Valor - SP 02/06/2025
A U.S. Steel foi a maior siderúrgica do mundo até a década de 1960, mas, em 2023, produziu cerca de 15 milhões de toneladas — um terço da produção da Nippon Steel
A tentativa da Nippon Steel de comprar a U.S. Steel está entrando em seus estágios finais, destacando como uma indústria americana protegida por tarifas ficou para trás em inovação tecnológica e agora está pagando as consequências.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou na semana passada sua aprovação a um acordo que inclui o investimento maciço da Nippon Steel na U.S. Steel num contexto mais amplo de uma indústria siderúrgica americana em dificuldades.
O setor tem enfrentado crises recorrentes e estagnação tecnológica devido à dependência anterior de políticas protecionistas, como tarifas e controles de importação. Sem a tecnologia que acompanha o investimento estrangeiro, a retomada da indústria siderúrgica que Trump defende se tornará ainda mais distante.
Trump deve discursar na sexta-feira na Pensilvânia, sede da U.S. Steel. Ele deve abordar a proposta da Nippon Steel pela siderúrgica americana.
A U.S. Steel vem registrando prejuízo há dois trimestres consecutivos devido à queda nas remessas, aos preços em baixa e aos altos investimentos em seus fornos elétricos. O preço da ação da empresa subiu 24% entre 22 de maio, véspera do anúncio de Trump, e quarta-feira, com base no otimismo de que o investimento proposto pela Nippon Steel restaurará a saúde financeira da U.S. Steel.
A Nippon Steel lançou US$ 14 bilhões em investimentos adicionais com a condição de que a U.S. Steel se tornasse uma subsidiária integral. "Estamos trazendo nossa tecnologia de produção de alto valor agregado, então não podemos fazer um investimento que não gere retorno", disse o vice-presidente executivo, Takahiro Mori.
Sem controle total sobre a empresa, a Nippon Steel teme que a tecnologia possa vazar.
A Nippon Steel pretende produzir aço de alta qualidade nos Estados Unidos por meio da introdução de sua tecnologia. Embora os Estados Unidos consumam 95 milhões de toneladas métricas de aço anualmente, produzem apenas 70% desse total internamente, de acordo com a Nippon Steel.
O investimento também beneficiará a indústria naval e outros setores que ajudarão a cumprir a meta de Trump de aumentar a autossuficiência dos Estados Unidos em aço usado em suprimentos militares e outras aplicações de defesa.
Trump aceitou o investimento da Nippon Steel, pois a indústria siderúrgica americana havia perdido sua vantagem competitiva. Em 2023, os Estados Unidos eram o quarto maior produtor mundial de aço bruto, com 81,4 milhões de toneladas, uma queda de cerca de 10% em 20 anos.
A produção americana foi ultrapassada pelo Japão na década de 1980 e, em seguida, pela China na década de 1990. Desde 2000, a China domina o mercado global, respondendo por metade da produção total.
A U.S. Steel foi a maior siderúrgica do mundo até a década de 1960, mas, em 2023, produziu cerca de 15 milhões de toneladas — um terço da produção da Nippon Steel. A diferença entre os Estados Unidos e países como Japão e China é clara.
Apesar da baixa competitividade das siderúrgicas americanas, o governo as protegeu consistentemente em tempos de crise por meio de políticas como tarifas e controles de importação para proteger o emprego e a produção.
Esse protecionismo levou a inovação tecnológica à estagnação.
"O desafio das tarifas é que elas, na verdade, tendem a diminuir o desejo de inovar nesse setor protegido, porque não há tanta concorrência estrangeira. Isso leva ao potencial de perdas de produtividade no futuro", disse Meagan Schoenberger, economista sênior da KPMG.
Cerca de 70% do aço bruto produzido nos Estados Unidos é feito em fornos elétricos, onde aço usado e sucata são fundidos usando eletricidade. Isso se deve, em parte, à abundância de sucata e aos preços mais baixos da eletricidade em comparação com o Japão.
O aço produzido em fornos elétricos é adequado para uso geral, como materiais de construção. Chapas de aço para automóveis, que exigem alta qualidade, são melhor produzidas em altos-fornos, que podem produzir aço com menos impurezas. O Japão, que produz cerca de 70% de seu aço bruto em altos-fornos, tem uma vantagem nesse aspecto.
Empresas japonesas como a Nippon Steel aprimoraram técnicas para ajustar ingredientes e superfícies de processamento para atender aos rigorosos requisitos de qualidade de clientes como a Toyota. O país pode fabricar produtos como chapas de aço de alta resistência para automóveis e chapas de aço elétrico para veículos elétricos.
O Japão também tem uma vantagem em equipamentos. Na indústria siderúrgica, a qualidade pode ser melhorada mesmo com equipamentos antigos, por meio da mudança de técnicas. A Nippon Steel acredita que pode combinar sua tecnologia operacional com as instalações existentes da U.S. Steel para produzir aço de alta qualidade.
Trump espera reanimar a indústria siderúrgica dos Estados Unidos com tarifas. Ele impôs taxas adicionais sobre produtos importados de aço e alumínio em 12 de março, o que eleva os preços.
O preço médio do aço laminado a quente nos Estados Unidos aumentou 6% desde 10 de março, atingindo US$ 920 por tonelada em meados de maio, quase o dobro da média mundial, de acordo com o sistema global de preços SteelBenchmarker.
No entanto, as tarifas também estão causando a deterioração dos lucros dos clientes. Em 7 de maio, a siderúrgica Cleveland-Cliffs anunciou a suspensão da produção em seis siderúrgicas no país.
Enquanto os custos das matérias-primas estão subindo, a demanda das montadoras e de outros clientes está fraca, reduzindo os lucros mesmo com a alta dos preços do aço.
Trump também impôs tarifas sobre aço e alumínio durante seu primeiro mandato. Como resultado, as importações de aço dos Estados Unidos caíram cerca de 10 milhões de toneladas por ano e a produção de aço bruto em 2019 aumentou 8% em relação a 2017. Esse número caiu 9% entre 2019 e 2024, resultando na paralisação da reestruturação da U.S. Steel.
IstoÉ Dinheiro - SP 02/06/2025
A União Europeia “lamenta profundamente” as novas tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, sobre o aço e o alumínio, que “minam os esforços em andamento para chegar a uma solução negociada” com os Estados Unidos, reagiu a Comissão Europeia neste sábado (31).
A UE está “disposta” a responder. “Se uma solução mutuamente aceitável não for encontrada”, as “contramedidas” entrarão em vigor em 14 de julho, “ou mesmo antes, se as circunstâncias exigirem”, disse uma porta-voz.
O anúncio de Donald Trump “adiciona uma nova incerteza à economia mundial e aumenta os custos para os consumidores e as empresas dos dois lados do Atlântico”, criticou a Comissão Europeia.
O presidente americano anunciou, na sexta-feira, que na próxima quarta as tarifas sobre a importação de aço e de alumínio vão dobrar, chegando a 50%, em uma nova escalada de sua ofensiva protecionista.
Desde que voltou à Casa Branca, em janeiro, Trump impôs tarifas alfandegárias generalizadas, tanto a países aliados quanto a adversários. As medidas sacudiram a ordem comercial mundial e agitaram os mercados financeiros.
Após um período de tensão, a Europa esperava “um novo impulso” nas negociações após a conversa por telefone entre Donald Trump e a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, há uma semana.
O comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, e seu contraparte americano, Howard Lutnick, conversaram em várias ocasiões nos últimos dias.
E pode haver novos diálogos na terça ou na quarta-feira, à margem de uma reunião ministerial, em Paris, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), composta principalmente por países ocidentais.
Nos últimos meses, a UE foi afetada em várias ocasiões pelas tarifas adotadas pelo governo americano: de 25% sobre o aço e o alumínio, anunciada em meados de março, de 25% sobre os automóveis, e de 20% sobre o restante dos produtos europeus, em abril.
A administração Trump suspendeu este novo imposto até 9 de julho, a fim de estabelecer negociações.
Mas se supõe que continuará aplicando tarifas de 10% para a maioria dos produtos exportados pelo bloco europeu aos Estados Unidos, a menos que a justiça americana as bloqueie em definitivo.
Esta semana, dois tribunais decidiram que Donald Trump não tinha o direito de impor algumas destas tarifas alfandegárias, embora estas permaneçam em vigor até que o assinto seja resolvido definitivamente.
IstoÉ Dinheiro - SP 02/06/2025
Os American Depositary Receipts (ADRs) da Gerdau deram um salto de 6,46%, cotados a US$ 2,80, no pregão estendido da Bolsa de Nova York (Nyse), diante da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de elevar as tarifas do aço para um total de 50%, visando proteger a indústria siderúrgica do país. Mais de 40% do faturamento da Gerdau vem da América do Norte.
No início do ano, bancos já previam que a siderúrgica brasileira se beneficiaria da onda tarifária de Trump. O movimento da Gerdau na Nyse destoa do pregão regular, em que o papel caiu 4,36%, em linha com as ações preferenciais negociadas no Ibovespa, que perderam 3,17% no pregão desta sexta-feira.
IstoÉ Dinheiro - SP 02/06/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que vai duplicar as tarifas à importação de aço e de alumínio, até 50%, para defender a produção nacional.
Desde que voltou à presidência em janeiro, Trump impôs tarifas generalizadas, tanto a aliados quanto a adversários, medidas que sacudiram a ordem comercial mundial e agitaram os mercados financeiros.
Também impôs tarifas aduaneiras de 25% a produtos específicos como o aço, o alumínio e os automóveis.
– ‘Uma grande honra’ –
“É uma grande honra para mim aumentar as tarifas ao aço e ao alumínio de 25% para 50%, a partir da quarta-feira 4 de junho”, escreveu o presidente republicano em sua rede Truth Social.
“Esta será outra grande notícia para nossos maravilhosos trabalhadores do aço e do alumínio”, afirmou na mensagem, que termina com seu lema de campanha: “Make America Great Again!” (“Façamos os Estados Unidos grandes outra vez!”, em tradução livre).
Antes, em uma fábrica da gigante da metalurgia US Steel, disse que elevaria “de 25 a 50% as tarifas ao aço” para proteger “a indústria siderúrgica”.
Ele o fez na Pensilvânia, um estado do nordeste estratégico em termos eleitorais e berço da siderurgia nacional.
“Ninguém vai evitar isso”, acrescentou o presidente no púlpito, diante dos trabalhadores, que usavam capacetes de segurança e coletes com faixas refletoras.
Após esse anúncio, parte dos presentes gritou: “Estados Unidos, Estados Unidos!”
Segundo a Administração de Comércio Internacional dos Estados Unidos, desde março de 2024 até fevereiro de 2025, o Brasil foi o segundo maior exportador de aço ao país, com 3,7 milhões de toneladas métricas, seguido pelo México, com 2,9 milhões. O primeiro é o Canadá.
Segundo a mesma fonte, a Argentina, cujo presidente ultraliberal Javier Milei mantém uma relação próxima com Trump, foi o sexto exportador de alumínio em 2024 para os Estados Unidos, com mais de 176.000 toneladas.
Os Estados Unidos importam aproximadamente metade do aço e alumínio utilizado em indústrias como a automotiva, a aeronáutica, a petroquímica e de produtos básicos de consumo, como embalagens de alimentos.
O presidente também exaltou a fusão que ele mesmo aprovou na semana passada entre a US Steel e sua rival japonesa Nippon Steel, sobre a qual pouca informação foi divulgada até agora.
“A US Steel seguirá controlada pelos Estados Unidos”, prometeu Trump, que acrescentou que não haverá demissões nem externalização de postos de trabalho devido ao acordo.
Ao retornar a Washington na noite desta sexta-feira, Trump disse aos jornalistas que ainda não deu o aval ao acordo.
“Tenho que aprovar o acordo final com a Nippon, e ainda não o vimos, mas eles assumiram um compromisso muito forte”, declarou o presidente.
Uma proposta de venda da US Steel para a Nippon Steel pelo valor de 14,9 bilhões de dólares suscitou a oposição de republicanos e democratas anteriormente.
O ex-presidente democrata Joe Biden bloqueou o acordo por motivos de segurança nacional pouco antes de deixar o cargo.
– ‘O diabo está nos detalhes’ –
Em um comunicado, David McCall, diretor do poderoso sindicato United Steelworkers (USW), expressou sua preocupação com o impacto da fusão para “a segurança nacional” e “a viabilidade e sustentabilidade a longo prazo das instalações atuais da US Steel”.
“Emitir comunicados de imprensa e fazer discursos políticos é fácil. Obter compromissos vinculantes é difícil. O diabo sempre está nos detalhes, e isso é especialmente correto no que tange uma empresa maliciosa como a Nippon Steel, que violou repetidamente nossas leis comerciais”, acrescentou.
Segundo Trump, a US Steel permanecerá nos Estados Unidos e sua sede ficará em Pittsburgh. Anteriormente, calculou que o acordo com a Nippon criaria pelo menos 70 mil empregos e somaria 14 bilhões de dólares à economia americana.
Os líderes sindicais afirmam desconhecer que parte desses 14 bilhões de dólares será destinada às plantas representadas pelo sindicato, se é que vai parar em alguma.
Trump se opôs ao plano de aquisição da Nippon Steel durante a campanha eleitoral, mas, desde que voltou à Casa Branca, mudou de opinião.
Valor - SP 02/06/2025
A aquisição, proposta em 2023, dividiu o Estado da Pensilvânia, politicamente estratégico, e sua força de trabalho, majoritariamente sindicalizada, além de gerar tensões nas relações entre EUA e Japão
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou nesta sexta-feira (30) uma “parceria” entre a Nippon Steel e a U.S. Steel, durante um comício, mas não deixou claro se pretende aprovar formalmente a fusão entre as duas empresas.
No palco montado na região de Pittsburgh, Pensilvânia — decorado com cartazes exaltando o “aço americano” — Trump deu sinais de que apoiaria a tão aguardada união entre as companhias japonesa e americana, apesar de já ter se posicionado contra a operação no passado.
A aquisição, proposta inicialmente em 2023, dividiu o Estado da Pensilvânia, politicamente estratégico, e sua força de trabalho, majoritariamente sindicalizada, além de gerar tensões nas tradicionalmente amistosas relações entre Estados Unidos e Japão.
“Estamos aqui, hoje, para celebrar um acordo extraordinário que garantirá que essa histórica empresa americana continue sendo americana”, disse Trump a mais de 1.600 pessoas, incluindo trabalhadores com capacetes. “Vocês vão continuar sendo uma empresa americana, sabem disso, certo? Mas vamos ter um grande parceiro.”
A visita de Trump é vista como uma tentativa de encerrar os 18 meses turbulentos de negociações da Nippon Steel para adquirir a U.S. Steel, enfrentando resistência de sindicatos e duas revisões de segurança nacional. A Casa Branca e as empresas ainda não comentaram oficialmente o status das negociações.
Na semana passada, Trump anunciou o comício e sinalizou apoio à fusão em uma postagem nas redes sociais, o que fez as ações da U.S. Steel subirem mais de 20%, com investidores apostando numa aprovação iminente. No entanto, no domingo (25), ele gerou dúvidas ao descrever o acordo como um investimento com “propriedade parcial”, mantendo o controle nos Estados Unidos.
A U.S. Steel, sediada na Pensilvânia, simboliza tanto a força quanto o declínio da indústria manufatureira americana, especialmente na região conhecida como Rust Belt (Cinturão da Ferrugem). O Estado é um campo de batalha eleitoral, alternando entre democratas e republicanos.
“Não estaríamos aqui, hoje, sem o presidente Trump, que garantiu o futuro da empresa ao aprovar nossa parceria”, afirmou Takahiro Mori, vice-presidente da Nippon Steel, durante o comício.
Apesar disso, o principal negociador comercial do Japão, Ryosei Akazawa, afirmou que ainda não pode comentar sobre a fusão, pois não houve anúncio oficial do governo americano.
Trump tem até a próxima quinta-feira (5) para decidir se aprova ou bloqueia formalmente o acordo, após o Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA concluir uma segunda análise da fusão. No entanto, o prazo pode ser estendido.
A Nippon Steel ofereceu US$ 14,9 bilhões pela U.S. Steel em dezembro de 2023, apostando em um aumento da demanda por aço impulsionado pela lei bipartidária de infraestrutura. Mas o acordo enfrentou resistência desde o início, com o então presidente Joe Biden e Trump defendendo que a U.S. Steel permanecesse sob controle americano.
Questão de segurança nacional
Kamala Harris, que se tornou a candidata democrata em 2024 após Biden se retirar da corrida, também se posicionou contra a venda da empresa a estrangeiros. Biden chegou a bloquear o acordo em janeiro por motivos de segurança nacional, o que levou as empresas a processarem o governo, alegando falta de um processo justo — algo que a Casa Branca negou.
Com a atual administração, a fusão ganhou novo fôlego. A equipe de Trump iniciou uma nova revisão de 45 dias no mês passado. Ainda assim, os comentários públicos do presidente, ora apoiando um simples “investimento”, ora sugerindo uma participação minoritária da Nippon, não tranquilizaram os investidores.
A Reuters apurou que a Nippon Steel propôs investir US$ 14 bilhões nas operações da U.S. Steel, incluindo até US$ 4 bilhões em uma nova usina, caso a fusão seja aprovada.
“Esta será uma parceria planejada entre a United States Steel e a Nippon Steel, que criará pelo menos 70 mil empregos e adicionará US$ 14 bilhões à economia dos Estados Unidos”, publicou Trump na sexta-feira passada (23). “Vejo vocês todos na U.S. Steel, em Pittsburgh, na sexta-feira, 30 de maio, para um grande comício. Parabéns a todos!”
O Estado de S.Paulo - SP 02/06/2025
A agência Moody’s manteve a nota de crédito do governo brasileiro, mas fez um movimento importante ao alterar de positivo para estável a perspectiva à frente. Trata-se de uma espécie de “rebaixamento parcial” da nota, porque piora a avaliação da agência sobre a qualidade das contas do governo.
Com isso, fica praticamente encerrado o sonho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de recuperar o grau de investimento ainda em seu mandato.
As razões da Moody’s para trocar o positivo pelo estável são conhecidas. De um lado, a agência reconhece esforços, como o estabelecimento de um teto para o crescimento do salário mínimo, em 2,5% ao ano acima da inflação; mas, por outro, afirma que são necessárias reformas mais profundas não só para desacelerar o gasto, mas para controlar as expectativas de inflação e os seus efeitos sobre as taxas de juros.
“Reformas mais profundas, como a redução da vinculação de receitas e o desvinculamento dos benefícios sociais do salário mínimo seriam necessárias para aliviar grande parte da rigidez dos gastos no Brasil e aumentar a capacidade do governo de responder a choques. Essas reformas estruturais nos gastos também ajudariam a reduzir as expectativas de inflação e as taxas de juros de forma mais ampla”, disse a agência.
A Moodys diz que a Selic em alta piorou as projeções de endividamento do governo brasileiro, que agora vão estabilizar em 88%, e não em 82%. Mas exime o Banco Central de culpa, porque diz que o aumento da inflação é sustentado pelo forte crescimento econômico (que acontece em função de estímulos dados pelo governo), além de dizer que a piora fiscal afeta o dólar e as projeções de inflação à frente.
Em setembro, a equipe econômica e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva haviam se encontrado com representantes da Moody’s durante viagem a Nova York, e esse “aval” de Lula aos planos de Haddad para controlar gastos foi determinante para a melhora da nota, que veio em sequência, e com perspectiva positiva.
No final do ano, no entanto, Lula encaminhou a proposta de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil e ajudou a minar o pacote fiscal elaborado por Haddad, como por exemplo, alterações previstas no projeto no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que não ganharam apoio do PT nem da base aliada.
A equipe econômica também queria mudanças nos pisos da saúde e da educação, para tentar, ao menos, colocar o crescimento sob o teto de 2,5%, mas não conseguiu.
Sem expectativa de nenhum avanço relevante no campo fiscal - ainda que haja as negociações envolvendo o IOF - e com eleições à frente, que pode levar a um aumento de gastos, a Moody’s decidiu corrigir o rumo e colocar o Brasil em perspectiva estável.
Lula sepultou o sonho do grau de investimento ao sabotar a agenda de Haddad.
Veja - SP 02/06/2025
A leitura de analistas do mercado é o avanço do PIB deve levar o Banco Central a manter a taxa nos atuais 14,75 % até ter sinais mais claros de perda de fôlego da demanda e de melhor ancoragem das expectativas de inflação.
Para José Alfaix, economista da Rio Bravo, o resultado do PIB confirma que a economia “ainda resiliente no 1° Tri” recebeu impulso de uma “forte retomada do agro”, de um mercado de trabalho aquecido e, sobretudo, de medidas de estímulo ao crédito fora do Orçamento. Ele enumera “o novo consignado CLT, o anúncio do Faixa 4 do MCMV, a liberação do saque-aniversário do FGTS, novas linhas de crédito para a troca de motocicletas e reformas de residências, o novo desenho do Auxílio-gás e o programa Pé-de-meia”. “O forte estímulo à demanda e ao consumo fazem com que esses componentes alimentem um mercado de trabalho operando acima do seu limite não inflacionário, e, a despeito das consequências, faça a economia crescer mesmo com juros reais de 9 %”.
Nesse ambiente, cortar a Selic cedo demais seria arriscado. O diagnóstico de Pedro Ros, CEO da Referência Capital e de o avanço do PIB “surpreende positivamente, mas exige leitura cautelosa”. O fato de o crescimento vir “puxado pelo setor de serviços e pelo agronegócio, enquanto a indústria segue estagnada” indica, segundo Ros, que “a taxa de juros elevada continua freando o investimento produtivo e o consumo das famílias”. Embora o dado seja “positivo”, não altera “o cenário de cautela”: sem equilíbrio fiscal e ambiente de confiança, diz ele, “o Brasil seguirá crescendo abaixo do seu potencial”.
Ao analisar o quadro, Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos adverte: “a manutenção de juros elevados pode limitar o crescimento nos próximos trimestres, especialmente se não houver avanços significativos na confiança dos investidores e na redução das incertezas fiscais”.
Enquanto o impulso ao consumo mantiver o mercado de trabalho apertado e faltar clareza sobre o ajuste fiscal, a Selic deve continuar alta. Segundo as projeções do mais recente Boletim Focus apontam que os juros devem continuar no patamar de 14,75% até o fim do ano.
O Estado de S.Paulo - SP 02/06/2025
O economista-chefe do banco Bradesco, Fernando Honorato, esperava um crescimento um pouco maior do Brasil no primeiro trimestre. A previsão era de uma alta de 1,8%, mas o número divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou uma avanço de 1,4%.
“O PIB veio um pouquinho mais baixo do que a gente imaginava. O nosso erro veio, basicamente, de gastos do governo”, afirma. Mas, ainda assim, destacou que “é um PIB bastante forte por várias óticas que a gente olha”.
Com a escalada da taxa básica de juros desde o ano passado, Honorato avalia que a economia brasileira já dá sinais de desaceleração neste segundo trimestre. “Isso é especialmente verdadeiro no caso das importações. Isso também é verdadeiro no caso do crédito.”
Para 2025, no entanto, estima que a economia brasileira deve crescer 1,9%, mas reconhece que essa previsão pode melhorar. Ele também descartou o risco de uma recessão técnica, quando há queda do PIB por dois trimestres seguidos.
“Não temos mais recessão técnica no cenário, porque, de fato, a gente viu um desemprego bem mais baixo do que imaginávamos. E alguns programas, como o crédito consignado, a liberação do Fundo de Garantia (FGTS) e o volume de precatórios deste ano evitam uma recessão neste ano”, afirma.
A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Estadão.
Qual é a avaliação do resultado da economia no primeiro trimestre?
O PIB veio um pouquinho mais baixo do que a gente imaginava. O nosso erro veio, basicamente, de gastos do governo. Foram menores do que a gente tinha projetado, mas os demais componentes vieram, basicamente, em linha (com a nossa projeção). Apesar de a nossa projeção ser uma das maiores do mercado — era de 1,8% —, o resultado do PIB veio, essencialmente, em linha com o que o mercado esperava. E é um PIB bastante forte por várias óticas que a gente olha.
O crescimento da economia brasileira tem surpreendido desde a pandemia. Não é um fenômeno exclusivo do último trimestre ou do último ano. Ainda que nós tenhamos um PIB de 1,9% para este ano, tem uma chance de a economia surpreender novamente neste ano e crescer mais perto de 2,5%. Será basicamente o quinto ano consecutivo de surpresas com o crescimento da economia brasileira.
O que explica essa surpresa recorrente?
De um lado, tem uma avaliação de que a expansão do gasto público desde a pandemia ajudou a empurrar a economia. Afinal de contas, houve todas as transferências. Isso gerou poupança, e o consumo foi mais durador no tempo. Mais recentemente, em 2023 e 2024, houve a regularização dos precatórios, que foi em um volume bastante importante e também ajudou o consumo. Além de todas as políticas do governo ligadas ao reajuste do salário mínimo, à expansão do número de beneficiários dos programas sociais, ainda que o governo não tenha propriamente afrouxado as regras. Tem um conjunto de iniciativas desde a pandemia de expansão fiscal, e isso tem empurrado a economia mais do que os economistas estimam.
A segunda parte é que tem um PIB potencial um pouco mais alto da economia brasileira. A gente estima alguma coisa como 2,3%, talvez, em 2,5% no melhor cenário. É difícil ter uma estimativa muito exata dessas variáveis. Essa surpresa de crescimento tem sido muito sistemática para atribuir apenas à conjuntura. Mesmo o gasto público, quando a gente controla por ele, a despesa federal em relação ao PIB, até caiu no último ano, e sozinha não explica. Os Estados e os municípios também gastaram muito dinheiro desde a pandemia, e isso a gente não costuma olhar com tanta frequência. Então, quando a gente combina a expansão fiscal com um PIB potencial mais alto, acho que conseguimos explicar boa parte dessas surpresas recorrentes do PIB.
E é uma economia crescendo acima do potencial…
Sim. E quais são os canais? O mais óbvio é que o déficit em conta corrente está se ampliando. O País está demandando mais. A absorção doméstica está superando o PIB. Isso é um indício de que a economia está crescendo acima do potencial. Dois, a gente tem o desemprego nas mínimas históricas, com o crescimento do salário real. E, por último, tem a inflação. Quando olhamos para os núcleos de inflação — se você pegar serviços ou os núcleos —, essa inflação acelerou no último ano. Também é outro indício de que a economia cresce acima do potencial.
Mas a economia não deveria estar respondendo ao aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central?
Eu acho que tem duas coisas. De um lado, essa expansão fiscal, e mesmo esse PIB potencial mais alto, fizeram com que a economia ganhasse tração através de um desemprego muito baixo. Esse desemprego muito baixo tem uma inércia longa. Demora para a economia perder tração, você tem uma inércia do crescimento, vou chamar assim. E, de outro lado, tem a defasagem da política monetária. Ela leva tempo para fazer efeito. O prazo médio com que o próprio Banco Central estima que a política monetária faça efeito na atividade é a partir de um prazo médio da ordem de nove a 12 meses. O fato de a economia não ter respondido plenamente aos juros não quer dizer que ela não vai responder daqui para frente. Leva tempo para esse processo acontecer. E nós vemos alguns sinais de que a economia já está esfriando.
Quais são esses sinais?
Isso é especialmente verdadeiro no caso das importações. Isso também é verdadeiro no caso do crédito. A gente começa a ver alguma transmissão via aumento de juro do sistema e via uma inadimplência um pouco maior. E até na própria inflação. Ainda é cedo para dizer, mas eu acho que ela começa a dar alguns sinais de arrefecimento, pelo menos na parte de bens industriais, da parte do câmbio afetando a inflação, começa a arrefecer. Isso tem mais a ver com o câmbio do que com o esfriamento da economia. Mas pode ter um indício inicial de que a economia também está perdendo um pouco de fôlego. E mais dois pontos. Primeiro, a pesquisa empresarial que nós fazemos com 3 mil empresas. Os dados de maio mostram algum arrefecimento da demanda na indústria. A gente também faz uma conta de PIB cíclico, que inclui todos os setores da oferta, exceto agropecuária, (indústria) extrativa, atividade imobiliária e administração pública. Quando a gente tira esses fatores, ela mostra que esse PIB cíclico está meio no zero a zero há dois trimestres.
E o que explica o investimento crescer com o juro tão alto?
Se pegar os dados do PIB, a indústria está meio estável há três, quatro trimestres. O que, de fato, está andando é a agropecuária. No caso da indústria, que é mais sensível ao juro, não dá para descartar a hipótese de que ela está mostrando alguma estabilidade. E do lado da demanda, tem uma boa notícia do PIB, que foi o crescimento dos investimentos. Eu tenho dito o seguinte: o consumo estava rodando muito acima do investimento por um bom tempo. E isso começa a produzir alguma alguma fricção ou o déficit externo. O País está consumindo e não está investindo, então começa a aumentar o déficit externo, e as empresas começam a ter a utilização de capacidade aumentada e precisam investir. O investimento, na verdade, está fechando esse gap para o consumo, que rodou muito acima do investimento entre basicamente entre 2021, 2022 até 2023. Então, a certa altura, mesmo com o juro alto, as empresas brasileiras precisavam investir para atender esse consumo que estamos vendo.
O Bradesco estima que a taxa básica de juros deve encerrar este ano em 14,25%. Qual é a expectativa para o Copom?
A gente acha que o Banco Central parou de subir juros. Essa nossa avaliação foi reforçada depois da medida do IOF. Essa medida no crédito para pessoa jurídica, especialmente no segmento de média e pequena empresas, que não têm tanto acesso ao mercado de capitais, é uma medida forte, cujo objetivo, na minha impressão, era arrecadatório, mas que tem um efeito colateral sobre a política monetária. Não acho que o governo estava mirando a política monetária, mas tem efeito colateral, de um aperto adicional do crédito. O crédito ficou mais caro.
E o que vai justificar um eventual corte de juros?
A confusão no ambiente global tem cumprido alguns papéis que interagem com o tema da política monetária no Brasil. Primeiro, toda a incerteza da economia americana tem levado ao enfraquecimento do dólar e, como contrapartida, a um fortalecimento do real. E eu ainda acho que, mesmo com os recuos do governo americano, a incerteza vai produzir um menor crescimento global. Então, menor crescimento global e dólar mais fraco são indicativos de que tem menos inflação importada vindo para o Brasil. O preço do petróleo mostra isso.
Isso ajuda o trabalho do BC...
Se você pegar a inflação dos últimos 12 meses no Brasil, estimamos que tem mais ou menos uns 80 basis points (0,8 ponto porcentual) de inflação pelo fato de o real ter depreciado, saído de R$ 5 para R$ 6. Se daqui para frente, nós não tivermos essa contribuição do câmbio — eu acho que ele é estável ou até aprecia de onde está —, deveríamos ver uma pressão menor sobre a inflação. Quando a gente chegar no final do ano, e o Banco Central tiver olhando para o horizonte relevante, na metade de 2027, fazendo a simulação do modelo com a Selic de 14,75% e o câmbio estável, os modelos vão indicar uma inflação abaixo do centro da meta. Isso abre espaço para ele fazer algum afrouxamento de juros. Essa é a nossa lógica.
Nesse meio tempo, eu acho que a economia vai mostrar sinais de esfriamento. A nossa projeção de um crescimento de 1,9% tem resultados mais fracos daqui para frente. O número que está saindo do segundo trimestre, até agora, sugere que o PIB pode ser maior do que esse 1,9%. Tem uma chance de eu revisar para cima, mas ainda assim, quando a gente olhar o segundo semestre cheio, nós vamos ver números que vão ser menores do que o potencial. Portanto, quando eu combinar lá em dezembro, que é quando ocorre o nosso corte de juros, o modelo do Banco Central apontar que a projeção de inflação está abaixo do centro da meta com uma economia que vai estar dando sinais na margem de crescimento abaixo do potencial, eu acho é suficiente para ele cortar o juro, mesmo com a inflação corrente rodando perto de 5,5% em 12 meses, mesmo com a projeção de 2026, ainda ali, digamos, dentro da meta, mas talvez um pouco acima do centro.
O Bradesco projeta uma desaceleração do PIB ao longo dos trimestres, mas enxerga a possibilidade de uma recessão técnica, como muitos economistas previam no início do ano?
Não mais. Não temos mais recessão técnica no cenário, porque, de fato, a gente viu um desemprego bem mais baixo do que imaginávamos. E alguns programas, como o crédito consignado, a liberação do Fundo de Garantia (FGTS) e o volume de precatórios deste ano evitam uma recessão neste ano.
Na parte fiscal, a previsão do Brasil é de que a dívida chegue a 85% do PIB ao final do governo atual. É um número alto. Qual é o risco desse tamanho de endividamento?
É curioso porque não tem número mágico para a dívida pública. Para dar uma resposta, de fato, binária, se estamos ou não estamos na eminência de uma crise, não tem um número muito mágico, não. Aliás, para nenhum país. O que eu costumo dizer é uma dívida de 60% do PIB de um país emergente, que é percebida como crescente, pode gerar uma enorme aversão ao risco e piora dos preços de ativos. E uma dívida de 90% do PIB, que é, talvez, no patamar em que a gente vai chegar, mas percebida como decrescente, pode até gerar uma melhora dos preços de ativos. Tem muito a ver com a confiança, porque, afinal das contas, um país tem uma perpetuidade. Vai estar aqui para sempre. No fim das contas, o que os investidores que financiam a dívida precisam saber é se essa dívida é crescentemente financiável ou se ela está sendo decrescente e financiada. O nível me incomoda menos. Uma dívida de 85% do PIB, 90% do PIB é um nível obviamente bastante acima da média dos emergentes, mas, se a gente conseguir botar de pé um plano que diga que o resultado primário vai ser crescente e que essa dívida vai convergir em algum ponto do tempo, eu acho que os investidores têm tolerância em carregar a dívida brasileira.
Não vê uma crise tão cedo, por exemplo?
Não acho que estejamos no ponto do precipício em que os investidores não toleram mais carregar a dívida brasileira, e a gente vai para um processo mais crônico de inflação. Mas esses limites são testados todos os dias. Eu acho que o ambiente global ajuda o Brasil por um tempo, a Selic parando de subir e o próximo movimento sendo de queda também ajuda. Tudo isso compra tempo, mas a nossa hora da verdade das contas públicas está se aproximando. A gente vai ter de equacionar isso. Eu acho que em 2027, 2028 vai ser a hora de equacionar. Eu vejo uma crise nas contas públicas nos próximos dois, três anos? Não. A dívida não tem um problema de liquidez. A dívida é local, financiada majoritariamente e em reais. Não tem um dia D. Não tem algo que você olhe e fale: ‘Puxa vida, estou insolvente’, como era com a dívida externa, por exemplo, nos anos 80. Não tem esse evento. O que tem é essa tolerância em carregar a dívida a uma taxa de juros que o País consiga pagar no longo prazo. É meio paradoxal, porque, ao mesmo tempo que é uma dívida grande, se o próximo presidente colocar de pé meia dúzia de medidas que sinalizem para a convergência dessa dívida, isso pode rapidamente mudar a percepção de risco fiscal.
Infomoney - SP 02/06/2025
Com o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,4% no primeiro trimestre ante o período anterior, o Brasil teve o segundo maior crescimento dentre uma lista de 58 países, elaborada pela agência de classificação de risco Austin Rating com dados já conhecidos para o período. O Peru, com 2,4%, foi o país que mais cresceu. Ao lado do Brasil, com a mesma taxa de crescimento, figuram Arábia Saudita e Noruega.
Imediatamente atrás do Brasil ficaram Irlanda (1,2%), Holanda (1%), Indonésia (0,9%), em terceiro, quarto e quinto lugares, respectivamente.
Empatados em sexto lugar, com expansão de 0,8%, figuram Croácia, Espanha, Japão, Sérvia e Tailândia.
As duas maiores economias do mundo, EUA e China, tiveram incremento de 0,7% e ficaram no sétimo lugar, empatadas com Chipre, Lituânia e Malásia.
Outras das maiores economias do mundo tiveram desempenho mais modesto: Reino Unido (0,6%), no oitavo lugar; Canadá (0,5%), no nono lugar; França (0,3%), no 11º lugar; e Itália (0,2%), no 12º lugar.
No campo negativo apareceram Alemanha (-0,1%), no 15º lugar; Coreia do Sul (-0,2%), em 16º; Suécia (-0,3%), em 17º; e Chile (-0,6%), em 18º.
8ª maior economia do mundo
Segundo a Austin, o Brasil deve ocupar a oitava posição no ranking de maiores economias do mundo neste ano e no próximo. A agência usa projeções de crescimento feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o volume estimado para o PIB de diferentes países em dólares. Pelas previsões do FMI, o PIB brasileiro cresceria 2,1% em 2024 e em 2025.
Em 2023, a alta de 2,9% no PIB brasileiro já tinha feito o Brasil subir duas posições nesse ranking das maiores economias do mundo, passando da 11ª colocação em 2022 para a nona posição no ano passado. A nova projeção com o País na oitava colocação geral representa mais um avanço, portanto.
Com uma expansão projetada de 2,1% em 2024 e em 2025, o Brasil superaria as economias da Itália, Canadá, Rússia, México, Austrália, Coreia e Espanha, sendo menor somente que a dos Estados Unidos, China, Alemanha, Japão, Índia, Reino Unido e França.
Por falta de dados disponíveis do trimestre analisado, Macau, Vietnã, Índia, Armênia, Uzbequiestão, Mogólia, Moçambique e Rússia ficaram nas últimas posições do ranking.
Exame - SP 02/06/2025
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou na quinta-feira, 29, que as negociações comerciais com a China estão "um pouco estagnadas" e sugeriu que o presidente Donald Trump e seu homólogo chinês, Xi Jinping, terão que intervir.
As duas maiores economias do mundo concordaram neste mês em suspender suas tarifas recíprocas por 90 dias, uma trégua surpreendente na acirrada guerra comercial, alcançada após conversas entre altos funcionários na Suíça.
Macron diz que a Ucrânia é 'teste de credibilidade' para os Estados Unidos: 'Nós estamos preparados'PIB brasileiro e inflação nos EUA: o que move o mercado nesta sexta-feiraMusk diz que nem sempre concordou com as decisões do governo Trump
- Eu diria que estão um pouco estagnadas - declarou Bessent à emissora Fox News ao ser questionado sobre o andamento das negociações com Pequim.
- Acredito que teremos mais conversas com eles nas próximas semanas e acho que, em algum momento, pode haver uma ligação entre o presidente e o líder do Partido (Comunista da China), Xi - acrescentou.
Segundo os termos da trégua firmada em 12 de maio, Washington concordou em reduzir temporariamente as tarifas sobre importações chinesas de 145% para 30%, enquanto Pequim concordou em baixar suas tarifas de 125% para 10%.
- Acredito que, dada a magnitude das negociações e sua complexidade, será necessário que ambos os líderes intervenham - afirmou Bessent.
- Eles têm um relacionamento muito bom e tenho certeza de que os chineses se sentarão à mesa quando o presidente Trump apresentar suas preferências - completou.
O Estado de S.Paulo - SP 02/06/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste domingo, 1°, que, se os tribunais decidirem contra seu governo em relação às tarifas, isso significaria a ruína econômica do país.
Em publicação na Truth Social, Trump ponderou que isso não é esperado, mas alertou que outros países podem manter os EUA “reféns com suas tarifas antiamericanas, que serão usadas contra nós”.
Neste domingo, os principais conselheiros econômicos de Trump enfatizaram que não seriam dissuadidos por uma recente decisão judicial que declarou a ilegalidade de muitas das tarifas do governo e apontaram uma série de medidas adicionais que a Casa Branca poderia invocar para pressionar a China e outros países a negociar.
Eles também sinalizaram que Trump não tinha planos de estender uma pausa original de 90 dias em algumas de suas taxas tarifárias mais altas, aumentando as chances de que essas taxas — cujo mero anúncio havia agitado os mercados — pudessem entrar em vigor conforme planejado em julho.
“Fique tranquilo, as tarifas não vão desaparecer”, disse Howard Lutnick, secretário de Comércio, durante uma aparição no programa “Fox News Sunday”.
Ao ser questionado sobre o futuro das tarifas recíprocas do presidente, anunciadas pela primeira vez e rapidamente suspensas em abril, Lutnick acrescentou: “Não vejo hoje uma prorrogação”.
A estratégia tarifária do presidente entrou em um território político e jurídico desconhecido na semana passada, depois que um tribunal federal de comércio declarou que Trump havia usado indevidamente uma lei de poderes econômicos de emergência ao tentar travar uma guerra comercial global.
A decisão teria interrompido imediatamente essas tarifas, que constituem a peça central da estratégia do presidente de pressionar outros países a entrar em negociações comerciais. Mas um tribunal de apelações logo concedeu ao governo uma breve pausa administrativa para resolver os argumentos no caso, que deve chegar à Suprema Corte.
Em processos judiciais anteriores, o governo havia dito que uma decisão desfavorável contra suas tarifas prejudicaria as negociações e enfraqueceria o presidente. As principais autoridades da Casa Branca prometeram fechar 90 acordos em 90 dias, mas desde então conseguiram anunciar somente uma estrutura para um possível acordo, com a Grã-Bretanha.
Neste domingo, o secretário de Comércio descartou a ideia de que Trump havia sofrido um novo revés, dizendo que a decisão judicial “nos custou uma semana, talvez”. Ele disse que a Casa Branca acabaria chegando a “acordos de primeira classe”.
A decisão não diminuiu o ritmo de Trump, que atacou a China na sexta-feira por não ter aderido a um acordo negociado entre Washington e Pequim, no qual as duas nações reduziram suas taxas tarifárias, que antes eram exorbitantes, enquanto aguardavam um acordo de longo prazo.
O presidente também anunciou naquele dia que dobraria as tarifas aplicadas ao aço importado, que agora seriam fixadas em 50%, em uma medida que poderia resultar em preços mais altos para os consumidores americanos.
Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, disse ao programa “This Week”, da ABC, que esperava que Trump e o líder da China, Xi Jinping, pudessem falar sobre comércio já nesta semana, embora tenha dito posteriormente que a conversa não havia sido agendada ou finalizada.
Scott Bessent, o secretário do Tesouro, reiterou separadamente que as negociações com a China haviam estagnado, citando o fato de que Pequim está retendo suas exportações de minerais de terras raras, que são essenciais para as cadeias de suprimentos industriais globais.
“Talvez seja uma falha no sistema chinês; talvez seja intencional”, disse Bessent no programa “Face the Nation”, da CBS.
Ele também defendeu as tarifas sobre o aço como um meio de proteger os empregos americanos no setor. E reconheceu que não estava claro como as novas tarifas poderiam afetar o setor de construção, que caracterizou como um “ecossistema muito complicado”.
Infomoney - SP 02/06/2025
Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta sexta-feira e fecharam com perdas em base semanal em meio à diminuição da demanda pelo ingrediente de fabricação de aço na China, enquanto investidores se preparavam para novas incertezas comerciais.
O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian da China encerrou as negociações do dia com queda de 0,43%, a 702 iuanes (US$97,65) a tonelada, perdendo 2,84% na semana.
O minério de ferro de referência de junho na Bolsa de Cingapura recuava 0,66%, a US$96,25 a tonelada. O contrato registrou baixa de 1,91% esta semana.
A produção de ferro gusa, normalmente usada para avaliar a demanda de minério de ferro, caiu pela terceira semana consecutiva, diminuindo cerca de 0,7% para 2,42 milhões de toneladas em 30 de maio, segundo dados da consultoria Mysteel.
A demanda sazonal por aço atingiu seu pico, enquanto a demanda por materiais de construção continuará a diminuir, disse a corretora Galaxy Futures em uma nota.
Ainda assim, como as usinas siderúrgicas mantêm lucros razoáveis, os preços do minério de ferro têm certo suporte, disse a corretora Hexun Futures.
De modo geral, a atividade fabril da China provavelmente contraiu-se pelo segundo mês em maio, segundo pesquisa da Reuters na sexta-feira, sugerindo que as tensões comerciais com os principais mercados de exportação estão pesando na mente dos fabricantes.
Nos EUA, as tarifas do presidente Donald Trump permanecerão em vigor depois que um tribunal federal restabeleceu-as temporariamente na quinta-feira, revertendo a decisão de um tribunal comercial na quarta-feira de bloquear imediatamente a maioria das tarifas.
Os mercados financeiros da China estarão fechados na segunda-feira por causa de um feriado. As negociações serão retomadas na terça-feira, 3 de junho.
Valor - SP 02/06/2025
Rompimento de barragem matou 19 pessoas e despejou no Rio Doce 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração
Perto de completar uma década do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), da Samarco, que matou 19 pessoas e despejou no Rio Doce 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, moradores das regiões atingidas ainda lidam com a demora nas ações de reparação, indenizações insuficientes e falta de julgamento dos responsáveis.
Em novembro, Samarco e suas sócias Vale e BHP Billiton, governo federal, governos de Minas Gerais e Espírito Santo e órgãos de Justiça homologaram o Acordo da Bacia do Rio Doce. O acordo prevê o pagamento de R$ 170 bilhões em 20 anos em indenizações e reparação. Desse total, R$ 38 bilhões foram gastos pela Fundação Renova desde 2016. Outros R$ 32 bilhões serão usados em ações realizadas pela própria Samarco. E R$ 100 bilhões serão transferidos para governos federal, estaduais e municipais. A execução do acordo será fiscalizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Na semana passada, Filomeno da Silva, de 92 anos, membro de uma das 600 famílias que tiveram as casas destruídas pela lama, morreu sem receber a casa nova em Novo Bento Rodrigues. Mauro Marcos da Silva, filho de Filomeno, também teve sua casa destruída e aguarda a construção da nova residência. “Minha situação ainda está pendente tanto na indenização quanto no reassentamento”, disse. “Meu pai esperou quase dez anos e faleceu sem ver a casa. E a gente agora luta para a casa ficar pronta para que minha mãe, de 88 anos, consiga fazer uso.”
Segundo a Cáritas Brasileira, que presta Assessoria Técnica Independente (ATI) aos atingidos, cerca de 120 pessoas morreram sem ver os efeitos da reparação.
Darlisa das Graças teve mais sorte, já faz uso da casa e do bar construídos em Novo Bento Rodrigues. A empreendedora diz sentir falta da vida de antes.
A gerente-geral de reassentamento da Samarco, Raquel Starlin, disse que foram construídas 376 obras e entregues 355 casas nos reassentamentos Novo Bento Rodrigues e Paracatu. Até agora, 177 famílias já se mudaram para Novo Bento Rodrigues, das 278 famílias atingidas. Em Paracatu, das 80 famílias a serem reassentadas, 65 já se mudaram para as novas casas. “Falta construir seis casas, que devem ficar prontas até 2026”, disse Starlin. Outras 15 ficam prontas ainda este ano.
Além dos reassentamentos, a Samarco responde pelo pagamento das indenizações, hoje divididas em dois programas, o Programa Indenizatório Definitivo (PID), que paga R$ 35 mil por pessoa ou empresa atingida que ainda não tenha sido indenizada, e o Sistema Indenizatório Agro-Pesca, que paga R$ 95 mil para cada agricultor familiar ou pescador profissional. A Samarco informou que recebeu mais de 255 mil pedidos de indenização, com mais de 90% de validação, e realizou 14,9 mil pagamentos totalizando R$ 1,4 bilhão em indenizações.
Os programas de indenização são criticados por parte dos atingidos, que consideram os valores insuficientes para cobrir os custos com a reparação. “Os valores são insuficientes e há exigência de vários documentos que não eram pedidos antes pelas empresas, o que acaba excluindo muita gente das indenizações. Além disso, quem aceita essa indenização é obrigado a assinar um termo abrindo mão de outras ações. Todo o arranjo desses programas é feito para enfraquecer a ação na Inglaterra, hoje a única fonte de pressão internacional sobre as empresas”, afirmou Thiago Alves, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
A ação em Londres, movida contra a BHP Billiton, engloba 700 mil pessoas, associações e municípios, representadas pelo escritório Pogust Goodhead, e tem valor estimado em € 36 bilhões (R$ 270 bilhões). Em março de 2025, as partes apresentaram as alegações finais. O julgamento está previsto para começar em outubro.
“Mais uma vez, as mineradoras BHP, Vale e Samarco estruturam a estratégia no Brasil com base no andamento da ação inglesa de Mariana. Não é coincidência que o novo prazo de adesão ao PID seja 4 de julho, um dia após a conclusão da Audiência de Gerenciamento de Caso (Case Management Conference - CMC, em inglês), marcada pelo Tribunal Superior de Londres para dias 2 e 3 de julho”, disse o escritório Pogust Goodhead em nota.
O Pogust Goodhead foi processado pelo Ministério Público Federal (MPF) e outros órgãos brasileiros. As instituições denunciam “práticas contratuais abusivas” e pedem R$ 45 milhões de indenização às vítimas. A ação civil pública protocolada sustenta que os termos impostos pelos advogados ferem o direito das vítimas à livre escolha de como buscar a reparação dos danos causados pelo desastre.
Procurado pelo g1, o Pogust Goodhead afirmou, em nota, que não foi notificado oficialmente e “não há qualquer mudança material nas condições nem nos percentuais a serem cobrados pelo escritório, que recebe honorários apenas em caso de êxito e, para indígenas e quilombolas, atua pro bono”.
A ação divide os municípios atingidos. Dos 49 contemplados no acordo, 26 aceitaram receber o pagamento da Samarco de R$ 6,1 bilhões, em 20 anos. Outros 23 preferiram aguardar a decisão em Londres. “Hoje, os que não aderiram ao acordo, na nossa visão, estão numa aventura jurídica muito grande, buscando indenização nas ações”, disse o presidente da Samarco, Rodrigo Vilela. Recentemente, a Samarco firmou acordo complementar com Mariana, com repasse adicional de R$ 108 milhões para equipamentos e serviços públicos. Do total da reparação, R$ 100 bilhões serão repassados em 20 anos aos poderes públicos, metade para o governo federal e metade dividida entre Minas Gerais e Espírito Santo. A primeira parcela, de R$ 5 bilhões, foi paga em 2024.
O Ministério da Saúde anunciou na semana passada que começa a fazer o repasse de R$ 825 milhões, entre 2025 e 2026, para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nos 49 municípios atingidos pelo rompimento da barragem. O governo federal vai destinar recursos a programas de transferência de renda para atingidos, programas de saúde, educação, projetos ambientais, melhorias na BR-262, entre outras ações.
Os governos de Minas Gerais e Espírito Santo informaram que já fizeram reuniões técnicas para definir as ações de reparação.
Do lado dos atingidos, também há críticas em relação à demora nas ações dos governos. A Cáritas Brasileira encerrou no dia 30 o atendimento aos atingidos. Com a repactuação, o governo federal assumiu a gestão da assessoria às vítimas, mas os recursos para manter a assistência não foram repassados. “A Samarco depositou em 2024 a primeira parcela do recurso para o governo federal, mas houve atraso para criar o Fundo Rio Doce. O BNDES, que gerencia o fundo, precisa passar o recurso para a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) e a agência transferir para cá”, disse o coordenador da ATI, Rodrigo Pires Vieira. Por ano, a ATI atende em torno de 5 mil atingidos.
“Por questões burocráticas, os atingidos vão ficar sem assessoria logo agora que precisam decidir se aceitam participar dos programas indenizatórios da Samarco ou se buscam justiça em Londres.”
Valor - SP 02/06/2025
Empresa planeja investir R$ 13 bilhões para ampliar produção, enquanto ainda negocia indenizações aos atingidos em Mariana há 10 anos
Vilela, presidente da Samarco: “Se aprovado, esse investimento (R$ 13 bilhões) já começa a ser feito no fim deste ano” — Foto: Lucas Godoy/Nitro Imagens
Depois de quatro anos em recuperação judicial com dívida de R$ 50 bilhões, a Samarco, que tem como sócias Vale e BHP Billiton, prepara-se para sair do período de supervisão judicial nos próximos dois meses. A companhia também aguarda aprovação do conselho de administração para investir R$ 13 bilhões na retomada da capacidade operacional até 2028.
A mineradora paralisou as atividades após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015, que matou 19 pessoas e causou um desastre ambiental sem precedentes ao longo do Rio Doce. A empresa retomou a operação, com 26% da sua capacidade, em dezembro de 2020 e hoje opera com 60% da capacidade, tendo atingido 9,7 milhões de toneladas de minério produzidos em 2024. A meta é chegar a 27 milhões de toneladas por ano em 2028, com os investimentos.
O diretor financeiro da Samarco, Gustavo Selayzim, disse que a mineradora cumpriu todas as obrigações de curto prazo previstas no plano de recuperação judicial. A empresa pagou a credores e renegociou a parte da dívida com os credores financeiros. Mais recentemente, anunciou gastará até US$ 34,08 milhões no resgate antecipado de notas seniores, com vencimento em 2031 e juros de 9%.
“Hoje, temos um Ebitda [resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização, em inglês] de quase US$ 1 bilhão, mesmo com os preços do minério de ferro em queda. Nossa expectativa é que nos próximos dois meses a gente tenha essa saída formal da recuperação judicial”, afirmou Selayzim.
A Samarco tem plano de investir R$ 13 bilhões na reativação das usinas de pelotização 1 e 2, no complexo de Ubu, em Anchieta (ES), na reativação da unidade de beneficiamento 1 e na instalação de um novo sistema de filtragem, ambos no complexo de Germano, em Mariana e Ouro Preto (MG). O recurso será usado ainda na criação de uma estrutura para disposição de rejeitos a seco e na retomada de dois dos três minerodutos que possui. Cada mineroduto tem extensão de cerca de 400 quilômetros, ligando o complexo de Germano a Ubu. “Se aprovado, esse investimento já começa a ser feito no fim deste ano”, diz Rodrigo Vilela, presidente da Samarco.
No ano passado, a Samarco reativou o concentrador 2, no Complexo de Germano, e a usina de pelotização 3, no Complexo de Ubu. Com isso, atingiu 60% da capacidade de produção, atingindo 9,7 milhões de toneladas de pelotas de ferro. Em 2025, a produção prevista é de 15 milhões de toneladas.
No primeiro trimestre, a companhia produziu 3,2 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério, 39% acima do desempenho do primeiro trimestre de 2024. As vendas avançaram 15%, para 2,8 milhões de toneladas. Já a receita operacional recuou 8%, para US$ 400 milhões, influenciada pela queda nos preços internacionais do minério de ferro. O Ebitda somou US$ 249 milhões, retração de 0,4%. O fluxo de caixa livre operacional atingiu US$ 233 milhões alta de 419%. A dívida líquida ficou em US$ 4,03 bilhões, aumento de 1,5%. O endividamento ficou em 4,8 vezes o Ebitda, ante 4,9 vezes um ano antes.
O gerente-geral de operação Germano da Samarco, Rodrigo Pasquali, disse que, do volume de material processado, 50% se torna concentrado de ferro, 40% é sílica, que é empilhada a seco, e 10% é um rejeito de finos de minério, que é depositado em uma cava. “Estamos fazendo melhorias. A partir deste ano, 30% da lama vai ser filtrada com o rejeito arenoso, para ser depositado a seco. Temos iniciativas para reduzir cada vez mais a geração de lama”, afirmou Pasquali.
Em relação à reparação, a Samarco informou que desembolsou US$ 10 bilhões em indenizações individuais e auxílios financeiros, reassentamento, recuperação ambiental e repasse de recursos aos poderes públicos, nos primeiros seis meses do Acordo da Bacia do Rio Doce.
Na área ambiental, a mineradora prevê entregar até julho ao Ibama e outros órgãos o Plano de Recuperação Ambiental (PRA), com as ações para restaurar e compensar os impactos do rompimento, incluindo recuperação de margens, revitalização do ambiente aquático, reflorestamento compensatório de 50 mil hectares e recuperação de 5 mil nascentes. Até novembro, a empresa também deve enviar ao Ibama estudo de viabilidade para retirada adicional de até 9,15 milhões de metros cúbicos de rejeitos na Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga).
A repórter viajou a convite da Samarco
O Estado de S.Paulo - SP 02/06/2025
Nascida Mary Makela em Waterford Township, Michigan, nos Estados Unidos, Mary Barra, de 63 anos, é CEO da General Motors (GM) desde 2014. Em 2016, ela foi eleita presidente do Conselho de Administração. Mary Barra encabeça a lista das 100 executivas mais poderosas do mundo, segundo a Fortune. O ranking também elenca três brasileiras.
Mary é filha de um fabricante de moldes da antiga divisão Pontiac (carros esportivos) da GM. Ela cresceu imersa no universo automotivo, com as concessionárias locais e a fábrica da Pontiac sendo parte integrante de sua infância no subúrbio de Detroit, segundo informações de um grande perfil sobre ela produzido pela Forbes indiana.
Sua jornada profissional na GM começou em 1980, aos 18 anos, como aluna do programa de estágio no Instituto General Motors (hoje Universidade Kettering), especificamente na divisão Pontiac Motor, onde seu pai trabalhava. Ela se formou em engenharia elétrica em 1985 e concluiu mestrado em administração de empresas pela Stanford Graduate School of Business em 1990.
Sua primeira função como aluna da escola da GM foi no “chão de fábrica” atuando na estampagem de metais da Pontiac, “uma fábrica hostil e barulhenta onde enormes prensas industriais esmagavam grossas chapas de aço em peças de automóveis”, segundo descrição da Forbes.
Com o tempo, ela assumiu outras posições, com passagens por engenharia e produção, e depois foi gerente da fábrica da Detroit-Hamtramck Assembly (uma das plantas da GM nos EUA). Posteriormente, assumiu como vice-presidente de recursos humanos globais e vice-presidente de engenharia de fabricação global.
Antes de se tornar CEO, ela atuou como vice-presidente executiva de desenvolvimento global de produtos, compras e cadeia de suprimentos, onde suas equipes eram responsáveis pelo design, engenharia e qualidade dos veículos da GM em todo o mundo.
Ao se referir a Mary, seu antecessor no comando a GM, Dan Akerson – que deixou o cargo após diagnóstico de câncer de sua esposa – a descreveu como uma pessoa capaz de trazer “ordem ao caos”, por sua grande habilidade em otimizar processos, cortar camadas de gerência e dar mais responsabilidade aos engenheiros-chefes.
Nomeada CEO pelo Conselho de Administração com forte indicação de Dan, Mary Barra assumiu o cargo em 2014, entrando para a história como a primeira mulher a liderar uma das maiores montadoras do mundo.
Crise logo após assumir o cargo
O início, porém, não foi nada fácil. Duas semanas após assumir o cargo, Mary teve que comandar um recall massivo de milhões de veículos que apresentaram problema na ignição, causando vários acidentes e mortes. O problema, detectado em diversos modelos, mas sobretudo no Cobalt e Saturn Ion (compacto da GM), fazia com que a chave se movesse da posição “ligado” (run) para a posição “acessório” ou “desligado” (off) enquanto o veículo estava em movimento, o que poderia levar ao desligamento do motor, desativação da direção hidráulica, dos freios e dos airbags.
A Forbes indiana indica como um momento marcante quando ela se reuniu com pais de vítimas fatais dos acidentes, que vestiam camisetas com fotos de seus filhos estampadas. Mary também teve que se reportar a congressistas norte-americanos.
Apesar de ter de gerenciar uma das maiores crises da montadora, Mary Barra permaneceu no cargo prometendo mudanças culturais significativas de modo a romper com as práticas do que chamava de antiga GM.
Um dos principais desafios atuais de Mary à frente do cargo é o de atingir, no futuro, o objetivo de zerar emissões e acidentes. Outra meta é a de produzir 1 milhão de veículos elétricos e autônomos até o final de 2025.
Mary é casada, mãe de três filhos e, além de comandar a GM, ela preside a Business Roundtable, uma organização que reúne alguns dos CEOs corporativos mais poderosos dos Estados Unidos. Ela ainda faz parte do conselho de administração da Walt Disney Company e do Conselho de Curadores da Duke University.
Valor - SP 02/06/2025
Antonio Filosa — Foto: Carol Carquejeiro/Valor
O novo executivo-chefe da Stellantis, Antonio Filosa, foi lapidado por Sergio Marchionne, o lendário líder do setor automotivo que salvou a Fiat da Itália da falência nos anos 2000.
Agora, aos 51 anos, o pupilo terá que colocar esses ensinamentos em prática como nunca antes, se quiser reverter a sorte da quarta maior montadora do mundo em meio à guerra comercial de Donald Trump e a transição do setor para os veículos elétricos.
Nascido em Nápoles, Filosa assume o comando de um grupo formado por 14 marcas – criado em 2021 com a fusão da PSA da França, Fiat da Itália e Chrysler Automobiles. A companhia sofreu uma queda de 70% no lucro líquido no ano passado, queimou 6 bilhões de euros em caixa e ainda não conseguiu recuperar sua posição nos Estados Unidos, seu mercado mais lucrativo.
“Como diria o senhor Sergio Marchionne: ‘A mediocridade não vale a viagem’. Vamos vencer essa juntos!”, escreveu Filosa em uma rede social horas antes de ser nomeado CEO.
Filosa foi escolhido entre vários candidatos internos e externos após seis meses de busca que começaram depois que seu antecessor, Carlos Tavares, subitamente pediu demissão em dezembro, em meio a uma queda das vendas e dos lucros.
Indicado por Tavares em outubro para supervisionar as operações do grupo na América do Norte, o ex-chefe da marca Jeep passou a acumular também a supervisão da região das Américas como um todo.
Durante o período em que John Elkann foi o presidente interino, Filosa também assumiu o cargo de diretor de qualidade, ao mesmo tempo em que se envolveu intensamente nas negociações tarifárias com o governo Trump, enquanto o conselho de administração testava suas capacidades de liderança.
“Ele mostrou que seria capaz”, diz uma fonte próxima de Filosa. Ele aprendeu com Marchionne que “para administrar a empresa adequadamente, é preciso estar próximo do seu pessoal e estar presente”.
Fontes próximas da companhia afirmam que Filosa dará sequência aos esforços iniciados por Elkann para reparar as relações estremecidas entre a montadora sob Tavares e os governos da Itália e da França, bem como concessionárias, fornecedores e sindicatos.
Em um memorando aos funcionários na quarta-feira (28), Filosa também disse que vai se concentrar em fortalecer mais “os laços e a confiança que temos com nossos parceiros”.
Aqueles que trabalharam com ele o descrevem como um homem focado e cheio de energia. Jogador de polo aquático de longa data, Filosa comemorou seu 50º aniversário atravessando a nado o Estreito de Messina, entre a Sicília e a Calábria, conhecido por suas fortes correntes.
“Ele não é um cara mole, nem de longe”, diz outra pessoa que trabalhou de perto com Filosa. “Ele pode ser duro como pedra.”
Filosa entrou para a Fiat em 1999 e subiu na hierarquia a partir do cargo de supervisor de qualidade de pintura em uma fábrica na Espanha. Ele é mais conhecido por sua atuação na América Latina, uma região estratégica que segue altamente lucrativa, apesar das dificuldades enfrentadas pelo grupo nos EUA e na Europa.
Ele tem um conhecimento profundo do mercado americano, mas analistas da Bernstein alertaram que “ainda há muito a ser feito” para reconquistar a confiança da rede de concessionárias da empresa.
Tom Narayan, analista da RBC Capital Markets, diz que os preços dos veículos do grupo nos EUA também permanecem “muito acima dos níveis históricos”.
Ele acrescenta: “Com a situação das tarifas nos EUA sendo uma grande preocupação no curto prazo, podemos vislumbrar um cenário em que a nova administração reduzirá as expectativas”. No mês passado, a companhia retirou suas projeções para o ano, mencionando as incertezas causadas pelas tarifas.
O conselho de administração, liderado por Elkann, também considerou nomes de peso do setor, como o CEO da Hyundai, José Muñoz, e Mike Manley, o ex-chefe da Jeep e hoje CEO da rede de concessionárias AutoNation, bem como um executivo de fora do setor automobilístico.
Ele concluiu que um forte candidato interno seria mais adequado para enfrentar o cenário desafiador do setor, do que um nome de fora, que poderia causar rupturas em um momento de grande incerteza.
“Antonio é um líder testado e aprovado, que adota uma postura prática no trabalho e acredita profundamente no poder da colaboração e do trabalho em equipe”, escreveu Elkann em um comunicado aos funcionários.
O grupo familiar Peugeot, segundo maior acionista da Stellantis por meio de seu veículo de investimento Peugeot 1810, também elogiou “a familiaridade estreita de Filosa com a cultura industrial da Stellantis”.
A nomeação de um italiano para comandar a Stellantis foi saudada pelo ministro da Indústria italiano, Adolfo Urso, como uma “excelente escolha”.
Na França, o primeiro destino de Filosa em sua série de visitas às unidades da empresa após assumir o cargo, o sindicato CFE-CGC disse, em um comunicado, esperar que o novo chefe da Stellantis “rompa com o estilo de gestão autoritário e focado em cortes de custos da era Tavares”.
Filosa, que é casado, tem dois filhos e vive em Detroit, precisará dividir sem tempo entre os EUA e a Europa, além de viajar regularmente para a América Latina e outros mercados. Mas as viagens às fábricas pelo mundo sempre foram uma marca de sua trajetória.
“Ele nunca parou quieto”, diz uma pessoa que trabalhou com Filosa na América Latina.
CNN Brasil - SP 02/06/2025
As montadoras norte-americanas, incluindo a Tesla, precisam construir veículos inteiros, incluindo todas as suas peças, nos Estados Unidos, em vez de fabricar peças no exterior, disse o presidente Donald Trump nesta sexta-feira.
Os comentários de Trump, em uma coletiva de imprensa que marcou o último dia oficial do CEO da Tesla, Elon Musk, na Casa Branca como conselheiro, foram em resposta a uma pergunta sobre as tarifas que prejudicam empresas como a Tesla, que importam autopeças de outros países.
"Ele vai acabar construindo todo o seu carro aqui. Praticamente ele faz isso", disse Trump referindo-se a Musk. "Todas as montadoras também fabricarão suas peças aqui."
"Costumava me incomodar o fato de eles fabricarem uma peça no Canadá, uma peça no México, uma peça na Europa e enviarem para todos os lugares, e ninguém sabia o que diabos estava acontecendo", disse Trump. "Mas no próximo ano, eles terão que construir tudo nos Estados Unidos. É isso que queremos."
O governo Trump impôs este ano uma tarifa de 25% sobre veículos e autopeças importados que, segundo a indústria automotiva, afetará as cadeias de suprimentos e aumentará os preços dos carros.
Embora muitas montadoras norte-americanas importem veículos fabricados fora dos Estados Unidos, a Tesla constrói seus veículos elétricos no país. Muitas de suas peças essenciais, no entanto, são importadas.
A Tesla não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Globo Online - RJ 02/06/2025
A associação da indústria automobilística da China alertou contra a “concorrência desleal” dias após os cortes de preços da BYD levantarem preocupações no mercado sobre uma guerra de descontos que pode pressionar ainda mais os lucros das montadoras de veículos elétricos.
Após uma montadora reduzir preços em 23 de maio, muitas outras seguiram o exemplo, “desencadeando uma nova rodada de pânico em torno de uma ‘guerra de preços’”, afirmou no sábado a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM), em comunicado publicado em seu site neste sábado, sem citar nomes de empresas.
“As guerras de preços desordenadas intensificam a concorrência predatória, comprimindo ainda mais as margens de lucro das empresas”, disse a CAAM. Isso “compromete a qualidade dos produtos e as garantias de pós-venda, prejudicando não apenas o desenvolvimento saudável da indústria, mas também os direitos dos consumidores e a segurança.”
A BYD reduziu preços em até 34%, o que fez com que suas ações e as de outras fabricantes de veículos elétricos despencassem. A rival Li Auto previu nesta semana uma receita no segundo trimestre abaixo das estimativas, em meio à demanda fraca dos consumidores.
A associação pediu que todas as montadoras sigam os princípios de “concorrência justa”, evitem práticas monopolistas que prejudiquem os interesses de outras empresas e não vendam a preços abaixo do custo.
Valor - SP 02/06/2025
Novo plano da Nissan envolve a eliminação do excesso de capacidade, cortes de pessoal e o lançamento de novos produtos
Ivan Espinosa, presidente da Nissan — Foto: Kiyoshi Ota/Bloomberg
Proprietários de veículos mais antigos cedo ou tarde se veem diante da necessidade de fazer uma escolha: consertar sua lata velha — de novo — ou vendê-la. Esse é, na prática, o quebra-cabeça enfrentado pelo novo executivo-chefe da Nissan, Ivan Espinosa. Mas ele pode fazer um pouco de cada coisa.
Nomeado na sequência do fracasso das negociações de fusão com a Honda, Espinosa tem feito um esforço valoroso para tentar resolver os problemas que a montadora japonesa acumula há muito tempo. O novo plano da Nissan envolve a eliminação do excesso de capacidade, cortes de pessoal e o lançamento de novos produtos. E há notícias de que o grupo planeja levantar cerca de US$ 7 bilhões com a venda de ativos e o recurso aos mercados de dívida.
Mas isso é apenas um começo. Embora US$ 7 bilhões possam parecer muito dinheiro para uma empresa cujo valor de mercado em dólares é inferior a US$ 10 bilhões, este ano a Nissan pode acabar por perder até US$ 3,5 bilhões em dinheiro de suas principais operações, de acordo com a empresa de pesquisa Pelham Smithers.
A Nissan espera se tornar uma empresa com saldo de caixa positivo em 2026, à medida que os cortes de custos tenham efeito, e a partir daí crescer graças a novos modelos de carros. E o caixa em seu balanço supera em muito os empréstimos. Mas a empresa corre o risco de já ter perdido sua melhor oportunidade. Seu segundo maior mercado, atrás da América do Norte, é a China, onde fabricantes locais de veículos elétricos, como a BYD, têm ganhado vantagem sobre as marcas estrangeiras. A oferta mais ampla de veículos elétricos da Nissan é fraca, e a expansão da BYD na Europa e no Japão deveria preocupá-la.
Com tantos desafios, parece que a trajetória da Nissan como empresa independente pode se encerrar em breve. De fato, a montadora já deixou claro que está aberta a parcerias. Mas com quem? Montadoras tradicionais em todo o mundo enfrentam dificuldades com variações dos mesmos problemas.
Isso deveria encorajar Espinosa a pensar fora dos esquemas convencionais. Há notícias de que a Nissan estaria interessada em uma parceria com um grande grupo de tecnologia dos Estados Unidos. Mas sua melhor aposta pode ser a Foxconn, a fabricante taiwanesa de smartphones para outras marcas, que já tinha rondado a Nissan e hoje está entrando no mercado de veículos elétricos. Há pouco tempo, ela fechou uma transação histórica para fabricar carros para a Mitsubishi Motors.
Essa transação seria audaciosa em dois sentidos. Ela significaria um tiro de advertência para montadoras em todo o mundo, que na maioria ainda acreditam que o design e a manufatura de veículos devem andar juntos. E também aumentaria a probabilidade de a Nissan reduzir de forma drástica sua capacidade de produção. Fazer demissões e fechar fábricas é difícil para montadoras em todos os lugares, em especial no Japão.
Mas o plano de reestruturação de Espinosa já está fazendo parte do trabalho pesado. À medida que a diferença entre carros e outros tipos de produtos eletrônicos avançados diminui e a BYD continua a avançar, não há muito sentido em lutar contra o futuro. A Nissan e a Foxconn podem descobrir que têm um destino comum.
Valor - SP 02/06/2025
Com taxas de ao menos 12% ao ano mais TR, sonho da casa própria ficou mais distante para comprador de média renda
A vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, afirmou em evento da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), na quarta-feira, que há negociações para manter recursos do Fundo Social do Pré-Sal no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) até pelo menos 2030. Os R$ 15 bilhões possibilitaram a criação da faixa 4 do programa, que, para incorporadores, é o que vai permitir manter o patamar de lançamentos para o público de classe média — ao menos para aqueles que ganham até R$ 12 mil mensais, o público-alvo da nova faixa.
Essa camada nova do programa entrou em operação em maio. Segundo a Caixa, até sexta-feira (30), já foram realizadas 880 mil simulações de financiamento, e 5,8 mil propostas devem ser assinadas nos próximos dias. A meta do governo é fechar 120 mil contratações da faixa 4 neste ano.
O cliente de média renda está apertado. Quando vai tentar contrair um financiamento, se depara com taxas de no mínimo 12% ao ano mais TR.
Já para quem se enquadra na faixa 4, o juro é de 10% ao ano, e a tabela do financiamento é a Price, em vez da SAC, o que permite obter um imóvel de valor maior, com a mesma renda. Segundo gestor consultado pelo Valor, quem teria poder de compra para um imóvel de R$ 310 mil pela tabela SAC consegue adquirir um de cerca de R$ 400 mil com a Price.
Incorporadores que atuam no MCMV e já tinham parte da sua produção fora do programa foram beneficiados, porque conseguem trazer esse cliente do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Para eles, a nova faixa não libera espaço para ampliar lançamentos ou aumentar o preço de venda, mas para manter a produção que já tinham previsto, e que corria risco de ser adiada por causa das condições da contratação do crédito imobiliário.
Na ADN, que lança prédios no interior paulista, os 15% de lançamentos feitos fora do programa estão entrando na faixa 4, mas a perspectiva não é de aumentar essa produção, conta o presidente e sócio-fundador do grupo ADN, Pedro Donadon.
A faixa 4 tem o teto de R$ 500 mil para os imóveis, ante até R$ 350 mil na faixa 3, mas Donadon analisa que não há tanta demanda por imóveis no teto do preço, nas cidades em que atua.
Na Cury, 30% das vendas ocorriam fora do MCMV. Se o programa estivesse em execução desde o começo do ano, essa parcela já teria caído para 5%, afirma Ronaldo Cury, diretor institucional da companhia.
Ele considera a solução de recorrer ao fundo do pré-sal como “genial”, diante da perda de recursos da poupança, que ainda é a fonte mais importante de dinheiro para o SBPE — o saldo da caderneta recua 2,7% no acumulado deste ano, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Mesmo assim, a Cury não pretende ampliar os projetos para essa faixa de renda, mas mantê-los no patamar atual, assim como suas margens.
Empresas menores, que estavam com dificuldade para vender seus imóveis desenquadrados do programa, podem ter um respiro.
A nova faixa também vai permitir fazer unidades que fogem do padrão do setor, que são imóveis de dois quartos, com 35 a 40 metros quadrados. É o que pensa a EPH, incorporadora que atua na região metropolitana de São Paulo e na capital. “Nos últimos anos, os apartamentos que estão no MCMV viraram commodity, e é difícil fugir disso, porque a margem do produto é muito ‘seca’”, afirma Ricardo Cardoso, gerente administrativo e estratégico da empresa.
A EPH, só “às vezes”, fazia projetos com três dormitórios, com suíte ou varanda maior. As unidades fora do MCMV correspondem a cerca de 10% dos seus lançamentos. “Com essa faixa, ganhamos mais conforto para fazer isso”, diz.
Para Luiz França, presidente da Abrainc, é “fundamental” que o setor continue trabalhando com recursos do FGTS no MCMV e também com os recursos do pré-sal.
Jader Filho, ministro das Cidades, que também participou do evento da associação, afirma que é possível, ainda, discutir a ampliação do recurso do pré-sal, a depender da demanda que houver. O que já está acordado, no entanto, são R$ 15 bilhões neste ano e mais R$ 15 bilhões em 2026. O orçamento do FGTS para o MCMV em 2025 é de R$ 134 bilhões.
IstoÉ Dinheiro - SP 02/06/2025
A Caixa Econômica Federal lançou uma linha de crédito que permitirá às construtoras financiar até 100% do custo total dos empreendimentos de habitação popular, incluindo a compra dos terrenos e as obras. As unidades habitacionais construídas precisam ter valor de venda de até R$ 350 mil.
Operada com recursos próprios do banco, a linha faz parte do Programa de Apoio à Produção. Segundo a Caixa, a expectativa é emprestar, ainda em 2025, cerca de R$ 5,8 bilhões pela nova modalidade.
As construtoras interessadas devem apresentar o projeto do empreendimento imobiliário na agência de relacionamento da Caixa. Tanto o projeto como a empresa passarão por análises de viabilidade econômico-financeira, do modelo de negócios e de conformidade com as normas jurídicas.
Com 67,2% do crédito habitacional no país, a Caixa é o principal banco que atua no segmento. No Minha Casa, Minha Vida, o banco concentra 99% da participação no mercado.
No ano passado, a instituição emprestou mais de R$ 223,6 bilhões em linhas para imóveis habitacionais. Segundo a Caixa, o volume de crédito gerou cerca de 1,9 milhão de empregos diretos e indiretos na construção civil.
Revista Ferroviaria - RJ 02/06/2025
A Concessionária Rumo Malha Oeste só quer ficar com cerca de 300 km, entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, dos 1.973 km da linha férrea que liga Mairinque (SP) a Corumbá; construir 144 km de novos trechos; e ainda reformar 47 km em Corumbá, a fim de transportar celulose e minério, produtos considerados rentáveis.
Esses parâmetros estão na solução consensual elaborada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a qual, além de garantir a gestão desses 491 km para a empresa, também prevê a devolução de 81% (1.600 km) da ferrovia ao governo federal.
Os dados constam no despacho do dia 9 do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU), que considerou inadmissível manter a concessionária na gestão da linha férrea por desrespeitar as metas e abandonar a malha ferroviária.
“Ora, observo que a proposta de solução consensual implica uma verdadeira remodelação completa e radical do contrato, apartando-o por completo da concessão original, com a prorrogação da avença por mais outro período, a exclusão de alguns trechos, a reforma de outros e a construção de novos ramais ferroviários”, afirmou Cedraz.
Ele ainda emendou que “[isso] se trata, assim, de uma nova configuração da exploração do serviço público de transporte ferroviário com novos trechos, novas métricas de desempenho, novas obrigações de manutenção das vias, sem nenhum suporte jurídico no contrato de concessão ora vigente”.
PROPOSTA
A afirmação ocorre porque essa proposta – entre outras metas decididas no esboço da relicitação que teve o trâmite interrompido em dezembro do ano passado pela ANTT a favor da solução consensual – exclui da otimização do contrato a reconstrução e a reativação do trecho de 355 km do ramal de Ponta Porã.
Esse ramal foi acatado como opcional para a concessionária, após solicitação da sociedade sul-mato-grossense na Audiência Pública nº 05/2023, realizada em abril e maio de 2024, em Campo Grande e em Brasília (DF), que trouxe contribuições e sugestões para o aprimoramento das minutas de edital e contrato, além de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental.
Também, enterra a proposta de viabilizar a linha férrea nos demais 800 km que cortam MS, como defende o governo do Estado. A proposta estadual de repactuação do contrato seria fazer a rebitolagem de Campo Grande até Três Lagoas, desativar o ramal de Três Lagoas até Mairinque e levar a ferrovia, a partir de Três Lagoas, até Aparecida do Taboado. Ainda, manteria a bitola estreita de Campo Grande até Corumbá.
Se, por um lado, o novo acordo exclui essas sugestões, por outro, ele prevê a recapacitação de 47 km entre Corumbá e Ladário, entre Corumbá e Agente Inocêncio e entre Agente Inocêncio e Porto Esperança,
na bitola métrica, que transportaria principalmente minério.
Também, prevê a rebitolagem (instalação da bitola larga) em 300 km entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, inviabilizando a conexão das composições com o trecho entre Ribas e a Cidade Branca, que teria uma bitola diferente, o que criaria obstáculos para o transporte de minério extraído em Corumbá até o Porto de Santos (SP).
Ainda, a construção de 55 km de linha férrea entre a fábrica da Suzano, ao sul de Três Lagoas, até o contorno ferroviário do município, e a construção de um novo segmento com extensão de 89 km ligando Três Lagoas a Aparecida do Taboado, na Malha Norte.
Esses trechos têm viabilidade econômica porque serão utilizados para transportar celulose e atenderão a fábricas da Eldorado Brasil e da Suzano, que estão localizadas nessa região, mesmo com as duas empresas já estando autorizadas a construir ferrovias próprias ligando suas unidades, localizadas em Três Lagoas, até Aparecida do Taboado.
Também, a proposta de solução consensual prevê a devolução de 1.600 km da linha férrea, conforme consta no despacho de Cedraz, sem especificar quais trechos serão entregues ao governo federal.
A proposta que atende às solicitações da Rumo Malha Oeste é tratada a sete chaves pela ANTT, tanto é que todos os processos na autarquia federal que envolvem a concessionária estão sob sigilo no sistema eletrônico.
FALTA TRANSPARÊNCIA
Essa falta de transparência foi ressaltada por Cedraz, ao enfatizar a contradição da diretoria da ANTT na decisão sobre o futuro da Malha Oeste.
Ele destacou que no dia 19/12/2024, durante a 998ª Reunião Ordinária, a diretoria colegiada da ANTT aprovou o relatório final da Audiência Pública nº 05/2023, “que concluiu pela submissão dos estudos ao TCU, para, em seguida, possibilitar a realização do leilão de desestatização”.
Cedraz complementou que “na 87ª Reunião Extraordinária da mesma diretoria colegiada, realizada em 27/12/2024, a ANTT aprovou de forma contraditória ao decidido 10 dias antes a proposta de ‘remodelação do contrato de concessão da Malha Oeste’ e de avaliação acerca da necessidade de instauração de uma comissão de solução consensual de controvérsias no âmbito do TCU. Com isso, a ANTT encaminhou requerimento de solução consensual com a proposta de repactuar e reestruturar o contrato de concessão ora em questão”.
LICITAÇÃO
Pelos estudos técnicos da licitação (a qual estava sendo planejada pelo Ministério dos Transportes, mas que foi interrompida) apresentados em 2023, a nova empresa que assumiria a concessão da Malha Oeste teria de investir R$ 18,9 bilhões no prazo de 60 anos, sendo o maior valor (R$ 16,4 bilhões) nos primeiros sete anos – isso na troca de dormentes e trilhos, na compra de locomotivas, na reforma de pátios de manobra, entre outras obras.
Porém, a obrigação desses investimentos só começariam em 2027, com a projeção de aplicação pela nova concessionária de R$ 980 milhões. Em 2028, o valor subiria para R$ 3,6 bilhões. Em 2029, chegaria ao topo, R$ 5,8 bilhões.
Depois, cairia para R$ 3,1 bilhões em 2030 e outros R$ 2,5 bilhões em 2031.
A partir dessa data, a nova concessionária faria o que o estudo chama de reinvestimentos em ativos construídos, que começariam em R$ 257 milhões em 2032 e aumentariam gradativamente todo ano até chegar a R$ 523 milhões em 2083.
Consultor Jurídico - SP 02/06/2025
O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e a organização indígena Instituto Kabu pediram ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a ampliação da cautelar que suspendeu a eficácia da Lei 13.452/2017 para que também sejam suspensos o licenciamento ambiental e a proposta de concessão da Ferrogrão, incluindo o leilão da ferrovia.
Ação do Psol questiona lei que mudou o tamanho de um parque nacional para permitir a construção da Ferrogrão
A solicitação foi feita no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6.553, relatada por Alexandre, que questiona a mudança dos limites do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, para viabilizar a construção da linha férrea. O tamanho do parque foi alterado pela lei atacada.
O documento enviado ao STF no início de maio também que todos os estudos e pareceres produzidos por órgãos públicos sobre o projeto sejam juntados aos autos, para cessar uma “mitigação de informações e dados técnicos”.
Por fim, o partido e a organização indígena desejam que o relator encaminhe o processo ao Núcleo de Processos Estruturais (Nupec) do Supremo e indique a realização de uma audiência pública com especialistas para tratar da proposta. Com isso, argumentam, o debate será conduzido de forma imparcial e poderá ser supervisionado pela Corte.
Entenda
A ADI 6.553 foi proposta pelo Psol em setembro de 2020. Já o Instituto Kabu foi aceito como amicus curiae em junho de 2022.
Depois de passar pelo Centro de Soluções Alternativas de Litígios (Cesal) do STF, em 2023, foi instituído um grupo de trabalho (GT) no Ministério dos Transportes.
A sigla e a organização, contudo, alegam que o GT ignorou os apontamentos feitos por entidades indígenas e de defesa ao meio ambiente.
O objetivo da Ferrogrão é ligar os estados do Mato Grosso e Pará para facilitar o transporte de grãos entre eles.
A Tribuna - SP 02/06/2025
O Porto de Itajaí, em Santa Catarina, será administrado por uma Companhia Docas própria, a ser criada via medida provisória. Foi o que anunciou nesta quinta (29) o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em cerimônia de retomada das operações na sede do complexo portuário, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O porto também contará com plano de investimentos no valor de R$ 844 milhões para modernização, melhorias na segurança, eficiência logística e ampliação da capacidade portuária.
Os investimentos pretendem devolver ao porto a posição de maior expositor de grãos do Brasil e um dos líderes em movimentação de contêineres, fortalecendo a economia local através da geração de receitas e de empregos.
A gestão do complexo, que estava com as atividades paralisadas desde 2022, foi retomada pelo Governo Federal em janeiro deste ano e colocada sob a responsabilidade da Autoridade Portuária de Santos (APS).
Para garantir o recebimento de navios de grande porte, de até 400 metros, o Governo Federal diz que estão previstas a dragagem do Rio Itajaí-Açu, com investimento estimado em R$ 90 milhões, a readequação do molhe de Navegantes (R$ 64 milhões), a contenção da margem do canal (R$ 67 milhões), obras na bacia de evolução (R$ 68 milhões) e requalificação da margem do canal (R$ 67 milhões).
Portal Fator Brasil - RJ 02/06/2025
E busca mais participação no turismo nacional. Apesar do crescimento da indústria náutica do país, a falta de estímulos para vendas de barcos e de infraestrutura como implantação de marinas públicas e privadas para incentivar a navegação de lazer ainda é um entrave do setor fazendo com que estaleiros migrem seus negócios para o mercado internacional. É o caso do grupo Armatti Yachts e Fishing Raptor que vem expandindo a sua presença internacional e acaba de lançar um centro de negócios, serviços e atendimento nos Estados Unidos.
Com 42 mil quilômetros de vias navegáveis e um polo produtivo de destaque mundial, o Brasil pode ser referência no setor e, assim como nos Estados Unidos, pode alcançar tamanhos maiores do que US$ 4,8 bilhões, apenas no segmento de iates de luxo. Porém, apesar do crescimento, essa indústria no Brasil ainda é responsável apenas por 0,09% de participação no PIB industrial, mas, mesmo assim, já emprega mais de 150 mil pessoas. Por isso, a falta de infraestrutura náutica e de estímulos para a venda de barcos no país faz com que os estaleiros migrem para o mercado internacional, deixando de aproveitar o turismo náutico doméstico.
A indústria brasileira movimentou R$ 2,5 trilhões em 2024, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representando um dos pilares da economia nacional. Apesar disso, a indústria náutica ainda ocupa uma pequena fatia deste cenário, representando apenas 0,09% do PIB industrial, conforme estimativas baseadas em dados da Associação Náutica Brasileira (Acobar), com um faturamento anual aproximado de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), segundo o último levantamento divulgado em 2023. Apesar do cenário náutico promissor para navegação e ao turismo no Brasil, com mais de 42 mil quilômetros de vias navegáveis, o país ainda está distante dos Estados Unidos que aproveita o potencial e, apenas no segmento de iates de luxo, deve ultrapassar em 2025 US$ 4,8 bilhões, conforme estudo divulgado pela Mordor Intelligence.
O setor, por carecer de mão de obra artesanal, também se destaca na empregabilidade, diferente de outras indústrias, como a automobilística, que aposta na automação. Segundo a associação náutica Acobar, são cerca de 150 mil postos de trabalho diretos e indiretos ligados à atividade no país. Além disso, a venda de uma lancha ou de um iate dentro do Brasil potencializa também o turismo doméstico, movimentando uma cadeia enorme que inclui desde estaleiros e fornecedores até setores de hospitalidade, comércio e serviços.
Apesar do crescimento da indústria náutica do país, a falta de estímulos para vendas de barcos e de infraestrutura como implantação de marinas públicas e privadas para incentivar a navegação de lazer ainda é um entrave do setor fazendo com que estaleiros migrem seus negócios para o mercado internacional. É o caso do grupo Armatti Yachts e Fishing Raptor que vem expandindo a sua presença internacional e acaba de lançar um centro de negócios, serviços e atendimento nos Estados Unidos.
—O Estado de Santa Catarina é um exemplo do crescimento e do impulso da náutica. Hoje concentra mais de 20 grandes estaleiros, incluindo o Grupo Armatti & Fishing, que trouxemos a nossa base industrial ao estado em razão da infraestrutura, da logística e dos incentivos fiscais do Governo do Estado, o pró náutica e o pró emprego, que estimulam a produção e contribuíram para que o estado saltasse 50% em cerca de 15 anos na fabricação de barcos, se tornando o maior polo produtivo do Brasil. O fato já representa um exemplo de um grande avanço. Porém, para aproveitar todo o potencial do país, incentivos fiscais e revisão de taxações aos compradores de barcos, além de ampliação da infraestrutura náutica são fundamentais para estimular a venda dentro do Brasil e, com isso, impulsionar o turismo náutico brasileiro que movimenta uma ampla cadeia de produtos e serviços, além de alto número de empregos —explica Fernando Assinato, CEO do Grupo Armatti & Fishing, referência na fabricação de embarcações premium.
—O Brasil tem um potencial extraordinário no turismo náutico, mas ainda faltam políticas públicas que incentivem a compra de embarcações dentro do país. Muito tem sido falado sobre a aplicação de impostos para compra de barcos no Brasil, o que pode frear um setor de grande potencial levando a indústria a focar cada vez mais os seus negócios no exterior— complementa.
Para o executivo, a indústria náutica poderia ter um peso 20 vezes maior dentro da matriz econômica do país. —Se conseguirmos alinhar esforços entre o setor produtivo e o poder público, temos tudo para transformar a náutica em um dos grandes vetores de desenvolvimento da economia brasileira. O mundo quer viver experiências no mar e o Brasil tem o que oferecer, estimulando brasileiros e estrangeiros a navegarem aqui —diz.
Com sede em São José (SC), o grupo investe continuamente na modernização da planta industrial e no desenvolvimento de novos modelos voltados aos mercados brasileiro e internacional. “Hoje já temos operação ativa em Fort Lauderdale, na Flórida, e temos ampliado nossa participação no mercado americano com embarcações que aliam design sofisticado, desempenho esportivo e tecnologia embarcada. Nossos barcos são multifuncionais. Entregam performance para quem quer pescar ou navegar com emoção, mas também oferecem o conforto e o luxo que famílias exigem para o lazer”, destaca o executivo. —Entretanto, desejamos ver cada vez mais barcos, 100% brasileiros, navegando em nossa costa, lagos, rios e represas e impulsionando a economia brasileira—finaliza.
Grupo Armatti & Fishing —Desde 2018 com fábrica própria em São José, SC, o Grupo Armatti & Fishing é comandado pelo empresário Fernando Assinato. Produz desde as lanchas de luxo com design superesportivo da Armatti Yachts, que variam de 30 a 52 pés, e a linha de lanchas com estilo “off-road” Fishing Raptor, indicada para travessias oceânicas e esportes náuticos como mergulho e pesca, de 26 a 51 pés. As duas marcas são distribuídas no Brasil exclusivamente pela tradicional revenda BoatSP, possuem certificações internacionais e já navegam em diferentes países. | www.armatti.com.br | https://fishing.com.br
Grandes Construções - SP 02/06/2025
O governo federal anunciou um pacote de R$ 1,5 bilhão em investimentos para os portos públicos da Bahia - Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus - por meio do Novo PAC.
O objetivo é ampliar a infraestrutura logística, fortalecer a competitividade regional e impulsionar o desenvolvimento econômico do estado.
Durante a cerimônia de anúncio, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou o impacto estratégico dos investimentos, que devem gerar empregos e ampliar a capacidade logística.
Também participaram do evento o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o governador Jerônimo Rodrigues e o diretor-presidente da Codeba, Antonio Gobbo.
No Porto de Aratu-Candeias, a ATU 12 investirá R$ 400 milhões na modernização do terminal de granéis minerais, enquanto a ATU 18 executa contrato de R$ 120 milhões e propôs mais R$ 535 milhões para granéis vegetais. A Ultracargo, por sua vez, aplicará R$ 305,7 milhões em um novo píer de líquidos e ampliação de armazenagem, permitindo atender navios maiores.
No Porto de Salvador, os investimentos focam em modernização tecnológica e ampliação da infraestrutura para aumentar a eficiência do terminal.
Em Ilhéus, serão destinados R$ 129,6 milhões para reativar o Moinho de Trigo, inativo há 17 anos.
A dragagem devolveu ao porto 10 metros de profundidade, com nova etapa prevista para 14 metros, permitindo atracação de navios maiores. A expectativa é consolidar os portos como hubs logísticos regionais.
Portos e Navios - SP 02/06/2025
A Transpetro lançou, nesta sexta-feira (30), uma licitação pública para aquisição de quatro barcaças com 3 mil toneladas de porte bruto (TPB), quatro empurradores e um rebocador, dando início à sua atuação no segmento de navegação interior. A iniciativa integra um projeto que prevê, até 2026, a contratação de 20 barcaças, 20 empurradores e quatro rebocadores para operações no Brasil.
As embarcações serão destinadas ao transporte de combustíveis, com previsão de entrada em operação no primeiro semestre de 2026. A medida busca ampliar a capacidade operacional da companhia, que passará a disputar até 50% do mercado de transporte de combustíveis por barcaças no país. Segundo a Transpetro, o setor movimenta cerca de 10 milhões de toneladas por ano.
A licitação será dividida em dois lotes e publicada na plataforma Petronect, permitindo a participação de empresas nacionais que atendam aos critérios técnicos e econômicos. As barcaças contarão com sistemas de bombeamento elétrico e geração embarcada, reduzindo emissões. Os empurradores e rebocadores terão padrão de operação a seis nós.
Com 48 terminais, mais de 8 mil km de dutos e 33 navios, a Transpetro reforça sua presença multimodal, buscando complementar sua infraestrutura de dutos, terminais e frota marítima com a navegação interior, com foco em ampliação e diversificação dos serviços prestados ao setor de óleo e gás.
Valor - SP 02/06/2025
Em reunião virtual realizada neste sábado, grupo tomou a decisão depois de discutir outras decisões, segundo fonte
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, a Opep+, concordou em aumentar a produção de petróleo de julho em 411 mil barris por dia (bpd), o mesmo montante de maio e junho, à medida que o grupo de países produtores de petróleo continua a retomar a oferta mais rapidamente do que o planejado.
Oito países da Opep+ vêm aumentando a produção mais rápido do que o previsto desde maio, embora a oferta extra tenha pressionado os preços. A estratégia dos líderes do grupo, Arábia Saudita e Rússia, tem em vista, em parte, punir aliados com excesso de produção e reconquistar participação de mercado, informou a Reuters.
Os oito países concordaram com o aumento em uma reunião online realizada neste sábado. Também discutiram outras opções, disse um delegado do grupo. Na sexta-feira, fontes disseram que a discussão poderia envolver um aumento maior.
Em um comunicado divulgado após a reunião, a Opep+ citou "uma perspectiva econômica global estável e os atuais fundamentos saudáveis do mercado, refletidos nos baixos estoques de petróleo" como justificativa para o aumento em julho.
A Opep+ produz cerca de metade do petróleo mundial e inclui membros e aliados da organização, como a Rússia. Embora os oito países estejam elevando a oferta, alguns estão sendo solicitados a moderar esses aumentos para compensar a superprodução nos últimos meses.
O Cazaquistão havia afirmado na quinta-feira que não cortaria a produção, o que gerou especulações de que a Opep+ poderia optar por um aumento em julho superior a 411 mil barris diários.
Os aumentos de produção da Opep+ iniciados em abril visam reverter cerca de 2,2 milhões de barris por dia em cortes voluntários de produção pelos oito membros.
Valor - SP 02/06/2025
Recursos virão de emissão de debêntures com primeiro vencimento previsto para 2035
A estatal Petrobras vai emitir R$ 3 bilhões em debêntures simples, segundo fato relevante publicado na sexta-feira (30), em que informa o pedido de registro da oferta para distribuição pública dos títulos. Cerca de um terço dos recursos obtidos na operação deve ser usado para elevar a capacidade de processamento e escoamento de gás natural proveniente de um polo do pré-sal, segundo consulta do Valor ao material enviado pela companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Tratam-se de títulos não conversíveis em ações, em até três séries, de espécie quirografária, da oitava emissão da companhia. A oferta seguirá rito de registro automático, com dispensa de análise prévia.
As debêntures terão seus valores atualizados pelo IPCA e os juros remuneratórios equivalentes a uma taxa prefixada a ser definida em procedimento de coleta de intenções para a definição do preço final (“bookbuilding”).
As debêntures da primeira série terão prazos de vencimento em 15 de junho de 2035; já as da segunda série, em 15 de junho de 2040; e as de terceira série, em 15 de junho de 2045.
No fato relevante em que comunica a operação, o grupo diz que os recursos captados serão aplicados exclusivamente no custeio de gastos, despesas ou dívidas relacionadas aos investimentos em projetos prioritários a serem descritos na escritura de emissão da operação.
Segundo o aviso ao mercado publicado no início da manhã de sábado (31), um dos planos prevê avançar com o projeto de gás natural proveniente do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos em 21 milhões de metros cúbicos por dia, “garantindo que o gás natural seja processado e especificado para a venda e enviado até a malha de gasodutos de transporte de gás natural”.
Da soma total de R$ 3 bilhões da emissão, cerca de R$ 1 bilhão serão aplicados nesse projeto, informa o texto divulgado.
Além disso, um outro projeto, que ficará com 66% dos recursos restantes (R$ 1,98 bilhão), chamado “Projeto Raia”, será contemplado também. Ele tem como objetivo o desenvolvimento de uma área, objeto de um contrato de concessão, localizada na parte sudoeste da Bacia de Campos, principalmente para a produção de gás natural.
A Tribuna - SP 02/06/2025
A Petrobras confirmou a presença de petróleo e gás natural no poço 4-BRSA-1395-SPS, localizado a 245 quilômetros da costa, na linha reta de Santos, no litoral de São Paulo. A descoberta foi anunciada oficialmente no dia 17 de março pela estatal e integra o Bloco de Aram, situado no pré-sal da Bacia de Santos, uma das regiões mais promissoras para a produção de petróleo em águas ultraprofundas no Brasil.
Testes para determinar a quantidade
O poço atingiu 1.759 metros de profundidade, e a operação segue com a perfuração até o limite previsto para caracterizar os reservatórios já identificados. A diretora-executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Maria Couto dos Anjos, classificou a descoberta como estratégica e afirmou que o volume identificado é significativo para a companhia e para o país. Em nota, no entanto, a Petrobras ainda não confirmou a quantidade exata de petróleo e gás no local, e disse que "análises técnicas complementares estão em andamento para determinar com precisão o potencial dessa descoberta".
Participação e gestão do Bloco de Aram
A confirmação da presença de hidrocarbonetos se deu por meio de análises de perfis elétricos, indícios de gás e amostras de fluido retiradas do poço, que estão sendo estudadas em laboratório. Essas análises permitirão avaliar o real potencial do poço e definir as próximas etapas da exploração. A Petrobras opera o Bloco de Aram com 80% de participação em consórcio com a estatal chinesa CNPC, que detém os 20% restantes. O bloco foi arrematado em março de 2020 na 6ª Rodada de Partilha da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e sua gestão contratual é realizada pela Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).
Impactos econômicos para Santos
Essa exploração, se bem-sucedida, pode representar ganhos expressivos para Santos e outras regiões beneficiadas por royalties e participações especiais, que são calculados com base na produção de petróleo e gás em áreas marítimas.
Esses recursos financeiros são repassados mensalmente ou trimestralmente à Prefeitura e, por lei, devem ser aplicados prioritariamente em educação (com 50% do valor), além de infraestrutura urbana, saneamento básico, abastecimento de água potável e iniciativas de preservação ambiental.
Outros locais
Além do Bloco de Aram, a Petrobras também anunciou a presença de hidrocarbonetos em outras duas áreas importantes em março: no Bloco Norte de Brava, na Bacia de Campos, e em um poço na região oeste do Campo de Búzios, ambos no litoral do estado do Rio de Janeiro. Essas descobertas reforçam a estratégia de expansão da companhia nas reservas do pré-sal brasileiro.
Hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados por átomos de carbono e hidrogênio e são usados como combustível ou matéria-prima. Entre os mais conhecidos estão o metano (gás natural), propano e butano (gás de cozinha), octano (presente na gasolina), etanol (álcool) e a propanona (acetona). A descoberta desses compostos em alta concentração é um forte indicativo do potencial produtivo da área.
Valor - SP 02/06/2025
A APO, um simulado de vazamento de óleo em que a companhia deve comprovar capacidade de resposta, é a última etapa do processo
Em ofício enviado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na noite de quinta-feira (29), a Petrobras propôs que a avaliação pré-operacional (APO) do licenciamento da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, seja feita na semana de 7 de julho. A APO, um simulado de vazamento de óleo em que a companhia deve comprovar capacidade de resposta, é a última etapa do processo.
O ofício da Petrobras vem após carta do Ibama, registrada no processo na quarta-feira (28), em que o órgão ambiental pedia que a petroleira apresentasse datas para vistorias e reuniões. A companhia propôs uma reunião para definir estratégia da APO em 6 de junho, às 14h.
No documento, a petroleira propõe também que o órgão ambiental realize a vistoria da sonda designada para a perfuração na próxima semana, em 4 ou 5 de junho, na Baía de Guanabara. O navio-sonda está no Rio de Janeiro para passar por limpeza, que deve ser finalizada no dia 7, conforme a Petrobras. “Entendemos que realizar a vistoria com a sonda ainda na baía simplificará bastante a logística do embarque e desembarque das equipes”, disse a companhia na carta.
Com relação à vistoria da base de atendimento à fauna, construída pela Petrobras no Oiapoque (AP) a pedido do Ibama, a companhia sugere que seja realizada entre 23 e 27 de junho, em conjunto com embarcações dedicadas a monitoramento e resgate de animais no município.
Em entrevista ao Valor na semana passada, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse não ver razão para a licença ambiental de perfuração na Bacia da Foz do Amazonas não ser concedida.
“Nossos esforços estão no exercício pré-operacional [de simulação de vazamento], na fiscalização da unidade [de proteção à fauna], já feita pelo órgão ambiental amapaense. Mas o Ibama tem que fiscalizar também. Nosso esforço, agora, é tratar com o Ibama a data da fiscalização e a data do exercício pré-operacional”, disse a executiva na ocasião.
Infomoney - SP 02/06/2025
Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta sexta-feira, 30, encerrando uma segunda semana consecutiva de perdas, enquanto o mercado aguarda a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), marcada para amanhã. Espera-se que o grupo decida elevar suas metas de produção em pelo menos 411 mil barris por dia em julho, somando-se a aumentos semelhantes registrados em maio e junho.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para julho recuou 0,25% (US$ 0,15), fechando a US$ 60,79 o barril. Já o Brent para agosto, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 0,90% (US$ 0,57), para US$ 62,78 o barril. Na semana, o WTI acumulou queda de 1,7%, enquanto o Brent recuou cerca de 2,75%. No mês, o WTI registrou alta de aproximadamente 5,3%, e o Brent avançou 3,2%.
O WTI conseguiu se recuperar parcialmente e se afastar da queda mais acentuada do Brent nesta sexta-feira, após o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, anunciar o cancelamento de cerca de US$ 3,7 bilhões em apoio governamental a projetos de energia limpa.
Analistas do Citi destacam que os fatores baixistas que impulsionaram a liquidação do petróleo neste ano — como as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump e o aumento da oferta da Opep+ — já podem estar precificados no mercado. Segundo o relatório, o petróleo tem encontrado suporte em riscos geopolíticos envolvendo o Irã e o conflito entre Rússia e Ucrânia, em estoques baixos ainda a serem reabastecidos, e na forte demanda por derivados, além de margens de refino elevadas.
A ausência de um aumento significativo nas exportações da Opep+, apesar da reversão acelerada dos cortes de produção, reforça a percepção de que o mercado talvez não fique tão abastecido quanto se esperava. Além disso, países do Oriente Médio estão ampliando seus estoques de petróleo bruto para atender ao aumento no consumo de combustíveis durante o verão, segundo os analistas.
O número de poços e plataformas de petróleo em atividade nos EUA caiu de 465 para 461, conforme dados da Baker Hughes, empresa que presta serviços ao setor.
Jornal de Brasília - DF 02/06/2025
A recuperação da safra agrícola impulsionou a agropecuária e ofuscou o impacto do aperto dos juros sobre os demais setores da economia brasileira no primeiro trimestre de 2025.
É o que sinalizam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No primeiro trimestre, o PIB cresceu 1,4% ante os três meses finais de 2024, e esse resultado foi puxado pela alta de 12,2% na agropecuária, disse o instituto. Enquanto isso, o setor de serviços mostrou leve avanço de 0,3%, e a indústria encolheu 0,1%.
Ao ser questionada pela reportagem se o desempenho da agropecuária ofuscou o impacto restritivo dos juros, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, respondeu de modo positivo.
Ela afirmou que o bom desempenho no campo “diminuiu o efeito” do aperto monetário sentido pelas demais atividades.
“Não dá para quantificar exatamente, mas a agropecuária, como é um setor primário e tem uma cadeia produtiva comprida, influencia positivamente vários setores”, disse a técnica em entrevista a jornalistas.
A recuperação no campo é associada a melhores condições climáticas e ganhos de produtividade, além da base de comparação fragilizada, segundo o IBGE.
No ano passado, a agropecuária foi afetada por falta de chuvas em diferentes regiões produtoras e enchentes históricas no Rio Grande do Sul.
A taxa básica de juros, por outro lado, vem subindo em uma tentativa do BC (Banco Central) de conter a inflação. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), neste mês, a Selic atingiu 14,75% ao ano -maior nível registrado em quase duas décadas.
O aperto encarece o crédito, dificultando o consumo das famílias e os investimentos produtivos, embora esses dois componentes do PIB tenham crescido 1% e 3,1% no primeiro trimestre.
No caso do consumo, Rebeca associou o resultado a fatores como o cenário positivo do mercado de trabalho, além de programas do governo de transferência de renda.
Em relação aos investimentos, ela citou, por exemplo, impactos de importações e desembolsos na área de internet e desenvolvimento de sistemas.
A taxa Selic fechou o primeiro trimestre em 14,25% ao ano e voltou a subir em maio, para 14,75%. Trata-se do maior patamar em quase duas décadas.