Clipping Diário

23 | Abril | 2025

SIDERURGIA

Monitor Digital - RJ   23/04/2025

Conversamos com Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, sobre os impactos da guerra comercial entre Estados Unidos e China no setor siderúrgico brasileiro.
Já é possível traçar um cenário das consequências da guerra comercial entre Estados Unidos e China no setor siderúrgico dos dois países?

Não há como precisar, mas a direção é negativa para os dois países. A China, já há algum tempo, está com um forte nível de produção siderúrgica, mas como o seu consumo doméstico segue fraco, grande parte da sua produção de aço é exportada. O problema é que como em um mundo de tarifas se comercializa menos, o país pode ter mais dificuldades para exportar o seu aço, o que pode dificultar ainda mais a sua meta de crescimento anual, que é de 5% para este ano, além de levar a uma diminuição da demanda por minério de ferro, o que seria muito ruim para o Brasil.

Com relação aos Estados Unidos, como o país importa cerca de 1/4 do aço que consome, seria muito difícil mudar a sua cadeia de produção de forma tão rápida. Assim, as novas tarifas de 25% sobre o aço vão criar uma inflação de custos no setor. Além disso, como o spread metálico, que é a diferença do preço do aço para o seu custo, seja ele sucata ou minério de ferro, tende a ser comprimido, isso vai criar uma dificuldade a mais para o setor, que, de alguma forma, vai ter que se ajustar aos preços mais caros dos insumos, o que pode impactar os times de trabalho e os investimentos. As tarifas estão criando empecilhos para a indústria siderúrgica do país, que está sendo levada para um nível pior do que o atual.
O setor brasileiro de siderurgia e, aproveitando a sua menção, o setor de mineração já estão sentindo os impactos da guerra comercial entre os dois países?

Por mais que ainda seja cedo para fazermos uma avaliação, já que isso começou no dia 2 de abril com o Liberation Day, nós podemos classificar esse tema como um dificultador de negócios para a frente. Nesse clima de incerteza, quem tinha que comprar, segura, o que faz com que os preços venham para baixo. Como o principal player que compra da Vale é a China, uma China mais fraca, que compre menos, é um risco. Por mais que não haja nada de concreto, nós temos que ficar de olho, pois há uma luz amarela.

Com relação às siderúrgicas nacionais, nós temos um problema relacionado à origem do aço que está sendo consumido no país. Nós não temos um problema de demanda, já que o consumo aparente de aço cresce. Não a taxas muito grandes, mas cresce. O grande problema é a imensa quantidade de aço chinês. Como em 2023 e 2024 nós tivemos um crescimento muito grande nas importações de aço, sobretudo em aços planos, o governo chegou a criar cotas para 11 produtos de aço plano, mas que não foram efetivas, tanto que membros do setor reclamaram que elas não haviam salvaguardado a indústria nacional como deviam.

Isso também explica o motivo pelo qual, nesse primeiro momento, o governo adotou um tom conciliatório, optando por esperar para não criar uma questão diplomática, diferentemente do que havia acontecido com a China. Isso porque, depois de muito tempo, e com um volume de importação muito grande de aço em 2023, o governo estipulou cotas em 2024, o que gerou um desgaste institucional com o país. Para evitar um novo desgaste, principalmente depois dessa experiência que não deu certo, já que o aço chinês continuou chegando, praticamente, do mesmo jeito, o governo preferiu esperar.

Na minha avaliação, o Governo Federal tem a expectativa de que os Estados Unidos fiquem mais flexíveis e criem cotas, da mesma forma como aconteceu no passado, quando o país colocou em vigor a seção 232, mas depois acabou fazendo concessões.
O que um investidor, que possui ações de siderúrgicas brasileiras, deve fazer nesse momento?

A Usiminas e a CSN têm sofrido muito com o aumento da importação de aço chinês, sobretudo de aços planos. A Gerdau também sofre, mas se protege um pouco mais por dois motivos. O primeiro é que mais de 1/3 do seu resultado é produzido em plantas na América do Norte, que, em alguns trimestres, possuem um backlog superior a dois meses. O segundo é que a companhia possui uma exposição maior a aços longos, que são menos complexos em termos de produção que o aço plano. É por isso que o aço plano chinês é mais competitivo, pois ele chega aqui mais barato que o seu custo de produção. Como no aço longo os preços são mais próximos, não há tanto incentivo para a importação em termos de preço, o que faz com que a Gerdau sofra menos. A Gerdau também produz aços planos, mas, em termos proporcionais, menos que a Usiminas e a CSN.

Como já estávamos acompanhando uma desaceleração nos spreads, as tarifas reforçam uma cautela que eu já tinha com o setor há bastante tempo. Particularmente, eu prefiro ver os desdobramentos de fora.
Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de acrescentar algum ponto à sua entrevista?

Nós temos que ficar de olho no relativo quanto ao aço e ao alumínio. Por enquanto, as tarifas de cada um são de 25%, mas pode ser que haja uma flexibilização no futuro. No momento, eu não vejo isso, mas se exceções forem feitas, isso pode se tornar um risco ou uma oportunidade a depender do relativo.

Petro Notícias - SP   23/04/2025

Mudança no conselho de administração de uma das maiores empresas do país: André Bier Gerdau Johannpeter foi eleito presidente do Conselho da Gerdau. O executivo substitui Guilherme Chagas Gerdau Johannpeter, que ocupava a posição desde 2020, seguindo o plano de alternância previamente programada da gestão do Conselho como reflexo das boas práticas de governança corporativa da maior empresa brasileira produtora de aço. Guilherme passa a ocupar a vice-presidência do Conselho de Administração. André Johannpeter iniciou sua carreira na Gerdau há 45 anos, em 1980, na Fábrica de Pregos, em Porto Alegre (RS), tendo atuado em inúmeras áreas e operações da companhia no Brasil e na América do Norte. Em 2002, assumiu o cargo de COO (Chief Operating Officer) das operações canadenses da Gerdau, além de liderar o processo de operação de sucata.

Em 2007, foi promovido a CEO da empresa, cargo que ocupou por 10 anos, período em que liderou evoluções importantes da Gerdau como o processo de transformação cultural pelo qual a organização passou. Em 2018, foi eleito vice-presidente do Conselho de Administração. Foi Vice-Presidente de Metálicos, COO da Gerdau nos Estados Unidos e, em 2006, tornou-se responsável pelos Processos Corporativos de Marketing e Vendas, Metálicos, Logística, Suprimentos e Recursos Humanos no Brasil, no cargo de Vice-Presidente Executivo.

Atualmente, André é presidente do Conselho do Instituto Gerdau e membro do Comitê Executivo da Associação Mundial do Aço (worldsteel), além de integrar o Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e da Associação Latino-americana do Aço (Alacero). O executivo é formado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Complementou sua formação acadêmica com os cursos de General Business Administration, na Universidade de Toronto (Canadá), Marketing, em Ashridge (Inglaterra), e Advanced Management Program, na Wharton School da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos). Depois de eleito ele disse que “A Gerdau é uma empresa genuinamente brasileira, com 124 anos de história, construída com princípios éticos e com o compromisso com a excelência operacional e a geração de valor para nossos todas os nossos stakeholders. Continuarei contribuindo para que a estratégia de negócios da Gerdau siga impulsionando a construção do futuro da companhia”.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   23/04/2025

A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 5,65% para 5,57%, após três semanas de estabilidade. Agora, está 1,07 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Considerando somente as 115 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a medida passou de 5,59% para 5,57%.

A projeção para o IPCA de 2026 permaneceu em 4,50%, colada ao teto da meta, pela quarta semana consecutiva. Considerando as 110 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, oscilou de 4,50% para 4,54%.

O Banco Central espera que o IPCA suba 5,1% em 2025 e 3,7% em 2026, conforme a trajetória divulgada no último Relatório de Política Monetária (RPM). A autarquia trabalha com o terceiro trimestre de 2026 como horizonte relevante, mas o período deve mudar para o fim do ano que vem na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 6 e 7 de maio.

O colegiado já aumentou a taxa Selic em 3,75 pontos porcentuais desde setembro, para 14,25%, incluindo uma rápida elevação de 3 pontos entre dezembro e março. Na ata da sua última reunião, do dia 19, o Copom indicou que deve elevar os juros novamente em maio, embora com uma alta inferior a 1 ponto porcentual.

A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o BC perdeu o alvo.

A mediana do Focus para a inflação de 2027 permaneceu em 4,0% pela nona semana consecutiva. A projeção para o IPCA de 2028 passou de 3,79% para 3,80%. Um mês antes, estava em 3,78%.
Juros

A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15,0% pela 15ª semana seguida — sugerindo que os juros terão de subir 0,75 ponto porcentual acima do nível atual, de 14,25%. Considerando somente as 94 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a estimativa intermediária para a taxa básica de juros no fim de 2025 também permaneceu em 15,0%.

Com isso, o mercado espera que a Selic suba ao maior nível desde maio de 2006, no primeiro governo Lula, quando o Copom cortou a taxa de 15,25% para 14,75%. Nessa época, os juros estavam em queda após terem atingido 19,75% em maio de 2005, um dos maiores patamares do século 21.

A mediana para a Selic no fim de 2026 ficou estável em 12,50% pela 12ª semana consecutiva. Considerando apenas as 94 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, também continuou em 12,50%.

A estimativa intermediária para o fim de 2027 continuou em 10,50% pela décima semana seguida. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,0% pela 17ª semana consecutiva.

No último ciclo de comunicações, o Copom disse que, para além de maio, a magnitude total do ciclo será ditada pelo seu “firme compromisso de convergência da inflação” e dependerá da evolução do cenário. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou em 27 de março que o comitê quer reunir a maior quantidade de informações possível para ganhar confiança sobre o processo de convergência.
PIB

A mediana do Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 passou de 1,98% para 2,0%. Um mês antes, era de 1,98%. Considerando apenas as 73 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, passou de 2,0% para 1,99%.

No mais recente Relatório de Política Monetária (RPM), o Banco Central diminuiu a projeção de crescimento do PIB em 2025, de 2,1% para 1,9%. Segundo a autarquia, a revisão é consistente com a perspectiva de moderação do crescimento, devido à política monetária contracionista — mas a incerteza sobre a estimativa aumentou.

A previsão intermediária do Focus para o crescimento da economia brasileira em 2026 passou de 1,61% para 1,70%. Considerando só as 69 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,80% para 1,70%.

A mediana para o crescimento do PIB de 2027 permaneceu em 2,0% pela terceira semana seguida. Um mês antes, era de 1,99%. A estimativa intermediária para 2028 ficou estável em 2,0% pela 58ª semana seguida.

Dólar

A mediana do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2025 permaneceu em R$ 5,90 pela segunda semana seguida. Um mês antes, era de R$ 5,95. A estimativa intermediária para a moeda americana no fim de 2026 recuou pela terceira vez consecutiva, de R$ 5,97 para R$ 5,96. Quatro semanas atrás, era de R$ 6,0.

A estimativa intermediária para o dólar no fim de 2027 permaneceu em R$ 5,89. Um mês antes, era de R$ 5,90. A projeção para o fim de 2028 aumentou de R$ 5,84 para R$ 5,85. Um mês antes, era de R$ 5,90.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.

IstoÉ Dinheiro - SP   23/04/2025

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,512 bilhão na terceira semana de abril. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta terça-feira, 22, o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,136 bilhões e importações de US$ 4,624 bilhões.

No mês, o saldo é de US$ 4,563 bilhões e, no ano, o superávit acumulado é de US$ 14,545 bilhões.

Até a terceira semana de abril, a média diária das exportações registrou alta de 5,3% em relação à média diária do mesmo mês de 2024. O resultado se deu devido ao crescimento de US$ 19,89 milhões (5,4%) em Agropecuária, queda de US$ 23,46 milhões (-6,9%) em Indústria Extrativa, e alta de US$ 72,09 milhões (10,8%) em produtos da Indústria de Transformação.

Já as importações tiveram crescimento de 10,5% na mesma comparação, com avanço de US$ 6,08 milhões (24,4%) em Agropecuária, recuo de US$ 5,1 milhões (-7,0%) em Indústria Extrativa e aumento de US$ 103,54 milhões (11,6%) em produtos da Indústria da Transformação.

Monitor Digital - RJ   23/04/2025

Se o Brasil crescer 2% ao ano e continuar com essa taxa de juro, em 2027, a relação dívida bruta/PIB alcançará 108%, e a dívida líquida vai ser 86%. “Como é que fica isso? Nós vamos continuar ignorando?” questionou o senador Oriovisto Guimarães (PSDB-PR), confrontando o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao prestar contas em sua primeira audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) após ser aprovado pelo Senado, em outubro de 2024, para assumir a presidência do BC no quadriênio 2025-2028. Além de elevar a dívida pública, os juros reais de mais de 9% ao ano reduzem a atividade da economia, levando a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) menor, o que piora a relação dívida/PIB.

Não foi a única das críticas aos juros altos que Galípolo teve de ouvir. Autora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 79/2019, que limita as taxas de juros cobradas por instituições financeiras em operações de crédito, a senadora Zenaide Maia (PSD-RN) também defendeu a redução dos juros.

“Nós temos uma PEC que limita os juros nos cartões de crédito, cheques especiais, a no máximo três vezes a taxa Selic. Nós não engessamos a política monetária. Agora a gente ver toda a sociedade brasileira ser extorquida por juros de até 400% por ao ano, isso dói. É assustador”, afirmou Zenaide.

Galípolo defendeu que a normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas, entre elas a ampliação do acesso da população a um crédito de menor custo. Ele lembrou que o crédito rotativo não deveria ser utilizado de maneira frequente, mas apenas de forma emergencial, daí a importância de se pensar em instrumentos em que se possa oferecer mais garantias.

Até o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), se somou às críticas e disse que “estamos deixando os juros altos no Brasil virar quase como um vício”.
Juros do BC: Robin Hood ao contrário

O senador Cid Gomes (PSB-CE) disse ser importante fazer o debate da política monetária. Ele destacou que, com a inflação alta, os pobres são os mais prejudicados, não os investidores e o mercado. E afirmou que o país vai chegar a 2026 com mais de R$ 10 trilhões de dívida pública. Segundo ele, “o sistema financeiro, os fundos de pensão, os investidores estrangeiros” é que ganham com isso.

“O Brasil precisa sair desse círculo vicioso. Eu não sei até quando o povo brasileiro, talvez pela ausência de debate, vai suportar um governo cumprindo um papel de Robin Hood ao contrário, porque, no final das contas, o Banco Central é governo, e é o Banco Central quem tira dos pobres, dos trabalhadores, dos que empreendem para dar aos especuladores. Isso, certamente, tem que ter um fim.”

Gabriel Galípolo afirmou que a normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas.

O Estado de S.Paulo - SP   23/04/2025

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas, alerta para os impactos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a economia global. Neste momento, os riscos para a perspectiva estão inclinados para baixo, tanto no curto quanto no médio prazo, diante de incertezas prolongadas no comércio global, conforme ele.

“Embora muitos dos aumentos tarifários programados estejam suspensos por enquanto, a combinação de medidas e contramedidas elevou as taxas tarifárias americanas e globais a níveis recordes”, diz ele, no relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês) do FMI, publicado nesta terça-feira, 22.

Gourinchas alerta, contudo, que o contexto para os aumentos das tarifas é “muito diferente”. A economia global é caracterizada por um elevado grau de integração econômica e financeira, com cadeias de suprimentos e fluxos financeiros cruzando o mundo. Um potencial desmantelamento pode constituir uma “importante fonte de turbulência econômica”, segundo ele.

“Diante da crescente incerteza sobre o acesso aos mercados, a reação inicial de muitas empresas será pausar, reduzir o investimento e cortar compras”, alerta o economista. “Da mesma forma, as instituições financeiras vão reavaliar sua oferta de crédito às empresas, até que possam avaliar a exposição destas ao novo ambiente”, acrescenta.

De acordo com ele, a combinação do aumento da incerteza e o consequente aperto das condições financeiras representam um “choque negativo” na demanda global e pesarão sobre a atividade como tem se refletido nos preços do petróleo. Já no médio prazo, o dólar pode se desvalorizar, e mercados cambiais podem apresentar forte volatilidade. “Isso pode ser difícil de administrar, especialmente para economias de mercados emergentes”, diz Gourinchas.

Nesse contexto, ele afirma que a política monetária deve permanecer à frente da curva diante de múltiplos desafios como, por exemplo, expectativas de inflação menos ancoradas. “Em todos os casos, a credibilidade do quadro de política monetária e da sua pedra angular, a independência do banco central, permanecerá fundamental”, conclui.

O FMI cortou quase pela metade a projeção de crescimento do comércio global neste ano. O organismo espera uma expansão de 1,7% em 2025, uma queda de 1,5 ponto porcentual em relação à sua projeção anterior. “Essa previsão reflete o aumento das restrições tarifárias que afetam os fluxos comerciais e, em menor grau, os efeitos decrescentes de fatores cíclicos que sustentaram o recente aumento do comércio de bens”, diz o FMI, no relatório.

O fundo espera que os saldos globais em conta corrente se contraiam ligeiramente. No ano passado, os volumes cresceram em meio ao aumento dos desequilíbrios internos e uma retomada do comércio global de bens. “No médio prazo, espera-se que os saldos globais se contraiam”, reforça o organismo, com sede em Washington.

PIB global

O FMI faz um alerta para o “momento crítico” que a economia global atravessa e que deve resultar em menor crescimento e mais inflação nos próximos anos como reflexo das tarifas de Trump. O organismo não projeta, contudo, recessão em seu cenário base.

O FMI espera que a economia mundial cresça 2,8% neste ano, projeção 0,5 ponto porcentual menor que a anterior, divulgada em janeiro. Para o próximo ano, a expectativa passou para uma alta de 3,0%, contra estimativa de avanço de 3,3%.

“Esperamos que o forte aumento em 2 de abril, tanto nas tarifas quanto na incerteza, leve a uma desaceleração significativa do crescimento global no curto prazo”, diz Gourinchas.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, já havia antecipado que fundo faria “cortes notáveis em suas projeções”, em discurso na semana passada.

“Os rebaixamentos são generalizados entre os países e refletem, em grande parte, os efeitos diretos das novas medidas comerciais e seus efeitos indiretos, por meio de repercussões nos vínculos comerciais, aumento da incerteza e deterioração do sentimento”, explica o fundo, no relatório.
EUA e China

Como parte de suas revisões, o FMI tirou 0,9 pp da projeção de alta do PIB dos EUA e vê expansão de só 1,8% neste ano. No próximo ano, as tarifas devem continuar pesando no desempenho da maior economia do mundo, que tende a desacelerar ainda mais, para uma alta de 1,7%, ante 2,1% de sua estimativa anterior, prevê o fundo.

“A revisão para baixo é resultado de maior incerteza política, tensões comerciais e uma perspectiva de demanda mais fraca, dado o crescimento do consumo mais lento do que o previsto”, justifica o organismo.

Por sua vez, o PIB chinês deve crescer 4,0% em 2025, uma queda de 0,6 pp em relação à estimativa anterior do FMI. O organismo vê a economia chinesa expandindo-se também no ritmo de 4,0% em 2026, o que representa uma queda de 0,5 pp.

O fundo avalia que o apoio fiscal adotado por países como China e alguns outros da zona do euro pode compensar parte do impacto negativo das tarifas no crescimento econômico.

Cenário alternativo

Em paralelo, o FMI publicou dois cenários alternativos às tarifas de Trump. Sem considerá-las, o crescimento global seria de 3,2% para 2025 e 2026, uma redução de 0,1 pp em cada ano ante as projeções de janeiro último.

Já em um segundo cenário, o fundo projeta crescimento de 2,8% da economia mundial neste ano e de 2,9% no próximo exercício. A projeção é similar ao cenário de referência do FMI, mas isola as tarifas das consequências no mercado e da incerteza gerada. “As perdas na China e nos Estados Unidos se tornariam maiores em 2026 e além, enquanto os ganhos em outras regiões diminuiriam, levando a resultados globais mais fracos do que a previsão de referência”, explica o FMI.

Para o fundo, a incerteza em torno das políticas comerciais devem permanecer elevadas neste e no próximo ano.

Inflação global

O FMI está mais cético com o comportamento dos preços nas economias diante dos possíveis impactos da disputa tarifária gerada pelas novas alíquotas recíprocas dos Estados Unidos. O maior efeito virá nas economias avançadas, enquanto em mercados emergentes, são esperados reflexos distintos, conforme o organismo.

A inflação global deve alcançar 4,3% neste ano e 3,6% em 2026, conforme o relatório divulgado nesta terça-feira.

O FMI elevou a sua expectativa de inflação para as economias avançadas em 0,4 ponto porcentual para este ano. No caso dos EUA, a projeção foi elevada em 1 pp e no do Reino Unido em 0,7 pp. “O Reino Unido e os Estados Unidos destacam-se tanto pela direção como pela magnitude das suas revisões”, diz o fundo.

Já no caso das economias de mercados emergentes e em desenvolvimento, os ajustes do organismo foram mistos. Na China, a expectativa é de que os preços fiquem contidos, enquanto Europa emergente e em desenvolvimento, Rússia e Ucrânia tiveram revisões para cima.

O FMI diz ainda que na América Latina e no Caribe, os ajustes para cima para Bolívia, Brasil e Venezuela foram compensados por revisões para baixo para Argentina e outros países. O fundo acabou reduzindo sua projeção para 2025 em 0,3 pp para 2025.

O fundo espera que a inflação convirja para a meta antes nas economias avançadas, atingindo 2,2% em 2026, enquanto em mercados emergentes e em desenvolvimento, o indicador cairá para 4,6% neste período. Na sua visão, a perspectiva dos preços melhorou, mas ainda não retornou totalmente aos padrões pré-pandêmicos e está sujeita a alta incerteza pelo tarifaço de Trump.

“As expectativas de inflação podem se tornar menos ancoradas com um novo choque inflacionário tão próximo do anterior”, alerta Gourinchas.

IstoÉ Dinheiro - SP   23/04/2025

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou, nesta terça-feira (22), que a instituição ainda analisa se a taxa Selic atual é suficiente para conter a inflação em um cenário de incertezas criado pela guerra de tarifas iniciada pelos Estados Unidos (EUA).

Em reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Galípolo defendeu a atual taxa de juros do Brasil – a quarta mais alta do mundo em termos reais. Senadores avaliam que os juros altos impedem o desenvolvimento econômico produtivo, favorecendo a especulação financeira.

Segundo o presidente do BC, a economia brasileira está com um “dinamismo excepcional” que tem pressionado a inflação para além meta, principalmente nos alimentos, o que leva a instituição a elevar a taxa de juros, restringindo a atividade econômica brasileira.

“O que o BC está fazendo é migrando para um patamar que ele tenha alguma segurança de que está num patamar restritivo. E a gente está tateando agora nesse ajuste. Se a gente está num patamar restritivo suficiente ou qual é esse patamar restritivo suficiente ao longo desse ciclo de alta que nós ainda estamos fazendo”, comentou.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os juros básicos da economia – a taxa Selic – subiram 1 ponto percentual, chegando a 14,25% ao ano, com previsão de novos aumentos. O Brasil registra a quarta maior taxa de juros do mundo, perdendo apenas para Turquia, Argentina e Rússia, segundo a consultoria Moneyou.

Galípolo justificou que “por diversas métricas que você possa medir, seja relativa a mercado de trabalho, seja a nível de atividade dos diversos setores, o que a gente assiste é que a economia brasileira mostra um dinamismo excepcional”.

Esse dinamismo tem pressionado a inflação, justificou Galípolo. “A inflação acima da meta está bastante disseminada” e, por isso, o papel do BC é ser o “chato da festa”. “Você deve tentar segurar a economia, frear um pouquinho a economia para que essa pressão inflacionária não vire uma espiral”, acrescentou.

Guerra de tarifas

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, destacou que a guerra de tarifas pode contribuir para manutenção das altas taxas de juros no Brasil.

“Estamos em um ambiente de elevada incerteza, tanto sobre o que deve ocorrer, quanto sobre quais são as consequências da aplicação das tarifas”, afirmou, acrescentando que, para uma economia emergente como a brasileira, o cenário internacional tem peso maior que para as economias avançadas.

“A partir daí, muitas vezes, cabe ao BC ter de responder aumentando, por exemplo, o prêmio [juros] em função de um momento de aversão ao risco”, completou Galípolo.

Apesar das incertezas da guerra comercial, Galípolo sugeriu que o Brasil pode se tornar um destino seguro para investimentos por causa da diversificação da pauta comercial brasileira, não tão dependente dos EUA, e devido ao maior peso do mercado doméstico para o conjunto da economia.

“Não é que fica melhor com a guerra tarifária, mas na comparação com os pares, o Brasil pode ser uma economia que se destaque positivamente pela diversificação nas relações comerciais e pela relevância do mercado doméstico”, disse.
Críticas

Alguns senadores criticaram a atual política monetária comparando as taxas de juros brasileiras com as de outros países, como fez o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).

“Eu venho do setor da indústria e esse setor está padecendo muito, como o setor de serviço, do comércio, do agro. Eles têm sofrido bastante com essas taxas de juros”, afirmou o parlamentar.

O senador Cid Gomes (PSDB-CE) sustentou que há uma pequena minoria que ganha com esses juros, que seriam os agentes do mercado financeiro.

“[Esses juros] dão uma margem de lucratividade de 10%. Qual é a atividade econômica nesse país que dá, com segurança, uma remuneração de 10%? Talvez vender cocaína, mas com muito mais risco. Isso é uma mamata”, disse Cid.

O senador defendeu que o BC use outras ferramentas para controlar a inflação, para além da elevação da taxa de juros, como a venda de dólares no mercado para segurar o valor do dólar, que também pressiona a inflação.

“Não faltam empresários que defendam essa coisa maluca [juros altos] porque resolveram desistir dos negócios, da indústria, do comércio, da agricultura, e resolveram colocar todo o seu dinheiro aplicado e viver de renda”, completou.
Reformas na política monetária

Gabriel Galípolo justificou que o Brasil tem taxas de juros mais elevadas, se comparada com outros países, porque há bloqueios que impedem que os juros altos tenham o efeito desejado de controlar a inflação.

“Talvez existam alguns canais entupidos de política monetária, o que acaba demandando doses do remédio mais elevadas para que você consiga atingir o mesmo efeito”, justificou.

Para mudar essa realidade, o presidente do BC sugeriu reformas que não seriam de responsabilidade apenas da autoridade monetária do país, como a redução dos juros para as famílias.

“Elas pagam muitas vezes mais do que a taxa Selic. Essa fatia da população tem uma sensibilidade baixa às alterações na política monetária, dado que a taxa de juros que ela está pagando é tão mais elevada”, destacou.

Galípolo ainda citou a necessidade de regular instituições financeiras que, diferentemente dos bancos tradicionais, tem regras mais brandas para seu funcionamento. “Sou mais simpático a criar uma isonomia regulatória alcançando de maneira mais homogênea e isonômica os diversos agentes e atores”, disse.

Infomoney - SP   23/04/2025

Mais uma fonte de pressão. Nos últimos dias, a pressão exercida pelo presidente dos EUA Donald Trump sobre Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, reacendeu o debate sobre a independência das instituições monetárias nos Estados Unidos. As críticas públicas de Trump a Powell, que incluem falas abertas em defesa de sua demissão, levantam questões cruciais sobre a capacidade do Fed de conduzir a política monetária sem interferências políticas.

Trump intensificou suas críticas a Powell na segunda, dizendo que a economia dos EUA está caminhando para uma desaceleração “a menos que o Sr. Tarde Demais, um grande perdedor, reduza as taxas de juros AGORA”, em uma postagem belicosa no Truth Social, que levantou preocupações sobre a autonomia do Fed.

A recente declaração de Trump nas redes sociais, afirmando que “a demissão de Powell não pode chegar rápido o suficiente!”, junto com comentários de outros membros de seu governo, intensificou as especulações sobre uma possível tentativa de remover o presidente do Fed.
Durante o primeiro mandato de Trump, o presidente frequentemente expressou sua insatisfação com as decisões de Powell, especialmente em relação ao aumento das taxas de juros. Apesar de suas reclamações, a independência do Federal Reserve permaneceu relativamente intacta. No entanto, com a pressão crescente e a retórica mais agressiva durante seu segundo mandato, especialistas temem que a autonomia do Fed esteja em risco.

“A independência do Federal Reserve é fundamental para a estabilidade econômica, permitindo que a instituição tome decisões baseadas em dados econômicos e não em pressões políticas de curto prazo”, aponta Michael Feroli, economista do JPMorgan, em relatório sobre o tema. O alerta é de que qualquer erosão dessa independência possa ter consequências graves, incluindo um aumento da inflação e taxas de juros mais elevadas, que poderiam prejudicar a recuperação econômica em um momento já delicado.

O histórico jurídico sugere que a remoção de um “chair” do Fed só pode ocorrer “por justa causa”, uma definição que tradicionalmente exclui desacordos de política.

No entanto, a administração atual está testando os limites dessa proteção, conforme demonstrado por demissões recentes em agências independentes. A Suprema Corte dos EUA deve decidir em breve sobre a legalidade dessas ações, o que pode abrir precedentes perigosos para a independência do Fed.

Se a Suprema Corte decidir a favor do governo Trump, isso pode permitir que o governo substitua governadores/dirigentes atuais do Fed por leais à administração, alterando significativamente a dinâmica da política monetária. Para o economista, a possibilidade de um Fed politizado levanta preocupações sobre a eficácia das decisões econômicas, que historicamente têm sido tomadas com base em análises objetivas e não em considerações políticas.

Além disso, a pressão política sobre o Fed pode levar a um aumento nas expectativas de inflação. Com a administração buscando influenciar diretamente as decisões do banco central, investidores e mercados podem começar a exigir maiores compensações por riscos inflacionários, resultando em taxas de juros mais altas e um ambiente econômico mais instável.

Conforme aponta o economista, a história recente sugere que a interferência política na política monetária pode ter consequências ruins.

A avaliação é de que normalmente é benéfico que os mandatos do Fed não coincidam com os de governos, retirando assim a política monetária do ciclo político. O curto horizonte de tempo do calendário eleitoral poderia, de outra forma, tentar os formuladores de políticas monetárias orientados politicamente a tentar estimular a economia, mesmo quando isso é inadequado de uma perspectiva de longo prazo, aponta.

“Evidências internacionais indicam que bancos centrais que têm mais independência política tendem a promover uma inflação mais baixa e estável”, aponta.

O histórico sugere ainda que a interferência política contribuiu para uma política monetária ruim no final da década de 60 e início da década de 70, com consequências desfavoráveis para o desenvolvimento da inflação.

“Qualquer redução na independência do Fed adicionaria riscos de alta a uma perspectiva de inflação que já está sujeita a pressões ascendentes de tarifas e expectativas de inflação um tanto elevadas. Além disso, os participantes do mercado provavelmente exigiriam maior compensação por inflação e riscos de inflação, aumentando assim as taxas de juros de longo prazo, pesando sobre as perspectivas de atividade econômica e piorando a posição fiscal. Esperava-se que essas consequências adversas dessem ao presidente motivos para não ameaçar a independência do Fed, embora até agora o presidente muitas vezes tenha seguido em frente com suas intenções”, conclui a análise.

Cabe destacar que, na segunda, as ações americanas sofreram perdas acentuadas com Trump aumentando seus ataques ao chair do Fed, levando os investidores a se preocuparem com a independência do banco central, mesmo enquanto enfrentam os efeitos da guerra comercial errática e contínua de Trump. Todos os três principais índices caíram, com grandes perdas no grupo Sete Magníficas de ações de crescimento megacap pesando mais no Nasdaq, carregado de tecnologia.

“Os países que têm um banco central independente crescem mais rapidamente, têm inflação mais baixa; eles têm melhores resultados econômicos para seu povo”, reforçou Jed Ellerbroek, gerente de portfólio da Argent Capital Management em St. Louis. “E políticos que tentam influenciar o Fed são uma ideia muito ruim e muito assustadora para o mercado.”

Globo Online - RJ   23/04/2025

A falta de demanda interna ganhou força como um dos principais entraves à atividade industrial no Brasil no primeiro trimestre de 2025, segundo a Sondagem Industrial divulgada nesta quarta-feira (23) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O problema, que no último trimestre de 2024 ocupava a quinta posição entre os mais citados, agora divide o segundo lugar com as elevadas taxas de juros.

A alta carga tributária segue como a principal preocupação dos industriais, mencionada por 33,3% dos empresários — um avanço em relação aos 30,6% registrados anteriormente.

Segundo Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, o avanço da demanda insuficiente está relacionado à combinação entre juros elevados e menor gasto público.

-A alta demanda é o que sustenta a atividade industrial, porque ela requer mais produção, emprego e investimentos. Quando o empresário percebe uma menor demanda, ele fica mais receoso em fazer esses movimentos.

De acordo com a pesquisa, a preocupação com a Selic subiu de 25% para 27,1% das empresas, enquanto a insuficiência da demanda interna saltou 4,8 pontos percentuais, de 22,3% para também 27,1%.

Após um início de ano promissor, o desempenho da indústria voltou a recuar em março. O índice de evolução da produção caiu para 49 pontos, sinalizando retração em relação a fevereiro. É a primeira queda da produção para um mês de março desde 2020.

O mesmo padrão foi observado no emprego industrial. O índice de evolução do número de empregados ficou em 49,2 pontos, também abaixo da linha de 50 pontos que separa crescimento de retração. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI), por sua vez, permaneceu em 69%, um ponto acima de março de 2024.

As condições financeiras da indústria também pioraram. O índice de satisfação com a situação financeira das empresas caiu de 50,9 para 48,8 pontos, marcando uma virada de percepção — de positiva para negativa. Já o índice de lucro operacional recuou de 45,8 para 43,8 pontos.

Outro sinal de alerta é o maior aperto no crédito: o indicador que mede o acesso ao financiamento caiu para 40,4 pontos, enquanto o índice de preços de matérias-primas segue elevado, em 62,4 pontos, ainda acima da linha de equilíbrio.

Expectativas ainda positivas, mas investimentos em queda

Apesar do cenário desafiador, as expectativas dos industriais seguem positivas em abril, tanto para demanda quanto para exportações e compras de insumos. Ainda assim, a intenção de investir voltou a cair, com o índice recuando pelo segundo mês seguido, agora para 56,4 pontos.

A pesquisa ouviu 1.522 empresas, entre os dias 1º e 10 de abril, sendo 608 de pequeno porte, 538 de médio porte e 376 de grande porte.

MINERAÇÃO

Globo Online - RJ   23/04/2025

O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, anunciou “em primeira mão”, como ele disse, durante o “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, em Xangai, que o Brasil contará ainda neste ano com uma política nacional de minerais críticos para a transição energética. A nova política atenderá a uma reivindicação antiga da indústria mineral brasileira. O objetivo, segundo o ministro, é atrair investimentos para o setor no país e fortalecer a relação bilateral entre Brasil e China no setor mineral.

O Brasil é detentor de importantes reservas de minérios considerados estratégicos para a transição energética, como lítio, cobre, nióbio, cobalto e terras raras. São minerais usados em baterias de veículos elétricos, sistemas de geração de energia fotovoltaica e eólica, por exemplo.

“Vamos fortalecer a cadeia de minerais críticos”, disse Silveira durante painel sobre as indústrias de mineração e aço do Brasil. O ministro não entrou em detalhes sobre a política, mas reforçou que o país vai fortalecer a segurança regulatória e valorizar a produção sustentável. “O Brasil tem uma legislação ambiental reconhecida internacionalmente como adequada. Vamos dar celeridade ao processo de licenciamento para permitir ao investidor maior capacidade de aproveitar a cadeia mineral brasileira”, afirmou.

O interesse chinês por investimentos no setor mineral brasileiro é crescente. “Estamos buscando mais oportunidades de investimentos no Brasil e na América Latina”, afirmou Liu Jianfeng, diretor de investimentos da CMOC Group, empresa que produziu 10 mil toneladas de nióbio no Brasil em 2024, o que representou 11% da produção global.

Daniel Abdo, diretor de relações internacionais e novos negócios da Sigma Lithium, empresa que processa lítio no Vale do Jequitinhonha (MG), diz que a procura chinesa pelo minério da companhia é crescente. “Temos uma cadeia produtiva sustentável que gera um grande apelo comercial”, disse. A capacidade anual de 270 mil toneladas de lítio concentrado da companhia está prevista para dobrar até o final de 2025.

Segundo Tracy Xie, CEO da Vale China, a mineradora brasileira destinou ao país asiático 187 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado, o que representou mais de 60% de suas exportações do minério. “Temos um minério com alto teor de ferro, de alta qualidade, que permite uma produção de aço com menor emissão de carbono”, disse a executiva.

Para Liu Qiang, diretor-geral da Children’s Investment Fund Foundation (CIFF) na China, a qualidade do minério de ferro brasileiro, que permite uma produção de aço mais sustentável, é uma característica valorizada pela indústria siderúrgica chinesa, que está empenhada na descarbonização de seus processos. A indústria do aço é responsável por 15% das emissões de carbono na China.

Joe Zhao, diretor de estratégia da siderúrgica Yongfeng Group, diz que a indústria do aço chinesa passa por um processo de transformação. O consumo de aço pela indústria automobilística é crescente, assim como a demanda da indústria de equipamentos para a produção de energia renovável, o que deve manter o interesse chinês no minério de ferro fornecido pelo Brasil.

O summit é uma realização da Editora Globo e do Valor Econômico, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Caixin Global; com patrocínio máster de BRF Marfrig; patrocínio de Cedae, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prefeitura do Rio de Janeiro, CNA/Senar, BYD e Huawei; e com apoio de Eletromidia, Vale, CNI, governo do Estado de São Paulo, Portos Do Paraná, Suzano, Prefeitura de São Paulo e Fiesp.

Infomoney - SP   23/04/2025

Os preços futuros do minério de ferro foram negociados dentro de uma faixa estreita nesta terça-feira, à medida que investidores avaliavam as novas tarifas temporárias impostas sobre alguns produtos de aço chineses em comparação com a demanda de minério da China no curto prazo.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China subiu 0,21%, para 711 iuanes (US$97,26) a tonelada.

O minério de ferro de maio de referência na Bolsa de Cingapura caía 0,87%, a US$98,5 a tonelada.
Preocupações com as tarifas estão pesando sobre as exportações de aço, afetando as perspectivas de demanda por minério de ferro no segundo trimestre, disse a corretora Galaxy Futures.

Na segunda-feira, a Índia impôs uma tarifa temporária de 12% sobre algumas importações de aço, em medida conhecida localmente como taxa de salvaguarda, para conter um aumento nos embarques baratos, principalmente da China.

Pequim também acusou Washington de abusar das tarifas e advertiu os países contra a realização de um acordo econômico mais amplo com os EUA às suas custas.

Enquanto isso, a produção de aço cresceu 4,6%, atingindo 93 milhões de toneladas em março, apesar dos esforços do governo chinês para reduzir a capacidade, de acordo com a ANZ.

“A forte compra de minério de ferro pelas usinas siderúrgicas e a redução das importações fizeram com que os estoques diminuíssem acentuadamente”, acrescentou o ANZ.

Os estoques totais de minério de ferro nos portos da China caíram 2,39% em relação à semana anterior, para 134,6 milhões de toneladas em 18 de abril, segundo dados da Steelhome.

Do lado da oferta, os volumes de embarques de minério de ferro da Austrália e do Brasil subiram 0,1% em relação à semana anterior, disse a consultoria Mysteel em uma nota.

IstoÉ Dinheiro - SP   23/04/2025

A Ferroport, joint venture da mineradora Anglo American e da Prumo Logística que opera o terminal de minério de ferro do Porto do Açu, em São João da Barra, no norte do Rio de Janeiro, bateu recorde de exportação no ano passado ao embarcar 25,014 milhões de toneladas de minério, 4% a mais do que em 2023. No último mês de 2024, a empresa bateu recorde de movimentação em um mês, embarcando 2,771 milhões de toneladas de minério, transportadas em 17 navios, totalizando 148 embarcações que atracaram no terminal portuário no ano passado.

“Com este volume em apenas um mês, o terminal operou em ritmo de mais de 30 milhões de toneladas anuais, demonstrando a capacidade da Ferroport de operar grandes volumes e o alinhamento com seu planejamento estratégico”, afirmou a empresa em nota.

O minério de ferro operado pela Ferroport é extraído pela Anglo American em sua mina em Conceição de Mato Dentro (MG). O produto é transportado por mineroduto de 529 quilômetros, pertencente à Anglo, percorrendo 33 municípios até o Porto do Açu, onde passa por processo de filtragem no terminal da Ferroport e é estocado até ser exportado.

Com o recorde de 2024, o total de embarques realizados pela Ferroport acumulados em dez anos de operação da empresa alcançou a marca de 185,9 milhões de toneladas de minério. Nesse período, mais de 1.100 navios atracaram no terminal da Ferroport para embarques do produto, que, atualmente, têm como principais destinos China e Bahrein, no Golfo Pérsico, além de México, Japão, Holanda, Índia, Argélia, Estados Unidos e outros países da Europa e África, como o Egito. Quando fez o seu primeiro embarque, em 2015, o volume exportado totalizava aproximadamente 8 milhões de toneladas de minério.

“A Ferroport busca uma operação cada vez mais eficiente e sustentável, para assegurar a plena operação, sendo uma referência em terminais portuários no país, conectando o Brasil com os mercados globais. Nosso Programa de Gestão de Ativos, implantado em 2024, vem minimizando o risco de paradas não planejadas e maximizando a eficiência. E priorizamos sempre a segurança de colaboradores e ativos, implementando tecnologias de ponta de monitoramento, treinamentos de segurança e procedimentos operacionais rigorosos”, afirmou o CEO da Ferroport, Carsten Bosselmann.

Para modernizar sua infraestrutura, a Ferroport fez investimentos, em 2024, de cerca de R$ 125 milhões, totalizando mais de R$ 500 milhões nos últimos dez anos de operação em seu terminal portuário. Mais recentemente, a companhia iniciou a automação dos seus equipamentos de pátio, aliando inovação, tecnologia e segurança visando uma maior eficiência em suas operações.

Entre os destaques da área operacional no ano passado, a Ferroport apresentou disponibilidade do embarque acima de 94% (em 2023, este indicador registrou 92,5%), além da taxa operacional (global) ter atingido, em média, 6.600 toneladas por hora (t/h), um aumento de 5% em relação ao ano anterior, e taxa efetiva acima de 81% da capacidade nominal do sistema (8.137 t/h).

Valor - SP   23/04/2025

Estimativas apontam ganho de US$ 1,65 bi no 1º tri, queda de 1,78% na comparação anual

Os menores preços do minério de ferro e das pelotas devem contribuir para uma leve queda no resultado da Vale no primeiro trimestre, na comparação com igual período de 2024. Estimativas de cinco bancos obtidas pelo Valor apontam para lucro líquido médio de US$ 1,65 bilhão nos três primeiros meses do ano, o que, caso se confirme, significará queda de 1,78% frente ao ganho apurado no mesmo intervalo do ano passado.

A receita líquida média prevista é de US$ 7,63 bilhões e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) é de US$ 3,112 bilhões. Caso se confirmem, significarão recuos de 9,69% e de 10,5%, respectivamente, frente aos três primeiros meses de 2024. Foram compiladas estimativas de Itaú BBA, UBS BB, Goldman Sachs, Citi e BTG Pactual.

A maior projeção para o lucro líquido foi do BTG Pactual, que estima ganho de US$ 2,247 bilhões entre janeiro e março, enquanto a menor projeção foi do Itaú BBA, com US$ 1,1 bilhão.

A receita líquida variou entre a projeção de US$ 5,1 bilhões do UBS BB e a estimativa de US$ 8,4 bilhões do Goldman Sachs. As projeções para o Ebitda oscilaram entre os US$ 3 bilhões do Goldman Sachs e os US$ 3,2 bilhões do Itaú BBA.

Depois que a mineradora divulgou o relatório de produção do primeiro trimestre, na terça-feira (15), o Itaú BBA afirmou que se mantém “confortável” com as estimativas de lucro líquido de US$ 1,1 bilhão, receita líquida de US$ 8,2 bilhões e Ebitda de US$ 3,2 bilhões.

“Na divisão de ferrosos, esperamos que os embarques mais elevados na comparação anual sejam mais que compensados pelos menores preços realizados e pelos custos mais elevados”, diz o relatório assinado pelos analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares.

A mineradora fechou o primeiro trimestre com vendas de minério de ferro e pelotas de 66,1 milhões de toneladas, 3,6% a mais na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Em contrapartida, os preços realizados dos finos de minério de ferro caíram 9,8% na mesma comparação, para US$ 90,80 por tonelada, enquanto o preço realizado de pelotas recuou 18,1%, para US$ 140,80 por tonelada.

Para a divisão de metais básicos, o Itaú BBA projeta aumento do Ebitda, fruto de custos menores e maiores volumes de níquel e cobre. Segundo o relatório de produção, as vendas de cobre no primeiro trimestre subiram 6,6% frente a igual período de 2024, para 81,9 mil toneladas métricas, com preço médio realizado de US$ 8.891 por tonelada, 15,7% acima dos três primeiros meses do ano passado. A produção de níquel avançou 17,5% na mesma comparação, para 38,9 mil toneladas, com preço médio realizado de US$ 16.106 por tonelada, queda de 4,4%.

O UBS BB, em relatório assinado pelos analistas Caio Greiner, Myles Allsop e Arthur Biscuola, afirma que continua a enxergar um “progresso operacional sólido para a companhia” e uma mudança em andamento que pode ajudar as ações a médio prazo. Entretanto, o banco mantém o rating neutro para as ações da mineradora por conta do cenário de pressão nos mercados de minério de ferro, devido às crescentes tensões comerciais e à desaceleração do crescimento chinês.

A divulgação dos resultados do primeiro trimestre da Vale está prevista para quinta-feira (24), após o fechamento do mercado.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   23/04/2025

A Toyota e a Daimler Truck estão se aproximando da fusão de suas subsidiárias de veículos comerciais após quase dois anos, graças, em grande parte, à busca compartilhada pela promoção do hidrogênio como combustível.

As duas partes estão nos estágios finais da fusão, informou o “Nikkei Asia” na terça-feira. Um acordo preliminar de fusão foi anunciado em maio de 2023, com a meta de ser concluído no ano seguinte. A fusão combinaria a Hino Motors, unidade da Toyota, com a Mitsubishi Fuso Truck and Bus, subsidiária da Daimler Truck.

"Sentimos na Daimler Truck um forte desejo de concretizar inequivocamente a utilização do hidrogênio", disse um executivo da Toyota em fevereiro. "Estamos discutindo a forma que a parceria assumirá, incluindo a questão com a Hino Motors e a Mitsubishi Fuso."

Apesar dos obstáculos ao acordo, incluindo preocupações antitruste e o escândalo de dados fraudados sobre motores da Hino, a Toyota ainda estava ansiosa para concretizar o negócio — em grande parte devido às sinergias entre as empresas em relação ao hidrogênio como combustível.

A Toyota é a primeira montadora a incorporar hidrogênio em carros com o lançamento do veículo a célula de combustível (FCV) Mirai, cuja segunda geração começou a ser produzida em 2020. Como o hidrogênio ainda não decolou globalmente, a Toyota se uniu à BMW para promover o combustível.

A Daimler Truck está desenvolvendo caminhões FCV movidos a hidrogênio líquido. Na forma gasosa, o hidrogênio tem baixa densidade energética, o que se traduz em curtas autonomias. O hidrogênio liquefeito tem densidade maior, mas é preciso tecnologia avançada para atingir a temperatura de liquefação de 253°C negativos.

A Daimler Truck assinou um memorando de entendimento com a japonesa Kawasaki Heavy Industries para conduzir pesquisas sobre a construção de uma cadeia de suprimentos de hidrogênio líquido na Europa. O plano é importar hidrogênio produzido fora da Europa, principalmente no Oriente Médio.

A Toyota não conseguiu colocar FCVs movidos a hidrogênio líquido no mercado. Os veículos comerciais serão fundamentais para promover o hidrogênio como combustível. Os caminhões circulam em rotas regulares, tornando viável a instalação de postos de abastecimento.

A estratégia da Toyota para impulsionar o hidrogênio começa com veículos comerciais. A montadora investiu na Tecnologias de Parceria Comercial do Japão, uma joint venture entre diversas montadoras japonesas que desenvolve tecnologia de última geração para veículos comerciais.

Com a fusão proposta, a estrutura de quatro empresas está pronta para se tornar um avanço em caminhões movidos a hidrogênio, uma área na qual a Toyota tem encontrado restrições.

"Nossas quatro empresas, incluindo Mitsubishi Fuso e Hino, pretendem acelerar a disseminação da mobilidade a hidrogênio começando com veículos comerciais", disse o presidente da Toyota, Koji Sato, anteriormente ao anunciar os planos preliminares de fusão.

O Estado de S.Paulo - SP   23/04/2025

A Tesla registrou nesta terça-feira, 22, queda de 71% em seus lucros nos primeiros três meses do ano, o que levou Elon Musk, presidente executivo da montadora, a afirmar que vai reduzir seu trabalho no governo Trump e dedicar mais tempo à gestão da empresa.

A empresa disse que lucrou US$ 409 milhões, abaixo do US$ 1,4 bilhão do primeiro trimestre de 2024, disse a Tesla. Em uma ligação com investidores e analistas na sequência, Musk afirmou que vai reduzir sua presença em Washington para “um ou dois dias por semana”, enquanto durar o mandato de Trump. À frente do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), o bilionário se tornou um dos líderes do governo do republicano com a promessa de reduzir os gastos do governo e cortar dezenas de milhares de servidores federais. No entanto, o envolvimento se refletiu no valor da Tesla, o que aumentou os pedidos em Wall Street para que ele se afastasse do cargo e voltasse à montadora.

Musk admitiu “adversidades no caminho da Tesla”, mas tentou manter otimismo. “Incentivo as pessoas a olharem além dos solavancos e buracos da estrada imediatamente à nossa frente. Levantem seu olhar para a cidadela brilhante na colina - não sei, alguma imagem do estilo Reagan - e é para lá que estamos indo”, afirmou na ligação. Sem apresentar evidências, afirmou também que os manifestantes estão “recebendo dinheiro fraudulento”. “Esse é o verdadeiro motivo dos protestos”, disse ele.

No entanto, essa não é a única explicação. As vendas da Tesla vêm caindo devido à intensa concorrência de montadoras chinesas como a BYD, à falta de novos modelos e ao apoio do Musk a causas de extrema direita, o que afastou alguns progressistas e centristas da compra de veículos da Tesla.

A Tesla continua sendo a montadora mais valiosa do mundo, em termos de preço de suas ações, e vende muito mais veículos elétricos nos Estados Unidos do que qualquer outra empresa. Mas suas ações perderam cerca de metade do valor desde meados de dezembro, à medida que os investidores se tornaram mais pessimistas quanto às perspectivas da empresa e preocupados com o papel de Musk no governo Trump.

A Tesla vem perdendo participação de mercado de forma constante para montadoras chinesas e montadoras mais estabelecidas, como General Motors, Volkswagen e Hyundai, que vêm oferecendo uma seleção crescente de veículos elétricos.

A empresa do Musk esperava vender 20 milhões de veículos por ano até o final da década, o dobro da Toyota. Mas as vendas vêm caindo após subir para 1,8 milhão em 2023. No ano passado, a empresa vendeu 1,7 milhão de carros, e suas vendas globais caíram 13% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao ano anterior.

O Cybertruck, o veículo mais novo da Tesla, que consumiu muitos recursos da empresa durante seu desenvolvimento, está cada vez mais se mostrando um fracasso. As vendas do Cybertruck no primeiro trimestre caíram cerca de 50% em relação aos últimos três meses do ano, de acordo com a empresa de pesquisa Cox Automotive.

O site da Tesla ofereceu recentemente descontos de até US$ 8,5 mil em caminhões do estoque da empresa. O Cybertruck começa em US$ 70 mil, sem incentivos federais e estaduais.

A montadora havia prometido começar a vender um veículo de menor custo até o final de junho, o que permitiria que mais pessoas comprassem um veículo elétrico e, potencialmente, reativasse as vendas. Mas a empresa não exibiu um protótipo nem forneceu muitos detalhes sobre o carro.

Parece cada vez mais improvável que o novo veículo esteja disponível nos próximos dois meses. Também não está claro se o carro terá um novo design ou simplesmente uma versão simplificada do sedã Model 3 ou do utilitário esportivo Model Y da Tesla.

O papel de Musk no DOGE, que cortou os orçamentos de agências federais e demitiu milhares de servidores, o tornou um para-raios. Ativistas protestaram em frente a concessionárias da Tesla em todo o mundo, e veículos da montadora foram depredados e até queimados.

A Tesla é provavelmente menos vulnerável às tarifas do Trump sobre automóveis e peças do que outras montadoras, porque suas fábricas na Califórnia e no Texas produzem todos os veículos que vende nos Estados Unidos. A empresa também possui fábricas de automóveis em Xangai e perto de Berlim, que atendem grande parte do resto do mundo.

Mas a Tesla também sofrerá. Suas fábricas nos EUA usam peças importadas do México e da China, que estarão sujeitas a tarifas, forçando a empresa a aumentar preços ou obter lucros menores.
A descrença de analistas

Musk disse que o futuro da empresa está na tecnologia de inteligência artificial, que permitirá que os veículos da Tesla se dirijam sozinhos sem intervenção humana, possibilitando que frotas de “Cybercabs” da Tesla ganhem dinheiro transportando clientes.

Mas a Tesla ainda não aperfeiçoou a tecnologia e enfrenta a concorrência nesse negócio incipiente de várias empresas chinesas e da Waymo, empresa “irmã” do Google.

Os carros autônomos da Waymo oferecem viagens pagas há vários anos em Phoenix e São Francisco e estão se expandindo para mais lugares. No mês passado, a Waymo anunciou que estava realizando cerca de 200 mil viagens pagas por semana em quatro cidades e planos de expansão para Washington. A empresa também está testando seus carros em Tóquio.

Alguns analistas duvidam que os veículos autônomos da Tesla algum dia gerem os trilhões de dólares em receita que Musk disse que gerariam. A Uber, que oferece viagens pagas há 15 anos e está trabalhando com a Waymo em Austin, Texas, reportou uma receita de US$ 12 bilhões em 2024.

IstoÉ Dinheiro - SP   23/04/2025

Primeiro executivo contratado no mercado para comandar a entidade, Igor Calvet assumiu nesta terça-feira, 22, a presidência da Anfavea, que representa as montadoras de veículos. Ele sucede a Márcio de Lima Leite, que concluiu o mandato de três anos.

Desde a fundação da Anfavea, em 1956, Calvet é o primeiro presidente sem qualquer ligação com uma das fabricantes associadas.

Antes, havia um revezamento entre as marcas mais antigas – Volkswagen, Fiat, General Motors (GM), Ford e Mercedes-Benz – na indicação dos presidentes da associação.

Segundo presidente mais novo na história da Anfavea, Igor Calvet tem 40 anos e comandará a associação num momento em que a indústria nacional cobra barreiras à entrada de carros híbridos e elétricos produzidos na China.

Antes de assumir o cargo, ele já estava na Anfavea como diretor executivo, posto que ocupou por 18 meses.

Entre os cargos anteriores de destaque, foi presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Calvet é graduado em Relações Internacionais e mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília (UnB).

Infomoney - SP   23/04/2025

Uma coalizão de grupos da indústria automobilística dos Estados Unidos pediu ao presidente Donald Trump que não imponha tarifas de 25% sobre autopeças importadas, alertando que isso reduziria as vendas de veículos e aumentaria os preços.

Trump disse anteriormente que planeja impor tarifas de 25% sobre autopeças até o dia 3 de maio.

“As tarifas sobre autopeças vão desestruturar a cadeia de suprimentos automotiva global e desencadear um efeito dominó que levará ao aumento dos preços dos automóveis para os consumidores, à redução das vendas nas concessionárias e tornará a manutenção e o reparo dos veículos mais caros e menos previsíveis”, diz uma carta assinada pela Aliança para Inovação Automotiva, o grupo comercial que representa quase todas as principais montadoras, bem como o Conselho Americano de Política Automotiva, que representa as três montadoras de Detroit, e outros grupos automotivos.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Diário do Comércio - MG   23/04/2025

O setor de construção em Minas Gerais deverá ser fomentado pela ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), após a criação da Faixa 4 voltada à classe média, que começa a ser operacionalizada no próximo mês. O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) vê a medida como uma oportunidade concreta de retomada do crescimento, geração de empregos e estímulo à produção habitacional no Estado.

A iniciativa, que passa a contemplar famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, possibilita a aquisição de imóveis de até R$ 500 mil e amplia o escopo de atuação do programa. O cenário é de novas perspectivas para o mercado imobiliário, especialmente nos segmentos de médio padrão.

Segundo o presidente do Sinduscon-MG, Raphael Lafetá, a readequação do Minha Casa Minha Vida e a criação da Faixa 4 trazem expectativas positivas, pois ampliam o atendimento a uma parte da população que estava desassistida dos programas habitacionais.

“Entendemos que a criação do Faixa 4 no programa Minha Casa Minha Vida, bem como o aumento dos valores de teto do imóvel, vieram para beneficiar, incrementar e aquecer o mercado habitacional também em Minas Gerais. A criação dessa faixa proporcionará que a classe média possa acessar imóveis de até R$ 500 mil, o que estaria fora do MCMV anteriormente, com uma taxa de juros bem atraente. Estão falando de 10,5% ao ano, podendo favorecer uma porção muito grande da classe média”, avalia.

Estímulo à geração de empregos

Além de alavancar o segmento, o programa ainda vai inserir um percentual da população que estava hoje desassistida em função da falta de dinheiro no mercado para atender essa faixa de renda, que até então vinha exclusivamente da poupança. “Também será possível proporcionar a essa pessoa usar o recurso do FGTS na aquisição de imóveis até R$ 500 mil. Realmente a expectativa é que isso vai gerar um crescimento e um boom nesse mercado de até R$ 500 mil muito grande ainda no segundo semestre de 2025”, projeta.

Lafetá também estima que o estímulo do MCMV à produção habitacional terá impacto direto na criação de novos postos de trabalho para a construção civil. “Apenas em Minas Gerais, o setor emprega 351.250 pessoas com carteira assinada. Podemos ampliar esse número e para isso estamos desenvolvendo mais programas de atração, capacitação e valorização do trabalhador e seguimos promovendo melhorias nas condições de trabalho”, destaca o dirigente.

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“Todas essas alterações que o governo implementou, sem dúvida, vão incrementar o mercado e proporcionar um crescimento até o final do ano. Acredito muito que, com essas medidas e a taxa de juros baixando, tornando o dinheiro mais barato inclusive para o investimento das construtoras, das incorporadoras, elas terão um ano muito importante, um ano de bons negócios para o segmento”, avalia o dirigente.
País tem déficit de mais de seis milhões de moradias

A economista da entidade, Ieda Vasconcelos, observa que a entrada da classe média no Minha Casa, Minha Vida representa um avanço relevante na política habitacional e na dinamização da cadeia produtiva da construção. Ainda segundo ela, existe um déficit de mais de seis milhões de moradias no Brasil.

“Portanto, quanto mais pessoas puderem ter acesso e oportunidade na aquisição da casa própria, melhor. A criação da Faixa 4 é um alento e um sopro de esperança para esse público, que até então era atendido pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No entanto, com os juros muito elevados, a poupança tende a continuar apresentando perda de recursos, o que pode significar melhor direcionamento de valores ao financiamento habitacional”, analisa a economista.

Esta nova configuração do programa MCMV deverá impulsionar um ciclo de desenvolvimento para o setor, gerando a expectativa que esse cenário se transforme em novas oportunidades de negócio, novos tributos, investimentos e empregos, contribuindo com o crescimento do mercado. “A cada R$ 1 milhão investido na construção civil, 13 novos postos de trabalho são gerados, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos”, destaca.

O MCMV conta com uma estimativa de R$ 30 bilhões em recursos destinados à nova faixa — sendo metade oriunda do FGTS e a outra metade captada por instituições financeiras habilitadas — o setor projeta uma expansão significativa da demanda e aumento da atividade construtiva já a partir do segundo semestre de 2025.

Além da criação da Faixa 4, o Conselho Curador do FGTS aprovou também reajustes nos limites de renda das demais faixas do programa, veja quais são:

A Faixa 1 agora abrange famílias com renda de até R$ 2.850; a Faixa 2 foi ampliada para até R$ 4.700; e a Faixa 3 passa a contemplar famílias com renda de até R$ 8.600, com teto de aquisição elevado para R$ 350 mil.

As condições de financiamento também foram ajustadas, com taxas de juros reduzidas, até 1,16 ponto percentual a menos, beneficiando mais de 100 mil famílias e incluindo cerca de 20 mil novos beneficiários em programas com subsídio do FGTS.

A análise do setor é de que a ampliação do programa reforça o papel estratégico da construção civil no desenvolvimento nacional, não apenas como motor da economia, mas como agente direto de transformação social. A retomada do Minha Casa, Minha Vida, que entre 2023 e 2024 já contratou 1,3 milhão de novas unidades habitacionais com R$ 190 bilhões em investimentos, ganha agora uma dimensão ainda mais abrangente.

Canal Rural - SP   23/04/2025

Em Portugal, delegação exibiu o projeto aos representantes da Mota-Engil, empresa portuguesa com larga experiência no ramo de infraestrutura. Durante sua explanação, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, ressaltou a importância do projeto para o país e elencou as garantias de retorno que o empreendimento trará aos investidores.

A Mota-Engil possui parceria com a China Communications Construction Company (CCCC), uma das maiores construtoras do mundo e responsável pela construção dos túneis submarinos da Baía de Dalian, de Shenzhen-Zhongshan e de Hong Kong–Zhuhai–Macau, subaquáticos mais complexos do mundo, todos localizados na Ásia. Carlos Mota Santos, CEO da empresa portuguesa, demonstrou interesse no projeto brasileiro e afirmou “querer fazer parte do empreendimento”.

Com mais de 70 anos de mercado, a Mota-Engil está presente em 21 países, situados na Europa, África e América Latina.

A empresa atua na construção de diversas infraestruturas, como estradas, autoestradas, aeroportos, portos, barragens, edifícios, ferrovias, eletromecânica, fundações e geotecnia, serviços de mineração, além da construção e manutenção de plataformas de apoio ao segmento de Óleo e Gás.
Projeto do túnel

Com 1,5 km de extensão, dos quais 870 metros serão imersos, o túnel Santos-Guarujá contará com três faixas de rolamento por sentido, incluindo uma exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de acessos dedicados para pedestres e ciclistas. Atualmente, mais de 21 mil veículos passam diariamente entre as duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.

O empreendimento deve aumentar a competitividade do Porto de Santos, diminuindo, por exemplo, as interferências marítimas e minimizando os impactos ambientais, indicou o secretário Nacional de Portos, Alex Ávila, que também acompanha a comitiva.

Também presente na delegação, o ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Raimundo Carreiro, garantiu que a modelagem do túnel possui segurança jurídica para o operadores.
Destaques

O governo federal ressalta que a obra trará benefícios também para os trabalhos do Porto de Santos, que passará a ter mais fluidez e maior movimentação de mercadorias, com a melhoria na logística e no fluxo de caminhões, desafogo do tráfego portuário, redução de custos logísticos, aumento da competitividade do porto e aumento da segurança no transporte de cargas.
Outros países

Depois de Portugal, a comitiva segue para a Holanda. Nesta terça e quarta-feira (22 e 23), em Amsterdã. A missão será finalizada com encontros com investidores internacionais na Dinamarca.

O Estado de S.Paulo - SP   23/04/2025

IA empresa ICON imprimiu um bairro inteiro em 3D. Foram 100 casas construídas com impressoras gigantes perto de Austin, Texas.

Para isso, ela usou 2 robôs: o Vulcan, que ergue as paredes de uma residência em apenas 24h, e o Phoenix, uma obra-prima da engenharia. Ele funciona como um guindaste que pode construir fundação, paredes, pisos e estruturas do telhado de uma residência de múltiplos andares de forma contínua, sem interrupção. Resultado? Reduz tempo, mão de obra, desperdício de materiais e custos da construção.

A empresa possui um catálogo digital com vários designs prontos para impressão, além de um arquiteto baseado em inteligência artificial (IA) que ajuda as pessoas a projetarem a casa dos seus sonhos, gerando em minutos todas as plantas e representações gráficas do futuro imóvel.

Antes, eles já haviam construído 50 moradias populares no México para famílias que viviam em condições precárias, com renda mensal média de US$ 76,50. Também receberam um investimento da NASA para planejar o uso dessa tecnologia na construção de casas em outros planetas.

Em março, recebi nos EUA quase 30 construtoras do Brasil. Visitamos as tecnologias mais inovadoras do setor, entre elas:

Kind Designs: imprime muros de contenção de 3m em 1h, vinte vezes mais rápido que os métodos tradicionais. Imitam recifes de corais para atrair vida marinha e absorver melhor o impacto das ondas. Mark Cuban investe neles.

FBR: criou o Hadrian X, robô de assentamento de tijolos mais rápido do mundo. Projetado para empilhar até 500 blocos por hora e cortá-los automaticamente, ergue as paredes externas e internas de uma casa em um dia.

Ambar: maior construtech da América Latina. Suas paredes modulares integram elétrica e hidráulica, reduzindo em até 30% o tempo de montagem.

COBOD: líder global em impressão 3D para o setor, com 80 impressoras em 35 países. Automatiza pelo menos 50% dos processos de construção no canteiro de obras. Com a Printed Farms, imprimiu a maior estrutura do mundo, um estábulo de 940m².

Togal: IA que detecta, mede e compara tudo que há numa planta com 97% de precisão. Elimina tarefas manuais e comprime semanas de trabalho em segundos.

RENCO: o LEGO da construção. Com peças 23 vezes mais resistentes que o concreto, finalizou em oito semanas um conjunto de quatro prédios e 96 unidades na Flórida.

É, parece que um dia você projetará sua casa pelo computador e uma máquina irá erguê-la. A construção, a maior indústria do mundo, que representa 13% do PIB global, está prestes a mudar para sempre.

FERROVIÁRIO

Diário do Comércio - MG   23/04/2025

A iniciativa do governo federal de buscar operadores para a exploração indireta de trechos da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), com o objetivo de formar o Corredor Minas-Rio, entre Arcos, no Centro-Oeste do Estado, e Angra dos Reis (RJ), pode ser uma grande oportunidade para o desenvolvimento econômico mineiro. Além de ser uma janela de exportações para o café produzido no Sul de Minas, a ferrovia poderá até ser utilizada para o escoamento de diversos produtos, tanto para o mercado externo quanto para o interno.

Conforme publicado pelo Diário do Comércio, o Ministério dos Transportes pretende, ainda no primeiro semestre deste ano, realizar um chamamento público para buscar interessados em trechos subutilizados da FCA. Os trechos compreendem um segmento de 496 quilômetros entre Arcos e Barra Mansa (RJ), com um ramal até Angra dos Reis (RJ). A “cereja do bolo” será uma shortline entre Lavras e Varginha, passando por Três Corações, municípios do Sul de Minas, onde está uma das principais produções de café do planeta.

Os investimentos nessa exploração indireta da FCA podem somar R$ 720 milhões, conforme estima o governo federal. Desse total, cerca de R$ 450 milhões seriam aplicados em território mineiro.

Certamente, os investidores interessados na exploração vão enxergar também a possibilidade de transportar outros tipos de cargas além da commodity agrícola, uma vez que o Sul de Minas se transformou em um importante hub logístico. Na região, estão instalados centenas de centros de distribuição de grandes empresas do e-commerce, setor farmacêutico, entre outros.

Indo além do que está no escopo do projeto, o poder público deveria também pensar em alternativas para usar os trechos para o transporte de passageiros. As linhas férreas que serão alvo do chamamento público passam por regiões turísticas importantes no interior de Minas e no litoral fluminense e podem impulsionar o turismo nas cidades atendidas pelo corredor ferroviário.

Esse projeto é exemplo de um movimento do poder público para impulsionar o transporte ferroviário no Brasil. Ações como, por exemplo, o Pró-Trilhos, prometem destravar dezenas de projetos de estradas de ferro no País nos próximos anos, por meio de bilhões em investimentos do setor privado. Mesmo que uma iniciativa tardia, será importante para eliminar gargalos logísticos enfrentados pelo setor produtivo.

Revista Ferroviaria - RJ   23/04/2025

O diretor de Outorgas da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, Hélio Roberto Souza, afirmou durante o evento da ANTT sobre chamamento público que a pasta acredita que haverá “nos próximos dias” uma definição para a malha da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica).

Hélio se referia ao processo em curso de renovação da malha que tramita há quase uma década. Segundo ele, o procedimento poderá caminhar para dois cenários – uma renovação da concessão ou uma nova licitação. Conforme mostrou reportagem da Agência iNFRA do início de fevereiro, a proposta que estava apresentada desagradava a maior parte do governo, mas houve mudanças por parte da empresa e as chances de uma renovação, que até então eram baixas, aumentaram.

A renovação da FCA tinha estimativa de que pudesse render na faixa dos R$ 5 bilhões em novos investimentos fora da malha, seja em outorgas a serem pagas ou indenizações por trechos que seriam devolvidos. A negociação é uma das mais aguardadas pela pasta para dar tração ao lançamento do Plano Nacional de Ferrovias, que depende desses recursos para garantir os aportes necessários aos projetos que estão para ser anunciados. Negociações com a Vale, MRS e Rumo também complementam o projeto.

Nesta semana, houve um acordo no âmbito da negociação da SecexConsenso (Secretaria de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos) do TCU (Tribunal de Contas da União) para a repactuação do contrato de concessão ferroviária da MRS. O acordo prevê que a empresa pague novos valores pela outorga da renovação antecipada do contrato, na faixa dos R$ 2,5 bilhões. Parte das obrigações da empresa será revista.

A negociação, segundo fontes ouvidas pela Agência iNFRA, foi complexa especialmente pela forma como o Ministério dos Transportes desejava usar os recursos da repactuação. Foram impostas regras para que o desejo do governo de aportar os recursos na concessão da EF-118, chamado Corredor Ferroviário do Sudeste, ligando Rio de Janeiro e Espírito Santo, seja feito de maneira a não permitir que o dinheiro possa ser utilizado em outras finalidades.

Nesta quinta-feira (24), começa a mesa de solução consensual das ferrovias da Vale que foram renovadas em 2021, a EFC (Estrada de Ferro dos Carajás) e EFVM (Estrada de Ferro de Vitória a Minas). A empresa adiantou ao governo no ano passado R$ 4 bilhões para iniciar as negociações, que devem estar encerradas até o fim do ano sob pena de devolução dos recursos à empresa por parte da União. O prazo para o fechamento do acordo é de 90 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.

PETROLÍFERO

Infomoney - SP   23/04/2025

Os preços do petróleo fecharam com alta de mais de US$ 1 por barril nesta terça-feira (22), diante de novas sanções dos Estados Unidos contra o Irã e uma alta nos mercados acionários, que ajudaram a desencadear uma recuperação após forte declínio na sessão anterior.

Os preços futuros do petróleo Brent subiram US$ 1,18, ou 1,8%, e fecharam a US$ 67,44 por barril. O contrato do petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) para maio, que expirou no fechamento desta terça-feira, subiu US$ 1,23, ou 2%, para fechar a US$ 64,32.

O contrato de junho do WTI, mais ativamente negociado, também subiu 2%, fechando a US$ 63,47.
Nesta terça-feira, os EUA emitiram novas sanções contra um magnata iraniano do transporte marítimo de gás liquefeito de petróleo e petróleo e sua rede corporativa.

Embora as negociações entre Washington e Teerã sobre o programa nuclear iraniano tenham progredido no fim de semana, o fracasso em chegar a um acordo pode pesar muito sobre as exportações de petróleo do Irã em meio ao endurecimento das sanções dos EUA, disse John Kilduff, sócio da Again Capital, com sede em Nova York.

“Ou se chega a um acordo nuclear ou os EUA tentam levar os fluxos de petróleo do Irã a zero, e cada vez mais parece um cenário de fluxo zero”, disse Kilduff.

Um aumento nos mercados acionários, indicativo de maior apetite por risco por parte dos investidores, também ajudou os preços do petróleo, disse Robert Yawger, analista do Mizuho.

As bolsas dos EUA subiram nesta terça-feira, com os investidores concentrados nos lucros corporativos, um dia depois que as crescentes críticas do presidente Donald Trump ao chair do Federal Reserve, Jerome Powell, levaram a uma forte venda.

Os índices de referência do Brent e do WTI caíram mais de 2% na segunda-feira devido ao progresso nas negociações entre os EUA e o Irã e à venda de ações.

AGRÍCOLA

Valor - SP   23/04/2025

Painel no “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025” abordou melhora na produtividade em paralelo com descarbonização

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Participantes de painel no 'Summit Valor Econômico Brazil - China 2025' — Foto: Heka Producciones/Valor

O intercâmbio comercial e a troca de conhecimento tecnológico têm aproximado, cada vez mais, os setores do agronegócio do Brasil e da China. Em comum, ambos os países têm como objetivo elevar a produtividade em paralelo com a descarbonização.

Esses temas fizeram parte de um dos painéis do “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, evento que começou na manhã desta quarta-feira (23), em Xangai, e reúne autoridades, especialistas e empresários brasileiros e chineses.

A Suzano começou a exportar celulose para a China há 40 anos e hoje o país representa o principal destino de exportação de biomassa da empresa brasileira. “Apesar de o país registrar queda no índice de natalidade, a demanda na China continua crescendo pela substituição de produtos que usam energia de origem fóssil pelos que utilizam energia renovável”, afirma o presidente da Suzano na Ásia, Pablo Gimenez Machado.

Soluções logísticas em novas rotas portuárias entre os dois países têm permitido reduzir o tempo e os custos com transporte. “Isso abre oportunidades, por exemplo, para a venda de frutas do Brasil para o mercado chinês”, destaca Fernanda Maciel, diretora adjunta de relações internacionais da Confederação Nacional da Agricultura.

Guo Junping, diretor de política e estratégia da Cofco, uma das maiores tradings agrícolas do mundo, comentou sobre os interesses da companhia na ampliação da estrutura logística no Brasil. Recentemente, a empresa investiu R$ 1,2 bilhão na compra de locomotivas e vagões para melhorar a operação de transporte de grãos até o terminal do grupo no Porto de Santos.

Os painelistas também falaram sobre a guerra comercial que envolve Estados Unidos e China. Para Larissa Wachholz, coordenadora do programa de China do Cebri, é difícil avaliar o resultado. “Tudo depende da configuração final das tarifas”, destaca. Ela acrescenta, porém, que China e EUA são dois grandes mercados e dificilmente não chegarão a um acordo.

Agrolink - RS   23/04/2025

A Agrishow 2025, principal vitrine de tecnologia para o agronegócio da América Latina, chega à sua 30ª edição com expectativas otimistas e foco em inovação, sustentabilidade e inclusão. O setor de máquinas e equipamentos agrícolas deve faturar R$ 65 bilhões neste ano — um crescimento de 8% em relação a 2024 — impulsionado pela busca por maior produtividade no campo. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que aponta o avanço da automação como peça-chave nessa evolução.

De 28 de abril a 2 de maio, a feira será realizada em Ribeirão Preto (SP), reunindo mais de 800 marcas expositoras e cerca de 195 mil visitantes de mais de 50 países, reforçando seu papel estratégico na difusão de soluções de ponta para o agronegócio.

Tecnologia como motor de transformação no agro

De acordo com Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, a indústria brasileira está cada vez mais preparada para entregar soluções inteligentes que otimizam o uso de recursos naturais e elevam a eficiência das lavouras. Tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Big Data, drones e sensores já transformam o manejo agrícola em propriedades de diferentes perfis, incluindo o pequeno produtor.

“O agronegócio está em constante evolução, buscando atender à crescente demanda por práticas sustentáveis, sem abrir mão da produtividade”, afirma Estevão. Para ele, o desafio agora é democratizar o acesso às inovações, garantindo que a agricultura digital beneficie todos os segmentos da produção rural.

Infraestrutura aprimorada e foco na experiência do visitante

Em 2025, a Agrishow contará com melhorias na infraestrutura e no acesso, como asfaltamento de vias internas, ampliação de bilheterias, nova sinalização e parceria com a Polícia Rodoviária para facilitar o fluxo nos horários de pico. O estacionamento também foi reestruturado, com tickets variando entre R$ 70 e R$ 110 por dia.

“A feira está cada vez mais preparada para proporcionar uma experiência qualificada, segura e confortável para expositores e visitantes”, comenta Liliane Bortoluci, diretora da Agrishow – Informa Markets.

Mulheres no agro ganham mais espaço

Outro destaque da edição é a valorização da presença feminina no setor. Atualmente, as mulheres representam quase 30% do público da Agrishow. A iniciativa “Agrishow Pra Elas” ganhou uma área coberta e climatizada voltada exclusivamente à troca de experiências e capacitação de mulheres no agro.

“Trabalhamos intensamente neste ano para ampliar a participação feminina e refletir essa realidade crescente dentro do evento”, diz João Marchesan, presidente da Agrishow.

Educação e oportunidades para o futuro do campo

O evento também fortalece seu compromisso com a formação de novas gerações. Um projeto inédito levará mais de 1.150 alunos da rede pública de Ribeirão Preto para conhecerem de perto as oportunidades do agronegócio. “Quando mais jovens entenderem o papel do agro no Brasil, mais chances teremos de transformar a realidade local com educação e qualificação”, destaca o prefeito Ricardo Silva.

Uma celebração histórica dos 30 anos da feira

Com o tema “O Futuro do Agro de A a Z”, a feira celebra três décadas de contribuição ao desenvolvimento do setor com uma linha do tempo interativa, conteúdos audiovisuais exclusivos e exposições que resgatam a trajetória da Agrishow. Para João Marchesan, a edição de 2025 é um marco: “Celebrar 30 edições é reconhecer a relevância da Agrishow como um espaço essencial de inovação, negócios e conhecimento”.

Valor - SP   23/04/2025

Aumento da demanda chinesa por produtos do agronegócio brasileiro já ocorreu no passado por fatores como crescimento de população e de poder aquisitivo da classe média urbana. Mais recentemente, entrou nessa equação o fator sustentabilidade

A empresa Citic Agriculture construiu no Brasil, desde 2017, uma operação com mais de 1.600 funcionários e investimento de R$ 400 milhões em uma unidade de desenvolvimento e produção em Paracatu (MG). Liu Zhiyong, presidente do Conselho da empresa e de seu braço de pesquisa Longping Hightech, afirmou que a companhia quer mais. “A Citic e a Longping vão continuar a aumentar seu investimento no agronegócio no Brasil, em termos de pesquisa e produção”, afirmou o executivo em Xangai nesta quarta-feira durante o “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”. Na avaliação de Liu, o conflito comercial da China com os Estados Unidos vai aumentar a cooperação de seu país com o Brasil.

Seguiu a mesma linha Guo Junping, diretor de política e estratégia do Grupo Cofco, fabricante de alimentos. “Já temos no Brasil operação portuária, unidades de processamento e armazéns para poder levar os produtos brasileiros para a mesa dos chineses. Agora, queremos aumentar nossa capacidade de produção, processamento e transporte, e também cobrir mais produtores rurais e cooperativas”, disse Guo, participante do painel “O Papel da China no Crescimento do Agronegócio Brasileiro”. A companhia está construindo no porto de Santos seu maior terminal fora da China, com investimento da ordem de US$ 285 milhões, que deve chegar a 2026 com capacidade para movimentar 14,5 milhões de toneladas de carga por ano.

O aumento da demanda chinesa por produtos do agronegócio brasileiro já ocorreu no passado por fatores como crescimento de população e de poder aquisitivo da classe média urbana. Mais recentemente, entrou nessa equação o fator sustentabilidade. Pablo Gimenez Machado, presidente da Suzano para a Ásia, destacou a demanda local por produtos mais amigáveis ao ambiente. “A China, com [as metas] ‘dual carbon’ – pico de emissões de carbono em 2030 e neutralidade em carbono em 2060 – e com altíssimos investimentos nessa direção, vem substituindo produtos fósseis por produtos de origem renovável. Isso abre uma enorme oportunidade para a Suzano e outras empresas que produzem biomateriais de origem renovável”, afirmou.

O Brasil exportou US$ 4,8 bilhões em celulose para a China em 2024, um avanço de 21% em relação ao ano anterior, segundo a Ibá, associação representante do setor. Machado destacou a capacidade brasileira de plantio florestal clonal, com árvores geneticamente idênticas, maior produtividade e menor necessidade de área plantada.

O esforço da China de mitigar emissões de carbono também é visto como oportunidade para o agro brasileiro na análise de Fernanda Maciel, diretora-adjunta de Relações Internacionais do Sistema CNA/Senar (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). A executiva vê uma grande frente de trabalho na cooperação regulatória entre os dois países. Essa cooperação permitiria aprovação mais rápida, pelas autoridades chinesas, de novidades em biotecnologia adotadas no Brasil.

“Biotecnologia é essencial para conseguirmos aumentar a nossa produtividade com área preservada, sem abrir novas áreas de cultivo”, explicou Maciel. Ela lembrou ainda que 97% dos produtores rurais brasileiros têm operações de pequeno porte e que outra via para aumentar e diversificar as exportações consiste em levar esse grupo a vender mais para o exterior.

Entre as perspectivas otimistas no comércio Brasil-China, uma sombra de incerteza foi lançada pela nova política comercial adotada pelo governo Donald Trump nos Estados Unidos. Larissa Wachholz, coordenadora do Programa de China no Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), apresentou o que seria um cenário prejudicial ao Brasil. “China e Estados Unidos são duas grandes economias, muito interligadas, e me parece muito alta a chance de essas economias fecharem um acordo. O que os Estados Unidos poderiam exportar para a China em maior quantidade, para lidar com seu déficit comercial, além de produtos agrícolas? Aí temos um ponto de preocupação para o agronegócio brasileiro”, disse a pesquisadora.

Fu Wenge, professor na Universidade Agrícola da China, afirmou que vinha conversando bastante com Wachholz e que discorda da brasileira. “As pessoas se preocupam com isso, será que vai haver uma negociação entre China e Estados Unidos? Acho pouco provável. E isso ainda deixaria muito espaço para a colaboração com o Brasil em produtos agrícolas”, disse o professor. Fu encerrou sua fala com tom otimista: ele organiza no momento um grupo de 30 empresários, todos alunos seus, para viajar ao Brasil e fazer novos negócios.

O summit é uma realização da Editora Globo e do Valor Econômico, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Caixin Global; com patrocínio master de BRF Marfrig; patrocínio de Cedae, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prefeitura do Rio de Janeiro, CNA/Senar, BYD e Huawei; e com apoio de Eletromidia, Vale, CNI, Governo do Estado de São Paulo, Portos Do Paraná, Suzano, Prefeitura de São Paulo e Fiesp.

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