Consultor Jurídico - SP 04/12/2024
A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça confirmou nesta terça-feira (3/12) que o Grupo Ternium terá mesmo de pagar indenização por não ter feito a oferta pública de aquisição para as ações dos sócios minoritários da Usiminas.
Disputa pelo controle da Usiminas teve mais um capítulo em julgamento no STJ
O colegiado julgou os segundos embargos de declaração ajuizados pelo grupo ítalo-argentino para tentar derrubar a reviravolta dada no caso pela 3ª Turma, em julgamento de junho deste ano, e rejeitou a tentativa.
Como mostrou a revista eletrônica Consultor Jurídico, a disputa pelo controle da Usiminas também está em discussão no Supremo Tribunal Federal, onde há tentativa de declarar inconstitucional a interpretação dada pelo STJ ao caso.
A pedido do relator, ministro André Mendonça, já se manifestaram sobre o caso a Casa Civil, a CVM, o Cade, a Advocacia-Geral da União e o Senado. Há ainda uma tentativa de cercar o governo brasileiro para influenciar decisões judiciais.
A disputa
A disputa pela Usiminas teve início em 2011, quando o bloco de controle da empresa era composto por Nippon Steel, Votorantim, Camargo Corrêa e Caixa de Empregados da Usiminas (CEU).
O Grupo Ternium comprou todas as ações da Votorantim e da Camargo Corrêa e parte da cota da CEU, assumindo 43,3% das ações ordinárias dentro do bloco de controle da companhia.
Não houve alteração do sócio majoritário, que continuou sendo a Nippon Steel, com 46,12% das ações. Por esse motivo, as instâncias ordinárias entenderam que não era necessária a oferta pública de aquisição (OPA).
Previsto no artigo 254-A da Lei 6.404/1976, esse procedimento serve para proteger os minoritários de alterações abruptas no rumo das empresas das quais são sócios. A parte que ingressa no bloco de controle deve comprar as ações dos minoritários por um preço no mínimo igual a 80% do valor pago por ação com direito a voto.
No caso da Usiminas, essa conta é ainda mais relevante porque o Grupo Ternium ingressou no bloco de controle pagando muito mais do que o valor de mercado das ações.
Inicialmente, o STJ teve a mesma conclusão das instâncias ordinárias. Mas, nos embargos de declaração, percebeu que, apesar de a Nippon Steel continuar sendo sócia majoritária da Usiminas, a companhia passou por mudanças importantes na forma de comando. A aprovação das chamadas resoluções ordinárias passou a demandar quórum de 65% da massa acionária do bloco controlador, o que só seria possível pelo consenso entre Grupo Ternium e Nippon Steel.
Já as resoluções especiais passaram a demandar quórum de 90% das ações — ou seja, a concordância dos três membros controladores.
Na prática, um veto do Grupo Ternium em qualquer uma dessas situações seria suficiente para inviabilizar sua implementação, o que implica uma mudança efetiva do bloco de controle e consequências na estrutura gerencial da Usiminas.
A conclusão, na ocasião, foi de que realmente o grupo deveria ter feito a oferta pública de ações. Dado o transcurso do tempo, a obrigação foi convertida em perdas e danos, a serem apurados em liquidação de sentença.
Embargos acolhidos parcialmente
Ao julgar os segundos embargos de declaração, o ministro Moura Ribeiro os acolheu parcialmente apenas para alterar a definição dos honorários de sucumbência, mas rejeitou a ocorrência de omissão, contradição, erro ou obscuridade quanto ao mérito.
Ele ainda rejeitou a tentativa de modulação temporal dos efeitos da decisão, o que só seria possível caso a posição assumida pelo STJ nos primeiros embargos representasse uma mudança da jurisprudência dominante.
Essa previsão está no artigo 927, parágrafo 3º, do CPC, mas não cabe no caso em questão porque o tema não foi decidido muitas vezes no tribunal, segundo o ministro Moura Ribeiro.
“É de fácil constatação que o reconhecimento da alienação do controle da companhia para fins de realização de oferta pública de ações (OPA) não é objeto de reiterados litígios a ponto de se formar jurisprudência dominante”, disse ele.
Nota da CSN
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, na manhã desta terça-feira (3/12), por unanimidade, o entendimento de que o Grupo Ternium Techint adquiriu fraudulentamente o controle da Usiminas, para não promover a devida Oferta Pública de Ações (OPA) aos seus acionistas minoritários detentores de ações ordinárias, em afronta à Lei das Sociedades Anônimas (SAs) e à jurisprudência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Corte também manteve, pelas mesmas razões, a determinação para que o grupo ítalo-argentino indenize a CSN.
Companhia Siderúrgica Nacional
Nota do Grupo Ternium
A Ternium vai recorrer novamente no STJ para que o tribunal retome seu entendimento de que não houve alienação de controle da Usiminas quando a empresa comprou 27% da participação societária da siderúrgica mineira. Apesar de novas manifestações da CVM e da AGU favoráveis à Ternium, na decisão do julgamento dos embargos de declaração nesta terça-feira, dia 3 de dezembro, os ministros do STJ não analisaram o mérito da ação e afirmaram apenas que não houve omissão, obscuridade ou contradição no processo para manter a indenização da Ternium para a CSN.
O Ministro Ricardo Villas Boas Cueva criticou a mudança do entendimento do STJ de junho de 2024 por mudar o mérito em embargos de declaração. Os ministros, no entanto, corrigiram distorções da correção monetária e dos honorários de sucumbência.
A Ternium afirma que vai continuar trabalhando para mostrar que a decisão do STJ contradiz o marco regulatório para Oferta Pública de Ações, trazendo insegurança jurídica para o mercado de capitais e para o País. Questionado pelo STF para se posicionar sobre a regra de alienação de controle, o presidente da CVM, João Nascimento, reafirmou que a alienação de parte das ações integrantes do bloco de controle para um terceiro que não garanta uma posição predominante dentro do grupo de controle existente não obriga a realização da OPA.
No dia 2 de dezembro, em manifestação enviada ao STF, a Advocacia Geral da União também reforçou a posição que a CVM é autoridade responsável por regular, fiscalizar e fomentar o mercado de valores mobiliários do Brasil. Além disso, afirmou que a decisão do STJ gerou dúvida sobre a definição dos requerimentos de alienação de controle.
Valor - SP 04/12/2024
Somados à imposição pelo governo brasileiro das cotas tarifárias sobre o aço, em junho, esses fatores deverão contrapor outras tendências globais para o produto
O dólar alto e a possibilidade de uma economia mais “morna” no ano que vem podem contribuir para limitar as importações de aço no Brasil, segundo analistas. Esses fatores, somados à imposição pelo governo brasileiro das cotas tarifárias sobre o aço, em junho, deverão contrapor outras tendências globais para o produto.
Na contramão, o esperado aumento de tarifas pelo governo norte-americano deve contribuir para que a China redistribua a já criticada sobre-oferta de aço para exportação. São essas duas forças que ilustram o cenário para a commodity no Brasil em 2025.
As principais empresas de aço que atuam no Brasil têm condenado os altos volumes de importação do produto no país neste ano. Segundo o Citi, as importações aumentaram 41% em outubro, na comparação com igual período de 2023.
“As vendas domésticas estão subindo 17% na comparação anual e 9% desde o início de 2024 até outubro, mas a pressão das importações limita um aumento de preço”, diz o banco, em relatório datado de 21 de novembro. “Os preços para aços longos mostraram alguma melhora nos últimos meses, enquanto os preços dos planos permanecem limitados pelas importações.”
O fundador e presidente-executivo do conselho de administração do Grupo ArcelorMittal, Lakshmi Mittal, disse no dia 13 de novembro, ao visitar a expansão da fábrica do grupo em Santa Catarina, que a quantidade de aço importado no Brasil tem gerado uma concorrência injusta. Mittal afirmou que os investimentos do grupo têm sido executados, apesar das dificuldades do mercado doméstico.
“Novos investimentos no Brasil foram executados, apesar da concorrência injusta de produtos importados, que afetam oportunidades de crescimento de novos negócios”, disse. Em sua visita ao Brasil, o executivo indiano se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que o governo brasileiro está aberto ao diálogo.
O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou, por ocasião da divulgação de resultados da companhia, em novembro, que é necessário que o governo eleve as tarifas para os produtos importados, que têm aumentado sua entrada por Manaus, desviando-se dos impostos. “Tarifa de importação de aço no Brasil deveria subir de 25% para 35%. Traria mais equilíbrio.”
Segundo o executivo, a produção elevada da indústria chinesa tem aumentado a entrada dos produtos no Brasil: “A China é a grande perturbadora do mercado global de aço.”
A produção de aço na China aumentou 3% em outubro, em comparação com igual mês de 2023, para 81,9 milhões de toneladas, sendo o maior produtor global da commodity, de acordo com dados da World Steel Association. Em segundo lugar, fica a Índia, com 12,5 milhões de toneladas. O Brasil produziu, em outubro, 3,1 milhões de toneladas, 16,2% a mais que em outubro do ano passado.
Na visão de Daniel Sasson, analista do Itaú BBA, o próximo ano vai ser desafiador para o setor: “De um lado, temos a desaceleração da atividade, um ambiente mais complicado, e de outro um câmbio mais depreciado. Isso deve gerar uma menor competição pelo produto importado.” Para Sasson, o dólar mais caro deve afastar a compra do produto importado, o que pode abrir espaço para aumento do preço do aço no Brasil.
O analista também afirma que a tarifa imposta pelo governo brasileiro não teve o resultado desejado de coibir as importações em 2024, o que permitiu que o produto estrangeiro ganhasse espaço neste ano. O aço plano importado representa 30% do consumo do produto no país, segundo Sasson, enquanto o aço longo importado tem 20%.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, acredita que o preço do aço longo no Brasil deve ter um aumento de 5% em 2025, passando dos US$ 705 por tonelada, conforme cotado na sexta-feira (29), para US$ 740 por tonelada.
Conforme Arbetman, essa variação pode depender da demanda interna da China e dos Estados Unidos, o que será determinado pelo ritmo econômico dos países. O analista também destaca as medidas mais restritivas ao produto estrangeiro esperadas pelo novo governo Trump, além de subsídios que o presidente americano eleito pode definir para o mercado interno.
“O aço chinês tomou conta do mundo, o que também inclui os Estados Unidos. Precisamos ver como Trump vai querer se defender. Como a economia por lá também está morna, há um excedente para os demais países compradores.”
Valor - SP 04/12/2024
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou ter recebido, na segunda-feira (3), aviso da Vicunha Aços de que, em decorrência de acordo judicial, sua participação acionária na companhia passou de 40,99% para 41,65%, com 8.794.890 ações ordinárias a mais.
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Ao mesmo tempo, o comunicado da Vicunha à CSN informa que, considerando a fatia da sua parceira Rio Iaco Participações, 3,45% do capital votante da CSN, a participação combinada é de 45,10% na CSN.
Conforme avisou a Vicunha Aços em seu informe à CSN, seu aumento de 0,66% na participação não tem a intenção de alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa da CSN.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/12/2024
A indústria siderúrgica levará mais tempo do que o inicialmente previsto para adotar modelos de produção que reduzam sua pegada de carbono, devido principalmente aos custos mais altos associados a esses modelos e a um mercado global desafiador para os produtores de aço.
“Tem sido difícil para eles fazerem a transição para produtos de baixo carbono, difícil manter o negócio de forma lucrativa”, disse Gustavo Pimenta, presidente da Vale, uma das maiores fornecedoras mundiais de minério de ferro.
“Isso vai acontecer (a descarbonização), mas levará mais tempo”, disse ele a repórteres, na Bolsa de Valores de Nova York, após encontro anual com investidores da empresa.
Produtores de aço ao redor do mundo têm sido pressionados por custos maiores devido a altas taxas de juros e preços mais baixos do aço, devido a uma economia vacilante da China. Pimenta disse que eles estão buscando principalmente permanecer lucrativos no momento, preferindo matérias-primas mais baratas.
A Vale tem se manifestado sobre a produção de minério de ferro de alta qualidade que resulta em menores emissões de carbono, mas o preço é uma grande questão atualmente, disse o presidente.
“Os clientes da indústria automobilística, por exemplo, ainda não estão dispostos a pagar por produtos com menor emissão de carbono”, disse ele.
Pimenta ressaltou ser importante que a Vale tenha uma estratégia que se adapte às condições de mercado, caso os compradores peçam produtos mais baratos e não materiais de alta qualidade, por causa da lucratividade.
“Temos flexibilidade para operar de forma diferente”, ponderou o executivo.
A Vale estimou nesta terça-feira que produzirá entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2025, em comparação com cerca de 328 milhões de toneladas neste ano.
Valor - SP 04/12/2024
O tribunal, contudo, revisou os índices de correção a serem utilizados e haverá redução na indenização
Em mais um capítulo de uma das principais disputas empresariais no Brasil, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, na terça-feira (3), a decisão que condenou a empresa ítalo-argentina Ternium a pagar indenização à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) por conta de mudanças no controle acionário da Usiminas. O tribunal, contudo, revisou os índices de correção a serem utilizados e haverá redução na indenização, antes calculada em R$ 5 bilhões. As empresas ainda não divulgaram o valor atualizado. Os honorários advocatícios caíram de R$ 500 milhões para R$ 5 milhões.
A disputa judicial se arrasta há 12 anos e não há perspectiva de fim próximo, pois a Ternium já comunicou que vai recorrer da decisão no próprio STJ. Existe outra ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode causar reflexos nessa disputa. Além da reação jurídica, a empresa ítalo-argentina indicou que vai rever investimentos no Brasil caso tenha de indenizar a CSN nesse caso.
Na sessão desta terça-feira (3), o relator da ação no STJ, ministro Moura Ribeiro, votou para alterar o índice de correção a ser aplicado e adotou o IPCA e a Selic para a atualização e os juros da mora. Dessa forma, o ministro adotou as correções do Código de Processo Civil de 1973 e não o de 2015, visto que a sentença é de 2013, antes da vigência do novo código. Os demais ministros da turma, Humberto Martins, Nancy Andrighi e Ricardo Villas Bôas Cueva concordaram com a mudança nos índices.
O ministro Humberto Martins informou que não cabe mais a decisão do mérito, porque não houve omissão na decisão. E disse que a disputa “é uma ação igual a outras, mas o volume financeiro é muito alto”. Villas Bôas Cueva lembrou que foi voto vencido no julgamento dos embargos em que a CSN saiu vitoriosa.
A Ternium comunicou que vai recorrer da decisão do STJ mesmo com a diminuição dos valores a serem pagos à CSN. O entendimento é que a tese que deu a vitória à CSN no STJ é incorreta e não deve prosperar. Para isso, a empresa usará memoriais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Advocacia-Geral da União (AGU) anexados no processo do STF, em que se posicionaram pela ausência de necessidade de estender a oferta aos demais acionistas quando não houver o controle político da empresa.
“A Ternium vai continuar trabalhando para mostrar que a decisão do STJ contradiz o marco regulatório para Oferta Pública de Ações (OPA), trazendo insegurança jurídica para o mercado de capitais e para o país”, disse em nota.
A CSN informou que o STJ manteve a decisão porque a Ternium “adquiriu fraudulentamente o controle da Usiminas”, para não promover a devida OPA a acionistas minoritários, “em afronta à Lei das Sociedades Anônimas (SAs) e à jurisprudência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”.
A disputa judicial se arrasta há 12 anos e não há perspectiva de fim próximo
A CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, busca há mais de uma década uma indenização por parte da Ternium sob o argumento que houve troca de controle na Usiminas quando o grupo ítalo-argentino comprou uma fatia inicial de 27,7% do capital votante da siderúrgica mineira - que pertencia a Votorantim e Camargo Corrêa e à Caixa dos Empregados da Usiminas. Com uma fatia de 17,4% da Usiminas à época da transação, a CSN defende que houve alteração de direitos políticos, levando à necessidade de extensão da oferta aos demais acionistas da empresa.
A Ternium vinha vencendo em todas as instâncias. Em 18 de junho, contudo, a Terceira Turma do STJ decidiu favoravelmente à CSN, ao analisar embargos de declaração e entender, por maioria, que é caso de indenização. A Ternium apresentou um recurso e teve o deferimento parcial, ou seja, manteve a indenização, mas com revisão nos índices de correção.
Além da ação no STJ, existe uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo ajuizada pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que requer que a Corte deixe claro que o artigo 254-A da lei das S.A. (6404/76) não obriga a realização de OPA aos acionistas minoritários quando a venda de ações não interfere no controle direto da empresa. A associação pede que todas as ações judiciais que versem sobre a questão sejam suspensas até que o Supremo tome sua decisão.
De acordo com os pedidos ao STF, o foco da ação não é a inconstitucionalidade total do artigo da lei, mas uma interpretação do Supremo de como o dispositivo deve ser seguido nas demais instâncias. O relator é o ministro André Mendonça. Embora a ação não seja específica sobre a disputa entre CSN e Ternium, o caso é citado na petição inicial da AEB como uma virada da jurisprudência e uma alteração na forma como a CVM vinha aplicando a lei nas compras de ações de sociedades abertas, em que a oferta pública só é necessária nos casos de efetiva alienação do controle da companhia.
Como a disputa entre CSN e Ternium ainda não foi finalizada no STJ, pode ser abarcada por uma eventual decisão do STF de suspensão dos processos.
O Estado de S.Paulo - SP 04/12/2024
O crescimento de 0,9% do produto interno bruto (PIB) no terceiro trimestre veio um pouco acima da expectativa do mercado (0,8%). E, apesar de significar uma desaceleração em relação ao segundo trimestre, quando teve alta de 1,4%, mostra uma economia ainda aquecida. É um dado positivo que se soma a um outro muito bom: a taxa de desemprego, no trimestre encerrado em outubro, estava em 6,2%, o nível mais baixo da série histórica da Pnad Contínua, do IBGE. Mesmo assim, há uma desconfiança cada vez maior dos analistas com os rumos da economia. Por que isso acontece?
O quadro atual guarda semelhanças com o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Em 2012 e 2013, os números de atividade econômica eram também robustos. O PIB cresceu 1,9% em 2012 e 3% em 2013. A taxa de desemprego, por sua vez, estava em 6,9% em dezembro de 2012 e em 6,3% em dezembro de 2013 - números tão baixos quanto os de agora. Mas os economistas apontavam que uma tempestade estava se formando.
E foi o que ocorreu, efetivamente. O PIB teve forte desaceleração em 2014 (0,5%) e em 2015 e 2016 o País viveu a grande recessão - com quedas de 3,5% e 3,3%. O desemprego, em 2016, foi de 11,5%.
Qual a semelhança entre esses períodos? Basicamente, o descontrole fiscal. Gastar mais (muito mais) do que arrecada nunca parece ter sido um problema para os governos petistas. Exceto no início do primeiro mandato do presidente Lula, a política do “gasto é vida” é sempre o que parece nortear algumas das cabeças mais importantes do executivo.
O próprio Lula faz questão de deixar isso claro. “Aqui no governo federal é muito desagradável porque tudo que você faz é tratado como se fosse gasto. Isso inibe a gente. Porque a gente começa o nosso orçamento pensando o que tem que deixar de reserva para pagar. A última coisa que a gente pensa é em que investir... Vai investir o que sobrar. E, assim, é muito difícil imaginar que a gente vai chegar no lugar que a gente quer com muita rapidez”, disse, em abril.
Em outubro, durante um evento do programa Pé de Meia, na Bahia, voltou ao assunto. “Tem muita gente que acha que nós estamos gastando muito dinheiro. Primeiro, eu não acho que é gasto, acho que é investimento. Segundo, ficaria muito mais caro gastar fazendo cadeia para prender a meninada que não teve oportunidade do que investir na escola”, disse.
O resultado dessa insistência em negar o óbvio ficou muito claro nos últimos dias. Após semanas de muita expectativa, o governo finalmente apresentou seu pacote de corte de gastos. Foi considerado pífio. O governo estimou a economia com o pacote em cerca de R$ 70 bilhões em dois anos. Para muitos analistas, porém, deve ser metade disso. Muito pouco para as necessidades fiscais do País.
Além disso, para contrabalançar as “maldades” do corte de gastos - como mudanças na política de reajuste do salário mínimo e no BPC -, veio junto com o pacote a divulgação da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil (uma promessa de campanha). E uma taxação para rendas superiores a R$ 50 mil, como compensação. Anúncios que provocaram ainda mais ruído em um tema já bastante complicado.
O resultado dessa falta de apetite pelo ajuste fiscal veio a galope. O dólar saltou da casa dos R$ 5,80 na quarta-feira, 27, para R$ R$ 6,11 na sexta-feira, 29. As taxas de juros futuros esticaram para mais de 14%. O mercado passou a prever uma alta de 0,75 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, agora em dezembro. E uma Selic chegando a 13,5% para conter uma inflação que insiste em ficar fora da meta do Banco Central - e que tende a ficar ainda mais alta com o dólar acima dos R$ 6.
Um ajuste fiscal sério seria importante em qualquer situação. Mas, para os emergentes em geral, e o Basil em particular, tornou-se ainda mais necessário após a eleição de Donald Trump nos EUA. Tudo o que novo presidente tem prometido - tarifas extras às importações, deportação de imigrantes - tem potencial para elevar a inflação americana. Inflação alta, como estamos cansados de saber no Brasil, se combate com juros altos.
Mas juros mais altos na maior economia do mundo mexe com todos os outros países. Investidores tendem a levar seu dinheiro para lá, dada a segurança do investimento. Perdem com isso os emergentes, que são considerados mais arriscados - e por isso têm de pagar juros reais (acima da inflação) cada vez mais altos para atrair os investidores.
Menos investidores de fora significa menos dólares na economia. E isso faz com que a moeda americana se fortaleça ainda mais, com impacto direto na inflação. E torna a tarefa do Banco Central de controlar a alta dos preços cada vez mais desafiadora.
Portanto, ajuste fiscal não é uma coisa de analistas do mercado financeiro sem pé na realidade. O descontrole dos gastos tem efeito direto na vida das pessoas, e é algo que deveria ser levado mais a sério pelos petistas, em geral, e Lula, em particular - afinal, a caneta está com ele. Por isso, não devemos nos iludir com dados positivos e fortes, como o PIB e o desemprego. O governo Dilma já deu mostras do que pode acontecer quando não há o mínimo compromisso com essa agenda.
Globo Online - RJ 04/12/2024
Após o Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os produtos e serviços gerados na economia) avançar 0,9% sobre o segundo trimestre, o Ministério da Fazenda disse em nota que a subida na taxa de juros deve diminuir o ritmo de concessão de créditos e investimentos no próximo trimestre, mas que o mercado de trabalho deve seguir “resiliente”.
A Taxa Selic, que serve de referência para os juros no Brasil, está em 11,25% ao ano. Com inflação e dólar em alta, a expectativa é que na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem ela seja elevada em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao no. E mantenha trajetória ascendente ao menos nos primeiros meses de 2025.
Em nota divulgada pela Secretaria de Políticas Econômicas após o resultado do PIB, o Ministério da Fazenda disse que a atividade econômica deve continuar a crescer no quarto trimestre do ano. No entanto, a pasta aponta que isso deve acontecer com uma desaceleração, em parte causada pelo aumento na taxa de juros pelo Banco Central (BC).
“A política monetária mais contracionista deverá restringir o ritmo de expansão das concessões de crédito e dos investimentos. Ainda assim, impulsos positivos devem vir do mercado de trabalho, que deverá seguir resiliente, estimulando a produção e o consumo das famílias”, diz a nota.
Ao comemorar o resultado positivo do terceiro trimestre, a Fazenda ainda afirmou que vai revisar para cima a projeção de crescimento do país neste ano, já que o resultado veio acima do previsto pelo Boletim Macrofiscal de novembro.
“Dessa maneira, a projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 3,3%, deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços”.
Atualmente, a previsão do governo é de que o PIB brasileiro vai crescer em 3,3% em 2024.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, também comemorou o crescimento de 0,9% do PIB no segundo trimestre. Em suas redes sociais, Tebet ressaltou que o resultado veio acima das expectativas e disse que reflete a responsabilidade fiscal do governo.
"O crescimento do PIB até setembro, em 3,3%, portanto acima das expectativas, mostra que o país está produzindo cada vez mais, gerando renda e emprego. Com medidas que promovam o equilíbrio das contas públicas, vamos fortalecer a economia e garantir que as conquistas perdurem. É o Brasil avançando com trabalho e responsabilidade fiscal".
IstoÉ Dinheiro - SP 04/12/2024
O mercado financeiro consolida a aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cortará juros este mês, após comentários de dirigentes da autoridade monetária. É o que mostra a plataforma do CME Group que monitora o comportamento da curva futura.
Pouco antes do fechamento deste texto, a ferramenta indicava 72,5% de chance de a taxa básica cair 25 pontos-base na decisão de 18 de dezembro, comparado com 61,6% ontem. Por outro lado, o risco de a referência seguir no nível atual (entre 4,50% e 4,75%) recuou de 38,4% para 27,5% no período.
Para janeiro, a possibilidade de os juros estarem na faixa de 4,00% a 4,25% subia para 15,5%, de 11,8% na véspera. No entanto, investidores ainda consideram mais provável (62,9%) o cenário em que as taxas fiquem entre 4,25% e 4,50% no primeiro mês do ano que vem.
Os reajustes seguem declarações do diretor do Fed Christopher Waller, que reforçou expectativa por relaxamento monetário em dezembro.
O presidente da distrital de Nova York, John Williams, voltou a chamar atenção para o alívio recente na inflação.
Por outro lado, o líder da regional de Atlanta, Raphael Bostic, reiterou que as decisões dependerão da evolução dos dados.
CNN Brasil - SP 04/12/2024
A economia brasileira registrou um crescimento de 0,9% no terceiro trimestre de 2023, superando as expectativas dos especialistas que previam uma expansão de 0,8%. Este resultado robusto acende um alerta para o Banco Central e sua política monetária, sinalizando possíveis ajustes nas taxas de juros.
Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a atividade econômica demonstrou força e resiliência. Os setores de indústria e serviços foram os principais impulsionadores deste desempenho, apresentando um aumento de quase 1% cada.
O consumo das famílias também mostrou crescimento no período, estimulado por um ganho de renda acima da inflação e pela baixa taxa de desemprego, fatores que contribuem para o aumento dos salários. Além disso, os gastos do governo apresentaram elevação, contribuindo para a expansão econômica.
Pressão sobre a política monetária
A força demonstrada pela economia brasileira coloca pressão sobre o Banco Central para a próxima decisão sobre os juros, prevista ainda para este mês. Alguns segmentos do mercado já projetam um aumento de 1,0% na taxa Selic durante a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o que poderia elevar a taxa para 14% no próximo ano.
Economistas avaliam que a combinação de uma política fiscal expansionista, o aumento da dívida pública e o forte crescimento econômico pode gerar mais inflação. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar, com a moeda americana se mantendo na casa dos 6 reais, também influenciará o rumo dos preços no curto prazo.
O câmbio mantém uma trajetória de escalada desde o anúncio do pacote fiscal pela equipe econômica do governo. Este comportamento reflete uma crise de confiança entre o governo e o mercado financeiro, que demonstra ceticismo quanto à melhora nas contas públicas.
O cenário econômico atual apresenta desafios significativos para os formuladores de políticas, que precisarão equilibrar o estímulo ao crescimento com o controle da inflação e a estabilidade fiscal. As próximas decisões do Banco Central serão cruciais para determinar o rumo da economia brasileira nos próximos meses.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/12/2024
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,9% no 3º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 3 trilhões.
Apesar de ter desacelerado frente aos 3 meses anteriores, o resultado confirma uma economia brasileira ainda aquecida mesmo diante da taxa básica de juros em trajetória de alta.
Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, o crescimento foi de 4%. Com o resultado, o PIB acumulou alta de 3,3% no ano e de 3,1% nos últimos quatro trimestres.
O avanço foi puxado principalmente pelo consumo das famílias e do governo, e pelos investimentos. Do lado da oferta, o maior crescimento foi em Serviço. Veja abaixo o desempenho dos principais componentes do PIB:
Principais destaques do PIB no 3º trimestre
Serviços: 0,9% Agropecuária: -0,9% Indústria: 0,6% Construção: -1,7% Comércio: 0,8% Consumo das famílias: 1,5% Consumo do governo: 0,8% Investimentos: 2,1% Exportações: -0,6% Importação: 1%
A atividade econômica vem mostrando resiliência com resultados que têm surpreendido, devido principalmente a um mercado de trabalho forte com ganhos de renda, além de melhores condições de crédito.
Esse vigor, porém, tem levado a sucessivas revisões para cima também das expectativas para a inflação e para a Selic. No mercado financeiro, cresce aposta de alta de 0,75 ponto na Selic na reunião do Copom da próxima semana.
“Embora positivo, para mantermos esse ritmo de crescimento de maneira sustentável é necessário que o país tenha ganhos de produtividade, o que não estamos vendo por ora. Esse cenário leva a um aquecimento da economia para além da sua capacidade (hiato positivo) e torna o controle de preços mais desafiador”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
Fazenda fala em revisar para cima projeção
Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que, com o resultado, a atual projeção de alta de 3,3% do PIB em 2024 deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços.
“Os resultados observados para o PIB no terceiro trimestre mostraram que a economia brasileira seguiu em ritmo robusto de expansão mesmo com menores impulsos fiscais, impulsionada pelo bom desempenho da indústria de transformação e construção e pelo crescimento na prestação de serviços diversos. Pela ótica da demanda, essa expansão se refletiu em forte expansão do consumo das famílias e, principalmente, do investimento”, avaliou a Fazenda.
A expectativa atual do mercado financeiro é de um avanço de 3,22% neste ano, segundo o último boletim Focus do banco Central.
Infomoney - SP 04/12/2024
A produção econômica do Brasil teve um crescimento maior em 2023 do que o divulgado anteriormente, a uma taxa de 3,2%, mostraram dados revisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3).
Anteriormente, o IBGE havia divulgado uma expansão de 2,9% do Produto Interno Bruto no ano passado.
De acordo com o IBGE, na divulgação dos números do terceiro trimestre é rotina realizar uma revisão mais abrangente que incorpore os novos pesos das Contas Nacionais Anuais de dois anos antes.
Porém, em virtude do projeto de mudança do ano base do Sistema de Contas de 2010 para 2021, houve um trabalho adicional, levando à definição de um período de transição em que a divulgação da série anual é suspensa temporariamente. Sendo assim, os resultados apresentados trazem revisões referentes a 2023 e 2024, por conta das modificações nos dados primários, explicou o IBGE.
“Sempre fazemos essa atualização de 10 em 10 anos. A revisão de 2023 tem muito a ver com a reformulação da PMS (pesquisa mensal de serviços). Houve mudanças nos serviços profissionais e isso deu uma revisão maior do que se costuma ter”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, referindo-se à atividade com forte peso na economia.
Sob a ótica da produção, houve revisões em serviços (de 2,4% para 2,8%), na indústria (de 1,6% para 1,7%) e na agropecuária (de 15,1% para 16,3%), apontou o IBGE.
“Na Agropecuária, a diferença entre o resultado revisto e o original pode ser explicada, em grande parte, pela incorporação de novas fontes estruturais anuais do IBGE que não estavam disponíveis na compilação anterior, como a produção agrícola municipal, a produção da pecuária municipal e a produção da extração vegetal e da silvicultura”, disse Palis.
“Essas pesquisas foram incorporadas em substituição aos dados de pesquisas conjunturais”, completou
O Estado de S.Paulo - SP 04/12/2024
O presidente do Banco Bradesco, Marcelo Noronha, afirma que a dinâmica atual da economia brasileira, que cresceu 0,9% no terceiro trimestre e acima da mediana do Projeções Broadcast, pode alavancar um desempenho de 2% ou mais em 2025.
“Vemos PIB potencial de 2% ou eventualmente acima para 2025", afirmou, em evento com a imprensa em São Paulo, nesta terça-feira, 3.
Noronha destacou que esse resultado virá de alguns fatores. Ele previu que a atividade será mais forte no início do ano pelo carregamento estatístico vindo de 2024, pelo consumo das famílias e pelo agronegócio.
“Sou otimista com pé no chão”, afirmou.
Calibragem do ‘apetite a risco’
Noronha afirmou que os juros altos no Brasil desafiam as empresas e irão provocar uma calibragem por parte de todos os bancos do “apetite a risco” em algumas faixas de empresas. “Os bancos de forma geral tendem a calibrar seu apetite a risco dependendo do nível em que a taxa de juros vai chegar”, afirmou.
Ele disse que essa calibragem deve acontecer “para determinadas faixas de empresas” mas não para a maioria. Isso porque, disse Noronha, a maioria das empresas é adimplente.
Noronha também afirmou que os juros altos geralmente afetam mais diretamente a pessoa jurídica do que a pessoa física. Ele observou que o trabalhador sofre algum revés e tende a incidir em inadimplência no caso de perda de renda e não necessariamente com o aumento da taxa básica de juros.
Carteira de crédito em expansão
Entre os destaques do banco neste ano, o CEO citou a retomada do crescimento da carteira de crédito. Noronha também previu continuidade na expansão do retorno sobre o patrimônio e ressaltou que a instituição, passo a passo, está entregando seu projeto de transformação.
“Seguimos nosso ritmo, passo a passo, para entregar um projeto de transformação e um banco cada vez mais competitivo no curto e longo prazo”, afirmou. Noronha lembrou que após contração de 1,6% da carteira de crédito em 2023, voltou a crescer com qualidade na pessoa física e jurídica. “Tanto que a inadimplência segue em queda”, acrescentou.
Noronha afirmou ainda que a receita com crédito também voltou a crescer, assim como a margem líquida que tem impacto positivo sobre o lucro líquido. Noronha lembrou da expansão do retorno sobre o patrimônio (ROAE) este ano e afirmou que “vamos nessa trajetória de seguir crescendo ROAE”.
O presidente do Bradesco comentou também sobre o crescimento não orgânico do banco neste ano, citando a recompra de ações (OPA) da Cielo, para fechamento do capital da empresa de adquirência, e a aquisição de 50% do banco John Deere. “Após aprovação das governanças internas e obrigações de fazer, em 2025, já teremos esse deal fechado”, disse. /Com Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt
Infomoney - SP 04/12/2024
Os preços futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian avançaram pela terceira sessão consecutiva nesta terça-feira, atingindo o valor mais alto em quase dois meses, em meio a expectativas de mais estímulos econômicos e reabastecimento sazonal por parte das siderúrgicas na China.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,5%, a 813,5 iuanes (111,66 dólares) a tonelada, seu nível mais alto desde 8 de outubro.
O minério de ferro de referência para janeiro na Bolsa de Cingapura subiu 0,56%, atingindo o nível mais alto desde 8 de novembro, a 105,2 dólares a tonelada.
Agentes do mercado aguardavam pistas sobre a possibilidade de mais estímulos econômicos a partir das reuniões entre os principais líderes de Pequim, que são observadas de perto, disseram os analistas.
“A próxima Conferência Central de Trabalho Econômico, em dezembro, definirá o tom para as perspectivas políticas em 2025”, disseram analistas do ANZ em nota.
O aumento do reabastecimento de minério pelas usinas siderúrgicas também está apoiando os preços do principal ingrediente da fabricação de aço, disseram analistas da Nanhua Futures em nota.
“A produção de aço pode ter uma alta contra-sazonal durante o inverno. As siderúrgicas chinesas provavelmente aumentarão as exportações de aço antes das possíveis tarifas e do aumento das tensões comerciais globais”, disseram os analistas do ANZ.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que assume o cargo em janeiro, prometeu na semana passada impor “uma tarifa adicional de 10%” sobre as importações da China. Anteriormente, ele havia dito que introduziria tarifas superiores a 60% sobre os produtos chineses.
Globo Online - RJ 04/12/2024
A Vale informou nesta terça-feira novas metas de produção para os próximos anos e atualizou as projeções para 2024. A expectativa é chegar ao fim de dezembro com um volume de 328 milhões de toneladas de minério de ferro, principal produto da empresa. O patamar é superior à previsão anterior, anunciada em setembro, que oscilava entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas.
Os números foram detalhados em Nova York durante o Vale Day, reunião anual da companhia com investidores e analistas de mercado. Para o ano que vem, a projeção é de uma produção entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas, e de 340 milhões a 360 milhões de toneladas em dois anos.
Uma das apostas da Vale para reforçar a produção de minério de ferro é a previsão de reativação da mina de Capanema, parte do complexo de Mariana, em Minas Gerais. A expectativa é que a medida aumente em 15 milhões de toneladas a produção de minério de ferro.
Outro destaque foram os metais. No cobre, a meta da mineradora é encerrar 2024 com 345 mil toneladas produzidas, e alcançar de 340 mil e 370 mil toneladas no ano que vem. Para o níquel, são 160 mil toneladas neste ano, com previsão de 160 mil e 175 mil toneladas em 2025.
– Queremos chegar a 500 mil toneladas de cobre na agenda 2030. Estamos focados para acelerar esses volumes para o mercado com altos níveis de retorno – afirmou o CEO Gustavo Pimenta em seu primeiro Vale Day.
A Vale informou ainda que o total de investimentos em 2024 deve fechar em US$ 6,1 bilhões, sendo a maior parte do montante, US$ 4,4 bilhões, para manutenção, e US$ 1,7 bilhão para crescimento. A partir do ano que vem, o investimento deve ficar em 6,5 bilhões.
Outro ponto discutido foram os custos diretos de produção – que incluem as despesas de mina, processamento, ferrovias e portos – em US$ 22 milhões por tonelada de minério de ferro.
O patamar é inferior ao esperado por analistas. Relatório do Itaú BBA destacou na segunda-feira que a expectativa era que o valor por tonelada ficasse abaixo de US$ 20, patamar que só deve ser alcançado, nas previsões da companhia, no ano que vem.
– A orientação é de até US$ 18 a US$ 19,5 por tonelada, em termos nominais, até 2030. Estamos confiantes de que isso é totalmente possível com os programas de eficiência e performance – disse Murilo Muller, diretor global da Controladoria da mineradora, e que estava interino na vice-presidência de Finanças e Relações com Investidores.
Mudança nas cadeiras
Muller volta ao seu cargo inicial, dando lugar a Marcelo Bacci, então vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Suzano. O executivo também tem passagens por empresas como Energisa e BRF. Ele falou brevemente no Vale Day.
Outra mudança do conselho da mineradora foi anunciado nesta terça-feira, com a aprovação do conselho de administração para que Rogério Nogueira assuma como vice-presidente Comercial e de Novos Negócios. Ele ocupava interinamente a posição de vice-presidente de Soluções de Minério de Ferro.
— É natural que aconteçam mudanças na composição da equipe com uma transição de CEO. Não há uma mudança radical da estratégia, mas há ajustes que quero priorizar — afirmou Pimenta.
No evento com investidores, Nogueira disse que a oferta de minério de ferro vai exigir um preço acima de US$ 90 por tonelada. Ele estimou em 1,5 bilhão de toneladas no mercado transoceânico em 2024, e destacou a demanda da China, principal cliente da Vale, que passa por um "declínio suave, mas ainda em nível alto"
— O próximo ano em muito dependerá do que a China fará na reativação da sua economia. Eles têm tomado algumas medidas recentemente, estamos vendo alguns sinais de melhora. É um pouco cedo para falarmos da força dessa recuperação, mas estamos encorajados — completou Pimenta.
O CEO, que assumiu o comando da mineradora no fim de setembro, frisou no evento que a segurança segue como uma das prioridades da companhia, e destacou que 53% do programa de descaracterização de barragens a montante já foram concluídos, com 16 das 30 estruturas descaracterizadas:
— Cumprimos quase todos os objetivos para 2024. O acordo de Mariana foi muito importante, concluímos um acordo justo e completo, e avançamos na reparação de Brumadinho, com 73% (do programa) completo.
Valor - SP 04/12/2024
“A oferta de minério de ferro vai exigir um preço acima de US$ 90 por tonelada para atender à demanda”, diz o vice-presidente comercial, Rogério Nogueira
O vice-presidente executivo comercial e de novos negócios da Vale, Rogério Nogueira, disse, nesta terça-feira (3), que a companhia acredita em uma demanda internacional estável para o minério de ferro. Nogueira, que foi anunciado pela companhia na manhã desta terça-feira (3), com mandato a partir de 1° de dezembro, é um dos participantes de apresentação da mineradora para investidores e analistas, o Vale Day, em Nova York.
“A oferta de minério de ferro vai exigir um preço acima de US$ 90 por tonelada para atender à demanda”, disse o vice-presidente comercial. “O mercado transocêanico de minério de ferro será da ordem de 1,5 bilhão de toneladas em 2024.”
Nogueira afirmou que a companhia, por produzir minério de ferro de alta qualidade, pode perder espaço quando a indústria quer pagar preços mais baixos. Por isso, o objetivo é que a mineradora seja mais flexível: “Podemos fazer 'blend' [mistura] de produtos para atender as siderúrgicas específicas.”
“Viemos trabalhando na implementação de 'mega hubs', que são complexos industriais. Temos acordos assinados para estudos de 'mega hubs' em cinco países”, afirmou Nogueira.
10 milhões de toneladas de minério
O vice-presidente executivo de operações da Vale, Carlos Medeiros, ressaltou que a empresa vai produzir, este ano, cerca de 10 milhões de toneladas de minério de ferro a partir de novos modelos de negócios. Medeiros também afirmou, no evento, que o potencial é que esse tipo de produção supere as 30 milhões de toneladas em 2030.
Aos investidores, ele citou como exemplos a produção de “pellet feed” — insumo para produção de pelotas — de alta qualidade pelo reprocessamento de mais de 37 anos de rejeitos em Serra Norte; o processamento de estéril com alto teor de ferro; e coprodutos a partir de resíduos, como fábrica de blocos, areia e cimento sustentável.
Custo de minério de ferro inferior a US$ 20 por tonelada
O vice-presidente executivo interino de finanças da Vale, Murillo Muller, destacou que os custos aumentaram em toda a indústria de minério de ferro nos últimos anos. Segundo ele, a empresa, mesmo neste cenário, está confiante de que em 2026 terá um custo de minério de ferro inferior a US$ 20 por tonelada.
Para este ano, reiterou que o custo caixa C1 – da mina ao porto – para o minério de ferro da empresa será de US$ 22 por tonelada. A meta da empresa é que o C1 fique entre US$ 18 e US$ 19,5 por tonelada até 2030.
Muller também citou as expectativas de investimento da empresa. Segundo ele, a empresa persegue uma meta de investimentos de US$ 6,5 bilhões por ano nos próximos anos. Em 2024, a estimativa é de que esse patamar fique em US$ 6,1 bilhões.
Concessões de ferrovias
Pimenta afirmou que as discussões sobre a renovação de concessões de ferrovias com o governo federal estão avançadas. Segundo o executivo, a empresa está otimista para concluir as negociações no curto prazo, o que pode significar chegar a um acordo no começo do ano que vem.
Pimenta também se mostrou otimista quanto à regulação da mineração em áreas de cavernas, uma das questões ambientais que envolvem o licenciamento de minas no país. O executivo afirmou que a modernização dessa legislação interessa não só à Vale, mas a todo o setor de mineração.
“Estou como CFO da Vale há 24 horas, é um desafio”
O vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores, Marcelo Bacci, disse que a companhia pretende se manter no primeiro quartil da curva de custos para se proteger ao longo dos ciclos. Bacci, que assumiu o cargo segunda-feira (2), diz que a indústria em que a Vale atua é cíclica. “Estou como CFO da Vale há 24 horas, é um desafio.”
Segundo o vice-presidente de finanças, a Vale está descontada em múltiplos e em comparação com pares, examinando capacidade de geração de caixa. “É incompatível com o ‘valuation’ que temos hoje. Queremos aumentar a competitividade da empresa”, diz Bacci.
“Equipe trabalha para reconstruir a reputação da companhia em termos de ESG [ambiente, social e governança, na sigla em inglês].”
* O repórter viajou a convite da Vale
Valor - SP 04/12/2024
Empresa mostra, no Vale Day, que aposta na flexibilidade de sua produção de minério de ferro para manter ganhos em cenário mais desafiador
A Bahia Mineração (Bamin) é um dos projetos analisados pela Vale, embora não haja qualquer decisão sobre o investimento. A afirmação foi feita nesta terça-feira (3) pelo presidente da Vale, Gustavo Pimenta, no Vale Day, na Bolsa de Nova York. Foi a primeira vez que a mineradora admitiu oficialmente estudar do projeto.
“Bamin é um dos tantos projetos que avaliamos, mas não tem nenhuma aprovação. É somente dever de diligência que nossa equipe tem que fazer”, disse Pimenta a jornalistas em entrevista após o Vale Day.
A Bamin é uma mineradora que opera a mina Pedra de Ferro, em Caetité (BA), controlada pela Eurasian Resources Group, do Cazaquistão. O projeto consiste ainda em um trecho da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) e um terminal portuário em Ilhéus para o embarque do minério de ferro produzido. Nos bastidores, circula a informação de que o governo federal teria interesse em que a Vale comprasse o ativo, que deve requerer algo próximo a R$ 30 bilhões em investimentos para ser implementado. A informação foi publicada pelo colunista Lauro Jardim, do “O Globo”.
Na apresentação de ontem no Vale Day, Pimenta deixou claro que os projetos da empresa terão que se encaixar no tripé alinhado com a visão 2030 da companhia: um portfólio superior de produtos, a proximidade com os clientes e o foco voltado para o resultado.
Essa visão deverá ser a base para que a empresa consiga navegar nos próximos anos por um cenário internacional mais difícil no mercado de minério de ferro. Os executivos da mineradora ressaltaram que há incertezas no horizonte, como a expectativa de desaceleração da economia chinesa, a possibilidade de maior protecionismo no mercado siderúrgico americano e uma demanda possivelmente mais fraca por minério.
Apesar desse cenário, o tom das apresentações ontem foi de que a Vale tem flexibilidade para apresentar bons resultados no minério de ferro nos próximos anos, baseado nos três pilares que formam a visão 2030 da companhia.
Pimenta, que assumiu em outubro e teve ontem o seu primeiro Vale Day no comando da companhia - anteriormente ele era vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores - ressaltou que a empresa tem o patamar de US$ 50 por tonelada como preço de equilíbrio do minério de ferro, que é o valor a que ela pode vender o produto sem perder dinheiro. A commodity oscila em torno dos US$ 110 por tonelada e o mercado considera a possibilidade de que possa recuar até US$ 90 por tonelada ano que vem.
Para se preparar para o cenário esperado para os próximos anos, a Vale aposta na robustez de sua produção, na qualidade dos produtos e em sua estrutura de custos. Ontem, a mineradora atualizou sua projeção de produção de minério ferro, que deve fechar 2024 por volta de 328 milhões de toneladas, passando para um volume entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas no ano que vem; entre 340 milhões e 360 milhões em 2026; e deve ficar em torno de 360 milhões de toneladas em 2030.
Ao final desse período, a produção de aglomerados, que são insumos de qualidade mais alta e que favorecem a descarbonização dos clientes siderúrgicos, deve ficar entre 60 milhões e 70 milhões de tonelada. O portfólio médio da companhia em 2030 deverá ter entre 63% e 64% de teor de ferro, considerado alto pela indústria.
Entre os projetos que devem adicionar maior capacidade à empresa, destaque para Capanema (MG), que acrescenta 15 milhões de toneladas à produção e cujos testes começaram antes do previsto. Vargem Grande 1 (MG) deve adicionar mais 15 milhões de toneladas e o S11D+20 (PA) deve responder por mais 20 milhões de toneladas de minério com 65% de teor de ferro.
Nos metais básicos, a vedete do Vale Day foi o cobre, cuja produção atual está em torno de 350 mil toneladas anuais. A entrada em operação de Bacaba e Alemão até 2030 deverá garantir produção entre 420 mil e 500 mil toneladas, com expectativa de cerca de 700 mil toneladas entre 2030 e 2035.
Valor - SP 04/12/2024
Empresa confirma no Vale Day três novos vice-presidentes; área de minério de ferro ganha novo escopo diante de incertezas na China
Gustavo Pimenta: “É natural que, com a transição de CEO, haja mudanças no time” — Foto: Michael Nagle/Bloomberg
As mudanças anunciadas nesta terça-feira (3) pela Vale na alta direção executiva da companhia marcam o movimento de reorganização mais importante até agora na gestão do novo presidente, Gustavo Pimenta, que tomou posse em 1º de outubro. Os anúncios foram feitos no Vale Day, encontro anual da mineradora com investidores, que este ano voltou a Nova York depois de Londres, em 2023.
Pela primeira vez desde a tragédia de Brumadinho em 2019, a Vale participou da cerimônia de abertura do pregão. Pimenta, executivos e conselheiros da empresa estiveram na tradicional toca do sino na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
A mineradora aproveitou o encontro para reposicionar a área de minério de ferro e confirmou nomes para três vice-presidências. Essa reorganização será importante diante da conjuntura internacional conturbada e frente a realidade doméstica marcada por pressões do governo na empresa. “É natural que, quando há transição de CEO, haja mudanças na composição do time”, disse Pimenta.
Ontem, antes da reunião na NYSE, a Vale informou que o conselho de administração da companhia aprovou Rogerio Nogueira como vice-presidente comercial e de novos negócios. Nogueira, um executivo com longa carreira na mineradora, vinha ocupando interinamente a posição de vice-presidente de soluções de minério de ferro.
De uma só tacada, a Vale não só confirmou o executivo para comandar o principal negócio da empresa como também deu mais um passo na reformulação da área. Nogueira é uma indicação direta de Pimenta, que tem como uma das principais bandeiras de gestão estar mais perto dos clientes.
Essa estratégia será relevante se for confirmada a desaceleração da China, o principal comprador de matérias primas globais e maior cliente da Vale. Se a China crescer menos, haverá demanda menor e mais competição na venda de produtos. “Há [na Vale] um reposicionamento comercial em termos de ofertar o que o cliente está pedindo”, diz uma fonte. Nogueira entra para fazer esse trabalho comercial no minério de ferro.
Também ontem a Vale anunciou que Catia Porto, com passagem pelo Carrefour, será a nova vice-presidente de pessoas no lugar de Marina Quental. Marcelo Bacci, ex- Suzano, que já havia sido anunciado como novo CFO, assumiu oficialmente o cargo que até pouco tempo era ocupado pelo próprio Pimenta.
Nos bastidores, comenta-se que pode haver mudanças em outras vice-presidências. Fontes próximas da empresa dizem que a área de projetos poderia vir a ser incorporada à vice-presidência de operações, sob o comando de Carlos Medeiros. Perguntado ontem sobre o tema, Pimenta desconversou. Mas disse que a empresa decidiu reforçar a presença regional onde opera. Ele não deu detalhes, mas internamente fala-se na criação de três diretorias de relações institucionais, vinculadas diretamente ao CEO. Já foi noticiado que o jornalista Kenedy Alencar vai cuidar da regional Brasília e deve haver indicações para o Norte e Nordeste e Sudeste.
No Vale Day, Bacci falou brevemente com os analistas de bancos, na apresentação oficial dele ao mercado como novo CFO da Vale. Brincou que estava há 24 horas no cargo - ele assumiu oficialmente o posto na véspera - e enfatizou que só há uma maneira de a empresa se manter competitiva diante das mudanças nos ciclos das commodities: “É mantendo-se no primeiro quartil da curva de custo global [da indústria]”, afirmou.
Embora a Vale registre ganhos operacionais, a empresa ainda tem dificuldades para aumentar a produção e maiores volumes são importantes para reduzir custos. A mineradora divulgou novas metas de produção e estima agora alcançar volume entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2025. Em 2024, deve encerrar o ano com 328 milhões de toneladas (ver mais abaixo).
O mercado olha para o chamado custo caixa C1, que considera os gastos para produzir o minério e levá-lo até o porto. A Vale disse em Nova York que espera chegar a 2026 com um custo abaixo de US$ 20 por tonelada. Em 2024, deve ficar em cerca de US$ 22 por tonelada. Os aumentos de custos têm sido generalizados em toda a indústria de mineração, mas a mineradora vem perdendo participação em relação aos principais concorrentes australianos (Rio Tinto, BHP Billiton e Fortescue).
No fechamento da bolsa nesta terça-feira (3), o valor de mercado da Vale era de US$ 43,7 bilhões ante US$ 102,2 bilhões da Rio Tinto e US$ 134,9 bilhões da BHP Billiton, segundo levantamento do Valor Data. A ação da Vale também cai mais forte no acumulado do ano que os papéis dos concorrentes.
A preocupação com o custo de produção faz sentido uma vez que as perspectivas não são encorajadoras para os preços do minério de ferro em 2025. Existe, porém, uma avaliação no mercado de que a Vale consegue ser lucrativa mesmo com a commodity em cotações inferiores a US$ 80 por tonelada. Pimenta disse ontem que o preço de equilíbrio para a Vale é de US$ 50 por tonelada. Para o ano que vem, há projeções que situam os preços entre US$ 90 e US$ 95 por tonelada.
A avaliação de especialistas é que Pimenta está formando um “bom” comitê executivo, integrado pelos vice-presidentes que “tocam” o dia a dia junto com o CEO. Esse time trabalha a partir de diretrizes dadas pelo conselho de administração que, apesar de contar com conselheiros independentes, tem formado maioria em temas de interesse do governo federal e dos Estados onde a empresa opera (Pará, Maranhão, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro).
O governo pressionou e a empresa aceitou reabrir, ainda na gestão de Eduardo Bartolomeo, ex-CEO da Vale, negociações para a renovação de ferrovias operadas pela companhia. O tema deve ter um desfecho no começo do ano que vem e vai injetar mais dinheiro da Vale nos cofres da União. A mineradora, por sua vez, tem interesse na edição de um decreto pelo governo sobre “cavidades” (cavernas) em áreas de mineração. É uma agenda que se vincula ao licenciamento ambiental e que preocupa a Vale há anos pois a empresa não consegue licenciar novas áreas depois de Brumadinho.
No Vale Day, Pimenta destacou o acordo de Mariana, um dos principais passivos, pelo qual Vale, BHP e Samarco vão desembolsar R$ 170 bilhões em 20 anos. Era uma mensagem esperada há tempos pelos investidores. Em 2024, gestores e fundos manifestaram preocupações, segundo relatos, sobre a tentativa de intervenção do governo na empresa. Lula tentou fazer o ex-ministro Guido Mantega presidente da Vale, mas acabou recuando. O Valor apurou que deve haver um encontro entre o presidente Lula e Pimenta em data a ser marcada.
O jornalista viajou a convite da Vale
Valor - SP 04/12/2024
De uma só tacada, a Vale não só confirmou o executivo para comandar o principal negócio da empresa, como também deu mais um passo na reformulação da área
A Vale anunciou, na manhã desta terça-feira (3), mais um movimento de reorganização na gestão do novo presidente, Gustavo Pimenta, que tomou posse em 1º de outubro. A companhia informou que o conselho de administração aprovou Rogerio Nogueira como vice-presidente comercial e de novos negócios. Nogueira, um executivo com longa carreira na Vale, vinha ocupando interinamente a posição de vice-presidente de soluções de minério de ferro.
De uma só tacada, a Vale não só confirmou o executivo para comandar o principal negócio da empresa, como também deu mais um passo na reformulação da área. Nogueira é uma indicação direta de Gustavo Pimenta, que tem como uma das principais bandeiras de gestão estar mais perto dos clientes.
A mineradora também informou novas metas de produção para os próximos anos. Pela atualização das projeções, a produção de finos de minério de ferro, o principal produto, será de 328 milhões de toneladas em 2024, número que passa para um intervalo entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas em 2025. Para 2026, a Vale projeta um volume entre 340 milhões e 360 milhões de toneladas de minério de ferro.
Também houve atualizações para os metais. No cobre, a meta é produzir entre 340 mil e 370 mil toneladas em 2025 e no níquel entre 160 mil e 175 mil toneladas no ano que vem.
A mudança feita no negócio de minério de ferro será importante diante da prevista desaceleração da China, o principal comprador de matérias primas globais e maior cliente da Vale. Se a China crescer menos, haverá demanda menor e mais competição na venda de produtos.
“Há [na Vale] um reposicionamento comercial em termos de ofertar o que o cliente está pedindo”, diz uma pessoa com conhecimento da companhia. Nogueira é efetivado para fazer esse trabalho comercial no minério de ferro.
Embora a Vale venha tendo ganhos operacionais, a empresa ainda tem dificuldades para aumentar a produção e maiores volumes são importantes para reduzir custos, uma das obsessões da mineradora.
O mercado olha sempre para o chamado custo caixa C1, que considera os gastos para produzir o minério e levá-lo até o porto, e a empresa tem mostrado compromissos constantes nesse tema.
A preocupação com o custo é relevante diante das perspectivas não muito encorajadoras para os preços do minério de ferro em 2025. Existe, porém, uma avaliação no mercado de que a Vale consegue ser lucrativa mesmo com a commodity em cotações inferiores a US$ 80 por tonelada. Para o ano que vem, há projeções que situam os preços entre US$ 90 e US$ 95 por tonelada.
A indicação de Nogueira se situa dentro de mudanças mais amplas que vêm sendo feitas pela empresa. Essa reorganização corporativa, que ainda deve ter novos capítulos, será importante para que a Vale faça frente a desafios que ainda estão sobre a mesa e em um cenário marcado por pressões crescentes do governo sobre a empresa.
Recentemente, a mineradora havia anunciado Marcelo Bacci, ex-Suzano, para a vice-presidência de finanças. Bacci faz a sua apresentação ao mercado, nesta terça-feira (3), no Vale Day, encontro com analistas e investidores em Nova York.
A avaliação de especialistas é que Pimenta está formando um “bom” comitê executivo, integrado pelos vice-presidentes que “tocam” o dia a dia junto com o CEO.
Esse time trabalha a partir de diretrizes dadas pelo conselho de administração que, apesar de contar com conselheiros independentes, tem formado maioria em temas de interesse do governo federal e dos Estados onde a empresa opera – Pará, Maranhão, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
O governo pressionou e a empresa aceitou reabrir, ainda na gestão de Eduardo Bartolomeo, ex-CEO da Vale, as negociações para a renovação de ferrovias operadas pela companhia. O tema pode ter um desfecho a curto prazo e vai injetar mais dinheiro da Vale nos cofres da União.
A mineradora, por sua vez, tem interesse na edição de um decreto pelo governo sobre como tratar “cavidades” (cavernas) em áreas de mineração. Essa é uma agenda que se vincula ao licenciamento ambiental e que vem preocupando a Vale há anos, pois a empresa não tem conseguido licenciar novas áreas, sobretudo depois da tragédia de Brumadinho, em 2019.
Diante das dificuldades do licenciamento, surgiram informações de bastidores de que a Vale estaria analisando, ainda em fase preliminar, a eventual compra de participação acionária na Bahia Mineração (Bamin), projeto que conta com a simpatia de integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) O projeto ainda não foi submetido à análise do conselho de administração da Vale.
A Bamin exige investimentos bilionários para desenvolver reservas e criar infraestrutura nova (ferrovia e porto), e o minério da empresa tem teor de ferro mais baixo que o de Carajás, província mineral do qual a Vale é concessionária. Faria muito mais sentido, dizem fontes, apostar em novos desenvolvimentos em Carajás, mas para tanto a empresa precisa obter licenciamentos ambientais.
No mercado, há receio sobre decisões de investimento que, eventualmente, venham a destruir valor da Vale, como já aconteceu no passado. Em 2024, a ação da empresa tem tido dificuldades de avançar.
No fechamento do mercado nesta segunda-feira (2), o valor de mercado da Vale era de US$ 44 bilhões ante US$ 101,1 bilhões da Rio Tinto e US$ 134 bilhões da BHP Billiton, segundo levantamento do Valor Data.
No acumulado do ano até segunda (2), a ação da mineradora brasileira também tinha pior desempenho do que as concorrentes. Enquanto a ação da Vale caía 34,38% em dólares, a ação da Rio Tinto recuava 8,92% e da BHP, 18,43%.
No Vale Day, Pimenta e outros vice-presidentes devem tentar tranquilizar os investidores depois que gestores e fundos ficaram aflitos pelos sinais de tentativa de intervenção do governo na empresa. Lula tentou fazer o ex-ministro Guido Mantega presidente da Vale e costuma criticar a mineradora sempre que tem oportunidade.
O Valor apurou que haverá um encontro entre o presidente Lula e o CEO da Vale ainda em data a ser definida. Vai ser a primeira agenda privada entre os dois desde que Pimenta assumiu o cargo.
Um dos trunfos que Pimenta leva para o Vale Day é a assinatura do acordo definitivo de Mariana, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e no qual a mineradora, a sócia BHP Billiton e a Samarco se comprometeram a aportar R$ 170 bilhões em 20 anos, a maior parte nos primeiros anos.
O repórter viajou a convite da Vale
Infomoney - SP 04/12/2024
Quase 100 mil trabalhadores aderiram às paralisações nas fábricas alemãs da Volkswagen na segunda-feira, em protesto contra os planos da administração de cortar salários e fechar fábricas da maior montadora da Europa, disse o sindicato IG Metall, ameaçando novas ações.
Trabalhadores da Volkswagen entrarão em greve de advertência em toda Alemanha
A Volkswagen ameaça fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em seus 87 anos de história para reduzir custos e aumentar o lucro. As montadoras europeias enfrentam fraca demanda, altos custos de produção, concorrência de rivais chineses e transição para veículos elétricos mais lenta do que o esperado.
“Este foi o primeiro e poderoso impacto de um inverno de protestos. A Volkswagen deve tomar juízo e desistir de seus planos, caso contrário, nossos pares encontrarão a resposta certa”, disse o negociador-chefe do IG Metall, Thorsten Groeger.
Na semana passada, o sindicato propôs medidas que, segundo ele, economizariam 1,5 bilhão de euros para a empresa, incluindo a renúncia de pagamento de bônus a executivos em 2025 e 2026. A gerência descartou essas medidas como irrealistas e como um adiamento do inevitável.
Valor - SP 04/12/2024
Setor deve sofrer o impacto da rivalidade geopolítica entre os países ocidentais e a China
O setor automotivo vive um momento de transformação sem precedentes, movido por avanços tecnológicos, novas demandas de consumidores e pressões postas pela agenda ambiental. Nesse contexto, a busca por competitividade e a criação de valor se tornam essenciais para a sobrevivência das empresas, especialmente no Brasil, onde desafios locais se somam às dinâmicas globais.
Como consequência da pandemia, o mercado mundial de automóveis se reduziu, com uma queda de 97,4 milhões de veículos em 2017 para 77,6 milhões em 2020, segundo a Organização Internacional dos Fabricantes de Automóveis (OICA). Em 2024, os números ainda não retornaram aos níveis pré-pandemia, em um contexto no qual diversas montadoras enfrentam desafios contínuos para se manter competitivas.
O cenário mundial vem passando por relevantes transformações, com a China despontando como o maior mercado mundial de veículos, alcançando 30 milhões em 2023, sendo 25 milhões no mercado local e 5 milhões de exportações, com o total correspondendo a aproximadamente duas vezes o mercado dos EUA. Além disso, as exportações chinesas representam o dobro da produção brasileira.
O governo chinês incentivou a realização de pesados investimentos no desenvolvimento tecnológico, na produção e internacionalização, fortalecendo as marcas locais em detrimento dos grupos estrangeiros e conquistando espaço no mercado global. A competição global intensificou-se em regiões como Europa, EUA, América Latina e Ásia.
A perda de competitividade nos últimos anos fez com que as montadoras coreanas, japoneses, europeias e americanas reduzissem sua participação no mercado chinês, acarretando dificuldades de amortização dos investimentos necessários para suas respectivas presenças no mercado mundial.
Além da Tesla com fábrica já instalada e desfrutando de uma competitividade ímpar, a Toyota se destaca como uma das poucas empresas estrangeiras que possui condições de evoluir no mercado chinês. Por meio de entendimentos mantidos com os acionistas de suas duas joint ventures na China, a Toyota busca se fortalecer no mercado local com a estratégia de produzir cerca de 2,5 milhões de veículos/ano nos próximos exercícios.
A BYD, em seus 30 anos de existência com a produção acumulada de 10 milhões de veículos eletrificados, vem se destacando no setor automotivo graças à sua estratégia de investimento contínuo em P&D e de verticalização industrial. A empresa controla o processo produtivo total, desde a extração de matérias-primas até a entrega do veículo ao consumidor, garantindo ainda assim custos reduzidos e maior eficiência. Além disso, possui fábricas de baterias, itens de maior custo para veículos elétricos (VE’s), bem como navios próprios para reduzir significativamente os gastos logísticos.
Esse modelo permitiu que a montadora chinesa desafiasse grandes players do mercado mundial ao oferecer veículos elétricos mais acessíveis e com tecnologias de ponta.
Por seu turno, a Tesla por meio de suas “gigafactories”, integra todas as etapas de produção em um ambiente automatizado, utilizando inteligência artificial e robótica para monitorar e ajustar cada fase do processo, garantindo eficiência e personalização dos veículos.
Por outro lado, os fabricantes de automóveis centenários enfrentam desafios decorrentes de incertezas quanto aos seus sucessores no controle decisório e as decisões voltadas aos seus negócios, enfrentando elevados custos fixos relativos ao número de fábricas e de mão de obra, incompatíveis com o atual ambiente de produção global, impulsionado pela robótica, automação e elevada escala de produção.
Como consequência, os preços das ações e as margens de lucro de alguns desses fabricantes europeus de automóveis caíram no período 2022/24.
Outro fator decisivo para a competitividade das empresas é a formação de uma nova cultura voltada para transformação digital. Tecnologias da Indústria 4.0, como robótica avançada, inteligência artificial e semicondutores estão redefinindo a cadeia de valor.
Destaque-se que os semicondutores estão se tornando o novo petróleo da indústria automotiva, com a China já priorizando esse segmento. Em 2024, o país investiu US$ 25 bilhões em equipamentos para a fabricação de semicondutores, com a intenção de dobrar esse montante até o final do ano. Esses investimentos são cruciais para o desenvolvimento de veículos mais autônomos e eficientes energeticamente.
Os Estados Unidos estão tecnologicamente à frente na disputa por semicondutores, enquanto a China mantém a dianteira adquirida na energia limpa, incluindo aí os VEs, mas liderando a expansão global em capacidade produtiva de semicondutores com 18 novas fábricas planejadas para 2024 e mais de 500 startups, contando com o apoio financeiro robusto do governo.
Nesse setor, competitividade e criação de valor são questões estratégicas. As empresas que conseguirem aliar evolução de suas lideranças aos novos desafios estarão melhor preparadas para se posicionarem globalmente.
O setor deve sofrer o impacto da rivalidade geopolítica entre os países ocidentais e a China. Além da criação pela União Europeia de tarifas alfandegárias para importação de VE’s chineses, a proibição de componentes eletrônicos de origem chinesa em veículos circulando nos EUA por razões de “segurança nacional” pode contribuir com a elevação de custos e preços dos veículos para os consumidores finais desses continentes, com a consequente elevação dos respectivos índices de inflação.
Com um consumidor mais exigente e regulamentações cada vez mais rigorosas, as empresas do setor automotivo terão que equilibrar competitividade, sustentabilidade, inovação tecnológica e criação de valor. O alinhamento desses pilares dentro de uma nova cultura digital será fundamental para se adaptarem às novas tendências não apenas para sobreviverem, mas para prosperarem continuamente.
Antônio Jorge Martins é engenheiro com pós-graduação e mestrado e atuação como coordenador da FGV, diretor financeiro e consultor empresarial.
Otaviano Canuto foi vice-presidente e diretor-executivo no Banco Mundial, diretor-executivo no FMI e vice-presidente no BID.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/12/2024
A Tesla vendeu pouco mais de 78 mil veículos elétricos na China em novembro, uma queda de 4,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior e um aumento de 15% em relação à outubro, de acordo com dados da China Passenger Car Association (CPCA). A queda acontece em meio à intensificação na concorrência de rivais chinesas.
A Tesla “cedeu o manto” de segundo maior vendedor de veículos elétricos na China para um rival do país pelo terceiro mês consecutivo. No entanto, para atingir as metas anuais de vendas, a fabricante americana ofereceu descontos e disse que reduziria o preço do Modelo Y.
A BYD, maior concorrente, bateu recorde e vendeu mais de 504 mil veículos no mês passado.
Segundo a CPCA, as montadoras chinesas se beneficiaram “significativamente” dos subsídios de troca do governo nos últimos dois meses, além de eventos promocionais das fabricantes realizados em novembro e o salão do automóvel na cidade de Guangzhou. Fonte: Dow Jones Newswires.
Infomoney - SP 04/12/2024
Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no Brasil em novembro recuaram 4,3% ante outubro, mas saltaram 19,2% na comparação anual, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela associação de concessionários, Fenabrave.
Os emplacamentos do mês passado somaram 253,5 mil unidades, acumulando de janeiro a novembro vendas de 2,38 milhões de veículos, alta de 15,4%.
A Fenabrave afirmou que a queda de vendas ante outubro ocorreu por um menor número de dias úteis para os registros dos emplacamentos (19 dias em novembro ante 23 em outubro). Na comparação anual, os emplacamentos seguem dentro do estimado pela entidade para o ano: crescimento de 15,1%, segundo previsão revisada para cima em outubro.
“Temos o melhor acumulado para o período janeiro-novembro desde 2014”, disse em comunicado à imprensa o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Jr.
Considerando apenas os veículos eletrificados – híbridos e a 100% bateria – as vendas de novembro seguiram crescendo, apesar da valorização do dólar contra o real, do aumento da tributação das importações desde o início do ano e de juros mais elevados.
Os licenciamentos de híbridos tiveram altas de 18,2% nas vendas de novembro ante outubro e de 58,4% na comparação anual, para 11,7 mil unidades em novembro. No acumulado, o segmento acumula crescimento de 53% nos veículos emplacados.
Em veículos 100% elétricos, houve queda de 11,4% nos licenciamentos na relação mensal, mas expansão de 69% na comparação anual, para 5,4 mil unidades. No total, a categoria de eletrificados teve alta de 6,9% nas vendas de novembro ante outubro, crescimento de 61,6% sobre novembro de 2023 e acumulou expansão nos onze meses do ano de 100,5%.
Monitor Digital - RJ 04/12/2024
As tarifas propostas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de 25% sobre o Canadá e o México, podem aumentar o custo dos materiais de construção nos Estados Unidos, e seu plano de deportar imigrantes ilegais pode causar sérios problemas para a indústria da construção, informou o The Wall Street Journal (WSJ) nesta terça-feira.
Cerca de 7,3% dos materiais de construção residencial nos Estados Unidos são importados, de acordo com a National Association of Home Builders (NAHB). Madeira macia, usada para estruturar edifícios, geralmente vem do Canadá, que atualmente tem uma tarifa de 14,54%.
Os Estados Unidos também são o maior importador mundial de ferro e aço, materiais essenciais para habitação. Cerca de um quarto dos US$ 43 bilhões em ferro e aço importados do país vieram do Canadá em 2022, de acordo com o Observatório de Complexidade Econômica.
Outra importação importante de construtoras do México e do Canadá é cimento. Os Estados Unidos importaram US$ 512 milhões em cimento do Canadá e US$ 254 milhões do México em 2022. O gesso, que é usado para fazer drywall, também é importado de ambos os países e já aumentou quase 50% no preço desde 2020, disse a NAHB.
Enquanto isso, no Texas, Califórnia, Nova Jersey e no Distrito de Columbia, os imigrantes representam mais da metade dos trabalhadores do setor de construção, de acordo com o Harvard Joint Center for Housing Studies. Trabalhadores sem documentos representam cerca de 13% da indústria da construção, mais do que o dobro da participação na força de trabalho geral, de acordo com uma estimativa recente do Pew Research Center.
“Os construtores de casas já estão começando a se preparar para deportação e políticas comerciais. Lobistas da indústria alertaram a equipe de transição de Trump que as políticas podem ter um efeito assustador sobre os construtores e o mercado em geral”, observou o relatório.
O presidente eleito Donald Trump vem fazendo uma série de ameaças. Nesta segunda-feira, falou em impor tarifas de 100% aos países que integram os Brics caso estes insistam na desdolarização, adotando trocas comerciais e financeiras em moedas próprias. A ameaça, contudo, foi vista com descrédito pela China e pela Rússia, assim como por analistas brasileiros.
Globo Online - RJ 04/12/2024
Em meio ao esgotamento dos recursos da poupança, a Caixa lançou nesta segunda-feira uma nova linha de crédito habitacional para financiar imóveis que custam acima de R$ 1,5 milhão, com juros mais altos do que os financiamentos com recursos da poupança.
Segundo a Caixa, os juros aplicados ao financiamento começam em 114% do CDI, título bancário que segue a variação da Taxa Selic, e não será possível usar recursos do FGTS.
Essa é mais uma alternativa criada pelo banco aos empréstimos imobiliários por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Nessa modalidade, os bancos usam parte dos depósitos da poupança, com remuneração mais barata que a Taxa Selic, para conceder crédito imobiliário com juros mais vantajosos.
Esse modelo, porém, vem dando sinais de esgotamento devido ao deslocamento dos investimentos da população para outras opções mais rentáveis que a caderneta. Desde novembro, a Caixa não financia mais imóveis acima de R$ 1,5 milhão via SPBE.
Como mostrou o GLOBO, o banco já havia criado em outubro uma nova linha de financiamento com recursos livres e indexação ao CDI para as construtoras . Agora, é a vez das pessoas físicas. Isso ocorre também depois de o banco endurecer as regras de acesso ao SBPE para as famílias, com o aumento do valor mínimo de entrada e restrição a um financiamento ativo no banco.
A nova linha para PF vai usar recursos livres do banco, ou seja, sem o direcionamento obrigatório da poupança. A taxa de juros anual será composta por percentual da média diária do índice e partirá de 114% do CDI, variando de acordo com o prazo e relacionamento com o banco. O cliente terá como opção o sistema de amortização SAC, com entrada mínima de 30%.
Além de atender quem quer comprar imóveis acima de R$ 1,5 milhão, a novidade também é destinada a quem já tem um financiamento ativo com a Caixa. O prazo de pagamento será de até 360 meses e as condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados. Mas será inicialmente destinada ao financiamento de imóveis prontos.
“Com mais essa opção, a CAIXA exerce papel fundamental na ampliação das fontes de recursos para o crédito imobiliário, colaborando com a diversificação das possibilidades de financiamento por meio de recursos livres do banco", ressalta, em nota, o presidente da CAIXA, Carlos Vieira.
Até setembro, as concessões de crédito habitacional com recursos da poupança somaram R$ 65,6 bilhões, conforme o balanço da Caixa do terceiro trimestre, de um orçamento total para 2024 de cerca de R$ 72 bilhões. Ou seja, sobraram em torno de R$ 6 bilhões para o período de outubro a dezembro.
Exame - SP 04/12/2024
O governo de São Paulo anunciou nesta terça-feira, 3, o edital do projeto Alto Tietê, a respeito da concessão no formato de parceria público-privada (PPP) que inclui os trens das Linhas 11-Coral, 12-Safira, 13-Jade e o Expresso Aeroporto de trens metropolitanos, atualmente operadas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Segundo a nota do governo estadual, a concessão irá beneficiar 4,6 milhões de habitantes da zona leste de São Paulo, além de Guarulhos, Ferraz de Vasconcellos, Poá, Suzano, Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes. O leilão está marcado para 2025.
A concessão das linhas faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e prevê investimentos de R$ 13,9 bilhões no prazo de 25 anos. O projeto prevê a construção de dez novas estações para atender a população, sendo oito pela concessionária e duas pelo Metrô (estações Penha e Gabriela Mistral), além da reconstrução e ampliação de outras sete e a reforma das demais estações existentes.
Atualmente, as três linhas somam 102 quilômetros de extensão, com 29 estações em operação. Com a concessão, haverá a ampliação de 22,6 km nas três linhas, recuperação e modernização da rede aérea, da via permanente e do sistema de sinalização e a aquisição de novos equipamentos e reformas necessárias para operação dos trens. A demanda estimada em 2050, segundo os estudos, é de 1,3 milhão passageiros/dia.
Expansões nas linhas
A Linha 11-Coral terá expansões em seus dois sentidos: no Centro da cidade de São Paulo, será estendida da Estação da Luz até a Estação Palmeiras-Barra Funda e, em Mogi das Cruzes, será prolongada em mais quatro quilômetros, da Estação Estudantes até a Estação César de Sousa.
Investimentos Totais: R$ 5,4 bilhões Expansão até a Estação Palmeiras Barra-Funda e até a Estação César de Sousa 4 estações novas: Bom Retiro, Lajeado, César de Sousa e Penha 3 estações reconstruídas: Jundiapeba, Mogi das Cruzes e Estudantes 3 estações ampliadas: Brás, Guaianases e Braz Cubas 11 estações reformadas: Palmeiras-Barra Funda, Luz, Tatuapé, Corinthians-Itaquera, Dom Bosco, José Bonifácio, Antônio Gianetti Neto, Ferraz de Vasconcelos, Poá, Calmon Viana e Suzano Eliminação de todas as passagens em nível existentes na Linha 11-Coral e substituição por outros meios de transposição em desnível (passarelas, viadutos rodoviários ou passagens inferiores) Viagens a cada 3 minutos, entre Barra Funda e Suzano Viagens a 6 minutos, entre Suzano e Cezar de Souza
A Linha 12-Safira terá extensão entre a Estação Calmon Viana e a Estação Suzano, com cerca de 3 km de novos trilhos e nova integração com Linha 11. Também ganhará nova integração com a Linha 13-Jade nas futuras estações Cangaíba e Gabriela Mistral.
Investimentos totais: R$ 3,2 bilhões Extensão da Estação Calmon Viana até a Estação Suzano, com nova integração com a Linha 11 2 estações novas: Cangaíba e Gabriela Mistral, com integração com a Linha 13 1 estação reconstruída: Itaquaquecetuba 6 estações reformadas: USP Leste, Comendador Ermelino, São Miguel Paulista, Jardim Helena/Vila Mara, Itaim Paulista e Jardim Romano Viagens a cada 3,25 minutos até Itaquaquecetuba Viagens a cada 6,5 minutos até Suzano
A Linha 13-Jade também terá expansão em seus dois sentidos: no sentido Guarulhos, será estendida da Estação Aeroporto-Guarulhos até a região de Bonsucesso, com quatro novas estações e 10,4 km de novos trilhos. Já no sentido São Paulo, será estendida até a Estação Gabriela Mistral, com duas novas estações e 5,2 km de extensão.
Investimentos totais Linha 13-Jade e Serviço Expresso Aeroporto: R$ 3,3 bilhões Expansão até Bonsucesso, com 4 novas estações: Jardim dos Eucaliptos, São João, Presidente Dutra e Bonsucesso, em 10,4km de novos trechos. Expansão até Gabriela Mistral, com duas novas estações: Cangaíba e Gabriela Mistral, com 5,2 km de extensão. Novas integrações com a Linha 12-Safira (Cangaíba e Gabriela Mistral) e Linha 2-Verde do Metrô (Gabriela Mistral). 3 estações reformadas: Engenheiro Goulart, Guarulhos-CECAP, Aeroporto-Guarulhos Viagens a cada 10 minutos
O Serviço Expresso Aeroporto também terá melhorias, com a inclusão da Estação Gabriela Mistral e diminuição do intervalo entre os trens, com viagens a cada 60 min (vale) e 30 min (pico). O leilão do Lote Alto Tietê acontecerá no primeiro trimestre de 2025.
CNN Brasil - SP 04/12/2024
O governo Lula lançou na última semana a maior carteira de leilões de terminais portuários da história do Brasil — com 55 projetos entre concessões e arrendamentos e previsão de R$ 20 bilhões em investimentos até 2026 —, e agora o desafio é encontrar parceiros privados para tirar os projetos do papel.
Pela complexidade envolvida nos projetos desse segmento, a atratividade dos ativos leiloados e o sucesso da carteira vão depender do “dedo” da gestão federal.
Essa é a avaliação do último relatório iRadarPP, elaborado pela consultoria Radar PPP e antecipado todo mês pela CNN.
Em um levantamento inédito, a consultoria identificou 42 editais lançados no segmento entre 2020 e 2024, que resultaram em 25 contratos firmados (64%). A análise mostrou que 15 desses 25 contaram com apenas um licitante, enquanto os demais atraíram dois ou mais concorrentes.
A Radar PPP mostrou ainda que 41 empresas participaram como licitantes, seja individualmente ou em consórcio, e indica que esse nível de participação reflete um interesse relativamente baixo e menor concorrência em comparação a outros segmentos.
Sócio da Radar PPP, Frederico Ribeiro afirma que o Ministério de Portos e Aeroportos, ao reunir e divulgar esta carteira — por mais ousada que seja —, dá passo em direção à atratividade, por dimensionar ao mercado as possibilidades para parcerias. “Isso melhora a previsibilidade do mercado e gera engajamento”, disse.
“Mas é preciso avaliar com cuidado o momento de lançar os ativos e a capacidade do mercado de absorver estes projetos. Quando a gente olha para leilões passados e vê que não há tanta disputa em alguns dos casos, isso é mais um alerta para o governo”, completa Ribeiro.
Ao mencionar a relevância do “dedo” do governo federal para os projetos, o relatório aponta para os frutos gerados pela inclusão de projetos no Novo PAC e qualificação no âmbito do PPI. Em 2023, dos 7 projetos licitados, 3 atraíram dois licitantes e 1 contou com três participantes.
Ao lançar a carteira, o ministério apresentou ao setor privado, por exemplo, uma cartilha com opções de financiamento disponíveis. Entre as fontes de crédito estão o Fundo da Marinha Mercante (FMM), que deve destinar 30% para o segmento portuário. Também oferecem recursos do Fnac, Fundo Clima, entre outros.
Além de recursos e estruturação, deve ajudar na atratividade da carteira o aperfeiçoamento da regulação, na visão da Radar PPP. Uma das frentes para esta otimização é o Programa Navegue Simples, que teve seu decreto publicado em junho e visa a simplificar processos para autorizações, arrendamentos, concessões e aditivos contratuais.
“Não basta desenvolver os projetos, por melhor que eles sejam. Existe todo um arcabouço que cerca a execução destes contratos, que também precisam ser ‘pró-business’. E o governo também tem iniciativas nesta frente”, completa o sócio da Radar PPP.
Referências para PPPs de escolas
Também são destacados pelo iRadar de outubro os leilões dos projetos das “Novas Escolas – Lotes Leste e Oeste” em São Paulo, com investimento estimado em R$ 2,11 bilhões, para construção, manutenção e operação dos serviços não pedagógicos em 22 novas unidades de ensino fundamental II e médio.
Para a consultoria, os projetos podem ser transformadores para as PPPs de escolas no país, servindo como referências para o pipeline em desenvolvimento — que tem 17 iniciativas entre a modelagem iniciada e a consulta pública, além de dezenas de localidades habilitadas pela Caixa para estruturação de parceiras no setor.
“É um projeto que será referência. Entes subnacionais costumam ser tímidos no setor. E quando a gente vê um governo colocar de pé dois projetos grandes como este, num processo com atração de mercado, disputa, a gente mostra que existe um apetite do mercado privado por este tipo de projeto”, disse Ribeiro.
O documento da Radar PPP serve como indicador de avanços e retrocessos em mais de 5,4 mil projetos de concessões e parcerias público-privadas espalhados pelo país — da União, estados e municípios.
Valor - SP 04/12/2024
Será necessário triplicar o investimento anual em fontes renováveis até 2030 para alcançar a neutralidade climática
Quase dez anos depois do Acordo de Paris, a transição da matriz energética global de fóssil para renovável continua a passos lentos e em ritmo insuficiente para se alcançar o chamado “net zero” (emissões líquidas zero) até 2050. O investimento anual em capacidade renovável precisa triplicar até 2030, saindo do recorde de investimento de US$ 570 bilhões em 2023 para US$ 1,5 trilhão por ano, de acordo com o relatório de progresso das metas de energia estabelecidas em Dubai, lançado pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês) em parceria com a troika das COPs, formada pelas presidências das COPs de Dubai, Baku e Belém.
Segundo o relatório, as nações do G20, responsáveis por mais de 80% do consumo de energia do mundo, dependem de combustíveis fósseis para mais de 70% de sua energia primária. Apenas o Brasil se destaca com uma participação menor, em torno de 50%. Apesar da constatação de que o mundo precisa se mover mais rápido na transição energética, a COP29 pouco acrescentou ao que havia sido acordado na COP28, quando se chegou ao texto histórico que reconheceu a necessidade da substituição gradual dos fósseis.
A conferência de Baku começou com um choque de realidade: o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, se referiu ao petróleo e ao gás natural como “presentes de Deus”, posto que 48% do produto interno bruto (PIB) do país é gerado a partir da produção de combustíveis fósseis. Nos corredores do Estádio Olímpico de Baku, preparado para receber as delegações, a forte presença de mais de 1.700 lobistas do setor de petróleo também foi alvo de protestos de organizações da sociedade civil.
“O documento final da COP29 frustrou quem esperava um avanço na menção aos combustíveis fósseis, assim como a meta de financiamento global, que ficou aquém do necessário para se fazer a transição”, diz Yuri Rugai Marinho, CEO da Eccon, consultoria da área de soluções ambientais e mercado de carbono.
É consenso entre especialistas que, se depender dos processos da Convenção do Clima da ONU (que exigem consenso entre os 195 países signatários), as decisões sobre a substituição dos combustíveis fósseis virão de forma lenta, aquém do ritmo necessário para evitar que a temperatura média global tenha uma alta acima de 1,5 ºC, objetivo primordial do Acordo de Paris. Vários fatores travam o abandono gradual da energia fóssil, o chamado “phaseout”. Entre eles, a dependência da maior parte dos países dessas fontes, o consumo crescente - a Agência Internacional de Energia projeta uma demanda de 103,8 milhões de barris por dia em 2025 - e a pujança econômica do setor, que movimentou cerca de US$ 3 trilhões em 2023, equivalente a 3% do PIB global.
“O ‘phaseout’ do petróleo, como se colocou em Dubai, não vai acontecer. Mas o mundo vai demandar um petróleo descarbonizado, com menor intensidade de carbono, e nisso o Brasil é competitivo”, diz Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). Segundo ele, hoje existem campos no país que produzem petróleo com uma pegada de carbono de 6 kg de CO2 por barril, enquanto a média mundial é de 25 Kg CO2 /barril; alguns países, como o Canadá, ultrapassam valores de emissão de 50 kg CO2 /barril.
O mundo vai demandar petróleo descarbonizado, com menor intensidade de carbono, e nisso o Brasil é competitivo”
— Roberto Ardenghy
De olho nessa demanda internacional, o Brasil almeja saltar do atual posto de oitavo maior produtor mundial de petróleo para o quinto em 2030. Para o setor de óleo e gás, isso não será impeditivo para que o país invista na transição energética. Segundo Ardenghy, as principais agendas de descarbonização passam por diversificação dos investimentos em fontes renováveis, com a aposta em novos produtos, como os SAFs (combustíveis sustentáveis de aviação, na sigla em inglês) e diesel renovável, tecnologias que reduzem as emissões na extração do petróleo, captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) e a compensação por meio da compra créditos de carbono. “O setor de óleo e gás reconhece seu papel histórico nas emissões de gases de efeito estufa, não negamos a ciência. Mas sem um alto investimento em tecnologia, é impossível fazer a transição”, afirma Ardenghy.
O crescente custo dos eventos climáticos extremos associados às mudanças climáticas, porém, é um dos fatores que podem acelerar a transição energética. Projeções apontam para um impacto desses eventos de 18% no PIB global, ou seja, de mais de US$ 20 trilhões em 2040. Assim, o investimento necessário anual de US$ 1,5 trilhão na transição, como estima a Irena, se torna efetivo para evitar os piores cenários.
“O custo dos extremos climáticos já começa a doer no bolso dos países e das empresas. As forças para fazer a transição acontecer começam a se equilibrar com as forças de reação”, ressalta Ricardo Assumpção, sócio líder de sustentabilidade para a América Latina da consultoria EY. Entre os principais desafios estão a substituição das infraestruturas existentes baseadas em combustíveis fósseis - refinarias, oleodutos, postos de combustíveis - e a perda de empregos associados a essas atividades.
“A transição energética passa por equilibrar a perda de empregos e de receitas dos combustíveis fósseis com os novos investimentos que precisarão ser feitos”, afirma. Um exemplo pode vir da China, que atingiu um novo marco em 2023, com 85% de sua nova capacidade de geração de energia proveniente de energias renováveis.
Petro Notícias - SP 04/12/2024
Com a recente inclusão de novos blocos, chegou a 14 o número de áreas do pré-sal que podem ser leiloadas em futuros ciclos da Oferta Permanente de Partilha de Produção. Como noticiamos, o Ministério de Minas e Energia e o Ministério do Meio Ambiente assinaram uma manifestação conjunta, que resultou na inclusão de 91 novos blocos de petróleo localizados no polígono do pré-sal e nas Bacias de São Francisco e Potiguar. Especificamente no pré-sal, os blocos disponíveis agora são: Citrino, Larimar, Ônix, Itaimbezinho, Esmeralda, Jade, Turmalina e Jaspe, na Bacia de Campos; e Safira Oeste, Safira Leste, Amazonita, Ágata, Mogno e Ametista, na Bacia de Santos.
Todos os 14 blocos constantes da minuta do edital da Oferta Permanente de Partilha possuem manifestações conjuntas válidas e, portanto, encontram-se aptos a serem ofertados em um ciclo futuro. A minuta de edital encontra-se, atualmente, em processo de consulta pública. As sugestões para a consulta podem ser enviadas até amanhã (4) e a audiência pública sobre o tema será realizada no dia 11 de dezembro.
De acordo com as informações encaminhadas pela Superintendência de Avaliação Geológica e Econômica da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – SAG/ANP, na Bacia de Campos, os blocos Turmalina, Citrino, Larimar, Ônix e Itaimbezinho são classificados como Nova Fronteira exploratória, enquanto o bloco Jaspe é considerado de Elevado Potencial.
Os blocos Citrino, Larimar e Ônix têm oportunidades no play Pré-sal, mas o “fechamento” das oportunidades mais relevantes é estratigráfico ou misto, representando uma fronteira exploratória não testada no play Pré-sal. O bloco Itaimbezinho tem apenas um prospecto com volume reduzido no play Pré-sal, com seu prospecto principal composto por complexos de canais Paleocênicos no Pós-sal.
Apenas o bloco Jaspe foi considerado como de Elevado Potencial, por possuir um prospecto bem definido no play Pré-sal tradicional com propensão à acumulação de hidrocarbonetos líquidos.
Na Bacia de Santos, o bloco Ágata foi considerado como Elevado Potencial por possuir pelo menos um prospecto bem definido, no modelo tradicional do play Pré-sal, com propensão à acumulação de hidrocarbonetos líquidos de porte típico para a realidade atual desse play. Ainda assim, as estruturas mapeadas nesse bloco têm riscos de ocorrência de CO2 por estarem no mesmo trend do prospecto Júpiter e outras acumulações com elevados níveis de contaminação por COâ‚‚.
O bloco Amazonita foi considerado como Nova Fronteira devido às incertezas significativas de selo e de tipo de fluido do prospecto Amazonita, especialmente à luz dos resultados do prospecto Uirapuru vizinho a essa estrutura.
Os blocos Safira Leste e Safira Oeste foram considerados como Nova Fronteira por serem prospectos acumulados de gás helado (riscos de desenvolvimento econômico elevado) e pelo risco de selo devido aos afinamentos de calcários e possíveis jaspeficados.
O bloco Ametista foi considerado como Nova Fronteira por estar numa posição inexplorada e distal da bacia, sendo o único prospecto Ametista uma estrutura com tratos de Carbonatos do Albiano da Bacia de Santos.
Apesar de apresentarem prospectos no play Pré-sal tradicional, o bloco Mogno se localiza numa porção próxima à borda da plataforma da Bacia de Santos. Essa região carece de dados de poços relevantes para entendimento de sucessões geológicas das estruturas mapeadas.
TN Petróleo - RJ 04/12/2024
A ANP divulgou hoje (3/12) o Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural de outubro de 2024, que traz os dados consolidados da produção nacional. A produção total (petróleo + gás natural) foi de 4,268 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d).
Com relação ao petróleo, foram extraídos 3,268 milhões de barris por dia (bbl/d), uma redução de 5,8% na comparação com o mês anterior e de 7,8% em relação ao mesmo mês de 2023.
A produção de gás natural em outubro foi de 158,86 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d). Houve queda de 6,5% frente a setembro de 2024 e aumento de 4,2% na comparação com outubro de 2023.
A redução na produção explica-se principalmente pelo pré-sal, com variações nas produções de Tupi e Búzios. Houve duas paradas programadas superiores a 15 dias em 2 FPSOs do Campo de Búzios, assim como paradas menores em Tupi.
A principal causa para a queda na produção foram paradas programadas em plataformas dos Campos de Búzios e de Tupi.
Pré-sal
A produção total (petróleo + gás natural) no pré-sal, em outubro, foi de 3,346 milhões de boe/d e correspondeu a 78,4% da produção brasileira. Esse número representa uma redução de 9,1% em relação ao mês anterior e de 2,7% na comparação com o mesmo mês de 2023.
Foram produzidos 2,599 milhões de bbl/d de petróleo e 118,84 milhões de m³/d de gás natural por meio de 153 poços.
Aproveitamento do gás natural
Em outubro, o aproveitamento de gás natural foi de 97,8%. Foram disponibilizados ao mercado 56,10 milhões de m³/d e a queima foi de 3,58 milhões de m³/d. Houve redução de 1,4% na queima, em relação ao mês anterior, e de 4,1% na comparação com outubro de 2023.
Origem da produção
No mês, os campos marítimos produziram 97,4% do petróleo e 82,6% do gás natural. Os campos operados pela Petrobras, sozinha ou em consórcio com outras empresas, foram responsáveis por 88,27% do total produzido. A produção teve origem em 6.462 poços, sendo 514 marítimos e 5.948 terrestres.
Campos e instalações
No mês de outubro, o campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor, registrando 770,79 mil bbl/d de petróleo e 39,05 milhões de m³/d de gás natural. Já a instalação com maior produção foi a FPSO Guanabara, na jazida compartilhada de Mero, com 181.886 bbl/d de petróleo e 11,87 milhões de m³/d de gás.
Sobre o Boletim da Produção de Petróleo e Gás - Além da publicação tradicional em .pdf, é possível consultar os dados do boletim de forma interativa utilizando a tecnologia de Business Intelligence (BI). A ferramenta permite que o usuário altere o mês de referência para o qual deseja a informação, além de diferentes seleções de períodos para consulta e filtros específicos para campos, estados e bacias.
Variações na produção são esperadas e podem ocorrer devido a fatores como paradas programadas de unidades de produção em função de manutenção, entrada em operação de poços, parada de poços para manutenção ou limpeza, início de comissionamento de novas unidades de produção, dentre outros. Tais ações são típicas da produção de petróleo e gás natural e buscam a operação estável e contínua, bem como o aumento da produção ao longo do tempo.
Valor - SP 04/12/2024
O adiamento é a principal proposta das negociações e, até agora, não atraiu nenhuma oposição, segundo fontes
A OPEP+ está progredindo em direção a um acordo para adiar a retomada da produção de petróleo por mais três meses, disseram representantes da organização.
Na última semana, o grupo manteve discussões sobre o adiamento de uma sequência de aumentos de oferta, que deve começar com um acréscimo inicial de 180 mil barris por dia em janeiro. Um excesso de oferta iminente está pesando sobre os preços do petróleo bruto.
Um adiamento de três meses é a principal proposta destas negociações e, até agora, não atraiu nenhuma oposição, disseram os delegados do grupo, que pediram anonimato porque as discussões são privadas. A aliança deve finalizar seus planos em uma reunião online na quinta-feira.
Houve uma intensa movimentação de diplomacia itinerante na preparação para o encontro, com o ministro da Energia da Arábia Saudita, Príncipe Abdulaziz bin Salman, e o vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak, e os líderes de fato da aliança viajando na semana passada para o Iraque e o Cazaquistão.
Bagdá, Moscou e Astana têm se arrastado para cumprir as restrições de fornecimento, e um dos focos das negociações pré-reunião tem sido a necessidade de melhorar a conformidade e fazer cortes adicionais como compensação pelo excesso de produção.
Em junho, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros anunciaram um plano para reativar 2,2 milhões de barris por dia de produção interrompida em incrementos mensais. O grupo vem retendo a produção desde 2022 em uma tentativa de evitar um superávit e defender os preços.
No entanto, o grupo foi forçado a adiar o reinício duas vezes, pois o crescimento vacilante da demanda na China e o aumento da oferta nas Américas pesam sobre os preços do petróleo bruto. Os futuros do Brent recuaram 17% desde o início de julho, sendo negociados perto de US$ 73 por barril em Londres.
Mesmo que a OPEP+ adie os aumentos planejados para o primeiro trimestre, sua produção de petróleo ainda deve crescer. Os Emirados Árabes Unidos receberam o direito de aumentar lentamente a produção em mais 300 mil barris por dia ao longo de 2025, em reconhecimento aos investimentos recentes em sua capacidade.
Autoridades do emirado afirmam que este aumento está protegido de quaisquer negociações no final desta semana sobre se devem prosseguir com o aumento de oferta em janeiro, embora um delegado de outro país membro tenha dito que isso pode estar em debate.
No domingo, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, encontrou-se com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Mohammed bin Zayed, na cidade de Al Ain.
O Cazaquistão também pode representar um desafio no próximo ano, à medida que avança com uma grande expansão do campo de petróleo de Tengiz. Os barris extras podem testar ainda mais a capacidade da OPEP+ de manter os mercados mundiais em equilíbrio.
O Estado de S.Paulo - SP 04/12/2024
A Petrobras precisa ser “a maior possível” para garantir seu futuro a longo prazo, afirmou a CEO da empresa estatal, Magda Chambriard, em entrevista ao jornal britânico Financial Times. “Quando pensamos em que empresa queremos ser em 2050, dizemos ‘a maior possível’ e crescendo pelo menos na mesma taxa que o Brasil”, disse Magda.
Magda destacou a necessidade de expandir as operações e diversificar investimentos em áreas como bioenergia, fertilizantes e exploração offshore (em alto mar). A gestão de Magda aumentou o orçamento de investimento de capital de cinco anos da Petrobras em 9%, para US$ 111 bilhões. Ela afirmou na entrevista que é uma medida necessária para a “sobrevivência e longevidade” do grupo. “Cresceremos no petróleo e geraremos energia adicional, incluindo fontes renováveis”, disse.
A presidente busca transformar a Petrobras em um grupo mais diversificado e com foco na transição energética. As iniciativas de baixo carbono tiveram este ano um aumento de 40%, para US$ 16,3 bilhões. Já o segmento que inclui refino, petroquímicos e fertilizantes teve seu orçamento ampliado em 17%, para quase US$ 20 bilhões.
“Vemos uma grande empresa verticalmente integrada, operando em vários segmentos e contribuindo para uma transição energética justa”, disse ela, acrescentando que a empresa precisa estar “completamente integrada à sociedade em todos os seus aspectos, porque é isso que garantirá sua longevidade.”
Entre as prioridades está reabastecer as reservas de petróleo da empresa, uma vez que a produção de petróleo deve atingir o pico no final da década e depois cair. A Petrobras planeja atingir uma produção total de 3,2 milhões de barris de petróleo e gás equivalente por dia até 2028, ante 2,7 milhões no terceiro trimestre de 2024. Magda afirmou ao jornal que focar apenas em petróleo e gás levaria a empresa a “certamente declinar”, destacando a relevância da diversificação.
Valor - SP 04/12/2024
Programa visa criar estímulos para a ampliação da concorrência no setor
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, encaminhou nesta terça-feira um ofício ao diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Rodolfo Saboia, cobrando da autarquia a regulamentação do Programa de Desconcentração Regulada do Mercado de Gás Natural, mais conhecido no mercado como “Gas Release”.
Como sugere o nome, o objetivo do programa é criar estímulos para a ampliação da concorrência no setor, hoje dominado pela Petrobras. Isso aconteceria, por exemplo, por meio da limitação da atuação da estatal na comercialização do combustível, ficando vedada a venda de gás produzido por terceiros, como ocorre hoje.
Silveira tenta resolver a questão via a ANP para evitar um provável revés no Congresso. A regulamentação do Gas Release foi incluída no projeto de lei do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), em tramitação no Senado. O relator, Laércio Oliveira (PP-SE), busca apoio político para aprovação.
Mesmo que os senadores aprovem, o texto teria que voltar para a Câmara dos Deputados, onde a chance de aprovação também é pequena. Neste cenário, a regulamentação por meio da ANP, como previsto na Lei do Gás (14.134/21), seria uma alternativa para destravar a matéria.
Apesar da atribuição legal, a ANP ainda não tirou o Gas Release do papel. Em 2022, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabeleceu um prazo de 180 dias para a agência apresentar um diagnóstico e uma proposta para a implementação do programa.
O estudo, apresentado em 2023, destaca alguns avanços, como a ampliação do acesso à malha de transportes, mas admite que a meta de desconcentrar o mercado avançou pouco. “Os ganhos obtidos a partir do início desse processo de abertura ainda representam uma redução pequena, se não marginal, da participação de mercado do agente incumbente”, diz o documento, referindo-se à Petrobras.
A nota técnica sugeriu ainda que o tema fosse introduzido na “agenda regulatória” da ANP, o que foi feito. Em seguida, no entanto, o cronograma de implementação das ações foi suspenso pela diretoria da agência.
Procurada, a ANP informou que vem adotando diversas medidas visando a maior competitividade no mercado de gás natural e que o tema do gas release “está previsto na agenda regulatória da Agência”.
Diante do impasse, Siqueira criticou a demora no tratamento da matéria. Desde o início da sua gestão na pasta, o ministro tem defendido políticas que derrubem o preço do gás natural, o que esteve no centro de algumas disputas, entre elas com o ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates.
“Tal iniciava é significavamente relevante, de modo que é essencial, também na avaliação desta Pasta, que a ANP, dentro as suas competências legais e regulamentares, conforme disposivos já citados, e respeitada sua autonomia e governança, avalie a possibilidade de tornar prioritária as ações para elaboração da proposta de programa de Gas Release”, diz ele no ofício.
Não é primeira vez que Silveira reclama da demora em deliberações das agências ligadas aos setores relacionados com a pasta. Em agosto, ele se queixou da “inércia” da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na homologação da nova governança da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e sinalizou uma eventual intervenção.
— Foto: Agência Brasil
Valor - SP 04/12/2024
Credores estão reunidos em um fundo de investimentos em participações, que passará a ser o acionista controlador da concessionária, que opera 415 quilômetros de estradas no interior de São Paulo
Após cerca de três anos, o plano de recuperação judicial da Rodovias do Tietê começou a ser implantado. Com isso, o controle da concessionária, hoje da Lineas International Holding e da Via Appia (da Starboard), será transferido para os debenturistas da companhia, principais credores no processo de reestruturação. A dívida de cerca de R$ 2 bilhões será paga por meio das ações da empresa.
Os credores estão reunidos em um FIP (fundo de investimentos em participações), que passará a ser o acionista controlador da Rodovias do Tietê, concessionária que opera 415 quilômetros de estradas no interior de São Paulo.
O plano da recuperação judicial, aprovado em setembro de 2021, foi oficialmente destravado há cerca de duas semanas, quando a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) autorizou a transferência do controle da concessionária ao FIP.
“O plano de recuperação judicial tinha condição suspensiva, só passaria a produzir efeitos se preenchida a condição de anuência prévia da Artesp para a troca do controle da concessionária”, afirma Leonardo Morato, sócio da LMorato Advogados, que assessorou a Rodovias do Tietê na reestruturação.
Agora, a empresa entra numa etapa de implementar o plano. Na última quinta-feira (28), a concessionária comunicou ao mercado que irá pagar os credores e solicitou os dados de pagamento até esta terça (3). “Nos próximos meses, o processo deve ser concluído”, diz Morato.
Ainda restam outros créditos a serem quitados pela Rodovias do Tietê, mas em valores muito inferiores. Um dos credores é a própria Artesp, mas, neste caso, o advogado afirma que a ideia é que os valores sejam pagos por meio de um processo de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato com a agência.
A recuperação judicial da Rodovias do Tietê foi protocolada no fim de 2019. Naquele momento, os sócios eram a Lineas e a AB Concessões (do Bertin e da italiana Atlantia), mas esta última foi vendida neste ano à Via Appia. Desde o início, a reestruturação da dívida foi considerada especialmente complexa devido ao perfil dos credores, extremamente pulverizados, com mais de 15 mil debenturistas pessoas físicas.