Clipping Diário

25 | Novembro | 2024

SIDERURGIA

Diário do Comércio - MG   25/11/2024

As siderúrgicas de Minas Gerais produziram, em outubro, 920 mil toneladas de aço bruto, volume que representa um aumento de 25,3% sobre o mesmo período do ano passado, quando foram produzidas 734 mil toneladas, de acordo com dados do Instituto Aço Brasil.

No acumulado desde janeiro, a produção da siderurgia mineira chegou a 8,6 milhões de toneladas de aço bruto, alta de 12,1% em relação a igual intervalo de 2023 (7,7 m/t).

Em ambos os casos, Minas Gerais liderou a fabricação de aço bruto entre as unidades da Federação. A quantidade fabricada no Estado, no mês, correspondeu a 29,9% do total nacional, enquanto, na somatória do ano, representou 30,3%. Nas duas comparações, o Rio de Janeiro ficou na segunda posição, seguido pelo Espírito Santo e São Paulo.

No Brasil inteiro, as usinas siderúrgicas produziram, no décimo mês, 3,1 milhões de toneladas, volume que subiu 16,2% frente ao mesmo intervalo do ano passado (2,6 m/t).

No acumulado de dez meses, a produção da siderurgia brasileira atingiu 28,4 milhões de toneladas, crescimento de 6% no confronto com igual período do último ano (26,8 m/t).

Semiacabados para venda e laminados
Conforme o Aço Brasil, em outubro, a siderurgia mineira fabricou 821 mil toneladas de semiacabados para venda e laminados, o que equivale a uma queda de 1,8% ante outubro de 2023 (836 mil/t). Apesar da baixa, o Estado foi líder nacional, com 28,7% de participação.

Na somatória de dez meses, a produção das usinas de Minas Gerais chegou a 7,8 milhões de toneladas, quantidade similar à apurada em igual intervalo do último ano e que representa 28,7% do total produzido no País, o maior percentual entre as unidades federativas.

Importações de aço até outubro ultrapassam o volume de todo o ano de 2023
As importações brasileiras de aço, no décimo mês de 2024, somaram 597,7 mil toneladas, um aumento de 41,3% na comparação com o mesmo mês do exercício anterior (423 mil/t). A maior parte do volume importado, 60,2%, ou 371,8 mil toneladas, foi oriunda da China.

No acumulado de janeiro a outubro, 5,2 milhões de toneladas de aço foram compradas pelo Brasil do exterior, o que representa alta de 25,8% em relação a igual período de 2023 (4,1 m/t). O montante proveniente da China totalizou 2,8 milhões de toneladas, ou 54,2%.

Com o resultado apurado nos dez primeiros meses, as importações do País já ultrapassaram as registradas em todo o ano passado (5 m/t), derrubando as projeções do instituto. A entidade estimava para este ano a importação de 4,7 milhões de toneladas, nível que seria atingido em razão da barreira comercial implementada pelo governo federal.

Medida não surte efeito e setor pede intensificações
Em vigor desde o dia 1º de junho, com validade de 12 meses, a medida estabelecida pela União para tentar frear as importações de aço e proteger as siderúrgicas instaladas no Brasil consistiu em elevar o imposto de importação do aço para 25% e estabelecer cotas de volume para a entrada do insumo adquirido do exterior.

Como a defesa comercial, até o momento, não surtiu o efeito esperado, representantes do setor siderúrgico, como o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, têm solicitado mudanças.

Neste mês, o executivo disse, em teleconferência para apresentação de resultados do grupo, que a cota imposta pelo governo precisa ser revisada. Ele também defendeu que a alíquota seja elevada para 35% e todos os produtos siderúrgicos importados pelo Brasil sejam incluídos no mecanismo de proteção – atualmente, a medida contempla somente 15 itens.

Consultor Jurídico - SP   25/11/2024

O Senado se manifestou, nesta sexta-feira (22/11), ao Supremo Tribunal Federal a respeito da disputa entre a CSN e Ternium envolvendo o controle da Usiminas. Para a Casa, a ADI 7.714 deve ser rejeitada por falta de legitimidade da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), autora da ação, e porque o caso não envolve uma questão constitucional.

A AEB foi ao Supremo para tentar reverter a decisão do Superior Tribunal de Justiça que condenou a Ternium a indenizar a CSN em R$ 5 bilhões por ter assumido o controle da Usiminas de forma disfarçada, sem fazer uma Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA). O mecanismo, que protege os acionistas minoritários, está previsto no artigo 254-A da Lei das S.A.

Para o Senado, a AEB não cumpre o requisito de homogeneidade em seu quadro de associados para propor a ação. Ou seja: a entidade congrega pessoas físicas e jurídicas que não necessariamente exercem atividade econômica relacionada ao comércio exterior. Entre os associados está a Ternium, que faz parte da direção da associação.

“A admissão como associado da AEB não está adstrita aos que exercem a atividade econômica do comércio exterior, mas, pelo contrário, a admissão pode ocorrer mediante mero aporte financeiro voltado para a entidade”, diz o Senado. Além disso, nenhum das finalidades do estatuto da AEB se relaciona à tutela de sociedades que negociam valores mobiliários no mercado.

O Senado também argumenta que a questão não envolve uma questão constitucional a ser analisada pelo Supremo, mas apenas de interpretação de lei federal. “Fica claro que a autora não se volta contra o conteúdo normativo do artigo 254-A, mas contra o mérito de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça”, diz.

A manifestação do Senado foi solicitada pelo ministro André Mendonça, relator da ADI 7.714, que também recebeu informações da Câmara dos Deputados, do Superior Tribunal de Justiça, CVM, Cade, Casa Civil, Controladoria Geral da União e Ministério da Microempresa.

ADI 7.714

Grandes Construções - SP   25/11/2024

A ABB está fazendo uma parceria com a ArcelorMittal para introduzir o aço XCarb feito com altos níveis de aço reciclado e 100% de energia renovável para seu confiável sistema de distribuição de energia Kabeldon.

O acordo de fornecimento sustentável ajuda a reduzir a pegada de carbono dos principais equipamentos de eletrificação em 29%.

“O pessoal da ABB é apaixonado pela introdução de modelos de negócios circulares que aumentam a vida útil de materiais e produtos - e pela colaboração com parceiros de fornecimento para introduzir alternativas mais sustentáveis. Há muito tempo, os clientes contam com os sistemas de distribuição de energia Kabeldon para fornecer décadas de eletricidade confiável e segura. Agora disponível com o aço XCarb, a Kabeldon também os ajudará a reduzir a pegada ambiental de sua infraestrutura de energia", diz presidente da ABB Smart Power, Massimiliano Cifalitti.

Com o uso do aço XCarb, a equipe por trás do Kabeldon diminuiu a pegada de carbono da fabricação em 60 kg de CO2e, uma redução de 29%. O aço com baixas emissões de carbono é um elemento importante na estratégia de fornecimento sustentável da ABB e um foco para o portfólio da divisão ABB Smart Power nos próximos dois anos.

No geral, a ABB se comprometeu a cobrir 80% dos seus produtos e soluções com a Abordagem de Circularidade da ABB até 2030.

“Compartilhamos a paixão da ABB pela inovação que gera reduções nas emissões de CO2e em todo o ciclo de vida dos produtos. Nossas fábricas e equipes técnicas trabalharam em estreita colaboração com os especialistas da ABB para provar que as soluções feitas com nossos materiais de baixa emissão de carbono oferecem a marca registrada de confiabilidade e desempenho da ABB. Estamos entusiasmados em ver os líderes do setor acelerando a introdução do aço com uma pegada de CO2e significativamente reduzida”, disse Laurent Plasman, CMO Industry, ArcelorMittal Europe - Flat Products.

Projetado para ambientes externos, o Kabeldon oferece distribuição de energia segura, confiável e resistente às intempéries. Popular há muito tempo no setor de serviços públicos, o sistema agora também é amplamente usado para infraestrutura de carregamento de veículos elétricos e aplicações de energia renovável.

O gabinete Kabeldon já possui uma Declaração de Produto Ambiental (EPD) Tipo III verificada por um terceiro. O gabinete com o XCarb receberá sua própria EPD nos próximos meses. As EPDs fornecem transparência sobre os impactos ambientais de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida. A ABB está fazendo um esforço extra para que suas EPDs sejam verificadas por um operador de programa independente.

O aço XCarb reciclado e produzido de forma renovável da ArcelorMittal é fabricado com um mínimo de 75% de aço reciclado em um forno elétrico a arco, alimentado por eletricidade 100% renovável.

O material resultante tem emissões de CO2e até 70% menores do que o aço produzido convencionalmente. O aço fornecido à ABB, que inclui aço revestido com Magnelis para resistência à corrosão, bem como aço laminado a frio, é fabricado e distribuído na Europa.

O aço com baixas emissões de carbono, que tem um impacto ambiental menor do que o aço convencional, é uma matéria-prima importante para a transição para o fornecimento de materiais mais sustentáveis, um KPI na Abordagem de Circularidade da ABB. A incorporação bem-sucedida do XCarb contribui diretamente para o compromisso da ABB de ter 80% de seus produtos e sistemas atendendo aos requisitos de circularidade da empresa até 2030.

A ABB Eletrificação apresentará seu gabinete Kabeldon com aço e revestimento reciclados e produzidos de forma renovável com XCarb na Enlit 2024 em Milão, Itália.

Brasil Mineral - SP   25/11/2024

Na comparação entre outubro de 2024 e outubro de 2023, a produção de aço bruto cresceu 16,2%, para 3,1 milhões de toneladas e as vendas internas variaram 16,7%, para 1,9 milhão de toneladas

O Instituto Aço Brasil divulgou que a produção brasileira de aço somou 28,4 milhões de toneladas, um crescimento e 6% quando comparado ao mesmo período de 2023, enquanto as vendas alcançaram 17,8 milhões de toneladas, entre janeiro e outubro, 8,5% a mais sobre os dez primeiros meses do último ano. As importações de laminados cresceram 15,4%, para 4,1 milhões de toneladas e o consumo aparente de produtos siderúrgicos foi 9,7% superior e atingiu 22,0 milhões de toneladas.

Na comparação entre outubro de 2024 e outubro de 2023, a produção de aço bruto cresceu 16,2%, para 3,1 milhões de toneladas e as vendas internas variaram 16,7%, para 1,9 milhão de toneladas. Já as importações de laminados avançaram 41,7%, para 481 mil toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos subiu 20%, fechando em 2,4 milhões de toneladas. O Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) caiu 4,2 pontos em relação ao mês anterior, após quatro meses seguidos de alta, atingindo 59,6 pontos em novembro de 2024.

Produção mundial cresce 0,4%

A worldsteel divulgou que a produção mundial de aço bruto alcançou 151,2 milhões de toneladas em outubro de 2024, um aumento de 0,4% na comparação com o mesmo mês de 2023. A Ásia e a Oceania produziram 110,3 milhões de toneladas em outubro, um aumento de 0,9% sobre outubro de 2023, sendo que a China produziu 81,9 milhões de toneladas, 2,9% a mais que em outubro do ano passado, enquanto a Índia produziu 12,5 milhões de toneladas no mês, um incremento de 1,7% sobre o mesmo mês do último ano. Japão e Coreia do Sul produziram 6,9 milhões de toneladas e 4,5 milhões de toneladas de aço bruto em outubro, respectivamente, com quedas de 7,8% e 18,3% na comparação com o mesmo mês de 2023.

Os países do Bloco Europeu produziram 11,3 milhões de toneladas de aço em outubro de 2023, ou 5,7% superior ao mesmo mês de 2023. O destaque fica para a Alemanha, com produção de 3,2 milhões de toneladas e cresceu 14,7% sobre outubro de 2023. Países europeus, como Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Noruega, Sérvia, Turquia e Reino Unido, produziram 3,4 milhões de toneladas, uma desaceleração de 6,2% sobre outubro de 2023. A Turquia produziu 3 milhões de toneladas, 0,7% a mais que outubro do ano passado.

A África – Egito, Líbia e África do Sul – produziu 2 milhões de toneladas de aço bruto em outubro e caiu 0,4% na comparação com outubro do último ano. Já os países da CIS produziram 6,7 milhões de toneladas, decréscimo de 12,2% sobre o mesmo mês do ano passado, com destaque para a Rússia, que teve um volume de produção estimado de 5,6 milhões de toneladas e despencou 15,2% no mês. Os países do Oriente Médio - Irã, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos – registraram produção de 5 milhões de toneladas de aço bruto, 5,4% a mais que em outubro de 2023. O Irã produziu 3 milhões de toneladas no mês, uma retração de 1,9%%.

A produção na América do Norte ficou estável em relação com outubro do último ano e somou 8,8 milhões de toneladas e recuou 3,6%. Apenas os Estados Unidos produziram 6,6 milhões de toneladas, 2% inferior a outubro do último ano, enquanto a produção na América do Sul alcançou 3,8 milhões de toneladas, 7,2% a mais do que em outubro de 2023. O Brasil teve produção estimada de 3,1 milhões de toneladas e registrou e avançou 16,2% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano até outubro de 2024, a produção mundial de aço bruto somou 1.546 bilhão de toneladas, o que representa uma queda de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

ECONOMIA

Infomoney - SP   25/11/2024

A China está disposta a conduzir um diálogo ativo com os Estados Unidos com base nos princípios de respeito mútuo e promover o desenvolvimento das relações econômicas e comerciais, disse o vice-ministro do Comércio chinês, Wang Shouwen, nesta sexta-feira (22).

Wang, que é também representante de Comércio Internacional da China, disse que seu país seria capaz de “resolver e resistir” ao impacto de choques externos, respondendo a uma pergunta sobre o efeito de possíveis tarifas prometidas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

“Acreditamos que a China e os EUA podem manter uma tendência de desenvolvimento estável, saudável e sustentável nas relações econômicas e comerciais”, disse Wang em uma coletiva de imprensa em Pequim.

A China também está disposta a “expandir as áreas de cooperação e gerenciar as diferenças” com os EUA, disse Wang.

Com a ameaça de Trump de impor tarifas superiores a 60% sobre todos os produtos chineses, o que tem abalado os fabricantes chineses e acelerado a realocação de fábricas para o Sudeste Asiático e outras regiões, os exportadores chineses estão se preparando para quaisquer distúrbios no comércio.
: China torna-se fundamental para planos econômicos do Brasil — Trump pode mudar isso

Economistas consultados pela Reuters acreditam que os EUA poderiam impor tarifas de quase 40% sobre as importações da China no início do próximo ano, o que poderia reduzir o crescimento da segunda maior economia do mundo em até um ponto percentual.

Na quinta-feira, as autoridades chinesas anunciaram uma série de medidas destinadas a impulsionar o comércio exterior, incluindo a promessa de fortalecer o apoio financeiro às empresas e expandir as exportações de produtos agrícolas.

A turbulência comercial da Presidência de Trump também trará impactos sobre o iuan. O iuan subiu 10% nos primeiros 18 meses de seu primeiro mandato antes de cair cerca de 12% com a imposição de tarifas e a pandemia.

“Nosso julgamento básico é que a taxa de câmbio permanecerá basicamente estável em um nível razoável e equilibrado”, disse Liu Ye, uma autoridade do banco central da China, na mesma coletiva de imprensa.

O banco central “manterá a flexibilidade do iuan e, ao mesmo tempo, reforçará a orientação sobre as expectativas para evitar que o mercado forme expectativas de visões unilaterais”, acrescentou.

O banco também se protegerá de forma resoluta contra o risco de uma taxa de câmbio excessiva e manterá o iuan estável em um nível razoável e equilibrado, de acordo com Liu.

O Estado de S.Paulo - SP   25/11/2024

A reeleição de Donald Trump em 5 de novembro ofuscou um pouco a grande festa de Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, como é conhecido o presidente do Brasil, foi o anfitrião da cúpula dos líderes do G-20 no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro. Chefes de estado de 19 das maiores economias do mundo, bem como das Uniões Europeia e Africana, reuniram-se para conversar.

Lula tinha três objetivos para a cúpula: a criação de uma aliança global para reduzir a fome e a pobreza; um acordo para reformar instituições globais como o FMI e a ONU; e um aumento nos compromissos financeiros dos países para combater as mudanças climáticas. Ele também queria angariar apoio para um imposto global sobre os bilionários. Lula conseguiu uma declaração assinada por todos os participantes do G-20 para apoiar amplamente essas ambições. Trump, que em breve será a pessoa mais poderosa do mundo, não compartilhará desse zelo.

O retorno de Trump ao cenário mundial pode arruinar os planos de Lula, mas ele tem um prêmio de consolação: seu relacionamento com Xi Jinping. Após o G-20, o presidente da China viajou para a capital Brasília para se encontrar com seu colega brasileiro. Para comemorar os 50 anos desde que seus países estabeleceram laços diplomáticos, eles assinaram 37 acordos, abrangendo tudo, desde as exportações de uvas brasileiras até a cooperação em satélites. As relações sino-brasileiras “estão em seu melhor momento da história”, disse Xi, com Lula ao seu lado. Nos últimos meses, “qualquer pessoa que seja alguém no Brasil esteve na China”, diz um ex-embaixador brasileiro em Pequim.

Diversos fatores têm aproximado o Brasil e a China. No caso do Brasil, eles são principalmente políticos. Pouco antes da eleição nos Estados Unidos, Lula deu apoio velado a Kamala Harris, a rival de Trump. Enquanto isso, Trump é próximo de Jair Bolsonaro, o antecessor populista de extrema-direita e nêmesis de Lula. Elon Musk se tornou o braço direito do bilionário Trump. O empresário de tecnologia teve uma disputa de meses com a mais alta corte do Brasil este ano, que culminou com a proibição de sua plataforma de mídia social, X, no Brasil por mais de um mês. Em 16 de novembro, a esposa de Lula, Rosangela da Silva, disse “F. you, Elon Musk”, em um evento público. Musk respondeu no X: “Eles vão perder a próxima eleição”. Isso significa que Lula não esperará uma recepção calorosa em Washington após a posse de Trump em janeiro.

Os problemas da China com os Estados Unidos são mais profundos. Trump disse que aplicará tarifas de 60% sobre todos os produtos chineses assim que assumir o cargo. Portanto, a China está empenhada em fazer tudo o que puder para expandir os mercados de seus produtos para além dos Estados Unidos. O Brasil, a nona maior economia do mundo, é uma parte importante desse quebra-cabeça. O Brasil também compartilha da visão multipolar da China sobre o mundo e está interessado em depender menos do dólar para transações internacionais.

Mas talvez o componente mais importante da cordialidade sino-brasileira seja o fato de a China querer comprar o que o Brasil está vendendo. A China consumiu petróleo, minério de ferro e soja brasileiros durante a década de 2000, quando a classe média chinesa cresceu rapidamente. Ela ultrapassou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil em 2009, durante o segundo mandato de Lula. O comércio continua a se expandir apesar da desaceleração do crescimento chinês. As exportações brasileiras para a China estão atingindo níveis recordes. O Brasil é um dos poucos países que se orgulha de ter um superávit comercial com a China; no ano passado, exportou US$ 51 bilhões (R$ 296 bilhões) a mais para o gigante asiático do que importou dele.

E esse superávit ainda pode aumentar. Durante o último mandato de Trump, entre 2017 e 2021, as exportações brasileiras para a China quase dobraram, pois a China comprou soja, milho e frango do Brasil em vez dos Estados Unidos. Nessa visita, Xi e Lula assinaram acordos que, em breve, poderão permitir que o Brasil exporte uvas, gergelim, sorgo e produtos de peixe para a China, o que poderia valer um total de US$ 450 milhões (R$ 2,6 bilhões) por ano. A TS Lombard, uma empresa de investimentos de Londres, avalia que um aumento de 10% na demanda chinesa por produtos brasileiros poderia impulsionar o crescimento do PIB de 2% em 2025 para 2,6%.

Mas é o investimento chinês em tecnologia, indústria e energia verde que mais entusiasma Lula, um ex-operário do setor automobilístico que se comprometeu a reduzir as emissões de carbono do Brasil. Os Estados Unidos continuam sendo, de longe, a maior fonte de investimento estrangeiro no Brasil. O investimento chinês na região - e no Brasil - caiu nos últimos anos.

Mas a composição desse investimento ainda é favorável a Lula. No ano passado, 72% desse investimento foi destinado a projetos de energia limpa. As exportações de veículos elétricos, painéis solares e baterias de íons de lítio da China para a América Latina aumentaram de US$ 3,2 bilhões (R$ 18,6 bilhões) em 2019 para US$ 9 bilhões (R$ 52,3 bilhões) em 2023. O Brasil absorveu 63% do total em valor.

“Há cinco anos, a China investia em ativos fixos caros, como infraestrutura de eletricidade, petróleo e gás”, diz Hsia Hua Sheng, professor da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, que também trabalha para o Bank of China. “Hoje, ela investe em manufatura, energias renováveis, serviços e logística.” Ele afirma que esses são investimentos de “maior qualidade” porque geralmente envolvem parcerias com empresas locais, criação de empregos e transferência de tecnologia. A BYD e a Great Wall Motors (GWM), duas rivais chinesas da Tesla, estão abrindo fábricas de veículos elétricos no Brasil no próximo ano. A da BYD fica em uma antiga fábrica da Ford. Será a maior fábrica da empresa fora da Ásia.

Uma fábrica chinesa de alta tecnologia construída no local de um campeão industrial americano em declínio já é difícil de ser aceita pelas autoridades de Washington. Mas é provável que nenhum outro assunto venha a irritar tanto a Casa Branca de Trump-Musk quanto um acordo sobre satélites. Durante a visita de Xi, foi assinado um memorando de entendimento entre a Telebras, empresa estatal de telecomunicações do Brasil, e a SpaceSail, fabricante chinesa de satélites de órbita baixa da Terra que concorre com a Starlink de Musk.

O ministro das comunicações do Brasil, Juscelino Filho, disse que esperava que a SpaceSail oferecesse seus serviços no Brasil “o mais rápido possível”. Em outubro, Filho visitou a sede da SpaceSail em Xangai e a de outro fabricante de satélites em Pequim. A visita ocorreu após uma discussão sobre liberdade de expressão e desinformação entre Musk e Alexandre de Moraes, um poderoso juiz da Suprema Corte do Brasil.

Em agosto, Moraes congelou as contas bancárias da Starlink no Brasil para forçar Musk a retirar as contas de mídia social da X, a plataforma da qual é proprietário. A Starlink controla quase metade do mercado de serviços de internet via satélite no Brasil. A SpaceSail planeja ter 600 satélites em órbita até o final de 2025 - cerca de um décimo do número que a Starlink tem.

Além disso, Lula e Xi poderiam promover a cooperação financeira entre seus países. Em 2023, eles concordaram em liquidar todo o comércio nas moedas de seus países, em vez de em dólares. Em outubro do mesmo ano, eles realizaram a primeira transação em yuans e reais. A escala dessas transações é atualmente insignificante, mas elas têm um peso simbólico e podem provocar a ira de Trump. Ele advertiu que aplicaria tarifas de 100% sobre produtos importados de países que tentassem “deixar o dólar”.

Ações tão radicais de Trump provavelmente teriam consequências não intencionais. “O relacionamento entre empresários brasileiros e chineses está muito mais consolidado hoje do que há cinco ou dez anos”, diz Hsia. Isso se deve, em parte, à guerra comercial que Trump travou em seu primeiro mandato. Em seu segundo mandato, ele pode acabar tornando os empresários chineses e brasileiros mais amigáveis do que nunca.

Infomoney - SP   25/11/2024

Para Paulo Leme, ex-executivo do Goldman Sachs e do FMI, o cenário é “claríssimo”, quando se projeta a economia dos Estados Unidos a partir do ano que vem.

“Vai se estimular (nos EUA) a demanda agregada numa ordem de grandeza que é 10 a 15 vezes maior do que um programa normal de estímulo. Então, imagina a velocidade que isso estará acrescendo (à economia)”, avalia ele, em relação às medidas que o governo de Donald Trump deverá implementar.

Mas o economista vê consequências destas medidas prometidas pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O que acontece quando a demanda cresce e tem um excesso de demanda de bens e serviços? Tem-se um aumento de importações e com isso mantém-se o índice de preço estável”, explica.
Nesse sentido, Leme questiona as intenções do governo Trump, já que uma das suas ideias é exatamente impor barreiras às importações, com a colocação de tarifas.

Além disso, acrescenta que, com o fechamento da fronteira para imigração, também uma das medidas propostas por Trump, cria-se outro problema.

“Isso é uma panela de pressão. A economia vai chegar a um sobreaquecimento...Então, vai ter um boom de crescimento. Mas isso tem data marcada de vencimento. Não sei se são seis meses ou 12 meses”
— Paulo Leme, da XP

Segundo ele, vai haver um “surto de crescimento”. “Isso vai ser megapositivo para a bolsa, porém vai ser inflacionário. Vai se queimar toda a capacidade ociosa, tem que se construir a parte de imóveis e construção civil. Não vai ter mão de obra barata.”

“O país chegou a ter 3 milhões de imigrantes entrando no ano passado. No governo (Joe) Biden foi de 6 a 7 milhões de imigrantes que entraram, e isso é muito potente em matéria de gerar crescimento e produtividade – e não se terá mais”, aponta.

Paulo Leme, que foi economista do FMI e hoje é professor residente de Finanças da Universidade de Miami e chairman do Comitê Global de Alocação de Ativos da XP Advisory, participou do episódio 264 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.

Governo Trump e o Brasil

“Claramente, isso tem uma consequência para o Brasil. Na medida em que dólar se valoriza (por conta das medidas do Trump), é ruim para o real. Se tinha algum plano de cortar a taxa de juros no Brasil à frente, vai ficar um cenário inviável”, diz.

No entanto, Paulo Leme acha que na segunda metade do mandato, Trump pode sofrer dificuldades por conta dessa sua política econômica. “Pode ter até o Fed (Federal Reserve; o banco central dos EUA) subindo os juros”, diz.

Exame - SP   25/11/2024

O Ministério do Planejamento anunciou nesta sexta-feira, 22, um bloqueio orçamentário adicional de R$ 6 bilhões no 5º bimestre. Com isso, o total de recursos públicos bloqueados totaliza R$ 19,3 bilhões. Essa decisão foi tomada pela equipe econômica para o cumprimento do limite de despesas primárias em 2024.

Segundo o Planejamento, dentre as variações das despesas sujeitas ao limite destacou-se o aumento, de R$ 7,7 bilhões, em benefícios previdenciários. A elevação desse gasto específico foi parcialmente compensada pela redução de R$ 1,9 bilhão em despesas com pessoal e encargos sociais decorrente da reprojeção das despesas com abono pecuniário.

O detalhamento, por órgão, do bloqueio no valor total de R$ 19,3 bilhões constará de anexo ao Decreto de Programação Orçamentária e Financeira a ser publicado em 29 de novembro. Após a publicação do decreto, os órgãos terão até o dia 6 de dezembro para indicar as programações a serem bloqueadas.

O bloqueio só poderá incidir sobre dotações dos órgãos do Executivo classificadas como despesas discricionárias gerais, Novo PAC e emendas de comissão.

Meta orçamentária

O orçamento de 2024 prevê que o governo deve zerar o déficit primário em 2024,com intervalo de tolerância para o cumprimento de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB). A lei prevê intervalo de tolerância para a meta de resultado primário variando entre déficit de R$ 28,8 bilhões e superávit de R$ 28,8 bilhões.

Tendo em vista que déficit estimado no relatório, de R$ 28,7 bilhões para 2024, não atinge o limite inferior da meta (déficit de R$ 28,8 bilhões), não haverá contingenciamento.

IstoÉ Dinheiro - SP   25/11/2024

No rastro do G20, o estreitamento de laços e a ampliação nas relações comerciais com a China figuram entre os resultados mais concretos e promissores para a economia brasileira. Nada menos que 37 acordos bilaterais em diferentes setores econômicos, além de uma declaração conjunta que eleva o status do relacionamento, foram assinados por Lula e Xi Jinping em Brasília, um dia após o líder chinês participar da cúpula internacional no Rio de Janeiro.

A China promoveu maior abertura para a entrada de produtos brasileiros, como uvas, sorgo, gergelim e café, com potencial de negócios de até US$ 500 milhões por ano, segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Mais do que isso, houve um aceno para que empresas brasileiras possam entrar na cadeia de produção chinesa.

Em contrapartida, o Brasil deve vincular projetos de infraestrutura do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) a investimentos de seu maior parceiro comercial. Além da esfera de negócios, a influência chinesa deve aumentar não só no Brasil, mas na região.

O país asiático é hoje o principal destino das exportações brasileiras do agronegócio. De julho do ano passado a julho deste ano, as exportações brasileiras somaram US$ 57,94 bilhões, um aumento de 8,9% em comparação com o mesmo período em ano anterior. Em 2023, houve recorde das exportações, que superaram a casa de US$ 60 bilhões. Este ano a cifra não deve ser tão exuberante, mas também não deve decepcionar: de janeiro a julho deste ano, as exportações agrícolas totalizaram US$ 28,44 bilhões.

Por sua vez, o Brasil importou cerca de US$ 1,18 bilhão, entre produtos florestais e têxteis, do país asiático. Na comparação com as operações comerciais que têm com outros países é possível ter a dimensão dessa parceria: o total que o Brasil exportou à China no ano passado alcançou US$ 104,3 bilhões, o que supera a soma do que vendeu aos Estados Unidos e à União Europeia.

Paulo Vicente, professor da Fundação Dom Cabral (FDC), pontua que a China depende muito da soja brasileira, além de milho, ferro e outros produtos com menor grau de relevância. “Os americanos, com o protecionismo deles, não permitiram a entrada de nossas exportações, os europeus, idem. Há um preço no protecionismo, que tem o lado bom, mas também, ruim. Não é só proteção, é uma ferramenta que é preciso dosar.”

Não só pelas relações já pavimentadas na exportação de commodities, mas pelas intenções de expansão de parcerias, especialistas passam a contar com um novo cenário no xadrez político-econômico mundial. Especialmente considerando como será o governo Trump nos próximos quatro anos, nos Estados Unidos, e a ameaça de novas medidas de proteção às empresas americanas.

“A gente já vem numa reconstrução das relações com a China desde a chegada do novo governo. Não que não houvesse relações comerciais durante o governo Bolsonaro, mas é uma tentativa de colocar essas relações num plano mais estratégico, trazendo mais cooperação tecnológica, aumentando o nível de investimentos”, analisa Pedro Brites, professor de Relações Internacionais da FGV. As ambições chinesas não se limitam ao território brasileiro, mas à região.

“Eles estão se aproximando cada vez mais da América Latina, não só do Brasil. Por uma questão também pragmática, eles precisam dos recursos que estão aqui”, pondera o professor da FDC.

Embora a prioridade seja o sudeste da Ásia, pela proximidade regional, as relações com os países encontram-se estressadas. Não à toa, Xi Jinping aproveitou sua passagem pelo continente para inaugurar o maior porto comercial da América do Sul, no Peru. Situado a 80 km da capital peruana, Lima, o complexo peruano Chancay teve o projeto liderado pela companhia marítima estatal chinesa Cosco Shipping Company com investimentos estimados em US$ 3,4 bilhões (quase R$ 20 bilhões). Essa aproximação, como tudo na vida, tem seu lado bom e ruim, pondera Paulo Vicente. “O lado bom é mais emprego gerado aqui, dinheiro chegando. O lado ruim é que vem também uma influência política, eles quererem influenciar na região, que faz parte do jogo. A política é isso.”
Cadeias de produção

Na prática, a ambição de inserir os empresários brasileiros na cadeia de produção chinesa pode encontrar barreiras, segundo o professor da FIA Business School Paulo Feldman. “Acho muito difícil, porque os chineses são muito pragmáticos e instalam parte de suas cadeias produtivas nos países que são muito competitivos naquele assunto e usam países asiáticos como Malásia e Indonésia.”

O custo Brasil é um forte impeditivo, segundo ele, e o País precisa fazer sua lição de casa melhorar nosso ambiente de trabalho, buscar eficiência e reduzir custos de transporte, energia e qualificação da mão de obra. “Aí os chineses virão para cá, mas leva tempo.” De todo modo, montadoras chinesas como BYD e GWM já começam a desembarcar no País, o que abre espaço para essas sinergias que podem se concretizar quando a produção brasileira oferecer mais competitividade.

De modo mais imediato e com impactos muito positivos, o acordo que prevê estímulo às pequenas empresas foi destacado por Feldman. Ele explica que no Brasil o setor é muito atrasado e, sem políticas públicas, enfrenta muitas dificuldades, enquanto na China recebe um tratamento cuidadoso e diferenciado, o que permite um protagonismo dentro da economia chinesa. “Se a China repassar esse know-how, isso poderá ser muito importante e interessante ao Brasil.”
O fator Trump

O grau de maior ou menor proximidade entre China e Brasil vai depender muito de como será o governo Trump, que vai adotar políticas de protecionismo às empresas americanas. O professor da FIA ressalta que Trump não tem boa vontade com o processo de globalização e deve abrir caminhos que favoreçam as companhias americanas, para que possam circular com desenvoltura e dominar quase todos os mercados, como fez em seu primeiro mandato.

Mas, segundo ele, desta vez o mundo está mais preparado e outras lideranças como China e Rússia se apresentam para fazer frente a essas investidas. “O Brasil está numa situação delicadíssima, porque sempre foi um grande aliado dos Estados Unidos, mas acredito que agora terá que procurar se aproximar mais ainda de parceiros como a China, a Rússia, a Índia e outros países emergentes. E o Brasil tem todas as condições para liderar esse grupo.”

Com a possibilidade de Trump adotar tarifas mais elevadas às importações chinesas, é natural que a China passe a procurar outros parceiros, e o Brasil precisa entender isso como oportunidade para estreitar os laços com o país asiático, destaca Hudson Bessa, professor da Fipecafi. No entanto, como impactos imediatos, ele afirma que “os próximos passos da economia mundial vão depender da agenda da economia americana, que vai reduzir o comércio mundial, ser mais inflacionária, elevar os juros e o preço do dólar no mundo e trazer dificuldades para os países emergentes”.

IstoÉ Dinheiro - SP   25/11/2024

A balança comercial brasileira deve fechar o ano de 2024 com um superávit entre US$ 75 bilhões e US$ 78 bilhões, segundo relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta sexta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Porém, “o cenário do comércio mundial para 2025 vai se iniciar com muitas interrogações e incertezas”, por conta da eleição de Donald Trump de volta à Presidência dos Estados Unidos.

“A eleição de Trump traz um cenário de incertezas e tensões no comércio mundial. Além de declarar que não apoiará as iniciativas relacionadas ao tema da transição energética em direção a fontes limpas, o presidente anunciou que pretende elevar as tarifas de importações em 60% para a China, de 10% até 20% para outros países e, dependendo de negociações sobre emigração, em 25% para o México. Efeitos inflacionários, aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e valorização do dólar são alguns dos possíveis efeitos dessa medida que irão repercutir no resto do mundo. No caso brasileiro, um dos impactos seria a menor margem de manobra para reduzir juros”, enumerou a FGV, no relatório do Icomex.

O documento lembra que os Estados Unidos são o segundo destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. No acumulado de janeiro a outubro deste ano, a participação da China nas exportações brasileiras foi de 29,3%, e a dos Estados Unidos, 11,6%. A FGV lembra ainda que Trump, em seu primeiro mandato, impôs restrições a vários produtos siderúrgicos e de alumínio, incluindo os produzidos no Brasil.

“No campo do comércio, medidas unilaterais de proteção poderão ensejar um acirramento do protecionismo no mundo, o que reduzirá o crescimento do comércio mundial. Ainda há dúvidas se Trump irá impor esse aumento generalizado para todos os parceiros, fora a China, ou usará essa ameaça como arma para extrair vantagens como acesso a mercados ou alianças contra China”, apontou a FGV.

No acumulado de janeiro a outubro de 2024, ante o mesmo período de 2023, o volume exportado pelo Brasil para os Estados Unidos cresceu 11,5%. As remessas para a China aumentaram 3,9%, e para a Argentina recuaram 24,1%. Na comparação mensal, em outubro de 2024 ante outubro de 2023, o volume exportado pelo Brasil para a China recuou em 10,2%, mas cresceu em 7,7% para os Estados Unidos, e aumentou 28,6% para a Argentina, graças às vendas de automóveis.

Considerando as exportações por atividades econômicas, o volume exportado pela indústria de transformação aumentou 7,9% em outubro de 2024 ante outubro de 2023.

“Esse resultado é influenciado pelo desempenho positivo das exportações para os Estados Unidos, concentradas na indústria de transformação. A participação da indústria nas exportações mundiais brasileiras caiu de 81,6% em 2001 para 54,3% em 2022 e a participação dessa indústria nas exportações para os Estados Unidos recuaram de 95,9% para 78,8%. Logo, os Estados Unidos seriam um fator que atenuaria a ‘primarização da pauta de exportações do Brasil'”, alertou a FGV.

O Icomex ressalta ainda que a pauta de exportações brasileiras para os Estados Unidos é mais diversificada do que para a China. De janeiro a outubro, os cinco principais produtos exportados para os Estados Unidos explicam 34% das exportações. Essa fatia sobe a 53% somando os 15 principais produtos exportados. No caso das exportações para a China, apenas três produtos – soja em grão, petróleo e minério de ferro – responderam por 77% das exportações brasileiras no acumulado de janeiro a outubro.

“O efeito das tarifas irá depender do nível inicial da tarifa, da dependência do mercado dos Estados Unidos e da possibilidade de desviar para outros mercados”, disse a FGV, acrescentando que entre os 15 principais produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, há três da categoria siderúrgica cujas vendas ao exterior são majoritariamente para o mercado americano e menos do que 30 mercados alternativos, no momento.

“A venda de aviões se concentra nos Estados Unidos, mas é pouco provável que sofram elevadas taxações, além disso a Embraer tem uma fábrica nos Estados Unidos. Isso vale para os siderúrgicos, existência de fábrica, mas não impediu a taxação no primeiro mandato de Trump”, lembrou a FGV.

O relatório do Icomex acrescenta que o impacto do futuro governo Trump sobre a balança comercial brasileira dependerá de quais tarifas sejam efetivamente aplicadas, mas também da possibilidade de o Brasil desviar suas exportações para outros mercados. Nos itens que o Brasil possui vantagens competitivas, como café, carne, celulose, petróleo e açúcar, as exportações brasileiras podem ser vendidas a outros mercados, como na Ásia.

“Em um mundo onde todos comecem a intensificar o uso de medidas protecionistas, desviar o comércio não será fácil. Ademais, como mostrou recentemente os acordos fechados com a China, aumento de acesso a mercados, como o caso das carnes, nem sempre é disponível”, ponderou a FGV. “Por último é sempre lembrado o ganho brasileiro com a soja em função da retaliação chinesa em relação à soja americana. Como o Brasil compete com os Estados Unidos no setor da agropecuária, pode ser que ganhos adicionais ocorram. No entanto, aberturas preferenciais para os Estados Unidos podem também ser motivo de negociações com a China.”

Em outubro, a balança comercial registrou um superávit de US$ 4,3 bilhões. No acumulado do ano, o Brasil alcançou um superávit de US$ 63,0 bilhões.

Infomoney - SP   25/11/2024

Uma medida da atividade empresarial dos Estados Unidos atingiu o menor nível em 31 meses em novembro, impulsionada pela expectativa de taxa de juros mais baixa e políticas mais favoráveis aos negócios por parte do governo do presidente eleito Donald Trump no próximo ano.

A S&P Global disse nesta sexta-feira (22) que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto dos EUA, que acompanha os setores de manufatura e serviços, aumentou para 55,3 neste mês. Esse foi o nível mais alto desde abril de 2022 e seguiu-se a uma leitura de 54,1 em outubro.

Leitura acima de 50 indica expansão no setor privado e o resultado indica que o crescimento econômico provavelmente acelerou no quarto trimestre. A economia cresceu a uma taxa anualizada de 2,8% no trimestre de julho a setembro.
“O aumento no PMI preliminar indica que o crescimento econômico está acelerando no quarto trimestre”, disse Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence. “A perspectiva de taxa de juros mais baixa e uma abordagem mais pró-negócios do novo governo alimentou um maior otimismo, ajudando, por sua vez, a impulsionar a produção e a entrada de pedidos em novembro.”

O setor de serviços foi responsável por grande parte do aumento no PMI, embora o declínio no setor industrial tenha se estabilizado.

A medida da pesquisa de novos pedidos recebidos pelas empresas privadas aumentou para 54,9 em relação aos 52,8 registrados em outubro. Os aumentos de preços desaceleraram ainda mais, com o indicador de preços médios pagos pelas empresas por insumos caindo para 56,7, de 58,2 no mês passado.

As empresas também não estavam conseguindo aumentar significativamente os preços em meio à crescente resistência dos consumidores.

Uma medida dos preços cobrados pelas empresas por seus bens e serviços caiu para 50,8, o nível mais baixo desde maio de 2020, de 52,1 em outubro.

O PMI preliminar de manufatura subiu de 48,5 no mês passado para 48,8, em linha com as expectativas dos economistas. O PMI de serviços subiu para 57,0, a leitura mais alta desde março de 2022, de 55,0 em outubro e contra expectativa dos economistas de 55,2.

O Estado de S.Paulo - SP   25/11/2024

As tarifas abrangentes que o presidente eleito Donald Trump impôs em seu primeiro mandato sobre metais, máquinas, roupas e outros produtos estrangeiros tinham como objetivo causar o máximo impacto em todo o mundo. Elas buscavam fechar fábricas estrangeiras, reformular as cadeias de suprimentos internacionais e forçar as empresas a fazer grandes investimentos nos Estados Unidos.

Mas, para muitas empresas, as consequências mais importantes das tarifas, decretadas em 2018 e 2019, ocorreram a apenas alguns quarteirões da Casa Branca.

Diante da resistência das empresas que dependem de produtos estrangeiros, o governo Trump estabeleceu um processo que permitiu que elas solicitassem isenções especiais. Os riscos eram altos: uma isenção poderia livrar uma empresa de tarifas de até 25%, o que poderia lhe dar uma grande vantagem sobre os concorrentes.

Isso desencadeou um esforço de lobby rápido e, muitas vezes, bem-sucedido, especialmente por parte dos escritórios de advocacia mais caros da K Street em Washington, que acabaram solicitando centenas de milhares de isenções tarifárias. O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos, que lidou com as exclusões para as tarifas da China, recebeu mais de 50 mil solicitações, enquanto o Departamento de Comércio recebeu quase 500 mil solicitações de exclusão para as tarifas sobre aço e alumínio.

Enquanto Trump lança tarifas novas e potencialmente mais caras, muitas empresas já estão tentando obter alívio. Advogados e lobistas em Washington dizem que estão recebendo um fluxo de solicitações de empresas que querem contratar seus serviços, mesmo antes de ficar clara a extensão total dos planos tarifários do presidente eleito.

Em seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de até 25% sobre mais de US$ 300 bilhões em produtos chineses e de 10% a 25% sobre aço e alumínio de diversos países, incluindo Canadá, México e Japão.

Desta vez, Trump ameaçou impor uma tarifa de 60% ou mais sobre a China, e tarifas de 10% a 20% sobre a maioria dos outros países. Ele também sugeriu que fossem visadas empresas ou setores específicos.

Ainda não está claro quais desses planos ele pretende levar adiante, e ele não esclareceu se mais uma vez ofereceria às empresas exclusões das tarifas. Na sexta-feira, Trump anunciou que havia escolhido Scott Bessent, um bilionário gestor de fundos de hedge, como seu secretário do Tesouro. Bessent descreveu as tarifas de Trump como uma estratégia de negociação para garantir melhores acordos de livre comércio, sugerindo que ele pode favorecer uma política tarifária menos agressiva.

Embora Trump tenha prometido muitas vezes “drenar o pântano” em Washington, alguns argumentaram que essas regras comerciais fizeram o oposto. O rastreamento feito pela OpenSecrets, uma organização sem fins lucrativos, mostrou que o número de clientes que fazem lobby no Congresso sobre questões comerciais aumentou consideravelmente depois que Trump assumiu o cargo, crescendo mais de 50% desde 2016 e atingindo um recorde em 2019.

Um estudo econômico recente também encontrou evidências de que as autoridades de Trump usaram o processo de isenção para recompensar seus apoiadores e punir os oponentes.

O estudo, que analisou quase 7 mil solicitações de empresas, constatou que um aumento nas contribuições anteriores para os republicanos aumentou a probabilidade de uma empresa receber uma isenção. Um histórico de contribuições anteriores para os democratas, por sua vez, diminuiu as chances de uma empresa ganhar uma isenção lucrativa.

Jesus Salas, professor da Universidade de Lehigh e um dos autores do estudo, chamou o processo de exclusões de “um sistema de espólio muito eficaz”.

“Não me surpreenderia nem um pouco se isso acontecesse novamente”, disse ele.

Simon Johnson, economista britânico-americano que ganhou o Prêmio Nobel no mês passado, disse que tarifas mais altas poderiam levar as empresas a enfatizar “muito mais jogos de azar e muito mais esforço para jogar com o sistema e obter vantagens especiais”, em vez de “se concentrar em se tornar mais produtivo e criar mais empregos”.

Alguns especialistas em comércio dizem que Trump e seus assessores poderiam optar por não oferecer exclusões, argumentando que as empresas já tiveram tempo suficiente para transferir as fábricas para fora da China. O governo Biden manteve as tarifas de Trump, mas gradualmente reduziu os processos de exclusão para as tarifas da China, enquanto continuou a concedê-las para as tarifas sobre aço e alumínio.

Por outro lado, dizem os especialistas em comércio, se não houver exclusões para as futuras tarifas de Trump, os impostos poderão prejudicar as fábricas americanas que talvez não consigam comprar determinadas peças e componentes fora da China.

Uma grande tarifa sobre esses produtos poderia convencer os fabricantes de que faz mais sentido econômico instalar suas fábricas totalmente fora dos Estados Unidos. Isso prejudicaria o objetivo central das tarifas de Trump, que é incentivar as empresas a fabricar seus produtos nos Estados Unidos.

No primeiro mandato de Trump, as autoridades argumentaram que seu sistema de exclusões ofereceria alívio às empresas nos casos em que a tarifa prejudicasse os interesses americanos ou quando não houvesse produtos substitutos disponíveis fora da China.

Mas para muitos críticos, as decisões do governo sobre as exclusões muitas vezes pareciam misteriosas e arbitrárias. Isenções tarifárias foram concedidas a Bíblias, mas não a livros didáticos, ao salmão, mas não ao badejo, a assentos de carro para crianças, mas não a berços de bebês. As decisões não estavam sujeitas a apelação.

Muitas empresas de pequeno porte reclamaram que não tinham os recursos ou o entendimento de Washington para apresentar quaisquer exclusões, enquanto algumas empresas apresentaram mais de mil solicitações sozinhas.

Os escritórios de advocacia que contam com ex-funcionários do governo Trump aumentaram suas listas de clientes. O escritório de um congressista enviou uma carta às autoridades de Trump questionando por que o legislador deveria apoiar a legislação de escolha do governo enquanto certas exclusões para empresas em seu distrito ainda não haviam sido aprovadas, segundo uma investigação da ProPublica.

Os executivos-chefes também exerceram sua influência: Tim Cook, da Apple, fez lobby repetidamente com o presidente Trump para afrouxar as restrições de seu governo ao comércio com a China e garantiu isenções para o iPhone e outros produtos da Apple.

Outras empresas puderam apresentar objeções à solicitação de qualquer empresa, e algumas ficaram desanimadas ao ver seus concorrentes se manifestarem contra suas solicitações.

Nicole Bivens Collinson, que presta consultoria a clientes sobre comércio na Sandler, Travis & Rosenberg, disse ter visto exemplos em que as empresas conspiraram com parceiros comerciais para apresentar objeções a pedidos de isenção tarifária feitos por concorrentes. “Isso acontece, mas é difícil de provar”, disse ela.

Parte do problema para o governo foi o grande volume de solicitações. Embora as administrações anteriores tenham oferecido processos de exclusão ao longo dos anos, não havia nenhum processo na época, então as autoridades de Trump tiveram que criar um rapidamente.

As agências governamentais com pouca equipe foram rapidamente sobrecarregadas por dezenas de milhares de solicitações. O solicitante mais prolífico, a Alloy Tool Steel, fez quase 40 mil solicitações de exclusões.

Investigações posteriores constataram injustiças no processo. Em 2019, o inspetor geral do Departamento de Comércio descobriu que havia “a aparência de influência imprópria na tomada de decisões”. No Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos, uma investigação do governo encontrou “inconsistências” nas decisões e falta de transparência.

Um processo igualmente desigual ocorreu com os agricultores que foram prejudicados pelas tarifas de Trump. Em 2019, seu governo começou a aprovar dezenas de bilhões de dólares para compensar as perdas dos agricultores com suas guerras comerciais, que provocaram retaliação da China e de outros países.

Um órgão de fiscalização do governo descobriu que os pagamentos favoreciam as fazendas do Sul em detrimento das de outras áreas, davam pagamentos mais altos aos agricultores de algodão do que aos agricultores de outras culturas e canalizavam mais dinheiro para as grandes fazendas do que para as pequenas. Outro estudo mostrou que muitos pagamentos foram destinados aos produtores de trigo, apesar de suas remessas relativamente baixas para a China.

Alguns advogados e empresas dizem que as exceções ainda são muito necessárias e que o sistema se tornou mais sistemático e ordenado com o passar do tempo.

“Na minha opinião, isso está se tornando a forma de fazer negócios”, disse Ludmilla Kasulke, sócia da Squire Patton Boggs. Ela disse que as empresas estão se preparando para tirar o melhor proveito de quaisquer tarifas e exclusões que possam estar disponíveis.

“As empresas e as partes interessadas estarão pensando - deveriam estar pensando - onde estarão esses vários pontos de articulação, onde terão a oportunidade de defender seus interesses”, disse ela.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   25/11/2024

Três das maiores montadoras dos Estados Unidos, Ford, General Motors e Stellantis, estão traçando estratégias com outros fabricantes de automóveis sobre como fazer um pedido delicado ao presidente eleito Donald Trump: não eliminar as regulamentações federais que obrigam o setor a vender veículos elétricos.

A conversa exigiria sutileza diplomática. Trump tem se insurgido contra as regras dos veículos elétricos, que limitam estritamente a quantidade de poluição do escapamento e, ao mesmo tempo, aumentam os padrões de economia de combustível. Elas são projetadas para fazer com que as montadoras produzam mais veículos elétricos e têm sido a pedra angular da luta do presidente Biden contra as mudanças climáticas.

Trump os vê de forma diferente. Ele disse falsamente que as regras equivalem a um mandato democrata que impediria os americanos de comprar os carros movidos a gasolina de sua escolha - uma preocupação de seus doadores de campanha do setor de petróleo.

Trump ainda guarda mágoas contra algumas das montadoras, as quais ele considera que o traíram porque, durante seu primeiro mandato, elas apoiaram as regras de emissões automotivas da era Obama.

Na verdade, a maioria dos fabricantes de automóveis não gosta das regras mais rigorosas que Biden estabeleceu. Mas elas já investiram bilhões em uma transição para veículos elétricos e temem que, se Trump fizer uma mudança abrupta, como prometeu, elas poderão ser prejudicadas por montadoras que vendem carros mais baratos, movidos a gasolina. Eles argumentam que isso prejudicaria um setor que é a espinha dorsal da produção americana e emprega 1,1 milhão de pessoas.

Lobistas e funcionários de várias montadoras afirmam que as montadoras querem que as regulamentações de Biden permaneçam praticamente intactas, com algumas alterações, como mais tempo para conformidade e penalidades menores para as empresas que não atenderem aos requisitos.

Um curinga nas negociações é Elon Musk, o principal conselheiro de Trump e executivo-chefe da Tesla, que responde por metade das vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos.

Em uma carta de 12 de novembro, não relatada anteriormente, enviada a Trump, John Bozzella, presidente da Alliance for Automotive Innovation, que representa 42 montadoras que produzem quase todos os veículos novos vendidos nos Estados Unidos, escreveu que, para que o setor automotivo permaneça “bem-sucedido e competitivo”, ele precisa de “estabilidade e previsibilidade nos padrões de emissões relacionados a automóveis”.

O transporte é o setor da economia dos EUA que mais produz gases de efeito estufa - poluição que está aquecendo perigosamente o planeta. O governo Obama foi o primeiro a limitar as emissões de escapamento dessa poluição. Durante seu primeiro mandato, Trump efetivamente apagou essas regras, substituindo-as por padrões que eram pouco mais do que a manutenção do status quo.

Biden restaurou e, com a contribuição das montadoras, reforçou significativamente as regras de escapamento, tornando-as as maiores regulamentações promulgadas pelo governo federal para combater as mudanças climáticas. As regulamentações afetam os veículos a partir do ano modelo 2027 e se tornam mais rigorosas até 2032. Os fabricantes de automóveis poderiam cumprir as normas vendendo uma combinação de carros a gasolina, híbridos, EVs ou outros tipos de veículos, como carros movidos a hidrogênio.

A EPA (Agência de Proteção Ambiental, na sigla em inglês) estima que a conformidade com a regra significaria que, até 2032, cerca de 56% dos novos veículos de passageiros vendidos seriam elétricos e outros 16% seriam híbridos, em comparação com os atuais 9% e 11%, respectivamente. As empresas automobilísticas que não cumprirem as novas restrições poderão sofrer penalidades substanciais ou poderão comprar “créditos de emissões” de empresas que excederam os padrões vendendo mais veículos elétricos.

A Tesla, que fabrica apenas veículos elétricos, ganhou bilhões de dólares com a venda de créditos de emissões para outras montadoras, arrecadando US$ 2,1 bilhões (R$ 12,2 bilhões) somente nos primeiros nove meses deste ano, o que representou 43% de seu lucro líquido, de acordo com os registros regulatórios. Durante os primeiros anos da Tesla, os créditos foram uma fonte crítica de receita que provavelmente impediu a falência da empresa, dizem os analistas.

Os defensores dos veículos elétricos esperavam que Musk pudesse persuadir Trump a manter as regras dos veículos elétricos. Mas isso parece improvável; ele agora está pronto para liderar a iniciativa do governo Trump de reduzir as regulamentações.

E Musk está mais concentrado em remover os obstáculos governamentais aos carros autônomos, que ele descreveu como fundamentais para o futuro da Tesla, disseram pessoas familiarizadas com seu pensamento, que falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizadas a discuti-lo publicamente.

Quanto aos padrões de emissões, a Tesla se preparou com antecedência para sua eliminação, disse Rohan Patel, que atuou como vice-presidente de política global da Tesla antes de deixar o cargo no início deste ano. “Eles previram que, se um republicano ganhasse, independentemente da influência de Musk, a regra seria enfraquecida com certeza ou poderia ser eliminada”, disse ele.

Musk também deixou claro que não lutará para preservar o crédito fiscal de US$ 7,5 mil (R$ 43,6 mil) para compradores de veículos elétricos, fornecido pela Lei de Redução da Inflação de 2022. O crédito ajudou a tornar os EVs competitivos em relação aos veículos movidos a gasolina e tem sido um alvo específico de Trump.

“Na minha opinião, deveríamos acabar com todos os subsídios do governo, incluindo aqueles para veículos elétricos, petróleo e gás”, disse Musk no X na semana passada.

Livrar-se do crédito fiscal de US$ 7.500 pode prejudicar a Tesla, mas prejudicaria mais a Ford, a GM e outras empresas, disse Musk durante uma chamada de lucros em julho. “Acho que isso seria devastador para nossos concorrentes e para a Tesla”, disse ele.

É quase certo que isso seja verdade por vários motivos, disseram os analistas do setor automotivo.

Um deles é a escala de investimento que as montadoras americanas fizeram em veículos elétricos. Ford, GM, Stellantis e outras investiram cerca de US$ 146 bilhões (R$ 848 bilhões) nos últimos três anos em projeto, engenharia e fabricação de veículos elétricos, de acordo com o Center for Automotive Research, uma organização sem fins lucrativos de Ann Arbor, Michigan.

Por exemplo, havia menos de meia dúzia de fábricas de baterias para veículos elétricos nos Estados Unidos quando Trump assumiu o cargo pela primeira vez em 2017. Hoje, há mais de três dúzias, muitas delas joint ventures entre montadoras e empresas de baterias, de acordo com a Alliance for Automotive Innovation.

Com exceção da Tesla, a maioria dos fabricantes de automóveis ainda vende veículos elétricos com prejuízo porque ainda não recuperaram seus investimentos. Elas também precisam vender em escala para reduzir os custos de produção e, embora as vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos ainda estejam crescendo, o ritmo diminuiu.

Ainda assim, praticamente todos os executivos do setor automotivo esperam que os veículos elétricos substituam os carros a gasolina ao longo do tempo e, se as montadoras americanas vacilarem agora, correm o risco de serem ultrapassadas pelas montadoras da Europa e da China.

A revogação das regras de poluição poderia colocar em risco esses investimentos e prejudicar a capacidade do setor americano de competir globalmente, disseram os analistas.

“As regulamentações determinam que todas as montadoras devem seguir as mesmas regras”, disse Stephanie Brinley, analista do serviço Auto Intelligence da S&P Global Mobility. “Não se quer que uma montadora se limite a fabricar os carros movidos a combustível fóssil mais baratos para vender no mercado interno, enquanto as outras montadoras estão tentando fazer esses investimentos para competir globalmente. Se você tem uma regulamentação em vigor, então todos têm de seguir as mesmas regras.”

A reversão das regras também representaria um problema porque as montadoras planejam modelos de carros com anos de antecedência. Os desenvolvedores de Detroit já projetaram os carros que esperam colocar nos showrooms em 2028, partindo do pressuposto de que as regras de EV ainda estariam em vigor.

“O pior de tudo para as montadoras, ainda pior do que uma regulamentação difícil, é uma oscilação a cada quatro anos”, disse Brinley.

As montadoras também esperam pressionar Trump no sentido de que muitas de suas novas instalações de fabricação de veículos elétricos e fábricas de baterias, que estão gerando empregos e receita tributária, estão em Estados como Ohio, Tennessee, Geórgia e Carolina do Sul, que ele venceu nas eleições deste ano.

Mas as montadoras estão agindo com cautela, preocupadas com a possibilidade de Trump guardar rancor das empresas que se opuseram publicamente aos esforços de seu primeiro mandato para eliminar as regras de EV de Obama.

“Dado seu histórico com Trump, não sei quanta influência as montadoras terão em termos da decisão que o presidente tomar”, disse Thomas J. Pyle, presidente da American Energy Alliance, um grupo de pesquisa conservador focado em energia, que atuou na equipe de transição do primeiro governo Trump.

Entre as maiores queixas de Trump com os fabricantes de automóveis está um acordo legal de 2019 que quatro dos maiores fabricantes de automóveis do mundo - Ford, Volkswagen, Honda e BMW - firmaram secretamente com o Estado da Califórnia para reduzir suas emissões de escapamento de acordo com os limites rigorosos estabelecidos por esse Estado.

A medida surpreendeu e enfureceu Trump, uma vez que ocorreu no momento em que seu governo estava se movendo para enfraquecer os padrões federais de emissões e revogar a autoridade legal da Califórnia para estabelecer suas próprias regras. Ele pareceu querer se vingar abrindo uma investigação antitruste sobre as montadoras que assinaram o acordo com a Califórnia. Posteriormente, mais duas empresas - Stellantis e Volvo - juntaram-se às empresas que ficaram do lado da Califórnia. Todas essas empresas continuam vinculadas a esse acordo.

Mary Barra, CEO da GM, que se mostrou ágil no reposicionamento de sua empresa para se alinhar às prioridades de um Salão Oval em constante mudança, adotou uma abordagem diferente. Ela se reuniu com Trump em suas primeiras semanas no cargo e o incentivou a enfraquecer os padrões de poluição e se juntou aos processos legais do governo Trump contra o acordo da Califórnia.

Mas poucas semanas após a eleição de Biden em 2020, Barra inverteu o curso, abandonando o apoio legal da GM ao caso do governo Trump na Califórnia e apoiando a agenda de veículos elétricos de Biden.

Em uma carta enviada na época a grupos ambientalistas, Barra escreveu: “O presidente eleito Biden disse recentemente: ‘Acredito que podemos voltar a ser donos do mercado de automóveis do século XXI mudando para veículos elétricos’. Nós da General Motors não poderíamos estar mais de acordo”.

Trump ficou furioso.

Barra consolidou ainda mais seu relacionamento com Biden em 2022, quando a GM contratou sua sobrinha, Missy Owens, como diretora de governança ambiental, social e corporativa.

Barra insistiu que a estratégia da GM não depende de política. Os investimentos da empresa em baterias foram “algo que começamos bem antes mesmo de eu saber o que seria o IRA ou que ele seria aprovado”, disse ela em uma entrevista no mês passado.

Lobistas do setor automobilístico familiarizados com a transição de Trump, que falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a falar publicamente, descreveram um cenário no qual as três grandes montadoras precisariam se curvar a Trump.

“A General Motors terá de voltar e ser simpática com Trump”, disse Christopher Grundler, um dos principais reguladores da poluição automotiva que trabalhou na EPA desde o governo Carter até o governo Biden.

Parece que a GM está tentando seguir esse conselho.

Após a tentativa de assassinato de Trump em julho, Barra escreveu no X: “Desejo ao Presidente Trump tudo de bom para uma recuperação completa”.

O comitê de posse de Trump pediu à GM que fornecesse cerca de 250 veículos para VIPs durante a posse, e a empresa pretende apoiar o evento “em grande estilo”, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. Ainda não se sabe se algum dos veículos será elétrico, disse a pessoa.

Questionado sobre o relacionamento de Barra com Trump, o chefe de assuntos corporativos da GM, Faryl Ury, juntamente com outros funcionários da GM, direcionou as perguntas para Arthur Schwartz, um estrategista republicano de longa data e conselheiro de Donald Trump. Schwartz está supostamente prestando consultoria a empresas que buscam construir relacionamentos com o presidente eleito. Schwartz, que trabalhou com o conselheiro de Trump, Stephen K. Bannon, não quis fazer comentários sobre o assunto.

É possível que os esforços das montadoras produzam resultados, disse Mike Murphy, estrategista republicano e executivo-chefe do EV Policy Project, um esforço para acabar com a divisão partidária em relação aos veículos elétricos.

Se a mensagem for “conserte, não acabe com isso”, isso pode ser aprovado”, disse Murphy sobre as regras para veículos elétricos. “O mundo de Trump é uma mistura estranha de queixa, instinto e perspectiva transacional. Apesar do que ele diz na campanha, tudo o que ele diz é escrito a lápis.”

O Estado de S.Paulo - SP   25/11/2024

O governo Lula prepara uma proposta para responder ao pedido das montadoras que querem a retomada imediata do imposto de importação dos carros elétricosc a 35%. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, há possibilidade de o tema ser analisado na próxima semana no Comitê de Alterações Tarifárias (CAT), instância que antecede a votação no Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex).

Assim, a decisão final pode sair ainda em dezembro. Mas, como ainda não há uma proposta de consenso dentro do governo, não está descartada a chance de a resposta ficar para o próximo ano. Interlocutores consultados pelo Estadão/Broadcast nos últimos dias apontaram que várias alternativas ainda estão na mesa. Hoje a opção considerada como mais difícil é a de o governo subir o imposto imediatamente a 35%.

Por isso, propostas vistas como “meio-termo” são citadas como possibilidades por pessoas que acompanham as tratativas. Elas vão desde a aplicação da alíquota cheia somente ao que ficar fora da cota de importação a uma alteração no cronograma de escalada do imposto.

Os estudos são feitos a partir do pedido encaminhado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em setembro. A entidade que representa as montadoras quer a retomada da taxação a 35%, acompanhada de uma cota de importação. Hoje, a alíquota do imposto para os modelos elétricos está em 18%. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o pleito foi reforçado na reunião das montadoras realizada hoje com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O imposto de importação para esses veículos foi retomado em janeiro deste ano, inicialmente em 10%. A alíquota só chegará a 35% — como quer o setor automotivo para já — em julho de 2026. Os níveis são diferenciados por tipo de carro. No caso dos híbridos, a alíquota do imposto começou com 15% em janeiro, foi para 25% em julho; irá para 30% em julho de 2025; e alcança os 35% em julho de 2026. Para híbridos plug-in, foram 12% em janeiro de 2024, 20% em julho, 28% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026.

O cronograma foi aprovado em novembro do ano passado para atender ao pleito do setor automotivo, preocupado especialmente com as importações de carros elétricos vindos da China. Mas a medida foi considerada insuficiente. A estimativa é de que haja no País um estoque recorde de modelos eletrificados chineses, de 81,7 mil unidades — o que cobre aproximadamente nove meses de venda —, uma vez que a elevação gradual do imposto levou a uma antecipação das importações.

Embora esse estoque alto possa até mesmo se tornar um problema para as importadoras, pelo risco de depreciação, a avaliação na indústria nacional é de que novos veículos continuarão entrando no País de forma agressiva se o imposto continuar abaixo de 35%, uma vez que o segmento de carros eletrificados se inova com muita velocidade.

O momento internacional também pode jogar a favor do pleito das montadoras. O futuro presidente americano, Donald Trump, já prometeu elevar as tarifas de importação de produtos chineses. Embora hoje os carros elétricos produzidos na China já enfrentem uma alta barreira comercial nos EUA e Europa, o que não mudaria tanto o xadrez do comércio exterior nesse setor, o retorno do republicano tende a dar força política a medidas protecionistas em outros países.

Valor - SP   25/11/2024

Andy Zhang, novo presidente para Brasil e México, assume a montadora a seis meses de iniciar a produção local em Iracemápolis (SP)

Shi (esq.), ao lado de Zhang, defende crescimento sustentável da GWM no país: “A guerra de preços não é saudável” — Foto: Rogerio Vieira/Valor

A seis meses de começar a montar os primeiros veículos no Brasil, a montadora chinesa Great Wall Motor (GWM) apresentou, na quinta-feira (21), o novo presidente para o Brasil e México, Andy Zhang, com a presença do principal executivo da companhia para os mercados fora da China, Parker Shi. O cargo estava vago desde o primeiro semestre.

A empresa aproveitou os encontros com autoridades e reuniões com concessionários para reforçar a importância do mercado brasileiro dentro de sua estratégia de se tornar uma companhia global e a “aposta de longo prazo” no país.

A GWM deve fechar o ano com 28 mil veículos vendidos no Brasil e 100 lojas concessionárias. No mundo serão 450 mil unidades comercializadas fora da China. A expectativa para 2025 é vender 31 mil veículos, entre importados e a produção local, crescimento na casa de 10%. O número de concessionárias deve subir para 130 no fim de 2025.

O Brasil é o terceiro maior mercado fora da China, atrás de Rússia e Austrália. “Ainda somos um bebê no Brasil. Estamos há pouco mais de dois anos no país e de venda mesmo é cerca de um ano e meio”, afirma Zhang, que deve ficar baseado no país. E a GWM deixa claro que não planeja crescer a qualquer custo e não “compra mercado”.

“Isso aqui [o mercado brasileiro] não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona”, afirmou Shi, presidente a GWM Internacional, em sua primeira visita ao país. Ele disse que não entra em guerra de preços e prefere um crescimento mais lento e contínuo do que as fortes oscilações nas vendas. Na sua avaliação, o sobe e desce muito rápido do mercado acaba provocando mais custos e riscos para as empresas. “Quando você machuca o mercado, quando você machuca o consumidor, acaba machucando a marca. E quando machuca a marca, para recuperar é muito difícil.”

Com um discurso centrado na estratégia de produção local para atender tanto o mercado interno como países vizinhos, busca de nacionalização e investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil, os dois executivos chegaram a São Paulo na quinta-feira (21) de manhã e já tiveram um encontro com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A tarde se reuniram com concessionários. E nesta segunda-feira estarão em Brasília para reunião com o presidente Lula e Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço.

Shi afirmou que não existe, pelo menos neste momento, uma pauta específica sendo negociada tanto com o governo estadual como com o federal. Mas que ouviram de Freitas que o Estado vai continuar apoiando os investimentos da GWM. Ele destacou que o apoio estadual pode vir em logística, energia, treinamento de mão de obra e incentivos tributários. A empresa já obteve isenção de ICMS na entrada de equipamentos e insumos na fábrica que está sendo montada em Iracemápolis (SP).

“Escolhemos São Paulo como a nossa casa no Brasil”, brincou Shi, completando que não haveria motivo para buscar outro local para futuros investimentos. A fábrica no Brasil é a terceira do grupo fora da China - as outras estão na Rússia e Tailândia - e ocupa uma área comprada da Mercedes-Benz em 2021. Mesmo ainda em obras, deve fechar o ano com 100 funcionários e atingir os 700 empregados em maio, quando planeja iniciar a montagem do Haval H6, um utilitário esportivo híbrido “plug-in” abastecido apenas com gasolina.

Isso aqui (o mercado brasileiro) não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona”

— Parker Shi

Shi elogiou o governo Lula e a forma como se relaciona com os chineses. Na semana passada, os governos brasileiro e chinês assinaram vários acordos comerciais durante a visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil.

Sobre a escolha do país para receber uma fábrica, Shi disse que três motivos pesaram à favor do Brasil. O primeiro é o tamanho do mercado, com mais de dois milhões de veículos novos vendidos anualmente. A GWM adotou a estratégia de buscar produção local em mercados grandes e com aquisição de fábricas que estavam paradas. No caso da Rússia e Tailândia eram plantas da GM. Dessa forma, ela foge da cobrança de impostos de importação que esses países adotam para proteger a produção local.

Os outros dois motivos foram a possibilidade de crescer nas exportações, com o Brasil bem posicionado na região, e a oferta de energia renovável. “Energia renovável se conecta com nosso produto.”

A empresa montou uma equipe de P&D que hoje tem 50 pessoas entre chineses e brasileiros. Esse grupo deve crescer. A montadora trabalha para desenvolver o seu híbrido a etanol para início de produção em 2026.

O novo presidente para o Brasil disse que o objetivo é atingir 60% de nacionalização da produção no país até o fim de 2026. E apesar do país ter uma sólida cadeia de suprimentos no setor automotivo, não descarta trazer da China fornecedores que se instalem próximos à fábrica no Brasil. Zhang garante que hoje a empresa já mantém 95% das peças de reposição no seu centro de distribuição em Cajamar (SP).

CONSTRUÇÃO CIVIL

Exame - SP   25/11/2024

Com a recente alta do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), o mercado da construção civil enfrenta novos desafios. Esse cenário impacta fortemente empresas que atuam em habitação de interesse social, onde há menos margem para repassar custos. Diante disso, é crucial entender os fatores que pressionam a inflação e quais ações podem ser adotadas para enfrentá-los.

Desde a pandemia, o setor de construção sofreu com uma inflação inédita, causada pela escassez de insumos e desorganização das cadeias de suprimentos globais. O INCC acumulou mais de 40% até 2023, afetando fortemente a construção de habitação social. Embora 2024 tenha iniciado com uma estabilização, os custos voltaram a pressionar, e setembro já registrou um índice de 5,58% no acumulado de 12 meses, apontando para uma persistente alta inflacionária no setor.

Os principais responsáveis pela alta recente do INCC são os salários da mão de obra e materiais essenciais, como vergalhões e concreto. Esses aumentos refletem a força da construção civil como empregadora e o impacto dos insumos nas operações. Empresas que atuam em segmentos de habitação social, por exemplo, sentem diretamente o peso dos reajustes.

A importância da eficiência

A alta do INCC exige das empresas uma gestão rigorosa de custos e a busca por tecnologias que melhorem a produtividade. Construtoras voltadas para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), lidam com a necessidade constante de encontrar eficiência sem comprometer o orçamento. Processos eficientes e parcerias estratégicas com fornecedores são essenciais para enfrentar a volatilidade.

Adaptações necessárias para mitigar o INCC

Para mitigar o impacto dessa inflação crescente, algumas práticas podem ser eficazes. A primeira é a revisão frequente do planejamento financeiro, ajustando preços e mantendo uma margem para absorver oscilações. Com isso, as empresas podem se preparar melhor para reajustes inesperados de custo. Manter parcerias com fornecedores também é fundamental, ajudando a garantir estabilidade nos preços de insumos.

Estratégias de longo prazo

Outra estratégia importante é investir em novos materiais e processos construtivos. O uso de tecnologias que permitam reduzir o consumo de materiais onerosos pode ser uma saída viável. A construção modular, por exemplo, tem se mostrado uma aliada em diversos projetos. Ao mesmo tempo, buscar alternativas no mercado, como produtos com menor variação de preço, pode ajudar a evitar os impactos de altas constantes.

Oportunidades e desafios

Mesmo com a alta do INCC, analistas ainda identificam potencial no setor de habitação social. Segundo o Itaú BBA, empresas com taxas internas de retorno (TIR) atraentes e previsões de dividendos continuam sendo vistas com otimismo. No entanto, o setor deve se preparar para o aumento dos custos que podem afetar as margens de lucro.

Perspectivas para o setor

O setor da construção civil passa por um momento desafiador, onde a capacidade de se adaptar e ser eficiente faz toda a diferença. Construtoras que atuam com foco na habitação social precisam estar prontas para responder rapidamente a mudanças, o que exige flexibilidade nas operações, por isso é essencial adotar uma visão de longo prazo, com soluções que ajudem a manter a estabilidade financeira e operacional.

O setor precisa se preparar para um cenário em que a inflação de custos permaneça elevada. A busca por inovação, eficiência, gestão financeira rigorosa e controles eficazes serão diferenciais fundamentais. Empresas que conseguem manter essas práticas estarão mais bem preparadas para enfrentar o impacto do INCC e garantir a competitividade, mesmo em períodos de alta inflação.

Infomoney - SP   25/11/2024

Enquanto o Ibovespa avança 2,28% nos últimos seis meses, as principais ações do setor imobiliário acumulam alta de 7%, segundo o IMOB. O desempenho chama ainda mais atenção ao considerar que um ciclo de alta da Selic, que costuma penalizar os papéis do segmento, começou nesse período. Mas especialistas destacam que as estratégias das construtoras para mitigar os efeitos ruins dos juros altos em seus balanços vêm sendo bem sucedidas.

Para desafiar a tendência de queda das ações em ciclos de aperto monetário, empresas como Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3) estão controlando melhor os custos, acelerando o ritmo de lançamentos, reduzindo o endividamento e até pagando dividendos – algo incomum para os setores de crescimento, onde a expectativa é ter retorno via valorização da empresa, não distribuição dos lucros.

Há três meses, analistas mostraram ao InfoMoney quatro fatores que explicavam o otimismo com as ações das construtoras mesmo com a Selic alta. Agora, após os resultados do terceiro trimestre, eles respondem se a melhora na gestão dessas companhias as torna menos dependentes dos juros básicos e, consequentemente, mais seguras para alocações em tempos de Selic a 11,25%.
“Apesar das dificuldades macroeconômicas, como a alta da Selic e a inflação elevada, as construtoras têm se mostrado resilientes, conseguindo gerar lucro e aumentar a rentabilidade, o que sugere uma recuperação mais sustentável do setor”, diz Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos.

Já Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da Hike Capital, destaca que “algumas empresas estão adotando medidas para reduzir o endividamento, enquanto outras já operam com uma estrutura financeira sólida”. Ele lembra que mesmo os players que apresentaram leve aumento na Dívida Líquida/Ebitda, como Direcional e Cury, operam em níveis “baixos e gerenciáveis”, com relações de 0,3x e -0,4x no indicador, respectivamente.

Direcional (DIRR3): ações sobem 44% em 2024 – para o Itaú BBA, o rali não acabou

A “adaptação das empresas ao cenário de juros altos aliada a uma gestão financeira mais eficiente” explica os últimos balanços positivos, segundo Marcos Duarte, analista da Nova Futura Investimentos.

Sabendo que a Selic alta inibe o consumo e afeta a confiança de compradores que precisam de financiamento para adquirir seus imóveis, as construtoras seguiram dois caminhos principais. Na baixa renda, o foco está em acelerar os lançamentos em programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, onde as margens são mais baixas, mas a demanda não é tão impactada pela Selic, já que as taxas dos programas não são vinculadas aos juros básicos. Não à toa, a MRV, que teve aumento de 59,7% nos lançamentos nacionais no 3T24, passou a ser mais citada em reuniões de investidores, segundo relatório do Itaú BBA.

Construir no Rio e São Paulo é melhor do que ir para outros mercados, diz CEO da Cury

Já os segmentos de média e alta renda focaram em oferecer financiamento direto a clientes que já são menos dependentes de financiamento bancário com a intenção de reduzir a sensibilidade às variações dos juros, explica Gianluca Di Matina.

A distribuição de dividendos também animou os investidores e é, inclusive, critério de desempate entre Tenda e Direcional para o Bradesco BBI, que prefere a segunda após pagamento de R$ 0,46 por ação em dividendos em setembro.

Chinchila diz que o movimento “indica que as empresas estão em uma fase mais sólida financeiramente e com uma gestão mais eficiente”, mas pondera que a distribuição de lucros pode ser vista como “uma forma de atrair investidores em um setor tradicionalmente volátil”.

Efeito da Selic sumiu?

Embora reconheçam e elogiem os esforços das construtoras para melhorar as estruturas de capital e margens de lucro, os analistas deixam claro que o setor “ainda depende de fatores como estabilidade fiscal e taxa de juros”, segundo o head de research da Terra Investimentos. Para ele, as empresas estão mais eficientes, mas ainda devem ser avaliadas como sensíveis ao ciclo de juros.

Duarte, da Nova Futura, lembra que os esforços das companhias não mudam um fator essencial: o consumidor segue “completamente dependente da Selic para manter seu poder de compra”.

Em relatório, a Genial Investimentos diz que “os recentes aumentos nas taxas de juros imobiliários e aumento de restrições no montante financiável por bancos” colocam medo nos investidores, o que mostra que as empresas seguem consideravelmente expostas aos riscos macroeconômicos. A corretora diz que o setor “está esquecido” pelo mercado atualmente.

Portanto, não é possível esperar unanimidade na recomendação de ações do setor imobiliário enquanto o Brasil atravessa um ciclo de aperto monetário, como acontece em setores mais defensivos, como bancos, saneamento e energia. Duarte conclui que as estratégias ajudam a “navegar cenários adversos”, mas reduzem “parcialmente” a ciclicidade e “não eliminam a influência dos juros altos”.

O Estado de S.Paulo - SP   25/11/2024

As incorporadoras que atuam no Minha Casa Minha Vida (MCMV) apresentaram resultados bastante positivos no terceiro trimestre, confirmando o melhor momento do programa habitacional desde a sua criação, há 15 anos.

A temporada de balanços das empresas do segmento foi marcada pelo crescimento da receita e do lucro, resultados impulsionados pelo avanço na velocidade de vendas dos imóveis, subida de preços e expansão da margem de lucratividade - cenário que deve perdurar por mais alguns trimestres, de acordo com analistas.

A receita líquida consolidada totalizou R$ 6 bilhões no terceiro trimestre de 2024, uma alta de 31% em relação ao mesmo período de 2023. Já o lucro líquido consolidado foi de R$ 539 milhões, um salto de 143% na mesma base de comparação anual.

O aumento do lucro em um ritmo maior que o da receita se deve à diluição das despesas administrativas e comerciais, com melhora das margens de lucro, segundo as empresas.

O levantamento foi realizado pelo Estadão/Broadcast com os números das cinco incorporadoras do segmento econômico com ações listadas na Bolsa de Valores: Cury, Direcional, MRV, Plano & Plano e Tenda.

“Foi mais uma boa temporada para as empresas do setor imobiliário de baixa renda. As empresas estão em um momento muito positivo em termos de reconhecimento de receita e crescimento da rentabilidade”, disse a analista de construção civil do Santander, Fanny Oreng.

A razão para o bom desempenho se deve aos ajustes promovidos pelo governo no MCMV, que ampliaram o poder de compra da população, facilitando as vendas (veja mais detalhes abaixo). “Isso mostra que as condições do programa continuam muito favoráveis”, disse.

Para Oreng, os próximos trimestres continuarão sendo bons para as empresas, com espaço para subir mais um pouco os preços de venda e preservar as margens. Por outro lado, há uma preocupação crescente com o aumento nos custos de materiais e mão de obra, uma vez que a inflação setorial já superou a média da inflação geral. “O comportamento dos custos é um ponto de atenção. Muitas empresas operam com gordura no orçamento das obras, mas isso precisa ser acompanhado”, disse a analista do Santander.

O analista de construção do Citi, André Mazini, concorda que o avanço da inflação acende uma luz amarela no setor. Vale lembrar que, no MCMV, os clientes são repassados para o financiamento bancário logo após a compra do imóvel na planta, e não só após a entrega das chaves. Dessa forma, as empresas não recebem parcelas mensais reajustadas pela inflação.

“Isso é um ponto para se ficar super de olho. A última disparada da inflação, durante a pandemia, teve um efeito dramático para as empresas, com estouro nos custos e perda de margem”, lembrou Mazini. “Desde então, houve um aprendizado. As empresas não têm só a preocupação em vender rápido, mas também em ajustar preço e preservar margens.”

Para o ano que vem, Mazini espera que as incorporadoras mantenham lançamentos e vendas em níveis altos. Um ponto positivo foi a melhora no orçamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o MCMV. O orçamento para 2025 ficou em R$ 121 bilhões, estável na comparação com 2024. Entretanto, os recursos para financiamento de imóveis novos cresceram 12,5%, chegando a R$ 101 bilhões, enquanto o para usados diminuiu 35%, para R$ 20 bilhões (o restante pertence a linhas fora do programa).

“Dado que o orçamento é restrito, faz sentido destinar uma parte maior para financiar casa nova, que gera emprego e movimenta a economia”, avaliou Mazini. “Para as empresas, foi muito bom, porque garantiu um orçamento maior”.

Entre as empresas listadas na bolsa, os destaques da temporada foram Cury e Direcional, segundo os analistas do Santander e do Citi, que destacaram a capacidade das empresas combinarem elevação de vendas, receita, margens e geração de caixa. A MRV, por sua vez, viu as ações despencaram na bolsa porque ainda tem dificuldade de gerar caixa e baixar a dívida alta.

“A nossa performance está nos melhores patamares da história, mas ainda há chance de melhora”, disse Ricardo Ribeiro, presidente da Direcional, na conferência de apresentação de resultados, no início do mês. “Temos conseguido crescer ao mesmo tempo em que devolvemos capital para o acionista.”

Ajustes

Desde a metade de 2023, o governo federal aumentou o subsídio dado às famílias para aquisição de imóveis (de R$ 47,5 mil para R$ 55 mil), cortou os juros em 0,25 ponto porcentual para o financiamento das famílias de menor renda (para o patamar de 4% a 4,25% ao ano) e elevou o teto de preços dos imóveis de R$ 265 mil para até R$ 350 mil em todo o País, permitindo que mais moradias fossem enquadradas. Também houve expansão do prazo de financiamento de 30 para 35 anos.

Mais recentemente, foi cortada de 4% para 1% a alíquota do Regime Especial de Tributação (RET) para projetos da faixa 1 do MCMV, para famílias com renda de até R$ 2,6 mil, o que aumentou o apetite das construtoras neste segmento.

A cereja do bolo ficou por conta dos governos estaduais, que passaram a ofertar subsídios adicionais aos compradores de imóveis do MCMV. Isso tem funcionado como maneira de colocar para dentro do mercado as famílias de renda mais baixa.

Por exemplo: o programa Casa Paulista, de São Paulo, oferece subsídios entre R$ 11 mil e R$ 16 mil para aquisição de moradias do MCMV. Já o Morar Bem, de Pernambuco, aporta R$ 20 mil, assim como o Casa Fácil, do Paraná. Mais de uma dezena de Estados têm iniciativas do tipo.

O resultado foi um grande impulso nos lançamentos e nas vendas, conforme mostrou levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgado nesta semana. Os lançamentos dentro do MCMV no terceiro trimestre de 2024 somaram 47.525 unidades em todo o País, alta de 31,8% na comparação anual, enquanto as vendas atingiram 46.142 unidades, um salto de 46,9%.

NAVAL

IstoÉ Dinheiro - SP   25/11/2024

A APM Terminals Suape lança nesta sexta-feira sua pedra fundamental no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco. O evento marca o início da construção do terminal de contêineres que, com investimento de R$ 1,6 bilhão ainda na primeira fase, terá porte suficiente para disputar partes das rotas que hoje estão concentradas no Porto de Santos, o maior do País.

As obras preparatórias estavam em curso desde o início deste ano, período em que foram feitos os trabalhos de demolição das antigas edificações. Agora, a APM Terminals, que faz parte do grupo Maersk, está finalizando a escolha das empresas que serão responsáveis pela construção do cais, pátio e prédios. As operações de cargas no novo terminal devem ser iniciadas no segundo semestre de 2026.

A avaliação do diretor-presidente da APM Terminals Suape e Pecém, Daniel Rose, é de que, além de haver tendência natural de crescimento da demanda por movimentação de cargas nos próximos anos, já há déficit de capacidade nos portos brasileiros, o que aponta para uma quase natural busca pelos serviços que serão oferecidos no novo terminal. “Com o início das operações, ampliaremos a capacidade de movimentação de contêineres em 55%”, afirma Daniel Rose.

O diretor de investimentos para as Américas da APM Terminals, Leonardo Levy, diz que a operadora portuária considera o Nordeste estratégico e de enorme potencial para a logística do País. “O terminal vai ajudar o Nordeste como um todo a ser mais competitivo lá fora. E servirá para que os importadores e exportadores tenham mais opções. Quanto mais opções tiverem, quanto mais concorrência existir, melhor é para todos”, defende.

Entre os cenários projetados por Leonardo Levy está o de atrair rotas que saem da Europa e até mesmo da Ásia. “Poderá fazer sentido para algumas linhas de navegação em vez de irem para Santos, por exemplo, virem para Suape, desde que tenha um terminal com capacidade e eficiência”, explica.

Além de atender a navegação de longo curso, o terminal também se dedicará a se tornar atrativo para a cabotagem, que é a navegação entre os portos brasileiros.

O evento de lançamento da pedra fundamental conta com a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, do diretor-presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Marcio Guiot, do presidente da APM Terminals para a região das Américas, Leo Huisman, do presidente da Maersk para a Costa Leste da América Latina, Ricardo Rocha, entre outros líderes do setor, políticos e autoridades locais.

1º terminal 100% eletrificado

Conforme a APM Terminals, suas instalações em Suape formarão o primeiro terminal portuário 100% eletrificado da América Latina. Já foram investidos R$ 241 milhões em 28 equipamentos eletrificados, incluindo dois guindastes STS e sete RTGs com controle remoto. O maquinário escolhido é capaz de atender às novas gerações de navios do mercado.

A diferença em relação aos demais terminais está concentrada nos veículos que circulam dentro do terminal. Isso porque os guindastes da maioria dos portos já são elétricos. Já nas instalações da APM Terminals, também serão elétricos os caminhões, empilhadeiras e demais veículos.

“O custo de compra do maquinário totalmente elétrico é mais alto hoje em dia. Já o custo de manutenção a expectativa é de que seja menor. Então o custo de operação deve ficar também menor no longo prazo”, explica Daniel Rose.

O entendimento do grupo multinacional é de que há apelo de mercado pela adoção da infraestrutura eletrificada diante das metas internacionais de redução de emissões de gases poluentes.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   25/11/2024

Na última década, o gás natural foi mundialmente legitimado como o combustível da transição energética. No Brasil, entra ano sai ano e o gás natural não consegue exercer esse papel. A principal vantagem do gás está no fato de emitir menos carbono do que os demais combustíveis fósseis, 44% abaixo do carvão e 27% menos que o petróleo. Em termos estratégicos, há de considerar a geração de energia com gás natural como uma espécie de bateria para a energia eólica e solar, dada a intermitência dessas fontes e a melhora do gerenciamento dos reservatórios das hidrelétricas.

Segundo a U.S. Energy Information Administration (EIA), a substituição do carvão pelo gás natural na produção de energia elétrica nos EUA resultou em um corte estimado de 532 milhões de toneladas métricas de CO2 equivalente (tCO2e). Em 2021, o gás foi a ação de descarbonização mais significativa no País, com uma redução de emissões equivalente a mais que o dobro do aumento da geração por renováveis.

Apesar das diversas iniciativas, leis e programas, o Brasil permanece na contramão do mundo ao não conseguir emplacar políticas efetivas que aumentem a oferta e a redução no preço da molécula. Tivemos duas leis aprovadas pelo Congresso nos governos Dilma e Bolsonaro, com a promessa em ambos de redução do preço do gás e aumento da oferta, e o resultado foi exatamente ao contrário, e, mais ainda, tivemos redução na demanda. O curioso é que são dois governos com vieses diferentes, um mais pro Estado e o outro mais pro mercado.

Agora, o governo Lula busca impulsionar o mercado de gás com o Programa Gás para Empregar, propondo o aumento da oferta através da comercialização de gás da União pela PPSA e a publicação do Decreto n.º 12.153/2024, que traz como medida principal dar maior transparência no preço do gás desde o poço até o consumidor. O Congresso tenta, também, dar uma contribuição importante que seria incluir uma emenda no Paten (PL n.º 327/2021, em tramitação no Senado), objetivando reduzir o poder dominante da Petrobras na comercialização de gás.

Porém, a Petrobras trabalha para inviabilizar essa emenda. Essas medidas, se implantadas, são boas? Sim. Mas, se o objetivo no curto prazo for aumentar a oferta e termos gás competitivo, quatro políticas não podem ser adiadas e precisam ser implantadas com urgência. Dar total transparência ao que a Petrobras cobra para escoar e tratar o gás nas UPGNs; viabilizar o gás da PPSA; reduzir o poder dominante da Petrobras na comercialização de gás para algo como 40% a 50%, promovendo leilões de gás release; e dar licenças incentivando a exploração e produção de shale gas no Brasil.

Caso contrário, teremos mais do mesmo, a oferta não crescerá e o preço da molécula não cairá. E no Brasil o gás não será a energia da transição energética, e a indústria de fertilizantes no País só existirá com subsídios.

Valor - SP   25/11/2024

Magnatas que apoiaram Trump afirmam que o que realmente precisam é de ajuda para consolidar a demanda por seus produtos, e não para extrair mais

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, quer que as empresas de petróleo "perfurem, baby, perfurem" já no primeiro dia de sua presidência, mas seus apoiadores do setor de combustíveis fósseis têm uma agenda diferente.

Muitos dos magnatas que apoiaram a vitoriosa campanha do republicano afirmam que o que realmente precisam é de ajuda para consolidar a demanda por seus produtos — e não para extrair mais combustíveis fósseis, o que atualmente não oferece muito incentivo para eles.

Eles pressionam por políticas que garantam o uso contínuo de combustíveis fósseis, como a simplificação de permissões para gasodutos e terminais que levem esses combustíveis a novos mercados. Também apoiam a eliminação de políticas do governo Biden destinadas a colocar mais veículos elétricos nas ruas.

Sob a presidência de Joe Biden, as empresas que exploram o gás de xisto produziram quantidades recordes de petróleo e gás natural, impulsionadas pela recuperação dos preços do petróleo após o colapso durante a pandemia e pela alta decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, o setor enfrenta o início de uma mudança de longo prazo em direção à redução do uso de combustíveis fósseis, além de preocupações de que o consumo de gasolina já atingiu o pico nos EUA.

Trump deu aos doadores de campanha do setor do gás de xisto seu primeiro grande retorno sobre o investimento ao nomear Chris Wright, CEO da Liberty Energy e defensor do fraturamento hidráulico e dos combustíveis fósseis, para liderar o Departamento de Energia de seu governo.

Quando Dan Eberhart, CEO da empresa de serviços petrolíferos Canary, se encontrou com Trump durante um evento de arrecadação de fundos em Mar-a-Lago, na Flórida, neste verão, ele fez um pedido incomum. Eberhart pediu que Trump enfrentasse a Agência Internacional de Energia (AIE), o órgão que regula o setor energético mundial.

A agência prevê que a demanda global por petróleo atingirá seu pico até o final da década, o que gerou críticas de políticos republicanos, que a chamaram de "cheerleader da transição energética".

"Vocês precisam parar de agir como se os combustíveis fósseis fossem o diabo", disse Eberhart em entrevista, referindo-se à posição da AIE.

Um porta-voz da AIE afirmou que a agência permanece "focada em suas missões principais de segurança energética e transições energéticas, baseadas nos mandatos de seus governos membros".

Muitos dos apoiadores de Trump no setor de petróleo e gás natural defendem a flexibilização das regulamentações que regem a exploração. Entre as mudanças estão o fim de regras que visam as emissões de metano, a obtenção de novas permissões para fraturamento hidráulico em terras federais e o fim de normas de divulgação climática.

No entanto, alguns doadores se mostraram insatisfeitos ao ouvir Trump prometer que, sob seu governo, os produtores de petróleo bruto aumentariam significativamente a produção. Ele também prometeu reduzir os custos de energia dos americanos em 50% ou mais.

O ceticismo dos apoiadores do setor de petróleo decorre do fato de que Wall Street tem pressionado fraturadores endividados a pararem de queimar dinheiro e retornarem o capital aos acionistas por meio de recompras de ações e dividendos, em vez de reinvesti-lo na perfuração de mais poços.

"Nossas ações seriam completamente esmagadas se começássemos a aumentar nossa produção do jeito que Trump está falando", disse Bryan Sheffield, um empresário do setor de petróleo no Texas que contribuiu com mais de US$ 1 milhão para a última campanha de Trump.

Outro fator limitante para as empresas de xisto é a geologia. Os perfuradores estão ficando sem poços de alta qualidade, e muitos não têm capacidade para bombear mais petróleo do que já produzem.

IstoÉ Dinheiro - SP   25/11/2024

A Petrobras pretende perfurar 15 poços na Margem Equatorial brasileira no horizonte do plano quinquenal da companhia, divulgado na noite de quinta-feira, 21, e que será detalhado nesta sexta-feira, 22, pela diretoria da estatal. Já nas bacias do Sudeste serão mais 25 poços, ou 40% do total.

A área de exploração da companhia teve seu orçamento elevado para US$ 7,9 bilhões entre 2025-2029, para perfuração de 51 novos poços. De acordo com o Plano, 25 serão perfurados nas bacias do Sul e Sudeste; 15 na Margem Equatorial; e 11 em outras localidades.

Para isso, vai investir US$ 3,2 bilhões na exploração das bacias de Campos, Santos, Pelotas e Espírito Santo; US$ 3 bilhões na Margem Equatorial; e US$ 1,7 bilhão em outros locais, como Colômbia, São Tomé e Príncipe, África do Sul, Argentina e Bolívia, sendo essas duas últimas em campos terrestres.

De acordo com a Petrobras, duas descobertas na bacia Potiguar, na Margem Equatorial, estão e avaliação, e a empresa se diz pronta “para perfurar Amapá Águas Profundas”, como a empresa vem classificando a área da bacia da Foz do Amazonas, que ainda depende de licença ambiental para ser avaliada.

A estatal busca recompor suas reservas, já que os grandes reservatórios do pré-sal começam a entrar em declínio a partir de 2030, o que deve estar mais detalhado no próximo Plano Estratégico da companhia (2026-2030).

MPF

Nesta sexta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) do Amapá recomendou que o Ibama solicite complementações de estudos à estatal e, posteriormente, emita “decisão definitiva sobre o pedido de exploração de petróleo na foz do Amazonas (FZA-M-59)”, no Amapá, para a Petrobras.

Por outro lado, recomendou que a Petrobras cumpra as exigências da autarquia, destacando que já são conhecidas desde 2020 pela empresa, e que o processo vem se prolongando excessivamente.

Nas recomendações, o MPF frisa que o descumprimento das exigências legais do Ibama, pela Petrobras, e o prolongamento não razoável do processo administrativo, pela autarquia, configurariam ameaça de lesão ao meio ambiente.

“Nesse caso, o órgão pode ajuizar ação civil pública para anular procedimento ilegal. O cenário pode ser afastado se acatadas as recomendações, o que demonstraria, da parte da Petrobras, obediência à lei e, do Ibama, comprometimento com a Administração Pública e com seu poder de polícia ambiental”, afirmou o MPF em nota nesta sexta-feira, 22.

EPE

Estudo inédito da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresentado na quinta-feira no Ministério de Minas e Energia (MME), mostra que o volume total de óleo recuperável é da ordem de 10 bilhões de barris de óleo equivalente. No Brasil não se perfura um poço nessa bacia desde 2011, destacou a EPE.

Apenas com a exploração da parte noroeste da bacia da Foz, as reservas brasileiras poderiam subir em 30%, informou a EPE. Ao todo, são 17,7 bilhões de boed in place, dos quais 5,1 bilhões de óleo recuperável, e 167 bilhões de metros cúbicos de gás recuperáveis, considerando uma taxa de gás associado de 17%.

Infomoney - SP   25/11/2024

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a US$ 9 nos próximos 12 meses com a grande oferta mundial da commodity, sobretudo de países que não são membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), e problemas de demanda devido a incertezas econômicas na China e Europa. Essa questões podem se agravar caso o novo governo Donald Trump nos Estados Unidos adote tarifas sobre importados da nação asiática e do velho continente.

Para especialistas internacionais entrevistados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) tal perspectiva é viável porque não avaliam que ocorrerá um agravamento dos conflitos militares no Oriente Médio, principalmente entre Israel e Irã.

Os esforços dos membros da Opep com cortes voluntários da produção de petróleo neste ano geraram reduções de estoques e pressões de alta dos preços, o que deve levar em 2024 a um déficit de 310 mil barris diários da oferta ante a demanda global da commodity, estima o banco HSBC. Mas essa situação deve se reverter em 2025, com um superávit de 500 mil barris diários do fornecimento do combustível ante a demanda, pois atingirão 104,4 milhões e 103,9 milhões de barris diários, respectivamente. “O preço médio do barril do Brent deve cair de US$ 79 em 2024 para US$ 70 no ano que vem”, disse Kim Fustier, chefe de pesquisas na Europa para petróleo e gás do HSBC.
Há uma grande expansão da oferta do petróleo por países que não participam da Opep, especialmente dos EUA, Brasil e Guiana. Por outro lado, a demanda mundial da commodity enfrenta vários obstáculos macroeconômicos, sobretudo na China, com a profunda crise do setor imobiliário que reduz o consumo e exerce uma força desinflacionária no país. O crescimento modesto da Europa também é outro problema para o aumento do consumo de petróleo.

“A China foi o principal motor de expansão da demanda mundial de petróleo neste século, mas ela está em uma diferente era, pois atingiu o pico o seu consumo de gasolina e de diesel”, comentou Jim Burkhard, vice-presidente da S&P Global Commodity Insights. “Isto ocorreu por causa de dificuldades para a expansão do seu produto interno bruto e também devido à eletrificação do transporte no país, o que se tornou uma questão ambiental e de segurança energética. Cerca de 50% das vendas de carros novos na China são de veículos elétricos.”

Petróleo sobe 1% para máxima de 2 semanas com intensificação da guerra na Ucrânia

Tarifas

A possível adoção de tarifas sobre importados da China e União Europeia pelo novo governo Trump eleva os temores de que pode ser deflagrada uma guerra comercial que amplie a inflação nos Estados Unidos e zona do euro. Em tais circunstâncias, o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE) podem retomar a alta de juros, o que tende a desacelerar a demanda agregada nos EUA, Europa e em nível mundial.

Este quadro econômico pode reduzir ainda mais o preço do Brent no próximo ano. “Poderão ser implementadas pelos EUA elevadas tarifas sobre importados da China e um patamar médio de tarifas de 25% a 30% para outras partes do mundo, o que elevaria a cotação do barril do petróleo para uma marca inferior a US$ 60”, afirmou Vikas Dwivedi, estrategista global de energia do Macquarie.

A resposta da Opep a uma eventual queda firme dos preços do petróleo em 2025 poderá ser continuar por todo o próximo ano com os cortes voluntários da produção pelos países membros. O cartel anunciou em junho que aumentaria a produção da commodity em 2,2 milhões de barris por dia em um horizonte de 1 ano, o que foi adiado.

A Opep enfrenta a necessidade de equilibrar condições estruturais difíceis para o mercado de petróleo, como a demanda mais fraca que a oferta, e as pressões de investidores em países membros para produzir a commodity e gerar receitas, o que ganha maior apelo devido à transição energética mundial para a emissão neutra de carbono em 2050.

Há um foco especial de especialistas internacionais sobre como o governo Trump lidará com as exportações de petróleo do Irã, próximas a 1,6 milhão de barris diários. Embora exista a expectativa de que a futura administração adotará firmes sanções comerciais contra o governo de Teerã para reduzir seu poder sobre o Hezbollah, Hamas e Houthis, na prática as ações de Washington poderão ter impactos limitados para coibir tais vendas do combustível.

“Pouco mais de 95% das exportações de petróleo do Irã são direcionados a um único país, a China, especialmente para refinarias independentes que tendem a atuar fora do sistema do dólar”, disse Kim Fustier, do HSBC. “São muito pequenas as chances de que os EUA serão bem sucedidos ao aplicar pressão sobre estas entidades.”

Por outro lado, há amplo ceticismo de que Donald Trump conseguirá elevar a produção de petróleo nos EUA no curto prazo a ponto de baixar bem seus preços globais, como prometeu durante a campanha eleitoral. “Companhias de petróleo realizam investimentos com base no preço subjacente da commodity, algo que qualquer presidente americano de qualquer partido não pode influenciar”, disse Joel Hancock, analista de petróleo do Natixis. “A administração pode afrouxar regulações ambientais e facilitar a extração em terras federais. Qualquer impacto significativo à produção apenas ocorrerá em 3 ou 4 anos.”

Jota - DF   25/11/2024

O Ministério Público Federal no Estado do Amapá (MPF-AP) afirmou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que a Petrobras optou por descumprir seu dever sobre as condições mínimas necessárias para a emissão da licença para exploração de petróleo na Foz do Amazonas no Amapá. O MPF expressou ainda preocupação com o tempo que o Ibama tem levado para emitir uma decisão definitiva sobre o caso. O processo já dura mais de dez anos.

As considerações foram enviadas ao Ibama em dois pareceres, que versam sobre o pedido de exploração de petróleo na Foz do Amazonas, área ambiental sensível em região conhecida como Margem Equatorial. Confira as recomendações à autarquia e à empresa.
Conheça o monitoramento nos Três Poderes sobre os principais assuntos do setor de energia feito pela solução corporativa do JOTA PRO Energia

O MPF deu prazo de 15 dias para que a empresa e a autarquia manifestem se cumprirão ou não as recomendações dos pareceres, do contrário podem incorrer a ameaça de lesão ao meio ambiente e ser ajuizada uma ação civil pública para anular o atual processo de licenciamento. O JOTA entrou em contato com o Petrobras e com o Ibama e questionou se irão se manifestar sobre o pedido, mas não obteve resposta da empresa até a publicação dessa reportagem.
Descumprimento de dever

De acordo com o parecer do MPF, há insuficiência nas propostas feitas pela estatal para a concessão da licença. Segundo o órgão, a Petrobras sabia quais eram as exigências desde 2020, quando assumiu a titularidade do processo de licenciamento ambiental, mas optou pelo não cumprimento adequado.

Os engenheiros da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise da Procuradoria-Geral da República (SPPA-PGR) indicaram um conjunto de pontos insuficientes para a concessão da licença pretendida pela Petrobras, que se referem à própria viabilidade do Plano de Emergência Individual (PEI), sobretudo quanto à possível descontinuidade e consequente comprometimento da resposta de emergência, afirma o procurador da República João Pedro Becker Santos.

É evidente que a Petrobras sempre soube as condições mínimas necessárias para a emissão da licença no presente caso e tem plena capacidade financeira, estrutural e técnica para atendê-las, mas optou por descumprir seu dever e por concentrar seus esforços em remendos documentais e em atalhos escusos, escreve o procurador em outro ponto do parecer.

Ainda, segundo ele, a empresa tentou descredibilizar o Ibama, além de burlar e acelerar o processo de licenciamento, por meio de pressão política e da mídia.

O MPF solicitou à presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o pleno cumprimento do termo de referência do Ibama de 2014 (CGPEG/DILIC/IBAMA 23/2014) que estabelece diretrizes e critérios específicos para a exploração e estudo dos impactos na Bacia da Foz do Amazonas. Além disso, demandou correções no plano de emergência da empresa, revisão da modelagem de dispersão de derramamento de óleo e maior robustez do plano de proteção à fauna.
Prolongamento do cronograma

Ao Ibama, o MPF recomendou maior proatividade para garantir o cumprimento adequado dos procedimentos legais. Depois da Petrobras apresentar as informações complementares solicitadas, o órgão recomenda que o Ibama decida definitivamente sobre o pedido de reconsideração do indeferimento da licença para perfuração marinha feito pela empresa.

Sugeriu também que o Ibama demande à Petrobras um conjunto final de estudos complementares, abordando todas as preocupações pendentes descritas nos pareceres técnicos já elaborados pelo Ibama sobre o caso.

Os pareceres destacam ainda que a exploração de petróleo no Amapá pode beneficiar a população local, desde que feita adequadamente. Caso contrário, há o risco de repetição do que já se observou em grandes empreendimentos anteriores no Amapá: licenciamentos apressados, com estudos ambientais superficiais, resultantes em diversos danos socioeconômicos até então desconhecidos e ora majoritariamente irreversíveis, diz o procurador João Pedro Becker Santos.
Margem Equatorial

A Margem Equatorial é considerada a última grande fronteira exploratória no Brasil. Se estende desde a foz do rio Oiapoque, na fronteira entre Amapá e Guiana, ao litoral norte do Rio Grande do Norte, na bacia Potiguar. Segundo a Petrobras, a região tem potencial de garantir a segurança energética do país após um esgotamento das reservas do pré-sal.

A área, no entanto, abrange, regiões ambientalmente sensíveis, como as bacias hidrográficas da Foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão e Barreirinhas. Além disso, possui uma grande biodiversidade, ainda não completamente conhecida. A exploração da área divide opiniões devido aos temores e incertezas quanto a eventuais consequências.

Infomoney - SP   25/11/2024

Os preços do petróleo subiram cerca de 1% nesta sexta-feira, atingindo uma máxima de duas semanas, à medida que a intensificação da guerra na Ucrânia nesta semana aumentou o prêmio de risco geopolítico do mercado.

Os futuros do petróleo Brent subiram 0,94 dólar, ou 1,3%, a 75,17 dólares o barril. O petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos Estados Unidos subiu 1,14 dólar, ou 1,6%, a 71,24 dólares.

Ambas as referências do petróleo subiram cerca de 6% na semana, seus maiores fechamentos desde 7 de novembro, quando Moscou intensificou sua ofensiva na Ucrânia depois que Reino Unido e EUA permitiram que Kiev atacasse mais profundamente a Rússia com seus mísseis.
“A escalada Rússia-Ucrânia elevou as tensões geopolíticas além dos níveis vistos durante o conflito de um ano entre Israel e militantes apoiados pelo Irã”, disse o analista do Saxo Bank, Ole Hansen.

O presidente Vladimir Putin disse que a Rússia continuaria testando seu novo míssil hipersônico Oreshnik em combate e tinha um estoque pronto para uso. A Rússia disparou o míssil na Ucrânia, motivada pelo uso de mísseis balísticos dos EUA e mísseis de cruzeiro britânicos pela Ucrânia para atingir a Rússia.

Globo Online - RJ   25/11/2024

Num mundo em transformação, é essencial que nossas estratégias de desenvolvimento contemplem geração de riqueza e ações em prol de um planeta mais limpo. É com esse espírito que a Petrobras apresenta seu Plano de Negócios 2025-2029 e seu Plano Estratégico 2050, os primeiros desde que recebi a imensa responsabilidade de liderar a maior empresa do Brasil. Para pensar na empresa rumo a 2050, em sintonia com os compromissos brasileiros com o clima, retomamos a elaboração de um plano estratégico, que traça nossa trajetória como líder na transição energética justa, reduz as emissões e aumenta o papel das energias renováveis.

Pavimentando o caminho para esse futuro, o Plano de Negócios 2025-2029 traz investimentos totais de US$ 111 bilhões. São investimentos com alto retorno, aprovados com sólida governança e fundamentais para a segurança energética do país, que gerarão os recursos necessários para financiar uma transição energética justa. É perfeitamente possível conciliar a transição energética justa com a exploração responsável de óleo e gás. É perfeitamente possível a Petrobras liderar essa transição.

Temos confiança na viabilidade dessa interação. Afinal, atuamos há 71 anos aliando produção de energia e respeito ao meio ambiente. Atuamos na preservação dos biomas brasileiros: Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pampa. Investimos também na preservação da fauna. Quem não ouviu falar de investimentos da Petrobras que salvaram tartarugas e baleias-jubarte de extinção?

Nesse plano, prevemos investimentos de R$ 1,5 bilhão em projetos sociais e ambientais. Temos o compromisso de proporcionar retorno à sociedade de, no mínimo, 150% do valor investido em projetos até 2030. Também investiremos US$ 16,3 bilhões para descarbonizar operações e diversificar nosso portfólio com a nova geração de bioprodutos. Esse valor representa 15% dos investimentos totais, crescimento de 42% em relação ao plano anterior.

No refino, investiremos US$ 15,2 bilhões, com foco em produtos de alta qualidade e baixas emissões. Com o biorrefino, produzimos combustíveis com insumos renováveis, tais como gorduras animais e óleos vegetais. Nossos investimentos garantirão a vocação renovável da matriz energética brasileira. Em função deles, o Brasil contará com mais bioprodutos, como diesel renovável, BioQAV, hidrogênio verde e biometano. Também atuaremos na produção de biodiesel e etanol.

Na exploração e produção de petróleo e gás, em atendimento à demanda prevista em todos os cenários do Acordo de Paris, investiremos no pré e no pós-sal, buscando a reposição de reservas também em novas fronteiras, tanto no Brasil quanto no exterior. Tais investimentos são essenciais para garantir a segurança energética do país, além de gerar recursos para financiar a transição energética justa.

Com US$ 77,3 bilhões previstos para exploração e produção, dez novas plataformas entrarão em operação até 2029, quase metade da entrada de sistemas de grande porte do mundo. O plano também foca em ativos maduros, na busca pela maior disponibilidade de gás natural e na reposição de reservas. Nosso plano tem o potencial de gerar 315 mil empregos diretos e indiretos no Brasil e de retornar US$ 254 bilhões em tributos em cinco anos, o que impactará positivamente as cadeias produtivas nacionais.

Para 2050, me orgulho em dizer que nossa produção de energia crescerá mais limpa, assim como a do Brasil, reforçando a importância da Petrobras no desenvolvimento sustentável do país.

Valor - SP   25/11/2024

“Vamos desenvolver projetos que garantam retorno positivo aos acionistas, sejam governamentais ou privados”, afirma Magda Chambriard

Petróleo e gás natural continuarão a ser o foco da Petrobras nos próximos cinco anos, disse, nesta sexta-feira (22), a presidente da companhia, Magda Chambriard. Segundo ela, em entrevista coletiva para apresentar o plano estratégico 2025-2029, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o planejamento está “em sintonia” com as métricas previstas pelo Acordo de Paris, que prevê limitação da elevação da temperatura do planeta em 1,5ºC em relação ao período pré-industrial.

A companhia tem sido questionada sobre se os projetos de transição energética da companhia dão lucro, segundo ela. A resposta, afirmou, é que os projetos da Petrobras vão “construir valor com rentabilidade”, mantendo o foco em petróleo e gás natural.

Para os próximos cinco anos, a empresa projeta investimentos da ordem de US$ 111 bilhões, sendo US$ 77,3 bilhões destinados para projetos de exploração e produção.

Ela projeta ainda que os investimentos previstos pelo plano estratégico vão gerar 315 mil empregos e US$ 254 bilhões de dólares em investimentos. “É um impacto imenso da nossa atividade”, disse a executiva.

Chambriard prosseguiu: “Vamos desenvolver projetos que garantam retorno positivo aos acionistas, sejam governamentais ou privados.”

Projetos socioambientais e esportes

A presidente da Petrobras disse, ainda, que a empresa vai investir, nos próximos quatro anos, R$ 1,5 bilhão em apoio voluntário a projetos sociais e ambientais.

“Nosso retorno [à sociedade] virá de investimentos em meio ambiente, cultura e esporte”, disse ela. Chambriard afirmou que a empresa será, em breve, os maiores patrocinadores do futebol feminino.

A executiva salientou que os projetos previstos pelo plano estratégico são “construídos” com “sólida governança de aprovação”. Ela reiterou que os investimentos previstos para os próximos cinco anos vão gerar US$ 254 bilhões em tributos, o que significa que, para cada real investido no país, a empresa vai gerar “mais que o dobro” em impostos.

"Vamos colocar mais gás no mercado"

Chambriard disse que a empresa vai colocar mais gás natural no mercado. Segundo ela, a Petrobras vai buscar mais mercado para o insumo, dentro de uma lógica de aumento de oferta e redução de preços.

Nesse aspecto, afirmou, projetos de petroquímica e de produção de fertilizantes previstos pelo plano estratégico vão ajudar a aumentar o mercado, por terem sinergia com a produção de petróleo e gás.

Empresa não quer “empilhar caixa”

O diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse que a empresa não quer “empilhar caixa” e que, num cenário base, há sobra que permite uso para pagamento de dividendos extraordinários ou a realização de investimentos não esperados.

No plano estratégico 2025-2029, o caixa mínimo de referência adotado é de US$ 6 bilhões, contra US$ 8 bilhões do plano anterior. Segundo Melgarejo, que participa de entrevista coletiva para apresentar os detalhes do plano estratégico 2025-2029, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o piso foi reduzido para dar mais flexibilidade à companhia.

"Petrobras caminha para ser líder em etanol"

O diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, disse, também na coletiva sobre o plano estratégico, na Firjan, que a empresa está partindo para ser líder no mercado de etanol, no qual chegou a atuar a partir da década de 1970 e do qual saiu há alguns anos.

Segundo ele, a petroleira vai investir US$ 2,2 bilhões nos próximos cinco anos em projetos de etanol e já começou a buscar parcerias e a sondar o mercado.

Tolmasquim explicou que o plano de longo prazo da Petrobras, com horizonte até 2050, prevê uma redução da participação da matriz energética, e a empresa “quer continuar grande” no mercado de combustíveis. “Como fazer isso com a perda de mercado da gasolina? É entrando no mercado de nossos competidores, que é o etanol. A ideia não é partir do zero para sermos grandes”, disse ele.

Tolmasquim não descarta que a empresa entre na produção do etanol de milho, que tem evoluído de forma expressiva nos últimos anos no país, disse que está conversando com grandes produtores para a criação de uma nova empresa e salientou que a formação de eventuais parcerias “não deve demorar”. Porém, a empresa vai seguir os trâmites de governança para os novos projetos.

Recentemente, a Petrobras retirou a subsidiária de biocombustíveis (PBio) do plano de desinvestimentos.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou que o plano estratégico apresentou um aumento de 42% nos investimentos em projetos de transição energética e descarbonização, em relação ao plano atual – subindo de US$ 11,5 bilhões (2024-2028) para US$ 16,5 bilhões (2025-2029). Só que o foco, segundo ela, passou a ser a “molécula”, ou seja, a produção de biocombustíveis, em relação ao “elétron”, que envolve a geração de energia elétrica.

Tolmasquim ressaltou, porém, que a empresa reduziu em 0,5 gigawatt (GW) a capacidade instalada a ser implantada em cinco anos, passando de 5 GW no plano atual para 4,5 GW no plano 2025-2029.

Já o diretor financeiro e de relações com investidores, Fernando Melgarejo, disse que a distribuição de dividendos é “robusta” e não inviabiliza o planejamento da companhia.

Tolmasquim: produção de etanol pode chegar a 2 bilhões de litro por ano

Mauricio Tolmasquim estima que a companhia alcance a produção de 2 bilhões de litros de etanol por ano. Atualmente, a Petrobras não produz mais etanol.

“Eu diria, mais ou menos, uns dois bilhões de litros por ano. Essa é uma possibilidade, mas não tem estudo, não tem meta. Poderia, eventualmente, chegar a isso”, disse Tolmasquim a jornalistas, após participar de entrevista coletiva sobre o plano estratégico da companhia.

A companhia tem buscado parceiros para executar a volta à produção de etanol e criar uma joint venture.

RODOVIÁRIO

Diário do Aço - MG   25/11/2024

O trecho da BR-458, entre Ipatinga e o trevo da BR-116, em Inhapim, deverá receber mais de R$ 30 milhões em investimentos por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A informação foi antecipada pela Rádio Itatiaia Vale do Aço e confirmada pelo Diário do Aço, junto à autarquia federal.

O contrato de serviço que deve ser assinado nos próximos dias, e que terá vigência de dois anos, prevê a execução de serviços “de recapeamento, tapa-buracos, manutenção dos dispositivos de drenagem e sinalização”.

A previsão é que os trabalhos comecem a ser executados ainda neste mês de novembro. No entanto, por se tratar de um período chuvoso, as obras que demandam mais tempo, como troca de piso asfáltico, só devem começar no ano que vem.

O contrato firmado será do tipo Plano Anual de Trabalho e Orçamento (PATO), com a execução de serviços de manutenção e para conservação e recuperação. Vale ressaltar que nos últimos anos a rodovia já passou por recuperação de trechos atingidos por deslizamentos de terra em Ipaba e Iapu, além da correção de duas crateras que colocavam em risco a segurança de quem passava pelo local, uma perto do Posto Beira Rio, na saída do loteamento Parques do Vale para Ipaba e outra perto do trevo de Bugre, em Iapu.

Globo Online - RJ   25/11/2024

Trafegar pelas rodovias brasileiras costuma ser uma aventura, como se depreende dos números da mais recente pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), divulgada na semana passada. Segundo o levantamento, que avaliou mais de 111 mil quilômetros pavimentados da malha rodoviária brasileira, a maior parte (40,4%) está em estado apenas regular em termos de pavimentação, sinalização e traçado. As ótimas ou boas não passam de 33%. As ruins ou péssimas chegam a 26,6%.

Embora tenham sido constatadas melhorias em relação a 2023, elas não foram significativas. Entre os dados positivos, está a redução dos pontos críticos em 7,6% (de 2.648 para 2.446). São menos buracos, pontes caídas, quedas de barreira e erosões na pista. Mas, em relação ao estado geral, a situação é praticamente a mesma.

Mais uma vez, chama a atenção a discrepância entre as rodovias administradas pelo Estado e pela iniciativa privada. Em relação a estas últimas, 41,7% foram classificadas como boas e 21,4% como ótimas. Apenas 5,7% como ruins e 0,4% como péssimas. As regulares somaram 30,8%. Entre as estradas administradas pelo poder público, em contraste, as ruins ou péssimas representaram 33,6%, quase o sêxtuplo. Apenas 22,7% se enquadraram na categoria boa ou ótima. A maior parte (43,7%) foi avaliada como regular. Das dez melhores rodovias, nove são privadas.

Os dados são eloquentes. O melhor caminho para melhorar as estradas brasileiras é concedê-las à iniciativa privada. A CNT estima que o investimento necessário para reconstruir, restaurar e manter a malha rodoviária esteja em torno de R$ 100 bilhões. O governo não dispõe desses recursos. É claro que nem todas as rodovias do país são lucrativas, mas muitas podem ser concedidas. Em abril do ano passado, o governo Lula, em geral resistente a privatizações, anunciou um programa para conceder 5 mil quilômetros da malha federal com o objetivo de aumentar investimentos no setor. Espera-se que o plano seja cumprido.

Não basta simplesmente conceder as rodovias. É preciso fiscalizar para que os compromissos pactuados sejam cumpridos. Há concessionárias que, sob os mais variados pretextos, deixaram de implantar serviços ou abandonaram obras que já deveriam ter sido concluídas. Nesses casos, o governo deve relicitá-las. Os motoristas pagam pedágio e têm direito a usufruir estradas bem pavimentadas, sinalizadas, com serviços decentes.

Melhorar a qualidade das estradas não é questão irrelevante. Pelas rodovias brasileiras, circulam 65% da carga e 95% dos passageiros transportados. O custo das passagens aéreas pôs mais carros e ônibus nas pistas. A economia aquecida tem levado mais veículos pesados ao asfalto. É preciso preparar a infraestrutura para absorver esses impactos. Uma rodovia bem cuidada significa economia de tempo, de combustível e, sobretudo, mais segurança para motoristas e passageiros. Não é pouco.

AGRÍCOLA

O Estado de S.Paulo - SP   25/11/2024

A Cooperativa Agrária Agroindustrial substituirá a caldeira da sua indústria de óleo, em Guarapuava (PR), por uma alternativa mais moderna e sustentável. Em vez de lenha, como ocorre hoje, a nova caldeira será abastecida por cavacos e resíduos agroindustriais. Na prática, utilizará material para gerar energia mais limpa e barata. A mudança se tornará possível com o financiamento de R$ 44,6 milhões aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Fundo Clima.

“Esse projeto é um exemplo dos objetivos do Fundo Clima: ser um instrumento importante de investimentos que visem a descarbonização, a transição energética e o desenvolvimento da bioeconomia no País, em alinhamento às diretrizes da nova política industrial”, diz o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

O potencial de uso do Fundo Clima como instrumento de combate às mudanças climáticas foi incrementado em abril, quando o BNDES e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima anunciaram a transferência de R$ 10,4 bilhões ao Fundo. Até 2023, o orçamento era de R$ 2,9 bilhões.

Redução de custos

Com 30 anos de uso, a atual caldeira da Cooperativa Agrária Agroindustrial não foi projetada para consumir resíduos de cereais, recurso amplamente disponível na própria unidade. Com a substituição, a perspectiva é queimar todo resíduo cereal produzido ali, o que corresponde a cerca de 5 mil toneladas por ano. Até então, essa matéria-prima vinha sendo destinada à caldeira da maltaria da cooperativa em outra unidade na mesma região.

A substituição da caldeira reduzirá o custo de frete e da tonelada de vapor. Além das vantagens financeiras, há ganhos em sustentabilidade. Com a modernização para maior eficiência energética e redução de custos operacionais, a cooperativa deve deixar de emitir 582 toneladas de CO2 por ano. Esse volume corresponde ao plantio de cerca de 3.800 árvores[FN1] .

O financiamento do BNDES também contempla a instalação de silos para armazenamento de 500 toneladas de resíduos finos de cereais, além da implantação de sistema de recepção, moagem e armazenagem. A previsão é de que as obras estejam concluídas até o final de novembro de 2026.

Com produção de 932 mil toneladas de grãos no ano passado, a Cooperativa Agrária Agroindustrial é formada por 728 cooperados e cerca de 1.900 colaboradores, que atuam no recebimento, industrialização e comercialização de produtos agropecuários. As principais culturas do grupo são a soja, o milho, o trigo e a cevada, com matriz energética predominantemente composta por fontes renováveis.

Transição energética

Os projetos de transição energética apoiados pelo BNDES totalizam R$ 45 bilhões desde 2007, o que viabilizou o aumento da produção anual de etanol em mais de 10 bilhões de litros (um terço da produção atual do Brasil) e 4 mil MW adicionais em capacidade de geração elétrica (2% da atual capacidade total do País).

Entre os projetos aprovados recentemente está o financiamento, de R$ 500 milhões, para a implantação de uma usina de produção de etanol à base de milho em Canarana (MT), projeto da Alvorada Bioenergia, do Grupo Agrícola Alvorada. A nova unidade terá capacidade anual estimada de até 222 mil m³ de etanol, 147 mil toneladas de grãos secos de destilaria (DDGs – Dried Distillers Grains, em inglês) e 8 mil toneladas de óleo bruto.

A nova usina será o primeiro empreendimento industrial de grande porte localizado no entorno da BR-158, em uma região que hoje se caracteriza por ter a pecuária de gado bovino como principal atividade econômica. Além de garantir uma demanda constante pelo milho armazenado e comercializado pela Alvorada, a planta resultará na geração de 300 empregos diretos e indiretos.

Com a mesma composição química e desempenho equivalente ao produto feito a partir da cana-de-açúcar, o etanol de cereais apresenta amplas perspectivas de expansão. “O etanol de milho encontrou condições ideais para o seu desenvolvimento no Brasil, sobretudo na região Centro-Oeste. A elevada disponibilidade do chamado DDG, que é usado na produção de proteína animal são fatores que têm viabilizado o rápido crescimento do etanol de milho no Brasil”, diz Mauro Mattoso, chefe do Departamento do Complexo Agroalimentar e de Biocombustíveis do BNDES.

Investir no etanol de cereais significa agregar valor aos grãos produzidos no Brasil, que deixam de ser exportados in natura e passam a ser processados internamente – o que envolve, também, geração de empregos. Como benefícios correlatos, há o aumento da produção de ração para animais, o que poderá diminuir o uso de grandes áreas para pastagem, elevando a produção agrícola nacional sem a necessidade de abertura de novos espaços para a agricultura.

Outra vantagem significativa do etanol de milho é a perspectiva de ser produzido o ano todo – já que, diferente da cana, o milho pode ser estocado. Espera-se que, com o aumento da participação do etanol de milho, haja menor variação do preço do etanol.

De acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a oferta de etanol do Brasil deve atingir cerca de 50 bilhões de litros em 2034, dos quais aproximadamente 15 bilhões virão do milho e o restante da cana-de-açúcar. “As duas matérias-primas serão importantes para garantir o abastecimento doméstico e aproveitar oportunidades de exportações, incluindo novos usos para o etanol, como na aviação e na navegação”, analisa Mattoso.

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