Diário do Comércio - MG 19/11/2025
Usinas siderúrgicas resolveram adiar para janeiro um reajuste de 5% a 8% em seus produtos planos que seria aplicado em dezembro, em meio à expectativa de uma queda sazonal do mercado interno dezembro e pressão de importadores para internalizar milhares de toneladas de aço antes da possível imposição de medidas de defesa comercial pelo Brasil.
“O novo aumento (de preço) em dezembro foi posto de lado”, disse o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (18).
“O pessoal está anunciando novo reajuste para janeiro… é uma maneira de forçar para que dezembro não seja um mês tão ruim, pois quando se posterga o aumento, o pessoal vai tentar ajustar estoques ainda nos preços antigos”, acrescentou.
Apesar das importações de aço plano pelo Brasil terem recuado 9,2% em outubro ante o mesmo mês de 2024, o Inda avalia que há ainda grande quantidade de aço a ser descarregada em portos brasileiros, o que deve pressionar o mercado nacional até abril ou maio, disse Loureiro.
Segundo ele, o principal porto de entrada de aço plano no país, de São Francisco do Sul (SC), tem cerca de 500 mil toneladas em terra e esperando desembarque.
“Um navio chegou em 24 de outubro com 45 mil toneladas e esse navio esta previsto descarregar em 25 de novembro…ainda tem volume grande de material que está chegando que vai fazer pressão forte nos próximos três a quatro meses”, disse o presidente do Inda.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/11/2025
A Comissão Europeia introduziu cotas de importação em certas ligas metálicas usadas na fabricação de aço para proteger os produtores domésticos de uma enxurrada de importações mais baratas.
As medidas incluem cotas tarifárias específicas por país para algumas ferroligas, – ligas feitas pela combinação de ferro com outros elementos – limitando o volume de importações que podem entrar na UE sem tarifas, disse a Comissão nesta terça-feira.
Sob as novas regras, um sistema de preço de referência será aplicado. Se o preço das ferroligas importadas cair abaixo de um preço de referência estabelecido, uma tarifa será imposta. Esta tarifa será igual à diferença entre o preço de referência e o preço real de importação. No entanto, se o preço do metal importado atender ou exceder a referência, nenhuma taxa será cobrada.
As medidas devem expirar em 17 de novembro de 2028.
O bloco também informou hoje que planeja restringir importações de sucata de alumínio em 2026. Fonte: Dow Jones Newswires.
*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado
Diário do Comércio - MG 19/11/2025
O próximo ano deve começar com expectativas moderadas de crescimento, inflação em desaceleração, e juros ainda elevados. Para a indústria, o cenário é de custos mais previsíveis, demanda interna impulsionada por investimentos públicos e concessões, além de exportações pressionadas por concorrência em mercados estratégicos. A reforma tributária avança, prometendo simplificação no médio prazo, mas exigindo rápida adaptação. O câmbio segue volátil, e os preços internacionais de energia e metais indicam estabilidade.
Em óleo e gás, os investimentos permanecem relevantes. A exploração do pré-sal e os projetos de reposição de reservas sustentam a demanda por bens e serviços industriais. No gás natural, contratos de longo prazo e preços menos voláteis favorecem cadeias intensivas em energia, como as indústrias química, de materiais e fertilizantes.
Em siderurgia e mineração, a demanda interna tende a crescer, impulsionada por construção civil, infraestrutura e segmentos industriais. Já as exportações seguem atreladas à performance da China, e a concorrência com aço importado pressiona preços. As oportunidades virão de ganhos de eficiência e nichos de maior valor agregado, como aços especiais, energias renováveis e mobilidade elétrica.
Na indústria química, importações e custos energéticos seguem desafiadores, mas há espaço para substituição competitiva de importados em derivados de petróleo e gás, fertilizantes e especialidades voltadas à saúde, ao agro e a alimentos. A competitividade virá da escala, integração e proximidade dos mercados consumidores.
O setor de máquinas e equipamentos deve ter demanda estável, sustentada por projetos em infraestrutura, mineração, celulose e agronegócio. O foco seguirá em produtividade, automação, eficiência energética e digitalização.
Na cadeia de celulose e papel, 2026 combinará câmbio favorável, florestas de rápido crescimento, alta eficiência industrial e expansão da capacidade instalada. A demanda permanecerá forte em embalagens e tissue, impulsionada por e-commerce e higiene, enquanto o papel gráfico se destaca em nichos premium. Os desafios continuarão em logística e sustentabilidade.
Construção e infraestrutura serão vetores centrais da demanda industrial. Programas públicos, concessões e obras em saneamento, energia, logística e habitação impulsionarão setores como cimento, aço, químicos e máquinas. O desafio será garantir execução com qualidade e eficiência. A escassez de mão de obra qualificada, especialmente em construção e celulose e papel, pode limitar o ritmo de expansão e gerar efeitos em cadeia sobre outros setores.
Assim, 2026 exigirá foco disciplinado em custos, captura da demanda proveniente de construção, infraestrutura e transição energética. O uso estratégico de tecnologias que aumentem a produtividade, além de rigor em governança, será essencial para navegar pela reforma tributária. As lideranças deverão buscar integração de cadeias locais, financiamento verde e aceleração na qualificação de pessoas. Não será um ano para aguardar, e sim para escolher as batalhas, executar com consistência e ser mais eficiente, previsível e relevante.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/11/2025
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta terça-feira, 18, que o nível da taxa Selic é “um problema.” Ele afirmou que a redução dos juros permitiria à indústria vender produtos de valor mais alto, como caminhões.
“Nós temos um problema que espero possa começar a ser resolvido logo, que é a questão da taxa de juros”, disse Alckmin, após participar de um evento de uma montadora em São José dos Pinhais (PR). “Estamos buscando outras alternativas, mas estamos trabalhando para ter juros mais baixos.”
No início deste mês, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve a Selic em 15% ao ano. No comunicado e na ata da sua decisão, o colegiado repetiu que, diante da desancoragem das expectativas, é necessário manter juros “significativamente contracionistas por período bastante prolongado”.
Na sua fala, o vice-presidente destacou que a Selic foi elevada para combater a inflação. Ele disse que o dólar, que chegou a R$ 6,30 no fim do ano passado, já caiu a R$ 5,30. Ao mesmo tempo, a safra recorde esperada para 2025 deve reduzir os preços de alimentação, ele afirmou.
“O clima ajudou. Cai o preço da comida, cai o dólar, a inflação cai. Caindo a inflação, caem os juros”, disse Alckmin.
O Estado de S.Paulo - SP 19/11/2025
Uma das variáveis mais acompanhadas pelos especialistas em inflação, o custo unitário do trabalho tem sido um importante componente de pressão sobre os preços de serviços ao longo deste ano, e não há sinais de que vá parar de subir em 2026. Não à toa, o consenso das estimativas de analistas aponta para apenas uma leve desaceleração do IPCA entre 2025 e 2026.
É pelo custo unitário do trabalho que se tem ideia de quanto as empresas estão repassando ao preço final de seus produtos ou serviços o aumento de salários dos funcionários. Isso porque essa métrica leva em conta não só a variação dos salários, mas também a produtividade dos trabalhadores.
Se os salários aumentam, mas os empregados produzem mais por hora trabalhada, por exemplo, então as empresas podem absorver a alta na folha de pagamentos.
O problema é que no Brasil, nos últimos anos, a produtividade está praticamente estagnada. Assim, o custo unitário do trabalho acaba sendo somente o reflexo dos reajustes salariais.
“De um lado, o acréscimo mais elevado dos salários tem um fator benigno, que é o aumento da demanda doméstica e da atividade econômica; de outro, com a estagnação da produtividade, há um impacto sobre o custo das empresas e, por tabela, uma maior pressão sobre a inflação”, diz Alexandre Maluf, economista da XP. “Como não vejo um choque de produtividade no curto ou médio prazo, além de um mercado de trabalho seguindo apertado em 2026, em razão de estímulos fiscais e de crédito, a trajetória do custo unitário do trabalho seguirá ascendente.”
Em razão do impacto desse custo sobre os setores mais intensivos de mão de obra, como o de serviços, Maluf vê uma desaceleração mais lenta da inflação em 2026. Ele projeta um IPCA de 4,2% no ano que vem, ante uma inflação estimada em 4,5% em 2025.
Para a inflação de serviços, por exemplo, Maluf prevê uma alta de 6,1% neste ano e de 5,3% em 2026, ou seja, ainda bem acima da meta de 3%.
Nos cálculos da XP, o custo unitário do trabalho no setor de serviços no segundo trimestre deste ano (dados mais recentes disponíveis) registrou aumento de 4% em relação a 2024. Maluf estima um aumento de 3,2%, na média deste ano, no rendimento habitual real dos trabalhadores. Para 2026, a previsão é de alta de 2,5%.
Sem novas reformas estruturais que possam elevar a produtividade, a inflação poderá ficar à mercê da dinâmica dos salários para convergir à meta de 3%, e não depender de choques favoráveis, como um câmbio apreciado puxando para baixo os preços de bens industrializados ou de alimentos.
Agência Brasil - DF 19/11/2025
A economia brasileira cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em comparação com o segundo trimestre e acumula avanço de 2,5% no período de 12 meses. Especificamente na passagem de agosto para setembro, o comportamento foi estável, ou seja, variação nula.
Os dados fazem parte do Monitor do PIB, estudo mensal elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV (Fundação Getulio Vargas), divulgado nesta terça-feira (18).
A pesquisa faz estimativas sobre o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), indicador do conjunto de todos os bens e serviços produzidos no país.
A informação entre trimestres e meses seguidos é dessazonalizada, isto é, foram excluídas variações sazonais, de forma que seja possível comparar períodos diferentes.
Em termos monetários, a FGV estima o PIB brasileiro no acumulado até o terceiro trimestre em R$ 9,370 trilhões.
Acompanhe a cobertura completa da EBC na COP30
Fatores
De acordo com a economista Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, o setor de serviços e o consumo das famílias, maiores componentes do PIB, ficaram estagnados, “e os outros componentes pouco contribuíram para um desempenho mais forte da economia”.
Ao analisar os dados interanuais – que apresentam menos volatilidade que os períodos imediatamente seguidos – a FGV constata que o consumo das famílias, que vinha crescendo anualmente praticamente acima de 3% desde 2021, apresentou visível desaceleração ao longo de 2025, registrando apenas 0,2% de expansão no terceiro trimestre, comparado ao mesmo período de 2024.
“Apesar do resultado levemente positivo, o consumo de bens apresentou desempenho negativo, tanto em duráveis, como em não duráveis. O consumo de serviços, apesar de positivo, desacelerou significativamente no último trimestre”, frisa o estudo.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede a capacidade produtiva da economia, recuou 0,4% na comparação entre os terceiros trimestres de 2024 e 2025, muito impactado pelo comportamento fraco do setor de máquinas e equipamentos. É a primeira queda desde o trimestre móvel terminado em janeiro de 2023.
Juro alto
Coordenadora do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre, Juliana Trece aponta que a política monetária – nível dos juros - é a explicação para a desaceleração do consumo e recuo da capacidade de investimento.
“Os juros elevados, com certeza, têm uma contribuição importante para esse resultado”, disse à Agência Brasil.
Esse efeito dos juros é justamente o objetivo do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que mantém a taxa básica em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006 (15,25%). A escalada da Selic se iniciou em setembro do ano passado.
A política de juro alto é uma tentativa de frear a inflação, que está há 13 meses acima do limite máximo da meta do governo, que vai até 4,5% ao ano.
“Por mais que agora já esteja acomodado no patamar bastante elevado, de 15%, a gente sabe que tem um efeito defasado na atividade econômica, e esse efeito está chegando mais evidentemente agora nesse resultado do terceiro trimestre”, aponta.
Tarifaço
Já as exportações cresceram 7%, no mesmo intervalo de comparação interanual. É a maior alta desde o trimestre móvel encerrado em maio de 2024. Houve crescimento em todos os grupos de produtos exportados, com destaque para os da indústria extrativa, que contribuíram com cerca de 44% para o crescimento total das exportações.
Juliana Trece chama atenção para o fato de as exportações terem crescido no terceiro trimestre, mesmo sob a imposição do tarifaço americano, que cobra taxa de até 50% sobre parte dos produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos.
Para a economista, a política protecionista americana não teve impacto generalizado.
"Claro que alguns segmentos podem ter sofrido mais, por exemplo, o madeireiro, que tem muito essa questão de ser direcionado para os Estados Unidos, mas não apareceu no resultado como um todo, então não teve esse impacto tão global nas exportações".
Resultado oficial
O Monitor do PIB é um dos estudos que servem como termômetro da economia brasileira.
Outro levantamento é o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-BR), divulgado na segunda-feira (17), que indicou recuos de 0,2% na passagem de agosto para setembro e de 0,9% no terceiro trimestre em comparação com o segundo trimestre. No acumulado de 12 meses, houve expansão de 3%.
O resultado oficial do PIB é apresentado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A próxima divulgação será referente ao terceiro trimestre de 2025, em 4 de dezembro.
Jornal de Brasília - DF 19/11/2025
O coordenador do Índice de Preços do Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira, diminuiu a projeção para o índice em 2025, de alta de 4,3% para próximo de 4%, atrelada à surpresa positiva com o grupo Alimentação. Para novembro, a previsão foi reduzida de 0,28% para 0,27%.
“A alimentação tem sido uma surpresa positiva para a inflação, com quedas mais intensas que o esperado”, afirmou o coordenador.
Na segunda quadrissemana de novembro, o grupo Alimentação registrou queda de 0,04%, ante previsão de alta de 0,25%. “Numericamente não é tão distante, mas afeta o índice”, disse.
Moreira considera que o grupo passa por uma queda generalizada, com recuos em produtos in natura, alimentos industrializados e semielaborados.
IPC- Fipe na 2ª quadrissemana
O IPC, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,20% na segunda quadrissemana de novembro, desacelerando levemente ante a variação de 0,24% registrada na primeira quadrissemana do mês, segundo dados publicados pela Fipe nesta terça-feira.
Na leitura do período, três dos sete componentes do IPC-Fipe desaceleraram: Habitação (de 0,06% na primeira quadrissemana de novembro para queda de 0,11% na segunda quadrissemana), Alimentação (de 0,23% para -0,04%) e Saúde (de 0,20% para 0,00%)
Por outro lado, os demais itens ganharam força de um período para o outro: Transportes (de 0,43% para 0,52%), Despesas Pessoais (de 0,53% para 1,07%), Vestuário (de 0,20% para 0,26%) e Educação (de 0,05% para 0,06%).
CNN Brasil - SP 19/11/2025
A CSN anunciou nesta terça-feira (18) que está negociando com a controlada CSN Mineração a venda de parte de sua fatia na ferrovia MRS, segundo fato relevante ao mercado.
A companhia não deu qualquer detalhe sobre as discussões, afirmando que a quantidade e o preço das ações da MRS "ainda não foram determinados".
Mais cedo, a agência de classificação de risco S&P colocou o rating da CSN em observação negativa, citando o nível de dívida da empresa e redução de alavancagem mais lenta do que a esperada.
A CSN detém 19% da MRS e a CSN Mineração outros 19%. O presidente do conselho de administração da operadora ferroviária é Luis Fernando Martinez, diretor comercial da CSN, segundo dados da MRS.
No início do mês, o diretor financeiro da CSN, Antonio Marco Rabello, afirmou a analistas que a companhia estava em estágio avançado para a criação de uma empresa que concentrará os ativos de infraestrutura do grupo, como forma de levantar capital para reduzir dívidas.
Valor - SP 19/11/2025
Os contratos do minério de ferro para janeiro, os mais negociados, fecharam em alta de 1,41% na Bolsa de Dalian, cotados a 792 yuans (US$ 111,42) a tonelada.
A recente recuperação do mercado da commodity, segundo a Nanhua Futures, é parcialmente devido a baixas avaliações. Contudo, os analistas dizem procurar por oportunidades para assumir posições vendidas em minério em níveis mais altos.
CNN Brasil - SP 19/11/2025
Fornecedores automotivos alemães ainda enfrentam escassez de fornecimento de chips provocada por uma disputa sobre a fabricante Nexperia, e o problema causa interrupção de produção na Bosch, afirmou a empresa nesta terça-feira (18).
China e Holanda têm travado uma batalha pelo controle da Nexperia, embora haja esperanças de que o impasse seja amenizado com o envio de uma delegação do governo holandês a Pequim nesta semana para tentar chegar a um acordo.
A Bosch disse que está enfrentando interrupção em três fábricas: Ansbach e Salzgitter, na Alemanha; e Braga, em Portugal.
"Continuamos a priorizar tudo o que podemos para atender nossos clientes e evitar restrições de produção ou mantê-las em um nível mínimo", disse a companhia.
Os chips da Nexperia, com sede na Holanda, são tecnologicamente simples, mas onipresentes em sistemas eletrônicos de automóveis e outros produtos de consumo.
O governo holandês assumiu o controle da empresa chinesa em setembro por temer transferências de tecnologia, o que levou Pequim a restringir as exportações de produtos acabados da empresa a partir da China.
Isso fez com que os principais fornecedores, como Bosch, Aumovio e ZF Friedrichshafen, buscassem fornecedores alternativos, enquanto o Ministério do Comércio da China concedeu isenções de proibição de exportação para alguns deles.
A ZF Friedrichshafen disse que têm certeza sobre fornecimento até meados da próxima semana.
A associação automotiva alemã VDA disse que a situação continua tensa.
"É muito cedo para dar tudo certo - não podemos descartar outros impactos nas cadeias de suprimentos nas próximas semanas", disse o diretor administrativo da VDA, Marcus Bollig, à Reuters.
A escassez está atingindo as cadeias de suprimentos em todo o mundo, com a japonesa Nissan cortando produção em mais de 1.400 veículos na próxima semana, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.
Enquanto isso, a Honda sinalizou alguma flexibilização, dizendo que retomará a produção regular em suas fábricas na América do Norte.
No Brasil, a indústria automotiva chegou a soar alarme sobre possível escassez de componentes eletrônicos semelhante à ocorrida durante a pandemia. Mas no início do mês, o governo chinês anunciou abertura de canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro para evitar desabastecimento.
Infomoney - SP 19/11/2025
A Renault e a parceira chinesa Geely anunciaram nesta terça-feira investimento de R$3,8 bilhões no complexo fabril do grupo francês em São José dos Pinhais (PR).
Os recursos serão usados para produção de uma nova plataforma de veículos eletrificados da Geely (GEA), que dará origem a dois modelos que serão produzidos no segundo semestre de 2026.
Na Renault, os recursos serão usados em renovação de um veículo que será lançado no segundo semestre do próximo ano e na produção de uma plataforma eletrificada, que dará origem a um novo modelo da marca francesa a ser lançado em 2027, afirmaram as empresas em comunicado à imprensa.
O anúncio do investimento após acordo das montadoras neste mês em que a Geely assumiu participação de 26,4% na Renault do Brasil.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/11/2025
As tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos devem continuar prejudicando a lucratividade das montadoras japonesas e sul-coreanas durante 2026, segundo avaliação divulgada nesta terça-feira (18), pela Fitch Ratings. A agência projeta que a alíquota para produtores coreanos cairá para 15% em 2026, alinhando-se à aplicada aos japoneses e europeus após acordo comercial recente entre EUA e Coreia do Sul.
A situação levou a Fitch a revisar suas avaliações de crédito para algumas das principais montadoras japonesas e coreanas. A Honda teve sua perspectiva alterada para negativa em setembro, com expectativa abaixo de 5% nos próximos dois anos. A Nissan sofreu rebaixamento de rating em abril e mantém perspectiva negativa, enquanto Toyota e Hyundai preservaram classificações estáveis, apoiadas por operações diversificadas e solidez financeira.
Além das tarifas, as montadoras de automóveis enfrentam um cenário global desafiador, com projeção de crescimento de apenas 0,3% nas vendas de veículos em 2026. A retirada dos subsídios americanos para veículos elétricos em setembro de 2025 e a concorrência de fabricantes da China em mercados internacionais aumentam a pressão no setor. Com isso, as empresas buscam mitigar os impactos através de produção nos EUA, redução de custos e foco em modelos de maior margem de lucro.
Valor - SP 19/11/2025
País será o primeiro fora da China a produzir modelos da companhia fundada em 2015
A Stellantis decidiu começar a produzir carros da parceira chinesa Leapmotor no Brasil. A informação foi confirmada ao Valor pelo presidente global da companhia, Antonio Filosa. O Brasil se tornará, assim, o primeiro país fora da China a produzir veículos da marca. Torna-se, também o ponto de partida para a Stellantis, dona de 14 marcas - agora 15 com a Leapmotor -, ingressar numa nova fase da indústria automobilística mundial. Uma etapa em que montadoras ocidentais se aliam às orientais para acelerar a eletrificação dos veículos e, assim, não perder terreno numa corrida em que as chinesas largaram na frente.
Filosa não revela detalhes do novo plano e nem em qual das três fábricas que a Stellantis tem no Brasil serão produzidos os modelos da Leapmotor. A Leapmotor foi fundada em 2015 em Hangzhou, China, para produzir elétricos e híbridos. Em 2023, a Stellantis adquiriu cerca de 20% de participação na empresa e foi criada uma joint venture para levar a marca para fora da China.
Filosa não esconde sua admiração pela forma como a China assumiu a liderança na era da eletrificação dos automóveis. “Durante 20 anos, a China trabalhou para o longo prazo de uma forma visionária e consistente para criar o ecossistema necessário para carros elétricos competitivos e acessíveis”, afirma.
O executivo lembra, ainda, que os chineses aprovaram políticas industriais que impulsionaram fornecedores e montadoras a investir na nova tecnologia, e com incentivos ao consumidor, que, aos poucos foram sendo eliminadas. “O setor privado respondeu e criou competência nessa tecnologia, além de uma grande força de gestão em toda a cadeia de valor, das matérias-primas à entrega do carro”, diz.
É inspirado nessa dinâmica chinesa que Filosa busca, agora, movimento semelhante na Europa para a indústria ocidental avançar na mesma direção. O executivo é um dos líderes envolvidos em negociações do setor com a Comissão Europeia para definição de parâmetros para a descarbonização na próxima década. “A Europa não teve esses 20 anos [dos chineses]. Não teve esse planejamento consistente”.
“Precisamos de tempo. Mas também somos muito fortes em outras formas de descarbonização”, afirma. Filosa espera que em dezembro as autoridades europeias comecem a se manifestar em relação às demandas da indústria. Os pedidos incluem, por exemplo, a neutralidade tecnológica. “O cliente não quer só o carro elétrico; outras opções podem ser trabalhadas de forma positiva para a descarbonização.
Outro pedido encaminhado pelas montadoras é o que Filosa chama de supercréditos para carros pequenos eletrificados. Isso consequentemente ajudaria na renovação da frota. “Dos 256 milhões de veículos que rodam pela Europa, 150 milhões têm mais de 12 anos. É óbvio que esses carros poluem mais”, afirma.
A autorização para a operação industrial da Leapmotor no Brasil e as negociações com a Comissão Europeia em torno de metas de descarbonização são apenas duas das tarefas que têm ocupado o executivo que há apenas 140 dias assumiu o comando global da Stellantis, empresa cuja receita somou € 37,2 bilhões no terceiro trimestre.
Desde que chegou ao posto, em junho, esse engenheiro italiano de 52 anos que fez no Brasil boa parte da carreira, também organizou a equipe, promovendo executivos como Emanuele Cappellano, que em outubro deixou a presidência da Stellantis na América do Sul para assumir o comando das operações das marcas europeias do grupo.
Um dos trabalhos que mais tem exigido esforço, porém, é a reestruturação da companhia nos Estados Unidos. Em outubro, a Stellantis anunciou investimento de US$ 13 bilhões nas operações dos EUA nos próximos quatro anos. É o maior da história da companhia no país, diz Filosa.
Segundo ele, a investida envolve produção de novos veículos e desenvolvimento de novos em fábricas de Illinois e Ohio. “Os governos desses Estados estão felizes”, diz. Para completar, uma fábrica que estava parada, em Warren, Michigan, será reativada.
Filosa garante que a reestruturação da companhia nos Estados Unidos não está ligada à decisão do governo de Donald Trump de impor novas tarifas de importação e que já provocaram, para a Stellantis, perdas de mais de US$ 1 bilhão. “Trata-se de um mercado que vai crescer”, afirma.
Sem dar detalhes, o executivo diz que a ideia é recuperar espaço perdido por “decisões do passado”. “Por exemplo, eliminamos [do portfólio nos EUA] sete modelos de veículos que, juntos, alcançavam vendas anuais de 300 mil unidades. Isso provocou forte queda de participação”, diz.
Tivemos a globalização; hoje temos a regionalização”
— Antonio Filosa
O aumento da atividade industrial da Stellantis nos EUA não significa, porém, diz Filosa, o enfraquecimento da produção nas fábricas do México e Canadá, cuja produção destinada ao mercado americano foi taxada em 25% no tarifaço de Trump. Segundo ele, as fábricas do México e do Canadá estão sendo preparadas para ter mais capacidade por meio de mais turnos de trabalho.
“No passado tivemos a globalização; hoje temos a regionalização”, destaca. E, diz, as empresa devem produzir mais perto do mercado consumidor.
A América do Sul é, para Filosa, um exemplo disso. A região, aliás, é a que menos trabalho lhe dá, afirma, com bom humor, o executivo que concedeu essa entrevista em Betim (MG), local onde fica a fábrica para onde ele foi transferido, vindo da Itália, na sua primeira passagem pelo Brasil, em 2005.
Foi nessa mesma fábrica que, em março deste ano, John Elkann, hoje chairman da Stellantis e herdeiro da família Agnelli, fundadora da Fiat, disse a jornalistas que estava à procura de um novo CEO para a Stellantis.
A vaga deixada por Carlos Tavares (ex-Peugeot Citroën) estava vazia desde o fim do ano passado, quando o executivo português deixou o cargo sob pressão de acionistas e revendedores.
Na ocasião, Elkann disse não ter pressa. Ele havia criado um comitê, responsável por escolher o melhor candidato, que poderia ser tanto da própria companhia como externo. Naquele dia Filosa estava ao seu lado.
Na primeira transferência de Filosa para Betim, em 2005, ele atuou em áreas como planejamento. Isso foi seis anos depois de esse engenheiro nascido em Nápoles e formado em Milão começar a trabalhar na Fiat. Desde o início, ele já tinha o sonho, segundo disse numa entrevista tempos atrás, de uma carreira internacional.
A segunda passagem pelo Brasil foi em 2018, quando ele assumiu a presidência, na América Latina da FCA Fiat Chrysler, que em janeiro de 2021 se juntou à PSA Peugeot Citroën. Dessa união nasceu a Stellantis.
Do Brasil, Filosa seguiu para os EUA, onde assumiu o comando da Jeep e, pouco depois, se tornou o chefe de operações das Américas, cargo que acumula até hoje.
Filosa ainda mora nos EUA, próximo a Detroit. E continua falando fluentemente o português, idioma que fala em casa com a esposa mineira e os dois filhos nascidos no Brasil e agora com quatro e sete anos. A temporada tem sido boa para a família que, segundo Filosa, tem se dedicado à adaptação a uma nova cultura.
Os meninos, claro, diz, vão aprender a falar inglês melhor do que ele. O cargo exige movimento. Segundo diz, desde que assumiu o posto, passou mais da metade do tempo fora dos EUA, em viagens pela Europa, América do Sul, Ásia e Oriente Médio e África, dois continentes onde as operações da companhia começam a crescer.
Diário do Comércio - MG 19/11/2025
A companhia de logística VLI registrou o melhor mês de outubro de sua história em termos de movimentação de grãos e farelos nas suas ferrovias, com 2,03 milhões de toneladas, crescimento de 14% ante o mesmo período de 2024, afirmou a companhia, antecipando relatório à Reuters.
Em meio ao escoamento de uma safra recorde do Brasil e com uma demanda externa firme por produtos como soja, milho e farelos, a VLI disse ainda que suas unidades portuárias no Maranhão, Espírito Santo e São Paulo registraram 1,29 milhão de toneladas em outubro, um avanço de 42% na comparação anual.
As cargas têm como destino países do continente americano, Ásia e Europa.
“Os recordes alcançados refletem uma execução operacional consistente e o fortalecimento da nossa posição no mercado, ampliando participação e agregando valor à cadeia do agronegócio brasileiro”, disse o gerente-geral comercial de Grãos e Fertilizantes da VLI, Gabriel Fonseca, em nota.
Os produtos são transportados pelo sistema Leste, que liga o Triângulo Mineiro ao sistema portuário do Espírito Santo, por meio da Ferrovia Centro-Atlântica; Sudeste, que conecta o Centro-Oeste à região do porto de Santos, também pela FCA; e Norte, que possibilita que a produção do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) alcance o mercado global por meio do tramo norte da Ferrovia Norte-Sul, controlado pela VLI, e do sistema portuário de São Luís.
Petro Notícias - SP 19/11/2025
O Nordeste acumulou 65,1 milhões de toneladas movimentadas nos portos públicos da região nos nove primeiros meses do ano, de acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O volume de cargas revela um movimento de crescimento expressivo nos granéis sólidos, com alta de 3,6%, e avanço consistente nos contêineres, de 2,3%, que vêm ganhando peso na matriz portuária nordestina. De janeiro a setembro, a soja, em particular, assumiu o protagonismo, alcançando 13,9 milhões de toneladas e se tornando a principal mercadoria da região, avanço de mais de 11% frente ao ano passado. O desempenho impulsionou o Porto do Itaqui (MA), que registrou 28,3 milhões de cargas transportadas e cresceu 8,73%, consolidando-se como o porto com maior movimentação do Nordeste e um dos principais corredores de exportação do país.
Em paralelo, Suape (PE), mesmo com retração no volume total, puxada pela queda do granel líquido, manteve uma posição de destaque. O porto liderou novamente a movimentação de contêineres no Nordeste, atingindo 5,5 milhões de toneladas, o que reforça seu papel como hub logístico para navegação de longo curso e distribuição para todo o país. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que os resultados confirmam a força estrutural do Nordeste e o impacto dos investimentos em infraestrutura promovidos pelo Governo Federal. “O Nordeste tem papel estratégico para o Brasil e segue avançando na diversificação de cargas e na modernização dos portos. Estamos trabalhando para ampliar eficiência, competitividade e qualidade dos serviços portuários, garantindo mais segurança para o setor e fortalecendo os corredores logísticos que impulsionam o desenvolvimento da região.”
Além de Itaqui e Suape, os portos de Salvador (BA), com 4,6 milhões de toneladas, Aratu (BA), 4,5 milhões, e Fortaleza (CE), 3,6 milhões, tiveram variações moderadas, acompanhando o comportamento das cargas líquidas e petroquímicas. Nos destaques, nos nove meses do ano, os granéis sólidos cresceram 3,63%, os contêineres avançaram 2,32%, e a carga geral manteve alta de 1,30%.
Valor - SP 19/11/2025
Ministro relator, Antonio Anastasia votou pela concorrência em uma única fase, mas outros membros defenderam o modelo com duas etapas
A controvérsia em torno da licitação do megaterminal de contêineres no Porto de Santos, o Tecon Santos 10, se refletiu na votação do plenário do Tribunal de Contas da União (TCU). Na discussão sobre como ficará a regra de concorrência do leilão, realizada em sessão extraordinária na tarde de terça-feira (18), vieram à tona posições divergentes: enquanto o ministro relator, Antonio Anastasia, defendeu a concorrência em uma única fase, sem restrições para a participação de empresas, o ministro Bruno Dantas votou pela competição em duas etapas, em que empresas de navegação não poderiam participar na primeira rodada da disputa.
Em meio à votação, o ministro Augusto Nardes disse que precisaria analisar melhor alguns aspectos e pediu vista, com suspensão por 15 dias. Com isso, a discussão deverá ser retomada daqui a duas semanas, no dia 8 de dezembro.
Embora a votação tenha sido suspensa, ao menos dois ministros já demonstraram alinhamento com Dantas. O próprio Nardes, antes da leitura do relatório, já tinha sinalizado concordância com o voto, embora depois tenha feito o pedido de vista. O ministro Walton Alencar também antecipou, oficialmente, o voto favorável à proposta em duas etapas. Além disso, o ministro Jorge Oliveira sinalizou que ele “muito provavelmente” vai convergir com essa posição.
Com isso, fontes do setor portuário veem um cenário positivo para a manutenção da licitação em duas fases, com restrições para que Maersk e MSC disputem a primeira etapa da disputa. As duas gigantes globais de navegação, que são sócias do Brasil Terminal Portuário (BTP) em Santos, estão entre os maiores interessados do terminal e têm defendido o modelo de leilão em uma fase, sem limitação de concorrência.
O projeto, que o governo planeja licitar em 2026, deverá contratar R$ 6,5 bilhões em investimentos. A licitação é vista com grande expectativa pelo mercado, e a regra sobre quem poderá disputar o contrato tem sido alvo de forte disputa entre empresas privadas nos bastidores. Além de Maersk e MSC, há diversas companhias nacionais e estrangeiras interessadas em entrar no porto.
A votação do TCU tem sido vista como decisiva. Em junho, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) definiu a realização do leilão em duas fases, em que todos os grupos que já operam contêineres no porto de Santos ficariam de fora da primeira rodada - o que barraria Maersk, MSC, CMA CGM (dona da Santos Brasil) e a DP World. Estas companhias só poderiam disputar em uma segunda fase da licitação, caso a primeira não atraísse interessados, cenário considerado remoto. O Ministério de Portos tem apoiado a agência, no entanto, a avaliação é que dificilmente o governo irá contra a determinação do TCU.
No relatório de Anastasia, ele defendeu a licitação única e aberta a todos os grupos, com a condição de que, caso um atual dono de terminal vença a disputa, este terá que fazer o desinvestimento do ativo existente.
A hipótese, que já tinha sido defendida pela Seae (Subsecretaria de Acompanhamento Econômico e Regulação), do Ministério da Fazenda, e pela área técnica do TCU, agrada a Maersk e a MSC, segundo fontes, dado que as empresas têm planos de desfazer a sociedade no BTP, e o Tecon 10 seria uma forma de viabilizar a separação.
Segundo Anastasia, essa possibilidade de desinvestimento já está prevista no próprio modelo da Antaq, que previu a exigência de desinvestimento caso algum operador do porto vencesse na segunda etapa da licitação. “Me parece que a autarquia, ao não acolher o desinvestimento na primeira fase, ela fere legislação de isonomia”, defendeu o ministro relator do caso.
O governo federal tem corrido para fazer em 2026 a licitação do megaterminal
Já o voto revisor do ministro Dantas foi em outra direção. Ele defendeu a realização da licitação em duas fases, tal como inicialmente previsto pela Antaq. Porém, com a diferença de que na primeira etapa se dê não para todos os operadores de contêineres do porto, mas apenas aos armadores - o que recairia sobre Maersk, MSC e CMA CGM.
O motivo dessa exclusão seria impedir a verticalização completa das empresas de navegação no porto de Santos. “Os armadores que têm terminais não ganham só com tarifas, eles ganham com a exclusão de outros armadores que poderiam ter linhas marítimas para aquele mesmo porto”, disse, em seu voto no plenário.
Dantas afirmou ainda que, caso uma empresa de navegação fique com o Tecon 10, o Brasil “estará condenado pelos próximos 70 anos a ter quatro armadores fazendo o transporte marítimo no Porto de Santos”. Ele citou a compra do terminal Santos Brasil, concluída neste ano, pela empresa de navegação CMA CGM, que elevou a preocupação quanto ao tema em Santos.
O ministro também disse que não há ilegalidade na decisão da Antaq, o que impediria o tribunal de reverter a modelagem proposta pela agência reguladora, que é quem tem a competência legal para decidir sobre o tema.
Após as colocações de Dantas, Anastasia retomou a palavra e rebateu os argumentos. O relator disse que o tema da verticalização já havia sido afastado inclusive pela Antaq na análise do leilão do Tecon 10. Ele citou uma nota técnica em que a agência reguladora afirma expressamente que não identificou riscos de mercado relevantes caso os armadores participem da disputa. O órgão disse ainda que esses riscos podem ser limitados e mitigados.
O relator disse ainda que os terminais bandeira branca, não controlados por empresas de navegação, poderiam da mesma forma firmar acordos com armadores, gerando limitação para a entrada de outras empresas.
O governo federal tem corrido para fazer em 2026 a licitação do megaterminal, que deverá ter área de 622 mil m2 na região do Saboó, na margem direita do porto. O contrato deverá ter 25 anos de duração, com possibilidade de renovação até 70 anos. Com quatro berços de atracação programados, a capacidade de movimentação prevista deverá chegar a 3,5 milhões de TEUs (medida equivalente a contêineres de 20 pés) por ano.
CNN Brasil - SP 19/11/2025
Temendo uma possível “morosidade” e “ineficiência” por parte do Ibama, o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu acompanhar de perto os próximos passos do processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, na Margem Equatorial.
O acórdão para a realização de um acompanhamento foi aprovado por unanimidade na sessão plenária desta terça-feira (18).
O relator do caso, ministro Bruno Dantas, apresentou três argumentos centrais para justificar a abertura do monitoramento: reforçar a segurança jurídica do processo, enfrentar o histórico de ineficiência do Ibama e a importância estratégica do petróleo para a economia nacional.
Em 20 de outubro, o Ibama autorizou a Petrobras a perfurar um poço exploratório no bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas.
A etapa seguinte exige um licenciamento mais complexo.
Diferentemente da licença atual, que permite perfurar um único poço, a fase de desenvolvimento da produção envolve uma nova licença para instalação de unidades flutuantes, perfuração de dezenas de poços e implantação de toda a infraestrutura submarina definitiva.
“Nesse contexto, as fragilidades estruturais na gestão processual do Ibama deixam de ser uma preocupação abstrata e se convertem em um risco concreto e elevado de morosidade, ineficiência e insegurança jurídica na análise de um projeto estratégico para o país”, afirma Dantas.
O ministro lembra que a capacidade operacional focada em licenciamento da autarquia caiu 48% desde 2015, enquanto a demanda por licenciamento aumentou — cenário que, segundo ele, eleva o risco de paralisação de projetos relevantes.
Dantas destaca, porém, que o TCU não pretende substituir a análise técnica do Ibama.
“Ressalte-se que o acompanhamento ora proposto não se destina a substituir o juízo técnico do Ibama sobre a viabilidade ambiental do empreendimento, mas a assegurar que esse juízo se projete em processos tempestivos, bem instruídos e juridicamente seguros”, diz o ministro.
Globo Online - RJ 19/11/2025
No momento em que o setor mira o potencial da Margem Equatorial, a Petrobras tem encontrado óleo no litoral da Região Sudeste, que responde hoje por cerca de 95% da produção nacional. A estatal anunciou sua segunda descoberta na Bacia de Campos neste ano, além de outras duas já registradas no mesmo período na Bacia de Santos.
As descobertas reforçam os investimentos da petroleira na região e dão mais fôlego para novos aportes e distribuição de royalties e participação especial, segundo fontes e especialistas. E ocorrem no momento em que o barril do petróleo está pouco acima dos US$ 60, o que tem levado empresas a racionalizar projetos e dar prioridade aos mais rentáveis.
No mês passado, a companhia iniciou a perfuração do primeiro poço na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, que tem potencial para se tornar o novo pré-sal na próxima década.
Uma preocupação da companhia é justamente garantir a exploração de novas reservas para evitar que a produção entre em declínio no começo da próxima década, quando os campos do pré-sal devem atingir o pico de produção.
Ontem, a estatal disse que identificou a presença de petróleo no pós-sal da Bacia de Campos, no poço exploratório do bloco Sudoeste de Tartaruga Verde. O poço está localizado a 108km da costa da cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio, em uma profundidade de 734 metros. Segundo uma fonte, a descoberta foi comemorada e classificada como importante.
Segundo a estatal, as amostras vão passar por análises laboratoriais “que permitirão caracterizar as condições dos reservatórios e dos fluidos encontrados, possibilitando a continuidade da avaliação do potencial da área”. A Petrobras é a operadora do bloco, com 100% de participação. O bloco Sudoeste de Tartaruga Verde foi adquirido em setembro de 2018 durante a 5ª Rodada de Partilha de Produção.
Segundo fontes, as mais recentes descobertas têm óleo de qualidade “excelente”.
O mercado agora já espera uma quinta descoberta em breve pela Petrobras. Trata-se do bloco Água Marinha, no pré-sal da Bacia de Campos, que será operado pela estatal em parceria com a TotalEnergies e a QatarEnergy. A área está ao sul do campo de Marlim Sul e, segundo fontes, a perfuração vem indicando ótimos resultados.
Atração de investimento
Para o geólogo Pedro Zalan, a descoberta de ontem é uma espécie de continuação do campo de Tartaruga Verde, onde já existe produção. A Petrobras, em comunicação à Agência Nacional do Petróleo (ANP), estimou originalmente, na declaração de comercialidade, cerca de 230 milhões de barris de óleo equivalente para Tartaruga Verde.
— Esse poço revelou uma estrutura nova na parte Sudoeste, onde não se conhecia petróleo. Para a Petrobras é uma ótima notícia. É descoberta relevante — afirmou.
Em março , a estatal já havia informado a presença de óleo em outro poço na Bacia de Campos, mas no pré-sal, no bloco Norte de Brava. O bloco foi adquirido em dezembro de 2022, no 1º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha de Produção, no qual a Petrobras detém 100% de participação. Além da Bacia de Campos, a estatal informou neste ano descobertas na Bacia de Santos.
Em fevereiro, a companhia constatou a presença de óleo em um poço na região oeste do campo de Búzios, onde a estatal opera com participação de 88,98%, em parceria com as chinesas CNOOC (7,34%) e a CNPC (3,67%).
Em maio, a estatal informou descoberta após perfurar um poço no bloco Aram, no pré-sal da Bacia de Santos. Na ocasião, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que Aram já tem duas descobertas. O bloco foi adquirido em março de 2020 na 6ª Rodada de Licitação da ANP pela estatal em parceria com a CNPC (20%).
A estimativa é que Aram tenha ao todo 29 bilhões de barris de petróleo. Aram é vizinho de Bumerangue, do grupo britânico BP. Foi lá, em Bumerangue, que a petroleira anunciou sua maior descoberta de petróleo e gás em 25 anos, na Bacia de Santos.
Para Rivaldo Moreira Neto, diretor sênior da A&M Infra, a descoberta da Petrobras no Sudoeste de Tartaruga Verde representa uma continuação da tentativa de descobrir novas áreas. Ele lembra que a Bacia de Campos vem recebendo investimentos de empresas privadas que buscam comprar campos maduros, pois o potencial ainda é elevado:
— Empresas privadas vêm comprando campos para revitalizar no entorno de Tartaruga Verde, como a PRIO e a BW, por exemplo. A partir da revitalização desses campos maduros, elas têm conseguido ótimos resultados. A própria Petrobras, além de Tartaruga Verde, também investe em Marlim e Albacora, que são campos que vêm recebendo aportes em revitalização e que em nada competem com a Margem Equatorial. São projetos que andam em paralelo.
A Petrobras pretende até 2029 investir US$ 23 bilhões em projetos para estimular a produção na Bacia de Campos, incluindo a instalação de novas unidades de produção. Especialistas lembram ainda que as áreas, por já terem infraestrutura, acabam representando custos menores em relação a áreas novas.
— As descobertas reforçam o papel que a Bacia de Campos ainda pode ter no longo prazo da produção de petróleo e gás no Brasil. Trata-se de região em que a Petrobras está explorando e buscando revitalizar seus campos históricos — disse Neto.
Segundo Cleveland Prates, mestre em Economia de Empresas pela FGV de São Paulo, as descobertas podem se refletir em mais investimentos e royalties:
— Só o tempo vai dizer o potencial de petróleo.
A evolução da produção no Brasil
Bacia de Campos
A primeira descoberta foi no Campo de Garoupa, em 1974. Entre 2010 e 2011, a Bacia atingiu seu ápice de produção, com 1,8 milhão de barris diários, somando 80% do total extraído.
Bacia de Santos
O pré-sal da Bacia de Santos foi descoberto em 2006 com o campo de Tupi/Lula. A produção começou em 2010 e hoje é a principal área do país. Hoje, são 173 poços na região, diz a ANP.
Margem Equatorial
A área é tida como o novo pré-sal. A Petrobras iniciou a perfuração do primeiro poço na Bacia da Foz do Amazonas. A estatal vai perfurar outro poço no litoral do Rio Grande do Norte.
Valor - SP 19/11/2025
Discussão do tema estava pautada para a sessão desta terça-feira (18), mas foi adiada devido a um pedido de vista do ministro Augusto Nardes
O Tribunal de Contas da União (TCU) adiou para o dia 3 de dezembro a análise do processo que analisa o leilão do pré-sal, que tem potencial de gerar uma arrecadação de até R$ 15 bilhões para a União ainda em 2025.
O processo estava pautado para a sessão desta terça-feira (18), mas foi adiado devido a um pedido de vista do ministro Augusto Nardes, sob o argumento da necessidade de mais tempo para que ele possa analisar o caso.
O leilão está previsto para ocorrer no dia 4 de dezembro. Assim, o TCU analisará uma eventual suspensão do certame, conforme pede o Ministério Público de contas, um dia antes - mas o Tribunal não precisa dar aval prévio antes do leilão.
Em agosto deste ano, o subprocurador-geral do MP junto ao Tribunal de Contas da União Lucas Rocha Furtado questionou a realização do leilão em representação. Ele pediu a adoção de uma medida cautelar para suspender o certame imediatamente, o que foi negado pelo ministro Bruno Dantas, que é relator. A área técnica também foi contra a concessão da cautelar.
O montante da arrecadação de R$ 14,7 bilhões foi previsto pela equipe econômica no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas de julho e é considerado crucial para que a meta de resultado primário do governo federal deste ano seja cumprida.
A meta de resultado primário deste ano é de déficit zero, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo, equivalente a R$ 31 bilhões. Nesta semana, a equipe econômica divulga o último relatório do ano.
Lucas Rocha Furtado defendeu na sua representação que a tentativa da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) de alienar direitos em AIPs, “que são acordos operacionais entre empresas que já detêm direitos exploratórios, pode configurar usurpação de competências”, o que é negado pelo governo e pela empresa.
Quando o processo voltar à pauta, no início de dezembro, há uma tendência de que seja aprovado sem dificuldades pelo Tribunal de Contas da União.
O ministro Bruno Dantas deve fazer um alerta, no entanto, para que o Ministério de Minas e Energia apresente mais documentos de impacto econômico em futuros leilões, sob o argumento de que a ausência da documentação pode ferir normas da Constituição Federal.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/11/2025
A diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) prorrogou por até oito meses a autorização que permite à Petrobras vender o gás da Unidade de Tratamento de Gás Natural de Caraguatatuba (UTGCA). A decisão, unânime, dá três meses para a estatal apresentar um plano para que a UTGCA trate o gás natural e atenda à especificação da agência, de produzir gás com teor mínimo de 85% de metano.
A proposta dá três meses para a estatal entregar o plano de adequação da UTGCA, mais três para análise técnica da ANP e dois para decisão da diretoria. O desenho do cronograma teve contribuições dos diretores Pietro Mendes e Symone Araújo . O processo tem como relator o diretor Daniel Maia.
A estatal apresentou para a agência um relatório técnico-econômico pedindo a prorrogação da Autorização 279/2025, que vence no próximo dia 21 de novembro, alegando mudanças estruturais no mix de produção e risco de restrição de oferta. O relatório projetou que sem autorização especial haveria uma redução significativa na capacidade de escoamento do gás do pré-sal pela rota 1, com restrição estimada de 3,3 milhões de metros cúbicos por dia em 2025, podendo atingir até 5,5 milhões de metros cúbicos por dia no horizonte de 2027 a 2030.
Segundo a companhia, uma das dificuldades do aumento progressivo da participação do gás oriundo do pré-sal, hoje 72% da corrente, enquanto a planta foi projetada para 50%. A unidade opera com sistema de resfriamento a propano em estágio único, que possui limitações termodinâmicas possui limitações termodinâmicas e de capacidade que impede elevar o teor de metano para o patamar exigido.
Ao se manifestar sobre o processo, a diretora Symone Araújo enfatizou e que desde 2007, quando se começou a discutir a ampliação da UTG de Caraguatatuba antes mesmo de sua estreia operacional em 2010, a Petrobras promete adaptar a planta para processar o gás rico do pré-sal. “Até hoje, 18 anos depois, a Petrobras não apresentou uma solução. Continuamos na mesma situação e o blend do pré-sal cada vez maior. O que faremos quando tivermos, exclusivamente, escoando pelo hub de Mexilhão”, indagou.
O diretor-geral da ANP, Artur Watt, também se demonstrou preocupado com o debate e ressaltou o peso social da discussão. “A gente não pode se descolar do cenário. Temos o programa Gás para Entregar, que pode ampliar o consumo de GLP. O desenho do programa, além de permitir acesso, implica em aumento do consumo total do Brasil de um produto que é marginalmente importado”, observou. “As medidas regulatórias, que visam investimentos, dentro de um plano de desenvolvimento de produção de gás natural dentro do pré-sal, é o caminho que precisamos”, afirmou.
Com a extensão do prazo de 8 meses, o colegiado entende que se garante uma análise adequada do processo. No entanto, o relator do processo, diretor Daniel Maia, que endossou as preocupações dos demais diretores, avalia que para que a Petrobras garanta a oferta de gás com mínimo de 85% de metano, parece “inevitável” a prorrogação do prazo da estatal. “Mantendo a decisão de investimento por parte da Petrobras, será uma decisão por prorrogar o prazo necessário ao investimento ser realizado. Parece que isso é inevitável, sob pena de parar a produção de rota 1”.
TN Petróleo - RJ 19/11/2025
A Diretoria da ANP aprovou hoje (18/11) a publicação da nova versão do edital e dos contratos da Oferta Permanente de Concessão (OPC), que inclui 275 novos blocos exploratórios e cinco áreas com acumulações marginais, localizados nas bacias de Campos, Ceará, Espírito Santo, Parnaíba, Potiguar, Recôncavo, Santos, São Francisco, Tacutu e Tucano Sul.
Com essa aprovação, o edital será republicado e passará a contemplar 451 blocos exploratórios, distribuídos em 11 bacias sedimentares terrestres e marítimas, além das cinco áreas com acumulações marginais recentemente incorporadas.
A revisão se limita à inclusão de novos blocos e áreas que obtiveram parecer favorável de viabilidade ambiental emitido pelos órgãos competentes e à definição dos parâmetros técnicos e econômicos aplicáveis aos 451 blocos disponíveis no edital.
As regras de participação das licitantes na OPC permanecem inalteradas, conforme a última versão do edital aprovada pela Diretoria Colegiada da ANP, em 17/10/2024.
Com a republicação, 451 blocos exploratórios e cinco áreas com acumulações marginais estão disponíveis para declaração de interesse pelas empresas inscritas, o que possibilita a abertura imediata de um novo ciclo assim que houver manifestação de interesse acompanhada das garantias de oferta.
Assim, a realização do 6º Ciclo da OPC dependerá da apresentação de declaração de interesse e garantia de oferta pelas licitantes aptas.
O que é a Oferta Permanente
A Oferta Permanente é a principal modalidade de licitação para exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Diferentemente das rodadas tradicionais, esse modelo permite a oferta contínua de blocos exploratórios e áreas com acumulações marginais, localizados em bacias terrestres ou marítimas.
Com isso, as empresas têm liberdade para estudar os dados técnicos das áreas e apresentar ofertas no momento que julgarem mais adequado, sem depender de prazos rígidos ou ciclos específicos de licitações. Essa flexibilidade tem tornado a Oferta Permanente um instrumento essencial para fomentar a competitividade e atratividade do setor no Brasil.
As empresas inscritas podem apresentar declarações de interesse, acompanhadas de garantias de oferta, para um ou mais setores de blocos disponíveis no edital. Uma vez aprovada essa declaração pela Comissão Especial de Licitação (CEL), é aberto um ciclo da Oferta Permanente.
Atualmente, há duas modalidades de Oferta Permanente: Oferta Permanente de Concessão (OPC) e Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP), de acordo com o regime de contratação (concessão e partilha).