Clipping Diário

05 | Junho | 2025

INDA

Jornal de Brasília - DF   05/06/2025

O aumento das tarifas dos EUA sobre aço e alumínio que chegam ao país pode obrigar as siderúrgicas brasileiras a venderem seus produtos ainda mais barato no mercado americano. Nesta quarta-feira (4), entrou em vigor decreto de Donald Trump, fixando as taxas a 50%, o dobro dos 25% determinados desde março.

Em maio, o CEO da ArcelorMittal Brasil, Jorge Oliveira, disse à reportagem que as tarifas de 25% haviam obrigado a empresa a vender suas placas de aço (produto semiacabado) entre 5% e 7% mais barato, justamente para atender o mercado americano e conseguir competir com siderúrgicas do sudeste asiático, que em alguns casos conseguem ter preços mais competitivos que as brasileiras.

Antes das tarifas de Trump, o Brasil recebia trato diferente no mercado americano. Até então, as siderúrgicas brasileiras podiam vender 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado para os EUA sem pagar tarifas -restabelecer cotas mínimas é uma das tentativas do governo brasileiro para contornar os prejuízos das tarifas americanas. Agora qualquer quantidade de aço que entra no país é taxada em 25%. Isso coloca as empresas brasileiras de igual para igual com as de outros países.

O produto semiacabado representa 87% de todo o aço brasileiro consumido pelos americanos. Os maiores exportadores desse material são a ArcelorMittal, que envia placas para sua usina no Alabama, e a Ternium. Essa última, no entanto, exporta placas para sua usina no México, que as processa e envia o produto final aos EUA -por isso, suas exportações não são contabilizadas pelo governo americano como de origem brasileira.

Dados da Fast Markets apontam que o preço da placa de aço exportada pelo Brasil chegou a ter queda de quase 20% no início de março, quando as tarifas de 25% entraram em vigor. Desde então, quedas no preço foram registradas seguidamente, ainda que em menor intensidade. A queda, no entanto, não fez com que o valor pago pelos americanos diminuísse em relação a antes das tarifas, já que eles precisam arcar com taxas altas sobre o produto.

A quantidade de aço semiacabado brasileiro que chegou aos EUA também não teve enormes variações. Em fevereiro, por exemplo, os americanos importaram 381 mil toneladas de placas do Brasil. Já em abril e maio foram 304 mil e 268 mil toneladas, respectivamente -os dois meses consideram licenças de importação e não quanto, de fato, chegou aos EUA.

A explicação para a variação menos intensa passa pelo perfil de produção de aço pelas siderúrgicas dos EUA. Os americanos fabricam sobretudo produtos acabados que alimentam indústrias manufatureiras e de construção e, para isso, dependem de placas de aço importadas de outros países, principalmente do Brasil, o maior fornecedor desse tipo de produto ao mercado americano. A usina da ArcelorMittal no Alabama, aliás, é uma das maiores importadoras de aço dos EUA.

Isso explica também o poder de negociação que as siderúrgicas brasileiras têm com seus clientes, ainda que sejam do mesmo grupo. “Se a tarifa tornar a venda para os EUA inviável, o problema dos EUA fica pior ainda, porque eles não têm placa”, afirma Carlos Jorge Loureiro, presidente do Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço).”Eles compram a placa porque não tem alternativa nos EUA, já que não existe sobra de placa lá.

Ou eles compram uma placa pagando 50% ou eles param de produzir”, acrescenta.
Artur Bontempo, analista principal de minério de ferro e aço da Wood Mackenzie pensa semelhante. “Tais tarifas tendem a ter efeito negativo para o mercado americano, tendendo a gerar efeitos inflacionários e perda de competitividade dos parceiros, já que os EUA importam cerca de um quarto do aço consumido”, diz. “Mas a mensagem política de Trump foi dada; agora, o impacto real dependerá da resposta da indústria americana, que sabe que sua competitividade não pode se sustentar exclusivamente com base em proteção tarifária.”

Fato é que se o preço final das placas, incluindo as tarifas, inviabilizar a compra em escala por parte dos americanos, as siderúrgicas instaladas no Brasil devem ser afetadas. Especialistas apontam que o mercado brasileiro não tem condições de absorver a produção hoje exportada. A ArcelorMittal, por exemplo, exporta quase toda a sua produção de placas no Ceará, onde a usina emprega quase 6.000 pessoas. O mesmo acontece com a usina da Ternium, no Rio de Janeiro.

Um profissional que acompanha o tema de perto disse à reportagem que reduzir a produção exigiria o desligamento de alto-fornos, o que também é custoso para as empresas. Até por isso, é incerto até quanto as siderúrgicas brasileiras conseguiriam segurar a queda do preço das placas. Procuradas, ArcelorMittal e Ternium não quiseram se pronunciar.

Já o Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas instaladas no país, afirmou que recebeu com grande preocupação a elevação da tarifa. ” A medida intensifica práticas protecionistas e compromete a estabilidade do comércio internacional de aço”, afirmou em nota. “A demanda por esse insumo não será suprida internamente de forma imediata, tornando a imposição de tarifas adicionais prejudicial, tanto para exportadores brasileiros quanto para setores industriais norte-americanos.”

No governo brasileiro, a estratégia segue a mesma de quando as tarifas eram de 25%: negociar cotas de exportação junto à Casa Branca. A visão do governo é que caso os EUA diminuam suas importações eles estarão prejudicando seu próprio mercado, já que é improvável que os americanos consigam criar uma estrutura de produção de aço semiacabado com a velocidade necessária para compensar a perda com uma eventual queda de importações.

Além disso, o Reino Unido, único país não afetado pela tarifa de 50%, não tem produção suficiente para escoar placas nos EUA no curto prazo. Em dezembro, o mês em que exportaram maior quantidade de placas para os EUA, o total não chegou nem a mil toneladas

Por outro lado, o governo tem registrado queda considerável na quantidade de aço acabado vendido para os EUA, justamente por ser um produto hoje em estoque no mercado americano.

SIDERURGIA

Valor - SP   05/06/2025

As tarifas de 50% paralisarão os principais fornecedores, como o Brasil, e só não inviabilizarão completamente as vendas porque todos os exportadores que disputam o mercado americano estarão sob o peso da mesma taxação

O presidente Donald Trump cismou que as tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio não eram suficientes para defender a indústria americana e resolveu de repente dobrá-las para 50%. Os EUA compraram de seus três maiores fornecedores, Canadá, Brasil e México, pela ordem, pelo menos 15,5 milhões de toneladas, de um total de 26,2 milhões de toneladas importadas, o equivalente a quase um terço de sua produção doméstica. Com o aço como insumo básico na produção industrial, é provável que as usinas siderúrgicas americanas não tenham capacidade para aumentar sua oferta neste volume em um par de meses, e talvez nem em período bem mais longo. Sem ser autossuficiente, os EUA verão os preços subirem com a formação de um oligopólio protegido na marra da concorrência externa.

Há anos a indústria americana é pouco competitiva, e só por intervenção do presidente Joe Biden uma de suas mais tradicionais empresas, a US Steel, não foi comprada pela Nippon Steel. Outra intervenção, dessa vez de Trump, em maio, permitiu uma parceria que manteve sob controle nacional a siderúrgica, com grande dose de injeção de capital dos japoneses. Foi diante dos trabalhadores da US Steel que o presidente americano anunciou, em 30 de maio, que aumentaria para 50% as tarifas de aço e alumínio. Em seu primeiro governo, como agora, Trump se baseou em legislação que lhe deu poderes para isso - garantir o fornecimento de aço em mãos americanas era uma questão de “segurança nacional”.

Em 50%, as tarifas paralisarão os principais fornecedores, como o Brasil, e só não inviabilizarão completamente as vendas porque todos os exportadores que disputam o mercado americano estarão sob o peso da mesma taxação. A exceção é o Reino Unido, que pagará “apenas” 25% porque fez um acordo com os EUA, o único feito até agora, apesar do suposto frenesi de negociações do governo Trump.

A barreira protecionista é um golpe muito profundo em especial no Canadá. Além de maior fornecedor, ele vende 90% de sua produção de 6,55 milhões de toneladas para empresas americanas. Também tem um tratado de livre comércio com os EUA que completaria 30 anos em 2024 (Nafta), e que foi renegociado, por exigência dos EUA, no primeiro mandato de Trump. O acordo permitiu ao Canadá expandir sua produção muito acima de seu consumo para atender ao maior mercado do mundo em condições muito competitivas. De uma hora para outra, esse mercado sumiu.

O Brasil já tinha sido alvejado por Trump em seu mandato anterior, mas as tarifas não eram tão altas, e depois se estabeleceu um sistema de cotas de exportação para o aço e o alumínio brasileiros. O governo Lula negociou a mesma solução agora, mas não teve sucesso, mesmo sendo um dos poucos países com os quais os EUA têm superávit comercial.

Mesmo com 25% de taxação, em abril, um mês após o início de sua vigência, as exportações de produtos semiacabados de ferro e aço brasileiros caíram 30,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Estatísticas da AçoBrasil, entidade que representa a indústria do aço, mostram que no primeiro quadrimestre em relação ao primeiro de 2024 as exportações de semiacabados caíram 14,2%, as de aços longos, 10,4% e as de aços especiais, 19,1%. A queda é basicamente obra da barreira dos EUA, para onde foram destinadas 73,7% das vendas externas de aço. Os países da América Latina, com 19,3% do total, são o segundo maior destino, e nela o Mercosul tem fatia de 7,9%.

O Brasil é muito competitivo em aço no mercado americano, embora perca na disputa global para as vendas a baixo custo do maior produtor mundial, a China. Mas o fechamento das fronteiras americanas põe as usinas brasileiras em delicada posição. Geograficamente, há enorme concentração de suas vendas nos EUA, e não é rápida nem simples a diversificação de mercados, em especial com as usinas chinesas despejando seu crescente excesso de produção nos mercados mundiais e derrubando preços.

O acesso ao cliente principal está se fechando em um momento em que as importações estão aumentando: subiram 21% em volume e 7,1% em valor no primeiro quadrimestre. Mais da metade das compras externas de aço são provenientes da China, em um movimento que, com o cerco comercial americano a Pequim, tende a acelerar as vendas chinesas não só para o Brasil, mas para todos os países. Além disso, a utilização da capacidade de produção interna das empresas brasileiras em abril era de 61,9%, abaixo da média de 66% dos últimos 5 anos e muito abaixo dos 83% da média de 2011-2009. As perspectivas para a produção local são de um enfraquecimento do mercado doméstico, com a desaceleração da economia.

A barreira ao aço poderá ser atenuada, dependendo de qual fator prevalecer: a pressão dos preços internos nos EUA e das empresas consumidoras, que deverá ser intensa, ou eventuais condições especiais a serem oferecidas por um dos maiores fornecedores, não muito provável, mas possível. No início, Trump dá a impressão de que poderá ditar quem terá acesso privilegiado ao mercado americano e a que preço. Esse poder se revelará passageiro e ilusório.

Globo Online - RJ   05/06/2025

Os principais fornecedores de aço para os Estados Unidos estão correndo para obter isenções das tarifas impostas por Donald Trump.

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, buscaram chegar a um acordo com a Casa Branca, argumentando que devem ser tratados de forma diferente dos demais países atingidos pela tarifa de 50% imposta pelos EUA. Juntos, os três respondem por cerca da metade das importações de aço dos EUA.

No Canadá, maior fornecedor estrangeiro de aço para os Estados Unidos, Carney insistiu que as negociações estão avançando, embora tenha caracterizado as tarifas mais altas como “ruins para os trabalhadores americanos, ruins para a indústria americana.”

Já Sheinbaum, do México, afirmou que poderá adotar medidas já na próxima semana, caso as conversas fracassem. Ambos os governos classificaram as medidas como ilegais.

O governo de Lula pretende continuar tentando negociar a redução das tarifas sobre o aço e a retomada de cotas comerciais semelhantes às que Trump havia aceitado durante seu primeiro mandato, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto que pediram anonimato para discutir questões internas.

As negociações entre Brasil e EUA continuam, e o governo Lula não vê necessidade de pressa, disseram essas fontes.

A decisão de Trump, no início desta semana, de aumentar as tarifas sobre o aço e o alumínio de 25% para 50% abalou a relação com alguns dos principais parceiros comerciais dos EUA. Grupos da indústria siderúrgica na América Latina afirmaram que milhares de empregos podem ser afetados, mesmo enquanto os governos continuam afirmando que um acordo é possível.

O México tem buscado chegar a um acordo com os EUA com base no argumento de que a tarifa mundial de 50% é injusta, considerando o acordo de livre comércio regional e o fato de que o país tem um déficit na balança comercial do aço com os EUA.

“Não achamos que isso seja justo ou sustentável”, disse Sheinbaum em uma coletiva de imprensa na quarta-feira. “Esperamos chegar a um acordo, mas, se não conseguirmos, anunciaremos as medidas necessárias para fortalecer e proteger nossos empregos.”

O Ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, que viajará a Washington na sexta-feira para negociações com autoridades dos EUA, disse na terça-feira que o México tem um “Plano B” caso a tarifa elevada continue em vigor.

“Apresentaremos nossos argumentos na sexta-feira para excluir o México dessa medida”, disse Ebrard durante um evento na Cidade do México.

‘Medidas Urgentes’

A Canacero, associação que representa a indústria siderúrgica mexicana, indicou que já está sendo afetada pelas tarifas anteriores sobre o aço. As exportações mexicanas de aço caíram cerca de 50% em abril e maio, informou a entidade em um comunicado na terça-feira.

“O aço mexicano não representa uma ameaça ao mercado dos EUA”, disse o grupo. “Confiamos nas negociações que estão sendo conduzidas pelo Ministério da Economia e nas medidas urgentes que serão tomadas em seguida.”

A entidade argumentou que as medidas estão tornando o setor menos competitivo em relação aos países da Ásia e que o atual superávit comercial dos EUA com o México em produtos siderúrgicos acabados, de cerca de US$ 4 bilhões, deverá aumentar em 2025.

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2025

O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, afirmou que o aumento da tarifa de 25% para 50% para importação de aço nos Estados Unidos agrava a situação de exportações brasileiras de aço semiacabado, que já caíram de 10% a 15% desde o início da alíquota de 25%. Para ele, o fato de o Reino Unido ter ficado de fora desse aumento tem um lado positivo e outro negativo.

“A exceção ao Reino Unido pode ser negativa, pois cria assimetria de condições, mas o Reino Unido não está entre os dez maiores exportadores de aço aos EUA. O lado positivo é que esse acordo dá margem para outras exceções. Acreditamos na negociação com os EUA para buscar acordo”, afirmou Lopes ao Estadão/Broadcast.

Ele considera que a necessidade americana do aço semiacabado brasileiro seguirá existindo. Segundo acordo que os EUA tinham com o Brasil, que valeu até o início da tarifa de 25%, o País tinha cota de exportação de 3,5 milhões de toneladas desse tipo de placas ao país norte-americano.

Para ele, é preciso que haja mecanismos de defesa céleres para evitar, por outro lado, uma segunda consequência do aumento tarifário do presidente dos EUA, Donald Trump. “Temos no mundo excedente de 620 milhões de toneladas a ser escoado. O risco é que haja desvio de comércio”, afirmou.

Ele diz que o setor segue em conversas com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) para buscar soluções neste sentido. No fim de maio, a decisão do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) foi de renovar o sistema de cotas e tarifas, com a inclusão de novos códigos de produtos.

Globo Online - RJ   05/06/2025

O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, afirmou, nesta quarta-feira, que o aumento da tarifa de importação de produtos siderúrgicos pelos Estados Unidos, de 25% para 50%, é mais um agravante para a situação da indústria nacional. Lopes defendeu que o governo atue em duas frentes: a negociação de um acordo para a criação de cotas de exportação sem a sobretaxa e atenção total para uma possível invasão de produtos ao mercado brasileiro que deixarão de entrar nos EUA.

— É mais um fator de agravamento de uma situação que já estava tremendamente complicada no mercado internacional — afirmou o representante do setor.

Decreto assinado pelo presidente Donald Trump aumenta para 50%, a partir de hoje, a tarifa sobre aço e alumínio comprados pelos EUA no exterior. A exceção foi o Reino Unido, que ficou com o imposto de 25%, por estar em processo de fechamento de um acordo com os americanos.

Lopes disse que, por um lado, o Brasil precisa de acesso ao mercado americano. Por isso, o governo brasileiro negocia um acordo para o restabelecimento de um sistema de cotas acertado pelos dois países em 2018, no primeiro mandato de Trump. Na época, poderiam ser vendidas aos EUA 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e placas e de 687 mil toneladas de laminados. O que passasse disso seria tributado em 25%.

Após os EUA aumentarem, em março deste ano, a tarifa sobre aço e alumínio para 25%, técnicos dos dois países iniciaram uma negociação. Interlocutores do governo brasileiro afirmam que a nova elevação, desta vez para 50%, não deve afetar o diálogo em curso.

Lopes disse que o setor também espera que o governo brasileiro não hesite em tomar medidas, se necessário, para defender as indústrias do país. Segundo ele, há um excedente de aço no mundo de 620 milhões de toneladas, dos quais 200 milhões provenientes da China. A salvaguarda em caso de invasão é um instrumento importante, disse o executivo.

— As negociações que vêm sendo conduzidas pelos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços têm que continuar com o mesmo objetivo. Além disso, o que tem que ser ressaltado é que, com a alíquota de 50%, inaceitável, há um risco maior de desvio de comércio — afirmou.

Ele ressaltou que o Brasil deve importar, neste ano, cerca de 5,3 milhões de toneladas de aço, o equivalente a 25% das vendas das indústrias locais. A média histórica de importações é de 2,2 milhões de toneladas.

— Há processos de antidumping (produtos que entram com preços baixos para tomar mercado dos fabricantes locais) aprovados que não foram implementados — disse Lopes. — Temos que conseguir, com uma defesa comercial eficiente, trazer as importações para um patamar histórico — completou.

Alumínio

Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) manifesta preocupação com os efeitos da nova medida anunciada pelo governo dos EUA. A entidade alerta para os riscos de uma nova escalada tarifária por parte do governo americano e defende uma resposta estratégica e calibrada.

"A decisão americana amplia o cenário de incertezas e reforça a importância de instrumentos de defesa comercial e de uma visão de longo prazo para reposicionar o Brasil nas cadeias globais", diz um trecho da nota.

A Abal destaca que o momento exige mais do que reações pontuais. É necessário um duplo movimento: de um lado, cautela e precisão na adoção de medidas emergenciais de mitigação, como o reforço dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para conter práticas desleais e desvios de comércio; de outro, uma visão estratégica capaz de reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, valorizando suas vantagens competitivas estruturais.

"Não se trata de atribuir responsabilidade a governos ou lideranças específicas. A realidade é que estamos diante de um cenário em que medidas protecionistas coexistem com agendas industriais mais coordenadas. Nesse contexto, proteger apenas um elo da cadeia é insuficiente se o país permanece vulnerável na produção dos insumos que a sustentam".

Retrocesso nas relações comerciais

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, disse que a taxação sobre o aço e o alumínio é um retrocesso. Ele defendeu o diálogo.

— Dobrar a taxação sobre o aço e o alumínio é um retrocesso nas relações comerciais entre nossos países. Continuamos defendendo que o diálogo é o melhor caminho para reverter medidas desproporcionais como essa e restabelecer um ambiente de confiança e cooperação mútua, para evitar que as cadeias produtivas em ambos os países sejam ainda mais prejudicadas — disse Alban.

Valor - SP   05/06/2025

Operação foi aprovada pelo conselho de administração da companhia e tem como objetivo principal o reforço de caixa para apoiar a continuidade de suas atividades

Silvia Nascimento, da Aco Verde: a captação ocorre em um contexto mercado difícil e que os próximos 18 meses serão de instabilidade. — Foto: Foto: Ana Paula Paiva/Valor

A Aço Verde do Brasil (AVB) anunciou uma nova captação no mercado de capitais com o lançamento de sua quinta emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor total de até R$ 300 milhões. A operação foi aprovada pelo conselho de administração da companhia e tem como objetivo principal o reforço de caixa para apoiar a continuidade de suas atividades.

Cada debênture terá valor nominal unitário de R$ 1 mil. A AVB contratou o Itaú BBA como coordenador líder da oferta, que será distribuída com R$ 200 milhões em regime de garantia firme e R$ 100 milhões sob melhores esforços de colocação. As debêntures da primeira série terão vencimento em sete anos, com remuneração atrelada a 100% da taxa DI, acrescida de um spread de até 1,10% ao ano.

Já as da segunda série terão vencimento em dez anos e spread máximo de até 1,25% ao ano. Os pagamentos de juros serão feitos semestralmente. A amortização do principal também ocorrerá em parcelas semestrais consecutivas, conforme cronograma previsto na escritura de emissão.

A precificação da remuneração final, a definição da quantidade efetiva de séries e da alocação entre elas ocorrerá por meio do procedimento de “bookbuilding”, previsto para o dia 18 de junho. A liquidação financeira está estimada para 23 de junho, segundo cronograma indicativo divulgado ao mercado.

O reforço de caixa por meio da emissão sinaliza um movimento estratégico da companhia para manter sua robustez financeira. Ao Valor, a CEO da empresa, Silvia Nascimento, diz que a captação ocorre em um contexto mercado difícil e que os próximos 18 meses serão de instabilidade.

“Ter caixa para eventualmente precisar prorrogar prazos de pagamento mais dilatado de clientes ou manter um estoque maior é muito importante. Decidimos antecipar essa captação para se eventualmente o mercado se deteriorar mais, mas também para ter caixa. Ou seja, fortalecer o capital de giro e fortalecer o caixa da empresa”, explica.

A executiva acrescenta que, diante do atual cenário de juros elevados, com a taxa Selic no patamar de 14,75% ao ano, e de incertezas, como as tarifas impostas pelo então presidente americano Donald Trump sobre materiais importados e o excesso de aço chinês no mercado brasileiro, as companhias precisam manter uma boa reserva de caixa.

Com sede em Açailândia (MA), a Aço Verde do Brasil é uma siderúrgica que integra a cadeia do aço de forma verticalizada e tem expandido sua atuação com foco em sustentabilidade, sendo uma das únicas produtoras de aço no Brasil com uso intensivo de carvão vegetal de florestas renováveis.

Exame - SP   05/06/2025

A Gerdau (GGBR4) fechou a captação de US$ 650 milhões com vencimento em 10 anos em por meio da subsidiária Gerdau Trade, segundo fontes ouvidas pela EXAME.

A operação foi a mercado com um valor indicativo de US$ 500 milhões, mas encontrou maior demanda.

A taxa de juros da nova emissão foi fixada 1,4% acima dos Treasuries, mas mais baixa do que o valor inicial indicativo de 1,7%.

O montante obtido com a emissão será destinado a recompra de bonds em circulação e para fins corporativos gerais, visando otimizar a estrutura de capital da companhia e garantir maior flexibilidade financeira para suas operações e expansão.

Os recursos vão ser usados para uma recompra de notes em circulação, com cupom de 4,875% e vencimento em 2027, visando reduzir a dívida da companhia.

Os bonds emitidos contarão com garantias da Gerdau S.A., Gerdau Açominas S.A. e Gerdau Aços Longos S.A., aumentando a segurança da operação e tornando-a mais atrativa para os investidores.

A operação da Gerdau ocorre no mesmo dia em que o Tesouro Nacional anunciou um mandato de emissão de títulos em dólares no mercado internacional.

Essa emissão inclui o lançamento de um novo benchmark de 5 anos, com vencimento em 2030, além da reabertura dos títulos com vencimento em 2035. A movimentação do Tesouro reflete a estratégia do governo para ajustar os vencimentos da dívida externa e otimizar o perfil da dívida pública.

CNN Brasil - SP   05/06/2025

As tarifas de 50% sobre produtos de aço e alumínio importados pelos Estados Unidos entraram em vigor, gerando preocupação na indústria brasileira.

Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), alerta para os possíveis impactos negativos no setor siderúrgico nacional.

Segundo Roscoe, caso não seja acordada uma condição diferenciada para os produtos siderúrgicos brasileiros, boa parte do parque industrial será afetada, causando danos significativos à indústria.

O presidente da Fiemg ressalta que o setor já enfrenta desafios com a entrada de produtos chineses no mercado brasileiro.

Duplo desafio para a indústria

O cenário atual apresenta duas frentes de ataque para a indústria siderúrgica brasileira: a entrada de produtos chineses a preços abaixo do custo no mercado interno e a potencial perda do mercado de exportação para os Estados Unidos.

Roscoe enfatiza que a aposta do setor está em um acordo com os norte-americanos para evitar problemas graves.

Caso as tarifas de 50% sejam mantidas, Roscoe prevê que várias empresas terão que reduzir a produção ou buscar novos mercados, o que é considerado difícil no cenário atual.

A alternativa seria focar na produção destinada ao mercado local, mas isso demandaria maior proteção contra importações consideradas predatórias.
Impactos diferenciados e busca por soluções

O presidente da Fiemg ressalta que os impactos variam entre as empresas do setor. Algumas possuem operações nos Estados Unidos e serão menos afetadas, enquanto outras, especialmente as focadas na exportação de placas de aço, enfrentarão maiores dificuldades.

Roscoe aponta duas possíveis soluções: a preferencial seria um acordo com os Estados Unidos, e a segunda, independente do acordo, seria uma maior proteção do mercado local neste momento em que o aço está no epicentro da guerra comercial.

Ele também destaca que, apesar dos desafios, a atual conjuntura pode trazer oportunidades em outros segmentos para o Brasil, inclusive no próprio mercado americano.

Valor - SP   05/06/2025

A aquisição da U.S. Steel pela Nippon Steel, por US$ 14,1 bilhões, e mais uma promessa de US$ 14 bilhões em investimentos adicionais, estão levantando preocupações sobre o impacto financeiro na siderúrgica japonesa e se isso contribuirá com lucro o suficiente para compensar o custo.

O plano de negócios de médio prazo da Nippon Steel estabelece a meta de manter seu índice dívida/patrimônio líquido igual ou inferior a 0,7. Ao limitar o crescimento do passivo e, ao mesmo tempo, reduzir os ativos, a empresa dimunuiu seu índice P/L — ajustado por fatores como o reconhecimento de dívida subordinada como capital — de 0,68 no ano fiscal de 2014 para 0,35 no ano fiscal de 2024, ou para 0,47 sem ajustes.

A Nippon Steel tinha 672,5 bilhões de ienes (US$ 4,71 bilhões) em caixa no final do ano fiscal encerrado em 31 de março — insuficiente para cobrir o custo de aquisição da U.S. Steel, que é de aproximadamente 2 trilhões de ienes em moeda local. Se tomasse emprestado o valor total, após adicionar a dívida remunerada da U.S. Steel, a dívida total da Nippon Steel subiria para quase 4,9 trilhões de ienes. Isso elevaria seu índice D/L para cerca de 0,8, com base em seu patrimônio líquido no final do ano fiscal de 2024.

Reduzir o valor para 0,7 ou menos exigiria adicionar mais patrimônio líquido. Se optasse por fazê-lo por meio de um aumento de capital, o analista sênior da SMBC Nikko Securities, Atsushi Yamaguchi, estima que o número de ações em circulação aumentaria em uma faixa de cerca de 5% a 10%.

O vice-presidente da Nippon Steel, Takahiro Mori, afirmou que o patrimônio líquido é "uma opção" para a empresa captar recursos.

Aumentar o número de ações reduz o lucro por ação, o que significa que o lucro precisa ser aumentado para compensar.

O lucro líquido da U.S. Steel chegou a US$ 384 milhões em 2024, de acordo com o Quick-FactSet. Somando isso ao lucro líquido projetado da Nippon Steel para o ano fiscal de 2025, o total chegaria a cerca de 258 bilhões de ienes, 29% acima da previsão de 200 bilhões de ienes da empresa japonesa — o suficiente para aumentar o lucro por ação mesmo após um aumento de capital.

Mas os US$ 14 bilhões, ou cerca de 2 trilhões de ienes, em investimento adicional que a Nippon Steel ofereceu durante as negociações de aquisição tornariam o ônus financeiro muito mais pesado. Se a siderúrgica tomasse emprestado o valor total, seu índice D/L subiria para mais de 1.

Yamaguchi estima que um aumento de capital equivalente à adição de 15% a 20% a mais de ações seria necessário para trazer o índice de volta para 0,7, após contabilizar os gastos adicionais da Nippon Steel, incluindo projetos nacionais como fornos elétricos a arco.

Dito isso, "o crescimento na Índia e a contribuição do mercado americano, onde estaria protegida de tarifas, poderiam levar a um aumento no lucro por ação que superasse o aumento nas ações em circulação", disse ele.

A S&P Global Ratings afirmou na semana passada que "o ônus financeiro da Nippon Steel pode aumentar ainda mais significativamente do que imediatamente após a aquisição" se ela investir os US$ 14 bilhões adicionais. A agência de classificação de risco também observou a fraca demanda doméstica e internacional por aço, bem como o fato de a U.S. Steel ter registrado prejuízos operacionais nos últimos dois trimestres.

Além disso, "acreditamos que um rebaixamento da empresa pode não se limitar a dois níveis se for certo que a Nippon Steel assumirá um grande ônus financeiro em um curto período de tempo", afirmou a S&P Global Ratings.

Tornar a U.S. Steel mais lucrativa será uma necessidade urgente do ponto de vista da eficiência de capital. O retorno sobre o patrimônio líquido da siderúrgica americana chegou a apenas 3,4% em 2024, de acordo com o provedor de dados Quick-FactSet — bem abaixo dos 6,9% da Nippon Steel no ano fiscal de 2024. Isso significa que a empresa japonesa estará investindo em uma área menos lucrativa do que seus negócios atuais.

Se a lucratividade da U.S. Steel não melhorar após a aquisição, o índice preço/valor contábil da Nippon Steel poderá cair ainda mais, ultrapassando os atuais 0,55.

As ações da Nippon Steel têm oscilado em torno de 2.900 ienes nos últimos dois meses. "Os mercados estão preocupados com o ônus financeiro de curto prazo da aquisição de 2 trilhões de ienes e do investimento adicional de 2 trilhões de ienes", disse Shinichiro Ozaki, analista sênior da Daiwa Securities.

"Se os lucros da U.S. Steel aumentarem após a aquisição, os mercados terão expectativas mais altas", disse Ozaki.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2025

Em 2025, os investimentos em infraestrutura no Brasil deverão somar R$ 288,2 bilhões e bater um novo recorde, de acordo com a projeção da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). No ano passado, os números do setor já foram expressivos. Os investimentos somaram R$ 260,6 bilhões, o melhor resultado até então.

Os números da Abdib mostram que, apesar do juro alto, boa parte do investimento esperado virá do setor privado, que deverá chegar a R$ 222,3 bilhões.

“Tem de entender que vários projetos em andamento no momento não começaram agora. Tem projetos que estão no terceiro, quarto ano, e a captação de recursos e o funding já estão fechados. Eles continuam na execução”, afirma Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib.

Hoje, o cardápio da Abdib mostra que o País tem cerca de 500 projetos que podem migrar para o setor privado, o que, segundo Tadini, ilustra o melhor momento para o investimento em infraestrutura no País.

“O fato é que temos uma condição virtuosa de crescimento da infraestrutura, mas que, infelizmente, não está sendo complementada naquilo que precisa com investimento público necessário por causa das restrições de natureza fiscal”, afirma.

Nesta quinta, 5, a Abdib organiza o seu fórum em Brasília para discutir o futuro da infraestrutura no Brasil.

A seguir trechos da entrevista concedida ao Estadão.
Por que que o investimento continua crescendo mesmo com juros tão altos?

Tem de entender que vários projetos em andamento no momento não começaram agora. Há projetos que estão no terceiro, quarto ano, e a captação de recursos e o funding já estão fechados. Eles continuam na execução. Essa é uma razão pela qual você tem um estoque de projetos em andamento, que, logicamente, vão se juntar aos projetos que foram recentemente solicitados e que terão captações também. Vale a pena chamar atenção de que, por serem (projetos) de longo prazo de maturação, o investidor não olha só a questão dos juros de curto prazo.

Qual tem sido o papel do poder público no cenário atual?

Tanto os ministérios quanto o BNDES estão fazendo o funding do projeto de maneira faseada. Se o investidor tem de captar R$ 1 bilhão para determinado projeto, o BNDES está ‘faseando’ essa captação. Os juros subiram, mas a tendência é que ele caia. E nós estamos falando de um projeto de 20 anos, 25 anos e alguns de 30 anos. Isso é outro fator, com outros instrumentos que têm sido utilizados pelo BNDES, o que dá uma tranquilidade maior, porque é diferente do que era feito no passado, quando você fechava a taxa de empréstimo para todo o período do financiamento. Agora, você pode fazer essa captação somente pelos desembolsos que estão ocorrendo nesse período.
Esse período de juro alto que o País enfrenta e deve viver nos próximos anos não terá um impacto tão grande nos investimentos, então?

Vai impactar no sentido de que poderia ter crescido mais. Ele afeta o capital de giro e a disponibilidade de participação em novos projetos. As empresas com mais condições de participar de novos projetos serão aquelas que têm um maior nível de capitalização. A gente não pode esquecer também que muitos dos investidores recentes são fundos de investimento, que já fizeram suas captações na Europa, na Ásia. Têm alguns fundos que vêm do Canadá. E outro fenômeno muito importante é a estrutura criada pelo Tesouro Nacional com o programa de diluição de risco cambial para captação externa ligada a projetos vinculados à economia verde. Isso é uma coisa importante. Tem mecanismo de hedge cambial, mecanismos de derivativos para proteção futura, não só do investidor, mas também lá de fora, de quem realiza o empréstimo.
Como mostra o mapeamento da Abdib, o Brasil tem quase 500 projetos de infraestrutura para serem leiloados. Tem investidor para todos esses projetos?

Nunca na história do nosso País (risos) tivemos um ciclo expansivo com as fontes de financiamento devidamente preparadas e ajustadas para fazer frente aos investimentos. Tem uma coisa importante que precede a isso ainda, que é a qualidade na estruturação de projetos. Melhorou muito. A curva de aprendizado foi enorme. Vejo gente escrever sobre os programas de investimentos, falando que estão repetindo o passado e tal. Quer dizer, ou não conhecia o passado ou não conhece o presente. No passado, houve erros na análise de viabilidade do projeto, na mitigação de risco entre o público e o privado, na estruturação de funding, na forma de fazer o tratamento do investimento. Mudou tudo.

E tem investidor para tudo isso? Sem dúvida, tem. E, dependendo do que vai se desenrolar no mercado internacional, vai ter mais recursos ainda. Os nossos projetos são bons, bem estruturados, têm complementação de funding e investidores fortes. Não existe falta de investidor. Não tem país do mundo que tem o número de investidores em rodovias que o Brasil tem.

Com base no cenário que o sr. traça, é o melhor momento para investimento em infraestrutura no país?

Exatamente. Estamos no melhor momento. A taxa de juros deveria ser menor, mas hoje você tem mecanismos de escape da política monetária. O Banco Central joga a taxa de juros - eu não vou dizer nas nuvens - a um degrau antes das nuvens. O fato é que temos uma condição virtuosa de crescimento da infraestrutura, mas que, infelizmente, não está sendo complementada naquilo que precisa com investimento público necessário por causa das restrições de natureza fiscal.
E quão prejudicial é essa questão da restrição fiscal? O próprio governo já indicou o colapso das contas públicas em 2027.

É uma questão de prioridade. Estamos vendo, por exemplo, o Legislativo com emendas que chegam a R$ 50 bilhões, e elas não estão ligadas a nenhuma estrutura de projetos de programas de médio e longo prazo que estão na prioridade do governo federal. Às vezes, você vê o mercado falar que precisa fazer um ajuste de R$ 10 bilhões, mas ele está esquecendo dos R$ 50 bilhões que não vão ter o impacto de natureza macroeconômica e de eficiência na economia.
Na avaliação do sr., tem algum setor de infraestrutura que deve se destacar?

O programa de rodovias está perfeito. Ele tem sido acompanhado, e os projetos vão ter demanda. E não é só no nível federal, mas também nos governos estaduais. Veja o caso de Mato Grosso do Sul. E a outra coisa fundamental é o segmento de mobilidade urbana. É a parte de metrô e trens urbanos. É muito dinheiro que precisa para isso. E aí são necessárias PPPs (Parcerias Público-Privadas), não somente concessões, porque a gente viu o modelo do sucesso da Linha 4, do metrô de São Paulo, e do Trem Intercidades, que foi licitado. Vai ter o túnel Santos-Guarujá. Isso só de São Paulo. É muito forte o volume de investimento. A gente ainda tem de realizar investimentos em Minas Gerais, tem de recuperar o Rio Grande do Sul. E todos os investimentos a serem feitos têm de estar numa nova dinâmica de resiliência e de processo construtivo por conta do novo paradigma nas variações climáticas.

Sobre a questão ambiental, o novo marco para licenciamento ambiental tem sido criticado. Qual é a avaliação do sr.?

Trabalhamos muito em dois pontos fundamentais. O primeiro deles é criar um banco de biodiversidade, um banco de informações sobre a área que vai ser objeto da execução, do investimento, para que isso seja disponível para todo investidor que venha a fazer algum investimento naquele local. Isso evita que se recomece do zero, seja para o ente público que está analisando, seja para o setor privado que vai executar algum projeto. Isso está no projeto. E outro item importantíssimo que está no projeto é dar diretrizes de orientação para ter uma articulação entre ente municipal, estadual e federal, para que não se reproduza em cada âmbito de ente federativo toda análise de avaliação do projeto.

Não é aquela história de aproveitar para passar a boiada. Não tem nada a ver com isso. Tem a ver com dar racionalidade. Esses dois instrumentos são importantíssimos para agilizar, não para fazer coisa a toque de caixa e fazer lambança. O critério técnico tem de ser utilizado e reforçar as estruturas que existem, articular os entes federativos e aproveitar os estudos que já estão feitos.

Jornal de Brasília - DF   05/06/2025

As negociações tarifárias com a China são complexas, enquanto as com a União Europeia “avançam rapidamente”, afirmaram os Estados Unidos nesta quarta-feira (4), em meio às ameaças do México de retaliação devido ao aumento das taxações alfandegárias sobre o aço e o alumínio importados.

Desde que retornou à presidência em janeiro, Donald Trump impôs tarifas alfandegárias que provocaram tensão nas relações com os aliados comerciais de Washington e desencadearam uma onda de negociações.

O aço e o alumínio foram os primeiros setores afetados, com uma sobretaxa de 25% que entrou em vigor em 12 de março e que aumentou para 50% nesta quarta-feira.

A situação é especialmente tensa com a China. A Casa Branca afirmou que Trump e seu contraparte chinês, Xi Jinping, “provavelmente” conversarão por telefone esta semana, o que aumentou as esperanças de um alívio da tensão entre as duas maiores economias do mundo.

“Eu gosto do presidente XI da China, sempre gostei e sempre será assim, mas ele é MUITO DURO, E EXTREMAMENTE DIFÍCIL FAZER UM ACORDO COM ELE!!!”, publicou em sua plataforma Truth Social.

Ao ser questionado sobre a declaração, o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Lin Jian, afirmou que “os princípios e a postura da parte chinesa sobre o desenvolvimento das relações sino-americanas são consistentes”.

A China foi o principal alvo da ofensiva tarifária anunciada em abril por Trump, que atingiu o país asiático com tarifas de até 145% sobre seus produtos, medida que Pequim respondeu com impostos de 125% sobre os produtos americanos.

As partes concordaram com uma desescalada temporária em maio, depois que o republicano suspendeu até julho a maioria das tarifas sobre os demais países.

Nesta quarta-feira, Trump abriu uma nova frente ao concretizar sua ameaça de dobrar as tarifas sobre o aço e o alumínio.
– UE otimista –

A entrada em vigor do aumento das tarifas coincidiu com uma reunião em Paris do representante comercial dos Estados Unidos (USTR), Jamieson Greer, com o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, à margem de uma reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Sefcovic afirmou, após a reunião com Greer, que aumentar as tarifas sobre o aço e o alumínio “não ajuda nas negociações”. Ele acrescentou, no entanto, que as duas partes estavam “avançando” nas conversações.

Segundo ele, a reunião “foi muito construtiva” e as discussões “avançam rapidamente”.
– México protesta –

Trump impôs em abril tarifas de 10% para quase todos os parceiros comerciais com o objetivo de pressionar para corrigir práticas que Washington considera injustas.

Em um decreto que entrou em vigor na madrugada desta quarta-feira, o presidente republicano justifica o aumento de 25% para 50%.

O Reino Unido foi isento da medida e sua taxa permanece em 25%.

Em 2024, os Estados Unidos importaram quase metade do aço e do alumínio utilizados no país.

O Canadá é seu principal fornecedor de aço, seguido pelo Brasil e México, com produtos destinados a outras indústrias como automotiva ou construção. A Argentina é o sexto fornecedor de alumínio.

O México, parceiro dos Estados Unidos e do Canadá no Acordo de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC), protesta.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que até agora havia optado por não responder e agir com sangue frio, advertiu que a situação mudará se os EUA rejeitarem um acordo.

“Se não houver acordo, anunciaremos na próxima semana algumas ( ) medidas” para proteger a indústria e o emprego, disse Sheinbaum em uma coletiva de imprensa, sem entrar em detalhes.

Em sua política tarifária, Washington ameaça impor tarifas sobre outros produtos. Seu alvo são as peças de aeronaves importadas.

“Esperamos que, provavelmente até o final do mês, tenhamos uma análise e definamos o padrão para as tarifas sobre peças de aeronaves”, disse o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, na quarta-feira, durante uma audiência no Senado.

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2025

Eis que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, começa a admitir que não dá mais para enxugar gelo, “o problema fiscal exige ajustes estruturantes”.

Governos de esquerda têm dificuldade em admitir a existência de problemas fiscais, especialmente quando têm a ver com falha estrutural da economia. Tendem a entender que qualquer ênfase num diagnóstico desse tipo é coisa de neoliberais ou de monetaristas ortodoxos.

Em 2002, o então candidato à Presidência da República, Lula da Silva, admitiu na sua Carta ao Povo Brasileiro que era preciso atacar o rombo. Mas essa foi mais uma atitude eleitoral do que resultado de mudança de convicção. Tanto assim que, dois anos depois, destituído o ministro da Fazenda Antonio Palocci, o governo Lula caiu na gastança.

Daí por que é preciso perguntar o que o ministro Haddad entende por soluções estruturantes para o rombo que não seja o sistemático aumento de impostos a que vem sendo submetida a vaca de tetas exauridas. Passam, é claro, pelo ataque ao excesso de despesas.

Há os R$ 544 bilhões que correspondem a gastos tributários, ou o que o governo deixa de arrecadar porque distribui favores generosos – alguns necessários, outros, longe disso.

Não haveria como fugir de uma outra importante reforma da Previdência. A Dinamarca acaba de impor idade mínima de 70 anos para início da aposentadoria, tendo em vista o importante aumento da expectativa de vida da população.

Há coisas mais urgentes a resolver nesse campo. O salário mínimo teria de ser reajustado pela inflação, mas o governo o atualiza não só pela inflação mas, também, pelo avanço do PIB. Isso produz forte impacto no dispêndio da Previdência, com aposentadorias, pensões e os benefícios para idosos e deficientes pobres (BPC).

As despesas com educação e saúde correspondem a uma participação fixa da arrecadação. Isso gera distorções. No ano em que a arrecadação aumenta, o sistema educacional e o da saúde quase sempre estão despreparados para gastar tudo a que têm direito e boa parte dessa despesa vira desperdício. E quando a arrecadação cai, falta verba para cobrir as despesas já existentes. No governo começa-se a falar em redução dos repasses para o Fundeb, que são incentivos extras para o ensino básico.

Quando não levam tempo, soluções estruturantes têm alto custo político, especialmente às vésperas das eleições. Ah se o presidente Lula tivesse aprendido as lições de Maquiavel... Teria aplicado todas as maldades de uma vez, já no início do seu governo, para colher os frutos perto das eleições. Agora, fica tudo mais difícil.

Infomoney - SP   05/06/2025

A versão do projeto de lei de impostos e gastos do presidente Donald Trump aprovada pela Câmara adicionaria US$ 2,42 trilhões aos déficits orçamentários dos EUA na próxima década, segundo uma nova estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), órgão não partidário.

O cálculo do CBO, divulgado na quarta-feira em sua chamada avaliação do “One Big Beautiful Bill” (Um Grande e Belo Projeto), reflete uma redução de US$ 3,67 trilhões nas receitas esperadas e uma queda de US$ 1,25 trilhão nos gastos ao longo da década até 2034, em relação às projeções básicas.

Perspectivas para uma trajetória fiscal ainda mais grave nos EUA ameaçam aumentar as preocupações sobre o projeto entre os conservadores fiscais do Partido Republicano.
O aliado de Trump, Elon Musk, criticou o pacote na terça-feira, chamando-o de “um projeto de lei massivo, ultrajante e cheio de gastos desnecessários do Congresso, uma abominação repugnante.”

Os republicanos da Câmara aprovaram o projeto por uma margem estreita no mês passado, e agora ele enfrenta oposição no Senado, onde vários legisladores expressaram demandas variadas por mudanças.

Trump deve se reunir com os republicanos do Comitê de Finanças do Senado na quarta-feira para discutir o projeto.

Funcionários da administração Trump repetidamente descartaram as projeções do CBO como imprecisas, dizendo que elas não levam em conta o impulso ao crescimento econômico que os cortes de impostos, juntamente com aumentos tarifários e desregulamentação, proporcionarão.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse no mês passado: “Não estou preocupado com a dinâmica da dívida dos EUA,” porque um PIB crescente aliviará o fardo. Ele também previu um crescimento “acima de 3%” até esta época no próximo ano.
Cronograma para aprovação

A estimativa do CBO de aumento do déficit em US$ 2,42 trilhões não incorpora quaisquer efeitos dinâmicos decorrentes de mudanças no crescimento econômico ou outros indicadores resultantes das novas medidas de impostos e gastos.

Bessent pediu aos legisladores que aprovem o projeto, que inclui um aumento no limite estatutário da dívida, até meados de julho.

O Tesouro tem usado manobras contábeis especiais para manter-se dentro do teto da dívida desde o início do ano e alertou que pode esgotar sua capacidade em agosto.

Conservadores fiscais exigiram que a medida faça mais para reduzir o déficit. Mas outros membros do Partido Republicano pediram que os cortes temporários de impostos no projeto sejam tornados permanentes — o que reduziria ainda mais as receitas.

A avaliação do CBO também será revisada pelo responsável pelas regras do Senado, que poderá determinar se as disposições cumprem os requisitos da casa legislativa.

O projeto abrange grande parte da agenda econômica de Trump. Tornaria permanentes seus cortes de imposto de renda de 2017 e proporcionaria novos benefícios prometidos durante a campanha — incluindo a eliminação de impostos sobre gorjetas e pagamento de horas extras até 2028.

Também eleva o limite da dedução federal para impostos estaduais e locais de US$ 10.000 para US$ 40.000.

O projeto inclui vários cortes nos gastos federais, incluindo créditos para energia limpa, e apresenta novos requisitos de trabalho para beneficiários do Medicaid e novas diretrizes para o Programa de Assistência Nutricional Suplementar.

Alguns desses cortes também enfrentam oposição entre os republicanos do Senado.

A divulgação do CBO na quarta-feira indicou que as medidas no projeto atual poderiam deixar 10,9 milhões de pessoas sem seguro de saúde em 2034.

Isso inclui 1,4 milhão sem cidadania, nacionalidade ou status migratório satisfatório verificado, que não seriam mais cobertos por programas financiados apenas pelos estados.

IstoÉ Dinheiro - SP   05/06/2025

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade do setor de serviços do Brasil subiu de 48,9 pontos em abril para 49,6 em maio, de acordo com dados divulgados pela S&P Global nesta quarta-feira, 4. A despeito da melhora, foi a segunda vez consecutiva que o indicador fica abaixo dos 50 pontos, indicando contração da atividade.

Segundo a S&P, os participantes da pesquisa relataram que a oscilação da demanda e a falta de novos negócios contribuíram para a nova queda da atividade.

Em nota, a Diretora Associada de Economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna de Lima, afirmou que o cenário de serviços, junto aos dados industriais divulgados anteriormente, corrobora a perspectiva desfavorável para o desempenho econômico geral no segundo trimestre. “Os resultados mais recentes do PMI da economia de serviços do Brasil mostram um quadro semelhante ao observado em abril, com a atividade de serviços caindo devido ao enfraquecimento da demanda e as pressões inflacionárias permanecendo em uma trajetória descendente”, detalha.

A despeito do cenário atual negativo, Lima ponderou que o alívio na inflação no período contribuiu para reduzir as pressões sobre os custos de produção, recuando para o nível mais baixo em seis meses.

PMI Composto

A S&P Global também reportou que o PMI composto, que mede a atividade dos setores industrial e de serviços conjuntamente, recuou de 49,4 pontos em abril para 49,1 pontos agora, também indicando contração para a atividade.

A S&P destaca que a criação de empregos em todo o setor privado diminuiu para o nível mais baixo em seis meses em maio, com um aumento acelerado no setor industrial, mais do que compensado por uma desaceleração em serviços.

Entre abril e maio, o PMI industrial passou de 50,3 para 49,4.

AUTOMOTIVO

Jornal de Brasília - DF   05/06/2025

Em meio a dezenas de marcas de motos com motores a combustão e centenas de cavalos de potência expostas no Festival Interlagos Motos 2025, realizado entre 19 de maio e 1º de junho, novas fabricantes e montadoras de modelos elétricos tiveram presença tímida no evento, em uma tentativa de impulsionar o segmento no País. Afinal, o mercado ainda é incipiente: em 2024 foram emplacados 8.384 veículos de duas rodas elétricos, segundo a Fenabrave. Parcela ínfima em relação às 1,8 milhão de motos vendidas no ano passado.

Um bom exemplo é a chegada da Yadea, líder de vendas de motos elétricas em todo o mundo há oito anos, que fez sua estreia para o público no festival. A gigante chinesa lançou dois modelos elétricos: a scooter Owin e a moto Keeness. Ambas são montadas, desde abril, no Polo Industrial de Manaus em parceria com a Jabil Industrial.

Com investimento inicial de R$ 50 milhões, a Yadea planeja ter 300 pontos de vendas e vender 100 mil unidades nos próximos três anos, afirma o gerente geral da Yadea Brazil Company, Qubo He. Meta ambiciosa, tendo em vista o tamanho atual do mercado. “A estreia no evento foi só o primeiro passo. Queremos mostrar os produtos para o público brasileiro e colher dados sobre a percepção de nossas motos e as necessidades do consumidor. Para, depois, desenvolver produtos específicos para o País”, diz.

Após Vietnã, Indonésia e Tailândia, o Brasil é o quarto país onde a Yadea monta suas motos fora da China. Além dos modelos que serão vendidos ao público, a marca mostrou o protótipo de uma sccoter elétrica autônoma. Inovadora, ela tem recursos de automação que a fazem se equilibrar mesmo sem piloto. O protótipo cumpre rotas programadas e transporta objetos e pessoas.

AUMENTO NAS VENDAS

Presente no festival pelo segundo ano consecutivo, outra gigante chinesa das motos elétricas, a Aima, mostrou oito novidades. Com isso, a montadora chega a 12 modelos comercializados no Brasil, que vão de pequenas scooters autopropelidas, passando por triciclos de carga e motos mais potentes. “É uma ótima oportunidade para apresentar ao público brasileiro nossa proposta de veículos elétricos eficientes, confiáveis e com uma excelente relação custo-benefício, que tornam a mobilidade elétrica mais acessível e funcional”, afirmou Xu Huiguo, diretor da Aima Brasil. De acordo com a empresa, o objetivo é aumentar as vendas mensais em 15%.

Embora não revele o número total de unidades vendidas, pois muitos produtos não são emplacados, a Aima diz que já planeja passar de importadora a montadora. Se o volume de vendas, de fato, crescer, há planos de montar os modelos em Manaus (AM), revelou uma fonte ligada à marca.

CONCORRÊNCIA SAUDÁVEL

A Watts, empresa de mobilidade elétrica do grupo Multi, já produz autopropelidos, scooters e motos elétricas no País desde 2023. Com crescimento de 50% em 2024, a marca, recentemente, ampliou a capacidade instalada para 100 mil unidades/ano, de acordo com seu fundador e diretor, Rodrigo Gomes. “A chegada de novas marcas é positiva. A concorrência é sempre saudável. Há cada vez mais empresas apostando na mobilidade elétrica, o que é importante para mostrar que o produto funciona e atende às necessidades dos consumidores”, analisa Gomes.

Com uma linha de dois autopropelidos, duas motos urbanas e uma trail, todas elétricas, a Watts ajustou seu modelo de negócio. A marca antes apostava nas revendas exclusivas, mas agora também estará disponível em lojas multimarcas. “Nosso foco está em permitir que revendas menores, que antes vendiam apenas produtos importados, possam oferecer motos elétricas produzidas no Brasil que são referência. Só aí, vamos chegar a um novo público”, diz o diretor da Watts.

Automotive Business - SP   05/06/2025

Mais uma marca do Grupo Geely vai por suas rodas no Brasil. Desta vez é a Farizon, divisão de veículos comerciais elétricas da empresa chinesa, que será apresentada oficialmente na segunda quinzena de junho.

Por aqui, a Farizon será representada pelo Grupo Timber. A empresa atua nos segmentos florestal, agrícola, de construção e de energia, e tem sede em Curitiba (PR). No fim de 2024 a empresa, inclusive, anunciou a importação da Riddara, outra marca da Geely, só que de picapes elétricas.

A Farizon Auto é uma fabricante de comerciais leves chinesa fundada em 2016. A montadora é especializada em veículos 100% elétricos voltados a aplicações comerciais, como transporte urbano de cargas e de passageiros, além de serviços logísticos.

A apresentação oficial da marca está agendada para o Eletrocar Show, evento que acontece no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP), entre 23 e 26 de junho.
Furgão Farizon SV é um dos cotados para o Brasil
Farizon SV exposto no salão de veículos comerciais de Birmingham, na Inglaterra

O Grupo Timber não deu detalhes sobre quais carros da Farizon serão vendidos no Brasil. Nos bastidores, porém, sabe-se que a marca vai comercializar desde vans e furgões a caminhões pequenos elétricos, de 6 e 8 toneladas.

Um dos modelos cotados é a linha de furgões de porte médio SV (foto acima), que brigaria aqui com modelos como Citroën e-Jumpy e Fiat e-Scudo. Na China, o veículo usa baterias de 67 kWh ou 83 kWh, com alcances que variam de 300 km a 370 km.

Valor - SP   05/06/2025

Alguns fabricantes de autopeças na Europa interromperam suas operações devido às restrições da China às exportações de terras raras, informou a Associação Europeia de Fornecedores Automotivos (Clepa) na quarta-feira.

Fabricantes de peças europeias fizeram centenas de solicitações de licenças de exportação desde que as restrições foram promulgadas em abril, informou a organização, mas apenas cerca de 25% foram aprovadas.

Há preocupações de que os problemas na cadeia de suprimentos afetem a produção de veículos acabados.

A Clepa não divulgou os fabricantes de peças afetados, mas alertou para o risco de mais paralisações de fábricas e linhas de produção nas próximas semanas.

A China impôs os controles a sete tipos de elementos de terras raras, incluindo disprósio e térbio, usados em veículos elétricos e outros produtos.

A exportação de terras raras tornou-se praticamente impossível sem a aprovação de Pequim. As diferenças nos procedimentos de aprovação entre os ministérios chineses também contribuíram para o atraso.

As cadeias globais de suprimentos de terras raras são fortemente dependentes da China. O país foi responsável por cerca de 70% da mineração de terras raras em 2024, de acordo com estimativas do Serviço Geológico dos Estados Unidos.

04/06/2025 20:03:49

Exame - SP   05/06/2025

A KG Motors, uma startup emergente no setor automotivo, desenvolveu um modelo de carro elétrico de um único assento que mais se assemelha a um carrinho de golfe futurista do que aos tradicionais veículos elétricos modernos.

Com uma altura inferior a 1,5 metro, o modelo mibot tem autonomia de 100 km, recarga de cinco horas e velocidade máxima de 60 km/h. O preço de venda será de 1 milhão de ienes (aproximadamente R$ 39,5 mil) antes de impostos, quando a produção começar em outubro na nova fábrica da empresa, localizada na região leste de Hiroshima. Esse valor é cerca de metade do custo do modelo elétrico mais vendido do Japão, o Sakura da Nissan.

Apesar de seu design compacto e distinto, a empresa já vendeu mais da metade das 3.300 unidades planejadas para entrega até 2027. Esse número coloca a KG Motors na posição para superar veículos elétricos no Japão da gigante Toyota, que comercializou cerca de 2.000 carros desse tipo no país em 2024.

Na contramão

A startup desafia uma visão comum no país asiático de que carros grandes são a única opção viável para os motoristas, em um mercado onde os carros elétricos ainda representam uma pequena parcela das vendas totais.

Em entrevista à Bloomberg, Kazunari Kusunoki, fundador e CEO da KG Motors, compartilhou sua visão sobre o problema:

"Os carros são simplesmente grandes demais. Ver tantos carros enormes circulando pelas ruas estreitas do Japão — foi aí que tudo começou para mim."

A introdução de veículos elétricos no mercado japonês tem sido baixa, com apenas cerca de 140 mil unidades vendidas em 2023, o que representa aproximadamente 3,5% das vendas totais de automóveis, bem abaixo da média mundial de 18%, segundo dados da Bloomberg. A montadora chinesa BYD, por exemplo, registrou 2.223 unidades vendidas no Japão no ano de 2024, uma fração do total global de 4,3 milhões.

Enquanto isso, a Toyota, líder do setor, segue defendendo uma abordagem mais diversificada para o futuro dos transportes, na qual os veículos elétricos, híbridos e movidos a hidrogênio coexistem.

Segundo Kusunoki, "a Toyota acredita que os carros elétricos não são a única solução, e muitos japoneses seguem essa visão, assumindo que os EVs nunca ganharão popularidade".

O Japão tem uma longa tradição de carros pequenos, como os kei cars, que são modelos ultracompactos e leves. Esses veículos continuam a dominar o mercado de elétricos no país, representando 55% das vendas em 2023. O Sakura da Nissan, um kei car, é um dos exemplos mais notáveis dessa categoria e vendeu cerca de 23 mil unidades em 2024. Além disso, a BYD anunciou a produção de um kei car totalmente elétrico para o mercado japonês, com lançamento previsto para a segunda metade de 2026.

A Hyundai também entrou no mercado japonês com o lançamento do modelo Inster, que custa 2,9 milhões de ienes (aproximadamente R$ 110 mil), considerado o EV de passageiros mais acessível do Japão, no que diz respeito aos modelos de tamanho convencional.

Ainda que o design de um único assento do mibot seja incomum, ele está ganhando atenção. Os primeiros 300 carros serão entregues em Hiroshima e Tóquio até o meio de 2026, e as 3.000 unidades restantes serão distribuídas pelo país. A KG Motors projeta um prejuízo no primeiro lote de vendas, mas espera alcançar o ponto de equilíbrio no segundo. A meta da empresa é produzir cerca de 10 mil unidades anualmente.

A estratégia da empresa de produção sob demanda pode ser vantajosa, já que os carros elétricos exigem menos componentes do que os veículos a gasolina ou híbridos. O design simplificado do mibot, que inclui basicamente uma bateria, motor e eletrônica conectados em um chassi monobloco, ajuda a reduzir consideravelmente os custos de produção.

Como conquistar os compradores

A estratégia de marketing da KG Motors também é um reflexo do passado de Kusunoki, que foi criador de conteúdo no YouTube. A empresa publicou vídeos mostrando o mibot sendo testado em diversas condições, incluindo em estradas de Hokkaido, ruas estreitas de Hiroshima e até simulando colisões a alta velocidade, para garantir que o modelo atenda aos exigentes padrões de segurança japoneses.

Kusunoki, de 43 anos, fundou a KG Motors em junho de 2022. Nascido em Higashihiroshima, uma cidade com ruas apertadas e infraestrutura de transporte público em declínio, ele percebeu uma necessidade crescente de carros pequenos e acessíveis. A escassez de motoristas de táxi e o envelhecimento da população tornam difícil para os idosos se locomoverem, especialmente em áreas rurais, onde o transporte público não é viável. Até maio de 2025, a empresa havia recebido 2.250 pedidos, com mais de 95% vindos de pessoas que já possuem pelo menos um carro.

"Em áreas rurais, o transporte público está em colapso", afirmou Kusunoki à Bloomberg. "Para quem vive em grandes cidades como Tóquio, isso pode ser difícil de entender, mas em muitas regiões, um carro por pessoa é uma necessidade, não apenas um carro por família."

nfomoney - SP   05/06/2025

A Tupy (TUPY3) informou nesta quarta-feira que fechou contrato com uma das principais montadoras do setor automotivo mundial, ampliando sua participação no segmento de blocos e cabeçotes para veículos pesados Classe 8 nos Estados Unidos.

O contrato prevê a fabricação de blocos em ferro CGI (Compacted Graphite Iron), que serão utilizados em caminhões pesados, de acordo com comunicado à imprensa.

Em fato relevante separado, a Tupy informou que esses blocos serão produzidos na unidade de Ramos Arizpe, México, substituindo produtos atualmente importados da Europa.
A companhia estima que o negócio gere receita de R$200 milhões por ano, uma vez atingido todo o potencial contratado, mas não identificou a montadora envolvida no acordo.

“Com ciclos de vida superiores a 10 anos, essas aplicações, que envolvem o fornecimento de blocos e cabeçotes, integrarão uma nova geração de motores programada para chegar ao mercado a partir de 2027”, disse a companhia no comunicado.

A empresa de componentes de ferro fundido e motores comentou que a mesma montadora já havia selecionado a Tupy para o fornecimento do cabeçote desses mesmos motores em 2023.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

InfraRoi - SP   05/06/2025

Iniciada ontem (03.06) em Jaguariúna (SP), a Brazil Equipo Show 2025 (BES) reúne alguns dos principais fabricantes e distribuidores de máquinas para construção e mineração no Brasil, que apresentaram novidades para a linha amarela de equipamentos de construção. No geral, as empresas demonstram soluções de conectividade, nacionalização de equipamentos, novos tipos de garantias e soluções integradas de pós-venda.

As pás-carregadeiras e as escavadeiras seguem como protagonistas, mas as melhorias em motoniveladoras, recicladoras e minicarregadeiras também apontam caminhos de maior eficiência operacional.
Pás-carregaderias

Um dos destaques da Bauko na Brazil Equipo Show 2025 é o lançamento da pá-carregadeira WA150-6, da Komatsu. Compacta e equipada com cabine ROPS/FOPS nível 2, caçamba de 1,7 m³ e transmissão hidrostática, a máquina chega ao mercado com proposta de robustez e versatilidade para movimentações em áreas agrícolas, obras urbanas e operações de apoio.

A distribuidora também apresenta a WA380-6, carro-chefe da Komatsu, agora com produção nacional, o que amplia o acesso a financiamentos e reforça o suporte local, segundo a Bauko.

Na linha de carregadeiras a Tracbel destacou o alongador para as carregadeiras da SDLG, que permite ampliar em quase um metro a altura de despejo da caçamba, proporcionando ganho importante em operações que exigem alcance vertical. “Os engenheiros da Tracbel e da fábrica estão constantemente pensando em soluções para aumentar a produtividade na operação dos nossos clientes”, diz Rodrigo Santos, gerente comercial da área de máquinas da Tracbel.

Já a New Holland Construction apresenta na Brazil Equipo Show 2025 a W130B. Com certificação Tier 3 e foco em operações com alta demanda de carga, o equipamento combina robustez, conforto operacional e baixo custo de manutenção, segundo a fabricante. “A W130B é voltada a quem busca performance constante com menor índice de paradas e uma operação mais intuitiva”, disse Pedro Silva, líder da marca para América Latina.

A XCMG Brasil, por sua vez, aposta em duas frentes: a LW300KV, voltada a aplicações versáteis, e a LW700KV, de grande porte e indicada para mineração. Com peso operacional de 24 toneladas, esta última se posiciona como solução para carregamento de alto volume de carga em ambientes extremos.

Escavadeiras com mais implementos

Na linha de escavadeiras, a Komatsu PC200 equipada com rompedor Montabert é um dos modelos de maior atenção no estande da Bauko. O implemento, representado pela própria empresa, amplia a aplicação da máquina para frentes como demolição, mineração de pequena escala e serviços de extração. “Estamos oferecendo soluções completas, desde a máquina até os implementos e peças genuínas, com telemetria Komtrax integrada e suporte técnico no estande”, disse Renato Duarte, diretor comercial da Bauko.

A New Holland apresentou sua E145C EVO, indicada para construção civil, de estradas e manuseio geral de materiais. Com caçamba entre 0,37 m³ e 0,65 m³, a máquina traz ajustes automáticos de força hidráulica conforme a aplicação, contribuindo para menor consumo de combustível e maior durabilidade.

Já a XCMG investiu em potência com a XE490DK, escavadeira de grande porte para mineração, com foco em produtividade em jazidas e obras de infraestrutura pesada. A empresa chinesa aposta em alto desempenho mecânico e oferta local de peças para sustentar sua presença nos projetos de maior envergadura.

A Tracbel também apostou em modelo para infraestrutura pesada, mineração e pedreiras. A escavadeira Volvo EC350DL, segundo a distribuidora, se destaca pela robustez, agilidade do sistema hidráulico e motor Volvo D8, que combina alta eficiência com baixo consumo de combustível. “É uma escavadeira com tecnologia avançada e um dos melhores desempenhos em sua categoria de consumo”, resume Rodrigo Santos.

A Sotreq, por sua vez, reforçou sua linha de escavadeiras Caterpillar na Brazil Equipo Show 2025, com modelos adaptados às exigências da construção e do agronegócio. A presença da empresa na BES também marcou o início das seletivas regionais do Desafio Mundial de Operadores, que avaliará habilidades com escavadeiras, carregadeiras e outros equipamentos, em busca do melhor operador brasileiro para a final em Las Vegas, em 2026.
Desafio de Operadores Caterpillar na Brazil Equipo Show 2025

A prova prática será realizada ao vivo hoje (04.06) e vai colocar à prova a habilidade, precisão e controle dos melhores operadores de máquinas do país. Os participantes serão desafiados a executar manobras e tarefas específicas com escavadeiras e carregadeiras, em um circuito projetado para testar a eficiência operacional e a destreza no comando dos equipamentos.

A etapa brasileira integra o calendário oficial da competição global e, para a Caterpillar, “o Global Operator Challenge é uma iniciativa que vai além da disputa técnica. É uma celebração da excelência profissional no campo”. “Estamos muito orgulhosos de sediar uma etapa seletiva durante a Brazil Equipo Show e de oferecer esse palco para operadores mostrarem suas habilidades diante de um público altamente qualificado”, disse Fabio Momberg, gerente regional da Sotreq.

Com estrutura montada especialmente para a disputa e arquibancada, além da emoção da competição, a ação funciona como uma vitrine da tecnologia embarcada nas máquinas da Caterpillar, ao demonstrar como recursos como monitoramento remoto, comandos intuitivos e precisão hidráulica impactam diretamente o desempenho na operação.
Motoniveladoras e retroescavadeiras ganham releituras

No segmento de motoniveladoras, a New Holland comemorou seus 75 anos de atuação no Brasil com a série especial RG170.B EVO Titanium Edition, uma releitura do modelo tradicional com pintura cinza e numeração personalizada de 1 a 75. A edição limitada é em alusão à presença da marca em obras de infraestrutura e manutenção de vias.

Outro destaque foi a retroescavadeira B95C, voltada a obras urbanas e apoio à mineração. Com braço SLA, motor S8000 e foco em ergonomia, o modelo vem com melhorias que ampliam a altura de elevação e a produtividade em ciclos curtos. “Estamos atentos às percepções de campo. Cada nova solução ou atualização nasce do que ouvimos diretamente dos clientes”, pontuou Pedro Silva.

A Sotreq, por sua vez, levou ao evento motoniveladoras e tratores de esteira com os serviços digitais da Caterpillar integrados: o Sotreqlink e o monitoramento via Remote Services, permitindo diagnósticos e reparos mesmo à distância.
Conectividade e telemetria na Brazil Equipo Show 2025

A conectividade dos equipamentos também é uma evolução comum entre os fabricantes presentes na BES. A New Holland Construction, por exemplo, agora entrega 100% de sua linha com telemetria embarcada de fábrica, reforçando a manutenção preditiva e a análise em tempo real do desempenho das máquinas. A empresa também apresentou o aplicativo My New Holland Construction, que permite o gerenciamento remoto da frota com acesso direto ao suporte técnico e às concessionárias.

No mesmo caminho, a Bauko destacou a plataforma Komtrax, que estará disponível para demonstração durante todo o evento. O sistema oferece dados em tempo real sobre operação, consumo, localização e necessidade de manutenção das máquinas Komatsu. A estrutura de atendimento no estande inclui também espaço para o banco Komatsu, com opções de financiamento como CDC, leasing e consórcio.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   05/06/2025

Construtoras que tomaram crédito caro encontram vendas lentas; aumentam casos de infrações ao patrimônio de afetação, dizem fontes

De janeiro a abril, o volume de recursos da poupança direcionado pelos bancos para financiar a construção recuou 48,6% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). O financiamento mais escasso tem feito incorporadoras recorrerem ao mercado de capitais, mas nem todas estão conseguindo honrar as dívidas, o que acendeu a luz de alerta no setor.

Com menos financiamento “barato”, conhecido como Plano Empresário, as incorporadoras precisam recorrer a modalidades de crédito cujas taxas, na prática, hoje chegam aos 20% ao ano. “O retorno da incorporação é um pouco acima disso, mas não muito”, afirma uma fonte do setor. O meio mais comum é via emissão de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), que podem financiar a compra do terreno, a obra ou ambos.

Com taxas tão elevadas pressionando as margens, quem não consegue vender bem seus projetos e não gera caixa fica sem liquidez para honrar compromissos. Segundo fontes consultadas pelo Valor, isso já tem acontecido no médio padrão, classificação que abrange imóveis de R$ 500 mil a R$ 2 milhões. “O sujeito fala que não tem dinheiro, pede carência, redução de juros, que libere mais 20% de crédito”, diz um gestor, que pediu para não ser identificado.

Empresas que atuam na renda média são mais afetadas porque seus clientes sentem mais a alta dos juros. A taxa, de 12% a 14% mais TR, mina o poder de compra, e o consumidor pode decidir esperar. Também falta espaço para o incorporador subir seu preço. O jeito é reduzir a margem, mas aí pode faltar dinheiro para os credores.

Sem renegociação, pode haver atraso na entrega de imóveis, interrupção das obras e até falências. A recuperação judicial poderia ser uma saída, mas o risco reputacional para as construtoras é alto.

“Temos visto isso acontecer”, afirma Bianca Setin, vice-presidente da incorporadora Setin, sobre concorrentes com dificuldades para bancar financiamentos. A Setin também toma crédito no mercado de capitais, para financiar terrenos e obras, mas não tem tido problemas, de acordo com a executiva.

Assim como outras incorporadoras, a empresa deixou de atuar na renda média para buscar um cliente mais capitalizado, embora, mesmo no alto padrão, a velocidade de vendas já não seja como no passado. Se antes havia projetos que começavam a ser construídos com 70% a 80% das unidades vendidas, hoje a empresa considera “um grande sucesso” quando bate 50%. “Com a taxa de juros, o cliente pensa e pesquisa mais”, diz.

Durante o ciclo de queda da Selic, na pandemia, o mercado imobiliário viveu um boom de lançamentos e uma corrida por terrenos. Quem se empolgou, e recorreu a crédito com condições mais arriscadas para apostar no crescimento, agora vê esses projetos chegarem ao mercado em uma situação diferente. “A incorporadora sofre porque o tempo de desenvolvimento e de obra é muito grande, então um mesmo projeto pode pegar 100% da inflação e 100% do aumento de juros que veio para conter a inflação”, explica Maurício Muniz, sócio da gestora Brio.

A You,Inc, que atua na média e alta renda, viu sua alavancagem subir de 38% para 407%, de 2019 até 2024. A companhia é citada por fontes como uma das que está chamando credores para renegociar, e chama a atenção por se tratar de um negócio tradicional e de grande porte. A percepção é de que grandes incorporadoras são mais blindadas desses problemas, por serem capitalizadas e conservadoras nos lançamentos.

Para Muniz, no entanto, ainda há uma curva de aprendizado. “[Incorporadoras] viveram em ambiente de taxa subsidiada nos últimos 60 anos, poucas têm departamento financeiro sofisticado, que entende o mercado de capitais”.

Quem teve que abrir mão de projetos por não conseguir mais arcar com seus CRIs foi a Seed, de condomínios de casas. Em meados do ano passado, teve projetos tomados pela Galápagos e pela RBR, que investiram em seus CRIs. Para as fontes, a companhia se enrolou ao praticar um preço muito baixo.

A incorporadora Ekko, que atua em Osasco, Cotia e Barueri (Grande São Paulo), também é citada entre aquelas com problemas. Em seu site, projetos em construção aparecem com um sinal de que estão com obras e vendas suspensas, ou de que a SPE (Sociedade de Propósito Específico) foi vendida a outra empresa.

A situação não se restringe ao entorno da capital paulista. A 3Z Realty, incorporadora do grupo NC, da farmacêutica EMS, tem aproveitado para comprar terrenos e entrar em projetos de concorrentes em Campinas, que não estão conseguindo arcar com o custo do crédito tomado, conta o CEO Franco Pasquali. “Tenho visto bastante empresa que estaria em momento de lançar, mas está com medo do funding ou não está conseguindo funding, aí compramos alguma posição”, afirma, ressaltando que é momento de ter “muito cuidado com o caixa”.

A expectativa é que quando os juros começarem a baixar, as vendas do médio padrão deslanchem e a pressão sobre o caixa diminua. Para Bianca Setin, os problemas são pontuais, porque o mercado está absorvendo os imóveis, ainda que lentamente.

Já Muniz antecipa um processo mais longo. “O efeito não é tão rápido, e [a taxa de juros] não é o único problema, porque algumas empresas descasaram custo e receita e poderiam ainda estar no prejuízo”, diz. “Vai ter empresa que vai quebrar, como no passado”.

A You,Inc. foi procurada, mas não retornou até o fechamento da reportagem. O Valor não conseguiu falar com a Seed e a Ekko.

Mistura de contas de obras fica mais comum

Em meio à dificuldade de algumas incorporadoras de médio padrão de conseguir arcar com o financiamento tomado para produzir seus projetos, fontes do setor da construção ouvidas pelo Valor relatam que, nos últimos 12 meses, aumentaram os casos de desvio do patrimônio de afetação. É um risco para os compradores dos imóveis e também para os credores da empresa.

O patrimônio de afetação foi instituído em 2004 para evitar que escândalos como o da incorporadora Encol voltem a acontecer. Quando quebrou, em 1999, a empresa deixou mais de 700 obras paradas. A incorporadora tinha um caixa único para os projetos, e usava o dinheiro arrecadado com uma obra para bancar outra. Não era algo ilegal, mas deixava o andamento das obras mais frágil — se algo desse errado, como de fato deu, o prejuízo se alastraria pelos empreendimentos.

Hoje, se a incorporadora opta pelo patrimônio de afetação, precisa ter contas segregadas para cada projeto imobiliário. O modelo é opcional, mas largamente adotado, porque permite que a incorporadora adote o RET (Regime Especial de Tributação).

A realidade, segundo essas fontes, é que o acompanhamento do patrimônio de afetação pode ser frágil, e a necessidade de cobrir custos com CRIs e com o financiamento com bancos, ou até evitar ter que aportar capital próprio, pode falar mais alto.

Um sinal de que isso está acontecendo é quando a obra não avança, mesmo tendo recebido, todos os meses, recursos para tal — o dinheiro pode estar indo para outro projeto da empresa ou para quitar dívidas.

Em teoria, os credores devem liberar o dinheiro da obra conforme constatam sua evolução, mas uma fonte, que pediu anonimato, afirma que algumas gestoras preferem poupar o gasto com o acompanhamento. “Aí não viram que o dinheiro de março, abril e maio caiu e a obra não avançou 1%”, diz.

Já há atrasos em obras em São Paulo, especialmente de médio padrão, embora a maioria ainda esteja dentro do período de carência de contrato, de 180 dias.

Além dos credores, a obra deve ser acompanhada por uma comissão de representantes dos compradores das unidades. Essas pessoas, porém, podem não ter conhecimento técnico, interesse ou tempo para checar se tudo está como planejado.

“A lei [do patrimônio de afetação] tem que se tornar mais rígida”, afirma uma fonte, que pediu para não ser identificada por estar envolvida em processos do tipo. Para um advogado do setor, momentos assim podem ser uma boa hora para rever as obrigações do patrimônio de afetação. “Quando o mercado está mais favorável, cumprir o patrimônio de afetação não é problema”, diz.

No alto padrão, o problema é raro, por causa do tipo de cliente que compra as unidades. Os construtores prefeririam desfazer as vendas, devolver o dinheiro e desistir do projeto, antevendo brigas legais. O segmento econômico, que, em geral, recebe recursos da Caixa, tem outro modelo de financiamento e também não enfrentaria essas questões.

FERROVIÁRIO

Agrolink - RS   05/06/2025

A expansão ferroviária no Sul do país representa um avanço estratégico para a logística nacional, segundo a Cargo Control Brasil. O projeto Nova Ferroeste, que prevê mais de 3.000 km de trilhos, vai interligar regiões produtivas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul aos principais portos, tornando o escoamento mais eficiente, competitivo e sustentável.

A nova malha ferroviária deve reduzir significativamente os custos logísticos e as emissões de carbono, além de aliviar o tráfego nas rodovias. A expectativa é que o transporte de grãos, minérios, produtos industrializados e algodão ganhe mais agilidade, segurança e menor impacto ambiental.

Esse avanço coloca o Brasil em rota de uma logística mais verde, alinhada às exigências globais de sustentabilidade e descarbonização, além de aumentar a competitividade do agronegócio e da indústria nacional nos mercados interno e externo. Com a Nova Ferroeste, o país se prepara para um futuro mais ágil, conectado e eficiente, fortalecendo sua infraestrutura e ampliando as oportunidades para toda a cadeia produtiva do Sul do Brasil.

“A nova malha promete impulsionar o transporte sustentável, diminuir o uso das rodovias e fortalecer o escoamento de grãos, minérios e produtos industrializados. Com essa transformação, o Brasil avança rumo a uma logística mais verde, eficiente e competitiva no cenário internacional. Um futuro mais ágil e conectado está chegando! Na Cargo Control, acompanhamos cada avanço do setor para garantir soluções alinhadas às transformações do mercado. Fale com nossos especialistas e prepare sua operação para um futuro mais ágil, sustentável e competitivo”, conclui.

NAVAL

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, devem assinar na França o contrato para a aquisição de chapas destinadas à construção do casco resistente do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA) Álvaro Alberto. Os dois vão à Toulon, no sul daquele país, visitar uma base da marinha e o Naval Group, empresa de defesa francesa que compõe o consórcio responsável pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), do Brasil.

O submarino nuclear brasileiro – o primeiro construído por uma potência sem armas nucleares – é o principal instrumento de dissuasão a potências extrarregionais que o País espera contar na defesa da chamada Amazônia Azul, as riquezas existentes nas águas sob a jurisdição brasileira. O Álvaro Alberto é resultado de parceria estratégica estabelecida entre Brasil e França em 2008.

Com o novo contrato, a Marinha dará continuidade à construção do submarino nuclear, um processo que começou em outubro de 2023, com o início da qualificação do estaleiro da Itaguaí Construções Navais. Atualmente, o Prosub prevê a construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear. Por enquanto, não há previsão para novas encomendas, o foco da Marinha permanece na execução das fases em andamento do programa, especialmente no desenvolvimento do submarino nuclear.

A Força naval sabe que a conclusão do Álvaro Alberto deve exigir ainda um “elevado esforço técnico, institucional e orçamentário”. Há dois anos, a estimativa da Marinha era a de que a terceira fase do Prosub, a fase nuclear, pudesse significar um investimento de até R$ 25 bilhões. O cronograma de entrega do SNCA permanece o mesmo: 2033 para o término do projeto da construção do primeiro submarino de propulsão nuclear do País.

Dos quatro submarinos convencionais previstos, dois já foram entregues: o submarino Riachuelo e o submarino Humaitá. Já o submarino Tonelero (S-42) já teve seu lançamento feito em 2024 e tem previsão de entrega ainda este ano, enquanto o submarino Almirante Karam (S-43) possui previsão de lançamento em 2025 e entrega em 2026, desde que novos cortes orçamentários não ocorram como nos últimos anos.

O Prosub ergueu ainda o Complexo Naval de Itaguaí, com um estaleiro moderno, capaz de construir navios e submarinos. Em razão dele, a Marinha aposta em novos negócios, como a construção de submarinos para exportação, principalmente para países da América do Sul, além de “encomendas para o mercado nacional e internacional de navios, embarcações e projetos ligados à indústria offshore de petróleo e gás”.

A Marinha sabe que construção de submarinos é algo raro em todo o mundo. Por isso, ela aposta que o consórcio responsável pelo Prosub “deve buscar novos negócios, sobretudo a construção de submarinos para exportação”. O objetivo inicial é satisfazer a demanda por embarcações convencionais, pois atualmente, no cenário internacional, a Marinha considera não existir “efetivamente um ‘mercado’ para a comercialização de submarino nuclear”.

Além do Brasil, somente a Austrália, outro país sem armas atômicas, deve ter um submarino nuclear em sua frota por meio do acordo AUKUS, firmado entre Grã-Bretanha-EUA e Austrália. Para Marinha, “o caso do AUKUS é isolado e específico, configurando uma exceção. Portanto, é considerado prematuro, neste momento, qualquer iniciativa semelhante por parte do Brasil”.

Exame - SP   05/06/2025

Um navio, com 800 carros elétricos, pegou fogo e foi abandonado no meio do Pacífico. O incêndio no cargueiro, na última terça-feira, 3, forçou a evacuação da tripulação e gerou preocupações sobre a segurança do transporte de veículos elétricos (EVs). O Morning Midas, que carregava cerca de 3 mil veículos, incluindo 800 carros elétricos, foi abandonado após os esforços para conter as chamas falharem.

Segundo a Bloomberg, o fogo começou em um dos decks do navio, de acordo com a Zodiac Maritime, responsável pela gestão do cargueiro. Apesar de tentativas iniciais de combate às chamas, a situação rapidamente se agravou, levando à evacuação de todos os 22 membros da tripulação pela Guarda Costeira dos Estados Unidos. Eles foram transferidos para um navio mercante nas proximidades.

Novo desafio para o transporte marítimo

A situação expõe um novo desafio no transporte marítimo: o risco associado aos incêndios em veículos elétricos. Estas chamas são particularmente difíceis de combater devido à natureza das baterias de lítio, que podem pegar fogo por mais tempo e a temperaturas muito mais altas.

O processo de "runaway térmico", que pode ocorrer quando uma bateria entra em reação em cadeia, torna a contenção do fogo ainda mais complexa. Um incêndio envolvendo EVs pode exigir até 30 mil litros de água para resfriar as baterias.

A carga no Morning Midas fazia parte de uma série de viagens internacionais, com o navio partindo de Yantai, na China, em 26 de maio. Antes disso, o cargueiro havia passado por dois outros portos chineses, Nansha e Xangai.

O aumento no transporte de veículos elétricos tem gerado preocupações adicionais para a indústria de transporte marítimo.

O valor elevado dos carros a bordo de grandes embarcações de carga, como o Morning Midas, torna esses incidentes ainda mais impactantes. Empresas de seguros, como a Allianz, destacaram a necessidade de adaptação da indústria para lidar com os novos riscos associados ao transporte de EVs.

Valor - SP   05/06/2025

Em evento na Noruega, diretor de navegação da Vale, Rodrigo Bermelho, diz que a guerra tarifária entre EUA e China não afeta os planos no curto prazo

O diretor de navegação da Vale, Rodrigo Bermelho, na Nor-Shipping — Foto: Paula Martini/Valor

De olho nas metas de redução de emissões e na eficiência energética, a Vale contratou 10 embarcações de nova geração da classe Guaibamax, que começarão a ser entregues em 2027. De acordo com o diretor de navegação da Vale, Rodrigo Bermelho, a projeção é que toda frota seja entregue até 2029 e comece a operar no mesmo ano.

Confira os resultados e indicadores da Vale e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360

“A gente fez um esforço para incorporar todas as tecnologias que estavam tendo resultados positivos, como a eficiência energética e a nossa estratégia de avançar na utilização de combustíveis alternativos”, disse Bermelho ao Valor.

O executivo da Vale participou, nesta quarta (4), da Brazil at Nor-shopping, programação dedicada ao mercado brasileiro na Nor-Shipping, principal feira do setor marítimo da Europa, que acontece até sexta-feira (6) em Olso e Lillestrøm, na Noruega.

Segundo Bermelho, as embarcações com 325 mil toneladas de capacidade irão complementar a frota atual. Os novos navios da Vale serão dual fuel, com opção de metanol e bunker convencional, e possibilidade de uso de amônia e Gás Natural Liquefeito (GNL).

“A gente também considera a utilização de etanol, que é um combustível bastante tradicional [no setor automotivo], mas que ainda não tem todas as certificações para ser utilizado no nosso mercado. Estamos conversando com os players para avançar nessas certificações e eventualmente usar.”

Metas de redução de emissões

A Vale tem como metas globais reduzir emissões de escopo 1 e 2 em 33%, até 2030, e zerar as emissões líquidas de escopo 1 e 2 até 2050.

As emissões de escopo 1 resultam das emissões diretas de gases de efeito estufa das operações. As emissões de escopo 2 são as emissões indiretas decorrentes do consumo de energia elétrica e térmica adquiridas pela companhia.

Na apresentação de Bermelho, os novos navios afretados pela Vale foram classificados como o “estado da arte” da tecnologia de redução de emissões, sendo 14% mais eficiente que a atual geração de embarcações da classe Guaibamax.

Guerra tarifária de Trump

O diretor da Vale comentou a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, ao dizer que a turbulência internacional não afeta os planos da mineradora no curto prazo. “Essa classe de grandes navios não atraca muito nos portos americanos, então não é uma classe que está sendo afetada pelas perspectivas de sanções. Não é alvo relevante”, observou.

O executivo também minimizou os impactos das novas regras da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla inglês), que prevê créditos e punições para armadores de acordo com o nível de emissão de gases poluentes na atmosfera.

Durante a Nor-Shipping, representantes do setor defenderam que o cálculo precisa considerar a distância entre os fornecedores e seus mercados para não punir de forma desproporcional cargueiros que realizam grandes deslocamentos geográficos.

“Claro que a gente está mais distante dos clientes que os nossos competidores e a gente navega grandes distâncias, carregando grandes quantidades de carga. Mas a regulação que foi aprovada não é uma regulação de taxação absoluta sobre as emissões. Então, ela permite a gente avançar sem ter impactos muito altos.”

*A repórter viajou a convite do Consulado da Noruega no Rio de Janeiro

A Tribuna - SP   05/06/2025

O edital de licitação para contratar a dragagem de aprofundamento do Canal do Porto de Santos para 16 metros (atualmente tem entre 14 e 15 metros, dependendo do local) será lançado no segundo semestre deste ano. Em paralelo, será iniciada a derrocagem (remoção) de rochas em 33 pontos do canal de acesso, que é a primeira etapa antes de começar a dragar os sedimentos do estuário.

“O processo da derrocagem das pedras está em fase de análise documental e a expectativa é que no início do segundo semestre seja possível dar início às obras. Em paralelo, tramita na APS o projeto de aprofundamento do canal para 16 metros”, informou a Autoridade Portuária de Santos (APS), em nota.

Questionada, a administração portuária não informou o nome da empresa vencedora do certame para a derrocagem nem o valor do serviço contratado. A companhia assinará um contrato válido por 18 meses se responsabilizando pela elaboração dos projetos básico e executivo e a retirada do material rochoso cujo volume é estimado em 10 mil metros cúbicos (m³).

A APS publicou o edital para a derrocagem em 7 de outubro do ano passado e as propostas das empresas licitantes foram entregues no dia 29 daquele mês.

Levantamento
Um estudo recebido pela APS identificou inicialmente 31 pontos existentes na entrada, no meio (em frente ao Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini, administrado pelo Concais) e no final do estuário, próximo à Ilha Barnabé, além de áreas de acesso e berços de atracação. Atualmente, foram identificados 33 pontos com rochas a serem retiradas, de acordo com a estatal.

Para A Tribuna, em outubro do ano passado, o presidente da APS, Anderson Pomini, disse que a iniciativa atende a uma necessidade antiga dos armadores de cabotagem e de longo curso que utilizam o Porto de Santos.

Segundo ele, a partir do derrocamento das rochas, abre-se um caminho seguro para chegar aos 16 metros e, na sequência, aos 17 metros de profundidade. Isso, disse Pomini, trará tranquilidade definitiva para o Porto receber, a qualquer hora do dia ou da noite, os maiores navios do mundo.

Os métodos e equipamentos a serem usados deverão estar descritos nos projetos básico e executivo. A gestora do complexo portuário destacou que a vantagem de se fazer a derrocagem antes do aprofundamento é já contar com a licença ambiental.

Dragagem
A dragagem de aprofundamento para 16 metros está orçada em R$ 324,1 milhões e a obra poderá ser executada por meio de concessão patrocinada, na modalidade de parceria público-privada (PPP).

A APS calculava iniciar as obras em outubro deste ano e concluir em junho de 2026, mas esse cronograma pode ser alterado já que o edital de licitação será lançamento em meados do segundo semestre.

Manutenção
O Canal de Navegação do Porto de Santos sob jurisdição da Autoridade Portuária de Santos (APS) possui extensão de 24,6 km, largura de 220 metros e profundidade de 15 metros, se estendendo da Barra até o Pier da Alemoa, informou a APS.

Essa área passa por constantes dragagens de manutenção, para manter a profundidade atual. Cada período de dragagem, em torno de dois meses, podem ser retirados mais de 900 mil metros cúbicos de sedimentos. “O Porto está situado em um estuário natural, que diariamente recebe um volume significativo de sedimentos que podem provocar assoreamento e reduzir a profundidade do canal de navegação”, explica a APS. No final do ano passado, foram gastos R$ 15 milhões em dragagem.

PETROLÍFERO

Valor - SP   05/06/2025

Resultado reflete a evolução nos campos de Atlanta, que atingiu o maior nível de produção desde o início da operação, e Papa-Terra, que registrou o melhor desempenho mensal desde setembro de 2021, segundo a empresa

A Brava Energia teve produção recorde de 88,5 mil barris de óleo equivalente por dia em maio, alta de 8,2% na comparação com abril e crescimento de 25% sobre a média do primeiro trimestre.

A produção de petróleo da companhia, surgida da fusão entre 3R Petroleum e Enauta, ficou em 74,3 mil barris por dia no quinto mês de 2025, enquanto a produção de gás natural foi de 14,2 mil barris equivalentes por dia.

A empresa destaca que o resultado reflete a evolução nos campos de Atlanta, que atingiu o maior nível de produção desde o início da operação, e Papa-Terra, que registrou o melhor desempenho mensal desde setembro de 2021.

A companhia também chama atenção que a produção de gás natural no Campo de Manati foi retomada após meses interrompida, alcançando 2,9 mil barris de óleo equivalente por dia nos últimos 10 dias do maio.

A Brava é operadora dos complexos Potiguar, Recôncavo, Papa-Terra, Atlanta e Peroá, bem como detém participação de 35% em Pescada, 45% no campo de Manati, ambos operados pela Petrobras, e 23% em Parque das Conchas, este operado pela Shell.

Valor - SP   05/06/2025

Para entidades, as áreas deveriam ser ofertadas sob regime de partilha de produção, e a licitação desrespeita pareceres técnicos do Ibama, bem como recomendações do MPF

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) entraram, nesta semana, com ação popular para suspender a oferta de parte dos 170 blocos em leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que será realizado dia 17.

Confira os resultados e indicadores da Petrobras e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360

Segundo as entidades, a ação visa retirar do certame os 47 blocos localizados na Bacia da Foz do Amazonas, como parte do 5º ciclo da oferta permanente de concessão da ANP.

Para a FUP e a Anapetro, as áreas deveriam ser ofertadas sob o regime de partilha de produção, como ocorre atualmente com o pré-sal, por serem consideradas áreas estratégicas. Também afirmam, na ação, que a licitação desrespeita pareceres técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e recomendações do Ministério Público Federal.

Oferta permanente

A oferta permanente é uma modalidade segundo a qual as empresas não precisam esperar uma rodada “tradicional” de leilões. Os interessados ficam permanentemente aptos para arrematar blocos de petróleo. Da mesma forma, o edital só é alterado para inclusão de novas áreas e exclusão de outras que foram arrematadas.

No modelo tradicional, as empresas são habilitadas para cada leilão e os blocos, incluídos em editais unicamente produzidos para cada certame. Os leilões públicos, nos quais interessados apresentam ofertas pelas áreas pretendidas, continuam ocorrendo como habitualmente – são as sessões públicas de cada ciclo da oferta permanente.

Os ciclos são abertos a partir da declaração de interesse das empresas pelas áreas. Entre a declaração de interesse e os leilões, decorre um prazo de 120 dias.

Os vencedores das sessões públicas passam a cumprir prazos de entrega de documentos exigidos no edital e de pagamento do bônus de assinatura, além da assinatura dos contratos, que podem ser de concessão ou de partilha.

A diferença na oferta permanente é que, se for de concessão, as áreas arrematadas são concedidas às empresas. O critério para vencer o leilão de uma área de petróleo sob o regime de concessão é a oferta do bônus de assinatura e o Programa Exploratório Mínimo (PEM).

Na oferta permanente de concessão, vence quem tiver a maior nota, calculada mediante atribuição de pontos e pesos aos critérios de bônus de assinatura e do PEM.

O bônus de assinatura é o valor em dinheiro ofertado pelo bloco. O PEM é um conjunto de atividades que o vencedor da área no leilão se compromete a executar durante a primeira fase do contrato, de exploração.

Partilha de produção

No regime de partilha de produção, o Estado brasileiro é proprietário do petróleo e gás natural produzidos em áreas do pré-sal, de modo que as petroleiras atuam como operadoras. A PPSA é a responsável pela gestão de 17 contratos no regime de partilha.

Nos leilões passados e na chamada oferta permanente de partilha (OPP), as petroleiras disputam áreas no pré-sal e o critério para vitória é da oferta à União do excedente em óleo.

Excedente em óleo é a parcela da produção de petróleo e/ou gás natural a ser repartida entre a União e a empresa vencedora, segundo critérios definidos no contrato e o percentual ofertado na rodada.

Infomoney - SP   05/06/2025

A Petrobras (PETR4) informou nesta quarta-feira que apresentou uma declaração de interesse em blocos exploratórios localizados em áreas offshore da Costa do Marfim, e que obteve a aprovação pelo país africano de declaração em nove blocos.

Esta é a primeira etapa no processo de aquisição de áreas exploratórias na Costa do Marfim, segundo comunicado da Petrobras ao mercado, acrescentando que a segunda etapa é de negociação dos contratos dos blocos exploratórios. A declaração visa garantir exclusividade na negociação dos contratos.

O movimento, disse a petroleira, está alinhado com sua estratégia de longo prazo de recompor reservas de óleo e gás por meio de exploração de novas fronteiras no Brasil e no exterior.

RODOVIÁRIO

Valor - SP   05/06/2025

Aditivo vai elevar o valor do contrato de R$ 7 bilhões para mais de R$ 10 bilhões, fator que era importante para destravar o início da construção, que deve ser iniciada em até 12 meses

O governo da Bahia e um consórcio formado por empresas chinesas assinaram, nesta quarta-feira (04), um aditivo no contrato para construção da ponte Salvador-Itaparica, obra de grandes proporções que deve ligar a capital baiana à Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos. O aditivo vai elevar o valor do contrato de R$ 7 bilhões para mais de R$ 10 bilhões, fator que era importante para destravar o início das obras. Com isso, a construção da ponte deve ser iniciada em até 12 meses.

As informações foram confirmadas ao Valor por fontes envolvidas nas negociações. O aditivo no contrato foi assinado hoje pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), aliado do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, segundo interlocutores, crescem as chances de a obra da ponte ser incluída no rol de empreendimentos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das apostas de Lula para a área de infraestrutura.

O assunto estava sendo monitorado de perto pelo Palácio do Planalto. Há algumas semanas, inclusive, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e o governador Jerônimo Rodrigues participaram juntos de reuniões de trabalho em Pequim, na China, para tentar conseguir um acordo justamente sobre a assinatura desse aditivo.

O motivo é que o consórcio formado para a construção da ponte é integrado por duas companhias chinesas: a China Railway 20th Bureau Group Corporation (CRCC20) e a China Communications Construction Company (CCCC). A expectativa do governo Bahia e da gestão petista é que as obras gerem aproximadamente 7 mil empregos diretos e indiretos no país.

O Valor apurou também que, por conta da importância desse aditivo, assessores do Planalto comunicaram o presidente Lula, há pouco, sobre a assinatura do contrato entre o governo baiano e as empresas chinesas. Lula está neste momento em viagem pela França, onde irá participar da Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos.

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