Clipping Diário

03 | Abril | 2025

SIDERURGIA

Valor - SP   03/04/2025

Produção brasileira de aço caiu 1,6% em fevereiro, na comparação com igual mês do ano passado, de acordo com o Instituto Aço Brasil

A indústria global de siderurgia tem vivido momento de superoferta, de acordo com analistas do UBS BB. Na visão do banco, a China tem exportado mais produtos ao exterior a preços mais baixos diante da queda na demanda interna. O volume de aço exportado pela China triplicou entre 2020 e 2024, segundo o UBS BB.

“A indústria siderúrgica corresponde por 5% do produto interno bruto [PIB] da China e emprega cerca de 3 milhões de pessoas, o que significa que reduzir a produção não é tão simples”, diz a instituição.

O banco calcula que a exportação de aço da China caia 20 milhões de toneladas em 2025 em comparação a 2024, quando o país vendeu 115 milhões de toneladas ao exterior.

“No passado, quando a demanda chinesa por aço desacelerou, as exportações líquidas saltaram e levaram a uma queda significativa dos preços globais do aço, incluindo em 2015 e 2016, quando as exportações foram de mais de 100 milhões de toneladas. Isso aconteceu novamente em 2024", afirma a instituição.

"As margens de exportação, de acordo com os cálculos da Platts, permanecem acima das margens domésticas negativas, então o incentivo à exportação permanece. No entanto, vários destinos importantes de exportação, como Vietnã, Índia, Indonésia, Brasil, México, Coreia do Sul, Japão e Turquia, estão considerando ou introduziram taxas antidumping”, completa.

No Brasil, o banco considera o momento desafiador para investimentos no setor siderúrgico, por conta da grande entrada de produtos chineses a preços baixos: “Embora o consumo de aço tenha sido sólido, o aumento das taxas de juros deve limitar a alta em 2025, à medida que a economia perde força".

"O crescimento da demanda por aço é previsto em 1,5% para o ano, que é estimado para ser totalmente absorvido pelo aumento das importações. Em nossa visão, a entrada das importações continua sendo o elemento-chave na indústria hoje e ainda temos pouca visibilidade sobre uma mudança estrutural”, dizem os analistas.

A produção brasileira de aço caiu 1,6% em fevereiro, na comparação com igual mês do ano passado, de acordo com o Instituto Aço Brasil. Em fevereiro deste ano, foram fabricadas 2,720 milhões de toneladas, contra 2,764 milhões de toneladas em igual mês de 2024. No acumulado do primeiro bimestre, foram 5,534 milhões de toneladas, 0,9% a mais que as 5,486 milhões de toneladas produzidas nos dois primeiros meses de 2024.

O país registrou 1,7 milhão de toneladas em vendas internas em fevereiro, 8,1% a mais que o 1,573 milhão de toneladas de um ano antes. No primeiro bimestre, as vendas internas somaram 3,394 milhões de toneladas, 6,6% a mais que as 3,185 milhões de toneladas do primeiro bimestre do ano passado.

Portal Fator Brasil - RJ   03/04/2025

Em agenda que antecede o South Summit Brasil 2025, maior empresa brasileira produtora de aço realiza primeira edição do evento em Porto Alegre, com debates sobre inovação, transformação digital e novos negócios.

Para reforçar seu protagonismo como companhia inovadora e que usa o digital e a tecnologia como ferramentas para transformar o negócio, a Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, promove, pela primeira vez, o Gerdau Innovation Day, evento que abordará temas como inovação, liderança, marca e empreendedorismo em Porto Alegre (RS). O encontro será no dia 08 de abril (terça-feira), às 14 horas, no Instituto Caldeira, antecedendo a abertura oficial do South Summit Brasil 2025.

Destinado a startups, empreendedores, parceiros e clientes, o Gerdau Innovation Day terá um formato de palestras e painéis, reunindo executivos da Gerdau e convidados externos de diferentes setores para discutir soluções e fortalecer conexões em temas como o futuro, tecnologias emergentes, transformação digital, novos negócios, parcerias de marca, entre outros, impulsionando negócios e relacionamentos. As pessoas interessadas em participar devem se inscrever no site do evento, que também apresenta a programação completa de painéis.

—A Gerdau, aos 124 anos de história, é uma empresa cada vez mais cyber-powered, que realiza as transformações necessárias ao negócio por meio do digital e da tecnologia— afirma Gustavo França, diretor de TI e digital da Gerdau. —A criação deste dia de imersão faz parte do nosso compromisso de fomentar discussões sobre temas fundamentais para impulsionar o desenvolvimento do ecossistema de inovação. Além disso, a realização do encontro no Instituto Caldeira marca a retomada do calendário de eventos na capital gaúcha, reforçando Porto Alegre como um importante polo de inovação do Brasil —complementa o executivo.

Além de Gustavo França, o Gerdau Innovation Day terá entre os palestrantes executivos da Gerdau como André Gerdau Johannpeter, vice-presidente do Conselho de Administração; Pedro Torres, diretor global de Comunicação e Relações Institucionais; e Elder Rapachi, diretor executivo da Gerdau Next. Já entre os painelistas convidados estarão Daniel Randon, presidente da Randoncorp; Luis Justo, CEO da Rock World; Francisco Matos, diretor executivo da Fórmula 1; Pedro Valério, diretor executivo do Instituto Caldeira; Carolina Cavalheiro, diretora de Negócios do Instituto Caldeira; Sérgio Finger, CEO da startup de economia circular Trashin; e Mônica Magalhães, fundadora da agência Disrupta de Exploração de Futuro.

O Gerdau Innovation Day antecede o South Summit Brasil 2025, um dos principais pontos de encontro globais entre fundos de investimento, empresas e startups, que ocorre entre os dias 9 e 11 de abril, no Cais Mauá, em Porto Alegre (RS). Patrocinadora pelo quarto ano consecutivo, a companhia promoverá discussões sobre inovação, empreendedorismo, pessoas e liderança em sua participação no evento.

Gerdau Innovation Day, dia 08 de abril (terça-feira), das 14 às 19 horas, o Instituto Caldeira – Tv. São José, 455 – Navegantes – Porto Alegre (RS).

Veja - SP   03/04/2025

O anúncio de tarifas recíprocas a mais de 150 países feito hoje pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não vai sobrepor as tarifas que já foram anunciadas. É o caso do aço e do alumínio, cujas tarifas de 25% sobre todas as importações estão em vigor desde março deste ano.

Os produtos que estiverem em conformidade com o USMCA – acordo comercial entre os Estados Unidos, México e Canadá que substituiu o Nafta – seguirão com tarifa zero, enquanto os demais produtos que não estiverem dentro das regras do acordo sofrerão uma taxa de 25%. No caso produtos de energia e potássio, a tarifa será de 10%, também válida apenas se não estiverem em conformidade com o USMCA.

Além disso, as mercadorias importadas da China que estejam abaixo dos 800 dólares, antes isentas, também serão taxadas. No caso do Brasil, as tarifas recíprocas entrarão em vigor no dia 5, e não a partir de amanhã. A Casa Branca também voltou a “aconselhar” os países a não praticarem retaliações aos Estados Unidos e se prepararem para negociar. Aqueles que optarem por retaliar os americanos poderão sofrer com aumento de tarifas.

Na tarde desta quarta-feira, 2, Trump anunciou a imposição de tarifas comerciais, confirmando o início da série de medidas que serão aplicadas contra parceiros e outras nações ao redor do mundo.

Segundo o republicano, as tarifas cobradas dos países ficam em cerca de metade do que está sendo cobrado dos americanos, mas cada caso tem suas particularidades. Para o Brasil, a taxa estabelecida é de 10% sobre os produtos importados pelos Estados Unidos. Para a China, a tarifa será de 34%, a que Trump chamou de “tarifa com desconto”, por ser menor do que a taxa imposta sobre produtos americanos no país asiático.

Ao todo, mais de 150 países estão na lista dos que sofrerão a imposição de tarifas. Entre aqueles em que as taxas são as maiores, estão países pequenos da Ásia e da África, como Vietnã, Camboja, Sri Lanka, Madagascar e Lesoto. Todos esses receberão taxas acima de 40%, que equivale a cerca de metade do que é cobrado nas importações de produtos americanos.

Valor - SP   03/04/2025

A aquisição da participação majoritária na Estrela Comércio e Participações, controladora da Tora Transportes, custou R$ 742,5 milhões

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) finalizou a aquisição da participação majoritária de 70% na Estrela Comércio e Participações, controladora da Tora Transportes, por R$ 742,5 milhões.

Confira indicadores e resultados da CSN e das demais empresas de capital aberto no portal Valor Empresas 360

“A operação tem por objetivo promover forte crescimento das operações intermodais explorando mais intensamente a infraestrutura atual nas regiões de operação, fortalecendo a atuação da CSN no segmento de logística”, afirma.

A transação foi anunciada originalmente em dezembro do ano passado. Do total, R$ 300 milhões foram pagos agora no fechamento da transação e o restante do valor será quitado em três parcelas anuais.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   03/04/2025

O governo e empresários brasileiros aguardam os anúncios prometidos por Donald Trump para esta quarta-feira, 2 de abril, chamada pelo presidente americano de o “Dia da Libertação”, com tarifas “recíprocas” país por país. Antes da definição das medidas, a expectativa é sobre como elas podem afetar produtos brasileiros exportados aos EUA.

O item de maior impacto nas exportações brasileiras para o parceiro comercial envolve óleo bruto de petróleo, que representa 14,3% da pauta. Os EUA ainda respondem por 12,9% do total exportado pelo Brasil dessa produção.

Um setor que pode sofrer mais com o aumento de tarifas, no entanto, são os produtos semiacabados de ferro ou aço. Apesar de representar 8,8% da pauta completa para os EUA, 76,2% das exportações desses itens pelo Brasil vão para o território americano. No dia 12 de março, tarifa de 25% sobre a exportação de aço e alumínio brasileiros para o mercado americano entrou em vigor, segundo confirmou a Casa Branca.

A lista de produtos mais importantes exportados para os EUA é dominada por commodities (matérias-primas) e outros itens com preços cotados internacionalmente em bolsas de valores. As duas exceções entre os 10 mais vendidos pelo Brasil são aeronaves, na terceira posição, e equipamentos de engenharia e para construção, em oitavo.

Há uma pressão antiga dos EUA pela redução do imposto de importação aplicado pelo Brasil sobre o etanol americano, que é de 18%, para entrar no País, enquanto o governo americano aplica tarifa de 2,5% na importação do produto brasileiro, feito à base de cana-de-açúcar.

Trump considera o porcentual muito elevado, impedindo a entrada do produto americano, produzido à base de milho, no mercado nacional. O relatório anual do escritório de representação comercial dos Estados Unidos — United States Trade Representative (USTR), em inglês — sobre barreiras comerciais divulgado na segunda-feira, 31, reforçou a relevância que o etanol tem e terá nas negociações comerciais com o Brasil.

Apesar de considerar ser difícil fazer qualquer previsão sobre os anúncios de Trump, o presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, acredita que os impactos tendem a cair nos produtos manufaturados.

“As commodities brutas não devem sofrer sobretaxação, por que elas têm preços definidos pelo mercado importador e pelas bolsas, e não pelo Trump. Se taxar esses produtos, ele estará elevando os custos para os EUA”, afirma. “O meu princípio, por enquanto, é esse. Mas tudo ainda está muito indefinido e imprevisível, porque os números divulgados até agora para tarifas são muito loucos. São formados por impulso, não têm base técnica.”

Os manufaturados que se encontram também entre os 20 produtos mais exportados incluem máquinas de energia elétrica, motores a pistão, manufaturas de madeira e geradores elétricos giratórios.

Dois desses segmentos seriam fortemente impactados. Os EUA responderam por 59,9% de todas as exportações brasileiras, em 2024, das máquinas de energia elétrica. Em manufaturas de madeira, a dependência é ainda maior, 81% das vendas externas brasileiras foram para o mercado americano. “Se o Brasil ficar sujeito à reciprocidade no aumento de tarifas, saíremos do mercado de manufaturados, porque não temos preço competitivo”, diz Augusto.

Em 2024, os EUA foram o destino de 12% de todas as exportações brasileiras e origem de 15,5% das importações nacionais (US$ 40,7 bilhões). A corrente de comércio alcançou 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano passado.

Em um recorte temporal iniciado em 2014, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) indicam que as importações brasileiras de produtos vindos dos Estados Unidos foram 11,85% superiores às exportações.

No relatório do USTR, de segunda-feira, 31, os EUA afirmam que o Brasil e uma série de outros países impõem numerosas barreiras e tarifas contra produtos americanos.

O relatório de 397 páginas afirma que o Brasil impõe tarifas relativamente altas sobre as importações em uma ampla gama de setores, incluindo automóveis, peças automotivas, tecnologia da informação e eletrônicos, produtos químicos, plásticos, maquinário industrial, aço, têxteis e vestuário.

“Embora o Brasil tenha tomado medidas para tornar seu mercado de compras mais transparente, as restrições e preferências domésticas permanecem”, declara o documento. Segundo o USTR, o país também exige que os contratos de aquisição, especialmente nos setores de saúde e defesa, contenham requisitos de compensação para fornecedores estrangeiros.

‘A certeza é de que o Brasil vai ser atingido’

Com previsão de ser anunciado na tarde desta quarta-feira, 2, o pacote de imposição de tarifas recíprocas às exportações de produtos diversos do Brasil para o mercado americano, a indústria nacional fabricante de máquinas e equipamentos está preocupada com impacto que poderá ter sobre o setor, disse ao Estadão José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

“Estamos numa tensa expectativa”, disse Velloso, lembrando que máquinas brasileiras estão entre os dez setores mais críticos do relatório do USTR. Segundo ele, não há como prever, neste momento, a dimensão das medidas que serão anunciadas por Trump. “A certeza é de que o Brasil vai ser atingido.”

O mercado americano, diz o presidente da Abimaq, é o mais importante cliente na exportação de máquinas: representa 26% dos US$ 14 bilhões despachados por ano. No ano passado, as vendas aos EUA corresponderam a US$ 3,7 bilhões, ante entrada de US$ 4,8 bilhões de máquinas americanas. Portanto, o Brasil tem um déficit de US$ 1,1 bilhão.

“O que fabricamos e exportamos para o mercado americano são produtos (máquinas) de alta tecnologia e de alto valor agregado. Os EUA são o nosso principal destino”, afirma o executivo da Abimaq, entidade que representa milhares de empresas no País.

Trump reclama que as tarifas aplicadas pelo Brasil para produtos americanos são superiores às dos EUA aos itens brasileiros. No caso de máquinas, admite Velloso, na média, de fato, são: 11,2%. As americanas variam de zero a 4%. Mas ele lembra que, para produtos sem similar nacional, o governo brasileiro adota tarifa zero, o que beneficia o exportador dos EUA. “É uma vantagem para eles, e são muitos casos.”

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos já enfrenta, globalmente, um déficit relevante no comércio bilateral e, com essas medidas, tende a recrudescer, afirma o executivo. As importações no setor é mais que o dobro do que se exporta: atingem US$ 29,9 bilhões. “Importamos máquinas da China no valor de US$ 9,4 bilhões (31% do total) e exportamos apenas US$ 126 milhões. Quase nada”, comenta Velloso.

Segundo ele, com o atual nível de custos que a indústria de máquinas do País enfrenta, o setor está perdendo rapidamente participação de mercado no Brasil para os importados. “Os chineses cresceram 33,9% em 2024. Imagina a dificuldade que teremos de exportar com tarifas elevadas nos EUA”, diz.

Velloso diz que, entre os custos de maior peso na fabricação, está o preço do aço. “Em abril de 2024, o Brasil elevou para 25% as tarifas de importações dos principais tipos de aços utilizados na indústria de máquinas, os aços planos. Com isso, os preços desses tipos de aço subiram exageradamente. De maio a dezembro, os laminados a frio e a quente subiram entre 12% e 26%, tirando a competitividade da indústria”, afirma.

Ao mesmo tempo, diz o executivo diz, no ano passado as importações de máquinas da China tiveram alta de quase 34%. “Número espantoso, pois as importações da China crescem faz mais de 20 anos”. A elevação de preços dos aços planos, segundo afirma Velloso, tirou competitividade do setor.

“Devemos ter aumento de tarifa para exportar máquinas para os EUA, nosso maior destino de exportação, e, ao mesmo tempo, estamos comprando aço com preços 50% a 60% acima do que pagam nossos concorrentes lá de fora. Para a indústria nacional de máquinas seria o fim (elevação de tarifas)”, diz Velloso.

Para o CEO da Abimaq, indústria de máquinas é um das que mais investem em inovações e tecnologias e é difusora de tecnologias para outros setores. “É um setor estratégico em qualquer país desenvolvido, mas, infelizmente aqui, vem perdendo espaço continuamente devido à reprimarização da economia e à falta de prioridade quando se compara com commodities industriais.”
EUA têm superávit de US$ 8 bi em químicos

Na indústria química e petroquímica, informa a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), os exportadores americanos nada de braçada frente aos brasileiros. André Cordeiro, presidente da entidade, disse ao Estadão que o Brasil importa US$ 12 bilhões dos EUA. Envia para lá US$ 4 bilhões — um terço do valor.

“A relação entre os dois mercados é amplamente superavitária para os EUA”, afirma o executivo. Ele informa que o País importa por ano US$ 12 bilhões de produtos químicos americanos, de um total de US$ 13 bilhões que o Brasil traz da América do Norte.

Para Cordeiro, um movimento justo de comércio entre os dois países seriam negociações para equilibrar em US$ 12 bilhões entre exportação e importação, de cada lado. O executivo acredita que, pela complexidade da implementação das medidas — produto a produto —, isso deverá permitir uma rodada de negociações nos próximos meses.

Com exportações totais de US$ 15 bilhões para todo o mundo por ano, o setor químico brasileiro não abala os EUA, diz Cordeiro. “Carregamos um déficit de US$ 50 bilhões nas trocas anuais de comércio de produtos químicos/petroquímicos. Importamos US$ 65 bilhões.”

A indústria química, no País, vem operando com ociosidade de 36% na sua capacidade instalada, o que tem causado preocupações que foram levadas ao governo federal no ano passado e que o tarifaço do presidente americano pode agravar.

O Estado de S.Paulo - SP   03/04/2025

Depois de semanas de apreensão, o anúncio das tarifas dos Estados Unidos sobre importações acabou sendo recebido com alívio no Brasil. A associação das empresas que realizam comércio exterior, seja com exportações ou importações, por exemplo, considerou, de certa forma, positivo o anúncio de que o Brasil ficou no piso das tarifas recíprocas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Podemos dizer que estamos aliviados, porque, na verdade, o porcentual veio menor do que a gente imaginava, ainda que maior do que seria adequado”, disse José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Os produtos brasileiros terão de pagar no mínimo 10% para entrar nos Estados Unidos, menos do que as alíquotas anunciadas, por exemplo, para a China (34%) e a União Europeia (20%).

Segundo Castro, diante das tarifas mais altas a concorrentes, é possível que o “tarifaço” de Trump melhore a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

Uma das possibilidades, avalia, é as matrizes dos Estados Unidos importarem mais de suas filiais do Brasil, dentro das operações comerciais “intercompany”. Ele pondera, no entanto, que é preciso reduzir o custo de produção no Brasil para que isso se torne uma realidade para um maior número de produtos da indústria de transformação, os manufaturados.

“Teoricamente ajuda (na competitividade), mas o problema não é lá, é aqui. Nosso Custo Brasil é muito alto, não temos preço competitivo”, diz o presidente da AEB.

Na avaliação do ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral, “podia ser pior”. “Na prática, vai ser 10% para o mundo inteiro, e maior para parceiros importantes (dos EUA), como é o caso de China (34%), União Europeia (20%) e Japão (24%)”, afirma.

Conforme Barral, eventuais ganhos de competitividade do Brasil nos Estados Unidos, em razão da maior alíquota sobre grandes concorrentes, terão de ser analisados produto a produto. Ele coloca como contraponto o fato de aço e alumínio, dois setores que têm grande parte das exportações destinada aos EUA, terem recebido tarifas de 25%, na primeira ação da política comercial de Trump que atingiu o Brasil.

“Então, temos de fazer uma análise caso a caso para saber se o Brasil pode ganhar em algum mercado, principalmente nos que concorre com a Europa e Japão”, afirma Barral.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, também considerou que a taxação de 10% para as exportações brasileiras foi até um certo alívio. “Não foi uma coisa tão violenta (como em outros países)”, disse. Ele não vê, por exemplo, grandes impactos para o setor de petróleo no País, já que há algum tempo os Estados Unidos deixaram de ser o grande comprador do petróleo brasileiro.
Inserção global

A taxação em 10%, média de produtos brasileiros que se proporem a disputar o mercado consumidor dos EUA, como estipulou nesta quarta-feira o presidente Donald Trump, não deixa de ser lamentável do ponto de vista global, mas deve beneficiar a inserção global brasileira. A previsão foi feita pela Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

“Para o Brasil, porém, as notícias não são tão ruins já que muitas nações terão dificuldades em levar seus produtos aos EUA. O governo brasileiro deve se valer da conjuntura tarifária vinda dos Estados unidos para assinar acordos bilaterais, diminuir tarifas e facilitar mecanismos aduaneiros”, disse a entidade, em nota.

A Fecomércio avalia que o Brasil deveria aproveitar o momento para ampliar suas relações comerciais, sobretudo, no Japão, na China e na União Europeia. “Esse é o momento ideal para o Brasil reforçar sua participação nesses mercados”, reforça.

Ainda, de acordo com a entidade, a elevação das tarifas sobre bens básicos, por exemplo, deve desencadear uma inflação generalizada nos preços do mercado interno americano, enquanto as medidas sobre as importações de aço impactarão toda a cadeia dependente dessa matéria-prima. Sem contar algumas commodities essenciais que, mais caras, vão afetar diretamente o orçamento das famílias de baixa renda.

O Estado de S.Paulo - SP   03/04/2025

O governo Luiz Inácio Lula da Silva conta com a aprovação do projeto de lei (PL) da reciprocidade na Câmara dos Deputados como forma de dar sustentação jurídica ao País a responder à imposição de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Integrantes do governo envolvidos na negociação defendem que Lula não pode fazer o embate sozinho e deve trazer consigo o Legislativo, governadores e o setor privado, para que a resposta seja unificada e de Estado – representando todo o País, e não apenas o governo federal do PT.

O governo espera e vai apoiar uma tramitação rápida do projeto, retirado da gaveta no Congresso e adaptado para a nova realidade com Trump.

Originalmente, ele havia sido impulsionado no Senado pela bancada ruralista contra exigências ambientais aprovadas na União Europeia (UE), que poderiam fechar mercados a produtores do Brasil – sobretudo o regulamento EUDR – se identificados cultivos em área de desmatamento.

Após pressões internacionais, a UE adiou a entrada em vigor dos mecanismos de punição da lei, voltada às cadeias de gado, madeira, cacau, soja, óleo de palma (azeite de dendê), café e borracha.

Estão no horizonte do governo, além da tarifa americana de 25% sobre aço e alumínio, as tarifas sobre o etanol e a madeira, entre outros.

Integrantes do governo se queixam de falta de previsibilidade e existe temor de que o tarifaço se alastre, dentro do argumento de Trump de considerar amplos setores como cruciais para a segurança nacional americana.

O republicano diz que impõe tarifas para convencer indústrias a se estabelecerem no país e produzirem internamente, uma forma de garantir autossuficiência em setores-chave. No governo, há quem veja uma inspiração no modelo chinês.

O governo observa se haverá uma imposição de tarifas generalizada ou casos específicos a cada país - e ao Brasil.

Até agora, o governo adotou uma estratégia de minimizar os embates de viés mais político – apesar de declarações do próprio presidente – e apostar na negociação. O governo pretende insistir nessa via de “gastar todas as palavras do dicionário”, mesmo após os anúncios de tarifas recíprocas desta quarta-feira, dia 2, o “Dia da Libertação”, segundo Trump. A retaliação, porém, segue na mesa como opção do presidente Lula.

A poucas horas do anúncio de Trump, o chanceler Mauro Vieira conversou nesta quarta com o representante de Comércio dos EUA, o embaixador Jamieson Greer. Eles combinaram mais reuniões para a próxima semana, reforçaram a manutenção do diálogo, segundo interlocutores a par do telefonema. O diplomata americano não antecipou detalhes.

A nova rodada de conversas se derá em nível ténico, com diplomatas e especialistas em comércio exterior, de forma virtual.

A negociação bilateral já envolve representantes do Itamaraty, como o embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros, que viajou na semana passada a Washington com uma equipe para reuniões com representantes da gestão Trump.

Além disso, do Brasil foram mantidos diálogos com seus homólogos pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

O governo passou as últimas semanas identificando setores em que poderia retaliar os EUA, para que a eventual resposta não se transforme num “tiro pela culatra” e prejudique ainda mais economia nacional. Mas ainda não trabalha com um prazo.
Recurso à OMC

Lula continua a dar sinais claros de que o governo vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e, em seguida, pretende aplicar a lei da reciprocidade, se não houver uma solução que satisfaça o lado brasileiro. Uma possibilidade é a retaliação cruzada, como em propriedade intelectual.

O recurso é uma ação simbólica, que reforça a via da OMC e o discurso do multilateralismo, estratégia usada também pela China. A organização até pode dar autorização para o Brasil agir - embora o caso tenda a ficar no limbo quando chegar ao órgão de apelação, paralisado por falta de indicação dos EUA desde 2019.

O governo Lula teme efeitos políticos, e interlocutores do presidente e do vice-presidente, ouvidos reservadamente pelo Estadão, defenderam que haja a busca de unidade.

O Planalto calcula que o recurso é relevante pois dará ao governo legitimidade para responder e argumentos também na disputa política interna e quanto na externa. O Brasil é claramente a parte mais frágil na disputa, argumenta um embaixador.

Na prática, mesmo que na primeira ou segunda instâncias da OMC o Brasil ganhe direito de retaliar, integrantes do governo brasileiro avaliam que Trump deve ignorar a organização. O Brasil já tem desde 2022 uma lei que autoriza a Câmara de Comércio Exterior (Camex) a aplicar sanções se o caso estiver pendente na terceria e última instância recursal na OMC.

O setor do etanol, por exemplo, rejeitou a possibilidade de reduzir a tarifa atualmente em 18%, citado pela Casa Branca e pelo USTR (Escritório do Representante de Comércio do Estados Unidos) como exemplo de tarifa aplicada de forma desproporcional.

Tudo isso ocorre num cenário de dificuldades de interlocução em alto nível político. Lula e Trump jamais se falaram e, embora o brasileiro tenha dito durante a recente viagem ao Vietnã que não teria problema em telefonar para o americano, isso jamais ocorreu. Uma conversa virtual começou a ser especulada pelo lado brasileiro ainda em 2024, mas não houve abertura passados cinco meses da eleição do republicano.

Para um integrante do governo, Trump colocou em marcha uma lógica de negociação baseada em três elementos: incerteza, medo e espetáculo. Segundo ele, é difícil achar coerência nas decisões – e os EUA não se importam com isso, dada a assimetria de poder entre países. Por isso, haveria recuos, idas e vindas, que geram incerteza e medo, além de ações com viés de um “show” – como vem sendo preparado o anúncio desta quarta.

Lula e seus conselheiros receiam o que consideram humilhações impostas a presidentes como o colombiano Gustavo Petro, na deportação de imigrantes, por meio das redes sociais, e o ucraniano Volodmir Zelenski, ao discutir a guerra durante recepção conflituosa frente às câmeras no Salão Oval.

Acrescentam ainda que Trump opera com rivalidades internas dentro do próprio governo e que o círculo decisório é restrito ao próprio e poucos conselheiros. Por isso, temem o alcance das conversas de Alckmin como Howard Lutnick (secretário de Comércio) e Jamieson Greer (representante de Comércio).

Ainda, ressaltam que Trump negocia com os países, mesmo os aliados, isolando temas e buscando concessões e vantagens em cada um e não observa o contexto geral, o que poderia tornar pouco convincentes argumentos do Brasil - como o da longa parceria hemisférica e o do saldo comercial positivo aos EUA.

A realidade é uma balança comercial deficitária para o Brasil, desde 2009. No ano passado, o saldo dos EUA foi positivo em US$ 283 milhões.

A interpretação de embaixadores do Brasil é que não seria de interesse do setor privado americano porque importa carvão siderúrgico e exporta o aço semiacabado, porque encareceria custos e preços. Eles contam com esse lobby contrário interno privado.

A estratégia vem sendo explicar a falta de lógica, na visão brasileira, tentar um compensação em outro setor, o trade off, e somente depois pensar na retaliação.

Uma avaliação de Palácio do Planalto é que a imposição de tarifas “ainda é pouco” diantes de solavancos que a relação pode passar, sobretudo na esfera política, por meio de campanhas do bolsonarismo em favor de que Trump inicie um enfrentamento mais claro e questionamentos ao Judiciário brasileiro.

Agência Brasil - DF   03/04/2025

Principal fator que tem pressionado a inflação nos últimos meses, os preços dos alimentos começarão a cair nos próximos 60 dias, disse nesta quarta-feira (2) a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Segundo ela, o recuo pode abrir espaço para a queda dos juros no segundo semestre, sem desrespeitar a autonomia do Banco Central (BC).

“Falta combatermos de forma mais eficiente a inflação. Sei que vamos conseguir. Daqui a 60 dias, quem sabe, a diminuição no preço dos alimentos... Quem sabe, porque o Banco Central é autônomo, possamos diminuir os juros no segundo semestre”, declarou Tebet em evento para comemorar os 60 anos do BC.

A declaração da ministra foi o momento mais aplaudido durante o evento do Banco Central. Tebet, no entanto, reconheceu que a elevação de tarifas comerciais pelos Estados Unidos poderá dificultar o controle da inflação.

“Temos muitas questões num mundo tão complexo. O mundo está em transformação. Estamos com fatores além-mar, com medidas além-mar, que poderão impactar inflação mundial e brasileira”, declarou a ministra.

Após o evento, Tebet disse que o efeito das medidas de Trump sobre a inflação brasileira pode ser reduzido por causa da diversificação dos parceiros comerciais do Brasil e da diversificação dos produtos exportados pela agroindústria.

Tebet também defendeu a revisão de incentivos fiscais para garantir o cumprimento das metas para as contas públicas.

“Os gastos tributários [incentivos fiscais do governo], essa é uma questão que precisa ser colocada na mesa quando falamos de fiscal. Temos uma renúncia de quase R$ 600 bi. Algumas se sustentam horizontalmente, beneficiando toda a economia. Algumas se sustentam verticalmente, beneficiando alguns. E outras [renúncias] precisam ser revistas”, disse a ministra.
Preços pressionados

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, o Banco Central destacou que os preços dos alimentos se mantêm elevados e tendem a se propagar para outros preços no médio prazo, “em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais [repasses de inflação passada para os preços] da economia brasileira”.

No Relatório de Inflação, divulgado na última quinta-feira (27), a autoridade monetária avaliou que os preços ao consumidor devem continuar com variações mensais elevadas nos próximos meses. Segundo o documento, a inflação acumulada em 12 meses deve permanecer em torno de 5,5%, acima do intervalo de tolerância da meta,  que é de 4,5%.

“Os preços da alimentação no domicílio devem seguir pressionados, mesmo com alguma moderação em alimentos industrializados em comparação aos últimos meses. Alimentos in natura, que tiveram variações relativamente baixas no período recente, devem apresentar evolução mais próxima ou acima da sazonalidade”, destacou o último Relatório de Inflação.
Haddad

Também presente ao evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a boa vontade e a estabilidade na troca de comando entre o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o atual presidente, Gabriel Galípolo. Segundo o ministro, a valorização das instituições é essencial para vencer o que chamou de má polarização.

“Se não tivermos uma visão institucional, dificilmente vamos vencer a má polarização da política. A má polarização é quando a tensão entre os pólos impede uma agenda de Estado. Quando não se consegue construir projeto de país que, numa democracia, vai passar por uma alternância de poder”, disse Haddad.
Câmara e Senado

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, enumerou parcerias recentes entre o Banco Central e o Congresso Nacional para modernizar a legislação de política monetária. Ele citou como marcos nos últimos 60 anos, a aprovação das legislações que aperfeiçoaram as regras de supervisão bancária, criaram o Comitê de Política Monetária e modernizou os meios de pagamento. “Juntos, de forma democrática, aprimoramos o arcabouço regulatório”, declarou

A principal contribuição, ressaltou Motta, foi a aprovação da lei que garante a autonomia do BC desde 2021.

“É inegável que essa lei representou um avanço de grande importância para o país, pois permitiu que a autoridade monetária exercesse sua missão com maior previsibilidade e segurança institucional, protegida de interferências políticas e com credibilidade junto à sociedade e aos mercados”, disse.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que a autonomia do BC garantiu transparência na gestão e compromisso com o desenvolvimento sustentável.

“A trajetória de confiança se deve à parceria sólida [do BC] com o Congresso Nacional. Uma relação de respeito mútuo e de responsabilidade institucional. A autonomia do BC tem sido reconhecida como marco decisivo para a estabilidade da economia. Fortaleceu a condução da política monetária, com mais previsibilidade nas decisões. Compromisso do BC com gestão transparente e voltada para o desenvolvimento sustentável do país”, comentou.
Selo comemorativo

No evento, o Banco Central e os Correios lançaram o selo institucional em comemoração aos 60 anos da autoridade monetária. O BC também anunciou um programa de entrevistas entre Galípolo e ex-presidentes do BC, com episódios a serem transmitidos às quintas-feiras no Youtube.

A comemoração reuniu ministros, parlamentares e ex-presidentes do BC. Entre as pessoas presentes, estavam:
•     Davi Alcolumbre, presidente do Senado; •     Hugo Motta, presidente da Câmara; •     Fernando Haddad, ministro da Fazenda; •     Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego; •     Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento; •     Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública; •     Jaques Wagner (PT-BA), líder do Governo no Senado; •     Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda; •     Gustavo Guimarães, secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento.

Exame - SP   03/04/2025

O Brasil poderá ter um impacto negativo anual entre US$ 3 bilhões e US$ 10 bilhões na balança comercial com os Estados Unidos após a aplicação das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente Donald Trump, aponta um estudo do banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Trump fará o anúncio das tarifas em um grande evento na Casa Branca, na quarta-feira, 2, às 17h (hora de Brasília). Ele promete agir contra países que cobram tarifas de importação de produtos americanos maiores do que o cobrado pelos EUA ao comprar produtos daquele país.

O Brasil se enquadra nesta condição, mas, ao mesmo tempo, tem déficit comercial com os americanos. Ou seja: compra mais produtos feitos nos Estados Unidos do que vende itens brasileiros para eles.

A análise do BTG traça dois cenários possíveis. No primeiro, os EUA aplicariam uma tarifa média de 5,8% sobre produtos brasileiros, a mesma que o Brasil impõe hoje sobre produtos americanos.

No segundo cenário, a tarifa seria de 25%, por levar em conta também barreiras não-tarifárias. O banco ressalta, no entanto, que o cenário de 25% de tarifa é considerado um caso extremo e com chance menor de ser implantado.

Neste primeiro cenário, de tarifa de 5,8%, as exportações brasileiras para os EUA diminuiriam em cerca de US$ 2 bilhões em 2025 e US$ 3 bilhões em 2026 frente ao cenário atual, que já considera o impacto dos 25% sobre as importações americanas de aço.

"Exportações de bens de capital e automotivos (máquinas, equipamentos de transporte) poderiam sofrer leve retração na demanda nos EUA. No agronegócio, produtos como café e suco de laranja – dos quais os EUA são
importantes compradores – enfrentariam encarecimento moderado no mercado americano, levando potencialmente a uma pequena perda de participação para concorrentes de outros países", afirma o relatório.

"Petróleo bruto e derivados provavelmente teriam impacto limitado no volume exportado, dada a natureza mais inelástica desse mercado, embora a tarifa possa redirecionar parte das vendas de petróleo brasileiro para outros destinos", aponta o relatório.

Tarifas recíprocas de Trump: o que se sabe até agora?
Cenário com tarifa de 25%

No segundo cenário, Trump determinaria uma tarifa média de 25% ao Brasil, por considerar que o país aplica muitas barreiras não-tarifárias, como regulações sanitárias e impostos locais. Neste caso, haveria perda de US$ 8 bilhões a menos nas exportações brasileiras para os EUA em 2025 (considerando um cenário base próximo de US$ 42 bi exportados aos EUA). Consequentemente, o superávit da balança comercial brasileira diminuiria
aproximadamente US$ 10bilhões. Em 2026, a redução do saldo comercial poderia chegar a US$ 13 bilhões, estima o banco.

Neste segundo cenário, seriam mais afetados os setores de metalurgia e aviação, especialmente a Embraer. "Aeronaves ficariam bem mais caras para as companhias aéreas americanas, possivelmente resultando em adiamento de compras ou busca por fornecedores alternativos, o que representaria perda significativa de receita externa desse setor", aponta o estudo.

No agronegócio, produtos como suco de laranja, café, carnes bovina e de frango, açúcar e etanol sofreriam forte redução de competitividade nos EUA, avalia o BTG. Máquinas e equipamentos também veriam suas vendas diminuírem. "Mesmo commodities minerais e energéticas, como petróleo bruto e celulose, seriam afetadas. A tarifa direcionaria as vendas brasileiras para fora dos EUA, possivelmente com necessidade de desconto de preço para atrair outros compradores, o que significa menor valor exportado", diz o banco.

Infomoney - SP   03/04/2025

A China adotou medidas para restringir empresas locais de realizarem investimentos nos Estados Unidos, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto. A iniciativa pode fortalecer a posição de Pequim em futuras negociações comerciais com o governo Trump.

Nas últimas semanas, diversos departamentos da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), principal agência de planejamento econômico da China, receberam instruções para suspender o registro e a aprovação de empresas interessadas em investir nos EUA, segundo as fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade do tema.

Embora a China já tenha imposto restrições a investimentos no exterior por motivos de segurança nacional e controle de saída de capital, as novas medidas refletem as crescentes tensões entre as duas maiores economias do mundo, em meio à escalada de tarifas promovida por Donald Trump. Em 2023, os investimentos chineses nos EUA somaram US$ 6,9 bilhões, conforme os dados mais recentes disponíveis.
As fontes indicaram que compromissos já existentes de empresas chinesas nos EUA e em outros países, bem como as aquisições e participações da China em produtos financeiros, incluindo títulos do Tesouro americano, não devem ser impactados. No entanto, ainda não está claro o que levou a NDRC a suspender o processamento de novas solicitações ou por quanto tempo essa suspensão permanecerá em vigor.

Nem a NDRC nem o Ministério do Comércio, ambos responsáveis pelas aprovações iniciais de investimentos estrangeiros, responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

Na próxima quarta-feira, Trump deve anunciar planos para implementar tarifas “recíprocas” sobre parceiros comerciais dos EUA, com a China provavelmente incluída. Em fevereiro, um memorando do presidente americano instruiu um comitê governamental a restringir os investimentos chineses em setores estratégicos dos EUA, como tecnologia e energia.

A China já vinha intensificando o controle sobre os investimentos externos de empresas domésticas, após saídas recordes de capital pressionarem o yuan, conforme relatado pela Bloomberg News no início deste ano.

Embora a nova restrição se concentre principalmente em investimentos corporativos nos EUA, a medida aumenta a incerteza para empresas que buscam transferir sua produção para o exterior, como forma de contornar barreiras comerciais e lidar com o crescente impasse global.

Um exemplo das dificuldades enfrentadas por empresas nesse contexto é a CK Hutchison Holdings Ltd. O conglomerado, com sede em Hong Kong, concordou no mês passado em vender 43 portos, incluindo dois no Panamá, para um consórcio liderado pela BlackRock Inc., por US$ 19 bilhões. O acordo gerou críticas da China, que orientou empresas estatais a suspenderem novas colaborações com negócios ligados a Li Ka-shing e sua família, segundo a Bloomberg News.

Dados recentes do Ministério do Comércio da China mostram que os investimentos chineses nos EUA caíram 5,2% em 2023, apesar de um aumento de 8,7% nos investimentos para outros países. No final de 2023, o estoque acumulado de investimentos da China nos EUA representava apenas 2,8% do total.

Empresas chinesas que planejam projetos de investimento no exterior devem seguir procedimentos de registro e aprovação que geralmente envolvem o Ministério do Comércio, a NDRC e a Administração Estatal de Câmbio.

Infomoney - SP   03/04/2025

Fevereiro foi o 5º mês consecutivo no quala produção industrial brasileira não mostrou crescimento na margem, que corrobora as leituras de que a atividade econômica brasileira atravessa um momento de desaceleração gradual. Para os economistas, isso é reflexo direto do aperto das condições monetárias pelo Banco Central, que passou a elevar os juros para trazer a inflação à meta. Mas ele comentam que esses impactos são mais intensos em determinados setores.

O IBGE informou nesta quarta-feira (2) que a produção industrial teve recuo de 0,1% em fevereiro, um pouco menos intenso que o esperado pelo mercado, mas apresentou avanço de 1,5% ante o mesmo mês do ano anterior. Em janeiro, tinha sido anunciada uma estagnação (0,0%), após três meses de queda.

No mês, o desempenho negativo da indústria foi puxado pela queda nos bens de consumo duráveis (-3,2%) e bens de consumo não duráveis (-0,8%). As principais influências negativas vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%) e produtos de madeira (-8,6%).
A queda no mês foi amenizada pelo avanço dos bens de capital (+0,8%) e bens intermediários (+0,8%), com destaque para o crescimento das indústrias extrativas (+2,7%) e produtos alimentícios (+1,7%).

Rafael Perez, economista da Suno Research, destacou em sua análise que já são cinco meses consecutivos que a indústria não apresenta crescimento, com uma queda acumulada de -1,3% no período. “O que revela que o setor tem sido um dos mais impactados pela combinação de alta dos juros, encarecimento do crédito, queda na confiança dos empresários, desvalorização da taxa de câmbio, alta dos custos das empresas e um cenário externo desafiador marcado pelo aumento das tarifas de importação pelos EUA”, comentou.

Ele disse esperar para 2025 um crescimento mais equilibrado entre as indústrias Extrativa e de Transformação. “A primeira deve retomar o crescimento, impulsionada pela expansão da produção de petróleo e minérios, após um ano de estabilidade (0,0%). Já a indústria de transformação, que avançou 3,6% no ano passado, deverá ser mais afetada pelo cenário desafiador, em especial pela política monetária mais restritiva”, estimou..

Para Perez, diante desse quadro, o crescimento industrial em 2025 deve ficar abaixo dos 3,1% registrados no ano passado. “Mas ainda assim apresentar uma expansão moderada, que deve ser sustentada pelas condições favoráveis para a demanda, marcada pelo mercado de trabalho resiliente e os estímulos para a tomada de crédito pelo governo.”

Na opinião de André Valério, economista sênior do Inter, o resultado de fevereiro reafirma a tendência de acomodação do crescimento, mas sem indicar uma desaceleração desordenada.

“Os dados sugerem que o aperto nas condições financeiras e o aumento da incerteza tem impactado o dinamismo do setor, com atividades mais dependentes de investimento e da demanda indicando maiores dificuldades nos últimos meses, enquanto os setores mais descolados do ciclo econômico mantêm robustez na sua produção”, detalhou.

Em sua análise, Claudia Moreno, economista do C6 Bank, citou que, depois de encolher em janeiro, a indústria extrativa, segmento que é bastante volátil, cresceu 2,7% em fevereiro. Já a indústria de transformação teve uma retração de 0,5%.

“Entre as categorias de uso, houve uma elevação de 0,8% em bens de capital, segmento ligado a investimento em máquinas e equipamentos. Apesar de vir apresentando alguma resiliência, acreditamos que essa categoria deve ser uma das mais impactadas pelos juros altos mais à frente”, alertou.

Ela disse acreditar que a indústria brasileira deve perder força ao longo de 2025. “Por ora, nossa expectativa é de que a produção industrial termine o ano com uma retração de 0,4%. Em 2024, o setor teve uma expansão de 3,1%”, lembrou. “Nossa projeção é de que o PIB do 1º trimestre venha momentaneamente mais forte, com uma expansão de 1,7% ante o último trimestre de 2024.”

Para os próximos meses, o C6 Bank espera uma desaceleração gradual da atividade, com o PIB crescendo 2% em 2025 e 1% em 2026.
Resultados mistos

Já a XP diz em relatório que os resultados do mês se mostram mistos, com 2 das 4 grandes categorias econômicas e 14 das 25 atividades manufatureiras caindo na comparação mensal. Do lado negativo, foi destacada a queda de Bens Semi e Não Duráveis (-0,8%), principalmente devido ao recuo de Produtos Farmacêuticos. Também foi citada a retração mensal da categoria de Bens Duráveis, que caiu -3,2% em fevereiro após crescer +3,8% em janeiro.

Do lado positivo, foi lembrado que a categoria de Bens de Capital aumentou 0,8% em fevereiro, o que é um sinal positivo para a Formação Bruta de Capital Fixo(FBCF) do 1º trimestre.

Já a categoria de Bens Intermediários retomou o crescimento após um resultado decepcionante na leitura anterior + 0,8% em fevereiro após -1,6% em janeiro, com destaque para a recuperação da Indústria Extrativa (+2,7% após -2,5%). “Esperamos que essa atividade ganhe força nos próximos trimestres, impulsionada principalmente por petróleo e gás”, disse a XP no relatório.

“O cenário de desaceleração gradual da indústria manufatureira permanece. Condições financeiras mais apertadas e piora da confiança empresarial devem cobrar seu preço. Dito isso, a resiliência do mercado de trabalho e as medidas governamentais anunciadas recentemente devem apoiar a demanda doméstica no curto prazo”, previu.

Para a XP, a produção industrial geral aumentará 2,2% em 2025, abaixo dos 3,1% em 2024. Já do XP Tracker para o crescimento do PIB é de 1,3% no trimestre, principalmente devido ao salto na Agricultura e na Pecuária. “Nossa projeção para o crescimento do PIB em 2025, atualmente em 2,0%, tem tendência para cima.”

Leonardo Costa, economista do ASA, também analisou que a indústria tem andado de lado no começo de 2025, vindo de queda no final de 2024. “Esperamos PIB mais forte no começo de 2025, com destaque para o setor agrícola e de consumo, a indústria deve ter pouco destaque”, disse.

Na opinião de Igor Cadilhac, economista do PicPay, os dados do mês, somados à alta de 0,1% nos insumos típicos da construção civil, indicam uma nova melhora na proxy do PIB de investimentos em fevereiro.

“Para 2025, projetamos um crescimento de 2% na produção industrial brasileira. Apesar dos desafios impostos pela desaceleração da economia global e pelo prolongado período de juros elevados, acreditamos que a retração será moderada. Fatores como uma balança comercial sólida e políticas governamentais de estímulo à atividade econômica devem ajudar a mitigar os impactos negativos”, comentou.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   03/04/2025

Americanos correm para comprar carros antes que as tarifas de importação elevem os preços

As vendas da Ford caíram 1% em março, na comparação anual, devido à descontinuação de dois modelos. Já a General Motors (GM) registrou um aumento de 17% nas vendas do primeiro trimestre, impulsionada por consumidores correndo para comprar antes que as tarifas de importação elevem os preços dos automóveis.

A Stellantis, dona das marcas Jeep, Ram, Chrysler, Dodge e Fiat, informou, nesta quarta-feira (2), que suas vendas continuaram a cair no primeiro trimestre. No entanto, os modelos Ram e Jeep apresentaram sinais de crescimento, e as vendas, excluindo os modelos descontinuados, subiram 13,8%.

Na terça-feira (2), a Ford destacou que o timing das vendas para locadoras também contribuiu para a queda nas vendas de março. No entanto, suas vendas no varejo, excluindo frotas, cresceram 10% em março e 5% no primeiro trimestre.

A popular linha de picapes F-Series teve um aumento de 24% no primeiro trimestre, totalizando 190.389 unidades vendidas. Contabilizando também os modelos Ranger e Maverick, as vendas totais de picapes da Ford chegaram a 243.317 unidades.

As vendas de híbridos, híbridos plug-in e elétricos aumentaram 26% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior. Combinadas com os modelos a combustão, a Ford declarou que este foi seu melhor primeiro trimestre em vendas de picapes em mais de 20 anos.

Já as vendas da GM nos EUA cresceram 17% no primeiro trimestre, totalizando 693.363 veículos vendidos. Foi o melhor primeiro trimestre da GM desde 2018, com todas as suas quatro marcas registrando aumentos de dois dígitos.

As vendas de veículos elétricos da montadora também dispararam, subindo 94% no primeiro trimestre. “Esperamos que a GM seja novamente a segunda maior vendedora de elétricos nos EUA”, disse Rory Harvey, vice-presidente executivo e presidente de mercados globais da GM.

As vendas da Chevrolet cresceram 14%, registrando o melhor primeiro trimestre desde 2019. A Chevrolet é a marca de veículos elétricos que mais cresce nos EUA, liderada pelos modelos Equinox EV e Blazer EV. Os veículos elétricos da Cadillac tiveram um aumento de 37%.

Impactos do "tarifaço" de Trump

Os anúncios das montadoras vêm enquanto o setor automobilístico se prepara para a implementação das novas tarifas de importação, que entram em vigor nesta quarta-feira. Apesar de serem projetadas para proteger as montadoras dos EUA, essas tarifas, acreditam analistas, irão elevar os preços de todos os veículos vendidos no país.

As consultorias J.D. Power e GlobalData estimam que as vendas de veículos novos cresceram 9,6% em março, na comparação anual, mesmo com um dia útil a menos do que março de 2024. Considerando transações no varejo e frotas, as vendas totais nos EUA devem alcançar 1.525.200 unidades.

Thomas King, presidente da divisão de dados e análises da J.D. Power, afirmou que as vendas de março devem refletir uma demanda robusta por novos veículos. No entanto, grande parte desse crescimento vem de consumidores antecipando compras antes do impacto das tarifas.

“Embora a situação das tarifas continue incerta, sua mera possibilidade já está afetando a indústria”, disse King. “Além do impulso nas vendas de março, os aumentos esperados nos descontos de montadoras e concessionárias não ocorreram, mesmo com o crescimento dos estoques. Embora o impacto ainda seja modesto, essa situação antecipa possíveis disrupções no setor nas próximas semanas e meses.”

Globo Online - RJ   03/04/2025

As vendas de veículos da Tesla caíram 13% no último trimestre, atingindo o nível mais baixo em quase três anos, à medida que a montadora reformulava seu modelo mais importante e lidava com a reação internacional contra a postura política de Elon Musk.

A empresa informou nesta quarta-feira que entregou 336.681 veículos nos primeiros três meses do ano, seu pior desempenho desde o segundo trimestre de 2022. Em média, os analistas esperavam que a empresa vendesse mais de 390.000 carros e caminhões, de acordo com estimativas compiladas pela Bloomberg.

Os números refletem a extensão das dificuldades enfrentadas pela Tesla no início deste ano. A empresa reformulou fábricas ao redor do mundo para produzir a versão redesenhada do Model Y, o que resultou em uma perda de produção comum quando as montadoras fazem a transição entre gerações de veículos. O fator extraordinário foi o envolvimento de Musk na política global, que gerou protestos nos Estados Unidos e na Europa.

As manifestações cresceram nas últimas semanas em resposta à atuação de Musk em Washington e além, apoiando candidatos e causas da extrema direita. O CEO da Tesla liderou os esforços do ex-presidente Donald Trump para reduzir o funcionalismo público federal, interferiu na eleição federal da Alemanha e defendeu a saída dos EUA da aliança militar transnacional OTAN.

A empresa tem demonstrado preocupação com possíveis represálias promovidas por outros países, à medida que uma guerra comercial se intensifica após as medidas do presidente Donald Trump para impor tarifas sobre uma ampla gama de importações. Nesta quarta-feira, Trump promete anunciar uma nova rodada de impostos de importação sobre produtos de vários países que chegam aos EUA, que ele chama de tarifas recíprocas, e atingem inclusive o Brasil.

As ações da Tesla caíram até 6,4% logo após o início do pregão desta quarta-feira. Desde que atingiram um recorde histórico nas semanas seguintes à vitória de Trump, os papéis da empresa haviam despencado 44% até o fechamento de terça-feira.

Previsão de Crescimento

As entregas destacam o desafio da Tesla em reviver seu setor automotivo, que representou mais de três quartos da receita no ano passado. A empresa afirmou que espera voltar a crescer após a queda nas entregas em 2024 — o primeiro declínio anual em mais de uma década.

Os investidores já esperavam um início de ano difícil, tanto pela transição do Model Y quanto pelo fato de que o primeiro trimestre costuma ser o mais fraco para as vendas de automóveis. No entanto, a Tesla teve um desempenho pior do que muitos concorrentes.

Na Europa, os registros de veículos caíram 43% nos dois primeiros meses do ano, contrastando com o aumento de 31% nas vendas gerais de veículos elétricos no setor. Na China, as vendas no atacado também despencaram, enquanto a gigante local BYD ampliou sua liderança. A BYD registrou um aumento de 58% nas entregas de veículos elétricos a bateria e híbridos plug-in no primeiro trimestre.

A Tesla entregou 323.800 unidades dos modelos Model Y e Model 3 no primeiro trimestre, uma queda de 12% em relação ao ano anterior. As vendas dos outros modelos — incluindo Cybertruck, Model S e Model X — caíram 24%, para apenas 12.881 unidades.

Embora a empresa ainda não tenha divulgado os números específicos de vendas do Cybertruck, um recente recall revelou que a Tesla vendeu pouco mais de 46.000 unidades da picape nos primeiros 15 meses em que esteve no mercado dos EUA.

O movimento "Tesla Takedown"

Um movimento de protesto contra Musk, chamado "Tesla Takedown", está realizando centenas de manifestações em locais da montadora de veículos elétricos ao redor do mundo neste início de ano. O grupo incentiva as pessoas a venderem seus veículos da Tesla e suas ações da empresa.

As críticas também vieram da base de investidores da Tesla. Na terça-feira, o controlador da cidade de Nova York, Brad Lander, que atua como consultor de investimentos dos fundos de pensão da cidade, criticou o envolvimento de Musk com o governo e acusou a Tesla de deturpar o nível de comprometimento do CEO com a empresa.

Ele afirmou que os acionistas estão sofrendo porque "não têm um CEO em tempo integral focado na empresa e em seus interesses".

Musk reconheceu ter "grande dificuldade" em administrar seus negócios enquanto lida com seu trabalho em Washington. No entanto, durante uma reunião com funcionários da Tesla transmitida no X em 20 de março, ele projetou um futuro promissor para a empresa e aconselhou a equipe a manter suas ações.

Os executivos da Tesla estão apostando cada vez mais no futuro da empresa com inteligência artificial, autonomia e robótica, incluindo planos de lançar um serviço de robotáxis em Austin em junho. A empresa também anunciou o lançamento de novos veículos mais acessíveis na primeira metade do ano, embora tenha fornecido poucos detalhes.

Ambas as iniciativas deram esperança a alguns investidores de que a Tesla possa renovar sua linha de produtos e superar a crescente impopularidade de seu CEO nos próximos meses.

O Estado de S.Paulo - SP   03/04/2025

Quem passa em frente à fábrica da Volkswagen na Via Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), acha o complexo uma imensidão. Mas a planta, inaugurada em 1959 tem apenas 1,6 km². Ou seja, a planta que produz Nivus, Polo, Virtus e Saveiro, apesar do número e da imponência, torna-se minúscula quando comparada à nova estrutura que a BYD vem erguendo em Zhengzhou (província de Honã, China), com 130 km². A ideia da fabricante asiática é produzir cerca de 1 milhão de carros por ano - um quarto de toda a produção mundial.

Chamada de fábrica-cidade, a planta, para se ter ideia, supera a Gigafactory, da Tesla, que fica em Nevada (EUA) e mede 11,6 km². Assim, será a maior fábrica de carros do mundo. O complexo contará com casas para funcionários, escolas, shopping centers, centros de saúde, quadras de tênis, campo de futebol e todo o lazer possível.

O projeto, contudo, não se limita a fabricação de veículos. Afinal, trata-se de uma verdadeira cidade industrial autossuficiente. Energia solar, reciclagem de água, controle ambiental automatizado e uso de materiais sustentáveis fazem parte do projeto.

Contratação a todo vapor

A ideia é que, a princípio, a fábrica conte com mais de 250 mil colaboradores. Hoje, o local - que tem boa infraestrutura logística e conexão com os principais polos industriais da China - já conta com mais de 60 mil pessoas. E outros 20 mil novos profissionais têm contratação prevista ainda neste mês. Essas contratações, em síntese, não se restringem a operários, mas engenheiros, especialistas em tecnologia, pesquisadores e outros profissionais.

A ideia de manter os funcionários próximos ao local de trabalho é, além de evitar gastos e estresses com deslocamentos, acelerar a produção. Ali, inclusive, terá fabricação de baterias e outros componentes necessários, a fim de diminuir a dependência de fornecedores. A história recente - vulgo, pandemia de Covid-19 - deixou claro que toda a indústria funciona como uma cadeia e, se todos pararem, todos param.

A construção tem oito fases, no total. Atualmente, no entanto, a BYD está prestes a concluir a fase cinco. E a construção avança rapidamente, por meio de apoio estatal. Se tudo correr conforme a previsão, o primeiro a sair das linhas de produção é o SUV Song Pro DM-i.

Contras

Embora grandioso, o projeto da fábrica-cidade levanta algumas questões. Tem, a princípio, o impacto ambiental, a sustentabilidade e, ainda, dúvidas sobre o modelo de trabalho que será implementado. Críticos apontam que mesmo com proposta verde, haverá necessidade de controle ambiental e políticas de bem-estar social. Por fim, pode ser um projeto extremamente bem-sucedido, se tornandoo um marco na indústria, ou um ‘tiro no pé‘, afinal, se a fábrica deixar de operar, a debandada dos moradores afetará fortemente a cidade.

Auto Industria - SP   03/04/2025

A crescente disposição exportadora das montadoras chinesas é percebida no Brasil, em especial, pelos desembarques da BYD. Globalmente, porém, outras marcas da China têm aumentado suas participações de maneira igualmente contundente.

Se aqui as vendas da Chery estão restritas aos modelos fabricados em Anápolis, GO, pela parceira CAOA Montadora, mundo afora a empresa contabiliza avanços robustos por meio da exportação a partir da China.

Considerando suas cinco marcas de automóveis e comerciais leves — com os modelos Chery respondendo pela quase totalidade —, o Grupo Chery é o maior exportador de veículos da China.

Apesar do “barulho” global gerado pela BYD, no primeiro trimestre a Chery enviou 255,5 mil unidades para dezenas de países. Pouco mais de 86 mil em março. Já a concorrente contabilizou 206 mil embarques.

A frota circulante da montadora fora da China já esbarra nos 4,7 milhões de unidades. Só no ano passado, passaram pelos portos chineses rumo ao exterior mais de 1 milhão de unidades do grupo, recorde histórico desde a criação da montadora, em 1997, e algo próximo de 20% do total de veículos despachados pela China, maior exportadora mundial.

Valor - SP   03/04/2025

Plano tarifário mais amplo do presidente dos EUA representa um custo significativo para o setor

Donald Trump provoca corrida de empresas em busca de proteção contra pressão tarifária — Foto: Ben Curtis/AP Photo

A Tesla se juntou à Ford na busca por algum alívio enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se prepara para implementar tarifas que podem desestabilizar a indústria automotiva global. Um imposto de 25% sobre a importação de carros e peças entra em vigor nesta quarta-feira (2), quando Trump pretende anunciar, na Casa Branca, um plano tarifário mais amplo. Esse aumento representa um custo significativo para o setor.

Cerca de metade dos carros vendidos nos EUA é importada, principalmente do Canadá, México, Japão e Coreia do Sul. A Tesla não importa os veículos que vende, mas depende da importação de peças; cerca de 25% dos componentes do Model Y, por exemplo, vêm do México.

As montadoras também precisam importar equipamentos de fabricação. Na segunda-feira (31), a Tesla entrou com pedidos junto ao Escritório do Representante de Comércio dos EUA para excluir tarifas sobre equipamentos chineses usados na produção de baterias, eixos de transmissão, módulos de bateria e microchips. A empresa não comentou o pedido.

A Tesla não é a única a fazer solicitações. A Ford, que está construindo fábricas de automóveis e baterias no Tennessee, entrou com petições semelhantes desde fevereiro. A empresa também não comentou o assunto.

Apenas a ponta do iceberg

Pedir isenções para equipamentos faz sentido, já que tarifas sobre uma ampla variedade de produtos chineses já estão em vigor, enquanto os impostos sobre carros e algumas peças acabaram de entrar. Essas solicitações devem ser apenas a ponta do iceberg.

“Vimos isso na primeira vez”, disse Rick Newman, do Yahoo Finance. “Houve mais de 100.000 pedidos de isenção em 2018 e 2019.”

As isenções são uma forma de contornar as tarifas, mas também dão à Casa Branca um grande poder na escolha de quais empresas serão beneficiadas.

As ações da Tesla, no início da tarde, subiam 4,94% na Nasdaq, em Nova York, recuperando-se de uma queda inicial após uma reportagem do site Politico sugerir que Elon Musk pode deixar seu cargo no governo nas próximas semanas.

Um desempenho operacional decepcionante no primeiro trimestre havia pressionado as ações da Tesla para baixo. A empresa entregou pouco menos de 337 mil veículos no período, enquanto Wall Street esperava um número mais próximo de 380 mil. As entregas caíram 13% em relação ao ano anterior, a pior queda trimestral da história da Tesla.

As ações da Ford subiam, no início da tarde, 2% antes do evento de Trump. No acumulado desde as eleições de 5 de novembro, os papéis da Ford caíram cerca de 4%.

Infomoney - SP   03/04/2025

As vendas de veículos elétricos da Tesla na China se mantiveram em queda em março, mas a montadora de veículos elétricos de Elon Musk voltou a figurar entre as três maiores em meio à intensa concorrência no maior mercado automotivo do mundo.

No mês passado, a Tesla vendeu 78.828 carros fabricados na China, 11% menos do que em março do ano passado, mas mais do que o dobro do volume vendido em fevereiro, segundo dados da Associação de Automóveis de Passeio da China (CPCA, pela sigla em inglês).

Em fevereiro, a Tesla começou a vender nova versão de seu Modelo Y na China.
A chinesa BYD se manteve no topo do ranking, com 371.419 veículos vendidos em março, e a concorrente local Geely ficou em segundo lugar, com 119.696 unidades. A Tesla voltou para o terceiro lugar no mercado chinês em março, depois de ficar fora do “top 5” em fevereiro.

No ano passado, a receita da BYD aumentou para o equivalente a US$ 107 bilhões, superando pela primeira vez a marca de US$ 100 bilhões e ultrapassando a da Tesla. Fonte: Dow Jones Newswires.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Globo Online - RJ   03/04/2025

As importações de máquinas e equipamentos cresceram 19,3% em janeiro em comparação ao ano passado, atingindo US$ 2,7 bilhões, o maior volume já registrado para o mês, segundo a Abimaq A China se consolidou como principal fornecedora de máquinas e equipamentos ao país, respondendo por 36% das máquinas importadas.

Esse desempenho colocou a China bem à frente de tradicionais fornecedores, como Alemanha e Estados Unidos, que, juntos, somaram US$ 752 milhões em exportações para o Brasil – um número inferior ao registrado pelos chineses, que atingiram US$ 979 milhões no mesmo período.

O avanço das importações ocorre em um contexto de retração das exportações brasileiras do setor, que caíram 22,3% em janeiro de 2025, impactadas principalmente pela menor demanda dos Estados Unidos, Singapura e México. Para o presidente de Abimaq, José Velloso, o movimento reforça a dependência da indústria nacional em relação às compras externas, especialmente de equipamentos chineses, que oferecem preços competitivos e amplo portfólio tecnológico.

- No curto prazo, a indústria nacional perdeu espaço devido ao aumento de 14% a 26% no preço da principal matéria-prima, enquanto as importações chinesas cresceram expressivamente. Como resultado, a participação das máquinas brasileiras no mercado interno caiu de 60% para 54% ao longo de 2024. Esse movimento evidencia a forte concorrência chinesa e a perda de competitividade da indústria nacional frente aos produtos importados.

IstoÉ Dinheiro - SP   03/04/2025

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) informou nesta quarta-feira, 2, que a receita líquida total do setor em fevereiro atingiu R$ 22,920 bilhões, valor que mostra um crescimento de 11,7% na comparação com janeiro.

Na comparação com fevereiro do ano passado, a receita líquida percebida pela indústria de máquinas mostrou uma expansão ainda maior, de 14,5%. No acumulado do ano, até fevereiro, o faturamento líquido do setor registra avanço de 16,9%, mas no acumulado de 12 meses a receita encolheu 4%.

Com esse resultado de fevereiro, de acordo com a Abimaq, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos recupera parte da perda observada no últimos anos. “Esse resultado positivo teve como influência o melhor dinamismo do mercado local, sobretudo no que diz respeito à aquisição de bens seriados e também o mercado externo”, diz o balanço do setor de fevereiro.

O crescimento de 16,9% apurado no primeiro bimestre é o primeiro para o período após três anos queda.

As exportações do setor totalizaram US$ 870 milhões em fevereiro, representando um crescimento de 7% em relação a janeiro e 6,6% na comparação interanual. No acumulado do ano até fevereiro as exportações cresceram 10% e no acumulado de 12 meses, 5,6%.

“O ano de 2025 iniciou com crescimento de, mas com desempenho abaixo da média de 2024, de US$ 1 bilhão, indicando que o setor enfrenta desafios no mercado externo”, avalia a Abimaq.

Dentre os mercados compradores, diz a entidade, se observou melhora na demanda de máquinas para fabricação de bens de consumo, de máquinas para agricultura e de máquinas para construção civil.

As importações, por sua vez, registraram queda de 12,5% em fevereiro ante janeiro ao caírem, em valores, para US$ 2,413 bilhões. Na comparação com fevereiro do ano passado elas cresceram 10,4% e passaram a acumular no ano, soma de janeiro e fevereiro, alta de 15,2%. No acumulado de 12 meses também tiveram alta, de 11,7%.

IstoÉ Dinheiro - SP   03/04/2025

O consumo aparente da indústria de máquinas e equipamentos, indicador da demanda interna por bens industriais resultante da soma da produção doméstica e das importações menos as exportações, caiu 1,8% em fevereiro ante janeiro. A informação é da Abimaq, entidade que congrega as empresas industriais do setor.

Quando ajustado sazonalmente, a queda do consumo aparente na margem é de 4,4%. Já na comparação com fevereiro do ano passado, no entanto, houve um crescimento de 18,3% do consumo aparente. Esse é o oitavo consecutivo desse indicador nessa base de comparação, ampliando a taxa acumulada em 12 meses de 3,8% para 5,5%. No ano o crescimento foi de 27,6%.

O emprego no setor cresceu 1,7% na passagem de janeiro para fevereiro, para 407,2 mil trabalhadores, e subiu 4,9% ante fevereiro de 2024 e somou alta de 1,3% no primeiro bimestre no confronto com igual período no ano passado. No acumulado de 12 meses cresceu 0,8%.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) do setor chegou a 77,2% em fevereiro em função da melhora na receita líquida das vendas na comparação interanual (14,5%). O resultado é o melhor desde abril de 2023.

Também foi observado crescimento dos pedidos em carteira, de 2,4% em fevereiro, que atingiu 9,6 semanas. Esse é o segundo resultado positivo, de acordo com a Abimaq.

Terra - SP   03/04/2025

O setor de máquinas e equipamentos brasileiro deve sofrer um impactado moderado das tarifas recíprocas a serem anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, associação que representa o setor, nesta quarta-feira.

"Acho que o Brasil vai ser atingido e o setor de máquinas também", disse Velloso a jornalistas durante apresentação dos dados do setor de fevereiro, acrescentando que as vendas aos EUA representam 7% do faturamento total da indústria brasileira.

"Tem impacto... não é pequeno, mas também não é decisivo, é um impacto moderado", acrescentou.

Velloso afirmou que ainda são necessários mais detalhes em relação às tarifas, previstas para serem anunciadas por Trump em cerimônia às 17h (horário de Brasília) no Rose Garden da Casa Branca. Ele ponderou que ainda vê oportunidade para o Brasil negociá-las, como tem defendido o governo brasileiro.

"Na semana passada eu achava que os EUA dariam um prazo para negociação... como fizeram com o México e Canadá", disse o presidente da Abimaq, lembrando que isso não aconteceu para o Brasil.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse na véspera que as tarifas recíprocas dos EUA entrarão em vigor imediatamente após o anúncio de Trump, enquanto uma tarifa de 25% sobre veículos entrará em vigor em 3 de abril.

"Eu imagino que todos os setores que estão citados no relatório do USTR serão atingidos, e o setor de máquinas está na lista", disse, referindo-se à agência responsável pelos acordos comerciais dos EUA.

O executivo da Abimaq disse que o déficit comercial do Brasil com os EUA é uma "vantagem" e pode ajudar em eventuais negociações, que poderiam ter como foco questões de propriedade intelectual e barreiras não tarifárias, que são citadas em relatório da USTR.

"Se o Brasil negociar essas duas questões... poderia negociar uma tarifa menor", disse. Ele também notou um declínio nas exportações para os EUA, em antecipação às tarifas de Trump.

Segundo dados da Abimaq, as exportações de máquinas e equipamentos para a América do Norte no primeiro bimestre caíram 26,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Nos EUA a queda foi de 26,8%, no México de 30,6% e no Canadá de 13,1%.

"Quando um país decide alguma coisa, mesmo que seja para daqui dois meses, um mês, ele faz preço na hora. O preço está feito."

DADOS DE FEVEREIRO

A Abimaq divulgou nesta quarta-feira dados de fevereiro da indústria de máquinas e equipamentos, que mostrou crescimento de 14,5% no faturamento líquido versus o mesmo mês do ano passado, para R$22,9 bilhões.

"Esse resultado positivo teve como influencia o melhor dinamismo do mercado local, sobretudo no que diz respeito à aquisição de bens seriados, e também o mercado externo", disse a entidade em apresentação nesta quarta-feira.

No bimestre, o faturamento de máquinas e equipamentos cresceu 16,9%, após três anos de queda. Houve melhora na demanda por máquinas para fabricação de bens de consumo, máquinas para agricultura e de máquinas para a construção civil, segundo a Abimaq.

Considerando apenas vendas no mercado doméstico em fevereiro, a receita líquida do setor cresceu 13,2% em uma base anual, para R$17,9 bilhões.

As exportações do setor em fevereiro subiram 6,6% ano a ano, para US$870 milhões. Já as importações cresceram 10,4% na mesma base, para US$2,4 bilhões, conforme dados da associação.

O consumo aparente de máquinas, que leva em conta equipamentos produzidos no país e importados, em fevereiro foi 1,8% menor em relação a janeiro (4,4% abaixo considerando ajuste sazonal), mas 18,3% maior em comparação com fevereiro de 2024.

IstoÉ Dinheiro - SP   03/04/2025

A receita de vendas da indústria de máquinas e equipamentos atingiu R$ 43,3 bilhões nos dois primeiros meses do ano, 16,9% acima do registrado no mesmo período de 2024. Os dados, divulgados nesta quarta-feira (2), são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

O resultado das vendas do acumulado de janeiro e fevereiro é o primeiro positivo após três anos consecutivos de queda nas receitas nos primeiros bimestres, de 2024, 2023, e 2022.

Entre os mercados compradores, o destaque foi a melhora na demanda de máquinas para fabricação de bens de consumo, de máquinas para agricultura e de máquinas para construção civil.

Exportações

As exportações do setor totalizaram US$ 1,6 bilhão no primeiro bimestre, uma queda de 10% na comparação com o mesmo período de 2024. Os setores fabricantes de máquinas para construção (-25,4%), indústria de transformação (-12,3%) e componentes (-10,5%) registraram os principais recuos.

Por destino, a principal queda nas exportações ocorreu nas vendas para a América do Norte (-26,8%): nos Estados Unidos, o recuo foi de 26,8%; no México, de 30,6%; e no Canadá; de 13,1%.

Houve crescimento apenas nas exportações para a América do Sul (+12,4%) com destaque para a Argentina que ampliou as aquisições em 73,4%, principalmente em máquinas agrícolas e máquinas para construção civil.

“Com esses resultados, a América do Sul voltou a ser o principal destino das máquinas nacionais, adquirindo 35,5% de todos máquinas e equipamentos exportados pelo Brasil”, destacou a Abimaq em nota.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Portal Fator Brasil - RJ   03/04/2025

Tecnologia Dramix® 4D será apresentada durante a feira, de 08 a 11 de abril (terça a sexta-feira), na São Paulo Expo.

A Belgo Arames, maior produtora brasileira de arames de aço, participa de 08 a 11 de abril (terça a sexta-feira) da Feicon, uma das principais feiras de construção civil e arquitetura da América Latina. No evento, a empresa expõe no estande E260, setor Estruturas, suas principais soluções para a construção civil, como a linha de cercamentos urbanos, e lança tecnologia exclusiva de fibra de aço: o Dramix® 4D. Também marcará presença no projeto da Casa Cerâmica, construída em seis dias na São Paulo Expo, com o Belgo Murfor® , uma solução inovadora para reforço de alvenaria. A participação do público é gratuita, mediante credenciamento no site.

Com quatro vezes mais resistência à tração do que os reforços convencionais, além de gerar uma economia de até 25% em projetos considerando a redução do uso de materiais como o aço, concreto e mão de obra, o Dramix® 4D, exclusivo da Bekaert, uma das acionistas da companhia no país, existe no mercado europeu desde 2012 e chegou ao Brasil em agosto do ano passado, em fase de pré-lançamento. —O lançamento na Feicon marca uma nova fase para o mercado brasileiro, que pode implantar essa tecnologia em pisos e pavimentos e em projetos não convencionais, inovações que podem ser orientadas e personalizadas com o apoio de um time de especialistas disponibilizado pela empresa —explica o diretor Comercial da Construção Civil e Indústria da Belgo Arames, Randolpho Barony.

O Dramix® 4D é uma solução sustentável para pisos híbridos, sem juntas, com estacas, pavimentos rígidos de alta resistência e para projetos não convencionais, como na composição do concreto submerso, em fundações e em pré-fabricados. —O emprego desse tipo de fibra de aço cumpre com os requisitos de construções mais verdes e sustentáveis e industrializa mais os processos da construção civil ao eliminar etapas que muitas vezes têm mão de obra escassa no mercado, resolvendo uma dor comum dos nossos clientes desse segmento —completa o gerente de negócios de Construção Civil da Belgo, Jeferson Rocha.

Conheça a linha de cercamentos urbanos da Belgo Cercas —A linha de cercamentos, também no estande da Belgo na Feicon e comercializada pela única franquia especializada em cercamentos urbanos do país, a Belgo Cercas, destaca os gradis Belgo Securifor® , Belgo Slim ® Belgo Durafor® e o Belgo Nylofor® , todos com selos de qualidade do Programa ABNT de Rotulagem Ambiental, que certifica produtos e serviços desenvolvidos de acordo com as normas ABNT NBR ISO 14020 e ABNT NBR ISO 14024, garantindo processos produtivos 100% sustentáveis.

A Belgo leva ainda outras soluções para a construção civil, como cordoalhas protendidas e a linha de gabiões Belgo Easy, composta pelos primeiros gabiões produzidos em malha soldada na América Latina. A principal característica desses produtos é oferecer facilidade e alta performance, devido à tecnologia de montagem inovadora e extremamente prática quando comparada ao produto tradicional, proporcionando melhor comportamento estrutural, durabilidade, menor custo global da obra, além de melhores condições de segurança e ergonomia para os gabionistas. Já o Belgo Murfor® , aplicado na Casa Cerâmica, é uma solução inovadora para reforço de alvenaria que garante mais desempenho estrutural, prevenção de trincas, maior resistência e ainda amplia as possibilidades arquitetônicas dos projetos.

Belgo Arames — A Belgo Arames é líder brasileira na transformação de arames de aço desde sua criação, fruto da parceria estratégica no Brasil entre a ArcelorMittal e a Bekaert. A empresa atua nos segmentos de Agronegócios, Cercamentos, Construção Civil, Automotivo, Solda, Aplicações Especiais e Indústria Petrolífera, oferecendo um mix de produtos e serviços que atendem com tecnologia de ponta, confiabilidade e qualidade aos mais diversos perfis de clientes.

. Belgo Arames lança Dramix® 4D Feicon 2025, de 08 a 11 de abril (terça a sexta-feira), das 10 às 20 horas, São Paulo Expo (Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km – Vila Água Funda, São Paulo – SP), estande E260.

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   03/04/2025

A obra da primeira etapa da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), entre as cidades de Caetité e Ilhéus, na Bahia, foi suspensa com 75% do projeto concluído.

A informação foi divulgada nesta terça-feira (1º) pela BAMIN, responsável pela construção. Segundo a companhia, o contrato com a construtora Prumo Engenharia foi “desmobilizado” na segunda (31), após um investimento de R$ 784 milhões.

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O g1 tenta localizar a Prumo Engenharia para obter mais informações. O motivo da suspensão de contrato não foi informado.

O trecho 1 da Fiol foi a primeira obra anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em julho de 2023.

O projeto previa 537 quilômetros de extensão, passando por 19 municípios baianos.

Na época, a BAMIN previu concluir essa etapa até 2027, mas Lula pediu celeridade nos trabalhos para que a entrega acontecesse em 2026, ano eleitoral.

Em nota, a BAMIN disse que, mesmo com a medida, os serviços de manutenção serão mantidos, além de todas as obrigações socioambientais relacionadas ao Projeto Integrado Pedra de Ferro.

Ainda conforme a BAMIN o Grupo ERG, responsável pela companhia, “permanece em busca de investidores que possam apoiar a implantação desta ação”.

A BAMIN explicou que a empresa e o Projeto Integrado (Mina, Ferrovia e Porto) estão em processo de venda por parte da controladora, a Eurasian Resources Group (ERG), e essa “busca por investidores” refere-se, na verdade, à venda da empresa.

Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia (Sintepav-BA) informou que fará uma assembleia nesta quarta-feira (2) para abordar a situação.

O g1 procurou o Ministério da Casa Civil, que solicitou que o Ministério dos Transportes fosse contactado. A pasta, por sua vez, pediu para que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), fosse procurada.

A ANTT informou ter aberto um procedimento preliminar para investigar possível descumprimento contratual da empresa. Segundo o órgão, a concessionária já havia sido notificada sobre desempenho abaixo do esperado no andamento das obras. [Veja a íntegra da nota ao final da reportagem]

A Fiol

O projeto da Fiol contra com três trechos, que vão totalizar 1.527 km de extensão, ligando o futuro Porto de Ilhéus à cidade tocantinense de Figueirópolis, com conexão à Ferrovia Norte-Sul.

A ferrovia será um importante ponto para o escoamento de milhares de toneladas de minério produzidos no sul da Bahia e dos grãos da região oeste. A estimativa é de que, quando estiver em operação, a emissão de gases do efeito estufa seja reduzida em 86%.

Os benefícios esperados incluem também a redução dos custos de transporte de grãos, álcool e minérios destinados aos mercados internos e externos, e o aumento da produção agroindustrial da região, motivada por melhores condições de acesso aos mercados nacional e internacional.

Atualmente, a Fiol 2 está em construção, sob responsabilidade da empresa Infra S.A. Já a Fiol 3 está em fase de estudos. Na Bahia, depois de executado, o projeto deve beneficiar diretamente 31 municípios. São eles:
Ilhéus; Uruçuca; Aurelino Leal; Ubaitaba; Gongogi; Itagibá; Aiquara; Itagi; Jequié; Manoel Vitorino; Barra da Estiva; Mirante; Tanhaçu; Aracatu; Brumado; Livramento do Brumado; Lagoa Real; Rio do Antônio; Ibiassucê; Caetité; Guanambi; Palmas de Monte Alto; Riacho de Santana; Bom Jesus da Lapa; Serra do Ramalho; São Félix do Coribe; Jaborandi; Santa Maria da Vitória; Correntina; São Desidério; Barreiras.

Em nota, a Infra S.A., responsável pela construção do trecho de 485 km da FIOL 2, entre as cidades de Caetité e Barreiras, informou que a obra se encontra com 69,9% de execução, com previsão de chegar em 100% de execução em 2027.

Segundo a empresa, em paralelo à construção da FIOL 2, ela faz os estudos para a concessão do corredor FICO x FIOL, que envolverá a construção do trecho da FIOL 3 pela futura concessionária. O trecho da FIOL 1 já foi concedido e está em execução pela Bamin.

Leia a nota da BAMIN na íntegra:

“A BAMIN, empresa subsidiária do Grupo ERG, informa que o contrato de obras da Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL I), no trecho entre os municípios entre Uruçuca e Ilhéus, será desmobilizado a partir do dia 31 de Março de 2025, concluindo a fase inicial da construção da ferrovia, iniciada em 2023. Até o momento, a ERG investiu R$ 784 milhões na ferrovia, desde o início da concessão em 2021. É importante informar que, mesmo com a finalização deste contrato, os serviços de manutenção serão mantidos e todas as obrigações socioambientais relacionadas ao Projeto Integrado Pedra de Ferro continuarão a serem executadas. A ERG permanece em busca de investidores que possam apoiar a implantação do projeto”.

Leia a nota da ANTT na íntegra:

“A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) acompanha de perto a evolução da execução físico-financeira do projeto, bem como o cumprimento das obrigações contratuais. Em fevereiro deste ano, a Agência notificou a concessionária sobre o desempenho abaixo do esperado no andamento das obras. A Agência informa que abrirá procedimento preliminar para apurar possível descumprimento contratual.

De acordo com o último acompanhamento do plano de investimentos realizado pela ANTT, a Bamin concluiu a obra correspondente à Passagem Inferior na BA-262, localizada no km 1483+46,referente ao Lote 01F.

Quanto à “necessidade de investidores”, entende-se que essa é uma informação de natureza estratégica da empresa controladora e, portanto, restrita ao seu planejamento corporativo”.

Valor - SP   03/04/2025

Negócio reduz o controle dos EUA sobre a ligação ferroviária no momento em que Donald Trump tenta reafirmar a influência dos EUA sobre o país centro-americano

A empresa de navegação dinamarquesa AP Møller-Maersk adquiriu uma ferrovia que conecta os portos nas duas pontas do Canal do Panamá, em um negócio que reduz o controle dos Estados Unidos sobre a ligação ferroviária justamente no momento em que o presidente Donald Trump tenta reafirmar a influência de Washington sobre o país centro-americano.

A unidade portuária APM Terminals da Maersk anunciou, nesta quarta-feira (2), que comprou a Panama Canal Railway Company, que opera uma linha de 76 quilômetros adjacente à hidrovia e transporta cargas entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

A ferrovia foi comprada, por uma soma não revelada, da Lanco Group, dos EUA, e da Canadian Pacific Kansas City, que operam em toda a América do Norte.

O negócio foi assinado apesar da pressão crescente dos EUA sobre o Canal do Panamá, uma passagem fundamental para o comércio mundial e americano, com Trump ameaçando este ano “tomá-lo de volta” ao controle americano.

A Panama Canal Railway oferece uma ligação alternativa entre os portos em Balboa, no Pacífico, e Colón, no Caribe. Após pressão de Trump, esses portos deverão ser vendidos pela CK Hutchison, de Hong Kong, para um consórcio liderado pela americana BlackRock e pelas operações portuárias da maior concorrente da Maersk, a Mediterranean Shipping Company.

Embora a capacidade da ferrovia seja muito mais limitada que a do Canal do Panamá, a ligação ofereceu uma alternativa mais atraente durante uma seca recente, que restringiu as remessas pelo canal. No ano passado, para evitar a seca, a Maersk anunciou que iria usar a Panama Canal Railway para algumas cargas destinadas à América do Norte e América Latina.

A Panama Canal Railway Company “é muito respeitada por sua excelência operacional e nos proporcionará uma oportunidade significativa de oferecer uma gama mais ampla de serviços aos clientes globais de transporte marítimo que atendemos”, disse Keith Svendsen, executivo-chefe da APM Terminals.

A APM disse que a receita da Panama Canal Railway Company em 2024 foi de US$ 77 milhões, com o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingindo US$ 36 milhões.

A venda dos portos pela CK Hutchison parte de um acordo mais amplo de US$ 22,8 bilhões, firmado depois das alegações repetidas de Trump de que “a China está controlando o Canal do Panamá”, que ainda não foi concluído, pois Pequim instou o grupo de Hong Kong a “pensar duas vezes” antes de seguir adiante com a transação.

A atual Panama Canal Railway foi construída como um projeto dos EUA, com as obras começando em 1998, por meio de uma joint venture da ferrovia Kansas City Southern e a Mi-Jack Products, uma fabricante americana de equipamentos de movimentação para portos, e parte do Lanco Group.

A Kansas City Southern foi comprada em 2023 pela Canadiam Pacific, do Canadá, formando o grupo Canadian Paficic Kansas City. A ferrovia é usada, principalmente, como meio de movimentação de contêineres entre navios que operam serviços no Pacífico e no Caribe, sem a necessidade de enviar navios pelo canal.

Ela foi construída em grande parte sobre o leito ferroviário da Panama Railroad original, que abriu em 1855 para passageiros que seguiam o que era então a rota mais rápida entre as Costas Leste e Oeste dos EUA, por mar da Costa Leste até o Panamá e depois por mar do lado do Pacífico do Panamá, até a Costa Oeste.

NAVAL

Valor - SP   03/04/2025

China tem o menor número de navios vendidos em março desde pelo menos 2022

As empresas de navegação praticamente pararam de comprar navios cargueiros de commodities secas a granel construídos na China, com o mercado está à espera para saber se o presidente dos EUA, Donald Trump, prosseguirá com o plano de cobrar altas tarifas dos navios feitos no país asiático pelas escalas em portos americanos.

Em março, foram vendidos apenas quatro cargueiros desse tipo (que transportam desde carvão até sal) de fabricação chinesa no mercado de segunda mão, de acordo com dados da Clarkson Research Services Ltd. compilados pela agência Bloomberg. É o menor número desde pelo menos 2022 e representa cerca de 20% da média mensal registrado de 2024. No mesmo período, as transações envolvendo navios japoneses e sul-coreanos não tiveram grande variação.

A desaceleração nas compras é mais um sinal de que o plano dos EUA vem impactando os mercados e dificultando as operações de embarcações de propriedade chinesa, mesmo antes de ser finalizado e de entrar em vigor.

O Gabinete do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) planeja impor tarifas que podem superar o US$ 1 milhão por escala portuária, embora as medidas enfrentem a oposição de grande parte do mercado mundial de navegação e das cadeias de suprimentos que o atendem.

“Claramente, neste momento há mais interesse na compra de navios construídos no Japão em comparação com os fabricados na China”, disse Burak Cetinok, chefe de análises da Arrow Shipping, uma corretora marítima londrina. “Isso se reflete tanto no volume de transações quanto no valor dos ativos. A maioria dos navios negociados nas últimas semanas foi construída no Japão”, afirmou.

Pelas as propostas iniciais das autoridades do governo Trump, em alguns casos as taxas poderiam teoricamente chegar a US$ 3,5 milhões por navio, segundo cálculos da Clarkson Research Services.

As empresas donas de navios e as que contratam seus navios também têm alterado os contratos de arrendamento para lidar com a possibilidade da aplicação das altas tarifas entre a saída de um navio de seu porto de origem e sua chegada a um porto americano.

Na semana passada, o chefe da área de navegação da Mercuria, uma das principais comercializadoras commodities do mundo, disse em conferência que as medidas, se aplicadas conforme planejado, poderiam ser catastróficas para as exportações americanas de grãos transportadas em navios cargueiros de commodities secas a granel.

Há sinais iniciais de que a cautela dos compradores pode estar afetando o valor dos cargueiros construídos na China, embora o baixo número de transações torne difícil fazer comparações diretas.

Números da Clarkson mostram que, na semana passada, um navio construído na China foi vendido por cerca de US$ 5,8 milhões a menos do que um cargueiro japonês de características semelhantes. Antes do anúncio das medidas do USTR, navios de tamanho e idade semelhantes eram vendidos com um desconto de US$ 4,8 milhões em relação aos fabricados fora da China. Dados da corretora SSY indicam que o desconto para navios chineses novos é o maior desde o início de 2023 em relação aos construídos no Japão.

Há mais interesse na compra de navios japoneses do que chineses”

— Burak Cetinok

Ainda assim, dependendo do tipo de embarcação, o impacto é inconclusivo. Os navios gigantes do tipo Capesize, com 300 metros de comprimento, não foram tão afetados, pois não fazem escalas em portos dos EUA com tanta frequência, segundo Cetinok, da Arrow Shipping.

Por outro lado, a situação também criou oportunidades de compra para alguns investidores.

“Aqueles com foco no comércio exterior no Pacífico ou em outras rotas fora dos EUA estão cada vez mais vendo essa bifurcação nos valores como uma oportunidade para adquirir navios a preços atraentes", disse ele. "Outros, em particular, aqueles expostos ao comércio com os EUA permanecem mais cautelosos.”

Também houve uma desaceleração no número de encomendas de construção de cargueiros de menor porte na China, segundo Bilal Muftuoglu, chefe de análises de carga seca a granel da Howe Robinson Partners.

“Na China, tivemos apenas navio 'handysize' sendo encomendado em fevereiro e nenhum em março, o que é altamente incomum”, disse Muftuoglu.

No primeiro trimestre como um todo, foram encomendados 13 desses navios na China, em comparação com 21 no Japão, acrescentou. “O fato de o Japão recentemente ter registrado mais encomendas do que a China também é algo incomum”, disse.

InfraRoi - SP   03/04/2025

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o edital de licitação da Portos do Paraná para o leilão de uma área de arrendamento portuário denominada PAR25. O projeto aprovado integra os arrendamentos portuários planejados para, além de regularizar a exploração das áreas operacionais, expandir e modernizar a infraestrutura logística do Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá.

Com uma área de 43.459 metros quadrados, o PAR25 está localizado no Porto Organizado de Paranaguá. Assim que o processo for concluído, a Portos do Paraná alcançará um feito inédito entre os portos públicos brasileiros: ter 100% de suas áreas de exploração totalmente regularizadas. A expectativa é de que isso aumento os investimentos em infraestrutura portuária por trazer maior segurança jurídica sobre os espaços, oferecendo ao mercado mais eficiência no escoamento da safra em parceria com a iniciativa privada.
Expectativa de investimentos no PAR25 chega a R$ 565 milhões

A área do PAR25 prevê um investimento de R$ 233,5 milhões, além de um aporte adicional de R$ 331,6 milhões, totalizando R$ 565,1 milhões.

O projeto será oferecido ao mercado juntamente com os PARs 14 e 15, na sessão pública marcada para o dia 30 de abril, na Bolsa de Valores do Brasil (B3). Ao todo, os investimentos na estrutura portuária paranaense devem alcançar R$ 2,2 bilhões. Os três terminais são destinados à exportação de granéis sólidos vegetais, como soja, milho e farelos.

Na visão do secretário nacional de Portos, Alex Ávila, este leilão no Porto de Paranaguá representa mais um passo para a modernização e ampliação da capacidade de escoamento da safra brasileira. “A política de arrendamentos, com investimentos em portos de todo o país, impulsiona o crescimento da economia e promove o desenvolvimento socioeconômico”, destacou.

Valor - SP   03/04/2025

Estudo da Bain & Company aponta aumento anual de 15% em gastos com demurrage, causado por gargalos, clima e turbulência global

Wagner Costa (esq.) e Felipe Cammarata dizem que cargas de minério, grãos, fertilizantes e petróleo tiveram maior custo — Foto: Rogerio Vieira/Valor

Em 2024, o Brasil teve um custo de US$ 2,3 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) com demurrage, ou seja, gastos com a sobre-estadia de navios nos portos, causados principalmente por gargalos da infraestrutura, turbulências na navegação e fatores climáticos. O cálculo é de estudo da Bain & Company, que aponta um aumento de 15% em comparação com o custo registrado em 2023.

As cargas de minério de ferro, grãos, fertilizantes e petróleo e seus derivados são aquelas que tiveram os maiores custos totais, segundo o levantamento.

“Os fatores que causam o demurrage são diversos e, em geral, há mais de uma causa. Desde questões climáticas, como variação de marés, chuvas, até gargalos de infraestrutura, portos com fila, problemas burocráticos, atrasos com documentação das cargas. Há também variação entre os portos”, afirma Felipe Cammarata, sócio da Bain.

Segundo ele, o aumento registrado no ano passado está muito relacionado à disparada do preço de fretes marítimos e ao aumento dos volumes movimentados no país. “O tempo médio de operação vem se reduzindo no Brasil. Há melhorias da infraestrutura, mas não são suficientes para compensar o crescimento na demanda de carga e no preço dos fretes”, diz Wagner Costa, também sócio da consultoria.

A forte turbulência na navegação global vista em 2024 - causada por problemas como os ataques no Mar Vermelho e a seca no canal do Panamá - é um dos fatores de pressão dos fretes marítimos e tem alimentado esses custos, aponta Leandro Barreto, sócio da Solve Shipping. “Existe uma relação íntima entre demurrage e atrasos de navios. No ano passado, tivemos uma combinação explosiva, com alto nível de utilização dos terminais, questões geopolíticas, questões climáticas. Isso tudo começa a gerar atrasos, rolagem de carga e demurrage”, diz ele.

Além disso, cada carga tem desafios específicos. No caso de granéis líquidos, o principal problema nos terminais brasileiros é a falta de berços de atracação de navios nos portos, afirma Antônio Carlos Sepúlveda, presidente da Santos Brasil, operadora de três terminais de combustíveis no Porto do Itaqui, em São Luís.

“Nos últimos anos, se investiu muito em aumento de capacidade dos terminais, mas os investimentos públicos em novos berços de atracação não acompanharam a expansão. Então, hoje há capacidade ociosa de armazenagem, mas falta espaço nos berços”, diz o executivo. “Isso preocupa porque a demanda do agronegócio é crescente no Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia]. As cargas do porto abastecem de diesel a região, e o setor também começa a ampliar as exportações de biodiesel.”

Segundo a consultora Jennyfer Tsai, ex-diretora de infraestrutura na Autoridade Portuária de Santos, a falta de berços também é um gargalo no cais santista, no caso dos granéis líquidos.

Para ela, a gestão do canal de acesso em Santos é uma preocupação para todas as cargas, principalmente com a perspectiva de um maior fluxo no porto, com embarcações cada vez maiores. “Isso tende a aumentar a fila de navios, o que gera demurrage”, diz. Tsai afirma que uma possível solução seria delegar aos operadores dos terminais essa operação, em uma espécie de condomínio, tal como é feito no caso das ferrovias internas. Porém, hoje não há um plano claro para melhorar o sistema, diz.

No caso do transporte de grãos, a situação é mais complexa, porque o demurrage decorre de um problema estrutural do mercado, explica Helcio Tokeshi, presidente da CLI (Corredor Logística e Infraestrutura), que é acionista de terminais de grãos no Maranhão e em Santos.

Há melhorias, mas não suficientes para compensar a alta na demanda e no preço de fretes”

— Wagner Costa

Como há flutuação de preço das commodities globalmente, todas as tradings do agronegócio tendem a concentrar sua demanda pelos navios nos dias em que a cotação está mais vantajosa, o que inevitavelmente gera congestionamento nos portos. “Além disso, a dinâmica do mercado favorece essa concentração, o setor tem safras, tem um período de colheita”, diz ele.

Para mitigar os custos dos clientes, o terminal do Maranhão da empresa adotou em 2024 janelas móveis que dão mais flexibilidade para a atracação dos navios, afirma Marcos Pepe Bertoni, diretor de operações da CLI. “Prorrogamos essa janela, isso aliviou em cerca de 50% os custos de demurrage dos clientes. Temos conseguido reduzir as filas.”

No caso de contêineres, o setor viveu em 2024 um cenário caótico de fretes elevados e terminais e armazéns congestionados, o que também eleva os custos com demurrage, associados neste caso ao atraso na devolução dos contêineres. Porém, Barreto diz que, diante das turbulências, as empresas de navegação têm isentado os donos de carga das cobranças em muitos casos.

Neste ano, a percepção do setor é que a situação está mais controlada, afirma Maiara Córdova, gerente do Grupo Allog. “O setor já viveu picos piores no ano passado, hoje está mais controlada a situação”, diz ela. Barreto também afirma que hoje, com a entrada da temporada baixa e a adição de novos navios, que ampliaram a capacidade, o preço dos fretes de contêineres já tiveram uma redução expressiva.

Na avaliação dos consultores da Bain, a redução dos custos com demurrage, no longo prazo, depende de investimentos em infraestrutura e redução de gargalos do país. Porém, há também soluções para o curto prazo. “É possível reduzir de forma relevante através de melhor gestão, como a identificação dos motivos da demora e planos de ação para reduzir impactos. Também há ferramentas de monitoramento, por exemplo das condições climáticas, que ajudam a antecipar problemas”, afirma Cammarata.

Valor - SP   03/04/2025

Li Ka-shing acena ao público em Hong Kong: bilionário tem entre seus ativos a CK Hutchison — Foto: Justin Chin/Bloomberg

Nesta quarta-feira encerrou-se o prazo para a venda de dezenas de portos mundiais pelo conglomerado de Hong Kong CK Hutchison Holdings, mas há incertezas sobre a venda devido às críticas implacáveis da mídia apoiada pelo estado chinês contra a negociação.

Enquanto isso, o governo de Hong Kong estava ocupado intensificando sua campanha para inspirar patriotismo em relação à cidade e à China, um elemento-chave de muitos argumentos contra o acordo.

No anúncio de 4 de março de que a CK Hutchison, controlada pela família do magnata Li Ka-shing, venderia os portos para um consórcio liderado pela empresa de investimentos norte-americana BlackRock, as partes declararam que a "documentação definitiva deve ser assinada em ou antes de 2 de abril de 2025", sem especificar um horário.

O acordo inclui a venda da participação de 90% da CK Hutchison na Panama Ports Company, que administra duas instalações em cada extremidade do estratégico Canal do Panamá, cobiçado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bem como sua participação controladora de 80% em 43 portos, compreendendo 199 berços em 23 países em todo o mundo. O valor agregado de todo o acordo é de US$ 22,8 bilhões.

Não estão incluídos os ativos da CK Hutchison sob a HPH Trust, que opera portos em Hong Kong e na China continental.

O acordo ocorreu em um momento de altas tensões entre os Estados Unidos e a China, com Trump aplicando tarifas repetidas à segunda maior economia do mundo enquanto prometia "retomar" o controle do Canal do Panamá, pela força, se necessário. Pouco depois que o acordo foi fechado, comentários e artigos começaram a aparecer um após o outro na mídia apoiada pelo estado chinês, detonando o plano por minar o interesse nacional da China.

A própria Administração Estatal de Regulamentação de Mercado de Pequim disse que "revisará" a transação "para proteger a concorrência justa no mercado e salvaguardar o interesse público".

Ainda não está claro se algo será assinado na quarta-feira. Os meios de comunicação de Hong Kong relataram que as partes não conseguiram firmar a venda no prazo por "razões que todos sabem". O acordo entre o conglomerado e o consórcio inclui um período de exclusividade de 145 dias, e os relatórios fizeram questão de afirmar que a venda não foi cancelada.

CK Hutchison e BlackRock não responderam aos pedidos de comentários feitos pelo “Nikkei Asia”.

As declarações públicas da BlackRock mostram determinação em seguir em frente. O executivo-chefe (CEO), Larry Fink, em uma carta anual aos acionistas publicada na segunda-feira, elogiou a importância do acordo, pois o gestor do fundo se dirige a um investimento mais direto em infraestrutura por meio de sua unidade Global Infrastructure Partners (GIP), que adquiriu em outubro passado e faz parte do consórcio.

O investimento portuário é um componente essencial do que Fink descreveu como "a oportunidade de infraestrutura", uma onda de investimento global estimada pela Deloitte em US$ 68 trilhões entre 2024 e 2040.

A GIP, que já possui ativos de infraestrutura importantes, incluindo o Aeroporto de Gatwick (Londres), vários oleodutos e mais de 40 data centers globalmente, é composta por especialistas adeptos de "encontrar os investimentos em infraestrutura mais atraentes do mundo e canalizar capital para construí-los ou melhorá-los", de acordo com Fink. Ele descreveu o anúncio de 4 de março do acordo com a CK Hutchison como "nosso marco".

Fink disse que, ao fechar o acordo, o consórcio terá um portfólio de cerca de 100 portos ao redor do mundo, enfatizando: "Sabemos como investir, ter e operar esses ativos".

No entanto, o Ta Kung Pao, um jornal de Hong Kong controlado por Pequim que liderou a resistência, continuou na quarta-feira de manhã. Publicou um artigo intitulado "O interesse nacional é primordial e universal", citando comentários de pessoas como Leung Chun-yin, ou CY Leung, ex-chefe executivo de Hong Kong e vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), o mais alto órgão consultivo político do país.

Como em muitas das histórias anteriores do jornal, ele usa vozes pró-Pequim para defender que vender ativos portuários estratégicos para um consórcio liderado pelos Estados Unidos é antipatriótico.

Muitos dos artigos do jornal sobre o assunto foram republicados pelo site oficial conjunto do Escritório de Trabalho de Hong Kong e Macau do Partido Comunista Chinês e do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do governo central — essencialmente um endosso de Pequim.

Enquanto a campanha da mídia continua, o governo de Hong Kong tem buscado outras maneiras de estimular o sentimento patriótico. Em uma cerimônia realizada na segunda-feira para marcar o 60º aniversário do fornecimento de água fluvial da China a partir de Dongjiang, na província vizinha de Guangdong, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, enfatizou que este "não era apenas um projeto de engenharia hídrica, mas também um exemplo dos fortes laços de sangue entre o país e Hong Kong".

Em seus discursos, Lee e o governador de Guangdong, Wang Weizhong, enfatizaram a benevolência da China. Eles não mencionaram o papel das autoridades britânicas que então governavam Hong Kong e forneciam financiamento para o projeto, nem da construtora japonesa Nishimatsu, que construiu uma barragem, e de um engenheiro japonês que morreu durante sua construção.

Enquanto o resultado da saga de CK Hutchison permanece no ar, o caso lançou mais dúvidas sobre o ambiente de negócios de Hong Kong sob a estrutura de "um país, dois sistemas" que deveria conceder à cidade ampla autonomia, além de defesa e relações exteriores.

Steve Vickers, CEO da Steve Vickers & Associates, uma empresa de consultoria de risco em Hong Kong, disse em um relatório para clientes na terça-feira: "Esta questão é um mau presságio para Hong Kong, independentemente do que venha a seguir". Ele argumentou que se a CK Hutchison ceder à pressão chinesa, "a reputação de Hong Kong de desfrutar de um alto grau de autonomia e, portanto, sua posição entre os investidores ocidentais como um lugar seguro para fazer negócios, sofrerá sérios danos".

Isso também pode dar peso à posição declarada do governo Trump de que Hong Kong agora é apenas mais uma cidade na China.

Por outro lado, se o acordo for aprovado como planejado, "levantará preocupações agudas em Pequim sobre as lealdades da CK Hutchison e, por extensão, de outros grandes negócios de Hong Kong". Vickers prevê que Pequim pode optar por exercer maior controle sobre empresas estrategicamente importantes, "por medo de que elas se tornem 'cães de guarda' americanos e ajam de forma contrária aos interesses nacionais da China".

Aconteça o que acontecer, Vickers vê uma "viagem acidentada pela frente" para qualquer empresa que lide com a China. Embora ele tenha dito que ainda há "oportunidades" no mercado chinês, ele alertou que "os riscos em questão também são altos e estão aumentando nesta nova 'era do caos'".

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   03/04/2025

A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, vai levar nesta quarta-feira, 2, à reunião da diretoria da estatal a proposta de construção de uma plataforma do tipo FPSO (flutuante, de produção, armazenagem e transferência) com capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo por dia e também exportar gás natural, via Rota 3, para o Complexo de Energias Boaventura, no Rio de Janeiro.

O objetivo é instalar a unidade no campo Búzios 12, uma nova aposta da estatal para garantir o nível da produção na região do pré-sal nos próximos anos. Com a entrada de Búzios 12, o pico da produção do pré-sal será estendido pelo menos em mais um ano, “provavelmente para 2032", disse a executiva.

“O que aconteceu é que, em Búzios (campo no pré-sal da bacia de Santos), nós achamos 54 metros de óleo abaixo da profundidade, que normalmente é água. Então, Búzios 12 ainda vai ter mais 47 metros de óleo. É um espetáculo”, informou Sylvia.

Segundo ela, a decisão sobre a construção da plataforma será tomada ainda em abril, e que espera acelerar o processo para que a licitação seja realizada ainda no primeiro semestre do ano. “Estou correndo”, afirmou. “Búzios 12 foi um trabalho espetacular. A gente fez o que era esperado em 14 meses em 6/7 meses”, explicou.

Mais uma vez, o sistema de contratação será via BOT (construção, operação e transferência, na sigla em inglês). “Porque BOT é a melhor coisa agora, não é? Porque o financiamento fora é difícil e a gente faz essa parte”, avaliou.

“Não podemos ter um campo e não tirar o melhor dele. Então, fazer Búzios 12 é garantir, tratar aquele supergigante maravilhoso como ele deve ser tratado. Tirando o óleo que pode ser tirado da melhor forma possível, mais economicamente possível. Vamos ter uma exportação de gás, que vai ser legal”, concluiu a geóloga.

TN Petróleo - RJ   03/04/2025

Está disponível, no site da ANP, a atualização do Painel Dinâmico da Previsão de Atividades e Investimentos na Fase de Exploração dos contratos de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural, conforme a Resolução ANP nº 876/2022. O regulamento estabelece os requisitos e os procedimentos para a apresentação e a aprovação do Plano de Trabalho Exploratório (PTE), instrumento para acompanhamento e fiscalização das atividades exploratórias previstas e realizadas associadas à Fase de Exploração, a primeira dos contratos de exploração e produção de petróleo e gás natural.

Para o ano de 2025, de acordo com os dados consolidados, estão previstos investimentos da ordem de US$ 1,5 bilhão, chegando à ordem de US$ 2,3 bilhões para o período entre 2025 e 2028.

A perfuração de poços é a atividade que mais impactará os investimentos previstos para o ano de 2025, com US$ 1,1 bilhão projetado para a perfuração de 25 poços exploratórios. Isso representa 73,5% dos investimentos estimados para este ano.

Quanto ao investimento previsto total para 2025, cerca de 95% estão concentrados nas bacias marítimas. Para as bacias da Margem Leste (bacias marítimas de Pernambuco-Paraíba, Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Camamu-Almada, Jequitinhonha, Cumuruxatiba, Mucuri, Espírito Santo, Campos, Santos e Pelotas), o total pode chegar a US$ 1,45 bilhão, o que representa 93,6% dos investimentos totais previstos para o ano de 2025 e 98,8% dos investimentos previstos a serem realizados em bacias marítimas no mesmo ano.

As informações do painel estão sujeitas a atualizações pelas empresas detentoras de contratos de E&P e a estimativa refere-se somente à Fase de Exploração dos contratos de E&P. Ou seja, não inclui a segunda fase, a de Desenvolvimento e Produção.

O que é o Painel Dinâmico de Previsão de Investimentos na Fase de Exploração

O painel uma ferramenta de business intelligence (BI) que consolida as previsões de atividades e investimentos apresentadas pelas empresas detentoras de contrato de exploração e produção (E&P) em seus Planos de Trabalho Exploratório (PTE), conforme disposto na Resolução ANP nº 876, de 29/04/2022.

Podem ser aplicados filtros para obter as atividades por ano de referência (ano de previsão), ano da atividade, etapa, ambientes (mar ou terra), bacias agrupadas (mar – Margem Equatorial, mar – Margem Leste, terra – bacias de nova fronteira, e terra – bacias maduras), por cada uma das atividades e por regime contratual (partilha da produção ou concessão). Os mesmos filtros podem ser usados para consultar previsões de investimentos, que podem ser obtidos em dólares ou reais.

O que é fase de exploração

A Fase de Exploração é a primeira fase dos contratos de E&P, tendo início com a assinatura do contrato. Nessa fase, as áreas exploradas são chamadas de blocos, e as empresas realizam estudos e atividades (como levantamentos sísmicos e perfuração de poços) com o objetivo de detectar a presença de petróleo e/ou gás natural em quantidade suficiente para tornar sua extração economicamente viável. Em caso positivo, a empresa apresenta uma declaração de comercialidade à ANP e o bloco (ou parte dele) se transforma em um campo produtor, dando início à Fase de Produção. Em caso negativo, a empresa pode devolver o bloco à Agência.

O que é PTE

O Plano de Trabalho Exploratório (PTE) é o instrumento pelo qual são especificadas as atividades, juntamente com seus respectivos cronogramas e orçamentos, para cada bloco sob contrato, bem como para o período em que forem executadas as obrigações remanescentes, atividades vinculadas ao descomissionamento de instalações após o término do contrato de E&P na fase de exploração.

A Resolução ANP nº 876, de 29 de abril de 2022 estabelece os requisitos e procedimentos para a apresentação e aprovação do PTE.

Petro Notícias - SP   03/04/2025

A produção de petróleo e gás natural nos campos terrestres do Brasil deve seguir em crescimento nos próximos cinco anos, conforme projeções divulgadas hoje (2) pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Até 2029, a extração em poços onshore pode subir cerca de 29% segundo os dados apresentados nos Programas Anuais de Produção (PAPs) de 2025. Esses documentos são enviados pelas petroleiras à ANP e detalham as estimativas de produção e movimentação de petróleo, gás natural e outros fluidos para o período de 2025 a 2029.

As projeções apontam que, até 2028, a produção pode retornar aos níveis de 2016, quando atingiu 298,9 mil barris de óleo equivalente por dia. Esse crescimento, segundo a ANP, reflete o impacto positivo das medidas regulatórias implementadas pela agência para estimular a produção onshore.

Em 2024, a produção terrestre foi de 232,3 mil barris de óleo equivalente por dia. Para 2025, a projeção é de 242,3 mil barris de óleo equivalente por dia. Em 2026, a estimativa aponta para 262,3 mil barris de óleo equivalente por dia. Já em 2027, a ANP prevê uma produção de 292,6 mil barris de óleo equivalente por dia. Por fim, em 2028 e 2029, as empresas onshore devem extrair 300,3 mil barris de óleo equivalente por dia e 295,3 mil barris de óleo equivalente por dia, respectivamente.

Valor - SP   03/04/2025

Empresa indiana Shaporji venceu a licitação para a construção da plataforma e entrou na fase de negociação de valores, mas a estatal suspendeu a licitação

A diretora de exploração e produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, disse, nesta quarta-feira (2), que talvez se dê nesta semana o desfecho sobre a licitação do FPSO Barracuda-Caratinga, destinada à revitalização dos campos na Bacia de Campos.

Confira os resultados e indicadores da Petrobras e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360

A indiana Shaporji venceu a licitação para a construção da plataforma e entrou na fase de negociação de valores. A estatal, porém, suspendeu a licitação, a fim de realizar novo processo, no modelo “BOT” (build, operate and transfer), no qual a plataforma é construída e operada, nos primeiros anos, por empresa que será contratada pela Petrobras, sendo posteriormente transferida à companhia.

Com a decisão da petroleira, a empresa indiana entrou com recurso administrativo na estatal contra a medida. O Valor apurou que a Shaporji havia aceito as condições de preço propostas pela Petrobras, o que, na prática, indicaria o avanço do processo da licitação até o fim. Mas segundo fontes a par do tema, a estatal encerrou a negociação e chegou a anunciar um novo certame.

Búzios 12 poderá produzir 180 mil barris/dia

Já o navio-plataforma (FPSO, na sigla em inglês) Búzios 12, que está em estudos na Petrobras para implantação no campo de Búzios, deve ter capacidade de produção de 180 mil barris de petróleo por dia (barris/dia), disse Sylvia dos Anjos.

Segundo ela, que falou com jornalistas após participar de evento do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás sobre a COP30, a plataforma também deve ser licitada no modelo “build, operate and transfer” (BOT).

Búzios 12 ficará no pré-sal da Bacia de Santos. Recentemente, a Petrobras anunciou três descobertas de indícios de petróleo: a primeira, dentro do campo de Búzios, foi anunciada em meados de fevereiro. A acumulação está localizada abaixo do reservatório principal.

Anjos explicou que, neste caso, não será necessário investimento além do FPSO Búzios 12. A executiva contou que o projeto será levado nesta semana para a avaliação da diretoria da Petrobras.

Em março, dois novos indícios foram divulgados: um no campo de Aram, na Bacia de Santos, e outro em Norte de Brava, no pré-sal da Bacia de Campos.

Valor - SP   03/04/2025

Hoje, o país é o maior produtor de petróleo na carteira da companhia, além da relevância da produção de etanol

Vice-presidência global de upstream será ocupada por Cristiano Pinto da Costa, atual presidente da Shell Brasil — Foto: Fernando Souza/Shell Brasil

A Shell promoveu uma reestrutruração global em que o Brasil ganhou relevância como unidade de negócios da petroleira. A companhia criou três vice-presidências globais, que se reportam ao atual CEO, Wael Sawan. Uma delas é dedicada exclusivamente ao Brasil – denominada vice-presidência global de upstream – e será ocupada por Cristiano Pinto da Costa, atual presidente da Shell Brasil, disseram fontes próximas à empresa.

As mudanças começaram a vigorar desde terça-feira (1º). As outras vice-presidências vão englobar a região do Golfo do México – que, nos Estados Unidos, passou a se chamar “Golfo da América” por imposição do presidente Donald Trump – e a área de petróleo e gás convencional.

Segundo as fontes, a criação da área global de upstream demonstra a importância do Brasil para a Shell. Hoje, o país é o maior produtor de petróleo na carteira da companhia, além da relevância da produção de etanol. O biocombustível integra o portfólio da empresa por meio da Raízen, joint-venture da petroleira com a Cosan.

Recentemente, a Shell anunciou a decisão de investimento no projeto Gato do Mato, de produção de petróleo no pré-sal da Bacia de Santos. A petroleira instalará um navio-plataforma (FPSO, na sigla em inglês) com capacidade de produzir 120 mil barris por dia no campo.

A Shell é operadora do campo, com 50% de participação, em consórcio composto pela Ecopetrol (30%) e TotalEnergies (20%), além da Pré-Sal Petróleo (PPSA), que tem participação em óleo-lucro, por ser um ativo do pré-sal.

Valor - SP   03/04/2025

Ao invés de punir diretamente quem comercializa com a Venezuela, a nova medida penaliza o acesso ao mercado americano - algo que poucas nações estão dispostas a arriscar

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou a ordem executiva intitulada Imposing Tariffs on Countries Importing Venezuelan Oil, autorizando a imposição de tarifas de 25% sobre exportações de países que mantenham relações comerciais com a Venezuela no setor de petróleo. A medida não estabelece sanções automáticas, mas confere ao governo americano poder discricionário para aplicar tarifas contra países que, na sua avaliação, estejam contribuindo para sustentar economicamente o regime de Nicolás Maduro. Trata-se de uma nova e mais agressiva estratégia de sanções indiretas, voltada a ampliar a pressão econômica sobre Caracas por meio de terceiros.

Diferentemente das sanções tradicionais, que se aplicam exclusivamente a US Persons - conceito que engloba cidadãos e residentes permanentes dos EUA, além de empresas organizadas sob as leis americanas -, a nova ordem executiva inova ao mirar diretamente os países e empresas estrangeiras que importam petróleo ou derivados de petróleo da Venezuela. Isso amplia significativamente o alcance e o poder coercitivo da medida.

As sanções habituais enfrentam uma limitação prática: por serem direcionadas apenas a US Persons, elas dependem da cooperação de atores sob jurisdição americana. Empresas e governos estrangeiros, desde que não possuam vínculos jurídicos com os EUA, conseguem operar livremente com a Venezuela, ainda que burlando o espírito das sanções. Foi justamente por essa brecha que muitos países e companhias mantiveram relações comerciais com a estatal venezuelana PDVSA nos últimos anos, mesmo diante de fortes restrições impostas por Washington.

A nova tarifa, por sua vez, é uma forma indireta - porém mais eficaz - de impor custos às operações com a Venezuela. Ao estabelecer que as exportações de um país para os EUA poderão ser tarifadas caso esse país importe petróleo ou derivados venezuelano, os EUA criam um incentivo econômico forte e direto para que governos e empresas estrangeiras se abstenham de manter tais relações comerciais. A lógica é simples: para preservar o acesso livre ao mercado americano, um dos maiores do mundo, o país precisa alinhar sua política comercial com os interesses estratégicos dos EUA.

Na prática, o que o governo americano deseja é que cada país edite suas próprias sanções contra o petróleo e derivados de petróleo da Venezuela. Caso contrário, será penalizado com a perda de acesso privilegiado ao mercado dos EUA. Trata-se de um movimento explícito de extraterritorialização da política externa americana, que impõe custos econômicos concretos à neutralidade ou à permissividade dos demais países diante do regime venezuelano.

Essa abordagem funciona como uma sanção secundária travestida de política tarifária, e sua eficácia decorre justamente do caráter globalizado do comércio exterior. Ao invés de punir diretamente quem comercializa com a Venezuela, a medida penaliza o acesso ao mercado americano - algo que poucas nações estão dispostas a arriscar. É esse efeito de dissuasão, calcado em interesses econômicos concretos, que dá à nova ordem executiva um potencial muito maior de eficácia do que as sanções tradicionais baseadas apenas em restrições jurídicas a cidadãos e empresas americanas.

Além disso, autoridades do governo norte-americano já indicaram que a mesma estratégia poderá ser aplicada ao petróleo russo - e seus derivados - caso Moscou rejeite o novo acordo de paz atualmente em negociação. Essa possível ampliação da política tarifária marca uma mudança significativa na forma como os EUA pretendem usar sua influência econômica global como instrumento de pressão diplomática.

No caso específico da Venezuela, o impacto prático da medida sobre o Brasil é, por ora, bastante limitado. O país praticamente não importa petróleo e derivados de petróleo da Venezuela, o que reduz significativamente o risco de retaliações tarifárias por parte dos EUA nesse contexto. No entanto, o cenário muda de forma drástica caso a mesma estratégia seja adotada em relação à Rússia.

Se os EUA vierem a impor tarifas a países que importem o petróleo russo, o Brasil enfrentará um dilema delicado: ou interrompe essas importações e busca substitutos ou arrisca-se a ver setores inteiros da economia penalizados por tarifas sobre exportações aos EUA

Nos últimos anos, em razão das sanções impostas pelos países europeus à Rússia após a eclosão da guerra na Ucrânia, o petróleo e seus derivados russos perderam espaço no mercado europeu e passaram a ser redirecionados para outras regiões, entre elas o Brasil. Esse movimento geopolítico transformou o Brasil em um dos principais destinos dos combustíveis russos, especialmente o diesel.

O que atraiu o mercado brasileiro foi, sobretudo, o fator preço: com excesso de oferta e acesso restrito aos seus antigos compradores, os produtos russos passaram a ser comercializados a valores significativamente mais competitivos que os praticados por fornecedores do Golfo, que historicamente dominam as exportações para o Brasil. Esse diferencial contribuiu para o aumento das importações russas e para o alívio dos custos logísticos e industriais no mercado interno brasileiro.

Se os EUA vierem a impor tarifas a países que continuarem importando petróleo ou derivados da Rússia, o Brasil enfrentará um dilema delicado: ou interrompe essas importações e busca substitutos (muito provavelmente mais caros e menos disponíveis), ou arrisca-se a ver setores inteiros da economia - especialmente o agronegócio e a indústria de transformação - penalizados por tarifas sobre suas exportações aos EUA.

A dependência crescente do diesel russo, em particular, faz com que qualquer restrição abrupta a esse fornecimento tenha impacto direto sobre o custo do transporte rodoviário - modal que sustenta a maior parte da logística no Brasil - e, por consequência, sobre os preços dos alimentos. Esse efeito em cadeia tende a pressionar a inflação, exigindo respostas adicionais da já pressionada política monetária.

Nesse contexto, seria recomendável que o governo brasileiro acompanhasse com atenção os desdobramentos da política americana, e iniciasse desde já uma análise estratégica das fontes de suprimento de combustíveis, bem como dos mecanismos regulatórios e diplomáticos que possam minimizar eventuais impactos.

Marcelo Romanelli é diretor jurídico do Grupo Atem e mestre em petróleo e gás pela Universidade de Dundee (Reino Unido).

Valor - SP   03/04/2025

Em estudo, IBP propõe critérios a serem considerados na transição energética brasileira

“Não podemos nos envergonhar do que somos.” A afirmação de Sylvia dos Anjos, diretora-executiva de exploração e produção da Petrobras, sintetizou o sentimento da indústria de petróleo e gás quanto à disposição de contribuir com as discussões da COP30, que será sediada em Belém, em novembro. A cadeia de óleo e gás quer participar de forma ativa nos debates.

Para marcar posição no debate, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) apresentou na quarta-feira (2), em evento, um estudo no qual propõe critérios e aspectos a serem considerados na transição energética brasileira. A pedido do IBP, a consultoria Catavento e o Instituto Clima e Sociedade (iCS) propuseram critérios que identificam os países mais bem posicionados para a transição no mercado de óleo e gás.

Segundo o estudo, quanto mais dependentes forem os países da produção de óleo e gás, mais tempo será necessário para que a transição seja concluída. No caso do Brasil, o trabalho apontou que o país tem capacidade moderada de transição, o que sugere transpor algumas barreiras, mas com condições de avançar mais assertivamente com os esforços de mudanças na matriz energética.

Viviana Coelho, gerente-executiva de mudança climática e descarbonização da Petrobras, citou como exemplo a China, que pôde prescindir de derivados de petróleo ao abrir espaço para carros elétricos, ao mesmo tempo que mantém o carvão mineral como base da geração de energia elétrica.

O motivo, segundo ela, é que a China importa petróleo, ao passo que é produtor de carvão. Isso traz dificuldades para abrir mão da fonte no debate sobre transição: “Um produtor de petróleo vai enxergar custo de substituição [da commodity por uma fonte de energia renovável] mais elevado, uma vez que há renúncia de receita governamental”, disse Coelho. Se o petróleo for importado, essa perda de receita do governo não ocorre, comparou.

A chefe da assessoria especial para a COP30 do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Alice Amorim, destacou que o regime multilateral climático é uma agenda diária, não apenas de uma conferência ou de um país. Segundo Amorim, a transição energética ainda é um assunto com baixa compreensão no país, com desconhecimento de como se dá, por exemplo, a velocidade da mudança de matriz. “A gente tem que olhar, muito, para toda a profundidade da transformação comportamental que precisamos ter a fim de conseguir reduzir os impactos da mudança do clima”, afirmou Amorim.

Desequilíbrio já existe e não começou com nosso setor”

— Roberto Ardenghy

Segundo o presidente do IBP, Roberto Ardenghy, a indústria reconhece o peso dos combustíveis fósseis nas emissões de gases de efeito estufa, mas diz que o segmento é parte da solução nas discussões sobre descarbonização.

“O desequilíbrio [ambiental] já existe e não começou com nosso setor. Não deixamos de reconhecer o papel histórico dos combustíveis fósseis no aquecimento global, mas slogans não são soluções”, afirmou, referindo-se a críticos da indústria de petróleo e gás. Mas o executivo não citou nenhum nome de instituições ou entidades contrárias à atividade petroleira.

O posicionamento das petroleiras que atuam no Brasil se dá em um cenário internacional em que as empresas reviram estratégias de acelerar investimentos em renováveis. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump anunciou medidas que estimulam ainda mais a produção de hidrocarbonetos e tendem a desestimular as fontes renováveis.

Executivos de empresas de petróleo presentes ao evento do IBP, ontem, no Rio, ressaltaram a importância do Brasil nas estratégias globais das companhias. É o caso do presidente da britânica bp, Andres Guevara: “Nosso erro foi em relação à velocidade da transição energética. Agora, focamos em retornos maiores, com investimentos disciplinados na transição energética, como biocombustíveis, no qual o Brasil tem papel fundamental”, disse Guevara. Recentemente, a bp anunciou a compra da fatia da Bunge na produtora de etanol bp Bioenergy.

Para Paulo Van der Ven, vice-presidente de operações compartilhadas da Equinor, transição energética passa pelo debate entre oferta e demanda. Especialmente, disse, porque se discute uma expectativa de redução de oferta de petróleo frente a um consumo que não para de crescer. “Eventualmente é necessário algum freio de arrumação.”

AGRÍCOLA

Canal Rural - SP   03/04/2025

A Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) ainda sugeriu um valor adicional de R$ 7 bilhões a serem destinados para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Apesar dos valores sugeridos para a medida serem ideais para um plano bem desenvolvido, como avaliado pela CSMIA, a elevada taxa de juros dificulta para o governo compensar a diferença no valor do orçamento, que no último ciclo foi de R$ 12,3 bilhões.

Entre os principais fatores que dificultam o financiamento está a elevação da taxa Selic, que atualmente é de 14,5% ao ano. Existe incerteza quanto ao governo ter condições de destinar recursos próprios para amenizar a diferença em comparação com a taxa de juros aplicada pelo plano safra que encerra neste ano, que varia entre 7% e 12%.

O cenário abre espaço para a utilização de outros instrumentos além do financiamento. Ainda assim, a Abimaq prevê que no ano de 2025, a venda de máquinas somará R$ 65 bilhões, uma grande queda em comparação com o valor registrado no ano de 2022 que foi de R$ 91 bilhões.

Portal Fator Brasil - RJ   03/04/2025

Neste ano celebramos os 65 anos de presença da Valtra no Brasil. Um marco realmente importante para uma empresa que, desde sua chegada ao país, em 1960, protagonizou momentos cruciais da história do agronegócio brasileiro, contribuindo significativamente para o avanço da mecanização no campo e o aumento da produtividade agrícola.

Uma resposta do governo finlandês à necessidade de modernização e industrialização do país, a então Valmet, como a empresa era chamada na época, começou a produção em série de tratores em 1951. O primeiro modelo foi o Valmet 15, com 15 cavalos de potência, que foi projetado para substituir um cavalo em uma pequena fazenda. Rapidamente a marca se tornou sinônimo de qualidade e inovação, contribuindo para o acelerado processo de mecanização das atividades produtivas da Finlândia.

A versatilidade e capacidade de inovar diante de situações adversas foram as características que tornaram a empresa uma das principais aliadas dos produtores brasileiros. A história da companhia no Brasil começou em 1960, na cidade de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, como resultado de um acordo comercial entre os governos brasileiro e finlandês. Em um país que, na época, dependia do trabalho manual e de processos rudimentares na agricultura, a chegada da Valmet, que posteriormente veio a se chamar Valtra, marcou o início de uma revolução no campo.

A primeira contribuição significativa da Valtra para o mercado brasileiro foi o lançamento do trator estreito, uma inovação essencial para a produção de café, que era a principal cultura do País e enfrentava desafios como a necessidade de manter espaços estreitos entre as fileiras de plantas. O desenvolvimento desta inovação, que remete à característica que a empresa cultiva desde a sua fundação, de ouvir as demandas do mercado local e desenvolver soluções personalizadas, foi o que tornou a Valtra um dos propulsores da mecanização da agricultura brasileira.

Na década de 1970, quando o Brasil enfrentava uma grave crise de combustíveis, a empresa foi pioneira ao lançar tratores com motores aptos a operar tanto a diesel quanto etanol, em linha com a emergente política de biocombustíveis do país. Essa inovação não só ajudou a amenizar os efeitos da crise no setor agrícola, mas também posicionou a Valtra como referência em soluções sustentáveis.

Já na década de 1990, a marca deu mais um salto ao introduzir tratores equipados com cabines e ar condicionado, elevando os padrões de conforto e produtividade para os operadores. Essa inovação foi particularmente relevante para o Brasil em virtude do seu clima tropical, onde altas temperaturas podem representar um desafio significativo para o trabalho em campo. No mesmo período, a companhia foi a primeira do segmento a lançar ainda o trator com tração 4×4 no mercado brasileiro. Mais recentemente, a apresentação do Valtra Série T CVT, o primeiro trator com transmissão continuamente variável (CVT) fabricado no Brasil, reafirmou a liderança tecnológica da empresa no segmento.

Atualmente, a Valtra oferece um portfólio abrangente que inclui tratores, colheitadeiras, pulverizadores e plantadeiras, como a Momentum, um projeto global desenvolvido inteiramente no Brasil. Essa diversificação reflete o comprometimento da empresa em atender às demandas das diferentes culturas agrícolas do país, de grãos e cana-de-açúcar a café e frutas cítricas.

Um exemplo notável é a ampla gama de soluções oferecidas para a lavoura de cana-de-açúcar, que inclui tratores com alta potência e eficiência energética. Esse setor é estratégico para o Brasil e a Valtra tem desempenhado um papel fundamental no fornecimento de tecnologias que aumentam a produtividade e reduzem o impacto ambiental.

O futuro é hoje — Ao longo de mais de seis décadas de presença no Brasil, a Valtra tem sido uma aliada indispensável ao agronegócio. Com uma significativa participação no mercado de tratores e colheitadeiras, a empresa tem contribuído diretamente para o aumento da produção agrícola, posicionando o país como um dos maiores exportadores de alimentos do mundo.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil é o quarto maior mercado de máquinas agrícolas do mundo. Em 2024, o setor registrou vendas de mais de 48 mil unidades, sendo a Valtra uma das marcas mais vendidas. Esses números refletem não apenas a importância do maquinário para o agronegócio, mas também a confiança depositada pelos produtores no portfólio da companhia.

Ao longo de 65 anos, a Valtra construiu uma sólida relação de confiança com o agronegócio brasileiro, considerada essencial para enfrentar os grandes desafios atuais do setor no país. Projeções da ONU indicam que, até 2050, a população mundial poderá alcançar 10 bilhões de pessoas, o que intensificará a demanda por alimentos. Paralelamente, será necessário implementar ações robustas para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Trata-se de um desafio monumental, que exige inovação, resiliência e colaboração entre todos os atores do setor agrícola.

Nos últimos anos, a Valtra vem investindo em máquinas que agregam tecnologias para ampliar a eficiência produtiva em diferentes culturas, sem descuidar da questão ambiental. Um exemplo disso são os tratores da empresa que, desde 2017, contam com o motor eletrônico AGCO Power, homologado de fábrica pela lei de controle de emissões (MAR 1), que garante 25% de redução de combustível, enquanto a transmissão continuamente variável (CVT) incorpora materiais mais leves e de alta resistência, com aumento no rendimento em até 30%. Além disso, os motores estão adequados para o uso de combustíveis alternativos como o Biodiesel e o Diesel Verde HVO (Hydrotreated Vegetable Oil – Óleo Vegetal Hidrotratado), uma das alternativas mais promissoras para contribuir com uma possível transição energética e a redução de gases de efeito estufa na atmosfera.

Hoje, o agronegócio brasileiro é um dos mais modernos e eficientes do mundo, liderando a produção global de alimentos em diversos segmentos, como soja, milho, café, açúcar e suco de laranja. A trajetória do Brasil até este patamar, sem dúvida, traz diversas interseções com as inovações tecnológicas lançadas pela Valtra ao longo desses 65 anos de atuação no agro, que segue sendo a espinha dorsal da economia do país. A empresa seguirá apresentando soluções que visam auxiliar os produtores a superar obstáculos, tanto na área de sustentabilidade quanto em ampliação de eficiência, para atender as demandas de produção de alimentos global e ampliar ainda as contribuições para o crescimento do PIB.

• Por: Claudio Esteves, diretor Comercial da Valtra.

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