Clipping Diário

06 | Janeiro | 2025

SIDERURGIA

Diário do Aço - MG   06/01/2025

Para segunda-feira está agendada nova rodada de negociações da Campanha Salarial 2024/2025

Os funcionários da Usiminas, Usiroll e Unigal, todas pertencentes ao mesmo grupo, aprovaram em assembleia, a implementação do estado de greve. Os operários foram convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Siderúrgicas, Metalúrgicas, Mecânicas de Ipatinga e Região (Sindipa) para a deliberação na sexta-feira (3). Em nota, a Usiminas afirma que mantem o diálogo com os representantes dos trabalhadores, com o objetivo de construir uma proposta que esteja alinhada aos limites financeiros da empresa e à realidade do mercado do aço e também concilie as necessidades dos metalúrgicos.

A votação ocorreu em duas sessões, das quais, primeira iniciada às 5h10 e concluída por volta das 7h40. A segunda começou às 17h e terminou às 19h30. Cerca de 75% dos trabalhadores que participaram da assembleia aprovaram o estado de greve.

Geraldo Magela, presidente do sindicato, explicou ao Diário do Aço que, de imediato, os trabalhadores não darão início à greve, visto que na próxima segunda-feira (6) está agendada uma nova rodada de negociação com representantes da Usiminas, em referência à Campanha Salarial de 2024/2025.

“Nós vamos notificar a empresa na segunda-feira, que já temos uma reunião agendada, e mostrar a insatisfação dos trabalhadores com a situação que está hoje. As empresas têm 72 horas para manifestar e como nós já temos a reunião agendada para dia 6 às 14h, vai coincidir certinho com a data, do jeito que nós precisamos. Ela [Usiminas] fazendo uma proposta digna de ser apreciada, nós levamos para a assembleia, e se for rejeitada, continua a negociação”, esclareceu.

Motivo da pauta
De acordo com o sindicalista, essa decisão se dá pela insatisfação pelo tempo decorrido para se marcar uma nova reunião para negociar uma nova proposta, visto que a última foi rejeitada no dia 10 de dezembro do ano passado.

“A assembleia rejeitou essa proposta por aproximadamente 80% dos votos. Oficializamos as empresas, Usiminas, Usirol e Unigal, e elas se posicionaram marcando uma nova rodada de negociação apenas para o dia 6 de janeiro, ou seja, 26 dias depois da resposta dos trabalhadores. Para que as empresas não continuem enrolando, tentando cansar os trabalhadores para conseguir fazer uma proposta ruim, um acordo ruim para os trabalhadores e bom para as empresas, o Sindipa convocou os trabalhadores dessas empresas para participar da assembleia e nós indicamos aprovar o estado de greve”, finalizou.

O que diz a Usiminas
No fim da manhã deste sábado a Usiminas enviou nota oficial em se posiciona sobre o andamento da negociação: “A Usiminas informa que seguem as negociações com o Sindipa para construção de uma proposta para definição do Acordo Coletivo 2024/2025. A próxima reunião está agendada para segunda-feira, 6/1, quando continuará o processo de diálogo com o sindicato com o objetivo de construir uma proposta que esteja alinhada aos limites financeiros da empresa e à realidade do mercado do aço e também concilie as necessidades dos colaboradores”.

Valor - SP   06/01/2025

A tentativa da Nippon Steel de adquirir a U.S. Steel sucumbiu a um destino incomum quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, bloqueou o acordo. Foi a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos emitiu uma ordem para interromper a aquisição de uma empresa americana por uma empresa japonesa.

Para a Nippon Steel, expandir-se no mercado dos Estados Unidos era uma oportunidade que ela não podia deixar passar, e o acordo de US$ 14,9 bilhões também fazia parte de uma estratégia de crescimento no exterior, à medida que o mercado japonês encolhe.

O que vem a seguir para a Nippon Steel? Aqui estão três cenários possíveis para o futuro:

1 - Tomar medidas legais, prolongando o assunto por anos

A Nippon Steel anunciou sua intenção de comprar a U.S. Steel em dezembro de 2023. O plano encontrou um obstáculo ao buscar a aprovação dos reguladores dos Estados Unidos depois que os acionistas da U.S. Steel concordaram com o acordo.

O Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (Cfius), que examina aquisições estrangeiras, revisou o acordo em busca de ameaças à segurança nacional, mas não chegou a uma conclusão unânime, deixando a decisão final para o presidente. Biden ordenou na sexta-feira que as duas empresas abandonassem o acordo em 30 dias.

Levar o caso ao tribunal é uma opção. A Nippon Steel disse que a decisão de bloquear o acordo a deixou "sem escolha a não ser tomar todas as medidas apropriadas para proteger nossos direitos legais".

A Nippon Steel não pode registrar uma reclamação contra a decisão de Biden. Mas pode entrar com uma ação judicial contra o processo de verificação que o Cfius usa para chegar à sua decisão — que Biden usou para formar sua própria decisão.

No mês passado, em uma carta ao Cfius, a Nippon Steel acusou a Casa Branca de ter influência indevida sobre o processo de verificação, de acordo com relatos da mídia. O sindicato United Steelworkers (USW) estava ganhando influência sobre a Casa Branca porque poderia influenciar os eleitores antes da eleição presidencial dos Estados Unidos.

Há um precedente de uma empresa estrangeira vencendo um caso para anular o bloqueio de uma aquisição por uma empresa estrangeira pela Casa Branca. Um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos permitiu, em 2014, que uma subsidiária americana do Sany Group da China contestasse um bloqueio em sua aquisição de um projeto de parque eólico, levando a um acordo entre as partes em 2015.

Mas o caso é visto como único porque o Sany Group nunca teve oportunidade suficiente de ser ouvido no processo de tomada de decisão. Akira Inoue, um advogado familiarizado com os reguladores dos Estados Unidos, disse ao “Nikkei Asia” que "vendo os relatórios, a Nippon Steel garantiu uma oportunidade de apresentar seu caso. A chance de um tribunal reconhecer uma ilegalidade no processo é baixa."

Mesmo que um tribunal ouvisse o caso da Nippon Steel, as chances são de que levaria anos para resolver. A ação legal no caso do Sany Group começou em 2012.

Dado o longo processo legal, mesmo que a Nippon Steel vencesse, sua estratégia de expandir os negócios no exterior seria significativamente atrasada.

2 - Reduza o acordo ou mantenha as operações nos Estados Unidos como estão

A Nippon Steel também pode mudar os detalhes da aquisição. Por exemplo, em vez de comprar toda a U.S. Steel, ela poderia adquirir algumas ações e formar uma aliança.

Isso significaria que a Nippon Steel ainda poderia buscar expandir seus negócios nos Estados Unidos — onde uma demanda firme é esperada para os próximos anos.

No entanto, essa opção ainda estaria sujeita a uma revisão do Cfius — o que significa que um acordo bem-sucedido não é algo certo.

E há mais obstáculos neste cenário. Inicialmente, a Nippon Steel pretendia dar à U.S. Steel várias tecnologias diferentes, incluindo uma para produzir "chapa de aço elétrico não orientada", que é necessária para fabricar motores de veículos elétricos. Tecnologias que permitiriam acelerar a descarbonização nas plantas da U.S. Steel também foram consideradas.

Mas uma fonte da Nippon Steel disse que doar suas tecnologias só poderia avançar quando a U.S. Steel fosse totalmente adquirida, o que significa que esse nível de investimento diminuiria as sinergias no compartilhamento de tecnologias.

A Nippon Steel também pode mudar de rumo e tentar adquirir apenas uma planta no sul dos Estados Unidos com um forno elétrico a arco — o que ajudaria a U.S. Steel, que está com problemas de caixa. A planta pode ser atraente para a Nippon Steel por dois motivos. Um é que os fornos elétricos são mais ecológicos. O outro é que os funcionários de plantas com fornos elétricos não fazem parte do sindicato trabalhista da USW, que se opôs ao acordo.

Também há a opção de fortalecer o que a Nippon Steel tem nos Estados Unidos a partir de agora. A empresa tem uma joint venture com a ArcelorMittal chamada AM/NS Calvert, no Alabama. Se o acordo inicial fosse concretizado, a Nippon Steel estava planejando vender suas ações da AM/NS para a ArcelorMittal para evitar obstáculos regulatórios antitruste. Se o acordo fracassar completamente, a Nippon Steel manteria suas ações na AM/NS.

Analistas disseram que a AM/NS Calvert é uma galinha dos ovos de ouro para a Nippon Steel. A joint venture também está construindo uma usina de forno elétrico com um investimento de US$ 775 milhões.

3 - Donald Trump salva o acordo

O acordo pode fazer um retorno milagroso após o presidente eleito Donald Trump assumir o cargo. Nesse caso, Trump precisaria rescindir a ordem. "Não que eu tenha visto um caso semelhante, mas com a autoridade do presidente, é possível anular a ordem", disse um advogado familiarizado com a lei federal dos Estados Unidos.

No entanto, isso parece improvável, pois Trump falou contra o acordo durante sua campanha presidencial. Em dezembro, ele lembrou aos seguidores da mídia social onde ele estava, dizendo "Sou totalmente contra a outrora grande e poderosa U.S. Steel ser comprada por uma empresa estrangeira, neste caso a Nippon Steel do Japão."

Mas Takahiro Mori, vice-presidente da Nippon Steel e vice-presidente executivo responsável pelo plano de aquisição, disse que o acordo está próximo das políticas declaradas por Trump — que incluem o fortalecimento da fabricação nos Estados Unidos — porque a Nippon Steel estava planejando ajudar a U.S. Steel a investir mais em plantas nos Estados Unidos.

A Nippon Steel havia planejado um investimento de US$ 2,7 bilhões nas instalações da U.S. Steel no acordo inicial. Mas a empresa japonesa pode precisar adicionar mais para persuadir Trump a mudar de ideia — o que criaria um fardo fiscal extra para a empresa.

Valor - SP   06/01/2025

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, colocou-se contra os principais assessores de segurança nacional ao decidir vetar a compra da siderúrgica U.S. Steel pela japonesa Nippon Steel. Biden decidiu, alinhar-se com seus assessores domésticos para reforçar seu legado pró-sindicato.

A equipe apresentou a Biden duas opções amplas nos últimos dias, disseram autoridades do governo: bloquear o acordo de US$ 14,1 bilhões inteiramente ou atrasar uma aprovação até que a Nippon Steel pudesse dissipar as preocupações de que sua propriedade prejudicaria a cadeia de suprimentos de manufatura americana.

Durante as discussões a portas fechadas, o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, e o secretário de Estado, Antony Blinken, estavam entre os assessores com mentalidade de política externa pressionando por opções que pudessem manter o acordo vivo, não querendo prejudicar um relacionamento crucial com um aliado do Leste Asiático, de acordo com as autoridades.

Steve Ricchetti, conselheiro do presidente, e outros funcionários com foco doméstico disseram que era melhor ficar do lado dos líderes do sindicato United Steelworkers, que eram oponentes vocais do acordo desde que foi anunciado em dezembro de 2023, disseram as autoridades. Biden se autodenominou o presidente mais pró-sindicato da história americana.

Os conselheiros de segurança nacional de Biden não apoiaram uniformemente a busca de um caminho para aprovar o acordo: a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, por exemplo, era uma defensora da desistência da aquisição.

Mas as autoridades disseram que ficou claro que os argumentos finais colocaram os instintos políticos de Biden contra considerações globais.

Um alto funcionário do governo disse que tanto a segurança nacional quanto as questões econômicas "foram representadas durante todo o processo e nas discussões com o presidente".

Por fim, Biden — que por meses jurou não deixar a U.S. Steel cair em mãos estrangeiras — encerrou um ano de discussões de bastidores na sexta-feira, cumprindo sua promessa.

"É minha responsabilidade solene como presidente garantir que, agora e por muito tempo no futuro, a América tenha uma forte indústria siderúrgica de propriedade e operação nacionais", disse Biden em um comunicado.

Líderes do sindicato dos metalúrgicos disseram que a venda colocaria empregos em siderúrgicas em risco se a Nippon Steel reduzisse a produção. O sindicato previu que a Nippon Steel continuaria a estratégia da U.S. Steel de transferir a produção de usinas mais antigas para uma planta mais nova, de menor custo e com uma força de trabalho menor.

Ao impedir o Japão, um país próximo dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial, de adquirir uma empresa americana, Biden minou sua própria estratégia de tornar os EUA um aliado inabalável que sempre apoia seus parceiros.

Ainda assim, a mudança se encaixa na abordagem do governo de proteger indústrias cruciais, mesmo que perturbe nações amigáveis, como quando a Lei de Redução de Inflação, legislação repleta de subsídios de tecnologia verde para empresas americanas, levou os europeus a criticar os EUA por serem muito protecionistas.

O Comitê de Investimento Estrangeiro nos EUA, o painel interinstitucional conhecido como Cfius, revisou as ramificações de segurança nacional da aquisição por meses. Assessores representando os departamentos do Tesouro, Estado e Defesa, entre outros, não conseguiram chegar a um consenso sobre se deveriam recomendar o acordo ao presidente.

O grupo se dividiu sobre se o grande tamanho e a escala global da Nippon Steel representavam um risco para a indústria siderúrgica nacional ao potencialmente substituir a produção da U.S. Steel por importações de suas usinas no exterior.

Biden citou essa preocupação em sua declaração impedindo o negócio: "Esta aquisição colocaria um dos maiores produtores de aço dos Estados Unidos sob controle estrangeiro e criaria risco para nossa segurança nacional e nossas cadeias de suprimentos críticas."

O presidente eleito, Donald Trump, prometeu repetidamente em sua campanha bloquear o acordo, um raro ponto de acordo entre Biden e ele. Faltando apenas algumas semanas para Trump se tornar presidente, as autoridades disseram que o tempo efetivamente acabou para a empresa japonesa convencer o governo de que poderia proteger as cadeias de suprimentos dos EUA.

"A Nippon tinha cerca de um ano para resolver as preocupações com a segurança nacional e não o fez", mesmo depois que a Cfius deu à empresa mais tempo após uma extensão do período de revisão, disse um alto funcionário do governo.

No final, disse o funcionário, é por isso que Biden decidiu rejeitar o acordo imediatamente, em vez de bloqueá-lo com condições que, se atendidas, poderiam eventualmente ter dado à empresa um caminho para obter a aprovação da venda.

A Nippon Steel reclamou que a Cfius se recusou a responder a várias propostas e rascunhos de acordos com o governo federal que incluíam quase US$ 3 bilhões em investimentos nas plantas da U.S. Steel, garantias de produção de aço nos EUA e ofertas para fornecer ao governo federal supervisão das operações da U.S. Steel.

Como parte da oferta final feita diretamente à Casa Branca no início desta semana, a Nippon Steel prometeu se abster de fechar qualquer capacidade de produção da U.S. Steel por 10 anos sem a aprovação do governo.

Valor - SP   06/01/2025

De acordo com o presidente, o aço impulsiona o país devido ao impacto na infraestrutura, indústria automobilística e na defesa

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em e-mails da Casa Branca que a indústria siderúrgica é estratégica para a economia e soberania americanas. Biden barrou a aquisição da US Steel pela siderúrgica japonesa Nippon Steel, destacando medidas como as tarifas de importação sobre o aço da China e a abertura de cem novas siderúrgicas nos Estados Unidos.

As ações da companhia americana registravam há pouco queda de 7,98% no pré-mercado de Nova York, cotadas a US$ 30. Ontem, os papéis terminaram o pregão com recuo de 4,09%.

De acordo com Biden, a US Steel “continuará sendo uma orgulhosa empresa americana”, com trabalhadores unidos e a melhor categoria do mundo. Caso a transação não seja suspensa, o procurador-geral está “autorizado a tomar quaisquer medidas necessárias para fazer cumprir esta ordem”, afirma.

“Como um comitê de especialistas em segurança nacional e comércio determinou, esta aquisição colocaria um dos maiores produtores de aço dos Estados Unidos sob controle estrangeiro e criaria riscos para nossa segurança nacional e nossas cadeias de suprimentos críticas”, afirmou em um e-mail da Casa Branca.

Biden alega que a produção de aço é “a espinha dorsal da nação” e representa uma prioridade para a segurança nacional. De acordo com o presidente, o aço impulsiona o país devido ao impacto na infraestrutura, indústria automobilística e na defesa. “Sem produção de aço nacional e trabalhadores siderúrgicos nacionais, nossa nação é menos forte e menos segura”, afirmou.

O presidente americano afirma que as empresas siderúrgicas dos Estados Unidos “enfrentaram práticas comerciais injustas” durante muito tempo, com perda de empregos e fechamentos de fábricas, em razão de concorrentes escoarem a produção globalmente a “preços artificialmente baixos”.

O cenário mudou, de acordo com ele, com a adoção de medidas como triplicar as tarifas sobre importações de aço da China, além da abertura de cem novas siderúrgicas desde que ele assumiu a Presidência. “Hoje, a indústria siderúrgica nacional é a mais forte dos últimos anos”, disse.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   06/01/2025

Para ter uma ideia completa do potencial perturbador da agenda econômica de Donald Trump, vá além da atenção monopolizada por Elon Musk e olhe para o elenco mais amplo de personagens na órbita do presidente eleito. Russ Vought, diretor de orçamento, promete “quebrar a burocracia conforme a vontade do presidente”. Peter Navarro, um conselheiro comercial, reflete sobre cancelar o acordo comercial dos Estados Unidos com o Canadá e o México. Andrew Ferguson, oficial antitruste, critica as grandes empresas de tecnologia por suprimirem o discurso dissidente.

Estas são apenas algumas das vozes no universo de pessoas que moldarão o “Trumponomics”. Normalmente, os presidentes têm um conjunto de oficiais e conselheiros contribuindo para sua equipe econômica. No caso de Trump, porém, a equipe é incomumente grande, estendendo-se de magnatas dos negócios a iconoclastas acadêmicos. Como eles se encaixam? E como buscarão remodelar a economia americana?

É útil dividir os seguidores de Trump em três grupos: os conservadores tradicionais, os americanos nacionalistas e os magnatas da tecnologia. Em muitos casos, há sobreposição. A maioria concorda que a América precisa de menos regulações, governo menor, impostos mais baixos, menos imigração e uma postura mais dura contra adversários estrangeiros. Praticamente todos trazem extensa experiência, seja no governo ou no setor privado, para a mesa. Mas suas prioridades e prescrições variam amplamente. Os apoiadores de Trump acreditam que, quando refratadas através de seu gabinete oval, essas divergências levarão a decisões melhores. Se mal administradas, elas podem facilmente levar a uma governança caótica.

Como na primeira administração de Trump, os conservadores tradicionais ocupam uma série de cargos proeminentes. Eles podem ser esperados para contrariar os impulsos protecionistas mais extremos que percorrem o Trumponomics. Scott Bessent, que gerencia um fundo de hedge, está prestes a assumir o Tesouro. Kevin Hassett, um economista respeitado e conselheiro sênior no primeiro mandato de Trump, liderará o Conselho Econômico Nacional (NEC). Howard Lutnick, diretor executivo da Cantor Fitzgerald, uma corretora e banco de investimentos, foi nomeado secretário de Comércio. E Doug Burgum, ex-governador da Dakota do Norte e empreendedor em série, liderará o Departamento do Interior.

Investidores e diplomatas respiraram aliviados com essas nomeações, especialmente após os nomeados mais controversos de Trump para posições como secretário de Defesa e procurador-geral. “Ele manteve o carro de palhaços longe da economia”, é como um diplomata em Washington, DC, coloca. Há ecos dos papéis moderadores desempenhados na primeira administração de Trump por Steven Mnuchin como Secretário do Tesouro e Gary Cohn no NEC, ambos ex-alunos do banco Goldman Sachs.

Mas os tradicionais parecem mais dispostos a acompanhar a agenda de Trump desta vez. Hassett disse que tarifas universais de 10% ofereceriam benefícios “bastante significativos” para a América, ajudando a trazer a produção global para o país. Bessent, por sua vez, falou sobre tarifas como uma “posição de negociação” - implicando que ele vê valor nessas taxas, mesmo que não como um fim em si mesmas.

Lutnick, um homem com instintos de lutador, foi ainda mais longe. “Você tem de tarifar o resto do mundo. Mantenha-os longe. Traga a manufatura de volta para cá”, disse ele em uma entrevista antes da eleição. Mesmo assim, os investidores ainda contam com os tradicionais para polir as bordas mais ásperas do Trumponomics. O desafio para Bessent, em particular, será se opor às tarifas sem minar sua própria posição. “Ele precisará canalizar o mercado, para parecer que a oposição vem do mercado, não dele mesmo”, diz um ex-conselheiro de Trump.

Os americanos nacionalistas representam a espinha dorsal do Trumponomics. Seu objetivo de manter a dominação americana da ordem global tem sido o princípio orientador de Trump desde que entrou na política nacional, uma década atrás. E ao contrário de seu primeiro mandato, quando houve uma corrida para preencher sua administração, o que trouxe muitos oficiais que não compartilhavam as visões de Trump, a maioria desta vez foi examinada pela fidelidade ideológica. Isso torna os americanos nacionalistas um grupo mais formidável agora, dos altos sacerdotes liderando o caminho aos técnicos implementando sua visão.

Seu supremo é Stephen Miller, vice-chefe de gabinete na Casa Branca, onde será responsável pela política. No primeiro mandato de Trump, Miller era mais conhecido como um conselheiro linha-dura sobre imigração, ajudando a elaborar regras controversas que separavam os pais dos filhos. Miller novamente liderará uma repressão à imigração, o que pode acabar tendo um impacto maior na economia do que qualquer outro elemento do Trumponomics.

Mas ele também terá um papel mais amplo. Após deixar o cargo, Miller estabeleceu a Fundação Legal America First para combater o que muitos conservadores veem como o excesso de alcance do estado administrativo. Durante a campanha eleitoral, ele foi um defensor ruidoso das tarifas, endossando uma estratégia de usá-las como um imposto sobre importações enquanto cortava impostos sobre produção feita na América.

América Primeiro, Segundo e Terceiro

É possível imaginar um cenário no qual os três grupos puxem na mesma direção: os apoiadores da política “América Primeiro” como o motor, impulsionando a administração para a frente; os tradicionalistas como os amortecedores, suavizando os solavancos pelo caminho; e os magnatas da tecnologia fornecendo ferramentas para uma viagem mais rápida.

Para vislumbrar como isso poderia funcionar na prática, considere a energia. Como secretário do Interior, Burgum tentará reunir tanto o mantra “perfure, baby, perfure” de Trump (em relação ao petróleo) quanto a busca para manter a supremacia tecnológica americana. Regras de permissão muito mais fáceis, espera-se, impulsionarão a produção de óleo e gás, em benefício da indústria de IA. Ele será apoiado pelo secretário-adjunto do Tesouro, Michael Faulkender, que serviu no Tesouro no primeiro mandato de Trump e passou os últimos anos no America First Policy Institute, um think tank. Ele ajudou a elaborar planos, prontos para o primeiro dia, para incentivar a perfuração.

Uma dinâmica semelhante poderia surgir na regulação. Trump nomeou uma série de veteranos que compram a postura dura com a grande tecnologia e suave com a pequena tecnologia. No DoJ, Gail Slater será a próxima líder da divisão antitruste. Ela foi assessora econômica de J.D. Vance, o vice-presidente eleito conhecido por sua antipatia pelos gigantes do Vale do Silício. No entanto, ela também serviu anteriormente como conselheira geral na Internet Association, um grupo da indústria, onde argumentou que a interferência governamental sufocava a inovação.

Na Comissão Federal de Comércio (FTC), o principal regulador antimonopólio, Trump promoveu o atual comissário Andrew Ferguson, cujas opiniões dissidentes indicam um padrão mais alto para desafiar negócios do que sua antecessora nomeada por Biden, Lina Khan. Trump também adicionou Mark Meador, um advogado antitruste que se juntou ao DoJ no primeiro mandato de Trump, à FTC como novo comissário, consolidando sua maioria Republicana. Meador tem sido um crítico contundente das empresas de grande tecnologia e, como assessor do senador Mike Lee, de Utah, elaborou um projeto de lei que teria forçado o Google a desmembrar seu negócio de publicidade.

É, no entanto, muito fácil imaginar um cenário alternativo, onde as várias divisões entre assessores e oficiais desaceleram as coisas. A divisão mais óbvia está entre os apoiadores da política “América Primeiro” e os tradicionalistas sobre tarifas. Embora seus desacordos sejam menos pronunciados do que no primeiro mandato de Trump, o presidente eleito assume o cargo com um plano muito mais radical.

Se ele estiver falando sério sobre aplicar tarifas punitivamente altas a vário países, sejam eles inimigos ou aliados, Bessent e Hassett terão muito trabalho. “Vai haver uma queda de braço entre os defensores tradicionais do livre mercado ao estilo Reagan e as vozes que acreditam em um grande governo dirigindo a economia”, diz Moore.

Monitor Digital - RJ   06/01/2025

A China aumentou significativamente a emissão de títulos especiais do Tesouro ultralongos em 2025 para apoiar a implementação dos programas de atualizações de equipamentos em larga escala e substituições de bens de consumo, de acordo com uma coletiva de imprensa do governo realizado em Beijing nesta sexta-feira.

Yuan Da, vice-secretário-geral da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), disse que o governo ampliará o escopo das áreas elegíveis para apoio financeiro, incluindo informações eletrônicas, segurança de produção e instalações agrícolas. Os investidores subsidiam para comprar três categorias de produtos digitais: celulares, tablets e smartwatch e pulseiras.

O funcionário disse que o governo aumentou ainda mais os subsídios para atualizar ônibus urbanos de nova energia, baterias e máquinas agrícolas e fortalecerá o apoio à renovação de bens de consumo relacionados à decoração da casa.

Em março de 2024, o governo lançou um plano de ação para promover a renovação de equipamentos em larga escala e as substituições de bens de consumo como parte dos esforços para investimentos na demanda doméstica e apoiar o crescimento econômico.

Yuan disse que, no ano passado, o trabalho relacionado a esses programas efetivamente reforçou o investimento, impulsionou o consumo doméstico e acelerou a transição verde em meio ao boom de vendas de veículos de nova energia e tecnologias com eficiência energética.

Na coletiva de imprensa de sexta-feira, o funcionário informou que o governo também fortalecerá o apoio a projetos destinados a implementar as principais estratégias nacionais e aumentar a capacidade de segurança em áreas-chave por meio da emissão de títulos do Tesouro ultralongos em 2025.

Especificamente, o governo continuará apoiando a proteção ecológica e ambiental e o desenvolvimento verde no Cinturão Econômico do Rio Yangtzé, o desenvolvimento do Novo Corredor Internacional de Comércio Terrestre-Marítimo, serviços públicos urbanos para pessoas limitadas de áreas rurais e a melhoria e atualização do ensino superior.

Também contribuem o apoio financeiro para áreas de supervisão de grande e médio porte, projetos de desvio de água, construção de ferrovias intermunicipais em aglomerados urbanos importantes e redução de custos de logística em todo o país.

O país destinou 300 bilhões de yuans (cerca de 42 bilhões de dólares americanos) em títulos especiais do Tesouro ultralongos em 2024 para transferir os programas de atualizações de equipamentos em larga escala e substituições de bens de consumo, de acordo com Zhao Chenxin, vice-chefe da CNDR.

“Em 2025, aumentaremos a escala de fundos, expandiremos a cobertura e otimizaremos os métodos de implementação dessas políticas para ampliar seu impacto. Trabalharemos com os departamentos relevantes para permitir que os moradores e mais empresas se beneficiem das políticas por meio de ações concretas”, disse Zhao. Fim

O Estado de S.Paulo - SP   06/01/2025

diretora de macroeconomia para o Brasil do UBS Global Wealth Management, Solange Srour, vê um início de 2025 complicado, com dúvidas no mercado sobre a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de perseguir pelo menos uma regra fiscal até o final do mandato, após a aprovação do pacote de contenção de despesas ao fim do ano passado. “O fundamento continua a ser um País que não tem regra fiscal”, diz.

Ela afirma que haverá uma desaceleração importante da economia, excetuando o setor agrícola, e uma alta de inflação significativa já no começo deste ano, o que, teoricamente, deve influenciar também a popularidade do governo. “E o mercado questiona muito neste momento o que vai ser feito. Uma inversão total da política econômica, que deveria ter sido feita em novembro? Ou vai ser mais uma tentativa de segurar a economia, vai tentar segurar a inflação? Sabemos que isso nunca deu certo.”

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Qual sua avaliação do cenário após o pacote fiscal do governo?

Mesmo que o pacote não fosse desidratado, já seria insuficiente para dar segurança ao arcabouço fiscal sem modificações em 2026. Houve uma desidratação importante. A meta de resultado primário não é factível porque depende de arrecadação na qual não acreditamos. O fundamento continua a ser um País que não tem regra fiscal.

Como fica a situação da equipe econômica?

A equipe econômica estava disposta a fazer algo mais estrutural, não só o Ministério da Fazenda, mas também o Planejamento, com ideias que poderiam construir uma ponte para 2026. Obviamente, a equipe fica mais enfraquecida. O mercado quer ver do presidente Lula a disposição de perseguir pelo menos uma regra fiscal até o final do mandato.
Podem vir novas medidas?

Se vierem, serão tão fracas quanto as que já vieram. O próprio BPC (Benefício de Prestação Continuada, um benefício pago a portadores de deficiência e idosos de baixa renda) mostrou que é muito difícil mexer em benefício social, ainda mais na segunda metade de um governo. A mudança no reajuste do salário mínimo foi uma vitória, mas traz muito pouca segurança de cumprimento de teto em dois anos. A sinalização é de dificuldades.
Em dezembro, o Banco Central acelerou a Selic, mas o mercado piorou...

O Banco Central praticamente elevou os juros em 300 pontos-base (três pontos porcentuais) em uma reunião só, de dezembro, mas o mercado ficou cético de que, mesmo com uma comunicação muito dura e uma alta de taxa de juros importante, o BC seria bem-sucedido. O problema é o fiscal, não é o Copom, que explicou claramente que o pacote fiscal foi recebido com ceticismo pelo mercado, o que influenciou o prêmio de risco e atrapalha a trajetória da inflação. Obviamente, não é só isso o problema do BC.
E o que mais é?

O BC precisa desacelerar a economia porque o fiscal atrapalha as expectativas e o câmbio, mas também outro canal, o do crédito. A economia está crescendo muito acima do potencial. O resultado do Copom mostrou que o mercado coloca em dúvida se o BC, apesar de ter instrumentos, vai conseguir levar a inflação à meta.

A orientação do Copom de mais duas altas da Selic em janeiro e março dá a ideia de continuidade no BC agora sob direção de Gabriel Galípolo?

O forward guidance (definição dos passos futuros) foi conveniente. A pressão política é grande, pode diminuir em alguns momentos, aumentar em outros, mas é presente e significativa. O BC ganha algum tempo sem pressão porque avisou que será duro nas próximas duas reuniões. Ajudou a diminuir a tensão Galípolo ter afirmado que o BC não vê ataque especulativo (ao real) e chamar a reunião para responsabilidade dele. Se é suficiente, dependerá da política fiscal.
A Selic vai além de 14,25% ao ano?

14,25% é o contratado pelo Banco Central. O mercado vai precificando entre 16,5% e 17%. Se o BC realmente estiver mirando a meta de inflação de 3% no horizonte relevante, vai depender muito de onde o câmbio e as expectativas de inflação vão estabilizar. Muitos no mercado dizem que uma hora o Banco Central vai precisar parar de elevar os juros, mas não consigo comprar esse argumento. Só consegue parar quando, no horizonte de projeção dele, há algum momento em que o câmbio e as expectativas estabilizam. O mercado está vendo um ambiente que talvez tenha ficado um pouco menos tenso por causa de intervenções do BC no câmbio, mas que continuará. Acho que o Banco Central vai acabar indo mais longe do que o forward guidance de hoje, se eu estiver certa na minha hipótese de que não vai vir uma bala de prata no fiscal.
Diante disso, qual a perspectiva para a economia?

A economia vai sofrer, porque a alta de juros que ocorreu, ainda que um pouquinho amenizada nos últimos dias, é brutal e vai afetar o crédito. Um salto na taxa de juros pega empresas e consumidores de surpresa. O grau de repasse para a economia acaba sendo mais rápido. O mercado só não prevê essa desaceleração logo no início deste ano porque a safra deve ser muito boa. Neste momento, a fragilidade fiscal fica ainda mais exposta. Se já falamos de não gerar superávit primário, de dívida subindo aceleradamente, com uma economia forte, quando vira, as preocupações ficam maiores.
Preocupações com respostas do governo?

O mercado tem dúvida se, na hora que a economia desacelerar, até mesmo o estímulo fiscal, não só o parafiscal, pode ser acionado de novo. A tendência é piorar, já que de fato nada estrutural mudou e a economia vai sentir. Quando a economia sente, as trajetórias fiscais ficam muito piores. Se formos revisar, com base no crescimento mais baixo de 2025, a trajetória para 2026, 2027, 2028 estará pior.

E o cenário de inflação, com câmbio mais pressionado?

Não precisa de um câmbio a R$ 6,30 para ser péssimo. No primeiro trimestre, haverá uma surpresa muito forte com a inflação, porque as empresas recompõem seus estoques, exauridos ao final do ano, com a taxa de câmbio mais alta. O cenário de 2025 é bem ruim, como mostram as inflações implícitas no mercado. No início deste ano, haverá uma desaceleração da economia ex-agro importante e uma alta de inflação significativa. Teoricamente, isso começa a afetar a popularidade do governo. E o mercado questiona muito neste momento o que vai ser feito. Uma inversão total da política econômica, que deveria ter sido feita em novembro? Ou vai ser mais uma tentativa de segurar a economia, vai tentar segurar a inflação? Sabemos que isso nunca deu certo.
Soma-se a isso o cenário externo...

Adverso. Haverá uma volatilidade inerente a um novo governo nos Estados Unidos, que está prometendo muita coisa diferente na política econômica, em tarifas, imigração, desregulamentação, fiscal... Não há como estimar o quanto vai ser implementado. O Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) está bastante preocupado com a desinflação mais gradual. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o cenário inflacionário adverso tem feito o BC americano prever menos cortes de juros. Há um risco inflacionário importante, por Donald Trump e pela economia, bastante aquecida, com consequências para o Brasil. As condições globais aumentam a urgência de colocar o cenário fiscal do País na trajetória positiva.
No pior momento ao final de 2024, o Tesouro e o BC fizeram intervenções com recompra de títulos e venda de dólares para acalmar o mercado. Devem continuar?

O Banco Central não tem como perder reservas nesse ritmo (das intervenções com venda de dólar à vista ao final de 2024), porque cada vez fica mais evidente que o nível de reservas ficará desconfortável. O Tesouro também não terá como intervir agressivamente por muito tempo porque o colchão de liquidez vai diminuindo, e isso não diminui prêmio de risco, ao contrário, aumenta. A bola está com o presidente Lula mesmo. É por isso que o mercado fica de olho em quem comanda o governo, hoje personificado na figura do presidente, disposto a inverter esse ciclo de perda de confiança que vivemos.

Uma crise de confiança...

Uma crise de confiança na direção da política econômica como um todo. Ainda que o BC esteja tentando se proteger e fazendo o correto, não consegue ter sua reputação inabalada sem contribuição do fiscal, porque essa questão mina a funcionalidade da política monetária. Não tenho dúvida de que estamos numa crise de confiança severa, afetando todo o tripé macroeconômico, mas que começa pelo fiscal.

Globo Online - RJ   06/01/2025

A divergência entre a percepção sobre o desempenho presente dos negócios e as expectativas para os próximos meses é a marca recente no vaivém dos indicadores de confiança empresarial, mostram os dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Isso ficou claro no Índice de Confiança Empresarial (ICE), calculado como uma média ponderada de todos os setores. O componente da situação atual subiu 0,7 ponto, para 99,6 pontos — maior nível desde dezembro de 2013 —, mas o componente das expectativas caiu 1 ponto.

Isso já pode ser efeito da perspectiva de alta de custos, por causa de dólar e juros, diz Rodolpho Tobler, pesquisador da FGV que supervisiona as sondagens empresariais:

— Na confiança empresarial, a situação atual tem tido um comportamento mais homogêneo, com uma trajetória de alta ao longo de 2024, com ritmo não muito forte, mas subindo passo a passo. O que indica alguma cautela são as expectativas, que começaram a cair nos últimos meses.

Se a percepção dos consumidores é marcada pela inflação dos alimentos e o crédito mais caro, os empresários sentem mais a elevação de custos causada pela alta de dólar e juros.

Dessa forma, o clima de crise instalado no mercado financeiro tende a chegar mais rápido na percepção do empresariado. Quem atua no mercado financeiro apenas sai na frente, segundo Walter Maciel, CEO da gestora de fundos AZ Quest:

— O mercado financeiro não está mais preocupado do que os outros setores. É que o mercado financeiro, por natureza, olha para frente e antecipa, enquanto os outros setores vivem o dia a dia — diz Walter Maciel, CEO da gestora AZ Quest, que aponta o desequilíbrio fiscal como causa da “deterioração da confiança”.

Crescimento ‘quase artificial’

Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística, dona do Porto do Açu, no litoral norte do Rio, está otimista com 2025, mas não por causa do crescimento da economia, e sim porque a empresa tem investido em “boas oportunidades” de negócios, em petróleo, mineração e agronegócio, e em projetos de transição energética.

— O PIB crescer acima de 3,5% ao ano (em 2024) é muito bom, a renda per capita aumenta, o desemprego está no menor nível histórico. Por outro lado, esse avanço é quase artificial, muito baseado em estímulos exógenos — diz Zampronha.

Os “estímulos exógenos” são as políticas sociais, turbinadas pelo aumento do Bolsa Família e pela nova regra de reajuste do salário mínimo, mas que impõem uma trajetória de alta nas despesas públicas no futuro, o que poderá se tornar insustentável, na visão de muitos analistas.

— O que gera emprego mesmo é a iniciativa privada. O foco deveria ser criar um ambiente mais fácil, mais ágil e descomplicado para os negócios — completa Zampronha.

Em 2024, os destaques foram a alta da confiança da indústria e do comércio. Serviços e construção ficaram meio “de lado”, segundo Tobler. Em dezembro, o Índice de Confiança da Indústria subiu 1 ponto. Também avançaram o Índice de Confiança do Comércio (0,6 ponto) e o Índice de Confiança da Construção (0,9 ponto). Já o Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 0,6 ponto.

Expectativa da indústria termina 2024 perto do nível do otimismo

A indústria foi o destaque nos indicadores de confiança empresarial em 2024. Após oscilar do terreno otimista, acima de 100 pontos, na retomada da pandemia, entre 2020 e 2021, o indicador entrou em queda constante até 2023, com uma demanda incerta, elevação de custos e escassez de componentes. Do fim de 2023 e ao longo do ano passado, subiu na esteira o avanço da demanda dos consumidores.

A fabricante sueca de eletrodomésticos Electrolux registrou recordes na Black Friday, em novembro, diz Leandro Jasiocha, CEO da divisão da América Latina da companhia. As vendas de eletrodomésticos saltaram 29% ante 2023. Nos eletroportáteis, 13%.

— Categorias como micro-ondas, ar-condicionado, ferro de passar e cafeteira atingiram recordes históricos de vendas, enquanto lavadoras e refrigeradores tiveram os melhores resultados para o período desde 2020 — diz Jasiocha, demonstrando preocupação, para os próximos meses, com o dólar.

Já na indústria de fornecedores do setor de petróleo e gás, a demanda das petroleiras, em alta com o pré-sal, importa mais do que turbulências na taxa de câmbio.

Após fechar contratos bilionários com a Petrobras em 2024, a SLB (novo nome da francesa Schlumberger), que fabrica equipamentos e oferece serviços, deverá contratar em torno de 600 profissionais no Brasil este ano, diz Thomas Filiponi, diretor-geral da multinacional no país:

— A mensagem da diretoria da Petrobras é de foco na produção de petróleo e na busca de novas reservas.

Alta no comércio e queda nos serviços, com piora nas expectativas

A confiança do comércio fechou 2024 com alta de 0,6 ponto no indicador da FGV, acima de dezembro de 2023, mas as expectativas caíram, enquanto a avaliação sobre o presente está no maior nível desde antes da pandemia. As expectativas também caíram no Índice de Confiança de Serviços, que fechou 2024 ligeiramente acima do registrado no fim de 2023.

As discrepâncias refletem visões distintas de cada segmento. No Rio, a hotelaria teve um ano “excepcional”, diz Marcelo Gorin, gerente-geral do Grupo Arpoador, empresa familiar que é dona do Hotel Arpoador e do Ipanema Inn, ambos na orla de Ipanema, Zona Sul da capital fluminense. E a preocupação de muitos empresários com a alta do dólar passa longe.

— Com a forte valorização do dólar, ficamos muito atrativos para o hóspede estrangeiro. Já conseguimos sentir um crescimento muito maior do público americano — diz Gorin.

Para Felipe Zacconi, sócio do bar e restaurante Conversa Fiada, ao lado de Ana Claudia Cosenza, o que está incomodando mesmo os empresários é a inflação de alimentos. Os preços de alimentos e bebidas registraram alta de 8% em 2024, segundo o IPCA-15, do IBGE. Num bar e restaurante como o Conversa Fiada, a compra de comida equivale a cerca de 35% do faturamento, diz Zacconi:

— Numa semana o filé mignon está a R$ 46 o quilo, na outra não tem nenhum fornecedor vendendo a menos de R$ 65. Para o planejamento é terrível, porque não conseguimos alterar o preço do cardápio semanalmente.

Na construção, demanda está em expansão, mas alta de juros preocupa

A confiança da construção subiu e desceu ao longo de 2024, mas fechou o ano praticamente no mesmo nível de 2023. Em dezembro, o Índice de Confiança da Construção da FGV subiu 0,9 ponto, para 96,6 pontos, com atividade mais aquecida nas obras de infraestrutura e no mercado imobiliário.

Eduardo Viegas, CEO da construtora Concrejato, de obras de infraestrutura, diz que a demanda está aquecida, porque, nos últimos anos, houve uma retomada de obras de infraestrutura, principalmente de rodovias e saneamento básico — boa parte dos contratos vem de concessionárias que assumiram projetos recentes. Mas a alta de juros preocupa, diz Viegas:

— Na construção de infraestrutura, precisamos de capital de giro para rodar. Todas as empresas precisam de financiamento bancário. Quando tem aumento de juros, o custo financeiro aumenta.

Restrição: Escassez de mão de obra faz inflação da construção subir e confiança dos empresários do setor recuar

No mercado imobiliário, a demanda aquecida fez a incorporadora One Innovation registrar, em 2024, o melhor ano da sua história em termos de vendas, conta o vice-presidente Paulo Petrin:

— Mesmo tendo lançado menos do que em 2023, vendemos 45% a mais.

Por outro lado, as expectativas em relação aos próximos meses tiveram uma reviravolta, de novo por causa dos juros. Um ano atrás, todos acreditavam em um longo ciclo de queda na taxa básica de juros (Selic), que poderia encerrar 2024 a 8% ao ano, lembra Petrin. Agora, a taxa básica atingirá 14,25% em março, como já sinalizou o Banco Central.

O Estado de S.Paulo - SP   06/01/2025

Encerrei meu último artigo de 2024 falando sobre o risco de estagflação. Pode ter soado estranho, dado que a taxa de desemprego está na mínima histórica, que as taxas de crescimento do PIB, desde 2022, vêm superando, com folga, o que se acredita ser o potencial, e que o Banco Central (BC) está em pleno ciclo de elevação da Selic.

A estagflação surge quando há uma retração na oferta agregada de bens e serviços, geralmente provocada por choques adversos, como pandemias, problemas meteorológicos, ação de cartéis, guerras, etc.

A expressão foi usada pela primeira vez em 1965 pelo político inglês Iain Macleod, referindo-se à situação da economia britânica na época. Passou para a literatura técnica na década de 1970, quando os choques do petróleo e as respostas equivocadas das políticas econômicas levaram vários países a um ciclo de inflação alta e estagnação/recessão.

Mas como a estagflação pode surgir, a médio prazo, na economia brasileira?

Comecemos pelo cenário internacional. Tudo indica que Donald Trump, que tomará posse em 20 de janeiro, não só intensificará a guerra tarifária com a China, como estenderá sua política protecionista a economias aliadas. Some-se a isso a prometida expulsão em massa de imigrantes, que causará queda de produtividade e aumento do custo da mão de obra. As resultantes são inflação mais alta, dificuldade de queda da taxa de juros e continuidade do fortalecimento do dólar, que já se apreciou, nos últimos 12 meses, mais de 6% em relação a uma cesta de moedas fortes (DXY).

Para o Brasil, o choque de oferta vem pelo encarecimento em reais dos preços de produtos comercializados no mercado internacional, o que atinge não somente os bens e serviços de consumo, mas, principalmente, afeta o custo de produção da indústria e até mesmo de alguns serviços, como, por exemplo, transporte aéreo e saúde.

Internamente, além da economia já operar ligeiramente acima da capacidade instalada, vivemos uma crise de confiança na política fiscal, que retira parte da eficácia da política monetária, como venho discutindo em meus artigos anteriores. O choque de juros promovido pelo BC em sua última reunião não reduziu as expectativas de inflação, que seguem se elevando, mas provocou forte crescimento da relação dívida pública/PIB.

A reversão dessa crise de confiança somente seria possível com alguma medida relevante na área fiscal, capaz de mudar as expectativas de crescimento contínuo do endividamento público. Mas o governo Lula da Silva, mesmo que quisesse, provavelmente não teria apoio político para isso.

A depreciação cambial funciona como um autêntico choque de oferta para o País. As incertezas internas, além de impulsionarem a inflação, inibem o investimento e o aumento da capacidade produtiva, o que é essencial para o crescimento quando já se opera em pleno-emprego. Estão aí os ingredientes da estagflação.

Investing - SP   06/01/2025

A instituição acredita que o potencial de maior crescimento econômico e o risco de uma nova aceleração da inflação limitarão a flexibilização adicional, com a taxa do banco central americano encerrando 2027 entre 4,00% e 4,25%.

“Com base nessas expectativas, projetamos rendimentos mais altos para as Treasuries de 10 e 30 anos até o final do período de perspectiva cíclica de três anos e uma inclinação na curva de juros, como é típico durante períodos de crescimento econ

O Wells Fargo destacou que a economia dos EUA manteve um crescimento robusto no terceiro trimestre de 2024, com o PIB anualizado crescendo 3,1% no comparativo trimestral, ligeiramente acima dos 3,0% do trimestre anterior.

Para 2025, a expectativa é de uma desaceleração econômica leve no início do ano, seguida de uma recuperação moderada do crescimento global, com a taxa de expansão retornando ao seu potencial de longo prazo até 2027.
Inflação e política monetária

A inflação deve subir no início de 2025, mas permanecer contida. A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é de aumento de 2,7% em novembro de 2024 para 3,3% em dezembro de 2025, antes de uma leve desaceleração. Embora acima dos níveis inferiores a 2% observados na década pré-pandemia, esse índice estaria alinhado com a média de 20 anos anterior.

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O núcleo do índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), principal medida de inflação preferida pelo Fed, mostrou aumento de 2,8% nos últimos 12 meses até novembro de 2024.
Mercado de trabalho e desemprego

O mercado de trabalho dos EUA dá sinais de enfraquecimento, com a taxa de desemprego em 4,2% em novembro. O Wells Fargo prevê que a taxa de desemprego atinja um pico inferior a 5% em meados de 2025, seguido por crescimento no emprego em linha com a expansão econômica moderada.
Estratégia de investimento: retorno antecipado em 2025

O Wells Fargo espera fortes retornos em ações em 2025, impulsionados pelo crescimento dos lucros e políticas pró-crescimento. Contudo, a ausência de um ambiente recessivo pode afetar o desempenho em 2026 e 2027, já que as taxas de juros devem permanecer elevadas.

“Continuamos a preferir ativos de alta qualidade e acreditamos que os investidores devem priorizar ações de grandes empresas norte-americanas em detrimento de Mid Cap e Small Cap,” afirmou o banco.

Essa preferência por qualidade se aplica também aos mercados internacionais. O banco favorece ações de mercados desenvolvidos fora dos EUA em relação aos emergentes. Riscos geopolíticos e regulatórios contínuos, além de perspectivas de crescimento mais lentas na China, levam o Wells Fargo a adotar uma postura cautelosa em relação aos mercados emergentes no momento.

Infomoney - SP   06/01/2025

O setor industrial dos Estados Unidos ficou mais próximo de voltar a se expandir em dezembro, com a produção se recuperando e o volume de novos pedidos crescendo ainda mais, embora as fábricas tenham enfrentado preços mais altos para os insumos no final do ano.

O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou nesta sexta-feira (3) que seu PMI de manufatura subiu para 49,3 no mês passado, a leitura mais alta desde março, de 48,4 em novembro.

Uma leitura do PMI abaixo de 50 indica contração no setor industrial, que responde por 10,3% da economia norte-americana. Dezembro foi o nono mês consecutivo em que o PMI permaneceu abaixo do limite de 50. Economistas consultados pela Reuters previam que o PMI permaneceria inalterado em 48,4.

O setor manufatureiro foi prejudicado pelo aperto agressivo da política monetária do Federal Reserve em 2022 e 2023. Mas as pesquisas, incluindo o PMI, têm exagerado a magnitude do declínio na produção industrial.

Dados do governo no mês passado mostraram que a produção industrial cresceu a uma taxa anualizada de 3,2% no terceiro trimestre e contribuiu para o ritmo de expansão de 3,1% da economia durante esse período.

O banco central dos EUA está cortando a taxa de juros, tendo a reduzido em 25 pontos-base para a faixa de 4,25% a 4,50% no mês passado. Esse foi o terceiro corte consecutivo desde que o Fed iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário em setembro.

A promessa do presidente eleito Donald Trump de cortar impostos pode impulsionar o setor de manufatura. Mas outras promessas, incluindo tarifas mais altas sobre produtos importados, podem aumentar os preços das matérias primas.

O Fed projetou mais dois cortes de juros este ano, menos do que os quatro previstos em setembro, devido à resiliência da economia e à incerteza sobre o impacto das medidas do governo Trump.

O subíndice de novos pedidos da pesquisa ISM aumentou de 50,4 para 52,5. A produção nas fábricas se recuperou depois de ter se contraído durante meses.

A medida de preços pagos pelos fabricantes subiu para 52,5, de 50,3 em novembro. O indicador de importações subiu para 49,7, de 47,6 no mês anterior. Os fabricantes podem estar trazendo mais produtos estrangeiros na expectativa de tarifas mais altas.

O indicador de entregas de fornecedores da pesquisa aumentou de 48,7 em novembro para 50,1. Uma leitura acima de 50 indica entregas mais lentas. O emprego nas fábricas se contraiu ainda mais, com o índice de empregos no setor industrial da pesquisa caindo para 45,3, de 48,1 em novembro.

MINERAÇÃO

Investing - SP   06/01/2025

Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Cingapura caíram abaixo do nível psicológico de 100 dólares por tonelada nesta sexta-feira, com alguns traders liquidando posições compradas devido à demanda fraca depois que a maioria das siderúrgicas da China concluiu o reabastecimento de matérias-primas antes do feriado.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura recuava 2,57%, a 98,3 dólares a tonelada, o menor valor desde 18 de novembro.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 2,18%, a 764 iuanes (104,66 dólares) a tonelada, o menor valor desde 30 de dezembro.

Ambos os índices de referência caminhavam para fechar a semana com a terceira queda consecutiva em base semanal, com perdas de 0,2% e 0,5%, respectivamente.

Os contratos foram afetados principalmente pela diminuição sazonal da demanda pelo principal ingrediente da fabricação de aço. O minério de ferro de Dalian caiu 16% em 2024, enquanto o benchmark de Cingapura perdeu 18,5%.

A produção média diária de metal quente entre as siderúrgicas pesquisadas pela consultoria Mysteel caiu pela sétima semana consecutiva, 1,2%, atingindo o nível mais baixo desde o final de setembro, com 2,25 milhões de toneladas, em 2 de janeiro.

"Alguns investidores mais otimistas fecharam posições à medida que os riscos de queda aumentaram, com mais usinas siderúrgicas iniciando recentemente manutenções de equipamentos, o que pesou sobre o apetite de compra de matérias-primas, incluindo o minério de ferro", disse Steven Yu, analista sênior da Mysteel.

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O Ano Novo Chinês começa em 28 de janeiro e as siderúrgicas domésticas locais acumulam estoques para atender às necessidades de produção durante e após os feriados.

Revista Mineração - SP   06/01/2025

A Mineração Serras do Oeste, subsidiária da Jaguar Mining, foi multada em R$ 319,4 milhões pelo governo de Minas Gerais por danos causados após deslizamento em uma pilha de rejeitos de uma das estruturas da empresa, no dia 7 de dezembro de 2024.

Com o deslizamento, centenas de moradores de Conceição do Pará, no Centro-Oeste do estado, tiveram que deixar suas casas. Os danos foram avaliados por analistas do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), que conversaram com moradores da comunidade Casquilho de Cima, que foi diretamente afetada.

A Mineração Serras do Oeste foi enquadrada com base no Artigo 80 do Decreto 47.383/2018, que trata das “multas simples cominadas às infrações gravíssimas previstas neste decreto, quando a infração for cometida por empreendimento ou atividade de grande porte e causar dano ou perigo de danos à saúde pública, ao bem-estar da população ou aos recursos econômicos do Estado.”

Alguns agravantes que dobraram o valor da multa foram levados em consideração, como: dano ou perigo de danos à saúde humana; dano sobre a propriedade alheia; poluição que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes de área ou região; e ter o agente cometido infração que provoque a interdição total de vias públicas, estradas ou rodovias.

Além disso, a multa foi aplicada em seu valor máximo, dentro da faixa permitida pelo Decreto Estadual 47.383, uma vez que a empresa foi considerada reincidente devido a uma autuação anterior por extração de água sem outorga ou em desconformidade com a mesma, cuja penalidade tornou-se definitiva há menos de três anos.

A empresa autuada tem 20 dias a partir da cientificação do auto de infração para efetuar o pagamento da multa ou apresentar defesa à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

No curso das ações fiscalizatórias, analistas do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Semad determinaram medidas e solicitação de relatórios à empresa, visando ações emergenciais para minimizar e mitigar os danos causados pelo acidente.

De acordo com o último levantamento realizado, mais de 200 pessoas tiveram que buscar outros tipos de abrigos como hoteis, casas de parentes e outras residências, após suas casas serem atingidas pelo material que escorregou da pilha. Os analistas também constataram, até o dia 11 de dezembro de 2024, que 678 animais foram resgatados.

Também até o dia 11 de dezembro, 750 mil metros cúbicos de material foram movimentados da pilha, atingindo uma área de, aproximadamente, 10 hectares, sendo 1 hectare de supressão de vegetação de Mata Atlântica/Cerrado. O levantamento da extensão dos danos ainda está em andamento.

As atividades da empresa em Conceição do Pará estão suspensas, conforme determinação da Semad e da Agência Nacional de Mineração (ANM), a quem compete a fiscalização geotécnica das estruturas do local.
Posicionamento da Jaguar Mining

Em nota, a Jaguar Mining ressaltou que foi notificada da autuação do Governo de Minas e irá se manifestar nos autos.

“A companhia ressalta que, poucas horas após o deslizamento da pilha de rejeitos/estéril, no dia 7 de dezembro, a empresa instalou georradares para monitorar o local. Também foram concluídas obras emergenciais de contenção da pilha de rejeitos/estéril, que incluíram a construção de um dique de contenção e de estruturas para a retenção de sedimentos de águas pluviais.”

A Jaguar Mining destacou ainda que, desde o deslizamento vêm trabalhando para realocar as famílias de Casquilho de Cima. “Todas as pessoas cadastradas foram encaminhadas para hotéis e para imóveis alugados pela Jaguar. Pelo tempo que perdurar a situação, a empresa prestará todo o auxílio às famílias realocadas.”

AUTOMOTIVO

Valor - SP   06/01/2025

Novas tarifas e mudanças regulatórias nos Estados Unidos podem impactar seus planos de produção e investimento até mesmo em seu mercado doméstico, o Japão

A Toyota está de olho em novas tarifas e mudanças regulatórias nos Estados Unidos após Donald Trump retornar à Casa Branca no fim de janeiro. As medidas podem impactar seus planos de produção e investimento até mesmo em seu mercado doméstico, o Japão.

A Toyota enfrentou resistência de Trump antes de ele começar seu primeiro mandato presidencial em janeiro de 2017, por planejar uma nova fábrica no México para produzir sedãs Corolla para o mercado dos Estados Unidos.

"De jeito nenhum! Construa uma fábrica nos Estados Unidos ou pague um alto imposto de fronteira", Trump tuitou em 5 de janeiro daquele ano.

Dias depois, o então presidente da Toyota, Akio Toyoda, anunciou no salão do automóvel de Detroit um investimento de US$ 10 bilhões nos Estados Unidos ao longo de cinco anos. A montadora firmou uma parceria com a Mazda em agosto e depois apresentou planos para uma fábrica em joint venture com a Mazda no Alabama.

O México continua sendo um potencial ponto crítico para a Toyota enquanto Trump se prepara para seu segundo mandato. Depois que Trump venceu a eleição presidencial em novembro, a Toyota disse que investiria US$ 1,45 bilhão em duas fábricas mexicanas para aumentar a produção de picapes para o mercado dos Estados Unidos.

Trump disse naquele mês que pretendia impor uma tarifa de 25% sobre produtos do México e Canadá, onde a Toyota também monta veículos. A Toyota pode enfrentar um golpe com essas tarifas, além de uma potencial oposição a qualquer aumento de produção no México.

"Precisamos destacar mais uma vez como nossas fábricas contribuem para os Estados Unidos", disse um executivo da Toyota.

A empresa opera 10 fábricas de automóveis e peças nos Estados Unidos, quase todas em estados que Trump venceu em novembro. Ela construiu 1,2 milhão de veículos nos Estados Unidos em 2023, respondendo por mais da metade de suas vendas no país.

A Toyota também está investindo cerca de US$ 14 bilhões em uma nova fábrica de baterias para veículos elétricos na Carolina do Norte e está planejando novos aportes em fábricas de motores e veículos.

As políticas de Trump também podem impactar a produção japonesa da Toyota. A montadora exportou cerca de 600 mil veículos para os Estados Unidos em 2023, o que constituiu cerca de 30% de suas exportações do Japão e é um contribuinte fundamental para sua meta de fabricar 3 milhões de veículos por ano internamente.

Alguns na Toyota veem a China suportando o peso dos ataques de Trump em seu segundo mandato. Mas ele tem criticado as exportações japonesas para os Estados Unidos, e suas políticas são difíceis de prever.

"Mais produção pode ir para os Estados Unidos, colocando em risco a meta de 3 milhões de veículos", disse um executivo de uma fabricante japonesa de autopeças.

As tarifas são outra preocupação. "Muitas peças e materiais usados para montar veículos nos Estados Unidos são exportados para o país", disse o executivo de autopeças. "Também tivemos dificuldade em ajustar os preços quando as tarifas do aço aumentaram sob a administração anterior."

No primeiro mandato de Trump, a Toyota se apoiou no então vice-presidente Mike Pence como um elo com a administração. Pence foi governador de Indiana, onde a Toyota opera uma fábrica de veículos.

Pence "entende o que fazemos e nos ouve", disse Toyoda. Os dois se encontraram várias vezes desde 2017.

Mas o vice-presidente eleito, JD Vance, é de Ohio, que não abriga nenhuma fábrica da Toyota. A montadora está intensificando o lobby nos Estados Unidos para ficar de olho na política.

As vendas da Toyota nos Estados Unidos têm sido fortes, aumentando 5% no ano em volume nos primeiros 11 meses de 2024. Veículos eletrificados, que incluem híbridos, agora representam mais de 40% dos veículos que a montadora vende no país. As reservas de Trump sobre a transição para veículos elétricos podem dar um impulso adicional à Toyota, que tem força em híbridos.

"A Toyota precisará capturar a demanda híbrida enquanto responde no setor de elétricos de baixo custo, onde players como a Tesla estão fazendo incursões", disse Sanshiro Fukao, do Instituto de Pesquisa Itochu. "Será importante introduzir veículos elétricos e ter uma estratégia de vendas que não reduza o valor residual de revenda dos modelos."

Investing - SP   06/01/2025

As vendas de carros novos nos Estados Unidos em 2024 continuaram a aumentar em relação às mínimas da pandemia, impulsionadas por estoques reabastecidos, incentivos mais altos e aumento da demanda por veículos híbridos, informaram montadoras nesta sexta-feira.

A expectativa é de que as vendas se aproximem de 16 milhões de veículos, o nível mais alto desde 2019, com a General Motors (NYSE:GM) defendendo sua coroa de vendas de 2023. As montadoras estão projetando que os bons resultados continuarão em 2025, embora as políticas automotivas propostas pelo presidente eleito Donald Trump, como a remoção de créditos fiscais para veículos elétricos, representem um risco.

"Estamos levando um impulso significativo para 2025", disse Rory Harvey, chefe de mercados globais da GM, em um comunicado. A montadora de Detroit vendeu 2,7 milhões de veículos no ano passado, informou a empresa nesta sexta-feira, um aumento de 4,3% em relação a 2023.

A maioria das montadoras registrou sólidos resultados de vendas no ano passado, pois se ajustaram à desaceleração da demanda por veículos elétricos e confiaram em seu negócio principal de caminhões e utilitários esportivos movidos a gasolina, enquanto algumas capitalizaram o crescente interesse de consumidores por veículos híbridos.

A Toyota registrou um aumento de 3,7% nas vendas ano a ano nos EUA, impulsionado por ganhos significativos de veículos híbridos.

"No caso dos híbridos, estamos esgotados -- os clientes os querem, não conseguimos obtê-los em quantidade suficiente", disse David Christ, diretor de vendas e marketing da Toyota na América do Norte. "Os veículos elétricos a bateria, mesmo com os enormes incentivos que estamos gastando e os incentivos do governo federal, simplesmente não são tão procurados."

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A Ford (NYSE:F) Motor também se beneficiou de uma alta nas vendas de híbridos, o que ajudou as vendas totais de veículos da montadora a aumentar 4,2% em 2024. A empresa vendeu aproximadamente o dobro de híbridos em comparação com seus veículos elétricos, com 187.426 híbridos vendidos e 97.865 elétricos.

As vendas de veículos elétricos nos EUA devem se aproximar de 1,3 milhão, ou cerca de 8% de todos os veículos novos comprados, disse a Cox Automotive.

Os planos do governo Trump provavelmente afetariam as vendas de automóveis em 2025 e além, se o novo presidente cumprir os planos de reverter as políticas de veículos elétricos do presidente norte-americano, Joe Biden, incluindo um crédito fiscal de 7,500 dólares para o consumidor em alguns modelos, bem como aumentar as tarifas sobre as importações do México e Canadá.

IstoÉ Dinheiro - SP   06/01/2025

As vendas da Tesla na China caíram em dezembro, enquanto as montadoras locais continuaram a comprimir a participação da norte-americana no mercado chinês. A fabricante de veículos elétricos dos EUA vendeu 93.766 carros fabricados na China em dezembro, 0,4% a menos em comparação com o ano anterior, mas 18% a mais do que em novembro, segundo dados da China Passenger Car Association (CPCA) divulgados nesta sexta-feira, 3.

A demanda robusta por automóveis continuou em dezembro na China, o maior mercado de veículos elétricos do mundo, graças aos subsídios agressivos do governo, disse a CPCA.

A BYD permaneceu em primeiro lugar em vendas, com um recorde de 509.440 unidades entregues em dezembro.

A Tesla ficou em quinto lugar em termos de vendas de carros na China em dezembro, depois de cair do top 3 em outubro.

A CPCA estimou que as vendas de veículos elétricos e carros de passageiros híbridos aumentaram 35% em relação ao ano anterior, para cerca de 1,50 milhão de unidades em dezembro. Fonte: Dow Jones Newswires.

Infomoney - SP   06/01/2025

A sul-coreana Hyundai e sua afiliada Kia Corp pretendem aumentar suas vendas globais combinadas em 2% este ano, para 7,39 milhões de veículos, após registrarem queda nas vendas em 2024 e não conseguirem atingir suas metas.

As montadoras, que juntas ocupam o terceiro lugar em vendas globais de veículos, venderam 7,23 milhões de unidades em 2024, recuo de 1% ante 2023, com as vendas sólidas nos Estados Unidos ofuscadas pela demanda fraca na Europa e em seu mercado interno.

As duas montadoras estão se preparando para a desaceleração da economia e as incertezas políticas nos EUA e na Coreia do Sul, que ameaçam reduzir a demanda.

A confiança do consumidor sul-coreano registrou em dezembro a maior queda desde a pandemia de 2020, impactada pela incerteza política após a decretação da lei marcial pelo presidente Yoon Su Yeol e seu impeachment.

Nos Estados Unidos, o presidente eleito Donald Trump tem ameaçado impor tarifas universais de 10% sobre importados.

As montadoras não disseram como pretendem aumentar suas vendas e o analista da Hanwha Investment & Securities, Kim Sung-rae, disse que pode ser um desafio atingir a meta, dadas as incertezas macroeconômicas na Europa e nos mercados emergentes.

A Hyundai e a Kia também enfrentam a crescente concorrência das japonesas Honda e Nissan, que estão em negociações para criar o terceiro maior grupo automotivo do mundo até 2026.

FERROVIÁRIO

Monitor Digital - RJ   06/01/2025

Uma demanda antiga – a revitalização da malha ociosa da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), de Campos dos Goytacazes (Norte Fluminense) a Nova Iguaçu, na Baixada, acessando também os portos do Rio e de Itaguaí – poderá sair do papel em breve. O Governo Federal deve lançar concessão de uma nova ferrovia, a Estrada de Ferro 118, ou Anel Ferroviário do Sudeste, para interligar portos de Rio e Espírito Santo à malha ferroviária brasileira. Seriam cerca de 170 quilômetros entre o Porto de Ubu, em Anchieta (ES) e o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), passando ainda pelo Porto Central, em Presidente Kennedy (ES).

Para esta construção “do zero”, o governo topa aportar até R$ 1,5 bilhão – ganha a licitação a empresa que exigir menor aporte da União. A revitalização da malha ociosa da FCA viria numa segunda etapa, mas ainda sem recursos previstos no Orçamento Federal.

É aí que mora o perigo para as empresas e a população do Estado do Rio de Janeiro. Se as 2 etapas não estiverem amarradas, corre-se o risco de só ser construído o trecho que liga o Porto do Açu ao Espírito Santo, o que seria devastador para economia fluminense, alerta o ex-secretário de Energia e Indústria Naval Wagner Victer.

A ligação entre o Norte Fluminense e o Porto de Itaguaí cruza regiões com potencial de crescimento, como o Complexo Boaventura (antigo Comperj). Se for feito apenas o trecho entre Espírito Santo e Açu, este se tornaria um novo “porto capixaba” destinado a exportação de minério e commodities produzidos em outros estados com geração de empregos pífia, sem pagar impostos (desoneração pela Lei Kandir) e ficando só com a poluição ambiental da poeira do minério.

Tal qual na revitalização do Aeroporto do Galeão, governantes e entidades do Rio têm de se movimentar para impedir que o estado fique a ver ferrovias, sem se beneficiar.

Lotação esgotada

A Riotur, entidade oficial do turismo carioca, estimou que o Réveillon 2025 reuniu mais de 5 milhões de pessoas, entre locais e turistas, pela cidade, sendo que Copacabana e Leme receberam 2,6 milhões.

Esta coluna já mostrou que, sem reduzir a grandeza da comemoração em Copacabana, o bairro (cerca de 170 mil moradores) não comporta esses milhões divulgados a cada ano.

Questionada, a Riotur não respondeu, à coluna, como é feita a contagem.

Luz cara e falha

Depois de deixar 90% da população de Porto Rico sem luz na virada do ano, a empresa canadense-estadunidense Luma garantiu que no dia 1º a maior parte da energia da ilha, que é território dos EUA, foi restaurada.

Após a privatização, em 2018, as tarifas de energia elétrica dobraram. Usando a lógica rasteira dos jornalões brasileiros, que demandaram a privatização das rodovias após a queda da ponte no Maranhão, seria o caso de defenderem a estatização do setor elétrico em Porto Rico.

O que, nesse caso, seria uma solução.

Valor - SP   06/01/2025

Papéis vencem em dez anos e terão remuneração máxima de DI mais 1,3% ao ano

A FS Infraestrutura, ligada à produtora de etanol de milho FS, vai captar R$ 350 milhões com debêntures. Os papéis vencem em dez anos e terão remuneração máxima de DI mais 1,3% ao ano.

O dinheiro da emissão será usado para a compra de 166 vagões e cinco locomotivas. Eventuais recursos excedentes após a aquisição dos ativos poderão ser utilizados para reforço do capital de giro, conforme os documentos da operação.

A primeira integralização da oferta é prevista para o dia 15 de janeiro. O Santander coordena a emissão.

Monitor Digital - RJ   06/01/2025

A China visa ampliar a extensão de suas ferrovias de alta velocidade em operação de 48 mil km no fim de 2024 para 60 mil km até 2030, informou nesta quinta-feira pela operadora ferroviária do país.

O país segue avançando na modernização de sua infraestrutura ferroviária e prevê que a extensão total de sua rede ferroviária em operação somará 180 mil km até 2030, ante os 162 mil km no final de 2024, segundo a China State Railway Group Co., Ltd. (Ferrovia Chinesa).

A China Railway informou que o investimento do país em ativos fixos no setor ferroviário deve atingir 590 bilhões de yuans (cerca de 82,08 bilhões de dólares americanos) em 2025, com a previsão de 2.600 km de novas ferrovias entrando em operação ao longo do ano.

Em 2024, a rede ferroviária chinesa registrou um recorde de 4,08 bilhões de viagens de passageiros, marcando um aumento anual de 10,8%. As previsões indicam que esse número continuará crescendo, podendo atingir 4,28 bilhões de viagens em 2025, informou a empresa.

As ferrovias da China transportaram um total de 3,99 bilhões de toneladas de carga no ano passado, um aumento anual de 1,9%, marcando um crescimento contínuo pelo oitavo ano consecutivo.

Em 2024, o investimento em ativos fixos no setor ferroviário no país cresceu 11,3% em termos anuais, totalizando 850,6 bilhões de yuans, segundo a China Railway.

Dados oficiais também mostraram que os trens de carga entre a China e a Europa realizaram 19 mil viagens em 2024, transportando 2,07 milhões de contêineres de unidades equivalentes a vinte pés (TEUs) de mercadorias, registrando aumentos anuais de 10% e 9%, respectivamente.

NAVAL

Globo Online - RJ   06/01/2025

A disputa estratégica entre China e Estados Unidos fez acender em Washington um alerta em uma de suas áreas de expertise, que ao longo das últimas décadas lhe garantiu uma posição de dominância: o poder naval. Observando os investimentos crescentes de Pequim e a maior presença chinesa em rotas marítimas e portos pelo mundo, um número cada vez maior de vozes tem advogado por uma maior atenção aos fatores militares e civis relacionados ao domínio dos mares.

A soberania naval sempre foi uma prioridade e um tema de importância estratégica para os EUA, que se projetaram como uma potência global a partir de sua Marinha. A frota americana foi um importante ativo na Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, e ainda hoje garantem uma atuação ampla do Mar Vermelho ao Mar do Sul da China, além da defesa das costas Atlântica e Pacífica do país. Mudanças na distribuição estratégica de ativos, contudo, motivam as preocupações atuais.

Ao contrário de 1960, quando os EUA detinham cerca de 17% do total de navios de carga do mundo, o percentual da frota atual é inferior a 1%, de acordo com um levantamento realizado pelo Wall Street Journal. Em contrapartida, Washington viu seu principal adversário econômico e estratégico aumentar os investimentos na indústria naval e na ampliação de sua presença naval.

Apenas a CK Hutchison Holdings, empresa sediada em Hong Kong, opera 53 portos em 24 países, incluindo na Austrália, Holanda e Reino Unido, — além de dois portos instalados nas extremidades do Canal do Panamá, controlados pela Hutchison Ports PPC, que faz parte da companhia principal. A presença na importante rota da América Central, por onde passam 40% dos contêiners americanos, rendeu declarações do presidente eleito, Donald Trump, que sugeriu retomar o controle do canal.

Embora Trump tenha sido desmentido por autoridades panamenhas sobre suas sugestões de que há militares chineses no canal — apontada por especialistas como um sinal de uma possível narrativa expansionista americana —, Brian Hughes, porta-voz da equipe de transição Trump-Vance, disse em uma declaração que "o controle chinês do Canal do Panamá representa uma ameaça à segurança nacional dos EUA".

No fim de 2023, crise hídrica obrigou a hidrovia panamenha a reduzir o número diário de navios que transitam pelo canal de 38 para 22

Ele apontou para o depoimento da general Laura J. Richardson, chefe do Comando Sul dos EUA, perante o Congresso americano no ano passado, em que ela afirmou que os investimentos chineses em infraestrutura servem como "pontos de acesso multidomínio futuro" para os militares chineses.

Michael R. Wessel, ex-integrante da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China, uma agência governamental que examinou a questão da segurança portuária, disse que a influência sobre os portos é importante por uma variedade de razões, incluindo influência política e econômica e o potencial de vigilância.

Noventa por cento da carga militar dos EUA viaja em navios comerciais, disse ele, dando aos operadores portuários uma visão quando o governo intensifica as operações em certos lugares. A propriedade do porto também pode fornecer pistas sobre como o governo dos EUA rastreia a carga em busca de riscos de segurança, o que pode tornar mais fácil escapar desses esforços.

— Ser um operador de porto ou terminal lhe dá a capacidade de acessar ou ter conhecimento do que o governo dos EUA está procurando, quais contêineres podem ser alvos de avaliação extra — disse Wessel em entrevista ao New York Times.

Medidas em pauta

O secretário da Marinha, Carlos Del Toro, defendeu um foco na "arte de governança marítima", enfatizando a importância da navegação comercial para a Marinha em tarefas que incluem reabastecimento de navios e transporte de suprimentos militares vitais. Ele pressionou pelo apoio a estaleiros americanos que constroem não apenas navios de guerra, mas também embarcações comerciais.

Um ponto apontado como importante pelo secretário é a expansão da Marinha Mercante dos EUA, um corpo de marinheiros comerciais que pode auxiliar a Marinha em tempos de guerra e cujas fileiras despencaram nas últimas décadas. Autoridades do governo e da indústria estimam que os EUA agora tenham menos de 10 mil marinheiros mercantes, em comparação com cerca de 50 mil em 1960.

— Não sou tolo o suficiente para pensar que será fácil — disse Del Toro em uma entrevista ao New York Times a bordo de um navio de carga da Marinha. — Mas temos que começar de algum lugar.

Autoridades da Marinha e da indústria naval americana esperam que um ponto de partida possa ser uma legislação bipartidária recentemente apresentada na Câmara, o Shipbuilding and Harbor Infrastructure for Prosperity and Security for America Act (Lei de Construção Naval e Infraestrutura Portuária para a Prosperidade e Segurança da América, em tradução livre).

O SHIPS Act, como é conhecido, propõe revitalizar a construção naval e o transporte marítimo ao longo de mais de uma década, ao mesmo tempo em que reconstrói a Marinha Mercante. Ele exige recursos e envolvimento no nível da Casa Branca comparável às políticas de energia, semicondutores e aviação.

Se aprovado, seria a primeira grande parte da legislação marítima desde 1936.

IstoÉ Dinheiro - SP   06/01/2025

Analistas alertam que uma possível retomada da greve pelos trabalhadores da International Longshoremen’s Association (ILA) em portos nos Estados Unidos, a partir de 15 de janeiro, pode ter um impacto maior nas indústrias norte-americanos, incluindo os grãos. Em outubro, uma greve de 3 dias – após impasses sobre a extensão dos contratos – paralisou portos da Costa Leste e da Costa do Golfo, incluindo o Porto de Nova York e New Jersey e o Porto de Savannah, na Geórgia.

A primeira greve afetou apenas os embarques de contêineres – nos EUA grande parte dos grãos é transportada a granel. Mas, se a possível greve durar mais de alguns dias, os atrasos também podem afetar o comércio de grãos, destacaram analistas.

Trabalhadores portuários do país e seus empregadores concordaram em retomar as negociações formais em 7 de janeiro, de acordo com fontes familiarizadas com as negociações.

A liderança sindical ameaça realizar uma nova paralisação a partir de 15 de janeiro, quando expira o contrato atual. No ano passado, a greve terminou depois que os empregadores, sob pressão da administração Joe Biden, concordaram com um aumento salarial provisório de 62% ao longo de seis anos. As duas partes concordaram em estender o contrato por três meses enquanto negociavam outras questões, como o uso de automação nos portos.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, expressou apoio à ILA, o que pode encorajar os trabalhadores. As negociações fracassaram em novembro, quando os líderes sindicais se irritaram com os planos dos empregadores de expandir o uso de máquinas semiautomáticas nos portos. Trump, em dezembro, disse que a automação ameaça empregos e que as empresas de transporte marítimo com sede no exterior, que controlam o grupo de empregadores, deveriam investir em salários em vez de máquinas.

Portos e Navios - SP   06/01/2025

O presidente Lula sancionou a Lei 15.075, de 2024, que beneficia empresas petrolíferas com o objetivo de incentivar a indústria naval e gerar empregos no Brasil. A proposta, enviada pelo governo federal em agosto de 2023, foi aprovada em regime de urgência pelo Congresso Nacional. O senador Jaques Wagner (PT-BA), relator do projeto no Senado, destacou que a nova legislação aperfeiçoa a Política Energética Nacional, oferecendo incentivos fiscais ao setor e fortalecendo a reindustrialização do país.

A lei prevê a depreciação acelerada para navios-tanques fabricados em estaleiros nacionais, utilizados no transporte de cabotagem, reduzindo tributos para as empresas beneficiadas. Além disso, a prorrogação dos contratos de partilha de produção proporciona maior segurança para investimentos em campos de petróleo e gás, especialmente pela Petrobras.

O Estado de S.Paulo - SP   06/01/2025

Em 25 de dezembro, o presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump foi à sua plataforma de mídia social, a Truth Social, para desejar um “Feliz Natal a todos, inclusive aos maravilhosos soldados da China, que estão amorosamente, mas ilegalmente, operando o Canal do Panamá”.

A afirmação de Trump é falsa. O Canal do Panamá é operado por uma agência do governo panamenho, não por soldados chineses. Em uma coletiva de imprensa, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, contestou as declarações de Trump, dizendo que “não havia chineses no canal” além daqueles em navios em trânsito ou no centro de visitantes.

“Não há absolutamente nenhuma interferência ou participação chinesa em nada que tenha a ver com o Canal do Panamá”, disse Mulino.

Embora a afirmação de Trump seja imprecisa, a crescente influência das empresas chinesas e do governo chinês sobre o transporte marítimo e os portos globais, incluindo o Canal do Panamá, tornou-se uma preocupação para as autoridades americanas.

O governo chinês investiu pesadamente na construção de portos em todo o mundo. E como a China é o maior exportador global, as empresas privadas chinesas agora desempenham um papel importante nas operações de transporte marítimo e portuário, o que lhes dá uma influência significativa sobre o movimento de mercadorias globais e posições estratégicas para monitorar as atividades de outros países.

Brian Hughes, porta-voz da equipe de transição Trump-Vance, disse em um comunicado que “o controle chinês do Canal do Panamá representa absolutamente uma ameaça à segurança nacional dos EUA”.

Ele apontou para o testemunho no Congresso, no ano passado, da general Laura J. Richardson, chefe do Comando Sul dos EUA, de que os investimentos chineses em infraestrutura servem como “pontos de acesso futuro de múltiplos domínios” para os militares chineses.

O Canal do Panamá foi construído pelos Estados Unidos no início do século XX, mas foi devolvido ao governo panamenho em 1999, nos termos de um acordo firmado anteriormente pelo presidente Jimmy Carter. Essa decisão tem sido uma fonte de consternação para alguns republicanos, incluindo o sucessor de Carter, o presidente Ronald Reagan.

Grande parte da preocupação das autoridades dos EUA em tempos mais recentes está centrada em dois portos marítimos em cada extremidade do Canal do Panamá, um canal pelo qual 40% do tráfego de contêineres dos EUA passa. Esses portos marítimos são operados há décadas pela Hutchison Ports PPC, uma divisão da CK Hutchison Holdings, uma empresa com sede em Hong Kong.

A CK Hutchison é um conglomerado de capital aberto cujo maior proprietário é uma família de bilionários de Hong Kong, e não o governo chinês. No entanto, Pequim estendeu suas leis de segurança nacional a Hong Kong, e o governo chinês recentemente demonstrou disposição para transformar as cadeias de suprimentos em “armas” (algo que Pequim também acusa os Estados Unidos de fazer).

Com isso, as autoridades americanas de ambos os lados do corredor estão cada vez mais preocupadas com a possibilidade de o governo chinês exercer influência sobre empresas privadas para interromper remessas comerciais e militares em tempos de guerra.

Em uma audiência no Congresso em maio, Raja Krishnamoorthi, de Illinois, o membro democrata do Comitê da Câmara sobre a China, questionou um especialista que estava testemunhando perante o Congresso sobre a possibilidade de o governo chinês exercer controle sobre os portos panamenhos para atrasar as remessas dos EUA, por exemplo, no caso de um conflito sobre Taiwan.

“Compartilho da sua preocupação”, disse-lhe Daniel Runde, vice-presidente sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank de Washington. Runde disse que o governo do Panamá controla todo o canal, mas que, em um mundo ideal, as empresas controladas por Hong Kong não estariam administrando os portos próximos a eles.

Um relatório recente da Strategy Risks, uma empresa de análise, disse que não foram encontrados vínculos diretos específicos com o Panamá entre a CK Hutchison e o Partido Comunista Chinês, mas que o envolvimento da empresa na administração dos portos do Canal do Panamá levantou preocupações de segurança devido aos vínculos de sua matriz com a China. Como uma empresa de Hong Kong, a CK Hutchison está sujeita à jurisdição chinesa - incluindo leis que podem exigir que as empresas ajudem na coleta de informações de inteligência ou em operações militares - e cooperou com várias entidades ligadas ao Estado chinês em projetos comerciais, segundo o relatório.

Os registros corporativos obtidos por meio da Wirescreen, uma plataforma de dados, mostram que, por meio de uma rede de subsidiárias, a CK Hutchison é coproprietária de uma joint venture imobiliária com a Aviation Industry Corp. of China, uma das maiores empresas de defesa da China.

A CK Hutchison e a Hutchison Ports não responderam aos pedidos de comentários.

A presença de empresas chinesas perto do porto no Panamá não é única. A CK Hutchison é uma das maiores empresas portuárias do mundo, operando 53 portos em 24 países, incluindo a Holanda, o Reino Unido, Hong Kong e Austrália.

Michael R. Wessel, que foi membro da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China, uma agência governamental que examinou a questão da segurança portuária, disse que a influência sobre os portos era importante por vários motivos, incluindo a influência política e econômica e o potencial de vigilância.

Noventa por cento da carga militar dos EUA é transportada por navios comerciais, disse ele, o que dá aos operadores portuários uma visão quando o governo intensifica as operações em determinados locais. A propriedade do porto também pode fornecer pistas sobre como o governo dos EUA examina a carga em busca de riscos à segurança, o que poderia facilitar a evasão desses esforços, disse Wessel.

“Ser um operador de porto ou terminal lhe dá a capacidade de acessar ou ter conhecimento do que o governo dos EUA está procurando, quais contêineres podem ser alvo de avaliação extra”, disse ele.

A crescente abertura do Panamá para a China nos últimos anos ajudou a alimentar as preocupações dos Estados Unidos sobre a influência de Pequim. Em 2017, o Panamá cortou seus laços diplomáticos com Taiwan, reconhecendo a região como parte da China. No ano seguinte, o Panamá se tornou o primeiro país latino-americano a aderir ao programa de infraestrutura global da China, a Iniciativa Cinturão e Rota.

Mas, desde então, tem havido uma apreensão crescente no Panamá sobre a aceleração dos fluxos de comércio e investimento da China, disse Jason Marczak, especialista em América Latina do Atlantic Council, um think tank de Washington.

O Panamá fez uma parceria com os Estados Unidos para expandir seu setor de chips. E desde que o governo de Mulino assumiu o cargo no ano passado, o Panamá tem sido inequívoco em seu desejo de aprofundar os laços com os Estados Unidos e de se alinhar de forma mais ampla com os objetivos da política externa dos EUA, disse Marczak.

“Uma dependência excessiva da China é algo que os panamenhos querem evitar”, disse ele.

Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China em Washington, disse que a China há muito tempo apoia a soberania do Panamá sobre o canal e o reconhece como uma hidrovia internacional permanentemente neutra.

Mesmo que os Estados Unidos recuperem o controle do canal - uma perspectiva difícil, pois os tratados que o transferem foram ratificados pelo Senado dos EUA - isso não mudaria o fato de que uma empresa de propriedade chinesa controla os portos em ambas as extremidades.

PETROLÍFERO

IstoÉ Dinheiro - SP   06/01/2025

A produção total de petróleo e gás natural do Brasil em novembro foi de 4,301 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), informou em relatório a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Trata-se de um aumento de 0,8% na comparação com a produção total de outubro, mas queda de 8,4% na comparação com novembro de 2023.

Desagregado

Unicamente com relação a petróleo, foram extraídos 3,310 milhões de barris por dia (bbl/d), aumento de 1,3% na comparação com o mês anterior e redução de 10% em relação ao mesmo mês de 2023.

Já a produção de gás natural em novembro foi de 157,64 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), quedas de 0,8% frente a outubro de 2024 e de 2,8% na comparação com novembro de 2023.

Pré-sal

No pré-sal, a produção de óleo e gás nesse período foi de 3,385 milhões de boe/d, o equivalente a 78,7% da produção total brasileira. Trata-se de aumento de 1,2% nessa produção em relação a outubro e redução de 5,6% na comparação com o mesmo mês de 2023.

Desagregando por produto, no pré-sal foram produzidos 2,631 milhões de bbl/d de petróleo e 119,87 milhões de m³/d de gás natural por meio de 154 poços.

Aproveitamento do gás

Em novembro, o aproveitamento de gás natural ficou em 96,1%. Isso porque foram disponibilizados ao mercado 50,73 milhões de m³/d e o volume queimado foi de 6,21 milhões de m³/d. Houve aumento de 73,4% na queima, em relação ao mês anterior, e de 69,4% na comparação com novembro de 2023.

O principal motivo para o aumento da queima de gás foi o comissionamento da FPSO Marechal Duque de Caxias, no Campo de Mero, na qual a Petrobras é operadora com 38,6% do negócio em sociedade com Shell Brasil (19,3%), TotalEnergies (19,3%), CNOOC (9,65%), CNPC (9,65%) e Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA).

O navio está afretado pela Petrobras junto à Misc e tem capacidade para produzir diariamente até 180 mil barris de óleo e comprimir até 12 milhões de metros cúbicos de gás.

Origem

No mês de novembro, os campos marítimos produziram 97,4% do petróleo e 83,9% do gás natural, tendo o restante vindo do onshore. A produção nacional teve origem em 6.432 poços, sendo 501 marítimos e 5.931 terrestres.

No tocante a petróleo, o Rio de Janeiro concentrou 90% da produção, seguido por São Paulo (5%) e Espírito Santo (3%). No gás, novamente o Rio lidera, com 77% da produção, seguido desta vez por Amazonas (9%), São Paulo (6%) e Maranhão (3%).

Os campos operados pela Petrobras, sozinha ou em consórcio com outras empresas, foram responsáveis por 89,24% do total produzido.

CNN Brasil - SP   06/01/2025

O presidente Joe Biden deve proibir permanentemente o desenvolvimento futuro de petróleo e gás offshore em partes dos oceanos Atlântico e Pacífico, o que pode gerar dificuldades de ser desfeito pelo novo governo Trump.

A ordem executiva planejada por Biden fará uso da Lei das Terras da Plataforma Continental Exterior de 1953, uma regulamentação que dá aos presidentes ampla autoridade para retirar águas federais de futuros arrendamentos e desenvolvimentos de petróleo e gás, de acordo com uma fonte do governo familiarizada com os planos.

A lei não dá aos presidentes autoridade explícita para revogar a ação e colocar as águas federais de volta ao desenvolvimento, o que significa que o presidente eleito Donald Trump, teria que fazer com que o Congresso a alterasse antes que ele pudesse reverter a decisão de Biden.

À medida que a presidência de Biden se aproxima do fim, grupos ambientais e climáticos têm defendido que ele retire áreas do Golfo do México Oriental, bem como outras partes dos oceanos Atlântico e Pacífico – dando às áreas proteções permanentes contra futuras perfurações. A medida protegeria contra futuros derramamentos de óleo e adicionaria mais poluição que aquece o planeta a partir de combustíveis fósseis à atmosfera.

“Esperamos que faça parte de uma área muito vasta”, disse o diretor de campanha da Oceana, Joseph Gordon, à CNN, acrescentando que as ações de Biden “iriam estender e tornar permanentes essas proteções”.

Apesar de uma postura amigável em relação à indústria de petróleo e gás, Trump também se moveu para proibir a perfuração offshore enquanto presidente.

Depois de propor uma grande expansão na perfuração offshore no início de seu primeiro mandato, Trump estendeu em 2020 a proibição de futuras perfurações de petróleo no Golfo Oriental e a expandiu para incluir as costas atlânticas de três estados: Flórida, Geórgia e Carolina do Sul.

“Todos os presidentes deste século reconheceram que algumas áreas do oceano são muito arriscadas ou muito sensíveis para perfuração”, disse o vice-presidente de litígios para terras, vida selvagem e oceanos da Earthjustice, Drew Caputo, em uma declaração.

A Casa Branca se recusou a comentar. A ação de Biden foi relatada pela primeira vez pela Bloomberg.

Analistas de energia disseram à CNN que a medida não fará muita diferença na produção de petróleo dos EUA, que estabeleceu novos recordes no governo Biden.

“Não é particularmente consequente para a exploração e produção dos EUA daqui para frente”, disse Tom Kloza, chefe global de análise de energia do Oil Price Information Service.

Kloza observou que há muitas plataformas offshore existentes bombeando petróleo no Golfo do México e acrescentou que os projetos offshore normalmente levam de 6 a 8 anos para entrar em operação.

“Não vejo isso tendo qualquer impacto real no fornecimento, exportações e importações dos EUA”, acrescentou Kloza.

Ainda assim, o Instituto Americano de Petróleo criticou a decisão de Biden, chamando-a de “abordagem equivocada”.

“Estamos ansiosos para trabalhar com a nova administração para trazer os benefícios que a produção offshore de petróleo e gás natural proporciona aos Estados Unidos por meio de empregos, investimentos e segurança energética doméstica”, afirmou o vice-presidente sênior de política, economia e assuntos regulatórios da API, Dustin Meyer, em um comunicado.

Em um anúncio separado, o governo Biden também deve declarar dois novos monumentos nacionais na Califórnia na próxima semana, conforme destacou uma fonte familiarizada com o planejamento à CNN.

Biden estabelecerá o Monumento Nacional Chuckwalla no sul da Califórnia, perto do Parque Nacional Joshua Tree, e o Monumento Nacional Sáttítla no norte da Califórnia, pontuou a fonte. Tribos nativas têm pressionado ativamente a administração para proteger a terra do desenvolvimento energético.

Infomoney - SP   06/01/2025

Os preços do petróleo subiram nesta sexta-feira, fechando a semana em alta sustentados pelo clima frio na Europa e nos EUA, bem como pelo estímulo econômico adicional sinalizado pela China.

Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em alta de 58 centavos, ou 0,8%, a 76,51 dólares por barril, o nível mais alto desde 14 de outubro. O petróleo bruto dos EUA (WTI) ganhou 83 centavos, ou 1,13%, para 73,96 dólares.

O Brent registrou ganho semanal de 2,4%, enquanto o WTI subiu quase 5%.

Sinais de fragilidade econômica chinesa aumentaram as expectativas de medidas para impulsionar o crescimento no principal importador de petróleo do mundo.

“Neste momento, a China tem sido incessante com anúncios sobre tentativas de estimular a atividade econômica, e o mercado está prestando atenção nisso”, disse John Kilduff, sócio da Again Capital, em Nova York.

As preocupações com a demanda chinesa foram um fator nas previsões de demanda fraca no ano passado, acrescentou ele.

A China anunciou algumas medidas novas para impulsionar o crescimento nesta semana, com um movimento surpreendente para aumentar os salários de funcionários do governo e um forte aumento no financiamento de títulos do tesouro ultralongos.

O funding adicional deverá ser usado para estimular o investimento empresarial e iniciativas de estímulo ao consumidor.

Os preços do petróleo também devem ter recebido suporte das expectativas de aumento da demanda por óleo para aquecimento após as previsões de clima mais frio em algumas regiões.

Infomoney - SP   06/01/2025

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a política energética do governo britânico nesta sexta-feira, cobrando que o país explore a bacia de petróleo e gás do Mar do Norte e se livre de parques eólicos.

O Mar do Norte é uma das bacias de petróleo e gás offshore mais antigas do mundo, onde a produção tem diminuído constantemente desde o início do milênio. Ao mesmo tempo, tornou-se uma das maiores regiões eólicas offshore do mundo.

“O Reino Unido está cometendo um grande erro. Abram o Mar do Norte. Livrem-se dos moinhos de vento!”, disse Trump em uma publicação em sua plataforma de rede social Truth Social.

Faz tempo que Trump, cético em relação às mudanças climáticas, se opõe aos parques eólicos. Em 2015, ele lutou, sem sucesso, contra os planos de construir um perto de seu luxuoso campo de golfe na Escócia.

A sua publicação nesta sexta-feira incluiu um link para um relatório do último mês de novembro sobre os planos da unidade Apache da produtora de petróleo e gás norte-americana APA Corp de sair do Mar do Norte até o final de 2029. A empresa espera que a produção do Mar do Norte caia 20% em relação ao ano anterior em 2025.

O governo trabalhista do primeiro-ministro Keir Starmer venceu as eleições do ano passado com a promessa de desenvolver a economia de baixo carbono no Reino Unido.

O governo pretende quadruplicar a capacidade de geração eólica offshore até 2030, chegando a 60 gigawatts, como parte das suas metas para reduzir as emissões de carbono e melhorar a qualidade do ar.

Em outubro, o governo britânico disse que aumentará o imposto sobre ganhos inesperados dos produtores de petróleo e gás do Mar do Norte de 35% para 38% e prorrogaria o imposto por um ano. O governo quer usar a receita do petróleo e do gás para arrecadar fundos para projetos de energia renovável.

Empresas de petróleo e gás disseram que a taxa de imposto mais alta poderia levar a uma queda nos investimentos. Algumas empresas venderam ativos, enquanto outras fundiram operações e procuraram diversificar para outras regiões.

A Autoridade de Transição do Mar do Norte, o órgão regulador de petróleo e gás offshore do Reino Unido, não quis comentar sobre a publicação de Trump. O departamento de segurança energética do Reino Unido não respondeu a um pedido de comentário em um primeiro momento.

Claire Coutinho, autoridade do setor de energia do Partido Conservador britânico, de oposição, disse em uma publicação no X em resposta aos comentários de Trump que “nenhuma outra grande economia está encerrando sua produção doméstica de petróleo e gás Isso é totalmente insano”.

PETRÓLEO EM DECLÍNIO, VENTO EM DESACELERAÇÃO

As empresas de petróleo estão saindo do Mar do Norte para se concentrar em bacias mais novas. A produção diminuiu de um pico de 4,4 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) no início do milênio para cerca de 1,3 milhão de boeds atualmente.

O Reino Unido e os países da Europa continental supervisionaram o desenvolvimento de grandes parques eólicos offshore, mas o crescimento do setor estagnou à medida que os custos aumentaram devido a problemas técnicos e de cadeia de suprimentos, além de taxas de juros mais altas.

O Reino Unido tem o objetivo de descarbonizar amplamente seu setor de energia até 2030, o que significará reduzir sua dependência de usinas elétricas a gás e aumentar rapidamente sua capacidade de energia renovável.

RODOVIÁRIO

Veja - SP   06/01/2025

O governo de Mato Grosso do Sul, comandado por Eduardo Riedel, vai investir 2,7 bilhões de reais neste ano em obras de modernização de rodovias estaduais.

O financiamento virá do BNDES. As obras de pavimentação, restauração e adequação vão cobrir 800 quilômetros de rodovias no estado.

“Mato Grosso do Sul atravessa um momento de crescimento importante, que traz boas perspectivas para nós. Este recurso do BNDES é de vital importância, permite que continuemos a investir de forma consistente na infraestrutura e logística do Estado”, diz o governador Eduardo Riedel.

Valor - SP   06/01/2025

Com trechos atingidos por chuvas, Bloco 2 prevê investimento de R$ 6,7 bi, com aporte de R$ 1,3 bi de fundo de reconstrução e obras para aumentar resiliência

Pedro Capeluppi: “Contratos no RS preveem que impacto dos eventos extremos é de responsabilidade do poder público” — Foto: Mauricio Tonetto/Palácio Piratini

O governo do Rio Grande do Sul deverá lançar nesta semana a consulta pública da concessão do Bloco 2 de rodovias do Estado, que inclui trechos fortemente afetados pelas enchentes do ano passado. O projeto, que prevê R$ 6,7 bilhões de investimentos, teve de passar por reformulações após o desastre climático.

O lote inclui 415 km de estradas, de Erechim até Venâncio Aires, passando por cidades como Passo Fundo, Muçum e Lajeado.

“A grande preocupação no projeto é garantir que, caso os eventos voltem a acontecer, as comunidades não fiquem isoladas, como ficaram no ano passado”, afirma Pedro Capeluppi, secretário de Reconstrução Gaúcha e responsável pela área de concessões do Estado.

“Foi uma região muito afetada, no Vale do Taquari. Muito do projeto precisou ser revisto do ponto de vista de resiliência. Tanto para elevar as pontes, mas também obras de drenagem. Perdemos muitos trechos de rodovias por deslizamento de encostas, por bueiros e galerias pequenos demais. Então, voltamos a campo para olhar o que era necessário”, diz. Ao todo, o projeto prevê 16 pontes com cota mais elevada.

O Estado vai aportar R$ 1,3 bilhão no projeto. Os recursos virão do Fundo do Plano Rio Grande, criado para a reconstrução do Estado após o desastre climático.

Segundo Capeluppi, o contrato traz a mesma matriz de risco das concessões vigentes no Estado, que já preveem que o impacto dos eventos extremos, como as enchentes de 2024, é de responsabilidade do poder público.

“O desafio [para atrair investidores] não é melhorar o contrato, a questão é a agilidade para fazer o reequilíbrio. Temos trabalhado muito na agência reguladora, para dar mais autonomia, estrutura administrativa. Para dar segurança de que vamos tratar o contrato como está escrito”, diz.

No caso das concessões existentes, que foram afetadas pelas chuvas, o processo de reequilíbrio está em curso, segundo o secretário. “Desde o primeiro dia, fomos documentando. Atuamos para autorizar as intervenções emergenciais. Mas antes tem a discussão das concessionárias com as seguradoras, porque o reequilíbrio cobre apenas o que não for coberto pelo seguro.”

Capeluppi se diz confiante na capacidade de atrair interessados, mesmo com os riscos climáticos e com o cenário de juros mais elevados no país. “A economia do Rio Grande do Sul é a quarta maior do país. Os eventos extremos vão acontecer no resto do Brasil também. Se tiver ambiente institucional que garanta que os reequilíbrios serão feitos, já ajuda. Além disso, o projeto já inicia com um aporte. Tem riscos, mas tem também cobertura.”

O contrato prevê uma taxa interna de retorno real de 11,02% ao ano, em linha com as concessões do governo federal, diz ele.

O projeto também prevê em toda sua extensão o “free flow”, sistema de pedágio eletrônico, sem praças e que cobra segundo a distância percorrida. A cobrança deverá ser de R$ 0,23 por km.

Além do Bloco 2, o governo gaúcho está estruturando o Bloco 1, que inclui estradas na região metropolitana da capital e litoral. Os dois lotes são desenhados junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A ideia é fazer o leilão do Bloco 1 também no segundo semestre, mas o projeto ainda passa por revisão, para incorporar o cenário pós-desastre. “Estamos esperando o estudo voltar do BNDES para calcular o aporte público necessário. Tem trechos bastante afetados, mas o bloco tem uma característica de resiliência, de alternativa segura para a região metropolitana. Foi o único trecho que ligou Porto Alegre ao resto do país. É um trecho importante.”

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