Clipping Diário

15 | Janeiro | 2025

ECONOMIA

Infomoney - SP   15/01/2025

O crescimento econômico da China deve desacelerar para 4,5% em 2025 e esfriar ainda mais para 4,2% em 2026, segundo pesquisa da Reuters, com as autoridades a caminho de implementar novas medidas de estímulo para amenizar o impacto dos iminentes aumentos de tarifas de importação pelos Estados Unidos.

O Produto Interno Bruto (PIB) provavelmente cresceu 4,9% em 2024 – bem próximo da meta anual do governo de cerca de 5%, impulsionado por medidas de estímulo e fortes exportações, de acordo com a mediana das previsões de 64 economistas consultados pela Reuters.

No entanto, a segunda maior economia do mundo enfrenta tensões comerciais crescentes com os EUA, uma vez que o presidente eleito Donald Trump, que tem prometido tarifas pesadas sobre os produtos chineses, retornará à Casa Branca na próxima semana.

“Os possíveis aumentos das tarifas pelos EUA são o maior obstáculo para o crescimento da China este ano e podem afetar as exportações, o investimento das empresas e o consumo das famílias”, disseram analistas do UBS em nota.

“Prevemos (também) que a atividade imobiliária continuará recuando em 2025, embora com um impacto menor sobre o crescimento.”

É provável que o crescimento tenha melhorado para 5,0% no quarto trimestre em relação ao ano anterior, acelerando em relação ao ritmo de 4,6% do terceiro trimestre, à medida que uma enxurrada de medidas de apoio começou a entrar em vigor, mostrou a pesquisa.

Em termos trimestrais, a previsão é de que a economia cresça 1,6% no quarto trimestre, em comparação com 0,9% entre julho e setembro, de acordo com o levantamento.

O governo divulgará os dados do PIB do quarto trimestre e do ano inteiro, junto dos números para a atividade de dezembro, na quinta-feira.

Analistas esperam que mais estímulos sejam apresentando este ano, mas dizem que o escopo e o tamanho das ações podem depender da velocidade e da agressividade com que Trump implementa as tarifas ou outras medidas.

Infomoney - SP   15/01/2025

O otimismo das pequenas empresas nos EUA continuou sua alta em dezembro, alcançando o nível mais alto desde outubro de 2018, impulsionado pelas expectativas de políticas favoráveis sob a presidência do eleito Donald Trump.

O índice de otimismo da Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB) subiu 3,4 pontos no mês passado, atingindo 105,1, após o maior aumento mensal já registrado em novembro. Sete dos 10 componentes do índice melhoraram, liderados por um salto de 16 pontos na proporção líquida de empresas que esperam melhores condições de negócios — levando essa medida ao nível mais alto em dados mensais desde 2002.

Enquanto isso, o indicador de incerteza do grupo caiu mais 12 pontos — o que representa a maior queda consecutiva registrada — dada a maior clareza sobre o caminho econômico após a eleição presidencial e a vitória dos republicanos no Congresso.
“O otimismo nas pequenas empresas continua a crescer com a perspectiva econômica melhorada após a eleição”, disse Bill Dunkelberg, economista-chefe da NFIB, em um comunicado. “Os proprietários de pequenas empresas se sentem mais certos e esperançosos em relação à agenda econômica da nova administração.”

As expectativas de vendas também se fortaleceram: a proporção de entrevistados que antecipam vendas mais altas subiu 8 pontos, atingindo o nível mais alto desde janeiro de 2020. As empresas também estavam mais dispostas a expandir devido ao clima político.

Embora os proprietários ainda considerem a inflação como seu problema mais importante, as recentes mudanças de preços e as planejadas parecem estar se estabilizando em níveis um tanto elevados. Os dados do governo que devem ser divulgados na quarta-feira devem mostrar que os preços ao consumidor, excluindo alimentos e energia, continuaram a crescer em um ritmo firme em dezembro, ressaltando a preferência do Federal Reserve em manter as taxas de juros inalteradas por enquanto.

As questões relacionadas à qualidade da mão de obra também estão se estabilizando, especialmente em relação à dificuldade das empresas em encontrar candidatos qualificados e à incapacidade de preencher vagas abertas.

A proporção de empresas que esperam condições de crédito mais difíceis nos próximos três meses caiu para a menor proporção desde fevereiro de 2020. No entanto, o aumento nos rendimentos dos títulos no início de 2025 pode desafiar essa noção na pesquisa do próximo mês.

As conclusões da pesquisa da NFIB foram baseadas em 513 respostas de uma amostra de 5.000 proprietários — colocando a taxa de resposta em 10,3%.

O Estado de S.Paulo - SP   15/01/2025

O governo brasileiro tem tido mais dificuldades para vender títulos da dívida pública nos últimos meses, em meio a uma disparada das taxas, que atingiram níveis recordes. A desconfiança dos investidores no País e uma cobrança por medidas efetivas de controle de despesas ajudam a explicar o cenário, segundo analistas financeiros. O Tesouro Nacional, por outro lado, afirma que não há crise de confiança e que a demanda tem sido consistente, apesar do estresse no mercado.

A taxa de sucesso na venda dos papéis atrelados à inflação caiu de 77% em janeiro do ano passado para 52% em dezembro, quando se compara a quantidade de títulos ofertada pelo Tesouro Nacional e o volume vendido. O Tesouro IPCA (NTN-B) com vencimento em 2027, por exemplo, começou o ano passado com taxa real (descontada a inflação) de 5,33% ao ano e terminou batendo 8,24%, maior valor desde dezembro de 2008.

Na prática, investidores têm exigido prêmios maiores (ou seja, rendimentos mais altos) para colocar dinheiro no Brasil. Em dezembro, houve sucessivas suspensões dos leilões pelo Tesouro em função da alta volatilidade do mercado.

Em 2025, os agentes financeiros começaram o ano um pouco mais calmos, mas ainda com preços lá em cima. Até agora, no único leilão feito pelo Tesouro neste ano com papéis atrelados à inflação, os títulos foram vendidos a uma taxa média de 7,72% com vencimento cinco anos à frente – era de 5,38% há um ano. Para se ter uma ideia, a maior taxa do governo Dilma foi de 7,75%, em 2015, para um papel com vencimento em quatro anos.

Gastando mais do que arrecada, o governo recorre à venda dos títulos — pegando dinheiro no mercado financeiro — para sustentar suas ações, mas precisa pagar o investimento no futuro com juros, aumentando o endividamento público. Com déficit nas contas, a pressão é maior, e os investidores cobram taxas mais altas para aplicar o dinheiro. O déficit nominal das contas públicas (que inclui as despesas do governo e os juros da dívida) alcançou R$ 1,1 trilhão em 12 meses até novembro, dado mais recente.

O aumento das taxas e a venda de títulos que vencem em um prazo mais curto levam o governo a gastar mais recursos para manter suas ações e administrar a dívida. “A água já chegou no nariz. Já estamos com o problema na nossa frente”, diz Carlos Kawall, sócio da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro. Para ele, a gravidade aumenta porque ocorre no momento em que os juros no exterior não são mais negativos — ou seja, cresce a tendência de saída de recursos do Brasil, como já acontece com investidores estrangeiros.

Situação parecida aconteceu com os títulos do Tesouro Prefixado (NTN-F) com vencimento em 2031, que pagam no vencimento juros predeterminados no ato da compra. Os papéis começaram o ano com uma taxa de 10,48% ao ano e terminaram com 14,05%, somado ao fato de o Tesouro não conseguir vender nada que ofertou nos últimos dois leilões do ano, mesmo propondo pagar os vencimentos mais cedo. A taxa de sucesso nos leilões caiu de 83% para 40% no período. Em 2025, os títulos prefixados já estão precificados acima de 15% ao ano.

Diante do cenário, a saída para o governo tem sido vender títulos com prazos mais curtos e taxas flutuantes, como o Tesouro Selic (LFT), o que exige o pagamento em um período mais próximo. Em novembro, esses papéis corresponderam a 61% das emissões, levando o estoque total da dívida relacionado a esses títulos a 46%. A alta da Selic aumenta o custo dessa dívida, pressionando ainda mais o governo.

Nos primeiros cinco meses deste ano, vencem R$ 740 bilhões de títulos públicos que o Tesouro precisará pagar. “Somado a isso, ainda terá o déficit (das contas públicas); então, a necessidade de financiamento é até maior. Nesse sentido, estamos com uma situação que requer bastante atenção e a única solução é voltar para a prancheta da política fiscal e buscar medidas adicionais em relação àquelas que foram adotadas em dezembro e desidratadas no Congresso”, diz Kawall.

O governo aprovou um pacote de corte de gastos no Congresso Nacional no fim do ano, mas as medidas foram desidratadas. O mercado desconfia dos números divulgados pelo Poder Executivo e acredita que o ajuste não é suficiente para reequilibrar as contas públicas.

Agora, a expectativa na apresentação de novas ações aumenta. A equipe econômica, porém, não dá sinais concretos nesse sentido e ainda precisa votar projetos que ficaram pelo caminho, como a mudança na aposentadoria dos militares e o combate aos supersalários do funcionalismo.

“A dinâmica negativa no mercado de juros se acentuou em dezembro. Isso decorreu principalmente do pessimismo crescente dos agentes de mercado com relação ao cenário fiscal do País — acarretando aumento do prêmio de risco, continuidade da depreciação do real e desancoragem adicional das expectativas de inflação — e da reprecificação da trajetória esperada para a taxa Selic”, dizem os economistas Sérgio Goldenstein, Cecília Mazzoni e Thais Borges em relatório da Warren Rena.

Tesouro diz que emissões refletem demanda ‘consiste’ e nega ‘crise de confiança’

O Tesouro Nacional informou ter captado um volume próximo a R$ 1,5 trilhão com a venda de títulos no ano passado. “Não há elementos para falar em crise de confiança. As emissões de títulos realizadas em 2024 e os leilões realizados nesta semana (dias 7 e 9 de janeiro de 2025) indicam demanda consistente pelos títulos públicos ofertados pelo Tesouro Nacional”, afirmou o órgão ao Estadão.

O Tesouro afirmou que as taxas são compatíveis com o mercado secundário de títulos públicos e que refletem as condições de demanda e oferta vigentes. As recentes suspensões de leilões decorrem da dinâmica do mercado e a compra e venda de títulos em dezembro, classificada pelo mercado financeiro como um mês de estresse alto, ocorreram para melhorar a liquidez e a formação dos preços em um momento de volatilidade, segundo o Tesouro.

“O governo vem empreendendo vários esforços em favor do fortalecimento do arcabouço fiscal, promovendo a consolidação fiscal e assegurando a sustentabilidade da dívida. Além disso, medidas como a implementação da reforma tributária e medidas microeconômicas não apenas contribuem para a sustentabilidade da dívida, mas também fortalecem o crescimento econômico do país e o desenvolvimento dos mercados”, disse o órgão.

O colchão da dívida pública, que é uma reserva financeira usada em momentos de turbulência ou quando vencem muitos títulos de forma concentrada, encerrou o mês de novembro do ano passado em R$ 856 bilhões — o dado de dezembro ainda não foi divulgado. No final de 2023, a reserva era de R$ 982 bilhões. O Banco Central ainda pode transferir recursos para o Tesouro e ajudar na gestão da dívida pública.

“Não faltará dinheiro. O ponto não é esse neste momento. O ponto é que quando você começa a perceber que o colchão está se reduzindo e que o governo está tendo maior dificuldade para vender os títulos, vai exacerbando a sensação de que trajetória fiscal é insustentável”, afirma Carlos Kawall. “Foi isso que a gente viveu no governo Dilma: não acabou o dinheiro, mas isso levou a economia para uma mega recessão naquele momento. O que vai acontecer quando a economia desacelerar?”, questiona.

Infomoney - SP   15/01/2025

Os preços ao produtor dos Estados Unidos subiram de forma moderada em dezembro, mas é improvável que o dado mude a previsão de que o Federal Reserve deixará a taxa de juros inalterada até o segundo semestre deste ano, em meio à resiliência do mercado de trabalho.

O índice de preços ao produtor para a demanda final aumentou 0,2% no mês passado, após um avanço não revisado de 0,4% em novembro, informou o Departamento do Trabalho nesta terça-feira. Economistas consultados pela Reuters haviam previsto uma alta de 0,3%.

No período de 12 meses até dezembro, o índice acelerou para 3,3%, após um aumento de 3,0% em novembro. A aceleração na taxa anual refletiu os preços mais baixos do ano passado, especialmente dos produtos de energia, que saíram do cálculo.
O relatório veio na esteira de dados fortes de emprego divulgados na semana passada que levaram os economistas a projetar que o banco central dos EUA manterá os juros inalterados até junho.

Pelo menos uma instituição de Wall Street, o Bank of America Securities, agora acredita que o ciclo de afrouxamento monetário do Fed chegou ao fim. O Goldman Sachs espera dois cortes este ano, em junho e dezembro.

O Fed deu início ao ciclo de afrouxamento em setembro e reduziu a taxa de juros em 100 pontos-base acumulados para a faixa atual de 4,50% a 4,75%.

A mais recente redução foi em dezembro, quando as autoridades também projetaram dois cortes este ano, em vez dos quatro que haviam previsto em setembro.

O Estado de S.Paulo - SP   15/01/2025

O superávit comercial recorde da China, de quase US$ 1 trilhão no ano passado, tem uma imagem espelhada quase perfeita do outro lado do mundo: um déficit comercial americano em 2024 que deve chegar a cerca de US$ 1 trilhão.

Mas apenas um terço do superávit da China foi com os Estados Unidos. E apenas um terço do déficit comercial americano foi com a China.

Essa matemática complicada aguarda o presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo na segunda-feira, 20, prometendo tarifas para reduzir os déficits comerciais dos Estados Unidos. Aumentar os impostos apenas sobre os produtos da China pode fazer pouco para reduzir o desequilíbrio comercial geral dos EUA.

Países de todo o mundo também estão tendo grandes superávits comerciais com os Estados Unidos — nada na escala da China, mas eles estão se acumulando. Outros países precisam de superávits comerciais com os Estados Unidos para pagar seus próprios déficits comerciais com a China.

Se o governo Trump aumentar as tarifas apenas sobre a China, os Estados Unidos poderão ter déficits comerciais maiores com outros países, já que as empresas americanas importam desses países. No entanto, o aumento das tarifas sobre as importações de uma ampla gama de países poderia atingir os aliados americanos.

A existência de um déficit comercial muito grande em produtos manufaturados, como os Estados Unidos vêm fazendo há décadas, eliminou empregos bem remunerados e enfraqueceu a base de produção militar do país. Mas o grande déficit comercial também significa que os consumidores americanos têm desfrutado de preços baixos. Muitos consumidores podem hesitar em abdicar disso, pagando preços mais altos por carros importados, smartphones e outros produtos, caso Trump imponha tarifas amplas.

A China enfrenta um problema diferente: seu povo poderia ter um estilo de vida melhor se seus trabalhadores produzissem mais para os mercados domésticos e menos para as exportações.

No entanto, para ajudar os consumidores chineses a adquirirem mais da produção de seu próprio país, seria necessário deslocar os gastos do governo, do aparato militar e de segurança do país e das empresas estatais para a escassa rede de segurança social. Isso também pode exigir medidas como a redução do imposto nacional sobre vendas de 13% na China, bem como outros impostos sobre o consumo de bens de luxo importados, como os grandes carros americanos. Pequim tem se mostrado cautelosa com essas medidas.

Enquanto isso, o extraordinário volume de exportações da China — um aumento de mais de 12% no ano passado — está sobrecarregando o comércio mundial.

“Isso não é sustentável”, disse Brad Setser, membro sênior do Conselho de Relações Exteriores. “As exportações chinesas não podem crescer 12% quando o comércio global está crescendo apenas 3%, sem afetar profundamente os setores de exportação de outros países.”

Em toda a Europa, África, América Latina, Ásia e Oceania, os países dependem da compra de carros, eletrodomésticos, eletrônicos de consumo e outros produtos manufaturados da China. Para obter os dólares necessários para comprar esses produtos chineses, esses outros países vendem tudo, desde carros Mercedes até camisetas baratas para os Estados Unidos.

A União Europeia, por exemplo, compra US$ 2 em mercadorias da China para cada US$ 1 em mercadorias que vende para a China. Isso deixou a União Europeia (UE) com um déficit comercial de US$ 247 bilhões com a China no ano passado, enquanto a UE teve um superávit estimado em US$ 240 bilhões com os Estados Unidos.

Para os países em desenvolvimento, as discrepâncias são ainda mais acentuadas, com exceção de alguns exportadores de petróleo e outros recursos naturais com superávits comerciais com a China. As nações africanas, como um grupo, compram cerca de US$ 3 em mercadorias da China para cada US$ 2 em mercadorias que vendem para a China. Em seguida, eles invertem essa proporção em seu comércio com os Estados Unidos.

A maior parte das importações da China é de petróleo e outros recursos naturais. Mas 98,9% de suas exportações no ano passado foram de produtos manufaturados.

Os países com poucos recursos naturais para vender acabam tendo desequilíbrios especialmente grandes com a China. No ano passado, o Quênia comprou da China mercadorias no valor de US$ 35 para cada US$ 1 de mercadorias que vendeu para a China. Como o comércio do Quênia está mais ou menos em equilíbrio com os Estados Unidos, o país acabou contraindo grandes empréstimos para obter o dinheiro para pagar as importações da China e agora está altamente endividado, como muitos países em desenvolvimento.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgará as estatísticas comerciais finais para 2024 no início de fevereiro. Mas as tendências do comércio americano estão claras nas estatísticas que abrangem todo o ano passado, exceto dezembro.

A China anunciou no mês passado que estava eliminando todas as tarifas de importação de dezenas de países mais pobres do mundo. Porém, como a China é forte em praticamente todos os setores de manufatura, a eliminação das tarifas sobre as importações dos países mais pobres pode não fazer muita diferença nos fluxos comerciais. Autoridades alfandegárias chinesas falaram em uma entrevista à imprensa na segunda-feira, 13, sobre medidas como a importação de mais peixes e bananas.

Se o governo Trump aumentar as tarifas enquanto a China as estiver reduzindo, muitos outros países poderão reagir com raiva. A China tem tentado ir além de seu grupo principal de nações estreitamente alinhadas, como Rússia, Irã e Coreia do Norte, para atrair as nações em desenvolvimento por meio da Iniciativa Cinturão e Rota. A China também tem tentado obter receita e boa vontade das nações europeias e do leste asiático por meio de programas de turismo sem visto.

Na raiz das difíceis escolhas que a China e os Estados Unidos têm pela frente está uma grande diferença: as taxas de poupança. As famílias na China estão poupando mais e gastando pouco em importações, porque perderam grande parte de seu patrimônio líquido depois que a quebra do mercado imobiliário eliminou mais riqueza do que a quebra do mercado imobiliário americano em 2008 e 2009. Mas os americanos, no geral, estão economizando muito pouco e, ao mesmo tempo, tomando dinheiro emprestado por meio de grandes déficits comerciais com o resto do mundo.

As autoridades e os economistas chineses dizem acreditar que há uma resposta melhor do que as tarifas: mais investimentos chineses na construção de fábricas nos Estados Unidos.

Mas os legisladores no Congresso e nos governos estaduais têm sido, em sua maioria, hostis a essa solução, chegando até a impor novos limites legais nos últimos dois anos aos investimentos chineses nos Estados Unidos.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   15/01/2025

Embora o minério de ferro e o aço tenham começado o ano sem grande ânimo em termos de preços, o Bradesco BBI avalia que as esperanças renovadas por novas medidas de estímulo na China ajudaram a sustentar os preços do minério de ferro para perto da marca de US$ 100 por tonelada.

O BBI também aponta que a China divulgou seu maior superávit comercial desde fevereiro, parcialmente explicado pela preocupação com potenciais tarifas adicionais dos EUA.

Em relação aos dados do setor, o banco destaca que a utilização de altos-fornos (BF) na China caiu pela oitava semana consecutiva, permanecendo abaixo de 85%, (ii) os estoques consolidados de aço na China subiram mais 2% na comparação semanal, o comércio spot de aço para construção teve uma média baixa de 85 mil tonelada por dia, e os estoques de minério de ferro nos principais portos chineses subiram 2,0 mt (milhões de toneladas) semanalmente (WoW), atingindo 146,6 mt.

Fora da China, o spread metálico nos EUA caiu US$ 20/t, para US$ 415/t, devido à redução nos preços da sucata, enquanto os preços das barras de aço da Turquia caíram mais US$ 7,5/t semana a semana, para US$ 555 a tonelada.

No Brasil, os produtores de aço plano implementaram com sucesso os aumentos planejados de 5 a 8% nos preços dos produtos de aço plano, enquanto os preços do aço longo permaneceram estáveis, com ampla disponibilidade de material importado. O BBI manteve recomendação de compra para as ações da Vale (VALE3).

O Morgan Stanley, por sua vez, comenta que um modesto excedente pode manter os preços médios acima de US$ 100 por tonelada, mas a expansão da mina de Simandou, que fica na Guiné, pode aumentar a pressão de baixa sobre os preços do minério além de 2025.

Por outro lado, o Morgan espera que a demanda global por minério de ferro deva crescer marginalmente em 0,2% em 2025 (-2,5% na China), colocando um foco maior no desempenho da oferta.

O crescimento limitado da produção pelas principais mineradoras e a dependência da FMG e da Mineral Resources para aumentos de capacidade podem oferecer uma leve alta nos preços no primeiro trimestre deste ano (1T25) (US$ 112 por tonelada). No entanto, os preços provavelmente recuarão no 2T25 (US$ 100 por tonelada), com a entrada de Simandou em 2026 possivelmente gerando maiores excedentes e novas quedas nos preços.

Infomoney - SP   15/01/2025

Os preços futuros do minério de ferro subiram nesta terça-feira pela quarta sessão consecutiva, chegando perto dos níveis mais altos em mais de uma semana, ajudados pela redução dos embarques dos principais produtores e por exportações robustas de aço da China, o maior mercado consumidor de minério.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 2,22%, a 783 iuanes (106,81 dólares) a tonelada, atingindo o patamar mais alto desde 3 de janeiro.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura subiu 1,68%, para 100,4 dólares a tonelada. No início do dia, o contrato alcançou o nível mais alto desde 3 de janeiro, em 100,8 dólares.
Os embarques de minério de ferro da Austrália e do Brasil, os dois maiores produtores mundiais, caíram 9% em relação à semana anterior, para 23,88 milhões de toneladas na semana de 6 a 12 de janeiro, segundo dados da consultoria Mysteel.

Também ajudaram o principal ingrediente de fabricação de aço as perspectivas mais animadoras para a demanda, já que as exportações de aço permaneceram robustas.

As exportações de aço da China no mês passado aumentaram 25,9% em relação ao ano anterior, levando o total de 2024 a um recorde de 110,72 milhões de toneladas em nove anos, um aumento de 22,7% em relação a 2023, mostraram dados alfandegários na segunda-feira.

As exportações de aço da China também devem registrar crescimento anual em janeiro e fevereiro em meio a preços competitivos, desvalorização do iuan e aumento dos pedidos de exportação entre as siderúrgicas, disse Wang Guoqing, analista da consultoria Lange Steel, em nota na segunda-feira.

Wang previu que as exportações de aço em 2025 ficarão entre 80 milhões e 100 milhões de toneladas, com os crescentes atritos comerciais.

Outros ingredientes de fabricação de aço avançaram na Bolsa de Dalian, com o carvão metalúrgico e o coque subindo 2,03% e 0,9%, respectivamente.

A maioria dos índices de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai ficou mais forte devido aos altos custos das matérias-primas.

AUTOMOTIVO

IstoÉ Dinheiro - SP   15/01/2025

O crescimento da produção das montadoras no ano passado fez o Brasil superar a Espanha e recuperar a oitava posição entre os maiores produtores de veículos no mundo. O posto tinha sido perdido para os espanhóis em 2023, mas foi retomado com o avanço de 9,7% que levou a produção de veículos no Brasil para 2,55 milhões de unidades em 2024.

China, Estados Unidos, Japão, Índia, México, Coreia do Sul e Alemanha são, nesta ordem, os países à frente do Brasil na produção. Já no ranking de consumo de veículos, o Brasil segue na sexta posição, atrás de China, Estados Unidos, Japão, Índia e Alemanha. Com base em dados da Oica, organização que reúne associações de montadoras de todo o mundo, o levantamento foi apresentado nesta terça-feira, 14, pela Anfavea, entidade da indústria de veículos brasileira.

Apesar da melhora de posição no ranking internacional, a produção das montadoras ainda está longe de recuperar os volumes de antes da pandemia. Para este ano, as previsões da Anfavea apontam para a produção de 2,75 milhões de veículos, um crescimento de 7,8% que ainda não alcança as 2,94 milhões de unidades fabricadas em 2019, ano anterior à crise sanitária.

Nesta terça, durante a apresentação dos resultados finais do setor em 2024, a direção da Anfavea mais uma vez chamou a atenção para o avanço da concorrência externa, tanto no Brasil quanto em mercados no exterior, ao explicar por que a produção não cresce tão rápido quanto o consumo de veículos. Pavimentar um caminho de volta ao volume de produção de 3 milhões de veículos foi colocado como o primeiro item das prioridades da associação em 2025.

Nesse sentido, o programa de renovação de frotas e a cobrança imediata das alíquotas cheias, previstas apenas para julho de 2026, do imposto sobre carros híbridos e elétricos importados são agendas trabalhadas pela Anfavea junto ao governo e Congresso em Brasília.

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse ser urgente a recomposição total das tarifas sobre as importações de carros eletrificados. “É urgente, uma questão de responsabilidade conosco, com o País, com os investimentos que vêm sendo feitos. Houve um excesso de importação. O mundo fechou, o mundo está elevando as suas tarifas em relação às entradas de produtos. O Brasil precisa fazer, tem que fazer o mesmo”, afirmou Leite.

“Estamos vendo um crescimento em velocidade muito grande das importações. Outros países têm estabelecido uma política de proteção aos seus mercados, o Brasil não tem nenhuma política de proteção. Temos, na verdade, uma redução temporária da alíquota do imposto de importação, que está sendo recomposta”, acrescentou o presidente da Anfavea.

Segundo Leite, ao mesmo tempo em que marcas sem produção local, em especial chinesas, ganham espaço no Brasil, as montadoras estão perdendo participação em alguns dos principais destinos de suas exportações, incluindo mercados em crescimento no exterior. A Argentina, que aumentou em 48% as compras de veículos do Brasil, salvou os embarques das montadoras no ano passado, assegurando, conforme salientou Leite, que a queda nas exportações totais da indústria automotiva ficasse em apenas 1,3%.

IstoÉ Dinheiro - SP   15/01/2025

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta terça-feira (14), a proibição da venda nos Estados Unidos de veículos conectados que incorporem tecnologia chinesa ou russa, tanto componentes quanto software, por considerá-los um risco à segurança nacional.

O Departamento do Comércio lançou uma pesquisa pública sobre o assunto no final de setembro, que acabou de ser concluída com a publicação de novas regras destinadas a “proteger a cadeia de suprimentos de veículos conectados de ameaças externas”.

A proibição será implementada gradualmente, começando em 2027 para software e em 2029 para equipamentos, informou o Departamento.

Atualmente, nenhum carro conectado chinês é vendido nos Estados Unidos, mas a BYD vende ônibus na Califórnia que não estarão incluídos dentro da proibição.

Fabricantes ocidentais como a Volvo, um grupo sueco controlado pela Geely da China, assim como a Polestar, a Buick (da GM) e a Lincoln (uma subsidiária da Ford) vendem veículos fabricados na China no mercado dos EUA.

A Tesla produz veículos elétricos para exportação na China.

“Os carros não são mais apenas aço sobre rodas, eles são computadores. Eles têm câmeras, microfones, dispositivos de GPS e outras tecnologias conectadas à Internet”, disse a secretária de Comércio que está deixando o cargo, Gina Raimondo.

“Com essa decisão, o Departamento de Comércio está estabelecendo as regras necessárias para proteger a privacidade dos americanos e a segurança nacional, impedindo a entrada de adversários e sua capacidade de manipular essas tecnologias para acessar informações confidenciais”, acrescentou.

As novas regras exigem que os fabricantes de automóveis não usem nenhum equipamento ou software de fornecedores “com um vínculo suficiente com a China ou a Rússia”.

O escopo da medida se estende a veículos particulares. O Departamento de Comércio estima que a cadeia de suprimentos para ônibus e caminhões é mais complexa.

“Regras específicas serão apontadas em um futuro próximo” para esses veículos, disse o comunicado.

– O futuro do setor –

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Lael Brainaard, argumentou que “a China está tentando dominar o futuro do setor automobilístico”, mas os veículos conectados que contêm software e hardware vinculados a potências externas abrem a porta para o uso indevido de dados confidenciais ou interferência.

A eletrônica está cada vez mais presente nos veículos modernos e a maioria está conectada à Internet por meio de um sistema de navegação.

Os programas de assistência ao motorista e de direção autônoma reforçam o risco de intervenção externa indesejada no controle de um carro em movimento.

Em meados de setembro, Washington anunciou que os carros elétricos importados da China estariam sujeitos a tarifas de 100% a partir de 27 de setembro.

Auto Industria - SP   15/01/2025

As exportações brasileiras de veículos mais uma vez “andaram de lado” em 2024. Passaram pelos portos rumo a outros países no ano passado 398,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, número que representou oscilação negativa de 1,3% sobre os embarques de 2023.

Em dezembro, os fabricantes negociaram no exterior 34 mil unidades, 20% menos do que em novembro, mas 22,1% acima de igual mês de 2023, e faturaram US$ 917 milhões  — US$ 10,9 bilhões no ano, mesmo valor do ano anterior.

Na prática, a indústria repetiu o fraco desempenho dos últimos seis anos, com exceção da ligeira melhora registrada em 2022, para 481 mil unidades, mas que ainda assim mantiveram os negócios muito aquém dos, por exemplo, 766 mil veículos exportados em 2017 e  quase 630 mil em 2018.

A queda de 1,3% em 2024 poderia ser ainda maior não fosse a recuperação das vendas na Argentina, principal destino dos veículos brasileiros, no segundo semestre.

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, credita o resultado, em parte, ao aumento da concorrência de veículos trazidos de fora da América Latina.

O Brasil perdeu participação em quase todos seus principais mercados. As exceções foram exatamente a Argentina e o pequeno mercado do Uruguai.

Para a Argentina seguiram 160,2 mil veículos, 48% a mais do que no ano anterior. O país sozinho respondeu por 40% do total exportado pelo Brasil.

Em compensação, o México comprou 25% a menos, somente 95,5 mil ante 127,8 mil em 2023. Apesar disso seguiu como segundo maior mercado internacional dos veículos brasileiros, responsável por 24% dos embarques.

Infomoney - SP   15/01/2025

O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está finalizando regras nesta terça-feira que efetivamente impedirão a entrada de quase todos os carros e caminhões chineses no mercado dos Estados Unidos, como parte de uma repressão a softwares e hardwares da China.

A mais recente medida de Washington contra os veículos chineses foi tomada depois que o Departamento de Comércio disse neste mês que estava considerando uma repressão semelhante aos drones fabricados na China, na esteira dos aumentos acentuados das tarifas sobre as importações de seus veículos elétricos.

“É realmente importante porque não queremos dois milhões de carros chineses nas ruas e depois percebermos que temos uma ameaça”, disse a secretária de Comércio, Gina Raimondo, à Reuters em uma entrevista, citando preocupações com a segurança nacional.
Em setembro, seu departamento propôs uma proibição abrangente dos principais softwares e hardwares chineses em veículos nas estradas norte-americanas, com as proibições de software entrando em vigor no ano modelo de 2027 e as de hardware em 2029. Elas também impedem as montadoras chinesas de testar carros autônomos nas estradas dos EUA.

As regras também abrangem veículos e componentes russos.

O Departamento de Comércio dos EUA disse nas regras finais que está fazendo algumas alterações, como isentar os veículos com peso superior a 10.000 libras das exigências, o que permitiria que a BYD continuasse montando ônibus elétricos na Califórnia.

Na segunda-feira, o departamento disse que planejava propor em breve regras que impedissem o uso de software e hardware chineses em veículos comerciais maiores, incluindo caminhões e ônibus. A decisão final caberá ao novo governo de Donald Trump.

Em uma mudança, o departamento disse que as proibições não abrangeriam o software chinês desenvolvido antes da entrada em vigor das novas regras, desde que não estivesse sendo mantido por uma empresa chinesa.

Isso significa que a General Motors e a Ford poderiam potencialmente continuar importando alguns veículos fabricados na China para compradores dos EUA, disse um funcionário sênior a repórteres.

O presidente eleito Donald Trump, que assume o cargo em 20 de janeiro, quer impedir as importações de automóveis chineses, mas está aberto às montadoras chinesas que fabricam veículos nos EUA.

Valor - SP   15/01/2025

Com esse resultado, o Brasil manteve a sexta posição no ranking global; China, EUA, Japão, Índia e Alemanha foram os cinco primeiros colocados

O mercado brasileiro de veículos novos alcançou 2,634 milhões de unidades em 2024, num avanço de 14,1% na comparação com 2023. Com esse resultado, o Brasil manteve a sexta posição no ranking global.

China (31,4 milhões), Estados Unidos (15,9 milhões), Japão (4,4 milhões), Índia (3,8 milhões) e Alemanha (3,2 milhões) foram os cinco primeiros colocados.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse que o setor se esforça para alcançar a venda interna anual de 3 milhões. E que esse número seria possível já em 2025 não fosse a tendência da alta da taxa básica de juros.

Financiamento de veículos

Apesar do aumento de 36% na concessão de crédito, a participação dos financiamentos na venda de veículos no país caiu de 60% em 2015 para 44% no ano passado. Um total de 1,4 milhão de veículos foi vendido à vista em 2024.

A Anfavea se queixa do aumento da participação de vendas de veículos produzidos fora do Brasil, principalmente da China. Em 2024, foram importados 467 mil veículos, um acréscimo de 38% na comparação com 2023.

No ano passado, enquanto a participação da Argentina nas vendas de carros no Brasil caiu de 62% para 48%, a fatia da China subiu de 12% para 26%.

Destaque para utilitários esportivos

Em relação ao tipo de veículo, em 2024, o destaque das vendas no Brasil voltou a ficar para os utilitários esportivos. No ano passado, a venda dos chamados SUVs aumentou 19,4%.

As picapes também apresentaram bom desempenho, com avanço de 17,9%, seguidas pelas vans de passageiros, com crescimento de 16,7%, e caminhões (15,7%). Para 2025, a Anfavea prevê uma expansão de 6,6% no mercado brasileiro.

A entidade apresentou também, nesta terça-feira (14), a venda de veículos novos somada à de usados. O resultado em 2024 foi o maior da história do setor no país, com 14,2 milhões de veículos. Desse total, 82% foram veículos usados.

A entidade destacou, ainda, o aumento no nível de emprego do setor. As montadoras encerraram 2024 com 107 mil funcionários, um aumento de 8,3% em 12 meses. Segundo Leite, foi o maior índice de crescimento no nível de emprego do setor desde 2007.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Exame - SP   15/01/2025

Com um déficit habitacional que atinge 6 milhões de domicílios no Brasil, segundo a Fundação João Pinheiro, a startup mineira Hauss Brasil acredita ter encontrado uma solução inovadora. A empresa aposta em construções industrializadas para acelerar a entrega de moradias populares. Em seu primeiro ano, a startup faturou R$ 120 milhões e já venceu seis editais do programa federal “Minha Casa, Minha Vida”.

Criada em 2024 por Junior Bergamin, Paulo Curió, Jonatas Resende e Gilberto Bergamin, a Hauss combina as experiências de seus fundadores em engenharia, direito e gestão pública. O objetivo do grupo — que não se considera uma construtora, e sim uma govtech — é resolver desafios habitacionais em pequena escala, algo que grandes construtoras raramente conseguem atender de forma viável.

A Hauss atende demandas específicas de municípios pequenos e de famílias com renda a partir de um salário mínimo. O primeiro conjunto habitacional foi finalizado em Itamogi, Minas Gerais, com 150 casas. “Conseguimos levar moradia para cidades menores, onde outras construtoras não atuam por falta de escala”, diz o cofundador.

Como são as casas da Hauss?

A Hauss utiliza tecnologias como Light Steel Frame e Light Wood Frame, amplamente empregadas nos Estados Unidos e na Europa, mas ainda pouco difundidas no Brasil. Esses métodos consistem em estruturas leves de aço ou madeira que substituem a tradicional alvenaria.

As casas são “fabricadas” em Curitiba, onde os componentes são pré-montados com alta precisão. No terreno, tudo é finalizado em até 48 horas. A família pode se mudar já no dia seguinte, ou seja, 72 horas depois do início da obra.

As construções da Hauss também tem como pilar a sustentabilidade. Elas consomem 95% menos água e produzem quase nenhum resíduo sólido em comparação às obras tradicionais, que geram grandes volumes de entulho, segundo o cofundador.

As casas mantêm a temperatura interna em torno de 22ºC, mesmo em climas extremos, graças ao isolamento térmico avançado. Já o isolamento acústico é duas vezes superior às normas brasileiras.

“Levamos soluções completas, que combinam urbanização, sustentabilidade e infraestrutura”, explica Bergamin. Isso inclui garantir que as áreas escolhidas já possuam suporte básico, como escolas, creches, coleta de lixo e rotas de transporte público, evitando que novos bairros sejam criados sem a infraestrutura necessária para atender os moradores .

Por que não são mais comuns?

Embora mais rápidas e sustentáveis, essas técnicas de construção enfrentam resistência no Brasil. Por aqui, a "cultura da argamassa e do concreto", uma herança da colonização portuguesa, predomina.

“As pessoas ainda associam concreto a solidez e qualidade, o que cria uma barreira”, explica Bergamin. Essa resistência é maior em regiões como o Sudeste e Centro-Oeste. No Sul, onde há influência da colonização alemã, o uso de madeira e métodos industrializados é mais aceito.

As tecnologias usadas também são 30% mais caras que os métodos convencionais quando aplicadas em pequena escala. “Por isso, nossa estratégia é operar em linha de produção, como na indústria automotiva, reduzindo os custos por unidade”, diz o cofundador.

Outro obstáculo é a dependência do setor público, que frequentemente apresenta atrasos na aprovação de projetos e pagamentos. “O cronograma não é linear. Às vezes, ganhamos o edital, mas precisamos esperar meses até que a documentação esteja completa para começar a obra. Isso pode criar gargalos na produção”, diz.

Mesmo com esses desafios, a Hauss já planeja o futuro. Após ser adquirida pelo grupo logístico Expresso Nepomuceno, a startup deve expandir suas operações para o Sudeste, especialmente São Paulo, e abrir uma nova fábrica na região para atender à demanda crescente.

“Temos capacidade para produzir até 4 mil casas por ano, mas queremos crescer com responsabilidade. É um mercado sensível e precisamos entregar com excelência, porque lidamos com os sonhos das pessoas”, diz Bergamin.

Valor - SP   15/01/2025

A construtora chinesa Country Garden Holdings relatou com atraso prejuízos impressionantes para 2023, oferecendo um novo vislumbre das profundezas da crise imobiliária da China.

A empresa divulgou um prejuízo líquido de 174,8 bilhões de yuans (US$ 23,8 bilhões) em 2023, aumentando drasticamente de um prejuízo de 6,05 bilhões de yuans no ano anterior, de acordo com um relatório anual não auditado divulgado na terça-feira após meses de atraso. A receita total encolheu para 401 bilhões de yuans em 2023, de 430 bilhões de yuans em 2022.

A negociação das ações listadas em Hong Kong da Country Garden, interrompida desde abril de 2024, permanecerá suspensa, a empresa também disse, apesar das expectativas de uma retomada.

Em um arquivamento separado para a Bolsa de Valores de Hong Kong, a empresa sediada em Foshan relatou um prejuízo líquido de 12,8 bilhões de yuans no primeiro semestre de 2024, diminuindo de 48,9 bilhões de yuans no primeiro semestre de 2023. Mas a receita caiu para apenas 102,1 bilhões de yuans nos primeiros seis meses do ano passado, queda de quase 55%.

Em um sinal de pressão persistente de liquidez, os empréstimos totais da empresa atingiram 250,2 bilhões de yuans em junho passado, incluindo 203,5 bilhões de yuans em passivos circulantes e 44,8 bilhões de yuans em dinheiro.

Em junho de 2024, a construtora havia deixado de pagar 147,3 bilhões de yuans em empréstimos no total, de acordo com seu relatório provisório de 2024.

Um declínio acentuado nas pré-vendas de apartamentos desde abril de 2023, bem como dificuldades na emissão de novos títulos contribuíram para a situação delicada da Country Garden, disse no relatório anual de 2023, acrescentando que "se compromete a entregar suas propriedades aos compradores em tempo hábil".

Os resultados vêm poucos dias após a empresa revelar um plano de reestruturação com o objetivo de cortar sua dívida offshore em até US$ 11,6 bilhões. A empresa deve retomar as audiências sobre litígios de liquidação na próxima segunda-feira em Hong Kong após um hiato que durou meses.

O plano de reestruturação proposto, que ganhou apoio de vários bancos, inclui uma extensão de vencimento de até 11,5 anos, uma redução gradual nos custos de empréstimos e a conversão de um empréstimo de US$ 1,1 bilhão do presidente, o bilionário Yang Huiyan, em ações.

As negociações com os credores estão em andamento, acrescentou a empresa.

Outrora a maior construtora da China em vendas, a Country Garden deixou de pagar US$ 11 bilhões em títulos offshore no fim de 2023, marcando outra crise de dívida de alto perfil após inadimplências de outras construtoras, incluindo a China Evergrande. A negociação de ações da Evergrande está suspensa desde janeiro de 2024, quando a construtora foi condenada à liquidação pelo Tribunal Superior de Hong Kong.

A Country Garden também foi atingida por uma petição de liquidação em Hong Kong da Ever Credit em fevereiro passado, após a empresa não ter pago um empréstimo de 1,6 bilhão de dólares de Hong Kong (US$ 204 milhões).

A Country Garden tinha US$ 16,4 bilhões em passivos com juros para dívidas offshore no final de 2023, de acordo com suas divulgações públicas.

Os credores de outras construtoras chinesas tomaram recentemente novas medidas para recuperar o dinheiro que lhes é devido. Um braço de administração de propriedades da China Evergrande foi condenado por um tribunal em Guangzhou a pagar 13,4 bilhões de yuans em empréstimos, de acordo com um registro na Bolsa de Valores de Hong Kong na sexta-feira passada. O Shimao Group, conhecido por seus empreendimentos hoteleiros cinco estrelas, disse no mesmo dia que uma petição de liquidação foi protocolada pela CPYM Link Investment e uma audiência está marcada para 19 de março.

Dados recentes também iluminam a pressão sobre as incorporadoras endividadas da China e sugerem que a onda de medidas de flexibilização de Pequim desde setembro fez pouco para reverter a confiança enfraquecida no mercado imobiliário.

As vendas de casas novas pelos 100 maiores desenvolvedores da China caíram mais de 28% em 2024, piorando em relação ao declínio de 16,5% no ano anterior, de acordo com o provedor de dados China Real Estate Information Corp.

As vendas mensais da Country Garden atingiram o pico de 25 bilhões de yuans em março de 2023 e caíram para 5,5 bilhões de yuans em janeiro passado. As vendas caíram ainda mais para 3,4 bilhões de yuans em dezembro, elevando o total de 2024 para 47,2 bilhões de yuans, queda de mais de 70% em relação ao ano anterior.

No geral, o setor imobiliário da China já foi responsável por até um quarto da atividade econômica e mais de um terço da receita fiscal em seu auge. Mas está em crise desde que Pequim promoveu, em meados de 2021, uma campanha para controlar novos empréstimos para construtoras sob temores de superaquecimento do mercado. Mas a medida desencadeou uma crise de liquidez entre as construtoras e uma correção épica do mercado.

Dívidas bilionárias da China Evergrade assustaram investidores em todo o mundo. As vendas de casas novas caíram mais de 40% em relação ao pico, enquanto os preços das casas entraram no maior período de declínio da história, já que os compradores de imóveis ficaram de fora por medo de uma nova queda nos valores.

Embora as medidas de estímulo da China, incluindo cortes nas taxas de hipotecas e flexibilização das compras de casas, tenham ajudado a estabilizar os preços das casas nas principais cidades, a crise não acabou, dizem analistas.

A S&P Global Ratings previu em outubro que as vendas de imóveis na China se estabilizariam no segundo semestre deste ano, em parte graças aos esforços do governo para absorver o estoque excessivo por meio de programas de habitação social e redesenvolvimento de vilas urbanas. Mas outros estão mais céticos de que as autoridades tenham feito o suficiente.

"Acreditamos que a estabilização está limitada às cidades de primeira linha, algumas espirais descendentes autoperpetuantes ainda estão em ação", alertaram analistas da Nomura em um relatório divulgado em dezembro. "Ainda não há nenhum sinal claro de recuperação sustentada."

Valor - SP   15/01/2025

Três projetos em andamento serão os maiores da cidade e um quarto será lançado neste ano

Paulo Petrin: “Os compradores querem a vista, por isso as torres vão ficando cada vez mais altas” — Foto: Divulgação

O prédio mais alto de São Paulo, o Platina 220, no Tatuapé (zona leste da capital), tem 172 metros de altura e 46 andares. Entregue em 2022, ele ocupou a liderança que foi por décadas do Mirante do Vale, no centro, com seus 170 metros. Em breve, o Platina deve cair para a quinta posição na cidade.

Há um movimento de novos espigões, ao menos para o padrão paulistano, que estão em construção ou em fase de lançamento, na linha do que tem sido feito em outras cidades brasileiras, como Balneário Camboriú e Goiânia. Em 2026, a WTorre vai entregar o próximo edifício mais alto da cidade, o Alto das Nações, empreendimento corporativo em Santo Amaro (zona sul) com 219 metros de altura, 45 andares e mirante. As incorporadoras Cyrela, One e Benx têm projetos residenciais que ocuparão o intervalo entre o Platina e o Alto das Nações.

Para seus realizadores, são “marcos” para a cidade e permitem construir mais em áreas menores. Já entre os urbanistas, enfrentam críticas sobre a formação de sombra, de corredores de vento e pela velocidade do aumento da altura.

Os novos projetos previstos em São Paulo são altos, mas ficam pequenos perto dos arranha-céus de Balneário Camboriú, que beiram os 300 metros. Agora, a incorporadora FG quer atingir 500 metros de altura com o edifício Senna, lançado em 2024, uma parceria com a família do piloto e Luciano Hang, das lojas Havan. A fundação do prédio de mais de 150 andares começou a ser preparada nesta semana, conta Stephane Domeneghini, diretora executiva da FG Talls, área do grupo FG especializada em arranha-céus.

A incorporadora decidiu criar a FG Talls para prestar consultoria aos seus próprios edifícios e para oferecer essa expertise a outras empresas. Já está trabalhando com uma incorporadora de grande porte de São Paulo e empresas de Florianópolis e do Rio.

Para Domeneghini, há um movimento “irrefreável” de busca por prédios mais altos, mas os engenheiros brasileiros, que têm alta qualidade técnica, ainda não dominam o segmento. A fundação precisa ser reforçada, os elevadores mais rápidos e revestimentos da fachada têm que suportar o clima mais hostil.

Por falta de conhecimento e por medo, engenheiros e projetistas exageram nos cálculos de estrutura e de materiais, o que torna as obras mais caras do que já são - a parte estrutural de prédio “super alto” equivale a 35% do custo da obra, enquanto em um edifício comum, de menos de 100 metros, não passa de 20%, diz a diretora.

Para a WTorre, os 219 metros do Alto das Nações são um desafio de engenharia, conta Gabriella Lorca, gerente de desenvolvimento imobiliário da companhia. Mais ainda porque o projeto teve que ser revisado depois da pandemia, por causa do aumento do preço do aço, mas mantendo a velocidade da obra.

Mesmo assim, a visibilidade que o empreendimento e a própria companhia ganham compensa as dificuldades. “O projeto vira um marco, a cidade ganha um novo ponto turístico”, afirma. Todas as lajes corporativas do prédio já foram vendidas.

A Benx, que lançou no ano passado o PG Residence, prédio com 173 metros de altura, relaciona a viabilidade dos prédios altos na cidade a mudanças no Plano Diretor e na Lei de Zoneamento. “Estamos vendo uma verdadeira ‘corrida’, no bom sentido, para ver quem constrói o prédio mais alto”, afirma Luciano Amaral, gerente-geral da incorporadora, o que seria reflexo do desejo do consumidor por morar em andares mais elevados.

“Eles querem a vista, por isso as torres vão ficando cada vez mais altas”, afirma Paulo Petrin, vice-presidente da incorporadora One Innovation, que planeja lançar no segundo semestre o novo residencial mais alto de São Paulo, com 209 metros, em Pinheiros, com vista para os Jardins.

Valter Caldana, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pondera que é “seríssima” a mudança no padrão de sombra e no fluxo de ar causado pelos prédios altos, que alteram o microclima no entorno dos edifícios. Para ele, se a evolução da altura acontecesse de forma paulatina, teriam sido criados dispositivos para mitigar esses efeitos. No entanto, o que ocorre em São Paulo seria uma ruptura, com rápido aumento do número médio de pavimentos dos prédios. “Não discuto se será melhor ou pior, mas será outra cidade”, diz. Caldana também faz a ressalva, contra o senso comum, de que São Paulo não é uma cidade muito verticalizada.

Domeneghini não nega que os prédios altos causem mais sombra e vento no entorno, mas não vê isso como problema. “A sombra e o vento, para o Brasil, é algo até positivo”, diz. Para ela, cânones do pensamento de urbanismo e arquitetura, que prezam pela incidência de sol, precisam ser adaptados ao clima tropical.

Sua visão é de que os arranha-céus de Balneário Camboriú são aprovados pela população e geram recursos para melhorias da cidade, por meio do pagamento de outorga onerosa, permissão para construir acima do limite das cidades. O custo extra contribui para direcionar os prédios para o alto padrão.

Por vezes, a altura é um subproduto do luxo. Em Goiânia, capital que tem hoje o quinto maior prédio do Brasil, com 191 metros de altura, a incorporadora City Soluções Urbanas lançou um conjunto de três torres que será o maior residencial da cidade, com 196 metros cada.

Victor Tomé, diretor de projetos da empresa, explica que os clientes demandavam prédios com apenas um apartamento por andar e, para conseguir aproveitar o potencial construtivo do terreno, a saída foi fazer edifícios mais altos. As torres do City Park terão 48 andares cada e ficam em frente ao parque Vaca Brava, um dos principais de Goiânia. “Não adianta querer fazer [projetos altos] em lugar onde não vou ter essa valorização”, afirma.

O empreendimento terá elevadores que vencem os 48 andares em 40 segundos, com portas mais largas, para evitar o içamento de móveis. Também haverá geradores para os apartamentos e, claro, para os ascensores.

O professor Caldana ressalta que é comum confundir prédios mais altos com adensamento urbano, embora as duas coisas não andem juntas, vide a vocação dos novos arranha-céus para o padrão de luxo, pouco denso. “Há toda uma simbologia, de marketing, que vem de cidades como Miami e Dubai”, diz.

É a propaganda também que faz com que o imaginário popular associe a presença de espigões ao grau de desenvolvimento das cidades, pontua Caldana, apesar de não ser uma evolução obrigatória - não ocorreu em capitais europeias como Paris e Barcelona, por exemplo.

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   15/01/2025

Correio do Estado (MS) – A Arauco Celulose solicitou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorização para construir um ramal ferroviário de 46 quilômetros, ligando sua fábrica, em Inocência, até a linha férrea Ferronorte. A empresa pretende investir cerca de R$ 800 milhões no projeto e explorar o serviço por 99 anos, de acordo com publicação no Diário Oficial da União do dia 2.

Esse é o terceiro pedido de uma empresa de celulose instalada em Mato Grosso do Sul para construir linha férrea com objetivo de escoar sua produção. Alguns já receberam autorização para construção, mas os projetos ainda não foram em frente.

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A primeira solicitação e com estudos mais adiantados foi a da Eldorado Celulose, em 2021, para instalar a EF-A05, localizada entre os municípios de Três Lagoas e Aparecida do Taboado, e explorar a infraestrutura pelo prazo de 99 anos, com extensão de 89 km e investimentos de R$ 890 milhões, calculados em 2021.

A empresa obteve em julho do ano passado a licença prévia para instalação do governo de Mato Grosso do Sul e comprometeu-se a pagar mais de R$ 7,8 milhões em compensações ambientais ao Estado.

Além da Eldorado, a Suzano, em 2022, que opera uma fábrica de celulose em Três Lagoas com capacidade para 2,55 milhões de toneladas anuais, também solicitou autorização à ANTT para uma ferrovia, com extensão de 111,7 km, até Aparecida do Taboado.

A agência, no entanto, indicou que apenas uma autorização será concedida, o que poderá forçar as empresas a compartilharem o mesmo ramal. A Suzano também solicitou a construção de um ramal em Três Lagoas, com 24,28 km.

Outro processo em andamento na ANTT é para a autorização de construção de trecho que se conectará com a Ferroeste, a EF-483, entre os municípios de Maracaju e Dourados, com 76 km e permissão para explorar por 99 anos. O pedido foi feito em 2021 e, nesse caso, será para o transporte de grãos.

Agora, a Arauco fez o pedido de sua ferrovia à autarquia, após obter do governo do Estado, em maio do ano passado, a licença de instalação da fábrica. O objetivo é escoar a produção que vai chegar a 3,5 milhões de toneladas de celulose da unidade instalada em Inocência, perto da MS-377, que liga a BR-262 a Paranaíba.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, são ramais importantes para o escoamento da produção no Vale da Celulose.

“A Eldorado Brasil de Celulose apresentou um projeto e já emitimos esse licenciamento para construir uma ferrovia da fábrica até Aparecida do Taboado, para escoar o seu produto diretamente da fábrica ao porto de Santos. E houve um pedido de licenciamento da Suzano, para fazer um terminal da fábrica até Três Lagoas e subindo à Aparecida. Então, esse seria o desenho atual da questão ferroviária”.

Verruck ainda frisou que os projetos não tiveram nenhuma movimentação no ano passado: “Lembrando que todas as nossas empresas de celulose têm terminal privado no Porto de Santos. A gente tem insistido, mas praticamente ficou paralisada essa proposta ao longo de 2024”.

RAMAL

O ramal da Arauco vai ter extensão de 46 km, de uso exclusivo da empresa, com investimentos de cerca de R$ 800 milhões, ligando a unidade fabril até a Ferronorte. Depois, a celulose seguirá pela Ferronorte até o porto de Santos, onde a Arauco promete construir um terminal de embarque próprio.

A confirmação de que o processo foi acatado pela ANTT foi publicada no Diário Oficial da União do dia 2. No documento, o superintendente substituto Superintendência de Transportes Ferroviários (Sufer) da ANTT, Jean Mafra dos Reis, afirma que torna público “o conhecimento da ANTT acerca do requerimento, pela empresa Arauco Celulose do Brasil S.A., visando à obtenção de outorga por autorização para construção e exploração de ferrovia localizada no município de Inocência-MS, com extensão estimada de 46 km, pelo prazo de 99 anos”.

O processo de autorização começou a tramitar na ANTT em 17 de outubro do ano passado, na Sufer e na Gerência de Projetos Ferroviários (Gepef) e chegou à Coordenação de Autorizações Ferroviárias (Coauf) em dezembro.

No dia 26 daquele mês, foi remetido aos diretores da ANTT, e desde o início deste mês, retornou para a Sufer, a Gepef e a Coauf, para que esses departamentos deem seus pareceres e façam a análise da proposta da Arauco. A última movimentação foi dia 8.

O projeto foi batizado de Sucuriú pela Arauco, por estar próximo do rio do mesmo nome e usar sua água no processamento da matéria prima.

FÁBRICA

Conforme adiantou o Correio do Estado, na edição de 26 de setembro, a Arauco anunciou a expansão da capacidade de produção e deve se tornar a maior fábrica de celulose do mundo. A empresa do grupo chileno informou o aumento da capacidade produtiva da planta de Inocência, saindo dos iniciais 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.

A unidade da Arauco será instalada a 50 km da cidade de Inocência, na margem esquerda do Rio Sucuriú, região onde a Arauco afirma operar desde 2009 com manejo florestal e comercialização de madeira.

A fábrica da Arauco vai gerar mais de 400 megawatts (MW) de eletricidade, dos quais cerca de 200 MW serão destinados ao consumo interno da unidade industrial e o restante será vendido ao sistema.

A energia excedente – que é suficiente para abastecer uma cidade de mais de 800 mil habitantes – será disponibilizada ao sistema nacional. Segundo a Arauco, o governo de MS conta com uma política industrial e florestal “bem estruturada para o setor”, e o Estado tem um clima “muito favorável” ao cultivo de eucalipto.

Agrolink - RS   15/01/2025

A Lei das Ferrovias (14.273/21), criada para impulsionar o setor ferroviário no Brasil, completou três anos, mas ainda não resultou em projetos aprovados ou obras iniciadas. Conforme destacou Isan Rezende, presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Mato Grosso e do Instituto do Agronegócio, a situação reflete uma ineficiência na gestão de políticas públicas. Segundo informações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os entraves no setor são frequentes, com prazos de cinco a sete anos entre a solicitação de obras e a obtenção de licenças e autorizações.

Até o momento, as únicas obras em andamento, ainda em ritmo lento, são a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). No entanto, essas iniciativas, conduzidas por empresas privadas, enfrentam dificuldades, uma vez que são realizadas por lotes e não possuem previsão de conclusão devido à ausência de aprovação dos projetos necessários.

A Lei das Ferrovias foi concebida com o objetivo de atrair investimentos privados e modernizar a logística brasileira, especialmente em estados como Mato Grosso, onde a produção agrícola depende de alternativas eficientes para o transporte de grãos. Contudo, a morosidade nos trâmites administrativos e a falta de articulação entre governo e iniciativa privada limitam os avanços esperados.

Para Rezende, a inação no setor ferroviário é emblemática da fragilidade na execução de políticas públicas voltadas para a infraestrutura. Ele reforça que o desenvolvimento da malha ferroviária é essencial para melhorar a competitividade do agronegócio brasileiro, mas a atual gestão pouco contribuiu para transformar as promessas da Lei das Ferrovias em resultados concretos.

NAVAL

Portal Fator Brasil - RJ   15/01/2025

Com um crescimento de 0,52% ante o meso período em 2023.

O complexo portuário do Rio Grande do Sul encerrou 2024 com um crescimento de 0,52% nas movimentações em relação ao mesmo período de 2023. Já em Rio Grande, os 12 meses do último ano fechou com variação positiva de 1,03% e destaque para os aumentos das cargas de celulose (15,67%), polietileno (8,15%) e cloreto de potássio (6,09%).

Ao longo dos 366 dias de 2024 os portos gaúchos receberam 3.620 embarcações, sendo 2.954 delas no Porto do Rio Grande, 503 no Porto de Pelotas e outros 163 navios no Porto de Porto Alegre. No somatório geral, as três unidades administradas pela Portos RS movimentaram o equivalente a 45.098.185 toneladas.

Quando a classificação se dá pelo segmento de carga, os graneis sólidos correspondem a 28.717.990 toneladas, sendo seguidos pelas cargas gerais, com 13.354.056 toneladas, e pelos graneis líquidos, com 3.026.139 toneladas. O crescimento das movimentações representa a capacidade de superação do estado, após os eventos climáticos vividos no primeiro semestre.

Para o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, os resultados refletem os esforços do estado na recuperação do sistema hidroviário gaúcho, severamente atingido pela sedimentação dos canais de navegação. Para ele, os dados estatísticos representam o potencial de retomada da economia do Rio Grande do Sul a curto e médio prazo.

—Quando olhamos para os números de 2024 enxergamos a capacidade de superação do estado frente ao cenário das enchentes. O segundo semestre foi de muito trabalho para garantir a recuperação da nossa infraestrutura e a desobstrução dos canais de navegação, como as dragagens realizadas em Rio Grande e a obra na hidrovia— afirmou Klinger.

Porto do Rio Grande —Além do incremento nas movimentações já apresentadas, o porto marítimo gaúcho também obteve variação positiva nas operações envolvendo contêineres. Em 2024 foram 798.911 TEUs, número que é 24,98% maior que em 2023, quando foram movimentados 639.233 TEUs. TEU é uma unidade de medida correspondente a um contêiner de 20 pés.

As importações somaram 10.885.701 toneladas e tiveram como principais origens a China (1.806.025t), a Argentina (1.597.870t), a Rússia (951.874t), o Marrocos (711.967t) e o Canadá (670.873t), nesta ordem. Estados Unidos, Arábia Saudita, Nigéria, Uruguai e Peru completam a lista dos dez países.

Já as exportações alcançaram 25.218.338 toneladas e tiveram como principais destinos a China (10.941.729t), o Vietnã (1.279.441t), o Irã (1.123.779t), os Estados Unidos (892.853t) e o Marrocos (768.919t). Filipinas, Coreia do Sul, França, Tailândia e Espanha fecham a lista dos dez países de destino da produção gaúcha.

Porto de Pelotas —A unidade registrou uma movimentação total de 1.152.443 toneladas, sendo 995.063 delas de toras de madeira para a produção de celulose. A segunda carga mais movimentada no Porto de Pelotas foi o clínquer, que é o cimento em sua fase bruta de fabricação, atingindo 144.448 toneladas. As movimentações de soja alcançaram 12.932 toneladas.

Porto de Porto Alegre — O cais público da capital encerrou 2024 com a movimentação de 727.044 toneladas. Os insumos para a produção de fertilizantes continuaram sendo as cargas mais operadas na unidade e registraram 337.446 toneladas. A lista é seguida pelo trigo (240.293t), pela cevada (86.445t), pelo sal (32.908t), pelo sebo (25.877t) e pelas cargas gerais (4.075t), nesta ordem.

PETROLÍFERO

IstoÉ Dinheiro - SP   15/01/2025

O petróleo fechou o ano de 2024 como o principal produto da pauta de exportações brasileiras, tomando o lugar da soja. As vendas de óleo bruto de petróleo ou de minerais alcançaram US$ 44,8 bilhões, segundo dados divulgados na semana passada pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

O ano de 2024 terminou com o petróleo bruto representando 13,3% das exportações do Brasil, tomando a liderança da soja que, de 2023 para 2024, viu a participação cair de 15,7% para 12,7%. Em 2024, a soja rendeu aos exportadores US$ 42,9 bilhões, ante US$ 53,2 bilhões de 2023.

O óleo do pré-sal é o motor que permitiu o petróleo alcançar o topo da pauta exportadora. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de janeiro a novembro – último dado disponível, o país produziu 36,9 milhões de barris de petróleo por dia (Mbbl/d), sendo 71,5% originários do pré-sal. Observando apenas dados do segundo semestre, esse percentual salta para 80,3%.
Histórico do pré-sal

Descoberto em 2006, o pré-sal contribuiu para a soberania energética do país, possibilitando que o país se mantivesse sem a necessidade de importar óleo. Além da alta produtividade, os poços armazenam um óleo leve, considerado de excelente qualidade e com alto valor comercial.

O início da produção ocorreu no campo de Jubarte, localizado na Bacia de Campos, litoral do sudeste, em 2008. Ao lado da Bacia de Santos, é onde se encontram os reservatórios, perfurados há uma profundidade de 5 mil a 7 mil quilômetros. Para se ter uma ideia, 7 mil quilômetros é aproximadamente o ponto mais alto da Cordilheira dos Andes.

Atualmente os campos de Tupi, Búzios e Mero representam 69% da origem do pré-sal, segundo a ANP. Os três ficam na Bacia de Santos. O primeiro a produzir o pré-sal de Santos foi Tupi, maior ativo em produção no país, chegando a 1,1 milhão de barris por dia no terceiro trimestre de 2024.

A história da exploração e produção de pré-sal se confunde com os anos recentes da Petrobras, estatal que respondeu por 98% da produção de pré-sal em novembro de 2024, incluindo poços operados em consórcio. De toda a produção da companhia, cerca de 80% tem origem no pré-sal.

Dentre as principais empresas petrolíferas que operam em consórcio com a Petrobras figuram, entre outras, as multinacionais Shell (anglo-holandesa), TotalEnergies (francesa) e CNDOC (chinesa).

Segundo a companhia, o pré-sal, que deve atingir o pico de produção na década de 2030, tem papel estratégico na transição energética. Segundo a estatal, tecnologias desenvolvidas pela Petrobras fazem com que o óleo extraído do pré-sal tenha emissão de dióxido de carbono (CO²) – um dos causadores do efeito estufa e do aquecimento global – 70% menor que a média mundial.
Geologia

De acordo com a Petrobras, o pré-sal são rochas sedimentares formadas há mais de 100 milhões de anos com a separação dos atuais Continentes Sul-Americano e Africano. Com essa separação, surgiram grandes depressões que deram origem a diversos lagos, que mais tarde foram conectados aos oceanos.

“Nas regiões mais profundas desses lagos começaram a acumular grandes quantidades de matéria orgânica de algas microscópicas. Esta matéria orgânica, misturada a sedimentos, formou o que são as rochas que geram o óleo e o gás do pré-sal”, explica o site da companhia.

Por causa do clima árido daquele tempo, a evaporação intensa da água marinha provocou a acumulação de sais, o que criou a camada do pré-sal, uma espécie de proteção que impedia que o petróleo escapasse e chegasse à superfície”, completa.
Tecnologia

A distância dos reservatórios de pré-sal para a costa e a profundidade foram desafios para a Petrobras encontrar, retirar e transportar o óleo para o continente, fazendo com que a empresa desenvolvesse tecnologias para romper as dificuldades logísticas e exploratórias. Um exemplo é a técnica de processamento que ajudou a mostrar claramente a posição da rocha do pré-sal.

Na jornada de exploração e produção no pré-sal, o conjunto de tecnologias desenvolvidas pela Petrobras rendeu à estatal prêmios da Offshore Technology Conference (OTC), espécie de centro de pesquisa de elite mundial para exploração no mar, nos anos de 2015, 2019, 2021 e 2023.

Uma tecnologia usada no campo de Búzios é a aquisição sísmica 4D sistemática. “Por meio da emissão de ondas ultrassônicas que refletem no reservatório e retornam com dados, conseguimos definir altura, comprimento e profundidade, construindo uma imagem do reservatório”, explica a companhia.

“A partir de levantamentos sísmicos sistemáticos e de estudos para esquadrinhar a configuração do reservatório, conseguimos decidir os próximos passos, como onde perfurar determinado tipo de poço, alavancando a produção e reduzindo custos”, completa.

Entre as tecnologias de destaque atualmente estão as que reinjetam o C0² resultante da produção no próprio reservatório. É uma forma de evitar a liberação de poluente na atmosfera e diminui a “pegada de carbono” da companhia.

Veja aqui curiosidades sobre uma plataforma de petróleo,
Receitas

A descoberta do pré-sal foi tão significativa para o potencial de produção de petróleo brasileiro que levou o governo a mudar o regime que autorizava as empresas a explorarem a riqueza submersa.

Dessa forma, nas áreas de pré-sal vigora o regime de partilha. Nesse modelo, a produção de óleo excedente (saldo após pagamento dos custos) é dividida entre a empresa e a União. Quando é realizado o leilão que autoriza a exploração, vence o direito de explorar a companhia que oferece a maior parcela de lucro à União.

É diferente do modelo de concessão (válido no pós-sal), quando o risco de investir e encontrar – ou não – petróleo é da concessionária, que se torna dona de todo o óleo e gás que venham a ser descoberto. Em contrapartida, além do bônus de assinatura ao arrematar o leilão, a petrolífera paga royalties e participação especial (no caso de campos de grande produção).

Junto com o modelo de partilha, foi criada uma estatal, Pré-Sal Petróleo (PPSA), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que representa a União no recebimento das receitas.

Só em 2024, a PPSA recebeu R$ 10,32 bilhões com a comercialização das parcelas de petróleo e gás natural da União em cinco contratos de partilha de produção e em um acordo de produção no campo de Tupi. O valor é cerca de 71% maior do que o arrecadado em 2023 (R$ 6,02 bilhões).

De acordo com a estatal, até 2034, as projeções indicam uma arrecadação acumulada de R$ 506 bilhões para a União.
Novas fronteiras

Com a previsão de o pré-sal alcançar o pico na década de 2030, a indústria nacional de petróleo, capitaneada pela Petrobras, volta a atenção para novas fronteiras petrolíferas onde, acredita-se, pode haver grande potencial de produção.

Uma delas é a chamada margem equatorial, no litoral norte brasileiro, que está à espera de uma decisão favorável do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Outra região é a Bacia de Pelotas, no litoral da Região Sul. Um fator que explica o interesse da na região são descobertas de poços de petróleo no Uruguai e na costa da África – Namíbia e África do Sul. As condições geológicas das regiões, apontam especialistas, são semelhantes, pois os continentes eram unidos há dezenas de milhares de anos.

De acordo com a Petrobras, até 2029 a empresa investirá US$ 79 bilhões na exploração de novas fronteiras de óleo e gás, sendo 40% para a exploração da margem Sul e Sudeste, 38% na margem equatorial e o restante em outros países.

Infomoney - SP   15/01/2025

Os contratos futuros do petróleo cederam nesta terça-feira, 14, após fortes ganhos nas duas sessões anteriores. A iminência da finalização de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas contribui para pressionar os preços.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março fechou em queda de 1,20% (US$ 0,93), a US$ 76,37 o barril, enquanto o Brent para mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 1,34% (US$ 1,09), a US$ 79,92 o barril.

No fim da tarde, um projeto de acordo para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza, com a libertação de reféns, foi acertado em princípio e, se tudo correr bem, será finalizado ainda essa semana, disseram autoridades árabes, norte-americanas e israelenses à CBS News.
Ainda relacionado às novas sanções dos EUA impostas à Rússia, compradores de petróleo na Ásia estão buscando apoio de seus parceiros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), temendo uma lacuna no fornecimento, segundo fontes da Bloomberg.

De acordo com a Capital Economics, as recentes sanções podem manter os preços mais altos no curto prazo. No entanto, a empresa de pesquisa econômica ainda espera que a maior oferta da Opep+ e o fraco crescimento da demanda levem os preços do WTI a uma queda para US$ 70 o barril até o final deste ano.

“Duvidamos que o otimismo das empresas de petróleo e gás dos EUA após a vitória eleitoral de Donald Trump, se traduza em um crescimento mais forte da produção, uma vez que os recentes ganhos de produtividade vacilam e os preços do petróleo caem ainda este ano”, acrescenta.

Para Matt Stephani, gerente do Cavanal Hill World Energy Fund, “há petróleo demais armazenado”, além de hesitação em relação aos estoques da commodity até que parte do suprimento da Opep volte ao mercado.

O Departamento de Energia (DoE, em inglês) dos Estados Unidos projetou que o Brent recue para US$ 66 o barril em 2026. O departamento manteve sua previsão do preço médio do petróleo Brent em 2025 de US$ 74 o barril.

AGRÍCOLA

IstoÉ Dinheiro - SP   15/01/2025

A safra brasileira terminou 2024 com a produção de 292,7 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, o que representa recuo de 7,2% em relação à safra 2023. A estimativa faz parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado esperado de 2024 fica 22,7 milhões de toneladas abaixo da colheita de 2023, que alcançou 315,4 milhões de toneladas. A última vez que o Brasil experimentou queda na safra foi em 2021, com recuo de 0,4%.

O LSPA é uma estimativa mensal do IBGE para a área plantada e a produção agrícola brasileira. Esta foi a décima edição referente a 2024, ou seja, o prognóstico final para a safra do ano. O tamanho real da safra brasileira será informado pelo instituto na Pesquisa Agrícola Municipal, que será divulgada apenas em setembro.

Apesar do recuo na produção, a LSPA indica que a área colhida em 2024 alcançou 79 milhões de hectares (para se ter uma ideia, os estados de São Paulo e Minas Gerais somam extensão territorial de 835 milhões de hectares), crescimento de 1,6% em relação a 2023. Isso representa uma área colhida 1,2 milhão de hectares maior, ou seja, além da produção, caiu a produtividade da safra.

De acordo com o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Guedes, questões climáticas explicam a queda na produtividade. “Houve atraso no plantio da soja por problemas climáticos, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sul. Houve excesso de chuvas no Sul do país, com as enchentes no Rio Grande do Sul, que destruíram algumas lavouras de arroz, soja e milho 1ª safra [o cereal tem duas safras anuais]. Isso sem contar as altas temperaturas e poucas chuvas na 2ª safra, afetando o milho e o trigo”, explicou.

Produtos

A soja é o principal produto agrícola brasileiro, com produção estimada de 144,9 milhões de toneladas. Em seguida, figura o milho, como 114,7 milhões. O arroz, com 10,6 milhões de toneladas é o terceiro principal produto. Juntos, os três alimentos representam 92,3% da estimativa da produção e 87,2% da área a ser colhida.

Analisando estado por estado, o levantamento revela que o Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos, com participação de 31,4%, seguido por Paraná (12,8%), Rio Grande do Sul (11,8%) e Goiás (11,0%).

Em relação às regiões, o Centro-Oeste lidera a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, com 144,6 milhões de toneladas (49,4% do total). Em seguida aparecem o Sul, com 78,3 milhões de toneladas (26,8%); o Sudeste, com 25,8 milhões de toneladas (8,8%); o Nordeste, com 25,8 milhões de toneladas (8,8%); e o Norte, 18,2 milhões de toneladas (6,2%).
Estimativa para 2025

O IBGE divulgou também um prognóstico para a safra 2025. De acordo com o levantamento, a safra brasileira de 2025 deve somar 322,6 milhões de toneladas, uma alta de 10,2% em relação à de 2024 – 29,9 milhões de tonelada a mais.

De acordo com Guedes, o crescimento se deve à recuperação da safra de soja, que passou por muitos problemas em 2024. “Isso se soma às condições climáticas favoráveis às lavouras na maior parte do Brasil, mesmo com atraso no início do plantio. Os produtores conseguiram recuperar o atraso, utilizando-se de alta tecnologia. Tem chovido de forma satisfatória na maioria das regiões produtoras, o que beneficia as lavouras que estão em campo, como a soja e o milho de 1ª safra”, completou.

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