IstoÉ Dinheiro - SP 05/12/2024
A Nippon Steel está comprometida com a aquisição da U.S. Steel por 15 bilhões de dólares e está confiante que vai conseguir concluí-la até o final do ano, disse um executivo de alto escalão da companhia japonesa, apesar da forte oposição dos Estados Unidos, inclusive do presidente eleito Donald Trump.
“Não desistiremos do acordo… Não há estratégia global sem os EUA”, disse o vice-presidente da Nippon Steel, Takahiro Mori, à Reuters esta semana, após retornar de sua oitava visita aos EUA desde que o acordo com a centenária siderúrgica norte-americana foi anunciado há um ano.
Com a U.S. Steel, a Nippon Steel pretende elevar sua capacidade global de produção de aço para 85 milhões de toneladas por ano, de 65 milhões atualmente, e o ativo é fundamental para sua meta de elevar a capacidade para mais de 100 milhões de toneladas no longo prazo.
A transação enfrentou forte resistência de políticos dos EUA e da organização sindical United Steelworkers (USW). Trump reiterou oposição ao negócio nesta semana.
Perguntado se o presidente-executivo da U.S. Steel, David Burritt, permanecerá no cargo, Mori disse que a Nippon Steel selecionará a pessoa certa para o posto entre vários candidatos, incluindo Burritt, mas que nenhuma decisão havia sido tomada.
Mori, que tem liderado as negociações, manteve discussões com políticos e partes interessadas locais na cidade de Pittsburgh, no Estado de Pensilvânia, onde a U.S. Steel tem sede, durante a última viagem que fez aos EUA, mas não se encontrou com membros da nova administração de Trump.
O executivo se recusou a comentar se havia se encontrado com o presidente do USW, David McCall, durante a visita.
“Sentimos um apoio crescente da comunidade local”, disse Mori, observando que as discussões haviam mudado para questões mais substanciais, como o valor intrínseco do negócio, desde a conclusão da eleição presidencial dos EUA. “Estamos quase 100% confiantes de que fecharemos o negócio até o final do ano”, disse ele.
A Nippon Steel, quarta maior siderúrgica do mundo, obteve todas as aprovações regulatórias necessárias fora dos EUA para o negócio e está aguardando as análises do Comitê de Investimento Estrangeiro do país (CFIUS) e a liberação do Departamento de Justiça norte-americano (DOJ).
A siderúrgica japonesa prometeu não transferir nenhuma capacidade de produção ou emprego da U.S. Steel para fora dos Estados Unidos. A empresa também disse que não interferirá em nenhuma das decisões da U.S. Steel sobre questões comerciais, incluindo decisões de buscar medidas de defesa comercial.
OPÇÕES DE FINANCIAMENTO
O CFIUS deve tomar uma decisão sobre o negócio este mês. O comitê poderá aprovar o acordo ou recomendar que o presidente o bloqueie. A entidade também pode estender o período de revisão.
Se a aprovação das autoridades norte-americanas não for concedida, a empresa japonesa está disposta a tomar todas as medidas possíveis, incluindo ações judiciais, para garantir o negócio, disse Mori.
Para financiar a aquisição, a Nippon Steel já levantou alguns fundos por meio de financiamento híbrido e vendeu alguns ativos, como parte de um esforço para fortalecer sua posição financeira.
“Temos várias opções de financiamento permanente, incluindo aumento de capital. Selecionaremos as ferramentas financeiras mais adequadas”, disse Mori.
O acordo está sendo observado de perto no Japão, um aliado próximo dos EUA e seu maior investidor estrangeiro. No mês passado, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, enviou uma carta a Biden, pedindo que ele aprovasse a aquisição. Mori disse que a empresa não solicitou a carta, mas reconheceu sua importância.
“É importante observar que o governo japonês está apoiando fortemente esse acordo e monitorando de perto os procedimentos adequados. Sou muito grato por isso.”
IstoÉ Dinheiro - SP 05/12/2024
A CSN anunciou nesta quarta-feira, 4, que desistiu da compra da Intercement depois que a cimenteira fez um pedido de recuperação judicial em São Paulo e após meses de negociações exclusivas com a companhia.
Após o anúncio, as ações da empresa subiam 1,75% às 11h20, enquanto o Ibovespa mostrava estabilidade, com leve alta de 0,13%, a 126.299,36 pontos.
Segundo maior grupo produtor de cimento do Brasil, a CSN afirmou que “não está mais engajada neste processo e seguirá analisando outras oportunidades no segmento de cimentos”.
A desistência do negócio deve ajudar a CSN a cumprir a meta de reduzir alavancagem para 2,5 vezes dívida líquida sobre Ebitda, algo que o diretor financeiro da companhia, Antonio Marco Campos Rabello, afirmou em meados do mês passado que era “desafiador” de ser alcançado.
“Para a CSN, a ruptura do acordo é um revés estratégico, mas pode abrir espaço para renegociações em condições mais favoráveis”, afirmaram analistas da Genial Investimentos.
A CSN negociava com os controladores da Intercement, o grupo Mover, antiga Camargo Corrêa, desde o início do ano uma aquisição dos negócios da companhia, que no Brasil tem 15 fábricas de cimento e 1 unidade de agregado.
Além das operações no Brasil, a Intercement detém uma participação de quase 50% no mercado argentino por meio da Loma Negra. Em maio, fonte próxima do assunto afirmou à Reuters que a CSN ofertou cerca de 6 bilhões de reais pelos ativos da Intercement.
Exame - SP 05/12/2024
Maior produtora de aço do mundo, a ArcelorMittal destaca também a sua posição como empresa inovadora no setor brasileiro com a expansão da Unidade de Vega, em São Francisco do Sul (SC). Com um investimento de R$ 2 bilhões feito ao longo dos últimos três anos, a nova planta é equipada com tecnologias de ponta para a gestão de recursos e a redução de impactos ambientais, posicionando Santa Catarina como um polo de inovação na indústria de aço.
Chamado Projeto CMC (Cold Mill Complex), o empreendimento foca a implantação da nova linha de galvanização e recozimento contínuo de aço. Com a expansão, a capacidade instalada da unidade aumentou de 1,6 milhão para 2,2 milhões de toneladas por ano, além de permitir a ampliação do portfólio de produtos de alta performance para atender demandas cada vez mais exigentes do mercado global.
Inovação sustentável
A Unidade de Vega é a primeira fora da Europa a produzir o Magnelis® , uma solução em aço revestido com alta resistência à corrosão, exclusiva da ArcelorMittal. A tecnologia consegue atender a demandas específicas em segmentos como construção civil, agricultura, infraestrutura rodoviária, entre outros.
Um destaque é que o Magnelis® é utilizado como material essencial na construção de projetos de energia solar. O revestimento é formado por uma película protetora que se regenera quando a chapa é cortada, soldada, perfurada ou arranhada, expondo sua parte interna não revestida. Essa capacidade regenerativa consegue ampliar a vida útil da peça feita com o aço especial.
Com isso, o Projeto CMC também tem como foco posicionar o Brasil na vanguarda da produção de aços sustentáveis.
O projeto faz parte de uma ampla agenda da companhia, que prevê investimentos de cerca de R$ 25 bilhões até 2028. Entre as ações contempladas na agenda estão ampliações, modernizações e aquisições, além de muitas ações com foco em sustentabilidade, especialmente em energia limpa e renovável.
A nova linha também busca fortalecer a atuação da ArcelorMittal no mercado automotivo, ampliando o mix de produtos de alta tecnologia que a Unidade de Vega já oferece a este segmento.
Impacto econômico
A expansão da Unidade de Vega traz, ainda, um impacto positivo para a economia catarinense, especialmente com a geração de empregos e a consolidação do estado como um polo industrial. Foram 350 vagas criadas, totalizando 1.300 empregos diretos gerados pela unidade.
Desde que foi inaugurada, em 2003, a Unidade de Vega já recebeu um total de R$ 4,5 bilhões em investimentos, sendo considerada o maior empreendimento no segmento industrial já realizado pela iniciativa privada no estado.
Para o país, de forma geral, o aumento da competitividade da indústria nacional é um dos resultados desse investimento.
O Estado de S.Paulo - SP 05/12/2024
Deve ser frustrante para Lula colher sucessivos resultados positivos naqueles indicadores econômicos aos quais ele sempre deu mais valor, como atividade econômica, taxa de desemprego e variação da renda, sem que isso se traduza na volta aos tempos mágicos do seu segundo mandato, quando sua popularidade subiu acima de 85%.
Agora foi a vez do PIB do terceiro trimestre, que veio ainda um pouco acima da expectativa mediana do mercado, que já era de crescimento robusto. O PIB do terceiro tri deste ano, comparado ao mesmo período de 2023, cresceu 4%, um ritmo que lembra a "era de ouro" do segundo mandato de Lula. O consumo das famílias e os investimentos vieram fortes, mostrando vigor nos dois principais pilares da atividade econômica.
Mas o "clima" nacional não parece refletir essa bonança, que também se estende ao emprego e à renda. Alguns podem dizer que a insatisfação é apenas do mercado financeiro, que jogou a cotação do dólar para cima de R$ 6 e determina juros reais altíssimos, em torno de 7% mesmo para prazos longos. Mas se isso é verdade, por que a popularidade de Lula trafega naquele mínimo aceitável para alguém que quer se reeleger (ou apontar um sucessor que se eleja), em vez de exibir uma gordura abundante mais compatível com a economia quase exuberante?
Uma possível resposta, claro, é a inflação, que roda nos 12 meses até outubro em 4,76%, acima do teto de tolerância de 4,5% (a meta é de 3%). E a inflação dos alimentos consumidos no domicílio, na mesma mensuração, está em 7,05%.
A interpretação mais corrente para a derrota de Kamala Harris por Donald Trump é a alta da inflação nos Estados Unidos, mesmo que, no momento da eleição, ela já tivesse recuado muito do pico de 9,1% em maio de 2022, para menos de 3% (em termos anualizados). A ideia é que o nível muito alto dos preços (mesmo com a inflação mais baixa) e o aumento maior dos itens mais baratos (relativamente aos mais caros) foram o veneno econômico que tirou a vitória dos democratas, mesmo com a atividade e mercado de trabalho "bombando".
Se há verdade nessa hipótese e se é válida a comparação entre Estados Unidos e Brasil, a inflação deveria ser a preocupação principal de Lula e seus conselheiros políticos. Porém, parece que a estratégia política do governo não consegue se despregar da visão de mundo que predominava no super bem-sucedido segundo mandato do atual presidente.
Por essa abordagem, o eleitorado tem que ser "comprado" com benesses bancadas pelo Estado, seja na forma de aumentos reais de aposentadorias, pensões e benefícios sociais (atrelados ao salário mínimo), seja pela superexpansão do Bolsa Família, seja pela reativação de bons programas como o Minha Casa Minha Vida ou a criação de outros, como o Pé-de-Meia, seja pela isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil.
Na revisão hoje do PIB de 2023 pelo IBGE, com o crescimento subindo de 2,9% para 3,2%, ou aumento das despesas de consumo do governo no ano passado saltou de 1,7% para 3,8%. O pé no acelerador fiscal, desde a PEC de Transição, parece ser a estratégia única do terceiro mandato de Lula para conquistar o apoio da maioria do povo brasileiro.
Muito se tem falado que, no país polarizado pós-Bolsonaro, o sucesso econômico já não seria suficiente para forjar uma confortável maioria eleitoral. Com certeza, apenas o bem-estar econômico não será capaz de trazer para um governo de esquerda a parcela mais inflamada do eleitorado que se identifica de forma quase existencial com a direita (e que surgiu no panorama da política nacional na esteira do bolsonarismo).
Mas ainda parece exagero dizer que a economia não "resolve" o problema de popularidade de um presidente, mesmo que não nos níveis acachapantes de alguns anos atrás. A inflação alta e a insegurança despertada em parte da população pela disparada do dólar e dos juros podem estar minando a confiança e o bem-estar que deveriam normalmente decorrer da economia e do mercado de trabalho aquecidos.
E equacionar o problema inflacionário hoje demanda enfrentar o problema fiscal com muito mais disposição e coragem do que Lula tem mostrado até agora. Essa não é a visão apenas do mercado financeiro. O demonizado Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, pensa assim, mas Gabriel Galípolo, o escolhido por Lula para presidir o BC dentro de algumas semanas, também pensa assim.
O problema é que enfrentar para valer o desafio fiscal significa quase inverter a lógica do período mais glorioso do primeiro governo Lula, pela qual governar bem é distribuir ao máximo benesses financiadas pelo Estado. O Brasil e o mundo mudaram (e, no caso do segundo, mais ainda agora com a eleição de Trump), mas o atual presidente do Brasil insiste em se agarrar a uma fórmula do passado, cujo poder mágico já se esgotou.
O Estado de S.Paulo - SP 05/12/2024
A robustez do PIB no terceiro trimestre era tão previsível quanto a pirotecnia que o governo federal promoveria em torno do resultado. O crescimento de 0,9% ante o segundo trimestre foi um décimo acima da mediana das estimativas do mercado e confirmou que o retrato da economia mantém coloração forte, embora alguns tons abaixo do 1,4% registrado no trimestre anterior. Vista de relance, seria uma notícia a suscitar apenas aclamação; o problema são os detalhes.
Depois do anúncio do PIB, o dólar continuou acima da cotação histórica de R$ 6; o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, ensaiou uma alta, mas logo caiu; a atração do capital estrangeiro também não tem acontecido. Numa economia pujante, é natural que informes positivos de imediato valorizem ativos, melhorem perspectivas e até atraiam novos investidores. A questão é que os tais detalhes não são insignificantes.
Os dados apurados pelo IBGE mostram que o consumo do governo opera no maior patamar da série histórica, enquanto o das famílias avança também de forma surpreendente: 5,5% maior ante o terceiro trimestre de 2023. O governo eleva despesas há 14 trimestres consecutivos; as famílias, há 15. São três anos e meio de gastos que, não por acaso, correspondem ao final da gestão de Jair Bolsonaro e à primeira metade do governo de Lula da Silva. Programas governamentais são os principais responsáveis pela alta do consumo das famílias brasileiras.
A melhora do mercado de trabalho, com taxa de desemprego em 6,2%, também contribui, assim como o reajuste do salário mínimo acima da inflação. É obviamente positivo, mas a avaliação depende de outros fatores, sendo o principal deles a sustentabilidade do cenário. Recorde-se que o período imediatamente anterior à tempestade recessiva iniciada em meados de 2014 era também de aparente bonança. A então presidente Dilma Rousseff terminou seu primeiro mandato com indicadores econômicos confortáveis, contas públicas maquiadas pela contabilidade criativa e uma inflação contida na marra. A conta veio pesada, não apenas com recessão, mas com o afastamento de Dilma da Presidência.
O retrato instantâneo do PIB, com valor de R$ 3 trilhões e alta de 4% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, é bom. Para este ano as apostas superam os 3,2% (revisados) de 2023. Os petistas correram às redes sociais para comemorar o que chamam de “efeito Lula” e desancar os que classificam como detratores. Se olhassem os dados com mais cuidado, perceberiam que a taxa de investimento de 17,6% ainda é pífia, insuficiente para sustentar um crescimento econômico entre 3% e 4% ao ano de forma mais consistente.
O Brasil precisa crescer em torno de 4% por décadas para alcançar um bom patamar de desenvolvimento e, para isso, o consenso entre economistas é que a taxa de investimento se situe em torno de 25% ao ano. O País precisa equilibrar suas contas para conseguir crescer com sustentabilidade, sem retrocessos. Para isso precisa de uma política fiscal efetiva, não dos remendos que têm sido apresentados.
CNN Brasil - SP 05/12/2024
O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira (4) que a economia norte-americana está mais forte do que parecia em setembro, quando o banco central dos Estados Unidos começou a reduzir a taxa básica de juros, permitindo que formuladores de política monetária sejam potencialmente mais cautelosos ao reduzir ainda mais os custos de empréstimos.
“Podemos nos dar ao luxo de sermos um pouco mais cautelosos ao tentarmos encontrar a neutralidade” com a política de juros, afirmou Powell em um evento do New York Times.
Os comentários provavelmente serão os últimos antes de um período de silêncio para as autoridades do Fed antes da reunião de 17 e 18 de dezembro. Antes da fala de Powell, investidores estavam se inclinando para uma expectativa de um terceiro corte consecutivo na taxa básica quando o banco central se reunir em duas semanas.
Os dados de inflação e emprego e comentários de autoridades do Fed essa semana aumentaram substancialmente as expectativas do mercado de outro corte de 0,25 ponto na taxa referencial para uma faixa de 4,25% a 4,50%. Os comentários de Powell nesta quarta-feira não mudaram muito essa situação.
O chair do Fed insistiu na necessidade de o banco central manter suas opções em aberto em um momento de maior incerteza sobre a política econômica no próximo ano, com alguma preocupação de que seu progresso na inflação tenha estagnado e evidências de que a temida queda no mercado de trabalho tenha sido evitada.
Mais cedo nesta quarta-feira, duas outras autoridades do Fed — os chefes dos bancos regionais em Richmond e St. Louis — aderiram a uma abordagem de manter todas as opções abertas.
“Estou mantendo todas as minhas opções em aberto”, disse o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, em uma conferência de política monetária da Bloomberg, acrescentando que analisará os dados que estão chegando antes de decidir se os juros precisarão ser reduzidos novamente em duas semanas.
O presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, disse em um evento da CNBC que acredita que tanto a inflação quanto o emprego estão caminhando na direção certa, mas com mais dados a serem apresentados antes da reunião, ele não irá antecipar o resultado.
Uma medida importante da inflação, o índice de preços das despesas de consumo pessoal, excluindo os custos de alimentos e energia, tem oscilado em uma faixa de 2,6% a 2,8% desde maio, bem acima da meta de 2% do banco central.
Embora as autoridades do Fed digam rotineiramente que sentem que as pressões sobre os preços ainda devem diminuir, com os custos de moradia, em particular, desacelerando em tempo real, mas ainda não refletidos nos dados governamentais defasados, elas também vão querer provas disso antes de reduzir muito mais a taxa básica.
Antes da apresentação de Powell, uma importante pesquisa de negócios mostrou um certo arrefecimento no vasto setor de serviços dos EUA e empresas preocupadas com a probabilidade de uma nova rodada de tarifas sobre as importações do novo governo Trump no início do próximo ano, o que elas temem que possa significar preços mais altos no futuro. Ao mesmo tempo, as vendas de automóveis em novembro foram as mais altas em mais de três anos, mostrando que o consumo continua saudável.
É essa combinação contínua de dados fortes e fracos que está mantendo as autoridades do Fed em alerta e relutantes em oferecer muitas orientações concretas para o futuro.
O Estado de S.Paulo - SP 05/12/2024
O pacote de corte de gastos apresentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é tímido e insuficiente para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal, de acordo com o ex-secretário de Orçamento Federal e consultor da Câmara Paulo Bijos. Para o especialista, a aposta do governo em mirar no mandato atual, até 2026, sem ajustes maiores é arriscada.
“O pacote ainda é tímido, ainda não está à altura do ajuste fiscal do País para o médio e para o longo prazo. É preciso trazer algo mais robusto e realmente estrutural até o dia 15 de abril de 2025", diz o consultor, citando a data para envio do Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias ao Congresso – proposta em que o governo define as bases do Orçamento e pode incluir medidas de corte de gastos.
O governo apresentou um pacote anunciando uma economia de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026. Paulo Bijos afirma, contudo, que há incerteza sobre esse número, ao pontuar que algumas medidas incluídas pelo Poder Executivo no pacote não representam corte efetivo de gastos. Entre elas estão a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), que se limita a direcionar a arrecadação, e uma mudança no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), cujo espaço deve ser consumido por outros gastos.
O pacote foi enviado ao Congresso, mas o governo enfrenta obstáculos para votar as medidas rapidamente na Câmara dos Deputados – como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negociou com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Questionamentos sobre o tamanho do ajuste e o impasse sobre o pagamento de emendas parlamentares dificultam a tramitação das medidas. Tanto governistas quanto Lira afirmam, porém, que é possível aprovar o pacote ainda em dezembro deste ano.
O governo propôs uma mudança na regra de reajuste do salário mínimo e poupou os pisos de saúde e educação. O ex-secretário de Orçamento aponta que a desvinculação e a desindexação dos benefícios – como aposentadorias, seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – ao salário mínimo e do piso das duas áreas – hoje atreladas à arrecadação do governo – ainda são necessárias.
Atualmente, o salário mínimo varia de acordo com a inflação do ano anterior e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás. Com a proposta do governo, o ganho seria limitado às mesmas travas do arcabouço fiscal – ou seja, com aumento mínimo de 0,6% e máximo de 2,5% ao ano acima da inflação.
Em época de PIB maior que 2,5%, como em 2023, a tendência é que a medida gere economia de gastos em 2025. Em anos de PIB baixo ou recessão, contudo, o efeito pode ser o contrário e provocar aumento do salário e das despesas.
O ex-secretário de Orçamento afirma que o governo precisa avançar com um pacote de cortes estruturais no médio e no longo prazo, e não pensar apenas em concluir o mandato atual, em 2026. “É uma aposta muito arriscada. A lógica dos agentes que financiam o governo é comprar títulos de 20, 30 anos, olhando um horizonte mais dilatado e precificando o hoje. Todos, o governo e a sociedade, ganhariam com algo mais estrutural.”
Os deputados Kim Kataguiri (União-SP), Júlio Lopes (PP-RJ) e Pedro Paulo (PSD-RJ) apresentaram uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) alternativa, com base em um estudo da consultoria da Câmara.
Pelo texto, os benefícios previdenciários, o abono salarial, o BPC e os pisos de saúde, educação e Fundeb passariam a ser corrigidos apenas pela inflação de 2026 a 2031, com a revisão dos critérios a partir de 2031, sempre no primeiro ano de cada mandato presidencial.
Globo Online - RJ 05/12/2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou reclamou dos "descréditos" e afirmou que o Produto Interno Bruto do País (PIB) está crescendo mais que as expectativas do mercado e que deve chegar a 3,5% em 2024. Na terça-feira, o IBGE informou que o PIB do terceiro trimestre avançou 0,9% sobre o segundo trimestre. O avanço do consumo das famílias e dos investimentos impulsionou a atividade econômica.
— Para a surpresa dos descréditos, o PIB de 2023 não foi 2,9%, foi 3,2%. O PIB de 2024 não será 1,5%, como o mercado previa, vai ser 3,5%. E a gente vai fazer um esforço muito grande para continuar fazendo as coisas acontecerem nesse país independentemente daqueles que querem trabalhar contra — afirmou Lula em reunião no Palácio do Planalto com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
O IBGE também revisou para cima o crescimento do PIB em 2023, de 2,9% para 3,2%. O instituto costuma fazer revisões mais amplas no terceiro trimestre.
O presidente também comentou o pacote de corte de gastos que prevê pente fino de beneficiários irregulares em programas como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC) e disse que tudo está sendo feito com "a maior delicadeza possível":
— O pessoal jogar a culpa no Bolsa Família, o pessoal joga a culpa no aposentado do INSS, joga a culpa no BPC, tudo coisas que estamos fazendo com a maior delicadeza possível. A gente não quer ir para as páginas dos jornais punindo alguém que não pode ser punido. A gente quer fazer o levantamento fidedigno. A gente vai fazer com que todas as pessoas façam levantamento da sua situação real, aqueles que tem direito vão continuar recebendo, aqueles que estão de forma ilícita vão parar de receber. Esse é o preço que a gente paga por ser sério.
IstoÉ Dinheiro - SP 05/12/2024
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) manteve sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2024, em 3,2%, segundo relatório de perspectiva econômica trimestral, divulgado nesta quarta-feira (4). Para 2025, a OCDE ajustou para cima sua expectativa para a expansão da economia mundial, de 3,2% para 3,3%.
O relatório avalia que os efeitos atrasados do aperto monetário nas principais economias continua a moderar e que maior flexibilização das taxas de juros é esperada, conforme a inflação segue em trajetória de queda para a meta. Este cenário deve apoiar gastos sensíveis a juros nos próximos dois anos, principalmente o investimento privado, e impulsionar o consumo doméstico.
No caso dos EUA, a OCDE prevê que a maior economia do mundo crescerá 2,8% este ano e 2,4% no próximo, em uma desaceleração gradual da atividade econômica conforme a participação do mercado de trabalho desacelera e o consumo privado modere. No relatório anterior, publicado em setembro, as projeções eram mais modestas, de 2,6% e 1,6%, respectivamente. Para 2026, a organização prevê crescimento de 2,1%.
“Maior relaxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed) deve apoiar investimentos nos EUA, mas o impacto será contrabalançado pela necessidade da população de refinanciar em juros mais elevados do que quando emprestaram crédito anteriormente”, pondera a OCDE, que projeta queda da inflação e dos juros americanos nos próximos dois anos.
A OCDE também está mais otimista em relação à zona do euro neste ano, que deverá crescer 0,8% em 2024, ante estimativa anterior de 0,7%. A organização manteve projeção de aceleração modesta para 2025, em 1,3%, e prevê crescimento de 1,5% em 2026.
Contudo, as previsões da OCDE para a Alemanha, maior economia do bloco, são mais sombrias. A organização cortou as projeções de crescimento para os próximos dois anos, prevendo estabilidade do PIB em 2024 e aceleração modesta a 0,7% em 2025, ante projeções anteriores de 0,1% e 1,0%, respectivamente. Para 2026, o relatório prevê crescimento de 1,2%.
Quanto à China, a projeção de crescimento da OCDE para este ano permanece em 4,9%, mas elevada para o próximo ano. Agora, a organização vê crescimento de 4,7% em 2025 na segunda maior economia do mundo, ante projeção anterior de 4,5%. Para 2026, a previsão é de desaceleração a 4,4%.
O relatório avalia que o setor imobiliário da China continuará em desaceleração, mas investimentos em infraestrutura e indústria crescem em ritmo estável. “O aumento de restrições do comércio global podem pesar sobre a atividade industrial chinesa, mas medidas recentes de estímulos podem impulsionar a confiança e o consumo mais do que o esperado”, pondera a OCDE.
Infomoney - SP 05/12/2024
A produção da indústria no Brasil frustrou as expectativas e recuou em outubro, interrompendo dois meses seguidos de ganhos devido principalmente à retração em produtos derivados de petróleo e biocombustíveis.
Em outubro, a indústria teve queda de 0,2% na produção em relação ao mês anterior, mostraram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (4).
O resultado contrariou a expectativa em pesquisa da Reuters de um aumento de 0,2%.
Em relação a outubro do ano passado, houve crescimento de 5,8% na produção industrial, contra projeção de alta de 5,9% na pesquisa.
Se de um lado a economia brasileira é favorecida pelo mercado de trabalho forte e renda em alta, com aquecimento da demanda interna e políticas do governo de estímulo à atividade, por outro enfrenta a perspectiva de um ciclo de juros altos por mais tempo.
No terceiro trimestre, a indústria apresentou expansão de 0,6%, mas mostrou forte desaceleração em relação ao avanço de 1,6% visto entre abril e junho, de acordo com dados do PIB divulgados na véspera pelo IBGE.
Em novembro, o BC acelerou o ritmo e elevou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual, para o atual patamar de 11,25%, e a expectativa é de nova alta na última reunião do ano, na próxima semana.
O IBGE destacou que, em outubro, a maior influência negativa foi exercida pela queda de 2,0% de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, após avançar 4,7% no mês anterior, com destaque para a redução na produção de álcool.
Também pesaram no resultado do mês os recuos de 1,1% de bebidas e de 0,2% nas indústrias extrativas.
Por outro lado, a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias avançou 7,1% em outubro, depois de alta de 2,8% em setembro.
Entre as categorias econômicas, o destaque foi o avanço de 1,6% na produção de bens de capital. A fabricação de bens intermediários subiu 0,4%, enquanto a de bens de consumo teve retração de 0,7% em outubro sobre o mês anterior.
“(O desempenho da produção de bens de capital) indica a continuidade do bom desempenho da formação bruta de capital fixo no início do quarto trimestre, como foi observado no resultado do PIB do terceiro trimestre”, destacou André Valério, economista sênior do Inter.
Infomoney - SP 05/12/2024
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou nesta quarta-feira (4) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançará na semana que vem a Missão 5 da Nova Indústria Brasil (NIB), uma das seis metas de um plano do governo para impulsionar o parque industrial brasileiro até 2033.
As declarações foram dadas durante a abertura do 2º Seminário Nacional de Política Industrial – Indústria Verde: Inovação e Sustentabilidade, realizado pela Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados.
A Missão 5 é denominada “bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para as futuras gerações”.
“Na semana que vem, o presidente lança a Missão 5, que é a transição ecológica”, afirmou o vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Alckmin também enumerou as outras missões e enalteceu investimentos atraídos na Missão 1, relacionada a cadeias agroindustriais sustentáveis.
“Ontem, o presidente Lula lançou a Missão 1, e nós passamos de R$ 296 bilhões de novos investimentos na Missão 1, que é agroindústria. Investimento privado”, disse Alckmin.
O vice-presidente afirmou ainda que o governo cobrou na 29º Conferência do Clima das Nações Unidas que a regulação do carbono seja aplicada “planetariamente”, para que não haja prejuízo ao Brasil após a aprovação das novas regras pelo Congresso Nacional. “Não se pode usar o meio ambiente como protecionismo”, comentou.
Alckmin também celebrou o que chamou de “bom momento” dos resultados do Produto Interno Bruto (PIB), cujo avanço no 3º trimestre deste ano foi de 0,9%. Segundo ele, foi a indústria de transformação que puxou o crescimento do PIB.
“Os tempos no mundo são outros. Há duas guerras, dificuldade geopolítica, pós-Covid, alto endividamento dos países, crescimento mais baixo. Então, você crescer 3% ao ano hoje equivale a mais de 4%”, concluiu Alckmin.
Valor - SP 05/12/2024
A empresa anglo-australiana espera embarcar entre 323 milhões de toneladas métricas e 338 milhões de toneladas do insumo siderúrgico no próximo ano
A Rio Tinto, a segunda maior mineradora do mundo em valor de mercado, espera que os embarques anuais de minério de ferro de suas operações na Austrália sejam pouco alterados em 2025, enquanto prevê que a produção de cobre e bauxita de suas minas aumente ano a ano.
A empresa anglo-australiana, que obtém a maior parte de seus lucros com a extração de minério de ferro em Pilbara, na Austrália, disse que espera embarcar entre 323 milhões de toneladas métricas e 338 milhões de toneladas do insumo siderúrgico no próximo ano.
O volume está alinhado com sua estimativa para 2024 fornecida aos investidores no ano passado.
A empresa prevê a mineração de 780 mil a 850 mil toneladas de cobre em 2025, acima de uma estimativa de 660 mil a 720 mil toneladas para este ano, segundo a empresa.
A Rio Tinto tem como meta a produção anual de cobre de 1 milhão de toneladas até o final da década, sustentada pelo aumento da produção da mina Oyu Tolgoi, na Mongólia, onde se espera que a produção aumente em mais de 50% no próximo ano.
A empresa projetou volumes anuais de bauxita de 57 milhões de toneladas a 59 milhões de toneladas para 2025, em comparação com sua orientação para 2024 de 53 milhões de toneladas a 56 milhões de toneladas.
A projeção de produção da Rio Tinto para o próximo ano foi divulgada antes de seu encontro anual para investidores em Londres.
Infomoney - SP 05/12/2024
Os preços futuros do minério de ferro subiram nesta quarta-feira, com as expectativas persistentes de novos estímulos econômicos na China superando as preocupações com a escalada das tensões comerciais entre o país asiático e os Estados Unidos.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 0,43%, a 812 iuanes (111,76 dólares) a tonelada. No início da sessão, o contrato atingiu seu valor mais alto desde 8 de outubro, em 816,5 iuanes por tonelada.
O minério de ferro de referência para janeiro na Bolsa de Cingapura subiu 0,37%, para 105,5 dólares a tonelada, o nível mais alto desde 8 de novembro.
As esperanças de mais estímulos fiscais da próxima Conferência Central de Trabalho Econômico na China, principal país consumidor de minério, ajudaram os preços do principal ingrediente siderúrgico a devolverem as perdas anteriores, impulsionadas pela escalada das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
“O mercado está mantendo altas expectativas de estímulo incremental a demanda doméstica de minério permanece resiliente”, disseram analistas da Sinosteel Futures em nota.
Na terça-feira, a China proibiu as exportações de minerais essenciais como gálio, germânio e antimônio, que têm ampla aplicação militar, para os Estados Unidos, um dia após a mais recente repressão de Washington ao setor de chips da China.
Mas as perspectivas de aumento da oferta no exterior limitaram o potencial de alta dos preços, de acordo com analistas.
A Vale, uma das maiores fornecedoras de minério de ferro do mundo, estimou na terça-feira que produziria entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério em 2025, em comparação com cerca de 328 milhões de toneladas este ano.
“A oferta abundante e a falta de confiança do mercado pesaram sobre os preços do carvão de coque e do coque”, disseram os analistas da Galaxy Futures em nota comentando outros ingredientes siderúrgicos.
Money Times - SP 05/12/2024
A Vale (VALE3) tem potencial para surpreender positivamente o mercado, avaliou nesta quarta-feira (4) o Goldman Sachs, um dia após o Investor Day realizado pela mineradora em Nova York. O banco reiterou a recomendação de compra para o papel.
“A empresa, pela primeira vez em pelo menos cinco anos, está sendo conservadora e tem potencial para surpreender o mercado positivamente, dado o recente indício de eficiências operacionais e entregas de projetos acima das expectativas”, afirmaram analistas Marcio Farid e equipe.
Segundo a instituição, as projeções para custo e produção de minério de ferro indicam melhora em 2025, com avanços mais significativos esperados para 2026.
Durante o evento, o diretor comercial da Vale, Rogério Nogueira, destacou o portfólio premium da mineradora, ressaltando ainda a diversificação única de ativos e a cadeia de suprimentos robusta, que colocam o portfólio da empresa entre os mais flexíveis do setor.
O Goldman Sachs considera que a Vale está recuperando uma flexibilidade operacional que não era demonstrada nos últimos anos.
No segmento de metais básicos, o banco notou uma redução na projeção de longo prazo, especialmente para o cobre, devido à incerteza em torno do grande projeto Hu’u, na Indonésia.
Os analistas também destacaram as melhorias significativas que a empresa vem realizando em eficiência operacional, embora considerem que essas mudanças ainda não estejam refletidas de forma apropriada no preço das ações.
“Entendemos as preocupações relacionadas às incertezas do minério de ferro e a preferência dos investidores por exposição ao cobre dentro das commodities, mas acreditamos que a Vale pode recuperar sua competitividade”, disseram.
Nesta quarta-feira (4), VALE3 caiu 1,95%, a R$ 57,33.
Santander vê novas projeções como ‘neutras’
Na véspera, a Vale também atualizou projeções para uma produção de 325 milhões a 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2025, ante cerca de 328 milhões em 2024.
Para o Santander, que tem recomendação outperform para o papel, os números estão alinhados às expectativas do mercado, com destaque para metas de produção, iniciativas de eficiência de custos e áreas estratégicas de foco para crescimento de longo prazo.
A empresa parece estar priorizando produtos de maior qualidade e eficiência, com um esforço para integrar práticas de economia circular e reduzir custos operacionais, destacaram os analistas Yuri Pereira e Giovana Langanke.
Eles sublinharam que, em relação à dinâmica do mercado de minério de ferro, a Vale prevê um equilíbrio entre oferta e demanda a um preço acima de US$ 90/tonelada no longo prazo.
No segmento de metais básicos, os projetos de cobre são vistos como fundamentais para sustentar o crescimento futuro, especialmente alinhados à transição energética global.
O Santander ainda notou que a transformação cultural da Vale é percebida como um passo importante para torná-la uma organização mais confiável e orientada para a performance.
Investing - SP 05/12/2024
Objetivos considerados irrealistas ou destrutivos por alguns membros do conselho de administração desencadearam a queda repentina do presidente-executivo da Stellantis (NYSE:STLA), Carlos Tavares, apenas um mês depois de ele ter recebido total apoio do colegiado da companhia, disseram à Reuters duas pessoas com conhecimento do assunto.
Insatisfeito com suas metas agressivas de vendas e cortes de custos e com desentendimentos com fornecedores, concessionários e sindicatos do grupo automotivo, o conselho de administração quis de forma unânime a saída de Tavares, disseram as fontes.
"Algo estourou em novembro", disse uma das fontes.
Tavares renunciou no domingo, gerando queda nas ações do quarto maior grupo de veículos do mundo, dono das marcas Fiat, Jeep, Ram e Peugeot. O executivo não comentou o assunto e a Stellantis não se manifestou.
No domingo, o diretor independente sênior Henri de Castries disse em um comunicado que, nas últimas semanas, surgiram opiniões diferentes entre o presidente-executivo, os principais acionistas e o conselho.
Tavares, que no início deste ano recebeu 36,5 milhões de euros em pagamentos relacionados aos resultados de 2023 da Stellantis, irritou alguns membros do conselho de administração em outubro, no salão do automóvel de Paris, ao culpar publicamente a administração da montadora nos EUA pela queda das vendas e pelo aumento dos estoques naquele mercado, disse uma das fontes. Mas a diretoria ainda continuava a apoiá-lo.
Em novembro, entretanto, o estilo impetuoso de Tavares levou a um relacionamento "totalmente insustentável" com a diretoria, cujos membros representam os principais acionistas, Exor, a família Peugeot e o governo francês, disse a outra fonte.
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Quando os membros do conselho começaram a fazer perguntas mais específicas sobre as estratégias do executivo, disse a fonte, "a reação de Tavares foi: 'Vocês não devem interferir no meu trabalho - isso não é da conta de vocês."
Os membros do conselho, irritados, continuaram a pressionar Tavares, disse a fonte. Eles estavam incomodados com o que consideravam ser o foco implacável, porém restrito, do presidente-executivo na redução de custos, que havia causado interrupções no fornecimento e irritado revendedores dos veículos do grupo. Esses problemas haviam sido ignorados nos anos anteriores, quando a Stellantis estava atingindo margens de lucro de dois dígitos.
Agora, essas e outras questões estavam causando angústia em toda a empresa, à medida que Tavares se envolvia em discussões com revendedores, sindicatos, fornecedores e governos - e agora com membros da diretoria. "Não se pode fazer inimigos com todo mundo", disse a fonte.
LISTA DE TAREFAS ASSUSTADORA
Os confrontos levaram o conselho de administração da Stellantis a destituir Tavares sem ninguém previsto para substituí-lo. Foi uma reviravolta impressionante em relação ao plano de uma sucessão tranquila quando ele se aposentasse em 2026, conforme programado.
O presidente do conselho da Stellantis, John Elkann, havia declarado em 10 de outubro que o conselho era "unânime em seu apoio a Carlos Tavares", mesmo quando a empresa dispensou seu diretor financeiro e seu chefe norte-americano no mesmo dia.
A Stellantis está agora à procura de um novo presidente-executivo com uma lista de tarefas assustadora: estabilizar uma empresa global com 14 marcas, estoques inchados nos EUA e queda na participação de mercado nos EUA e na Europa - tudo isso enquanto enfrenta rivais chineses de veículos elétricos em ascensão, padrões de emissões de poluentes mais restritivos na Europa e políticas comerciais e de veículos elétricos disruptivas defendidas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
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A Stellantis emitiu um importante alerta sobre resultados de terceiro trimestre, que prejudicou a reputação da Tavares como líder do setor na maximização das margens de lucro e dos retornos aos investidores.
Concessionários do grupo, especialistas do setor e clientes afirmam que a empresa passou a praticar preços muito altos nos EUA e na Europa, prejudicando as vendas.
As ações da Stellantis acumulam queda de 43% até o momento este ano.
Segundo fontes, Tavares é conhecido por seu estilo de liderança de cima para baixo, não deixando dúvidas sobre quem está no comando. Mas em novembro, os membros do conselho de administração se sentiram compelidos a confrontar o executivo, disse uma das fontes. "Algo precisava ser feito", disse a fonte.
BRIGAS
Uma fonte disse que o primeiro sinal de tensão entre Tavares e a diretoria surgiu nas últimas semanas sobre como o grupo pretende lidar com as regras da UE que preveem multas pesadas a montadoras que não tenham uma participação de vendas de veículos elétricos de pelo menos 21% sobre o total comercializado em 2025. O percentual representa um grande salto em relação à participação atual de 12% de carros elétricos no total vendido pelo grupo até agora neste ano.
Tavares se recusou a apoiar um lobby do setor automotivo que está em andamento para renegociar as regras europeias, dizendo, em vez disso, que a Stellantis simplesmente trabalhará para evitar as multas.
A diretoria da Stellantis temia que o grupo tivesse que "diminuir enormemente" as vendas de carros com motor a combustão para atingir a meta regulatória, disse uma das fontes. Os funcionários do grupo ficaram "totalmente perdidos" com a "irracionalidade" da visão de que a Stellantis poderia alcançar um aumento tão grande na participação de veículos elétricos sem sofrer multas, disse a fonte, o que levou o conselho de administração da empresa a questionar Tavares. Ambas as fontes usaram o termo "radical" para descrever as metas de vendas de Tavares.
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O executivo também delineou outros planos controversos nas reuniões da diretoria em novembro, dizendo que queria cortar drasticamente os custos na Europa que já haviam sido "cortados até o osso", disse uma fonte. Tavares, segundo a fonte, também propôs uma política de gestão de caixa focada em 2024, em detrimento do fluxo de caixa de 2025. Isso poderia ter exposto o Stellantis a ser forçada a fazer um novo aletar de resultados aos investidores no futuro, disse a segunda fonte.
Os membros do conselho também se irritaram com as negociações frequentemente controversas de Tavares com os principais participantes do que uma fonte descreveu como o "ecossistema" em torno da Stellantis, incluindo tensões com "fornecedores, revendedores, consumidores", governos de Itália e França e sindicatos nos EUA.
Tavares, segundo a fonte, às vezes considerava os fornecedores dispensáveis em sua iniciativa de redução de custos, enquanto os membros da diretoria temiam que a substituição de fabricantes de peças confiáveis não fosse rápida e causasse interrupções.
"Você não pode simplesmente dizer 'você está fora'" para fornecedores de longa data, disse a fonte. "Isso coloca em risco sua própria capacidade de produzir carros."
Infomoney - SP 05/12/2024
A General Motors incorrerá em mais de US$ 5 bilhões em encargos e baixas relacionadas às suas operações problemáticas na China, enquanto a montadora tenta salvar seu negócio outrora lucrativo no maior mercado de automóveis do mundo.
A montadora espera reduzir o valor de suas operações de joint venture na China em até US$ 2,9 bilhões, conforme informado em um registro de valores mobiliários na quarta-feira, o que provocou uma queda de 3% nas ações no pré-mercado.
A empresa também registrará mais US$ 2,7 bilhões em encargos para custos de fechamento de fábricas e reestruturação de suas operações na China.
Essas medidas marcam o ápice de anos de declínio no mercado por parte da montadora de Detroit e seu parceiro chinês, SAIC Motor. As montadoras chinesas prosperaram graças a maciços subsídios do governo e a uma série de novos modelos que os consumidores adquiriram rapidamente.
A China apoiou suas montadoras domésticas em uma tentativa de torná-las os principais players no mercado interno e uma força na indústria automotiva global. Isso forçou os fabricantes de automóveis estrangeiros a recuar. Nos últimos seis anos, montadoras dos EUA, Japão, Coreia e Europa fecharam ou venderam fábricas e se afastaram de joint ventures.
A GM não foi poupada dessa pressão. A empresa perdeu US$ 347 milhões na China nos primeiros nove meses deste ano, após registrar um lucro anual de US$ 2 bilhões em 2017.
Antes da baixa anunciada na quarta-feira, a GM avaliava sua participação na joint venture com a SAIC em US$ 6,4 bilhões no final de 2023, de acordo com um registro separado. O valor reduzido de sua joint venture com a SAIC é um reconhecimento de que os negócios da GM na região não produzirão mais o tipo de lucro que tinham anteriormente.
O encargo de US$ 2,7 bilhões está relacionado a um plano de reestruturação da joint venture que verá a GM fechar fábricas e cortar modelos de veículos não lucrativos. A maior parte desse item não monetário será reconhecida no quarto trimestre, de acordo com o registro da GM. O encargo e a baixa não afetarão os lucros ajustados da GM.
Apesar das dificuldades na China, a GM e a SAIC acreditam que a joint venture pode ser trazida de volta à lucratividade, disse o porta-voz da GM, Jim Cain, em um e-mail. A empresa espera que as operações também consigam avançar sem investimento adicional de capital da GM, afirmou ele.
Investing - SP 05/12/2024
O presidente-executivo da Volkswagen (ETR:VOWG) e o chefe dos trabalhadores da companhia na Alemanha entraram em conflito durante uma reunião de funcionários nesta quarta-feira, com a gerência pressionando por grandes cortes, enquanto os metalúrgicos alertaram sobre mais paralisações se o fechamento de fábricas no país continuar a fazer parte das negociações salariais.
A reunião de cerca de 20 mil trabalhadores na principal fábrica da Volkswagen em Wolfsburg também contou com a presença do Ministro do Trabalho alemão, Hubertus Heil. Os dois lados se reunirão para uma quarta rodada de negociações em 9 de dezembro.
A Volkswagen insiste que o fechamento de fábricas e os cortes salariais são necessários na Alemanha para responder à concorrência chinesa, mas os trabalhadores descrevem ambas as medidas como inaceitáveis e ameaçam novas paralisações após uma primeira rodada de protestos no início desta semana.
"Como gerência, não estamos operando em um mundo de fantasia. Estamos tomando decisões em um ambiente que muda rapidamente", disse o presidente-executivo do grupo Volkswagen, Oliver Blume, aos trabalhadores em Wolfsburg, alertando que novos concorrentes estão entrando no mercado com uma força sem precedentes.
O discurso do executivo foi interrompido repetidamente por vaias dos trabalhadores, de acordo com fontes presentes, inclusive quando ele mencionou que havia crescido na região e que Wolfsburg é muito querida por ele.
O setor automotivo europeu está em crise, com milhares de empregos em risco nas montadoras e seus fornecedores, todos sofrendo com o enfraquecimento do mercado no continente e com a adoção de veículos elétricos mais lenta do que o esperado.
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"A pressão sobre os preços é imensa", disse Blume, acrescentando que a VW teve que tomar medidas para recuperar vendas na China, seu maior mercado individual e um contribuinte estável de lucros até recentemente, e que os custos de mão de obra na Alemanha são muito altos para a empresa ser competitiva.
"Portanto, precisamos urgentemente tomar medidas para garantir o futuro da Volkswagen. Nossos planos para isso estão sobre a mesa."
Daniela Cavallo, que lidera o conselho trabalhista da Volkswagen e é critica frequente de Blume por não ter se envolvido o suficiente no conflito, disse que todos os lados, incluindo a administração da montadora e os acionistas, têm que fazer sacrifícios para recuperar a companhia. Cavallo disse que os sindicatos continuam empenhados em tentar chegar a um acordo antes do Natal.
"Isso significará compromissos. Concessões também. Coisas de que não gostamos e que às vezes nos prejudicam de uma forma ou de outra. Mas isso tem que se aplicar a todos os lados", disse ela. "Caso contrário, não será um compromisso."
De acordo com fontes presentes na reunião, o ministro alemão do Trabalho, Heil, pediu a todos os lados que encontrem uma solução que exclua o fechamento de fábricas ou demissões em massa, garantindo investimentos futuros para apoiar o setor industrial alemão em dificuldades.
Os trabalhadores poderão aumentar a pressão se não houver um acordo durante as negociações da próxima semana, segundo sinalizaram os sindicalistas, levando a paralisações mais longas e, possivelmente, até mesmo a greves por tempo indeterminado.
Monitor Digital - RJ 05/12/2024
A alta dos juros vai na contramão do avanço da economia brasileira. No mercado imobiliário, o possível comprador prefere manter recursos investidos em vez de adquirir imóveis neste momento. “A alta de juros compromete o mercado imobiliário em todas as faixas, incluindo os de alta renda, já que a venda fica mais lenta. O comprador passa a não ver vantagem em retirar o seu capital para adquirir o imóvel, em vez de deixar o dinheiro rendendo em CDI , o que acaba sendo mais atraente em um primeiro momento”, analisa Henrique Blecher, CEO da Origem Incorporadora.
Para 2025, a expectativa é de arrefecimento do mercado imobiliário, o que vai impactar no PIB nacional, segundo Henrique Blecher. “O mercado imobiliário representa 10% do PIB do nacional, porém, em outros países com economia semelhante à nossa, esse índice é duas vezes maior, o que demonstra claramente que o juro alto contínuo, que é o nosso juro aqui no Brasil, limita muito o crescimento do nosso mercado, que é um motor importante do PIB.”, analisa.
Henrique Blecher (foto divulgação Origem Incorporadora)
O quadro no setor imobiliário piorou devido ao quase completo esgotamento dos recursos destinados ao financiamento de imóveis neste ano, obrigando a Caixa – principal financiador do mercado – a orientar as empresas de construção a buscarem uma nova modalidade de crédito, que apresenta taxas superiores às dos empréstimos atrelados à caderneta de poupança.
Para Blecher, a alta de juros vai congelar os lançamentos no mercado imobiliário em 2025. “Se a incorporação repassar os custos da construção para o cliente final, vai acontecer uma estagnação nesses lançamentos, diminuindo assim o investimento no mercado imobiliário, o que vai impactar negativamente em toda a cadeia produtiva do setor”, analisa.
Em outubro de 2024, os saques na poupança superaram os depósitos em R$ 6,2 bilhões, segundo o Banco Central. Nos primeiros dez meses do ano, as retiradas somaram R$ 17,5 bilhões a mais que as aplicações. Em novembro de 2024, até o dia 22, a perda alcançava R$ 12,8 bilhões. Com rendimento inferior ao de CDBs e fundos de investimento, a poupança perde apelo junto ao investidor.
Leonardo Schneider, executivo da APSA e vice-presidente do Secovi Rio, analisa que o mercado também não vem respondendo bem aos ajustes fiscais propostos pelo governo, o que colabora na piora da projeção para 2025.
“O mercado percebe uma projeção de taxa de juros crescente para o ano que vem, e uma inflação que assusta um pouco, aliada a um déficit alto do governo, e a um pacote econômico que não foi bem aceito pelo mercado como um todo, por ser insuficiente para conter a alta de juros”, diz o executivo.
IstoÉ Dinheiro - SP 05/12/2024
A Infra S.A., estatal ligada ao Ministério dos Transportes, finalizou os acordos de desapropriações necessários para as obras da primeira etapa da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), que liga Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT).
Ao todo, foram 344 processos, entre casos analisados pela Justiça e outros resolvidos de forma amigável. Para isso, foram realizadas 206 reuniões com a população, esforço que a Infra S.A. nomeou de ‘mutirões’, tendo sido iniciados em agosto de 2023.
“A iniciativa dos mutirões trouxe agilidade ao processo e permitiu que os expropriados, em sua maioria produtores rurais, pudessem discutir aspectos que vão além da indenização para os trechos desapropriados”, diz o diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos.
Agora, a perspectiva é de que as obras desse primeiro trecho da FICO sejam entregues até 2028. É nesse primeiro trecho que a ferrovia se conectará com a Ferrovia Norte-Sul, ligando a região produtiva do Vale do Araguaia a portos como Santos (SP) e Itaqui (MA).
Os municípios impactados pelo trecho inicial da FICO, que possui 366 km de extensão são: Mara Rosa, Alto Horizonte, Nova Iguaçu de Goiás, Santa Terezinha, Crixás, Nova Crixás e Aruanã, em Goiás, e os municípios de Cocalinho, Nova Nazaré e Água Boa, no Mato Grosso.
FICO
As obras do trecho entre Mara Rosa e Água Boa são executadas como contrapartida da prorrogação antecipada do contrato de concessão da Estrada de Ferro Vitória-Minas celebrado com a Vale. Além da execução dessa obra, outra responsabilidade assumida pela Vale foi o fornecimento de trilhos para a construção da FIOL II, obra conduzida pela Infra S.A. na Bahia.
Após a conclusão da FICO pela Vale, a Infra S.A. poderá realizar a subconcessão do ativo à iniciativa privada, captando recursos que serão aplicados na malha ferroviária do Brasil.
A realização de mutirões de conciliação poderá ser adotada também em outros empreendimentos em andamento conduzidos pela Infra S.A., como a segunda etapa da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL II), ou em planejamento, como é o caso da Ferrovia Transnordestina no trecho que liga Salgueiro a Suape, em Pernambuco, a partir de alinhamentos a serem realizados com centros judiciais de conciliação nessas localidades.
InfraRoi - SP 05/12/2024
Um terminal de contêineres totalmente eletrificado está sendo construído no Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros (Suape), em Pernambuco. Este será o primeiro empreendimento do tipo na América Latina e é de iniciativa da APM Terminals, que conta com outros dois projetos similares ao redor do mundo.
O APM Terminals Suape conta com investimento de R$ 1,6 bilhão já na primeira fase e a expectativa é de que o empreendimento acelere o desenvolvimento da região, pois além de gerar cerca de 300 empregos diretos e 2 mil indiretos, fortalecerá a conexão de Pernambuco com outros portos internacionais, além de apresentar iniciativas pioneiras em sustentabilidade portuária.
O terminal tem previsão para inauguração em 2026 e a APM Terminals acredita que o início das operações vai ampliar a capacidade de movimentação de contêineres em 55%, expandindo expandir as janelas de atracação para os clientes, permitindo que eles introduzam novos serviços que conectam Pernambuco a vários portos globais. Até agora, a empresa já gastou R$ 241 milhões em equipamentos para o projeto.
Expectativas para o estado
A expectativa do governo de Pernambuco é de que o novo terminal permita que o Porto de Suape possa receber ainda mais carga, o que garante novos negócios para o estado com a possibilidade de ampliação das exportações. Assim, Suape, que já está situado em uma localização privilegiada e é um dos maiores portos públicos do país, ganha mais competitividade, ampliando sua liderança no Nordeste.
Para a direção do Porto de Suape, a APM Terminals vai garantir eficiência e proporcionar mais competitividade, possibilitando a inclusão do porto em novas rotas internacionais e trazer mais sustentabilidade ambiental para o empreendimento.
Petro Notícias - SP 05/12/2024
A série especial Perspectivas 2025 abre o nosso noticiário desta quarta-feira (4) trazendo as projeções de uma empresa que surgiu há pouco tempo no cenário de óleo e gás brasileiro. A petroleira independente Elysian surpreendeu o mercado ao arrematar mais de 120 blocos exploratórios terrestres no último leilão da Oferta Permanente da ANP, em dezembro do ano passado. Agora, um ano após as aquisições, o CEO da companhia, Ernani Machado, afirmou que a ideia é já iniciar a produção em 2025. “Além disso, iniciamos nossos estudos técnicos e traçamos um plano de negócios sólido, que servirá como base para nosso crescimento sustentável nos próximos anos”, detalhou. O executivo também comentou que a empresa quer testar novas tecnologias e explorar soluções inovadoras que tornem a extração de petróleo e gás mais eficiente e sustentável.
Como foi o ano de 2024 para sua empresa e seu segmento de atuação?
Para a Elysian Petroleum, 2024 foi um ano de grandes conquistas e consolidações. Efetuamos a assinatura dos contratos de concessão e estabelecemos parcerias valiosas com universidades, centros de pesquisa e a JMM TECH, fortalecendo nosso compromisso com inovação e tecnologia. Além disso, iniciamos nossos estudos técnicos e traçamos um plano de negócios sólido, que servirá como base para nosso crescimento sustentável nos próximos anos.
Se fosse consultado, quais seriam suas sugestões (ao governo ou à própria indústria) para melhorar o ambiente de negócios no seu setor?
– Investimento em tecnologia – É importante ampliar o acesso a inovações que tornem os processos de exploração e produção mais eficientes.
– Apoio a metodologias sustentáveis – Métodos menos agressivos para o meio ambiente devem ser priorizados, com incentivos que promovam sua adoção em larga escala na extração de petróleo e gás.
– Fortalecimento da cadeia produtiva – Um olhar estratégico sobre as oportunidades de toda a cadeia de petróleo e gás pode potencializar o desenvolvimento regional e gerar impactos econômicos mais amplos.
A seu ver, de que forma os recentes acontecimentos no cenário político internacional podem influenciar os negócios no Brasil?
Os conflitos internacionais, como as guerras em curso, trazem incertezas que podem impactar diretamente nosso setor. Um agravamento desses cenários pode elevar o preço do barril de petróleo, criando volatilidade no mercado global. Para o Brasil, isso pode significar tanto desafios quanto oportunidades, dependendo da capacidade da indústria nacional de se adaptar às mudanças e atender à demanda por fontes energéticas.
Por fim, quais são as perspectivas de sua empresa para o ano de 2025?
Em 2025, queremos testar novas tecnologias e explorar soluções inovadoras que tornem a extração de petróleo e gás mais eficiente e sustentável. Queremos também iniciar nossa produção de petróleo e gás, nos consolidando como um player relevante no mercado onshore nacional. Com isso, esperamos contribuir para o desenvolvimento do setor, com práticas que aliem crescimento econômico e responsabilidade ambiental.
Valor - SP 05/12/2024
Os membros da Opep estão cada vez mais divididos sobre aumentar a produção e maximizar os lucros no curto prazo
Haitham AL Ghais, secretário-geral da Opep — Foto: Marco Sobral/G.Lab
A influência da Arábia Saudita sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sempre significou domínio incontestável no mercado global de petróleo. Esses dias, no entanto, parecem ter chegado ao fim, pelo menos por enquanto.
O reino está enfrentando dificuldades para executar seu plano de manter os preços elevados. Preços mais altos ajudariam a financiar a onda de gastos em infraestrutura da Arábia Saudita, incluindo US$ 1 trilhão em projetos que visam diversificar rapidamente a economia local e reduzir a dependência do petróleo. No entanto, isso também pesaria no bolso dos motoristas e pode contribuir para o risco do retorno da inflação global.
Mas os membros cada vez mais divididos do cartel estão pressionando para aumentar a produção e maximizar os lucros no curto prazo, em parte devido à expectativa de crescente concorrência do gás de xisto dos EUA, encorajados pela reeleição do ex-presidente Donald Trump.
"Temos mais ouro líquido do que qualquer outro país do mundo", disse Trump em seu discurso de vitória em 6 de novembro. "Mais do que a Arábia Saudita. Temos mais do que a Rússia."
Antes da reunião agendada para quinta-feira da Opep+, a vontade de aumentar a produção cria um dilema para a liderança saudita: continuar defendendo o preço do petróleo ou lutar para recuperar participação de mercado.
Parece que os sauditas não estão inclinados a iniciar outra guerra de preços.
Autoridades sauditas afirmam que o reino provavelmente continuará restringindo sua própria produção, adiando ainda mais os planos de flexibilização, que já foram postergados duas vezes.
Outro grande produtor, os Emirados Árabes Unidos, foi autorizado a adicionar mais barris ao mercado a partir de janeiro. Além disso, Iraque e Cazaquistão estão pressionando o cartel para aumentar sua própria produção, o que elevaria ainda mais a oferta e provavelmente pressionaria os preços para baixo.
A Opep+ é composta pelo núcleo do cartel liderado pela Arábia Saudita, bem como por um grupo de outros grandes produtores de petróleo, incluindo a Rússia.
Os sauditas tentaram combater o gás de xisto dos EUA travando guerras de preços em 2014 e 2020, mas falharam em conter o crescente volume de produção americana.
Desta vez, autoridades do reino estão cautelosas em fazer movimentos ousados antes que Trump sinalize sua política energética. Embora o presidente eleito tenha dito anteriormente que queria aliviar o custo dos combustíveis para os consumidores, sua campanha foi financiada por empresários do setor petrolífero, que também se beneficiam de preços mais altos.
A produção de petróleo nas Américas já ajudou a reduzir a fatia da Opep+ na oferta global para alguns dos níveis mais baixos desde a fundação do grupo em 2016.
Os cortes na produção da Opep+, impulsionados pela Arábia Saudita, têm se tornado cada vez mais desconfortáveis para outros membros.
"É realmente fácil fazer parte de um cartel quando o mercado está em crescimento", disse Jorge León, analista da Rystad Energy e ex-funcionário da Opep. "Ninguém quer fazer parte de um cartel onde é necessário cortar produção."
O resultado é que a Opep+ perdeu parte de sua influência geopolítica em Washington. Geoffrey Pyatt, subsecretário de Estado dos EUA para Recursos Energéticos, disse que o poder de mercado do cartel hoje em dia é "menor do que se imagina", já que produtores em outros lugares — como Brasil, Canadá e Guiana — estão produzindo volumes significativos de petróleo.
"No mundo em que vivo, o desafio ao pensar na estratégia é: como os Estados Unidos consideram seu status como superpotência energética?", disse ele. "Não precisamos nos preocupar tanto com o que a Opep ou qualquer outro está fazendo, porque podemos focar em nossa própria história."
Especialistas em Opep dizem que essa mudança de poder enfraqueceu a capacidade da Arábia Saudita de controlar os membros do cartel ou atrair novos participantes.
Essa tensão veio à tona na semana passada, quando um delegado iraniano da Opep+ publicou um comentário na agência de notícias estatal do Irã argumentando que a política saudita de manter os preços elevados tem sido amplamente um fracasso, em parte porque incentivou os EUA e outros produtores a aumentar a produção. O delegado observou que Angola já deixou o cartel e especulou que outros países poderiam seguir o mesmo caminho devido a essa política.
A situação representa uma reviravolta em relação a apenas dois anos atrás, quando o petróleo era negociado acima de US$ 100 por barril, e o presidente Biden implorava aos sauditas para aumentarem a produção, enquanto alguns investidores de Wall Street projetavam uma alta prolongada nos preços, semelhante ao boom das commodities impulsionado pela China nos anos 2000.
Agora, com os preços globais oscilando abaixo de US$ 75 por barril, a Opep+ enfrenta uma economia chinesa crescendo mais lentamente do que o esperado e se tornando cada vez mais eficiente no uso de combustíveis. Em vez de aumentar a produção a partir de janeiro, como planejado anteriormente, "pode ser mais sábio esperar até o final do primeiro trimestre e por uma maior demanda chinesa para elevar a produção", disse um delegado da Opep.
Valor - SP 05/12/2024
Mineral empata com soja até agora, deve superar o grão na liderança do ranking este ano e assumir primeira posição
José Augusto de Castro: “Rivalidade pelo topo do ranking ficava historicamente entre minério de ferro e soja” — Foto: Leo Pinheiro/Valor
O petróleo deve se tornar, em 2024, o produto líder da exportação brasileira, desempenho inédito na série histórica da balança comercial brasileira desde 1997. Até a última divulgação com dados parciais de novembro, no dia 25, a exportação de soja somou neste ano US$ 41,923 bilhões, menos de US$ 60 milhões à frente dos US$ 41,867 bilhões em embarques de petróleo. Por esses dados, a fatia da soja no total da exportação foi de 14,62% contra 14,61% do petróleo. Até novembro do ano passado as participações foram de 16,5% e 12,6%, respectivamente.
A expectativa é que o petróleo ultrapasse o grão que, por questões sazonais de safra, tem historicamente embarques mais intensos até setembro. Segundo os dados parciais até o último dia 25, o embarque médio diário da soja em novembro foi de US$ 68,34 milhões, contra US$ 255,76 milhões do petróleo.
O petróleo deve terminar 2024 com nível recorde de exportação. A commodity já tem marca histórica de janeiro até outubro, último dado mensal consolidado divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A exportação de petróleo nesses meses somou US$ 38,29 bilhões, 10,6% a mais que em igual período de 2023. O avanço da participação da commodity energética na pauta de exportação brasileira, porém, também acontece porque houve queda do valor embarcado em soja neste ano. Até outubro, o grão somou US$ 40,97 bilhões em embarques, 15,6% a menos que em 2023, na mesma comparação.
O menor valor exportado do grão se deve à safra menor. Segundo os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume total de soja colhido na safra 2023/2024 foi estimado em 147,38 milhões de toneladas, redução de 7,23 milhões de toneladas em relação ao período anterior. A queda foi causada principalmente por fatores climáticos, como atraso de chuvas e altas temperaturas. Com safra recorde em 2023, a soja brilhou no ano passado como o produto mais exportado pelo Brasil.
O volume da produção brasileira de petróleo também foi recorde em 2023, e no acumulado até outubro de 2024, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Petróleo (ANP), está 0,3% maior que no mesmo período do ano passado.
Apesar da alta das exportações, Bruno Cordeiro, analista de mercado da StoneX, explica que a produção de petróleo no Brasil este ano está aquém do esperado e a expectativa é de que encerre 2024 próximo da estabilidade em relação a 2023, com leve queda.
“Ao longo do segundo semestre do ano passado observamos uma produção em ascensão que refletiu novos investimentos, abertura de poços e elevação de produtividade de poços já em operação. Já no primeiro semestre de 2024, porém, houve uma desaceleração de produção”, diz. Além de uma quantidade importante de poços já maduros, que contribuem para uma tendência de declínio natural da oferta, explica, houve atrasos na esperada abertura de novos poços.
O nível de exportação de petróleo chegou a desacelerar no decorrer do ano, observa Bruno, mas nos últimos três meses houve um excedente exportável maior de petróleo bruto. “Isso aconteceu porque houve redução do processamento de petróleo pelas refinarias brasileiras, que vêm buscando a produção de derivados de maior valor agregado. Isso permitiu uma exportação em volume ainda maior do que no ano passado.”
Segundo dados da Secex, desde 2017 o petróleo está, ao lado da soja e do minério de ferro, no trio dos itens mais embarcados pelo Brasil. “Mas o petróleo como líder nas exportações é algo inédito. A rivalidade pelo topo do ranking ficava historicamente entre minério de ferro e soja”, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O Brasil aumentou sua produção de petróleo nos últimos anos, mas em 2024 a evolução de preços também fez diferença, lembra Castro. “Tanto soja quanto petróleo tiveram queda de preço, mas a cotação da soja caiu mais.” Segundo a Secex, de janeiro a outubro o preço médio de exportação da soja caiu 16,8% contra iguais meses do ano passado enquanto o de petróleo recuou 2,9%.
A evolução das cotações internacionais está no radar para o desempenho da commodity no cruto prazo. “Estamos observando uma pressão para baixo no preço do petróleo, principalmente desde agosto. No início do ano o petróleo operava em torno de US$ 90 o barril. Hoje opera entre US$ 70 a US$ 75. O principal fator para isso está relacionado à demanda global nos próximos anos para a commodity”, diz Cordeiro. Entre os principais fatores que contribuem para isso, diz o analista da StoneX, está o possível acirramento do conflito comercial entre Estados Unidos e China, resultando em tendência de desaceleração da economia global, com redução de demanda por petróleo e derivados.
Para o analista, a política protecionista prometida pelo presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, pode fazer com que a exportação de petróleo fique ainda mais concentrada na China. Hoje, diz, 57% do petróleo brasileira embarcado vai para a Ásia, sendo cerca de 45% para a China.
Transição energética pode mudar a rota dos investimentos
— Bruno Cordeiro
Para o economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), há outras questões que podem influenciar a destinação do petróleo brasileiro. “Trump já disse que quer aumentar a produção doméstica americana de petróleo. E aí você começa a criar alguma confusão, com canais diretos e indiretos. Há também uma questão entre blocos. Será que a China pode comprar menos petróleo brasileiro, porque estamos mais ligado aos Estados Unidos, e comprar mais petróleo russo? Essa também é uma possibilidade, ainda que seja muito indireta. O canal primordial deveria ser um ajuste de preço, por causa das políticas americanas. Isso pode levar a uma redução da rentabilidade, mas não do volume da produção brasileira de petróleo.”
Segundo dados da Secex, a China é hoje o maior destino da exportação brasileira de petróleo, com fatia de 45,8%. Os Estados Unidos vêm em segundo, com 12,6%, seguido da Espanha, com 10,4%. Na soja, o país asiático é mais representativo. Os chineses absorvem 73,1% de toda a soja embarcada pelo Brasil, seguida pela Espanha, com 4,4%.
Segundo os dados do governo chinês, o Brasil é fornecedor importante das commodities. Entre os desembarques chineses, o Brasil é a principal origem de soja, a segunda de minério de ferro e a sexta em petróleo. A compra dos chineses de petróleo, porém, tem origem mais pulverizada. A fatia brasileira na importação chinesa de soja é de 73,8% enquanto na de petróleo é de 6,8%.
Para Castro, da AEB, há muita incerteza em relação ao comércio global a partir de 2025. Além disso, diz, as cotações de petróleo estão muito sujeitas a oscilações que podem acontecer com eventuais novos conflitos ou com as decisões de produção dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
No curto prazo, diz Cordeiro, o Brasil deve manter excedentes para exportação, caso a produção cresça, conforme os planos estratégicos da Petrobras e considerando também a baixa capacidade ociosa de refino no Brasil.
A longo prazo, diz ele, há outro fator que deve ser considerado: a entrada de biocombustíveis de forma mais intensa no mercado. “A pauta de exploração de petróleo começa a disputar espaço com outras, principalmente as relacionadas à transição energética. Há, por exemplo, a provável entrada da Petrobras no mercado de etanol. E observamos empresas do mercado de petróleo, olhando mais para o gás natural e soluções de baixo carbono em geral”, aponta Cordeiro. “Enquanto as expectativas de curto prazo estão ligadas a questões econômicas e geopolíticas, no horizonte mais longo, de cerca de cinco anos, deve vir um efeito maior da transição energética, que pode aumentar o nível de produção brasileira e mudar a rota dos investimentos.”
Atualmente, destaca Cordeiro, o Brasil está entre os dez maiores produtores de petróleo do mundo, com condição de oferta importante no mercado global. Mesmo fechando este ano com leve queda de produção em relação a 2023, a produção de petróleo de 2024 deverá ser a segunda maior na série histórica.
O aumento da produção, diz Welber Barral, sócio da BMJ e ex-secretário de Comércio Exterior, foi possibilitada pela exploração do petróleo do pré-sal, que hoje representa quase 80% da produção brasileira. “Apesar dos altos custos relativos nessa exploração, o Brasil aumentou muito a eficiência no pré-sal, o que propiciou aumento de produção.” “Mas o desafio é a agregação de valor, mesmo com aumento de produção do petróleo. Hoje o Brasil exporta muito petróleo cru e importa derivados.”
Valor - SP 05/12/2024
Nome de Pietro Mendes, presidente do conselho da estatal, está na mesa de Lula para a diretoria-geral da ANP
A Petrobras confirmou na noite desta quarta-feira (4) que o presidente do conselho de administração da empresa, Pietro Mendes, foi indicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para ocupar uma diretoria na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O nome será submetido à Casa Civil da Presidência da República e caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmar a indicação para que, posteriormente, Mendes seja sabatinado pelo Senado.
A Petrobras informou ainda que Mendes seguirá na função de presidente do conselho da Petrobras durante o processo. A indicação de Mendes é a primeira de outras mudanças esperadas na Petrobras e na ANP. A avaliação de que o governo Lula pode aumentar o poder do Partido dos Trabalhadores (PT) na empresa de petróleo provocou repercussão no mercado financeiro no dia de ontem. Os papéis da Petrobras registraram queda nesta quarta-feira (4). A ação preferencial fechou em baixa de 0,63%, a R$ 39,25. Já a ação ordinária recuou 0,96%, a R$ 42,37.
A ingerência política sobre a Petrobras preocupa o mercado financeiro dado o passado de interferência em temas como preço de combustíveis. O Citi avaliou que a eventual troca na presidência do conselho seria neutra para a tese de investimento da companhia, uma vez que o governo manteria a presença no colegiado.
Não fica claro pelo comunicado de ontem se Mendes poderá ser indicado para diretor-geral da agência. Essa é a expectativa de fontes próximas da Petrobras.
Mendes, que também é secretário de petróleo e gás no Ministério de Minas e Energia (MME), substituiria Rodolfo Saboia, que ocupa a diretoria-geral da ANP até 22 de dezembro. Caso a mudança se confirme, o PT ganharia espaço na Petrobras, conforme a colunista Malu Gaspar, de “O Globo”, que antecipou ontem a informação sobre as trocas. Em contrapartida, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, perderia poder na estatal para crescer na ANP. Procurado, Mendes não respondeu até o fechamento desta edição.
Na Petrobras, a saída de Mendes terá uma série de desdobramentos, como a nomeação de um novo presidente para o colegiado. Os nomes mais cotados para “chairman” da estatal são os de Bruno Moretti - também secretário de análise governamental da Casa Civil - e Rafael Dubeux, atual secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda. O governo, dizem fontes, quer avaliar se o nome de Pietro Mendes será bem aceito pelo Senado, que tem a prerrogativa de analisar indicações do Palácio do Planalto para todas as agências reguladoras. Indicados são sabatinados pela Comissão de Infraestrutura do Senado.
Desde o ano passado, Moretti ocupa uma vaga no conselho da estatal e é tido no Palácio como um “bom nome” para assumir a presidência do conselho. Moretti é conhecido por ser um economista bem-visto pela cúpula do PT e tem atuado em linha com o atual ministro da Casa Civil, Rui Costa.
A saída de Mendes também abriria uma vaga no conselho da Petrobras. O nome de Benjamin Alves Rabello é apontado como candidato por fontes que acompanham as movimentações. Rabello, que ocupa um dos comitês de assessoramento da companhia, havia sido indicado em abril deste ano para o colegiado da estatal, mas não teve votos suficientes e foi preterido por Dubeux.
Caso Mendes seja indicado para a diretoria-geral da ANP, pode enfrentar dificuldades, uma vez que a sabatina no Senado pode levantar questões sobre processos nos quais é citado. Em setembro de 2023, Mendes virou alvo de processo sancionador da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Naquele ano, ele havia sido considerado inelegível por instâncias internas da Petrobras, em caráter de recomendação, por ocupar a secretaria de petróleo e gás do MME.
Em 11 de abril de 2024, a Justiça Federal de São Paulo suspendeu Mendes da presidência do conselho da estatal, em decisão liminar. Segundo o juiz Paulo Cezar Neves Junior, da 21ª Vara Cível Federal, a permanência de Mendes no cargo do MME afronta o estatuto social da companhia “com potencial ocorrência de amplo conflito de interesses”. Cinco dias depois, a liminar foi derrubada e Mendes, reconduzido ao cargo. Ele foi reeleito para o conselho em assembleia realizada no dia 25 de abril, quando também foi reconduzido para a presidência do colegiado.
Uma possível renúncia de Pietro Mendes ao conselho também reacenderia o debate sobre os efeitos da decisão, uma vez que ele foi eleito pelo voto múltiplo. Por esse sistema, quando há uma renúncia é preciso chamar nova eleição. O estatuto social da Petrobras prevê ainda que em caso de vacância por renúncia ao cargo de presidente do conselho, os demais membros do colegiado se reúnem para eleger o “chairman”, que atuará até a realização da próxima assembleia de acionistas (AGE ou AGO).
Há quem entenda que seria obrigação se convocar uma AGE. Até porque, segundo fontes, quando há renúncia de conselheiro eleito pelo voto múltiplo - modalidade que beneficia os minoritários porque permite concentrar votos em determinados candidatos - uma nova eleição para os respectivos assentos seria mandatória. Oito dos conselheiros atuais foram eleitos em abril por essa modalidade de votação.
Outra vaga ainda está aberta na ANP desde a saída de Claudio Jorge de Souza, em dezembro de 2023. O posto vem sendo ocupado por “diretores substitutos”, superintendentes que atuam temporariamente, por até 180 dias. No momento, Bruno Casalli é o atual diretor substituto. O nome mais cotado para essa diretoria é o de Artur Watt Neto, consultor jurídico da Pré-Sal Petróleo (PPSA) e ex-procurador-geral na ANP. Procurado, Watt preferiu não comentar.