Valor - SP 18/12/2025
Cerca de seis meses após finalizar a aquisição da U.S. Steel, a Nippon Steel está elaborando uma lista com centenas de melhorias na eficiência da produção como parte de uma reforma mais ampla que inclui um investimento prometido de US$ 11 bilhões.
"Nos últimos seis meses, enviamos dezenas de pessoas à U.S. Steel, investigando minuciosamente cada canto de suas instalações e identificando áreas de melhoria que não conseguíamos enxergar antes da aquisição", disse Tadashi Imai, presidente e diretor de operações da Nippon Steel.
A Nippon Steel se comprometeu a investir US$ 11 bilhões por meio da U.S. Steel até 2028. A empresa japonesa renovará altos-fornos antigos e construirá novas siderúrgicas, mas levará anos até que esses resultados possam ser vistos.
Na revitalização da U.S. Steel, a prioridade é melhorar a eficiência da produção, cujos efeitos provavelmente serão percebidos rapidamente. Apesar dos preços do aço americano serem superiores aos níveis globais, o desempenho da empresa americana tem sido lento.
Um primeiro passo é a otimização de custos. "Os resultados de algumas melhorias operacionais e outras medidas se tornarão visíveis já em 2026", disse Imai.
A indústria siderúrgica americana representou uma espécie de mentora para a empresa japonesa, que estabeleceu sua principal siderúrgica atual durante a ascensão econômica do Japão após a Segunda Guerra Mundial, quando a U.S. Steel era a maior fabricante de aço do mundo.
Os Estados Unidos se destacavam na tecnologia de produção em massa de produtos de aço na época, o que permitiu à Nippon Steel aprender com ela.
Agora, para capitalizar a crescente demanda americana relacionada à inteligência artificial, a Nippon Steel transferirá tecnologia e introduzirá equipamentos na U.S. Steel para a produção de chapas de aço elétrico com grãos orientados, utilizadas em transformadores de data centers.
A tecnologia da empresa japonesa para esse tipo de aço está entre as melhores do mundo. Mas as origens dessa tecnologia remontam à siderúrgica americana Armco, agora Cleveland-Cliffs, que a licenciou para a Nippon Steel em 1953.
Na década de 1970, com o declínio da U.S. Steel e de outras siderúrgicas americanas, a Nippon Steel fez grandes investimentos e continuou a aprimorar suas técnicas de fabricação e conhecimento operacional para chapas de aço eletromagnético e outros aços de alta qualidade.
"Temos um alto grau de afinidade tecnológica", disse Imai. "As melhorias de produtividade planejadas para a U.S. Steel estão alinhadas com o que a Nippon Steel já fez no passado, então é um plano sólido."
Alguns expressaram preocupação com a possibilidade de Washington interferir na gestão da U.S. Steel.
Como parte da aquisição, a Nippon Steel assinou um acordo de segurança nacional com o governo dos Estados Unidos, que recebeu uma ação preferencial. Embora as ações preferenciais não confiram direito a voto, elas dão ao detentor poder de veto sobre decisões importantes da administração. Os termos da ação preferencial detida pelo governo dos Estados Unidos incluem o direito de nomear um diretor independente.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeou David Shapiro, conselheiro-chefe do Departamento de Comércio, para o conselho da U.S. Steel no fim de novembro.
Em uma carta à administração da U.S. Steel anunciando a nomeação, Trump escreveu que "o governo dos Estados Unidos deve monitorar de perto a U.S. Steel e seu cumprimento do acordo" entre o governo dos Estados Unidos e as duas empresas para manter a produção de aço nos Estados Unidos.
O plano de gestão de médio a longo prazo da Nippon Steel, com início no ano fiscal de 2026 e anunciado na sexta-feira, prevê que o investimento no exterior supere os gastos domésticos pela primeira vez. A empresa planeja investir 6 trilhões de ienes (US$ 38,6 bilhões) ao longo dos cinco anos até o ano fiscal de 2030, dos quais 4 trilhões de ienes serão investidos no exterior, com a maior parte destinada à U.S. Steel.
"Nossos planos de médio a longo prazo estão alinhados com os cenários que prometemos ao governo dos Estados Unidos", disse Imai. Os planos da Nippon Steel são compartilhados com o conselho de administração da U.S. Steel e são "comunicados indiretamente ao governo dos Estados Unidos. Contanto que cumpramos nossos planos conforme prometido, não enfrentaremos nenhum tipo de restrição."
O ambiente em torno da U.S. Steel também está mudando. O United Steelworkers (USW), sindicato que representa os funcionários da U.S. Steel, criticou consistentemente a aquisição da Nippon Steel antes de sua conclusão. Mas o presidente do sindicato, David McCall — que liderou a campanha — deve renunciar em março, optando por não concorrer à reeleição.
As críticas do USW à Nippon Steel diminuíram desde a conclusão do negócio. A sucessora de McCall deve ser a atual vice-presidente Roxanne Brown, que se tornaria a primeira mulher a presidir o sindicato.
Ao mesmo tempo, o ambiente competitivo está se tornando mais acirrado. O governo Trump impôs uma tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio importados em março, elevando-a para 50% em junho. Antecipando futuros aumentos na demanda por aço e na alta dos preços nos Estados Unidos, o investimento estrangeiro está crescendo.
Empresas sul-coreanas têm se mostrado particularmente ativas. A Cleveland-Cliffs e a siderúrgica sul-coreana Posco Holdings assinaram um memorando de entendimento em outubro para cooperar na aquisição de matérias-primas e na produção e fornecimento de aço nos Estados Unidos.
A Posco também busca expandir seus investimentos e produção, aproveitando o incentivo do governo Trump à produção de aço nos Estados Unidos.
A Posco, que não produz aço na América do Norte, planeja expandir seu fornecimento nos Estados Unidos utilizando as bases de mineração de minério de ferro e as instalações de fabricação e processamento de aço da Cliffs.
Entre as empresas americanas, a Nucor passará por uma transição para uma nova estrutura de gestão, promovendo seu diretor financeiro a presidente em janeiro de 2026. A empresa planeja aumentar os investimentos em fornos elétricos nos Estados Unidos.
O Estado de S.Paulo - SP 18/12/2025
É sabido que a variação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano foi muito baixa, de 0,1%, conforme noticiado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 4 de dezembro, dia em que publiquei meu artigo da primeira quinta-feira do mês, escrito na quarta-feira. Publico também na terceira quinta e só agora pude tratar dessa variação do PIB, tema sempre interessante.
Nos dois trimestres anteriores, o crescimento foi de 1,4% no primeiro e 0,4% no segundo. Ou seja, a tendência de queda é clara. Nos três anos anteriores, o PIB cresceu perto de 3% no ano, mas a previsão do mercado é de algo próximo de 2% para o PIB de 2025 e de 2026. Como Lula será candidato, terá de se explicar quanto a essa queda. Ele enfatizará os 3%, mas essa taxa tampouco é grande coisa. O Brasil deveria procurar crescer 4% ou mesmo 5%, mas nem o Executivo nem o Legislativo federais parecem se preocupar com isso. Desde os anos 80 o País vem crescendo pouco, ficando para trás entre seus pares no grupo dos países em desenvolvimento. Aliás, o Brasil acaba de sair da lista das dez maiores economias do mundo, passando à 11.ª posição. Em vez de caminhar para a frente, estamos andando para trás.
Essa é uma questão estrutural, porque não se altera rapidamente. Nesse período pós-1980, a taxa de investimentos em formação bruta de capital fixo, como em novas ou ampliadas indústrias, escolas, hospitais, estabelecimentos comerciais e infraestrutura caiu bastante, em particular no setor público. Ele foi o maior responsável pela queda desses investimentos, ao optar pelos benefícios sócioeleitorais. No total do País, a taxa de investimentos em capital fixo foi de 17,3% do PIB no terceiro trimestre e a taxa de poupança bruta foi ainda menor: 14,5% do PIB. A taxa de investimentos deveria estar próxima de 25%. Quem vai encarar essa queda geral e lamentável?
2025 é um caso particular. Candidatíssimo, Lula expandiu gastos governamentais desde o início do seu governo. Acabou gerando inflação, e o Banco Central até exagerou na taxa Selic com que se dispôs a enfrentá-la. 15% ao ano? Quem vai tomar dinheiro emprestado confiando na rentabilidade de seu empreendimento para pagá-lo? Se você toma dinheiro emprestado a juros para investir num negócio, é preciso que ele renda o suficiente para pagar o empréstimo, os juros e ainda renda mais um pouco, o que seria o lucro do empreendimento. Até o próprio Ministério da Fazenda reconheceu que a política de juros desacelerou a economia: “O consumo das famílias desacelerou, refletindo o recuo no consumo de bens duráveis e não duráveis e a redução no consumo de semiduráveis e de serviços (...) A desaceleração está associada ao desaquecimento dos mercados de trabalho e de crédito no terceiro trimestre em resposta aos impactos defasados da política monetária restritiva”, disse a Secretaria de Política Econômica (Folha de S. Paulo).
As variações do PIB brasileiro, em geral, seguem ciclos ou “voos de galinha” em que um avanço se esgota pela limitação dos investimentos. Em 2025, a taxa de juros precipitou esse esgotamento a taxas menores.
O relatório completo do IBGE pode ser encontrado no site do instituto, procurando por Contas Nacionais Trimestrais Indicadores de Volume e Valores Correntes. Ele é muito rico em informações e publica séries de números de várias décadas atrás, como a do PIB. Entre esses dados estão os setoriais mostrando, por exemplo, que os setores que mais cresceram foram os de transporte, armazenagem e correio, indústrias extrativas, informação e comunicação, construção e atividade imobiliária. Com variação negativa, aparecem atividades financeiras, seguros e serviços relacionados, eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos. Passando ao consumo, achei interessante constatar que o das famílias também ficou em 0,1%, mas o do governo subiu 1,3% no trimestre. Parece-me que isso é mais uma evidência da gastança governamental.
Voltando à encrenca do baixo crescimento, creio que o País vai demorar a sair dele, se um dia isso ocorrer. Não há conscientização nem da sociedade nem dos Poderes Executivo e Legislativo quanto ao assunto nem quanto às suas causas. Em 2027, o Brasil precisaria de um presidente disposto, primeiro, a colocar a casa do governo em ordem na questão fiscal e seu sucesso o colocaria na história nacional. Mas Lula, até aqui o favorito em 2026, mais provavelmente vai procurar criar um sucessor petista para a eleição de 2030, beneficiá-lo com mais medidas populistas e a festa vai continuar.
Pode até haver uma crise financeira pelo excesso de endividamento do governo, via continuidade dos déficits públicos. E então seria um salve-se quem puder generalizado.
De minha parte, irei me defendendo e sei que não faltarão notícias econômicas para digerir e comentar. Conto com a paciência dos leitores. Há quem diga que o Brasil tem um excesso de economistas, mas realmente estamos num país economicamente muito complicado.
Monitor Digital - RJ 18/12/2025
A Rio Indústria, Associação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro avalia que o tom conservador da ata do Banco Central, que afasta a possibilidade de corte da taxa básica de juros no início de 2026, segue sendo um fator de preocupação para o setor produtivo. A manutenção de juros elevados encarece o crédito, limita investimentos e impacta diretamente a capacidade de crescimento da indústria nacional.
Apesar do cenário monetário desafiador, os dados mais recentes da produção industrial do Estado do Rio de Janeiro indicam um desempenho expressivo do setor. Em outubro, a indústria fluminense cresceu 9,5% na comparação anual e 4,1% frente a setembro, colocando o estado entre os destaques do país e acima da média nacional.
Para a Rio Indústria, o resultado reflete a resiliência da indústria do Rio de Janeiro, impulsionada por setores estratégicos e por um ambiente produtivo que vem mostrando capacidade de reação, mesmo diante de um contexto macroeconômico restritivo.
A associação reforça a importância de uma política econômica que combine responsabilidade fiscal e controle da inflação com condições mais favoráveis ao investimento produtivo, fundamentais para sustentar o crescimento industrial e a geração de empregos.
Petroquímica e fertilizantes
No início do mês, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) lançou a 4ª edição do estudo “Petroquímica e Fertilizantes no Rio de Janeiro 2025”, que aponta que o estado do Rio de Janeiro consolidou sua posição como hub estratégico para a reindustrialização e a segurança energética e alimentar do país.
Com colaborações da Petrobras, Braskem, BNDES, Porto do Açu, Iconic, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Embrapa, a publicação destaca que os investimentos previstos para as indústrias de petroquímica e fertilizantes no Rio de Janeiro podem facilmente ultrapassar os R$ 25 bilhões no horizonte até 2030, com base nos projetos mapeados no estado. O gás natural, com a expansão da capacidade de escoamento do pré-sal, é o principal diferencial competitivo fluminense, impulsionando a expansão da capacidade petroquímica existente e a implementação de novos projetos de fertilizantes.
O Estado de S.Paulo - SP 18/12/2025
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não indicou início de redução de juros para janeiro. Há duas hipóteses: ou bem a autoridade monetária não quer se antecipar, evitando ficar a reboque do mercado, ou segue influenciada por uma ideia de que caberia ser durão, por mais tempo, a fim de ganhar a confiança dos mercados.
O argumento do Banco Central para manter a Selic em 15% ao ano, equivalente a um nível real de juros de 11%, baseia-se em três pontos: a lenta convergência das expectativas de inflação à meta de 3% ao ano; a projeção de inflação superior à meta para o chamado horizonte relevante; e a atividade econômica ainda forte.
A pesquisa Focus, que reúne as projeções econômicas dos agentes do mercado, já aponta, por cinco semanas consecutivas, redução na mediana das estimativas para a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 e 2026. Na apuração da última segunda-feira, as medianas das projeções para 2025 e 2026, respectivamente, eram: 4,36% e 4,10%. Para 2027, 3,80%.
Na pesquisa Focus de 7 de março, as projeções para 2025, 2026 e 2027 eram as seguintes: 5,68%, 4,40% e 4,00%, respectivamente. Evidentemente, essa mudança expressiva nas estimativas de inflação em 2025 está associada à taxa de câmbio. O Brasil possui uma conta capital e financeira, no balanço de pagamentos, bastante aberta. Isso conduz a uma volatilidade gigantesca na taxa de câmbio. A saber, o diferencial de juros continua a afetar, fortemente, as entradas e saídas de capital, movimento que se convencionou chamar de carry trade, quando o dinheiro é captado em países com taxas de juros baixas e trazido para países com juros estratosféricos.
Vale dizer, o Banco Central projeta que a inflação ficará muito próxima de 3% no horizonte relevante da política monetária, isto é, nos idos da primeira metade de 2027. A pesquisa Focus, como vem ocorrendo há semanas, deve começar a refletir essa convergência da inflação do ano que vem para patamares ainda mais baixos, o que vai ensejar considerações sobre as estimativas para 2027.
A taxa de câmbio não deve sofrer sobressaltos, em 2026, mantendo-se em nível favorável e, a depender da política econômica norte-americana (juros e tarifas), pode até passar por novas reduções (isto é, subidas do real frente ao dólar). Esse é um fator preponderante.
Quanto à atividade econômica, os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do próprio Banco Central indicam uma murcha. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre aumentou apenas 0,1%, depois de alta de 0,3% no segundo, e de 1,5%, no primeiro. As projeções para o PIB estão pouco acima de 2% para 2025. No ano que vem, já se projeta PIB mais próximo de 1,5%. Vai ser preciso derrubar ainda mais as projeções de PIB para os juros se movimentarem?
A política monetária pode levar tempo, mas afeta a demanda da economia. Os indicadores de indústria, serviços e comércio estão apontando na mesma direção. Cabe ao Banco Central não ignorar a realidade, sob a ideia de que precisaria angariar credibilidade ou coisa assim.
A hora é de olhar para o risco de uma deterioração da atividade econômica, que poderá vir como uma avalanche, dados os efeitos acumulados dessa política monetária excessivamente conservadora. A redução dos juros precisa começar logo e, mesmo assim, a política monetária ainda operará em níveis contracionistas por boa parte do ano que vem.
A ideia de que o Banco Central precisa ser durão é uma falácia. À autoridade monetária cabe buscar a preservação do valor da moeda e o bom funcionamento do sistema financeiro. Cabe controlar a inflação, perseguindo as metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional. Metas que, atualmente, estão completamente fora da realidade. Quem disse ser prudente ou tecnicamente recomendável para a economia brasileira uma inflação de 3% ao ano?
Mesmo que não exista, no Brasil, o chamado duplo mandato para a autoridade monetária — metas de inflação e minimização do hiato do produto ou do emprego —, é dever do Banco Central acompanhar a atividade econômica e o emprego e cuidar para que suas decisões não acabem desprezando o bebê junto com a água suja do banho.
Ademais, uma política monetária conservadora gera despesas com juros impeditivos. O déficit do setor público está em 8,2% do PIB, sendo o resultado primário próximo de zero e o restante explicado pelos gastos financeiros. Como estabilizar uma dívida que recebe mais e mais lenha na fogueira?
A busca do superávit primário é inescapável, mas não anula a necessidade de uma revisão na política monetária. Gostamos muito de copiar os Estados Unidos, mas, curiosamente, nesse tema, não. O duplo mandato e a sinalização de uma curva de juros projetada (e não apenas do juro de curto prazo) pelos membros do Fomc (o Copom americano) são providências que poderiam ser copiadas por aqui.
O Banco Central quer ser durão. Para quê? A credibilidade da atual gestão já está provada. Trata-se de gente séria, como já mostrei aqui. É preciso dar ao crescimento econômico o mesmo peso destinado ao controle da inflação. Nisso, ainda engatinhamos.
O Estado de S.Paulo - SP 18/12/2025
Fernando Haddad deve deixar o Ministério da Fazenda em 2026 para cuidar da campanha eleitoral de Lula. A notícia foi dada na terça, 16/12, pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha, e confirmada por fontes ouvidas por Célia Froufe, da Agência Estado.
É natural, portanto, que comecem as avaliações sobre o trabalho de Haddad durante esses quase três anos iniciais do terceiro mandato de Lula. Recebido inicialmente com muita desconfiança pelo mercado, Haddad teve um desempenho que não correspondeu às expectativas mais pessimistas, mas tampouco conquistou a confiança da Faria Lima.
Um legado indiscutivelmente positivo, para o mercado e a sociedade como um todo, foi a aprovação da reforma tributária do consumo, algo que maturou durante décadas, mas que envolvia conflitos de interesse setoriais e federativos que sempre impediam que fosse para a frente. A convocação de Bernard Appy para secretário especial da reforma tributária foi um grande acerto, e, com regras engenhosas de implementação gradual, os impasses foram superados. Não é a reforma ideal, evidentemente, mas um importante passo foi dado para o aumento da eficiência sistêmica da economia brasileira.
Na parte fiscal, a situação foi mais complicada. Pelo lado positivo, como observa o economista Manoel Pires, coordenador do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público do FGV-IBRE, Haddad propôs, e aprovou em boa parte, uma agenda de revisão de renúncias fiscais e/ou baixa tributação de empresas e pessoas muito ricas, indo de fundos no exterior ao IRPF.
Os ganhos de arrecadação dessa agenda ajudaram a política fiscal a não ser pior. Mas, pelo lado dos gastos, do ponto de vista fiscal, houve recuos como a volta da regra de aumento real anual do salário mínimo, que indexa dezenas de milhões de benefícios previdenciários e sociais. A regra foi amenizada num segundo momento, mas ainda assim este permanece como o maior problema fiscal brasileiro. E, ao substituir o teto de gastos pelo novo arcabouço fiscal, o governo deixou que os gastos de saúde e educação voltassem a ficar vinculados à receita.
O arcabouço, aliás, foi uma das contendas de Haddad com o mercado. Como aponta Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, o novo regime fiscal só conseguiria colocar a relação dívida/PIB em trajetória sustentável se a economia crescesse 3,5% a 4% ao ano (acima do limite de até 2,5% de crescimento das despesas segundo o arcabouço), o que está claramente acima do potencial.
"De fato o Haddad vem conseguindo cumprir o arcabouço, mas ele está ganhando um jogo do qual ele mesmo criou as regras, e que são insuficientes", comenta Sobral.
O resultado primário do governo federal saiu de superávit de 1,25% em 2022 para déficit de 2,28% em 2023. Pires, no entanto, nota que o desempenho de 2022, último ano do governo Bolsonaro, foi muito impulsionado pela alta da arrecadação na esteira da combinação de valorização das commodities e depreciação do câmbio. E cita ainda o grande volume de precatórios cujo pagamento foi postergado por Paulo Guedes, e honrado por Haddad no final de 2023.
Nas contas da Instituição Fiscal Independente (IFI), o resultado primário estrutural saiu de déficit de 0,6% do PIB em 2022 para déficit de 2,14% em 2023.
Seja como for, é consenso - e os dois economistas ouvidos nesta coluna concordam - que o novo arcabouço fiscal não conseguiu colocar a relação dívida/PIB numa trajetória sustentável. Pires acrescenta que o novo regime foi uma tentativa de buscar o equilíbrio entre equilíbrio fiscal e uma agenda social mais ativa.
A dívida bruta do governo geral como proporção do PIB fechou 2022 em 71,7% do PIB. A estimativa do Prisma Fiscal para o indicador ao final de 2026 é de 83,7% do PIB, o que significaria um crescimento de 12 pontos porcentuais (pp) no terceiro mandato de Lula.
Esse crescimento foi na maior parte alimentado pelos juros reais altíssimos que prevaleceram nos últimos anos, levando a déficits nominais acumulados em 12 meses de 7,5-9,5% do PIB desde meados de 2023.
A visão ortodoxa é de que o juro na estratosfera (do curto ao longo prazo) se deve em grande parte ao prêmio de risco de solvência e ao fato de que o BC pisa no freio com a alta da Selic e o resto do governo no acelerador com gastos fiscais e parafiscais.
Para Pires, a redução dos juros deve ser uma das grandes prioridades da política econômica nos anos à frente, e em especial no novo governo a partir de 2027. Sem minimizar a importância do ajuste fiscal estrutural para que o juro real caia, Pires menciona também a capacidade de o País crescer mais rapidamente sem inflação e o ambiente de juros internacionais, no qual há uma perspectiva de queda.
Finalmente, em relação ao ministro da Fazenda cuja saída do cargo é agora dada como quase certa, Sobral, da Neo Investimentos comenta que "talvez o mais importante sejam medidas ruins que ele barrou e das quais a gente nem sabe". No frigir dos ovos, o mercado pode não morrer de amores por Haddad, mas sabe que havia riscos bem maiores neste terceiro mandato de Lula.
Infomoney - SP 18/12/2025
O presidente Donald Trump quer custos de financiamento significativamente mais baixos e deixou claro que espera que o nome escolhido para substituir Jerome Powell na presidência do Federal Reserve (Fed) cumpra esse objetivo.
Mas divisões intensas dentro do banco central americano sobre o caminho a seguir para as taxas de juros indicam que isso pode ser difícil de entregar, criando um desafio para quem Trump selecionar para o cargo máximo.
Hassett diz que Fed pode rejeitar opiniões de Trump se for escolhido presidente do BC
O Fed reduziu as taxas de juros em 0,25 ponto percentual. Foi o terceiro corte consecutivo desde setembro, o que levou as taxas para uma faixa de 3,5% a 3,75%. Ainda assim, a decisão esteve longe de ser unânime. Seis dos 19 formuladores de política do Fed expressaram discordância em relação ao corte, indicando preferência por manter as taxas como estavam.
Novas projeções para as taxas de juros divulgadas pelo banco central também destacaram quão pouco consenso parece haver sobre novos cortes no próximo ano. Sete autoridades não preveem nenhum, enquanto oito defendem ao menos meio ponto percentual em cortes.
Isso deixou Powell explicando, em entrevista coletiva, que uma gama tão ampla de visões é algo natural em um momento em que os objetivos do Fed de inflação baixa e estável e de um mercado de trabalho saudável estão em tensão.
Mas esse grau de dispersão pode se transformar em um grande obstáculo para o próximo presidente, que deve assumir em maio.
“Encaro o acolhimento da diversidade de visões no comitê neste momento como um tiro de advertência para o próximo presidente”, disse Vincent Reinhart, ex-economista do Fed e hoje na BNY Investments. “O próximo presidente precisa convencer seus colegas. Essa é a mensagem principal.”
As decisões de taxa de juros do Fed são tomadas pelo Comitê Federal de Mercado Aberto, que inclui os sete membros do Conselho de Governadores, o presidente do Federal Reserve Bank de Nova York e um conjunto rotativo de quatro presidentes dos outros 11 bancos regionais.
O presidente do Fed é apenas um voto nesse comitê, uma limitação que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, enfatizou recentemente no que pareceu ser uma tentativa de calibrar as expectativas sobre o que o substituto de Powell poderá, afinal, alcançar.
Kevin Hassett, aliado de longa data do presidente e atualmente diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, é visto como o favorito para substituir Powell. Kevin Warsh, ex-governador do Fed, e Christopher Waller, governador em exercício, também estão entre os considerados.
Trump, que está perto de fazer sua escolha, não tem se furtado a expressar o que espera dela.
“Estou procurando alguém que seja honesto com as taxas de juros”, disse Trump na quarta-feira, 10, após criticar a redução das taxas pelo Fed por considerá-la pequena demais e atacar Powell pessoalmente. “Nossas taxas deveriam ser as mais baixas do mundo”, acrescentou.
Mas a reunião mais recente do Fed acentuou o quanto de resistência o próximo presidente pode enfrentar se parecer que está apenas cumprindo a vontade do presidente, em vez de fazer o que é mais apropriado para a economia.
“Se o próximo presidente chegar com uma agenda específica que não seja consistente com o pano de fundo econômico, acho que essa pessoa perde espaço imediatamente”, disse Tom Porcelli, economista-chefe do Wells Fargo.
Porcelli vê pouco espaço no próximo ano para custos de financiamento substancialmente mais baixos, dado que “esta não é uma economia que esteja caminhando para uma recessão”. Em vez disso, ele espera que o cenário do próximo ano peça duas reduções de 0,25 ponto, em março e junho.
Matthew Luzzetti, economista-chefe dos EUA no Deutsche Bank, vê ainda menos espaço para o banco central cortar no próximo ano.
Ele projeta apenas uma redução de 0,25 ponto, e não antes de setembro, com base na expectativa de que o crescimento acelere, o mercado de trabalho se estabilize e a inflação permaneça resistente. Essa combinação deve tornar o comitê “relutante” em cortar as taxas de juros, disse ele.
Trump certamente se oporia a um ritmo tão gradual de cortes, arriscando uma escalada em seus ataques à instituição, que opera de forma independente da Casa Branca.
Neste ano, Trump ameaçou repetidamente demitir membros do Fed e agora está envolvido em uma batalha judicial com uma governadora, Lisa Cook, cujo caso sobre sua tentativa de destituição será analisado pela Suprema Corte em janeiro.
Recentemente, o presidente testou uma nova forma de minar autoridades, alegando sem provas que seu antecessor, Joe Biden, pode ter instalado indevidamente quatro governadores no conselho.
Mas até mesmo uma pressão ainda mais intensa por parte do presidente dificilmente deve influenciar o atual quadro de autoridades do Fed, como evidenciado pela oposição vocal de alguns formuladores de política que têm preocupação com a inflação ficar travada acima da meta de 2% do Fed.
“É complicado por causa da maneira como a Casa Branca tem exercido pressão sobre o Fed”, disse Lael Brainard, ex-vice-presidente do Fed que mais recentemente atuou como principal assessora econômica do governo Biden.
“Alguns membros do comitê podem sentir que precisam deixar claro que não vão ser pressionados e que a independência do Fed é um atributo institucional valioso a ser preservado e defendido.”
O que corre o risco de emergir é um Fed muito mais fragmentado, que tenha dificuldade para transmitir uma mensagem coesa sobre o caminho da política à frente, alertou Brainard.
“Já é difícil comunicar a política monetária de uma forma acessível ao público em geral, e um padrão de dissidências constantes torna isso ainda mais complicado”, disse ela.
“Isso é uma perda real para o público em geral e pode causar uma corrosão da confiança na instituição, o que é realmente prejudicial.”
Valor - SP 18/12/2025
Contratos para maio, os mais negociados, fecharam cotados a US$ 109,05 por tonelada
O mercado voltou a focar nos fundamentos do minério de ferro, após uma série de eventos macroeconômicos, levando o preço da commodity a refletir os embarques contidos e forte demanda por recomposição, com a expectativa de que os altos estoques portuários migrem para as usinas, comenta a Nanhua Futures, segundo o Dow Jones Newswires.
Os contratos do minério para maio, os mais negociados, fecharam em alta de 1,25% na Bolsa de Dalian, cotados a 768 yuans (US$ 109,05) a tonelada.
CNN Brasil - SP 18/12/2025
O governo dos Estados Unidos avança para reduzir as metas de eficiência energética de automóveis e caminhonetes, em uma mudança que busca baratear o preço inicial dos veículos, mas que pode gerar custos econômicos mais elevados no médio e longo prazo. A flexibilização favorece modelos a combustão e altera o equilíbrio entre preço, consumo de combustível e emissões.
A proposta da NHTSA (Administração Nacional de Segurança no Trânsito nas Rodovias) afrouxa significativamente os padrões adotados durante o governo Biden. Para os modelos entre 2022 e 2031, a meta média de eficiência cairia para 14,7 km/l em 2031, bem abaixo dos 21,4 km/l previstos anteriormente.
O argumento central é reduzir o custo de produção e, consequentemente, o preço final ao consumidor. Segundo estimativas da própria NHTSA, a nova regra poderia reduzir em cerca de US$ 930 o preço médio inicial dos veículos.
Em contrapartida, poderá gerar um aumento de até US$ 185 bilhões nos gastos com combustível até 2050, além de uma elevação aproximada de 5% nas emissões de CO2. Na prática, a economia no momento da compra tende a ser anulada por despesas maiores ao longo da vida útil do veículo.
A mudança também amplia a incerteza regulatória, especialmente após o Congresso ter recorrido à CRA (Congressional Review Act) para derrubar os waivers concedidos pela EPA (Agência de Proteção Ambiental) à Califórnia.
Essas autorizações permitiam ao estado adotar padrões ambientais mais rígidos, seguidos por outros mercados relevantes, o que garantia previsibilidade para investimentos no setor automotivo.
Do ponto de vista econômico, o recuo regulatório beneficia veículos a combustão no curto prazo e reduz custos de adaptação para montadoras, mas pode comprometer a competitividade da indústria americana no médio e longo prazo.
Com regras mais brandas, veículos produzidos nos EUA podem enfrentar restrições comerciais em mercados com padrões ambientais mais exigentes, como União Europeia e partes da Ásia.
Além disso, a decisão tende a desestimular investimentos em eletrificação, incluindo fábricas de baterias, infraestrutura de recarga e cadeias produtivas associadas. Embora gere alívio imediato para parte da indústria, o movimento transfere riscos para o futuro, ao elevar custos com combustível, poluição e saúde pública — fatores que também impactam produtividade e crescimento econômico.
Monitor Digital - RJ 18/12/2025
A Stellantis planeja lançar, em 2026, oito modelos eletrificados no mercado brasileiro, sendo seis de veículos híbridos. A fábrica de Goiana (PE) é a que terá mais novidades, com quatro novos híbridos e a montagem de modelos Leapmotor em kits CKD ou SKD, para 2026 ou início de 2027. Betim (MG) continuará com a produção de veículos eletrificados com mais uma novidade, enquanto Porto Real (RJ) receberá seu primeiro híbrido e uma ampliação na produção, com a chegada do Jeep Avenger.
A principal novidade para 2026 será um hatch baseado no Fiat Grande Panda europeu, que pode ter uma versão híbrida e fará parte das celebrações do cinquentenário da marca no Brasil.
Ford anuncia 20 lançamentos até 2027
A Ford celebra os resultados positivos do ano no Brasil: a marca chegou perto dos 49 mil emplacamentos até novembro, representando um aumento de 12,6%. A marca destacou a picape Ranger, que faz 30 anos de mercado, e receberá em 2027 uma inédita versão híbrida plug-in.
A F-150 teve crescimento de 140%, impulsionada pela versão Tremor, e Maverick passou por renovação. Os SUVs, como o Territory e o Bronco Sport, também atualizados, apresentaram bom desempenho, assim como o Mustang, que teve três versões diferentes lançadas.
A rede conta com 140 concessionários, que passam por modernização das lojas. A marca planeja 20 novos produtos nos próximos dois anos. Além da versão eletrificada da Ranger, são esperados o Everest (SUV baseado na Ranger), variações da picape (de cabine simples) e o SUV Territory híbrido.
Chinesa bate recorde e inaugura concessionária
A BYD atingiu a venda de 100 mil veículos eletrificados no Brasil em 2025, um crescimento de mais de 30% em relação a 2024. Os modelos mais vendidos foram Dolphin Mini (mais de 50 mil unidades), Song Pro, Song Plus, King e Dolphin GS.
A expansão da rede de concessionárias já conta com mais de 200 lojas em todos os estados, com meta de chegar a 250 até meados de 2026.
Enquanto isso, a nova marca do grupo, Denza, inaugurou sua primeira concessionária em São Paulo, em parceria com o Grupo Dahruj. A marca, que surgiu de uma joint-venture entre BYD e Mercedes-Benz em 2010 e foi completamente adquirida pela BYD em 2024. O primeiro modelo disponível é o SUV híbrido off-road Denza B5 de 677 cv de potência, que custa R$ 436 mil. Depois virão o Denza Z9 GT e a van de luxo D9.
Volvo tem o melhor ano de vendas no Brasil
A Volvo Car Brasil acaba de atingir seu recorde de vendas, e deve superar as 9 mil unidades no ano, superando a marca anterior de 8.684 de 2023. A boa performance foi impulsionada especialmente pelos modelos EX30 (elétrico) e XC60 (híbrido plug-in), que juntos venderam mais de 3 mil unidades em 2025.
A marca lidera em eletrificação, investindo mais de R$ 70 milhões na instalação de 75 eletropostos em todo o País, oferecendo também uma grande porcentagem de suas vendas (53,4%) de veículos 100% elétricos, totalizando 4.668 unidades vendidas no ano. Esse desempenho coloca a Volvo no terceiro lugar entre as montadoras premium brasileiras.
Fabricante expande nacionalização de turbocompressores
A BorgWarner, fabricante de turbocompressores e sistemas de transmissão, está ampliando a capacidade de sua planta em Itatiba (SP) para receber em 2027 uma nova linha de turbos que serão fornecidos a uma montadora que atualmente importa o componente.
A nacionalização de uma linha é um avanço para a BorgWarner, que passará a atender uma terceira montadora de veículos leves. A empresa conta com marcas do grupo Stellantis desde 2019, e também atende à Volkswagen. Além disso, a fabricante vende turbos e sistemas para veículos pesados, atendendo a marcas como Scania, Volvo, Mercedes-Benz, Volkswagen Caminhões e Iveco, especialmente após a entrada em vigor do Euro 6.
Exame - SP 18/12/2025
O mercado global de carros de passeio deve alcançar um novo recorde em 2025, com 81,3 milhões de unidades vendidas, e terá sua trajetória cada vez mais ligada à China, segundo relatório do Centro de Pesquisa Automotiva (CAR), da Alemanha, divulgado nesta segunda-feira (15) .
De acordo com o estudo, esse volume representa o maior nível de vendas em oito anos. A China concentra parte relevante da produção e da demanda e sustenta o crescimento global do setor, apoiada por uma cadeia de suprimentos integrada e por ganhos de escala.
O diretor do CAR, Ferdinand Dudenhoeffer, afirma que o tamanho do mercado chinês e os avanços em baterias, veículos de nova energia e tecnologias de direção autônoma influenciam diretamente a indústria automotiva mundial. “Quem não está na China não participa do setor automotivo”, disse o pesquisador, citado no relatório.
Entre os 15 maiores mercados do mundo, China, Estados Unidos, Índia e Turquia devem registrar crescimento superior a 4% nas vendas de carros de passeio em 2025. Em sentido oposto, os principais mercados europeus devem avançar menos. A Alemanha deve crescer 0,7%, enquanto França e Itália devem recuar 4,8% e 2,6%, respectivamente.
Para 2026, o CAR projeta alta de 2,6% nas vendas globais, que devem alcançar 83,4 milhões de unidades. A Ásia deve crescer acima da média mundial, com expansão estimada em 3,8%, impulsionada pela maior participação da China na produção e nas vendas.
Segundo Dudenhoeffer, a Ásia já lidera a indústria automotiva global, com a China à frente desse movimento. Em 2025, mais de 60% da produção mundial de carros de passeio ocorreu no continente asiático, enquanto a Europa respondeu por cerca de 15%.
O relatório indica que a Alemanha e outros produtores europeus devem perder participação adicional em 2026. O estudo atribui esse movimento ao aumento da concorrência global e aos efeitos das políticas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos, que pressionam a competitividade das montadoras europeias.
Revista Mineração - SP 18/12/2025
O Grupo Minasmáquinas anunciou uma parceria estratégica com a LGMG, fabricante chinesa de veículos para mineração e construção pesada. O grupo mineiro passará a representar oficialmente a marca no Brasil, ampliando sua atuação no fornecimento de equipamentos de alta performance para o setor mineral e de infraestrutura.
O anúncio oficial foi realizado nesta terça-feira, 16 de dezembro, na unidade da Minasmáquinas em Nova Lima (MG). O evento contou com a presença do CEO do Grupo Minasmáquinas, Bruno S.K. Volpini, e do executivo da LGMG no Brasil, Kai Hung.
Durante o encontro, foram apresentados os principais modelos de caminhões e escavadeiras da LGMG, além de uma exposição do portfólio completo da fabricante e de suas características técnicas.
Com atuação em diversos mercados internacionais, a LGMG é um dos principais fabricantes chineses de máquinas para mineração e construção, com mais de 200 modelos em seu portfólio. A linha inclui caminhões fora de estrada, escavadeiras, motoniveladoras, plataformas elevatórias, além de soluções completas em peças, acessórios, manutenção, treinamento técnico e serviços especializados.
“Com produtos de alta qualidade, a LGMG acredita que a tradição e a expertise da Minasmáquinas em vendas e pós-vendas nos segmentos de mineração e construção pesada serão diferenciais decisivos para ampliar a presença da marca no mercado brasileiro”, afirma Kai Hung, executivo da LGMG no Brasil.
Segundo Bruno Volpini, a parceria é resultado de um processo estratégico de longo prazo. “Há alguns anos buscamos uma linha que complementasse nosso portfólio e fortalecesse nossa atuação nesses segmentos. Encontramos na LGMG não apenas produtos adequados, mas equipamentos de elevada qualidade, inovação e tecnologia”, destaca o CEO da Minasmáquinas.
Money Times - SP 18/12/2025
O JP Morgan atualizou suas projeções para as construtoras brasileiras listadas em bolsa e recomendou que os investidores mantenham suas posições em ações com baixo índice P/L, como Cyrela (CYRE3), EZTEC (EZTC3) e Tenda (TEND3).
Esses papéis, segundo o banco norte-americano, estão sendo negociados abaixo de um múltiplo de 6x P/L (preço sobre lucro) estimado para 2026 e devem apresentar desempenho superior ao do setor como um todo.
“Prevemos um potencial de alta de 40% a 60% [para essas ações], impulsionado por fatores macroeconômicos favoráveis”, apontou a casa em relatório.
Como parte dessa tese, o JP Morgan elevou a recomendação para MRV (MRVE3) de neutra para overweight (equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 12, representando possível valorização de 49% frente ao valor atual de R$ 8,04.
A mudança reflete uma esperada recuperação da empresa em 2026, após resultados do terceiro trimestre (3T25) acima do previsto e perspectivas de fluxo de caixa robusto com a venda de ativos da Resia.
Cenários
O relatório também traça dois cenários para o setor de construção civil: no mais otimista, projeta que o segmento deve se beneficiar do início de um ciclo de queda de juros e de uma possível mudança de governo com as eleições presidenciais de outubro, fatores favoráveis às empresas de renda média e alta.
No mais cauteloso, destaca que as construtoras continuam a representar um bom refúgio para investidores devido à sua exposição ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), oferecendo proteção mesmo em um contexto econômico mais desafiador.
A queridinha
Em meio a esses cenários, o JP Morgan revisou os preços-alvo de todas as empresas sob sua cobertura.
Entre as ações destacadas, a Tenda segue como a principal escolha (top pick), com preço-alvo de R$ 39 para dezembro de 2026, frente à cotação atual de R$ 23,29, representando potencial valorização de 70%.
Entre os pilares que sustenta a tese de investimentos, o relatório destaca a possível alta nos lucros — já que a projeção da empresa para o ano que vem, de R$ 520 a R$ 600 milhões, é considerada conservadora —, o valuation atrativo (cerca de 5 vezes o P/L estimado) e a exposição ao MCMV.
Além disso, a Alea, unidade de casas industrializadas da Tenda, deve reduzir suas perdas, reforçando a confiança na recuperação da companhia.
Outros nomes
A Cyrela, por sua vez, é apontada como a melhor opção para quem quer aproveitar a redução de juros e uma eventual mudança de governo, graças à sua exposição ao segmento de renda média e alta.
“A CYRE3 também é uma empresa diversificada, com a baixa renda representando cerca de 40% do lucro antes de impostos dos últimos doze meses e sendo também a ação mais líquida em nossa cobertura”, ressaltou o JP Morgan.
O papel está sendo negociado a um P/L estimado de 5,9 vezes, abaixo da média histórica de 11,5 vezes, com preço-alvo de R$ 44,50 contra R$ 30,67 atuais, representando potencial de valorização de 45%.
Já entre as construtoras com classificação neutra, o relatório destaca que a Cury (CURY3) tem uma execução sólida, mas potencial de valorização relativamente baixo. O preço-alvo é de R$ 43,50, frente à cotação atual de R$ 34,68.
“Apesar da nossa classificação neutra, reconhecemos a Cury como uma das melhores opções para investidores com uma visão mais cautelosa sobre o Brasil em 2026, dado seu atrativo dividendo de 7% para o ano que vem e exposição ao MCMV.”
Para Direcional (DIRR3), que tem preço-alvo de R$ 21, a visão neutra também se baseia no potencial limitado de valorização em relação aos pares, mesmo considerando margens brutas recordes de 42% no terceiro trimestre (3T25) e resultados sólidos esperados.
Confira as recomendações do JP Morgan:
Empresa Preço Atual (R$) P/L projetado 2026 Preço-Alvo Dez/26 (R$) Potencial Valorização (%) Rating
Tenda 23,29 5,0x 39,00 70% overweight
MRV 8,04 5,5x 12,00 49% overweight
Cyrela 30,67 5,9x 44,50 45% overweight
EZTEC 14,26 5,7x 20,00 40% overweight
Cury 34,68 8,9x 43,50 25% neutro
Direcional 16,62 9,0x 21,00 26% neutro
Money Times - SP 18/12/2025
O setor imobiliário encerra 2025 como um dos maiores pagadores de proventos da bolsa, impulsionado pela corrida das empresas para antecipar distribuições antes da entrada em vigor da nova tributação, prevista para 2026, segundo relatório do BTG Pactual.
No fim de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a lei 15.270, que acaba com a isenção de imposto sobre dividendos e estabelece uma alíquota de 10% a partir de janeiro para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês.
Com isso, companhias têm até o fim deste ano para anunciar rendimentos livres de taxação, em um movimento que ganhou força nas últimas semanas.
Para se ter uma ideia, o dividend yield médio (indicador que mede o retorno em proventos em relação ao preço atual da ação) das empresas do setor de construção cobertas pelo banco superou os 10% em dezembro, patamar superior ao observado em outros segmentos da B3.
Entre as construtoras residenciais, o maior yield foi registrado pela Even (EVEN3), justamente com 10%, seguida por Direcional (DIRR3) e Lavvi (LAVV3), ambas com cerca de 9%.
Cury (CURY3), Melnick (MELK3) e Cyrela (CYRE3) também anunciaram dividendos relevantes, com yields entre 7% e 8%, enquanto Trisul (TRIS3) ficou na mesma faixa.
Todas essas companhias anunciaram dividendos no quarto trimestre de 2025 (4T25) e, segundo o BTG, devem concluir os pagamentos ainda antes do encerramento do ano.
No segmento de shoppings e propriedades, os destaques ficaram por conta da HBR (HBRE3), com yield elevado de 28% — embora o pagamento esteja diluído até 2028 —, da LOG CP (LOGG3), com 13% em dezembro, e da SYN (SYNE3), com 8%.
Capitalização de reservas ganha espaço
Outra prática recorrente entre as empresas do setor, diante da mudança tributária, foi a capitalização de reservas de lucros, com a distribuição de ações.
Embora essa estratégia não gere impacto imediato em caixa para o acionista, o BTG destaca dois efeitos positivos relevantes:
O primeiro é a criação de espaço para futuras reduções de capital; O segundo é ações a um “preço médio” mais elevado, reduzindo o potencial imposto sobre ganhos de capital em eventuais vendas no futuro. Proventos elevados não são novidade
Apesar do pico observado agora em dezembro, o BTG ressalta que o setor imobiliário vem se destacando como grande pagador de rendimentos há algum tempo.
O bom desempenho operacional e os baixos níveis de alavancagem das companhias ajudaram a sustentar distribuições robustas ao longo de 2025.
Neste ano, 11 empresas registraram dividend yield de dois dígitos, totalizando um repasse de mais de R$ 8 bilhões. Houve casos de reduções de capital expressivas, como na SYN e na Melnick, com yields de 47% e 36%, respectivamente.
Entre as construtoras de imóveis populares, Direcional (18%), Cury (15%) e Plano&Plano (11%) chamaram a atenção, enquanto no segmento de médio e alto padrão se destacaram Lavvi e Mitre (ambas com 15%), além Even (10%), Cyrela (11%) e Trisul (12%).
Veja o resumo dos dividendos anunciados e as datas, segundo o BTG:
Empresa Data do Anúncio Data Ex-Dividend Status Dividend Yield (%) Total Dividendos 2025 (R$ mi) Total Yield (%)
HBR* 9/dez TBD* Não pago 28%* 0 0%
LOG 15/dez 19/dez Não pago 13% 346 16%
Even 10/nov 18/nov Pago 10% 150 10%
Direcional 10/dez 17/dez Não pago 9% 1.371 18%
Lavvi** 19/nov 26/nov Pago 9% 403 15%
Cury** 11/dez 23/dez Não pago 8% 1.352 15%
Melnick 1/dez 17/dez Não pago 8% 265 36%
SYN 9/dez 13/dez Não pago 8% 464 47%
Cyrela 4/dez 10-/dez Pago 7% 1.392 11%
Trisul 13/nov 19/nov Pago 7% 154 12%
Eztec 13/nov 19/nov Não pago 5% 339 9%
Moura Dubeux 12/nov 17/nov Pago 2% 101 5%
Allos 12/nov 19/nov Pago 1% 647 5%
CNN Brasil - SP 18/12/2025
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) aprovou, nesta quarta-feira (17), os projetos da Ferrogrão e do Anel Ferroviário do Sudeste. Estudos serão encaminhados para o Ministério dos Transportes e, depois, seguem para o TCU (Tribunal de Contas da União).
Essas são as primeiras concessões aprovadas desde 2021, quando a Bamin arrematou a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 1).
Em reunião de diretoria, a Agência aprovou a atualização dos estudos da Ferrogrão. A revisão faz parte das determinações do STF (Supremo Tribunal Federal) para dar continuidade ao projeto de concessão da ferrovia.
Em 2021, o STF concedeu medida cautelar paralisando o projeto. A ação foi aberta pelo Psol e questiona a destinação de parte do Parque Nacional do Jamanxim (PA) para a ferrovia.
Dois anos depois, a Corte autorizou a retomada do empreendimento condicionando a decisão à revisão dos estudos e ao aprofundamento das avaliações técnicas socioambientais.
Entre os temas que foram reavaliados estão os estudos de demanda, engenharia, operação, meio ambiente e a modelagem econômico-financeira. A iniciativa foi realizada por grupo de trabalho criado pelo Ministério dos Transportes.
O diretor-geral da ANTT, Guilherme Sampaio, que relatou o processo, afirmou que o grupo seguiu todas as determinações do STF, principalmente “com respeito às questões ambientais e aos povos originários” e que agora a questão será analisada pelo Tribunal de Contas.
Ele também falou que a Ferrogrão vai atender a “crescente demanda do setor agrícola do Centro-Oeste brasileiro com integração eficiente entre os modais ferroviário e hidroviário, especialmente por meio da hidrovia do Rio Tapajós”.
Os estudos apontam que o projeto tem potencial de reduzir os custos logísticos da região, aumentar a competitividade das exportações e contribuir para a descarbonização da matriz de transportes com a integração hidroviária.
Anel Ferroviário do Sudeste
Durante a reunião, também foi aprovada a análise das contribuições da participação social da EF-118, conhecida como Anel Ferroviário do Sudeste. A previsão é que a construção dos 575 quilômetros de malha ferroviária aconteça em quatro anos.
A concessão da nova ferrovia, que vai conectar o Porto do Açu (RJ) ao litoral do Espírito Santo e promover a integração com a Malha Sudeste, vai garantir investimentos de R$ 4,6 bilhões.
Além disso, está prevista a aplicação de recursos da União que foram obtidos após a repactuação do contrato da Rumo Malha Paulista e, se necessário, com o valor de outorga livre da EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas).
A construção da ferrovia será feita em duas fases. A primeira é obrigatória e vai de São João da Barra, no Rio de Janeiro, até Santa Leopoldina, no Espírito Santo. A segunda etapa é opcional e depende da validação de viabilidade por parte do Ministério dos Transportes.
Outro trecho que estava previsto no início do projeto e que foi descartado são os 80 quilômetros entre Santa Leopoldina e Anchieta, ambos localizados no Espírito Santo. Essa era uma contrapartida da Vale pela prorrogação antecipada dos contratos atuais.
Plano de outorgas
Os dois empreendimentos inauguram o Plano Nacional de Ferrovias do Ministério dos Transportes, que conta com oito projetos de concessões. Em entrevista para o CNN Money, o secretário de Ferrovias do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro, adiantou que os projetos seriam encaminhados para o TCU até o final do ano.
A pasta trabalha nesse plano de outorgas desde 2023, primeiro ano da gestão do atual governo. A iniciativa busca modernizar a infraestrutura e expandir a malha ferroviária brasileira. Além do transporte de cargas, também estão previstas concessões de transporte de passageiros.
IstoÉ Dinheiro - SP 18/12/2025
O primeiro bloco de leilões de terminais portuários do governo federal será realizado no dia 26 de fevereiro, na B3. Com investimentos que somam R$ 229 milhões, os quatro terminais que compõem o bloco estão localizados em Macapá (AP), Natal (RN), Porto Alegre (RS) e Recife (PE). Esses portos concentram movimentação de cereais, granéis, minerais e passageiros.
Para o secretário Nacional de Portos, Alex Ávila, o primeiro bloco de terminais chama atenção pela diversidade de cargas movimentadas. Ávila afirma também que o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) já está trabalhando nos certames seguintes. Desde o início de 2023, a gestão Lula realizou 26 leilões no setor portuário, que somam R$ 15,5 bilhões em investimentos.
“Este será o primeiro leilão de 2026, mas a Secretaria já está trabalhando em outros leilões, como o do terminal de contêineres do Porto de Santos, o Tecon Santos 10, que foi aprovado pelo TCU e será leiloado em março”, diz o secretário.
O MPor fará, em janeiro, um roadshow para apresentar os projetos da atual carteira a potenciais investidores.
O ministro Silvio Costa Filho diz se tratar de uma “continuidade ao maior programa de concessões portuárias”. “Além de fortalecer o setor portuário, ampliando a capacidade e a eficiência .”
Terminais
TMP Recife – O terminal de passageiros do Recife tem previsão de investimentos de R$ 2,3 milhões e prazo de 25 anos de concessão. Segundo o MPor, o terminal, junto com o de Fortaleza (CE), Maceió e Salvador (BA), deverá fortalecer um circuito de cruzeiros nordestinos integrados, reforçando a vocação natural da região para o turismo.
MCP01 – Destinado especialmente para escoamento da produção de grãos da região e cavaco de madeira. A previsão de investimentos é de R$ 150,20 milhões e um período de 25 anos de concessão.
POA26 – Já para o POA26 estão previstos R$ 21,13 milhões pelo arrendamento da área, destinada à movimentação e armazenagem de granel sólido, com prazo de dez anos de concessão.
NAT01 – Destinado ao escoamento de granéis minerais, especialmente minério de ferro, tem previsão de investimentos de R$ 55,17 milhões e prazo de concessão de 15 anos.
Portos e Navios - SP 18/12/2025
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) anunciou que serão realizados no dia 26 de fevereiro, na Bolsa de Valores do Brasil, a B3, leilões de terminais portuários em Macapá (AP), em Natal (RN), em Porto Alegre (RS), e em Recife (PE). Serão leiloados, em parceria com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), terminais especializados em movimentação de cereais, granéis, minerais e passageiros, que, juntos, receberão investimentos de R$ 229 milhões.
Para o terminal de passageiros do Recife, cuja concessão será de 25 anos, a previsão é de que sejam investidos R$ 2,3 milhões. O objetivo anunciado pelo MPor é de que o terminal de Recife se junte aos de Fortaleza (CE), Maceió (AL), e de Salvador (BA), num circuito integrado para atrair cruzeiros marítimos.
No caso do Porto de Santana, em Macapá (AP) também com concessão de 25 anos, a estimativa de investimentos é de R$ 150,2 milhões para melhorar o escoamento da produção de grãos da região de cavaco de madeira. Já para o terminal localizado na poligonal do porto organizado de Porto Alegre são esperados aportes de R$ 21,13 milhões pelo arrendamento por 10 anos da área destinada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos. O quarto da lista, em Natal e destinado ao escoamento de granéis minerais, especialmente minério de ferro, prevê concessão de 15 anos e investimentos de R$ 55,17 milhões.
O secretário nacional de portos, Alex Ávila, destacou a diversidade dos terminais incluídos no primeiro bloco de leilões de 2026. Ele informou ainda que a pasta já está trabalhando para a viabilização de outros certames, entre os quais o Terminal de Contêineres de Santos, o Tecon Santos 10. A previsão é de que o leilão do terminal no complexo portuário paulista seja no mês de março.
Valor - SP 18/12/2025
Ao menos cinco navios transportando cerca de 3,4 milhões de barris estavam parados no Mar Amarelo até esta quarta-feira
Uma frota de petroleiros com o petróleo Urals, referência da Rússia, cresceu ao largo da costa leste da China após a Índia — principal compradora da variedade — reduzir as importações devido às sanções ocidentais.
Pelo menos cinco navios transportando cerca de 3,4 milhões de barris estavam parados no Mar Amarelo até esta quarta-feira, o dobro do volume da semana passada e o nível mais alto para esse tipo de petróleo na região em mais de cinco anos, segundo dados da Kpler. A área fica próxima à província de Shandong, um polo de refinarias independentes.
O acúmulo de cargas de Urals perto da China é uma situação incomum que tem chamado a atenção de negociadores de petróleo em todo o mundo. Isso porque as refinarias chinesas normalmente não são compradoras desse tipo de petróleo, carregado em portos distantes do oeste da Rússia, preferindo o petróleo russo proveniente de terminais orientais, devido à proximidade geográfica e ao maior teor de diesel.
Nas últimas semanas, porém, o aumento do escrutínio dos EUA sobre os fluxos de petróleo russo para a Índia, assim como as sanções contra a Rosneft PJSC e a Lukoil PJSC, levaram os vendedores do Urals a buscar outros compradores potenciais no Leste Asiático. Neste mês, as importações indianas devem ficar em torno de 800 mil barris por dia, segundo autoridades locais, abaixo do pico de 2 milhões de barris diários registrado em junho deste ano.
Neste momento, ainda não está claro se o Urals acumulado ao largo da China já foi vendido ou se continua sendo ativamente ofertado no mercado. Os petroleiros podem fazer a longa viagem a partir do oeste da Rússia sem garantir previamente um comprador, mas o crescimento dessa frota pode indicar mudanças nas rotas e nos fluxos comerciais.
Diário do Comércio - MG 18/12/2025
A greve dos petroleiros da Petrobras alcançou nesta quarta-feira (17) 100% de adesão nas plataformas da Bacia de Campos, consolidando-se como “um dos mais fortes movimentos de paralisação da categoria nos últimos anos”, afirmou o Sindipetro Norte Fluminense, filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).
“Ao todo, 28 plataformas da Bacia de Campos estão em greve, com 100% de adesão dos trabalhadores do Sistema Petrobras”, reiterou a FUP, em outro comunicado.
“A forte e crescente adesão à greve mostra a disposição de luta pela retomada dos direitos perdidos, pela valorização dos trabalhadores e por uma Petrobras forte, pública e a serviço do povo brasileiro”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, em nota.
O Sindipetro citou que a Bacia de Campos abriga campos importantes como Marlim e Roncador.
Geralmente, durante greves, trabalhadores passam operações para equipes de contingência da estatal, de modo a evitar ou reduzir impactos operacionais em refinarias e plataformas de petróleo. A greve foi iniciada na segunda-feira e não tem data marcada para acabar.
“As equipes de contingência da companhia foram mobilizadas onde foi necessário. Até o momento, não houve impacto na produção e o abastecimento ao mercado segue garantido, sem alterações”, disse a Petrobras.
Duas fontes de grandes distribuidoras de combustíveis do Brasil afirmaram à Reuters que não identificaram impactos na oferta até o momento.
A Bacia de Campos, que no passado já foi o maior polo produtor de petróleo do Brasil, perdeu este posto para a Bacia de Santos, onde estão os campos gigantes do pré-sal, que geralmente operam com plataformas afretadas.
A Bacia de Campos produziu cerca de 750 mil barris/dia de petróleo em outubro, de um total de mais de 4 milhões de barris/dia no país, incluindo a produção de outras empresas, segundo dados da agência reguladora ANP.
Roncador, citado pelo Sindipetro, produziu em outubro cerca de 80 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), enquanto Marlim produziu 76 mil boed.
O sindicato afirmou que nesta quarta-feira a mobilização ganhou visibilidade com um ato realizado a partir das 6h em frente ao Portão de Cabiúnas, em Macaé (RJ), “em protesto contra a falta de avanços nas negociações com a gestão da Petrobras”.
O Terminal de Cabiúnas funciona como um centro de processamento e escoamento, recebendo gás e petróleo da Bacia de Campos e do pré-sal.
A FUP informou também que, com a entrada da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Terminal de Suape, em Pernambuco, as nove refinarias de suas bases passaram a integrar o movimento grevista.
Com isso, segundo a FUP, a paralisação já atinge nove refinarias, além de 13 unidades da Transpetro, quatro termelétricas e duas usinas de biodiesel, além dos campos de produção terrestre da Bahia, da Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB), da Estação de Compressão de Paulínia (TBG) e da sede administrativa da Petrobras em Natal (RN).
Ao deflagrar a greve, a FUP afirmou que os trabalhadores apresentaram uma pauta à Petrobras há mais de três meses e os três eixos centrais seguem sem resposta: a distribuição justa da riqueza gerada pela Petrobras, o fim dos Planos de Equacionamento de Déficits (PEDs) da Petros e o reconhecimento da pauta do Brasil Soberano, com a suspensão de desinvestimentos e demissões no setor de exploração e produção.
Denúncia
Em nota, a FUP afirmou que denunciou juntamente com os sindicatos práticas “ilegais adotadas por gestores da Petrobras para dificultar a liberação de trabalhadores que aderiram à greve em plataformas e refinarias”.
Segundo levantamento da federação, há casos de trabalhadores mantidos por mais de 60 horas em unidades como a Reduc (RJ) e Regap (MG), e por quase 48 horas na Lubnor (CE) e na Refap (RS).
“As entidades sindicais acionaram a Justiça e órgãos de fiscalização, como o Ministério do Trabalho, que realizou diligência na Reduc para verificar as condições de saúde e habitabilidade dos trabalhadores retidos”, disse a FUP.
Em um comunicado divulgado mais cedo, a Petrobras afirmou que respeita o direito de manifestação dos empregados e disse que se mantém aberta ao diálogo com as entidades sindicais.
“As equipes de contingência da Petrobras estão preparadas e mobilizadas para continuar atuando na manutenção das operações, sem prejuízos na produção e no abastecimento ao mercado”, reiterou a estatal.
TN Petróleo - RJ 18/12/2025
O Ministério de Minas e Energia (MME) participou, na última segunda-feira (15/12), no Rio de Janeiro, da cerimônia que celebrou o início da produção de campo de Bacalhau, localizado no Pré-Sal da Bacia de Santos. Considerado um dos projetos mais relevantes em desenvolvimento no país, o campo representa um marco para o setor energético brasileiro ao combinar alta capacidade produtiva, investimentos de longo prazo e tecnologias voltadas à redução da intensidade de emissões de carbono.
Com reservas recuperáveis estimadas em mais de 1 bilhão de barris de óleo equivalente a investimentos da ordem de US$ 8 bilhões, o campo de Bacalhau conta com um dos navios-plataforma mais modernos do mundo, com capacidade de produção de até 220 mil barris por dia. O projeto adota tecnologia inédita no país, de ciclo combinado para geração de energia a bordo, o que permite alcançar uma das menores intensidades de carbono do setor, estimada em cerca de 9kg de CO2 por barril produzido – aproximadamente metade da média global da indústria.
Para o secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Renato Dutra (foto), o início da produção do campo de Bacalhau simboliza um avanço estratégico para o país. “Bacalhau é um exemplo de como o Brasil pode ampliar sua produção de petróleo de forma competitiva, segura e alinhada à agenda de eficiência e sustentabilidade. É um projeto que gera empregos, fortalece a arrecadação e contribui para a segurança energética nacional, ao mesmo tempo em que incorpora tecnologias de ponta para a redução de emissões”, reforçou.
Além de ampliar a oferta nacional de petróleo, o projeto deve gerar mais de 50 mil empregos ao longo de seu ciclo de vida e cerca de US$ 10 bilhões em royalties e participações governamentais, com impacto positivo para a economia e para o desenvolvimento regional. O campo de Bacalhau é operado pela Equinor, em parceria com a ExxonMobil, a Petrogal e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), e integra o conjunto de investimentos estruturantes que reforçam o papel do Pré-Sal na matriz energética brasileira.
O Estado de S.Paulo - SP 18/12/2025
A ditadura chavista de Nicolás Maduro ordenou nesta quarta-feira, 17, que a Marinha da Venezuela escolte navios que transportam petróleo. A medida é uma reação à decisão do presidente americano, Donald Trump, de impor um bloqueio contra a indústria petrolífera do país e aumenta ainda mais a tensão militar na região do Mar do Caribe.
Vários navios partiram da costa leste do país com escolta naval entre a noite de terça-feira e a manhã de quarta-feira, de acordo com três pessoas familiarizadas com o assunto. Os navios partiram poucas horas depois de Trump ter anunciado a sua intenção de bloquear os petroleiros que fazem negócios com a Venezuela que estão sob sanções do Departamento do Tesouro.
Os navios, que transportavam ureia, coque de petróleo e outros derivados, partiram do porto de José com destino aos mercados asiáticos, disseram duas das pessoas, que falaram sob condição de anonimato devido à natureza sensível do assunto. O governo venezuelano optou pela escolta militar em resposta às ameaças de Trump.
Os navios que viajavam com a escolta não constavam da lista atual de navios sancionados pelos EUA. Em tese, isso torna improvável que eles sejam alvo do bloqueio, já que o presidente disse que ele se aplicaria apenas a embarcações alvo de punições.
Segundo uma fonte do governo americano, a Casa Branca está ciente das escoltas e estava considerando várias medidas. A fonte, no entanto, não deu detalhes sobre o que está sendo discutido.
A PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo, disse em um comunicado na quarta-feira que os navios ligados às suas operações continuavam navegando “com total segurança, suporte técnico e garantias operacionais no exercício legítimo de seu direito à livre navegação”.
Trump anunciou na noite de terça-feira que estava impondo um “bloqueio total e completo” aos petroleiros que partiam e chegavam da Venezuela e violavam as sanções comerciais dos EUA.
Cerca de 40% dos petroleiros que transportaram petróleo venezuelano nos últimos anos foram colocados sob sanções dos EUA, de acordo com Samir Madani, cofundador do TankerTrackers.com.
Autoridades policiais dos EUA apreenderam na semana passada um petroleiro sancionado com destino à Ásia que transportava quase dois milhões de barris de petróleo venezuelano. Outros navios-tanque que transportam petróleo venezuelano podem ser apreendidos nos próximos dias.
Mais cedo, Maduro , conversou por telefone com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e denunciou uma “escalada de ameaças” após o anúncio do bloqueio.
Durante a ligação, Maduro criticou Trump e disse que suas declarações que o petróleo, os recursos naturais e o território venezuelanos pertencem aos EUA são inaceitáveis.
“Maduro ressaltou que tais declarações devem ser categoricamente rejeitadas pelo sistema das Organizações das Nações Unidas, pois constituem uma ameaça direta à soberania, ao direito internacional e à paz”, disse em nota o ministério de Relações Exteriores da Venezuela.
Globo Online - RJ 18/12/2025
O bloqueio naval a "navios petroleiros sancionados" que saem ou se dirigem à Venezuela, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na noite de terça-feira, impõe uma escalada adicional à sua campanha de pressão sobre Caracas. A medida, divulgada pelo presidente quase uma semana após a apreensão de um petroleiro na costa venezuelana, pode impactar exponencialmente a economia do país, que há anos tem mais de 90% de sua receita dependente da exportação de petróleo bruto. No entanto, as ameaças e imposições do governo americano parecem não afetar os negócios da americana Chevron, que tem permissão para operar no país apesar das sanções internacionais impostas por Washington.
Isolada internacionalmente, a Venezuela é obrigada a usar navios "fantasmas", que carregam petróleo bruto venezuelano a um preço muito abaixo do valor de mercado, para contornar as sanções financeiras. Diante dessas restrições, Caracas garante a continuidade das exportações por meio do mercado clandestino. Entre o início de setembro e a metade de dezembro, a Venezuela exportou quase 800 mil barris por dia, cerca de 81% deles com destino à China, 17% para os EUA e cerca de 2% para Cuba, segundo dados do TankerTrackers.com.
A apreensão do petroleiro Skipper na semana passada, que transportava petróleo da estatal venezuelana PDVSA estava ligada ao Irã e ao Hezbollah, segundo autoridades americanas. A ação, qualificada como “roubo descarado” e “pirataria” por Caracas, já impacta significativamente a receita do regime chavista. Desde então, sete outros petroleiros em Porto José e no Porto de Amuay, na Venezuela, estão ociosos há quase uma semana, de acordo com o rastreador de navios Samir Madani no TankerTrackers.com, deixando o país com barris à venda por receio de serem alvos de uma nova interceptação dos Estados Unidos.
Ao anunciar o bloqueio, Trump também afirmou que a Venezuela está "completamente cercada pela maior frota já reunida na história da América do Sul" e que o contingente militar americano no Caribe "só vai aumentar" até que a Venezuela devolva "aos Estados Unidos da América todo o petróleo, terras e outros ativos que nos roubaram anteriormente". Especialistas defendem ainda que, ao atingir navios sancionados, os EUA poderiam estar contornando proibições de bloqueios econômicos sob o direito internacional, exceto em resposta a ataques armados.
O número de navios à espera para atracar nos portos venezuelanos caiu de cerca de 45, antes da apreensão, para cerca de uma dúzia na terça-feira, de acordo com dados de tráfego marítimo. O último bloqueio do tipo imposto pelos EUA foi em 1962, ordenado pelo presidente John F. Kennedy para impedir novas entregas de mísseis soviéticos a Cuba.
O anúncio ocorre ainda num momento em que deputados e senadores americanos estão prontos para votar resoluções de poderes de guerra da Câmara e do Senado para exigir autorização do Congresso para uma ação militar do governo contra a Venezuela.
Pressão econômica
A ofensiva contra a economia venezuelana representa, segundo especialistas, uma alternativa para seguir pressionando Maduro a deixar o poder e evitar ações militares em terra no país, ainda que Trump tenha ameaçado realizá-las em mais de uma ocasião. Diante da complexidade e das dificuldades que permeiam uma invasão dos EUA à Venezuela, Washington parece ter recalculado a rota para tentar derrubar o regime chavista por meio de um dos pontos mais sensíveis do governo venezuelano: o agravamento acelerado da crise econômica, que se estende há anos e se reflete em outros problemas graves no país, como o aumento da fome e da violência e a degradação da situação humanitária.
Segundo o Wall Street Journal (WSJ), outros superpetroleiros estão se distanciando do país sul-americano desde a apreensão — pelo menos cinco navios foram para portos em outros lugares nos últimos dias. Um deles carregava nafta russa, um diluente que a Venezuela usa para misturar com óleo pesado; os outros estavam vazios, indicando que estavam a caminho de serem abastecidos.
Por outro lado, a Chevron parece não se intimidar pela ofensiva e segue enviando navios para a Costa do Golfo americana. Um dia depois que as Forças dos EUA capturaram o navio Skipper, duas embarcações que transportavam petróleo bruto para a Chevron partiram do Bajo Grande, um porto no Lago Maracaibo da Venezuela, ambos com destino aos Estados Unidos, de acordo com dados do TankerTrackers.com.
Um porta-voz da empresa afirmou que suas operações na Venezuela continuam sem interrupções e em conformidade com a lei. Ao WSJ, ele chamou a presença da Chevron na Venezuela de força estabilizadora para a economia local e dirigiu perguntas sobre a situação de segurança às autoridades dos EUA.
Os republicanos criticaram durante anos a administração do ex-presidente Joe Biden por permitir que a Chevron exportasse petróleo da Venezuela, argumentando que isso ajudava a financiar o governo totalitário e corrupto de Maduro. Após retornar ao poder, Trump suspendeu e depois alterou os termos das operações da Chevron na Venezuela, alegando que isso minimizava as transferências financeiras da empresa para o país. Em vez de canalizar dólares diretamente para a Venezuela, a Chevron agora entrega parte do petróleo que produz ao governo Maduro, que continua a ser proprietário dos campos petrolíferos.
Paralelamente, Washington anunciou sanções contra seis empresas do setor de transporte de petróleo bruto e seis navios-tanque. A inclusão dessas empresas de navegação e embarcações diretamente em uma lista de sanções "é uma escalada muito significativa", disse Francisco Monaldi, diretor do Programa de Energia da América Latina do Instituto Baker (Texas), à AFP quando o anúncio foi feito. Esses seis navios estavam em portos venezuelanos quando a medida foi anunciada, explicou o especialista. Para Monaldi, o governo americano está esperando que cada navio deixe o país para realizar abordagens e apreensões.
— Isso, combinado com o fato de que alguns navios podem literalmente dizer Não vou voltar para a Venezuela, poderia levar a uma queda tanto no preço quanto no volume das exportações — explicou. — Se as exportações também caírem, o problema da Venezuela é que ela não tem muita capacidade de armazenamento de petróleo bruto. Portanto, terá que interromper a produção ou fechar parte dela.
A Casa Branca alega que o petróleo venezuelano seria responsável por financiar cartéis de drogas — declarados como organizações terroristas pelo governo Trump. Segundo acusações do presidente americano, essas organizações criminosas são liderados por Maduro e outras autoridades venezuelanas, responsáveis por articular o envio de drogas deliberadamente aos EUA.
— Há um processo legal para confiscar esse petróleo, e ele será levado adiante — declarou a porta-voz, Karoline Leavitt após a apreensão do petroleiro Skipper. — Não vamos ficar parados e ver como navios sancionados navegam com petróleo contrabandeado, cujos lucros servem para alimentar o narcoterrorismo de regimes ilegítimos.
Globo Online - RJ 18/12/2025
O líder venezuelano, Nicolás Maduro, convocou na quarta-feira trabalhadores do setor de petróleo e gás a organizarem “um grande protesto global” contra os Estados Unidos, em meio à escalada de tensões com Washington. Horas antes da convocação, o presidente americano, Donald Trump, anunciou um bloqueio a petroleiros que entram ou se dirigem à Venezuela. Caracas classificou a decisão de Trump — que aumenta a pressão sobre Maduro, uma vez que visa sufocar a economia do país, extremamente dependente das exportações de petróleo — como uma “ameaça imprudente e grave” e acusou Washington de violar o direito internacional, o livre comércio e a livre navegação.
Aparentemente, o bloqueio excluiu a Chevron, que opera na Venezuela e exporta petróleo sob uma licença que a isenta das sanções americanas, licença renovada por Trump este ano.
Maduro usou uma assembleia constituinte transmitida pela emissora estatal Venezolana de Televisión para pedir que a mobilização fosse permanente, não apenas de um dia, e direcionada contra o que chamou de “pirataria” dos Estados Unidos. O líder chavista afirmou que a iniciativa deve defender o “direito ao livre comércio” do petróleo venezuelano e denunciou uma tentativa de Washington de impor, segundo ele, uma "licença global para saquear o mundo todo mais uma vez".
— Defender o livre comércio e a paz no Caribe e na Venezuela é defender o livre comércio e a paz em todo o mundo — declarou Maduro, ao conclamar a chamada “classe trabalhadora do petróleo” a levar a denúncia a fóruns internacionais e a dialogar com armadores e operadores portuários em diferentes países.
A convocação ocorre poucos dias depois de os Estados Unidos apreenderem, em águas próximas à costa venezuelana, o petroleiro Skipper, que transportava quase 2 milhões de barris de petróleo bruto. A operação, conduzida pela Guarda Costeira americana com apoio do Pentágono, foi autorizada por um juiz dos EUA com base em vínculos anteriores da embarcação com o contrabando de petróleo iraniano, alvo de sanções de Washington.
A Casa Branca informou nesta quarta-feira que o navio passa por um “processo de apreensão” e será transferido para um porto americano para a confiscação definitiva da carga. O governo venezuelano reagiu chamando a ação de “roubo descarado” e “ato de pirataria internacional”, acusando Washington de usar o combate ao narcotráfico como pretexto para pressionar economicamente o regime chavista.
Venezuela está cercada
A tensão aumentou ainda mais após Trump afirmar, em sua plataforma Truth Social, que a Venezuela estaria cercada pela “maior armada já reunida na história da América do Sul” e anunciar o “bloqueio total” de petroleiros sujeitos a sanções. Segundo Trump, o objetivo seria impedir que o “regime ilegítimo de Maduro está usando o petróleo desses campos roubados para financiar a si mesmo, o narcoterrorismo, o tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros".
Em resposta, o Palácio de Miraflores divulgou um comunicado na noite de terça-feira denunciando o anúncio como uma “ameaça grotesca, imprudente e grave”, que violaria “o direito internacional, o livre comércio e a livre navegação”. O texto acusa Trump de tentar impor um bloqueio naval militar “absolutamente irracional” para se apropriar das riquezas venezuelanas.
"A verdadeira intenção [de Trump] sempre foi se apoderar do petróleo, das terras e dos minerais do país por meio de campanhas de mentiras e manipulações", afirmou o governo Maduro, reiterando a soberania sobre seus recursos naturais e o direito à livre navegação no Caribe e em águas internacionais.
Caracas anunciou ainda que levará o caso às Nações Unidas e que seu embaixador denunciará formalmente o que considera uma violação grave do direito internacional. O governo chavista também apelou “ao povo americano e aos povos do mundo” para que rejeitem o que chamou de ameaça belicista.
InfraRoi - SP 18/12/2025
O Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), assinou, nesta segunda-feira (15/12), a ordem de serviço que autoriza o início das obras de duplicação da BR-104/AL. O investimento é de aproximadamente R$ 481,7 milhões e está contemplado no Novo PAC.
Nesta etapa, os serviços serão realizados no trecho entre o km 46,1 e o km 74,4, totalizando 28,3 quilômetros, do entroncamento com a BR-101, em Messias, até o município de Branquinha. O projeto prevê a duplicação da rodovia, além da implantação de pontes, viadutos e vias marginais, promovendo mais segurança viária e a eliminação de pontos críticos.
Por ser um importante eixo de integração regional, a obra trará benefícios diretos para municípios como Messias, Murici e Branquinha, além de outras cidades do Norte de Alagoas. Com as obras de duplicação e adequação, a BR-104 fortalecerá a ligação entre a divisa de Alagoas com Pernambuco e a capital Maceió, ampliando a integração regional e a conectividade com outros estados do Nordeste.
Duplicação da BR-104 vai ser feita com concreto
A duplicação da BR-104 integra um conjunto de intervenções estruturadas em quatro lotes, que abrangem os municípios de São José da Laje, União dos Palmares, Branquinha, Murici, Messias, Rio Largo e Maceió. O objetivo é modernizar a rodovia e ampliar sua capacidade operacional. “Essa será uma das obras mais modernas do Brasil, com pavimento em concreto (whithetopping) na sua pista que será implantada e também vamos restaurar a pista existente em concreto”, destacou o diretor-Geral do DNIT, Fabricio Galvão.
O empreendimento terá impacto socioeconômico significativo, ao impulsionar o desenvolvimento econômico, estimular o crescimento local e contribuir para a inclusão social da população da região. As melhorias vão garantir mais segurança e conforto aos usuários, reduzir o tempo de deslocamento e aumentar a capacidade da rodovia. Com isso, a BR-104 passará a absorver melhor o fluxo de veículos, ajudando a reduzir a sobrecarga da BR-101 e a promover uma distribuição mais equilibrada do tráfego na malha rodoviária federal.
Localizada no Norte de Alagoas, a BR-104 é um corredor estratégico de integração regional, conectando o estado a importantes polos de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Diário do Comércio - MG 18/12/2025
A qualidade da malha rodoviária brasileira melhorou em 2025, aponta a edição deste ano da Pesquisa CNT de Rodovias. Do total de 114 mil quilômetros de rodovias pavimentadas avaliadas, 37,9% foram classificados como ótimos ou bons, ante 33,0% no ano anterior. Já os trechos considerados ruins ou péssimos recuaram de 26,6% para 19,1%, enquanto a categoria regular manteve proporção semelhante, passando de 40,4% para 43,0%.
Divulgado nesta quarta-feira, 17, o levantamento completa 30 anos em 2025 e é realizado de forma contínua desde 1995. A coleta de dados foi feita por 24 equipes ao longo de 30 dias, entre 30 de junho e 29 de julho de 2025, com uso integral de ferramentas digitais e apoio de tecnologias de inteligência artificial, o que, segundo a CNT, ampliou a precisão e a confiabilidade das informações.
A classificação do Estado Geral considera três características da infraestrutura rodoviária: pavimento, sinalização e geometria da via, avaliando condições como qualidade do asfalto, placas, acostamentos, curvas e pontes.
Efeito das concessões
De acordo com a CNT, a melhora do estado geral está associada à ampliação das concessões e ao melhor direcionamento de recursos para manutenção e modernização da malha pública. “As concessões realizadas em 2025 foram decisivas para melhorar a qualidade das rodovias brasileiras. Elas trouxeram investimentos em manutenção e modernização, aumentando a segurança e o conforto dos usuários”, diz o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa
O estudo aponta a manutenção da tendência de melhores condições nas rodovias geridas pela iniciativa privada. Nas rodovias concedidas, os trechos avaliados como ruins ou péssimos caíram de 1,6 mil quilômetros em 2024 para 618 quilômetros em 2025, redução de 61,6%. Nas rodovias públicas, a queda foi de 23,3%, passando de 21,6 mil quilômetros para 16,5 mil quilômetros .
“Esta edição comprova que investimentos em infraestrutura geram resultados concretos. Reconhecemos os avanços recentes e os esforços do poder público para ampliar e qualificar a malha rodoviária brasileira. Já é possível perceber uma retomada no ritmo necessário de investimentos, mas é fundamental mantê-lo e ampliar ainda mais os recursos destinados ao setor”, afirma Vander Costa.
A entidade destaca que a continuidade desse movimento depende de investimentos regulares e planejamento de longo prazo, além da adoção de soluções tecnológicas e construtivas, como pavimentos mais duráveis e uso de novas tecnologias digitais para elevar a eficiência logística.
Impacto em custos
A pesquisa aponta ainda que a condição do pavimento tem impacto direto nos custos do transporte rodoviário. Considerando trechos classificados como bom, regular, ruim ou péssimo, a qualidade da via eleva, em média, em 31,2% os custos operacionais do setor.
Nas rodovias sob gestão pública, 64,4% apresentam algum problema no pavimento, o que resulta em aumento médio de até 35,8% nos custos operacionais. Já nas rodovias concedidas, 34,4% dos trechos apresentam irregularidades, com impacto médio de até 18,4% nos custos em comparação com vias classificadas como ótimas.
A CNT estima que a má qualidade do pavimento gere desperdício anual de R$ 7,2 bilhões apenas com consumo adicional de diesel, equivalente a cerca de 1,2 bilhão de litros. Na segurança viária, entre 2016 e julho de 2025, foram registrados 697,4 mil acidentes em rodovias federais monitoradas pela PRF, com custo econômico acumulado estimado em R$ 149,67 bilhões.
Diário do Comércio - MG 18/12/2025
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou, em reunião ordinária nesta quarta-feira (17), o edital de concessão das BR-116 e BR-251, localizadas em Minas Gerais. Com a autorização da autarquia, o leilão do lote rodoviário foi agendado para 31 de março de 2026, na B3, em São Paulo, marcando o primeiro certame de rodovias federais do ano.
Conhecido como Rota das Gerais, o trecho a ser repassado à iniciativa privada, por 30 anos, tem extensão de 734,9 quilômetros (km), abrange 24 municípios e possui nove praças de pedágio. Está previsto que a vencedora da disputa realize investimentos da ordem de R$ 12 bilhões, entre melhorias e serviços operacionais, ao longo do contrato.
O projeto engloba a BR-116, entre Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e a divisa do Estado com a Bahia, e a BR-251, no entroncamento com a primeira rodovia até Montes Claros, no Norte mineiro. A expectativa é que o lote rodoviário receba, por exemplo, 186,6 km de duplicação e 160 km de faixa adicional. Estima-se a geração de aproximadamente 127,5 mil empregos diretos, indiretos e por efeito-renda.
Conforme o diretor-geral da ANTT e relator do processo, Guilherme Theo Sampaio, a concessão adota um modelo de menor tarifa combinado com curva de aporte, com mecanismo de reclassificação tarifária, estimulando a ampliação da capacidade.
Além disso, incorpora inovações regulatórias da quinta etapa de concessões federais, com tarifas diferenciadas por pistas simples e pista dupla, desconto ao usuário frequente, programa carbono zero, recursos vinculados e mecanismos de infraestrutura resiliente. E também compreende uma nova modelagem de alocação de risco, visando à maior eficiência, previsibilidade e equilíbrio contratual.
Rota das Gerais deve fechar ciclo de concessões em Minas por enquanto
Vale dizer que o certame da Rota das Gerais deve fechar o ciclo de leilões de rodovias federais em Minas Gerais por ora. Em outubro, Sampaio informou que a agência não estuda, no momento, novas concessões rodoviárias no Estado.
Cabe destacar que, somente em 2025, três lotes rodoviários que abrangem trechos mineiros foram leiloados pelo governo federal. Juntos, esses projetos totalizam aproximadamente R$ 33,7 bilhões em investimentos previstos para o período de duração dos contratos.
Em abril, o consórcio Nova Estrada Real, composto pela brasileira Construcap e pelas espanholas Ohla e Copasa, venceu o leilão do trecho de 218,9 km das BR-040 e BR-495, entre Juiz de Fora, na Zona da Mata, e o Rio de Janeiro. A Elovias, empresa criada pelo consórcio, vai administrar as rodovias por três décadas e terá que investir R$ 8,8 bilhões.
Já em novembro foi a vez da Way Concessões ganhar a disputa pela Rota Sertaneja, concessão de 530,6 km das BR-153 e BR-262, que perpassam Goiás e Minas Gerais. A concessionária ficará na operação por 30 anos e se comprometeu a aportar R$ 10 bilhões.
Por último, neste mês, a Motiva arrematou o trecho de 569 km da BR-381 entre o Estado e São Paulo, conhecido como Fernão Dias, até então gerido pela Arteris. Por se tratar de um certame de otimização contratual, a empresa será a gestora da rodovia por 15 anos. Neste caso, o investimento total será de R$ 14,8 bilhões.
A Elovias assumiu a operação no mês passado. A Way Concessões e a Motiva ainda precisam assinar os contratos de concessão para começarem a operar as rodovias.