas incumbentes.

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) se manifestou recentemente e apontou riscos à concorrência, mas não foi taxativo sobre as regras do leilão.

Por tudo isso, o voto de Anastasia é aguardado com ansiedade por investidores interessados no novo terminal.

Nos bastidores, comenta-se sobre a possibilidade de apresentação de algum voto em separado, abrindo divergência entre ministros do tribunal e uma divisão do plenário entre dois modelos distintos.

Além da MSC e da Maersk, o grupo filipino ICTSI -- maior operadora "bandeira branca" de terminais de contêineres no mundo -- declara forte interesse no Tecon Santos 10.

A chinesa Cosco também já teve reuniões com o governo brasileiro sobre esse assunto e há uma expectativa, em Brasília, de que ela possa entrar.

O mercado também conta com a participação da JBS Terminais, que assumiu no ano passado operações em Itajaí (SC) e tem demonstrado apetite no setor portuário, com a contratação recente de profissionais renomados.

A DPW, gigante dos Emirados Árabes que detém um terminal de contêineres em Santos, também declarou interesse no leilão.

PETROLÍFERO

Infomoney - SP   06/11/2025

A cerca de 20 quilômetros do porto de Tianjin, nas águas cor de jade do Mar de Bohai, uma vasta estrutura metálica se ergue acima da superfície. A imponente plataforma offshore, 11-1 CEPJ, é o coração pulsante do campo de petróleo e gás de Caofeidian — e um monumento aos esforços multibilionários da China para se proteger das incertezas causadas por seus rivais.

A China busca há muito tempo reduzir o risco de ser o maior consumidor e importador mundial de energia. Mas a urgência e a escala dessa ambição aumentaram dramaticamente nos últimos anos e meses, junto com a tensão geopolítica e a ascensão do imprevisível Donald Trump à liderança dos EUA, que não hesitou em usar o comércio como arma. No mês passado, Washington também colocou na lista negra os dois maiores produtores de petróleo da Rússia, levando refinarias chinesas a cancelar algumas cargas.

Copom deve manter Selic em 15%. E o comunicado, manterá tom duro ou vai suavizar?

A grande dúvida é se o comunicado indicará um tom mais duro (hawkish) ou suavizado (dovish) diante do cenário de inflação e mercado de trabalho

Desde 2019, quando a última expansão da produção começou de fato, as grandes empresas chinesas gastaram US$ 468 bilhões em perfuração e exploração — um aumento de quase 25% em relação aos seis anos anteriores, suficiente para tornar a PetroChina a maior investidora mundial nesse período, superando até pesos-pesados como a Saudi Aramco. A produção já está se recuperando e, com Pequim provavelmente reforçando a autossuficiência, não há indicação de que o ritmo de investimento desacelere nos próximos anos.
“Nos últimos anos, vimos uma crise energética em todo o mundo”, disse Huang Yingchao, vice-presidente de gás natural da PetroChina International (Singapura), braço comercial da gigante energética, em uma conferência na semana passada. “Gás e GNL são como água da torneira e água engarrafada. A água da torneira é mais barata, mais confiável e a logística é mais fácil. Por isso, incentivamos a produção doméstica.”

Tudo isso está se tornando uma grande dor de cabeça não declarada para os maiores produtores mundiais de petróleo e gás. De Exxon Mobil a BP, corporações globais estavam acostumadas a ter a China como motor da demanda mundial por combustíveis fósseis. De fato, na última década, a China respondeu por mais de 60% do crescimento global da demanda por petróleo.

A Shell, uma das maiores fornecedoras mundiais de gás natural liquefeito (GNL), investe bilhões em novas ofertas de GNL esperando que a demanda global cresça 60% até 2040, impulsionada principalmente pela China. Seu CEO, Wael Sawan, disse em junho que o gás poderia representar 20% da matriz energética chinesa, contra apenas dígitos únicos hoje.

“Acreditamos que a China é um mercado enorme”, disse Hassan Alyami, vice-presidente da refinaria Ras Tanura da Aramco, em um evento do setor no mês passado. “A demanda está aumentando. Talvez agora esteja estável, mas em 2027 e além, a demanda vai crescer.”

Mas o passado pode não ser um bom indicador do futuro. A produção doméstica cresce justamente quando o ritmo de crescimento da demanda desacelera, com a economia em baixa e carros mais limpos dominando as ruas. Este ano já houve competição de outros combustíveis, e analistas da Sanford C. Bernstein esperam que a produção doméstica de gás supere o crescimento da demanda até o final da década, momento em que a China também pode aumentar o gás de dutos vindo da Rússia, reduzindo ainda mais o apetite pelo GNL importado.

Ainda assim, de janeiro a outubro, empresas globais aprovaram quase 100 bilhões de metros cúbicos de nova capacidade de exportação de GNL, o segundo maior volume já registrado em um ano. Só nos EUA, US$ 100 bilhões podem ser investidos em infraestrutura de exportação de GNL nesta década, segundo a Wood Mackenzie.

Trump afirmou que a China compraria mais energia dos EUA e até investiria no Alasca como parte de uma trégua comercial mais ampla. Mas, como em outras áreas-chave, como agricultura, isso não será por falta de opções alternativas.

“A China está aumentando a produção. Com a demanda por petróleo caindo ou estabilizando, isso neutraliza — ou oferece à China uma proteção contra — a pressão da administração Trump por domínio energético”, disse Erica Downs, pesquisadora sênior do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia. “Eles estão em um mundo completamente diferente e em uma posição ainda melhor do que durante o primeiro mandato de Trump.”

A China ainda consome muito mais do que produz, e isso dificilmente mudará em breve. Mas hoje ocupa o 7º lugar na produção de petróleo bruto, à frente de muitos membros da OPEP, e o 4º em gás natural.

Esse poder reflete a evolução das grandes petroleiras chinesas, que cresceram muito em tamanho e sofisticação neste milênio. PetroChina, Cnooc e Sinopec tornaram-se gigantes em produção, refino e comércio de petróleo, ao lado de rivais como Chevron e Shell. A produção anual da PetroChina cresceu quase 25% na última década, chegando a 1,8 bilhão de barris de óleo equivalente.

“As petroleiras chinesas surpreenderam não só o mercado, mas a si mesmas, superando metas de produção”, disse Michal Meidan, diretora de pesquisa sobre China no Instituto de Estudos Energéticos de Oxford. “Isso dá à China uma sensação de controle, especialmente com a demanda por petróleo em queda.”

Durante o primeiro governo Trump e a primeira guerra comercial, o presidente Xi Jinping pediu um esforço renovado para aumentar a produção doméstica. Desde então, a produção de petróleo subiu 13% e a de gás mais da metade. Ambas devem bater recordes este ano — o equivalente a adicionar quase um país do tamanho da Indonésia em petróleo e outro do tamanho da Argélia em gás ao balanço global.

Autoridades não divulgaram metas futuras específicas — a indicação pode vir no início do próximo ano, com a aprovação do 15º Plano Quinquenal pelo parlamento chinês. Mas deixaram claro que querem que o boom da perfuração continue. Esse novo plano econômico deve priorizar a expansão upstream, segundo fonte próxima ao governo.
“A tigela de arroz da energia”

O foco de Pequim na segurança dos hidrocarbonetos remonta aos anos 1950, quando a China rompeu com a União Soviética — e seus engenheiros — e aprendeu a evitar depender demais de outros. O primeiro campo petrolífero do país, Daqing, já era um modelo de autossuficiência, crescendo rapidamente com tecnologia, engenheiros e equipamentos direcionados a ele.

Essas preocupações ressurgiram há uma década, quando a OPEP lançou uma guerra de preços para frear o crescimento do petróleo de xisto dos EUA e combater a queda dos preços. A China ficou no meio do fogo cruzado, com campos antigos e caros que o chefe da PetroChina em 2016 disse não terem “esperança” de lucro, mesmo com a recuperação dos preços. A produção caiu 12% nos três anos seguintes.

Sob Xi, Pequim mudou isso. Em meio à guerra comercial com os EUA, ele destacou em 2018 a necessidade de aumentar a exploração e produção doméstica — a qualquer custo. Reforçou a mensagem em 2021, durante visita ao bloco Lai 113 no campo de Shengli, na província de Shandong.

“O desenvolvimento do petróleo é de grande importância para nosso país”, disse Xi a trabalhadores vestidos com macacões vermelhos retardantes de chama. “Como grande nação manufatureira, a China deve desenvolver sua economia real. A tigela de arroz da energia deve estar firmemente em nossas mãos.”

Quatro anos depois, em uma tarde fria e chuvosa em Shengli, Zhang Chuanbao, geólogo sênior da Sinopec, mostra aos visitantes tudo que a empresa fez para reviver a produção em um campo descoberto em 1961.

Ele para ao lado de dois tanques gigantes de dióxido de carbono liquefeito capturado de uma refinaria próxima. Bombas injetam esse CO2 profundamente nos reservatórios. A Sinopec destaca os benefícios ambientais de armazenar 1 milhão de toneladas de CO2 por ano, mas isso também ajuda a extrair mais petróleo e gás, aumentando a taxa de recuperação em 15%.

O projeto de captura de carbono deve aumentar a produção de petróleo em 3 milhões de toneladas nos próximos 15 anos, e a Sinopec busca outras formas de manter os 24 milhões de toneladas anuais do campo envelhecido, incluindo a exploração de xisto abaixo dele.

Todos esses avanços são possíveis graças a enormes investimentos recentes. Após o chamado de Xi para reforçar a perfuração doméstica, no ano seguinte as três grandes petroleiras adotaram um plano de ação para o desenvolvimento até 2025. A PetroChina, maior investidora, aumentou seu CAPEX em 16% em 2019, para US$ 42 bilhões, enquanto Cnooc e Sinopec aumentaram gastos em mais de 20% no mesmo ano. Em comparação, Exxon, Chevron, Shell e BP juntas aumentaram gastos em pouco mais de 5%.

O sucesso não era garantido. Seis ou sete anos atrás, as gigantes chinesas anunciavam planos de aumentar a produção em um momento de oferta global abundante. Analistas questionavam se priorizavam retorno aos acionistas ou serviço nacional.

Mas a decisão foi acertada. As empresas começaram a produzir mais barris justamente quando os preços dispararam, especialmente a partir de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A Cnooc teve lucros recordes naquele ano; a PetroChina repetiu em 2024.

“As empresas tiveram sorte”, disse Lin Chen, vice-presidente de pesquisa de petróleo e gás da Rystad Energy. “O preço do petróleo subiu acima do custo de produção, então quanto mais produziam, mais ganhavam.”

Hoje, a China vai além do suporte a campos antigos para manter a produção. Investe em xisto e empresas como a Ningxia Baofeng Energy construíram refinarias gigantes que convertem carvão em produtos de petróleo, químicos e gás natural — processo ainda mais poluente que o petróleo tradicional.

O maior sucesso está no mar. A Cnooc aumentou sua produção doméstica — toda offshore — em 60% entre o fim de 2018 e 2024.

O símbolo dessa vitória é o Mar de Bohai, no nordeste da China, que superou os campos terrestres para se tornar a maior região produtora do país. Protegido por penínsulas de Shandong a oeste e Liaoning ao norte, abriga 60 campos e mais de 200 plataformas extraindo petróleo e gás do fundo do mar.

Uma delas é a Caofeidian 11-1 CEPJ. Nomeado pela cidade costeira próxima, o campo faz parte da rede em Bohai que produz mais de 650 mil barris de óleo equivalente por dia — cerca de um décimo da produção nacional.

A instalação de processamento é um enorme conjunto de passarelas verdes, trilhos amarelos, andaimes, guindastes vermelhos e brancos e um labirinto cinza de tubos e válvulas isolados. Não destoaria do Golfo do México ou do Mar do Norte, e isso não é por acaso. Os perfuradores chineses têm parceria há anos com petroleiras ocidentais mais experientes. Adaptaram técnicas e, em alguns casos, as melhoraram, disse Lin. A Cnooc reduziu o tempo da descoberta à primeira produção de três para dois anos, menos que muitas empresas internacionais.

A Cnooc respondeu por mais de dois terços do aumento da produção nacional nos últimos cinco anos e espera crescimento até pelo menos 2027. Tem mais campos em Bohai e no Mar do Sul da China para explorar e continua a buscar avanços tecnológicos, como a primeira perfuração bem-sucedida de um poço offshore de quase 10 mil metros de profundidade.

“Quando olho para 2018, conversei com alguns trabalhadores na época, e eles não achavam que fosse possível”, disse Lin, da Rystad, sobre a ordem para aumentar o consumo doméstico. “Mas com o tempo, disseram: ‘Ah, tudo é possível na China.’”

Nos próximos anos, a produção de petróleo e gás deve seguir caminhos diferentes. A produção de petróleo deve se estabilizar nos níveis atuais, enquanto o gás tem espaço para crescimento significativo, segundo Meidan, do OIES.

A produção doméstica constante ainda é uma vantagem se o apetite nacional por hidrocarbonetos começar a diminuir, como previsto — e Pequim segue firme.

“A China está dando mais ênfase à autossuficiência — em tecnologia, energia, em tudo”, disse Downs, da Universidade de Columbia. “Segurança energética continua sendo prioridade número um.”

Infomoney - SP   06/11/2025

Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda nesta quarta-feira, 5, e estenderam as perdas da última sessão, após aumento nos estoques da commodity nos EUA e persistência de preocupações sobre um possível excesso de oferta.

O petróleo WTI para dezembro, negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex), fechou em queda de 1,59% (US$ 0,96), a US$ 59,60 o barril. Já o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange de Londres (ICE), recuou 1,43% (US$ 0,92), a US$ 63,52 o barril.

Nesta quarta, o Departamento de Energia (DoE) norte-americano informou que os estoques de petróleo subiram 5,202 milhões de barris, contrariando as expectativas de queda dos analistas consultados pelo The Wall Street Journal. O dado também mostrou recuo nos estoques de gasolina, destilados e taxa de utilização de refinarias, levando os preços da commodity a reduzirem perdas brevemente, antes de retomarem queda forte.
De acordo com o ING, o petróleo teve um desempenho “relativamente bom em comparação a outros ativos” na terça, embora as preocupações com o excesso de oferta e demanda incerta afetem o sentimento do mercado. Por outro lado, os preços recebem certo suporte dos riscos de interrupção no fluxo de petróleo russo devido a guerra na Ucrânia e às sanções dos EUA.

Durante a madrugada da terça, uma refinaria da Lukoil, em Nizhny Novgorod, na Rússia, foi atingida por drones da Ucrânia, segundo informações do The Kyiv Independent. A ofensiva aconteceu enquanto o local passava por reparações em suas estruturas de processamento primário de petróleo.

O Ritterbusch avalia que balanços globais de petróleo cada vez mais negativos estão sendo observados, mas que são contrabalançados pela necessidade de manter um prêmio de medo relacionado à guerra entre Ucrânia e Rússia, “onde permanece a possibilidade de novos ataques ucranianos à infraestrutura petrolífera russa”.

Valor - SP   06/11/2025

O excesso de oferta de petróleo tem ajudado a amortecer o impacto das interrupções comerciais causadas pelas sanções

As sanções contra a Rússia e o Irã estão criando volumes recordes de petróleo armazenado em navios, o que está impedindo o excesso de oferta nos mercados globais, afirmou nesta quarta-feira o CEO do Gunvor Group.

A União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos impuseram uma série de sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia — sendo que o último embargo americano, em outubro, mirou as duas maiores produtoras de petróleo russas: Rosneft e Lukoil.

O excesso de oferta de petróleo tem ajudado a amortecer o impacto das interrupções comerciais causadas pelas sanções, mantendo os mercados estáveis e reduzindo a volatilidade dos preços, disse Torbjörn Törnqvist, CEO da Gunvor Group, empresa suíça de comércio de commodities, durante a conferência de energia ADIPEC, em Abu Dhabi.

No entanto, ele acrescentou que as sanções também resultaram em uma “enorme quantidade” de petróleo deslocado, parte do qual está sendo armazenado em petroleiros.

“Isso é algo sem precedentes, pelo tamanho dessa operação. Portanto, obviamente, se todas as sanções fossem suspensas, o mercado ficaria claramente com excesso de oferta”,afirmou Törnqvist.

Os preços globais do petróleo caíram em outubro pelo terceiro mês consecutivo, devido ao temor de excesso de oferta, já que a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e seus aliados estão aumentando a produção, enquanto produtores fora do grupo também expandem a oferta.

A oferta de petróleo pode superar a demanda em 2 milhões de barris por dia no próximo ano, afirmou Marco Dunand, CEO e cofundador da Mercuria, também presente na conferência. No entanto, ele ressaltou que as sanções ocidentais continuam sendo um fator imprevisível, capaz de conter o crescimento da oferta.

“Isso provavelmente significa que, de um excedente de 2 milhões de barris por dia, passamos para algo mais próximo de 1 milhão de barris por dia”,disse Dunand

“É verdade que os estoques globais de petróleo estão baixos. Também é verdade que há muito petróleo no mar, então o excesso de oferta está se formando lentamente e deve atingir o mercado nos próximos meses.”

IstoÉ Online - SP   06/11/2025

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) adotem medidas urgentes para reverter a redução na oferta de áreas e autorizações para exploração e produção de petróleo e gás natural.

O tema foi analisado em auditoria operacional que identificou falhas na governança do setor e apontou risco elevado à segurança energética e à sustentabilidade fiscal. O trabalho, conduzido pela Unidade de Auditoria Especializada em Petróleo, Gás Natural e Mineração (AudPetróleo), estimou que, no pior dos cenários, os prejuízos, somando royalties, arrecadação tributária e perda de investimentos, somaria R$ 10 trilhões, sendo R$ 7 trilhões relativos a perdas de investimentos.

A AudPetróleo concluiu que a queda na oferta de blocos exploratórios não decorre de uma estratégia de transição energética, mas de ineficiências e entraves administrativos. Os principais problemas envolvem a inoperância das Avaliações Ambientais de Área Sedimentar (AAAS) e a demora na emissão de Manifestações Conjuntas (MCs) pelos dois ministérios, exigidas antes da liberação de novas áreas.

Em seu voto, o ministro relator Jhonatan de Jesus destacou que o setor de óleo e gás é “um pilar fundamental da economia nacional”, responsável por cerca de 17% do PIB industrial da última década. Segundo ele, o País precisa harmonizar a política de aproveitamento dos recursos petrolíferos com os compromissos de descarbonização.

“A exploração e a transição energética não são objetivos excludentes, mas desafios complementares que exigem governança coordenada e planejamento estatal sofisticado”, afirmou o ministro, observando que os projetos de exploração têm maturação de longo prazo e dependem de estabilidade regulatória.

O TCU determinou que o MME e o MMA, com apoio da Casa Civil, instalem em até 30 dias a comissão interministerial prevista na Portaria 198/2012, responsável pelas AAAS. Também foi fixado prazo de 120 dias para que os dois ministérios adotem providências que permitam a conclusão dos estudos pendentes das bacias do Solimões e Sergipe-Alagoas/Jacuípe, com base em pareceres técnicos e observância dos princípios de razoabilidade e eficiência.

Em relação às manifestações conjuntas, o tribunal recomendou a criação de rotinas integradas e sistemas administrativos entre MME, MMA e Agência Nacional do Petróleo (ANP) para garantir a emissão tempestiva das autorizações previstas na Portaria 1/2022. O relator também sugeriu mecanismos de priorização para casos simples, como renovações de autorizações ou áreas já exploradas, de modo a evitar atrasos desnecessários.

O acórdão aprovado pelo plenário alerta ainda para o descumprimento recorrente dos prazos legais, que contribuiu para o represamento de blocos e licenças nos últimos anos. O tribunal destacou que sua atuação já levou à emissão de oito novas manifestações conjuntas entre o fim de 2024 e o início de 2025, reduzindo o risco de paralisação no curto prazo.

Valor - SP   06/11/2025

Produção deve crescer com a conclusão da compra do campo Peregrino e o início da produção do campo Wahoo, detalhou o presidente da petroleira, Roberto Monteiro

A Prio deve focar os esforços nos próximos seis a oito meses nas operações para que a companhia possa alcançar a marca de 200 mil barris por dia, disse o presidente da empresa, Roberto Monteiro.

O executivo disse que a compra do campo de Peregrino, na Bacia de Campos, das mãos da Equinor será em duas etapas - sendo inicialmente de 40%, posteriormente assumindo os 20% restantes, para que passe a deter 100% do ativo. Com a conclusão da compra de 40% de Peregrino, a empresa passará dos atuais 115 mil barris/dia para 150 mil barris/dia.

O início da produção de outro campo, Wahoo, elevará a produção da Prio para 190 mil barris/dia, afirmou. Concluída a compra dos 20% restantes de Peregrino, a empresa chegaria a 200 mil barris/dia.

A petroleira independente realizou teleconferência com analistas nesta quarta-feira (5) para falar sobre os resultados do terceiro trimestre. A companhia registrou lucro líquido de US$ 63,99 milhões, uma queda de 59% em relação aos US$ 156,57 milhões verificados em igual período em 2024. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da Prio teve redução de 2% no terceiro trimestre ante igual período no ano passado, ao totalizar US$ 334,72 milhões. A receita líquida, por outro lado, subiu 18% em relação ao terceiro trimestre de 2024, somando US$ 557,61 milhões.

Os custos de produção da Prio no trimestre cresceram, puxados pela incorporação do campo de Peregrino e pelas paradas do ativo em julho (programada) e agosto (interdição pela ANP por questões técnicas).

A parada de produção em Peregrino (que durou 63 dias no total) foi desafiadora para a empresa, mas o desempenho dos outros campos da petroleira no período “foi melhor”, contrabalançando a interrupção, disse Monteiro.

Segundo o executivo, a parada de Peregrino acabou “manchando” o trimestre, mas houve pontos positivos com a operação dos campos de Frade, Albacora Leste e Tubarão Martelo, além da emissão da licença de instalação no campo de Wahoo.

Peregrino retomou a produção em meados de outubro. Monteiro disse que os custos de produção (lifting cost) do campo, que ficaram em US$ 17,40 por barril no terceiro trimestre, cresceram porque a companhia considerou gastos com as atividades no ativo como despesas.

“Não vamos colocar nada para a frente. Nosso tratamento foi lidar tudo como despesa”, disse Monteiro. O executivo disse ainda que o quarto trimestre ainda deve ter reflexos da parada de Peregrino.

Caixa

A Prio fortaleceu a posição de caixa e a estrutura de capital com a emissão de US$ 700 milhões em títulos (bônus), disse o presidente da companhia. Segundo Monteiro, os recursos entram no caixa no quarto trimestre.

Também presente à teleconferência, o diretor financeiro, Milton Rangel, disse que com a emissão dos bônus e o lançamento de US$ 539 milhões em debêntures simples, a Prio deve observar mudanças no perfil de amortização da dívida nos próximos anos.

Como exemplo, explicou Rangel, em 2026, a Prio não terá dívida a ser amortizada, em um momento importante de alocação de capital, que inclui a conclusão da compra de 60% de participação em Peregrino, que pertence à Equinor, e o fim dos investimentos no campo de Wahoo, ambos localizados na Bacia de Campos.

Recompra de ações

Monteiro disse ainda que a empresa não vai realizar novos programas de recompra de ações enquanto a alavancagem não chegar aos níveis desejados pela Prio.

De acordo com o executivo, a empresa deve ficar confortável quando a alavancagem, ou a relação entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) estiver em torno de 1,0 vez, o que pode ocorrer entre meados e o fim de 2027. “[Nesse nível], abre espaço para um bom programa de recompra.”

RODOVIÁRIO

Grandes Construções - SP   06/11/2025

A cidade de Campinas se desenvolve como um polo logístico e tecnológico. A terceira maior cidade do estado de São Paulo recebeu, no início de 2025, o maior volume de investimentos da região, contabilizando R$3 bilhões investidos em rodovias.

O capital aplicado foi destinado à finalização das obras da Rodovia Miguel Melhado, iniciada em 2022, e ao recapeamento do Sistema Anhanguera-Bandeirantes, a maior obra em extensão já realizada no sistema viário paulista. A entrega das obras traz mudanças significativas para o setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC).

A duplicação da Rodovia Miguel Melhado facilitará o acesso ao aeroporto de Viracopos, que possui um dos terminais de cargas mais movimentados da América Latina.

“A duplicação da Rodovia Miguel Melhado, quando finalizada, vai ajudar o TRC a chegar ao Aeroporto de Viracopos com mais eficiência e rapidez, além de desafogar o fluxo para os usuários como um todo”, diz José Alberto Panzan, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP).

O setor é um dos principais pilares da logística no Brasil, uma vez que é responsável por 65% da movimentação de cargas no país, de acordo com o Relatório Executivo do Plano Nacional de Logística 2025. O transporte de cargas garante a distribuição de produtos de maneira ágil e eficiente, com capacidade para atender diferentes segmentos.

Além disso, o setor também é fundamental para a integração com outros modais de transportes, como ferroviário e aquaviário.

As rodovias Anhanguera e Bandeirantes receberam R$1 bilhão de investimento para o recapeamento dos mais de 2 mil quilômetros. Diariamente, as estradas recebem mais de 950 mil usuários e, apenas o trecho de Campinas é percorrido por 180 mil veículos.

“Grandes investimentos na infraestrutura de regiões como a cidade de Campinas trazem incontáveis benefícios para as empresas. Com melhores condições das rodovias, os veículos passam por menos reparos por desgaste, além de diminuir o tempo de passagem por algumas dessas vias. A economia local também pode se beneficiar desses investimentos, atraindo cada vez mais capital para melhorias da região’, diz.

Embora as obras tenham sido adiadas, - a Rodovia Miguel Melhado tinha como prazo de entrega setembro de 2024, mas será entregue em outubro do ano seguinte.

“Mesmo com o adiamento de algumas obras, é importante o investimento em nossas rodovias. O crescimento do terceiro maior parque industrial do Brasil precisa ser acompanhado de uma estrutura que o ajude a crescer e, assim, trazer mais investimentos”, Panzan.

AGRÍCOLA

Exame - SP   06/11/2025

Os juros altos e a dificuldade de acesso ao crédito devem desestimular os agricultores paulistas a investir em máquinas, implementos e infraestrutura na safra 2025/26, mostra uma pesquisa da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), divulgada nesta quarta-feira, 5.

O estudo, que ouviu 263 produtores de 117 municípios de São Paulo, revela que mais da metade dos entrevistados (53,4%) não tem planos de realizar investimentos nesta temporada.

"O conjunto de preços baixos, custo de produção alto, serviço da dívida alto (refinanciamento ou prorrogação), associados a frustrações passadas de safra que deixaram um estoque de dívidas, é que tem imposto cautela aos produtores", diz Claudio Brisolara, gerente do departamento Técnico e Econômico da Faesp.

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