Clipping Diário

26 | Novembro | 2025

SIDERURGIA

Veja - SP   26/11/2025

O Rio de Janeiro acumula 7,4 milhões de toneladas de aço produzidas de janeiro a outubro deste ano, o que significa uma alta de 0,4% na comparação com o mesmo período no ano passado. Apenas em outubro, o estado produziu 798 mil toneladas de aço bruto, sendo responsável por 26,7% da produção nacional no mês. Os dados são do Instituto Aço Brasil, que representa as empresas siderúrgicas brasileiras.

“A indústria siderúrgica é um segmento estratégico para o crescimento econômico do Rio de Janeiro. Movimenta cadeias produtivas, fortalece nossa infraestrutura industrial e impulsiona setores essenciais da economia, contribuindo diretamente para a geração de empregos e renda. Os resultados mais recentes reforçam a capacidade do estado de se manter competitivo e inovador, graças ao comprometimento das empresas, dos trabalhadores e do ambiente de estabilidade que temos construído”, declara o governador Cláudio Castro (PL).

No ano passado, o Rio de Janeiro produziu 8,8 milhões de toneladas de aço, registrando um crescimento de 2,4% em relação a 2023, sendo responsável por 26,2% da produção de aço bruto no país. De acordo com o Instituto, a produção brasileira de aço bruto foi de 27,9 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a outubro de 2025, o que representa uma retração de 1,8% frente ao mesmo período do ano anterior. Em outubro de 2025 a produção brasileira de aço bruto foi de 3 milhões de toneladas, uma redução de 2,7% frente ao apurado no mesmo mês de 2024.

“Ainda que, de modo geral, a produção nacional de aço venha sofrendo retrações, o Rio de Janeiro segue como o segundo maior produtor nacional de aço bruto”, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, Vinicius Farah, que destaca a importância do setor como um pilar econômico regional para o estado.

Valor - SP   26/11/2025

Balanços do período mostraram volumes maiores, redução de custos e recuperação das margens

Os balanços do terceiro trimestre de 2025 das principais produtoras de aço no país revelam um setor que resiste a um ambiente dominado por importações crescentes, preços deprimidos e incerteza sobre medidas de defesa comercial. Com demanda firme em segmentos como construção civil, infraestrutura e parte do agronegócio, as empresas conseguiram ampliar volumes, reduzir custos e sustentar margens em um nível melhor do que o registrado no início do ano.

Ainda assim, as empresas são unânimes em afirmar que a melhora tem limites claros: o aço importado segue tirando competitividade do produto nacional e deteriorando o potencial de recuperação do setor. A pressão sobre o governo por medidas mais duras, como antidumping, salvaguardas e revisão de cotas, ganhou tração junto ao governo após um trimestre que escancarou a distância entre a demanda doméstica aquecida e a capacidade de capturar esse movimento.

A Nippon Steel, ao consolidar sua saída da Usiminas, disse que a venda das ações da companhia brasileira para a Ternium visa a “mitigar maiores riscos de desvalorização, visto que não se espera recuperação significativa no Brasil em breve”, segundo o vice-presidente Takahiro Mori, se referindo ao avanço do aço estrangeiro.

A retórica dos executivos no trimestre reforçou o pleito antigo de defesa comercial. Em entrevista recente ao Valor, Jorge Gerdau falou em “guerra total do aço” e pediu que o Brasil adote medidas similares às iniciativas da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), de propor o aumento da tarifa fora da cota sobre aço e alumínio para 50%, o dobro da atual.

A tensão ganhou um novo patamar no fim do trimestre, quando o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, rompeu uma prática histórica de silêncio e reagiu às acusações de dumping feitas por siderúrgicas, montadoras e fabricantes de máquinas.

O diplomata rejeitou a tese de que o aço chinês recebe subsídios estatais e afirmou que as empresas brasileiras precisam “sair da zona de conforto”, inovar e conhecer o modelo chinês antes de reclamar. O representante de Pequim também classificou medidas antidumping como “protecionismo”, afirmando que prejudicam o multilateralismo.

As declarações foram endossadas pelo Conselho Empresarial Brasil-China, ampliando a pressão sobre o governo, que tenta equilibrar, simultaneamente, a relação com Pequim, o lobby industrial doméstico e a necessidade de preservar empregos e capacidade produtiva nacional.

Apesar disso, os dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil mostram que as importações de produtos siderúrgicos recuaram 21,4% em outubro. O volume foi de 473 mil toneladas no mês, ante 602 mil em igual período de 2024. De janeiro a outubro de 2025, as importações aumentaram 6,1%, para 5,549 milhões de toneladas.

A notícia, porém, é tratada com cautela por especialistas. Artur Bontempo, analista de minério de ferro e aço da consultoria Wood Mackenzie, explica que a queda registrada em outubro não representa necessariamente uma reversão da tendência, mas aparenta mais um movimento com aspecto sazonal de fim de ano potencializado por um primeiro semestre muito forte.

Com base nos dados de importação divulgados pelo Instituto Aço Brasil, a renovação do sistema de cotas em maio serviu como uma barreira para as importações nos meses seguintes, que registraram valores abaixo de 2024 entre agosto e outubro.

“Apesar de ser consenso que o mercado nacional continua sob pressão por conta da importação, no geral, as empresas comentaram que esperam medidas de defesa mais efetivas para 2026. Sendo, também, consenso que o preço do aço no Brasil ficou limitado por conta das importações”, afirmou o especialista.

Além disso, o trimestre evidenciou que o ambiente global de aço vem se tornando mais protecionista em 2025, reforçando a sensação de urgência entre as siderúrgicas brasileiras. Nos Estados Unidos, o governo Trump manteve a tarifa de 50% sobre o aço brasileiro, medida que praticamente inviabiliza as exportações e pressiona as empresas a se concentrarem no mercado doméstico.

Apesar da recente aproximação entre Brasil e EUA, a presidente da Aço Verde do Brasil (AVB), Silvia Nascimento, não demonstra otimismo em relação a possíveis retrocessos do governo americano. “Não acho que o governo Trump vá voltar atrás e retomar as tarifas de 10%, como é com ferro-gusa e outras commodities que interessam a eles. Se houver, pode ser que ele reduza para 35%, que seria o melhor dos cenários”, afirmou.

Por outro lado, o diretor-financeiro da Gerdau, Rafael Japur, ressalta que os diálogos com as autoridades têm sido construtivos e indicam um movimento para enfrentar o problema ainda este ano.

Segundo ele, parece haver uma sensibilidade em diferentes frentes da administração do governo, como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), em relação à pressão da indústria nacional por medidas de defesa comercial.

“As investigações de pleitos antidumping que estão colocadas por parte da indústria nacional têm avançado”, disse. “Não temos problemas de demanda de aço no Brasil. Temos bons níveis de atividade econômica e de vendas. A grande questão é que saímos de 10% de importações para um patamar mais alto. Uma em cada quatro toneladas de aço consumidas no Brasil veio de fora”, disse.

O governo atendeu parcialmente às demandas das siderúrgicas ao prorrogar até maio de 2026 o sistema de cotas de importação, com tarifa de 25% sobre o aço que ultrapassar os limites estabelecidos. A medida também ampliou de 19 para 23 o número de produtos abrangidos. O Brasil abriu ainda a maior investigação antidumping da história, envolvendo 25 itens importados da China.

Mas o endurecimento tem freios políticos. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, comprando grandes volumes de commodities, além de compartilhar espaços estratégicos no grupo dos Brics. Uma ação mais dura contra o aço chinês poderia provocar retaliações.

Grandes Construções - SP   26/11/2025

A produção de aço no Brasil registrou crescimento expressivo em outubro deste ano, na comparação mensal, mas recuou em relação ao mesmo período de 2024.

Os dados foram divulgados na semana passada pelo Instituto Aço Brasil, entidade que representa o setor siderúrgico nacional.

No mês passado, segundo o levantamento da Aço Brasil, a produção no setor aumentou 6,1% em relação a setembro de 2025, para cerca de 3 milhões de toneladas.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, houve queda de 2,7%.

Vendas - Ainda de acordo com o levantamento, as vendas de aço no mercado interno recuaram 6,5% em outubro, para 1,81 milhão de toneladas. Houve quedas nos segmentos de laminados planos (-7,3%) e longos (-5,5%), utilizados por setores como o automotivo e na construção civil, respectivamente.

Entre janeiro e outubro de 2025, as vendas internas tiveram queda de 0,3%, para 17,86 milhões de toneladas.

Exportações - Com o recuo no mercado interno, a produção siderúrgica do país se apoiou, principalmente, nas exportações, que aumentaram 28% e chegaram a 907 mil toneladas.

Os maiores destaques foram os produtos semiacabados, cujas vendas externas subiram 29% em relação a outubro do ano passado.

No acumulado do ano até outubro, as exportações do setor têm alta de 4,6%, com 8,74 milhões de toneladas.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2025

Dois grandes riscos pairam sobre a economia dos Estados Unidos em 2026 e podem ter repercussões para o resto do mundo, com um contágio em efeito dominó. Um deles envolve o debate sobre se há ou não uma bolha de investimentos em inteligência artificial (IA), e se essa bolha está prestes a estourar. O outro, que já está influenciando as decisões do presidente Donald Trump, vem da política: as eleições de meio de mandato no Congresso americano.

Na semana passada, cresceu o temor com o desempenho das ações de gigantes de tecnologia que estão liderando os investimentos em IA, as empresas chamadas de “Sete Magníficas”.

De pouco adiantou a Nvidia — a vitrine da IA — ter apresentado resultados financeiros impressionantes no seu balanço do terceiro trimestre, com lucros e receitas superando as projeções de analistas.

Os investidores não conseguiram deixar de lado o nervosismo com uma correção mais profunda do setor de tecnologia em 2026, semelhante ao que ocorreu com a bolha da Internet nos anos 2000.

A Nvidia é a companhia com maior valor de mercado do mundo, superando até o PIB do Japão. A questão é que os investidores estão céticos de que essas gigantes do setor vão conseguir manter os investimentos em IA em ritmo suficiente para seguir em expansão.

Na sexta-feira passada, o índice acionário Nasdaq, por exemplo, passou a acumular uma queda de 6,12% nas três primeiras semanas deste mês, perda que não se via desde abril.

Quanto à eleição de meio de mandato nos EUA, em novembro de 2026, Trump está lançando mão de várias medidas para esfriar a inflação e dar mais um gás à economia americana.

]Manter o controle do partido republicano na Câmara e no Senado é vital para o desempenho do governo dele nos últimos dois anos de mandato. O pano de fundo é o estrago causado à imagem do presidente e dos republicanos pelo escândalo envolvendo os arquivos de Jeffrey Epstein, o empresário condenado por crimes sexuais.

Para compensar, Trump prometeu dar um cheque de US$ 2 mil aos americanos a título de “dividendo” pelo aumento da arrecadação com as tarifas de importação.

Aliás, nas últimas semanas, o presidente também vem revertendo parte das alíquotas impostas nos últimos meses, como a taxação sobre produtos agrícolas. Caso todas as propostas saiam do papel, o déficit público vai aumentar muito.

E se, até a eleição, o apoio aos republicanos piorar nas pesquisas de intenção de voto, não se descartam medidas mais desesperadas de Trump. Ou seja, é grande o risco de más notícias aos mercados globais em 2026.

Diário do Comércio - MG   26/11/2025

Os investimentos diretos no Brasil neste ano até outubro já superaram o total de 2024, mostraram dados do Banco Central nesta terça-feira (25), em meio às expectativas do governo de que esses investimentos alcancem um recorde em 2025.

A melhora nos investimentos diretos no país, considerados uma forma de financiamento de maior qualidade por refletir investimento de longo prazo em atividade produtiva, deve ajudar a compensar a piora do saldo em conta corrente.

No ano até outubro, o investimento direto no país alcançou US$ 74,257 bilhões, disse o Banco Central, alta de 8,8% sobre o ano anterior e acima dos US$ 74,091 bilhões em todo o ano de 2024.

Somente em outubro os investimentos diretos no país alcançaram US$ 10,937 bilhões, acima dos US$6,304 bilhões projetados em pesquisa da Reuters e contra US$ 6,698 bilhões em outubro de 2024.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou na segunda-feira que o Brasil está a caminho de registrar um recorde de investimentos diretos neste ano. Até agora, o maior ingresso anual do país foi em 2011, de US$ 102,427 bilhões.

Por outro lado, o Brasil registrou déficit em transações correntes maior do que o esperado em outubro, de US$ 5,121 bilhões, com o rombo acumulado em 12 meses totalizando o equivalente a 3,48% do Produto Interno Bruto (PIB).

O resultado veio pior do que a expectativa do mercado, conforme pesquisa da Reuters com especialistas, que apontava para um saldo negativo de US$ 4,8 bilhões em outubro. No mesmo período do ano anterior houve déficit de US$ 7,387 bilhões

No mês, a conta de renda primária apresentou saldo negativo de US$ 7,429 bilhões, ante rombo de US$ 6,590 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Em outubro, a balança comercial teve superávit de US$ 6,170 bilhões, contra US$ 3,189 bilhões no mesmo mês de 2024.

Já o rombo na conta de serviços ficou em US$ 4,372 bilhões, contra déficit de US$ 4,416 bilhões em outubro do ano anterior.

Infomoney - SP   26/11/2025

É consenso no mercado que a taxa básica de juros, atualmente em 15%, entrará em um ciclo de cortes em 2026 – com algumas gestoras e instituições financeiras fazendo apostas para o primeiro corte em janeiro e outra parte, em março. Mas, o percentual da taxa ao fim de 2026 depende da análise dos economistas – e dos pesos que eles dão aos indicadores atuais da economia. Para o Banco Itaú, a taxa básica de juros deve chegar ao fim de 2026 em 12,75% – percentual acima da média projetada pelo mercado, que é de 12%, segundo o Boletim Focus.

Uma taxa básica de juro mais elevada tem efeito sobre o ritmo da atividade econômica. Por isso, esta é a ferramenta usada pelo Banco Central para conter a demanda, controlar o crédito e segurar a inflação. Ela impacta também no nível de investimento das empresas, já que com a taxa elevada, todos os outros juros do mercado tendem a ficar mais caros, desde empréstimos pessoais até crédito para empresas expandirem e contratarem.

Para Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, o que mais pesa na análise para uma taxa de juro em 12,75% é a trajetória esperada da inflação. Embora o banco projete uma inflação de 4,2% ao fim de 2026 – e a projeção do mercado é de 4,18% – a leitura é de que ela seguirá longe da meta do Banco Central, levando a instituição a “segurar” mais o corte de juro.
Galípolo: BC ainda está insatisfeito com nível da inflação; defende juros restritivos
Impacto das medidas fiscais

2026 será um ano eleitoral, que tradicionalmente traz maiores gastos do governo. A atividade econômica em 2026 terá impacto de medidas já anunciadas, como a ampliação do público com acesso ao crédito consignado (por meio do programa Crédito do Trabalhador), a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, a ampliação do programa Minha Casa Minha Vida, a liberação do compulsório, a linha de crédito para reformas, e os programas Luz para Todos e Gás para Todos, além da limitação do saque aniversário.

Essas medidas vão injetar dinheiro na economia, o que deve ser traduzido em maior demanda, pressionando a inflação. Assim, no PIB projetado para 2026, de 1,7%, 0,8 p.p. viria dos estímulos do governo, segundo a análise do Itaú.

Isso faz com que o balanço de riscos continue com viés autista. A projeção é que o PIB de 2026 possa chegar em 2,1% com as medidas fiscais e o impacto do consignado privado.

Inflação

As últimas leituras de inflação mostraram um cenário de queda, e o mercado vem revisando a projeção do IPCA nas últimas semanas. O dado mais recente aponta o índice em 4,45% em 2025 e 4,18% em 2026. O Itaú projeta IPCA em 4,5% em 2025 e 4,2% em 2026.

Embora os percentuais estejam caindo, eles ainda estão longe da meta, ressalta Mesquita. O economista-chefe destaca que, em 2025, a inflação foi beneficiada pela queda dos componentes expostos ao cenário internacional, mais suscetíveis à desvalorização do dólar, com alimentos e produtos industrializados ajudando a “trazer a inflação para baixo”.

Mas a análise do Itaú vê aceleração nos alimentos em 2026. Se a inflação em 2025 dos alimentos deve fechar em 2,7% em 2025, a projeção para 2026 é de 5,1%. A alta será compensada por uma inflação mais contida em industriais, de 2,5% em 2025 para 1,4% em 2026; e de serviços, de 6,4% em 2025 para 5,5% em 2026.
Início dos cortes

Com o mercado se dividindo para o início dos cortes em janeiro ou março, o Itaú traça cenários para que o Banco Central decida entre uma estratégia ou outra.

Para que os cortes se iniciem em janeiro, será preciso que o Comitê de Política Monetária (Copom) dê sinais dessa decisão no comunicado que será divulgado após a reunião de dezembro. Mesquita afirma que a autoridade monetária precisará retirar do texto a expressão “não hesitará em subir”, que tem sido mantida desde o início da alta de juro. Será preciso também que o documento traga alguma flexibilização no discurso, que atualmente defende que a estratégia de juro alto “tem se mantido adequada”.

Além disso, deverá incorporar a isenção do IR na projeção de inflação de 3,3% para o horizonte relevante – e aceitar cortar com uma projeção neste nível.

O corte deve ficar para março se o Banco Central entender que a medida deverá ajudar a ancorar as expectativas, ou ainda se o comitê estiver incerto sobre o ritmo de desaceleração econômica e os impactos das medidas governamentais na demanda. O cenário externo também deve pesar, caso haja menor convicção de que o dólar vai permanecer fraco e o FED não corte mais os juros nos EUA.

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2025

Alvo de críticas de integrantes do governo por conta dos juros altos, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, vem ganhando espaço e aumentando sua credibilidade entre grandes instituições da Faria Lima, o centro financeiro de São Paulo. Tem sido elogiado, entre outras coisas, pela posição em relação aos juros básicos da economia e pela condução do caso do Banco Master.

Nesta segunda-feira, 23, no almoço anual dos banqueiros promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o presidente do BC foi coberto de elogios. “Se eu pudesse - e penso que posso - apontar uma marca da sua gestão nesse primeiro ano de mandato é a de que você conseguiu elevar a régua da dignidade institucional do Banco Central”, disse a ele o presidente da entidade, Isaac Sidney. “Quero que você tenha, por parte da Febraban e dos dirigentes, o reconhecimento por esse trabalho dificílimo.”

Galípolo chegou ao BC em julho de 2023, como diretor de Política Monetária, em meio a dúvidas do mercado financeiro, principalmente por sua trajetória ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e pela proximidade com economistas identificados com visões heterodoxas, como Luiz Gonzaga Belluzzo.

Galípolo se aproximou de vez do PT na campanha presidencial de 2022, quando passou a acompanhar Gleisi Hoffmann, então presidente do partido, em encontros com empresários. Antes de chegar ao BC, Galípolo também ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele assumiu o comando da instituição no início deste ano, em um momento de juros elevados, substituindo Roberto Campos Neto, escolhido na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A desconfiança inicial com seu nome foi ficando pra trás nesse período. Hoje, Galípolo tem sido descrito por economistas do mercado em termos elogiosos. É apontado como um presidente que adota decisões técnicas, mantém comunicação transparente, demonstra disposição para ouvir e rever posições e apresenta habilidade para dialogar com diferentes visões.

“Ele realmente surpreendeu positivamente. E o primeiro ponto é a própria gestão da política monetária. É realmente uma visão muito técnica”, afirma Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria. “Nós já achávamos que ele tinha os incentivos para seguir uma agenda responsável no BC. Não tínhamos aquela cabeça de parte do mercado, de que ele poderia ser suscetível e ser um novo Tombini (Alexandre Tombini, presidente do BC na gestão Dilma Rousseff).”

Em dezembro do ano passado, na última reunião do Comitê de Política Monetária presidida por Campos Neto, o Banco Central aumentou a Selic em 1 ponto porcentual — para 12,25% — e contratou mais duas altas da mesma magnitude para os encontros seguintes. Com o apoio de todos os diretores, o Comitê de Política Monetária (Copom), liderado por Galípolo, promoveu um aperto ainda maior da Selic, colocando os juros em 15% desde junho deste ano — o maior patamar em 20 anos.

Já como integrante do Copom, uma das decisões que ampliaram a desconfiança do mercado com uma eventual gestão dele foi o resultado da reunião de maio de 2024, quando o comitê se dividiu. Galípolo e outros três nomes indicados por Lula para a diretoria do banco votaram por um corte maior na Selic do que os diretores escolhidos por Bolsonaro — à época, a Selic foi reduzida para 10,50% ao ano.

“A divisão trouxe mais dúvidas para o mercado sobre a atuação de um Banco Central que, com o passar do tempo, seria majoritariamente nomeado por esta administração (de Lula). Depois dessa reunião e da percepção de que isso poderia trazer essa visão de que o Banco Central não trabalharia de forma autônoma de fato, apesar da lei, o Galípolo e o próprio Banco Central se reorganizaram no sentido de comunicação e de decisões que tentam ser unânimes”, diz Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil do UBS Global Wealth Management.

“Ele tinha um desafio de conquistar essa credibilidade, porque, mal ou bem, estava trabalhando no governo antes de ser indicado”, diz ela. “Não é algo que seja muito natural para um Banco Central independente, apesar de estarmos vendo isso acontecer em vários países.”

Nesse primeiro ano de gestão, o mercado também avaliou de forma positiva o tratamento que o Banco Central deu ao caso do Banco Master, liquidado na terça-feira, 18. No início de setembro, o BC reprovou a compra do Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB) após cinco meses de análise.

A pressão para que o Banco Central desse aval para a operação foi grande. O Centrão chegou a trabalhar por um projeto para autorizar o Congresso a demitir a cúpula do BC.

“Nesse processo, o BC foi técnico no papel de regulador. Ele acabou tomando as decisões pertinentes”, diz Alessandra.
Críticas do governo

A manutenção da taxa básica de juros num patamar elevado detonou uma série de críticas de integrantes do governo Lula à gestão de Galípolo — num roteiro semelhante ao que se observou, em um nível mais alto, na gestão de Campos Neto, cuja condução da política monetária foi bastante questionada pela equipe econômica, em especial pelo próprio presidente Lula.

Em entrevista concedida ao Estadão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o País não precisava conviver com o atual patamar de juros e disse que está “louco para ver uma ata do Banco Central dizendo que eu estou fazendo um esforço fiscal relevante, como fez o FMI”. A hoje ministra da Secretaria de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann já disse que Galípolo “deixou a desejar”.

Nas decisões de política monetária, o Copom tem chamado a atenção para uma desarmonia entre as políticas monetária e fiscal, que ainda é expansionista e tem levado ao crescimento da dívida pública — o Brasil é considerado altamente endividado para uma economia emergente, o que amplia a percepção de risco e faz com que investidores exijam mais juros para aplicar recursos no País.

O Banco Central precisa perseguir a meta de 3% — com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos —, definida pelo Conselho Monetário Nacional, do qual fazem parte, além do BC, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Hoje, no horizonte relevante da política monetária — ou seja, o período para o qual o Copom olha para decidir sobre os juros —, que é o segundo trimestre de 2027, a inflação projetada está em 3,3%, portanto, ainda um pouco acima da meta.

“Eu diria que o grande mérito do presidente Galípolo tem sido o de mostrar muita firmeza e sequer abrir debate público sobre a queda de juros”, afirma José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre).

Ao longo do ano, as projeções para a inflação deste e dos próximos anos passaram a recuar. No último relatório Focus, os participantes consultados pela pesquisa do BC projetaram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 em 4,45%, abaixo do teto da meta.

Para 2026, as previsões para o IPCA estão em 4,18%, e as de 2027 são de 3,80%.

“Ele (Galípolo) está sendo acusado agora de ser extremamente conservador e duro. Eu não acho. Ele fez um trabalho de conquistar credibilidade, que se expressa, na minha opinião, na queda das expectativas (de inflação) e que vão além de 2025”, afirma Solange.

A grande questão envolvendo a taxa de juros é que o atual patamar da Selic deve provocar uma desaceleração da economia brasileira no ano que vem, quando o presidente Lula deve disputar a reeleição numa disputa que deve ser bastante apertada — pelo menos no cenário atual. E esse, aliás, é o grande dilema que paira hoje na Faria Lima — se a condução da política monetária do BC seguirá como está em 2026.

Na segunda-feira, 23, no almoço anual da Febraban, Galípolo reafirmou que o Banco Central olha para o horizonte relevante independentemente do cenário político e disse que as críticas ao BC não o incomodam.

“Se você está numa posição em que tem muita gente que é afetada pela sua atuação, pode existir pressão e pode existir gritaria”, disse. “Se você não vai se dar bem com isso, o Banco Central não é um local adequado.”

Hoje, a expectativa é de que o Copom comece um ciclo de queda de juros no início do próximo ano. A Selic, no entanto, vai seguir num patamar elevado — deve terminar 2026 em 12%, segundo o último relatório Focus, do BC.

“Me parece que o Banco Central não vai piscar. Acho que os dirigentes do Banco Central, a começar pelo seu presidente, estão super convencidos de qualquer movimento em falso jogaria por terra o esforço de vários anos”, afirma Senna. “Jogar fora o que já se conquistou não faria sentido. Pressões em cima do Banco Central existem sempre, o tempo todo.”

Na avaliação de Senna, o BC deve ter um comportamento “by the book (seguindo as regras)” no ano que vem. “Houve um grande avanço da política monetária, apesar dos ventos contrários do lado fiscal e creditício. Agora, para poder derrubar o juro, a inflação projetada tem de estar abaixo da meta.”

Exame - SP   26/11/2025

A probabilidade de o Federal Reserve cortar as taxas de juros em 25 pontos-base em dezembro subiu para 83%, segundo dados do Polymarket reportados pelo Foresight News. Enquanto isso, a chance de não haver corte diminuiu para 16%. Anteriormente, essa probabilidade estava em torno de 67% a 73%, mostrando uma crescente convicção sobre o corte.

Após um período de estabilidade durante a maioria do ano de 2025, ocorreram dois cortes consecutivos de 25 pontos-base. O primeiro corte foi em setembro de 2025, reduzindo a taxa para o intervalo entre 4,00% e 4,25%. O segundo corte aconteceu em outubro de 2025, abaixando a taxa para a faixa entre 3,75% e 4,00%.

Pistas sobre um novo corte

Uma entrevista de Christopher Waller, diretor do Federal Reserve de Nova York, ajudou a retomar o sentimento de que os juros americanos vão voltar a cair. À Fox News, Waller disse que um novo corte em dezembro é oportuno.

Na última ata, o Fomc, o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve, justificou o corte de outubro graças a uma inflação ainda distante da meta e um mercado de trabalho desaquecido. Na ocasião, o documento também jogou luz sobre a reunião de dezembro.

“Ao discutir o curso da política monetária no curto prazo, os participantes expressaram pontos de vista bastante diferentes sobra qual decisão seria mais apropriada na reunião de dezembro”, diz a ata. A maioria do colegiado julgam apropriada uma nova redução em dezembro, mas “muitos indicaram não ver necessariamente como apropriado um outro corte de 25 pontos-base”.

O documento também aponta que uma parte do colegiado espera dados que mostrem uma evolução da economia para justificar um novo corte. Porém, na atual conjuntura, alguns diretores acreditam que não há porque mexer mais nos juros em 2025.

Conforme a ata, uma parte do colegiado acredita que as tarifas de importação impostas pelo governo americano vão adicionar pressão sobre itens do núcleo inflacionário nos próximos trimestres. Os diretores do Fed acompanham de perto o desenvolvimento de negócios em seus distritos e compartilharam relatos de empresários e empreendedores que estão prontos para subir preços por conta de custos relacionados às tarifas.

Shutdown e o tiro no escuro

Na reunião de outubro, o Fed tomou uma decisão baseada em poucos dados da economia, em função do shutdown. Com as informações que os membros tinham até então, a maioria vinda do setor privado, o colegiado notou um aumento no número de demissões e uma retração em contratações.

Os participantes do comitê, de forma geral, esperam que um mercado de trabalho desaquecido nos próximos meses, de forma gradual, por se mostrar menos dinâmico do que no começo do ano. Os negócios estão relutantes em contratar, mas também em demitir.

Alguns dos membros também notaram que um desaquecimento na dinâmica pode levar a taxa de desemprego para cima.

"De maneira geral, os participantes atribuíram a desaceleração do crescimento de empregos a menor oferta de trabalho imigrante e menor demanda por trabalho em si, diante de um crescimento mais moderado da economia e elevado nível de incertezas".

Uma parte dos diretores apontou para um mercado de trabalho desaquecido exercendo pressão sobre a inflação. As mudanças recentes nas políticas de imigração contribuíram com uma redução de preços na demanda por moradia e preços de imóveis.

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2025

O ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Roberto Azevêdo afirmou que o momento entre Brasil e Estados Unidos é de oportunidade, mas com uma janela “efêmera”, que precisa ser aproveitada idealmente nos próximos três meses. As declarações foram dadas no Encontro Empresarial BR-US 2025, promovido pela Amcham.

Segundo Azevêdo, o governo do presidente Donald Trump deseja baixar os juros dos Estados Unidos, mas para isso precisa reduzir as pressões inflacionárias na economia. Além disso, precisa melhorar sua posição política antes das eleições legislativas do próximo ano, em particular diante da possibilidade de derrota nos questionamentos judiciais às tarifas de importação americanas.

“O tema precisa ser resolvido, sob a perspectiva americana, antes de o processo eleitoral ganhar ímpeto”, disse Azevedo. “O horizonte de tempo é curto. A ideia é que encontremos soluções no curto prazo, nos próximos três meses. Seis meses vai depender, tem muita coisa no caminho”, afirmou.

Além de capitalizar as vulnerabilidades internas dos Estados Unidos, o Brasil também pode explorar o interesse geoestratégico do país, disse Azevêdo, mencionando a oferta de terras raras e minerais críticos.

“O Brasil se posiciona como um parceiro preferencial seguro. Temos boas condições de negociar acordo com os EUA nesta área, inclusive com investimentos em processamento no Brasil”, avaliou.

Para ele, o Brasil deve adotar postura pragmática e transacional nas tratativas com Washington, ciente de que componentes políticos podem comprometer negociações em curso ou novas, citando como exemplo possíveis desdobramentos relacionados à Venezuela. As conversas não seguirão o roteiro tradicional de “pedidos e ofertas”, e tendem a se parecer mais a um “jogo de sedução interesseira”, disse Azevêdo.

Segundo o ex-diretor da OMC, a rivalidade entre China e EUA é uma das maiores oportunidades para o Brasil no cenário atual. Os países são, respectivamente, o primeiro e o segundo maiores parceiros comerciais do país, com características distintas: a China é o principal destino das exportações brasileiras, vitais para o equilíbrio das contas correntes, e fonte crucial de investimentos em infraestrutura.

Os Estados Unidos, por sua vez, fazem investimentos sólidos, volumosos e orientados a setores de maior valor agregado no Brasil, e a parceria com os norte-americanos alavanca a credibilidade do País. Para Azevêdo, perder a conexão com qualquer um dos dois polos teria custos altíssimos ao Brasil. “Um não substitui o outro.”

Infomoney - SP   26/11/2025

O Boletim Focus, do Banco Central (BC), trouxe recentemente a projeção de desaceleração da inflação brasileira para 2025 e 2026, um sinal de otimismo técnico que sugere um horizonte de maior estabilidade econômica.

No entanto, a percepção da internet, capturada pelo monitoramento do Claritor, revela que o otimismo dos economistas ainda não conseguiu atravessar a barreira do ceticismo social. A análise do debate online mostra um cenário de percepções mistas, mas com um peso esmagador de desconfiança que transforma a inflação em um tema de disputa política e social.

Afinal, o otimismo do Focus transbordou para a internet? A análise do Claritor, que abrange um período global de novembro de 2025, indica que não. O sentimento predominante é de insegurança e polarização, com a maioria das menções sendo negativas.

O peso da desconfiança: a realidade do debate online

O monitoramento sobre a percepção da inflação no X/Twitter e outras plataformas, nos últimos sete dias, revela um cenário de desequilíbrio entre o que é celebrado e o que é criticado.

Essa forte presença de descontentamento e insegurança é agravada por comentários que apontam para crises econômicas, desconfiança na veracidade dos dados oficiais e insatisfação social. O público não está apenas discutindo números, mas sim o impacto da inflação no poder de compra e na credibilidade das instituições.
O peso da desconfiança: a realidade do debate online

O monitoramento do Claritor sobre a percepção da inflação no X/Twitter e outras plataformas, nos últimos 90 dias, revela um cenário de desequilíbrio entre o que é celebrado e o que é criticado.

Essa forte presença de descontentamento e insegurança é agravada por comentários que apontam para crises econômicas, desconfiança na veracidade dos dados oficiais e insatisfação social. O público não está apenas discutindo números, mas sim o impacto da inflação no poder de compra e na credibilidade das instituições.
A nuvem de palavras: inflação é sinônimo de corrupção e descontrole

A nuvem de palavras do Claritor é o retrato mais fiel da dissociação entre o mercado e a rua digital. Enquanto as menções positivas se concentram em termos técnicos, as negativas trazem um peso político e social muito maior, associando a inflação a problemas estruturais.
Percepções Positivas: A narrativa de avanço

Apesar do ceticismo geral, há uma tentativa de consolidação de uma percepção de avanço econômico, sustentada por dados oficiais e análises técnicas. As palavras-chave que dominam o lado positivo são:

Comentários positivos ressaltam a diminuição das projeções inflacionárias, o crescimento do PIB e melhorias nas condições macroeconômicas, promovendo uma ideia de recuperação sólida e sustentável. Essa visão é reforçada por análises de especialistas e boletins econômicos, que buscam consolidar a narrativa de progresso.
Percepções Negativas: O motor da crise

A maior parte das menções, no entanto, revela uma visão de crise e insegurança, alimentada por narrativas de aumento nos custos de vida e desconfiança. As palavras-chave que dominam o lado negativo são:

A polarização é evidente: enquanto um segmento da sociedade atribui um alto grau de credibilidade às informações oficiais, outro canaliza suas críticas na direção de um ambiente de incertezas e ameaças de colapso. Essa percepção negativa, reforçada por relatos de insatisfação e de alarmismo, ameaça minar o processo de reconstrução da confiança pública.

A polarização do debate: a inflação como arma política

A análise das menções mais retweetadas reforça que o debate sobre a inflação é menos sobre economia e mais sobre disputa política. A inflação é usada como uma ferramenta para celebrar ou criticar a gestão atual.
Celebração Governamental: As menções com maior alcance positivo celebram o governo, como a postagem do Presidente Lula, que associa o crescimento da economia com inflação controlada e redução efetiva da desigualdade. O ministro Haddad também é citado como o responsável pela menor inflação acumulada da história. Crítica Ferrenha: Do outro lado, as menções negativas utilizam a inflação para criticar o governo, associando-a a gastos públicos excessivos, como a crítica de Rubinho Nunes sobre os R$ 71 milhões em cabines flutuantes pra COP30 enquanto o Brasil afunda em inflação. Ceticismo Internacional: Outra: menções de alto impacto, embora com score neutro, demonstram ceticismo em relação à diplomacia brasileira, atribuindo a queda de tarifas dos EUA à necessidade de combater a inflação americana, e não a um mérito do governo brasileiro.

O que o Claritor nos mostra é que, para o público, a inflação é uma experiência de vida, não uma estatística. A desconfiança é o motor do debate, e a polarização impede que o otimismo técnico do Focus se traduza em confiança social.

O desafio do BC e do governo não é apenas entregar a meta de inflação, mas também vencer a batalha da percepção. Enquanto a internet associar a inflação a corrupção e descontrole, o otimismo do mercado continuará sendo apenas uma bolha, distante da realidade percebida pela maioria.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2025

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, reiterou nesta terça-feira, 25, que a política monetária conduzida pela autarquia tem surtido efeito e frisou que “não há sinal de dominância fiscal” no País. Nilton ressaltou a importância do acompanhamento das expectativas de inflação pelo BC, uma vez que são responsáveis por pautar a economia real.

Segundo ele, a dinâmica da inflação corrente serve como um guia para o que ocorrerá nos próximos 12 meses.

O diretor do BC ainda disse que trazer a inflação para a meta não é uma tarefa fácil, e destacou que a política monetária restritiva atual faz parte do objetivo da autarquia. “É o processo que estamos fazendo.”

Nilton David participou do evento Brasil Treasury Summit, organizado pela EuroFinance em São Paulo.

BC preparado para agir

O diretor de Política Monetária do Banco Central reafirmou o compromisso da autarquia em levar a inflação à meta. Segundo ele, o BC está preparado para ajustar suas ações conforme o necessário.

“O BC reage para trazer a inflação à meta. Se tem algo que altera esse curso, BC muda também”, frisou Nilton.

Ele também destacou as perspectivas positivas com a implementação da reforma tributária. “O que vai ser posto em prática vai melhorar a alocação de recursos e a produtividade”, afirmou.

Flutuações na economia

O diretor de Política Monetária do Banco Central voltou a dizer que as flutuações na economia não são desejáveis para a condução da política monetária. Segundo ele, um cenário de menor volatilidade facilita a convergência da inflação à meta.

Nilton observa que a previsibilidade do comportamento da moeda, por exemplo, aumentou, e garantiu que o BC “não quer, não deve e não vai adicionar volatilidade ao mercado”, reafirmando o compromisso da autarquia com uma comunicação clara e assertiva.

MINERAÇÃO

Valor - SP   26/11/2025

Há especulação de que a China pode ajustar as taxas e regras de armazenamento portuário

Os futuros do minério de ferro sobem em meio à especulação de que a China pode ajustar as taxas e regras de armazenamento portuário, diz a Nanhua Futures, segundo o Dow Jones Newswires.

Os analistas da ANZ Research acreditam que as mudanças podem incluir a redução de encargos para empresas estatais que armazenam remessas por menos de 30 dias — o que desencorajaria estocagem de longo prazo e aceleraria a rotatividade do estoque.

A mudança poderia apertar a oferta à vista durante os períodos de reestocagem, acrescentam.

O minério de ferro com entrega para janeiro, o mais negociado, fechou com alta de 0,51% na Bolsa de Dalian, cotado a 794 yuans (US$ 111,76) a tonelada.

Valor - SP   26/11/2025

A reunião anual com participantes do mercado de capitais será feita em Londres, com transmissão ao vivo por vídeo

A Vale realizará seu dia do investidor na próxima terça-feira, 2 de dezembro, às 10h.

Confira resultados e indicadores da Vale e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360

A reunião anual com participantes do mercado de capitais será feita em Londres, com transmissão ao vivo por vídeo..

AUTOMOTIVO

CNN Brasil - SP   26/11/2025

A Volkswagen planeja exportar carros desenvolvidos e fabricados na China para mais mercados estrangeiros, disse um executivo nesta terça-feira (25), enquanto a montadora alemã procura alavancar seu crescente know-how em tecnologias chinesas para competir com rivais chineses no exterior.

A empresa, que começou a exportar limusines fabricadas na China para o Oriente Médio há cerca de seis semanas, está avaliando que outra oferta fabricada na China poderia se adequar a outros mercados, disse Thomas Ulbrich, diretor de tecnologia do Volkswagen Group China.

As fábricas chinesas da Volkswagen podem produzir tanto veículos com motor de combustão interna quanto carros elétricos. Os destinos de exportação que a empresa está considerando incluem países do sudeste e da Ásia Central.

"Isso é o que estamos fazendo em um processo colaborativo de tomada de decisão com nossa matriz na Alemanha, porque temos que garantir que tenhamos o portfólio certo de carros em cada mercado", disse Ulbrich a repórteres na cidade de Hefei, sede do centro de produção e inovação da Volkswagen na China.

No entanto, a empresa não tem planos de exportar os carros fabricados na China para a Europa devido a uma diferença na arquitetura eletrônica e na tecnologia de software para veículos inteligentes.

A Volkswagen investiu bilhões de euros no centro de Hefei como parte de sua estratégia "na China para a China", que busca ajudar a montadora a recuperar a participação de mercado dos agressivos rivais chineses, acelerando a tomada de decisões e o desenvolvimento de produtos.

Ao mesmo tempo, ela está enfrentando uma concorrência crescente no exterior, uma vez que as montadoras chinesas estão cada vez mais buscando expandir-se no exterior para escapar de uma guerra de preços e do excesso de capacidade no país.

A Volkswagen também disse nesta terça-feira que havia alcançado um marco porque agora era capaz de desenvolver totalmente novas plataformas de veículos e tecnologia-chave com todos os processos de aprovação fora da Alemanha.

O desenvolvimento de um novo modelo de veículo elétrico na China pode custar até 50% menos do que em qualquer outro lugar, devido à escala de tecnologias e fornecedores disponíveis no país, disse a Volkswagen.

A Volkswagen também venderá os carros desenvolvidos em sua principal arquitetura eletrônica desenvolvida na China - um layout de engenharia de componentes, incluindo unidades de controle e chips que decidem as capacidades de software de um veículo - fora da China "muito em breve", disse Ulbrich, sem dar detalhes.

Veja - SP   26/11/2025

O Salão do Automóvel, reaberto após um hiato de sete anos que parecia definitivo, retornou na sua 31ª edição, mas sob uma lógica inteiramente nova. O que antes era uma vitrine de luxo, protótipos futuristas e promessas vaporosas de eletrificação se tornou um evento mais enxuto, com modelos reais que estão prontos para chegar ao mercado e, sobretudo, dominado pela China.

Quem percorre os corredores do pavilhão vê com clareza o novo arranjo de forças. Nove montadoras chinesas, sem contar a joint venture CAOA Chery, disputam cada metro quadrado do espaço, enquanto dez marcas tradicionais, aquelas conhecidas do público e que estão há anos no mercado brasileiro, exibem seus modelos como quem tenta manter terreno conhecido.

O que falta chama tanta atenção quanto o que está presente: ausências como Volkswagen, GM e BMW escancaram um salão menos estrelado. Em nota, a Volkswagen afirmou que “a decisão da não participação está alinhada à estratégia global da marca”, mas que está presente em eventos como o Circuito Sertanejo e festivais como Rock in Rio, The Town e C6 Fest, além de promover eventos proprietários como o Volks Festival, realizado ao longo do ano nas principais capitais do País. Até o horário de publicação desta reportagem, a GM ainda não havia enviado um esclarecimento sobre sua ausência.

Em vez de conceitos de ficção científica, desta vez há produtos que realmente chegarão às ruas. O visitante já pode encomendar um elétrico e recebê-lo em poucos meses, algo impensável na última edição, em 2018, quando a mobilidade elétrica era tratada como um horizonte distante. O salão tornou-se mais tecnológico, menos aspiracional: “hoje a indústria é mais sobre tecnologia do que sobre rodas”, como resumiu Igor Calvet, presidente da Anfavea.

Se as tradicionais se retraem, as chinesas avançam com voracidade. O Grupo Geely, que adquiriu 26,4% da operação da Renault no Brasil, estreia no país mirando a disputa direta com a BYD: elétricos populares na casa dos R$ 100 mil, produzidos localmente, com design moderno e eletrônica abundante, a fórmula que vem reescrevendo a competição global. A Stellantis, percebendo a mudança de maré, selou parceria com a chinesa Leapmotor para produzir elétricos no país, um movimento que seria impensável há poucos anos para o maior conglomerado automotivo da região. Já a Chery, que no Brasil opera com a CAOA, amplia seu portfólio com duas novas marcas: CAOA Changan, de elétricos de luxo, e Omoda Jaecoo, focada em SUVs híbridos e elétricos de médio e alto padrão.

Nos bastidores, um executivo definiu o evento como “um salão oriental” – diagnóstico preciso: além das chinesas, quase todas as grandes marcas presentes são japonesas ou coreanas. A Europa, desta vez, ficou nas sombras.

O renascimento do salão não foi espontâneo. O presidente Lula foi um dos principais incentivadores, cobrando das montadoras maior exposição ao consumidor. “Vocês reclamam do mercado, mas não fazem o salão, que é a maior vitrine do setor”, teria dito em uma reunião com as montadoras, segundo uma fonte envolvida. O presidente, inclusive, fez questão de inaugurar pessoalmente a mostra antes de embarcar para uma agenda internacional, na África.

O gesto não é simbólico: sob o guarda-chuva do Mover, programa federal de estímulo à modernização automotiva, as montadoras assumiram compromissos de R$ 140 bilhões em investimentos até 2033, o maior pacote em duas décadas. Os aportes se concentram em eletrificação, segurança veicular, pesquisa e desenvolvimento e novas plataformas produtivas. Em seu discurso, Lula celebrou o ciclo: “Nunca tivemos tanto investimento direto neste país como temos agora”.

O público parece aprovar a nova fase. Mais de 200 mil visitantes passaram pelos portões desde a abertura em 22 de novembro, número suficiente para que a Anfavea confirmasse a próxima edição para 2027. O novo salão não tem a pompa do passado, tampouco o excesso de promessas. Mas talvez por isso mesmo represente melhor o setor automotivo de 2025: competitivo, globalizado, tecnológico, e com a China disputando, sem constrangimento algum, o papel de protagonista.

CNN Brasil - SP   26/11/2025

A montadora chinesa BYD voltou a registrar aumento nos novos registros de carros na Europa no mês passado, à medida que segue ampliando sua presença no continente em meio à concorrência no mercado doméstico.

Segundo a ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), os registros de veículos BYD - indicador de vendas - subiram para 17.470 unidades em outubro, ante 5.695 em igual mês de 2024.

O dado abrange a União Europeia, Reino Unido, Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Na UE, foram 13.350 unidades, ante 4.525.

Apesar do avanço, o volume da BYD ainda é muito inferior ao de montadoras estabelecidas como Volkswagen e Stellantis, que venderam 308.508 e 157.350 veículos, respectivamente.

Já os registros da Tesla caíram 48% na UE no último mês, estendendo a sequência fraca de 2025. A empresa ainda enfrenta repercussões do envolvimento de Elon Musk com o governo dos EUA.

No acumulado de 2025, carros elétricos a bateria alcançaram 16,4% do mercado da UE, ante 13,2% no período equivalente do ano passado. De janeiro a outubro, as vendas desses veículos saltaram 39% na Alemanha. Híbridos elétricos avançaram 16% e plug-in, 32%.

A ACEA informou que os registros totais de carros na UE subiram 5,8% em outubro, para 916.609 unidades, com altas de 7,8% na Alemanha e de 2,9% na França, mas queda de 0,5% na Itália.

Diário do Comércio - MG   26/11/2025

A FPT, marca de powertrain do Iveco Group, investirá mais de R$ 100 milhões em Minas Gerais até 2030. Os aportes fazem parte do plano de aplicar R$ 127 milhões no Brasil e na Argentina, países onde a empresa possui plantas de produção na América do Sul – são duas na região, além de quatro na Europa (três na Itália e uma na França) e uma na Ásia (China).

De acordo com o presidente da companhia para a América Latina, Carlos Tavares, os investimentos começaram neste ano e serão destinados, por exemplo, a melhorias de processos, ao desenvolvimento de motores e também à infraestrutura. No Estado, os valores abrangem tanto a fábrica, localizada em Sete Lagoas, quanto o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), situado em Contagem.

A estrutura voltada para inovação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) está em expansão. O novo prédio em construção tem previsão de ficar pronto por volta de outubro de 2026. Já a unidade industrial na região Central de Minas está sendo preparada para, quando for necessário, receber novos motores e ganhar mais eficiência.

“Dentro da fábrica, vários processos serão automatizados, como as ferramentas de controle para garantir a qualidade e as ferramentas de montagem, que eliminam o erro humano. São áreas complexas, então passamos a automatizar”, destacou o executivo ao Diário do Comércio durante o evento de comemoração dos 25 anos da FPT em Sete Lagoas.
Empresa vê possibilidade de expandir produção em Sete Lagoas

Conforme Tavares, a FPT é a terceira maior fabricante de motores do mundo. Na América Latina, a empresa já produziu um milhão de motores, sendo 725 mil em Sete Lagoas. No que diz respeito às vendas, 40% foram destinadas à Iveco e 60% a outros clientes.

A planta sete-lagoana tem área total de 25 mil metros quadrados e emprega, diretamente, 250 pessoas. Atualmente, no local são produzidas as famílias de motores F1, NEF e S8000, que equipam veículos comerciais, máquinas agrícolas e de construção, além de G-Drivers, utilizados na geração de energia. A capacidade instalada é de 109 mil motores por ano.

No momento, a fábrica opera com dois turnos e tem espaço para ampliar o volume de produção atual sem precisar recorrer a um terceiro turno, embora disponha de estrutura predial pronta para colocá-lo em operação, se for preciso. Outro ponto relevante é que a unidade é capaz de produzir diversos tipos de motores, o que habilita a companhia a fabricar, inclusive, motores a etanol, a gás e até a hidrogênio, caso haja necessidade.

Ao projetar os próximos 25 anos, o presidente destaca que a expectativa da FPT é de que, de fato, o número de motores produzidos na planta cresça, embora ainda não se saiba quando isso ocorrerá. Ele acredita que a expansão tende a acontecer em um futuro breve.

“O ano que vem é um ano de eleição e Copa do Mundo. Então, a primeira missão do País é baixar a taxa de juros para que o comércio comece a avançar. Os economistas dizem, e a gente aposta também, que isso deve acontecer no próximo ano. E aí, em 2027, 2028, 2029, se essa tendência se concretizar, a FPT e a fábrica de Sete Lagoas já estão prontas [para expandir a produção], e, claro, queremos gerar mais empregos e mais impostos”, concluiu.

CONSTRUÇÃO CIVIL

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2025

O Índice de Confiança da Construção (ICST) registrou um aumento de 1,0 ponto em novembro de 2025, alcançando 92,6 pontos, o maior nível desde julho deste ano, informou nesta terça-feira, 25, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Essa recuperação ocorreu após uma queda de 0,7 ponto em outubro.

“A confiança no setor apresentou uma recuperação significativa em novembro, sobretudo por conta da melhora nas expectativas para os próximos meses. Contudo, ainda não é suficiente para alcançar o patamar do início do ano”, destacou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.

Os componentes do índice refletiram o sentimento positivo geral: o Índice de Situação Atual (ISA-CST) avançou 0,6 ponto, atingindo 92,5 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-CST) elevou-se em 1,5 ponto, alcançando 93,0 pontos. O indicador de situação atual dos negócios cresceu 1,5 ponto, alcançando 92,9 pontos, enquanto o indicador de demanda prevista nos próximos três meses subiu 1,4 ponto, totalizando 94,5 pontos.

Apesar do crescimento na confiança, o Nível de Utilização da Capacidade (NUCI) registrou uma queda de 2,4 pontos percentuais, fixando-se em 77,6%. Esse declínio também foi observado nos componentes de Mão de Obra e de Máquinas e Equipamentos, que reduziram 2,8 e 1,2 pontos percentuais, respectivamente, para 78,9% e 73,0%.

A coleta de dados para a edição de novembro de 2025 foi realizada entre os dias 1 e 19 deste mês, envolvendo 701 empresas do setor. A próxima divulgação ocorrerá em 23 de dezembro de 2025.

*Conteúdo elaborado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

FERROVIÁRIO

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2025

O Ministério dos Transportes lançou nesta terça-feira, 25, o Plano Nacional de Desenvolvimento Ferroviário, o mais robusto deste tipo já elaborado no País. O governo diz que o objetivo central é destravar a expansão da malha, somando recursos públicos e privados.

Com previsão de R$ 140 bilhões diretos na infraestrutura de trilhos, os projetos podem somar R$ 600 bilhões considerando os demais investimentos necessários para o pleno funcionamento do modal. O calendário estabelecido pelo Executivo prevê oito leilões ferroviários ao longo do próximo ano.

Entre os projetos previstos no calendário está a Ferrogrão, marcado por disputa judicial em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). A pasta de Transportes prevê a publicação do edital em maio e o leilão em setembro.

Para o Ministério dos Transportes, a expansão pretendida busca um modelo de transporte mais eficiente, sustentável e competitivo, modernizando a logística nacional, impulsionando a competição entre portos, o desenvolvimento econômico e a integração territorial. O plano introduz um conjunto de normas, diretrizes, parâmetros e métodos estruturais.

Mecanismos de Contratação e Funding

O fortalecimento do setor passa por uma estratégia abrangente, que inclui investimentos públicos e privados. As soluções logísticas para transporte de carga e passageiros ocorrerão por meio de concessões, chamamentos públicos e autorizações.

Os contratos podem prever aplicação de recursos provenientes de investimentos cruzados e auxílio para investimentos, com cobertura de gap de viabilidade dos projetos.

Debêntures de Infraestrutura: Regulamentadas pelo Decreto nº 11.964/2024. A modelagem contratual pode permitir emissão de debêntures incentivadas e de infraestrutura.

Investimentos Governamentais: O novo modelo de transferência de recursos visa alavancar rentabilidade dos projetos ferroviários. Os aportes só podem ser aplicados em ferrovias com bens reversíveis ao patrimônio público.

Incentivos Fiscais: Incluem isenção de ICMS (Convênio ICMS nº 120/2023) e o regime tributário Reporto para incentivo à implantação de ferrovias. Os recursos governamentais serão movimentados por Contas Vinculadas sob fiscalização da ANTT e governança conjunta.

Leilões (Concessões): O critério de julgamento será a maior oferta, selecionando a proposta que exigir menor transferência de recursos governamentais. A estruturação jurídica da concessionária exige uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) sob a forma de Sociedade por Ações.

Resolução de Controvérsias e Aspectos Tarifários: Os contratos preveem uso de arbitragem para resolução de controvérsias relativas a direitos patrimoniais disponíveis e o Dispute Board (Comitê de Resolução de Conflitos) como mecanismo de gestão contratual e mitigação de riscos. As tarifas de transporte por unidade de carga serão livremente negociadas conforme interesse comercial, limitadas pelo price cap. Está prevista revisão da Tabela Tarifária, com reajuste quinquenal pelo regulador.

Operações Acessórias e Compartilhamento de Malha: A concessionária poderá desenvolver Operações Acessórias com preços negociados com o usuário, garantindo tratamento isonômico e não discriminatório. Os modelos de concessão podem incentivar receitas acessórias, incluindo exploração imobiliária de terrenos para aumentar a atratividade dos projetos ferroviários. “Potencial imenso de receitas a serem aplicadas em benefício da infraestrutura brasileira”, define o plano.

O modelo regulatório define:

Direito de Passagem: Uso da via permanente e sistema de licenciamento da cedente.
Tráfego Mútuo: Uso de via permanente, sistema de licenciamento e recursos operacionais (ex.: locomotivas).

Matriz de Riscos e Sustentabilidade

Riscos do Poder Concedente: Incluem a obtenção da Licença Prévia Ambiental para empreendimentos prioritários, variações relevantes nos custos de construção e insumos, e o compartilhamento dos riscos relativos a desapropriações e desocupações irregulares, além de custos com condicionantes ambientais. O Poder Concedente também assume riscos por decisões arbitrais/judiciais que impeçam a cobrança da tarifa, alterações em tributos (exceto IR), e riscos residuais.

Riscos da Concessionária: Incluem a responsabilidade pela implantação da estrutura da ferrovia, obtenção de licenças ambientais, gestão de passivos ambientais, danos a terceiros, riscos climáticos, falhas técnicas, riscos de tecnologia, e variação nos custos financeiros e monetários. A concessionária também é responsável pela segurança operacional e patrimonial.

Material Rodante: O material rodante, que inclui todos os veículos que circulam sobre trilhos, como locomotivas, vagões de carga, vagões de passageiros e veículos de manutenção, será não reversível, permitindo o emprego de equipamentos de terceiros. É vedado adotar critério exclusivamente vinculado à idade do bem.

Sustentabilidade Ambiental: Foco no desenvolvimento de infraestrutura resiliente e incentivos à transição energética da frota para redução de emissões (Resolução ANTT nº 6.057/2024). A sustentabilidade é um pilar dessa transformação, essencial para melhorar a segurança e reduzir impactos ambientais, alinhando o país à transição para uma economia mais verde.

Política Nacional de Transporte Ferroviário de Passageiros: Definição das diretrizes que devem ser observadas na estruturação dos projetos de transporte de passageiros, para possibilitar novos investimentos no setor. Aproveitamento de malha ferroviária ociosa ou subutilizada.

NAVAL

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2025

O submarino Almirante Karan, a quarta e última embarcação convencional do Prosub, o programa da Marinha do Brasil de construção de submersíveis, foi lançado ao mar em meio a transformações no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio, que se ocupará agora da construção da joia do programa, a unidade com propulsão nuclear, o submarino Álvaro Alberto, o primeiro de país do hemisfério Sul, que deve entrar em operação em 2034.

O almirante Karan (S43) foi batizado em cerimônia que marcou ainda a entrega definitiva à Marinha do seu terceiro submarino convencional, o Tonelero (S42), após a realização da chamada “mostra de armamento” da embarcação. Lançado ao mar em 2024, o Tonelero passou por testes durante esse período e, agora, será transferido para o setor operativo da Força Naval. Assim como o Almirante Karan, ele é um submarino da classe Skorpène, cujo projeto é do francês Naval Group, um dos maiores grupos da área de defesa do mundo.

Com o encerramento da construção dos submarinos convencionais, a estrutura do estaleiro de Itaguaí vai se ocupar do submarino nuclear. A primeira fase da construção do projeto do submarino Álvaro Alberto deve cuidar da popa, a parte traseira da embarcação. “Estamos nessa transição de fase. Envolve a construção do submarino e a sua infraestrutura de apoio no complexo, observando o normativo de licenciamento nuclear”, afirmou o almirante Alexandre Rabello de Faria, diretor de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha.

Atualmente só os cinco países com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU têm submarinos movidos a propulsão nuclear. Trata-se de uma arma temível, capaz de dissuadir ameaças extrarregionais. O Álvaro Alberto é considerado pela Marinha e pelo Naval Group como uma embarcação pioneira. Para o Vice-presidente da América Latina e Grécia da gigante francesa, Laurent Mourre, o ideal e o desejo é que ele seja o primeiro de uma frota brasileira de submarinos convencionais com propulsão nuclear.

Só os dois últimos contratos assinados pela Marinha com a Naval Group – a empresa francesa é sócia (41% do capital) da Novonor (59% do negócio) no Complexo de Itaguaí –, publicados em agosto, somam € 526,4 milhões (R$ 3,2 bilhões), E isso só para os sistemas adicionais e os serviços especiais de engenharia, com solução industrial, aquisição e construção para a montagem eletromecânica do Prédio Auxiliar Controlado (PAC) do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGene), onde se constrói o reator brasileiro para a propulsão do submarino.

O evento em Itaguaí é um dos mais importantes para a Marinha e para a Defesa do Brasil deste ano. Não só pelos números envolvidos. Mas pela perspectiva de parceria estratégica do País diante da possibilidade de o complexo servir para construir submarinos para outros países do entorno estratégico do Brasil. Argentina, Chile, Peru, Equador e Colômbia têm de renovar total ou parcialmente sua frota de submarinos – juntos, podem encomendar até 14 submarinos. E o Naval Group está de olho nesse mercado.

Não só em razão do rearmamento europeu, que está causando filas de espera nas fábricas do velho continente, mas também em razão de suas instalações e localização, Itaguaí pode ser uma alternativa para atender encomendas, desde que barreiras de exportação sejam superadas. “Sabemos de planos e intenções, mas, por enquanto, nada de concreto foi fechado”, afirmou Nicolas Viala, diretor Brasil do Naval Group. O sonho da Força Naval é que Itaguaí se transforme em uma espécie de Embraer do mar.

Os submarinos convencionais fabricados em Itaguaí são da classe Skorpène. A versão brasileira (Skorpène-BR) é equipada com os torpedos F-21 e é maior e mais moderna do que outras embarcações dessa classe vendidas para o Chile. Eles são maiores — 71,62 metros ante 66,4 metros da versão anterior — e sua tonelagem é de 1.870 toneladas – 1.717 toneladas na versão chilena. O primeiro deles a ser integrado à Marinha foi o Riachuelo (S40), em setembro de 2022. Logo em seguida, veio o Humaitá (S41), em janeiro de 2024.

Tudo isso por meio da Itaguaí Construções Navais, uma empresa criada a partir da cooperação estratégica entre Brasil e França. Seu objetivo era capacitar o País na construção de submarinos, o que fez da empresa a primeira fábrica de submarinos da América do Sul. Foi Itaguaí que ergueu a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas e, em seguida, o estaleiro de construção na Ilha da Madeira, possibilitando, segundo o Naval Group, “a montagem e testes de cascos e sistemas complexos”.

Entre 2009 e 2014, houve a “imersão tecnológica e o início da formação de mão de obra especializada no País”. Entre 2015 e 2017 ocorreu a fase de transferência e absorção de tecnologia, com o corte da chapa do quarto submarino convencional, o Almirante Karan. “Esse marco confirmou que o Brasil passou a dominar os processos de engenharia e fabricação necessários para projetos navais avançados”, informou o Naval Group.

A parceria da Marinha com a França não se resumiu à construção dos submarinos. A força expedicionária do Corpo de Fuzileiros Navais se aproximou de seu homólogo francês. A escolha do Naval Group aconteceu durante a primeira passagem de Luiz Inácio Lula da Silva pela Presidência. De acordo com o Relatório Anual de 2024 do Naval Group, ele registrou receita de € 4,355 bilhões de faturamento e conta com 16.722 funcionários.

Os franceses estão presentes em 17 países – fecharam recentemente contratos com a marinha holandesa. Além do Brasil e França, fornecem submarinos para Índia, Malásia, Indonésia e Chile. Além da classe Skorpène, o grupo é responsável pela classe Barracuda e pela construção dos submarinos nucleares com os mísseis balísticos da force de frappe francesa e pelo porta-aviões Charles de Gaulle, único a propulsão nuclear da Europa.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2025

A Caixa Econômica Federal (CEF) formalizou nesta terça-feira, 25, o retorno como agente financeiro do Fundo da Marinha Mercante (FMM) em contratos de longo prazo após um intervalo de mais de uma década. O contrato foi firmado com a Camorim Serviços Marítimos, empresa 100% brasileira com sede em Niterói (RJ), para o financiamento de uma embarcação do tipo rebocador.

O investimento, no valor de R$ 30 milhões, servirá para ampliar a frota da empresa, que tem 30 anos de atuação no setor marítimo nacional, e reduzir a necessidade de afretamentos. O contrato oferece carência de 12 meses e pode ser amortizado em até 148 meses.

Desde 2014, a Caixa manteve apenas operações de crédito de curto prazo ao setor. Segundo a diretora de Rede de Atacado do banco, Suely Patrão, a instituição está pronta para “atender a demanda e, com isso, aperfeiçoar a política de crédito para a indústria naval do país”

Criado para estimular a modernização da frota e consolidar a indústria de construção e reparação naval, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) é um fundo de caráter contábil. Sua gestão é realizada pelo Ministério dos Transportes, por intermédio do Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM), sendo o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) a base principal de financiamento.

Valor - SP   26/11/2025

A Hutchison Ports, subsidiária do conglomerado de Hong Kong CK Hutchison Holdings, está investindo pesadamente em um importante porto na costa oeste do México, símbolo da influência ascendente da China na América Latina.

Enormes guindastes, caminhões e empilhadeiras podem ser vistos circulando pelo terminal de contêineres da Hutchison Ports no Porto de Lázaro Cárdenas.

Operado por uma unidade local da Hutchison Ports, o terminal abrange uma área total de 122 hectares. Seu volume de movimentação de contêineres atingiu cerca de 1,5 milhão de TEUs (unidades equivalentes a vinte pés) em 2024, o equivalente a 30% do volume do Porto de Tóquio, o maior porto do Japão.

A empresa busca aumentar o tráfego investindo cerca de 3,47 bilhões de pesos (US$ 188 milhões) para expandir o local e adicionar novas instalações. Guindastes e outros equipamentos estão sendo eletrificados desde 2024.

A Hutchison Ports responde por cerca de 40% dos planos de investimento privado para todo o Porto Lázaro Cárdenas, que abriga diversas outras empresas.

A capacidade do porto cresceu mais de mil vezes ao longo dos 20 anos até 2023, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS). A Hutchison Ports, que adquiriu os direitos de gestão em 2003, desempenhou um papel significativo nessa expansão.

A empresa participa da operação de 53 portos em 24 países. Seu volume de movimentação de contêineres em 2024 se aproximou de 90 milhões de TEUs, quatro vezes o volume de todos os portos do Japão.

A empresa também administra os dois portos em cada extremidade do Canal do Panamá. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a China de controlar o canal, transformando-o em uma nova fonte de conflito entre os países.

Alfredo Huesca, diretor-geral da Hutchison Ports LCT, disse ao “Nikkei Asia” que a empresa não recebeu nenhuma instrução do governo chinês nos últimos 20 anos.

A CK Hutchison aceitou uma proposta para transferir os direitos de operação de 43 portos ao redor do mundo, incluindo o Canal do Panamá, para um consórcio de investidores que incluía a BlackRock — um acordo que o governo chinês posteriormente suspendeu. O governo panamenho também interveio, deixando a proposta de US$ 22,8 bilhões em suspenso.

A Hutchison Ports opera sete terminais de contêineres na América Latina e no Caribe, segundo o CSIS. O México, com quatro, é sua maior base na região.

Huesca afirmou que a empresa só tem conhecimento das informações disponíveis publicamente sobre a aquisição liderada pela BlackRock. Ele acrescentou que os recentes acontecimentos não tiveram impacto nas operações diárias do porto.

Em dezembro de 2024, 25 toneladas de materiais precursores para a fabricação de drogas sintéticas como o fentanil foram apreendidas no maior porto do México, Manzanillo, a maior parte das quais acredita-se ter sido importada da China.

Manzanillo abriga o quartel-general da Marinha Mexicana e tem sido o centro de uma disputa de poder entre o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG), um dos maiores sindicatos do crime organizado do México, e outras organizações.

O terminal do porto de Manzanillo também é um importante centro de transporte de cargas para os Estados Unidos. Uma análise do CSIS estimou que uma interrupção nesse terminal poderia custar à economia americana mais de US$ 130 milhões por dia.

Um relatório do CSIS identificou 37 portos na América Latina ligados a empresas chinesas. Embora afirme que não há evidências de atividade criminosa, o relatório indica que esses portos controlados pela China são bases ideais para organizações criminosas chinesas que atuam em conjunto com grupos do crime organizado locais.

O relatório também apontou a possibilidade de que exportações para a China em setores onde as transações são proibidas — como frutos do mar, madeira, minério de ferro e cobre — possam ser viabilizadas por meio de subornos a funcionários da alfândega ou estivadores.

Em junho, um grande navio cargueiro operado pela gigante chinesa de veículos elétricos BYD fez sua primeira atracação em um terminal dedicado a automóveis no Porto de Lázaro Cárdenas. Uma fonte do terminal afirmou que navios da BYD já haviam chegado quatro vezes até outubro. Obras de expansão para aumentar a capacidade em 20% no terminal de automóveis estão em andamento.

Em um relatório de 2023, o centro de estudos americano Coalizão Internacional Contra Economias Ilícitas afirmou: "O CJNG está obtendo os precursores químicos para a produção de fentanil, principalmente importados pelos portos de Lázaro Cárdenas e Manzanillo". O relatório indicou que ambos os portos estavam sob o controle do cartel em 2020.

PETROLÍFERO

Infomoney - SP   26/11/2025

Os contratos futuros do petróleo encerraram a sessão desta terça-feira, 25, em queda de quase 2%, pressionados por relatos de que a Ucrânia teria concordado com termos centrais de um possível acordo de paz com a Rússia e sinais de que Moscou está ampliando o fluxo de exportações para a China, o que reforça a percepção de excesso de oferta no curto prazo.

O petróleo WTI para janeiro, negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex), fechou em queda de 1,51% (US$ 0,89), a US$ 57 95 o barril. Já o Brent para fevereiro, negociado na Intercontinental Exchange de Londres (ICE), recuou 1,46% (US$ 0 92), a US$ 61,80.

Um funcionário dos Estados Unidos disse nesta terça que uma delegação ucraniana concordou com os termos de um possível acordo de paz com Washington, segundo a ABC News, e secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que houve progresso considerável rumo a um acordo, mas que existem alguns “detalhes delicados” que ainda precisam ser resolvidos.

Mesmo em meio aos esforços de paz norte-americanos, a Rússia lançou uma série de ataques contra a capital ucraniana neste madrugada, atingindo prédios residenciais e infraestrutura energética.

Um possível acordo poderia resultar no levantamento das sanções dos EUA sobre as empresas petrolíferas russas e aliviar os temores de interrupções no fornecimento na região, diz o Commerzbank.

“O petróleo teve uma queda um pouco mais forte, com o avanço do acordo da Ucrânia. Então, isso gera um receio de excesso de oferta que jogou o petróleo lá para baixo e, consequentemente, a Petrobras e as ‘junior royals’ aqui no Brasil também fecharam com uma queda um pouco mais forte”, disse Lucas Furst, operador de renda variável e sócio da Manchester Investimentos.

Ainda no radar, a Rússia vem discutindo formas de expandir as exportações de petróleo para a China, afirmou o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, o que aumenta preocupações de excesso de oferta de investidores. O preço médio do Brent em 2027 deverá ser de US$ 57, embora possa cair para a faixa dos US$ 30, a menos que sejam implementados cortes na produção, dizem analistas do JPMorgan.

Valor - SP   26/11/2025

Unidade localizada em Assú (RN) pode processar 100 mil m>up<3>res< /dia para clientes do interior

A petroleira independente PetroReconcavo e a distribuidora de gás natural GNLink viabilizaram uma unidade de liquefação e compressão de gás natural no Rio Grande do Norte, voltada para clientes que não têm acesso ao insumo via gasodutos. As obras do terminal da GNLink, localizado em Assú, estão concluídas, com capacidade para processar 100 mil metros cúbicos por dia (m3 /dia) de gás, fornecido pela PetroReconcavo. A instalação recebeu investimentos de R$ 125 milhões.

A planta obteve a licença de operação pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), órgão ambiental do Rio Grande do Norte, e agora aguarda a autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para operar. No momento, a unidade está em fase de testes pré-operacionais (comissionamento).

Os investimentos no terminal foram realizados com recursos da GNLink, mas aguardam a liberação de financiamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Procurado, o banco afirmou que não pode comentar eventuais operações em análise ou tramitação, em respeito ao sigilo bancário previsto em lei.

O contrato entre a GNLink e a PetroReconcavo tem duração de dez anos e inclui liquefação, compressão, armazenamento, transporte e regaseificação do gás, produzido pelos campos do Polo Sabiá, que fica ao lado do terminal. O gás será transportado por carretas até a rede da distribuidora Potigás ou a clientes livres, onde será regaseificado para consumo.

A unidade de GNL tem potencial de atender clientes em um raio de 1 mil quilômetros, em cidades do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Maranhão, entre outros Estados, e está alinhada às estratégias das duas empresas.

De acordo com o presidente da GNLink, Marcelo Rodrigues, o projeto consolida o modelo de negócios da empresa, que visa a criar demandas pelo gás natural em regiões onde não há infraestrutura de transporte. Rodrigues conta que o modelo de negócios não compete com as distribuidoras dos Estados, mas complementa a atuação, levando o gás por meio de caminhões para regiões sem gasodutos ou que possuam redes locais - além de trazer nova alternativa para monetização do gás.

“Nossa estratégia é levar gás natural para onde não tem. A distribuidora não nos encara como concorrente, mas como um parceiro para antecipar a chegada do gás”, disse Rodrigues.

José Firmo, presidente da PetroReconcavo, afirmou que a parceria com a GNLink traz mais uma alternativa para monetização do gás produzido no Rio Grande do Norte e permite diversificação de receitas. Os 100 mil m3 /dia que serão fornecidos à GNLink correspondem a 15% da produção da companhia no Estado, de 700 mil m3 /dia. “Temos uma excelente oportunidade de escoar nosso gás em um projeto que está alinhado com nossa busca por novas demandas. O ganho primário que temos é a monetização do gás em condições competitivas, abraçado com resiliência operacional”, disse Firmo.

O gás que será fornecido é “seco”, sem necessidade de tratamento pela unidade de processamento de gás natural (UPGN) em Guamaré, diz João Vitor Moreira, vice-presidente comercial e de novos negócios da PetroReconcavo. Para o executivo, o contrato abre espaço, inclusive, para substituição de outros energéticos. “Começamos a ver, por exemplo, montadoras de veículos pesados fabricarem caminhões movidos a GNL. Isso traz capacidade de reduzir custos”, disse Moreira.

Além da unidade no Rio Grande do Norte, a GNLink tem uma planta em Itabuna, na Bahia, e uma terceira instalada em Barra Bonita, no Paraná. As duas unidades também têm capacidade de processar 100 mil m3 /dia.

Com a planta em Assú, a GNLink encerra um primeiro ciclo de investimentos e totaliza capacidade de processar 300 mil m3 /dia. Agora, diz Rodrigues, a empresa iniciará um segundo ciclo de investimentos para dobrar essa capacidade, com foco no Sudeste e no Centro-Oeste, também em regiões não atendidas por gasodutos.

Petro Notícias - SP   26/11/2025

O Comitê de Licitação da Petrobrás informou que aprovou a proposta da SBM Offshore na licitação para contratação dos navios-plataformas (FPSOs) de Sergipe Águas Profundas (SEAP). O sinal verde foi dado durante a fase de avaliação de eficácia da proposta. Para lembrar, a SBM Offshore ofereceu os melhores preços na concorrência dos FPSOs. A empresa holandesa apresentou um preço global de US$ 4,1 bilhões para SEAP II e US$ 4,3 bilhões para SEAP I.

A disputa pelo contrato de SEAP II teve ainda outras duas concorrentes: a indiana Shapoorji ofereceu um preço global de US$ 4,3 bilhões, enquanto a japonesa Modec propôs o valor de US$ 5,2 bilhões. Na corrida pelo contrato de SEAP I, a SBM teve apenas um concorrente: a Shapoorji propôs um preço global de US$ 4,6 bilhões.

A modalidade de contratação será do tipo Build, Operate and Transfer (BOT), no qual a contratada é responsável pelo projeto, construção, montagem e operação do ativo por um período inicial definido em contrato. Posteriormente a operação será transferida para a Petrobrás. O processo prevê a licitação de uma unidade firme para o SEAP 2 e uma opção de compra de um segundo FPSO similar, com previsão de aplicação para o SEAP 1.

As unidades terão capacidade de processar 120 mil barris por dia (bpd) de petróleo e até 12 milhões de m3 de gás por dia, sendo o gás especificado e exportado diretamente para venda, sem necessidade de tratamento adicional em terra.

RODOVIÁRIO

Jornal de Brasília - DF   26/11/2025

O Ministério dos Transportes planeja realizar 21 leilões em 2026, sendo 13 rodoviários e oito ferroviários. A expectativa é que as concessões somem R$ 288 bilhões em investimentos, segundo a carteira de projetos divulgada pela pasta nesta terça-feira, 25.

Para o setor rodoviário, a estimativa é de R$ 148 bilhões em investimentos, com projetos em todas as regiões do País.

A Rota Agro Central (BR-070/174/364/MT/RO) foi retirada do calendário, reduzindo a projeção inicial de 14 para 13 certames. Essa agenda inclui sete novas concessões e seis otimizações de contratos já existentes.

Se todos leilões previstos para o próximo ano forem realizados, o Ministério dos Transportes irá igualar a marca de 2025. Até o momento, foram 12 disputas neste ano, que irão se somar à repactuação da Fernão Dias, em dezembro. Com isso, o governo se aproxima da meta de 35 disputas em quatro anos, apresentada no início do mandato.

“A imprensa e boa parte do mercado não acreditavam que seria possível, mas conseguimos cumprir o que dizíamos”, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho, na cerimônia de apresentação da carteira.

Cronograma rodoviário

O cronograma de concessões do próximo ano começa em março, com a Rota dos Sertões (BR-116/BA/PE), Rotas Gerais (BR-116/251/MG) e otimização da Régis Bittencourt (BR-116/SP/PR). Para abril, está prevista a otimização da Rota Arco Norte (BR-163/MT/PA).

Nos meses seguintes, o calendário avança com mais duas repactuações: a Rota do Pequi (BR-060/153/DF/GO), marcada para junho, e a Rota Litoral Sul (BR-116/376/PR e BR-101/SC), prevista para julho.

Em agosto, ocorre o leilão da Rota Portuária do Sul (BR-116/392/RS), seguido, em setembro, pela otimização da Rota Planalto Sul (BR-116/PR/SC). Em outubro, está programada a otimização da Rodovia Transbrasiliana (BR-153/SP).

A Rota 2 de Julho (BR-116/324/BA) e as Rodovias Integradas de Santa Catarina, Lotes 1 e 3, estão previstas para novembro. O calendário se encerra em dezembro, com o leilão da Rota Integração do Sul (BR-116/158/290/392/RS).

Ferrovias

Já para o setor ferroviário, a projeção é de oito leilões, movimentando R$ 140 bilhões em investimentos. O primeiro previsto é o Corredor Minas-Rio, em abril. Em junho, deve ocorrer a disputa pelo Anel Ferroviário Sudeste.

Em julho, está previsto o leilão da Malha Oeste e em agosto, o do Corredor Leste-Oeste. Em setembro, será a vez da Ferrogrão. Três certames encerram a agenda, em dezembro: Malha Sul – Corredor Paraná – Santa Catarina, Malha Sul – Corredor Rio Grande e Malha Sul – Corredor Mercosul.

AGRÍCOLA

Canal Rural - SP   26/11/2025

Em comum, as três sintetizavam os desafios das mais de 30 marcas nacionais presentes no evento, recorde até então: o atendimento às normas técnicas do Velho Mundo, os entraves logísticos e o estabelecimento de um nome que se faça lembrar em meio ao de gigantes que fornecem para os produtores do norte do globo há mais de um século.

O executivo internacional de vendas da Colombo, Breno Masalskiene, conta que já nos primeiros dias de feira, a empresa conquistou abertura de dois novos mercados: Romênia e Hungria. Assim, a empresa passa a exportar máquinas, como as colhedoras de feijão, responsáveis por 80% das vendas e que são comercializadas a uma média de 60 mil euros, e as de amendoim, a 16 nações europeias.

“Porém, até então, o nosso maior mercado europeu é a Polônia, onde já vendemos mais de 200 colhedoras de feijão em cinco anos. Como faz fronteira, também temos conseguido entrar na Ucrânia, porém, na Itália, França e em Portugal a nossa presença já é mais ativa, com uma forte representatividade. Nosso foco é o de aumentar mais cinco países europeus nos próximos anos”, afirma.

Como adaptação para vender no continente, Masalskiene cita a adesivação de segurança como a mudança mais significativa: cada parte operacional da máquina precisa ter identificação e conter uma lista de possíveis riscos durante o manuseio. “Fora isso temos um freio a ar, o freio europeu, já que para conseguirmos certificar a máquina e vendê-la na Europa, é preciso passar por um teste de freio”, detalha.

Tal teste consiste em engatar a máquina a um trator, movimentá-la a 30 km/h e efeturar uma freada brusca. “Também precisamos ter as placas de segurança na traseira da máquina para que o produtor possa transportá-la na estrada, além de um engate de três pontos. A largura máxima da máquina deve ser de 3,20 metros, valor limite para poder rodar nas rodovias europeias”, completa.
Cazaquistão, Mongólia e Biolorrúsia

O diretor comercial da Stara, Márcio Elias Fülber, conta que cerca de 15% do faturamento da companhia advém das exportações, sendo que para a Europa, os destaques das remessas vão para Cazaquistão, Mongólia e Biolorrúsia.

Já para atender a países com PIB mais elevado, exemplos de Alemanha, França e Inglaterra, o executivo ressalta que a empresa teria de fazer adaptações mais profundas em sua linha, como a largura das máquinas, a velocidade de transporte e os sistemas de frenagem, diferentemente do que ocorre em outros locais do Hemisfério Norte, que não consideram tais adequações como obrigatórias.

“O mercado de máquinas agrícolas em países como a Alemanha é muito competitivo e conta com diversos fabricantes globais. É um esforço [estar presente neste mercado] que um dia a Stara vai fazer, mas não é um dos focos neste momento porque teríamos de realizar grandes adaptações em nossas máquinas para, em troca, ter uma oportunidade pequena”, conta.

Fülber ainda destaca que países europeus com áreas agrícolas maiores guardam mais semelhanças com o Brasil, o que viabiliza o negócio. “As áreas agrícolas do Cazaquistão, por exemplo, são semelhantes às da Bahia, com cinco, dez, 15, 20 mil hectares, então há maior sinergia e os nossos equipamentos podem trabalhar de forma mais fácil.”

De acordo com ele, quando se tratam de máquinas autopropelidas, caso dos pulverizadores, produto mais exportado pela Stara no leste europeu, a única adaptação necessária é no sistema de aquecimento, que passa a ser regulado para operar em temperaturas negativas.
Máquina para plantio convencional

Pela primeira vez com maquinário na Agritechinica, a Vence Tudo expôs uma plataforma de milho que não comercializa no Brasil, voltada, principalmente, aos Estados Unidos. “Por lá se tem plantações de milho com o dobro do tamanho do Brasil. São materiais mais resistentes, altos, com mais sementes por metro, com espaçamento diferente e o equipamento precisa estar adequado para suportar essas mudanças”, conta o gerente de Mercado Externo da empresa, Jair Bottega.

Segundo ele, tais especificidades também atenderiam ao mercado europeu. Contudo, a largura da plataforma ainda ainda é um entrave. Diante disso, a companhia mira, por enquanto, nações que não requerem a compactação máxima de 3,20 metros, casos de Rússia, Ucrânia, Cazaquistão, Uzbesquistão e, mais recentemente, Bulgária. Ainda assim, tal parte do continente representa o menor contingente nas exportações da companhia, atrás de América do Sul e África.

“Nossas máquinas no Brasil são específicas para plantio direto, mas na Europa e em outras partes do mundo se faz quase que unicamente o plantio convencional, então temos de adaptar o equipamento. Nosso objetivo é aumentar presença no leste europeu, mas, para isso, temos desafios logísticos”, destaca Bottega.

Nesse aspecto, ele dá o exemplo da Rússia, país com quem o Brasil tem o direito a exportar apenas um navio por mês com maquinários. “Se perder a data, só consegue no próximo mês. No ano passado aconteceu de termos um problema logístico e a nossa máquina chegar em território russo após a temporada de plantio, ou seja, tarde demais, o que causa um desconforto”, diz.

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