Clipping Diário

26 | Agosto | 2025

SIDERURGIA

Brasil Mineral - SP   26/08/2025

Produção mundial de aço bruto recua 1,3% em julho de 2025, totalizando 150,1 milhões de toneladas, segundo relatório da worldsteel.

A worldsteel divulgou que a produção mundial de aço bruto alcançou 150,1 milhões de toneladas em julho de 2025, um recuo de 1,3% em relação ao mesmo mês do último ano. A Ásia e a Oceania produziram 110,4 milhões de toneladas em julho, 1,9% a menos sobre julho do último ano. Apenas a China produziu 79,7 milhões de toneladas, um decréscimo de 4% quando comparado a julho do ano passado, enquanto a Índia produziu 14 milhões de toneladas no mês, um incremento de 14% sobre o mesmo mês de 2024. Japão e Coreia do Sul produziram 6,9 milhões de toneladas e 5,3 milhões de toneladas de aço bruto em julho, respectivamente, com quedas de 2,5% e 4,7% na comparação com o mesmo mês de 2024.

Os países do Bloco Europeu produziram 10,2 milhões de toneladas de aço em julho de 2024, ou 7% inferior ao mesmo mês de 2024. A Alemanha teve produção de 2,7 milhões de toneladas e caiu 13,7% em julho, quando comparado ao mesmo mês do ano passado. Países europeus, como Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Noruega, Sérvia, Turquia e Reino Unido, produziram 3,6 milhões de toneladas e cresceram 2,6% sobre julho de 2024. A produção da Turquia somou 3,2 milhões de toneladas, 4,2% superior na comparação com julho do último ano.

A África -- Egito, Líbia e África do Sul – produziu 1,9 milhões de toneladas de aço bruto em julho, 2% de decréscimo na comparação com julho do último ano, enquanto os países da CIS produziram 6,7 milhões de toneladas, e caíram 5,1%, sendo que a Rússia teve produção estimada de 5,7 milhões de toneladas, um retrocesso de 2,4% sobre julho de 2024. Os países do Oriente Médio - Irã, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos – registraram produção de 4,4 milhões de toneladas de aço bruto, um aumento de 27,7% na comparação com julho do último ano. A produção do Irã somou 2,2 milhões de toneladas e cresceu 29,7% no mês.

A produção na América do Norte cresceu 5,8% em julho de 2025, somando 9,4 milhões de toneladas. Apenas os Estados Unidos produziram 7,1 milhões de toneladas, 4,8% a mais do que em julho de 2024, enquanto a produção na América do Sul alcançou 3,6 milhões de toneladas, queda de 4,5%% sobre julho de 2024, sendo que o Brasil registrou produção estimada de 2,9 milhões de toneladas em julho, um recuo de 5,5% quando comparado com julho do último ano. No acumulado do ano até julho, a produção mundial de aço bruto somou 1,086 bilhão de toneladas, o que representa um decréscimo de 1,9% em relação ao mesmo período de 2024.

Globo Online - RJ   26/08/2025

Os investimentos da China no Brasil em minerais considerados essenciais para a indústria de tecnologia entraram no radar da guerra tarifária dos Estados Unidos. A AISI, associação industrial que representa as siderúrgicas americanas, pediu ao governo Donald Trump que “levante preocupações” junto a Brasília em relação à aquisição de minas de níquel no Brasil por uma mineradora chinesa.

A produção dos chamados minerais estratégicos — lítio, cobre, níquel, nióbio, terras-raras, entre outros, demandados pela alta tecnologia e pela transição para uma economia de baixo carbono — é um dos pontos altos dos atritos geopolíticos entre EUA e China, pano de fundo para a guerra comercial de Trump.

Segundo o consultor Welber Barral, que foi secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, já começou uma corrida entre China e EUA em torno dos minerais estratégicos. E os chineses estão na frente, especialmente no beneficiamento de terras-raras e outros insumos essenciais para a indústria de alta tecnologia. Essa corrida ganhou os holofotes na guerra comercial deflagrada por Trump.

— Quando os EUA colocaram as primeiras tarifas contra a China (neste segundo mandato de Trump, iniciado em janeiro), os chineses responderam com tarifas, mas também proibiram as exportações de terras-raras, em retaliação — disse Barral, hoje sócio do escritório Barral Parente Pinheiro Advogados e sócio-fundador da consultoria BMJ.

A proibição surtiu efeito e foi um dos motivos que fez Trump recuar, suspender parte do tarifaço contra a China e negociar com Pequim — a suspensão e as negociações seguem em curso. O episódio serviu para “mostrar como os EUA estão vulneráveis” nesse tema, completou Barral. Assim, os minerais estratégicos viraram de vez um “tema geopolítico”, não mais comercial.

Tanto que o acesso a eles foi colocado nas negociações de acordos comerciais dos EUA com a Ucrânia e a Indonésia, a maior produtora global de níquel, lembrou Barral.

O Brasil é chave nesse cenário, tanto porque tem grandes reservas desses minerais quanto por causa da aproximação recente com a China. O mercado brasileiro foi o segundo maior destino dos investimentos externos chineses no primeiro semestre, como mostrou O GLOBO na semana passada.

E a indústria de mineração tem sido um destaque. Foram pelo menos quatro desses investimentos, entre o fim de 2024 e este ano. Três operações envolveram minerais estratégicos.

Assim como nos casos da Ucrânia e da Indonésia, o tema também entrou nas discussões com o Brasil. Após o anúncio de uma sobretaxa adicional sobre as exportações brasileiras para o mercado americano, em julho, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, disse a representantes da indústria que governo americano teria interesse no acesso a essas matérias-primas, como revelou O GLOBO.

Além de ser usado na produção de baterias, o níquel é usado já agora, para a produção de aço inoxidável — segundo a AISI, cerca de 65% da demanda global atual de níquel é para esse fim.

O pedido da AISI de intervenção do governo americano se deveu ao maior dos três investimentos chineses recentes em minerais estratégicos no Brasil, a compra, pela australiana MMG, controlada pela estatal China Minmetals, de todas as minas brasileiras de níquel da anglo-sul-africana Anglo American.

A transação, anunciada em fevereiro, poderá chegar a US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) e envolve minas em Goiás e projetos em desenvolvimento em Mato Grosso e no Pará.

Investigação

A AISI tratou do assunto em manifestação no processo de investigação aberto pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) sobre as práticas comerciais do Brasil.

A investigação — medida prevista na seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, de 1974 — fez parte da investida de Trump contra o Brasil, ao lado da sobretaxa.

Pelas regras da lei americana, o processo, que pode durar mais de um ano, inclui contribuições de partes interessadas, com espaço para defesa do governo brasileiro, manifestações de quaisquer cidadãos, de empresas e setores econômicos. Haverá ainda uma audiência pública, no início de setembro.

A AISI diz que resolveu se posicionar no processo por causa da transação envolvendo a MMG e a Anglo. “Se bem-sucedida, a China obteria influência direta sobre uma porção substancial das reservas de níquel do Brasil, além de sua posição dominante na produção indonésia, exacerbando as vulnerabilidades existentes na cadeia de suprimentos para este mineral crítico”, diz o texto, que foi protocolado no processo do USTR no último dia 18, como revelou o jornal Valor.

Ainda segundo a manifestação da AISI, as maiores reservas de níquel estão na Indonésia, na Austrália e no Brasil, em ordem de tamanho. “Juntas, as reservas brasileiras e indonésias representam quase metade do total de recursos de níquel do mundo”, diz o texto da entidade empresarial americana.

Em 2023, a produção nacional de níquel foi de 72,4 mil toneladas, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). Ano passado, a produção de níquel da Anglo somou 39,4 mil toneladas, 54,4% do total de 2023.

A aquisição das minas da Anglo pela MMG ainda está em curso, segundo uma fonte que assessorou transações de investidores chineses na indústria de mineração nacional e pediu anonimato. As autoridades de regulação da concorrência da União Europeia (UE) estão analisando o negócio.

O caso chegou também ao Cade, órgão brasileiro que cuida do tema, após a CoreX Holding, empresa de investimentos do empresário turco Robert Yuksel Yildirim, CEO do conglomerado industrial Yildirim Group, encaminhar uma denúncia.

A alegação é que a operação afetaria a livre concorrência, como revelou o jornal Folha de S.Paulo. Fontes próximas ao órgão brasileiro disseram ao GLOBO, sob reserva, que a denúncia deverá ser arquivada, pois a transação não se configuraria como ato de concentração no país.

Segundo a pessoa que assessorou as transações, o caso das minas da Anglo não exige consulta prévia ao Cade. Um dos motivos é que a MMG não possui operação no país. Ou seja, a atual concentração de mercado da Anglo será mantida.

Além disso, diferentemente dos EUA, a legislação brasileira não prevê ação do governo para interferir em negociações privadas, lembrou Barral. Ou seja, o governo Trump poderá fazer pressões contra investimentos chineses na mineração brasileira, mas nem haveria muito o que Brasília pudesse fazer.

Em nota, a Anglo afirmou que “todo o processo de seleção dos interessados pelo negócio foi feito de forma rigorosa, buscando um comprador responsável” e que “a companhia acredita que o acordo com a MMG representa uma grande realização para os empregados, comunidades locais, acionistas e demais partes interessadas”.

A MMG não respondeu ao pedido de posicionamento até o fechamento desta edição, mas a resposta foi prejudicada pelo fuso-horário da Austrália, sede da empresa.

Brasil Mineral - SP   26/08/2025

Com investimento de US$ 5,7 bilhões, o Projeto Ferro Verde prevê a geração de mais de 55 mil empregos na Bahia, com foco em aço verde e descarbonização da indústria siderúrgica.

A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) se reuniu e prestou consultoria à inglesa Brazil Iron para o desenvolvimento do Projeto Ferro Verde, investimento de US$ 5,7 bilhões que prevê o beneficiamento do minério de ferro, a construção de um ramal ferroviário de 120 km e a instalação de plantas siderúrgicas, com previsão de gerar mais de 55 mil empregos diretos e indiretos. Além disso, a empresa já aportou R$ 1,7 bilhão na Bahia, valor que não está incluso no capital estimado para o projeto.

O encontro, realizado no município de Piatã, reuniu prefeitos e vereadores dos municípios envolvidos para conhecer os detalhes do empreendimento estratégico, que combina inovação tecnológica, sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico. Segundo os idealizadores, além do impacto econômico, o projeto posiciona a Bahia como referência nacional na produção de aço verde, fortalece a cadeia produtiva do setor e contribui de forma decisiva para a descarbonização da indústria siderúrgica brasileira.

Considerado um insumo essencial para a transformação da indústria mundial do aço, o Ferro Verde consiste na produção de Ferro Briquetado a Quente (HBI). A tecnologia possibilita a substituição dos poluentes fornos a carvão por modelos elétricos, capazes de reduzir em até 99% as emissões de dióxido de carbono. A utilização de minério de ferro de alta qualidade e 100% de energia renovável coloca o projeto na fronteira da transição energética do setor.

“O Projeto Ferro Verde coloca nosso estado na vanguarda da transição energética na indústria do aço. Não se trata apenas de um investimento econômico, mas de um passo estratégico para gerar empregos, impulsionar a tecnologia e transformar um recurso mineral em uma solução industrial de ponta, sustentável e eficiente”, disse o presidente da CBPM, Henrique Carballal.

Para o vice-presidente de Relações Institucionais da Brazil Iron, a apresentação detalhada do Projeto Ferro Verde aos gestores locais reforça o compromisso da empresa com as relações transparentes. “Nosso compromisso com o desenvolvimento da região é o de criar um legado que vai além do investimento. Acreditamos que um projeto de sucesso se constrói com diálogo e parceria. Nos próximos passos, faremos o mesmo com as lideranças comunitárias e com a população, garantindo que a participação de todos seja a base do nosso projeto”, informou Souza.

O prefeito de Piatã considerou a iniciativa uma “subida de degrau muito importante para associar o potencial econômico do setor mineral à responsabilidade de fomentar o desenvolvimento social e ambiental”. “Com esta ação, a CBPM mostra que é possível transformar os recursos naturais em um símbolo de prosperidade, sempre respeitando o meio ambiente e a comunidade, construindo um futuro mais sustentável para Piatã”, completou Marcos Paulo.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   26/08/2025

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,740 bilhão na quarta semana de agosto. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 25, o valor foi alcançado com exportações de US$ 7,439 bilhões e importações de US$ 4,765 bilhões.

O superávit acumulado no mês de agosto é de US$ 4,765 bilhões.

No ano, o superávit soma um total de US$ 41,748 bilhões.

Até a quarta semana de agosto, comparado ao mesmo período de agosto de 2024, as exportações cresceram 9,2% e somaram US$ 22,823 bilhões. O resultado se deu devido a um crescimento de 13,5% em Agropecuária, que somou US$ 5,083 bilhões; crescimento de 13,7% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 5,393 bilhões e, por fim, crescimento de 5,5% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 12,211 bilhões.

As importações também cresceram 2,5% nas primeiras quatro semanas de agosto e totalizaram US$ 18,058 bilhões na mesma comparação, com alta de 3,5% em Agropecuária, que somou US$ 330 milhões; crescimento de 7,7% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 1,089 bilhão e, por fim, crescimento de 2,2% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 16,531 bilhões.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2025

O mercado financeiro voltou a reduzir suas projeções para a inflação no fim deste ano. A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 4,95% para 4,86%, a 13.ª queda seguida. A previsão para a taxa está 0,36 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,5%. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira, 25.

A projeção para o IPCA de 2026 também caiu, pela sexta vez consecutiva, de 4,4% para 4,33%.

O Banco Central prevê que o IPCA fique em 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026, conforme a trajetória divulgada no último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom). No horizonte relevante (levado em conta nas decisões de política monetária), o primeiro trimestre de 2027, o colegiado espera que a inflação em 12 meses seja de 3,4%.

Na última decisão, o comitê manteve a taxa Selic em 15% ao ano, e afirmou que “antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros”, com o objetivo de examinar os impactos do ajuste que já foi realizado e se esse nível de juros, mantido por período “bastante prolongado”, é suficiente para fazer a inflação convergir à meta.

A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.

Se a inflação ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o BC perdeu o alvo. Isso aconteceu após a divulgação do IPCA de junho, no dia 10 de julho. A autoridade monetária publicou uma carta aberta informando que espera queda da taxa abaixo de 4,50% no fim do primeiro trimestre de 2026.

A mediana do Focus para a inflação de 2027 caiu de 4,4% para 3,97%. A projeção para o IPCA de 2028 continuou em 3,8%.
Taxa Selic e PIB

Em relação à taxa de juros, a mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15% pela nona semana consecutiva. A mediana para a Selic no fim de 2026, por sua vez, permaneceu em 12,5% pela 30.ª semana consecutiva.

A projeção para o fim de 2027 continuou em 10,5% pela 28.ª semana seguida, enquanto a mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10% pela 35ª semana consecutiva.

Já a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 caiu de 2,21% para 2,18% no relatório divulgado nesta segunda-feira.

O Banco Central havia aumentado a sua estimativa de crescimento da economia brasileira este ano, de 1,9% para 2,1%, no Relatório de Política Monetária (RPM) do segundo trimestre. Segundo a autarquia, a atividade continua resiliente, embora já seja possível observar “certa moderação” no ritmo de expansão.

A estimativa intermediária do Focus para o crescimento da economia brasileira em 2026 caiu de 1,87% para 1,86%. Um mês antes, era de 1,89%. A mediana para o crescimento do PIB de 2027 se manteve em 1,87%, ante 2% de quatro semanas antes. A estimativa intermediária para 2028 ficou estável, em 2%, pela 76.ª semana seguida.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2025

O ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, agora vice-chairman e chefe global de políticas públicas do Nubank, disse nesta segunda-feira, 25, que não vê possibilidade de o Brasil ter uma taxa de juros muito abaixo do nível atual. Mesmo com chance de corte no curto prazo, ele não vê a taxa básica, atualmente em 15%, caindo muito além dos 12% ou 13%. “Ir para 11% já seria otimista”, disse o executivo.

“Estamos com condições de curto prazo e provavelmente a gente vai poder cair os juros, mas para ter juro estruturalmente mais baixo, é preciso ter fiscal estruturalmente diferente”, disse Campos Neto em evento do Esfera, que reuniu nomes como o economista Marcos Lisboa e o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.

Para essa mudança, disse Campos Neto, é preciso controle de gastos públicos.

“Precisamos fazer choque fiscal positivo de tal forma que os agentes econômicos entendam que vamos ter convergência da dívida”, afirmou o ex-chefe do BC, ressaltando que é diferente do que é esperado hoje.

Comparando a base de dados entre países, o Brasil tem nível crédito subsidiado muito alto, o que sinaliza que aquele canal da política monetária “está meio entupido”. “Para passar o mesmo volume de água, é preciso aumentar a pressão. Isso significa mais juros em movimentos contracionistas e fazer o contrário depois.” Esse ambiente gera um crescimento mais volátil.

Campos Neto ressaltou que curvas futuras de juros caindo abrem espaço para o Banco Central entrar em processo de queda de juros. “É muito difícil historicamente na política monetária o BC reduzir os juros quando a taxa longa está alta.”

Se começa a cortar juros e a parte longa da curva começa a subir, disse Campos Neto, o espaço para cortes adicionais fica limitado e será preciso abreviar o processo de queda. “Aí volta a subir o juro e, geralmente para um patamar acima da taxa de antes dos cortes.”

O ex-presidente do BC ressaltou que o ponto mais observado pelos agentes, locais e estrangeiros, é a trajetória da dívida pública. E a do Brasil em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) é a maior entre os emergentes.

“Governo é grande demais, gasta demais. Cada vez vai custar mais recursos para rolar a dívida público. É preciso repensar este modelo”, disse Campos Neto.

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, ressaltou que taxas de juros elevadas fazem com que o ambiente de crédito e de negócios fiquem piores, além de famílias e empresas mais endividadas e tendência de alta na inadimplência.

Veja - SP   26/08/2025

Quase um ano depois do início do ciclo de alta dos juros no Brasil, iniciado em setembro de 2024, as sucessivas revisões das expectativas de inflação indicam que os efeitos da política monetária restritiva já começaram a aparecer na economia, na visão de especialistas.

A pesquisa semanal do Banco Central com os agentes do mercado financeiro traz há 13 semanas seguidas revisões para baixo da inflação. Nesta segunda-feira, a versão mais recente do Boletim Focus mostra que a mediana das projeções para o IPCA está em 4,86%, chegando perto do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação. O centro da meta é 3%, com margem de tolerância até 4,5%. Há um mês o mercado estimava que o índice oficial de inflação do Brasil encerraria o ano a 5,09%.

Nos últimos 12 meses, a inflação avançou 5,32%, e o com perda de ritmo mais recentemente. Vilã dos preços no começo do ano, a inflação dos alimentos vem cedendo, o que também traz um alívio para o governo. Em julho o grupo de alimentos registrou a primeira deflação. “A gente também pode colocar nesse pacote da redução da inflação de alimentos, a questão do tarifaço porque tem parte de produtos agrícolas que estavam sendo exportados e não estão”, diz Hudson Bessa, especialista em mercado financeiro na Fipecafi.

No mês, a inflação oficial do Brasil foi de 0,26%, ligeiramente acima de junho (0,24%). Segundo o IBGE, o IPCA foi em grande parte influenciado pelo aumento da conta de luz, maior peso individual do índice. Nesta terça-feira, 26, serão divulgados os dados de inflação dos primeiros 15 dias de agosto. O Banco Daycoval projeta que o IPCA -15 deve ter queda de 0,24%

Bessa chama atenção também para as expectativas do Boletim Focus para o crescimento da economia que vem caindo. “ A gente vai ter uma demanda mais fraca, resultado da política de juros do Banco Central que está bastante contracionista”, diz Bessa. No caso do Produto Interno Bruto (PIB), a previsão dos agentes do mercado financeiro para o crescimento para 2025 foi revista de 2,21% para 2,18%.

Também especialista em mercado financeiro pela Fipecafi, Rogério Mauad, diz que o reajuste abre espaço para o Banco Central começar a cortar a taxa Selic. “ Os analistas do mercado estão considerando que talvez o início do ciclo de queda possa ser antecipado. A princípio talvez o mercado já acredite que no início de 2026 o Banco Central já consiga começar um ciclo de queda”, diz.

O especialista projeta que o Comitê de Política Monetária comece cortando 0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto percentual no começo de 2026 justamente por conta das expectativas de inflação futura mais baixa. “A partir do ano que vem o Banco Central, se as expectativas de inflação se mantiverem baixas, vai encontrar um espaço para reduzir a taxa de juros também”, diz.

Infomoney - SP   26/08/2025

Corretoras como Barclays, BNP Paribas e Deutsche Bank agora esperam um corte de 25 pontos-base na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro, após a mudança de tom do chair do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, destacando riscos crescentes no mercado de trabalho.

Os comentários de Powell no simpósio de Jackson Hole enfatizaram uma mudança na função de reação do Fed, com maior peso agora sobre os riscos do mercado de trabalho.

“Essa situação incomum sugere que os riscos negativos para o emprego estão aumentando”, disse Powell, alertando que esses riscos pode se materializar rapidamente na forma de demissões e aumento no desemprego.

Em notas divulgadas na sexta-feira após o discurso de Powell, o Barclays antecipou seu corte esperado anteriormente de setembro de 2026 para setembro de 2025, dizendo que o discurso introduziu “um viés de afrouxamento” e elevou a barra para manutenção.

“Powell deixou (claro) que o Fed pretende fazer um corte na taxa de juros em setembro, a menos que os dados indiquem o contrário”, escreveram economistas do BNP, liderados por Calvin Tse. Eles reverteram a aposta de longa data da corretora de manutenção pelo Fed, prevendo cortes em setembro e dezembro.

Enquanto isso, tanto o Macquarie quanto o Deutsche Bank revisaram suas expectativas de um corte em setembro e dezembro, respectivamente, para uma redução de 25 pontos-base em cada um desses dois meses.

O Bank of America, que não espera nenhum corte na taxa de juros este ano, disse que “a menos que haja mais deterioração no mercado de trabalho, acreditamos que o Fed correrá o risco de cometer um erro de política monetária se cortar a taxa”, e apontou sinais de recuperação da atividade econômica e pressões persistentes sobre a inflação.

O Morgan Stanley também não espera um corte em setembro, mas disse que esse movimento é provável se os dados de mão de obra e de inflação a serem divulgados confirmarem um abrandamento ainda maior.

Os mercados estão agora precificando uma chance de 87% de um corte de 25 pontos na taxa de juros na reunião de política monetária de setembro, de acordo com a ferramenta CME FedWatch, acima dos 75% antes do discurso de Powell.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, que estabelece a taxa de juros, vai se reunir novamente em 16 e 17 de setembro.

O Goldman Sachs e o J.P. Morgan, por sua vez, reafirmaram suas expectativas de um corte em setembro, alinhando-se à visão mais ampla do mercado de que a suavização dos dados pode justificar o afrouxamento monetário.

Globo Online - RJ   26/08/2025

As estimativas para inflação têm caído semanalmente, mas a desta semana é, finalmente, uma queda forte. A redução vinha sendo registrada na segunda casa depois da vírgula, agora a projeção para o IPCA ao fim deste ano foi de 4,95% para 4,83%. Há quatro semanas, era de 5,10%. Para 2026, a expectativa também recuou para 4,33%, abaixo do teto, o que não é o que o Banco Central quer, afinal a busca é pelo centro, que é de 3%. Mas, se a curva de queda desenhada pela pesquisa se mantiver, podemos chegar ao fim deste ano com inflação de 4,5%, ali na risca do giz, dentro do intervalo, no teto da meta, o que seria bom, pois não apresentaria aceleração em relação ao ano passado.

A redução expectativa da inflação entre os analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central, mostra que a taxa para este ano está fazendo um movimento de convergência, o que se busca com o aumento da taxa de juros básica da economia brasileira. A política monetária de subir e manter a Selic em patamar elevado responde por parte desse movimento de baixa nas perspectivas para o IPCA, mas há outros fatores que impactam nessa curva, entre eles, o câmbio. A política de Donald Trump tem levado o dólar a se desvalorizar em todo mundo, aqui há um movimento forte de apreciação do real, após a divisa americana superar os R$ 6 em dezembro.

Além disso, houve também uma queda do preço de alimentos, o que já é esperado nessa época do ano, mas que pode se prolongar sob efeito do tarifaço. A sobretaxa aos produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos tem um efeito deflacionário dentro do Brasil, já que parte dos produtos que deixarão de ser enviados aos americanos serão destinados ao mercado doméstico.

No encontro anual do Federal Reserve (Fed), em Jackson Hole, na semana passada, que reúne todos os presidentes dos bancos centrais, uma reunião tradicional do mercado financeiro, Jerome Powell deu um recado forte de queda nos juros americanos em setembro. A União Europeia fez o movimento contrário, mas a taxa do bloco está em patamar mais baixo. Isso tudo aprecia o dólar e nos favorece aqui na busca da inflação mais baixa. Fora isso, quando são reduzidos os juros nos Estados Unidos, o diferencial em relação à taxa brasileira, que atrai o capital para os países emergentes, como o Brasil, aumenta e isso permite que se reduza a Selic, sem mudar essa distância. Há uma conexão entre os mercados.

No Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, houve também um pequeno recuo na expectativa de PIB, de 2,18% para 1,86% este ano. E por enquanto, na projeção dos analistas ouvidos pelo Banco Central, tanto a economia quanto a inflação estão dando sinais de queda.

A previsão para a Selic, no entanto, se manteve inalterada para este ano. Pela nona semana seguida, a estimativa foi de 15%. Alguns analistas e bancos chegaram a antecipar a previsão de corte dos juros para este ano. O próprio governo avalia que a desaceleração da economia será maior do que está previsto nos modelos atualmente, o que levaria a novas quedas nas projeções do IPCA. Mas, majoritariamente, o mercado financeiro ainda prevê a Selic em 15% até o fim do ano, com previsão de queda em ritmo menor do que se avaliava em 2026, quando chegaria a 12,5%.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2025

Relativamente frequente no Brasil, o debate sobre dominância fiscal, condição em que os elevados níveis de endividamento e déficits de um dado país acabam por comprometer a eficácia das políticas monetárias dos bancos centrais, vem ganhando tração em esfera global.

Nesse contexto, não é coincidência que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a despeito da inflação acima da meta de 2%, venha pressionando o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a reduzir as taxas de juros, o que traria alívio às despesas do governo com a crescente dívida pública norte-americana.

Justiça seja feita a Trump, a trajetória da dívida dos EUA é de aceleração desde pelo menos meados dos anos 2000. Além disso, a emergência sanitária provocada pela pandemia de covid-19 obrigou países do mundo todo a gastar mais, ou seja, recorrer ao endividamento, para mitigar o efeito da restrição de circulação de pessoas.

Mas se o presidente americano não é o criador do atual endividamento dos Estados Unidos, muito menos da covid-19, muitas ações de Trump neste segundo mandato, como a guerra tarifária e a perseguição aos imigrantes, são indutoras de inflação, o que por óbvio limita a capacidade do Fed de reduzir juros.

Combinado a isso, a grande peça legislativa do governo Trump até agora, a chamada Big Beautiful Bill, vai acarretar um aumento significativo da dívida do país, para o maior nível desde a 2.ª Guerra Mundial, uma vez que a extensiva redução de impostos aprovada pelo Congresso diminuirá as receitas do governo em trilhões de dólares. De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), a relação dívida/PIB dos Estados Unidos chegará a 118,5% por volta de 2035.

Assim sendo, embora o desejo de Trump de reduzir os custos do serviço da dívida seja compreensível, as ações dele em nada contribuem para que tal cenário saia do papel. Na realidade, o que Trump vem promovendo é uma política fiscal expansionista, tal como faz o Brasil, forçando o Fed a agir como o “vilão” que mantém os juros altos.

O problema é que a eficácia do remédio amargo do juro alto exige a cooperação do paciente, que precisa fazer sua parte disciplinando os gastos e aprimorando as receitas. Não é o que vem ocorrendo nos Estados Unidos nem no Brasil. E também não está acontecendo nem na Alemanha, outrora exemplo de austeridade. Preocupados com as intenções belicosas do autocrata russo Vladimir Putin, os alemães vem aumentando os gastos com defesa, o que na prática ocorre por meio de endividamento.

Em março, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já alertava para os níveis recordes de endividamento global. Na ocasião, a entidade estimou que a relação dívida/PIB nos países da organização atingiria 85% no final deste ano. Desde então, a guerra comercial de Trump, bem como os ataques do presidente ao que ele entende ser a “lerdeza” do Fed para baixar os juros, só se intensificaram, aumentando o grau de incerteza da economia global.

De certa forma, o mundo vai ficando cada vez mais como o Brasil, e não de uma maneira que possa nos orgulhar. Cada vez mais endividados, os países mais ricos podem ceder à tentação de pressionar seus bancos centrais a reduzir juros, o que no caso específico dos Estados Unidos já se converteu em bullying fartamente documentado.

Ainda que o desfecho dessa situação seja imprevisível, a tendência é de que países altamente endividados, como é o caso de muitas nações africanas, naveguem por águas turbulentas ao menos nos próximos meses. Com o mundo ocupado com o endividamento e as pressões crescentes sobre os bancos centrais dos países ricos, o apelo de longo prazo de parte das nações da África por um algum mecanismo de alívio coletivo de dívida tende a ser mais uma vez ignorado.

Já ao Brasil não convém tratar as dificuldades das nações desenvolvidas como um sinal de que as coisas vão bem por aqui. O País já lida com juros e dívida elevadíssimos. Se o mundo realmente estiver caminhando para um cenário de dominância fiscal generalizada, o Brasil não escapará.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2025

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, explicou, em cerimônia fechada no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, 25, que a nova linha de crédito para a Indústria 4.0 será financiada com R$ 10 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 2 bilhões do Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas (Finep).

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, esclareceu que a linha de crédito da Indústria 4.0 lançada nesta segunda-feira não está ligada às medidas de apoio às empresas afetadas pelo tarifaço do governo dos Estados Unidos a exportações brasileiras (leia mais abaixo).

Segundo o vice-presidente, o crédito beneficiará bens de capital, máquinas e equipamentos. Na reunião, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin disse que a linha busca fazer com que a indústria brasileira ganhe competitividade.

“Isso é para bens de capital, então máquinas e equipamentos que vão fazer com que a indústria ganhe competitividade, reduza custos e modernize o parque industrial brasileiro”, afirmou Alckmin.

Alckmin declarou ainda que os juros do crédito serão de 7,5% a 8% somado ao spread, que é diferença entre a porcentagem da taxa de juros cobrada em empréstimos e a de juros paga em investimentos.
A diferença em relação ao socorro no tarifaço

“A linha do tarifaço são os R$ 30 bilhões para quem teve prejuízo acima de 5% (do faturamento) e tarifa de 50% ou R$ 10 bilhões para quem o impacto foi abaixo de 5% (do faturamento) ou tarifa abaixo de 50%. São R$ 40 bilhões. (O anúncio de) Hoje são mais R$ 12 bilhões, R$ 10 bilhões do BNDES e R$ 2 bilhões da Finep, para fomentar a modernização do parque industrial”, disse, em entrevista coletiva após evento no Palácio do Planalto.

Mercadante esclareceu que o crédito de 7,5% a 8,5% somado ao spread é para a linha de R$ 12 bilhões anunciada hoje. “(A linha de hoje é) Só para máquinas e equipamentos. Os outros R$ 40 bilhões é para quem foi impactado pelo tarifaço”, declarou.

O presidente do BNDES disse que a linha de crédito de hoje representa um “grande fomento e estímulo para comprar máquinas” e “com isso, modernizamos o parque industrial, aumentamos a capacidade de exportação, inclusive para o Brasil disputar novos mercados”.

Antes da entrevista coletiva, Mercadante discursou no evento no Planalto. A cerimônia foi fechada à imprensa. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) divulgou os áudios dos discursos.

Em sua fala, Mercadante listou uma série de passos para a concessão de crédito por meio do BNDES, mas se referia ao dinheiro voltado às empresas afetadas pelo tarifaço por meio da medida provisória do Programa Brasil Soberano. Uma declaração sobre o tema em meio ao anúncio da linha de crédito de R$ 12 bilhões (sendo R$ 10 bilhões do BNDES) para a Indústria 4.0 acabou criando a confusão.

Mercadante disse que a resposta do presidente Lula consiste no pacote de crédito de R$ 40 bilhões já anunciado. Neste caso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e a Receita Federal devem entregar em 8 de setembro as empresas elegíveis para esse crédito, a partir dos critérios citados por Mercadante. No caso da Indústria 4.0, a linha de crédito será válida a partir desta terça-feira, 26.

Alckmin, disse que a linha de crédito, que busca estimular bens de capital com R$ 12 bilhões, já estava sendo pensada antes do tarifaço, diante do qual, segundo ele, estão sendo adotadas diversas medidas para conter os efeitos da alíquota de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, que passou a vigorar no início deste mês.

“Era um grande anseio da indústria poder ter um crédito mais acessível para poder renovar as suas máquinas e seus equipamentos, que vão melhorar a sua produtividade, a sua competitividade, reduzir custos, melhorar a eficiência energética e poder dar um impulso na atividade industrial”, declarou Alckmin.

MINERAÇÃO

Valor - SP   26/08/2025

Contratos mais negociados, para janeiro, fecharam cotados a US$ 109,79 por tonelada

Os futuros do minério de ferro sobem, provavelmente sustentados pelo sentimento de maior apetite por risco nos mercados devido a sinais de oferta mais fraca, diz o ANZ, segundo o Dow Jones Newswires.

A commodity também acompanha o anúncio de novas medidas do governo chinês para incentivar a compra de imóveis.

Os contratos do minério de ferro mais negociados na Bolsa de Dalian, para janeiro, fecharam em alta de 2,27%, cotados a 787 yuan (US$ 109,79) a tonelada.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2025

Uma pesquisa realizada pelo David Cantin Group (DCG) em parceria com a Kaiser Associates revelou que 40% dos consumidores norte-americanos considerariam comprar um carro de origem chinesa. O dado mostra um potencial interesse de mercado, mas, na prática, barreiras comerciais tornam improvável a chegada dessas marcas aos Estados Unidos no curto prazo.

O levantamento também ouviu concessionários. De forma surpreendente, 75% acreditam que uma marca chinesa iniciará operações nos EUA em até um ano. Contudo, analistas classificam esse cenário como altamente improvável diante do atual contexto político e comercial.

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O setor automotivo tem sido um dos principais alvos da guerra comercial dos Estados Unidos com a China. Durante o governo Trump, veículos importados de países aliados, como Canadá, Japão e Europa, já enfrentaram tarifas adicionais ou ameaças de sobretaxa.

Sob a administração Biden, a política protecionista foi reforçada: tarifas sobre veículos chineses quadruplicaram, ultrapassando 100%. A medida buscou conter a expansão das montadoras da China, que vêm conquistando espaço sobretudo na Europa.

Avanço na Europa contrasta com bloqueio nos EUA

Enquanto encontram obstáculos nos Estados Unidos, as marcas chinesas têm avançado rapidamente no mercado europeu. No primeiro semestre de 2025, dobraram sua participação de mercado na União Europeia, com alta de 91% nas vendas em relação ao ano anterior. No mesmo período, a BYD superou a Tesla em vendas no continente.

Futuro incerto

O relatório aponta que a reeleição de Donald Trump representou um “duro golpe” para os planos das montadoras chinesas de estrear nos EUA. Ainda assim, os autores consideram “plausível” um lançamento controlado de veículos chineses sob a administração atual, embora não estejam claros os cenários que poderiam viabilizar esse movimento.

Auto Industria - SP   26/08/2025

Apesar de não ter entrado em detalhes sobre eventuais desdobramentos dos encontros, a Anfavea revelou reuniões separadas na sexta-feira, 22, de representantes da entidade e das montadoras de veículos pesados com os ministros Geraldo Alckmin, do MDIC, e Fernando Haddad, da Fazenda.

Os assuntos em debate, conforme publicado por Igor Calvet, presidente em da Anfavea no Linkedin, foram a conjuntura do mercado de caminhões no Brasil, com foco nos desafios da indústria e as oportunidades de avanço em temas como inovação e transição energética, além da ampliação de acordos comerciais para incentivar exportações.

Exame - SP   26/08/2025

A Auper, empresa gaúcha especializada em tecnologia e mobilidade elétrica, vai inaugurar em setembro sua fábrica em Santa Catarina, no Perini Business Park, em Joinville – considerado o maior parque empresarial multissetorial da América do Sul.

Na unidade serão fabricadas três versões de motos elétricas do seu modelo Auper 600 CE, sendo a primeira delas a Edição de Fundador, com 100 unidades já reservadas. Para a nova estrutura estão previstos investimentos de R$ 500 milhões até 2027, com a geração de aproximadamente 200 empregos diretos. A data oficial do evento será anunciada nos próximos dias.

De acordo com a direção, Santa Catarina foi escolhida para o empreendimento por ser um hub industrial forte, em especial no setor automotivo, e ter se tornado referência em inovação e tecnologia para empresas e startups. O estado conta com uma excelente infraestrutura, acesso a laboratórios e centros de pesquisas de universidades referência e incentivos fiscais relevantes.

“Um dos grandes diferenciais estratégicos da empresa será a oferta de um produto 100% nacional, em um mercado em que as motos geralmente são montadas na Zona Franca de Manaus, com componentes estrangeiros, normalmente originários da Ásia”, ressalta Silvio Rotilli Filho, CEO e cofundador da Auper.

Nesta primeira fase, a nova unidade estará focada em produzir a Edição de Fundador, que já está com as reservas esgotadas. “Foi algo espetacular, abrimos a reserva no site da companhia à meia-noite do dia 1° de abril de 2025 e, em menos de 8 minutos, se esgotaram”, comemora o executivo, lembrando que, para esta edição, serão fabricadas apenas 100 unidades.

Esse modelo é a versão mais rápida e mais potente da marca, que ainda conta com o Modelo de Base e o de Bateria Estendida. A Edição de Fundador tem como principal diferencial a aceleração rápida: indo de 0 a 100 km/h em menos de 4 segundos e atingindo até 170 km/h. O torque do motor é de 200 Nm e da roda é de 1.000 Nm, além de possuir potência de 68 cv (50 kW) e cor exclusiva inspirada nas dunas brasileiras.

As motos chegarão ao mercado com uma relação custo-benefício bem atrativo: 600 CE - Edição de Fundador, a partir de R$ 49,9 mil, 600 CE - Modelo de Base, a partir de R$ 25,9 mil, e a 600 CE - Bateria Estendida, a partir de R$ 34,9 mil. Os dois últimos modelos estarão disponíveis para os consumidores apenas em 2026.

Os planos da companhia serão divididos em estágios, onde a produção em escala terá início em 2026. Em uma primeira etapa, a ser concluída ainda em 2025, a Auper validará em definitivo o produto no mercado, por meio da produção e entrega das 100 unidades da 600 CE - Edição de Fundador, reservadas pelos consumidores no site da marca no último mês de abril. A fábrica terá capacidade para produzir até 1,5 mil motos por mês, meta estipulada para 2027, ano em que a empresa projeta alcançar uma receita de R$ 450 milhões.

Números do setor

Até abril deste ano, as motos elétricas vendidas no Brasil ultrapassaram a marca de 650 mil unidades. Com isso, o mercado alcançou um novo patamar ao emplacar 849.946 motocicletas no país, segundo os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) reportados no início de junho de 2025.

A Fenabrave sinaliza ainda que, nos primeiros cinco meses de 2025, foram emplacadas 4.803 unidades eletrificadas, que representam menos de 0,5% do mercado total. Mesmo assim, o mercado deste tipo de moto cresceu 73% se comparado aos números apurados no ano anterior.

De acordo com a Abraciclo, associação que representa as montadoras instaladas no Polo Industrial de Manaus, em 2023, as elétricas representaram 0,53% do mercado total. Já em 2024, essa parcela caiu para 0,42%. No primeiro quadrimestre deste ano, no entanto, a participação subiu para 0,6%. Enquanto o mercado total de motos cresceu 9% entre janeiro e abril, o segmento elétrico avançou 81,2%.

Quem é a Auper

A Auper foi fundada em Porto Alegre por Silvio Rotilli Filho, Alan Dorneles Callegaro e David Ofori-Amoah em 2020 e nasceu com o objetivo de oferecer um veículo feito para o brasileiro, que fosse tecnológico, seguro, com conforto, autonomia e preço justo para todos os amantes de duas rodas, sem grandes impactos para o meio ambiente.

A empresa investiu fortemente no desenvolvimento de um software que permite, entre outras coisas, empregar mais segurança aos condutores. Através dele, é possível entender o status de cada componente da moto e atuar com manutenção preditiva, além de possibilitar não só o rastreamento em tempo real do veículo, mas também o seu travamento e bloqueio dos componentes principais em caso de roubo.

“Uma moto elétrica não pode seguir a mesma lógica das motos a combustão. É uma transformação completa, e só uma empresa com foco real em tecnologia consegue liderar essa mudança de verdade.”, afirma Rotilli.

Valor - SP   26/08/2025

A Nissan Motor saiu do ranking das dez montadoras que mais vendem no mundo no período de janeiro a junho, pela primeira vez desde o estabelecimento da lista.

As vendas da montadora japonesa caíram 6% no ano, para 1,61 milhão de veículos, o menor nível em 16 anos, de acordo com dados de anúncios da empresa e da provedora de dados MarketLines. A empresa foi ultrapassada pela também japonesa Suzuki e pelas chinesas BYD e Geely.

A Nissan planeja um retorno, inclusive com o lançamento de um novo modelo de seu veículo elétrico Leaf no Japão ainda este ano. Mas a reestruturação da empresa continuará sendo um desafio se ela não conseguir recuperar seu ritmo de vendas.

As vendas de 1,61 milhão da Nissan representam o menor nível desde 2009, quando caíram para 1,54 milhão de unidades após o choque da quebra do Lehman Brothers, que deflagrou a grande crise financeira de setembro de 2008. É a primeira vez, desde que os registros comparáveis começaram em 2004, que a Nissan não figura entre os dez fabricantes de veículos mais vendidos globalmente.

Os resultados consolidados da Nissan para o trimestre de abril a junho mostraram um prejuízo de 115,7 bilhões de ienes (US$ 785 milhões), um forte contraste com o lucro de 28,5 bilhões de ienes registrado no mesmo trimestre do ano passado. É o quarto trimestre consecutivo da empresa no vermelho, com a queda nas vendas significando que custos fixos, como a operação da fábrica, estão pesando sobre os lucros.

A queda é particularmente severa na China, o principal mercado da Nissan. As vendas lá caíram 18%, para 270 mil veículos, 60% abaixo do pico de 720 mil em 2018. O sedã elétrico N7, lançado em abril, tem preço competitivo de 119.900 yuans (US$ 16.727) e tem vendido bem, mas a recuperação no mercado chinês levará tempo.

Nos Estados Unidos, a Nissan não possui uma linha forte de modelos híbridos. A empresa também perdeu a onda de compras que antecedeu as novas tarifas americanas sobre carros, enquanto buscava restringir o uso de incentivos de vendas.

No Japão, as vendas da Nissan caíram 10%, para 220 mil unidades, o menor nível desde o início dos dados comparáveis em 1993. O diretor financeiro, Jeremie Papin, expressou preocupação com a perda em uma entrevista coletiva de resultados em julho, atribuindo a queda à perda de confiança do consumidor na empresa.

A queda da Nissan ocorre em um momento em que os fabricantes chineses de veículos elétricos estão em ascensão. As vendas da BYD saltaram 33%, para 2,14 milhões de veículos, passando da décima posição no primeiro semestre do ano passado para a sétima posição neste ano. A Geely, a segunda maior montadora da China, subiu da 11ª para a oitava posição. Esta é a primeira vez que ambas as empresas ultrapassam a Nissan no primeiro semestre do ano.

A japonesa Suzuki vendeu 1,63 milhão de unidades, ultrapassando a Nissan em 20 mil veículos e ficando em 10º lugar. Embora a Suzuki tenha caído da nona posição no ano passado ao ser ultrapassada por fabricantes chinesas, é a primeira vez desde 2004 que a Suzuki supera a Nissan. Há apenas cinco anos, a Nissan vendia 800 mil veículos a mais que a Suzuki.

Olhando para o segundo semestre de 2025, tanto o mercado americano quanto o chinês estão envoltos em incertezas.

Na China, o maior mercado automobilístico do mundo, a guerra de preços está se intensificando. As vendas da BYD em julho subiram ligeiramente para 340 mil veículos, marcando uma forte desaceleração em relação ao seu crescimento anterior de dois dígitos. À medida que os rivais inundam o mercado com veículos elétricos de baixo custo, até mesmo a BYD enfrenta dificuldades para sustentar seu rápido crescimento.

Os Estados Unidos, o segundo maior mercado automobilístico do mundo, decidiram impor tarifas de 15% sobre as importações de automóveis do Japão, Europa e Coreia do Sul, tornando o aumento das taxas de importação o novo padrão. Se o custo das tarifas for repassado aos consumidores, a demanda poderá cair, prejudicando ainda mais as vendas.

A Nissan planeja lançar um Leaf totalmente redesenhado no Japão ainda este ano, sua primeira mudança completa de modelo em oito anos. A empresa aposta em uma onda de lançamentos de novos modelos, mas a maioria de seus modelos principais — como o Elgrand e o Skyline — não será atualizada até 2026 ou mais tarde. Com a constante descontinuação de novos modelos, o segundo semestre de 2025 provavelmente também será difícil.

Valor - SP   26/08/2025

Um dos motores fabricados em Termoli, cuja produção envolve 500 trabalhadores, era enviado aos EUA para ser colocado no Jeep Compass e agora está sujeito às tarifa de Donald Trump

A montadora Stellantis fechou, nesta segunda-feira (25), um acordo com os sindicatos que lhe permite colocar os mais de 1,8 mil trabalhadores de sua fábrica de Termoli, no sul da Itália, em regime de horas reduzidas, devido a uma perspectiva de mercado fraca.

O sindicato Uilm, um dos envolvidos no acordo, também citou o impacto das tarifas dos Estados Unidos como um fator.

Como parte do acordo, que vigorará por 12 meses a partir de 1º de setembro, a montadora pode colocar os trabalhadores de Termoli em suspensão temporária por até 80% de suas horas contratuais totais no período. O novo acordo substitui um esquema anterior, que expirou este mês, mas afetava apenas cerca de 900 trabalhadores.

Um porta-voz da Stellantis confirmou que o acordo foi assinado, sem fornecer mais detalhes. A fábrica de Termoli, no sul da Itália, produz motores a gasolina para o grupo.

Um mercado automotivo fraco, especialmente na Europa, bem como o longo tempo até a introdução de novos modelos e peças, torna a perspectiva incerta para a fábrica, disse Francesco Guida, do sindicato Uilm.

Guida acrescentou que um dos tipos de motores fabricados em Termoli, cuja produção envolve cerca de 500 trabalhadores na planta, até agora também era enviado para os Estados Unidos para ser colocado no utilitário Jeep Compass montado lá, e agora está sujeito a tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

“Isso definitivamente terá um impacto na atividade em Termoli”, disse ele.

No início deste ano, a Stellantis designou para Termoli a produção de transmissões de dupla embreagem para veículos híbridos, mas o início dessa produção não está previsto para antes do próximo ano.

Termoli também havia sido selecionada pela empresa ACC, apoiada pela Stellantis, para a criação de um de seus três centros europeus de fabricação de baterias para veículos elétricos, mas o plano foi oficialmente interrompido no ano passado.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Diário do Comércio - MG   26/08/2025

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou nesta segunda-feira (25) o direcionamento de R$ 12 bilhões em crédito para financiar a compra de máquinas e equipamentos para inovação na indústria.

Em evento no Palácio do Planalto, Alckmin disse que as taxas de juros serão de 7,5% a 8% ao ano, mais o spread bancário, bem abaixo dos 15% ao ano da taxa Selic.

Do volume disponibilizado, R$ 10 bilhões serão operacionalizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 2 bilhões, pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

“É para bens de capital, então, máquinas, equipamentos que vão fazer com que a indústria ganhe competitividade, reduza custos, para modernizar o parque industrial brasileiro”, disse.

De acordo com o BNDES, serão objeto da iniciativa investimentos em incorporação de tecnologias em robótica, inteligência artificial, computação na nuvem e comunicação máquina a máquina, entre outros.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Exame - SP   26/08/2025

A gigante chinesa do mercado imobiliário Evergrande foi oficialmente retirada da bolsa de Hong Kong nesta segunda-feira, 25. A empresa, que já foi a maior incorporadora imobiliária da China, encerra um ciclo de 18 meses de suspensão de negociações nos mercados e acumula dívidas bilionárias sem precedentes no mercado chinês.

O processo de liquidação da companhia já resultou na venda de ativos de US$ 255 milhões, enquanto credores apresentaram reivindicações que somam US$ 45 bilhões. A exclusão da bolsa marca um dos maiores casos de deslistagem em valor de mercado da Ásia nos últimos anos.

Criada em 1996 por Hui Ka Yan em Guangzhou, a Evergrande surgiu em um momento de forte urbanização e privatização habitacional na China. O primeiro projeto da companhia, o Jinbi Garden, vendeu todos os apartamentos em apenas duas horas, gerando 80 milhões de yuans em receitas (cerca de US$ 9,6 milhões na cotação da época).

Hui Ka Yan, em duas décadas, transformou a incorporadora em um império. A estratégia inicial era construir apartamentos de “pequena área, baixo preço e baixo custo”. O modelo funcionou — pelo menos por um tempo.

Ao longo de mais de 20 anos, a Evergrande se espalhou por mais de 280 cidades e desenvolveu 1.300 projetos imobiliários. Mas o crescimento se apoiava em endividamento maciço e pré-venda de imóveis, um sistema que antecipava recursos antes mesmo do início das construções.

A partir de 2010, a companhia diversificou os negócios: comprou o clube de futebol Guangzhou FC, criou a Evergrande New Energy Vehicle com planos de rivalizar com a Tesla, além de investir em saúde, turismo, seguros, mídia e até água mineral.

Em 2018, a Evergrande foi classificada como a incorporadora mais valiosa do mundo, com valor de mercado superior a US$ 50 bilhões. O patrimônio de Hui Ka Yan superava US$ 45 bilhões. À época, o fundador da empresa era também um dos homens mais ricos da China.

Modelo insustentável

Mas o crescimento da Evergrande não brilhava os olhos de todos no mercado.

Especialistas como Anne Stevenson-Yang, cofundadora da J Capital Research, comparam a valorização da companhia a um esquema Ponzi (fraude onde os lucros são pagos com o dinheiro dos novos investidores, em vez de lucro real gerado por um negócio). A empresa financiava novos projetos com recursos de pré-vendas, vendia produtos de gestão patrimonial de alto risco e acumulava dívidas com bancos e fornecedores.

No auge, a incorporadora acumulou um passivo superior a US$ 300 bilhões, tornando-se a empresa imobiliária mais endividada do planeta.

"Provavelmente não há empresa mais ilustrativa da bolha do que a Evergrande – é o maior esquema piramidal que o mundo já viu", disse Stevenson-Yang em entrevista ao site Observador.

Em agosto de 2020, Pequim implementou a política das “Três Linhas Vermelhas”, que limitava a alavancagem das incorporadoras. As novas regras expuseram a fragilidade da Evergrande: os ativos não cobriam as dívidas e suas reservas não eram suficientes para o curto prazo.

O mercado imobiliário chinês, até então sustentado por crédito abundante, começou a desacelerar. Em 2021, a Evergrande deixou de pagar US$ 131 milhões em títulos no exterior, entrando em default.

O começo da crise

A crise da Evergrande começou em 2021, quando a incorporadora anunciou atrasos em pagamentos a fornecedores e paralisou obras em várias regiões da China. O fundador, Hui Ka Yan, chegou a vender parte de suas ações para levantar recursos, mas não conseguiu evitar o colapso financeiro.

Em 2022, a empresa suspendeu a negociação de suas ações e viu bancos confiscarem cerca de US$ 1,87 bilhão em depósitos de subsidiárias. No ano seguinte, reportou perdas acumuladas de 476 bilhões de yuans em 2021 (cerca de US$ 66,64 bilhões) e 105,9 bilhões em 2022 (cerca de US$ 14,83 bilhões), revertendo o lucro registrado em 2020.

A tentativa de reestruturação da dívida externa, anunciada em março de 2023, ofereceu aos credores a troca de passivos por novos títulos e instrumentos atrelados a ações. No entanto, os avanços foram limitados, e as autoridades chinesas intervieram em subsidiárias estratégicas, como a seguradora Evergrande Life.

Em janeiro de 2024, a Corte de Hong Kong emitiu ordem de liquidação contra a incorporadora. Poucos meses depois, o governo chinês multou a unidade Hengda Real Estate em 4,18 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 585,2 milhões) por emissão fraudulenta de títulos, além de aplicar sanções ao presidente da companhia.

Os efeitos da crise

O caso da Evergrande expôs o peso do setor imobiliário na economia chinesa, responsável por cerca de 31,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O colapso da Evergrande gerou um efeito dominó e outras incorporadoras, como Kaisa, Fantasia e Shimao, também entraram em default pouco tempo depois. Centenas de milhares de famílias ficaram sem receber os apartamentos comprados na planta, o que causou protestos em várias cidades da China. Bancos regionais registraram aumento de inadimplência, e governos locais precisaram intervir para concluir obras paralisadas.

No mercado financeiro, a crise derrubou ações de incorporadoras listadas em Hong Kong e elevou o custo de captação para empresas chinesas no exterior. Agências de risco como Fitch e S&P reduziram a nota de crédito de diversas construtoras do país, enquanto fundos globais expostos ao setor sofreram perdas bilionárias.

A confiança de investidores internacionais foi abalada, alimentando temores de contágio global semelhante ao da crise do subprime de 2008. Ao mesmo tempo, Pequim foi forçada a adotar medidas de estímulo, como cortes de juros e programas de financiamento habitacional, para evitar que a crise imobiliária se transformasse em uma recessão sistêmica.

Em relatório do final de 2024, o FMI afirma que o boom imobiliário chinês — que elevou os preços das casas em até dez vezes desde os anos 1990 — começou a mostrar sinais de esgotamento. As dívidas das famílias saltaram de menos de 20% do PIB em 2008 para mais de 60% em 2023, enquanto cidades menores, responsáveis por 60% do PIB, registraram queda nos preços. O FMI estima que uma queda de 20% no peso do setor pode reduzir o PIB em até 10% ao longo de alguns anos.

O impacto do setor imobiliário na economia da China, segundo o FMI

Análise publicada pelo FMI em dezembro de 2024 mostra como a dependência da China em relação ao setor imobiliário cria riscos estruturais para o crescimento:

Imóveis e infraestrutura chegaram a representar 31% do PIB chinês em 2021, proporção maior que nos Estados Unidos (18%).

A dívida das famílias triplicou em 15 anos, passando de menos de 20% do PIB em 2008 para mais de 60% em 2023.

Em cidades de 3ª categoria, que somam 60% do PIB, os preços já estão em queda, aumentando a pressão sobre governos locais endividados.

O FMI calcula que uma redução de 20% no peso do setor pode gerar queda acumulada de 5% a 10% no PIB.

Esse ajuste não seria imediato, mas sim um processo de médio a longo prazo, com impactos distribuídos em cerca de 5 a 10 anos.

FERROVIÁRIO

Globo Online - RJ   26/08/2025

O Brasil deverá fechar o ano com nova safra recorde de grãos. Confirmada a estimativa, a produção crescerá 16% e atingirá 340,5 milhões de toneladas. Maior produtor nacional, Mato Grosso é o dínamo do setor. Se fosse um país, seria o quarto no ranking global de soja e algodão. Da porteira para dentro, reinam empreendedorismo e tecnologia. Mas falta transporte eficiente para escoar a produção. A maior parte dos grãos mato-grossenses é exportada por portos do Sudeste e do Sul. Para mudar essa situação, o governo federal deveria acelerar a concessão da Ferrogrão, ferrovia com quase mil quilômetros entre Sinop (MT) e Itaituba (PA). A ideia é construir a estrada de ferro ao lado da rodovia BR-163, já existente. Previsto no Novo PAC, o projeto está parado.

Lançado em 2012, ele tem sido pródigo em atrasos. A primeira versão do estudo de viabilidade foi apresentada em 2015. Houve quatro atualizações até o material ser enviado para a análise do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2020, ano em que teve início o processo de licenciamento ambiental. Depois de questionamento do PSOL sobre a destinação de parte do Parque Nacional do Jamanxim (PA) à obra, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu tudo em 2021, para em seguida autorizar a retomada de estudos. De forma didática, a Ferrogrão ilustra a dificuldade de tirar do papel obras de infraestrutura no Brasil.

O processo no Supremo resume as críticas dos ambientalistas. Para eles, a construção da ferrovia ao lado da BR-163 acelerará a destruição do parque nacional e ameaçará povos indígenas. A rodovia foi construída antes da criação do Jamanxim, mas somente em 2017 uma lei estabeleceu sua área de domínio. Na ação, o PSOL questiona a constitucionalidade da legislação. Os defensores da Ferrogrão dizem que a faixa de domínio da rodovia equivale a 0,1% da área total do parque, num trecho inferior a 100 quilômetros. Lembram ainda que a rota prevista para a ferrovia não atravessa nenhum território indígena.

Entre os opositores da Ferrogrão, há também quem acuse o projeto de ser caro. Estudo do grupo de pesquisadores Amazônia 2030 sustenta que os números sobre a viabilidade econômica apresentados ao TCU estão incorretos. “Estimamos que o retorno financeiro do projeto baseado em premissas realistas seja sete vezes menor”, diz o documento. Pela estimativa do estudo, o clima e a geologia da região tornarão insuficiente a tarifa projetada para garantir a operação da ferrovia, forçando o governo a conceder subsídios. Tal ponto de vista ignora que a extensão da BR-163 é conhecida, em seus aspectos geológicos e climáticos, há cerca de 50 anos. “Caso houvesse regiões sujeitas a eventos naturais como alagamentos, especialmente no entorno do Parque Nacional do Jamanxim, o traçado da rodovia teria sido revisado ao longo de décadas de operação”, dizem técnicos envolvidos no projeto.

É evidente que as preocupações ambientais precisam ser examinadas e, quando necessário, os impactos negativos da obra devem ser mitigados. Mas as objeções não são empecilho a que se conclua a ferrovia. Ela baixará o custo do transporte, diminuirá o fluxo de caminhões na BR-163 e evitará a emissão de toneladas de gás carbônico. Não dá para abrir mão de ampliar a capacidade de escoamento num momento em que a produção agrícola é crítica para o desenvolvimento do país.

Revista Ferroviaria - RJ   26/08/2025

Operações urbanísticas são a nova estratégia para viabilizar empreendimentos ferroviários de passageiros do Brasil. Trazidas pela Lei das Ferrovias, procuram reduzir a necessidade de subsídios em projetos ferroviários de passageiros que têm alta demanda.

O propósito da legislação é modificar o tecido das cidades a partir das estações de trens e metrôs e seus entornos, inserindo novos polos geradores de viagens, como hotéis, residenciais, escritórios e todo tipo de usos mistos que possam rentabilizar o operador ferroviário através de receitas imobiliárias no aluguel e venda desses espaços.

A ideia principal é que a operadora ferroviária não se limite a ser apenas uma empresa de transportes, mas a empresa de desenvolvimento urbano, capaz de criar condições atraentes para que os cidadãos da cidade tenham interesse em se tornar não só seus passageiros, mas seus clientes.

Usos mais racionais e sustentáveis do solo urbano no entorno das estações, com aproveitamentos urbanísticos mais densos e acessíveis a curtas distâncias das estações, em benefício do pedestre e não do automóvel são o foco das operações urbanísticas.

Tornar os demais negócios da operadora ferroviária sua maior fonte de receita, para assim encorajá-la na construção de mais trilhos em um efeito espiral virtuosos de desenvolvimento. Para tanto, a lei previu a possibilidade de que a receita decorrente da revenda ou da exploração imobiliária dos imóveis produzidos com planos de urbanização, de renovação urbana ou de parcelamento ou reparcelamento do solo possam compor a remuneração das operadoras ferroviárias.

Para se ter uma ideia do potencial dessa estratégia, podemos resgatar números de operadoras ferroviárias japonesas que impressionam. A Sotetsu, por exemplo, em 2023 teve apenas 13,7% de suas receitas com venda de bilhetes de passagens. A maior fonte de receitas foram suas lojas no entorno das estações com 36,1% do faturamento. Venda e aluguéis de imóveis representaram 27%. Hotelaria correspondeu a 13,8% da receita, a mesma ordem de grandeza do transporte em si. E todas as demais receitas com propaganda, name rights e demais serviços do grupo corresponderam aos demais 9,4% da receita.

No Brasil, essa possibilidade já foi percebida pelos três novos projetos de autorização de ferrovias de passageiros. O TAV Rio São Paulo estimou em 20% de sua receita com venda e aluguel de imóveis. A Sultrens estimou para seu projeto entre Porto Alegre e Gramado- Canela o mínimo de 6% do seu faturamento com receitas imobiliárias. No projeto de Brasília a Luziânia, a Expresso Planalto Central estima que a receita imobiliária poderá representar entre 15% até 50% da receita, assim como acontece em algumas empresas de trens japonesas.

As operações urbanísticas, trazidas pela Lei das Ferrovias, representam uma nova estratégia para o financiamento de empreendimentos ferroviários de passageiros no Brasil. Através da exploração imobiliária dos entornos das estações de trens e metrôs, as operadoras ferroviárias poderão gerar receitas não tarifárias suficientes para viabilizar novos projetos, diminuindo a dependência de subsídios públicos. Essa estratégia já tem sido adotada, há tempos, com sucesso por operadoras ferroviárias asiáticas e começa a ser explorada no Brasil.

NAVAL

Portos e Navios - SP   26/08/2025

A PortsosRio, administradora do Porto do Rio, e o grupo chinês Yichang Port Group Co assinaram na sexta-feira (22) memorando de entendimento e cooperação. O objetivo, segundo o presidente da PortosRio, Flavio Vieira, é estabelecer parceria para troca de conhecimentos visando à cooperação econômica e comercial e ao desenvolvimento de novas rotas logísticas.

O memorando foi assinado durante visita da delegação chinesa, da Província de Hubei. Liderado por Zhu Fang, vice-diretora da Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais do Governo Popular Provincial de Hubei, o grupo conheceu as instalações do porto carioca e participou de reunião com representantes da PortosRio e da Câmara de Integração, Desenvolvimento e Comércio Brasil & China (Cidecom).

O presidente da PortosRio afirmou que a visita da delegação chinesa abre caminho para que se estabeleça intercâmbio entre os portos do Rio de Janeiro e da Província de Hubei. “Esse memorando de entendimento reforça nosso compromisso em ampliar conexões globais, atrair investimentos e fortalecer a posição do Porto do Rio como um hub logístico internacional, contribuindo diretamente para o desenvolvimento econômico do Brasil e da China”, disse Vieira.

PETROLÍFERO

Valor - SP   26/08/2025

Segundo entidades e órgãos envolvidos com o levantamento, os números indicam uma abertura gradual do setor no Brasil

A participação da Petrobras nos contratos de longo prazo com as distribuidoras de gás caiu de 100% para 69%, entre o período de 2021 até o fim de 2024, segundo dados do Observatório do Gás Natural divulgados nesta segunda-feira (25). De acordo com entidades e órgãos envolvidos no levantamento, os números indicam uma abertura gradual do setor no Brasil.

Confira os resultados e indicadores da Petrobras e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360

O Observatório do Gás Natural foi lançado nesta segunda-feira (25) pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), com apoio do Ministério de Minas e Energia (MME) e execução técnica do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da Fundação Getulio Vargas (FGV CERI).

A plataforma oferece um raio-x completo da cadeia do gás natural, dividido em sete módulos: oferta e demanda, transporte, distribuição, comercialização, regulação, escoamento e processamento e indicadores de abertura.

Segundo dados do Observatório, o número de empresas autorizadas a comercializar gás natural cresceu em média 15% ao ano, chegando a 226 em agosto de 2025. Já os agentes autorizados ao carregamento na malha de transporte aumentaram 19% ao ano, totalizanddo 149 em agosto.

Também há um aumento expressivo em relação ao mercado livre de gás. Os consumidores livres, ou seja, grandes empresas que compram o insumo diretamente, sem intermediários, cresce em média 70% ao ano, atingindo 90 em junho deste ano.

A avaliação das entidades, no entanto, é de que ainda há barreiras para que haja um segmento mais competitivo no Brasil. Apesar do crescimento de agentes autorizados e consumidores livres, a competição ainda não alcançou de fato o consumidor final e os preços do gás continuam elevados, o que limita os ganhos econômicos para o país.

Sem concorrência efetiva, a indústria brasileira paga em média R$ 43,65 a mais por milhão de BTUs (medida internacional) do que nos Estados Unidos. Em 2021, essa diferença gerou um impacto de R$ 2,48 bilhões no Custo Brasil, apontou. O Observatório do Custo Brasil projeta que a abertura plena do mercado pode gerar uma economia anual de até R$ 21 bilhões.

O conselheiro executivo do Movimento Brasil Competitivo, Rogério Caiuby, aponta que o elo que apresenta maior potencial de redução de custo para o preço do gás é o escoamento e processamento, pois ainda tem uma abertura limitada.

Segundo ele, esses direcionamentos já estão previstos na legislação atual, mas falta acelerar a regulamentação. "O arcabouço e o norte da lei já apontam em uma direção correta, falta conseguirmos acelerar a regulamentação", disse, ao citar que, com dados compilados, será possível avaliar os efeitos das regulamentações e eventuais ajustes.

Outro desafio, segundo Caiuby, é a harmonização das regras regulatórias nos Estados. Isso porque parte das normas para o segmento de gás natural passa por decisões de agências reguladoras estaduais. No Nordeste, por exemplo, o preço do gás é cerca de 20% menor que no Sudeste, reflexo de regras estaduais mais flexíveis.

Ele ressalta que a ideia não é que haja padronização nas regras – até mesmo porque as regulações consideram características e especificidades de cada região –, mas que elas apontem para o mesmo lado. "Temos diversos Brasis dentro do Brasil e temos que respeitar, a ideia é estar harmonizado como um todo."

O conselheiro ainda defende que essas medidas também passam pelo fortalecimento das agências reguladoras que, por muitas deficiências enfrentadas nos últimos anos, acabam por postergar as discussões. "Reforço das agências é importante para permitir que avanços do Legislativo e Executivo saiam do papel e possam rodar, para que seja possível fazer a implementação da lei completa", afirma.

Valor - SP   26/08/2025

O certame, no dia 4 de dezembro, na B3, em São Paul, vai oferecer ao mercado a totalidade da participação da União nas Jazidas Compartilhadas de Mero, Tupi e Atapu

A Pré-Sal Petróleo (PPSA) realizará o Leilão de Áreas Não Contratadas das Jazidas Compartilhadas de Mero, Tupi e Atapu no dia 4 de dezembro, na B3, em São Paulo. O certame oferecerá ao mercado a totalidade da participação da União nessas áreas, que, hoje, corresponde a 3,5% em Mero, 0,551% em Tupi e 0,95% em Atapu. O pré-edital foi publicado nesta segunda-feira (25) no site da empresa.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou, em nota, que o leilão representa mais um passo estratégico para a valorização dos recursos do pré-sal em benefício do Brasil.

“O pré-sal consolidou o Brasil como um dos maiores produtores mundiais de petróleo. Agora, com o Leilão de Áreas Não Contratadas, estamos garantindo que esses recursos sejam convertidos em novas oportunidades de investimento, geração de emprego e renda para os brasileiros. É um movimento que reforça a soberania energética do país e fortalece a nossa economia. Esse é mais um exemplo de como o Brasil sabe transformar riqueza natural em desenvolvimento sustentável”, afirmou em comunicado.

O leilão é amparado pela lei nº 15.164/2025, que autoriza a União a alienar seus direitos e obrigações decorrentes de acordos de individualização da produção em áreas não concedidas ou não partilhadas na área do pré-sal e em áreas estratégicas. Todos os parâmetros técnicos e econômicos do leilão estão sujeitos à aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

“Estamos oferecendo ao mercado ativos de classe mundial, localizados no coração do pré-sal brasileiro, uma das províncias petrolíferas mais produtivas do mundo. Trata-se de uma oportunidade rara: todos os campos estão em operação, com poços de altíssima produtividade e reservas expressivas. Certamente, atrairemos investidores que buscam ativos em operação de alta performance, com fundamentos comprovados e potencial de crescimento”, ressaltou, também em nota, o diretor-presidente da PPSA, Luis Fernando Paroli.

Para dar mais detalhes sobre a oportunidade, a PPSA realizará um seminário de lançamento do Leilão de Áreas Não Contratadas no dia 1º de setembro. De 9 de setembro a 5 de novembro, a PPSA disponibilizará um pacote de dados híbrido sobre as jazidas e convida potenciais interessados a contribuir, até 8 de setembro, para as regras do edital e para a redação dos contratos. As empresas que manifestarem interesse na oportunidade terão acesso a dados em formato virtual e poderão agendar uma reunião técnica presencial.

Globo Online - RJ   26/08/2025

Estratégico para os negócios da Petrobras, o pré-sal é também uma peça-chave na transição energética justa, afinal a empresa produz mais petróleo por poço do que na média nacional. Isso significa mais eficiência, em menos tempo e com menos emissões de gases de efeito estufa nas operações, já que quanto menor o esforço para produzir, menor o dispêndio de energia e a emissão de carbono.

Do pré-sal, onde a Petrobras concentra 80% da sua produção, vem uma fatia relevante dos recursos que financia a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias que vão permitir a consolidação definitiva das fontes renováveis e de outras soluções disruptivas para a matriz energética brasileira.

Por conta das suas características físicas particulares, o óleo do pré-sal ainda tem vantagens ambientais sobre os demais e, por isso, possui um importante papel a cumprir na transição para uma economia de baixo carbono. O petróleo da região possui uma concentração de CO2 menor do que a da média mundial, o que coloca o Brasil em posição de vantagem em relação a outros países. Mesmo a comparação com outras regiões produtoras nacionais é positiva.

No Brasil, são emitidos, em média, 16 kg de CO2 equivalente por cada barril de petróleo produzido, segundo estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No pré-sal, a média é de cerca de 10 kgCO2eq por barril, sendo que, no campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, o volume é ainda menor, de 9 kgCo2eq por barril, de acordo com a Petrobras.

Tecnologias patenteadas e inovadoras

A vantagem ganha dimensões maiores quando associada ao uso de tecnologias pela Petrobras, como a de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) e o HISEP® , patenteado e desenvolvido pela empresa em 2024.

A tecnologia de CCUS consiste em retirar o gás carbônico do petróleo e gás produzidos e injetá-lo de volta no reservatório, em formações geológicas no fundo do mar. A reinjeção amplia a eficiência da produção e reduz a intensidade de emissões de gases de efeito estufa. O objetivo nesse caso é buscar uma operação com baixo custo e baixo carbono. Atualmente, as 23 plataformas que operam nos campos do pré-sal são equipadas com CCUS.

No ano passado, foram reinjetados 14,2 milhões de toneladas de CO2 no pré-sal da Bacia de Santos, volume superior aos 13 milhões de toneladas do ano anterior.

Segundo a Petrobras, além de pioneiro em águas profundas, o programa é o maior em operação no mundo. Ele corresponde a um quarto da capacidade mundial, reportada pela Global CCS Institute em 2024, de 51 milhões de tCO2. Sozinha, a Petrobras reinjetou 67,9 milhões de toneladas de CO2, de 2008 até o ano passado.

O pioneirismo do projeto de CCUS da Petrobras no pré-sal foi reconhecido com a premiação da entidade global “Carbon Sequestration Leadership Forum” (CSLF). No Brasil, o projeto ainda rendeu à Petrobras o prêmio Firjan de Sustentabilidade em 2020, na categoria Mudança Climática e Eficiência Energética.

O HISEP® (sigla em inglês para separador de alta tensão) foi igualmente idealizado para aumentar a eficiência produtiva, reduzir custos e a intensidade de emissões em sistemas de produção de petróleo e gás do pré-sal. O projeto pioneiro foi implantado no campo Mero 3, no ano passado.

No equipamento, no fundo do mar, acontece a separação entre o petróleo e o gás, rico em CO2, reinjetado diretamente no reservatório. Assim, grande parte do processo de separação deixa de ser feito na planta de processamento do FPSO (unidade flutuante que produz, armazena e transfere petróleo) e passa a ser realizado no ambiente marinho. O resultado é um ganho de eficiência energética, reduzindo o impacto ambiental e a intensidade das emissões.

Os resultados expressivos da Petrobras em seu programa de CCUS da ocorrem em um contexto de conciliação entre segurança energética e transição energética. Para ser justa, a transição energética precisa continuar a prover a energia atualmente necessária enquanto novas soluções são desenvolvidas.

Saiba mais sobre a transição energética justa, liderada pela Petrobras

RODOVIÁRIO

Valor - SP   26/08/2025

O leilão do Lote 6 de rodovias estaduais estava marcado para a quinta-feira (28)

O governo do Mato Grosso suspendeu a licitação do Lote 6 de rodovias estaduais, que estava marcado para a quinta-feira (28), devido a uma decisão liminar do Tribunal de Contas do Estado (TCE), publicada nesta segunda-feira (25). A entrega de propostas pela concessão seria realizada até às 18h de hoje.

O tribunal atendeu a uma representação da CS Infra, empresa do grupo Simpar. A companhia afirmou que o governo fez mudanças no edital, alterando os requisitos de habilitação técnica para a participação na concorrência, em um prazo próximo demais da entrega de ofertas.

A decisão do TCE acatou a queixa e afirmou que há “dúvida razoável quanto a documentação necessária para habilitação, principalmente quanto à comprovação da receita operacional, o que justifica a adoção de medida de cautela para resguardar o interesse público”.

“Além disso, verifico que o procedimento licitatório é relevante sob o ponto de vista financeiro, técnico e social, envolvendo a concessão de 634,35 km de rodovias em área estratégica para a logística estadual. A execução prematura do contrato pode gerar efeitos administrativos, jurídicos e orçamentários irreversíveis, inclusive com risco de prejuízo ao erário, necessidade de anulação posterior e impacto negativo à continuidade dos serviços”, diz a decisão.

O lote 6 inclui estradas entre Sinop e Campo Verde, com investimentos estimados em R$ 1,76 bilhão ao longo do contrato. O projeto já havia sido ofertado em uma primeira tentativa de licitação no início deste ano, junto a outros blocos de rodovias estaduais, mas, na ocasião, não houve interessados.

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