Clipping Diário

22 | Maio | 2025

SIDERURGIA

Valor - SP   22/05/2025

A siderúrgica japonesa está considerando investir até US$ 14 bilhões na produção, informou a agência de notícias “Reuters” na segunda-feira

A Nippon Steel quer deter 100% da U.S. Steel em troca de grandes investimentos na siderúrgica em dificuldades. É essa a ideia a ser levada como um último esforço para a aquisição suspensa pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Se a U.S. Steel estivesse sob o comando da Nippon Steel, eles não estariam na situação em que estão atualmente", disse o vice-presidente, Takahiro Mori, ao “Nikkei Asia”. A empresa americana registrou o segundo prejuízo líquido trimestral consecutivo no período de janeiro a março.

O Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS) deve concluir sua revisão de segurança nacional do acordo com a U.S. Steel na quarta-feira. O CFIUS fará uma recomendação a Trump, que então tomará uma decisão em 15 dias.

Na visão da Nippon Steel, a chave para conquistar Trump é dobrar os investimentos na empresa.

Trump prometeu a retomada da indústria manufatureira americana e pressionou por investimentos estrangeiros no país. Em setembro do ano passado, a Nippon Steel anunciou que planeja investir US$ 2,7 bilhões na U.S. Steel, além do valor da aquisição (US$ 14,1 bilhões).

Em um plano apresentado ao CFIUS, a Nippon Steel propôs investimentos que vão muito além dos US$ 2,7 bilhões, de acordo com um executivo da siderúrgica japonesa. Mas os investimentos estão condicionados à U.S. Steel se tornar uma subsidiária da Nippon Steel.

A siderúrgica japonesa está considerando investir até US$ 14 bilhões na produção, informou a agência de notícias “Reuters” na segunda-feira.

A U.S. Steel é uma empresa americana icônica, com uma história que remonta a mais de um século, mas enfrenta dificuldades financeiras.

Se a aquisição for aprovada, a Nippon Steel planeja introduzir sua tecnologia para a fabricação de aço de alta qualidade e otimizar as operações.

"Assim que a aquisição for concluída, tomaremos várias medidas sem demora", disse Mori na quinta-feira. "Estamos refinando um plano de cem dias" que seria lançado após a compra.

Mori, o responsável pela aquisição, não mencionou detalhes sobre as negociações com o governo dos Estados Unidos, mas a siderúrgica japonesa permanece firme em sua demanda para transformar a empresa em uma unidade de sua propriedade integral.

"Não existe tecnologia gratuita", disse Mori. "Estamos transferindo toda a nossa tecnologia de fabricação de aço de alta qualidade e não podemos fazer investimentos sem retorno."

A U.S. Steel é peça crucial no quebra-cabeça do crescimento de longo prazo da Nippon Steel. Embora a U.S. Steel esteja com dificuldades financeiras, espera-se que os lucros melhorem, já que a política tarifária de Trump é favorável ao mercado siderúrgico.

"Se adquirirmos 100% da empresa, ela provavelmente contribuirá com 100 bilhões de ienes (US$ 690 milhões) para o lucro", disse Mori, baseando sua projeção nas estimativas médias de lucro do mercado.

Manter sua própria saúde financeira após a aquisição também é crucial, visto que a siderúrgica japonesa enfrenta gastos maciços em esforços de descarbonização a longo prazo.

Durante o ano fiscal anterior, a Nippon Steel tomou uma série de medidas para reduzir seu índice de dívida/patrimônio líquido para 0,35 no fim de março, incluindo a captação de recursos por meio de títulos subordinados e a alienação de ativos.

Mas o investimento de capital turbinado que viria em adição aos custos de aquisição elevaria o índice de dívida/patrimônio líquido para aproximadamente 0,8. A Nippon Steel busca reduzir rapidamente o múltiplo para 0,7 ou menos, em parte captando recursos de longo prazo e reduzindo ainda mais os ativos.

A captação de recursos por meio de capital próprio "é uma abordagem", disse Mori.

O excesso de capacidade da indústria siderúrgica chinesa prejudicou o mercado global, e a demanda por produtos siderúrgicos no Japão permanece reprimida. A Nippon Steel projeta que o lucro líquido consolidado cairá 43% neste ano fiscal, para 200 bilhões de ienes, o menor nível em cinco anos.

"Só podemos esperar crescimento no exterior", disse Mori.

Os Estados Unidos são um dos maiores mercados para aço de alta qualidade, o que os torna uma das poucas regiões promissoras. Trump expressou sua objeção à aquisição da U.S. Steel pela Nippon Steel, mas sua decisão — a ser tomada até 5 de junho — dependerá de sua disposição em abrir mão do vasto capital que a Nippon Steel está disposta a investir.

Money Times - SP   22/05/2025

O presidente da ArcelorMittal Brasil, Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira, afirmou que a empresa pode cancelar um investimento de R$ 10 bilhões caso o Governo Federal não renove, pelo menos, o sistema de cotas-tarifas para o aço chinês adotado pelo Brasil brasileiro há um ano e que vence no fim deste mês.

“Maio é um mês chave para discutirmos o futuro do setor”, afirmou Oliveira em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, publicada nesta quinta-feira (22).

De acordo com a reportagem, as importações de produtos acabados cresceram 34% sobre o mesmo trimestre de 2024, e o termômetro das empresas é que elas mantêm o mesmo ritmo a partir de abril.

“O fato concreto é: o mínimo que pode acontecer é a manutenção do regime que foi aprovado (há um ano). A ArcelorMittal confia em que o governo vai renovar a medida e confia também em que após a renovação continuará buscando com o setor medidas mais eficazes”.

Investimentos

Oliveira destacou a possibilidade de investir R$ 4 bilhões na usina de Tubarão (em Serra-ES) para montar uma unidade de laminação a frio e de galvanização de aço. Ao todo, segundo ele, são cerca de R$ 10 bilhões, adicionais aos R$ 25 bilhões que já estão sendo investidos desde 2022 no país.

“(Esses investimentos) podem sofrer impacto se não houver uma efetividade no controle da importação. A indústria brasileira precisa de condições para continuar gerando empregos e produtos. O Brasil é uma das opções, e prioridade, do grupo para novos investimentos. Mas, obviamente, se a importação não for controlada, essa estratégia poderá sofrer revisão”.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2025

Diante do crescimento forte das demandas interna e externa, as empresas brasileiras voltaram a investir nos últimos anos na expansão da capacidade produtiva, algo que por um bom tempo esteve fora de cogitação em diversos setores porque havia muita ociosidade nas fábricas.

Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), R$ 371 bilhões foram direcionados em 2024 à expansão dos ativos voltados à produção. Eles vão desde máquinas de uma linha industrial à infraestrutura, como estradas, portos, aeroportos e redes de transmissão de energia.

O valor, correspondente a 18,2% do total de investimentos produtivos no Brasil, é o maior em dez anos. Para chegar a esse número, o Ipea desconta, dos investimentos brutos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a depreciação dos bens de capital. De 2016 a 2020, o Brasil não investiu o suficiente para repor todo o desgaste dos ativos necessários para a produção, o transporte e a comercialização de produtos e serviços.

Nesse período, marcado por recessão doméstica, paralisia de obras executadas por empreiteiras envolvidas nos escândalos de corrupção da operação Lava Jato e pela pandemia da covid-19, o País chegou a perder, de forma inédita, parte da capacidade produtiva.

A reação econômica após o choque da crise sanitária foi rápida. Depois dela, o consumo continuou sendo sustentado por impulsos fiscais, geração de emprego e expansão do crédito, fazendo com que o uso da capacidade instalada nas fábricas voltasse a bater a marca de 83%. Esse porcentual não era registrado havia 11 anos na sondagem da indústria de transformação feita pela FGV.

Houve, assim, um incentivo para não só substituir as máquinas que chegavam ao fim de sua vida útil, mas também para expandir a capacidade, com as empresas contando, durante parte desse processo, com juros em nível abaixo da média histórica e, depois, com os incentivos da nova política industrial.

A siderúrgica Gerdau, a fabricante de baterias Moura e a petroquímica Braskem são exemplos de grupos que concluíram ou estão com projetos de expansão em curso. Enquanto a Gerdau investiu R$ 1,5 bilhão para produzir mais bobinas de aço na usina de Ouro Branco (MG), a Moura desembolsa R$ 850 milhões para dobrar a reciclagem de chumbo na fábrica de Belo Jardim (PE). Na Braskem, foram anunciados em janeiro R$ 614 milhões para ampliar a produção em usinas na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Alagoas.

Segundo Marco Antônio Cavalcanti, técnico do departamento de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea, a demanda aquecida, num contexto de uso relativamente elevado da capacidade instalada nas fábricas, trouxe um “incentivo natural” a novos investimentos. “Esse processo foi potencializado pelo ciclo de redução da Selic entre 2023 e 2024”, acrescenta o economista.

Entre os destaques do levantamento feito pelo Ipea, os investimentos em máquinas e equipamentos voltaram a superar a depreciação depois de nove anos, ainda que com uma diferença pequena, de apenas 2,8%, equivalente a R$ 16,8 bilhões, em 2024.

Já na infraestrutura, os investimentos chegaram perto de R$ 260 bilhões no ano passado e bateram dois recordes, segundo estimativas da Abdib, a associação que representa o setor. Foi a maior cifra da série estatística, iniciada em 2010, superando em quase 10% o pico anterior, registrado em 2014. Além disso, dentro do montante, os investimentos privados, de R$ 197 bilhões no ano passado, continuaram renovando recordes.

Mais de cem projetos de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) foram realizados no Brasil nos últimos três anos. Ao mesmo tempo, o novo arcabouço fiscal, ao trazer regras menos rígidas de gastos e um piso para investimentos públicos, abriu o caminho para a retomada de obras federais.

A associação brasileira de infraestrutura, em relatório divulgado em novembro, ressalta ainda que o País está criando um padrão de financiamento novo e inédito a projetos de infraestrutura.

Com os recursos de bancos públicos, surgiram novas formas de captação no mercado de capitais, com destaque para o lançamento das debêntures de infraestrutura.

Ex-economista do Banco Mundial nas áreas de indústria e energia, o consultor Cláudio Frischtak diz que os investimentos vêm crescendo no setor elétrico e no saneamento básico — este último na esteira da atualização do marco regulatório de 2020 e, mais recentemente, das privatizações de empresas como a Sabesp. Apesar disso, Frischtak observa que os investimentos seguem claramente insuficientes para modernizar a infraestrutura do País.

Money Times - SP   22/05/2025

O Banco Central só deve ter uma “convicção absoluta” sobre a desaceleração da atividade econômica no Brasil no final deste ano, disse nesta quarta-feira o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, reforçando que a política monetária precisa seguir restritiva por mais tempo.

Em evento organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), David afirmou que o país cresce atualmente acima de seu potencial, mas a expectativa é que essa diferença vá caindo de forma paulatina, ainda que no momento atual os dados ainda sejam muito difusos.

David afirmou ainda que a ata da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, não ficou velha e está absolutamente válida, com incertezas que “continuam no ar”.

De acordo com o diretor, a ata deixou “bastante aberto” o que o BC fará na reunião de junho com a taxa básica Selic, hoje em 14,75% ao ano.

No mercado, uma das principais dúvidas é se o BC manterá a Selic neste nível em junho, finalizando o atual ciclo de altas, ou se ainda promoverá um aumento adicional de 0,25 ponto percentual.

Guerra comercial no radar

O diretor do BC ponderou que, apesar da recente trégua tarifária entre Estados Unidos e China, a incerteza continua a despeito de os mercados terem se acalmado sensivelmente.

Ao mesmo tempo, afirmou que os membros do Copom estão “na mesma direção”, acrescentando que a política monetária precisa estar mais apertada do que estaria caso não houvesse desancoragem das expectativas de inflação.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, as medianas das previsões de inflação do mercado estavam em 5,50% para 2025 e 4,50% para 2026 — em ambos os casos bem acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 3%. A margem de tolerância para a meta é de 1,5 ponto percentual.

Em sua apresentação, David afirmou que as projeções do Focus não parecem nem um pouco compatíveis com uma autoridade que persegue a meta de inflação, mas ele ressaltou que o tempo vai demonstrar que o BC “persegue, sim, a meta de inflação”.
Câmbio segue flutuante

O diretor do BC também disse que o câmbio no Brasil é flutuante e que o trabalho da autarquia nessa área não mudou, com atuações focadas em mitigar disfuncionalidades no mercado. Ele afirmou que o BC não está preocupado com a situação das contas externas, que, segundo ele, estão deterioradas porque o Brasil está trabalhando acima de sua capacidade.

Para o diretor, o BC opera a política monetária para colocar o crescimento do país dentro do seu potencial e, quando isso acontecer, a piora nas contas externas vai se resolver.

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2025

A queda do dólar e o Ibovespa em nível recorde mostram que a onda de pessimismo que atingiu os indicadores financeiros do País no final do ano passado teve um componente externo mais forte do que o risco fiscal interno. Em outras palavras, o risco Trump se somou ao risco Lula na economia, mas com um peso maior nessa equação.

Agora, os sinais de recuo do presidente americano na guerra comercial desencadearam uma realocação de investimentos no mundo, beneficiando países emergentes como o Brasil.

Dois fatores internos também ajudaram na reversão desse quadro. O Banco Central não hesitou em subir fortemente a taxa Selic, diante da piora das expectativas de inflação, e o projeto de isenção do Imposto de Renda veio com estimativas de gastos abaixo do esperado e com a devida compensação pela Receita, com a criação de uma alíquota mínima de imposto a ser paga pelos mais ricos.

Esses eram dois temores do mercado financeiro e que perderam relevância nos modelos dos economistas: o de um BC frouxo no combate à inflação e de um projeto de isenção do IR que abrisse um rombo de até R$ 60 bilhões em arrecadação pela Receita Federal.

Globo Online - RJ   22/05/2025

A desacerelação da economia foi, mais uma vez, adiada — e, talvez, a freada seja menor do que a que vinha sendo esperada. Com mais uma supersafra cada vez maior, o mercado de trabalho aquecido, com rendimento nas máximas históricas, e o crédito ainda em expansão, mesmo com juros em alta, economistas já estão revisando para cima suas projeções de crescimento econômico para o primeiro trimestre.

Já era esperado que a agropecuária puxasse a economia, com clima favorável e boa quantidade de chuvas desde outubro do ano passado, mas a freada no consumo deverá ficar mais para este segundo trimestre e, principalmente, para a segunda metade do ano.

Uma confirmação do adiamento da desaceleração veio anteontem. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) indicou que a economia brasileira cresceu 1,3% no primeiro trimestre ante o período de outubro a dezembro de 2024.

Isso surpreendeu alguns analistas, que esperavam um ritmo mais moderado — o resultado oficial do Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os produtos e serviços produzidos na economia) dos três primeiros meses do ano será divulgado no próximo dia 30 pelo IBGE.

Andrea Damico, economista-chefe da gestora de recursos Armor Capital, contou que sua equipe mudou suas projeções do PIB do primeiro trimestre, que passaram para um avanço de 1,4% sobre o quarto trimestre de 2024, ante 1,1%, na estimativa anterior.

As revisões para cima têm sido recorrentes, lembrou a economista. No início de 2024, já era esperada uma desaceleração, mas o crescimento foi se mostrando mais forte do que o esperado ao longo do ano. Apesar do arrefecimento no último trimestre, a economia cresceu 3,4% no ano passado. Isso parece estar acontecendo novamente no início de 2025.

Para além do agro

Segundo economistas, a surpresa no primeiro trimestre se deu porque, além do bom desempenho da agropecuária, já esperado, o setor de serviços continuou forte e a indústria não arrefeceu tanto.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias seguiu robusto, por causa do mercado de trabalho. Apesar da política de juros restritiva — em setembro, o BC começou a subir a taxa básica (a Selic, hoje em 14,75% ao ano) —, os recordes no rendimento médio do trabalho estimularam a atividade econômica no primeiro trimestre.

— Os rendimentos voltaram a acelerar, os salários voltaram a se recuperar e isso não estava no nosso cenário — disse Andrea.

Outro fator mencionado por economistas é o aumento das concessões de crédito, também apesar dos juros altos. Um destaque aí são os empréstimos consignados — aqueles que têm como garantia o salário ou benefício previdenciáro do tomador —, que receberam um impulso com o programa para trabalhadores do setor privado, lançado em março pelo governo federal.

— Teve esse consignado privado, que leva a uma troca de dívidas mais caras por dívidas mais baratas. Isso acaba por liberar mais a renda disponível (para consumir) — explica Luis Otávio Leal, economista-chefe da gestora e consultoria financeira G5 Partners.

Leal citou ainda o impulso do aumento do salário mínimo. Desde 2023, voltou a política de reajustes acima da inflação, marca dos governos do PT. O economista da G5 Partners aumentou suas projeções para o desempenho do PIB do primeiro trimestre para uma alta de 1,5% ante os três últimos meses de 2024, acima do 1,1% que estimava antes.

Freada menor

A desaceleração segue no radar, ainda que adiada, mas alguns acreditam que a freada pode ser menos intensa do que o inicialmente imaginado. O Ministério da Fazenda revisou a projeção de crescimento econômico em 2025 para 2,4%, ante os 2,3% de antes.

Ariane Benedito, economista-chefe da empresa de pagamentos PicPay, também elevou suas previsões para o ano, para 2,2%, ante o avanço de 1,6% que projetava anteriormente. O Boletim Focus, pesquisa semanal do BC sobre projeções de analistas de mercado, vinha apontando crescimento anual de 2% — subiu ligeiramente, para 2,02%, na edição mais recente.

— Vai desacelerar, mas menos do que se imaginava — disse a economista. — Olhando para crédito e para salários, vimos uma persistência dessas variáveis como contribuição positiva para a atividade. Embora já se comece a ver números aquém dos registrados anteriormente, podemos dizer que o mercado de trabalho deverá permanecer aquecido.

Leal manteve a projeção para o ano — alta de 2,3% —, porque baixou a expectativa para este segundo trimestre:

— O primeiro trimestre mais forte acaba fazendo, pelo efeito base, com que tenhamos o segundo trimestre mais baixo. E tem o fato de que a safra de soja é concentrada no primeiro trimestre.

Para Juliana Trece, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a desaceleração deverá vir no restante do ano, como resultado dos juros elevados e da incerteza externa:

— Desaceleração não significa retração. A expectativa é de uma fase de estagnação nos próximos meses.

Isso deverá ocorrer, em parte, porque o primeiro trimestre mais forte poderá contribuir para que o BC mantenha os juros em patamares elevados — seja com um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, chegando a 15%, seja com a manutenção do nível atual por mais tempo.

E há incertezas. Novos incentivos do governo podem impulsionar a economia. A ameaça da gripe aviária e a guerra comercial do presidente americano, Donald Trump, podem reforçar a freada.

Jornal de Brasília - DF   22/05/2025

Economistas do mercado financeiro que participaram de seminário da Fundação Getúlio Vargas (FGV) na noite desta quarta-feira, em São Paulo, reforçaram as preocupações com a trajetória da inflação no País, que devem forçar o Banco Central a manter a política monetária em nível restritivo por bastante tempo.

“O basal da inflação no País está rodando no topo da banda da meta, ou acima”, afirmou o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, que projeta um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de entre 5,5% e 5,6% neste ano e uma desaceleração a 4,7% no ano que vem. Para ele, porém, parte desse arrefecimento está atribuída a dissipação de alguns choques, como o preço das carnes.

Dessa forma, o economista-chefe da XP citou que se sente um pouco “incomodado” com a discussão sobre política monetária sejam sobre a retomada dos cortes na taxa Selic. “Até pela ata, as discussões deveriam ser se ainda vai subir um pouco mais ou não”, afirmou Megale.

Já a economista-chefe e sócia da Galapagos, Tatiana Pinheiro, destacou que está um pouco mais “otimista” com o cenário da inflação doméstica, sobretudo pela possível ajuda vinda da conjuntura internacional, que tende a ser desinflacionária, com a guerra tarifária entre Estados Unidos e China.

Ela reforçou ainda que, com a Selic em 14,75%, o juro real do País está acima do 9%, nível que deve fazer bastante efeito sobre a atividade doméstica. “Minha projeção é de desaceleração econômica, com a política monetária fazendo efeito e um PIB um pouco abaixo dos 2%”, disse Tatiana, que também antevê uma inflação acomodando ao longo do tempo. “Chega na meta? Não, não chega, mas saímos do sufoco ali, no final do segundo semestre”, considerou.

Também presente no seminário, o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, destacou que, na política monetária hoje, importa mais o “recado” do BC de que o juro ficará parado em nível restritivo por um bom tempo do que um eventual novo aumento na Selic em junho ou não. “O nível final não importa muito. O jogo agora é ficar nesse nível por mais tempo”, reforçou.

Para ele, com a Selic parada em 14,75%, “é impossível” que o País repita o crescimento de 3,4% do PIB de 2024 neste ano. “Essa taxa de juros vai fazer estrago, 9% de juro real não é pouca coisa”, afirma Padovani, que trabalha com uma inflação de 5,3% neste ano e alta de 1,9% no PIB.

O problema então, segundo Padovani, é com 2026, ano para o qual ele espera um reaquecimento do PIB, na esteira de medidas do governo, que estará de olho nas eleições presidenciais. “E achamos que o BC vai cortar juros, porque eles os diretores do BC vão ter o discurso de que a inflação começou a convergir, que saiu de 5,3% no ano passado. Isso vai colocar lenha na fogueira e talvez tenha mais inflação em 2026, e não menos”, prevê.

Os debates foram feitos no âmbito do 3º Seminário MacroLab de Conjuntura. O simpósio contou na abertura com uma palestra do diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David. Após sua fala, ele saiu do evento.

Money Times - SP   22/05/2025

O Santander atualizou suas projeções para a economia brasileira, com mudanças nas expectativas para inflação e câmbio, devido ao ambiente de elevada incerteza global causada pela recente guerra comercial entre China e Estados Unidos (EUA).

Em relatório assinado pela chefe de estratégia macro, Ana Paula Vescovi, e sua equipe, os economistas projetam um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,4% em 2025, ante a estimativa de 5,8%. Já para 2026, a projeção caiu de 5,0% para 4,8%.

Para o dólar, o banco estima a faixa de R$ 5,80 ao final de 2025, ante a projeção anterior de R$ 5,90. Para 2026, a cotação de R$ 6,00 foi mantida.

Em relação a Selic, a expectativa foi mantida em 14,75% neste ano, indicando uma pausa no aperto monetário do Banco Central, e em 13% no ano que vem. Já a economia brasileira deve crescer 2% em 2025 e 1,5% em 2026, como o previsto anteriormente.

Segundo Vescovi, desde a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o banco reajustou a projeção para a Selic prevendo sua manutenção em 14,75% até o fim de 2025. Isso porque, o comitê tem destacado um cenário desafiador, com incerteza elevada, exigindo cautela e flexibilidade.

“Em nossa visão, o BC pode estar adotando uma estratégia de desinflação oportunista: manter a Selic em nível significativamente contracionista por mais tempo, apostando que uma desaceleração global aumentará a ociosidade doméstica”, afirmam.

Para 2026, a equipe espera uma perda de fôlego da atividade, onde a mudança no horizonte relevante da política monetária deva abrir espaço para uma queda da taxa real no 1T26. No entanto, o Santander alerta que a persistente desancoragem das expectativas de inflação deve limitar esse alívio, mantendo a Selic elevada, em torno de 13,00%, ao final do próximo ano.

Contudo, o Santanter aponta que, quando o Copom enfatiza que “os vetores inflacionários seguem adversos”, sua comunicação conclui que esse contexto exigiria “uma política monetária significativamente restritiva por um período prolongado”, abrindo espaço para o encerramento do ciclo nos atuais 14,75% em detrimento do cenário em que o ciclo de elevação se prolonga de junho em diante.

Para a equipe, dentre os riscos altistas para a política monetária, é estimado: deterioração adicional do prêmio de risco fiscal; resiliência mais forte do que o esperado da inflação subjacente; atividade global não estar realmente desacelerando, mantendo o Fed com uma postura hawkish; e uma moeda persistente mais depreciada.

Já na ponta baixista, os riscos acoplam: o anúncio de medidas fiscais que reancoram as expectativas de inflação; o início de uma desaceleração mais clara e forte no crescimento do PIB; uma moeda persistente mais apreciada; e a guerra comercial, gerando um pouso forçado na economia global.

“Embora os efeitos do Liberation Day tenham sido ‘net dovish‘— principalmente via preços de commodities em reais— o Comitê continua a destacar os fatores adversos de inflação”, afirmam.

Para 2026, Vescovi destaca que as incertezas fiscais são consistentes com câmbio mais desvalorizado e, combinado com a atividade resiliente, limitam os cortes nas taxas de juros.
Inflação: IPCA a 5,4% em 2025

Em relação à inflação, a redução na projeção visa um cenário com a taxa de câmbio mais apreciada, que comparado ao final de 2024, poderia trazer pressão desinflacionária.

“De fato, apesar de todas as incertezas no cenário, a taxa de câmbio permanece ao redor de R$ 5,70/US$ e é a principal responsável pela redução do número para 2025”, dizem. “Vemos um impacto apenas marginal dessa queda para 2026 em situação de crescimento econômico sustentado e inflação de serviços pressionada”, completam.

Mas, apesar da projeção do ano ser revisada para baixo, a casa pontua que ainda é estimada uma aceleração da inflação em 12 meses, onde a desaceleração deve ficar mais evidente apenas no quarto trimestre de 2025 (4T25).

“Essa trajetória para o IPCA é consistente com nossa expectativa para os preços das commodities em reais, que já aponta para variações anuais menores e tem impacto sobre a inflação ao consumidor com alguma defasagem. Ou seja, o canal da desinflação vem dos bens comercializáveis”, destacam.

No entanto, a trajetória esperada de crescimento da atividade econômica com robustez do mercado de trabalho é incompatível com a reversão do hiato do produto para território negativo — fator essencial para convergência da inflação e das expectativas para a meta.

“Apesar da redução da projeção para 2026 pelo fator inercial, seguimos projetando o IPCA acima do teto da meta do BC para todo o período”, afirmam.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   22/05/2025

Os contratos futuros do minério de ferro subiram nesta quarta-feira, apoiados pelo recuo do dólar e pela demanda resistente pelo ingrediente de fabricação de aço, embora a fraqueza do setor imobiliário da China tenha limitado os ganhos.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 0,76%, a 728,5 iuanes (US$101,10) a tonelada.

O minério de ferro de referência de junho na Bolsa de Cingapura subiu 0,45%, a US$99,85 a tonelada.
A demanda por minério de ferro superou as expectativas, especialmente porque as usinas siderúrgicas continuam a operar em níveis elevados, disse a corretora Hexun Futures.

A quantidade de usinas siderúrgicas de alto-forno lucrativas está aumentando, com 60% delas registrando lucros na semana passada, de acordo com a consultoria Mysteel.

Os preços do minério de ferro também foram sustentados por um dólar mais fraco, que voltou a cair na quarta-feira, estendendo um recuo de dois dias em relação aos principais pares [USD/].

O dólar mais fraco torna mais baratas as commodities precificadas na moeda norte-americana mais baratas para os detentores de outras moedas.

Enquanto isso, o sentimento do mercado foi fortemente prejudicado pela desaceleração da produção industrial da China e pelos números das vendas no varejo que não atenderam às expectativas, enquanto os preços das casas novas permaneceram estagnados.

“Embora uma recuperação sustentada pareça improvável no médio prazo, a forte contração no mercado imobiliário da China parece ter diminuído”, disse o ANZ.

“Isso é um bom presságio para a demanda de aço durante a alta temporada de construção”, disse. A primavera é normalmente o pico da temporada de construção na China, antes do início das chuvas em junho.

Do lado da oferta, o volume total de minério de ferro despachado pelas empresas de mineração na Austrália e no Brasil aumentou 11,7% na semana, para 27,1 milhões de toneladas, disse Mysteel.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2025

A BYD não quer deixar barato para a concorrência de seus modelos híbridos plug-in, e está preparando uma linha de novos carros com até 200 km de alcance elétrico, ou seja, utilizando somente a energia da bateria, sem qualquer ajuda de um motor a combustão.

Assim, com lançamento previsto entre 2026 e 2027, esses novos modelos, equipados com a tecnologia DM-i, devem trazer um diferencial significativo: maior capacidade de rodar como veículos puramente elétricos, superando seus concorrentes diretos nesse quesito.

“Nosso objetivo é realmente que as pessoas que usam o modo EV no dia a dia, mas se quiserem viagens de longa distância, se tiverem a oportunidade de recarregar, tenham a liberdade de ir a qualquer lugar”, declarou Stella Li, vice-presidente executiva da BYD, destacando a proposta de versatilidade da nova linha.

O sistema DM-i integra atualmente a bateria Blade, da própria BYD, com o motor a combustão Xiaoyun — projetado exclusivamente para aplicações em híbridos plug-in e considerado um dos líderes globais em eficiência térmica.
Aperfeiçoamento do sistema DM-i é estratégico para a BYD

O avanço da empresa nesse segmento é estratégico, segundo Alfredo Altavilla, consultor especial da BYD para a Europa. “Os PHEVs se tornaram o novo campo de batalha”, afirmou. “Isso porque todos estão buscando uma revisão do chamado acordo verde que abrirá mercados também além de 2035.”

Altavilla também aponta a vantagem competitiva da BYD diante do cenário atual: “Realmente não vemos ninguém com tecnologia próxima ao DM-i”.

Ele critica os modelos PHEV mais limitados, que oferecem pouca autonomia no modo elétrico. “Se você tem somente 35–45 km de autonomia como um veículo elétrico, você é basicamente um motor de combustão interna com um plug-in”, disse. “É por isso que muitos fabricantes estão tentando se aproximar da nossa tecnologia híbrida plug-in com o extensor de autonomia.”
Modelos com extensor de autonomia são uma solução para outras montadoras; BYD rebate

Fabricantes como Ford, Leapmotor e Volkswagen estão entre os que exploram os chamados veículos com extensor de autonomia (REx) — veículos essencialmente elétricos, mas com um pequeno motor a combustão que atua como gerador de energia.

Para a Leapmotor, esse formato representa uma alternativa viável para o mercado europeu. Em declaração à publicação britânica Autocar, um executivo da empresa afirmou que os veículos REx são uma “boa solução provisória” e melhores que os PHEVs, pois “o motor está sempre operando da maneira mais eficiente”.

Altavilla, por sua vez, rebate: “Os PHEVs são definitivamente superiores aos modelos REx porque você pode ter três maneiras diferentes de usar o carro; a decisão é sua, dependendo de quanta potência você precisa do motor, enquanto o REx sempre se comporta de uma só maneira”, conclui.

Valor - SP   22/05/2025

Os preços de exportação de veículos japoneses com destino aos Estados Unidos caíram em abril, apesar das tarifas aplicadas pelos americanos, mostram dados do governo divulgados na quarta-feira. Isso é um sinal de que as montadoras japonesas estão absorvendo os aumentos de preços.

O preço unitário das exportações de automóveis para os Estados Unidos foi de aproximadamente 4,07 milhões de ienes (US$ 28.300), uma queda de 15% em relação ao ano anterior, de acordo com estatísticas comerciais preliminares de abril divulgadas pelo Ministério das Finanças japonês.

Os Estados Unidos impuseram uma tarifa adicional de 25% sobre automóveis em 3 de abril, seguida dois dias depois por uma tarifa uniforme de 10% sobre produtos da maioria dos países.

As exportações totais para os Estados Unidos naquele mês caíram 1,8% em valor no ano, para 1,77 trilhão de ienes. O valor para automóveis caiu 4,8%, para 513 bilhões de ienes, a primeira queda em quatro meses.

Enquanto isso, o número de automóveis enviados para os Estados Unidos aumentou 11,8%, para 125.817 unidades, o quarto mês consecutivo de aumento.

"As montadoras nacionais absorveram parte dos aumentos de preços causados pela elevação das tarifas, reduzindo os preços na tentativa de mitigar a queda nas exportações", disse Taro Saito, pesquisador executivo de economia do Instituto de Pesquisa NLI. "Esse impacto é evidente."

Nos dados preliminares do Índice de Preços de Bens Corporativos do Banco do Japão para abril, divulgados na semana passada, o índice de preços de exportação para veículos de passeio com destino à América do Norte caiu 4,6% em relação ao ano anterior, com base na moeda contratada.

A Toyota afirmou que manterá seus preços de venda de veículos nos Estados Unidos por enquanto. Acredita-se que a empresa esteja absorvendo o imposto por meio de reduções de custos e outras medidas.

David Christ, vice-presidente do grupo e gerente geral da Divisão Toyota da Toyota Motor North America, disse que será difícil absorver as tarifas de Trump sem repassá-las aos clientes.

Embora algumas montadoras estejam reforçando a produção de modelos importantes nos Estados Unidos, se as tarifas elevadas continuarem, a pressão para reajustar os preços aumentará por parte dos fabricantes de peças, dificultando o repasse da diferença aos veículos acabados.

Os Estados Unidos representaram 19,3% do total das exportações do Japão em abril, seu maior parceiro comercial. As tarifas de Trump têm o potencial de desferir um golpe significativo em sua indústria exportadora.

Os efeitos provavelmente continuarão a partir de maio. As importações no Porto de Los Angeles, que serve como porta de entrada dos Estados Unidos para o comércio com a Ásia, caíram cerca de 30% no início de maio, informou a Bloomberg. Dezessete das 80 escalas foram canceladas desde o início de maio, disse um funcionário do porto, com 10 cancelamentos previstos para junho.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Grandes Construções - SP   22/05/2025

A reforma tributária deve provocar incremento adicional de 19,5% no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria da construção civil em 15 anos.

Para a indústria em geral, o ganho é estimado em 16,6%, de acordo com a projeção calculada pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Esse crescimento ocorre, principalmente, pela redução no custo de investimentos, apontaram os palestrantes do seminário Impactos da Reforma Tributária na Indústria da Construção, promovido pelo Sistema Fiergs no dia 19 de maio, em Porto Alegre, RS.

"É uma mudança de conceito para a indústria", resumiu o superintendente de economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mario Sergio Carraro Telles.

Segundo o economista, a reforma tributária aprovada no final do ano passado estimula o crescimento econômico, favorecendo o fim das distorções nas decisões de produção resultantes da cumulatividade, a melhor alocação dos recursos produtivos na economia, gerando cadeias produtivas e empresas organizadas com maior eficiência.

Entre as principais alterações está a unificação dos tributos, como ICMS, PIS e Cofins para um único Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que prevê sua transição em oito anos para o novo sistema. A reforma, que começa em fase de teste em 2026, projeta conclusão para 2033.

Para o advogado e vice-presidente da área jurídica da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Fernando Guedes, as empresas devem se preparar para as mudanças que são significativas para o setor, com adaptações de pessoal, sistemas, processos, de cálculo e precificação.

"Isso tem de ser visto agora, porque no setor da produção, o produto é de maturação longa. Planejamos hoje para começar a construir daqui um, dois anos, vender daqui a três ou cinco anos. Nesse período há impactos que têm que ser definidos e avaliados desde já pelas empresas", destacou.

Guedes apontou que cerca de 220 mil empresas e aproximadamente 3 milhões de trabalhadores do setor serão impactados pela reforma no Brasil.

FERROVIÁRIO

Monitor Digital - RJ   22/05/2025

A recente visita do presidente Lula à China selou a assinatura de vários acordos de cooperação em diferentes áreas, mas um deles desperta viva esperança na sociedade brasileira: aquele que anuncia a cooperação com a China para a construção de ferrovias no Brasil, entre as quais, informa-se, a que ligaria a cidade de Ilhéus, no litoral da Bahia, a Shancay, no litoral do Peru, onde o gigante asiático já construiu um porto de grande envergadura.

O contraste entre o modal ferroviário da China e do Brasil é humilhante para os brasileiros. Enquanto a China possui cerca de 162 mil km de ferrovias, com 77% eletrificadas e 47 mil km de alta velocidade, o Brasil, com apenas mil km² a menos que a nação asiática, tem apenas 30 mil km de ferrovias, com apenas mil km eletrificados, sendo que mais de 90% são dedicados ao transporte de carga.

Deve-se considerar que, ao final da Era Vargas — que os economistas, em sua maioria, concordam ter sido de 1930 a 1980 —, o Brasil registrava um PIB industrial maior que o da China e dos Tigres Asiáticos somados. Hoje, o PIB industrial brasileiro não alcança 30% do chinês, ao passo que a China é, atualmente, a segunda maior economia do mundo, certamente a maior fábrica do planeta, a caminho de superar, em breve, a economia dos EUA.

Em todo esse período pós-Era Vargas, o Brasil se desindustrializou vertiginosamente, declínio que foi acompanhado, também, pelo desmantelamento do Sistema Ferroviário Brasileiro, com o ápice em 1997, durante o governo FHC, responsável pela privatização da Rede Ferroviária Federal — um tremendo contrassenso num país de dimensões continentais.

O Brasil até registrou iniciativas em favor das ferrovias, por exemplo, com a criação da Mafersa (Materiais Ferroviários S/A) em 1944, mais tarde estatizada no governo Jango, em 1962. Porém, a prioridade dada ao rodoviarismo no governo JK foi esmagadora, e, mesmo com a criação da Rede Ferroviária Federal, aquela medida tinha por objetivo assumir e pagar a dívida com os investidores ingleses, ao tempo em que as ferrovias foram, gradativamente, sendo reduzidas, a começar pelo transporte de passageiros, com centralidade nos governos do período ditatorial conferida ao modal rodoviário — apesar de ser bem mais caro, menos eficiente e responsável por macabras estatísticas de acidentes automobilísticos, responsabilidade que deve ser atribuída, em grande parte, à precariedade das rodovias brasileiras.
A chiadeira da indústria ferroviária brasileira

A notícia de que o presidente Lula firmou acordos para uma cooperação de grande fôlego com a indústria ferroviária da China provocou ruidosa reclamação da indústria ferroviária instalada no Brasil — em esmagadora maioria composta por empresas estrangeiras —, que reclamam, basicamente, do baixo volume de encomendas por parte do Estado brasileiro ao longo de todo esse período, fazendo com que nem mesmo a capacidade instalada de produção de locomotivas por ano, cerca de 250, seja alcançada. A estatística mais recente é de 75 locomotivas por ano, no último período. Convenhamos: para um país com cerca de 215 milhões de habitantes e sendo o quinto país em extensão territorial, é realmente um número raquítico.

Com a extinção da Mafersa, o que se coloca agora é o formato desta anunciada parceria com a China para alavancar o modal ferroviário no país, inclusive face à intenção do governo Lula — ainda não alcançada — de sustar e inverter o processo de desindustrialização no Brasil, especialmente em função da escassez de investimentos estatais ou privados, como decorrência da prioridade dada às altas taxas de juros, que corroem quase metade do Orçamento Federal, drenando recursos públicos para a tirania financeira, comandante da política econômica hoje.

Além deste empecilho financeiro, que deve ser removido, economistas como Paulo Nogueira Batista Jr., ex-vice-presidente do Banco do Brics, alertam para um traço colonial na relação Brasil-China hoje, com o Brasil exportando, majoritariamente, produtos primários para a China e de lá recebendo produtos industrializados e com alto valor agregado. Esse traço, que tanto incomoda correntes progressistas — apesar de defenderem resolutamente a parceria sino-brasileira —, traz à tona a necessidade de o Brasil comparecer nesta relação com um grau superior de protagonismo e planejamento, para não dar continuidade ao desequilíbrio que nos mantém longe da meta de reindustrialização, que poderia sofrer forte impacto a partir de uma enérgica guinada brasileira por um ferroviarismo que o povo brasileiro merece.

Essa cooperação ferroviária anunciada, de algum modo, contrasta com a instalação crescente de indústrias automobilísticas chinesas no Brasil, trazendo à tona o questionamento sobre o fato de o Brasil ser o quarto maior mercado automobilístico do mundo, mas não possuir uma única marca nacional. Iniciativas como a do governo Getúlio Vargas, de instalar a Fábrica Nacional de Motores, foram logo sepultadas pela submissão ao rodoviarismo estadunidense dos governos posteriores.

Esta cooperação ferroviária pode aproveitar a capacidade instalada da Nuclep, indústria estatal de material pesado, hoje funcionando com capacidade ociosa, e que pode ser perfeitamente adaptada para a produção de locomotivas e demais materiais ferroviários, como vagões de carga e de passageiros, trilhos etc. E, com especial empenho para a transferência de tecnologia chinesa para o Brasil, já que a China é a vanguarda ferroviária mundial — venceu 8 das 10 mais importantes licitações ferroviárias nos últimos 10 anos —, e o modelo chinês de absorção de tecnologia estrangeira também pode ser implementado nesta parceria, para que, de fato, seja uma cooperação e não uma relação baseada na verticalidade e na dependência tecnológica.

Certamente, não é absurdo almejar a meta de uma triplicação da malha ferroviária brasileira em prazo relativamente curto, com capacidade para alavancar a industrialização a partir da Nuclep estatal, com os desdobramentos previsíveis na geração de empregos qualificados — há estatísticas apontando para o declínio no emprego em engenharia no país — e também nos setores de metalurgia, eletrificação e obras civis, conexos a uma expansão ferroviária capaz, também, de reduzir o custo Brasil, além de proporcionar mais economia de tempo e segurança no transporte de passageiros e cargas.

A anunciada parceria ferroviária Brasil-China é o tipo de cooperação ganha-ganha e, certamente, o Banco do Brics poderá proporcionar investimentos para esta empreitada rigorosamente sintonizada com a missão da entidade: um projeto produtivo, expansivo, industrializante, gerador de empregos intensamente e alcançando uma das metas do Brics sustentadas pelos dois países, a construção de um mundo multipolar, a partir do grande impulso que pode gerar na integração sul-americana.

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2025

O governo de São Paulo vai pagar indenização de pelo menos R$ 344 milhões para encerrar definitivamente o projeto do monotrilho que ligaria a capital à região do ABC. A construção da Linha 18-Bronze, que previa transportar 340 mil passageiros por dia, foi lançada há 11 anos, teve licitação e consórcio contratado, mas não saiu do papel. O acordo que pôs fim ao litígio entre o consórcio e o governo foi publicado no Diário Oficial do Estado no último dia 15.

Conforme a publicação, o valor foi fixado em R$ 273,5 milhões em abril de 2023, data-base fixada para o cálculo, com previsão de correção monetária até o efetivo pagamento. O montante de R$ 335,4 milhões é o de referência para fevereiro de 2025. Atualizado para o mês de abril, o valor sobe para cerca de R$ 344 milhões.

Segundo o governo, esse valor representa uma redução de 47% em relação ao laudo pericial. A indenização será paga à Concessionária Monotrilho Linha 18-Bronze S/A (Vem ABC), composta pelas empresas Primav Infraestrutura, Cowan, Encalso, IGLI do Brasil e Benito Roggio Transporte.

A parceria-público-privada para a construção do monotrilho Linha 18-Bronze foi lançada em 2014, durante o governo de Geraldo Alckmin, na época do PSDB. A empresa vencedora construiria a linha, ao custo de R$ 4,2 bilhões, e iria explorá-la comercialmente por 25 anos. Com 15,7 quilômetros de extensão e 13 estações, o monotrilho sairia de São Paulo e passaria por São Caetano, São Bernardo e Santo André.

Opção por projeto mais barato

Em 2020, já na gestão de João Doria, na época também do PSDB, o governo estadual anunciou a decisão de desistir do monotrilho e executar o projeto de um BRT – um sistema de ônibus de trânsito rápido. Conforme noticiou o Estadão, Doria justificou a mudança afirmando que a opção foi por um tipo de transporte de construção e operação mais baratas. O BRT-ABC, com o mesmo trajeto previsto para o monotrilho, sofreu atraso nas obras e deve ser entregue apenas em junho de 2026.

Com a mudança de planos do governo, o consórcio que venceu a licitação para a Linha 18-Bronze do monotrilho entrou na Justiça, em 2023, com um pedido de indenização de R$ 2,4 bilhões pela rescisão unilateral do contrato. Além da quebra contratual, o consórcio alegou perdas de valores investidos no projeto, nas documentações e no adiantamento dos estudos.

Em nota, o governo informou que, por meio da Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), optou por uma solução consensual para encerrar a disputa arbitral movida pela concessionária. “A medida evita condenações mais elevadas, elimina custos com judicializações, reduz um passivo complexo e traz previsibilidade fiscal”, diz.

A nota acrescenta que, com o acordo, o governo de São Paulo reforça sua postura proativa na gestão de crises contratuais e reafirma seu compromisso com a segurança jurídica, a transparência e a atração de investimentos em infraestrutura.

Valores do acordo

A concessionária pediu na Justiça indenização de R$ 2,4 bilhões e a perícia apurou um valor superior a R$ 630 milhões. O desconto de 47% foi negociado pelo Estado para chegar ao valor de R$ 273 milhões, na data-base de abril de 2023, quando o valor foi congelado por solicitação do Estado durante as negociações, para, posteriormente, ser corrigido pela Selic. Na correção para o mês de abril, o governo prevê que o valor deve chegar a cerca de R$ 344 milhões.

Para o engenheiro civil Ivan Carlos Maglio, colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em planejamento urbano, tanto o anúncio do projeto quanto a desistência denotam que as decisões políticas nem sempre são acompanhadas de um planejamento contínuo e estudos técnicos previstos no Plano Integrado de Transportes Urbanos de São Paulo.

Ele avalia que o monotrilho, a exemplo da Linha 15-Prata do Metrô, tem se mostrado problemático e não deveria ser replicado. Diz ainda que desvio no planejamento estratégico dos transportes traz prejuízos por causa de compromissos assumidos (licitações) e possíveis indenizações. “O transporte vira uma colcha de retalhos, onde cabe o interesse das empresas e não os da sociedade.”

NAVAL

A Tribuna - SP   22/05/2025

Garantias à população e aos trabalhadores portuários avulsos no futuro megaterminal de contêineres Tecon Santos 10, a ser instalado no cais do Saboó, na Margem Direita do Porto de Santos.

Esse foi o tema de uma reunião, nesta terça-feira (20), em Brasília, que contou com as participações do prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), do deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), do diretor-geral substituto da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Caio Farias, e do diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), Mario Povia.

Nesta quarta, a documentação do Tecon Santos 10 está sob análise da Antaq e, posteriormente, seguirá ao Tribunal de Contas da União (TCU) para validação do processo e autorização do lançamento do edital. A expectativa do Governo Federal é realizar o leilão em dezembro.

O Tecon Santos 10 deve gerar 3,3 mil empregos diretos e ocupará área de 621,9 mil m² no Saboó. Com investimento previsto de R$ 5,6 bilhões ao longo de 25 anos, terá um cais linear de 1,5 quilômetro, com quatro berços. Em sua capacidade máxima, movimentará 3,5 milhões de TEU (medida de um contêiner padrão de 20 pés), ampliando em 50% a capacidade operacional de contêineres no Porto santista, o que deve resultar em impactos logísticos e urbanos.

Em nota, Barbosa informou que a Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos (FPPA), que ele preside, solicitou que o edital delegue ao vencedor a responsabilidade imediata de execução da obra, logo após a assinatura do contrato, e a construção do cais público.

“Teremos uma série de impactos, desde questões relacionadas ao acesso à Baixada até a transferência do Terminal de Passageiros do Macuco para o Valongo”, disse o parlamentar, que defende “compensações justas à Cidade”.

Já o prefeito de Santos informou, também em nota, que o objetivo é garantir que os investimentos atendam aos interesses dos trabalhadores portuários, do empresariado local e da população. “Acompanhamos cada etapa no Governo Federal, no Governo do Estado ou nas agências reguladoras para obter o melhor resultado”.

Mario Povia observou que o Tecon Santos 10, o novo acesso à Cidade, a terceira pista da Rodovia dos Imigrantes, o Aeroporto de Guarujá, o túnel Santos-Guarujá e a transferência do terminal de passageiros irão gerar “uma reconfiguração completa do cluster logístico da Baixada”. Por isso, segundo, ele, é essencial que esses projetos caminhem de forma coordenada.

Portal Fator Brasil - RJ   22/05/2025

O esgotamento da infraestrutura portuária brasileira tem se tornado um entrave cada vez mais crítico para o setor do agronegócio, afetando diretamente cadeias produtivas como a do café. Segundo Mario Veraldo, CEO da empresa de logística MTM Logix, os problemas não são mais pontuais, e tornaram-se estruturais. —Os portos operam hoje no limite. Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e investimentos abaixo do necessário criam um cenário insustentável —alerta o especialista.

De acordo com Veraldo, o Brasil investiu apenas 2,2% do PIB em infraestrutura em 2024, quando seria necessário quase o dobro (4,3%) para suprir a demanda projetada para as próximas três décadas. Essa defasagem ocorre justamente em um momento de forte expansão das exportações do agronegócio, que alcançaram US$ 164,4 bilhões no último ano — quase metade (48,9%) das exportações totais do país.

Custo logístico crescente e atrasos nas exportações —Em março de 2025, o Brasil deixou de embarcar 637.767 sacas de café, equivalentes a cerca de 1.932 contêineres, devido aos gargalos logísticos, o que gerou um prejuízo de R$ 8,901 milhões, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Desde junho de 2024, houve um prejuízo de R$ 66,576 milhões com custos extras em função da estrutura defasada nos principais portos de escoamento de café do Brasil. O não embarque desse volume de café também fez com que o país deixasse de receber R$ 1,510 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais no mês de março deste ano.

Conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital, 55% dos navios, ou 179 de um total de 325 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil em março de 2025. O tempo médio de espera de um contêiner nos portos pode ultrapassar 40 horas e, em alguns casos, chega a dez dias, especialmente em Santos. Veraldo explica que a capacidade instalada atual, de 234 milhões de toneladas, não dará conta da demanda projetada para 2028, que é estimada em 238,9 milhões de toneladas.

—É preciso ampliar e modernizar os portos urgentemente, desburocratizar processos e investir em tecnologia e alternativas logísticas, como os portos do Arco Norte, que vêm se consolidando como uma rota estratégica para o escoamento da produção agrícola brasileira —defende o CEO.

Impactos no setor cafeeiro —Na outra ponta da cadeia, os reflexos chegam diretamente ao produtor. Rodrigo Reis, gerente de logística da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), relata que os gargalos afetam desde o planejamento operacional até a receita dos cooperados. —Os custos operacionais extras poderiam ser usados na valorização do café. Ao invés disso, são canalizados para contornar falhas estruturais —afirma.

Segundo Reis, a Expocacer adota uma gestão preventiva, com planejamento logístico antecipado e escolha criteriosa de armadores. Ainda assim, enfrenta problemas recorrentes como indisponibilidade de contêineres, alteração de deadlines dos navios e altos custos com pedágios em rodovias de pista simples.

—A falta de previsibilidade afeta toda a cadeia. Quando o navio atrasa ou antecipa, precisamos reposicionar contêineres, pagar taxas de detention e arcar com prazos estourados. Isso gera um efeito cascata de ineficiência e custo— explica Reis.

Para mitigar os prejuízos, a cooperativa intensificou sua atuação institucional. A Expocacer é ativa nos Comitês Logísticos do Cecafé e acompanha as diretrizes da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), buscando representatividade junto aos órgãos reguladores. Internamente, criou um setor dedicado à auditoria das cobranças portuárias, o que tem permitido a reversão de tarifas indevidas e a redução do impacto financeiro sobre os produtores.

—O Brasil precisa repensar sua logística com urgência. Não adianta promover comercialmente o nosso café no exterior se não conseguimos embarcá-lo com previsibilidade e custo competitivo. Seguimos operando com uma infraestrutura que parou no tempo. Enquanto isso, o volume exportado cresce ano após ano. Essa conta não fecha— conclui Reis.

Soluções —De acordo com a MTM Logix, o cenário exige ação coordenada entre governo, setor privado e produtores. Sem isso, o Brasil corre o risco de ver sua competitividade escorrer pelos vãos de uma logística que já não acompanha seu próprio potencial.

—A digitalização e a automação despontam como ferramentas estratégicas para transformar a logística portuária brasileira, hoje marcada por ineficiências e altos custos. A adoção de tecnologias inteligentes permite acelerar processos, reduzir erros operacionais e melhorar a gestão das informações ao longo de toda a cadeia logística. Sistemas automatizados agilizam desde a liberação de cargas até o gerenciamento de estoques, diminuindo o tempo de espera e aumentando a produtividade nos terminais—afirma Veraldo.

Além disso, a integração digital entre transportadoras, armadores, operadores portuários e órgãos reguladores viabiliza uma comunicação mais fluida e decisões mais assertivas.

—Para que essa modernização ocorra em escala, no entanto, é indispensável o engajamento do poder público. Políticas voltadas à ampliação dos investimentos em infraestrutura, incentivo à iniciativa privada, desburocratização regulatória, integração entre modais de transporte e qualificação da mão de obra são medidas urgentes para destravar o sistema e preparar os portos brasileiros para os desafios logísticos do futuro— finaliza o CEO.

Expocacer —Com sede em Patrocínio-MG, a Expocacer há 31 anos é protagonista na promoção de uma produção sustentável de cafés de alta qualidade na Região do Cerrado Mineiro, valorizando o trabalho de seus produtores e fomentando o desenvolvimento econômico regional. A cooperativa apoia mais de 730 cooperados e conta com uma infraestrutura que inclui armazéns com capacidade para mais de 1 milhão de sacas, exportadas para mais de 35 países em cinco continentes.

MTM Logix —A MTM Logix é uma empresa 100% focada em torres de controle para embarques internacionais. Ela cria soluções totalmente personalizáveis, automatizadas e escaláveis para seus clientes. A empresa atende clientes no México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Brasil e Estados Unidos. A empresa combina tecnologia e atendimento ao consumidor de maneira incomparável para fornecer um nível único de controle às remessas de seus clientes.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2025

As empresas de exploração e produção de petróleo e gás natural passaram a defender uma mudança na tramitação de licenciamentos ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após o episódio envolvendo a perfuração na bacia da Foz do Amazonas, na região da Margem Equatorial.

O setor tentará alterar o projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental no Senado estabelecendo que, em cada processo, as empresas interessadas sejam ouvidas e possam pedir a manifestação de uma instância colegiada antes de uma decisão final do presidente do órgão sobre a licença. Na prática, a mudança colocaria mais pressão sobre o Ibama ao incluir mais gente para opinar formalmente sobre as licenças.

Funcionaria assim: a empresa pede uma licença ambiental para o Ibama e a área técnica dá um parecer. Se o entendimento dos técnicos for contra o empreendimento, a empresa poderá pedir a manifestação de um órgão colegiado antes de uma decisão final do presidente do Ibama. Esse órgão seria composto por todos os diretores do instituto e seriam ouvidos a empresa, o ministério envolvido e um representante indicado pelo presidente da República.

A medida foi apresentada pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IPB) em um jantar na sede da Frente Parlamentar Pelo Livre Mercado, em Brasília, na noite de terça-feira, 20, com congressistas, lobistas e executivos do setor, incluindo a Petrobras.

Se for aprovada, a mudança poderá impactar na licença da Margem Equatorial, que interessa à Petrobras, e em empreendimentos de todos os setores da economia. O grupo articulou a apresentação de uma emenda pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) no plenário do Senado nesta quarta-feira, 21. Se não houver sucesso, a ideia é emplacar a mudança em outro projeto de lei ou medida provisória.

“A gente acha que isso dá muito mais maturidade e muito mais validade, conteúdo e robustez para uma decisão de um tema considerado estratégico para o desenvolvimento do País do que a simplicidade, a pobreza que é esse processo decisório atualmente”, disse o diretor executivo de Exploração e Produção do IBP, Claudio Nunes. Ele criticou o procedimento atual do Ibama, pois “um grupo emite um parecer e fica todo mundo preso, sem poder fugir”.

De acordo com técnicos envolvidos na elaboração da medida, o Ibama possui mecanismos para acionar um comitê gestor e subsidiar o presidente do órgão a tomar decisões, mas essa instância só pode ser acionada pelo próprio dirigente, e não por alguém de fora.

A proposta é criticada por ambientalistas. “É uma emenda absurda até mesmo para um texto destrutivo como este, o do projeto de lei do licenciamento ambiental. Ela cria a licença por interesse político, onde os apadrinhados de Brasília poderão furar a fila e ter vantagens na análise de seus processos”, afirmou o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini. “Não é apenas inconstitucional, é imoral.”

A Petrobras busca uma licença do Ibama para explorar petróleo na bacia da Foz do Amazonas, na região da Margem Equatorial, a aproximadamente 179 km da costa do Amapá e a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas, no Norte do País. Um parecer de técnicos do Ibama recomendou a rejeição do pedido.

O projeto é defendido por políticos do Amapá, pela cúpula do Congresso Nacional e pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas enfrenta críticas de ambientalistas. Lula chegou a chamar de “lenga-lenga” a resistência do Ibama em conceder o licenciamento. Na segunda-feira, 19, o Ibama aprovou a última etapa antes do licenciamento definitivo, com aval do presidente do órgão, Rodrigo Agostinho.

TN Petróleo - RJ   22/05/2025

As 31 empresas brasileiras que participaram da Offshore Technology Conference (OTC 2025), realizada entre os dias 5 a 8 de maio em Houston, nos Estados Unidos, movimentaram ao todo US$ 316 milhões entre negócios realizados e esperados para os próximos 12 meses.

A participação brasileira, apoiada pelo projeto setorial de fomento à exportação Brazil Machinery Solutions (BMS), resultado de uma parceria entre a ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), reuniu 31 empresas, entre elas: Açoforja; Altave; Altus; Cladtek; Cognittiv; Conexled; CSL Ropes; Delp; DLC; Engemasa; Flexprin Marine; Gascat; Gavea Group; HBR; Inovaren Partners; L.C.D. Engenharia; Maxepoxy; MB Group; MI Electric Brasil; MRM Logistics; Natec; Neptune Marine; Qualitech; Shape Digital; Supplylog; TechnoFink; Technomar; TGS; The Insight; Vanasa Multigas; e WEB Nordeste.

O pavilhão brasileiro esteve entre os mais concorridos da feira, recebendo visitantes de 30 países, com os Estados Unidos, seguido da Nigéria, Argentina, Arábia Saudita e Holanda à frente da lista. Um resultado que reforça a imagem competitiva das empresas brasileiras que integram a cadeia de exploração de óleo e gás.

A participação na OTC Houston é estratégica para a indústria brasileira de máquinas e equipamentos, avalia Patrícia Gomes, Diretora-Executiva de Mercado Externo da ABIMAQ. “Essa participação marcou um momento estratégico para a indústria brasileira e inédito para o nosso projeto setorial. Estar presente em um dos maiores palcos globais da tecnologia offshore é, ao mesmo tempo, um desafio e uma grande oportunidade de posicionamento internacional. A feira é reconhecida mundialmente como um dos principais pontos de encontro do setor de O&G — mais do que os Estados Unidos, são players do mundo todo atentos às inovações e soluções apresentadas no evento. Levamos um recorte interessante de empresas para representar o nosso país, desde fabricantes de máquinas e equipamentos, prestadores de serviços de engenharia e logística, até empresas que desenvolvem softwares e inteligência artificial para o setor, demonstrando a força e a diversidade de toda nossa cadeia de petróleo e gás”.

Esse movimento reforça o nosso compromisso em apresentar soluções cada vez mais integradas e alinhadas com as transformações globais do setor. E, mais do que nunca, queremos destacar o papel que a indústria brasileira pode desempenhar na transição energética, acreditamos que o setor de óleo e gás tem um papel relevante a cumprir, especialmente quando orientado por práticas responsáveis de ESG e inovação sustentável”.

Setor movimenta quase US$ 1 bi em 2024

As empresas que participaram da OTC 2025 integram um mercado que, em 2024, movimentou o equivalente a USD 920 milhões, representando um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. Os principais destinos foram os Estados Unidos (18,3%), Catar (14,9%) e Arábia Saudita (12,5%), além de outros 47 países, ao longo do período. Os principais produtos exportados foram: Tubos de ligas de aço não revestidos e sem costura para revestimento de poços (49%); seguido dos tubos soldados longitudinalmente por arco submerso, utilizados em oleodutos e gasodutos, com seção circular e diâmetro superior a 406,4 mm (17%); e dos tubos de ligas de aço não revestidos e sem costura, para revestimento de poços com diâmetro inferior ou igual a 229 mm (14%).

OTC dita os rumos do mercado de energia

Realizada anualmente desde 1969, em Houston (EUA) e também em versões regionais no Brasil e na Ásia, a OTC é o ponto de encontro para profissionais e empresas que estão moldando o futuro do setor energético no planeta. Os números do evento justificam essa afirmação: foram mais de 1200 expositores espalhados pelos mais de 252 mil m² de área, percorridos pelos mais de 30 mil visitantes vindos dos Estados Unidos e de outros 107 países. A feira contou ainda com 14 pavilhões nacionais, entre os quais o Brasil que, com mais de mil participantes, contou com a maior delegação internacional na OTC, presença só superada pelos anfitriões.

Além do Pavilhão coordenado pela ABIMAQ, por meio do Brazil Machinery Solutions, a OTC contou com o estande da Petrobrás e com um Pavilhão institucional organizado pela ApexBrasil, no qual estavam presentes 11 parceiros: Conselho de Óleo e Gás da ABIMAQ, Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI), Consulado Brasileiro em Houston, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), Porto de Suape, Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA) e Sebrae-RJ.

Fora as oportunidades de networking, a feira ofereceu com extensa programação de 450 palestras técnicas, abrangendo uma variedade de tópicos relacionados ao setor de exploração e produção offshore durante os quatro dias de evento.

Sobre a ABIMAQ - A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) foi fundada em 1937, com o objetivo de atuar em favor do fortalecimento da indústria nacional, mobilizando o setor, realizando ações junto às instâncias políticas e econômicas, estimulando o comércio e a cooperação internacionais e contribuindo para aprimorar seu desempenho em termos de tecnologia, capacitação de recursos humanos e modernização gerencial. Mais informações: www.abimaq.org.br

Sobre o Brazil Machinery Solutions - Fruto da parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), o Programa Brazil Machinery Solutions visa a promoção das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, assim como fortalecer a imagem do Brasil como fabricante de bens de capital mecânico com tecnologia e competitiva. O Programa BMS é composto por empresas fabricantes de máquinas e equipamentos de diversos setores, como o agrícola, têxtil, de mineração, plástico, embalagens, entre outros. Mais informações: www.brazilmachinery.com

Sobre a ApexBrasil - A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira.

Para alcançar os objetivos, a ApexBrasil realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior, como missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira, entre outras plataformas de negócios que também têm por objetivo fortalecer a marca Brasil.

A Agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para a atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos, visando o desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e do país.

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2025

A Petrobras enviará nos próximos dias uma sonda perfuradora e 13 barcos de contenção de vazamentos para iniciar a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, na região da Margem Equatorial. As embarcações devem chegar ao local no dia 10 de julho e realizar uma simulação de resposta a emergências, após o Ibama autorizar a última etapa antes da licença ambiental definitiva.

A simulação deve começar no dia 10 de julho e durar uma semana. Após essa fase, a Petrobras espera ter a autorização do órgão ambiental para começar a perfurar os poços efetivamente, o que pode acontecer ainda no mês de julho. “O impacto é zero, é mais na cabeça das pessoas”, disse a diretora executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, ao Estadão, em meio às críticas de ambientalistas e preocupações sobre as consequências do empreendimento.

A estatal petrolífera garante que a exploração na costa do Amapá é segura e promete instalar a maior estrutura de resposta a emergências ambientais de todos os seus empreendimentos. Técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ambientalistas alertam para os riscos da exploração, que pode atingir a vida marinha e os manguezais que ficam ao redor da foz do Rio Amazonas.

Durante jantar com parlamentares e executivos do setor de petróleo e gás natural na sede da Frente Parlamentar Pelo Livre Mercado, em Brasília, na noite de terça-feira, 20, a diretora da Petrobras comparou os 13 barcos de contenção que serão enviados para a Margem Equatorial com as cinco embarcações do mesmo tipo posicionadas na Bacia de Santos. Ou seja, a estrutura de proteção na Bacia da Foz do Amazonas terá mais que o dobro de embarcações da região, que hoje é a maior produtora de petróleo e gás natural do Brasil.

“Enquanto a gente está conversando aqui, eu tenho 12 poços sendo perfurados em frente a Copacabana e Ipanema e não tem ninguém preocupado”, afirmou Sylvia dos Anjos aos executivos e parlamentares. “Num eventual derramamento de óleo, se eventualmente ocorrer, esse óleo não vem para essa região, que é considerada mais sensível”, disse ela, ao mostrar um mapa do local e falar dos manguezais da região amazônica.

A executiva destacou ainda a distância da perfuração, que é de 179 quilômetros da costa do Amapá e de 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas. Ela considera as críticas ao empreendimento desproporcionais e admite que o próprio nome da bacia, “Bacia da Foz do Amazonas”, gerou muita confusão por causa da relação com a Amazônia. “Poderia ser Bacia do Amapá, né?”.

A exploração de petróleo na Margem Equatorial, região costeira entre o Rio Grande do Norte e o Amapá, tem colocado ambientalistas brasileiros e o setor de óleo e gás de lados opostos. A disputa também ocorre dentro do governo, mas há uma ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para iniciar a exploração.

Lula criticou o Ibama e chamou a atuação do órgão de “lenga-lenga”. Técnicos do instituto recomendaram a rejeição do projeto da Petrobras no ano passado. Na segunda-feira, 19, o Ibama deu sinal verde para a última etapa antes do licenciamento definitivo, com aval do presidente do órgão, Rodrigo Agostinho. São oito poços exploratórios em águas profundas do Amapá. “A gente vai furar. Se não der óleo, vou furar outro”, disse a diretora da estatal.

Durante o jantar, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IPB), que representa as empresas do setor, incluindo a Petrobras, defendeu a exploração como estratégia para o desenvolvimento econômico do País. A instituição projeta que o Brasil passará a ser importador de petróleo em 2035 se não incorporar novas reservas. “Só tem uma maneira de se repor reservas: perfurar, perfurar, perfurar, perfurar e perfurar. E achar”, afirmou o diretor executivo de Exploração e Produção da organização, Claudio Fontes Nunes.

O instituto apresentou aos parlamentares e empresários um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrando que a exploração na Bacia da Foz do Amazonas pode render à Petrobras uma produção de 665 mil barris por dia, considerando-se o resultado atual da atividade na Guiana, na mesma região. Isso renderia durante o período de exploração 2,1 milhões de empregos formais, R$ 419 bilhões a mais no Produto Interno Bruto (PIB), R$ 25 bilhões de acréscimo de tributos e R$ 20 bilhões de royalties e participações especiais para os Estados impactados (Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte).

Jornal de Brasília - DF   22/05/2025

O governo planeja inserir na nova previsão de receitas federais de 2025, a ser divulgada nesta semana, os ganhos a serem obtidos com um novo leilão de petróleo. A medida deve aliviar o cenário de restrição orçamentária e o cálculo sobre a necessidade de contingenciamento de recursos.

O potencial de receitas com o novo leilão, antecipado pela Folha de S.Paulo em março, foi calculado inicialmente em um patamar entre R$ 23 bilhões e R$ 37 bilhões. Agora, no entanto, integrantes do governo afirmam que o cenário mudou devido à queda da cotação do petróleo no mercado internacional e, por isso, os números podem ser revistos.

De acordo com membros do Executivo, a iniciativa está alinhada entre Palácio do Planalto e os ministérios envolvidos na discussão. A proposta do leilão, que precisa receber aval dos parlamentares, está prestes a ser enviada pela Casa Civil ao Congresso.

O alvo do leilão seria o óleo, e não os campos. A proposta é colocar à venda a totalidade do excedente da União em áreas do pré-sal hoje não contratadas dos campos de Tupi, Mero e Atapu -todas exploradas sob regime de partilha.

No campo de Tupi, 0,8% não possui contrato. Esse índice é de 3,5% em Mero e de 0,95% em Atapu. O risco de não existir petróleo é considerado zero porque os campos já estão em produção.

Hoje, grupos chineses já exploram os campos de Tupi (a Sinopec é sócia da portuguesa Galp na Petrogal) e Mero (CNODC e CNOOC são sócias do consórcio) junto com a Petrobras.

O anúncio do contingenciamento está previsto para quinta-feira (22), quando o governo enviará o primeiro relatório bimestral de avaliação de despesas e receitas de 2025 ao Congresso.

Ao recalcular os números, o governo verifica se tem condições de chegar à meta fiscal. Caso os dados apontem um potencial descumprimento, o contingenciamento de despesas precisa ser acionado como forma de se buscar o objetivo estabelecido para o ano.

Neste ano, o governo vai perseguir novamente uma meta fiscal zero, mas, devido ao intervalo de tolerância proporcionado pelo novo arcabouço fiscal, poderá entregar um resultado negativo em até R$ 31 bilhões. O número é equivalente a 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) esperado para o ano.

A avaliação pode apontar ainda a necessidade de um bloqueio, nome dado ao congelamento de despesas feito para o cumprimento do teto de gastos

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou na última quinta-feira (15) que apresentaria ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta semana um conjunto de medidas “pontuais” para cumprimento da meta fiscal deste ano, mas não deu detalhes.

Segundo Haddad, foram identificados “gargalos” tanto do lado das despesas quanto do lado das receitas. “Não dá nem para chamar de pacote, porque são medidas pontuais.”

Conforme publicou a Folha de S.Paulo, técnicos do governo estimavam na semana passada um valor de até R$ 20 bilhões de aperto fiscal. A área econômica quer garantir que, nas discussões finais, o contingenciamento e o bloqueio nos gastos não fiquem abaixo do piso de R$ 10 bilhões para não comprometer o plano de voo para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero.

Especialistas em contas públicas calculam que seria necessário um aperto do lado das despesas de R$ 15 bilhões a R$ 24 bilhões, mas avaliam que a opção do governo será não fazer um corte “sangrento” agora, diluindo o seu impacto ao longo do ano, como ocorreu em 2024.

Valor - SP   22/05/2025

Em carta, a petroleira também pediu que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis indique possíveis datas para a realização da vistoria do centro de fauna da estatal na região

A Petrobras estima que a sonda NS-42, que fará a perfuração do poço exploratório em um bloco (FZA-M-59) na Bacia da Foz do Amazonas, no Amapá, deve chegar na locação, denominada pela companhia como “Poço Morpho” até o fim de junho.

Pediu também que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indique possíveis datas para a realização da vistoria do centro de fauna e a realização da avaliação pré-operacional (APO), para programar “detalhes logísticos e operacionais”.

Segundo carta encaminhada pela empresa ao Ibama, à qual o Valor teve acesso, a sonda, que está situada no Rio de Janeiro, tem previsão de terminar a limpeza do casco até o fim deste mês. A companhia precisa retirar o coral-sol do casco do navio, espécie exótica nativa do fundo do mar e considerada invasora.

O Ibama aprovou a construção do centro de fauna construído pela estatal no município do Oiapoque (AP) e autorizou a realização da avaliação pré-operacional, simulação de vazamento de óleo na região a ser explorada para que a petroleira comprove capacidade de reagir a eventuais acidentes.

A Petrobras afirmou no documento que, após sair da Baía da Guanabara, a sonda fará uma parada intermediária para carregamento de materiais e equipamentos e navegará em seguida para a Costa do Amapá.

“A Petrobras gostaria de registrar a relevância da decisão do Ibama para a segurança e soberania energética do país, ao mesmo tempo que reafirma seu compromisso com a execução segura de suas atividades, com respeito às pessoas e ao meio ambiente”, disse a companhia no documento.

Valor - SP   22/05/2025

Ibama aprovou o conceito do plano de proteção à fauna na Margem Equatorial, apresentado pela Petrobras

A decisão sobre explorar petróleo não é do Ibama e nem do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), disse a ministra Marina Silva, nesta quarta-feira (21). A declaração ocorre após decisão do Ibama de aprovar o conceito do plano de proteção à fauna na Margem Equatorial, apresentado pela Petrobras.

“A decisão sobre explorar ou não petróleo na matriz energética brasileira é uma decisão não do Ibama, nem do MMA. É do CNPE [Conselho Nacional de Política Energética]”, disse a ministra, após participar de leilão na B3 que concedeu unidades de manejo florestal da Floresta Nacional (Flona) do Jatuarana, em Apuí, no Amazonas.

“No CNPE, nós temos um voto, e esse voto é sempre dado à luz da coerência com a agenda que nós cuidamos. Mas, como eu disse, o ministério nem dificulta nem facilita, cumpre os regramentos legais para que os processos de licenciamento sejam feitos em base técnica.”

A decisão do Ibama faz parte do processo para liberação da perfuração na Foz do Amazonas e aproxima a estatal da última etapa do licenciamento, composta de vistorias e simulações de resgates de animais, que devem testar a capacidade de resposta da petroleira em caso de acidentes.

Infomoney - SP   22/05/2025

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AC), apresentou uma emenda à Lei Geral de Licenciamento Ambiental, em tramitação no Congresso, que pode conceder licença em uma só fase para projetos considerados estratégicos, de acordo com a deliberação de um Conselho de Governo. Emenda é um mecanismo que os parlamentares têm para ajustar ou modificar uma proposta legislativa.

A mudança de autoria de Alcolumbre pode agilizar a liberação, por exemplo, da exploração de Petróleo na Foz do Rio Amazonas. A licença em questão divide parte do governo, já que a ministra Marina Silva declarou ser contra a exploração. O Ibama também deu parecer contrário, mas na última semana aprovou o conceito do Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF), apresentado pela Petrobras como parte do plano para a atividade de pesquisa marítima na Foz do Amazonas.

Outro projeto que poderia ser liberado é a obra de recuperação da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, passando no meio da floresta Amazônica. Ambientalistas alertam para a destruição da floresta caso a obra aconteça. A Lei Geral de Licenciamento Ambiental deve começar a ser votada nessa quarta-feira.

Segundo o texto apresentado por Alcolumbre, “a lentidão na análise dos processos decorre de uma série de fatores, como a sobreposição de competências entre diferentes órgãos, interrupções causadas por decisões judiciais, escassez de pessoal técnico habilitado e a complexidade do próprio procedimento, que normalmente exige três licenças distintas ao longo do tempo. Essa realidade tem transformado o licenciamento em uma das principais dificuldades para a atração de investimentos estruturantes no Brasil.”

“A proposta visa instituir um procedimento diferenciado de licenciamento ambiental, fundamentado nos princípios da eficiência, economicidade, celeridade e sustentabilidade, direcionado exclusivamente a obras, serviços ou atividades reconhecidas pelo Poder Executivo federal como essenciais ao desenvolvimento nacional,” ainda de acordo com a emenda apresentada pelo senador Alcolumbre.

Senadores defenderam e elogiaram a proposta de Alcolumbre durante a sessão de votação no Plenário.

Já ambientalistas criticam a flexibilização. Segundo o Observatório do Clima, “a licença especial irá desestruturar todo o processo de licenciamento ambiental por submeter a sistemática de análise por pressão e interesses puramente políticos, inclusive com prejuízo aos empreendedores que entraram com pedido de licenciamento antes.”

Ainda segundo o Observatório, se a emenda for aprovada, “as análises ficam à mercê das vontades políticas e prejudicam aqueles que estão na fila para terem seus processos analisados. Ainda, enfraquece o SISNAMA, ao passo que o Conselho de Governo irá ditar a formulação de política nacional e diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais”.

RODOVIÁRIO

Grandes Construções - SP   22/05/2025

Os lotes 4 e 5 da concessão de rodovias do Paraná, que devem ser leiloados na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no segundo semestre deste ano, somam pouco mais de mil quilômetros de estradas estaduais e federais e vão concluir o novo modelo de concessão à iniciativa privada que começou em 2023.

O edital do certame deverá ser publicado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ainda neste mês de maio.

O lote 4 contempla 627,52 quilômetros das rodovias BR-272, BR-369, BR-376, PR-182, PR-272, PR-317, PR-323, PR-444, PR-862, PR-867 e PR-986, localizadas nas regiões norte, noroeste e oeste do estado, ligando Cornélio Procópio a Guaíra e Maringá a Nova Londrina.

A previsão é de que sejam investidos R$ 10,91 bilhões nesse lote, além de R$ 7,33 bilhões em manutenção e conservação ao longo dos 30 anos de contrato.

Estão previstos 239,63 quilômetros de duplicações, com destaque para a PR-323, entre Maringá e Guaíra, que terá mais 159,98 quilômetros de estradas duplicadas.

As principais intervenções do lote 4 estão na construção de quatro contornos, incluindo o norte de Londrina (30,1 quilômetros) e o sul de Maringá (19,27 quilômetros). Além destes, haverá contornos em Nova Londrina e Itaúna do Sul.

Esse lote deverá receber 81,11 quilômetros de faixas adicionais e 39,49 quilômetros de vias marginais.

E como o lote 4 contempla rodovias estaduais que não estavam nos contratos anteriores de concessão, serão instaladas cinco novas praças de pedágio, sendo quatro na PR-323, e uma na BR-376, entre Paranavaí e Nova Londrina.

O lote 5 tem uma extensão total de 430,78 quilômetros das rodovias BR-158, BR-163, BR-369, BR-467 e PR-317, que conectam Maringá a Cascavel e Guaíra a Cascavel, no Noroeste e Oeste do Paraná.

Os investimentos previstos chegam a R$ 6,51 bilhões, além de R$ 5,12 bilhões para manutenção. O contrato com a concessionária vencedora será assinado com duração de 30 anos.

Esse lote tem uma proporção maior de duplicações, chegando a 55% do total, somando 238,57 quilômetros — nessas rodovias há, hoje, 179,42 quilômetros já duplicados.

Os maiores trechos de duplicações estão na BR-369 entre Campo Mourão e Cascavel (170,81 quilômetros) e na BR-163 entre Guaíra e Marechal Cândido Rondon (58,2 quilômetros). Além disso, serão construídos 19,99 quilômetros de vias marginais. Ao contrário do lote 4, está prevista a construção de apenas um contorno, em Guaíra, com 3,71 quilômetros de extensão.

O lote 5 terá cinco praças de pedágio, sendo que duas serão implantadas na BR-163, entre Cascavel e Guaíra — elas ficarão localizadas em Cascavel e Terra Roxa. As demais, já existentes, estão na BR-369, em Corbélia e Mamborê, e na PR-317, em Floresta.

Quatro lotes das rodovias do Paraná foram leiloados – Da mesma forma que os leilões anteriores, os lotes 4 e 5 serão vencidos por quem apresentar a oferta com maior desconto sobre a tarifa básica máxima, que foi inicialmente fixada em R$ 0,16752 – esse valor deve ser atualizado com a publicação do edital. Caso o desconto seja superior a 18%, a concessionária terá de realizar aportes financeiros progressivos a cada ponto percentual.

Essa será a terceira rodada de leilões das novas concessões de rodovias do Paraná. Em 2023, os lotes 1 e 2 foram arrematados pelo Grupo Pátria e EPR, respectivamente.

No primeiro, o desconto oferecido sobre a tarifa básica do pedágio foi de 18,25%. Já no lote seguinte, não houve concorrência e a EPR venceu com desconto mínimo de 0,08%.

Um cenário parecido foi registrado nos lotes 3 e 6. No primeiro caso, a CCR precisou oferecer 26,6% de desconto para vencer a disputa.

Já no lote seguinte, a EPR novamente não encontrou resistência e levou o pacote de estradas com desconto de 0,08%. As duas empresas assinaram o contrato no fim de abril e já assumiram suas respectivas rodovias, com previsão de início de cobrança de pedágio em junho deste ano.

Globo Online - RJ   22/05/2025

Nove meses após perder o leilão da BR-381/MG, o Opportunity está entrando como sócio na chamada “Rodovia da Morte”. A gestora de Daniel Dantas, Verônica Dantas e Dório Ferman vai ingressar no capital da operação, associando-se à vencedora daquele certame — a 4UM, cujo fundo tem como investidoras as famílias das construtoras responsáveis pela obra.

Um veículo do Opportunity também será sócio do consórcio construtor, formado por J. Malucelli, Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia, que pertencem às famílias Malucelli, Salazar, Federmann e Backheuser.

A associação é mais um passo na parceria entre o Opportunity e a curitibana 4UM. Embora tenham disputado entre si a “Rodovia da Morte” — que liga Belo Horizonte a Governador Valadares —, as duas gestoras venceram juntas, em fevereiro, o leilão de concessão da Rota Agro Norte (BR-364), localizada em Rondônia. O consórcio ofereceu um desconto de 0,05% sobre a tarifa de pedágio, critério utilizado para definir o vencedor.

Antes disso, as duas já haviam se associado em outros dois leilões — da Rota dos Cristais, em Minas Gerais, e do Lote 3 do Paraná —, que acabaram sendo vencidos por Vinci e CCR, respectivamente.

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2025

O leilão do túnel Santos-Guarujá, antes previsto para 1º de agosto, será adiado para 5 de setembro. O adiamento foi o principal tema da reunião entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ministro de Portos e Aeroportos (MPor), Silvio Costa Filho, na tarde desta quarta-feira, 21.

O secretário de Nacional de Portos, Alex Sandro de Ávila, afirma que a decisão se deu em conjunto após roadshow entre o MPor e o governo do Estado de SP no final do último mês na Europa.

“Após diversas contribuições no decorrer das agendas, pelas empresas interessadas, foram identificadas oportunidades de aprimoramentos ao modelo, modelagem e premissas do edital de licitação e documentos técnicos que suportam o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)”, disse o secretário.
Projeto

Incluído no Novo PAC, o túnel será a maior obra do programa federal. Atualmente, mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres. Com a nova estrutura, a travessia será feita em poucos minutos, reduzindo filas e otimizando o fluxo logístico do Porto de Santos.

Toda a estrutura terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersa. Haverá três faixas de rolamento por sentido, com uma delas para a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O túnel também terá acesso para travessia de pedestres e ciclistas. A previsão é de que as obras sejam iniciadas ainda neste ano.

O leilão já tem dois interessados confirmados para a disputa, conforme mostrou o Estadão/Broadcast. A construtora brasileira Marquise Infraestrutura se uniu à italiana WeBuild para formar um consórcio que disputará o certame.

A multinacional China Communications Construction Company (CCCC) também afirmou ao governo brasileiro que vai entrar na briga, conforme confirmou o ministro Silvio Costa Filho.

AGRÍCOLA

IstoÉ Dinheiro - SP   22/05/2025

O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária do Brasil deve atingir R$ 1,53 trilhão em 2025, o que representa crescimento de 13,1% em relação ao obtido em 2024, informou a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), em nota. O VBP corresponde ao faturamento bruto dentro dos estabelecimentos rurais, considerando as produções agrícolas e pecuárias, com base na média dos preços reais (IGP-DI) recebidos pelos produtores de todo o país.

Conforme a CNA, o faturamento estimado para a agricultura é de R$ 1 trilhão, avanço de 13,1% em relação ao registrado em 2024. A soja, cultura com maior participação no VBP agrícola (36,5%), deve registrar aumento na produção de 14% e, a despeito da previsão de queda nos preços (-3,4%), a projeção de alta do VBP da oleaginosa é de 10,1% em 2025.

A CNA informa ainda que o milho, segunda cultura com maior participação no VBP agrícola (17,2%), deve crescer em produção (9,7%) e preços (23,5%). Com isso, estima-se que seu VBP cresça 35,4%.

Já a cana-de-açúcar, terceira principal cultura no subgrupo agrícola (10,4% do VBP), deve registrar redução de 1,34% de sua produção e leve aumento de 0,1% nos preços, resultando em uma queda de 1,2% no seu VBP.

Outras culturas que devem registrar desempenho positivo em 2025 são o café arábica e o robusta, com altas estimadas no VBP de 63,7% e 93,4%, respectivamente. Essa variação deve ocorrer, principalmente, devido à valorização dessas commodities.

No caso da pecuária, a CNA informa que o VBP estimado é de R$ 520,4 bilhões, alta de 12,9% em relação ao registrado em 2024. Dentro desse subgrupo, os destaques de crescimento são os ovos e carne bovina. No caso dos ovos, que representam 5,6% do VBP pecuário, estima-se um aumento de 3,1% na produção e 19,2% nos preços, resultando em um crescimento de 22,9% no VBP do produto.

Quanto à carne bovina, que corresponde a 48,5% do VBP pecuário, projeta-se um crescimento de 19,5% no VBP, impulsionado pela valorização de 19,7% nos preços, ante uma queda de 0,18% na produção. Para a produção de leite, que representa 19,4% do VBP pecuário, estima-se um aumento de 1,2% na produção e de 2,1% nos preços, resultando em uma elevação de 3,3% no VBP. Já a produção de carne de frango (17,8% do VBP pecuário), deve crescer o VBP em 7,5%, com altas na produção (1,83%) e nos preços (5,6%).

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