Clipping Diário

10 | Julho | 2025

INDA

Valor - SP   09/07/2025

Companhia tem visto melhora sequencial dos resultados, mas ações caem 60% em 15 meses.

Maior produtora de aços planos do Brasil, a Usiminas é também a mais afetada, entre as companhias do setor listadas na B3, pelo avanço das importações de produtos siderúrgicos. Apesar dos esforços de reestruturação de seus passivos e dos ganhos de custo e eficiência com a reforma bilionária do alto-forno 3, em Ipatinga (MG), a empresa viu suas ações voltarem a rondar os níveis mais baixos em cinco anos, com queda de quase 60% no acumulado dos últimos 15 meses.

No fechamento desta terça-feira (8), os papéis da siderúrgica mineira eram cotados a R$ 4,38, baixa diária de 0,23%. Em 2025, a desvalorização chegou a 17,7%.

“Continuamos a ver um cenário desafiador para os produtores de aços planos no Brasil, com concorrência feroz de produtos importados, intensificada pela recente valorização do real, que pode ter impacto negativo sobre preços domésticos e demanda no segundo semestre”, escreveram analistas do Itaú BBA, em relatório recente.

Na ocasião, o banco cortou a recomendação para as ações da companhia, de compra para neutro (“market perform”), e reduziu em 31% o preço-alvo projetado para o fim do ano, de R$ 8,50 para R$ 5,90 por ação. Também reduziu de forma significativa a estimativa para o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em 2025, de R$ 3 bilhões para R$ 2 bilhões (ante R$ 1,6 bilhão em 2024), na esteira de preços mais baixos do aço no mercado doméstico e de maiores despesas operacionais.

Ao contrário de suas pares, a Usiminas tem a maior parte de seu negócio exposta à dinâmica do mercado siderúrgico local - a companhia tem uma unidade de mineração, mas que não se aproxima dos resultados da siderurgia. A Gerdau, por exemplo, diversificou geografias e, hoje, metade de Ebitda é gerado nos Estados Unidos. Na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a mineração responde por cerca de 50% do resultado operacional.

Além disso, a Usiminas tem sua atuação focada em aços planos (usados pela indústria automotiva, por exemplo), justamente o tipo de produto siderúrgico mais importado pelo país. Dessa forma, acaba sentindo mais a queda dos preços domésticos, que chegou a 15% de janeiro a maio, segundo o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro. “É certo que [o preço] vai cair mais”, disse.

Segundo Loureiro, considerando-se o volume de material que está chegando ou aguardando para ser descarregado em portos, como São Francisco do Sul (SC), é possível prever mais pressão. “São mais de 900 mil toneladas, o que mostra que os números de importação em junho foram iguais ou maiores do que em maio”, comentou.

Dados do Instituto Aço Brasil mostram que a produção nacional de aço bruto cresceu pouco, 0,7%, entre janeiro e maio, para 13,7 milhões de toneladas. No mesmo intervalo, as importações subiram 26,8%, para 2,9 milhões.

Alguns distribuidores de aço, conforme o presidente do Inda, também passaram a importar certos volumes, a despeito do sistema de cota-tarifa implementado em junho do ano passado pelo governo federal, hoje válido para 23 produtos. “Com a queda de preços e o câmbio, ficou mais atrativo. Mesmo com 25% [de alíquota], eventualmente tem alguma vantagem na importação”.

Dentro de casa, a Usiminas deu novo passo importante de gestão financeira ao anunciar, há algumas semanas, o plano de resgate antecipado integral dos bônus com vencimento em 2026, utilizando recursos de uma emissão realizada em janeiro, com prazo de sete anos. Com isso, a companhia busca jogar para a frente o principal vencimento previsto até 2028, de R$ 1,2 bilhão em 2026.

“No momento, não vemos nenhum catalisador de mudança”

— Daniel Sasson

Segundo fonte próxima à siderúrgica, houve renegociação de dívidas em moeda estrangeira e nacional, o que contribuiu para alongar o perfil dos passivos e “reforçar a solidez financeira” em meio a um ambiente externo adverso.

Em março, a dívida líquida da companhia estava em R$ 1,4 bilhão, um salto de cerca de 50% frente aos R$ 937 milhões registrados em dezembro. A empresa atribuiu essa variação, que foi mal recebida pelos investidores, à “pressão no caixa pelo aumento do capital de giro” - em um trimestre que surpreendeu positivamente com margem Ebitda de 11% e lucro líquido de R$ 337 milhões.

Pesam ainda sobre as ações da Usiminas ruídos gerados pela disputa entre sua controladora, a ítalo-argentina Ternium e a CSN, que detém 12,9% da siderúrgica. Como informou o Valor na semana passada, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu 60 dias para que a CSN apresente o plano de venda desses papéis.

A Usiminas seguirá enfrentando um cenário complexo, que ameaça a competitividade da indústria siderúrgica nacional. As importações de aço, sobretudo plano, vem ganhando ritmo pelo segundo ano consecutivo e já acumulam alta de 42% em 2025 (até maio), com a China respondendo por 78% dessas compras.

Esse avanço elevou a participação dos produtos importados para mais de 30% do consumo aparente nacional em maio. A Usiminas sofre ainda com o impacto das chamadas “importações indiretas” - bens industriais fabricados com aço estrangeiro, como veículos, máquinas e eletrodomésticos - que atingiram US$ 104 bilhões em 2024 e continuam avançando.

Para o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, neste momento, a visão do setor de siderurgia é cautelosa de maneira geral, mas a Usiminas acaba sendo a mais exposta às oscilações do mercado no Brasil. E o cenário para o aço, segue o especialista, permanece desafiador.

Para o segundo trimestre, o Itaú BBA projeta queda de 35% no Ebitda da companhia, na comparação com os três primeiros meses do ano, para R$ 470 milhões, explicada pela combinação de preços e volumes menores. “Não vemos nenhum catalisador para mudar esse cenário, então estamos menos animados com o setor”, diz.

Procurada, a companhia informou que está em período de silêncio. Os resultados do segundo trimestre serão divulgados no dia 24.

SIDERURGIA

Valor - SP   10/07/2025

Entidade defende que a diplomacia brasileira continue atuando para garantir acesso ao mercado americano e espera que o movimento não comprometa os canais de diálogo reabertos nos últimos anos.

O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, avaliou que a decisão do presidente americano, Donald Trump, de impor uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros tem caráter político e pode prejudicar o andamento das tratativas entre os dois países em torno da reciprocidade tarifária. “Esse acirramento foi uma decisão política. Acaba por prejudicar o que estava sendo encaminhado na discussão da renovação do acordo iniciado em 2018, quando Trump também aplicou uma taxa de 25% sobre o aço”, afirmou.

Segundo Lopes, existem atualmente duas vertentes de negociação entre Brasil e Estados Unidos: uma relacionada a produtos de aço e alumínio, e outra voltada à reciprocidade tarifária de forma mais ampla.

“No nosso entendimento, essa nova medida diz respeito à reciprocidade tarifária. Para o aço, especificamente, a tarifa de 50% já estava em vigor, então, na prática, não muda. Não acreditamos que seja uma tarifação cumulativa”, disse.

Lopes lembra que, mesmo com as barreiras, a indústria americana não é autossuficiente em produtos acabados de aço e continua dependente de insumos semiacabados — sendo o Brasil um dos principais fornecedores. Por isso, ele alerta para os riscos do endurecimento das medidas.

Ele defende que a diplomacia brasileira continue atuando para garantir acesso ao mercado americano e espera que o movimento não comprometa os canais de diálogo que vinham sendo reabertos nos últimos anos. “O que precisamos entender é se, de fato, as decisões valem só para a reciprocidade tarifária ou se esse acirramento tem alguma melhora para viabilizar esse acordo”.

G1 – Minas Gerais   09/07/2025

Donald Trump anunciou nesta quarta aumento de taxa sobre produtos brasileiros. Decisão impacta especialmente a siderurgia brasileira, que já enfrenta tarifas de 50%.

O economista Bruno Carazza, doutor em direito econômico pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirmou em entrevista à TV Globo nesta quarta-feira (9) que a decisão de Donald Trump de taxar produtos brasileiros nos Estados Unidos com tarifa de 50% representa uma "porta se fechando" para os produtos mineiros.

A decisão de Trump impacta especialmente a siderurgia brasileira, que já enfrenta tarifas de 50%. Ainda não está claro se, no caso da nova determinação de Trump, incidirão mais 50% sobre as atuais taxas ou se ficará padronizado 50% de taxa para todos os produtos.

No caso do aço bruto, afeta diretamente a indústria mineira. MG é o maior fabricante brasileiro de aço bruto e semiacabado, segundo o Instituto Aço Brasil. Em 2024, o estado liderou a produção nacional, com uma fatia equivalente a 30,1% (10,2 milhões de toneladas) do setor no país.

"Quando Trump põe sobre taxa de 50%, praticamente fecha mercado americano para produtores em Minas. O produtor mineiro muito provavelmente vai ter que procurar outros mercado porque cada vez fica mais difícil vender para o mercado americano [...] É uma porta que está se fechando", avalia Bruno Carazza sobre o anúncio feito por Trump.

O economista explicou que a medida do governo norte-americano deverá influenciar no preço do produto no mercado internacional, afetar os ganhos das empresas brasileiras e obrigar o empresariado mineiro a agir.

"Se o mercado americano se fecha, são menos compradores. Com uma demanda menor proveniente dessa medida, é de se esperar que haja excesso de oferta e mudança nos preços das commodities. Mesmo os siderúrgicos mais básicos tendem a ser mais impactados", diz.

O g1 entrou em contato com o governo de Minas Gerais e com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) para saber qual é o impacto esperado no estado com a medida de Trump, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.

MG é o 3° estado brasileiro que mais exporta para EUA

De acordo com dados da Câmera de Comércio Exterior do Brasil, Minas é o terceiro estado brasileiro que mais exporta para os EUA, que por sua vez é o segundo maior destino das exportações mineiras.

Os produtos que lideraram na lista de exportações de MG para o mercado norte-americano no primeiro semestre de 2025 são:

  • café
  • ferro-gusa
  • ferro liga
  • transformadores
  • carne de gado bovino
  • silício
  • metais comuns

ECONOMIA

Globo Online - RJ   10/07/2025

O resultado do IPCA de junho, divulgado nesta quinta-feira, às 9 horas, será marcado pela primeira vez que a inflação descumprirá a meta contínua.

O novo modelo, implementado em janeiro deste ano, foi estabelecido em meados de 2024, mas a discussão sobre uma averiguação contínua do índice já vinha de antes. Desde 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já defendia publicamente uma mudança nesse sistema.

Até o ano passado, a meta da inflação era averiguada ao fim de cada ano-calendário. Se no resultado de dezembro o índice em 12 meses estivesse acima do limite estabelecido, o Banco Central (BC) tinha a obrigação formal de redigir carta explicando os motivos e informando quais medidas estavam sendo tomadas.

Foi o que aconteceu quando saíram os resultados do IPCA de 2024 e Gabriel Galípolo, atual presidente do BC, teve que escrever sua primeira carta.

Agora, com o novo modelo em vigor, Galípolo terá que escrever uma nova carta diante dos resultados de junho. Isso porque é considerado que a meta foi descumprida se a inflação acumulada em 12 meses ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses seguidos.

A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, ou seja, piso de 1,5% e teto de 4,5%. Como a nova sistemática começou a valer em janeiro de 2025, quando a inflação em 12 meses já chegava a 4,56%, o resultado de junho deve marcar o sexto mês consecutivo fora do limite.

A meta contínua foi estabelecida por meio de decreto publicado em junho de 2024. O novo modelo já havia sido divulgado em junho do ano anterior, mas precisava ser confirmado com um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde 2023, Haddad vinha defendendo publicamente uma mudança nos parâmetros para o país ter um sistema contínuo de meta de inflação.

Isso porque, dessa forma, o trabalho do Banco Central de perseguir a meta fica mais flexível, e não preso a um calendário anual.

"Penso que a meta contínua é muito melhor que a meta-calendário. A meta-calendário determina, por exemplo, que a inflação tem que ser de 3% em 2024. A meta contínua diz que a inflação tem que chegar a 3%, e o Banco Central desenha a trajetória de como isso pode ser atingido. Pode ser em 2025, por exemplo. Você não tem o calendário gregoriano, mas tem a trajetória que vai fazer chegar a 3% sem desorganizar a economia", disse o ministro da Fazenda, em entrevista à rádio CBN em maio de 2023.

O novo modelo se aproxima de experiências de outros países, como o que é feito pelo Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos. Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, explica que nos EUA há a meta de chegar a um número próximo dos 2% ao longo do tempo, mas não é estabelecido um período exato em que a inflação deve chegar a esse nível.

— Na meta-calendário, se estivesse muito próximo do final de um período e houvesse um choque, às vezes o Banco Central acabava descumprindo a meta porque não tinha tempo para fazer os ajustes necessários na política monetária. Ao colocar esse período contínuo, em que precisa ficar seis meses descumprindo a meta para começar a fazer as cartas e ter esse mecanismo de comunicação, talvez haja uma capacidade do BC de, havendo um choque, ele se preparar para reagir — explica o economista.

A expectativa é de que agora Galípolo siga redigindo cartas enquanto a inflação não chegar ao teto da meta. Com a continuidade da comunicação, no entanto, será possível acompanhar a evolução do cenário, o que deve ajudar também no processo de ancoragem das expectativas, na visão de Luciano.

A previsão da Monte Bravo é de uma inflação de 5,5% ao final de 2025, chegando a 4,5% apenas no fechamento de 2026.

O Estado de S.Paulo - SP   10/07/2025

O Governo Central deve registrar déficits de 0,6% e de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e em 2026, respectivamente, mas só conseguirá cumprir a meta fiscal neste ano, mesmo considerando o abatimento dos precatórios excedentes do cálculo da meta em 2026, segundo estimativas da Warren.

Em relatório, a Warren calcula que o déficit do Governo Central neste ano será de R$ 76,3 bilhões, e que em 2026 chegará a R$ 108,9 bilhões.

A meta fiscal deste ano é de resultado equilibrado para as contas públicas, e a do próximo ano é de um superávit de 0,25% do PIB (R$ 34,3 bilhões). Em ambos os casos há margem de tolerância para mais ou para menos, mas, no caso de 2026, o piso proposto é um déficit zero.

A Warren estima que seriam necessários R$ 53,8 bilhões em cortes nas despesas discricionárias para cumprir a meta do período, mas avalia que essa contenção de despesas seria “inviável”.

De 2027 até 2034, o desempenho das contas públicas estará condicionado à abrangência do ajuste fiscal a ser adotado, o que implica três cenários distintos para este período: base, inércia e ajuste.

No cenário base, o déficit público passa a cair continuamente frente ao 0,8% do PIB, de 2026, mas chega ao equilíbrio apenas em 2031-2032. A dívida pública cresce em todo período considerado, embora com incrementos decrescentes.

No cenário de inércia, as regras fiscais são inviabilizadas e o déficit primário aumenta de 0,8% para 2% do PIB entre 2026 e 2034, com a dívida pública alcançando 111,5% do PIB ao fim do período.

No cenário de ajuste, o resultado primário se equilibra em 2027 e chega a 2030 como um superávit de 1,9% do PIB. A dívida pública chega a um teto de 92,7% do PIB em 2030 e dali em diante passa a cair, até alcançar 88,2% do PIB em 2034.

O Estado de S.Paulo - SP   10/07/2025

A tarifa de 50% a produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, anunciada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira, 9, é inviável para as exportações brasileiras, praticamente inviabilizando o comércio de manufaturas, e ainda pode ter impacto negativo na revisão do PIB, ainda em 2025.

Em linhas gerais, essas são as avaliações de economistas e especialistas em comércio exterior que confessaram perplexidade diante de um percentual tão elevado — a expectativa era de, no máximo, 20%.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, considera que a tarifa é inviável para as exportações.

Segundo Borsoi, as exportações brasileiras não estão indo bem, vide déficit comercial com os EUA, e não há muito para onde o País direcionar os produtos que deixarão de ser absorvidos pela maior economia do mundo.

Os Estados Unidos são o segundo maior mercado para as exportações do Brasil. Em 2024, as vendas aos norte-americanos somaram US$ 40,368 bilhões, mas ficaram bem atrás dos US$ 94,372 bilhões em exportações feitas à China, principal mercado para os produtos brasileiros, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Comércio de manufaturas pode ser inviabilizado

A tarifa inviabiliza o comércio de manufaturas com os Estados Unidos, comenta José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ele diz que as empresas, numa primeira reação à medida, devem suspender vendas aos Estados Unidos, até que se tenha uma definição sobre a tarifas. Conforme Castro, agora é a hora de a diplomacia entrar em campo na tentativa de reversão.

Apesar da agressividade da política comercial do governo Donald Trump, o anúncio desta quarta-feira foi recebido com perplexidade. Em vez de ficar no piso das tarifas (10%), como chegou a anunciar o presidente americano no dia do tarifaço, 2 de abril — o que na época, trouxe alívio a exportadores —, o Brasil vai pagar a taxa mais alta para entrar nos Estados Unidos, observa Castro.

O presidente da AEB diz que esperava uma elevação da tarifa, mas para no máximo 20%. “Os 50% estavam fora de cogitação. Além do impacto direto nos embarques aos EUA, a tarifa máxima transmite uma imagem negativa aos demais parceiros comerciais”, avalia Castro.

“Deixa a impressão de que o Brasil cometeu algo gravíssimo e que, por isso, está sendo penalizado. Na dúvida, ninguém vai querer fazer negócio com a gente. É um cenário que ultrapassa todos os limites.”

Segundo Castro, os produtos manufaturados, que já têm dificuldades para competir nos EUA, tornam-se praticamente inviáveis no mercado americano. “Buscar novos destinos é a estratégia de todas as economias afetadas pelo tarifaço de Trump, mas, no caso do Brasil, essa possibilidade é dificultada pelos elevados custos de produção do País”.

Na visão do presidente da AEB, o capital estrangeiro pode deixar o País, e a captação de recursos tende a ficar mais difícil. Já as commodities, cujos preços são definidos no mercado internacional, têm perspectivas mais favoráveis.
Tarifa deve trazer revisões ‘baixistas’ para o PIB

A tarifa de 50% é impraticável e, a princípio, pode puxar revisões baixistas para a atividade econômica, na visão de Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.

“Inicialmente, a leitura é que essas tarifas devem ter impacto, com uma revisão baixista para o PIB ainda em 2025”, afirma, lembrando que é necessário, porém, aguardar qual será a posição do governo brasileiro, caso seja anunciada qualquer tipo de postura retaliatória.

A sessão dos mercados nesta quinta-feira deve ser de forte estresse, avalia. “Amanhã é um dia que vamos ter dólar para cima, curva de juros também subindo e Bolsa para baixo. Principalmente porque o mercado já vai tentar antecipar o possível impacto que essas tarifas poderão ter na economia brasileira”, explica.

“O dólar mais alto pressiona os juros e a inflação. E, consequentemente, juros e dólar têm uma correlação negativa com a Bolsa”, complementa.

Discurso na cúpula do Brics pode ter deflagrado taxação

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cúpula do Brics - permeado por críticas aos Estados Unidos (EUA) - deflagrou a taxação anunciada hoje, avalia José Augusto de Castro. Para ele, o Brasil passou a ser tratado como um país que cometeu algo grave, prejudicando sua imagem no exterior.

“Sem Rússia e China na cúpula do Brics, o Brasil cresceu e politizou o discurso, com críticas aos EUA, talvez pensando num ganho político-eleitoral, e gerou esse impacto. Mas ninguém imaginava que a tarifa viria nesse patamar”, comentou.

Para Castro, a imposição da cobrança não estava prevista - prática comum nas medidas de Donald Trump. “As declarações de Lula no Brics ajudaram a moldar a imagem negativa do Brasil. E ele aproveitou a oportunidade.”

Esse também é o entendimento do economista-chefe da Nova Futura. “Lula aparentemente irá usar Trump como muleta. Se a economia desacelerar? Culpa do Trump. Interferência na justiça brasileira? Culpa do Trump. Interferência no processo eleitoral? Culpa do Trump.”

Castro ressalta, contudo, que a decisão pode ser revertida, como ocorreu diversas vezes durante o governo Trump.

Borsoi tem opinião diferente e considera que uma eventual reversão parece mais difícil no caso do Brasil do que em relação a outros países. “Nossas importações não são tão essenciais para EUA e, obviamente, a nossa questão política é importante para o Trump”, acrescenta.

“(A taxação) Parece ainda pior do ponto de vista de aversão a risco, porque a justificativa da taxa é, essencialmente, política. E nosso cenário não está dando sinais na direção de moderação - pelo contrário, o presidente Lula parece estar utilizando o embate com Trump para alavancar a disputa eleitoral de 2026”, considera Borsoi.

IstoÉ Dinheiro - SP   10/07/2025

A “maioria” dos dirigentes do Federal Reserve (Fed) avaliou que alguma redução nas taxas de juros este ano “provavelmente é apropriada”, já que a pressão ascendente sobre a inflação por meio de tarifas “pode ser temporária ou modesta”, de acordo com a ata da última reunião de política monetária do BC americano, divulgado nesta quarta-feira.

Por outro lado, “alguns” dirigentes consideram que o caminho mais apropriado para a política monetária é da ausência de reduções na taxa básica, considerando a inflação acima da meta de 2%. A ata afirma que “vários” dirigentes discutiram riscos que, se concretizados, possuem o potencial de afetar a “trajetória apropriada” da política monetária.

“Alguns” dos integrantes do Fed observaram que, se os dados evoluírem de acordo com as suas expectativas, estariam abertos a considerar um corte nas taxas de juros na reunião de julho. Segundo o documento, se as condições do mercado de trabalho ou a atividade econômica enfraquecerem “substancialmente”, ou se a inflação continuar a cair e as expectativas de inflação permanecerem bem ancoradas, é apropriado estabelecer uma postura menos restritiva.

O documento também menciona que os integrantes pontuam que as expectativas de inflação de médio e longo prazo permaneceram bem ancoradas e que algum enfraquecimento da atividade econômica e das condições do mercado de trabalho podem acontecer, favorecendo o cenário de redução dos juros.

Em relação aos riscos de alta para a inflação, eles observaram que, se a imposição de tarifas gerar um aumento da inflação maior do que o esperado, o aumento for mais persistente do que o previsto, ou se acontecer um aumento notável nas expectativas de inflação de médio ou longo prazo, é indicada a manutenção da postura mais restritiva.

De acordo com o documento, vários dirigentes comentaram que a meta atual para a taxa básica de juros pode não estar muito acima de seu nível neutro.

O Estado de S.Paulo - SP   10/07/2025

O Banco Central brasileiro está bem posicionado para lidar com o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente americano Donald Trump. Com a Selic a 15%, o País ainda se manterá atrativo para atrair capitais externos, e o alto volume de reservas poderá ser usado para conter disfuncionalidades no mercado de câmbio.

No curtíssimo prazo, contudo, a tendência é que haja uma forte alta do dólar, como ficou evidente na reação do mercado após o anúncio. Sendo os EUA a maior economia do mundo, não é trivial ser alvo de tarifas dessa magnitude e de um dia para o outro.

O tarifaço fez com que bancos e investidores internacionais emitissem relatórios expressos lembrando que as nossas exportações para os EUA são apenas 2% do nosso PIB, e o nosso comércio externo como um todo representa 18% da nossa economia, a metade, por exemplo, do percentual do México.

“Mais da metade das exportações do Brasil para os EUA são commodities, que poderão ser vendidas para outros países, como a China. São os americanos que vão pagar um preço mais elevado por esses produtos, por causa das tarifas”, afirmou um investidor em nota para clientes.

O efeito sobre a inflação no curto prazo é incerto. Um dólar mais alto pode pressionar os preços e as expectativas, mas, por outro lado, pode haver aumento da oferta de produtos que seriam enviados para os EUA, como por exemplo commodities, que poderão diminuir o preço de diversos produtos internamente.

Na Bolsa, o mais provável é que diversas empresas percam valor de mercado em um primeiro momento, especialmente aquelas que vendem manufaturados para o mercado americano. Setores específicos, como o siderúrgico, podem sofrer um impacto mais direto.

Do ponto de vista político, a medida de Trump foi um presente para Lula. Além de insuflar o sentimento nacionalista e dar um discurso unido para o governo contra uma agressão econômica externa, Lula poderá culpar Trump e Bolsonaro por qualquer turbulência na nossa economia.

A declaração do senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do partido de Bolsonaro no Senado, de que o Brasil “colheu o que plantou”, demonstra que nem mesmo a oposição preparou um discurso coerente para justificar essa medida do governo americano.

O melhor que o governo brasileiro pode fazer neste momento é não reagir a Trump. Impor tarifas aos americanos seria um erro e escalaria a briga. Teria impacto direto sobre a inflação brasileira e poderia levar o BC a subir ainda mais a Selic.

Este é o momento para a diplomacia tomar decisões, sem seguir o ímpeto político e as reações apressadas voltadas para as redes.

CNN Brasil - SP   10/07/2025

Para o presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, é necessária uma série de medidas para colocar a inflação dentro da meta e manter a taxa de juros em um patamar semelhante ao observado em outros países que têm um cenário econômico semelhante ao Brasil.

“Ninguém quer baixar os juros para ter uma inflação lá em cima. Você quer conviver com uma taxa de juros que possa produzir o mesmo efeito, do ponto de vista de conter a inflação, porém em um patamar que seja mais próximo dos nossos pares. Para a gente conseguir isso, precisa de uma série de medidas. Não tem uma bala de prata”, disse.

O presidente do BC falou na manhã desta quarta-feira (9) na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. O convite atende ao pedido dos deputados Florentino Neto (PT-PI), Laura Carneiro (PSD-RJ) e Pauderney Avelino (União-AM).

Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, em junho, o colegiado elevou a taxa Selic para 15% ao ano. Este é o patamar mais elevado para os juros básicos do país desde maio de 2006, quando a taxa estava em 15,25%.

Se os parâmetros observados pelo BC se confirmarem, o Copom antevê o fim do ciclo de alta dos juros na próxima reunião, entre 29 e 30 de julho, com objetivo de analisar os impactos e avaliar se o nível corrente da taxa de juros é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.

No último comunicado divulgado, o BC passou a se referir ao período em que os juros se mantêm elevados como "bastante prolongados".

O BC utiliza a taxa básica de juros como um motor para aquecer ou esfriar a economia e manter a inflação em um patamar sustentável para as pessoas físicas e investidores no Brasil.

A meta de inflação definida pelo CMN (Comitê Monetário Nacional) é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. Se a meta for descumprida, Galípolo tem que enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para justificar.

Nesta terça-feira (8), o presidente do BC admitiu que assinará, ainda neste ano, sua segunda carta de descumprimento da meta de inflação, sendo o primeiro presidente a entregar o documento duas vezes seguidas.

O Estado de S.Paulo - SP   10/07/2025

O grande drama da nossa economia nos últimos tempos é a progressiva perda de nossa capacidade de mantê-la crescendo a taxas minimamente satisfatórias. Raciocinando com médias móveis dos últimos dez anos, de 1997 a 2014, a taxa anual de crescimento do PIB havia passado de 2% para 4% ao ano, isto é, havia até dobrado. Mas de lá para 2022, desabaria sistematicamente para 0,4%, taxa que representou apenas 10% da registrada em 2014.

O principal fator a explicar essa tendência mais recente de queda, com nítida propensão a assim continuar, refere-se à forte expansão do gasto previdenciário público na mesma fase, em decorrência do rápido envelhecimento da população brasileira que vem ocorrendo nas últimas décadas. Algo pouco percebido por muitos analistas, e relativamente à População em Idade Ativa (PIA), parcela mais jovem em que se originam os contribuintes. Daí até a queda do crescimento do PIB foi só um passo.

Registra-se que, quanto maior for o gasto previdenciário, maior será a pressão sobre a parcela discricionária dos orçamentos públicos – notadamente os investimentos em infraestrutura, peça-chave na explicação das taxas de crescimento econômico. Especialmente se considerar a evolução bem menos relevante dos investimentos privados em infraestrutura, que vem ocorrendo há bastante tempo.

Nesse contexto, cabe destacar as taxas de crescimento real médio anual dos gastos previdenciários nos últimos anos, sendo municipais: 12,5% em 2011-2018; estaduais: 5,9% em 2006-2018; INSS: 5,1% em 2006-2020; e União: 3,1% em 2006-2021. Em contraste, os gastos de todos com os investimentos públicos caíram à taxa média de 1,5% em 2006-2022.

A saída para essa difícil situação não é nada simples, e costuma ser chamada de “equacionamento previdenciário”. Ou seja, a zeragem do passivo atuarial dos entes em causa via reformas de regras, aportes de ativos (leia-se: capitalização) etc, sem o que não sairemos do lugar.

Voltando ao estreitamento do espaço orçamentário público para investir em infraestrutura, vale a pena adicionar à análise dois outros itens da mesma família de gastos e rigidez igualmente elevada, quais sejam, assistência social e fraudes.

Se considerarmos o peso conjunto apenas dos itens previdência e assistência (e nesta, apenas o BPC) no total dos gastos não financeiros, esse terá passado a 52,6% do total, em contraste com os 22,3% registrados em 1987, demonstrando como tem piorado a situação financeira respectiva.

O Estado de S.Paulo - SP   10/07/2025

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira, 9, que não vê “nenhuma razão” para aumento de tarifa dos Estados Unidos em relação ao Brasil.

O presidente americano, Donald Trump, disse mais cedo que uma nova tarifa para o Brasil virá nesta quarta ou quinta-feira, 10, ao responder a uma pergunta sobre cartas estabelecendo tarifas a produtos importados.

“O Brasil não tem sido bom para nós”, disse Trump em entrevista à imprensa durante almoço multilateral com líderes africanos na Casa Branca.

“Eu não vejo nenhuma razão para aumento de tarifa em relação ao Brasil. O Brasil não é problema para os Estados Unidos, é importante sempre reiterar isso”, afirmou Alckmin após participar de evento na sede do Mdic, em Brasília. “Os Estados Unidos têm, realmente, um déficit de balança comercial, mas com o Brasil têm superávit”.

Alckmin ressaltou ainda que, dos 10 produtos que os EUA mais exportam para o Brasil, oito têm alíquota zero. “Então, é uma medida que, em relação ao Brasil, é injusta e prejudica a própria economia americana, porque você tem uma integração na área comercial”.

Ele exemplificou com o caso do aço, já que o Brasil é o terceiro comprador do carvão siderúrgico americano, fabrica o semielaborado e vende para os EUA, que faz o equipamento elaborado.

“Nós não vamos mudar o tom, o tom tem que ser o mesmo. Nós temos 200 anos de amizade com os Estados Unidos”, prosseguiu o vice-presidente. “Há um universo de possibilidades aí pela frente de win-win, de ganha-ganha”, completou.
Tarifas

Mais cedo, Trump anunciou uma alíquota tarifária de 30% sobre o Sri Lanka. Foi o sétimo país a receber a carta sobre tarifas apenas nesta quarta-feira. O republicano anunciou tarifas para Argélia, Filipinas, Líbia, Iraque, Moldávia e Brunei.

Outros 14 países, dentre eles o Japão e a Coreia do Sul, também já foram notificados com as alíquotas.

Infomoney - SP   10/07/2025

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou “preocupação e surpresa” com a imposição de tarifas de 50% sobre produtos do Brasil vendidos aos Estados Unidos. A decisão foi anunciada mais cedo nesta quarta-feira, 9, pelo presidente americano, Donald Trump, e deverá ter validade a partir de 1º de agosto.

“Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia”, avaliou Ricardo Alban, presidente da CNI, em nota divulgada na noite desta quarta.

Citando os 200 anos de relação comercial entre Brasil e EUA, a entidade defendeu uma intensificação das negociações e o diálogo para reverter a decisão.

“Sempre defendemos o diálogo como o caminho mais eficaz para resolver divergências e buscar soluções que favoreçam ambos os países. É por meio da cooperação que construiremos uma relação comercial mais equilibrada, complementar e benéfica entre o Brasil e os Estados Unidos”, destacou Alban.

A CNI também desmentiu a afirmação do governo americano sobre o déficit na balança comercial com o Brasil. “Os EUA mantêm superávit com o Brasil há mais de 15 anos. Somente na última década, o superávit norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. Incluindo o comércio de serviços, o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões. Entre as principais economias do mundo, o Brasil é um dos poucos países com superávit a favor dos EUA”, assinalou a confederação brasileira.

Por fim, a entidade sustentou que as exportações brasileiras para os EUA têm grande relevância para a economia nacional. Em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil, segundo os cálculos da CNI.

MINERAÇÃO

Money Times - SP   10/07/2025

A XP Investimentos manteve uma postura cautelosa para o setor de minério de ferro e aço no segundo semestre de 2025, diante de sinais persistentes de fraqueza na demanda chinesa e incertezas relacionadas às tensões comerciais entre China e Estados Unidos.

Apesar da cautela, o relatório destaca algumas oportunidades entre as ações brasileiras do setor, com recomendações de compra para Gerdau (GGBR4), CBA (CBAV3) e Aura Minerals (AURA33).

Segundo os analistas, a demanda aparente por aço na China caiu 2% no acumulado de janeiro a maio, com expectativa de nova retração em junho. Embora a produção de aço e ferro-gusa siga elevada, a queda nos preços do aço e a desaceleração no setor imobiliário chinês levantam alertas.

O cenário ainda pode se agravar caso as tarifas norte-americanas restrinjam ainda mais as exportações chinesas, o que também impactaria o Brasil de forma indireta.

“Continuamos cautelosos com minério de ferro e aço, especialmente pelos impactos potenciais da guerra comercial entre EUA e China. Ainda que o investimento em infraestrutura e manufatura na China siga forte, o setor imobiliário continua decepcionando”, diz a equipe da XP.

No entanto, o relatório aponta que eventuais estímulos ao setor de construção e infraestrutura na China poderiam reacender o apetite por minério de ferro, elevando os preços acima da marca de US$ 100 por tonelada. Os estoques nos portos chineses subiram 1 milhão de toneladas em junho, mas seguem abaixo da média dos últimos cinco anos.

Entre as ações do setor, Gerdau e Metalúrgica Gerdau se destacam como uma das apostas da XP, com preço-alvo de R$ 27 e potencial de valorização de 61%. A CBA, com recomendação de compra, tem upside estimado em 84%, enquanto a Aura Minerals pode subir 49% até o preço-alvo de R$ 70,00.

Recomendações da XP para as empresas de metais e mineração
Empresa Ticker Preço Atual* Preço-Alvo Upside Recomendação
Vale VALE3 R$ 55,20 R$ 66,00 +20% Neutra
Bradespar BRAP4 R$ 16,49 R$ 20,80 +26% Neutra
Gerdau GGBR4 R$ 16,78 R$ 27,00 +61% Compra
Metalúrgica Gerdau GOAU4 R$ 9,37 R$ 12,70 +36% Compra
CSN CSNA3 R$ 8,21 R$ 20,00 +144% Neutra
CSN Mineração CMIN3 R$ 5,24 R$ 6,00 +15% Neutra
Usiminas USIM5 R$ 4,47 R$ 10,00 +124% Neutra
Aura Minerals AURA33 R$ 47,00 R$ 70,00 +49% Compra
CBA CBAV3 R$ 4,89 R$ 9,00 +84% Compra

*O relatório foi produzido no dia 7 de julho de 2025

AUTOMOTIVO

Money Times - SP   10/07/2025

O setor automotivo da China está sofrendo com o excesso de capacidade e uma prolongada guerra de preços, levantando alertas entre reguladores e executivos da indústria, que alertam que a turbulência está comprometendo a viabilidade de longo prazo do setor.

Os principais líderes da China prometeram intensificar a regulamentação contra cortes agressivos de preços e apoiar a eliminação gradual e ordenada de capacidades de produção obsoletas, segundo a mídia estatal informou no início deste mês.

Dados da LSEG referentes a 33 montadoras listadas com sede na China mostram uma deterioração generalizada nos principais indicadores financeiros nos últimos seis anos, destacando o impacto de uma guerra de preços brutal iniciada em 2023.

Os dados indicam que o prazo médio que as montadoras levaram para pagar seus fornecedores e outros credores de curto prazo aumentou para 108 dias em 2024, contra 99 dias em 2019.

Em 1º de junho, entrou em vigor uma nova regulamentação exigindo que grandes empresas liquidem pagamentos em até 60 dias após o recebimento de bens, serviços de engenharia ou materiais.

Joerg Wuttke, sócio do DGA-Albright Stonebridge Group, com sede em Washington, disse que fornecedores europeus e alemães geralmente recebem pagamento em 40 a 50 dias.

“Essa nova regulamentação vai nivelar o campo de jogo e basicamente impedir que essas montadoras transformem seus fornecedores em bancos”, afirmou.

Entre as grandes marcas, a líder em vendas de veículos elétricos, BYD, levou em média 127 dias para pagar fornecedores e credores de curto prazo em 2024, acima dos 81 dias em 2019, segundo dados da LSEG.

Quando questionada sobre os dados, a BYD afirmou que seu prazo médio de pagamento a fornecedores, considerando contas a pagar e notas promissórias, caiu de 139 dias em 2019 para 127 dias em 2024.

O prazo da Geely Automobile também aumentou, passando de 139 dias em 2019 para 193 dias em 2024, segundo a LSEG. Na contramão da tendência, a Great Wall Motor reduziu seu ciclo de pagamento de 115 dias em 2019 para 94 dias em 2024.
Metas de vendas elevadas

Os níveis combinados de estoque do setor mais que dobraram, alcançando 370 bilhões de yuans (US$ 51,55 bilhões) em 2024, mesmo com concessionárias reclamando que muitas montadoras estavam despejando carros nelas para alcançar metas de vendas elevadas.

A dívida total das montadoras disparou 56% no ano passado em comparação aos níveis de 2019. A mediana da relação dívida/patrimônio subiu 21 pontos percentuais, chegando a 51,3%.

A margem de lucro líquido mediana do setor caiu para apenas 0,83% em 2024, contra 2,7% em 2019.

A BYD, no entanto, aumentou sua margem de lucro para 5,4%, acima dos 1,7% de 2019. A empresa, que fabrica carros e componentes para celulares, atribuiu a melhora à mudança no mix de negócios, já que a receita automotiva passou de 49,5% para 79,4% da receita total no período.

A Nio Inc. e a Xpeng Inc., duas das marcas de veículos elétricos mais conhecidas da China, estavam entre as que tinham os prazos de pagamento mais longos entre as 33 empresas analisadas.

Essas duas companhias estenderam seus prazos de pagamento a fornecedores e credores de curto prazo para 223 dias e 237 dias, respectivamente.

Ambas continuam operando no vermelho, embora tenham melhorado significativamente suas margens negativas ao longo do período.
A Nio declarou que se comprometerá a pagar fornecedores dentro do prazo de 60 dias.

A Xpeng afirmou que sua liquidez em caixa continua a melhorar e citou comentários feitos pelo CEO He Xiaopeng na última quinta-feira durante um evento com a mídia, afirmando que a empresa também, como outras, se esforçará para cumprir o compromisso de pagar fornecedores em até 60 dias o mais rápido possível.

Valor - SP   10/07/2025

IPI Verde faz parte do programa Mover, de incentivos à indústria automobilística, que vem sendo regulamentado aos poucos.

A história da indústria automobilística no Brasil ganha um novo capítulo. Os critérios de tributação dos carros vão mudar completamente. Até aqui, as alíquotas de IPI eram definidas conforme a potência dos motores. Agora, carros mais poluentes e menos seguros pagarão mais imposto.

O chamado IPI Verde faz parte do programa Mover, de incentivos para a indústria automobilística, que vem sendo regulamentado aos poucos. A primeira parte, e uma das mais aguardadas pela indústria, definiu redução de impostos em troca de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produto locais.

As regras que definem nível de poluentes emitidos pelos carros também serão ampliadas. Hoje, o cálculo se limita aos gases que saem do escapamento do veículo. A nova medição incluirá as emissões provocadas desde a origem da energia que move o veículo.

Independentemente da inovação que a versão verde representa para o país, historicamente, IPI sempre foi um tema relevante nas relações entre montadoras e governo. E, acima de tudo, o principal guia da concessão de incentivos fiscais para o setor.

Ao longo dos anos, as alíquotas desse imposto subiram e desceram ao sabor dos interesses de algumas montadoras, ou mesmo de todas, ajudando, ao mesmo tempo, a elevar a popularidade de governantes.

Surgimento dos carros populares

Um dos episódios mais conhecidos aconteceu em 1993. Numa conversa com a direção da Volkswagen, em seu primeiro ano de governo, o então presidente Itamar Franco sugeriu à montadora retomar a produção do Fusca. Em troca, a Volks receberia incentivos fiscais.

Não demorou para a Fiat reivindicar o mesmo benefício para o modelo Uno. E foi assim que nasceu o chamado carro popular. Foi decidido que o incentivo valeria para qualquer carro com motor 1.0.

O benefício apressou o desenvolvimento de novos projetos, como o do Corsa, da General Motors. Hoje, 32 anos depois, o IPI ainda é menor para carros com motor 1.0. Mas as configurações desses carros mudaram ao longo do tempo. Para melhorar o desempenho do veículo, aproveitando o benefício fiscal, as montadoras passaram a turbinar motores 1.0.

O IPI Verde tem o mérito de ser um sistema isento. Mas a questão que volta, mais uma vez, a fazer do IPI uma ferramenta de interesses setoriais é que a regulamentação do novo imposto não vem sozinha. O governo criou um programa que isentará de IPI carros mais baratos e fabricados no país.

“Carro sustentável”

O chamado “carro sustentável” será anunciado em cerimônia no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (10), da qual participarão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o vice, Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

O evento terá um tom de Poder Público e fabricantes de veículos preocupados com a causa ambiental. O novo incentivo estará também atrelado ao nível de emissões e à chamada eficiência energética. Mas será limitado a veículos produzidos no Brasil. E, desta vez, o carro com motor 1.0 turbo não entrará na lista.

O governo apontará o programa como uma forma de valorizar a indústria e a geração de empregos no setor. O benefício chega num momento em que as montadoras instaladas no Brasil sofrem forte concorrência dos produtos chineses.

Os carros vindos da China representam hoje 6% do mercado brasileiro, perdendo apenas para os da Argentina (13,6%), que são importados pelas próprias montadoras.

Ao divulgar o balanço do setor, no início da semana, a Anfavea, a associação que representa as montadoras, traçou um cenário negativo para os fabricantes locais. Segundo a entidade, no primeiro semestre, as vendas de veículos nacionais aumentaram 2,6% enquanto as dos importados avançaram 15%. Em um ano, a participação dos modelos importados no mercado brasileiro passou de 17,7% para 19,1%.

Impacto dos juros

Mas não é apenas a concorrência chinesa que agora atrapalha a indústria automobilística, que vinha registrando crescimento de vendas e produção. A elevação da taxa Selic provoca consequente aumento dos juros no financiamento de veículos. A média das taxas no mercado alcança 27,6% ao ano para pessoa física e 19,3% para pessoa jurídica.

O acumulado de vendas internas no semestre registrou crescimento de 4,8%, com 1,19 milhão de veículos, em comparação com a primeira metade de 2024. Mas, em junho, houve uma retração de 0,6% em relação ao mesmo mês do ano passado.

No caso da produção, o volume acumulado na primeira metade do ano registrou crescimento de 7,8%, com 1,22 milhão de veículos. No entanto, a produção de junho (200,8 mil unidades) ficou 4,9% abaixo do volume registrado no mesmo mês de 2024.

Globo Online - RJ   10/07/2025

O lançamento do programa Carro Sustentável deve estimular a indústria nacional, com efeitos pontuais, mas, por si só, não deve ser suficiente para frear por completo a invasão de importados chineses, na avaliação de analistas. De um lado, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos mais baratos e eficientes do ponto de vista ambiental pode levar à queda de preços, mas os efeitos dependerão do detalhamento das exigências do programa e das escolhas das montadoras em termos de tecnologia embarcada na produção do modelo.

Para analistas, a medida deve beneficiar carros de entrada que têm maior margem para redução dos custos. Mas o preço final mais competitivo pode depender da combinação entre o imposto reduzido e eventuais cortes de equipamentos.

Cássio Pagliarini, sócio da consultoria Bright Consulting, avalia que a iniciativa faz sentido se o objetivo for impulsionar o volume da indústria nos segmentos de entrada:

— Imagino que o governo busca fomentar o volume da indústria e, para isso, só trabalhando na parte de baixo da pirâmide de preços. Se você pegar um carro de R$ 140 mil e abaixar 5%, ele vai substituir outros carros e não aumentar o volume da indústria.

Novo nicho de atuação

Para Pagliarini, é exagerado classificar os carros beneficiados como “ populares”.

— É possível reduzir os atuais 5,27% de IPI dos veículos para 0,1%, como foi feito no programa anterior, em 2023. Mas, para chamar o carro sustentável de popular, é preciso ter um diferencial de preço maior — afirma.

Antônio Jorge Martins, coordenador de cursos de MBA do setor automotivo da FGV, avalia que o programa tende a funcionar mais como um apoio às montadoras já instaladas no país do que como incentivo direto à tecnologia verde. A eficiência energética entra na equação, mas “a reboque”, afirma:

— Eles estão criando um novo nicho de atuação das montadoras já instaladas aqui, de tal forma a compensar a elevada competitividade que as chinesas têm em veículos com motorização mais potente do que essa que está sendo objeto do programa.

Entre janeiro e junho deste ano, foram importados 228,5 mil veículos (contra 197 mil no mesmo período do ano passado). E 70,9 mil unidades vieram da China, o que representa uma alta de 37,2%.

Martins lembra que as fabricantes chinesas, a exemplo da BYD, operam com modelos com motores mais potentes e ainda importados. Com o novo programa, montadoras com produção local terão mais chances de praticar preços menores.

O professor da FGV avalia que as montadoras com maior capacidade de se adequar ao programa são Volkswagen, General Motors, Hyundai, Renault e Stellantis, que têm modelos 1.0. Marcas como Toyota, Honda e Audi, que focam em motores mais potentes, poderiam ficar de fora.

O impacto final sobre os preços dos carros dessas marcas, porém, ainda é incerto porque depende do detalhamento da nova sistemática de IPI e da capacidade das montadoras de adaptar seus projetos, explica Martins.

Para ele, a simples redução da alíquota de IPI não garantirá preços mais competitivos. As montadoras provavelmente terão de abrir mão de equipamentos com alto grau de tecnologia embarcada para baixar custos, diz:

— Não sabemos o que eles vão excluir de tecnologia. São incógnitas que impactam muito fortemente no preço a ser praticado — conclui Martins.

Globo Online - RJ   10/07/2025

O governo planeja editar, ainda nesta semana, um decreto que vai reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos mais baratos e menos poluentes. A medida pode deixar mais baratos os carros populares no país.

A previsão é que o texto seja lançado pelo presidente Lula amanhã, em cerimônia no Palácio do Planalto. O decreto define a regulamentação do chamado IPI Verde, criado dentro do Mover — programa de incentivos para a indústria automobilística.

Chevrolet Onix Plus;Citroën Basalt; Citroën C3;Fiat Argo;Fiat Cronos;Fiat Mobi; Hyundai HB20; Hyundai HB20S; Renault Kwid;Peugeot 208; Volkswagen Polo (Track e Robust); e Volkswagen Tera.

Na outra ponta, mais imposto para poluentes

A medida não deve significar redução de receitas para o governo porque ela prevê também aumentar o tributo de veículos mais poluentes.

O programa vai se chamar Carro Sustentável e vai na contramão do governo de Donald Trump, nos EUA, que retira incentivos a carros elétricos em favor dos motores a combustão, que emitem carbono.

Para reduzir as alíquotas, serão analisados critérios de potência, eficiência energética, combustível e reciclabilidade, além da exigência de ser produzido no país. Dessa forma, veículos chineses que tomaram conta do mercado vão ficar de fora.

A ideia é beneficiar veículos 1.0 flex, ou seja, que podem rodar com gasolina ou etanol e com potência abaixo de 90 cavalos. São versões dos chamados carros populares, com alíquotas de IPI hoje em 5,27%. Modelos 1.0 turbo não devem entrar na lista de redução de tributos.

Esse recorte deve permitir que entrem no programa modelos de entrada de diversas montadoras. Se encaixam nesse perfil, carros como o Chevrolet Onix e Onix Plus, Fiat Argo, Cronos e Mobi e Renault Kwid.

A previsão é que a redução de alíquotas beneficiem pessoas físicas e empresas. Em 2023, o governo lançou um pacote para incentivar vendas de carros populares e renovar frota de caminhões e ônibus. Naquele ano, o programa somou R$ 1,5 bilhão e foi pago a partir da antecipação de parte da reoneração do diesel, em R$ 0,11 por litro.

Nele, as empresas aplicam descontos sobre o valor de venda, e variavam entre R$ 2 mil e R$ 8 mil. Em troca, ganhavam créditos tributários em troca (descontos em pagamentos de impostos no futuro).

Agora, o desconto é no imposto cobrado e não haverá limite de preço do carro. Porém, como os critérios amarram as características dos veículos, a tendência é atingir principalmente carros populares.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   10/07/2025

Em evento de logística, Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, comentou sobre a necessidade de impor um ritmo de crescimento no setor nos próximos anos.

O desenvolvimento do setor ferroviário do país, nos próximos anos, deve ser feito por meio de parceria entre poder público e iniciativa privada, no entendimento de Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). Ele fez a observação durante evento de logística na manhã desta quarta-feira (9).

O especialista comentou sobre a necessidade de impor um ritmo de crescimento no setor nos próximos anos. Ele pontuou que, no momento, um dos setores que mais crescem na economia é o agropecuário. Um maior fortalecimento do setor ferroviário, comentou ele, seria vantajoso para maior escoamento de produção agrícola do país.

“Mas enquanto o setor ferroviário cresce 2% ou 3% por ano, o agropecuário cresce a 5%, 6%, 7%”, comentou. “Precisamos apostar mais em transportes de alta capacidade, como ferrovias e hidrovias”, disse.

O executivo lembrou que, em modelos ferroviários passados, de negócios, a iniciativa privada era quem comandava o desenvolvimento e a expansão.

“Temos, hoje, ferrovias muito eficientes”, admitiu. “Mas fazer ferrovia ainda é muito caro”, lembrou.

O especialista citou como exemplo uma ferrovia e grande porte que pode chegar a um custo de R$ 20 bilhões, com retorno apenas de cinco anos a dez anos para quem investiu.

Por isso, comentou que, em seu entendimento, a visão de investimento ferroviário “passa por uma visão de Estado e não de governo”. Isso também é compreendido no âmbito do Plano Nacional de Logística (PNL), instrumento do governo brasileiro para planejar a infraestrutura de transporte do país a longo prazo. “Daí precisamos de uma política pública que entenda seu papel de Estado com uma parceria com privado”, concluiu.

Ele deu as declarações durante o evento “Logística no Brasil”, série de debates promovido pelo Valor, com oferecimento da Infra S. A. e do Ministério dos Transportes. O tema da série de debates é a infraestrutura brasileira como vetor de desenvolvimento.

Valor - SP   10/07/2025

Ministro dos Transportes disse que o projeto que visa escoar uma das maiores safras agrícolas do mundo, interligando Sinop (MT) ao Porto de Miritituba (PA), precisará, provavelmente, de aporte público “para ficar de pé”.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou nesta quarta-feira que a Ferrogrão provavelmente precisará de aporte público “para ficar de pé”. Ele afirmou que o projeto é estratégico, viável e estará no plano nacional de logística. O projeto visa escoar uma das maiores safras agrícolas do mundo, interligando o município de Sinop, no Mato Grosso, ao Porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará.

Ele deu as declarações durante o evento “Logística no Brasil”, série de debates, promovido pelo Valor, com oferecimento da Infra S. A. e do Ministério dos Transportes. O tema da série de debates é a infraestrutura brasileira como vetor de desenvolvimento. Confira a íntegra do evento no vídeo na notícia original.

Questionado se há a previsão de aportes públicos para visibilizar mais ferrovias, ele disse que, com recursos do Tesouro, se espera cerca de R$ 2 bilhões ao ano. “Mas a gente tem recursos que recuperamos das renovações antecipadas feitas no governo do ano passado”, comentou.

Renan Filho disse que a renovação de concessões ferroviárias pode ser em torno de R$ 25 bilhões e pode potencializar investimento ferroviário no país.

Revista Ferroviaria - RJ   10/07/2025

A assinatura do memorando de entendimento entre Brasil e China para viabilizar o Corredor Ferroviário Bioceânico Brasil-Peru marca um novo capítulo na integração logística sul-americana. Com uma extensão estimada de 4.500 km e previsão de ligação entre o porto de Chancay, no Peru – que recebeu relevantes investimentos chineses -, e o porto de Ilhéus, na Bahia, a ferrovia pode redefinir rotas comerciais entre América do Sul e Ásia. Mas enquanto a Bahia desponta como um hub logístico e exportador de alcance global, outros estados nordestinos correm o risco de ficarem à margem do novo fluxo de investimentos.

A Bahia pode tronar-se não só um importante elo no novo corredor interoceânico, como uma das principais rotas de saída das exportações brasileiras, graças à conexão de Chancay com a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). Isso dará ao estado baiano vantagem competitiva na atração de investimentos de indústrias exportadoras, do agronegócio e de fornecedores logísticos com interesse em acessar o mercado asiático via Atlântico-Pacífico. Algo que se traduz em estimulo ao crescimento do PIB baiano, a geração de empregos e a ampliação da sua base tributária.

Apesar do discurso oficial de que o corredor fomentará a integração nacional defendida na Constituição Federal, a atual modelagem desarticula outros estados nordestinos. A ausência de conexão direta entre os ramais da Transnordestina e a Fiol representa um gargalo. Sem essa integração, cargas produzidas em outros estados do Nordeste serão obrigadas a escoar pelos portos da costa com destino à Ásia levando ao menos 10 dias de desvantagem, o que implica em maior custo. Ou farão o trajeto por terra ou cabotagem até Ilhéus, com iguais desvantagens de prazo e custos.

O novo corredor ferroviário tem potencial transformador, mas também escancara a necessidade de um planejamento integrado para o Nordeste – e Brasil – como um todo. Sem articulação entre os sistemas ferroviários existentes e em construção, os benefícios ficarão restritos a regiões já parcialmente estruturadas em detrimento de outras áreas igualmente produtivas, porém desassistidas por infraestrutura logística moderna.
Para que o Corredor Bioceânico seja uma solução de desenvolvimento nacional e regional, é essencial que os projetos ferroviários federais — como a Fico, Fiol e Transnordestina — sejam pensados em rede, conectando os principais polos produtivos do Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
O acordo assinado nesta terça-feira (07) une a estatal Infra S. A. e a China Railway Economic and Planning Research Institute, braço estratégico da China State Railway Group, a maior empresa pública ferroviária do mundo. Ambas se debruçarão sobre os estudos da ferrovia.
Há, portanto, espaço para o engajamento de governadores do Nordeste e do setor privado na defesa de uma malha ferroviária mais integrada e inclusiva, que reduza desigualdades e maximize ganhos para toda a região.

NAVAL

Valor - SP   10/07/2025

“Estamos fazendo esse dever de casa, ampliando as operações portuárias para o agronegócio", disse o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

O governo autorizou, nesta quarta-feira (9), R$ 4,5 bilhões em investimentos em terminais portuários privados. São oito terminais nas regiões Norte, Centro-oeste, Sudeste e Sul.

“O mundo procura o Brasil como uma grande janela de oportunidades, e por isso precisamos estar com portos estruturados e de maneira descentralizada”, disse o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

“Estamos fazendo esse dever de casa, ampliando as operações portuárias para o agronegócio.” Os recursos a serem investidos são privados, explicou. O período para a conclusão das obras é de cinco anos. A iniciativa é que se iniciem no prazo de 30 a 60 dias.

No entanto, a assinatura do contrato é só o primeiro passo de um processo, disse o diretor-presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Murillo Barbosa. “Vocês vão enfrentar agora dois processos muito difíceis, que é o licenciamento ambiental e o licenciamento patrimonial, que nós temos lutado muito para tentar simplificar”, disse, aos representantes dos terminais.

“Eu quero corroborar com o sentimento que a gente precisa cada vez mais desburocratizar, avançar na agenda das licenças ambientais”, respondeu o ministro. “Esse é um desafio no Brasil, não só na área portuária, mas na área rodoviária, na área ferroviária, na área hidroviária.”

Ao falar de investimentos no setor, Costa Filho disse que, de 2013, quando foi aprovada a nova lei dos portos, até 2022, foram realizados 41 leilões, com investimentos de R$ 6 bilhões. No atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deverão ser realizados de 50 a 60 leilões, envolvendo investimentos de R$ 30 bilhões. "Ou seja, o maior volume de investimentos do setor portuário, então isso tem um impacto significativo", comentou o ministro.

Monitor Digital - RJ   10/07/2025

O volume de carga movimentada pelos portos brasileiros nos cinco primeiros meses de 2025 é o maior registrado na história. Dados do Estatístico Aquaviário da Antaq apontam que a movimentação de cargas entre janeiro e maio foi recorde, atingindo 532 milhões de toneladas, número que supera em 0,8% o registrado no mesmo período de 2024, até então o maior volume já movimentado pelos portos brasileiros.

De acordo com os dados da Antaq, houve recorde de movimentação de carga em 2025 nos portos pelo terceiro mês consecutivo. Os números registrados em maio – 118,4 milhões de toneladas – foram os melhores da história para o mês e 7% superiores aos de 2024.

Entre os portos públicos, o destaque foi o crescimento da movimentação no Porto de Rio Grande (RS), com aumento de 47% no volume de carga. A explicação, neste caso, é a redução das operações no ano passado, provocada pelas enchentes que impactaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024.

Para o secretário nacional de Portos, Alex Ávila, o recorde nos portos brasileiros em 2025 está relacionado ao aumento da produção agropecuária neste período do ano. “O forte da safra agrícola ocorre no segundo semestre, mas desde o ano passado temos percebido um crescimento da carga no início do ano”, disse o secretário

Outro ponto que chama a atenção no Estatístico Aquaviário da Antaq é o consistente aumento do transporte de contêineres pelos portos brasileiros. Ao longo de todo o ano de 2024, a carga conteinerizada superou em 20% a movimentação do ano anterior. Os números dos cinco primeiros meses de 2025 já são 7% superiores aos do mesmo período do ano passado.
Portos não estão preparados; frota mundial está mudando

Os sucessivos recordes escancaram um problema: os portos brasileiros não estão preparados para receber os maiores navios. No webinário “O futuro da carga conteinerizada no Brasil”, realizado em 26 de junho pela Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas (Anut), Claudio Loureiro, diretor executivo da Centronave, associação que reúne 19 armadores marítimos, reforçou que o Brasil é deficitário em infraestrutura portuária para navios de grande porte que circulam no mundo.

“Não posso aumentar o número de navios porque não há berços, e não posso aumentar o tamanho dos navios porque eles não entram nos portos”. Segundo Loureiro, “a frota mundial está mudando: 70% dos navios em construção são maiores do que os que o Brasil consegue receber hoje. O País está ficando para trás, condenado a usar navios menores e menos eficientes”.

Portos brasileiros à beira da ruptura comprometem exportações de café | Monitor Mercantil

A cada ano, 499.200 TEUs deixam de ser transportados nas rotas Santos–Ásia, Santos–Europa e Santos–Mediterrâneo por causa do calado. “É US$ 1 bilhão a menos do potencial de faturamento para as transportadoras, segundo a consultoria Solve Shipping. “Cada metro de limitação no calado são 800 contêineres não embarcados”, disse ao UOL Leandro Barreto, da Solve.

Para o comércio exterior, essa perda potencial chega a US$ 20,6 bilhões por ano, de acordo com a Solve: US$ 6,4 bilhões em exportações e US$ 14,2 bilhões em importações.
Leilões de terminais ainda em 2025

De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos, os recordes constantes na movimentação de carga estão sendo acompanhados por outras medidas que ampliam a capacidade dos portos brasileiros. Está previsto ainda para 2025 o leilão do terminal de contêineres do Porto de Santos – Tecon Santos 10 – que ampliará em 50% a capacidade do maior porto do país.

Em setembro, será realizado o leilão para concessão do canal de acesso ao Porto de Paranaguá, modelo inédito no país. A medida também está prevista para outros quatro portos – Itajaí, Santos, Bahia e Rio Grande – o que trará maior eficiência à movimentação de navios e cargas, permitindo inclusive a chegada de embarcações de maior porte aos portos brasileiros.

“Desde o início de 2023, realizamos 22 leilões portuários, levando investimentos privados – R$ 12 bilhões – para toda a costa brasileira. Até 2026, serão 60 leilões, com investimentos totais de R$ 30 bilhões. Isso é cinco vezes mais do que foi investido desde a mudança na Lei dos Portos, em 2015, até 2022. Em termos de número de leilões, o aumento é de 40%. Isso mostra a importância que o governo Lula dá ao setor, pois amplia nossa capacidade de movimentação, gera emprego e renda não só nos arredores dos portos, mas em um raio de influência muito maior”, avalia o ministro Silva Costa Filho.

Portos e Navios - SP   10/07/2025

A Bolsa de Valores de Xangai aprovou a fusão da China State Shipbuilding Corporation (CSSC) e da China Shipbuilding Industry Corporation (CSIC), que resultará no maior conglomerado de construção naval do mundo. Pelo acordo, anunciado em 2024, a CSSC emitirá ações classe para os acionistas da CSIC. A transação é avaliada em US$ 16 bilhões e representa mais da metade dos ativos totais de cada empresa.

Após fusão, a CSIC não terá mais ações na bolsa, e com a CSSC absorverá seus ativos, passivos, contratos e funcionários. De acordo com a empresa de análise marítima Alphaliner, a entidade combinada se tornará a maior construtora naval do mundo, com ativos de aproximadamente US$ 56 bilhões .

A conclusão do acordo dá continuidade à consolidação do setor de construção naval da China após a fusão, em 2019, da China State Shipbuilding Corporation (CSSC) e da China Shipbuilding Industry Corporation (CSIC) no China State Shipbuilding Group, que controla tanto a CSSC quanto a CSIC. Em 2024, as empresas combinadas garantiram 257 navios (28,61 milhões de toneladas de porte bruto), representando quase 17% dos pedidos globais, segundo dados da Clarksons.

Após a nova fusão, o China State Shipbuilding Group manterá aproximadamente 49% da participação da empresa combinada, que manterá o nome CSSC. Embora o comitê de fusões e aquisições da Bolsa de Valores de Xangai tenha aprovado a união, autorizações regulatórias adicionais terão que ser concedidas antes que a transação possa ser finalizada.

Valor - SP   10/07/2025

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, deu as declarações nesta quarta-feira (9) durante o evento “Logística no Brasil”, série de debates promovida pelo Valor.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que é preciso aguardar a decisão do Tribunal de Contas da União sobre o Porto de Santos, após a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) ter expressado preocupação com a possibilidade de concentração de mercado no porto após a licitação de um megaterminal, o Tecon Santos 10.

Ele deu as declarações nesta quarta-feira (9) durante o evento “Logística no Brasil”, série de debates, promovido pelo Valor, com oferecimento da Infra S. A. e do Ministério dos Transportes. O tema da série de debates é a infraestrutura brasileira como vetor de desenvolvimento. Confira a íntegra do evento no vídeo na notícia original.

“Temos que aguardar o TCU. Por isso estamos trabalhando com muita seriedade. A Antaq se posicionou, e é importante registrar que a Antaq foi indicada por todo o governo anterior”, comentou, dizendo ser preciso respeitar a decisão da agência.

“Não havendo concentração de mercado, defendo a democratização. Caso fique claro que existe concentração de mercado e vai penalizar agenda produtiva brasileira, vamos em outra direção”, comentou.

Ainda sobre o porto de Santos, ele disse que o leilão vai dobrar sua capacidade. “Estamos construindo a melhor modelagem”, comentou.

Agenda

De olho na agenda do ministério, Costa Filho disse que, para falar de desenvolvimento econômico, é preciso falar sobre agenda de infraestrutura. Ele afirmou que, à medida que a agropecuária, a indústria e os serviços crescem, é preciso que se aprimore a agenda logística.

“Concessões em infraestrutura mostram diálogo do governo com iniciativa privada”, pontuou. Segundo ele, em 2024, o Brasil teve o melhor ano de concessões em rodovias, portos e outras áreas estratégicas.

Ele afirmou que pretende apresentar em agosto uma agenda logística e de planejamento estratégico para os próximos cinco anos no Brasil. “Independentemente do presidente ou ministro, a gente sinaliza para que se tenha uma agenda logística”, comentou.

PETROLÍFERO

nfomoney - SP   10/07/2025

As ações da PetroRecôncavo (RECV3) operam em baixa nesta quarta-feira (9), após a petroleira divulgar dados operacionais do segundo trimestre, afetados por paralisações. Às 13h (horário de Brasília), a ação caía 4,14%, a R$ 14,12.

O JPMorgan avaliou que a produção do 2T25 permaneceu relativamente estável, com uma leve queda em junho para 26,9 mil barris de óleo equivalente por dia (kboed), reflexo da paralisação do Ativo Bahia – já retomado –, o que leva a uma leitura neutra.

Cyrela (CYRE3) ou Tenda (TEND3): qual teve a melhor prévia operacional no 2T25?

Ambas divulgaram suas respectivas prévias operacionais do segundo trimestre na noite da última terça-feira

A produção do Ativo Bahia recuou 3,2%, para 13,3 kboed, impactada principalmente por uma parada de sete dias no campo de Cassarongongo, conforme detalhado nos Fatos Relevantes de junho. A produção de petróleo na Bahia caiu 4,6%, para 7,3 mil barris por dia (kbbl/d), enquanto a de gás recuou 1,5%, para 6,1 kboed, ambas afetadas pelas mesmas interrupções operacionais. A corretora destacou que medidas para resolver os problemas de produção no campo de Tiê estão em andamento, com a conclusão do desvio lateral do poço Tiê-12 próxima.
Em contrapartida, o Ativo Potiguar apresentou estabilidade, com produção de 13,5 kboed. A produção de petróleo manteve-se em 8,7 kbbl/d, enquanto a de gás aumentou 1,4%, para 4,8 kboed, impulsionada por projetos de workover bem-sucedidos em poços de gás no campo de Riacho da Forquilha. Segundo o JPMorgan, a priorização desses workovers em poços de gás contribuiu para as variações entre óleo e gás registradas no trimestre.

Na comparação com as estimativas da própria casa, a produção do segundo trimestre ficou 1,9% abaixo do esperado, com o Ativo Potiguar superando as projeções em 2,1% e o Ativo Bahia ficando 5,6% abaixo.

O JPMorgan reiterou classificação de compra e preço-alvo de R$ 20.

Segundo o Bradesco BBI, a produção foi afetada pela interrupção no campo de Cassarongongo e pela queda na produção no campo de Tie. A produção do primeiro já foi reiniciada pela empresa no final de junho, e a produção do segundo deve melhorar com a conclusão de um desvio no poço Tie 12.

Além disso, o BBI prevê que a petroleira inicie a produção em breve em três poços profundos que estão em fase de testes, o que deve levar a aumentos na produção.

O Itaú BBA também comenta que os dados operacionais de junho foram afetados por uma parada de sete dias no campo de Cassarongongo (Ativo Bahia), conforme previsto anteriormente, juntamente com uma queda na produção do campo de Tiê.

De acordo com BBA, a produção mais fraca em Tiê está sendo solucionada por meio de um desvio do poço Tiê-17, cuja conclusão está prevista para esta semana.

O Itaú BBA reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 16,50.

IstoÉ Dinheiro - SP   10/07/2025

A exploração na Foz do Amazonas provoca debate sobre o futuro do país, mas um acordo entre defensores e críticos parece impossível. A médio prazo, é provável que o lobby do petróleo saia vitorioso.Quase nenhum tema é tão debatido em Brasília como os prós e os contras da exploração de petróleo na Foz do Amazonas. O dilema se refere às possíveis reservas de petróleo na costa do Amapá e do Pará. Há uma grande probabilidade de que existam enormes reservas de petróleo sob o leito marinho nessa região. A vizinha Guiana está se tornando um dos novos exportadores globais de petróleo graças ao óleo extraído em sua costa. Geologicamente, há muitos indícios de que os depósitos se estendam até o território brasileiro.

Os defensores da exploração de petróleo offshore argumentam que o Brasil precisa urgentemente de novas reservas. Caso contrário, a produção da Petrobras e de outras empresas no Brasil entraria em declínio a partir de 2030. Até lá, os depósitos atuais, como os do pré-sal, teriam atingido seu pico de produção. O Brasil, que atualmente é um grande exportador de petróleo, teria então que importar cada vez mais combustível.

Os defensores do projeto ressaltam sua importância social. Ele criaria empregos, novos investimentos e infraestrutura em uma das regiões mais pobres do Brasil. As receitas do petróleo reduziriam a dívida pública e poderiam ser investidas em educação e saúde, por exemplo.

O Brasil também se tornaria menos dependente das flutuações dos preços do petróleo. Segundo os defensores, a extração também poderia servir como uma estratégia de transição. As receitas ajudariam a financiar a expansão das energias renováveis e, dessa forma, contribuiriam para a descarbonização do Brasil a longo prazo.

Os defensores contam com forte lobby no Congresso, no governo, nos sindicatos e também nos estados do Norte do Brasil. Até mesmo com o presidente Lula, um ex-sindicalista que sempre contou com a expansiva estatal Petrobras para impulsionar a economia durante seus dez anos no cargo.

Lula prefere proporcionar aos brasileiros pobres empregos, escolas, hospitais e uma rede de segurança social a abrir mão dessas coisas por causa de um possível risco ambiental na Amazônia. O que importa para ele é o que alivia a pobreza e garante apoio político interno. Prêmios ambientais internacionais não ganham eleições no Brasil, mas programas sociais e apoio eleitoral da indústria do petróleo, sim.

A Noruega e o Reino Unido também estão atualmente investindo pesado na produção de petróleo offshore, argumenta o lobby petrolífero. Por que um país com uma dívida social como o Brasil deveria abrir mão das receitas do petróleo?

Plano de emergência e COP30

Do outro lado, há uma frente de associações ambientais, cientistas, partes do governo – incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva – e ambientalistas estrangeiros.

Eles alertam para riscos significativos a um dos ecossistemas mais importantes da América do Sul. Na Foz do Amazonas, encontram-se recifes de corais e manguezais pouco pesquisados, com enorme biodiversidade. Um derramamento de petróleo nessa zona de difícil acesso teria consequências catastróficas – especialmente porque os planos de emergência da Petrobras são atualmente considerados inadequados.

As comunidades indígenas costeiras também não foram consultadas de forma abrangente, embora isso seja exigido por lei. Por esse motivo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) rejeitou por enquanto o pedido da Petrobras para realizar testes de perfuração.

A aprovação também seria politicamente delicada internacionalmente, já que a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, será realizada em novembro de 2025 em Belém, perto da área de extração planejada. Isso colocaria em risco a credibilidade da política climática do Brasil. O país se comprometeu a reduzir significativamente suas emissões de gases de efeito estufa no âmbito do Acordo de Paris. A expansão da produção de petróleo na Foz do Amazonas é contrária às metas climáticas do Brasil.

Conclusão: posso entender e me identificar com os argumentos de ambos os lados. No entanto, acho que o lobby do petróleo prevalecerá no médio prazo. As audiências degradantes em comissões do Congresso deixaram claro o quanto Marina Silva está isolada. Sua agenda ambiental tem pouco apoio dentro do governo. Lula também está politicamente enfraquecido. O Congresso conservador é amplamente favorável à extração de petróleo. As eleições do ano que vem se avizinham. Lula dificilmente pode se dar ao luxo de alienar seus aliados restantes no Norte e Nordeste com uma política ambiental que ele próprio dificilmente apoia.

Valor - SP   10/07/2025

Em junho, em leilão da Agência Nacional de Petróleo, as americanas Chevron e Exxon arremataram áreas na Foz do Amazonas, na Margem Equatorial.

A decisão do presidente americano, Donald Trump, de impor tarifa de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros pode afetar as relações das petroleiras americanas que atuam no Brasil, diz Felipe Perez, chefe de estratégia de combustíveis e refino para América Latina da S&P.

Em junho, em leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP), as americanas Chevron e Exxon arremataram áreas na Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. A Chevron arrematou nove blocos na Foz do Amazonas, em consórcio com a chinesa CNPC. A Exxon, por sua vez, ganhou dez blocos em consórcio com a Petrobras.

“Em um primeiro momento, a decisão gera ruídos, mas ainda há a incerteza de até que ponto Trump irá manter a imposição”, disse Perez ao Valor. “Temos que entender até onde vai e como será a resposta brasileira a essa taxa, o que pode iniciar um jogo de retaliações.”

Conforme o especialista, ainda que não haja como prever todos os impactos neste primeiro momento, há incertezas sobre as relações de companhias americanas no Brasil: “Em um momento em que temos empresas americanas entrando em áreas da Foz do Amazonas, o cenário fica complicado. Ainda não sabemos como irá afetar a relação, mas gera incertezas.”

Conforme dados do primeiro trimestre, de toda exportação de petróleo da Petrobras, 4% são vendidos aos Estados Unidos. Procurada, a estatal não respondeu até o momento. A maior parte da exportação do produto vai para a China, com 36%.

Das exportações de derivados da petroleira, 37% vão para os Estados Unidos.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, afirma que o montante da taxação, de 50%, foi o ponto de maior surpresa no anúncio: “Trump começou uma série de críticas aos membros do Brics desde o fim de semana. Mas daí a decidir sobretaxar o Brasil em 50% há um salto.”

Preços de combustíveis

Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), destaca os impactos da medida sobre os preços dos combustíveis. “Uma vez que essa decisão de Trump gera instabilidade, isso pode afetar o câmbio e deixar o real depreciado. Esse cenário pode deixar os combustíveis brasileiros mais defasados [em relação aos preços internacionais]”, disse.

Para Arbetman, como a Petrobras tem uma equipe de vendas forte, capaz de negociar as operações, será capaz de tentar amenizar o problema até a taxa entrar em vigor, em 1° de agosto. “A Petrobras tem uma ampla presença geográfica, é possível realocar os fluxos. Pode ser uma realocação parcial em um primeiro momento, mas tem meios de resolver.”

Procuradas, Chevron e Exxon não quiseram comentar.

Infomoney - SP   10/07/2025

O Brasil poderá registrar uma mudança no perfil de compradores de petróleo com uma possível maior participação de países asiáticos em detrimento dos Estados Unidos, caso a commodity brasileira não seja isenta das tarifas anunciadas nesta quarta-feira pelo presidente norte-americano, Donald Trump, na avaliação da consultoria StoneX.

Em um pior cenário, a consultoria afirmou que “impactos de curto prazo podem envolver um recuo nas exportações de petróleo enquanto essas alterações se concretizam”.

Atualmente, os Estados Unidos representam 11,3% das exportações de óleo bruto do Brasil, com uma média de 38 milhões de barris no primeiro semestre de 2025, de acordo com dados do governo brasileiro citados pela consultoria.
O volume, entretanto, é menor do que a média registrada no primeiro semestre do ano passado, de 49 milhões de barris, à medida que o Brasil ampliou suas exportações para o mercado asiático, especialmente para a China, principal compradora de petróleo brasileiro (46%), ponderou a StoneX.

Por outro lado, a consultoria destacou que o Brasil representou menos de 3% das importações norte-americanas em 2025, com o país reduzindo sua participação em relação ao ano anterior, citando dados da Administração de Informação de Energia dos EUA (AIE).

Em geral, segundo a StoneX, os Estados Unidos dependem mais de países como Canadá (65%), México (7%) e Arábia Saudita (4%), além de registrarem importações de petróleo de outros países da América Latina, como Venezuela e Guiana.

“Dessa maneira, caso o petróleo brasileiro não esteja isento dessas novas tarifas, é provável que os importadores americanos procurem novos fornecedores”, completou.

Infomoney - SP   10/07/2025

Os preços do petróleo ficaram estáveis nesta quarta-feira, com os investidores avaliando os fortes dados da demanda de gasolina dos Estados Unidos e os ataques a navios no Mar Vermelho, enquanto as tarifas de cobre dos EUA se aproximavam.

Os contratos futuros do petróleo Brent subiram 0,06%, a US$70,19 por barril. O petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) fechou em alta de 0,07%, para US$68,38 por barril.

Os estoques de petróleo dos EUA aumentaram, enquanto os estoques de gasolina e refinados caíram na semana passada, informou a Administração de Informações sobre Energia (AIE) nesta quarta-feira.
Os estoques de petróleo aumentaram em 7,1 milhões de barris, para 426 milhões de barris na semana encerrada em 4 de julho, disse a AIE, em comparação com as expectativas dos analistas em uma pesquisa da Reuters, que previam um aumento de 2,1 milhões de barris.

A demanda por gasolina aumentou 6%, para 9,2 milhões de barris por dia na semana passada, informou a AIE.

“A demanda parece ser sólida e não está desacelerando”, disse Phil Flynn, analista sênior de mercado do Price Futures Group.

Após meses de calmaria no Mar Vermelho, os ataques na principal rota de navegação global voltaram a ocorrer na semana passada. As equipes de resgate retiraram seis tripulantes com vida do Mar Vermelho nesta quarta-feira e 15 ainda estavam desaparecidos do segundo de dois navios afundados nos últimos dias em ataques reivindicados pela milícia Houthi do Iêmen, alinhada ao Irã, após meses de calmaria.

Os preços do petróleo também foram sustentados por uma previsão da AIE, na terça-feira, de que os EUA produzirão menos petróleo em 2025 do que o esperado anteriormente, uma vez que a queda dos preços levou os produtores norte-americanos a diminuir a atividade.

Money Times - SP   10/07/2025

Os aumentos de produção do grupo de produtores de petróleo Opep+ não estão levando a estoques mais altos, mostrando que os mercados estão sedentos por mais petróleo, disseram nesta quarta-feira (9) ministros e executivos dos países da Opep e chefes de grandes petroleiras ocidentais.

A Opep+, que bombeia cerca de metade do petróleo do mundo, vem reduzindo a produção há vários anos para apoiar o mercado, mas reverteu o curso este ano para recuperar a participação no mercado, além de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter exigido que o grupo bombeasse mais para ajudar a manter um controle sobre os preços da gasolina.

A Opep+, que inclui a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, como a Rússia, começou a reduzir os cortes de 2,17 milhões de barris por dia em abril, com um aumento de produção de 138.000 bpd. Seguiram-se aumentos de 411.000 bpd a cada mês em maio, junho e julho.

No sábado, o grupo aprovou um salto de 548.000 bpd para agosto e provavelmente aprovará um grande aumento para setembro quando se reunir novamente em agosto, disseram fontes à Reuters.

“Você pode ver que, mesmo com os aumentos de vários meses, não vimos um grande acúmulo de estoques, o que significa que o mercado precisava desses barris”, disse o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrouei, a repórteres.

Mazrouei falou nos bastidores de um seminário Opep, que reúne os principais ministros e executivos do petróleo.

A Opep negou acesso ao seminário aos repórteres da Reuters e de várias outras organizações de notícias. A Opep não quis comentar o motivo dessa medida.

A demanda global de petróleo aumentará em cerca de 1,2 milhão a 1,3 milhão de barris por dia (bpd) até o final deste ano, apesar dos desafios impostos pelas tarifas dos EUA e pelas tensões comerciais, disse durante o seminário Amin Nasser, presidente-executivo da gigante saudita do petróleo Aramco, segundo os participantes.

Nasser citou o aumento da demanda de gasolina dos EUA e o setor petroquímico da China como impulsionadores do crescimento.

Os compradores chineses e japoneses estão solicitando mais petróleo em mais uma indicação de forte demanda, disse Shaikh Nawaf Al-Sabah, presidente-executivo da Kuweit Petroleum Corporation, no seminário, de acordo com os participantes.

A Opep aumentou a produção em parte porque quer recuperar a participação de mercado de concorrentes como os Estados Unidos, disseram fontes à Reuters.

O presidente-executivo da BP, Murray Auchincloss, disse que a produção dos países não pertencentes à Opep deve estagnar no próximo ano, depois de ter atingido novas máximas nos últimos meses.

O mercado físico de petróleo parece apertado e a China está aumentando os estoques, disse Auchincloss, de acordo com os participantes.

O presidente-executivo da Shell, Wael Sawan, disse estar mais preocupado com as taxas de esgotamento dos campos de petróleo de 4% a 5% ao ano, o que significa que são necessários mais investimentos, de acordo com os participantes.

O presidente-executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, disse que achava que o mercado estava bem abastecido, já que o crescimento da demanda caiu pela metade na China nos últimos anos, de acordo com os participantes.

Com os aumentos de produção planejados, a Opep+ provavelmente concluirá o retorno ao mercado dos 2,17 milhões de bpd de cortes voluntários em setembro. Ela também está permitindo que os Emirados Árabes Unidos concluam um aumento de produção separado de 300.000 bpd.

A Opep+ ainda tem cortes separados de 3,65 milhões de bpd em vigor, consistindo em 1,65 milhão de bpd em cortes voluntários de oito membros e 2 milhões de bpd de todos os membros. Esses cortes expiram no final de 2026.

RODOVIÁRIO

Valor - SP   10/07/2025

Plano Nacional de Logística (PNL) 2050 prevê aumentar participação da infraestrutura na economia.

O fortalecimento da infraestrutura no Brasil depende da superação de obstáculos de curto e longo prazos. Os desafios vão da necessidade de renovação de vagões ferroviários e de novas linhas de crédito até estratégias para lidar com efeitos da reforma tributária. Esse foi o entendimento de especialistas da série de debates “Logística no Brasil”, promovida pelo Valor, com oferecimento da Infra S.A. e do Ministério dos Transportes.

No evento, realizado em Brasília nesta quarta-feira (9), os participantes destacaram linhas de ação para o desenvolvimento do setor. O foco, indicaram, deve recair nos setores ferroviário, rodoviário e de armazenagem. Nas rodovias e no segmento de estocagem, a infraestrutura brasileira não tem conseguido acompanhar o ritmo da produção agrícola. O alerta foi de Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica de logística e infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A safra de grãos já atinge 336 milhões de toneladas, disse Lopes. “No escoamento, o principal gargalo são caminhos da fazenda até portos”, afirmou. E acrescentou: “E também há a questão das estradas, especialmente as vicinais, que não são consideradas em nenhum plano de governo.” Ela prosseguiu: “E, em grãos, só conseguimos armazenar 63% de tudo que produzimos.” A técnica da CNA defendeu ainda a oferta de linhas de crédito, específicas e atrativas, para construção de mais silos de armazenagem, principalmente dentro de estabelecimentos produtores.

Uma expansão mais ágil da malha ferroviária também permitiria escoar um volume maior de produção agrícola e outros fluxos de produção, disse Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). “O setor ferroviário cresce a 2%, 3% por ano, o agropecuário cresce a 5%, 6%, 7%”, comentou. Para que o setor ferroviário cresça de forma mais veloz, Barreto defendeu a união do poder público e da iniciativa privada para alocar mais investimentos nesse modal. O investimento público no campo ferroviário deve ser entendido, pelo poder público, como estratégico para desenvolvimento do país, defendeu.

Outro desafio no segmento ferroviário é a necessidade de renovação de vagões, acrescentou Paulo Resende, diretor do núcleo de infraestrutura e logística da Fundação Dom Cabral. Segundo ele, 50% da atual frota brasileira de vagões têm mais de 30 anos. “Não temos a menor capacidade de produção de vagões da maneira que precisamos, e todos nossos trilhos são importados”, acrescentou. Esse cenário, continuou Resende, contribuiu para que o valor dos ativos de infraestrutura brasileiros caísse de 22% para 12% do PIB em dez anos.

Aumentar importância da infraestrutura na economia é uma das vertentes do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, lançado ano passado, informou Jorge Bastos, presidente da Infra S.A., empresa pública federal, vinculada ao Ministério dos Transportes.

O executivo da Infra S.A. destacou a importância de conversas contínuas sobre o PNL entre ministérios, iniciativa privada e sociedade em geral. Esse diálogo, explicou, é essencial para a coleta de sugestões e para identificar gargalos, de modo que possam ser, depois, solucionados. Também no debate, Valter Luís de Souza, diretor de relações institucionais da Confederação Nacional do Transporte (CNT), concordou com a importância de se debater o PNL com o setor privado e a sociedade.

A iniciativa privada ainda tem que lidar com outros desafios, de curto prazo, disse Marco Aurélio Barcelos, diretor-presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). Um deles é o novo regramento da reforma tributária no que concerne ao reequilíbrio de contratos de concessão rodoviária. Outro desafio de curto prazo citado por Barcelos é a possível taxação de debêntures de infraestrutura, proposta pelo governo. Sobre o tema, Barcelos afirmou que “não se pode colocar ‘quebra mola na pista do aeroporto”, envolvendo projetos que vão avançar. Segundo ele, a entidade já pediu ao governo que não incida alíquota em contratos de emissões de debêntures já firmados.

Valor - SP   10/07/2025

Ministro dos Transportes disse ser importante impulsionar o investimento em busca de melhora da infraestrutura nacional, e que “cara” da logística brasileira será a de garantir ciclos com recordes de investimentos nos próximos anos.

O governo tem a expectativa de realizar 35 novos leilões de rodovias até o fim de 2026, informou o ministro dos Transportes, Renan Filho. Nesta semana, a pasta já terá realizado 14, de acordo com ele. Segundo Renan, a gestão federal prevê em torno de 45 novos contratos relacionados a leilões rodoviários.

Ele deu as declarações hoje durante o evento “Logística no Brasil”, série de debates, promovido pelo Valor, com oferecimento da Infra S. A. e do Ministério dos Transportes. O tema da série de debates é a infraestrutura brasileira como vetor de desenvolvimento.

Na fala, o ministro renovou a previsão de que o leilão da ferrovia EF-118 deve ocorrer ainda neste ano. Além disso, também projeta levar a leilão a ferrovia Leste-Oeste (Corredor Fico-Fiol) ainda este ano.

Renan Filho disse que há três grandes ferrovias em obras no país e que, possivelmente, hoje seja o maior volume de pessoas trabalhando. Na esteira, ele comentou que o governo firmou, nesta semana, um acordo com a China sobre ferrovias.

Apesar de enaltecer tais realizações e previsões, o titular dos Transportes comentou que o setor não se sustenta somente com investimento público, precisa ter participação da iniciativa privada.

Renan admitiu que o juro alto representa um desestímulo para investir, mas ponderou que o Brasil tem bons projetos para atrair o capital internacional e que o investimento em infraestrutura é de longo prazo.

“No mundo, não tem projeto com taxa interna de retorno de dois dígitos, é difícil; o Brasil tem", comentou. “O olhar econômico do agente não é exatamente o da expectativa”, acrescentou.

Renan Filho negou que o setor privado esteja esperando 2027, na janela para mudança de governo, pois há a participação do segmento em leilões de infraestrutura. “Temos novos investidores e novos players”, citou. Na fala, ele comentou que a Bolsa de Valores de São Paulo está na máxima histórica, assim como a Embraer.

“O olhar econômico do agente [do investidor] está aí; se estivessem esperando por 2027 não estariam comprando ações da Embraer e da Petrobras”, comentou.

Desafios

O ministro afirmou que há quatros principais desafios identificados na infraestrutura no Brasil, dentre eles, a construção de um plano nacional para desenvolvimento logístico que dialogue com a realidade. O titular da pasta pontuou ser muito importante impulsionar o volume do investimento para que haja uma melhora da infraestrutura nacional.

De acordo com Renan Filho, a ideia de fazer um plano nacional existe porque, antes, os projetos estabelecidos para a infraestrutura não levavam em conta a realidade nacional. “Por exemplo, estamos levando em consideração conhecimento fiscal para ter conhecimento de quantidade de carga no país", comentou.

Outro desafio citado por ele é ouvir as pessoas e fazer um diálogo com a sociedade e entidades representativas. O terceiro ponto é estimular os bons projetos nacionais, tendo conhecimento sobre previsões da iniciativa privada e prioridades do governo. O ministro falou sobre possibilitar que “isso tudo” impulsione um volume de investimentos. “Quando você investe recursos em projeto ruim, significa que o caminho está errado. Mas se você escolhe bom projeto e amplia volume de recursos, você melhora mais rapidamente a infraestrutura nacional.”

"A cara do plano [de logística] será de garantir a esse país um ciclo de dez, pelo menos os dez próximos [anos], como recordes anuais sucessivos crescentes, investimentos crescentes pela próxima década, a fim de melhorar a infraestrutura”, comentou o titular da pasta. “A cara é escolher bons projetos e estimular aumento do volume de investimentos.”

Renan Filho disse que a logística nacional e a infraestrutura sempre sofrem questionamentos, mas que houve avanços significativos nos últimos anos. Em sua visão, o Brasil é um grande exportador e um país competitivo economicamente, dizendo que é uma das nações que mais crescem em capacidade de exportação nos últimos anos.

Segundo o ministro, houve um amplo crescimento de investimentos em rodovias e ferrovias no últimos anos, tanto no campo público como privado, para que os segmentos tenham volumes de investimentos para a seleção de bons projetos. Apesar disso, Renan Filho disse que o governo quer estimular ainda mais tais recursos a serem investidos.

Comparações

Renan Filho enalteceu os investimentos feitos pelo governo Lula 3 no setor de infraestrutura e renovou comparações à gestão anterior, de Jair Bolsonaro.

“Dizer que o governo investe mais em infraestrutura não é o ‘Nós contra Eles’, mas a comparação de projetos. Como, também, se alguém defende congelar salário-mínimo por 10 anos, é um projeto econômico", comentou o titular da pasta.

Em sua avaliação, é justo fazer comparação entre as gestões Lula e Bolsonaro para que a sociedade saiba da realidade de investimentos feitos pelo atual governo. “Sem a comparação, a sociedade é obrigada a escolher com base em convicções pessoais”, comentou. “Independente se a pessoa é de direita ou esquerda, a pessoa prefere investimento em alta.”

Dessa forma, em sua visão, os cidadãos conseguem fugir do ambiente de polarização para entrar no do pragmatismo. “Esse momento do plano nacional de logística vai ser a reafirmação do governo de fazer esse debate, de apresentar os números”, afirmou Renan Filho.

AGRÍCOLA

Valor - SP   10/07/2025

Plano bilionário não agradou o setor agropecuário que critica o volume de recursos oferecidos, que não acompanhou a inflação, e os juros elevados.

O anúncio de um Plano Safra bilionário na semana passada não ajudou a amenizar as relações geralmente tensas entre o setor agropecuário e o governo. As queixas foram várias, e mesmo quem critica os gastos governamentais reclamou mais ajuda. Os produtores consideraram o volume de dinheiro oferecido pequeno e os juros praticados elevados, apesar de inferiores à taxa básica, a Selic. A expectativa do setor, que prevê que o agronegócio vai representar 29% do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e quase metade das receitas das exportações, era de um tratamento mais compatível com essa importância.

O Plano Safra 25/26 será de R$ 594,4 bilhões, dos quais R$ 516,2 bilhões para os médios e grandes produtores e R$ 78,8 bilhões para a agricultura familiar. Serão pouco menos de R$ 10 bilhões a mais, ou 1,69% acima dos R$ 584,5 bilhões da safra anterior, correção abaixo dos 5,32% da inflação do período.

Os juros do novo Plano Safra subiram entre 1,5 e 2 pontos percentuais, em comparação com os 4,5 pontos de reajuste da Selic, que passou de 10,5% a 15% ao ano nesse intervalo de tempo. A taxa e o ajuste aplicado ao crédito rural variam conforme a estratégia do governo para a linha. As linhas de financiamento para conversão de pastagens e para infraestrutura de armazenagem até 12 mil toneladas subiram 1,5 ponto percentual. Produtores rurais que adotam práticas sustentáveis podem ter desconto de até meio ponto percentual no juro cobrado. Houve aumento na oferta de recursos para armazenagem, um dos gargalos da logística para o escoamento das safras recordes que o Brasil vem conseguindo.

Para investimentos, os juros vão variar entre 8,5% e 13,5%. A expectativa do próprio governo e dos produtores é que a demanda de recursos por investimentos vai diminuir, dado o patamar de juros. Por isso, o montante para essa finalidade foi reduzido em 5%, de R$ 107,3 bilhões da safra 2024/25 para R$ 101,5 bilhões na nova temporada.

Os recursos aumentaram, sobretudo, para o custeio, de R$ 401,3 bilhões para R$ 414,7 bilhões. Para os médios produtores, a linha Pronamp vai crescer de R$ 65,2 bilhões para R$ 69,1 bilhões, mas os juros também vão subir de 8% para 10%. Para os grandes produtores, o crédito disponível irá de R$ 443,4 bilhões para R$ 447 bilhões, sendo a taxa elevada de 12% para 14%.

As críticas foram imediatas, muitas vezes sem esconder o tom político. O principal ponto foi o volume de recursos oferecidos, que não acompanhou a inflação com o aumento de 3% no caso da agricultura familiar e de 1,5% nas linhas para os produtores empresariais. A escalada dos juros também desagradou, embora reconheçam as limitações causadas pela própria elevação da Selic, de resto criticada pelo próprio ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Para os agricultores, os juros são resultado das fragilidades fiscais, que também criam o receio de que os seguidos contingenciamentos orçamentários que o governo tende a fazer para respeitar o arcabouço fiscal prejudiquem a liberação dos recursos prometidos.

Na prática, dos R$ 516,2 bilhões anunciados para a agricultura empresarial, a grandes e médios produtores, somente R$ 113,8 bilhões são recursos a juros controlados pelo governo, de toda forma acima dos R$ 92,8 bilhões do Plano Safra anterior. O restante, ou seja, 78%, são juros de livre mercado, calcula a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Somados aos recursos de custo controlado sem equalização, como os depósitos à vista, chega-se a R$ 189 bilhões.

O que sai, de fato, dos cofres públicos para que o produtor consiga acessar o crédito a taxas mais baixas é o recurso para equalização dos juros do patamar de mercado para os níveis oferecidos pelo Plano Safra. Nesta temporada, o valor de equalização chegará a R$ 13,5 bilhões, sendo R$ 9,5 bilhões para a agricultura familiar e R$ 3,9 bilhões para os grandes e médios produtores.

A ausência de referência ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) foi outro foco de crítica do setor da agropecuária. O ministro Fávaro prometeu novidades em setembro. Mas o grande receio dos produtores é de falta de recursos por motivos fiscais. O orçamento do PSR sofreu corte e congelamento de cerca de R$ 435 milhões em 2024, reduzindo os recursos previstos em R$ 1,06 bilhão. Somente R$ 67 milhões foram acessados pelo setor produtivo, pouco mais de 6% do total.

Na prática, o governo teve que recorrer a alguma ginástica orçamentária para pôr de pé o Plano Safra. “Eu não posso inventar dinheiro”, chegou a dizer o subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais da Pasta, Gilson Bittencourt (Valor 4/7), negando que tenha feito alguma pedalada fiscal.

Além das restrições orçamentárias, houve escassez de recursos nas fontes tradicionais do crédito rural, seja por comprometimento com prorrogações de operações ou pela fuga de investidores de aplicações como a poupança rural. A saída foi aumentar as exigibilidades dos depósitos à vista, atualmente de 31,5%, e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), de 50% para 60%, o que pode liberar cerca de R$ 64 bilhões adicionais sem custo direto ao Tesouro.

O governo buscou encurtar prazos de reembolso de operações de crédito e dividir a aplicação dos recursos equalizados em duas partes: uma no primeiro semestre do Plano Safra, de julho a dezembro, e a outra de janeiro a julho de 2026, já com outra verba orçamentária. A regra será divulgada na portaria do Ministério da Fazenda. Haverá autorização para empréstimo de cerca de 80% do custeio e 50% dos investimentos equalizados até dezembro, cujo custo será de R$ 1,3 bilhão em 2025. O restante fica para o Orçamento do próximo ano. Para o custo menor se confirmar, o governo conta com a queda da Selic no longo prazo.

Auto Data - SP   10/07/2025

A Abimaq, entidade que representa as fabricantes nacionais de máquinas e equipamentos, ligou o sinal amarelo depois de ver o avanço das máquinas chinesas no Brasil nos últimos anos. Elas já representam 30% das vendas no mercado local, com um forte aumento de participação nos últimos anos, de acordo com Cristina Zanella, diretora de competitividade, economia e estatística da Abimaq:

“Esse movimento acontece há 30 anos no setor geral de máquinas, mas nos últimos dez anos a participação das máquinas chinesas avançou de 18% para 30%. No ano passado esse porcentual foi de 25%”.

No segmento de máquinas agrícolas o avanço das marcas chinesas é algo relativamente novo, mas a participação já chegou a mais de 13%, contra 9,7% no ano passado. Veja abaixo a entrevista completa com a diretora da Abimaq.

Muito se fala em uma espécie de invasão chinesa no mercado de máquinas agrícolas e de construção. De fato está havendo crescimento de importação destes equipamentos da China? Como a Abimaq avalia a situação?

Esse movimento da China já acontece há décadas quando a gente olha para a indústria de máquinas como um todo, mas no setor de máquinas para agricultura o cenário é um pouco mais recente. Notamos um ligeiro crescimento na ponta, mas a China ainda tem uma participação menor do que as fabricantes locais no mercado nacional de máquinas, representando 30% do total das importações. Esse quadro é bastante preocupante porque a participação tem aumentado, uma vez que em igual período do ano passado eles tinham 25% de market share. Se olharmos para dez anos atrás, a China tinha 18% de participação. Olhando para o segmento de máquinas agrícolas o avanço é mais recente, mas também está acontecendo, com as máquinas chinesas representando 13,2% das vendas até maio, sendo que no ano passado esse porcentual era de 9,7%. Esse crescimento gradativo já nos fez acender uma luz amarela.

Quais os riscos que este aumento de importações da China traz para as empresas fabricantes no Brasil? E para os consumidores?

Para a indústria nacional o grande risco é a perda de mercado, pois você vai sendo substituído por falta de competitividade, movimento que já vimos acontecer em outros setores como o de máquinas para a indústria têxtil, que praticamente quase não existe mais no País. Se as fabricantes locais perdem espaço, a economia nacional como um todo sai perdendo e podemos ver a capacidade de desenvolvimento local indo embora, dependendo de tudo que vem de fora, principalmente da China. Para o consumidor o problema no passado era a qualidade das máquinas, o que atualmente não interfere tanto, pois os chineses produzem máquinas com alto nível tecnológico. A grande questão é o pós-vendas, algo que nos preocupa principalmente no segmento de máquinas agrícolas, especialmente na agricultura familiar, pois tem máquinas que acabam descartadas por falta de atendimento das marcas que as comercializam. Na linha amarela já temos algumas marcas chinesas consolidadas que prestam o atendimento ao cliente após a venda.

Quais são as medidas que a Abimaq sugere para frear esta invasão chinesa em máquinas agrícolas? Existe disposição do governo em atender?

Sim, notamos em conversas com o governo federal que eles existe uma grande preocupação com as fabricantes locais e com o desenvolvimento da indústria nacional. Como Abimaq temos atuado bastante em ações para ganhar competitividade, enquanto as medidas específicas de combate ao anti-dumping e as importações ilegais ainda são poucas. As ações para promover maior competitividade não são fáceis, pois esbarram em problemas que estão presentes há décadas no País, como a questão dos juros e das tributações, mas sempre defendemos que as empresas instaladas no País consigam competir em igualdade com os produtos que vêm de fora.

Como está o desempenho do mercado de máquinas agrícolas em 2025?

Por enquanto temos apenas o balanço até maio, mas o segmento agrícola veio de um 2024 fraco, com queda de 20%, e agora está se recuperando, com alta de 22,8% nas vendas de janeiro a maio. Não temos do que reclamar desse começo de ano, pois a nossa expectativa era de alta em torno de 8% e o resultado ficou bem acima. Provavelmente teremos um 2025 melhor do que o projetado inicialmente, mas só revisaremos nossos números quando o resultado do semestre estiver fechado. Acreditávemos que o desempenho seria mais fraco por causa das altas taxas de juros, pois os produtores dependem dos financiamentos para realizar investimentos, mas até agora nossas expectativas foram superadas.

E com relação ao segmento de máquinas amarelas, de construção, como foram as vendas de janeiro a maio?

Aqui segue o mesmo cenário com acumulado até maio, mês que teve uma leve queda na comparação com abril, mas ainda assim o segmento de linha amarela subiu 17,3% no ano, avanço puxado pelo bom desempenho em todos os seus subsegmentos, como construção e logística.

As altas taxas de juros para financiamento de máquinas afetaram o desempenho? Existem outros fatores que prejudicam o negócio?

No caso da agricultura, além dos juros, temos alguns fatores específicos, como o clima, que no ano passado foi pior do que o desse ano, que está mais favorável para os produtores. Os preços das commodities e o câmbio também são fatores que devem ser monitorados. Algumas safras estão com bons preços esse ano, isso permite mais investimentos, mesmo com uma taxa de juros não tão boa. É o caso do café e produtos cítricos, enquanto soja e milho estão andando mais de lado. No caso da linha amarela, o maior volume de investimentos em máquinas está acontecendo por parte do governo e o período eleitoral que virá em 2026 também deve impulsionar os investimentos por parte do governo de cada Estado, o que ajuda nas vendas.

Como você avalia o novo Plano Safra, que tem um foco maior nos produtores menores do que nos grandes?

Isso já aconteceu no Plano Safra anterior, pois o governo está priorizando o produtor menor, mantendo taxas mais baixas para eles e o volume de recursos disponíveis acaba sendo até maior do que eles consomem. Já para os grandes produtores, o valor liberado não cobre 20% da demanda. Exemplificando, em um cenário normal nós comercializamos R$ 60 bilhões em máquinas e o atual Plano Safra deixou disponível R$ 15 bilhões e, por isso, quando chega no metade do plano os valores já estão esgotados. A taxa de juros dentro do Plano Safra foi elevada para 13,5% no caso do Moderfrota, mas ainda assim é interessante pois está abaixo da Selic e ainda mais abaixo do praticado pelo mercado.

Qual a expectativa da Abimaq para o segundo semestre e o fechamento do ano nas vendas de máquinas agrícolas?

No caso de máquinas agrícolas a nossa expectativa inicial era mais baixa por causa do ano complicado que o segmento enfrentou em 2024, mas até maio os resultados ficaram bem acima do esperado e para o fechamento do ano o crescimento deverá ser de dois dígitos tranquilamente.

E para máquinas de construção, quais as expectativas e projeções para o segundo semestre e para o fechamento do ano?

Esse número será atualizado e divulgado após o fechamento do semestre, mas o cenário é positivo mesmo com as altas taxas de juros e a invasão chinesa que está acontecendo no País. Até agora os resultados foram bons, mesmo com todas as dificuldades presentes.

São Paulo – A Abimaq, entidade que representa as fabricantes nacionais de máquinas e equipamentos, ligou o sinal amarelo depois de ver o avanço das máquinas chinesas no Brasil nos últimos anos. Elas já representam 30% das vendas no mercado local, com um forte aumento de participação nos últimos anos, de acordo com Cristina Zanella, diretora de competitividade, economia e estatística da Abimaq:

“Esse movimento acontece há 30 anos no setor geral de máquinas, mas nos últimos dez anos a participação das máquinas chinesas avançou de 18% para 30%. No ano passado esse porcentual foi de 25%”.

No segmento de máquinas agrícolas o avanço das marcas chinesas é algo relativamente novo, mas a participação já chegou a mais de 13%, contra 9,7% no ano passado. Veja abaixo a entrevista completa com a diretora da Abimaq.

Muito se fala em uma espécie de invasão chinesa no mercado de máquinas agrícolas e de construção. De fato está havendo crescimento de importação destes equipamentos da China? Como a Abimaq avalia a situação?

Esse movimento da China já acontece há décadas quando a gente olha para a indústria de máquinas como um todo, mas no setor de máquinas para agricultura o cenário é um pouco mais recente. Notamos um ligeiro crescimento na ponta, mas a China ainda tem uma participação menor do que as fabricantes locais no mercado nacional de máquinas, representando 30% do total das importações. Esse quadro é bastante preocupante porque a participação tem aumentado, uma vez que em igual período do ano passado eles tinham 25% de market share. Se olharmos para dez anos atrás, a China tinha 18% de participação. Olhando para o segmento de máquinas agrícolas o avanço é mais recente, mas também está acontecendo, com as máquinas chinesas representando 13,2% das vendas até maio, sendo que no ano passado esse porcentual era de 9,7%. Esse crescimento gradativo já nos fez acender uma luz amarela.

Quais os riscos que este aumento de importações da China traz para as empresas fabricantes no Brasil? E para os consumidores?

Para a indústria nacional o grande risco é a perda de mercado, pois você vai sendo substituído por falta de competitividade, movimento que já vimos acontecer em outros setores como o de máquinas para a indústria têxtil, que praticamente quase não existe mais no País. Se as fabricantes locais perdem espaço, a economia nacional como um todo sai perdendo e podemos ver a capacidade de desenvolvimento local indo embora, dependendo de tudo que vem de fora, principalmente da China. Para o consumidor o problema no passado era a qualidade das máquinas, o que atualmente não interfere tanto, pois os chineses produzem máquinas com alto nível tecnológico. A grande questão é o pós-vendas, algo que nos preocupa principalmente no segmento de máquinas agrícolas, especialmente na agricultura familiar, pois tem máquinas que acabam descartadas por falta de atendimento das marcas que as comercializam. Na linha amarela já temos algumas marcas chinesas consolidadas que prestam o atendimento ao cliente após a venda.

Quais são as medidas que a Abimaq sugere para frear esta invasão chinesa em máquinas agrícolas? Existe disposição do governo em atender?

Sim, notamos em conversas com o governo federal que eles existe uma grande preocupação com as fabricantes locais e com o desenvolvimento da indústria nacional. Como Abimaq temos atuado bastante em ações para ganhar competitividade, enquanto as medidas específicas de combate ao anti-dumping e as importações ilegais ainda são poucas. As ações para promover maior competitividade não são fáceis, pois esbarram em problemas que estão presentes há décadas no País, como a questão dos juros e das tributações, mas sempre defendemos que as empresas instaladas no País consigam competir em igualdade com os produtos que vêm de fora.

Como está o desempenho do mercado de máquinas agrícolas em 2025?

Por enquanto temos apenas o balanço até maio, mas o segmento agrícola veio de um 2024 fraco, com queda de 20%, e agora está se recuperando, com alta de 22,8% nas vendas de janeiro a maio. Não temos do que reclamar desse começo de ano, pois a nossa expectativa era de alta em torno de 8% e o resultado ficou bem acima. Provavelmente teremos um 2025 melhor do que o projetado inicialmente, mas só revisaremos nossos números quando o resultado do semestre estiver fechado. Acreditávemos que o desempenho seria mais fraco por causa das altas taxas de juros, pois os produtores dependem dos financiamentos para realizar investimentos, mas até agora nossas expectativas foram superadas.

E com relação ao segmento de máquinas amarelas, de construção, como foram as vendas de janeiro a maio?

Aqui segue o mesmo cenário com acumulado até maio, mês que teve uma leve queda na comparação com abril, mas ainda assim o segmento de linha amarela subiu 17,3% no ano, avanço puxado pelo bom desempenho em todos os seus subsegmentos, como construção e logística.

As altas taxas de juros para financiamento de máquinas afetaram o desempenho? Existem outros fatores que prejudicam o negócio?

No caso da agricultura, além dos juros, temos alguns fatores específicos, como o clima, que no ano passado foi pior do que o desse ano, que está mais favorável para os produtores. Os preços das commodities e o câmbio também são fatores que devem ser monitorados. Algumas safras estão com bons preços esse ano, isso permite mais investimentos, mesmo com uma taxa de juros não tão boa. É o caso do café e produtos cítricos, enquanto soja e milho estão andando mais de lado. No caso da linha amarela, o maior volume de investimentos em máquinas está acontecendo por parte do governo e o período eleitoral que virá em 2026 também deve impulsionar os investimentos por parte do governo de cada Estado, o que ajuda nas vendas.

Como você avalia o novo Plano Safra, que tem um foco maior nos produtores menores do que nos grandes?

Isso já aconteceu no Plano Safra anterior, pois o governo está priorizando o produtor menor, mantendo taxas mais baixas para eles e o volume de recursos disponíveis acaba sendo até maior do que eles consomem. Já para os grandes produtores, o valor liberado não cobre 20% da demanda. Exemplificando, em um cenário normal nós comercializamos R$ 60 bilhões em máquinas e o atual Plano Safra deixou disponível R$ 15 bilhões e, por isso, quando chega no metade do plano os valores já estão esgotados. A taxa de juros dentro do Plano Safra foi elevada para 13,5% no caso do Moderfrota, mas ainda assim é interessante pois está abaixo da Selic e ainda mais abaixo do praticado pelo mercado.

Qual a expectativa da Abimaq para o segundo semestre e o fechamento do ano nas vendas de máquinas agrícolas?

No caso de máquinas agrícolas a nossa expectativa inicial era mais baixa por causa do ano complicado que o segmento enfrentou em 2024, mas até maio os resultados ficaram bem acima do esperado e para o fechamento do ano o crescimento deverá ser de dois dígitos tranquilamente.

E para máquinas de construção, quais as expectativas e projeções para o segundo semestre e para o fechamento do ano?

Esse número será atualizado e divulgado após o fechamento do semestre, mas o cenário é positivo mesmo com as altas taxas de juros e a invasão chinesa que está acontecendo no País. Até agora os resultados foram bons, mesmo com todas as dificuldades presentes.

CNN Brasil - SP   10/07/2025

O anúncio de aumento de tarifas dos Estados Unidos ao Brasil gerou apreensão no setor do agronegócio nacional, um dos mais estratégicos para o comércio exterior e com alta influência sobre os dados da inflação.

Pegos de surpresa pela tarifa de 50%, integrantes do Ministério da Agricultura ainda trabalham para calcular os prejuízos à economia brasileira.

De pronto, interlocutores da pasta apontam dois produtos que devem ser impactados de forma significativa: o café e a carne.

Além de negativa para os negociadores brasileiros, altas tarifas sobre os produtos oneram diretamente o consumidor americano, que sentirá no bolso as mudanças impostas por Trump.

De acordo com representantes do governo, o cenário para o mercado de proteína também é preocupante - especialmente para os americanos. O país vive um déficit histórico de carne bovina e segue altamente pressionado pela redução de rebanhos e mudanças climáticas.

Representantes do agronegócio no Congresso não demoraram a manifestar preocupação com a carta assinada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira (9).

Em nota, a FPA (Frente Parlamentar Agropecuária) - uma das mais poderosas do Legislativo - pediu resposta "firme e estratégica" ao governo brasileiro.

"A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras", destacou o grupo.

Após discursos mais duros de Lula sobre Trump, especialmente na cúpula do Brics, políticos da FPA apontaram a diplomacia como "caminho mais estratégico para a retomada das tratativas" entre os dois países.

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