O Estado de S.Paulo - SP 12/05/2025
O CEO da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch, disse que o contexto global de guerra tarifária impossibilita as exportações da companhia para qualquer país no momento. “Exportação nossa é praticamente inexistente. Está completamente inviável. O Brasil está atrasado. Todos os outros países já tomaram medidas”, afirmou o executivo.
Ele afirma compreender a postura do governo brasileiro, de “negociar com todos”, mas avalia que as decisões de defesa comerciais estão “tardando muito”. “Importação desordenada é destrutiva para todos”, acrescentou ainda.
O executivo disse que a companhia tem diversificado produtos e clientes para vender sua produção em nichos, buscando fugir das commodities exportadas pela China.
Ele afirmou ainda que a empresa espera um eventual retorno do esforço chinês de recuperação da economia. Nesse caso, avalia que a companhia se beneficiaria da recuperação do minério em função da demanda chinesa. O empresário disse ainda que os clientes na China não estão com estoques altos.
“Nosso compromisso é de seguir buscando redução de custos”, afirmou Steinbruch, que elogiou a CSN Mineração por entregar redução de 11% no custo C1 (de produção e frete da mina até o porto), que foi de US$ 21 por tonelada no período. Ele disse que a expectativa é manter o indicador no patamar entre US$ 21,50 e US$ 23.
“Crescimento da produção própria é um esforço que manteremos”, acrescentou. O diretor financeiro da CSN, Pedro Oliva, disse que, no ano, deve haver um pequeno aumento no volume de compra, ficando no patamar de 25%.
Valor - SP 12/05/2025
Para o ano fiscal iniciado em abril, a siderúrgica projeta que terá um lucro acima de 200 bilhões de ienes e planeja reduzir dividendos para 120 ienes por ação, seu menor pagamento desde 2020
A Nippon Steel teve lucro de 350,2 bilhões de ienes (US$ 2,4 bilhões) no ano fiscal encerrado em março, queda de 36,2% na comparação anual. A siderúrgica japonesa alcançou receitas de 8,69 trilhões de ienes (US$ 59,8 bilhões) entre abril do ano passado e março, redução de 1,9% em um ano.
“A demanda global por aço permanece em um estado de crise sem precedentes”, afirma a companhia, em comunicado. “Excesso de produção e crescimento de exportações como resposta à deterioração da dinâmica de oferta e demanda da China é estrutural e sem sinais de melhoria.”
A companhia destaca, também, que a nova política de tarifas dos Estados Unidos terá efeitos no atual ano fiscal, impactando a economia global, com a Nippon Steel temendo como isso irá afetar a siderurgia tanto no Japão quanto no exterior, além de possíveis efeitos indiretos.
Para o ano fiscal iniciado em abril, a Nippon Steel projeta que terá um lucro acima de 200 bilhões de ienes e planeja reduzir dividendos para 120 ienes por ação, seu menor pagamento desde 2020, comparado ao pagamento de 160 ienes por ação que realizou no último ano fiscal.
CNN Brasil - SP 12/05/2025
A CSN está vendo uma boa demanda por aço no Brasil no atual trimestre e vai procurar replicar a estratégia comercial adotada no início do ano, em que elevou os preços de planos em 3,2%, afirmou o diretor comercial da siderúrgica, Luis Fernando Martinez, nesta sexta-feira.
“A demanda está boa, não é questão de preço que vai resolver (importação elevada)”, disse Martinez em conferência com analistas sobre os resultados da companhia publicados na noite da véspera.
“Vamos segurar o máximo os preços para não perder rentabilidade… Vamos ter preços relativamente estáveis, com viés para cima no segundo trimestre”, afirmou o executivo.
No primeiro trimestre, a CSN conseguiu elevar a margem Ebitda na operação de siderurgia de 4,3% um ano antes para 7,9%.
Em aços longos, disse Martinez, a CSN teve que reduzir seus preços em 5% no primeiro trimestre diante de “competição mais forte nesse segmento”.
As ações da CSN derretiam quase 11% perto do final do pregão nesta sexta-feira, cotadas a R$8,61, enquanto o Ibovespa subia 0,21%.
O executivo afirmou que “beira a irresponsabilidade” a falta de medidas de defesa comercial do Brasil em relação ao elevado nível de importações de material siderúrgico vindo principalmente da China.
Martinez defendeu a renovação do atual sistema de cota/tarifa, criado pelo governo federal ano passado, mas com aplicação de sobretaxa de 25% sobre todos os produtos siderúrgicos e não apenas sobre alguns, como forma também de coibir importações desviadas que se aproveitam de adição de boro na composição da liga para não se enquadrarem em produtos que taxados.
Sobre a parada do alto-forno 2 da usina da empresa em Volta Redonda (RJ) para manutenção em janeiro, Martinez afirmou que o equipamento precisará ser retomado com uma “condição de mercado muito melhor do que temos hoje”. O executivo citou que a parada é de pelo menos seis meses.
ALAVANCAGEM
A companhia segue com meta de entregar alavancagem financeira abaixo de três vezes dívida líquida sobre Ebitda ajustado, mas esse múltiplo não inclui desembolsos com projeto de expansão da mineração do grupo em Congonhas (MG), disse o diretor de finanças do grupo, Antonio Marco Rabello.
A CSN pretende elevar sua produção de minério de ferro de alta qualidade em 15 milhões de toneladas por ano, chegando a 65 milhões de toneladas em 2028, um projeto que tem previsão de investimento de cerca de R$15 bilhões.
“É um projeto transformacional do ponto de vista de alavancagem da companhia… dá uma guinada importante”, disse Rabello.
“Para o guidance, essa transformação não está considerada nos números”, afirmou, citando que é difícil para a empresa precisar neste momento a alavancagem no final de 2026 e 2027 e que o chamado projeto “P15 vai trazer alguns bilhões adicionais de Ebitda para a companhia”.
Valor - SP 12/05/2025
Empresário vê nas ações do líder americano uma possível tática de negociação
Jorge Gerdau — Foto: Leonardo Rodrigues/Valor
As medidas protecionistas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão provocando uma desarranjo na economia global, construída ao longo de décadas com base em acordos internacionais. A avaliação é do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que vê nas ações do líder americano uma possível tática de negociação.
“As medidas do Trump estão desequilibrando esse processo histórico. Mas que são quase como um processo político de pôr o problema para ser rediscutido. Eu entendo assim. Isso é um tema muito complexo. Talvez uma das perguntas mais difíceis de responder é saber qual é o real objetivo que Trump tem com isso”, disse Gerdau em entrevista ao Valor, durante evento da Junior Achievement, ONG de educação, na quinta-feira (8), do qual o empresário é o primeiro grande incentivador no Brasil.
A fala de Gerdau veio pouco antes dos governos dos EUA e do Reino Unido anunciarem o primeiro acordo na guerra tarifária que afeta o mundo todo. Pelo pacto firmado, na última quinta-feira, as montadoras britânicas terão uma cota de 100 mil carros com uma alíquota de 10% ao invés dos 25% anunciados inicialmente por Trump.
No fim de semana, representantes dos Estados Unidos e China estiveram reunidos, em Genebra, para debater sobre as alíquotas. Segundo o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, houve “progresso substancial” e mais detalhes serão divulgados nesta segunda-feira (12).
A situação é similar ao que ocorreu no setor siderúrgico em 2018, quando Trump estava em seu primeiro mandato como presidente dos EUA. Na ocasião, os governos de Estados Unidos e Brasil renegociaram o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e de 687 mil toneladas de laminados. A medida flexibilizou decisão anterior de Trump que havia estabelecido alíquota de importação de aço para 25%.
Nos últimos anos, a tarifa estava em 10%. A decisão de Trump agora eleva a alíquota a 25% para todo o setor de siderurgia brasileiro. Gerdau explicou que o setor está em negociações com o governo brasileiro, mas ainda não é possível mensurar os impactos da medida. O desafio do setor é mostrar ao governo dos EUA que o aço brasileiro desempenha um papel complementar na sua indústria.
Siderurgia brasileira
Já sobre sua siderúrgica, o empresário diz que a unidade brasileira, que tem acordos de exportação importantes, está sendo prejudicada, mas a companhia é também dona de uma operação relevante no mercado americano e, por isso, tende a ser beneficiada. “Os Estados Unidos, tradicionalmente, eram grandes parceiros com algumas empresas. A Gerdau, dentro desse processo, sofre um impacto global do mercado de aço. Mas como nós temos uma equação internacional muito grande, nos Estados Unidos é o contrário.”
A companhia tem dito, em teleconferências com investidores e conversas com jornalistas, que já observa sinais de melhora em suas operações nos Estados Unidos, após o decreto Trump. Com 30% de capacidade ociosa no mercado americano, a siderúrgica vê espaço para ampliar a produção sem necessidade de novos investimentos.
A Gerdau produz cerca de 4 milhões de toneladas de aço por ano. Se optasse por algum incremento de capacidade, a empresa poderia adicionar mais 1,5 milhão de toneladas à sua produção anual.
Aço chinês no Brasil
Outra preocupação do empresário é a entrada de aço chinês no mercado brasileiro. Empresas do setor, como Usiminas e a própria Gerdau, subiram o tom e ameaçam adiar ou suspender investimentos, caso o governo brasileiro não tome medidas antidumping contra o que eles consideram invasão do aço chinês.
Segundo o empresário, a China tem uma sobra de 100 milhões de toneladas de aço por ano devido à estagnação de obras da construção civil naquele país. Esse volume é quatro vezes a produção e consumo do Brasil que gira na casa dos 25 milhões anuais. Gerdau reclama que as siderúrgicas chinesas, boa parte delas estatal, colocam seu aço com preços subsidiados em outros mercados para manter empregos em seu país.
O governo brasileiro chegou a estabelecer uma regulamentação para limitar a importação de nove itens (NCMs, ou Nomenclaturas Comuns do Mercosul) do setor siderúrgico. As cotas de importação foram definidas pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), e o excedente estará sujeito a uma alíquota majorada de 25% no Imposto de Importação. Mesmo assim, o setor considera que foram medidas pouco eficientes e a escalada do aço chinês entrando no mercado nacional se mantém firme em 2025.
“Então, o que o mundo ocidental praticamente fez? Estados Unidos, México, Canadá e Chile impuseram proteções de 25%. Depois disso, toda a Europa fez também. Depois, inclusive, a Turquia fez, que é um grande produtor e exportador. Então, praticamente o mundo ocidental propôs essa proteção. E o Brasil é o país mais atrasado nesse processo de decisão. Hoje, nós parcialmente conseguimos, mas ainda há lacunas e a China vende com prejuízo grande”, disse.
CNN Brasil - SP 12/05/2025
Nos últimos 14 anos, a China investiu cerca de US$ 66 bilhões no Brasil, segundo dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), compilados pela embaixada chinesa.
De acordo com a representação diplomática, esse é o maior volume de investimentos chineses no país da história.
O valor, concentrado em setores estratégicos como energia, infraestrutura, agronegócio e tecnologia, mostra o peso do país asiático na transformação da base produtiva brasileira e na geração de empregos qualificados.
O setor de energia lidera os aportes, com US$ 32,5 bilhões investidos entre 2007 e 2022. Empresas estatais como State Grid, China Three Gorges (CTG).
E State Power Investment Corporation (SPIC) estão à frente dos maiores projetos, incluindo o Linhão de Belo Monte, que fornece energia renovável para mais de 60 milhões de brasileiros e gera cerca de 5 mil empregos diretos.
Na infraestrutura, os investimentos somaram US$ 25 bilhões entre 2019 e 2024, de acordo com o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
Os recursos têm sido decisivos para modernizar a logística e reduzir gargalos, com destaque para o Porto de São Luís (MA) e a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL).
Também há interesse chinês no projeto da Ferrogrão, que ligará Mato Grosso ao Porto de Miritituba (PA).
Mais recentemente, os chineses passaram a mirar setores ligados à transição energética.
A partir de 2025, as montadoras BYD e GWM iniciarão a produção de veículos elétricos e híbridos no Brasil, nas cidades de Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP).
Além de estimular a mobilidade sustentável, os projetos devem gerar milhares de empregos e fortalecer a indústria nacional.
No agronegócio, a cooperação avança em frentes como biotecnologia, agricultura de precisão e uso de drones. Uma parceria entre a ANAC e a autoridade de aviação chinesa, por exemplo, viabiliza o uso de drones da DJI para pulverização agrícola no país.
O Estado de S.Paulo - SP 12/05/2025
Sem surpresa, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve os juros básicos da economia americana entre 4,25% e 4,5% em sua mais recente reunião de política monetária. A incerteza gerada pelo tarifaço do presidente Donald Trump aumenta os riscos de inflação e de desemprego, destacou o Fed.
Também não surpreendeu a reação de Trump ao anúncio. “Idiota”, disparou o republicano contra o presidente do Fed, Jerome Powell, a quem Trump vem destinando artilharia pesada na atual gestão.
Na visão delirante do republicano, a inflação nos EUA é “virtualmente” inexistente, o que é facilmente contestado pelos dados. Em março, a inflação anualizada foi de 2,4%, acima da meta de 2% que o Fed, que tem o mandato duplo de buscar pleno emprego combinado com estabilidade de preços, persegue.
Trump também alega que as tarifas que ele impôs ao mundo já estão inundando o país de recursos, que os preços estão em queda nos EUA e que Powell demora demais para cortar os juros.
O fato é que as tarifas realmente justificam juros mais baixos – mas na arqui-inimiga China. O BC chinês acaba de anunciar uma redução da taxa de depósitos compulsórios dos bancos para aumentar a liquidez do sistema financeiro, além de ter cortado juros de curto prazo para lidar com o impacto econômico do tarifaço de 145% que Trump impôs sobre os produtos chineses.
Ou seja, Trump está forçando a rival China a reduzir os juros, enquanto internamente o efeito imediato de sua guerra comercial sem qualquer fundamento é mais pressão inflacionária. Logo, não há nenhum motivo para que o Fed, ademais independente, corte juros, como vem insistindo Trump.
Inflacionário no curto prazo e recessivo no longo, o caos tarifário imposto por Trump deve sim levar o Fed a cortar os juros no segundo trimestre, mas pelo pior motivo possível: combater a recessão que se avizinha.
Instituições financeiras como o J.P. Morgan estimam em 60% a probabilidade de recessão nos EUA no final deste ano, uma consequência direta do desarranjo econômico provocado pelas tarifas. O banco também entende que o Fed passará a cortar os juros só a partir de setembro – a próxima reunião da autoridade monetária norte-americana está agendada para junho.
Estimativas e previsões sempre podem mudar, já que eventos geopolíticos e fenômenos naturais costumam surpreender. Mas, nas atuais condições de temperatura e pressão, Trump pode esbravejar o quanto quiser contra Powell, que vem apenas e tão somente fazendo o trabalho que lhe compete.
É digno de nota, contudo, que o presidente do Fed, diante dos inúmeros ataques destemperados que vem sofrendo, não caia nas provocações de Trump. Quando é questionado sobre os insultos que recebe do presidente, Powell foge da personalização assegurando que as decisões do Fed baseiam-se nos dados, na perspectiva econômica e no balanço de riscos.
Pode parecer pouco, mas em um governo que já prendeu até juízes, fazer o trabalho que deve ser feito, em vez de atender a caprichos presidenciais, é quase heroico.
O Estado de S.Paulo - SP 12/05/2025
Por unanimidade, o Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, para 14,75% ao ano, maior nível desde 2006, e deixou em aberto os passos a seguir nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Foi uma decisão prudente em um momento de tantas incertezas no mundo e no Brasil.
A maioria do mercado financeiro já esperava esse aumento. Na reunião de março, quando a Selic subiu 1 ponto porcentual, o BC sinalizou que reduziria a magnitude do aumento dos juros. Apesar de sinais incipientes de desaceleração econômica, o Copom ponderou que a inflação e seus núcleos permaneciam acima da meta e que o mercado de trabalho continuava aquecido.
No comunicado divulgado após a reunião desta semana, a principal mudança se deu no balanço de riscos. Desde setembro, o BC avaliava que houvesse mais chances de alta do que de queda da inflação. Agora, o cenário passou a ser simétrico, com três fatores para cada lado, o que abre possibilidade, na reunião de junho, tanto para um aumento adicional nos juros de 0,25 ponto porcentual quanto para o anúncio do fim do ciclo de alta.
Além da desaceleração das economias doméstica e global, a instituição mencionou o risco de redução nos preços das commodities como um fator que pode vir a conter a inflação. Na outra ponta, permanecem a desancoragem das expectativas por período mais prolongado, a resiliência da inflação de serviços e o conjunto de políticas econômicas externas e internas com impacto inflacionário maior que o esperado.
Internamente, pouco mudou. A projeção do Copom para o IPCA deste ano caiu de 5,1% para 4,8%, mas permanece acima do teto da meta, de 4,5%. Para 2026, a previsão foi reduzida de 3,9% para 3,6%, ainda superior ao centro da meta, de 3%. A política fiscal do governo Lula da Silva continua a dificultar o trabalho do BC de trazer a inflação à meta, cenário que requer uma política monetária “em patamar significativamente contracionista por período prolongado”, segundo o comunicado.
Já o cenário externo ficou ainda mais imprevisível, à mercê dos efeitos da agressiva política comercial do presidente dos EUA, Donald Trump. Temerosos dos impactos do tarifaço, empresas e consumidores norte-americanos anteciparam importações, e o déficit comercial bateu recorde de US$ 140,5 bilhões em março.
Por lá, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve, pela terceira vez consecutiva, os juros inalterados na faixa entre 4,25% e 4,50%. A despeito do encolhimento de 0,3% do PIB dos EUA no primeiro trimestre, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a inflação ainda está acima da meta e afirmou não ter pressa na redução das taxas.
Paradoxalmente, a bagunça promovida por Trump trouxe ao menos uma vantagem para o Brasil. A queda do dólar fortaleceu o real, contexto que contribuiu para conter a inflação. Assim, o Banco Central brasileiro preferiu a cautela de deixar seus próximos passos em aberto.
Em janeiro e março, o Copom optou por seguir a orientação deixada pelo ex-presidente Roberto Campos Neto e elevou os juros em 1 ponto porcentual em cada reunião. Desta vez, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, estava livre da sombra do antecessor indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e o Copom já tinha a maioria dos diretores indicados por Lula da Silva. Felizmente, o BC demonstrou união ao aumentar os juros em 0,50 ponto porcentual.
Coube às centrais sindicais repudiar os “pipoqueiros” do Banco Central. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) rompeu a trégua e disse que a chegada de Galípolo não mudou a visão predominante no BC. Com o “menino de ouro” de Lula à frente do BC, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, demonstrou raro comedimento ao mencionar que a indústria cresceu 1,2% em março “apesar dos juros nas alturas”.
Pudera. Diante da crise dos descontos irregulares de aposentadorias e pensões, o governo Lula da Silva tem assuntos mais urgentes com os quais se preocupar, o que ao menos reduz a pressão sobre a política monetária – que, ao que tudo indica, permanecerá restritiva por bastante tempo.
Globo Online - RJ 12/05/2025
O IPCA, índice oficial de inflação do país, desacelerou para 0,43% em abril, ante uma alta de 0,56% em março, informou ontem o IBGE, mas economistas chamam a atenção para sinais de pressão que atrapalham as perspectivas de uma política de juros menos restritiva. As principais preocupações são as altas dos preços de serviços e o espalhamento dos reajustes.
A inflação de um ano subiu 5,53%, acima da meta perseguida pelo Banco Central (BC), que é de 3%, e do teto, de 4,5%. Por sete meses seguidos, desde outubro, o IPCA vem estourando o teto da meta.
Dos nove grupos de produtos e serviços cujos preços são pesquisados pelo IBGE, oito registraram altas em abril. O aumento no grupo Alimentos e Bebidas arrefeceu para 0,82%, ante 1,17% em março, mas mesmo assim teve o maior impacto no índice, de 0,18 ponto percentual.
Outra pressão significativa foi dos produtos farmacêuticos, que subiram 2,32% após o governo federal autorizar reajustes de até 5,09% nos medicamentos, puxando a alta do grupo Saúde e Cuidados pessoais para 1,18%.
Ovo e arroz têm deflação
O arrefecimento da inflação do grupo Alimentos em abril ocorreu porque itens importantes da cesta de consumo ficaram mais baratos, explicou Fernando Gonçalves, gerente de pesquisa do IPCA. Foi o caso de carnes (-0,08%), arroz (-4,19%) e ovo (-1,29%). A cenoura, com queda de 10,4% (-36,9% em um ano), registrou o maior recuo entre os alimentos.
O item Transportes teve queda de 0,38% — combustíveis e passagens aéreas ficaram mais baratos. A boa notícia aponta para a perspectiva de queda nas cotações do petróleo por causa da guerra comercial do presidente americano, Donald Trump, o que deve manter os preços dos combustíveis comportados.
Com o ciclo de alta da Selic — a taxa básica de juros subiu 0,5 ponto percentual esta semana, para 14,75% ao ano — chegando perto do fim, como sinalizou o próprio Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, na quarta-feira, uma alta menor dos alimentos poderia sinalizar que a inflação começou a ceder. Mas a composição do IPCA de abril não trouxe boas perspectivas sobre isso, destacaram economistas.
Luís Otávio Leal, economista-chefe da gestora G5 Partners, escreveu em relatório que a desaceleração de abril veio com um “gosto amargo na boca”. Igor Cadilhac, economista da empresa de pagamentos PicPay, avaliou que “qualitativamente, o resultado foi desfavorável”, e o analista do banco Goldman Sachs Alberto Ramos ressaltou que “as pressões inflacionárias continuam fortes e altamente disseminadas”.
A disseminação apareceu no próprio grupo Alimentos e Bebidas. O “índice de difusão” — que mede a proporção dos itens que tiveram alta em determinado período, em relação ao total de itens pesquisados — dos produtos alimentícios subiu para 70% em abril, ante 55% em março. Com isso, a difusão total do IPCA subiu para 67%, ante 61% em março, a maior desde dezembro.
Além dos alimentos, o encarecimento dos serviços vem preocupando nos últimos meses. Os serviços ficaram 0,2% mais caros em abril, ritmo mais brando do que o 0,62% de março — mas o resultado foi impactado pela queda nas passagens aéreas, cujos preços variam muito mês a mês. Em 12 meses, os serviços acumulam alta de 6,03%, bem acima do teto da meta.
O aumento do espalhamento da inflação e a dinâmica pressionada dos preços de serviços são costumeiramente vistos por analistas como elementos negativos da composição da inflação. Isso porque os saltos nos preços de alimentos, em parte por causa de eventos climáticos, tendem a ser choques temporários. Já os preços de serviços reagem mais à dinâmica da demanda.
— A taxa de desemprego está diminuindo, temos um maior número de pessoas com emprego de carteira assinada, que traz mais segurança para as famílias, tem aumento da massa salarial. Isso tudo contribui para uma dinâmica de consumo — disse Gonçalves, do IBGE.
Economistas frequentemente lembram que a inflação de serviços é a que mais reage à política de juros.
— O que pressiona mais (a inflação) é a parte de serviços. É uma coisa que precisa mostrar uma desaceleração mais consistente — afirmou André Braz, coordenador dos Índices de Preços da Fundação Getulio vargas (FGV). — Dado o peso e a relevância dos serviços, e a sua resistência, a inflação de serviços ainda não mostra que está no ponto de a taxa Selic recuar.
No comunicado de quarta-feira sobre a reunião do Copom, o BC incluiu no cenário os possíveis efeitos do tarifaço de Trump. Tarifas de importação mais altas poderão acelerar a inflação nos EUA, e as projeções de crescimento para a economia global não param de ser revisadas para baixo. Um esfriamento da demanda poderia aliviar a carestia nos demais países.
Haddad otimista
Para o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale, um menor crescimento econômico global por causa da guerra comercial não trará alívio à inflação no Brasil. A demanda da China pelas matérias-primas brasileiras poderá crescer, e mesmo que mantido o nível atual da taxa de câmbio — em queda no ano — ela é insuficiente para derrubar preços domésticos.
Por isso, Vale vê a inflação no teto da meta enquanto o governo não avançar no equilíbrio das contas públicas:
— O mercado de certa forma está aceitando, de forma tácita, que o BC está trabalhando para manter a inflação no teto. Não vai conseguir levar para 3% (o centro da meta do IPCA) com essa taxa (Selic) com que ele está trabalhando hoje — afirmou Vale.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diz estar “mais confiante” do que o mercado em relação à trajetória da inflação este ano.
— O IPCA está em linha com o que estava projetado. Estou confiante de que nós vamos terminar o ano um pouquinho melhor do que as previsões. E o ano que vem, em uma situação mais confortável — afirmou o ministro a jornalistas em São Paulo.
Infomoney - SP 12/05/2025
A CSN Mineração (CMIN3) registrou um prejuízo líquido de R$ 357 milhões, contra um lucro líquido de mais de R$ 2,0 bilhões registrado no trimestre anterior, sendo o impacto da variação cambial no caixa em moeda estrangeira o principal fator para a reversão desse resultado.
A receita líquida ajustada foi de R$ 3,41 bilhões no 1º trimestre de 2025 (1T25), queda de 12,7% frente ao 4T24, influenciada pela sazonalidade e chuvas, que afetaram o volume transportado. Em relação ao 1T24, no entanto, houve alta de 21,7%, impulsionada por ganhos operacionais e câmbio mais favorável. A receita líquida unitária ficou em US$ 61,96 por tonelada, estável frente aos trimestres comparáveis, indicando menor volatilidade nos preços do minério.
O custo dos produtos vendidos (CPV) foi de R$ 2,24 bilhões, aumento de 5,3% frente ao 4T24, devido à maior compra de minério de alta qualidade com frete elevado. O custo C1 (custo caixa por tonelada, principal indicador de competitividade na mineração) ficou em US$ 21,0/t, alta leve de 2,9% ante o trimestre anterior, mas queda de 11,0% frente ao 1T24, reforçando a eficiência operacional da companhia.
O lucro bruto somou R$ 1,17 bilhão, recuo de 34,1% ante o 4T24, com margem bruta de 34,4%, refletindo a menor diluição de custos fixos. Já na comparação anual, houve alta de 28,4% no lucro bruto e ganho de 1,8 ponto percentual na margem.
As despesas gerais e administrativas (SG&A) totalizaram R$ 57,6 milhões, alta de 16,9% sobre o 4T24 por fatores pontuais, mas com queda de 21,1% na comparação anual, mesmo com maior volume vendido.
O resultado de equivalência patrimonial foi de R$ 37 milhões, queda de 16,4% ante o trimestre anterior, impactado pela sazonalidade e menor movimentação na ferrovia MRS.
Já o resultado financeiro foi negativo em R$ 1,32 bilhão, pressionado pela desvalorização do real, que reduziu o valor em reais do caixa em dólares da companhia.
Dividendos e JCP
O Conselho de Administração da CSN Mineração aprovou a distribuição de dividendos e juros sob o capital próprio no montante de R$ 1,3 bilhão, sendo (i) R$ 1,09 bilhão na forma de dividendos intercalares e R$ 210 milhões na forma de juro sob capital próprio.
Acionistas na base da companhia até a próxima segunda-feira (12) receberão o montante e as ações passarão a ser negociadas “ex-proventos” na terça-feira (13).
O pagamento será realizado até o dia 31 de dezembro deste ano, em data a ser determinada no futuro pela companhia.
Valor - SP 12/05/2025
Serão distribuídos R$ 1,09 bilhão, o equivalente a R$ 0,20 por ação, em dividendos intermediários, e R$ 210 milhões em juros sobre capital próprio, o equivalente a R$ 0,03 por ação
A CSN Mineração anunciou o pagamento de R$ 1,3 bilhão aos seus acionistas na forma de dividendos e juros sobre capital próprio.
Serão distribuídos R$ 1,09 bilhão, o equivalente a R$ 0,20 por ação, em dividendos intermediários, e R$ 210 milhões em juros sobre capital próprio, o equivalente a R$ 0,03 por ação.
Acionistas na base da companhia até a próxima segunda-feira (12) receberão o montante e as ações passarão a ser negociadas “ex-proventos” na terça-feira (13).
O pagamento será efetuado até o dia 31 de dezembro, em data a ser determinada no futuro pela companhia.
Exame - SP 12/05/2025
A mania de superlativos em Balneário Camboriú atingiu seu ponto mais alto — literalmente.
A cidade que transformou arranha-céu em símbolo local agora foi além: construiu uma maquete de quatro andares para apresentar o que será o prédio residencial mais alto do mundo.
Não é figura de linguagem. A maquete da Senna Tower tem 14 metros de altura e já ocupa um prédio inteiro.
O empreendimento, da FG Empreendimentos, terá mais de 550 metros de altura, superando a Central Park Tower, em Nova York (472 metros), e o Marina 101, em Dubai (435 metros).
A torre (e a maquete) foi lançada oficialmente neste sábado, 10 de maio, em um evento lotado no centro de Balneário Camboriú.
A instalação — ou “mini prédio”, como alguns já chamam — foi construída como parte do showroom do Senna Tower.
A ideia era criar uma experiência imersiva para apresentar o projeto, mas acabou virando uma atração própria, com fila para fotos e vídeos no Instagram.
“Fizemos uma maquete que virou outro prédio. Ela mostra o tamanho da nossa ambição — e o tamanho do que vem por aí”, diz Jean Graciola, CEO da FG.
Um showroom que virou ponto turístico
A réplica ocupa quatro andares de um edifício no centro da cidade.
São 90 toneladas de aço e vidro, com projeções em LED, ambientação sonora e cenários que explicam o conceito do projeto.
A maquete virou um espaço interativo para apresentar a torre como se já estivesse pronta — incluindo elevador simulado e rooftop fake.
A inspiração da torre vem de Ayrton Senna. O prédio leva o nome do piloto e foi concebido como uma metáfora para sua trajetória.
A artista plástica Lalalli Senna, sobrinha do tricampeão, assina o conceito visual. “A curva da torre simboliza a jornada de superação do Ayrton. A estrutura no topo representa a transição da matéria para a luz”, diz.
O prédio de verdade
A Senna Tower terá 228 unidades: 18 mansões suspensas, 204 apartamentos, quatro coberturas duplex e duas megacoberturas triplex com 903 metros quadrados.
A estrutura contará com sete elevadores de alta velocidade e seis pavimentos de lazer distribuídos ao longo da torre. No topo, um rooftop exclusivo.
Para tirar o projeto do papel, a FG está usando tecnologias inéditas em prédios residenciais no Brasil. A fundação emprega estacas Auger Cast, que distribuem melhor a carga e aumentam a flexibilidade da estrutura. O prédio também terá um sistema TMD — uma espécie de contrapeso inteligente para reduzir oscilações causadas pelo vento.
“Estamos lidando com uma estrutura que exige soluções importadas e desenvolvidas sob medida. Não é só construir alto, é construir certo”, afirma Stéphane Domeneghini, diretora da Talls Solutions, empresa de engenharia do grupo FG.
Da orla de SC para o mundo
A FG já está trabalhando em novos projetos internacionais. A empresa quer abrir escritórios em São Paulo, Miami e Portugal, além de expandir sua consultoria especializada em prédios altos, a FG Talls. Também prepara o lançamento do FG Bank, um banco digital para financiar os próprios projetos.
“Queremos exportar nossa expertise em superaltos. A Senna Tower é só o começo de um novo ciclo da empresa”, afirma Graciola.
Por enquanto, o prédio ainda está no papel. Mas a maquete, com seus quatro andares e 90 toneladas, já é maior que muito edifício por aí.
O Estado de S.Paulo - SP 12/05/2025
Os imóveis de luxo da cidade de São Paulo se concentram historicamente em poucos bairros, como Jardins, Itaim Bibi, Moema e Vila Olímpia. De acordo com levantamento da consultoria de inteligência de dados Brain feito a pedido do Estadão, os imóveis de luxo ganham espaço agora em locais como Vila Nova Conceição, Vila Mariana, Perdizes, Pinheiros, Brooklin, Campo Belo, Vila Clementino, Tatuapé e Santana (veja mapa interativo abaixo).
O motivo da oferta de luxo em novos espaços é a escassez de terrenos nos bairros mais tradicionais da capital paulista e a demanda por esse perfil de imóveis em outras áreas — normalmente, próximas aos eixos comerciais mais importantes. De olho nisso, Cyrela, SKR, Trisul e Marquise têm projetos para atender a esse público, com preços que superam R$ 10 milhões, e há público interessado.
Para o CEO da Brain, Fabio Tadeu Araújo, o cliente que compra imóveis de luxo tende a preferir se concentrar nos bairros mais tradicionais da cidade, o que leva as incorporadoras a criar seu projetos mais luxuosos nessas regiões.
Ele explica que esses bairros vão crescendo para os vizinhos pouco a pouco e que não basta lançar um projeto de luxo em um bairro que não tenha ainda apartamentos do mesmo nível.
“Muitas vezes, o desafio de colocar um produto superior àquilo que está no seu entorno, que destoa da região, é que as pessoas com alto poder aquisitivo têm mais dificuldade de aceitar um produto tão bom naquela determinada área”, afirma.
O crescimento para bairro vizinho pode ser observado na Vila Nova Conceição, que mais tem novos apartamentos vendidos acima de R$ 6 milhões em 2024, entre os novos lançamentos.
A região próxima ao tradicional bairro de alta renda Itaim Bibi, segundo com mais novos imóveis nesse nível de preço, tem projetos como o ParkView, da construtora Marquise. As unidades foram vendidas, em média, a R$ 6,6 milhões e oferecem um diferencial importante para atrair o consumidor de luxo: vista livre para o Parque do Ibirapuera.
“Na Vila Nova Conceição, escolhemos um terreno com olhar para o parque, que é a ‘praia do paulistano’”, afirma a diretora da Marquise Incorporações, Andrea Coelho. O projeto conta com plantas 175 metros quadrados (m²), área comum de 1 mil m² com equipamentos de ponta, piscina no rooftop do prédio corporativo — anexo ao residencial — e a fachada é assinada pelo estúdio aflalo/gasperini, com vigas metálicas singulares. O empreendimento foi feito em colaboração com a Porsche Consulting, consultoria de gestão subsidiária da fabricante de carros esportivos.
A empresa foi fundada em 1974, no Ceará, e é conhecida no nordeste do País por fazer projetos com vista para o mar. Em São Paulo, a companhia, que faturou R$ 2,4 bilhões em 2024, criou o ParkView e o 319 Padre João Manuel, nos Jardins. A Marquise também prepara um projeto em Perdizes, mas ainda sem previsão de lançamento.
Também aproveitando da valorização imobiliária gerada pelo Itaim Bibi, a Cyrela tem um dos seus principais projetos no Jardim Guedala, próximo ao Jockey Club.
O Vista Cyrela Furnished by Armani/Casa é um projeto imobiliário de luxo desenvolvido em parceria entre a Cyrela e a J. Safra Properties. O empreendimento tem colaboração com a grife Armani/Casa, que traz mobiliário de luxo da marca italiana para as áreas comuns do empreendimento. O projeto consiste em duas torres residenciais, com 206 metros de altura cada.
Em Pinheiros, os apartamentos de luxo se multiplicaram nos últimos anos. A valorização da região ocorreu devido ao desenvolvimento de comércios, bares e restaurantes que chegaram na última década por ali — em grande parte, devido ao metrô da Linha 4-Amarela. Além disso, a proximidade aos eixos comerciais da Faria Lima e da Avenida Paulista são fatores determinantes para o bairro ter se tornado sonho de consumo de uma parte dos moradores da capital paulista.
De olho nisso, a Stan passou a atuar no bairro, concentrando a grande maioria dos seus projetos. A diretora de marketing da Stan, Sandra Germanos, conta que outro ponto que tem trazido clientes para imóveis de luxo no bairro é a revisão do zoneamento da Avenida Rebouças, que passou a permitir a criação de edifícios comerciais. Um deles, como informou o Estadão/Broadcast, foi alugado integralmente para a Amazon.
Na rua dos Pinheiros, a empresa já lançou dos projetos. No P-11, os apartamentos com 142 m² são vendidos entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. No Bioarq, os apartamentos com de 70 a 95 m² também são vendidos a cifras milionárias. Em ambos os casos, a localização é um fator chave para conquistar o consumidor de alta renda.
“Luxo é morar perto do seu trabalho, perto do transporte, perto do parque, perto do seu clube ou perto da escola dos seus filhos”, afirma Sandra.
Nos Jardins, a empresa também fez o o Pierino, com design do arquiteto Marcio Kogan e Studio MK27, que fica a menos de 1 km de distância do Clube Paulistano, trajeto que pode ser percorrido a pé em pouco mais de 10 minutos.
O preço médio do m² dos apartamentos do edifício é de R$ 50 mil, e os imóveis têm mais de 400 m². Para garantir a vista para a área estritamente residencial dos Jardins, a empresa fez a compra do potencial construtivo de terrenos próximos, garantindo assim que empreendimentos futuros não obstruam o horizonte.
Outro projeto da empresa é o Praça Henrique Monteiro, localizado a 2,5 km do Clube Pinheiros, próximo ao Clube Hebraica. Quase pronto, hoje os apartamentos do edifício já valem quase 100% mais do que há três anos, quando começaram as vendas. As plantas vão de estúdios a apartamentos de 232 m².
Na SKR, construtora da qual a Cyrela é sócia desde 2007, os projetos de luxo estão concentrados em bairros nobres como Jardins, Moema, Pinheiros, Vila Madalena, Perdizes e Higienópolis. Um dos mais recentes é o AYYA Jardins, que tem apenas 19 unidades, com plantas de 288 a 295 m² e uma cobertura duplex de 484 m².
Já em Moema, a SKR conta com o empreendimento chamado EMIIE Moema, com apartamentos de 161m² e cobertura triplex de 370m². O projeto foi concebido com com vista de 180°, ventilação cruzada, plantas que não se tocam para dar a impressão de apartamentos únicos por andar. O projeto tem lazer elevado em dois níveis com piscina, terraço gourmet, solarium e espaço fitness, entre outros.
O chefe de operações da SKR, Rodrigo Putinato, conta que a companhia busca diferenciais que sejam difíceis de replicar, como a própria localização ou aspectos únicos da planta e do projeto.
“Acertar a planta não é simples, porque esse público de alto luxo é exigente. Em uma de 300 m², ele tem quatro suítes, mas pode querer banheiro ‘senhor e senhora’, uma área de home office no prédio. Com a nossa planta, os apartamentos recebem ar e luz de três lados. Isso é super raro e os clientes veem isso”, afirma Putinato.
Na Eztec, os projetos destinados ao consumidor de luxo, feitos em parceria com a tradicional construtora Lindenberg, ficam em Moema e na Chácara Santo Antônio. O projeto Alto das Nações está sendo construído no mesmo complexo corporativo que abrigará a torre corporativa mais alta de São Paulo, feita pela WTorre junto ao Carrefour.
O superintendente executivo de Incorporação da Eztec, Tellio Totaro Jr., afirma que o projeto tem atraído diferentes públicos e se tornou um polo de luxo.
“Os consumidores são investidores, pessoas que trabalham na região ou simplesmente gostam do bairro. O complexo acabou se tornando uma ilha de alto padrão. Participamos de outro na região que também virou uma ilha de alto padrão, que é o Parque da Cidade, entregue há alguns anos”, diz Totaro Jr..
A empresa também atua no Paraíso com projetos de alto padrão, vendidos a R$ 2,5 milhões por unidade, atuando portanto numa faixa de preço de R$ 20 mil a R$ 27 mil por metro quadrado. Segundo o executivo, assim como em outras áreas, o Paraíso atrai o consumidor de maior poder aquisitivo por estar próximo ao Parque do Ibirapuera.
O que o consumidor de luxo deseja
Além de um CEP nobre, o consumidor de alta renda que compra imóveis de luxo valoriza alguns fatores nos condomínios, como sistemas de segurança, projetos de design refinado, áreas de lazer de alto nível, academias com equipamentos de marcas como Technogym e Lifefitness, gerador com capacidade para ter energia para todos os apartamentos e moradias que passem sensação de exclusividade — o que reduz a quantidade típica de apartamentos em prédios de luxo.
O CEO da J-VM Arquitetos Incorporadores, Josué Lucianelli Jr., que faz projetos para esse perfil de público nos Jardins, no Itaim Bibi e na Vila Nova Conceição, conta que a preocupação com segurança tem aumentado e os projetos imobiliário estão se adaptando para atender à demanda.
“Portaria blindada já é um item básico. A gente está fazendo, por exemplo, uma eclusa blindada. Se chegar alguém armado e você estiver esperando por um Uber, você fica tranquilo porque não é só a portaria que é blindada, a eclusa também é”, afirma.
Lucianelli Jr. diz também que o público de alta renda não quer pagar uma taxa condominial alta, mas não quer prédios com 150 unidades para baratear esse custo. “Eles querem um intermediário entre custo benefício e tranquilidade”, afirma.
Escassez de terrenos
A falta de terrenos é um problema para as construtoras nos segmentos de luxo e alto padrão. A falta de terrenos disponíveis leva as empresas a fazer compras à vista de uma grande quantidade de propriedades, chegando a 20 ou 30.
Outro fator que leva a uma dificuldade de compor terrenos é que a negociação com os proprietários é uma a uma. Na prática, é comum demorar de dois a três anos para comprar toda a área desejada e iniciar um novo projeto.
Buscando oportunidades deixadas pelo mercado imobiliário, a incorporadora Bioma tem criado projetos em terrenos menores, que não atraíram as gigantes do setor. As áreas dos projetos da empresa podem ter 500 ou 900 m².
Os apartamentos, sempre em bairros nobres, como Pinheiros, Perdizes e Vila Madalena, seguem um conceito que a empresa chamada de casa vertical, uma vez que são concebidos com aspectos de casas, contando com ventilação cruzada.
A companhia atua com escritórios de arquitetura de prestígio, como a Perkins&Will, para chegar ao consumidor de alto padrão.
“Sempre tem, mesmo nos bairros mais luxuosos de todos, ao menos, uma ou duas casas que acabaram sobrando num quarteirão. São aquelas que não entraram na composição de nenhum empreendimento grande e sobraram”, afirma o fundador da Bioma Inc, Marcelo Yazaki.
O executivo diz ainda que o público de alta renda tende a se concentrar em poucos bairros da cidade por razões como status e o desejo de morar perto da família, o que leva parte dessas pessoas para os Jardins e ao entorno do parque do Ibirapuera.
Valor - SP 12/05/2025
Custo nacional da construção por metro quadrado foi de R$ 1.818,64 no mês; indicador acumulou alta de 4,74% em 12 meses, ante 4,69% até março
A inflação medida pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) subiu 0,46% em abril, ante 0,35% em março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o resultado, o indicador alcançou 4,74% no resultado acumulado em 12 meses, ante 4,69% até março.
O custo nacional da construção por metro quadrado em abril foi de R$ 1.818,64, sendo R$ 1.046,66 referentes aos materiais e R$ 771,98 à mão de obra. Em março, esse custo totalizava R$ 1.810,25, sendo R$ 1.043,45 relativos aos materiais e R$ 766,80 à mão de obra.
Em suas subdivisões, a parcela dos materiais teve alta de 0,31% dos preços, abaixo do 0,35% de março. Em abril de 2024, a taxa tinha sido de 0,11%.
Já a parcela da mão de obra subiu 0,68%, sob influência dos acordos coletivos, e ficou acima dos 0,36% de março. Em abril de 2024, foi 0,83%).
Os resultados acumulados dos últimos 12 meses ficaram em 3,92% na parcela dos materiais e 5,88% na parcela da mão de obra.
O Estado de S.Paulo - SP 12/05/2025
A Prefeitura de São Paulo está elaborando um decreto para limitar o valor dos apartamentos de baixa renda vendidos por construtoras e incorporadoras que receberam benefícios municipais milionários. Investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) de dois anos apontou casos de unidades vendidas a pessoas de maior poder aquisitivo, como na Vila Olímpia, Pinheiros - incluindo na Avenida Brigadeiro Faria Lima - e Itaim Bibi, dentre outros.
“Realmente, não é possível a pessoa comprar por R$ 1 milhão e alugar para alguém de baixa renda. Tem de ter correlação entre o investimento e aquilo que teria de aluguel para a gente não ter fraude”, afirmou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em agenda pública sobre outro tema na quinta-feira, 8. “É importante que a gente tenha consciência de que as políticas habitacionais precisam acontecer. E os empresários que investem precisam ter a sua responsabilidade”, afirmou.
A gestão Nunes também prepara um projeto de lei que proibirá o aluguel dos apartamentos para baixa renda que receberam benefícios municipais. Como o MP apontou, unidades têm sido compradas por investidores e, posteriormente, alugadas por valores considerados incompatíveis com o perfil de “aluguel social”. Além disso, em grande parte, são microapartamentos e pequenas unidades.
Deliberação recente da Justiça apontou que a Prefeitura estaria sendo “negligente” na fiscalização de quem compra e mora nesses imóveis. Por meio do Plano Diretor, do Zoneamento e outras leis, construtoras têm acesso a benefícios construtivos e isenções tributárias e fiscais muito atraentes caso ergam prédios com unidades populares, porém não há participação do poder público na seleção dos compradores ou locatários.
As empresas dizem ter seguido a legislação, enquanto as principais instituições do mercado dizem que eventuais “desvios” são exceções.
Nunes tem dito que os casos de “desvirtuamento” das unidades seriam “pontuais”, embora algumas centenas de notificações para esclarecimentos tenham sido feitas pela Prefeitura nos últimos meses. Por enquanto, apenas dois empreendimentos foram multados, em um total de R$ 31 milhões - valor que não considera todos os benefícios recebidos pelas empresas.
Segundo Nunes, o projeto que proíbe o aluguel seria válido só para novos apartamentos, enquanto os já prontos passariam a ter um teto no valor do aluguel por meio de decreto. “Como a gente tem visto que é de difícil implantação o aluguel social para esse tipo de situação, a gente vai mandar o projeto para a Câmara.”
A previsão é que a elaboração do decreto e do projeto seja finalizada até a semana que vem. O decreto será, então, publicado diretamente no Diário Oficial, enquanto a proposta de lei precisará ser aprovada no Legislativo.
No caso do projeto, será mais uma alteração no Plano Diretor paulistano - uma das mais importantes leis municipais e que passou por diversas mudanças nos últimos anos.
As propostas da Prefeitura envolvem as chamadas Habitação de Interesse Social (renda mensal familiar de até seis salários mínimos) e Habitação de Mercado Popular (até dez). Por meio do Plano Diretor, do Zoneamento e outras leis, construtoras têm acesso a benefícios e isenções muito atraentes caso construam unidades com esse perfil em seus empreendimentos.
Em 2023, a gestão Nunes havia destacado positivamente as novas regras para aluguel social aprovadas na revisão do Plano Diretor. “Um empreendimento de HIS e HMP poderá destinar, total ou parcialmente, unidades para aluguel, com exceção de empreendimentos produzidos por meio de programas habitacionais federal, estadual e municipal”, salientou à época.
Procurada, a Secretaria Municipal de Habitação - liderada pelo secretário Sidney Cruz (MDB) - não quis detalhar a proposta ou informar os valores. Limitou-se a responder que as propostas estão em “elaboração, com possibilidade de ajustes”.
“A Secretaria reforça seu compromisso com o aperfeiçoamento contínuo de suas atividades, o que inclui a revisão e a atualização da regulamentação das ações sob sua responsabilidade”, conclui.
O caso chegou a ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aprovada por unanimidade na Câmara Municipal, com presidência de Rubinho Nunes (União Brasil), mas grande parte dos partidos da base da Prefeitura não indicaram representantes. A gestão Nunes nega interferência. Outras comissões foram aprovadas posteriormente, enquanto a investigação sobre habitação popular foi parar na Justiça.
Como o Estadão mostrou, ao menos 15 empreendimentos receberam “despacho sancionatório”, que é a última etapa da apuração antes da multa. Esses prédios envolvem algumas das principais incorporadoras e construtoras atuantes na cidade, que afirmam ter seguido a lei.
HIS e HMP chegam 75% do mercado imobiliário na cidade
Segundo levantamento do Secovi-SP (entidade ligada ao setor imobiliário) com base em dados municipais, 66% dos apartamentos em empreendimentos aprovados pela Prefeitura no ano passado são HIS - 135 mil unidades. Outros 9% são HMP. Isto é, os benefícios municipais atingem 75% da produção prevista pelo mercado imobiliário.
Os incentivos a HIS foram majoritariamente criados a partir do Plano Diretor de 2014, com novos benefícios e ampliações nos anos seguintes. O MP-SP tem destacado a falta de estimativa sobre a renúncia fiscal resultante dessas políticas.
A destinação para o público-alvo é de responsabilidade das empresas e, desde 2018, sem necessidade de atendimento a cadastros sociais da Cohab e afins, por exemplo. Nesse caso, o compromisso é de que as unidades sejam destinadas às faixas de renda previstas em lei.
A renda mensal máxima do público atendido é atualizada anualmente, a partir dos reajustes do salário mínimo. Em 2025, o HIS-1 é voltado para famílias com renda mensal de até R$ 4.554 (ou até R$ 759 per capita), isto é, até três salários.
O HIS-2 é para o público de até seis salários, ou seja, R$ 9.108 (ou até R$ 1.518 per capita). Já o HMP é voltado à renda de até dez salários mínimos, hoje de até R$ 15.180 (ou até R$ 2.277 per capita).
Quando anunciou as primeiras multas, a gestão Nunes disse que as empresas “se beneficiaram de isenção de impostos para construir unidades habitacionais à população de baixa renda, mas desvirtuaram o processo comercializando moradias a pessoas que não se encaixavam na modelagem”.
Por enquanto, as penalidades anunciadas são referentes apenas a incentivos urbanísticos, porém construções para a baixa renda também recebem benefícios fiscais e tributários. Esses valores ainda serão calculados.
Valor - SP 12/05/2025
Setor portuário e túnel Santos-Guarujá são os principais atrativos
Silvio Costa Filho: “É fundamental ampliar diálogo com grandes players” — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
A delegação do governo brasileiro que desembarcou nesta semana em Pequim tem na agenda encontros com dois gigantes chineses da construção civil, a CCCC e a CSCEC, na tentativa de atraí-los para oportunidades de investimentos no Brasil, em especial o desafio da construção do Túnel Santos-Guarujá, no litoral de São Paulo. As duas companhias estão nas primeiras agendas oficiais do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, nesta segunda-feira (12), na capital chinesa.
“A nossa ideia é nos reunirmos com os dois grupos chineses para dar continuidade ao nosso roadshow internacional sobre o túnel. Nós já estivemos na Noruega, na Dinamarca, em Portugal”, disse o ministro, ao Valor, se referindo à missão oficial que fez ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Ambos são do Republicanos e estão juntos na estruturação do contrato de parceria público-privada (PPP) do túnel, com leilão programado para ser realizado ainda neste ano. O aporte público está estimado em R$ 5,82 bilhões.
Com a CSCEC, a apresentação será mais ampla envolvendo a “carteira de concessões”. A empresa construiu mais de 90% dos arranha-céus (acima de 300 metros) da China, além da maior parte dos grandes aeroportos e bases de lançamento de satélites do país.
A CCCC está entre os quatro grupos identificados com interesse na construção do túnel. A empresa já conta com experiência em projetos com o mesmo nível de complexidade do Túnel Santos-Guarujá. Com 1,5 quilômetro de extensão, o túnel terá 870 metros submersos, acomodando três faixas para tráfego de veículo por cada sentido, incluindo uma exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e acessos a pedestres e ciclistas. Hoje, a travessia é feita por barcos e balsas.
“É fundamental que a gente possa ampliar o diálogo do governo brasileiro com os grandes players internacionais da construção civil e concomitante aos do setor que fazem operações portuárias no mundo”, afirmou Costa Filho. “Você sabe que há um apetite forte dos chineses para, cada vez mais, investir no Brasil”, complementou.
O ministro endossa o coro de que o Brasil pode buscar maior proximidade com a China neste momento de guerra comercial aberta pela administração de Donald Trump. “Hoje, de todas as exportações do Brasil, 28% são com a China, que cada vez mais é um mercado estratégico. Com as medidas protecionistas que o presidente Trump está tomando, elas vão levar a China a avançar em grandes investimentos no Brasil”, prevê Costa Filho.
No setor portuário, o interesse das empresas chinesas, segundo ele, também passa pela operação de terminais, nos segmentos de granéis sólidos e granéis líquidos.
Outro ativo cobiçado do Porto de Santos que também tem leilão marcado para este ano e será apresentado aos investidores chineses envolve o contrato do maior terminal de contêineres do país, o Santos 10 (STS10).
“O Santos 10 vem sendo pensado há mais de 15 anos, mas não avançou. Agora, a gente trabalha para tirar esse terminal do papel, o que vai representar mais de R$ 5 bilhões de investimentos e dobrar a capacidade de operação de contêineres no Porto de Santos. Isso é muito estratégico para o Brasil e a gente não vai perder essa oportunidade de avançar com o projeto”, afirmou Costa Filho.
Ironicamente, o Brasil tenta atrair chineses para o setor de portos enquanto assiste o país asiático fazer grande aposta em megaprojeto no Peru. O complexo portuário de Chancay foi planejado para ser a maior estrutura desse tipo da América do Sul.
A busca de maior eficiência para os terminais já em operação é outra estratégia que será buscada pela delegação brasileira na China. Uma comitiva, com a participação do ministro, irá visitar o “centro de excelência” da gigante de tecnologia Huawei. É o principal complexo de demonstrações de inovações voltadas à digitalização e à automação de operações de portos e aeroportos com uso de inteligência artificial.
InfraRoi - SP 12/05/2025
O Construmetal, encontro do setor da construção em aço realizado pela Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), está prevista para acontecer no dia 9 de setembro em São Paulo, no Allianz Parque. A expectativa é de que o evento reúna 600 pessoas para debater o tema central “Inovar, Conectar e Sustentar: o Futuro da Construção Metálica”.
O 10º congresso do Construmetal terá seis painéis e diversos palestrantes, que irão apresentar e discutir as principais tendências do setor. Além do congresso, haverá uma feira com 30 expositores e um espaço dedicado às sessões tecno científicas.
O evento é voltado às construtoras, incorporadoras, demandantes de obras próprias (hospitais, escolas, supermercados, indústrias) profissionais de empresas que atuam em infraestrutura, construção civil, estruturas metálicas, engenheiros, projetistas arquitetos, acadêmicos e estudantes da área. Em 2023, primeiro ano em que o Construmetal foi realizado pela Francal, o evento superou as expectativas e reuniu mais de 500 congressistas e 31 patrocinadores.
Construmetal vai revezar com outro evento do setor
Fernando Ruas, CEO da Francal, comenta que a edição anterior da Construmetal, realizada em 2023, foi considerada um sucesso e deu fôlego para a empresa realizar um evento ainda maior no ano seguinte, o Modern Construction Show (MCS), que englobou toda a cadeia de sistemas construtivos industrializados. Com resultados positivos, a Francal decidiu repetir a dobradinha bianualmente. “Teremos o Construmetal este ano e o Modern Construction Show em 2026”, anuncia.
Para o CEO, a construção industrializada representa o futuro da construção civil no Brasil. Pesquisa encomendada pela Francal e realizada pela FGV Ibre no ano passado apontou que 64,5% das empresas já fazem uso de sistemas industrializados em pelo menos parte de suas obras. Dentre elas, 38% acreditam que o uso dos sistemas industrializados aumentaria no curso de 12 meses posteriores à pesquisa. “Este é um mercado promissor que só tende a crescer. E estamos investindo para crescer junto com o segmento”, afirma Ruas.
Horário Steinmann, presidente da Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), afirma que o propósito da Construmetal 2025 é impulsionar o setor da construção metálica rumo ao futuro, reunindo os maiores players do mercado para debater inovação, sustentabilidade e competitividade. “O evento oferece uma oportunidade estratégica para que as empresas fortaleçam sua presença e se tornem mais competitivas, promovendo suas soluções tecnológicas e práticas sustentáveis”, explica o presidente da ABCEM. “Nosso objetivo é posicionar o setor como protagonista, facilitando negócios e parcerias que agreguem valor e impulsionem a economia.”
Programação da Construmetal 2025 já está quase fechada
A ABCEM já definiu parte da programação do congresso. O primeiro painel abordará critérios para determinação da viabilidade econômica de projetos que utilizam aço. Representantes da indústria, da construção civil e investidores apresentarão análises técnicas e práticas, trazendo insights.
O segundo painel mostrará as novas tecnologias que estão impactando a construção metálica e como continuar a jornada de transformação digital com o uso do BIM (Building Information Modeling) e da IA em projetos, fabricação e manutenção das estruturas em aço.
Já o terceiro painel abordará o uso do Light Steel Frame, ou construção metálica leve. A ideia é ressaltar as características e vantagens da construção metálica leve e como seu uso vem se ampliando no mercado, além de oportunidades para a formação de mão de obra especializada na construção civil.
Também haverá um painel sobre torres de transmissão de energia elétrica (estruturas treliçadas em aço) e outro sobre construções pesadas em aço. Após os leilões para construção de novas torres de transmissão, que ocorreram até o ano passado, a tendência neste momento são as reformas e melhorias nos sistemas de transmissão já existentes.
Valor - SP 12/05/2025
CPPI também sugeriu a inclusão de alguns projetos do setor portuário
O Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) recomendou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a inclusão no Programa Nacional de Desestatização (PND) do empreendimento público federal do setor ferroviário EF-118, localizada entre os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A decisão faz parte de uma das resoluções do conselho publicadas nesta sexta-feira (09) no Diário Oficial da União (DOU).
Além disso, opinou favoravelmente à inclusão na lista dos projetos prioritários os seguintes empreendimentos federais do setor portuário: Terminal NAT01, localizado no Porto Organizado de Natal/RN, abrangendo área de 20.744 ², destinado à movimentação e armazenagem de graneis sólidos minerais, especialmente minério de ferro; Terminal TMP - Maceió, localizado no Porto Organizado do Maceió/AL, abrangendo área de 5.420 m², destinado ao embarque e desembarque de passageiros; Terminal PAR25, localizado no Porto Organizado de Paranaguá/PR, abrangendo área de 41.480 m² , destinado à movimentação e armazenagem de graneis sólidos vegetais, especialmente soja, farelo de soja e milho; e Terminal MAC16, localizado no Porto Organizado de Maceió/AL, abrangendo uma área de 9.539 m², destinado à movimentação e armazenamento de granéis sólidos. A decisão do CPPI ainda depende do aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O conselho ainda confirmou, com a publicação no DOU, a resolução, de 6 de janeiro de 2025, que aprovou a modalidade operacional e as condições mínimas aplicáveis à desestatização de empreendimento público federal de exploração de infraestrutura e prestação de serviços rodoviários no âmbito das Rodovias BR-060/364/GO/MT, entre Rio Verde/GO e Rondonópolis/MT.
Em outra resolução, o CPPI ampliou a extensão de rodovias federais e estaduais do Estado do Paraná que estão qualificadas para o PPI, passando de um total de 4.114,km para 4.192,10 km de extensão, abrangendo os trechos das rodovias BR-153/158/163/272/277/369/373/376/467/469/476/PR e PR090/092/151/158/170/180/182/272/280/317/323/407/408/411/427/444/445/483/ 508/577/804/862/897/986.
Revista Ferroviaria - RJ 12/05/2025
O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse em entrevista ao CNN Money, nesta quinta-feira (8), que o presidente Lula assinará em sua visita à China memorandos prevendo que o gigante asiático reforce investimentos para ferrovias no Brasil. O petista inicia a visita no domingo (11).
“O presidente Lula vai à China e assinará memorandos e entendimentos [ ] com essa guerra tarifária, o Brasil virou um centro de oportunidades, e a China quer materializar investimentos importantes em ferrovia no país. Estamos na fase final de negociação”, disse o ministro.
Segundo o ministro, o foco dos investimentos chineses deve ser as ferrovias de Integração Centro-Oeste (Fico) e de Integração Leste-Oeste (Fiol). Este corredor de 2,7 mil quilômetros de trilhos cortaria o Brasil horizontalmente, passando pelos estados da Bahia, Tocantins, Goiás e Mato Grosso.
O projeto poderia potencializar o fluxo de mercadorias do interior do Brasil rumo a oeste, especialmente em direção ao Porto de Chancay, no Peru — megaprojeto que contou com US$ 3,5 bilhões em investimento chinês e serve como “porta de saída” para produtos da América do Sul irem à Ásia.
Para Renan Filho, o cenário global atual, marcado pelo tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump, joga a favor dos investimentos internacionais no Brasil, especialmente o chinês.
Portal Fator Brasil - RJ 12/05/2025
Transporte por longo curso e interior apresentaram crescimentos de 7,85% e 9,92%, respectivamente. Os terminais privados movimentaram 73,5 milhões de toneladas de cargas em março, alta de 7,52% comparados ao mesmo período em 2024, já os públicos registraram 40,1 milhões de toneladas de cargas aumento de 1,96%.
Em março de 2025, os portos brasileiros movimentaram 113,7 milhões de toneladas de cargas, o que representa um crescimento de 5,49% em comparação com o mesmo período do ano passado. O número é recorde para o mês.
Segundo os dados do Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), divulgados no dia 09 de maio (sexta-feira), no primeiro trimestre do ano foram movimentados 303,8 milhões de toneladas.
Ao longo do terceiro mês do ano, a navegação por longo curso foi responsável pela movimentação de 80,8 milhões de toneladas de cargas, um aumento de 7,85% frente a março de 2024.
A movimentação da cabotagem atingiu 24,2 milhões de toneladas, uma queda de 2,17%, e a navegação interior movimentou 8,4 milhões de toneladas, uma alta de 9,92%.
Cargas — A movimentação de carga geral aumentou 8,67%, chegando a 5,6 milhões e a de granéis sólidos cresceu 7,25% no terceiro mês do ano, em relação ao mesmo período de 2024, atingindo uma movimentação de 67,8 milhões de toneladas de cargas. Por sua vez, granéis líquidos movimentaram 27,5 milhões de toneladas, uma alta de 3,22%
A movimentação de contêiner foi de 12,6 milhões de toneladas, se mantendo estável no mês de março, com crescimento de 0,16% — isso representa 1,2 milhão de TEUs. Desse total, 8,6 milhões de toneladas foram movimentadas em longo curso e 3,9 milhões por cabotagem.
Portos Públicos — Os portos públicos movimentaram 40,1 milhões de toneladas de cargas em março de 2025. O número representa aumento de 1,96% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Entre os 20 portos públicos que mais movimentam no país, o com maior crescimento percentual no terceiro mês do ano foi o Porto de Santana (AP). O aumento foi de 47,33%, em comparação com março de 2024, e a movimentação atingiu 0,4 milhão de toneladas.
Terminais Privados — Nos terminais autorizados houve um crescimento de 7,52% na movimentação em relação a março do ano passado. O setor movimentou 73,5 milhões de toneladas de cargas.
Entre os 20 TUPs que mais movimentaram em março, o com o maior crescimento de movimentação, comparado ao mesmo mês do ano passado, é o Terminal Marítimo Ponta Ubu (ES) com uma alta de 44,90%. O terminal movimentou 1,2 milhão de toneladas de cargas.
A Tribuna - SP 12/05/2025
Uma das maiores empresas de transporte de contêineres do mundo, navegando com mais de 700 navios em 135 países, a Maersk prevê investimentos de R$ 30 bilhões na América Latina, principalmente no Brasil, nos próximos dez anos. A empresa também comanda terminais, por meio da APM Terminals, e quer empenhar a maior parte desse dinheiro no Porto de Santos, visando aumentar a capacidade para contêineres no cais santista. Para isso, porém, seus executivos acreditam que é necessário destravar investimentos, ampliando as áreas de arrendamento no complexo santista.
A Tribuna acompanhou nesta quinta (8) uma reunião com autoridades e empresários do Brasil na sede da Maersk, em Copenhague, na Dinamarca. Executivos da empresa confirmaram que pretendem participar da licitação do megaterminal Tecon Santos 10, que deve ser leiloado ainda este ano, no cais do Saboó. Ainda não se sabe o modelo da licitação e se haverá restrições na participação, o que a armadora critica. A Maersk tem participação em três terminais no Brasil (BTP, em Santos; Pecém, no Ceará; e Itapoá, em Santa Catarina) e está construindo um (Suape, Pernambuco).
“No momento em que a gente constrói um Tecon Santos 10, passa a ter um terminal moderno, com tecnologia, funcionando como hubport. Isso gera um ganho de competitividade que todos os outros terminais serão forçados a vir atrás. É nisso que a gente ganha dinheiro, em gerar eficiência logística ao nosso cliente, que é o setor produtivo brasileiro”, explica o diretor da área de Relações Governamentais da Maersk, Felipe Campos. Ele acredita que a demora nos investimentos pode fazer o Porto de Santos ficar para trás na comparação com outros complexos.
Para A Tribuna, a diretora de Parcerias Globais e Capacitação, Assuntos Públicos e Regulatórios da Maersk, Concepción Boo Arias, ressaltou que a APM Terminals opera seis dos dez terminais portuários com maior produtividade no mundo, segundo o Banco Mundial. “Gostaríamos de fazer do Tecon Santos 10 o número sete, colocando-o entre os mais eficientes do mundo. Seria estratégico para nós, mas, sobretudo, para os exportadores brasileiros. É uma oportunidade incrível”.
Assinatura
A visita à Maersk faz parte da missão internacional promovida pelas frentes parlamentares da Ligação Seca Santos-Guarujá e de Portos e Aeroportos da Câmara dos Deputados, presididas pelo deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), com apoio do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI). Na ocasião, a Maersk formalizou a assinatura de adesão ao IBI como associada.
“Infraestrutura é o coração do que nós fazemos no Brasil e no mundo. Nós achamos que o Brasil tem um potencial enorme de jogar um papel predominante em toda a região. É muito importante o desenvolvimento das infraestruturas portuárias, da logística do país, e nós estamos totalmente dispostos a sermos parceiros”, disse Concepción, após a assinatura.
Diretor-presidente do IBI, Mário Povia explica que a Maersk trabalha com verticalização e solução logística, além de cabotagem (com a Aliança). “Tudo isso está muito dentro do propósito do Instituto. E ter a Maersk associada, dentro de um contexto de pertencimento, ou seja, de trazer todo mundo para discutir, é fantástico. É um grande agregado que a gente passa a ter”.
Para Paulo Alexandre Barbosa, a adesão da Maersk ao IBI vai ao encontro de levar mais investimentos para o Brasil. “Temos nesse momento a discussão do Tecon Santos 10 e outras discussões no Porto de Santos onde a participação de empresas desse porte é muito importante. Quanto maior for a participação no leilão, melhor o resultado. Participação ampla e irrestrita”.
A comitiva também visitou nesta quinta-feira o museu que conta a história da Maersk, na sede da empresa, e depois foi ao Parlamento dinamarquês, onde houve reunião com o presidente da Comissão de Transportes do Parlamento, Rasmus Horn.
O assunto com Horn se concentrou no principal objetivo da missão, que começou na última segunda-feira e terminou ontem: estudar as tecnologias e soluções aplicadas no projeto do túnel imerso Fehmarnbelt, que está em construção entre a Alemanha e a Dinamarca e terá 18 quilômetros.
A ideia é levar aprendizados para o projeto do túnel Santos-Guarujá, considerado a obra mais emblemática do Novo PAC. Com 1,5 km de extensão (sendo 870 metros submersos) e orçada em R$ 6 bilhões, a futura ligação entre Santos e Guarujá deve beneficiar tanto o transporte de cargas e passageiros quanto o deslocamento de ciclistas e pedestres.
Valor - SP 12/05/2025
No primeiro trimestre, 33 mil novas unidades consumidoras passaram a integrar a base de clientes da ES Gás – o que correspondeu a uma alta de 11%
Presidente da Energisa SA, Ricardo Perez Botelho — Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
O presidente da Energisa, Ricardo Botelho, disse, nesta sexta-feira (9), que a empresa apresentou à ARSP (Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo), agência reguladora estadual, o plano de investimentos da companhia para a ES Gás, distribuidora de gás canalizado do Espírito Santo, que envolve a aplicação de R$ 1 bilhão até 2030.
Confira os resultados e indicadores da Energisa e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360
Segundo o executivo, em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre, os investimentos visam recompor “anos de atraso’ na infraestrutura de distribuição de gás.
No primeiro trimestre, 33 mil novas unidades consumidoras passaram a integrar a base de clientes da ES Gás – o que correspondeu a uma alta de 11%.
Botelho afirmou ainda que a Energisa ainda está avançando na elaboração do plano de investimento na Norgás, braço de distribuição de gás em Estados do Nordeste.
Globo Online - RJ 12/05/2025
A Petrobras anunciou hoje uma de suas maiores descobertas do ano. A estatal identificou a presença de petróleo no pré-sal da Bacia de Santos, em um poço exploratório no bloco Aram.
A região fica na parte sul da Bacia de Santos, dentro do polígono do pré-sal, que é considerada por especialistas uma das novas fronteiras exploratórias do país, com potencial para elevar a produção da companhia.
O anúncio ocorre enquanto a estatal aguarda o aval do Ibama para perfurar o primeiro poço na Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do estado do Amapá, na chamada Margem Equatorial. Além disso, a Petrobras vem fazendo sísmica na Bacia de Pelotas, no litoral da região Sul.
Segundo a estatal, o poço, chamado de 3-BRSA-1396D-SPS, está localizado a 248 quilômetros da cidade de Santos, em São Paulo, a uma profundidade de 1.952 metros. A Petrobras informou que a perfuração desse poço já foi concluída, tendo “o intervalo portador de petróleo sido constatado por meio de perfis elétricos, indícios de gás e amostragem de fluido”. A estatal classificou o petróleo "de excelente qualidade e sem contaminantes".
Uma fonte do setor classificou a descoberta como relevante, com grande volume de óleo e sem CO2. Para Rivaldo Moreira Neto, diretor sênior da A&M Infra, isso significa que a estatal terá menos gastos com o desenvolvimento da área e contará com um petróleo mais valioso e de melhor qualidade.
— A parte sul da Bacia de Santos é cercada de expectativa. Perto de Aram está Bacalhau, da Equinor, que vai produzir 400 mil barris de petróleo por dia. Essa região vem sendo considerada a grande aposta para a próxima década, de forma a elevar a produção no Brasil, com campos com grande potencial.
Essa é a segunda descoberta feita pela Petrobras em Aram. O plano exploratório envolve um total de quatro poços e vai até o fim de 2027. O bloco Aram foi adquirido em março de 2020, na 6ª rodada de licitação da ANP, sob o regime de partilha. Na ocasião, foram pagos R$ 5,05 bilhões em bônus de assinatura.
— O valor pago já indica uma área interessante. Além disso, está próximo de São Paulo, onde será possível desenvolver novas infraestruturas — destaca Neto.
Magda Chambriard, presidente da Petrobras, disse que essa segunda descoberta segue “o ótimo resultado já alcançado em outro poço exploratório no início do ano".
— Estamos investindo fortemente na busca de novas reservas, e os resultados estão vindo. Neste ano, já anunciamos descobertas também em Brava e em Búzios.
Valor - SP 12/05/2025
Pequim sondou governo brasileiro sobre aumento das vendas; chineses temem influência de Trump sobre países árabes
A guerra comercial entre China e Estados Unidos pode abrir uma oportunidade para que a Petrobras amplie a oferta de petróleo para o gigante asiático. Nas últimas semanas, o governo brasileiro ouviu sondagens de Pequim sobre a possibilidade de o Brasil se consolidar como fornecedor de óleo bruto para o mercado chinês. O motivo são as ameaças veladas entre Estados Unidos e China.
O Valor apurou que integrantes do governo perceberam uma preocupação dos chineses em relação à possibilidade de Donald Trump influenciar países árabes a cortarem o fornecimento de petróleo para o mercado chinês, o que poderia afetar consideravelmente a economia do país asiático. Como contrapartida, o governo brasileiro quer convencer os chineses a avaliar oportunidades de “investimento casado” nos estaleiros no país.
Do lado brasileiro, existe inclusive a expectativa de que seja assinado algum protocolo de entendimento sobre o tema na passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Pequim nesta semana. A presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na comitiva presidencial tende a reforçar a estratégia brasileira para avançar com a negociação para assinatura de eventual acordo ou protocolo de intenções sobre o tema pelos presidentes dos dois países.
O assunto foi discutido na última viagem de autoridades brasileiras à China, que serviu para fazer encontros preparatórios para a viagem da delegação brasileira. A própria presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, participaram das conversas na capital da China. Na ocasião, Chambriard chegou a incentivar os chineses a visitar os estaleiros brasileiros.
“Nós estamos aqui para propor a ampliação da parceria entre Brasil e China no investimento em petróleo e gás. Entendemos que há oportunidades para empresas chinesas atuarem em parceria com os estaleiros brasileiros e acreditamos que o incremento da nossa cooperação trará benefícios para os nossos países”, salientou Chambriard na abertura da reunião.
A aproximação entre China e Brasil nesse tema tem sido tratada com certo sigilo pelo Palácio do Planalto, ainda que a Petrobras tenha divulgado um comunicado sobre as atividades de Magda em Pequim. No último dia 30 de abril, por exemplo, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em Brasília, mas omitiu essa informação da sua agenda.
Em vez de divulgar o nome de Wang Yi na lista de compromissos do presidente, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) optou por informar que Lula se encontrou, na ocasião, apenas com o embaixador Celso Amorim. De acordo com interlocutores do governo, isso acontece a pedido dos próprios chineses, que temem alguma retaliação dos americanos diante de um movimento de aproximação entre Pequim e Brasil.
Interesse no óleo brasileiro já colocou empresas chinesas em leilões do pré-sal
A China se tornou um gigante também na indústria de construção naval nos últimos anos. A situação contrasta com a do Brasil, onde o setor sofreu após as denúncias de corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato, e especialistas criticam a falta de competitividade devido a exigências de conteúdo nacional. Mas, com a recente reestruturação do Fundo da Marinha Mercante (FMM), a atual gestão do presidente Lula tenta retomar investimentos com encomendas de novas embarcações. Só a Transpetro anunciou um plano de investimento para aquisição de 25 navios.
A retomada de investimentos da indústria naval brasileira também envolve a construção de plataformas flutuantes (FPSO). Se confirmada, a vinda dos investidores chineses ao Brasil deve ocorrer nos dias que antecedem a reunião da cúpula do Brics, no início de julho.
Os donos de grandes estaleiros chineses devem verificar as condições das estruturas disponíveis no Brasil. Fontes do governo ouvidas pelo Valor disseram que alguns estaleiros nacionais já oferecem condições “mais adequadas” para início da construção das embarcações e outros ainda demandam investimentos em dique e outras estruturas para começarem a operar.
Na negociação, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oferece linhas de financiamento, em condições especiais, para os chineses acessarem recursos do fundo. O governo tem argumentado que, cumprindo as exigências de conteúdo local na fabricação das embarcações, a linha de crédito se torna tão competitiva quanto as taxas chinesas.
O interesse estratégico de Pequim no petróleo brasileiro já levou empresas chinesas a participarem de leilões do pré-sal e disputarem a venda dos volumes de óleo bruto da União pela estatal PPSA. Atualmente, o petróleo está entre os três principais itens de exportações brasileiras para China, somado à soja e ao minério de ferro. Procuradas, a Petrobras, Transpetro e a Embaixada da China não comentaram até o fechamento desta edição.
Valor - SP 12/05/2025
Uma das prioridades da companhia é a conclusão da segunda fase da campanha exploratória do Campo de Tiê, nos próximos meses, e uma terceira fase ainda está em avaliação, afirmou José Firmo
Em função do cenário das últimas cinco semanas, os planos de desenvolvimento de campos terrestres de petróleo da Petroreconcavo foram reavaliados pelo conselho de administração da companhia, que optou por manter o planejado, revelou nesta sexta-feira (9) o presidente da petroleira, José Firmo.
Ao participar de teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre, o executivo afirmou que a empresa tem resiliência para enfrentar o cenário de preços adversos.
A cotação do petróleo do tipo Brent, referência internacional, intensificou a queda desde o início de abril, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um pacote tarifário sobre as importações daquele país.
Firmo contou que a companhia começou um trabalho de avaliação de custos que podem ser mantidos sob controle, abaixo do patamar esperado pela empresa, nos próximos dois meses, para que se possa entender o cenário de mercado.
Com isso, a Petroreconcavo adotou um “mix” de manter o plano de desenvolvimento previsto, “com observação criteriosa” dos gastos que possam ser suspensos nos próximos dois meses.
Uma das prioridades é a conclusão da segunda fase da campanha exploratória do Campo de Tiê, nos próximos meses. Uma terceira fase ainda está em avaliação, afirmou.
“O setor de petróleo é cíclico e precisamos estar sempre prontos para operar com preços adversos de petróleo”, disse Firmo.
Presidente da Petroreconcavo, José Firmo — Foto: Divulgação/Petroreconcavo
Valor - SP 12/05/2025
“Estamos investindo fortemente na busca de novas reservas e os resultados estão vindo”, disse a presidente da Petrobras, Magda Chambriard
A descoberta de petróleo leve pela Petrobras na Bacia de Santos é a quarta descoberta anunciada pela companhia neste ano e reforça o discurso da empresa de reposição de reservas que vem sendo apregoado há alguns anos. Segundo a estatal, foi identificada a presença de petróleo de “excelente qualidade” no bloco Aram, no pré-sal da Bacia de Santos.
A descoberta ocorreu no poço 3-BRSA-1396D-SPS, a 248 quilômetros de Santos (SP), em profundidade d’água de 1.952 metros. Em comunicado divulgado na manhã desta sexta-feira (09), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, ressaltou que esta foi a segunda descoberta da petroleira no bloco de Aram.
Chambriard afirmou que a segunda descoberta seguiu “o ótimo resultado já alcançado em outro poço exploratório no início do ano, onde encontramos petróleo de excelente qualidade”.
“Estamos investindo fortemente na busca de novas reservas e os resultados estão vindo”, disse a executiva. A primeira descoberta em Aram foi anunciada no dia 19 de março.
Para o diretor sênior da consultoria A&M Infra, Rivaldo Moreira Neto, a descoberta anunciada pela Petrobras em Aram é importante porque é uma porção da Bacia de Santos onde se localiza outra área relevante, o campo de Bacalhau, operado pela Equinor, com perspectiva de produzir mais de 400 mil barris por dia.
Moreira lembra que Aram também está próxima de uma outra área petrolífera, que era conhecida como Carcará, com potencial de possuir bastante óleo e gás.
“Trata-se de uma área que já conta com alguma infraestrutura: tem Rota 1, por exemplo. Está muito próxima de São Paulo, um grande centro consumidor, que também tem portos a serem desenvolvidos; tem a região de São Sebastião, que pode ser um ponto de apoio relevante. Assim como tem o Rio de Janeiro e a região de Macaé mais ao norte”, explicou Moreira.
Margem Equatorial
Além das duas descobertas em Aram, a estatal anunciou ter encontrado indícios de hidrocarbonetos em outros dois blocos.
No dia 14 de fevereiro, a estatal confirmou uma descoberta de petróleo no campo de Búzios, também no pré-sal da Bacia de Santos. Pouco mais de um mês depois, a companhia anunciou a descoberta de hidrocarbonetos no bloco de Norte de Brava, no pré-sal da Bacia de Campos.
Em paralelo às descobertas, a estatal espera a liberação, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da licença ambiental para a perfuração de um poço de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial.
O Ibama ainda precisa vistoriar o centro de fauna implantado pela petroleira na cidade de Oiapoque, no Amapá – um dos principais pontos que travam a emissão da licença. Caso o órgão ambiental considere a exigência atendida, a estatal terá ainda que aguardar a liberação para deslocar a sonda de perfuração para o Amapá e realizar a chamada avaliação pré-operacional (APO).
A APO é uma simulação do processo de perfuração e é a última etapa antes da emissão da licença.
No dia 30 de abril, a companhia enviou carta ao presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, na qual pedia autorização para iniciar os preparativos de deslocamento da sonda designada para a perfuração na Foz do Amazonas.
Na segunda-feira (5), a Petrobras encaminhou nova comunicação a Agostinho, no qual comunicava a realização de um exercício simulado da companhia em Oiapoque.
No documento, assinado pelo gerente executivo de segurança, meio ambiente e saúde da estatal, Flaubert Matos Machado, a Petrobras reforçou pedido para ter manifestação positiva do Ibama sobre o processo de licenciamento da perfuração até quinta-feira (15), para que a empresa possa iniciar preparativos para carregamento e deslocamento da sonda para o local da perfuração.
Na Margem Equatorial, a Petrobras anunciou uma descoberta, em abril de 2024, de acumulações de petróleo em águas ultraprofundas na Bacia Potiguar, no poço Anhangá, entre os Estados do Ceará e Rio Grande do Norte.
Presidente da Petrobras, Magda Chambriard — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Infomoney - SP 12/05/2025
Os preços do petróleo fecharam em alta de quase 2% nesta sexta-feira e registraram seus primeiros ganhos semanais desde meados de abril, já que um acordo comercial dos EUA com o Reino Unido deixou os investidores otimistas antes das negociações entre as principais autoridades de Washington e Pequim.
Os contratos futuros do petróleo Brent subiram US$1,07, ou 1,7%, para fecharem a US$63,91 por barril, enquanto os contratos futuros do petróleo bruto West Texas Intermediate dos EUA avançaram US$1,11, ou cerca de 1,9%, para fecharem a US$61,02.
Em relação à semana anterior, ambos os índices de referência ganharam mais de 4%.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que a China deveria abrir seu mercado para os EUA e que uma tarifa de 80% sobre os produtos chineses “parece correta”, um dia depois de anunciar um acordo que reduz as tarifas sobre as exportações britânicas de automóveis e aço, entre outros acordos com o Reino Unido.
“Os mercados de energia — por mais pessimistas que tenham sido — estão finalmente se livrando de parte do pessimismo e captando o otimismo mais amplo do mercado, que está voltando à tona com o início do progresso nas relações comerciais”, disse Alex Hodes, analista de petróleo da corretora StoneX.
O acordo com o Reino Unido e os comentários de Trump sobre a China aumentaram as esperanças de acordos semelhantes entre Washington e Pequim. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, se reunirá com o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, na Suíça, em 10 de maio.
As tarifas atuais dos EUA sobre as importações chinesas são de 145%.
“Embora proibitivamente altas, não se pode deixar de fazer as contas 80% é substancialmente menor do que 145%”, escreveu Hodes aos clientes.
As exportações chinesas aumentaram mais rápido do que o esperado em abril, enquanto as importações diminuíram seu declínio, mostraram dados alfandegários nesta sexta-feira, dando a Pequim algum alívio antes das negociações.
A Tribuna - SP 12/05/2025
Enquanto a construção do maior túnel imerso do mundo ocupa uma área de 1,5 milhão de metros quadrados (m²) ou mais de 300 campos de futebol, na Dinamarca, a futura ligação seca entre Santos e Guarujá ainda não tem espaço definido para abrigar o canteiro de obras. Embora em escala menor, o túnel brasileiro utilizará a mesma metodologia construtiva aplicada na Europa.
O túnel Fehmarnbelt, que ligará a Dinamarca à Alemanha, começou a ser erguido em 2020 e deve ser finalizado em 2029. Do lado dinamarquês, os trabalhos avançam sobre um extenso terreno em Rødbyhavn, onde é realizada a produção de 79 gigantescos elementos de concreto — com mais de 70 mil toneladas cada — que serão imersos futuramente para formar a ligação de 18 quilômetros sob o Mar Báltico. A operação é conduzida pela estatal Femern, criada exclusivamente para executar e gerenciar a obra.
No Brasil, a situação é outra. O túnel Santos-Guarujá, com 1,5 km de extensão (sendo 870 metros submersos), ainda não tem área reservada para a construção dos módulos. Segundo nota da Secretaria Estadual de Parcerias em Investimentos (SPI) para A Tribuna, “a definição do local do canteiro de obras será de responsabilidade da futura concessionária, a ser contratada após o leilão previsto para 1º de agosto”.
Entre dúvidas e aprendizados
A ausência de definição sobre o local do canteiro de obras alerta as autoridades locais, que fizeram uma viagem técnica à Europa para acompanhar de perto os modelos de engenharia utilizados em projetos semelhantes. A missão visitou as obras do túnel Fehmarnbelt e a ponte-túnel de Øresund, que conecta Copenhague a Malmö, na Suécia. O objetivo foi observar os desafios da execução e os impactos urbanísticos e operacionais.
“Como vamos fazer o canteiro lá na Baixada Santista, esse é justamente um dos principais motivos dessa viagem: olhar a desembocadura, a entrada, o portão do túnel para a implantação na área urbana, toda movimentação de equipamentos”, afirmou o prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), que integrou a comitiva brasileira. “Tudo isso vai ser planejado. Existem já terrenos levantados pelos governos do Estado e Federal. Mas realmente é uma situação bastante complexa”.
O deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) reforça que a obra exige um canteiro expressivo: “São os desafios da obra. Os módulos são fabricados fora da água e depois imersos. O segredo para que essa obra aconteça é a união de todos os atores envolvidos: governos Federal, Estadual, Judiciário e prefeituras”.
Para o superintendente de Desenvolvimento de Infraestrutura da Autoridade Portuária de Santos (APS), Luiz Felipe Tonelli Távora, conhecer a obra dinamarquesa foi essencial.
“A metodologia construtiva é muito semelhante à que será usada na nossa região. É uma obra muito organizada, com etapas consolidadas e módulos muito bem definidos. A obra ainda está na parte seca na Dinamarca e a parte mais desafiadora é a área molhada, porque tem a questão do transporte das peças, que são pesadas. Vamos ter que utilizar a mesma tecnologia em Santos”.
Missão técnica
A viagem à Europa foi organizada pelas frentes parlamentares da Ligação Seca Santos-Guarujá e de Portos e Aeroportos da Câmara dos Deputados, com apoio do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI).
A comitiva brasileira, com mais de 40 lideranças, também visitou a ponte-túnel de Øresund, que conecta a Dinamarca à Suécia com uma combinação de ponte estaiada, ilha artificial e túnel submerso.
Compromisso
A viagem também serviu para reforçar o compromisso político com o avanço da obra.“A gente começa a sonhar com as coisas acontecendo de fato”, disse o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). “Temos que aprender com quem está na nossa frente. Nosso túnel será menor, mas é fundamental que a gente aprenda com os exemplos para evitar contratempos”.
Confiante após a visita, o prefeito Rogério Santos (Republicanos) acredita que o túnel é uma realidade. “É o primeiro túnel imerso do Brasil. Tinha que ser em Santos, que dá tantos exemplos. Não é fácil, mas é o maior investimento do PAC, vai gerar muito emprego e melhorar a vida das pessoas”.
O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), reiterou que o projeto está bem encaminhado: “A previsão é que o leilão ocorra em 1º de agosto, com assinatura dos contratos até o fim do ano. Em cinco anos, o túnel estará pronto”, disse. “O Estado está na direção certa escolhendo essa tecnologia de túnel”. Segundo ele, a obra pode envolver até 9 mil trabalhadores, com mão de obra especializada e geral. “São quase R$ 6 bilhões de investimentos. Já temos grupos interessados e, a partir de agosto, teremos o cronograma exato para transformar esse sonho em realidade.”
Estrutura pode impulsionar o desenvolvimento regional
Mais do que uma obra de engenharia, o futuro túnel Santos-Guarujá pode ajudar no desenvolvimento econômico, integração urbana e transformação regional. Essa é a percepção de especialistas e autoridades que participaram da missão técnica às obras do túnel Fehmarnbelt, entre Dinamarca e Alemanha, e à ponte-túnel Øresund, que liga a Dinamarca à Suécia.
O presidente do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), Mário Povia, ressalta que o Brasil vai adotar a mesma metodologia do túnel europeu. “Aqui são 18 quilômetros, lá será em torno de um. Em termos de tecnologia, é fantástico o que vimos. O modelo de canteiro, a eficiência, tudo isso devemos aproveitar”.
Segundo ele, o principal desafio brasileiro será logístico. “A gente não pode parar o Porto. Trocar o pneu com o carro andando talvez seja a principal diferença em relação à Europa. Mas a visita permitiu que gestores das três esferas pudessem ver de perto como uma obra dessas é conduzida”.
Além do impacto direto na mobilidade, o túnel tem potencial para catalisar novas vocações econômicas. Pedro Henrique Jocondo Guerra, chefe de gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e presidente do Conselho Fiscal do BNDES, destaca que projetos como esse impulsionam o turismo, o comércio, a inovação e o empreendedorismo.
“Eles (na Europa) são referência na integração dos modais. Santos está sendo pioneira no Brasil com essa tecnologia da ligação seca. O túnel pode atrair empresas, movimentar estudantes, fomentar investimentos e gerar um ambiente mais dinâmico e conectado”, afirmou.
Alta tecnologia
Na avaliação de Marcelo Sammarco, vice-presidente do IBI, o impacto da obra vai além da mobilidade: “O túnel é um projeto de alta tecnologia que revolucionar a logística local (Alemanha-Dinamarca) e pode ser aproveitado no Brasil. E ponte entre Dinamarca e Suécia integra passageiros e cargas de forma eficiente. Essa experiência pode ser aproveitada em diversos projetos no Brasil”.
Para o empresário Sávio Leal, diretor da Terracom, a visita técnica serviu para entender a complexidade do empreendimento e os desafios da manutenção. “Não é só executar a obra, depois é preciso acompanhar. Foi uma oportunidade de ver como funciona na prática”.
O túnel terá 1,5 km de extensão, três faixas por sentido (uma adaptável ao VLT), ciclovia e passagem de pedestres. Com investimento previsto de R$ 6 bilhões, a concessão de 30 anos prevê a geração de 9 mil empregos e a substituição do atual sistema de balsas, responsável pelo deslocamento diário de mais de 35 mil pessoas entre Santos e Guarujá.
A ligação seca é aguardada há décadas e pode ser o ponto de partida para uma nova fase de crescimento sustentável e inteligente na Baixada Santista.