Valor - SP 04/07/2025
Siderúrgica japonesa contratou até 500 bilhões de ienes para quitar empréstimos de curto prazo contratados para a aquisição da U.S. Steel, e quer obter mais 300 bilhões de ienes para refinanciar operações contratadas em 2020.
A Nippon Steel planeja levantar até US$ 5,6 bilhões em empréstimos subordinados, como parte dos esforços para fortalecer seu balanço patrimonial após a aquisição da U.S. Steel por US$ 14 bilhões.
A siderúrgica japonesa disse nesta quinta-feira (3) que assinou contratos de empréstimos subordinados comprometidos no valor de até 500 bilhões de ienes, equivalente a US$ 3,48 bilhões, para quitar os empréstimos de curto prazo contratados para a aquisição da U.S. Steel.
A Nippon Steel também afirmou que obterá novos empréstimos subordinados de 300 bilhões de ienes para refinanciar parte dos empréstimos existentes contratados em 2020.
A empresa explicou que esses empréstimos terão atributos e características semelhantes às do capital próprio, como a opção de adiar pagamentos de juros, prazos de vencimento de longo prazo e subordinação em casos de liquidação ou processos de falência.
A Nippon Steel disse esperar que as agências de classificação considerem 50% dos recursos captados como capital próprio para efeito de suas avaliações de crédito.
Em junho, a Nippon Steel concluiu a tão desejada aquisição da U.S. Steel, após garantir um acordo de segurança nacional com o governo Trump, que liberou o avanço da operação.
O acordo prevê que a Nippon Steel realize cerca de US$ 11 bilhões em novos investimentos nos próximos três anos. Um compromisso de construir uma nova usina siderúrgica após 2028 elevaria o investimento total para US$ 14 bilhões.
A Nippon Steel também informou que registrará uma perda de cerca de US$ 1,58 bilhão relacionada à venda de sua participação em uma joint venture sediada no Alabama para a parceira ArcelorMittal. A venda da participação teve como objetivo resolver preocupações antitruste.
A U.S. Steel, que gerou quase US$ 16 bilhões em vendas no ano passado, fornece principalmente aço laminado para as indústrias automotiva, de eletrodomésticos e de construção.
A Nippon Steel vinha interessada em adicionar o negócio nos EUA para ajudar a compensar a queda nas vendas no Japão.
Globo Online - RJ 04/07/2025
Bancos e corretoras de investimentos estão revisando para baixo suas projeções para o câmbio e para a inflação deste ano. E já há quem veja o IPCA de 2026, dentro do teto da meta, em 4,5%, e até antecipe o início de cortes nos juros pelo Banco Central para o fim deste ano. A desvalorização do dólar é um dos fatores fundamentais para essa mudança nas tendências, afinal representa uma redução da pressão inflacionária e sobre os juros. O primeiro a revisar as previsões esta semana foi o Bradesco, que reduziu a estimativa para o IPCA de 5,4% para 5% este ano, a expectativa para o dólar de R$ 5,70 para R$ 5,50 e uma inflação em 3,8% em 2026, já próxima ao centro da meta que é 3%. Nesse cenário, o banco enxerga que há espaço para corte de juros no final desse ano, para 14,5%, encerrando o ciclo em 11,75% em 2026.
- A revisão do câmbio está principalmente ligada ao ambiente global, com enfraquecimento da moeda norte-americana. Várias moedas emergentes se beneficiaram, mas o real tem tido uma performance relativa até melhor, dado o seu diferencial de juros. Com o câmbio mais apreciado, a inflação deve se beneficiar. A forte alta do câmbio do segundo semestre do ano passado já está se dissipando nos dados de inflação e já vemos os impactos baixistas da valorização recente nos preços aos produtores e em alguns itens industrializados para os consumidores. No segundo semestre, essa tendência será reforçada pela esperada moderação do crescimento - afirma Myriã Bast, superintendente de Pesquisa Econômica do Bradesco.
Nesta quinta-feira, foi a vez de XP e C6 Bank também reverem para baixo as estimativas para inflação, projetando o IPCA também em 5% para este ano e a cotação da moeda americana para R$5,50. Enquanto a XP prevê que a inflação em 2026 fica dentro da meta, em 4,5%, o C6 Bank projeta uma aceleração da inflação no próximo ano para 5,7%, pressionada por um câmbio mais alto, na faixa dos R$ 6 e por uma economia ainda resiliente, fruto de um mercado de trabalho que se mantém aquecido apesar dos juros altos.
- Na nossa avaliação, a economia, apesar de ligeira desaceleração, ainda continua crescendo acima ou muito próxima do PIB potencial, que calculamos em 1,5%, e os juros não serão suficientes para desaquecer o mercado de trabalho. Isso, somado a um câmbio um pouco mais valorizado e o fato de que em ciclos eleitorais dificilmente há ajustes fiscais, nos levou a prever uma inflação maior para o ano que vem - explica Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
Já Myriã, do Bradesco, não descarta a possibilidade de novas revisões baixistas no horizonte:
- O câmbio continua desvalorizado em termos históricos e quando consideramos os fundamentos. Por isso, seria possível uma valorização adicional, desde que diminuíssem incertezas domésticas, especialmente aquelas sobre condução da política econômica. Nesse caso, a inflação poderia ser revisada também para baixo. Por fim, o crescimento deve moderar, mas crescer 2,1% no ano, uma surpresa baixista nesse número, também contribuiria para uma possível revisão baixista de inflação e antecipação da discussão de cortes de juros.
O economista Sérgio Vale, da MB Associados, diz já trabalha com a inflação a 4,9% para esse ano há semanas, assim como o corte de juros de meio ponto percentual na última reunião do Copom este ano, em dezembro.
- A dúvida toda que fica é quanto vai ser essa queda no próximo ano, ano eleitoral. A composição do Banco Central a essa altura do ano que vem, já será toda escolhida pelo governo Lula, fica a ideia de que talvez não haverá muito espaço para quedas muito fortes, por conta de um efeito de reputação que a autoridade monetária vai precisar trabalhar. De qualquer maneira, tem uma janela para queda de juros no fim deste ano, começo de 2026, que já está no nosso cenário. Por enquanto, esperamos 0,5 de queda esse ano, 0,5 no começo do ano que vem, ficando em 14%. Mas há chance de ter uma queda adicional, é bastante grande. O problema todo é que a gente continua com uma taxa de desemprego muito baixa, o que significa que você tem uma economia que está ainda aquecida. Por isso, acreditamos que a inflação vai se acomodar em 4,5% - diz Vale.
Na avaliação do economista Sérgio Goldesntein, no entanto, é improvável que a redução da Selic se inicie este ano:
- O BC deu um recado bem duro e enfático com relação à manutenção da Selic por um período bastante prolongado. Parece improvável que o início do ciclo de relaxamento monetário comece neste ano. Para isso acontecer, seria necessária uma combinação de fatores: continuidade da trajetória de apreciação do real, arrefecimento acima do esperado da atividade e do mercado de trabalho e uma reancoragem (ainda que parcial) das expectativas de inflação. Já a revisão para baixo da inflação faz sentido em função do câmbio - pondera.
Segundo Claudio, do C6 Bank, levantamentos feitos pela instituição indicam que, quando o Banco Central se referiu à manutenção da taxa por tempo prolongado, os juros se mantiveram no mesmo nível por cerca de um ano. Se acompanharem esse histórico, diz a economista, o corte só viria em meados do próximo ano.
Rodolfo Margato, economista da XP, no momento, a tendência no momento é mais baixista do que altista:
- Existe possibilidade de ajustes baixistas adicionais nas projeções de taxa de câmbio e consequentemente de inflação. Acho que os riscos são mais baixistas do que altistas neste momento, mas vemos como bem calibradas as expectativas de R$ 5,50 por dólar no final deste ano, 5% de IPCA em 2025, 4,5% em 2026, e de Selic em 15% até o comecinho do ano que vem, então um ciclo de afrouxamento monetário com a taxa chegando a 12,5% no terceiro trimestre do ano que vem. - diz o economista, destacando a corretora antecipou de abril para janeiro a expectativa de início de corte da Selic.
Infomoney - SP 04/07/2025
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que não foi vista inflação em decorrência as tarifas, que não são inflacionárias, na avaliação dele, em entrevista para a CNBC, nesta quinta-feira. “Você pode ter um aumento de preço único por conta das tarifas. Mas em termos de inflação econômica generalizada, não acho que causem isso”, mencionou.
Segundo Bessent, os comentários de que as tarifas prejudicariam a economia e os mercados não se concretizaram. “O mercado teve a recuperação mais rápida de todos os tempos, desde a mínima de abril. E estamos em novas máximas no mercado”, defendeu.
Em relação à outros acordos comerciais, o secretário disse que todos esperam até o último minuto pelas negociações. “Eles acham que podem conseguir o melhor negócio. E, como já avisei, quando fiz outras entrevistas, esses países devem ter cuidado porque suas taxas podem voltar como um bumerangue para a taxa de 2 de abril”, afirmou.
Na ocasião, ele reafirmou sua expectativa de que o projeto de lei orçamentário proposto pelo presidente americano, Donald Trump, será aprovado. “Tenho grande respeito por Elon Musk em relação aos foguetes, deixo isso para ele. Ele pode deixar as finanças comigo”, respondeu, ao ser questionado se as opiniões do CEO da Tesla sobre o projeto de lei estão erradas.
Infomoney - SP 04/07/2025
A XP antecipou sua perspectiva para o início do afrouxamento monetário no Brasil para janeiro, de abril anteriormente, calculando a taxa básica de juros Selic em 12,5% ao final de 2026 e prevendo inflação mais fraca tanto este ano quanto no próximo.
O Banco Central elevou a Selic a 15% ao ano no mês passado e antecipou uma interrupção no ciclo de alta de juros na próxima reunião, considerando que a taxa deve permanecer inalterada por “período bastante prolongado”.
“Com o alívio na inflação de curto prazo, o BC deve gradualmente ganhar confiança de que a política monetária está funcionando”, disse a XP em nota assinada pelo economista-chefe Caio Megale e sua equipe.
A XP ressaltou ainda que a queda da Selic no próximo ano pode ser ainda maior se a perspectiva de reformas fiscais após as eleições ganhar força.
Segundo a nota a previsão para a alta do IPCA em 2025 foi reduzida de 5,5% para 5,0%, refletindo uma taxa de câmbio mais apreciada e moderação nos preços ao atacado. Para 2026, a projeção recuou de 4,7% para 4,5%, em linha com a menor inércia inflacionária, explicou a XP.
Em relação ao câmbio, a XP citou um cenário global de dólar fraco para revisar as projeções de R$5,80 para R$5,50 por dólar no final de 2025, e de R$6,10 para R$5,70 no final de 2026.
Houve ainda manutenção das estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2,5% este ano e 1,7% em 2026. “O mercado de trabalho aquecido, as medidas de estímulo e o forte desempenho de setores menos sensíveis ao ciclo devem suavizar a desaceleração da atividade”, disse.
CNN Brasil - SP 04/07/2025
O déficit comercial dos Estados Unidos aumentou acentuadamente em maio com queda das exportações, mas as importações em baixa sugerem que o comércio ainda pode liderar a esperada recuperação do crescimento econômico no segundo trimestre.
O déficit comercial aumentou 18,7% em maio, chegando a US$ 71,5 bilhões, informou o Departamento de Comércio nesta quinta-feira (3).
Os dados de abril foram revisados para mostrar que o déficit comercial diminuiu para US$ 60,3 bilhões, em vez dos US$ 61,6 bilhões informados anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam que o déficit aumentaria para US$ 71,0 bilhões.
O déficit comercial cortou um recorde de 4,61 pontos percentuais do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, sendo responsável por grande parte da retração de 0,5% do PIB durante esse período.
A expectativa é de reversão no segundo trimestre, embora o impulso esperado do comércio provavelmente seja parcialmente compensado pelos gastos mornos do consumidor.
As tarifas abrangentes do presidente Donald Trump, que levaram as empresas e as famílias a antecipar importações e compras de mercadorias para evitar preços mais altos decorrentes das tarifas, confundiram o cenário econômico.
Os economistas alertaram que pode levar algum tempo para que as distorções relacionadas às tarifas sejam eliminadas dos dados econômicos.
Exame - SP 04/07/2025
O ambiente mais adverso levou a Vale (VALE3) a reduzir sua previsão de produção de pelotas para 2025, de 38 a 42 milhões de toneladas, para 31 a 35 milhões de toneladas. E esse é um dos motivos que leva o BTG Pactual (mesmo grupo de controle da Exame) a manter cautela com os papéis da mineradora.
“Embora isso não nos surpreenda, dado o estado crítico da indústria global do aço e os níveis deprimidos de rentabilidade, a magnitude da revisão é relevante para o mercado de pelotas”, escrevem Leonardo Correa e Marcelo Arazi em relatório.
O banco tem recomendação neutra para os ADRs da Vale, com preço-alvo a US$ 11, um potencial de valorização de 12% relativo ao preço atual de US$ 9,82. No Brasil, nesta quinta-feira, 3, os papéis operam em baixa, incapazes de dar sequência aos ganhos expressivos obtidos na sessão de ontem - mesmo com o preço do minério voltando a subir.
O BTG entende que a decisão de corte no guidance representa um esforço da gestão para preservar valor, migrando de um produto mais elaborado (pelotas) e de custo elevado para um mais simples. Em algumas unidades da Vale, o custo de produção de pelotas ficou tão elevado que zerou as margens de lucro.
O banco destaca que o mais importante agora é a Vale ter mantido seu guidance de produção de minério de ferro para 2025 em 325–335 milhões de toneladas. Mesmo assim, o BTG prevê revisões negativas para a companhia ao longo do segundo semestre. A Vale tem calibrado sua produção de acordo com a demanda e há um cenário de preços mais fracos pela frente - o relatório aponta para um preço de minério de ferro reajustado em US$ 95 por tonelada para 2025 e US$ 85 por tonelada para 2026.
Em termos de valuation, para o BTG, ainda parece difícil identificar um upside relevante, com as ações negociando a aproximadamente 4,5x o Ebitda de 2025 e oferecendo dividend yields entre 6% e 8%.
Apesar disso, o banco reconhece “os avanços positivos recentes na história micro da Vale, como a melhora na narrativa da produção de minério de ferro (exemplificada pela decisão prudente de cortar a produção de pelotas), menores custos caixa C1 [da mina ao porto], avanços positivos relacionados à Samarco e melhorias institucionais.”
Menor demanda por pelotas
A Vale decidiu antecipar a manutenção preventiva da planta de pelotização de São Luís no terceiro trimestre de 2025. A unidade é a mais cara da empresa nesse tipo de operação, com custo de transformação em torno de US$ 30 tonelada — o que, no cenário atual, torna a produção inviável economicamente.
A mudança ocorre num momento de excesso de oferta global de aço, com preços baixos e margens negativas. A demanda por pelotas também recuou, refletindo a migração da indústria para minérios de menor qualidade em busca de menor custo.
De olho na China
Um dos fatores que ditam um ambiente externo mais negativo é a China, que segue vulnerável, o que adiciona pressão sobre todo o complexo siderúrgico e mantém uma pressão negativa sobre os preços do minério de ferro.
Na terça-feira, 1º, o presidente Xi Jinping defendeu o combate à concorrência excessiva e a deflação, citando setores como automóveis, painéis solares e aço. Isso deu um alívio para ações de siderúrgicas e mineradoras.
Entretanto, os rumores de que o governo chinês poderia reduzir a capacidade de produção do setor de aço, cortando unidades consideradas obsoletas, para o BTG Pactual, precisam ser analisado, já que não é tão simples assim.
“A experiência mostra que cortar capacidade siderúrgica na China é um processo altamente complexo e politicamente sensível”, escrevem Correa e Arazi em outro relatório.
Além disso, apesar de os comentários de Xi sinalizarem atenção aos riscos deflacionários do excesso de capacidade, eles foram amplos e não específicos ao setor de aço, aponta o documento - mas contrapões: “Ainda assim, se a narrativa de reformas pelo lado da oferta ganhar força, o impacto pode ser relevante.”
Segundo os analistas, cortes reais ajudariam a reequilibrar oferta e demanda e abrir caminho para recuperação das margens. No caso do minério de ferro, apesar da preocupação com a redução da demanda, uma eventual melhora nas margens das siderúrgicas poderia manter os diferenciais de qualidade e os prêmios pagos por pelotas.
“Ainda não chegamos lá”, destacam.
Exame - SP 04/07/2025
As montadoras chinesas, como BYD e Chery, estão deixando para trás gigantes globais como General Motors, Volkswagen e Tesla, graças a um diferencial exclusivo: a rapidez no desenvolvimento de novos modelos, que garante preços mais baixos e produtos constantemente atualizados.
Segundo o professor Allen Han, da Universidade Tongji, que trabalhou na Ford e em fabricantes chineses, esse avanço nasceu de uma conclusão simples. “As empresas chinesas perceberam que os processos tradicionais de verificação buscavam uma ‘qualidade excessiva’, que desperdiçava tempo e dinheiro”, afirmou em reportagem exclusiva da Reuters.
O ritmo acelerado impressiona
Enquanto marcas globais redesenham veículos a cada cinco ou dez anos, a BYD e concorrentes chinesas passaram a lançar modelos novos em ciclos de 18 meses. “Ser capaz de acompanhar essa velocidade é o maior desafio contínuo”, afirmou Matt Noone, diretor de design da Buick (GM).
Além da agilidade, as montadoras saem na frente pela quantidade gigante funcionários. A BYD emprega, atualmente, cerca de 900 mil pessoas - praticamente o total da Toyota e Volkswagen juntas.
Além disso, a empresa também é capaz de produzir 75% das próprias peças utilizadas nos veículos, modelos como o sedan Seal, enquanto a VW, por exemplo, detém apenas 35% no modelo ID.3. Esse controle permite que, segundo a reportagem, ajustes sejam feitos de última hora, o que é considerado um tabu em fábricas tradicionais.
“Na nossa cultura, mudar peças perto do lançamento é um grande ‘não’”, contou um engenheiro da Toyota.
Pressão global e barreiras comerciais desafiam expansão
O avanço chinês está pressionando os concorrentes que até poucos anos dominavam o mercado. Entre 2020 e 2024, as cinco maiores estrangeiras na China — Volkswagen, Toyota, Honda, GM e Nissan — viram suas vendas cair de 9,4 milhões para 6,4 milhões de veículos, enquanto as cinco líderes chinesas dobraram de volume. Atualmente, a Chery já exporta quase metade de sua produção e planeja a construção de fábricas na Europa.
Paralelamente ao avanço, os Estados Unidos e a Europa passaram a acusar o país asiático de subsidiar ilegalmente seus fabricantes e começaram a aplicar taxas altas sobre veículos elétricos importados. “Será muito difícil para a BYD cumprir sua meta de vender metade dos carros fora da China sem acesso ao mercado americano”, avaliou Tu Le, da consultoria Sino Auto Insights.
O presidente da Xpeng, Brian Gu, reconheceu que a disputa é quase injusta. “Os sobreviventes serão imensamente poderosos, mas é um processo muito cruel e competitivo”, confessou à reportagem.
Apesar dos obstáculos, executivos como Ralf Brandstaetter, chefe da VW na China, admitem que as montadoras tradicionais precisam se adaptar ao novo modelo.
“Queremos ser tão rápidos e competitivos quanto uma startup chinesa”, afirmou.
Concorrência acirrada
Enquanto isso, a Tesla vem enfrentando quedas nas vendas e críticas ao envelhecimento de seus modelos, situação que reforça ainda mais a ameaça chinesa.
Em junho, a Xiaomi lançou seu segundo carro elétrico - primeiro modelo SUV da marca que compete diretamente com o Model Y, da empresa de Elon Musk. Especialistas relataram que o veículo chinês, além de mais barato, consegue superar o americano em tecnologia e inovação.
“Especificações e desempenho muito melhores”, relatou um analista da Jefferies.
A médio prazo, a reportagem afirmou que a combinação de velocidade de desenvolvimento, preços agressivos e investimento pesado em exportações pode consolidar as marcas chinesas como protagonistas globais — desde que consigam superar barreiras políticas impostas ao redor do mundo.
Infomoney - SP 04/07/2025
O mercado de veículos novos, que engloba o emplacamento de automóveis, comerciais leves como picapes e furgões, ônibus e caminhões, cresceu 4,82% de janeiro a junho deste ano, com a venda de 1.143.657 unidades. No mês, no entanto, o resultado foi negativo, com queda de 5,66% frente a maio e de 0,63% em relação a junho de 2024, com um total de 212.897 de novas unidades vendidas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (3) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
A venda de veículos novos, considerando-se apenas os automóveis e utilitários leves, teve um desempenho positivo de 5,05% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, com o emplacamento de 1.076.896 veículos. No entanto, o desempenho no mês também foi negativo, com queda de 5,69% em relação a maio e de 0,14%, em comparação ao mesmo mês do ano passado, somando a comercialização de 202.164 veículos.
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Quando se considera o emplacamento de todos os segmentos somados – automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros veículos -, houve crescimento de 6,99% no primeiro semestre, com a comercialização de 2.187.738 veículos entre os meses de janeiro e junho deste ano. Na comparação mensal, entre junho e maio, a queda foi de 6,36%, com 410.602 unidades comercializadas. Já na relação com junho do ano passado, houve crescimento de 2,62%.
Um dos destaques positivos do balanço divulgado nesta quinta-feira são as motocicletas. Segundo Marcelo Franciulli, diretor-executivo da Fenabrave, o setor deverá ultrapassar 2 milhões de unidades comercializadas no decorrer deste ano, em virtude do aumento de seu uso para entregas e locomoção de pessoas.
No mês, foram comercializadas 179.358 motocicletas, o que representou crescimento de 8,14% em comparação ao ano passado. Já no acumulado do ano, 932.932 unidades foram comercializadas, o que representou crescimento de 10,33%.
De acordo com o presidente da Fenabrave, Arcelio Alves dos Santos Júnior, as quedas observadas no mês de junho para diversos setores se deve, principalmente, à menor quantidade de dias úteis. Ele também disse que, se não fossem pelos juros altos e pelos setores de caminhões e de implementos rodoviários, o balanço poderia ter indicado números melhores.
“Se nós não estivéssemos com alíquota de 15% de taxa Selic, nós teríamos um crescimento ainda maior do nosso setor”, explicou.
Crescimento
Segundo o presidente da Fenabrave, a previsão é de que a distribuição de veículos automotores cresça em torno de 6,2% neste ano, para todo o setor. A expectativa precisou ser reavaliada para baixo, antes era de 7%, por causa da queda prevista para o setor de caminhões e de implementos rodoviários. Já para a venda de veículos (automóveis, utilitários leves, caminhões e ônibus), a expectativa precisou ser revista de 5% para 4,4%.
“Este ano nós estamos mantendo uma perspectiva positiva para o nosso setor, com exceção de caminhões e implementos rodoviários. O resto dos setores, motocicletas, automóveis e ônibus, nós estamos mantendo a previsão ainda de crescimento. Um crescimento, para todo o setor de veículos, de 6,2%”, disse.
Jornal de Brasília - DF 04/07/2025
A Fenabrave, associação que representa as concessionárias de automóveis, reduziu as previsões ao desempenho do setor neste ano, apontando o impacto dos juros mais altos nas vendas de caminhões. A expectativa ao crescimento das vendas de veículos em 2025 foi reduzida de 5% para 4,4%.
Se o prognóstico for confirmado, o ano terminará com 2,75 milhões de veículos vendidos, na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. A revisão das projeções da Fenabrave se deve ao recuo no mercado de caminhões, em que as vendas encolheram 3,6% no primeiro semestre. A entidade das concessionárias espera que essa queda chegue a 7% até o fim do ano, refazendo a previsão inicial que apontava a um crescimento de 4,5% no segmento.
“Sabemos que o segmento de caminhões é muito vinculado a PIB e crédito. A taxa de juros chegou muito forte ao setor de caminhões”, comentou o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, durante apresentação das novas previsões à imprensa.
Segundo a economista Tereza Fernandez, que traça as premissas macroeconômicas das previsões da Fenabrave, apesar do recorde na safra de grãos – o que, em tese, demandaria mais veículos a seu transporte -, as margens de lucro dos produtores agrícolas caíram em razão do recuo nos preços internacionais de soja e milho. Com isso, houve uma baixa dos investimentos.
No segmento de carros de passeio e utilitários leves, que movimenta o maior volume da indústria automotiva, a Fenabrave manteve a previsão de crescimento de 5% das vendas neste ano.
Infomoney - SP 04/07/2025
A Tesla está se encaminhando para mais um ano de redução nas vendas após registrar a segunda queda consecutiva nas entregas trimestrais, arrastadas pelas posições políticas de direita do presidente-executivo Elon Musk e por uma linha de veículos envelhecida.
A montadora agora precisa entregar mais de um milhão de veículos durante o segundo semestre, normalmente robusto, para evitar outro declínio nas vendas anuais – uma tarefa que, segundo alguns analistas, pode ser difícil devido à incerteza econômica causada pelas tarifas e às ameaças de eliminar gradualmente os principais incentivos aos veículos elétricos previstos na lei fiscal abrangente do governo Trump, incluindo o crédito de US$7.500 em novas vendas e arrendamentos.
Na quarta-feira, a empresa informou que as entregas caíram 13,5% no segundo trimestre, uma cifra pior que os analistas esperavam, mesmo depois de Musk ter dito, em abril, que as vendas haviam melhorado.
Ainda assim, as ações, que caíram cerca de um quarto este ano, subiram 4,5%, uma vez que a queda foi menos severa do que as estimativas mais pessimistas dos analistas, em parte ajudadas por uma modesta recuperação da demanda no competitivo mercado chinês, onde seu atualizado Modelo Y ganhou alguma força.
Embora a Tesla tenha se apoiado em ofertas como financiamento de baixo custo para impulsionar a demanda, ela ainda não lançou modelos mais baratos, há muito prometidos, em um mercado em que veículos elétricos sofisticados e repletos de recursos de seus rivais chineses têm conquistado os compradores.
A Tesla havia dito que começaria a produzir um veículo mais barato – que se espera que seja um Model Y simplificado – até o final de junho, mas a Reuters informou em abril que a decisão foi adiada por pelo menos alguns meses.
O Estado de S.Paulo - SP 04/07/2025
Esqueça a Tesla por um momento. Imagine uma empresa anônima com as seguintes características: as vendas de seu principal produto pararam de crescer repentinamente há mais de um ano e caíram 13% até agora neste ano. Seu último grande lançamento de produto foi um fracasso. A empresa reiterou planos para novas versões de baixo custo de seu produto há apenas três meses, e elas não se concretizaram.
O CEO se meteu de cabeça em atividades políticas divisivas que afastaram clientes e, em seguida, arrumou briga com o presidente dos EUA e seu partido. Depois de prometer um novo produto autônomo revolucionário por uma década, perdendo prazos repetidamente, a empresa finalmente lançou um piloto limitado, que não é totalmente autônomo e parece anos atrasado em relação à concorrência.
E você pagaria 140 vezes o lucro da empresa para ter uma pequena fatia disso?
A Tesla Inc. está em apuros. Acabou de reportar outro conjunto terrível de números de vendas de veículos elétricos, mais uma vez ficando abaixo de uma previsão já reduzida. A Tesla agora registrou dois trimestres consecutivos com menos de 400 mil unidades vendidas pela primeira vez desde 2022.
A desculpa dada para o colapso do trimestre anterior, uma paralisação temporária das linhas de produção para atualizar o Model Y, nunca foi muito convincente, e esses números do segundo trimestre agora a desacreditam completamente.
A recente e súbita saída de Omead Afshar, braço-direito de longa data do CEO, Elon Musk, além da notícia de que Musk assumirá a supervisão das vendas na Europa e nos EUA, sinalizam um problema grave.
De fato, a Tesla tinha previsão de registrar um segundo ano de queda nas vendas de veículos elétricos, e essa última perda provavelmente significa mais cortes nas estimativas para 2025.
O problema é que o próprio Musk representa a maior parte dessa situação. Por exemplo, o lançamento do Robotaxi em Austin, Texas (EUA), com todas as suas limitações, representaria um marco para a Tesla se Musk não o tivesse exagerado descaradamente por anos.
A Cybertruck, um fracasso total que desviou a Tesla de projetar veículos elétricos mais baratos para o mercado de massa, é uma ideia de Musk.
Acima de tudo, as incursões políticas de Musk prejudicaram a marca Tesla em mercados-chave e instalaram um governo abertamente hostil aos veículos elétricos e aos subsídios que sustentam o que resta dos lucros da Tesla.
Segmento premium entra em colapso
Os últimos números de vendas confirmam a fraqueza estrutural nos mercados da Tesla. O colapso no segmento premium, que compreende apenas de 5% das vendas unitárias, mas talvez 10% a 15% da receita automotiva, é particularmente impressionante.
É ainda mais impressionante porque essa linha de produtos se expandiu de dois para três modelos com o lançamento da Cybertruck há apenas cerca de um ano e meio.
Em vez de impulsionar o segmento, no entanto, as vendas da própria Cybertruck atingiram o pico cedo, agravando uma queda acentuada nos modelos S e X, ambos lançados há pelo menos uma década.
O segmento premium da Tesla fora dos EUA diminuiu para quase nada nos últimos trimestres. Embora ainda não haja um detalhamento do modelo por geografia para o segundo trimestre, o baixo número geral sugere mais do mesmo.
A maior parte do negócio é composta pelos modelos mais baratos, Model 3 e Y, sendo este último responsável por talvez 70% das vendas de veículos elétricos.
Esse cerne do negócio principal da Tesla também está em sérias dificuldades, com os dois juntos registrando um declínio de 13,5% no segundo trimestre.
Além disso, a Tesla construiu cerca de 23 mil unidades a mais do que vendeu, sendo esse o quinto trimestre de produção excessiva nos últimos oito. Isso sinaliza ainda mais um problema de demanda e adiciona um vento contrário ao fluxo de caixa devido ao capital de giro.
Modelos antigos em mercado de rápida evolução
As atualizações de ambos os modelos nos últimos dois anos não abordaram uma verdade básica: assim como os modelos S e X, são modelos antigos em um mercado em rápida evolução.
Em nenhum lugar, isso é mais evidente do que na China, onde poucos se importam com o relacionamento de Musk com o MAGA (Make America Great Again), mas os motoristas querem a tecnologia mais recente a um preço acessível.
A queda nas vendas da Tesla lá resulta puramente de uma combinação de sua linha de produtos envelhecida sendo superada por uma série de concorrentes que oferecem veículos iguais ou melhores a preços mais baixos.
O recente lançamento do SUV YU7 da Xiaomi Corp., um “assassino” de alta tecnologia do Model Y, exemplifica o desafio.
As ações da Tesla, caracteristicamente, estavam em alta na manhã desta quarta-feira, 3, apesar desses dados inequivocamente ruins. As justificativas para tal euforia estão desmoronando.
A Tesla claramente não está mais preparada para a dominância em veículos elétricos, perdendo participação na China, Europa e em seu mercado doméstico, com a Morgan Stanley estimando uma queda de 8,8% nas vendas da Tesla nos EUA em junho, contra um aumento de 1,7% para os veículos elétricos no geral.
E isso antes do impacto da remoção dos créditos fiscais para veículos elétricos pela maioria republicana que Musk ajudou a eleger.
Em relação à outra grande esperança, a automação, os concorrentes chineses já estão oferecendo como padrão o tipo de recursos avançados de assistência ao motorista que a Tesla vende como opcionais por milhares de dólares.
Isso deixa o sonho do Robotáxi para os EUA - e mesmo lá, o piloto de Austin não chegou a ser grande coisa e foi uma demonstração de que a Tesla tem muito a provar, pelo menos em relação à retórica de Musk.
As ações em alta da Tesla devem tudo a uma percepção persistente, e centrada nos EUA, de liderança tecnológica que não pode ser encontrada nos números reais.
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.
Análise por Liam Denning
É colunista de Opinião da Bloomberg e cobre a área de energia
InfraRoi - SP 04/07/2025
Durante o aniversário da fábrica em Suzano (SP), a Komatsu anunciou a fabricação local da escavadeira de grande porte PC500LC-10M0. Comercializada no Brasil desde 2019, ela ganhou cada vez mais espaço na classe de 50 toneladas, por sua alta eficiência e baixo consumo de combustível, atendendo a uma crescente demanda do mercado, principalmente nos setores de agregados e mineração.
Como aponta Jeferson Biaggi, presidente da fábrica da Komatsu em Suzano, o equipamento visa atender pequenas mineradoras em áreas urbanas e suprir demandas colocadas por caminhões cada vez maiores, que chegam até 45 toneladas. “Com a produção nacional, vamos aumentar de 20% a 50% as vendas em comparação com a versão importada”, afirma.
Comparada ao modelo anterior, a PC500LC–10M0 apresenta produtividade (ton/hora) até 15% superior, 11% menos consumo (litros/hora), podendo atingir até 21% mais eficiência (ton/litros). Esses resultados são possíveis graças ao maior volume da caçamba, maior sincronia entre motor diesel e bomba hidráulica, possibilitando maior fluxo hidráulico com menor rpm, 5 diferentes modos de operação para seleção do operador de acordo com a necessidade do trabalho, aumento da força de escavação na caçamba e aumento da força no braço.
Estratégia de nacionalização da Komatsu já tinha começado
Modelo popular de carregadeira de rodas, a WA380-6 começou a ser produzida em Suzano este ano. A decisão de fabricá-la no País é uma resposta direta à crescente demanda por carregadeiras de rodas deste porte no setor de construção, além de outros segmentos como mineração, locação, indústria, agricultura e florestal.
A Komatsu prevê um crescimento positivo nos setores que utilizam a WA380-6, particularmente em projetos de infraestrutura dentro do programa PAC. Este aumento nas obras elevará o consumo de insumos como areia, cimento e brita, setores onde a WA380-6 é amplamente utilizada. “A iniciativa de nacionalização posiciona a Komatsu para melhor atender a estes mercados em expansão com equipamentos de alta qualidade produzidos localmente”, reforça o presidente da unidade fabril.
Biaggi diz que a estratégia traz benefícios diretos aos clientes, como acesso ao financiamento via Finame, redução de impostos, além de maior disponibilidade do equipamento e acessórios. Ela deve ser estendida a outros equipamentos, incluindo máquinas compactas, como a pá-carregadeira de 15 toneladas da empresa, que começou a ser importada para o Brasil para testar a aceitação do mercado. “Se tiver demanda, vamos fabricar no Brasil”, afirma.
O Estado de S.Paulo - SP 04/07/2025
O Banco Central está trabalhando numa proposta de reforma da poupança com o objetivo de ampliar a oferta de recursos para o crédito imobiliário, conforme apurou o Estadão/Broadcast.
As medidas em estudo incluem uma revisão do porcentual dos depósitos da poupança destinados ao setor, mas devem ir além, em direção a buscar novas fontes de captação no mercado, no que vem sendo chamado pelo regulador de um novo modelo de financiamento. Não estão previstas mudanças no modelo de remuneração da poupança, segundo as fontes. Procurado, o Banco Central não comentou.
A expectativa é que um novo modelo seja apresentado publicamente ainda neste mês ou, no mais tardar, em agosto. Alterações no segmento dependeriam de aval do Conselho Monetário Nacional (CMN), cuja próxima reunião ordinária está marcada para o dia 24.
As regras vigentes determinam que 65% dos depósitos da poupança sejam destinados aos financiamentos imobiliários, enquanto 20% são guardados como colchão de liquidez na forma de depósitos compulsórios, e 15% podem ser usados livremente pelos bancos.
Fontes que participam das discussões disseram, reservadamente, que o BC visa aumentar o direcionamento dos novos depósitos para o crédito imobiliário e reduzir o compulsório, liberando mais dinheiro para uso obrigatório no setor habitacional.
No compulsório há discussões não só sobre mudar o porcentual que fica depositado no BC, mas também alterar a forma de cálculo, de acordo com uma fonte.
Como forma de estimular os negócios, foi sugerido que, a cada um real que o banco destine ao crédito imobiliário, ele fica autorizado a tomar o mesmo valor da poupança para uso de forma livre, como em outras linhas de empréstimos mais rentáveis.
A expectativa é que as taxas praticadas no mercado caiam com o aumento da oferta de recursos e melhora no mix de produtos.
Construção
A prioridade do Banco Central é abastecer os financiamentos destinados à compra da casa própria, enquanto os financiamentos para a construção devem ser cada vez mais empurrados para o mercado de capitais.
Com a escassez dos recursos da poupança, os bancos foram parando de dar crédito a construtoras e incorporadoras, preferindo direcionar os recursos para as pessoas físicas. Por isso, há urgência em encontrar uma solução de recursos, comenta o diretor de um banco.
Fundos imobiliários, que seriam uma alternativa, estão travados por conta do juros de 15%, o que também torna mais caros instrumentos como a Letra de Crédito Imobiliários (LCI) e o Certificado de Crédito Imobiliário (CRI).
A agenda de reformas está sendo trabalhada pelo Banco Central junto com os ministérios da Fazenda e das Cidades, em reuniões com representantes de bancos e incorporadoras.
Sem recursos
O pano de fundo dessa discussão é a perda de recursos da poupança nos últimos anos, com mais saques do que depósitos.
Paralelamente, as vendas de imóveis vêm crescendo e demandando mais financiamentos. Isso levou incorporadoras, bancos e governo e se debruçarem no estudo de alternativas que gerem novos recursos para o setor.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, vem repetindo que a redução no saldo da modalidade tem caráter estrutural, e afirmou que as soluções encontradas devem ser apresentadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A gente está fazendo esse debate também com essa visão estrutural, é um tema que eu acho que vem ficando cada vez mais claro, que a gente precisa migrar para um modelo de funding [financiamento] que dependa menos da poupança”, disse Galípolo na quinta-feira da semana passada, 26, durante entrevista coletiva.
Segundo uma pessoa com conhecimento das discussões, as soluções estudadas visam uma mudança estrutural no modelo, e não um impulso de curto prazo.
Um eventual aumento no porcentual dos depósitos em poupança destinado ao crédito imobiliário serviria para promover uma transição gradual ao novo formato de financiamento, que deve envolver um conjunto de fontes de recursos.
Diante da expansão do mercado, os bancos já têm usado mais que 65% dos depósitos para atender a demanda de financiamentos. A saída encontrada pelas instituições foi complementar a captação de recursos por meio da oferta de LCIs.
Isso tem garantido a oferta de crédito, mas o problema é que os juros são bem mais altos e acabam inviabilizando muitos negócios. As LCIs geralmente têm um custo atrelado à Selic.
Já a poupança tem custo de 8% ao ano, o que faz dela, historicamente, a principal fonte de dinheiro para abastecer os financiamentos.
Outras medidas
A revisão da estrutura da poupança integra um conjunto de medidas em análise pelo Banco Central com o intuito de garantir mais recursos para financiar a compra e a construção da casa própria.
Nesse ambiente, o desafio é buscar novo funding para além da poupança. Uma das possibilidades é a securitização das carteiras imobiliárias, com o desenvolvimento de um mercado secundário.
Outra discussão diz respeito ao aprimoramento da linha de crédito imobiliário corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A ideia em análise é permitir que a correção do IPCA possa ser jogada para o saldo devedor, sendo diluída ao longo de todo o período de financiamento, em vez de bater diretamente na parcela mensal.
Essa modalidade foi lançada em 2019, mas acabou engavetada pelos bancos nos anos seguintes, uma vez que os picos de inflação aumentaram bruscamente as parcelas dos mutuários e geraram casos de inadimplência.
Isso levou a uma correria para a portabilidade das operações para linhas com juros prefixados e/ou corrigidas pela Taxa Referencial (TR), cuja oscilação é próxima de zero.
Infomoney - SP 04/07/2025
Após mais de um ano de negociações, o governo de São Paulo, o Corpo de Bombeiros e montadoras chegaram a um consenso para a criação de uma norma que regula a instalação de pontos de recarga para veículos elétricos em garagens de prédios residenciais e comerciais. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A medida visa garantir a segurança contra incêndios, exigindo a instalação de chuveiros automáticos (sprinklers), sistemas de detecção de fumaça e exaustão nos estacionamentos.
A iniciativa surge diante dos riscos identificados em estudos que apontaram a vulnerabilidade dos sistemas de recarga em subsolos, especialmente pela possibilidade de incêndios causados pelas baterias de íon-lítio, que podem gerar chamas intensas e difíceis de controlar.
Para prédios novos, a norma prevê a obrigatoriedade dos equipamentos de segurança, enquanto para construções antigas haverá regras adaptadas conforme a estrutura.
Segundo a Folha, durante as discussões, foram descartadas propostas que limitavam o espaço entre vagas ou exigiam paredes corta-fogo, medidas que geraram resistência das montadoras e do setor da construção civil.
O relatório final, resultado da colaboração entre o SindusCon-SP, Corpo de Bombeiros e a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), será encaminhado ao Governo do Estado, que deve publicar a regulamentação ainda em julho.
Jornal de Brasília - DF 04/07/2025
O governo federal aprovou nesta quinta-feira, 03, o financiamento de pouco mais de R$ 1,1 bilhão do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para os investimentos na futura concessão do canal de acesso ao Porto de Paranaguá (PR). A medida antecipa condições especiais de crédito para o vencedor do leilão previsto para agosto, com o objetivo de ampliar a atratividade do projeto e estimular a concorrência na disputa.
O secretário Nacional de Portos, Alex Ávila, avalia que a inclusão antecipada do projeto de Paranaguá na carteira do fundo estimula a concorrência ao permitir que os interessados considerem as condições facilitadas já na formulação de suas propostas. “Criamos uma solução que atrai investidores, ao assegurar que o vencedor poderá acessar financiamento com taxas e prazos favoráveis”, diz.
A liberação chancelada pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) também contemplou outros 17 projetos, somando R$ 5,3 bilhões em financiamentos voltados à construção, modernização e reparo de 70 embarcações. O maior deles, de R$ 2,5 bilhões, prevê a construção de quatro unidades do tipo ROV Support Vessel (RSV), utilizadas em operações com equipamentos submarinos.
De acordo com o governo, desde 2023, foram liberadas quase R$ 70 bilhões do FMM para reserva a ser utilizada nos projetos aprovados. O montante é três vezes superior ao registrado entre 2019 e 2022. “O que mostra a importância que este governo está dando à retomada da indústria naval brasileira”, afirma o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho.
Paranaguá
A modelagem do projeto de Paranaguá prevê que o futuro concessionário poderá decidir, após o leilão, se deseja usar ou não os recursos reservados. Caso opte pelo financiamento, o projeto deverá ser reapresentado com orçamento detalhado ao Conselho Diretor do fundo, respeitando os termos já aprovados.
Esta será a primeira concessão de canal de acesso em um porto brasileiro e servirá como referência para novos leilões que já estão em preparação, como os canais dos portos de Santos (SP), Itajaí (SC) e da Bahia. Segundo o secretário Ávila, o modelo oferece previsibilidade ao setor produtivo e contribui para ampliar a competitividade da logística nacional.
Entre os ganhos operacionais esperados está o aprofundamento do canal de acesso dos atuais 13,5 metros para 15,5 metros. A mudança permitirá o recebimento de navios de maior porte, com maior volume de carga por atracação. Atualmente, Paranaguá movimenta cerca de 2,6 mil embarcações por ano, com predominância de granéis sólidos como soja e proteína animal. Cada centímetro adicional no calado representa 60 toneladas a mais por navio.
Money Times - SP 04/07/2025
A Prio (PRIO3) teve uma produção de 100,1 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) no segundo trimestre deste ano, de acordo com dados operacionais preliminares divulgados nesta quinta-feira (3).
No Campo de Frade, onde o reparo do sistema de compressão de gás foi concluído e a produção foi normalizada após falha, a produção no trimestre totalizou 23,1 mil boed, segundo a Prio.
No Polo Polvo e Tubarão Martelo, a produção diária foi de cerca de 11 mil boed no segundo trimestre, enquanto no Campo de Albacora Leste e na unidade de Peregrino os números foram de 26,8 mil boed e 39,2 mil boed, respectivamente.
Prio quer dobrar produção
No mês passado, o CEO da Prio, Roberto Monteiro, disse a empresa deve atingir produção de mais de 200 mil barris por dia (bpd) no ano que vem.
A projeção leva em consideração o avanço do desenvolvimento do campo de Wahoo e da compra do campo de Peregrino, explicou o executivo.
No caso de Wahoo, a Prio aguarda licença do órgão ambiental Ibama para interligar seus poços produtores e iniciar a produção.
Ação ainda pode subir?
A ação da Prio é negociada na faixa dos R$ 42, mas parte dos analistas enxerga espaço para ganhos expressivos. O Itaú BBA vê o papel a R$ 62.
O banco considera que o fim do processo de licenciamento da Wahoo e sua primeira produção de petróleo em abril de 2026, além de medidas de redução de custos em Peregrino, são os principais gatilhos para a valorização das ações no curto prazo.
O Itaú BBA estima um rendimento de fluxo de caixa livre para o acionista (FCFE, na sigla em inglês) de 23% em 2026 e de 29% no ano seguinte.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/07/2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, anunciou nesta quinta-feira (3) que a estatal do petróleo quer aumentar o volume de gás natural escoado para a costa, de forma que o combustível possa chegar mais barato às indústrias.
“Quanto mais gás a gente conseguir trazer para costa, mais barato será esse gás para a sociedade”, declarou Chambriard, durante apresentação a jornalistas do pacote de investimentos de mais de R$ 33 bilhões no refino e na indústria petroquímica no estado do Rio de Janeiro.
O plano de negócios engloba a integração entre a Rota 3, de escoamento de gás natural dos campos de pré-sal da Bacia de Santos, no litoral do Sudeste, unidades petroquímicas e a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), todas na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Perguntada se os investimentos podem ajudar a baixar o preço do gás natural, insumo de grande relevância para a indústria, usado tanto como fonte de energia quanto como matéria-prima de produtos como fertilizantes, Magda Chambriard respondeu que está trabalhando para isso, mas que “é um processo que não é imediato”.
“A Petrobras é muito parceira da sociedade brasileira e, da mesma forma que nos combustíveis líquidos, estamos sempre querendo abrasileirar preços e sempre querendo entregar o produto da forma mais conveniente e da forma mais acessível possível”, disse.
Abrasileirar é como ficou conhecida a atual política de preços da estatal, que leva em conta fatores como o custo da produção de petróleo no Brasil e a participação da Petrobras no mercado consumidor, e não apenas o preço do barril no mercado internacional. A intenção é não levar para as bombas as flutuações bruscas dos preços internacionais.
Queixas
O preço do gás natural à indústria é motivo de queixa de empresários. Em abril, um estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou o gás brasileiro como um dos mais caros do mundo, chegando a dez vezes o preço do americano e o dobro do europeu.
Há menos de 20 dias, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a redução do preço como condição essencial para a reindustrialização do país. Ele lembrou que a Petrobras é a empresa dominante na atividade.
“É preciso equilibrar a força empresarial com a compreensão das necessidades do Brasil”, disse o ministro.
Adaptação
Ao comentar o cenário do escoamento de gás natural no país, a presidente da Petrobras explicou que o petróleo “vem de muito longe no offshore brasileiro”, em referência aos campos marítimos.
“São centenas de quilômetros da costa onde esses campos estão produzindo”.
Ela detalhou ainda que nem todas as plataformas da companhia foram desenhadas para exportar petróleo para a costa.
“Nossas plataformas recém encomendadas já resgatam isso. Nosso projeto de [navio-plataforma] Búzios 12 propõe um hub [concentração] de gás para trazer mais gás para a costa. Estamos trabalhando com muito afinco para esse gás chegar em maiores volumes, porque, na verdade, quanto maior o volume ele chegar, mais barato vai chegar também”, disse.
Magda Chambriard lembrou que a Petrobras importa gás da Argentina e da Bolívia, mas que trazer gás para o Brasil não é problema.
“Problema é trazer gás para o Brasil a preços acessíveis para a indústria brasileira”, disse.
A presidente da Petrobras lembrou que a companhia opera em consórcio com a Ecopetrol, estatal de petróleo da Colômbia, em grandes campos de gás no país vizinho, mas “não sabe ainda se esse gás vai ser suficiente para trazer para o Brasil”.
Globo Online - RJ 04/07/2025
Em um canto remoto da Patagônia, onde a estepe desértica se encontra com margens exuberantes, perfuradores argentinos estão extraindo um petróleo tão leve e doce quanto o da Bacia do Permiano — e a um custo menor que o dos texanos.
Nicolás Almará, de 37 anos, é um deles. Chegou há uma década como fotógrafo de um jornal local e hoje lidera uma equipe em uma empresa de serviços de perfuração. Trabalha em turnos de duas semanas na boca do poço e acredita que poderá economizar o suficiente para se aposentar aos 50 anos.
— Em Neuquén, quem não progride é porque não quer — afirma.
O arquiteto Pablo Arpajou também acredita nessa mobilidade ascendente. Sua incorporadora imobiliária, Safiar, está projetando torres residenciais na capital da província para uma nova geração de trabalhadores do setor petrolífero.
Mas em Añelo, uma localidade empoeirada aos pés do deserto de xisto, os inconvenientes do boom já começam a se tornar evidentes, destacando os desafios de longo prazo que Javier Milei enfrentará, mesmo que o desenvolvimento do xisto continue a prosperar.
Aqui, a população quintuplicou, chegando a aproximadamente 11 mil habitantes desde que o primeiro poço de xisto foi perfurado, por volta de 2011. Os novos blocos de moradias para trabalhadores do setor petrolífero ocupam praticamente cada centímetro livre de terreno.
Marcelo Venegas, vereador do município, comenta que até oito famílias chegam a Añelo toda semana em busca de emprego. Aproximadamente metade se instala em construções precárias na nova expansão da cidade de Neuquén, enquanto outros permanecem em Añelo, dormindo ao relento na praça, no cemitério ou no posto de serviço da YPF.
— O que acontece é que há uma ideia errada de que vão chegar aqui, descer do veículo em que vieram, e que alguém vai pegá-los e levá-los direto para trabalhar — explica Venegas, que chegou a Añelo ainda criança, há cerca de 45 anos, durante outro boom ligado à perfuração de gás natural.
Venegas sabe melhor do que ninguém que o sonho do petróleo pode se tornar realidade: seu pai, que era garçom, abriu sua própria cafeteria, e ele mesmo conseguiu ganhar o suficiente como trabalhador do setor para economizar e investir em imóveis.
Mas também se lembra de como comunidades petrolíferas como Cutral Co e Catriel, a poucos quilômetros da fronteira provincial, se tornaram cidades fantasmas quando a YPF foi privatizada no início da década de 1990 e o negócio entrou em declínio:
— Não queremos que isso se repita aqui. Ainda mais levando em conta que o fenômeno Vaca Muerta é muito mais explosivo.
Matías Weissel, diretor de operações da Vista, de 39 anos, também se lembra de tempos mais incertos. Quando era um jovem engenheiro na YPF, há 13 anos, ainda recorda a consternação que sentiu ao ver o vice-ministro da Economia da Argentina invadir a torre envidraçada da empresa em Buenos Aires e telefonar para a presidente para informá-la de que o governo havia retomado o controle da YPF.
Houve críticas de que o vice-ministro administrou mal alguns aspectos da nacionalização, o que levou um tribunal de Nova York a decidir, uma década depois, que a endividada Argentina deve pagar cerca de US$ 16 bilhões a antigos acionistas.
Javier Milei herdou essa ação judicial problemática, e a situação chegou a um ponto crítico nesta semana, quando o tribunal ordenou que o Estado transferisse suas ações na empresa, enquanto os demandantes tentam confiscar ativos soberanos para receber o valor. A Argentina está recorrendo do caso como um todo, assim como da ordem emitida nesta semana.
Na Patagônia, como no Texas
Mas em 2012, a YPF tinha liberdade, sob controle estatal, para explorar o potencial de Vaca Muerta, e destinou Weissel para sua nova equipe de xisto. No início, o pequeno grupo se sentia como um bando de excluídos: primeiro, foram instalados em escritórios dentro de um antigo campo de gás e, depois, em alguns trailers em uma área conhecida como Loma Campana.
Não estava claro — para dizer o mínimo — se o xisto funcionaria na Patagônia como funcionava no Texas, na época o único lugar onde o fraturamento hidráulico (fracking) era realmente viável. No entanto, os esforços da YPF em parceria com a Chevron em Loma Campana, para entender o recurso e aplicar o conhecimento sobre xisto vindo dos Estados Unidos, demonstraram a produtividade da rocha e abriram caminho para a chegada de mais perfuradoras.
A indústria cambaleou mais tarde durante o governo do presidente Mauricio Macri, cujos esforços para liberalizar a economia argentina fracassaram em 2018 e 2019. Matías Weissel testemunhou como os investidores, que inicialmente estavam eufóricos com Macri, recuaram diante dos enormes déficits orçamentários de seu governo e lhe viraram as costas.
Isso provocou a evaporação do financiamento para um importante gasoduto de gás de xisto, e as repercussões inflacionárias da queda do peso obrigaram a reimposição dos temidos controles sobre os preços do petróleo.
Esses riscos “no terreno”, como os petroleiros gostam de chamar, ainda persistem. Enquanto investidores globais voltam a olhar para a Argentina e comemoram o foco de Javier Milei em gerar superávits fiscais, muitos aguardam o resultado das eleições legislativas de outubro como um sinal mais claro de que os eleitores estão dispostos a dar uma chance prolongada ao seu experimento de livre mercado. Outros, no entanto, estão desinvestindo enquanto as condições ainda são favoráveis.
Por ora, a popularidade de Javier Milei permanece firme, já que muitos argentinos, apesar de enfrentarem uma austeridade sem precedentes, começam a ver lampejos da “luz no fim do túnel” que o presidente prometeu no dia de sua posse, há 18 meses.
A pobreza e a inflação estão nos níveis mais baixos em vários anos; os cidadãos, finalmente, já não enfrentam restrições para trocar suas economias entre pesos e dólares; e espera-se que a economia cresça 5% este ano, após ter se contraído em 2023 e 2024.
Com metade dos argentinos mantendo uma imagem positiva de Milei, o presidente lidera com folga em popularidade todos os seus concorrentes de esquerda e de direita, segundo uma pesquisa recente da AtlasIntel feita para a Bloomberg News.
Divisas vão ajudar a ainda frágil política cambial
Supondo que Milei tenha um bom desempenho nas eleições legislativas, “ele conta com uma base fiscal muito mais sólida que Macri para demonstrar aos investidores que pode chegar com estabilidade até 2027”, afirmou Jimena Zúñiga, analista da Bloomberg Economics para a América Latina, em Buenos Aires.
No entanto, ela alertou que a frágil política cambial de Milei representa um fator de risco.
Vaca Muerta está desempenhando um papel crucial para mitigar esse risco. Com a recente conclusão de uma importante ampliação do oleoduto em direção à costa atlântica, as autoridades federais projetam um superávit comercial energético de US$ 8 bilhões para este ano, superando o recorde de 2024 que pôs fim a anos de déficits estruturais paralisantes.
Petróleo pode ganhar peso similar ao da agricultura
Os perfuradores já demonstraram que podem ser competitivos exportando Medanito, o petróleo leve de Vaca Muerta comparável ao Brent, passando pelo extremo sul da América do Sul rumo aos EUA — seu principal cliente estrangeiro até agora, após as vendas por oleoduto ao vizinho Chile. Entre os novos marcos estão envios de teste para a Índia e a Austrália.
Muito em breve, muitos desses barris serão transportados do deserto até o mar por meio de um novo oleoduto de 567 quilômetros e um terminal portuário exclusivo, como parte de um projeto chamado Vaca Muerta Sul, financiado por um empréstimo de um consórcio de bancos internacionais. É o tipo de linha de crédito que teria sido impensável antes do governo de Javier Milei.
— Este não é um projeto qualquer — afirma Manuel Castillo, um refugiado venezuelano encarregado de supervisionar a construção, abrigado do vento entre fileiras de tubos de aço negro empilhados. — O impacto disso é transformar a Argentina em uma potência exportadora.
Na verdade, os produtores de petróleo insistem que estão a caminho de igualar os US$ 30 bilhões que os agricultores — tradicional pilar da economia argentina — exportam a cada ano.
Daniel González, responsável pela área de energia no governo de Javier Milei, afirmou recentemente que o boom do comércio de petróleo e gás representa uma “mudança de paradigma” que “muda a vida da Argentina”.
Matías Weissel também se mostra otimista:
— Vejo como muito difícil que isso deixe de acontecer agora.
Valor - SP 04/07/2025
Dos R$ 33 bilhões em investimentos totais anunciados pela estatal petroleira, R$ 4,3 bilhões são para projetos com a Braskem.
O presidente da Braskem, Roberto Ramos, disse, nesta quinta-feira (3), que o anúncio de parceria e investimentos junto com a Petrobras ainda não resolve a necessidade da petroquímica de importar gás dos Estados Unidos. “Por enquanto, a compra de gás da Petrobras está restrita ao Rio”, disse ele, ao participar de entrevista coletiva na sede da estatal, na capital fluminense.
“Ainda importamos etano liquefeito dos Estados Unidos para as unidades na Bahia, mas Magda [Chambriard] me prometeu que levará gás para lá”.
Nesta quinta, Petrobras e Braskem anunciaram investimentos em refino e petroquímica na região da Refinaria Duque de Caxias e do Complexo Boaventura, no Rio.
Dos R$ 33 bilhões em investimentos totais anunciados pela petroleira, R$ 26 bilhões são no Complexo Boaventura, antigo Comperj; R$ 2,4 bilhões em paradas de manutenção da Refinaria Duque de Caxias (Reduc); R$ 900 milhões em térmicas na Reduc e mais R$ 4,3 bilhões da Braskem.
Valor - SP 04/07/2025
Gilmar Mendes determina que o governo faça cálculos de indenização devida à concessionária, pelos investimentos feitos e não amortizados, antes da saída da empresa.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes deu uma liminar parcial em favor da K-Infra, que tenta reassumir a operação da Rodovia do Aço, concessão no Rio de Janeiro que teve caducidade declarada pela União. No entanto, o governo federal nega que a decisão dê direito à retomada do ativo.
Na decisão, publicada na quinta-feira (3), o ministro não anula a caducidade da empresa, porém, determina que o governo realize os cálculos da indenização devida à concessionária antes da extinção do contrato. Pela regra, a empresa precisa ser ressarcida pelos investimentos feitos e não amortizados.
“Reconheço a presença de perigo de dano advindo do afastamento imediato da impetrante da administração da Rodovia 393/RJ, sem que tenha havido definição prévia do valor indenizatório pela avaliação dos investimentos em bens reversíveis, sobretudo em razão do risco de deteriorização desses bens após o seu afastamento da operação”, afirmou o ministro, na decisão.
A avaliação no poder público é que a conta será desfavorável à empresa. Porém, o ministro diz que “o fato de a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] considerar altamente previsível que, na apuração de haveres e deveres, a concessionária terá saldo negativo junto à União, não afasta o prejuízo advindo do possível encerramento do processo de extinção contratual sem os cálculos da indenização devidos, sobretudo diante do risco de deteriorização dos bens após a transferência da operação para o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] ou para o novo parceiro privado”.
Logo após a liminar, a K-Infra enviou ofícios às autoridades manifestando sua intenção de retomar a operação da rodovia nesta sexta-feira (4), o que fontes já afirmaram que não será aceito.
Em nota, o Ministério dos Transportes afirmou que “a decisão não altera o cenário de caducidade já declarado por meio de decreto presidencial” e que “o cálculo de indenização e a extinção das obrigações contratuais não se confundem com a caducidade do direito de exploração do trecho rodoviário, que foi declarada com base em inúmeros descumprimentos devidamente comprovados em processo administrativo que respeitou o contraditório e a ampla defesa”.
A pasta diz ainda que “tão logo seja formalmente intimada, a Advocacia-Geral da União (AGU) recorrerá da decisão”.
A caducidade da Rodovia do Aço já havia sido decidida pelo governo federal há meses, só foi oficializada no início de junho porque a empresa havia conseguido uma liminar judicial que impedia a conclusão do processo. O trecho foi assumido pelo Dnit.
A companhia, que é assessorada pelo Serrano, Hideo e Medeiros Advogados, argumenta que a caducidade foi decretada sem direito a ampla defesa e ao devido processo legal. Um dos argumentos é justamente a ausência do cálculo da indenização devida à companhia, que pela lei é um requisito para a caducidade.
Jornal de Brasília - DF 04/07/2025
As vendas de tratores tiveram crescimento de 63,2% em maio, frente ao mesmo mês de 2024, somando 4,5 mil unidades. Frente a abril, o número corresponde a um crescimento mais modesto, de 3,5%, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (3) pela Fenabrave, associação que, além das concessionárias de carros, representa revendedores de equipamentos usados no campo.
No acumulado de janeiro a maio, as vendas de tratores tiveram crescimento de 22,6%, totalizando 18,9 mil unidades. Segundo o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, o desempenho está sendo puxado por máquinas de menor potência, compradas por produtores de café e arroz, culturas onde os preços favoreceram as margens e, consequentemente, os investimentos.
Nas máquinas de maior cilindrada – usadas, em especial, em lavouras de soja -, o crescimento foi menor, refletindo as taxas de financiamento elevadas e a queda dos preços, explicou o executivo em entrevista coletiva à imprensa.
O balanço da Fenabrave mostra também que 224 colheitadeiras de grãos foram vendidas em maio, o dobro, alta de 109,3%, do número de um ano antes. Em relação a abril, a alta no segmento foi de 143,5%. Nos cinco primeiros meses do ano, as vendas de colheitadeiras, de 1,1 mil unidades, recuaram 1,2% frente ao mesmo período de 2024.
Enquanto as vendas de carros podem ser atualizadas diariamente com base nos licenciamentos de veículos, os números de máquinas agrícolas precisam ser levantados com os fabricantes. Por isso, as estatísticas têm defasagem de um mês em relação ao balanço das vendas de automóveis, divulgado nesta quinta pela Fenabrave com dados já relativos a junho.