Clipping Diário

29 | Novembro | 2024

SIDERURGIA

O Estado de S.Paulo - SP   29/11/2024

A menos de um mês para o fim de todos os prazos possíveis para que a InterCement evite uma recuperação judicial, as negociações da CSN com a empresa e seus credores seguem amarradas. A percepção de interlocutores que acompanham as negociações é de que ainda há vários detalhes em relação aos quais não existe consenso, muitos deles com impacto negativo no porcentual de recuperação dos créditos dos bancos.

Uma das frentes de dúvida é se a CSN avançará no processo de compra, diante de uma briga com os detentores de títulos emitidos no exterior (bonds) travada na Holanda, jurisdição onde esses papéis foram emitidos. Esse grupo questiona potenciais prejuízos causados aos credores pelo desenho do plano de recuperação.

As saídas seriam ou trazê-los para dentro das negociações ou pagar essa dívida. Até agora, esses credores com bonds ficaram de fora das conversas. Se nada se resolver até o dia 16 de dezembro, a InterCement poderá entrar em recuperação judicial.

Uma fonte lembrou que além dos mais de R$ 2 bilhões que serão desembolsados para a liberação de garantias (ações da CCR) que entraram na renovação de dívidas no passado, será preciso descontar o valor de hidrelétricas que também aparecem como garantia, além do impacto tributário da dívida reestruturada.

Negociação vai até ‘último minuto’

Os dois lados “convergem nos detalhes”, disse outra fonte próxima à negociação. Bancos e a CSN negociam desde 1º de maio para destravar a venda e a crença é de que essa “novela” vai prosseguir até o último minuto. O dia 16 de dezembro é o prazo final tanto da extensão do acordo de exclusividade de compra assinado pela InterCement e pela CSN, quanto a data-limite para a apresentação do plano final de reestruturação de suas dívidas com adesão de 50% mais um dos credores. Não há plano se a CSN desistir de ficar com o grupo cimenteiro da Mover, ex-Camargo Correa.

Quando levou o plano à Justiça, a InterCement contava com a adesão de mais de um terço dos créditos, tendo como signatários o Bradesco e o Itaú Unibanco. Para chegar aos 50% mais um exigidos pela lei, terá de contar com o Banco do Brasil, que junto aos outros dois bancos são os principais credores, com R$ 5,9 bilhões em créditos contra o grupo. Até agora, o BB não se manifestou.

Outra fonte ouvida afirmou que a composição do pacote de garantias que a Mover terá de entregar para a CSN está pacificado. Entre elas está o compromisso assumido pela Mover de pagamentos de certas contingências (fiscais, tributárias e outras) da InterCement. Elas são representadas por ações que a Mover têm da CCR e praticamente são o único ativo que a companhia teria para entregar.
Dívida soma R$ 22 bilhões

A Mover tem 14,86% da CCR, sendo 10% no bloco de controle, o qual não quer abrir mão. Portanto, estaria disposta a dar em garantia 4,8%. De acordo com o balanço da InterCement, a empresa tinha uma exposição de R$ 7,1 bilhões em contingências diversas em 31 de dezembro do ano passado.

A dívida que está sendo renegociada dentro do plano extrajudicial soma R$ 22 bilhões, sendo R$ 12 bilhões entre empresas. Além dos R$ 5,9 bilhões dos três bancos, são credores detentores de títulos emitidos pela companhia no exterior (bondholders) com pouco mais de R$ 3 bilhões em créditos contra a empresa.

Procuradas, InterCement, Mover, CSN, Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil não comentaram.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   29/11/2024

A vida do Banco Central (BC) complicou-se mais um pouco com o IPCA-15 de novembro, de 0,62%, bem acima da mediana de 0,49% e perto do teto de 0,64% do Projeções Broadcast.

O economista Fábio Romão, que cuida de inflação na consultoria LCA, elevou sua projeção de IPCA fechado em novembro de 0,2% para 0,33%, e, no ano, de 5,7% para 5,8%. Ele considera provável que haja uma rodada de revisão das projeções de mercado do IPCA de novembro da faixa 2-2,5% para valores de 3% para cima.

O IPCA de novembro deve ficar abaixo do índice em outubro (0,56%) por conta da Black Friday e da mudança da bandeira da energia elétrica de vermelha 2 para amarela, observa Romão. Por outro lado, a alta de 22,56% das passagens aéreas (que se mantém no IPCA fechado do mês) veio muito acima da previsão do economista de 5%.

No entanto, nota Romão, mesmo excluindo as passagens aéreas, o IPCA-15 de novembro teria ficado em 0,48%, bem acima do 0,33% do mesmo mês em 2023. Na mesma comparação entre o IPCA-15 de novembro de 2023 e de 2024, a média dos núcleos subiu de 0,26% para 0,41%, a dispersão de 52,52% para 57,49% e a inflação subjacente de serviços de 0,22% para 0,45%.

Mas um fator que tem particularmente chamado a atenção de vários analistas são sinais mais claros de impacto da desvalorização do câmbio na alta de preços.

A média móvel trimestral (dessazonalizada e anualizada) do IPCA está em 5,6%, com os bens comercializáveis internacionalmente, sensíveis ao câmbio, em 8,6% e os não comercializáveis em 3,4%. No IPCA-15 de novembro, os bens industriais tiveram inflação de 0,27%, comparado à deflação de 0,15% no mesmo índice de novembro do ano passado.

O economista Livio Ribeiro, sócio-fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV, nota que, na alta dos bens comercializáveis, é preciso levar em conta a elevação forte do preço da proteína animal, uma tendência internacional, e, com mais força ainda, doméstica - neste caso, na esteira do superabate de animais em função de problemas climáticos. Essa parte da alta dos comercializáveis é independente do câmbio.

Feita essa ressalva, Ribeiro avalia que "o câmbio atrapalha, levando em conta o mercado de trabalho forte e a demanda acima da oferta; nessas condições, a possibilidade de repasse cambial é maior".

Um problema adicional em relação aos bens comercializáveis internacionalmente, segundo o economista, é que, nos Estados Unidos e na Europa, depois de um período de inflação muito baixa ou até deflação no acumulado de 12 meses, os números mais recentes apontam o início de uma reação na direção contrária.

Obviamente, a disputa tarifária e protecionista para a qual o mundo parece se encaminhar com a eleição de Trump é um vetor de elevação de preços dos produtos comercializáveis.

Romão, da LCA, aponta que bens comercializáveis, e, em particular, os bens duráveis, são mais sensíveis ao efeito altista da depreciação do câmbio. Mas o analista acrescenta que, numa segunda etapa, pode haver efeitos sobre os serviços, e essa é uma das razões pelas quais ele projeta que a inflação de serviços será de 4,6% este ano e aumentará para 5% em 2025.

IstoÉ Dinheiro - SP   29/11/2024

A cotação do dólar superou nesta quinta-feira (28), pela primeira vez na história, o patamar de 6 reais no Brasil, em meio à inquietação dos investidores sobre o compromisso fiscal e orçamentário do governo federal.

Por volta das 13h15, o dólar era cotado a 6,0004 reais, segundo o jornal Valor Econômico. E de acordo com o site do Banco Central, às 15h00 o dólar fechou o dia a 5,99 reais.

Desde que o real entrou em circulação em 1994, a moeda americana nunca havia atingido esse valor, de acordo com a série estatística do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O recorde ocorreu um dia após o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciar um aguardado pacote de medidas para tranquilizar os mercados sobre o desempenho fiscal do país. O pacote prevê uma economia de 70 bilhões de reais até 2026.

Essas medidas reforçam “um absoluto compromisso do governo do presidente Lula com o equilíbrio fiscal” para “entregar para o país um sistema tributário moderno, justo, progressivo”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em pronunciamento em rede nacional na quarta-feira.

Nesta quinta, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, acusou o mercado de “insistentemente lançar notícias falsas” para gerar volatilidade e aproveitar “eventuais ganhos extraordinários desses […] picos de subida do dólar”.

Entre as ações anunciadas, o governo planeja ajustar o aumento real do salário mínimo e revisar tetos salariais e benefícios de servidores públicos, além de aposentadorias dos militares.

Paralelamente ao pacote de cortes, o governo anunciou uma redução de impostos para cidadãos de renda média, buscando amenizar o impacto social do ajuste fiscal.

– Anúncio “anticlímax” –

O mercado “esperava um pacote com corte de gastos e veio um pacote que misturou corte de gastos com redução de impostos, o que nessa hora não faz o menor sentido”, disse à AFP Mauro Rochlin, coordenador acadêmico da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ele classificou o anúncio como um “anticlímax” para os investidores e criticou a medida como “populista” e “irresponsável”, afirmando que a desoneração terá um “impacto fiscal muito expressivo”.

O pacote acabou aprofundando a desconfiança do mercado, em vez de assegurar o cumprimento da regra fiscal que limita o crescimento dos gastos até 2026, quando termina o mandato de Lula. Segundo Rochlin, parte do impacto negativo refletiu-se na alta do dólar.

– Mais inflação? –

Rochlin apontou que a redução de impostos pode levar a um aumento do consumo por parte da população favorecida. “E mais consumo é tudo o que a gente não precisa agora, nesse momento em que a meta da inflação não está sendo cumprida”, disse.

A inflação acumulada em 12 meses chegou a 4,76% em outubro, ultrapassando a meta oficial de tolerância de 4,50%.

A alta de preços foi o principal motivo que levou o Banco Central a iniciar, em setembro, um ciclo de ajustes que elevou a taxa básica de juros, a Selic, duas vezes seguidas, até 11,25%.

As preocupações dos investidores com a capacidade do Brasil de cumprir seus compromissos fiscais pesaram sobre a economia ao longo do ano, apesar de bons resultados em indicadores como emprego, consumo e produção industrial.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB brasileiro deve crescer 3% em 2024, acima da média de 2,1% projetada para a América Latina e o Caribe.

IstoÉ Dinheiro - SP   29/11/2024

O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central no ano que vem, Gabriel Galípolo, voltou a repetir que a autarquia segue firme na persecução da meta de inflação de 3%, “ainda que possa parecer estranho para muita gente”, pontua o diretor.

Galípolo reconhece que a economia doméstica vai bem, com crescimento surpreendendo para cima e a taxa de desemprego em nível baixo – e é justamente por isso que o BC entende que é preciso subir juros, afirma. “O BC é o cara chato da festa, de diminuir o som quando as coisas parecem estar indo bem. Mas isso acontece para desacelerar e as coisas não saírem do controle”, disse o diretor, no evento Esfera Brasil, promovido pelo Esfera Recebe, em São Paulo.

O futuro presidente do BC ainda avalia que é um tema complexo explicar a resiliência maior da economia com juros mais altos. “É um tema para essa geração enfrentar”, frisou. “No caso do Brasil, enfrentar isso não tem bala de prata, envolve analisar todos os tipos de dissonâncias que existem para o que são as melhores práticas globais, seja do ponto de vista de políticas públicas no âmbito fiscal, seja no âmbito da taxa de juros, no tema da desindexação, por exemplo”, detalhou.

Galípolo ainda pontuou que um elemento que não tem mitigação a juros mais altos é o Tesouro, e lembrou que a taxa fixada pelo Tesouro não é a mesma fixada pelo BC. “Este convívio com taxa de juros mais alta se faz sentir, sim, em um peso maior sobre o Tesouro”, disse. “E eu acho que deveria ser um debate que não envolve só a atribuição do Banco Central, mas também de como é que a gente consegue normalizar as políticas econômicas no Brasil e conseguir aproximá-las do que são as melhores práticas internacionais, para que a gente possa ter mais potência e poder ter o mesmo efeito sem precisar dar uma dose tão alta”, complementou.

‘Juro em nível mais contracionista’

Galípolo reforçou nesta quinta, 28, que, pelos indicadores, é lógico supor que a taxa de juro precisará de um juro em nível mais contracionista.

“Pelos indicadores, é lógico supor que precisará de juro em nível mais contracionista”, disse o diretor durante evento do Grupo Esfera. Mas, de acordo com Galípolo, o BC segue firme no objetivo de perseguir a meta de inflação.

“Isso pode se dar em doses diferentes, por mais custos, por menos custos, mas esse é um mandato do Banco Central em que a gente segue firme, recebe esse objetivo de perseguição da meta. Ainda que seja, muitas vezes, por um motivo que, para muita gente, pode ser estranho”, disse Galípolo, acrescentando que o BC está achando que precisa subir juros.

“O Banco Central, às vezes, é esse cara que é meio que o chato da festa. Normalmente, a festa parece uma coisa mais legal. Então, vamos baixar um pouco o som, vamos segurar um pouco a bebida para ter certeza que ninguém vai se machucar até o final da festa”, disse Galípolo

Money Times - SP   29/11/2024

O JPMorgan previu nesta quinta-feira que o Comitê de Política Monetária elevará a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na sua reunião de 10 e 11 de dezembro e aumentou sua projeção da Selic ao fim do atual ciclo de alta de 13% para 14,25%, ao diagnosticar um aprofundamento do conflito entre a política fiscal e a política monetária após o anúncio do pacote fiscal do governo.

A instituição afirmou que o pacote falhou “em recuperar credibilidade da política econômica”, destacando que uma depreciação do câmbio e uma piora nas expectativas de inflação devem elevar as pressões sobre os preços, forçando o BC a subir os juros em um ritmo mais acelerado do que pensado anteriormente.

“Vemos agora o Banco Central aumentando os juros em 1 ponto percentual na próxima reunião, levando a uma taxa terminal de 14,25%, de 13% antes”, disse O JPMorgan em nota assinada pelos economistas Cassiana Fernandez, Vinicius Moreira e Mirella Mirandola Sampaio.

“Apesar do elevado grau de incerteza sobre a evolução da política monetária no curto prazo, uma abordagem monetária mais gradual neste momento poderia reforçar a deterioração das expectativas de inflação num contexto de riscos internos e externos.”

No início deste mês, após o Copom elevar os juros em 0,50 ponto percentual para 11,25%, o JPMorgan previa que o BC manteria um ritmo de altas de 0,50 ponto percentual por reunião até março.

O JPMorgan avaliou agora que a economia gerada pelo pacote deve ficar bem abaixo das estimativas “otimistas” do governo, chegando a aproximadamente 15 bilhões de reais em 2025, ante projeções de 30,6 bilhões de reais da área econômica.

“Embora esta combinação de projetos proposta facilite o processo de execução orçamentária, na nossa opinião, falta um ajuste mais estrutural que reduza significativamente o déficit fiscal e melhore a percepção dos agentes econômicos sobre a sustentabilidade da dívida em relação ao Produto Interno Bruto”, disse a nota.

A instituição destacou ainda a proposta da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até 5 mil reais mensais e o aumento de taxação para quem ganha mais de 50 mil por mês como fatores que também podem impulsionar a inflação.

“Mesmo sob o pressuposto otimista de que esta reforma é neutra em termos fiscais, não é neutra em termos de demanda, uma vez que aumenta o rendimento disponível de indivíduos com elevada propensão para consumir. Consequentemente, também não é neutra em termos de inflação.”

CNN Brasil - SP   29/11/2024

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, avaliou que uma guerra tarifária entre Estados Unidos e Europa pode impulsionar levemente a inflação no curto prazo.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor elevadas tarifas a produtos importados, incluindo os da Europa. Se os governos europeus retaliarem, desencadeando um conflito comercial transatlântico, haveria um impacto na demanda global e na produção econômica, disse Lagarde em uma entrevista.

Segundo ela, o efeito sobre a inflação seria difícil de avaliar, mas provavelmente levaria os preços a acelerarem.

“Você pode argumentar dos dois lados; depende de quais são as tarifas, em que elas são aplicadas e em que período de tempo”, disse Lagarde. Os movimentos cambiais aumentam os cálculos complicados, completou.

Seus comentários ecoam os do presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, que disse recentemente que as tarifas propostas por Trump poderiam ter um efeito significativo na inflação.

Em contrapartida, o dirigente do BCE e presidente do BC da França, François Villeroy de Galhau, sugeriu que as tarifas não aqueceriam muito os preços na zona do euro e que o maior efeito seria no crescimento já anêmico do bloco.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   29/11/2024

Os preços dos contratos futuros de minério de ferro oscilaram em uma faixa estreita nesta quinta-feira, com os investidores avaliando as perspectivas mais sólidas para o mercado de aço da China em comparação com os dados econômicos mais fracos do país, que é o maior consumidor de minério do mundo.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia estável, em 786,5 iuanes (108,54 dólares) a tonelada, interrompendo uma sequência de três dias de ganhos.

O minério de ferro de referência de dezembro na Bolsa de Cingapura caiu 0,34%, a 103,45 dólares a tonelada.
Entretanto, os preços de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai ganharam terreno. O vergalhão e o fio-máquina subiram cerca de 0,4%, a bobina laminada a quente avançou 0,26% e o aço inoxidável teve alta de quase 0,7%.

“O setor siderúrgico tem mostrado sinais de melhora nos últimos meses”, disseram analistas do ANZ em nota.

“As fortes exportações e a queda dos estoques ajudaram, enquanto os ganhos na produção de aço continuaram até novembro.”

As perdas acumuladas na indústria siderúrgica da China diminuíram para 23 bilhões de iuanes em janeiro-outubro, de 34 bilhões de iuanes nos primeiros nove meses do ano, disse o ANZ, citando dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China.

“A melhora nos lucros das usinas siderúrgicas contribuiu para a melhora do tom, com o mercado focado na reunião do Politburo chinês, prevista para o início de dezembro, e na Conferência de Trabalho Econômico Central, em meados de dezembro”, disseram os analistas do Westpac.

A China é tanto o maior consumidor quanto o maior produtor mundial do metal.

Ainda assim, os lucros industriais do país ampliaram a queda em outubro, retraindo 10% em relação ao ano anterior, prejudicados por pressões de deflação e demanda fraca em sua economia enfraquecida.
Novos obstáculos causados pelas tarifas mais altas dos EUA também podem ameaçar o setor industrial da China no próximo ano, reduzindo as receitas de exportação.

Na terça-feira, a imprensa estatal chinesa alertou o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que sua promessa de impor tarifas adicionais sobre as importações da China poderia arrastar as duas maiores economias do mundo para uma guerra tarifária mutuamente destrutiva.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   29/11/2024

De olho no mercado latino-americano, os investimentos na indústria automobilística brasileira responderam por US$ 568 milhões, ou 33% do total aportado pela China no país

A indústria automobilística brasileira passa por uma transição com a chegada dos investimentos chineses no setor, especialmente no segmento de elétricos. A produção local ainda está em fase inicial. As fábricas das duas marcas que aportaram no país, BYD e GWM, lançarão seus primeiros modelos em 2025, mas os números relativos à importação de veículos eletrificados dão o tom do que está por vir. Em 2021, 3% dos carros elétricos importados eram chineses; em 2022, a participação chegou a 22%; em 2023, saltou para 59%; e nos primeiros nove meses de 2024, já representa 87%.

Em termos de investimentos, só no ano passado, o setor respondeu por US$ 568 milhões, ou 33% do total aportado pela China no Brasil, de US$ 1,73 bilhão, um ganho de participação de cinco pontos percentuais em relação ao ano anterior, conforme levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

A maior parte desses valores se refere aos investimentos da GWM (Great Wall Motors) em sua fábrica em Iracemápolis (SP), na antiga instalação da Mercedes-Benz, e da BYD, que passou a ocupar o complexo industrial da Ford em Camaçari (BA) para produzir veículos elétricos e híbridos e processar lítio e ferro fosfato. Em pouco tempo, saíram do país duas grandes e tradicionais marcas globais, uma europeia e outra americana, e entraram dois gigantes chineses. Além deles, a GAC (Guangzhou Automobile Group) anunciou há poucos meses sua chegada ao Brasil para produzir veículos eletrificados, com investimento inicial de US$ 1 bilhão. Outras marcas do país asiático, como Geely e Changan, que estão na fronteira de inovação e do transporte mais sustentável, declararam que avaliam o Brasil. É bom lembrar que o imposto sobre veículos elétricos, atualmente em 18%, deverá chegar a 35% em 2025.

Foi-se o tempo em que carros chineses que rodavam pelas ruas do território nacional eram sinônimos de baixo custo e tecnologia ultrapassada. A China é o maior mercado de veículos elétricos do mundo. Neste ano, as vendas da principal fabricante de veículos elétricos de lá, a BYD, superaram, pela primeira vez, as da Tesla. Nos primeiros nove meses de 2024, a montadora dobrou seu volume de vendas no exterior, com ganhos no Brasil e no Sudeste Asiático. Presente no país desde 2013, a empresa iniciou as obras na fábrica de Camaçari neste ano, com capacidade para produzir 150 mil veículos/ano, podendo chegar a 300 mil em no máximo quatro anos. Serão R$ 5,5 bilhões em investimentos na Bahia, com expectativa de gerar mais de dez mil empregos.

“Teremos mais anúncios de investimentos. Estamos trabalhando muito para começar a produção completa no primeiro semestre de 2025. O primeiro carro a ser fabricado é o BYD Song Pro, um super-híbrido, com tecnologia muito superior à que se tem hoje no mercado. Também teremos carros elétricos, como o BYD Dolphin Mini”, diz Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD. O grupo conta com mais de 130 concessionárias em operação no país e a meta é atingir 250 até o fim de 2025, com investimento de R$ 1,2 bilhão. Além do mercado interno, a estratégia é exportar para a América Latina. “O Brasil se tornou o país mais expressivo para a BYD fora da China”, afirma Baldy. Em 2022, as vendas somaram 260 unidades; em 2023, 20 mil; e em 2024, chegaram a 65 mil. “Devemos fechar o ano próximo a 100 mil”, diz. As baterias ainda são importadas, mas Baldy acredita numa futura produção nacional.

Outra gigante, a GWM, com capital 100% privado e quarta maior fabricante mundial de picapes médias, vai investir R$ 10 bilhões no país até 2032. “Nosso projeto é de longo prazo, o que significa produção local. Temos estudado o Brasil há anos. O país tem indústria forte e mercado importante, que já chegou a 3,8 milhões de veículos comercializados. A GWM precisa se inserir”, diz Ricardo Bastos, diretor de assuntos institucionais da GWM.

Na primeira fase, até 2026, o investimento será de R$ 4 bilhões, que inclui a aquisição da fábrica, já com 250 funcionários, a ser inaugurada em maio de 2025, e o desenvolvimento dos veículos, que chegarão ao mercado no fim do primeiro semestre do próximo ano. A capacidade de produção da unidade paulista será de 50 mil veículos elétricos, híbridos plug in e híbridos (gasolina), mas na etapa inicial serão 25 mil do Haval H6 (volume anual de vendas), substituindo a atual importação. A outra metade será de outro modelo.

A marca chegou ao Brasil em 2021, passou a importar veículos híbridos e elétricos em 2023 e hoje conta com uma rede de 27 concessionários, planejando chegar a cem até o fim do ano. No momento, desenvolve com a Bosch, no Brasil, sistema de injeção eletrônica para início da produção do veículo flex (elétrico, etanol e gasolina), que chegará ao mercado em 2026. A estratégia contempla exportar os modelos fabricados em São Paulo para a América do Sul – tanto que a decisão de iniciar a produção nacional com o Haval se liga diretamente à necessidade de ampliar conteúdo nacional. Assim fica atendido o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), do governo federal, o que permite cruzar as fronteiras e ganhar o mercado latino de veículos eletrificados.

“Mudamos a estratégia, que era começar produzindo picapes. Seria difícil obter fornecedores locais, por serem poucas unidades. Decidimos começar com o Haval, com volume maior de produção, o que permitirá trazer fornecedores mais rapidamente, aumentando o conteúdo local”, diz Bastos.

Exportações de veículos eletrificados para a Argentina requerem percentual de conteúdo nacional menor, 35%, que os 60% (a serem atingidos em 2028) exigidos para venda em outros mercados. “Para ganharmos a competição dos veículos chineses na Europa, temos que exportar para os parceiros da região, sem pagamento de impostos. Nossa estratégia é uma questão de capacidade de negócio”, afirma o executivo.

O Mover foi lançado para estimular a sustentabilidade da frota automotiva, reduzindo imposto das montadoras que poluem menos, com veículos elétricos ou híbridos. Hoje, conta com 137 habilitações, entre elas as chinesas GWM e BYD. “Quanto mais a empresa verticalizar sua cadeia produtiva, mais terá possibilidade de acumular crédito financeiro”, explica Uallace Moreira, secretário de desenvolvimento industrial no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). “Cabe às empresas avaliar qual carro terá exceção [tributária] maior e se existe mercado externo para exportar, a fim de não depender só do mercado interno.” A favor do Brasil como plataforma de exportação contam um bom ecossistema de autopeças e componentes e o sétimo maior mercado de produção automotiva do mundo.

Não por outra razão, o segmento automotivo ficou entre os dois setores que mais atraíram capital chinês no país pelo segundo ano consecutivo, com destaque para os elétricos, conforme pesquisa do CEBC. Desde 2021, o investimento cresce rapidamente, e todo direcionado a veículos 100% elétricos ou híbridos.

O segmento de eletricidade também ocupa o topo do pódio em número de novos projetos, com 19 iniciativas em 2023, ou 66% dos empreendimentos chineses no Brasil. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o estoque de veículos elétricos chineses nos nove primeiros meses de 2024 é de 86,2 mil, o equivalente a nove meses de vendas. Em dezembro do ano passado, era de 13,2 mil, dois meses de vendas. Foi o maior crescimento observado no período entre todos os países de origem das importações.

“No primeiro semestre de 2024, a China se tornou o principal fornecedor externo de automóveis do Brasil, vendendo mais que o triplo do valor importado da Argentina, que vem em segundo lugar”, diz Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do CEBC. Até a metade do ano, as importações superaram o valor importado da Argentina, no acumulado de 2023, sendo 98,4% do total composto por veículos eletrificados. “A visão da China é de longo prazo e a escolha do setor automobilístico é estratégica, com os carros elétricos. O Brasil tem lítio para as baterias e as empresas precisam garantir essa fonte”, diz Paula Granato, doutoranda em sociologia econômica e pesquisadora do Brazilian Research in Auto Industry (Brain), da Universidade Federal Fluminense (UFF), que escreve tese sobre o impacto dos investimentos da GWM sobre o Brasil. A BYD anunciou negociações para a compra da Sigma Lithium, maior mineradora de lítio do Brasil. Para se ter uma ideia da importância do minério, os carros da Tesla precisam de 12 quilos de lítio por bateria.

Cláudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), enfatiza que o setor está preparado para atender às montadoras em qualquer modelo de propulsão. “É importante acrescentar que a eletrificação é um dos meios para redução da emissão de carbono e deve coexistir com outros. No Brasil, podemos ser grandes fabricantes de veículos híbridos flex, abastecidos com etanol”, diz.

A chegada dos chineses, com veículos eletrificados e estratégia de diversificação da produção, deverá impulsionar o Brasil a se inserir em cadeias globais com maior valor agregado. Um jogo de ganha-ganha.

Monitor Digital - RJ   29/11/2024

A Vale e a BYD assinaram uma carta de intenção para estudar a eletrificação de veículos leves. Nos próximos meses, serão feitas avaliações para a implementação da infraestrutura necessária para recarga dos veículos nas áreas da Vale. No mesmo período, serão testados alguns modelos elétricos em áreas operacionais da mineradora, com intuito de reduzir o uso de carros movidos a combustíveis fósseis.

Os testes começaram com o modelo BYD Dolphin e, na sequência, serão realizados com a recém-lançada picape Shark. Além dessas avaliações, o estudo prevê a realização de visitas técnicas nas operações da Vale para verificação de diversos quesitos, como estrutura para recarga, formas de utilização dos veículos e serviços de manutenção necessários para garantir o bom desempenho da frota.

“Estamos contentes em contar com o apoio da BYD nessa iniciativa, que reforça o nosso compromisso de acelerar a descarbonização, tanto na Vale, quanto em nossa cadeia. Estamos constante e ativamente olhando para o mercado e buscando soluções que contribuam nesse sentido”, afirma Marco Braga, diretor global de Suprimentos da Vale.

“Uma substituição completa dos cerca de três mil veículos de passeio e utilitários que temos hoje em circulação em nossas unidades pelo Brasil representaria uma redução de emissões de até 10 mil toneladas de gases de efeito estufa por ano”, conclui Braga.

“Estamos felizes em saber que, além do consumidor, as empresas estão comprometidas em tornar mais sustentáveis suas operações e, por isso, é tão importante começarmos as conversas com a Vale”, diz Alexandre Baldy, Vice-Presidente Sênior da BYD no Brasil e Head Comercial e Marketing da BYD Auto.

“Para esse estudo, decidimos começar com o mais recente lançamento da BYD, a primeira caminhonete super-híbrida do país, que entrega potência, tecnologia e segurança, inaugurando um novo segmento entre as picapes”, completa.

A iniciativa apoia a Vale no atingimento de suas metas de redução de emissões de escopos 1 e 2 (diretas e indiretas) em 33% até 2030 e de zerar suas emissões líquidas até 2050, relacionadas ao combate às mudanças climáticas.

Infomoney - SP   29/11/2024

A BYD pediu a seus fornecedores que aceitem cortes de preços no próximo ano, sinalizando que o fabricante chinês de veículos elétricos está se preparando para a brutal intensificação da guerra de preços no maior mercado automotivo do mundo.

Um print de tela de um e-mail supostamente enviado pelo gigante automotivo com sede em Shenzhen estava circulando nas redes sociais na quarta-feira (27), exigindo cortes de preços de 10% de um fornecedor não identificado a partir de janeiro.

“A negociação anual com os fornecedores é uma prática comum na indústria automotiva”, disse Li Yunfei, diretor de relações públicas e branding da BYD, em resposta ao e-mail em uma postagem no Weibo na quarta-feira. “Nós apresentamos metas de redução de preços aos fornecedores. Elas não são requisitos obrigatórios. Podemos negociar.”

O e-mail indica que o fabricante de veículos elétricos está se posicionando para mais descontos no próximo ano. A guerra de preços no mercado automotivo da China, que já dura pelo menos dois anos, provocou uma onda de consolidação e levou os players menores à beira da extinção.

Fabricantes ocidentais, como Volkswagen e Stellantis, se uniram a fabricantes chineses como Xpeng e Leapmotor para tentar aproveitar sua experiência em veículos elétricos, enquanto a marca premium de veículos elétricos HiPhi e a WM Motor, com sede em Xangai, estão atoladas em processos de falência.

Até agora, a BYD conseguiu passar em grande parte ilesa pela turbulência, se não fortalecida. A empresa iniciou uma nova rodada de cortes de preços em toda a indústria no início deste ano, ganhando participação de mercado e pressionando concorrentes mais fracos.

A montadora continua a registrar níveis recordes de vendas e receita. No trimestre mais recente, a receita da BYD superou a da Tesla pela primeira vez e sua margem bruta subiu para 21,9%, seu nível mais alto em um ano.

O fabricante de veículos elétricos cresceu e se tornou a marca de carro mais vendida da China, tendo vendido cerca de 3,2 milhões de veículos híbridos plug-in e elétricos este ano, incluindo um recorde de meio milhão de carros em outubro. Está a caminho de vender pelo menos 4 milhões de unidades até o final do ano.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   29/11/2024

O mercado de máquinas da linha amarela deve terminar o ano com resultados positivos. O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), estima o crescimento de 14% na comercialização de equipamentos neste ano em comparação com 2023, alcançado 36,6 mil unidades vendidas em 2024 contra quase 32,3 mil unidades comercializadas no ano passado.

Esse volume reflete a recuperação desse mercado que, em 2023, apresentou retração de 18% nas vendas ante 2022. Os motivos que explicam o bom resultado são as ofertas preparadas pelos fabricantes, com subsídios interessantes, que estimularam o aumento de vendas em algumas categorias, a elevação do número de obras de infraestrutura e o momento vivenciado pelo mercado imobiliário.

Os miniequipamentos obtiveram uma alta nas vendas superior a 30% em 2024. As miniescavadeiras chegaram a 32% de crescimento, enquanto as minicarregadeiras foram a categoria com maior elevação nas vendas, com 39%.

Outro destaque foi os rolos compactadores que alcançaram um aumento de 30% em unidades comercializadas, o que denota o maior volume de obras em rodovias e vias.

Das três categorias com maior volume de vendas, apenas uma apresentou retração: pás carregadeiras (-10%, com cerca de 6 mil unidades). Essa é a segunda queda consecutiva para essa categoria, que chegou a ter mais de 9,2 mil unidades vendidas em 2022. As escavadeiras hidráulicas e retroescavadeiras apresentam alta de 13% e 19%, respectivamente.

A categoria “demais equipamentos” do Estudo da Sobratema, que engloba guindastes, compressores portáteis, manipuladores telescópicos, plataformas elevatórias e equipamentos para concreto, prevê estabilidade no ano, com vendas similares a 2023, de quase 8 mil unidades. Os crescimentos mais expressivos estão para as autobombas: estaciónaria (35%) e com mastro de distribuição (25%). Os caminhões rodoviários e tratores pesados de pneus demandados na construção também devem ter um crescimento de 2% perante o ano anterior.

Somada todas as categorias, o Relatório da Sobratema estima que as vendas totais de máquinas para construção devem crescer 9% em 2024 em comparação a 2023, alcançando 58,2 mil unidades comercializadas neste ano contra 53,5 mil unidades no ano anterior.

Outro ponto positivo foi a diminuição da frota parada para 11% ante 19% em 2023. Esse é o menor percentual registrado desde 2017, quando a média ponderada da frota parada estava em 57%.

Ano de 2025 - Para o próximo ano, o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção estima estabilidade (crescimento de 1%) nas vendas de máquinas da linha amarela e alta de 2% para todo o setor de equipamentos para construção.

Editado desde 2007, o Estudo retrata a importância econômica do setor, auxilia na formulação das políticas que facilitam a aquisição de equipamentos modernos e eficientes, e é também um instrumento de planejamento muito útil para as empresas do setor. A compilação e análise dos dados conta com a consultoria de Mario Miranda.

CONSTRUÇÃO CIVIL

O Estado de S.Paulo - SP   29/11/2024

O mercado de imóveis de alto padrão tem visto uma demanda muito consistente nos últimos anos, aponta Arthur Monnerat, diretor comercial e de marketing da Lindenberg. Para ele, que falou sobre o tema em painel do Summit Imobiliário 2024, isso ajudou a puxar o crescimento do setor.

“Percebemos o mercado com uma demanda boa. Eu tenho um pouco a impressão de que, no final do dia, todo o crescimento sendo observado no segmento tem muito mais a ver com o comportamento do consumidor do que com estrutura econômica. Até porque não temos um cenário econômico em que o PIB cresce 5% ao ano, não temos inflação muito baixa e a própria produção também não diminuiu os custos”, afirma. “Passamos por um momento muito bom que parece ter a ver com o consumidor passando a entender que o investimento em um negócio imobiliário de alto padrão vale a pena”, diz.

Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, concorda com a avaliação. “Desde o início da pandemia, todos os anos o mercado cresceu. Não teve nenhum ano de estabilização e nenhum ano de queda. Então o mercado de São Paulo vive cinco anos seguidos de alta no mercado de alto padrão. E a única variável que não mudou nesse período foi o comportamento do consumidor, de continuar buscando imóvel de alto padrão, já que taxa de juros, expectativa do governo, desemprego, custos e inflação foram uma ‘gangorra’”, diz.

Fábio aponta que, antes da pandemia, apartamentos a partir de R$ 2 milhões representavam 3% do mercado de São Paulo. Hoje, essa participação é de quase 6%. E em VGV, representa 30%. “O crescimento foi muito forte”, diz.

Para Cyro Naufel, diretor de relações com investidores da Lopes, o crescimento do mercado de alto padrão veio não somente da questão do consumidor, mas sim de um “alinhamento de astros”. A Lopes criou neste ano uma divisão de negócios para atender exclusivamente compradores de imóveis de alto padrão.

“Além do consumidor, o que ocorreu do lado do empresário, do incorporador, do mercado?”, questiona Naufel. “Saímos da pandemia com uma inflação de custos absurda e um descompasso entre oferta e demanda, principalmente dos insumos de construção, bagunçando todos os orçamentos e a viabilidade dos incorporadores. Quanto maior o padrão do empreendimento, menos difícil fazer esse repasse do aumento de custos. O empresário viu no altíssimo padrão um escape para conseguir recuperar pelo menos parte das margens”, explica.

Discutindo o que diferencia um imóvel de alto padrão, Arthur Monnerat, da Lindenberg, apontou que “o imóvel é uma experiência de luxo que você consegue resgatar o seu dinheiro de volta, diferente de uma viagem - ou é algo que vai durar para o resto da vida”. Para ele, o comportamento do consumidor mudou no sentido de passar a valorizar esses imóveis como um investimento. “Na minha interpretação, saímos da pandemia com mais apreço pelo ambiente da casa onde residimos. E depois é consolidada essa questão de que um imóvel de alto padrão é uma experiência de luxo, mas é uma experiência mais segura do ponto de vista do patrimônio”, explica.

Já Fábio Tadeu Araújo, da Brain, aponta que o crescimento do segmento se relaciona com a busca pelo bem-estar. “Durante a pandemia, quem tinha condições começou a comprar imóveis - nunca se vendeu tanto lote de lazer e apartamento de praia como nos dois primeiros anos de pandemia. E isso teve uma continuidade. Faço uma brincadeira que as pessoas ficam com ‘inveja’. Mas é que elas realmente percebem um aumento na qualidade de vida dos outros (que compraram imóveis de alto padrão)”, diz. Fábio ainda cita a atratividade da fachada como um elemento que faz diferença para esse consumidor.

Cyro Naufel, da Lopes, aponta que, 30 anos atrás, o conceito de imóvel de alto padrão era ser bem localizado e também ser grande. “Antigamente, alto padrão queria dizer que o apartamento é grande. E isso é a primeira coisa que mudou. Hoje, talvez todo apartamento grande seja de alto padrão, mas nem todo imóvel de alto padrão é grande. Você tem produtos compactos que são de alto padrão. Mas a localização continua sendo um ponto principal”, afirma.

O Estado de S.Paulo - SP   29/11/2024

O orçamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) em 2025 deve limitar o crescimento do programa, afirmou o economista-chefe do sindicato das empresas do mercado imobiliário em São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci, no primeiro painel do Summit Imobiliário 2024 — Tendências para a Economia Brasileira e para o Mercado Imobiliário em 2025, realizado em São Paulo nesta quinta-feira, 28.

Em outubro, o Conselho Curador do fundo aprovou para o ano que vem o orçamento de R$ 142,3 bilhões, que serão distribuídos entre investimentos em habitação, saneamento e infraestrutura. A maior parte dos recursos será empregada na habitação, que receberá R$ 126,8 bilhões.

“O funding do FGTS para o MCMV é considerado satisfatório, especialmente porque o orçamento para o próximo ano será recorde, tanto em valor quanto em desembolso. No entanto ele limita o crescimento contínuo que o programa tem experimentado nos últimos anos”, afirmou Petrucci.

Essa inibição do crescimento pode ocorrer porque, com o preço das unidades habitacionais subindo, as construtoras enfrentam dificuldades para manter o ritmo de lançamentos e vendas de empreendimentos.

“Isso evidencia que, mesmo com recursos elevados, o crescimento do programa pode ser comprometido por fatores econômicos, como a alta dos custos de construção e o impacto das taxas de juros”, disse Petrucci.

Apesar disso, ele destaca que o impacto do Minha Casa Minha Vida nos últimos 15 anos é inegável. “Com cerca de 7 milhões de unidades entregues ou em processo de entrega, o programa consolidou-se como uma política habitacional indispensável no Brasil”, afirmou.

De acordo com o economista do Secovi-SP, as medidas implementadas pelo governo federal em julho do ano passado, como aumento do subsídio e redução dos juros para famílias com renda mensal de até R$ 2 mil, tiveram reflexos positivos no mercado.

“Este ano, devemos encerrar com cerca de 600 mil unidades contratadas pelo programa. Em São Paulo, as unidades lançadas pelo programa já representam quase 60% do mercado imobiliário local”, afirmou.

Programa com maior alcance

Victor Almeida, presidente executivo do conselho de administração da Pacaembu Construtora, disse que, após as mais recentes mudanças adotadas pelo governo, houve uma ampliação significativa do alcance do programa, que agora atinge não apenas os grandes centros, mas também cidades de médio e pequeno portes.

“Hoje, municípios menores, com cerca de 100 mil habitantes, estão recebendo o programa de forma mais efetiva. Esse avanço se deve não apenas às alterações no programa federal, mas também à maior participação dos estados, que têm atuado fortemente em parceria”, disse.

O executivo destacou que existe uma grande demanda por habitação no Brasil, impulsionada pelo momento positivo de formação de novos lares e famílias.

“Estamos vivendo um período em que muitas pessoas estão entrando na idade produtiva, o que aumenta significativamente a necessidade de moradias. Os baixos índices de desemprego e aumento da renda facilitam o acesso à habitação, porém, há limitações importantes no financiamento disponível”, afirmou.

FGTS e poupança no limite

Ele lembrou que o mercado depende principalmente do funding do FGTS e da poupança, e ambos estão no limite de sua capacidade. “Enquanto os juros não atingirem um patamar mais acessível, que permita ao mercado criar oportunidades mais amplas para as famílias, essa dependência continuará limitando o crescimento”, disse.

Daniela Ferrari, diretora de relações institucionais da Construtora Tenda, disse que a revisão do arcabouço urbanístico da cidade de São Paulo desde o segundo semestre do ano passado trouxe impactos positivos para a produção de Habitação de Interesse Social (HIS).

“Essas mudanças têm permitido levar empreendimentos para áreas mais centrais e bairros com melhor infraestrutura, ampliando o acesso a moradias de qualidade. Esse conjunto de normas, que facilita a produção imobiliária ao otimizar o uso da terra e permitir mais unidades por metro quadrado de terreno, tem contribuído diretamente para o desenvolvimento não apenas do programa Minha Casa Minha Vida, mas também de outros projetos nas esferas municipal e estadual”, afirmou.

Segundo a executiva, a expectativa é de que esse movimento se mantenha no próximo ano. “A continuidade e fortalecimento dos programas habitacionais municipais e estaduais deve consolidar ainda mais a produção imobiliária e atender à crescente demanda por moradias”, afirmou.

O Estado de S.Paulo - SP   29/11/2024

O mercado imobiliário fecha o ano de 2024 com lançamentos e comercialização de imóveis registrando números muito positivos na capital paulista e em outros pontos do País, diz Rodrigo Luna, presidente do Secovi-SP. O ano que vem, no entanto, deve trazer inúmeros desafios.

A avaliação de Luna ocorreu nesta quinta-feira, 28, durante o Summit Imobiliário 2024, evento realizado pelo Estadão em parceria com o Secovi-SP, que reúne economistas, empresários e outros especialistas do setor em São Paulo para analisar o contexto nacional e as perspectivas do mercado.

“De acordo com a pesquisa Secovi-SP, em comparação com o mesmo período de 2023, de janeiro a setembro, a venda e os lançamentos de unidades residenciais na cidade de São Paulo tiveram aumento de 33% e 47% respectivamente”, apontou Luna, destacando também a participação do Minha Casa, Minha Vida nesses resultados.

Segundo ele, 55% do total comercializado e 65% do volume de unidades lançadas foram destinadas às famílias de menor renda. “A grande questão é, será que teremos em 2025 um desempenho similar?”, questionou.

Entre os desafios apontados, a alta da Selic, atualmente em 11,25% ao ano, o financiamento imobiliário e o déficit habitacional foram destacados por Erick Bretas, CEO da S.A. O Estado de São Paulo, também presente no evento.

“Nesse momento, estamos diante de dois enormes gargalos no setor. O primeiro é o financiamento. É urgente encontrar alternativas para os juros altos e para os escassos recursos da poupança. O outro é o déficit habitacional, que atinge todas as faixas de renda. Precisamos buscar saídas inteligentes que irão entregar lares melhores e, consequentemente, desenvolver cidades mais acolhedoras e funcionais”, afirma.

Com o ciclo de alta da Selic e a retirada de recursos da poupança, fonte de menor custo para captação de concessão de crédito, os bancos precisam recorrer a fontes mais caras. Em um cenário de juros mais altos e bancos mais restritivos na concessão de crédito, famílias de renda mais baixa conseguem financiamento por meio de programas como o Minha Casa Minha Vida, enquanto a classe média, com renda acima do limite dos programas sociais, enfrenta dificuldades.

Já em relação à habitação, o País enfrenta um déficit de 7 milhões de moradias no País. “Um déficit que insiste em não reduzir, mesmo com o crescimento da produção brasileira, algo que precisamos conjuntamente combater”, diz Rodrigo Luna, do Secovi-SP. “Um combate que exige a destinação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para suas finalidades precípuas, dentre as quais as principais do setor da habitação, para que milhões de brasileiros possam exercer o direito constitucional da moradia digna”, afirma.

“Inúmeros sinais indicam que teremos cenários mais desafiadores (no ano que vem)”, diz Luna. “No contexto macroeconômico, a inflação pressionada impacta diretamente o poder de compra dos consumidores, reduzindo a demanda por imóveis e comprometendo a redução da taxa de juros que, por sua vez, aumenta o custo dos financiamentos imobiliários, dificultando a capacidade de compra de imóvel pelas famílias brasileiras”, aponta.

O presidente do Secovi-SP ainda citou outros pontos que precisam ser endereçados pelo setor, como a aderência às práticas ESG e a necessidade de inovar e implantar novas tecnologias, além do grave problema do aumento de custos de construção e da falta de mão de obra. “Se não formos criativos em captação de planos de desenvolvimento profissional para trazer trabalhadores, as dificuldades atuais serão agudizadas”, diz.

Bretas, de S.A, O Estado de São Paulo, apontou que a expansão imobiliária é o maior símbolo da transformação de São Paulo em uma das maiores metrópoles do mundo e que a dinâmica de crescimento puxado pelo desenvolvimento imobiliário foi repetida em diferentes escalas por milhares de municípios do País.

“O setor cresceu, é verdade, mas não sem enfrentar dificuldades. Planos diretores que insistem em não reconhecer as reais necessidades urbanas do município, carência de infraestrutura e mobilidade, regras que não deveriam existir, mas existem, e leis que deveriam ter sido feitas, mas não foram”, disse ele, apontando que eventos que promovem a discussão como o Summit Imobiliário trazem uma troca de ideias importante para ajudar a sociedade brasileira a construir respostas e caminhos para o setor.

FERROVIÁRIO

Globo Online - RJ   29/11/2024

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), encontram-se nesta sexta-feira, em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a assinatura de contratos de financiamento do Trem Intercidades Eixo Norte (TIC Eixo Norte), que ligará São Paulo a Campinas, e aquisição de novos trens para a Linha 2-Verde do Metrô. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar R$ 10 bilhões para a execução das obras, que integram o Novo PAC. Também estarão no evento, marcado para as 10h, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

O GLOBO apurou que o convite para o evento partiu de Lula e que também deve ser anunciada parceria que envolve ônibus elétricos na capital paulista. Este será o primeiro encontro entre Lula e Nunes após a eleição, quando o petista apoiou Guilherme Boulos (PSOL), que saiu derrotado na disputa paulistana. Já Tarcísio, que no pleito municipal foi aliado de primeira hora de Nunes, é um potencial adversário do petista na eleição presidencial de 2026.

Nunes também espera se reunir com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino para discutir a ação que questiona a privatização dos cemitérios em São Paulo.

No último domingo, Dino determinou que a Prefeitura de São Paulo volte a cobrar serviços funerários com os valores utilizados antes da concessão, do fim de 2022, com a correção pelo IPCA. O prefeito quer argumentar que a concessão foi a saída para acabar com o “antro de corrupção” no serviço funerário da cidade, historicamente alvo de queixas sobre a qualidade dos serviços.

— Eu quero explicar para o ministro que o que ele colocou na decisão já está no contrato. O contrato prevê que os preços praticados hoje são os preços que a gente praticava em 2019. Ele fala para aplicar o IPCA, e o IPCA dá 8%. E o nosso reajuste não chega a 4%. Anteriormente não tinha os 25% de desconto no funeral social, hoje tem. E argumentar que é preciso respeitar a questão da segurança jurídica, fundamental para o desenvolvimento de um país. A gente está à disposição para colocar para ele toda a nossa equipe. Sempre que ele precisar, ele pode nos consultar. Porque se ele tivesse nos consultado, ele não teria dado uma decisão daquilo que já acontece — disse o prefeito à repórter Hyndara Freitas, do GLOBO, na quinta-feira.

O financiamento dos projetos de infraestrutura e mobilidade urbana de São Paulo haviam sido aprovados pelo BNDES em setembro do ano passado. Serão R$ 6,4 bilhões para implantação do trem que pretende comportar 800 passageiros e conectar a capital do estado a Campinas — cujo contrato de concessão já foi assinado com o consórcio C2 Mobilidade Sobre Trilhos.

Os demais R$ 3,6 bilhões serão destinados à compra de 44 trens para a Linha 2-Verde do Metrô, que será ampliada em 8,2 quilômetros e ganhará oito novas estações até a estação Penha, onde haverá integração com a Linha 3-Vermelha e a Linha 11-Coral.

Valor - SP   29/11/2024

Obras da Transnordestina começaram a ser retomadas em ritmo mais acelerado no ano passado, apoiada por investimentos federais, segundo avaliação do governo

O Banco do Nordeste liberou, nesta quinta-feira (28), R$ 3,6 bilhões para a construção do trecho da ferrovia Transnordestina. O repasse foi confirmado com a assinatura da ordem de serviço em solenidade fechada com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT).

Os recursos serão transferidos para a Transnordestina Logística (TLSA), concessionária responsável pelo trajeto entre Eliseu Martins (PI) e Pecém (CE). Trata-se de crédito do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), autorizado pela Sudene por meio de assinatura do aditivo no início deste mês.

As obras da Transnordestina começaram a ser retomadas em ritmo mais acelerado no ano passado, apoiada por investimentos federais, segundo avaliação do governo. Com a assinatura da ordem de serviço, o governo espera avançar com as obras em 55 quilômetros de malha ferroviária, entre as cidades de Quixadá e Itapiúna, no Ceará, correspondente ao Trecho 7 (ou Lote 7) do projeto.

Na avaliação do governo, com a entrega do Trecho 7 , ficará pendente o ramal de 169 quilômetros para a chegada da ferrovia até o porto do Pecém. Com isso, será concluída a "Fase 1" do projeto. Essa fase compreende o ramal de Eliseu Martins até o porto cearense.

A Transnordestina conta ainda com outro "braço", que se estende até Salgueiro, em Pernambuco. Segundo o Ministério dos Transportes, 676 quilômetros de trilhos da Fase 1 da Transnordestina foram entregues e outros 151 quilômetros estão em execução. As obras são executadas entre os municípios de Acopiara e Quixadá (Lotes 4, 5 e 6).

Dentro do cronograma da TSLA, informado ao governo, a ferrovia deve iniciar em operação assistida em 2025, com os primeiros vagões carregados especialmente com soja, farelo de soja, milho e calcário, saindo do Terminal Intermodal de Cargas do Piauí em direção a região centro sul do Ceará e algumas regiões de Pernambuco.

Segundo o governo, o projeto completo da ferrovia Transnordestina possui 1.757 quilômetros de extensão, dos quais 1.209 quilômetros integram a fase 1. O empreendimento é tratado como um dos projetos prioritários do Novo PAC.

O ramal de Pernambuco, que sai de Salgueiro em direção ao Porto de Suape, acomoda 548 quilômetros, com previsão de investimento de R$ 450 milhões até 2026. O trecho pernambucano tinha sido excluído do projeto em 2021, com obras até as proximidades da cidade de Custódia.

Apesar da solenidade ocorrer a portas fechadas, a assinatura do aditivo contratual, no Palácio do Planalto, contou com uma lista extensa de políticos com base eleitoral na região Nordeste, entre ministros, parlamentares, governadores e prefeitos. O Ministério dos Transportes foi representado pelo ministro em exercício, George Santoro. Além dele, os ministros Rui Costa (Casa Civil), Waldez Góes (Integração), Camilo Santana (Educação) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) também estiveram na cerimônia.

NAVAL

A Tribuna - SP   29/11/2024

O Ministério de Portos e Aeroportos anunciou, nesta quarta-feira (27), em Brasília, uma carteira de 50 empreendimentos, entre arrendamentos e concessões, para os próximos dois anos. Eles somam R$ 18,2 bilhões em investimentos. Cinco projetos do Porto de Santos estão contemplados nesse pacote, entre eles o leilão do STS10 em 2025 e a concessão do canal de acesso em 2026. Os leilões listados ocorrerão em 12 estados que concentram portos estratégicos para o comércio exterior.

Para que os certames saiam do papel, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que a pasta vem trabalhando em conjunto com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e pretende criar um grupo de trabalho permanente junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) com o objetivo de “acelerar essa carteira de investimentos no Brasil”.

Além disso, o Governo Federal oferece linhas de financiamento a juros baixos por meio do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES Finem), entre outros.

Outro benefício são os incentivos fiscais à iniciativa privada via isenção no Imposto de Renda aos investidores de debêntures incentivadas, isenção de PIS/Pasep e Cofins no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi) e no Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto).

Costa Filho comemora os resultados do setor portuário dizendo que deve encerrar o ano com um crescimento de 6% e que o segmento de contêineres cresceu mais de 15% em setembro. “Houve ainda alta nas exportações e em investimentos contratados”.

Porto de Santos
Um dos mais visados, o leilão do STS10 está previsto para o último trimestre de 2025. Trata-se de uma área já construída, de 601,9 mil metros quadrados (m²), localizada no cais do Saboó, na Margem Direita do Porto de Santos. O terminal será dedicado à movimentação de contêineres, com capacidade estimada em 2 milhões de TEU (contêiner padrão de 20 pés). O prazo de concessão será de 25 anos e o investimento previsto é de R$ 3,51 bilhões.

Já a licitação do STS08 ocorrerá no primeiro trimestre do ano que vem. A área a ser arrendada é de 30,5 mil m² e será dedicada à movimentação de granel líquido. O contrato será de 25 anos, com investimento de R$ 491,5 milhões. O STS33 será licitado no segundo semestre. O terminal irá operar granel líquido em uma área de 30,5 mil m². O contrato é de 25 anos, no valor de R$ 491,5 milhões.

O leilão do STS53 está previsto para o primeiro trimestre de 2026. Será arrendada uma área de 87,9 mil m² destinada à movimentação de fertilizantes. A concessão será por 25 anos e o investimento obrigatório é de R$ 658,8 milhões.
No mesmo ano, no último trimestre, o Governo planeja licitar a concessão do canal de navegação do Porto de Santos. O projeto está em fase de elaboração de estudos pela Autoridade Portuária de Santos (APS).

PETROLÍFERO

Globo Online - RJ   29/11/2024

O Projeto Raia, uma das principais iniciativas em curso no país para aumentar a produção de gás, entrou em nova fase. Localizados na Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro, os futuros campos, que serão operados pela Equinor (35%), em parceria com a Repsol Sinopec Brasil (35%) e a Petrobras (30%), receberam os tubos de aço que serão utilizados na instalação de mais de 200 quilômetros de gasoduto, do alto-mar até o litoral.

Em cerimônia realizada na fábrica da Tenaris, em Pindamonhangaba, São Paulo, autoridades e representantes das companhias celebraram o avanço do projeto, que pode criar até 50 mil empregos diretos e indiretos ao longo de seu ciclo de vida útil. O contrato entre a Equinor e a Tenaris, fabricante dos tubos, é de aproximadamente R$ 2 bilhões.

O Projeto Raia conta com dois campos, Raia Manta e Raia Pintada, que somam investimentos totais de cerca de US$ 9 bilhões e reservas recuperáveis superiores a 1 bilhão de barris de óleo equivalente (boe), sendo quase que a totalidade de gás natural.

O projeto, com início operacional previsto para 2028, tem o potencial de fornecer até 16 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, suprindo cerca de 15% da demanda de gás natural do país.

— Estamos desenvolvendo o Gasoduto Raia com 99% do aço produzido por uma cadeia de suprimentos brasileira — declara Veronica Coelho, presidente da Equinor Brasil.

Pela primeira vez no Brasil, o gás será especificado para comercialização no FPSO e entregue diretamente ao sistema de transmissão, sem a necessidade de processamento em terra.

O gasoduto de escoamento conectará o FPSO à instalação de recebimento de gás em Cabiúnas, Macaé, no norte do estado do Rio de Janeiro. De lá, o gás de Raia seguirá para uma rede de transmissão de gás doméstico, até chegar ao consumidor final.

Operando em profundidades de até 2.900 metros, o escopo do gasoduto inclui tubos com revestimento interno, para aumentar a eficiência do fluxo de gás, proteção anticorrosiva e revestimento de concreto, para oferecer proteção mecânica.

Valor - SP   29/11/2024

Já a petroleira portuguesa manifestou interesse em expandir as operações do grupo no Brasil, com destaque para a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Br

Em encontro com executivos da Galp, nesta quinta-feira (28), em Lisboa, Portugal, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), anunciou a intenção de realizar o primeiro leilão de gás do pré-sal, da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA). Proposta faz parte das iniciativas do governo para ampliar a oferta de gás natural no país, reduzir custos e fomentar a industrialização.

“Temos o compromisso de realizarmos o primeiro leilão de gás da PPSA, isso sem falar no leilão de capacidade previsto para 2024. O Brasil é solo fértil para investimentos, e o setor de óleo e gás é estratégico para o crescimento nacional, estimulando o desenvolvimento social e ajudando no financiamento da transição energética”, afirmou o ministro.

Se ocorrer, o leilão será parte de uma série de medidas do governo para desconcentrar o mercado de gás natural no Brasil. Silveira ressaltou iniciativas como o programa Gás Para Empregar, que visa, entre outras coisas, reduzir a reinjeção de gás natural e tornar o insumo mais acessível.

O gás natural do pré-sal é uma das maiores apostas do governo para atender à crescente demanda por energia no Brasil. O ministro diz que o governo está investindo na expansão da infraestrutura de recebimento de gás natural do exterior e no aumento da capacidade de armazenamento.

Já a petroleira portuguesa Galp manifestou interesse em expandir as operações do grupo no Brasil, com destaque para a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial. A atividade na região depende da aprovação de licenciamentos ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas representa uma aposta estratégica da Galp em um dos maiores potenciais petrolíferos inexplorados do país.

A região abrange as bacias marítimas de exploração e produção de petróleo e gás próximas à Linha do Equador, no Norte e Nordeste. A Margem Equatorial se estende do litoral do Rio Grande do Norte ao Oiapoque (AP), no extremo norte do país, e inclui as bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.

Infomoney - SP   29/11/2024

Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta quinta, 28, em sessão com forte atenção à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (OPEP+). O grupo, que tinha reunião marcada para o próximo domingo, 1, anunciou o adiamento do encontro para a quinta-feira, 5.

O avanço nos preços ocorre em uma semana na qual a commodity vem pressionada pelos sinais de redução das tensões no Oriente Médio, especialmente pelo acordo de cessar-fogo entre Israel e Hezbollah. O dia teve liquidez reduzida por conta do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.

O petróleo Brent para fevereiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 0,66% (US$ 0,48), a US$ 72,78 o barril. Por volta das 16h30 (de Brasília), no pregão eletrônico da New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para janeiro operava em alta de 0,25%, em dia de mercados fechados por ser feriado nos Estados Unidos, a US$ 68,89 o barril.
A Opep+ deverá discutir se prosseguirá com aumento de produção planejado para começar em janeiro, com a maioria dos analistas esperando que o grupo adie ainda mais os planos devido às preocupações do mercado sobre um abrandamento na procura global e perspectivas de um excedente de oferta no próximo ano.

“O nosso cenário base é que a Opep+ finalmente cumpra a sua promessa de anular os seus cortes voluntários na produção e aumentar gradualmente a produção ao longo de 2025”, avalia a Capital Economics. No entanto, os comentários dos responsáveis esta semana ameaçam uma repetição do roteiro das reuniões recentes: ou seja, adiar o tempo de aumentar a produção, pondera. A consultoria considera que isto é insustentável, uma vez que a Opep+ cede quotas de mercado e não aproveita a sua capacidade não utilizada. Em última análise, é uma questão apenas de quando a produção vai aumentar, conclui.

O ANZ espera que o cartel e seus aliados adiem o aumento planejado da produção. “A data de início de janeiro provavelmente será adiada para fevereiro, permitindo que o grupo analise o impacto nova administração dos EUA sobre comércio e políticas externas”, afirma.

RODOVIÁRIO

Investing - SP   29/11/2024

O grupo Ecorodovias (BVMF:ECOR3) levou nesta quinta-feira a concessão de 92 quilômetros de rodovias que ligam São Paulo a cidades no oeste da região metropolitana do Estado, reunidas no projeto "Nova Raposo", em leilão organizado pela B3 (BVMF:B3SA3).

O grupo ofereceu 47.117,67% de ágio sobre o valor mínimo da outorga de 4,6 milhões de reais, o equivalente a 2,19 bilhões de reais. Com isso, levou um contrato de 30 anos para administrar movimentados trechos de rodovias que atualmente estão sob gestão da Via Oeste, concessionária da CCR (BVMF:CCRO3), até o início de 2025.

Além da Ecorodovias, participaram do leilão os grupos de concessões de infraestrutura de transporte CCR, EPR e Via Appia.

A CCR propôs uma outorga fixa de 1,04 bilhão de reais, enquanto a oferta da EPR foi de 1,17 bilhão de reais e a Via Appia ofertou uma outorga fixa de 477 milhões de reais.

O certame não foi para a etapa de lances a viva voz, uma vez que a diferença entre as ofertas válidas era 5% superior em relação à proposta do primeiro colocado.

"É um ativo importante, a gente estudou muito bem", afirmou o presidente-executivo da Ecorodovias, Marcello Guidotti, na abertura da cerimônia de batida de martelo do leilão na B3.

"Estamos comprometidos, queremos realmente fazer a diferença... Estamos seguros do nosso lance, estamos seguros dos estudos e vamos em frente", completou.

A obrigação de investimento ao longo do contrato da Nova Raposo, que também inclui estradas administradas pelo Estado de São Paulo, é de cerca de 8 bilhões de reais. As rodovias incluem os primeiros quilômetros da Raposo Tavares, ligando São Paulo a Cotia (SP), e da Castello Branco, conectando São Paulo a Barueri (SP), além de trechos entre as cidades de Cotia e Embu.

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Segundo a CCR, o sistema Castello-Raposo é a principal ligação entre a capital e o oeste paulista, por onde passam diariamente cerca de 720 mil veículos.

O leilão ocorreu cerca de um mês depois que a CCR venceu a concessão do sistema rodoviário Rota Sorocabana, também no Estado de São Paulo, com oferta de 1,601 bilhão de reais, comprometendo-se com o investimento de 8,8 bilhões de reais ao longo do contrato de 30 anos.

O certame encerra uma série de leilões realizados pelo governo de São Paulo este ano.

Por volta de 17h05 (horário de Brasília), as ações da Ecorodovias caíam 13,64%, nas mínimas do pregão, enquanto o papel da CCR perdia 4,99%.

AGRÍCOLA

Valor - SP   29/11/2024

Esse forte movimento gera celebrações e também preocupação com a dependência

Os dados das últimas décadas não deixam dúvidas: as exportações do agronegócio brasileiro para a China deram saltos ano a ano e, desde 2013, o país é o principal destino da produção. Para lá vão 70% dos embarques de soja e também grandes parcelas de carnes, celulose, algodão, açúcar, grãos e outros produtos. Até onde vai o apetite chinês por alimentos do Brasil e quais os riscos envolvidos na relação sino-brasileira de comércio?

O agronegócio foi responsável por 49% das exportações brasileiras em 2023. Se, em 2000, os embarques para a China representaram 2,7% dos US$ 20,6 bilhões em receitas de exportações do setor, em 2023 os chineses absorveram 36,2%, ou mais de um terço do valor recorde de US$ 166,6 bilhões registrado com vendas para o exterior. Tamanho sucesso desperta, ao mesmo tempo, celebração e questionamentos.

Os movimentos de compra e venda e a dependência da demanda dos chineses são observados por produtores, exportadores, pesquisadores e outros envolvidos em mercados internacionais. “A China é um excelente parceiro e precisamos consolidar essa relação — mas dependência nunca é bom”, comenta Leandro Gilio, professor e pesquisador do Insper Agro Global. “Me preocupo quando alguns dizem que eles precisam da gente, porque ninguém precisa de ninguém para nada”, diz Roberto Rodrigues, professor emérito da Fundação Getulio Vargas (FGV), que foi ministro da Agricultura de 2003 a 2006.

Do lado da produção, a intenção é aumentar os volumes de embarques. “A China é de longe nosso principal mercado, não devemos vender menos e podemos enviar ainda mais produtos para lá. Mas temos de aumentar as vendas para outros destinos também”, opina Sueme Mori, diretora de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). E um ponto em comum entre as partes é a defesa de um planejamento estratégico para o agronegócio brasileiro, além de acordos internacionais de longo prazo para minimizar riscos.

Sueme Mori, da CNA: "A rede de acordos comerciais do Brasil é limitada e precisa avançar" — Foto: Wenderson Araujo / CNA

Gilio acrescenta que variações na economia chinesa e questões geopolíticas trazem preocupações, e há uma frase que ilustra isso: se a China tiver tosse, o Brasil pode ter pneumonia. Segundo ele, não há muito a temer no curto prazo, mas governo e empresas precisam se esforçar mais para diversificar produtos e destinos. “É necessário trabalhar com outros itens, com maiores valores agregados. O agro é muito ‘comprado’, não há promoção da demanda e nem desenvolvimento de mercados”, diz.

Segundo ele, é preciso ir além da pauta de commodities, concorrer em segmentos premium e criar oportunidades. Cita como exemplo a Colômbia, que agregou valor ao café. Com isso, mesmo que o Brasil seja o maior produtor e exportador mundialmente, a melhor imagem é do produto colombiano. “Temos sucesso na exportação do agro porque produzimos bastante e somos competitivos, mas não há acordos formais e é preciso pensar no futuro, se a demanda vai continuar crescendo como nos últimos anos.”

A China leva segurança alimentar a sério. É grande produtora de arroz, feijão, milho, carne suína e outros itens, mas tem limitações de área e clima para produzir em quantidade suficiente para sua população de 1,4 bilhão de pessoas. “No caso da soja, há uma codependência. Dependemos deles e eles dependem de nós”, acredita Rogério Trannin de Mello, diretor comercial da Coamo, uma das maiores cooperativas agrícolas da América Latina. Ela envia para o mercado externo 50% da soja que recebe dos cooperados e, atualmente, 90% das exportações do grão são para a China. O esmagamento é feito lá.

Mello conta que os contratos são feitos navio a navio e, em 2023, foram 43 embarcações com grãos da cooperativa, ou 2,7 milhões de toneladas de soja. A parceria cresceu a partir do ano 2000 e o diretor diz não haver temores devido à concentração. “Nos preocupamos em apoiar os produtores, desenvolver tecnologias para torná-los competitivos, aumentar a produtividade.” A razão para a segurança, segundo o diretor, é que os chineses produzem cerca de 20 milhões de toneladas por ano e precisam de 120 milhões de toneladas. Há muita liquidez.

“Não há um direcionamento para mercado A ou B. É uma commodity, e o preço se forma pela oferta e demanda. O maior consumidor remunera melhor e determina o negócio, considerando outros fatores, como logística”, explica o diretor. De acordo com ele, a Coamo tem investido em industrialização pensando em outros destinos asiáticos, que compram farelo de soja. No caso da exportação do grão, Mello opina que há risco maior para os produtores americanos, pela tensão entre as duas potências.

Carolina Teodoro, coordenadora de economia e mercados na Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), comenta que o mercado chinês vai continuar querendo grãos do Brasil, mas que há demanda para outros produtos. “Temos muitos pedidos de partes de frango e nem temos como atender à demanda, especialmente de partes consideradas lá como iguarias, como pés, ponta de asas e pescoço”, conta ela, que brinca que seria bom se as galinhas tivessem quatro pés em vez dois.

De acordo com Carolina, os contratos de compra de frangos são feitos desde 2005 e no Paraná, maior produtor do Brasil, as cooperativas têm atendido clientes chineses. Uma delas é a C.Vale, que fez adequações de produtos, como um corte mais anatômico do meio da asa para atendê-los. Reni Girardi, gerente industrial da C.Vale, informa que em 2024, de tudo o que a cooperativa exportou de frango, 27% do volume e 29% do faturamento se referem a transações com a China.

Ele conta que os contratos são mensais e o que os chineses mais pedem são pés de frango. O executivo concorda que a concentração de vendas para um único país preocupa, mas gosta do cliente. “Hoje não há mercado no mundo que pague o mesmo que a China por pés de frango, meio da asa, ponta da asa e perna de frango”, diz.

Rodrigues considera “fantástica” a parceria comercial do Brasil com a China, segunda maior economia do mundo e um dos principais consumidores internacionais. Ele ressalta que houve também aumento nos embarques para outros países, uma vez que as exportações foram multiplicadas por oito desde os anos 2000. “Que a China compre mais, mas insisto que precisa haver acordos comerciais duradouros não só para lá, mas também para toda a Ásia, Índia, Oriente Médio”, comenta.

Na opinião dele, quem perdeu mercado vai tentar recuperar e pode oferecer concorrência mais dura no futuro. “O Brasil fez coisas maravilhosas, teve crescimento espetacular. Então, por que outros não podem tentar fazer isso também?” Rodrigues cita que, assim como o Brasil dominou a produção no Cerrado, tem a oportunidade de liderar ensinando, vendendo tecnologia, sem explorar ninguém.

O ex-ministro afirma que hoje há perda de protagonismo nos organismos multilaterais. Para ele, a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e a própria Organização das Nações Unidas (ONU) perderam importância. “Há guerra e não acontece nada, há eleições fajutas e não acontece nada, cada país faz o que quer e há erosão na democracia, que perde contornos nítidos e as regras vão desaparecendo”, diz. “Quem é o líder do Ocidente? Há uma perda de direção planetária, mas o mundo precisa comer”, acrescenta.

Roberto Rodrigues, da FGV: "É enganoso acreditar que a China depende do Brasil" — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Em entrevista ao Valor, Rodrigues repetiu o que tem dito em palestras pelo país, que o mundo atual “é assombrado por quatro cavaleiros modernos do apocalipse”: segurança alimentar, transição energética, desigualdade social e mudanças climáticas. “Mas quem vai colocar comida na mesa é o agro tropical, que pega a América Latina, a África subsaariana e parte da Ásia, onde há terra para ser incorporada e onde a produtividade é baixa. A explosão de crescimento não será na Europa ou nos Estados Unidos”, afirmou. “O Brasil dominou o cinturão tropical e pode ser líder para transformar essa área no armazém do mundo.” A estratégia, acrescentou, tem pontos que são centrais, como tecnologia, logística, acordos comerciais, política de renda para o campo, organizações privadas e sustentabilidade.

O Ministério da Agricultura e Pecuária foi procurado pelo Valor, mas não se manifestou. Antes das oportunidades abertas pela China, as receitas de exportação do agronegócio brasileiro estavam concentradas em União Europeia e Estados Unidos. Em 2000, por exemplo, os europeus responderam por uma fatia de 41,1% e os norte-americanos, por 18,3%. No ano passado, os dois representaram 13% e 5,9%, respectivamente. Depois da China, outros países da Ásia estão com fatia de 17,4%.

“O crescimento do agronegócio brasileiro tem relação direta com o aumento das compras chinesas”, diz Sueme, da CNA. Ela acrescenta que o Brasil aumentou a venda para outros mercados, mas o tamanho da China levou aos saltos dos últimos anos. Somam-se às dimensões do país um processo de desenvolvimento, urbanização, mudança de hábitos, aumento de renda e abertura comercial, comenta a diretora da CNA. “Há uma concentração, por isso CNA, Ministério da Agricultura e outros se esforçam para diversificar os destinos das exportações”, afirma.

Sueme cita que o Brasil exporta menos de 3% das frutas que produz e as vendas do agro dependem de protocolos sanitários. “A rede de acordos do Brasil é limitada e precisa avançar.” Como a demanda de alimentos é puxada por aumento da população e de renda, a diretora diz que é preciso olhar para mais países da Ásia, do Oriente Médio e parte da África — sem abrir mão do maior cliente de hoje. “Ainda temos condições de crescer e de vender mais – para a China e para outros.”

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   29/11/2024

A parceria da Volkswagen com a Universidade de Ruanda, desenvolveu um tipo de trator leve com motorização elétrica e baterias de lítio, suficientes para emprego na área rural.

John Deere, Massey Fergusson, Valtra ou Case, por exemplo, são bem conhecidas como fabricantes de tratores agrícolas, mas no mundo automotivo, nomes como Porsche e Lamborghini também tiveram e ainda têm participação nesse setor.

Como se sabe, as duas últimas pertencem ao grupo Volkswagen, mas a própria marca alemã agora está envolvida também com tratores agrícolas e não exatamente na Alemanha.

Em Ruanda, na África, a Volkswagen vem desde 2022 desenvolvendo um programa de tratores agrícolas, porém estes não são movidos por um motor diesel, ainda que a marca pudesse adicionar um propulsor como o EA189, por exemplo.

O projeto GenFarm visa promover a agricultura em Ruanda e para isso, um modelo de trator com propulsão elétrica também ajuda a evitar emissões de CO² no campo.

A parceria da VW com a Universidade de Ruanda, desenvolveu um tipo de trator leve com motorização elétrica e baterias de lítio, suficientes para emprego na área rural.

Todavia, o trator elétrico da Volkswagen não será comercializado via venda direta aos produtores rurais, mas por meio de um plano de assinatura especial, onde o agricultor não precisará efetivamente comprar um veículo.

“Os agricultores podem reservar um trator elétrico, bem como um motorista treinado para uma agricultura sustentável e acessível”, afirma Nikolaj Ardey, diretor-executivo do centro de inovação do Grupo VW.

O foco está em Gashora, Ruanda, a cerca de 60 km da capital, Kigali. Ali, o projeto está em andamento e deve iniciar a disponibilidade do trator elétrico no primeiro semestre de 2025, com alimentação feita por meio de painéis solares no campo.

Midia News - MT   29/11/2024

A 1ª Exposição Internacional de Máquinas Agrícolas da China (CIAME), realizada em Primavera do Leste (231 km ao sul de Cuiabá) nesta semana, conquistou os produtores de Mato Grosso, com maquinários robustos e cheios de muita tecnologia. A XCMG, que está entre as três maiores fabricantes do mundo de máquinas pesadas, esteve presente com exposição de diversos modelos que já são vendidos no Brasil, principalmente pela Extra Máquinas.

Mais de 30 empresas participam do evento, que marca os 50 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a China. A Extra Máquinas, a maior representante da indústria chinesa XCMG no país e que atende Mato Grosso, Goiás, Pará e São Paulo, foi a única empresa de máquinas pesadas no evento e apresentou produtos da linha amarela (construção) e tratores usados em áreas agrícolas.

"Trouxemos os nossos produtos mais modernos para o agronegócio, com uma linha de maquinários extremamente produtiva. Um dos destaques é o trator agrícola XT864-5EBR, que potencializa a produção das fazendas com tecnologia e alta performance", explica o diretor da Extra Máquinas, Pérsio Briante.

Aliada do produtor não só para aumentar a eficiência no campo, as tecnologias têm sido cada vez mais usadas para garantir uma melhor gestão na produção, além de aumentar a sustentabilidade, na chamada agricultura 5.0.

"O produtor necessita da tecnologia de ponta para otimizar seu tempo. E, nesse processo, os maquinários de médio e grande porte são essenciais, uma vez que o trabalho não é somente na lavoura, mas, também, no dia a dia da fazenda. Só assim poderá alcançar os melhores resultados e garantir a competitividade no mercado internacional", avalia Briante.

Nesse cenário com maior demanda de tecnologia, a XCMG se destaca com um alto volume de produção e com maquinários que, apesar de serem desenvolvidos com tecnologia chinesa, foram adaptados às condições de temperatura e solo encontrados no Brasil.

"A XCMG produz 10 mil máquinas por ano no Brasil e apresentou lançamentos este ano, como escavadeiras e caminhões elétricos voltados para o agronegócio, justamente por enxergar o imenso potencial agrícola do nosso país. Temos uma grande economia em que a produção agrícola mantém sua solidez mesmo com as instabilidades do mercado", enfatiza ainda o diretor da Extra Máquinas.

Estiveram presentes na feira Li Hanguang - Presidente da XCMG América Latina, Tian Dong Vice-Presidente América Latina, Pérsio Briante CEO do Grupo Extra Máquinas (XCMG no Mato Grosso), César Miranda - Secretário de Desenvolvimento Econômico do governo do Mato Grosso, Wang Deyang Vice-Diretor de assuntos de desenvolvimento do comércio exterior do Governo da China e Marcos Bravin - Presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste participaram da cerimônia de abertura da CIAME 2024.

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