Clipping Diário

04 | Junho | 2025

INDA

Diário do Comércio - MG   04/06/2025

Siderúrgicas de Sete Lagoas e região planejam paralisar suas atividades das 6h às 18h desta terça-feira (3). O movimento, segundo o empresário do setor, Willian Reis, tem como objetivo fazer um alerta sobre as condições do mercado no País, que convive com vários problemas: concorrência com produtos importados, juros altos, aumento nas tarifas para aço e alumínio anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além da elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

“Com um conjunto de entraves, o setor está vivendo no limite, estamos chegando perto do colapso. As empresas não conseguem mais cortar custos”, ressalta Reis. Ele conta que a adesão à paralisação somou 18 siderúrgicas de Sete Lagoas e redondezas, que incluem Matozinhos, Pedro Leopoldo, Curvelo e Maravilhas. Essas 18 empresas empregam por volta de 3,5 mil pessoas.

Somente em Sete Lagoas, na região Central do Estado, o empresário destaca que a atividade conta com aproximadamente 5 mil postos de trabalho direto, em 23 empresas do segmento. “É muita responsabilidade manter os empregos diante desse cenário”, observa o empresário, que frisa que a ação dessa terça-feira (3) é fruto dos empresários do setor, sem qualquer tipo de liderança.

Durante o período da paralisação, devem deixar de ser produzidas aproximadamente 2,5 mil toneladas de ferro-gusa (matéria-prima para a produção de aço). Reis acrescenta que, em Minas Gerais, além de Sete Lagoas e região, se destacam na produção Itaúna e Divinópolis, municípios localizados na região Centro-Oeste do Estado.

Fora do País, na última sexta-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que planeja aumentar as tarifas sobre aço e alumínio importados de 25% para 50%, aumentando a pressão sobre os produtores globais de aço e aprofundando a guerra comercial. “A maior parte das siderúrgicas exporta e por volta de 84% do ferro-gusa têm como destino os Estados Unidos”, observa o empresário de Sete Lagoas.

O Brasil é um dos principais exportadores de aço e alumínio para os Estados Unidos e vem negociando com o governo norte-americano a adoção de cotas sem tarifas, até agora sem resultados concretos.

Além da questão das tarifas, o setor convive há anos com a disputa de mercado dentro do País com o produto importado, tanto que o Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda) defendeu no mês passado uma taxa de 25% para as importações do aço chinês, para proteger a indústria nacional.

O fato é que mesmo com a imposição de cotas e o aumento de tarifas por parte do governo federal, em junho do ano passado, para limitar a entrada do aço importado no País, no acumulado do ano até abril, o crescimento das importações continua e foi de 31,7%, passando de 827,3 mil toneladas importadas de janeiro a abril de 2024 para 1,08 milhão de toneladas no mesmo período deste ano.

Internamente, o empresário reclama da elevada taxa de juros em vigor no País. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, voltou a aumentar a taxa básica de juros da economia, a Selic. A elevação foi de 0,5 ponto percentual, chegando a 14,75% ao ano. Foi a sexta alta seguida. A taxa está no maior nível desde agosto de 2006, quando também estava em 14,75% ao ano. “Com isso o custo do dinheiro fica mais caro, o que desestimula os investimentos e estimula as aplicações financeiras. E agora surge mais um dificultador, que é o aumento do IOF”, observa.

Reis diz que o cenário atual vivido pelo setor deve fazer com que as empresas revejam suas estratégias de produção, podendo reduzir a oferta. E acrescentou que o balanço da paralisação desta terça-feira (3) deve ser feito na próxima semana. “Vamos analisar os efeitos e definir as estratégias”, diz.

SIDERURGIA

Valor - SP   04/06/2025

Camex estendeu por mais 12 meses o mecanismo que estipula tarifa de importação de 25% e cotas de importação para dez Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs) que já estavam enquadradas

A renovação, pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), da política de cotas de importações de aço foi bem recebida, mas mercado e agentes do setor acreditam que medidas adicionais de proteção deveriam ser adotadas pelo governo brasileiro.

Na semana passada, a Camex estendeu por mais 12 meses o mecanismo que estipula tarifa de importação de 25% e estabelece cotas de importação para dez Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs) que já estavam enquadradas. Além disso, incluiu outras quatro NCMs que eram consideradas “NCMs de fuga”, utilizadas para evitar as cotas e restrições tarifárias.

Essas “NCMs de fuga” foram incluídas na lista de medidas depois que o governo federal identificou um crescimento expressivo nas suas importações. A conclusão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços foi de que esses produtos estavam sendo utilizados como substitutos para aqueles tarifados a maior. Agora, 23 NCMs estão abarcadas pela medida de imposição de cotas tarifárias.

"Avanço incremental”

A Ativa Corretora ressalta que a renovação da política de cotas tarifárias “representa um avanço incremental”. Mas, em comentário enviado a clientes, destaca que essa renovação ainda deve se mostrar insuficiente para restabelecer condições equânimes de competitividade frente às importações.

Para a corretora, pelo lado positivo, a política mantém um limite quantitativo à entrada de produtos com tarifas reduzidas, evitando uma pressão ainda maior sobre o mercado siderúrgico doméstico. Além disso, a ampliação da cobertura de NCMs também atua como um fator mitigador frente às práticas recorrentes de evasão através de “NCMs de fuga”.

Mas a Ativa se mantém “cética” quanto à eficácia da medida. Para a corretora, haveria maior eficácia se a tarifa de 25% fosse uniformemente aplicada a todas as categorias de produtos siderúrgicos, sem necessidade de cotas. Em seu comunicado, a Ativa destaca ainda que decisões favoráveis em processos de investigação “antidumping” — atualmente em curso — têm maior potencial de impacto para as ações do setor do que a renovação do sistema de cotas proposta.

“Fazendo analogia com um machucado. Até hoje só tinha gaze, fizeram um reforço. Colocaram esparadrapo. Mas o machucado ainda está lá”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa. “[Medidas como] colocar 25% para tudo e punições ‘antidumpimg’, que podem demorar até oito meses para serem julgadas, poderiam efetivamente curar o machucado. Mas, até agora, nada”, acrescenta.

“Importações predatórias”

Visão parecida é apresentada pelo Instituto Aço Brasil, entidade que reúne as maiores siderúrgicas brasileiras. Para a entidade, a decisão foi positiva, uma vez que o setor não poderia ficar sem qualquer mecanismo de defesa a partir de 31 de maio, diante do que o Aço Brasil classifica como “importações predatórias”.

Mas, em comunicado divulgado semana passada, o Instituto foi categórico ao afirmar que há “necessidade absoluta de adoção de medidas de defesa comercial mais eficientes ante o persistente e preocupante crescimento das importações que ameaçam a indústria brasileira do aço”.

“As importações seguem atingindo níveis elevados e inéditos, comprometendo a operação sustentável das usinas brasileiras e, consequentemente, lançando incertezas sobre a sobrevivência da indústria do aço nacional”, diz o comunicado divulgado pelo Aço Brasil.

Em nota, a instituição lembra que, em 2024, a entrada de aço importado no país cresceu 18,6% na comparação com 2023, para 6 milhões de toneladas, e, somente no primeiro quadrimestre de 2025, avançou outros 27,5% ante igual período do ano anterior, atingindo o volume de 2,2 milhões de toneladas.

“Essas importações atingiram níveis inaceitáveis que representam 25% das vendas domésticas do setor”, frisa o Aço Brasil.

Valor - SP   04/06/2025

As medidas protecionistas dos Estados Unidos para o aço e alumínio, anunciadas pelo presidente americano Donald Trump na semana passada, são positivas para a Gerdau, avalia o presidente e diretor-executivo da produtora de aço, Gustavo Werneck. “Todas as medidas de defesa comercial são relevantes para poder incentivar a indústria local. Há muitos anos, temos uma operação de produção de aço nos Estados Unidos. Então, se colocam mecanismos para se defender a indústria nacional, a gente acaba sendo beneficiado”, justificou o executivo.

“A gente vê, ao longo do tempo, como um impacto positivo para nós que produzimos aço localmente por lá”, acrescentou Werneck, durante conversa com jornalistas no encerramento do CEO Fórum Amcham 2025, realizado em São Paulo, nesta terça-feira.

Questionado sobre os impactos negativos do aumento de 25% para 50% das tarifas americanas sobre as importações de aço e alumínio na indústria brasileira, da qual a Gerdau também faz parte, Werneck disse que compartilha da visão de que a medida pode prejudicar os negócios ao deslocar o aço que não vai entrar no mercado americano para o Brasil.

“Para a Gerdau no Brasil, segue sendo uma preocupação. Toda vez que se colocam tarifas comerciais mais altas, se espera que esse aço, que compete de forma desleal, procure outras geografias para ser vendido [...] O Brasil é um local, já que aqui a gente tem tido dificuldade de colocar medidas de defesa comercial mais fortes”, disse.

A expectativa é de que, como praticamente metade dos resultados da Gerdau são provenientes da América do Norte, a empresa será beneficiada pela nova regra que favorece produtores dos Estados Unidos, apesar das operações no Brasil serem afetadas.

O executivo também falou sobre a renovação da política de cotas de importações de aço, feitas pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) na semana passada. Para Werneck, as mudanças ainda podem ser ampliadas. “A gente vê como um debate que ainda não terminou e a gente acha que houve um ganho pelo fato de ter sido mantido aquilo que foi definido há 12 meses”.

“Mas isso não é suficiente, por isso que os debates continuam. A gente tem tentado encontrar dentro do governo federal os caminhos adequados, até mesmo com mecanismos oficiais de defesa comercial, como ‘antidumping’, para encontrar, de fato, os instrumentos necessários para que a competição volte a ser de igual para igual. Então, positivo para um lado, mas preocupante, e o debate continua”, afirmou.

Na semana passada, a Camex estendeu por mais 12 meses o mecanismo que estipula tarifa de importação de 25% e estabelece cotas de importação para dez Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs) que já estavam enquadradas. Além disso, incluiu outras quatro NCMs que eram consideradas “NCMs de fuga”, utilizadas para evitar as cotas e restrições tarifárias.

As novas nomenclaturas foram incluídas na lista depois que o governo federal identificou um crescimento expressivo nas suas importações. Agora, 23 NCMs estão abarcadas pela medida de imposição de cotas tarifárias. Apesar de ver a mudança como positiva, Werneck avalia que outros instrumentos, como “antidumping” e salvaguardas, poderiam ser mais eficazes.

“Talvez a aplicação de uma tarifa como essa, uma cota-tarifa, seja um debate do Mercosul. Mas mecanismos, como o ‘antidumping’ e salvaguardas, não precisam de debate. A gente está nesse caminho. O governo tem acolhido”, disse.

O executivo aponta falta de celeridade no momento de o governo empregar medidas para proteger a indústria nacional. “A suspeita que nós temos é que estão faltando recursos para trabalharem nesses temas, porque é muita demanda”. Werneck ainda disse que a companhia avalia de que maneiras poderia ajudar os técnicos do governo a dar mais agilidade ao processo.

IstoÉ Online - SP   04/06/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (3) um decreto que aumenta as tarifas sobre as importações de aço e alumínio de 25% para 50%. A medida está prevista para entrar em vigor amanhã (4).

No documento, o governo americano defende que o objetivo da ação, que teve como foco dois setores considerados estratégicos para Washington, é garantir a segurança nacional do país.

“Considerei necessário aumentar as tarifas alfandegárias sobre aço e alumínio para ajustar as importações e garantir que elas não coloquem em risco a segurança nacional”, informou o texto.

Ainda de acordo com o republicano, as novas tarifas impostas “serão mais eficazes no combate ao excesso de produção de baixo custo de países estrangeiros, que está minando a competitividade das indústrias de aço e alumínio dos Estados Unidos”.

“Embora as taxas alfandegárias impostas até agora tenham fornecido suporte essencial aos preços no mercado americano, elas não permitiram que essas indústrias se desenvolvessem e mantivessem uma taxa de utilização da capacidade de produção suficiente para sua sustentabilidade e tendo em vista as necessidades da defesa nacional”, afirma o decreto.

As taxas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio nos EUA estavam de pé desde 12 de março. Além disso, o novo decreto confirma uma promessa feita por Trump na semana passada.

CNN Brasil - SP   04/06/2025

O Departamento de Defesa Comercial (Decom) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) abriu, nesta semana, investigação sobre as exportações de 25 grupos de aço (NCMs na sigla do comércio exterior) da China.

Esta é a maior investigação da história do Decom em número de NCMs envolvidos. Antes, as maiores investigações eram relativas a calçados (23 códigos) e brinquedos (20 códigos), segundo apuração da CNN.

A investigação sobre a suposta prática de dumping foi oficializada no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (2). Há temor de que os produtos comercializados no Brasil abaixo do preço praticado no mercado interno chinês possam ferir a indústria nacional.

O processo de apuração vai averiguar a existência de dumping nas exportações da China para o Brasil de "produtos laminados planos, de ferro ou de aço ligado ou de aço não ligado, laminados a quente, não folheados, nem chapeados, nem revestidos, de qualquer largura, na forma não enrolada, de espessura inferior a 4,75 mm, ou na forma em rolo, de qualquer espessura".

Este tipo de investigação envolve consultas públicas, escuta das partes interessadas, eventual verificação in loco e um conjunto de análises técnicas. A investigação pode durar de 10 a 18 meses. Após o encerramento da investigação, caso seja determinada a existência de prática de dumping, dano à indústria brasileira, o governo pode aplicar direitos antidumping por um prazo de até 5 anos.

A investigação acontece em meio a temores por parte da indústria siderúrgica de que as tarifas elevadas dos Estados Unidos podem levar a China a redirecionar sua produção excedente para o mercado brasileiro.

A análise dos elementos de prova de dumping considerou o período de julho de 2023 a junho de 2024. Já o período de análise de dano à indústria nacional considerou o período de julho de 2019 a junho de 2024.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   04/06/2025

Em meio às reviravoltas dos anúncios sobre as tarifas de importação dos Estados Unidos, levando os mercados globais a uma vertiginosa montanha-russa, mais uma turbulência deve chacoalhar os investidores ao longo das próximas semanas, quando tramita pelo Senado americano o projeto orçamentário do presidente Donald Trump com a proposta de cortes de impostos e aumento de gastos.

O projeto, apelidado por Trump de “big beautiful bill”, passou pela Câmara dos Deputados por um único voto de diferença. Do jeito que o texto saiu de lá, as projeções são de que o projeto vai elevar o déficit fiscal dos EUA em quase US$ 3 trilhões ao longo da próxima década e aumentar em quase US$ 4 trilhões a dívida do governo federal, atualmente ao redor de US$ 36 trilhões.

Não à toa, o calafrio dos investidores. A questão para o mercado, agora, é se os senadores americanos vão se rebelar e mexer no texto, limitando a trajetória do aumento do déficit orçamentário.

O partido de Trump também controla o Senado, mas há um grupo de senadores republicanos extremamente conservadores em termos fiscais. Eles podem não endossar o plano do presidente. A expectativa é de que o voto no Senado aconteça até o fim de julho, antes do tradicional recesso parlamentar em agosto.

Se a vontade de Trump prevalecer, com a trajetória do déficit e da dívida federal dos EUA considerada explosiva demais pelos investidores, o risco é de uma tempestade nos mercados globais, afetando drasticamente o valor do dólar e o nível dos juros dos títulos públicos mundo afora.

Hoje, a dívida federal em posse do público corresponde a 100% do PIB americano. Mas esse número poderá atingir 130% em 2034 caso os cortes atuais de impostos se tornem permanentes, nos cálculos da Kínitro Capital, que fez estudo sobre o impacto fiscal do projeto orçamentário e da política tarifária de Trump. Conforme o estudo, já em 2026 o déficit deve subir 1,2 ponto porcentual, com o corte de impostos (0,6 ponto) e o aumento de despesas (0,6 ponto).

“A política fiscal pode se tornar significativamente expansionista em 2026, contribuindo com cerca de 1 ponto porcentual para o PIB”, diz o economista-chefe da Kínitro, Sávio Barbosa, para quem o crescimento da economia americana pode superar 2% em 2026.

Esse cenário dificulta o trabalho do Federal Reserve (Fed), que vinha cortando os juros nos EUA, e põe em xeque a aposta de mais dois cortes da taxa básica neste ano. Esse alívio poderia melhorar a liquidez mundial e ajudar países emergentes, como o Brasil.

 

Exame - SP   04/06/2025

A Casa Branca confirmou nesta terça-feira, 3, que os presidentes de Estados Unidos e China, Donald Trump e Xi Jinping, conversarão por telefone “nesta semana” com o objetivo de impulsionar as negociações comerciais entre as duas potências, que se acusaram mutuamente nos últimos dias de violar a moratória bilateral combinada recentemente em Genebra.

“Haverá uma conversa entre os dois muito em breve”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em entrevista coletiva para falar sobre a possibilidade de os dois presidentes conversarem por telefone.

Washington tem falado insistentemente nos últimos dias sobre essa eventual conversa, mas Pequim não se pronunciou a respeito.

Leavitt especificou que Trump “tem um bom relacionamento com o presidente da China”.

“Posso afirmar que o governo está supervisionando ativamente o cumprimento por parte da China do acordo comercial de Genebra. Sei que, no que diz respeito aos EUA, cumprimos os termos estabelecidos e os funcionários do nosso governo continuam em contato com seus pares chineses”, acrescentou, em relação ao acordo fechado no início de maio.

A declaração da porta-voz foi feita depois que, na última semana, Trump acusou Pequim, sem dar detalhes, de violar o acordo de Genebra, onde as duas partes se comprometeram a reduzir as tarifas até agosto.

Pequim respondeu argumentando que foi Washington que violou o acordo ao impor medidas que classificou como “supressão extrema”, como novas restrições sobre chips e o cancelamento de vistos para estudantes chineses anunciado recentemente.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, afirmou ainda que “não tem informações” sobre a referida ligação, que Washington espera que sirva para destravar a situação.

Está previsto que Washington duplique as tarifas sobre o aço e o alumínio para 50% nesta quarta-feira, uma medida que prejudicará a China, que é o segundo maior fornecedor de alumínio dos EUA.

O Estado de S.Paulo - SP   04/06/2025

Tempos estranhos estes. Tudo vai mal mesmo quando vai bem. Algumas coisas vão mesmo muito mal, e é preciso apontá-las, como fez este jornal com coragem no editorial É isto o Senado? (29/5/2025), ao classificar “o espetáculo ultrajante” a que a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi submetida numa comissão da Casa como “um dos momentos mais abjetos da história do Senado”. A sociedade não pode acostumar-se a agressões como as que foram cometidas contra uma ambientalista, mulher e negra, especialmente quando praticadas por membros do Congresso, que em tese são representantes do povo. Mas talvez não devesse, igualmente, conviver com a ideia de que nada melhora, ou de que, quando melhora, não compensa o que piorou.

Sim, a economia cresceu no primeiro trimestre de 2025 a um ritmo auspicioso. O aumento do Produto Interno Bruto (PIB) nos três primeiros meses do ano na comparação com o trimestre anterior foi de 1,4%. No período de quatro trimestres, o aumento foi de 3,5%, um número respeitável. Desde 2010, na transição entre os governos Lula e Dilma, não se registrava expansão tão expressiva (excluída a excepcionalidade do pós-pandemia).

Mas não faltaram ressalvas. Não haveria crescimento se o setor agrícola não estivesse batendo recordes de produção, observariam os céticos. O aumento do PIB vem num momento em que o governo mergulhou numa crise de credibilidade por causa dos erros na condução do programa de recuperação de receitas por meio do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo de natureza regulatória, não arrecadatória, como o Ministério da Fazenda o tentou utilizar. A crise fiscal persiste e as agências de avaliação de risco rebaixam sua avaliação sobre a situação brasileira. Pior ainda, o resultado do primeiro trimestre foi uma exceção – alguns críticos costumam utilizar a expressão “voo de galinha” – e certamente não se repetirá daqui para a frente. Ou seja, tudo vai mal mesmo quando melhora.

Quanto à primeira ressalva, observe-se que o PIB teria crescido – é claro que menos – ainda que o setor agrícola tivesse expansão zero. As outras são procedentes e são fonte de genuína preocupação sobre a condução da política fiscal. O ajuste é necessário e as alternativas para alcançá-lo são poucas, e todas impopulares.

A capacidade do governo federal de cortar despesas é limitada, em razão do predomínio avassalador dos chamados gastos obrigatórios (previdência, folha de salário, transferências constitucionais, aplicação mínima em áreas como educação, entre outros), o que deixa pouca margem de liberdade por esse lado. Aumento de impostos sempre gera protestos, tanto maiores quanto mais disfuncionais parecem ser as propostas, como no caso do IOF.

O caminho mais viável talvez fosse a redução gradual das chamadas renúncias fiscais. Também aqui haveria protestos dos contribuintes hoje beneficiados, mas o argumento para cortar essas vantagens terá sempre mais força do que o utilizado para o aumento puro e simples de algum tributo. Nos documentos anexados à proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2025, o governo calculou em R$ 543,7 bilhões o total de tributos que deixariam de ser arrecadados neste exercício fiscal em razão de leis beneficiando contribuintes ou atividades econômicas.

Na semana passada, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, entregou ao senador Efraim Filho (União-PB) documento mostrando que, em 2024, o agronegócio, a Zona Franca de Manaus e as Áreas de Livre Comércio consumiram benefícios tributários de mais de R$ 200 bilhões. Contribuintes que deixaram de pagar tantos tributos estariam dispostos a começar a recolhê-los? Esta é uma pergunta que não costuma ser feita, mas é preciso que seja feita.

A ressalva mais correta ao desempenho do PIB no primeiro trimestre talvez seja a de que, até o fim do ano, não se repetirá. É mesmo pouco provável que se repita por três trimestres consecutivos. Se isso ocorresse, o crescimento da economia brasileira em 2025 alcançaria nada menos do que 5,72%, desempenho espantoso nos tempos atuais.

Mesmo não repetindo o resultado, porém, a economia pelo lado da produção vai bem. As estimativas de que o crescimento em 2025 alcançará 2,5% continuam vigorosas. Mais do que o PIB, o que neste momento a economia apresenta de positivo são algumas das causas que levaram ao crescimento. Os investimentos aumentaram 3,1%, apesar da alta dos juros, e o consumo voltou a subir (aumento de 1%). Por quê? Porque o desemprego ficou em 6,6% em abril, a menor taxa para o mês desde que o IBGE iniciou a pesquisa atual. E a renda real média sobe. Houve até quem dissesse que a economia vive um círculo virtuoso, em que o consumo faz crescer as vendas, o que estimula as encomendas e isso aumenta a produção e, assim, gera emprego, impulsiona a renda e aquece o consumo.

Mesmo assim, tudo vai mal. Como explicar?

O Estado de S.Paulo - SP   04/06/2025

É cedo para festejar sinais de recuo da inflação. Boas notícias têm surgido, mas o aumento de preços previsto para o ano continua bem acima da meta oficial, 3%, e também do limite de tolerância, 4,5%.

As projeções ainda estão longe de prenunciar um cenário mais confortável para as famílias — especialmente para aquelas forçadas a se arranjar com ganhos muito modestos. No começo do mês, a inflação oficial (IPCA) projetada no boletim Focus ainda ficou em 5,46%, pouco abaixo daquela estimada quatro semanas antes, 5,53%.

No balanço de janeiro a maio, o quadro mais animador foi o do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), produzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em maio, esse indicador teve oscilação negativa, caindo 0,49%, depois de uma alta de 0,24% no mês anterior. Houve recuo em dois de seus três componentes. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com peso de 60%, diminuiu 0,82%. O Índice de Preços ao Consumidor, com participação de 30%, caiu 0,37%, tendo subido 0,46% em abril. O terceiro componente, o Índice Nacional do Custo da Construção, correspondente a 10% do conjunto, aumentou 0,26%.

Conhecido no mercado como prévia da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) avançou 0,36% em maio, menos do que em abril (0,43%), acumulando alta de 2,80% no ano e de 5,40% em 12 meses — taxa ainda bem superior ao teto da meta, fixado em 4,5%.

Apesar do recuo em relação a abril, a elevação no mês passado ainda mostrou um quadro muito desconfortável para os consumidores, com grande aumento de custos do vestuário (0,92%), dos itens e saúde e cuidados pessoais (0,91%) e habitação (0,67%).

Os gastos com habitação foram influenciados principalmente pelas contas de eletricidade, afetadas pela redução das chuvas.

Famílias com baixo rendimento — salarial ou de outros tipos — têm pouca flexibilidade para cortar e recompor despesas, porque quase todas as suas compras estão perto dos limites mínimos necessários.

Qualquer esforço para economizar pode afetar severamente suas condições de vida e suas possibilidades de cuidar da educação e da saúde dos filhos. Reajustes salariais podem proporcionar alívios temporários, logo ameaçados pela alta de preços.

Como o aperto orçamentário é a condição normal da maioria dos brasileiros, prevenir a inflação tem importância especial para a camada mais ampla da população.

Se levar em conta esse dado, o governo terá um motivo de grande peso para controlar seus gastos e evitar o desajuste de preços, mesmo quando a economia avança, o emprego aumenta e as condições de vida melhoram.

Monitor Digital - RJ   04/06/2025

Na passagem de março para abril, a produção industrial do país subiu 0,1%, quarto mês consecutivo de resultados positivos. No acumulado para o primeiro quadrimestre de 2025, o setor avança 1,4%. Em 12 meses, apesar da taxa positiva (2,4%), houve perda de ritmo frente aos resultados de março (3,1%), fevereiro (2,6%) e janeiro de 2025 (2,9%). Em relação a abril de 2024, houve queda de 0,3%, interrompendo 10 meses consecutivos de crescimento. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo IBGE. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados reforçam os sinais do primeiro trimestre de 2025, que indicaram menor tração no setor. “Taxas de juros em elevação, incertezas externas e internas na condução de política econômica e fatores climáticos, mesmo que pontuais, vêm contribuindo para isso”, analisa a entidade.

Considerada apenas a indústria de transformação, a evolução em abril de 2025 foi ainda mais fraca: queda de 0,5% frente a março, com ajuste sazonal, e perda de 2% na comparação com abril de 2024.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ressalta que, apesar do resultado positivo da produção industrial, a atividade permanece 14% abaixo da máxima histórica alcançada em 2011, evidenciando a fragilidade do setor. “Refletindo esse cenário adverso e a falta de perspectivas concretas para a recuperação da indústria, a confiança do empresário industrial permanece no campo pessimista há cinco meses consecutivos”, lamenta a entidade.

“Diante de um quadro marcado por juros elevados e um ambiente externo incerto, é necessário um ambiente mais favorável, com segurança jurídica que permita o planejamento financeiro das empresas e maior previsibilidade para os negócios. A tentativa de implementar medidas para recompor receitas, que acabam onerando ainda mais o setor produtivo, expõe o esgotamento do atual regime fiscal. Para restaurar a confiança dos empresários e fortalecer o cenário macroeconômico, a Firjan destaca que são fundamentais medidas estruturais permanentes. Avançar em uma agenda de reformas que promova estabilidade, eficiência na gestão pública e equilíbrio fiscal é essencial e deve ser prioridade para garantir o desenvolvimento sustentável do país”, defende a Firjan.

“Frente ao patamar alcançado em dezembro do ano passado, a atividade industrial acumula expansão de 1,5%. Apesar do resultado muito próximo da estabilidade em abril de 2025, verifica-se um predomínio de taxas positivas, alcançando três das quatro categorias econômicas e 13 dos 25 ramos industriais pesquisados. Vale destacar que com esses resultados, a produção industrial se encontra 3% acima do patamar pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, mas ainda 14,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011”, contextualiza o gerente da Pesquisa Industrial Mensal, André Macedo.

Entre as grandes categorias econômicas, bens de capital (1,4%), bens intermediários (0,7%) e bens de consumo duráveis (0,4%) ficaram no campo positivo, enquanto bens de consumo semi e não duráveis (-1,9%), no negativo.

Para as atividades, as influências positivas mais significativas vieram de indústrias extrativas (1%) e bebidas (3,6%).

“O setor extrativo, que acumula expansão 7,5% em três meses consecutivos de crescimento na produção, foi impulsionado pela maior extração de petróleo e minério de ferro”, destaca Macedo.

Ele também explica que a atividade de bebidas, após apresentar estabilidade nos meses de março (0%) e fevereiro (-0,1%), teve como destaque a maior produção de cerveja, chopp e refrigerante.

Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria foram registradas pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (1%) e de impressão e reprodução de gravações (11%).

Por outro lado, entre as 11 atividades industriais com queda na produção em abril, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,5%) exerceram os principais impactos negativos na média da indústria.

“Ambas as atividades eliminaram parte dos avanços verificados em março de 2025. Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis havia avançado 3,4% e foi influenciada pela redução na produção do álcool e derivados do petróleo, enquanto a queda na indústria farmacêutica, após crescimento de 12% em março, foi influenciada pela queda na fabricação de medicamentos.”

Destacam-se, ainda, as influências negativas de celulose, papel e produtos de papel (-3,1%), de máquinas e equipamentos (-1,4%), de móveis (-3,7%), de produtos diversos (-3,8%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,9%).

Em relação a abril de 2024, a variação de -0,3% interrompe 10 meses consecutivos de crescimento e mostra predomínio de resultados negativos, alcançando duas das quatro grandes categorias econômicas e 16 das 25 atividades.

O gerente ressalta que “o recuo verificado no índice de abril frente a abril do ano passado foi influenciado não só pelo efeito-calendário, já que abril de 2025 teve dois dias úteis a menos, mas também pela base de comparação elevada, uma vez que em abril de 2024 a atividade industrial avançou 8,4%”.

Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo semi e não duráveis (-5,4%) e bens de capital (-3,3%) ficaram no campo negativo, acompanhando o movimento registrado pelo total da indústria (-0,3%). Por outro lado, os setores produtores de bens intermediários (1,9%) e de bens de consumo duráveis (2%) tiveram resultados positivos em abril de 2025.

Já entre as atividades, as principais influências negativas no total da indústria foram registradas por produtos alimentícios (-4,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,7%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9%).

Outras contribuições negativas importantes vieram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,7%), de celulose, papel e produtos de papel (-3,8%), de impressão e reprodução de gravações (-17,5%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-5,3%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,8%), de produtos diversos (-5,3%) e de produtos de borracha e de material plástico (-1,5%).

Por outro lado, na mesma comparação, entre as nove atividades com expansão na produção, indústrias extrativas (10,2%) exerceu a maior influência na formação da média da indústria. Vale destacar também as contribuições positivas dos ramos de metalurgia (4,4%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (10,4%), de máquinas e equipamentos (2,5%), de produtos têxteis (6,6%), de bebidas (2,5%) e de produtos químicos (0,9%).

Jornal de Brasília - DF   04/06/2025

A Casa Branca confirmou nesta terça-feira (3) que o governo Donald Trump enviou cartas a países dando o prazo até esta quarta-feira (4) para que apresentem suas propostas de acordo sobre as tarifas impostas aos seus produtos importados aos Estados Unidos.

“O USTR [Representante de Comércio dos Estados Unidos] enviou esta carta a todos os nossos parceiros comerciais apenas como um lembrete amigável de que o prazo está se aproximando”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.

A informação foi antecipada pela Reuters, que teve acesso ao documento. No ofício, os EUA solicitam que os países apontem suas melhores propostas, inclusive cotas para a compra de produtos dos Estados Unidos.

Outros itens solicitados incluem quaisquer compromissos sobre comércio digital e segurança econômica, juntamente com compromissos específicos de cada país, de acordo com a carta.

Ainda segundo a carta, o governo Trump vai avaliar e dar respostas dentro de alguns dias, oferecendo “uma possível zona de aterrissagem” que poderá incluir uma taxa tarifária recíproca.

Trump anunciou no dia 2 de abril a imposição do que chamou de “tarifas recíprocas”, taxas elevadas a mais de 60 nações, além de um imposto linear de 10% a todas as nações.

Depois, ele pausou a aplicação das tarifas elevadas, à exceção da sobretaxa imposta à China, que chegou a 145% -e depois também foi substituída por uma de 30% Desde então, autoridades americanas dizem que anunciarão uma série de acordos, o que ainda não ocorreu.

Os EUA também impuseram tarifas de 25% à importação de alumínio e aço, sendo que Trump anunciou que elevará para 50% a taxação ao aço.

O governo brasileiro ainda não confirmou o recebimento da carta. O Brasil tenta obter vantagens principalmente na negociação sobre o aço e quer que os EUA façam cotas ao produto.

“O presidente espera bons acordos, e estamos no caminho para isso”, disse a porta-voz da Casa Branca nesta terça.

CNN Brasil - SP   04/06/2025

Temor compartilhado por indústria e governo é de que, com as taxas de Trump, parte dos produtos que entram nos EUA passe a ser “despejada” no Brasil

Danilo Moliterno e Vitória Queiroz, da CNN, Brasília04/06/25 às 02:15:17 | Atualizado 03/06/25 às 19:41:13

O governo brasileiro avalia que ao menos cinco segmentos industriais podem ser prejudicados por “surtos” de importação de mercadorias em consequência das tarifas estabelecidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo apuração da CNN.

Confira os setores que despertam a atenção do governo:
Indústria de aço
Indústria química
Indústria automotiva
Indústria de pneus
Indústria de aerogeradores (turbinas eólicas)

O temor compartilhado por setores da indústria e do governo é de que, com as taxas nos EUA, parte dos produtos que atualmente entram no gigante mercado norte-americano passe a ser redirecionada e despejada a preços baixos no Brasil, prejudicando a produção nacional.

Como mostrou a CNN, diversos segmentos industriais observam este movimento global e já pedem à gestão federal a adoção de mecanismos de defesa comercial para proteger sua produção, como elevações e recomposições de tarifas, cotas e medidas compensatórias.

Segundo uma fonte do governo, possíveis prejuízos aos setores e suas demandas estão sendo avaliados. Estes pleitos passam pelo crivo do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), colegiado formado por dez ministérios da Esplanada.

Um dos segmentos considerados vulneráveis pelo governo, a indústria siderúrgica teve pleito atendido recentemente pelo governo: foi renovada a proteção, em sistema de cotas, a 19 classes de produtos (NCMs na sigla técnica) e estendida a defesa comercial a quatro outros grupos.

As indústrias de pneus e química também foram atendidas parcialmente no ano passado em seus pleitos de defesa comercial. Esta última, no entanto, avalia que, com “efeito Trump” colocado no tabuleiro posteriormente, a medida adotada em 2024 não é suficiente para proteger o setor das importações.

Infomoney - SP   04/06/2025

A produção industrial brasileira cresceu menos que o esperado pelo mercado em abril, o que fortalece a tese entre os economistas de desaquecimento gradual da atividade econômica. Permanece assim a projeção de que a indústria ainda terá crescimento em 2025, porém em menor intensidade do que em 2024. E que o Banco Central vai precisar manter os juros em patamar restritivo por mais tempo.

A produção teve uma alta quase na linha d’água (+0,1% ante março), enquanto as estimativas dos analistas variavam de um crescimento entre 0,3% e 0,7%. Na comparação com abril do ano passado, o IBGE constatou uma queda de 0,3%, o que interrompeu uma sequência de dez meses consecutivos de altas. Mas o volume industrial ainda acumula variação positiva de 1,4% nos primeiros quatro meses do ano.

Rafaela Vitoria, economista chefe do Inter, destacou que o resultado foi menos disseminado do que no mês anterior, com 13 das 25 atividades apontando variação positiva em abril. Ela detalhou que os principais impactos positivos do mês vieram dos setores extrativos e de bebidas, enquanto os setores de derivados do petróleo e farmacêuticos foram os destaques negativos, revertendo as surpresas positivas de março.
Ele ponderou que a tendência de desaceleração no acumulado de 12 meses permanece, particularmente para os segmentos de veículos e alimentos, o que conversa com os dados recentes de crédito, indicando alta da inadimplência e redução das concessões de financiamento de veículos como decorrência da política monetária restritiva.

Ainda assim, segundo Rafaela, o nível de atividade industrial pode ser considerado robusto e seu esfriamento vem ocorrendo de maneira lenta e um pouco ruidosa. “Esse cenário deve reforçar o comunicado do Banco Central de que a política monetária deve permanecer restritiva por um prazo mais prolongado, até que se tenha maior evidência de desaceleração e seu consequente impacto na inflação e suas expectativas”, afirmou.

Ata do Copom mantém suspense sobre fim do ciclo de alta na Selic, dizem economistas

Igor Cadilhac, economista do PicPay, por sua vez, lembrou que os resultados positivos também predominaram entre as grandes categorias econômicas, com bens intermediários crescendo 0,7%, seguidos por bens de capital (+1,4%) e bens de consumo duráveis (+0,4%). Em contrapartida, houve recuo no segmento de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-1,9%).

“Para 2025, projetamos um crescimento de 2% na produção industrial brasileira. Apesar dos desafios impostos pela desaceleração da economia global e pelo prolongado período de juros elevados, acreditamos que a retração será moderada. Fatores como uma balança comercial sólida e políticas governamentais de estímulo à atividade econômica devem ajudar a mitigar os impactos negativos”, comentou.

Em sua análise, a XP disse concordar com a leitura de que a indústria brasileira vai esfriar gradativamente ao longo de 2025. “Por um lado, o fim da capacidade ociosa na maioria das categorias de manufatura — ou seja, restrições de oferta — e o ambiente restritivo de taxas de juros devem cobrar seu preço. Por outro lado, a resiliência do mercado de trabalho e as medidas governamentais anunciadas recentemente devem apoiar a demanda interna no curto prazo”, estimou.

Para a XP, a produção industrial geral aumentará 2,0% em 2025, portanto abaixo dos 3,1% divulgado em 2024. O XP Tracker para o crescimento do PIB do 2º trimestre do ano é de 0,5% na comparação trimestral e de 2,4% na anualizada. “Nossa projeção atual para o crescimento do PIB em 2025 – atualmente em 2,3% – é ligeiramente tendenciosa para cima.”

A avaliação de Claudia Moreno, economista do C6 Bank, é que a principal surpresa em relação à projeção veio da indústria de transformação (-0,5%), que teve um resultado abaixo da alta esperada de 0,1%. “O resultado abaixo do esperado em abril reforça nossa perspectiva de que a indústria brasileira como um todo deve perder força ao longo de 2025. Nossa expectativa é de que a produção industrial termine o ano com uma retração de 0,5%. Vale lembrar que, no ano passado, o setor cresceu 3,1%”, detalhou.

Claudia considera que os dados da indústria indicam que a economia brasileira está em expansão, ainda que em ritmo mais lento do que em 2024. “Entendemos que essa perda de fôlego também é reflexo dos juros mais altos, que tendem a reduzir os investimentos e provocar uma desaceleração da atividade econômica. Por isso, esperamos que o PIB cresça 2% em 2025 e 1% em 2026” , estimou.

Para a política monetária, o C6Bank mantém a projeção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará a Selic em 0,25 ponto percentual, para 15%, na reunião do próximo dia 18. “Mas reconhecemos que há chances de os juros ficarem estáveis. A tendência é que as pressões inflacionárias mantenham a Selic nesse patamar elevado até, pelo menos, o final de 2025, contribuindo para a desaceleração da economia”, disse Claudia em nota.

Rafael Perez, economista da Suno Research, por sua vez, destacou que o setor de bens de capital apresentou desempenho positivo, com alta de 1,4% no mês e crescimento de 8,3% no acumulado em 12 meses, destacando como um dos poucos setores dentro da indústria de transformação a continuar crescendo mesmo diante do cenário mais adverso.

“A antecipação das importações de máquinas e equipamentos para fugir da guerra comercial e evitar possíveis problemas nas cadeias globais de produção ajudam a explicar esse crescimento no mês”, disse.

No entanto, ele lembrou que setores mais cíclicos vêm desacelerando, refletindo os efeitos de juros elevados, crédito mais caro, custos ainda altos e incertezas provocadas pela guerra comercial. “Em geral, o resultado de abril sinaliza uma perda de tração da indústria diante da fragilidade de segmentos mais sensíveis ao ciclo econômico doméstico”, afirmou..

Para 2025, ele disse acreditar que a recuperação do setor extrativo deve ter continuidade, porém ainda pode ser limitada pela recente queda nos preços internacionais do petróleo e do minério de ferro. “Já a indústria de transformação segue vulnerável às condições domésticas e aos desdobramentos da guerra comercial, que podem pressionar os custos de importação e afetar a disponibilidade de insumos.”

Luis Otávio Leal, sócio e economista-chefe da G5 Partners, observou que o índice de difusão – percentual de atividades com variação positiva no mês – caiu de 55,1% em março para 43,3% em abril, corrobora a percepção de desaceleração.

“No decorrer dos próximos meses, continuamos acreditando que o nível altamente contracionista da política monetária vai afetar de maneira progressiva a indústria brasileira, particularmente o segmento de transformação. Inclusive, com base nos dados divulgados até o momento, nossas estimativas preliminares sugerem que o PIB industrial pode retrair no segundo trimestre. Se for o caso, seria o segundo em sequência.”

MINERAÇÃO

Portal Fator Brasil - RJ   04/06/2025

A mineradora brasileira investiu R$ 1,38 bilhão em 2024 e, R$ 7,4 bilhões desde 2020. Com a iniciativa, a empresa se torna a primeira do setor de mineração global e a primeira empresa brasileira a elaborar este tipo de documento conforme as normas do International Sustainability Standards Board (ISSB).

Vale é a primeira mineradora do mundo e a primeira empresa brasileira a adotar voluntariamente o padrão internacional do ISSB para reportar riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade. Essa prática será obrigatória no Brasil a partir de 2027. Desde 2020, a Vale investiu R$ 7,4 bilhões em iniciativas de descarbonização (R$ 1,38 bilhão apenas em 2024). As metas incluem reduzir em 33% emissões de escopos 1 e 2 até 2030, zerar emissões líquidas até 2050 e reduzir em 15% emissões de escopo 3 até 2035. O relatório detalha como a Vale avalia continuamente os riscos climáticos e segue os padrões ISSB e IFRS, garantindo alto nível de transparência sobre os impactos financeiros das ações sustentáveis da empresa. Ele será publicado anualmente.

A Vale divulgou no dia 02 de junho (segunda-feira), seu primeiro relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. Com a iniciativa, a mineradora se torna a primeira do setor de mineração global e a primeira empresa brasileira a elaborar este tipo de documento conforme as normas do International Sustainability Standards Board (ISSB), adotando o novo padrão global para que as empresas reportem riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade.

CVM exigirá o padrão a partir de 2027 — A Vale adotou de forma voluntária o padrão, que será de apresentação obrigatória pelas empresas de capital aberto no Brasil somente a partir de 2027 (com dados referentes a 2026), de acordo com a resolução 193/2023 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O relatório informa que, desde 2020, a Vale já investiu R$ 7,4 bilhões em iniciativas de descarbonização. Somente no ano de 2024, o valor investido foi de R$ 1,38 bilhão. A empresa tem como metas reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de escopo 1 e 2 (diretas e indiretas) em 33% até 2030, com relação ao ano-base de 2017, e zerar as emissões líquidas até 2050. A empresa também busca reduzir em 15% as emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035.

—Este relatório evidencia que a Vale está preparada para liderar na mineração sustentável, com um posicionamento único para apoiar a descarbonização global, enquanto caminha para tornar-se referência na criação de valor de longo prazo. Esta divulgação também demonstra a dedicação da Vale para atingir suas metas de redução de emissões por meio de ações transparentes e responsáveis, investindo de forma pragmática na execução de sua estratégia climática e no avanço das melhores práticas em sustentabilidade —afirma Gustavo Pimenta, presidente da Vale.

O relatório apresenta a estratégia da Vale para o enfrentamento das mudanças climáticas e detalha riscos e oportunidades relacionados ao tema. Entre as oportunidades significativas para a empresa, destacam-se o aumento da procura por produtos de minério de ferro com potencial de reduzir as emissões de carbono da indústria siderúrgica e a demanda crescente por metais para a transição energética, como níquel e cobre.

No relatório, a empresa detalha os investimentos para descarbonização em 2024, como o desenvolvimento do briquete de minério de ferro, que pode reduzir em até 10% as emissões no alto-forno e, se usado na rota de redução direta, pode viabilizar a produção do aço verde. Também é mencionado o desenvolvimento dos Mega Hubs, complexos industriais voltados para produtos siderúrgicos de baixo carbono, que a empresa está implantando com parceiros no Oriente Médio, EUA e Brasil. Há também iniciativas para redução de emissões diretas, como a ampliação do uso de biocombustíveis nas operações.

No que se refere ao gerenciamento de riscos, a Vale informa como adota avaliação permanente dos riscos relacionados às mudanças climáticas, considerando a transição para uma economia de baixo carbono e os impactos físicos das alterações do clima. A companhia também detalha o monitoramento contínuo que faz do tema em toda a cadeia de valor, utilizando análise de cenários climáticos para avaliar a vulnerabilidade de ativos e os planos de adaptação.

O relatório no padrão ISSB da Vale foi elaborado sob as Normas de Divulgação de Sustentabilidade e os IFRS Sustainability Disclosure Standards, garantindo alto nível de transparência em informações relacionadas ao impacto financeiro das ações de sustentabilidade da companhia. O documento passará a ser divulgado anualmente.

Veja - SP   04/06/2025

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se prepara para votar um polêmico projeto de lei que restringe a instalação de minerodutos em seis munícipios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O projeto, que é inédito no Brasil, foi motivo de convocação de uma audiência pública na Assembleia, em data a definir. A Mineração Usiminas, Mineração Comisa, Mineração Morro do Ipê, Grupo AVG, Mineral do Brasil, Minerita e ArcelorMittal já sinalizaram que o projeto pode cancelar investimentos da ordem de 20 bilhões de reais.

As mineradoras defendem que os minerodutos apresentam menor impacto ambiental, que as empresas mineradoras fazem reuso e recirculação de água e que, com a vedação, mais caminhões precisariam ser usados na logística, gerando mais risco ambiental.

Já se manifestaram a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (AMIG), o Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra) e a Associação das Mineradoras da Serra Azul (Amisa).

IstoÉ Online - SP   04/06/2025

Durante evento no BNDES em celebração ao Dia da Indústria, o diretor da cadeia integrada de ferrosos da Vale, Vagner Loyola, afirmou que a empresa está determinada a liderar a transição para uma economia de baixo carbono. A estratégia inclui o avanço na siderurgia verde, com uso de minério de ferro de alta qualidade, e o investimento em cobre como mineral essencial para a nova matriz energética.

Entre as principais inovações destacadas está o briquete de minério de ferro, desenvolvido ao longo de duas décadas em Minas Gerais e capaz de reduzir em até 10% as emissões nos altos-fornos. A tecnologia já está sendo aplicada na planta da empresa em Vitória (ES) e será uma das bases para os “mega hubs” industriais que a Vale pretende instalar com uso de hidrogênio verde.

Loyola ressaltou que o Brasil possui vantagens únicas para assumir protagonismo na transição energética, como uma matriz elétrica majoritariamente renovável e abundância de minerais estratégicos. Os futuros hubs da Vale poderão operar com hidrogênio verde, agregando valor ao minério de ferro — o HBI, por exemplo, pode ser comercializado por até US$ 500 por tonelada, contra os atuais US$ 97 do minério bruto.

Além da siderurgia, a Vale aposta no cobre como pilar da nova economia. O programa Novo Carajás, lançado neste ano com previsão de investimentos de R$ 70 bilhões, pretende elevar em 40% a produção nacional do metal até 2030. “A transição energética é um negócio estratégico para a Vale. Contem com a gente”, concluiu Loyola.

Valor - SP   04/06/2025

Contratos para entrega em setembro, os mais negociados, fecharam cotados a US$ 96,5 por tonelada

Os contratos futuros do minério de ferro caíram após o feriado que fez com que as bolsas asiáticas não operassem.

As preocupações contínuas sobre a demanda na China e excesso de oferta afetam o sentimento dos investidores, explicam analistas da ANZ Research, citado pelo Dow Jones Newswires. Ainda, as vendas e preços de imóveis de maio vieram mais fracas que o esperado, o que aumentam as preocupações dos investidores.

Os contratos de minério de ferro para entrega em setembro, os mais negociados, fecharam em queda de 1,14% na Bolsa de Dalian, cotados a 695,5 yuan (US$ 96,5) a tonelada.

IstoÉ Online - SP   04/06/2025

A finlandesa Metso anunciou a venda de seu negócio de ferrosos e transferência de calor para o grupo alemão SMS, como parte de uma estratégia de focar em segmentos com maior potencial de crescimento, como cobre e minerais para baterias. O acordo inclui tecnologias de aglomeração, pelotização e o processo de redução direta Circored, anteriormente sob a marca Outotec.

A operação, cujo valor não foi divulgado, não terá impacto material nos resultados financeiros da Metso, já que esses ativos vinham sendo reportados como operações descontinuadas desde 2023. A empresa informou que decisões adicionais serão tomadas em relação aos demais ativos classificados como descontinuados, incluindo negócios de metais e processamento químico.

A SMS, que atua no Brasil desde 1970, destacou que pretende desenvolver as tecnologias adquiridas para apoiar sua estratégia de promover a transformação verde da indústria metalúrgica. A tecnologia Circored é vista como peça-chave nesse processo, com foco na redução de emissões na produção de aço.

Com a transação, cerca de 180 colaboradores da Metso — principalmente da Alemanha, Índia e China — devem ser integrados ao grupo SMS até o fechamento da operação, previsto para o primeiro trimestre de 2026.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   04/06/2025

No acumulado do ano, o crescimento alcançou 6,08%, num total de 985,9 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus

O mercado de veículos continua em expansão. Mas os dirigentes do setor se dizem preocupados com as vendas dos próximos meses em razão da alta do juros e do IOF. Em maio, foram licenciados 225,6 mil veículos, uma alta de 16,21% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

No acumulado do ano, o crescimento alcançou 6,08%, num total de 985,9 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (3), pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), que representa os concessionários e apura as informações junto aos órgãos de trânsito.

Boa parte do crescimento nas vendas foi puxada pelos veículos leves. Os licenciamentos dos carros e comerciais leves registraram aumento de 17,05%. Apesar do bom resultado, o mercado cresceu, em grande parte, por conta dos faturamentos diretos, de empresas que estão em processo de renovação de suas frotas, segundo disse, por meio de nota, o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior.

“O desempenho do mercado automotivo em maio foi positivo, mesmo diante de um cenário macroeconômico nacional desafiador, que trouxe alta das taxas de juros e aumento do IOF” , destacou o dirigente. Segundo ele, esses fatores “estão preocupando e podem comprometer as projeções da Fenabrave ao longo do ano”. A entidade estima, para 2025, um mercado de 2,6 milhões de automóveis e comerciais leves, o que representaria um aumento de 5% na comparação com 2024.

Preocupações com resultados dos próximos meses

“Estamos preocupados com os resultados dos próximos meses”, destacou o presidente da Fenabrave. Por outro lado, afirma o Arcelio Junior, “há dados positivos, como o crescimento do PIB no primeiro trimestre, atrelado ao agronegócio, e a desaceleração da inflação”.

Já o segmento de caminhões apresentou retração de 5,01%. Segundo Arcelio Junior, os transportadores estão inseguros em relação à economia, incluindo setores como o agronegócio e a construção civil. “O mercado de caminhões vem enfrentando um ambiente desafiador, impactado pelo aumento da Selic, IOF e pelo encarecimento do crédito. Este é o segundo mês seguido de queda nos emplacamentos após um início de ano de recuperação”, disse o dirigente.

Infomoney - SP   04/06/2025

A BYD superou a Toyota e se consolidou como a quarta marca de veículos leves mais vendida no varejo brasileiro em maio.

De acordo com dados de emplacamentos divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), a BYD alcançou uma participação de 8,86% no mercado de carros comerciais leves no varejo, excluindo as vendas diretas para frotistas, que representaram 52,6% do mercado no mês.

No ranking geral, que inclui vendas diretas, a BYD ficou na sétima posição em maio.
Além de ultrapassar a Toyota, a montadora chinesa vendeu mais veículos do que marcas como Hyundai, Honda, CAOA Chery e Jeep.

A BYD também liderou o segmento de carros 100% elétricos, com uma participação de 80,62% desse mercado.

Seu modelo mais acessível, o Dolphin Mini, foi o quinto hatch compacto mais vendido, competindo diretamente com veículos a combustão.

A empresa também destacou que foi líder de vendas em cinco capitais brasileiras: Brasília, Porto Velho, Natal, Maceió e Vitória. Atualmente, a BYD conta com uma rede de 180 concessionárias pelo país.

Globo Online - RJ   04/06/2025

Nos subúrbios rurais de Hiroshima, uma startup japonesa está tentando impulsionar o mercado de veículos elétricos do país com o menor e mais barato carro que consegue fabricar. A KG Motors desenvolveu um modelo elétrico de um só assento que se parece mais com um carrinho de golfe futurista do que com um veículo elétrico moderno — muito menos com um carro tradicional.

Ainda assim, mais da metade das 3.300 unidades que pretende entregar em 2027 já foram vendidas antecipadamente.

A KG Motors afirma que terá prejuízo com o primeiro lote, mas deverá alcançar o ponto de equilíbrio no segundo. Depois disso, a empresa pretende produzir cerca de 10 mil unidades por ano. Está atualmente em processo de obtenção da certificação de segurança veicular necessária para comercializar o carro.

Custos de produção baixos

O porte da startup e sua estratégia de produção sob demanda podem jogar a seu favor. Veículos elétricos utilizam muito menos peças do que os carros convencionais a gasolina ou híbridos — mas o Mibot leva isso a um nível ainda mais extremo, consistindo basicamente de uma bateria, um motor e poucos componentes eletrônicos conectados por fiação, tudo abrigado em um chassi monobloco com quatro rodas. Com isso, os custos de produção são baixos.

Até mesmo o marketing da KG Motors se baseia na antiga carreira de Kusunoki como criador de conteúdo no YouTube.

A empresa publicou em seu site imagens do Mibot sendo testado nas estradas congeladas de Hokkaido, espremendo-se entre as casas apertadas dos bairros históricos de Hiroshima e colidindo contra paredes de concreto em alta velocidade para garantir que atenda às rigorosas normas de segurança do Japão.

Kusunoki, de 43 anos, fundou a KG Motors em junho de 2022. Ele cresceu em Higashihiroshima, uma cidade suburbana com ruas às vezes estreitas demais até para um sedã japonês. Ao longo do tempo, observou a deterioração da infraestrutura de transporte público do país, agravada pela escassez de motoristas de táxi e pelo envelhecimento e encolhimento da população.

Com a migração dos jovens para as grandes cidades, também está se tornando cada vez mais difícil para os idosos se locomoverem.

Como resultado, a KG Motors enxerga uma demanda crescente por carros compactos de um ou dois lugares, econômicos e eficientes. No início de maio, a empresa já havia recebido 2.250 pedidos, com mais de 95% vindos de proprietários de residências que já possuíam pelo menos um veículo.

— Nas áreas rurais do país, os sistemas de transporte público estão em frangalhos — disse Kusunoki. — Isso talvez seja difícil de entender para alguém que vive em Tóquio, mas chega um momento em que se torna necessário ter um carro por pessoa, não apenas por residência.

PETROLÍFERO

Valor - SP   04/06/2025

Mauricio Bejarano, vice-ministro de Minas e Energia do Paraguai, está otimista de que memorandos de entendimento entre os países possam ser assinados ainda este ano

O Paraguai está negociando com a Argentina e o Brasil a assinatura de acordos que sinalizem apoio político a um gasoduto de gás natural que ligará os três países, de acordo com uma alta autoridade do país sul-americano sem litoral.

Mauricio Bejarano, vice-ministro de Minas e Energia, está otimista de que memorandos de entendimento possam ser assinados este ano e uma força-tarefa possa ser criada para estudar formalmente o plano do Paraguai para uma estrutura de 1.050 km.

“Acreditamos que este seja um ano crucial para levar esta proposta adiante”, disse Bejarano, em entrevista em Assunção, capital do Paraguai. A queda nas exportações de gás produzido localmente pela Bolívia para o Brasil criou um senso de urgência para o projeto, acrescentou.

A Argentina está ansiosa para vender mais gás de seus campos de xisto de Vaca Muerta para o Brasil, modernizando os gasodutos que atravessam a Bolívia ou construindo uma nova linha diretamente para o Brasil ou para o Paraguai. A Bolívia pode não ter gás excedente para vender antes do final da década devido a uma queda na produção de alguns dos campos, e o Brasil começou a importar gás argentino pela Bolívia pela primeira vez em abril.

O presidente paraguaio, Santiago Peña, está tentando convencer seus vizinhos a apoiar um gasoduto que utilizaria o direito de passagem da Rota Bioceânica, atualmente em construção na região pouco povoada do Chaco, no Paraguai. Quase metade do projeto de US$ 1,9 bilhão seria construído na Argentina e no Brasil, onde se conectaria a gasodutos existentes, de acordo com um estudo encomendado pelo Paraguai.

O Paraguai poderia eventualmente usar parte do gás para gerar eletricidade, já que a crescente demanda interna por energia ameaça esgotar seu excedente de energia hidrelétrica até 2030, disse Bejarano. “Precisamos introduzir uma nova fonte de energia em nossa matriz energética que, hoje, não existe”, disse ele.

Agência Brasil - DF   04/06/2025

A produção nacional de petróleo e gás natural atingiu, em abril deste ano, um volume recorde de 3,734 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) de petróleo e gás natural.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o volume é 0,5% maior que o registrado em março e 18,3% superior ao observado em abril de 2024.

Considerando-se apenas o petróleo, a produção diária chegou a 2,895 milhões de barris em abril deste ano, ou seja, 0,4% acima de março deste ano e 16,4% a mais que em abril de 2024. Já a produção de gás natural chegou a 133,33 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), superior em 0,8% ao mês anterior e em 25,6% ao mesmo período do ano passado.
Números

A produção total de petróleo e gás do Brasil, considerando-se campos do pré-sal, pós-sal e em terra, chegou a 4,689 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Ou seja, a produção do pré-sal representou 79,6% do total da produção nacional destes hidrocarbonetos.

A produção total de petróleo chegou 3,632 milhões de barris por dia, um aumento de 0,3% na comparação com o mês anterior (março) e de 13,7% em relação ao mesmo mês de 2024. A média diária de gás natural em todos os campos do país chegou a 168,01 milhões de m³/d, altas de 1,5% ante março e de 22,9% em relação a abril de 2024.

O aproveitamento de gás natural foi de 97,1%. Do total extraído do subsolo, 4,98 milhões de m³/d foram queimados sem ser aproveitados, 13,6% a menos que em março deste ano. Na comparação com abril do ano passado, no entanto, houve aumento de 25,5%.

Em abril deste ano, os campos operados pela Petrobras - sozinha ou em consórcio com outras empresas - foram responsáveis por 89,76% do total produzido. O campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor do país, com média diária de 783,91 mil barris de petróleo (21,6% do total) e 39,81 milhões de m³/d de gás natural (23,2% do total).

Valor - SP   04/06/2025

A proposta da petroleira ao Ibama foi para que a vistoria fosse realizada ainda na Baía de Guanabara, antes do deslocamento para o norte do país, para simplificar a logística de embarque das equipes

Atendendo à proposta da Petrobras, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) agendou para quarta-feira (4) a vistoria na sonda da petroleira designada para a perfuração da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial.

A sonda NS-42 está no Rio passando pelo procedimento de limpeza, que deve ser finalizado no dia 7 de junho, de acordo com uma carta da Petrobras ao órgão ambiental na quinta-feira (29). A proposta da petroleira ao Ibama foi para que a vistoria fosse realizada ainda na Baía de Guanabara, antes do deslocamento para o norte do país, para simplificar a logística de embarque das equipes.

O Ibama ainda não respondeu sobre datas para realizar a avaliação pré-operacional (APO), a última etapa do processo de licenciamento. A proposta da Petrobras é de realizar esse trabalho, uma espécie de simulado de vazamento de óleo em que a companhia comprova capacidade de resposta, em 14 de julho.

A petroleira também propôs na última carta ao órgão ambiental uma reunião em 6 de junho para definir a estratégia da APO.

Com relação à vistoria da base de atendimento à fauna, construída pela Petrobras no Oiapoque (AP) a pedido do Ibama, a companhia sugere que seja realizada entre 23 e 27 de junho, em conjunto com embarcações dedicadas a monitoramento e resgate de animais no município.

TN Petróleo - RJ   04/06/2025

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), principal porta-voz da indústria de energia no Brasil, acompanha com atenção as discussões sobre a busca por receitas extras para o cenário orçamentário do país, especialmente as medidas que poderiam impactar o setor de óleo e gás. Reconhecemos a importância de um equilíbrio fiscal, mas é fundamental que quaisquer iniciativas levem em conta a sustentabilidade e a competitividade de uma indústria estratégica para o Brasil. O petróleo é o primeiro item da pauta de exportações, e o setor enfrenta diversos desafios, como a volatilidade dos preços, como a queda de US$ 20 no preço do barril nos últimos 12 meses. Além disso, o setor já é altamente tributado: de cada três barris de petróleo produzidos no país, dois são direcionados ao pagamento de tributos, taxas e impostos específicos.

Nesse contexto, o IBP entende que algumas medidas poderiam ser consideradas para a geração de receitas, desde que amparadas pela legalidade e previsibilidade. A venda antecipada de petróleo ainda não contratado do pré-sal e a realização de novos leilões de áreas de exploração são exemplos de iniciativas que poderiam ser implementadas de forma a atrair investimentos e gerar ganhos para os cofres públicos.

No entanto, o IBP alerta que outras propostas, como a alteração nas alíquotas de participação especial de contratos existentes ou a revisão do preço de referência, sem o devido atendimento dos requisitos legais, comprometem gravemente a segurança jurídica dos contratos e do ambiente de negócios.

É imperativo que o governo atue em estrito cumprimento da legislação vigente, evitando medidas que, no passado, já geraram instabilidade, como a tentativa de imposição de imposto sobre a exportação de petróleo sem base legal, que foi revertida na Justiça.

A previsibilidade regulatória é essencial para a atração e manutenção de investimentos de longo prazo em um setor de capital intensivo. Medidas abruptas, neste momento, poderiam ter um impacto negativo significativo, inclusive sobre o leilão de áreas exploratórias da ANP, que acontece agora em junho, e contratos já assinados, afetando a confiança dos investidores, o risco país e o futuro da indústria brasileira.

O setor de óleo e gás está disponível para dialogar com os agentes públicos em busca do crescimento robusto e sustentável da economia alinhado ao desenvolvimento da cadeia produtiva industrial que gera empregos, renda e receitas para União, Estados e Municípios.

RODOVIÁRIO

Diário do Aço - MG   04/06/2025

O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), afirmou nesta terça-feira (3), em Belo Horizonte, que as obras de responsabilidade do governo federal na BR-381, no trecho mais próximo à capital mineira, vão começar ainda em 2025 e não dependerão da conclusão do processo de desapropriação de moradores às margens da rodovia, que ficará a cargo das prefeituras de Belo Horizonte, Caeté e Sabará, municípios onde estão localizados trechos dos lotes 8A e 8B, na entrada da capital.

A afirmação do ministro foi feita em uma entrevista ao Jornal da Itatiaia, no começo da manhã de hoje. O ministro esteve em Governador Valadares na segunda-feira (2), quando participou da apresentação do balanço de 100 dias da concessão da BR-381, no trecho de Caeté a Valadares. Em Belo Horizonte, participou da cerimônia de municipalização do anel rodoviário pela administração de Belo Horizonte.

Dois lotes na saída da capital para o Vale do Aço, 8A e 8B, foram retirados da concessão, e a duplicação ficou a cargo da União. Isso porque milhares de pessoas que invadiram áreas de servidão às margens da rodovia terão que ser removidas para a obra. Antes, empresas privadas não quiseram assumir a concessão, dada a complexidade que envolve todo o projeto, com reassentamento de pessoas. Questionado sobre a promessa de que a duplicação iria começar ainda no primeiro semestre de 2025, em um dos lotes, o ministro afirmou que esse prazo se referia ao início da elaboração dos projetos básico e executivo, que já estão em elaboração.

A ordem de serviço para as obras do Lote 8A da BR-381, entre Caeté e Ravena, já foi emitida pelo Dnit, e a Construtora Luiz Costa Ltda previa o começo da obra em maio de 2025, o que não ocorreu. Este lote compreende o trecho entre o km 427 e o km 445, com extensão de 18 km, conforme já noticiou o jornal Diário do Aço. O valor total da obra para a execução dos projetos e da construção deste trecho foi de R$ 393.742.699,38. Outro lote, 8B (de Caeté até o entroncamento com a avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte), ainda será licitado.

“Nós já demos a ordem de serviço para o lote 8A. O governo contratou por regime diferenciado, e a empresa é obrigada a fazer o projeto executivo antes das obras. Quando me referi ao início dos trabalhos (no primeiro semestre), na verdade me referi ao início da elaboração dos projetos. Temos ainda a realocação das famílias, mas a realocação não impede o início das obras em alguns pontos”, explicou Renan Filho em entrevista à Rádio Itatiaia.

O ministro ainda contrariou o próprio Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que está sob governança da sua pasta, dizendo que a obra começa até o fim do ano. Em abril, o DNIT informou que a obra na BR-381 ficaria para 2026.

“Nós vamos ter vários tipos de realocação de famílias. O governo já disponibilizou R$ 40 milhões para o início dos trabalhos. Mas as realocações de famílias não vão impedir todas as obras. Não é uma obra simples, por isso ela foi retirada da concessão. A iniciativa privada sequer tinha interesse em fazer essa obra. Nós vamos assumir o desafio de fazê-la”, explicou o ministro.

Segundo Renan Filho, o que o Dnit diz é que o ideal, do ponto de vista da engenharia, é que o terreno estivesse todo desobstruído para que a obra começasse, mas pondera: “Só que essa não é a realidade de BH e não dá para começar com o cenário ideal. Vamos começar a obra onde dá e vamos ir fazendo a realocação das pessoas”, afirmou Renan Filho.

Novamente indagado sobre onde começarão as intervenções, Renan Filho reafirmou que o projeto executivo vai dizer onde será feita a primeira obra. “Se as desapropriações não avançarem, vamos ter que iniciar por onde dá, não por onde a engenharia diz que é o ideal”, afirmou Renan Filho.

Cortes orçamentários
O ministro dos Transportes também afirmou que os cortes determinados pelo ministro Fernando Haddad (PT) não vão atrapalhar o andamento das obras na BR-381 e no anel rodoviário de Belo Horizonte. Em abril, Haddad anunciou um corte de R$ 31 bilhões no orçamento federal de 2025 para conseguir cumprir as metas de equilíbrio fiscal.

O corte atingiu o Ministério dos Transportes, que teve o orçamento reduzido em R$ 1,3 bilhão. No entanto, Renan Filho afirmou que a redução do orçamento não vai atrapalhar o andamento de projetos prioritários, como a BR-381 (no lote mais próximo de BH) e as melhorias no anel rodoviário.

“Chance zero de atrapalhar o andamento da obra. Mas passar ileso, ninguém passa. Nós tivemos o menor corte da Esplanada. Temos R$ 18 bilhões, quase 25% dos recursos de obras no país, e tivemos um corte de R$ 1,3 bilhão. O governo priorizou cortar em outras áreas. Significa que não vamos ter dificuldades? Não, vamos ter dificuldades, mas significa que obras como a BR-381 e o anel vão andar”, afirmou Renan Filho.

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