O Estado de S.Paulo - SP 04/11/2024
Em mais um dia de incertezas externas, pela eleição nos EUA e o ritmo da atividade por lá, e internas, pela falta de notícias concretas do ajuste fiscal em estudo pelo governo federal, o dólar bateu a máxima de R$ 5,86 na manhã desta sexta-feira, para depois atenuar a alta para a casa de R$ 5,82, por volta do meio-dia.
No ano, a valorização da moeda americana já chega a 20%, após fechar 2023 em R$ 4,85. O grande problema dessa forte alta em um curto espaço de tempo é o impacto que isso tem nas expectativas de inflação.
Segundo o economista Luis Otávio Leal, da G5 Partners, para cada 10% de alta da moeda americana, a estimativa é de que o IPCA aumente cerca de 0,4 ponto. Isso ajuda a entender por que o Banco Central tem tido dificuldade de “ancorar” as expectativas do mercado, ou seja, fazer com que os economistas projetem a inflação no centro da meta de 3% nos próximos anos.
Como nem toda a alta do dólar estava no radar dos especialistas, a expectativa é que, mantido o patamar atual, as projeções de inflação voltem a piorar nas próximas semanas. Leal alerta que o impacto no IPCA pode chegar a 1 ponto porcentual caso o dólar encoste em R$ 6,00.
“Considerando que há um ano o dólar estava perto de R$ 4,85, se for para R$ 6,00 é uma valorização de quase 25%, o que poderia impactar o IPCA em até 1 ponto”, explicou.
Na próxima semana, o Banco Central terá nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir a taxa Selic. Nesta sexta, o Itaú Unibanco divulgou relatório prevendo aceleração no aumento dos juros, que deve subir 0,5 ponto, contra 0,25 de alta na reunião anterior. Com isso, a Selic pode chegar a 11,25%, para subir novamente em dezembro e terminar o ano em 11,75%.
O Itaú cita outros fatores que têm pressionado a inflação, como o mercado de trabalho apertado, já que o desemprego está em nível historicamente baixo. Se por um lado há o efeito benéfico sobre o nível de atividade e a renda das famílias, por outro, significa menor estoque de mão de obra para trabalhar, com reflexos sobre a inflação de serviços.
“Diante de um cenário ainda desafiador, com taxa de câmbio em nível mais depreciado do que na reunião anterior, mercado de trabalho apertado, e núcleos de inflação e expectativas ainda acima da meta, as autoridades devem julgar apropriado este aumento do ritmo, avançando mais rapidamente em território contracionista. Neste contexto, a avaliação de um balanço de riscos assimétrico para cima também deve ser mantida”, afirmou o Itaú.
Em relação ao cenário externo, o governo brasileiro não tem qualquer controle, já que uma possível vitória de Donald Trump pode elevar a inflação nos EUA, o que forçará o Fed a manter os juros mais elevados. Isso tende a fortalecer o dólar globalmente.
Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode apoiar as medidas em estudo pela equipe econômica para cortar gastos e assim recuperar a confiança sobre a solvência das contas públicas. Esse é o caminho mais seguro para que a moeda brasileira volte a se valorizar e as expectativas de inflação retornam para a meta.
O Estado de S.Paulo - SP 04/11/2024
Retomo meu último artigo: a desaceleração da China é inevitável e terá grandes consequências na arena global e em nosso País. Vejam os leitores que há várias semanas o governo chinês vem soltando medidas para reativar os mercados, sem grande sucesso.
Outro indicador do ceticismo dos analistas, com o qual concordo e que reputo importante, é a fraqueza do mercado de petróleo. Mesmo com todo o pacote chinês, a cotação do Brent não descola dos US$ 70 por barril. A demanda por óleo vem sendo revisada para baixo e parece claro que, ante o mínimo sinal da possibilidade de um cessar-fogo no Oriente Médio, veremos os preços irem para a faixa dos US$ 65 – vale lembrar que a Arábia Saudita começará a bombar mais produto a partir de setembro. Não será a demanda chinesa que vai sustentar o mercado.
Mas, a meu ver, a acelerada queda da população e seu envelhecimento são o centro do problema. Os jovens não querem ou postergam os filhos porque têm idosos para sustentar e têm receio de não poder pagar os custos de uma boa educação, especialmente em um momento de alto desemprego dos recém-formados. A projetada queda de 200 milhões de pessoas até 2054 é sem precedentes num país onde a renda per capita ainda é baixa. O temor de ficar velho antes de ficar rico parece ter fundamento.
Com isso, o consumo interno tende a crescer mais lentamente, ao contrário do que acontece em outros países da Ásia, até porque parte dos investimentos estrangeiros antes canalizados à China agora busca Índia e outros destinos na região.
Ao mesmo tempo, a preocupação com segurança tem limitado a expansão de empresas inovadoras. As exportações também terão mais dificuldades de crescer porque, especialmente nos países ricos, uma ativa política de bloqueio de comércio está se desenvolvendo. Isso é particularmente visível no segmento de carros elétricos e de matérias-primas básicas.
Somando tudo, a economia chinesa irá desacelerar lentamente para a faixa de 4% ao ano. Por outro lado, a população americana seguirá crescendo: a ONU estima que, entre 2023 e 2050, passará de 343 milhões para 380 milhões de habitantes.
O consumo e o PIB vêm se expandindo de forma robusta e o progresso técnico tem sido impressionante.
Apostar que a China será a ganhadora na arena global, sobrepujando um “império decadente”, parece um lance excessivamente ousado. Melhor faria o Brasil cultivar relações amistosas e construtivas com todos os líderes globais.
Exame - SP 04/11/2024
Com poder de influenciar diretamente a atração de investimentos, decisões que envolvem a política monetária muitas vezes são um espelho da atmosfera que cerca o ambiente de negócios. No geral, um movimento de reduzir juros indica custos menores de acesso ao crédito. Na outra ponta, se o patamar permanece elevado, menor também é a disposição das empresas para exposição ao risco. Em relação a países emergentes, como o Brasil, variações podem ocorrer devido às suscetibilidades do cenário internacional.
A taxa cambial funciona como termômetro sobre o humor do mercado. Nesta sexta-feira, 1º, a moeda dos Estados Unidos foi a R$ 5,83, com investidores demonstrando ceticismo com o pacote de corte de gastos que a equipe econômica se propôs a implementar após as eleições municipais. Na próxima semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embarca para uma série de compromissos na Europa, o que reforça a impressão dos agentes financeiros de que não há pressa do governo em colocar em prática o plano de redução de despesas.
Corrida à Casa Branca
Nos EUA, as eleições previstas para terça-feira, 5, vão adiar em um dia a decisão do banco central do país, o Federal Reserve (FED), sobre os juros, que será anunciada apenas na quinta-feira, 7. Diferentemente do Brasil, em que agentes econômicos já precificam uma subida na taxa de juros, os analistas que acompanham a economia dos EUA preveem redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), após o governo anunciar que o número de vagas no mercado de trabalho em outubro ficou bem abaixo do esperado. A tendência, no entanto, é que a disputa entre Donald Trump e Kamala Harris monopolize o noticiário na próxima semana.
Aqui no Brasil, na penúltima reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve optar, na quarta-feira, 6, por manter a trajetória dos juros em alta, como forma de conter a pressão inflacionária. No encontro passado, o colegiado optou por subir, pela primeira vez desde agosto de 2022, a taxa básica de juros da economia (Selic). Agora, agentes econômicos esperam um aumento de 0,5 p.p. na Selic, que atualmente está em 10,75%, como medida necessária para frear a subida dos preços, ainda que Haddad tenha encarado com naturalidade o aumento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na última semana.
Veja - SP 04/11/2024
A economia brasileira está crescendo acima do esperado, e os dados da Pesquisa Industrial Mensal corroboram essa perspectiva. Segundo o IBGE, a produção industrial apresentou um crescimento de 1,1% em setembro na comparação com agosto, superando a expectativa de 1%. No trimestre, a expansão da indústria foi de 1,6%.
Segundo alguns dos economistas consultados por VEJA, a expansão industrial entra no conjunto de informações a serem analisadas pelo Comitê de Política Monetária, na decisão sobre juros na semana que vem, e pode reforçar o viés altista.
Na análise do comportamento da produção industrial, o economista Jason Vieira, diretor da Moneyou, considera em linha com a sazonalidade esperada. Ele destaca o crescimento de 4,2% da produção de bens de capital, que são usados para fabricar outros produtos, e a queda de 2,7% na produção de bens de consumo, aqueles comprados diretamente pelo consumidor. “Ou seja, existe ali um impacto, de alguma maneira, em algumas indústrias que podem estar se preparando para o fim do ano”, diz.
O dado, segundo ele, é mais um fator a ser levado em conta pelo Banco Central (BC) na decisão do Comitê de Política Monetária sobre os juros na semana que vem. “Com esses indicadores, o BC agora tem mais um trabalho para pensar em relação à atividade econômica depois de um mercado de trabalho bastante forte. Já tem dado suficiente para manter o ciclo de alta”, diz.
Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, vê um risco inflacionário nessa expansão da produção nos últimos 12 meses, da ordem de 2,6%. “É importante lembrar que a utilização da capacidade total da indústria aumentou significativamente no último ano. No entanto, os investimentos não acompanharam esse crescimento. Com o aumento da utilização da capacidade, a demanda tende a superar a oferta, o que pode pressionar a inflação”, explica.
O avanço de 1,6% no mês evidencia uma atividade econômica sólida, e Claudia Moreno, do C6 Bank, prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá considerar o recente resultado na sua próxima reunião. Ela destaca que, apesar da desaceleração, a economia brasileira continua resiliente e em expansão “O PIB está desacelerando em relação ao que estava crescendo ali no primeiro e segundo trimestre, que tiveram crescimentos fortes, mas ele está desacelerando, mas ainda está em expansão”, diz. A projeção do C6 Bank é de alta de 0,6% no PIB do trimestre.
A recente revisão do BC do hiato do produto para positivo indica que a economia está crescendo acima da sua capacidade de oferta, podendo gerar pressões inflacionárias, afirma a economista. “Quer dizer que a demanda está acima da capacidade de oferta do PIB. E, se isso continuar assim, isso pode gerar inflação.”
O aquecimento do mercado de trabalho, com o recuo da taxa de desemprego para 6,4% no terceiro trimestre, 0,5% ponto abaixo na comparação com a taxa de abril a junho, é mais um fato de pressão na inflação. Isso porque eleva, sobretudo, a inflação nos serviços, setor sensível às variações de emprego, já que é intensivo em mão de obra.
“Isso também vai compor o agregado de dados que o Banco Central vai olhar, vai provavelmente ver atividade ainda resiliente, ainda em expansão, com um mercado de trabalho ainda bastante aquecido”, prevê Claudia. A projeção do C6 Bank é de alta de 0,50 ponto percentual na semana que vem.
Na análise de Marcos Moreira, da assessoria de investimentos WMS Capital, a preocupação do BC se volta para a inflação de serviços, e o dado industrial, apesar de forte, vai exercer pouca influência na decisão do Copom, que, segundo as suas projeções, já seria dessa magnitude de 0,5 p.p.
“Nós continuamos com o cenário base de que o Banco Central brasileiro deve subir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, não apenas na reunião da próxima semana, mas também na reunião de dezembro”, diz.
O Estado de S.Paulo - SP 04/11/2024
Otimista com o pé no chão, como ele mesmo se define, o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, espera que a equipe econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva entregue um pacote de contenção dos gastos públicos que ajude a melhorar as expectativas do mercado para os juros e para a inflação, e evite um “cenário de estresse” em que o crescimento da dívida pública tornaria a política monetária ineficaz.
“O cenário de estresse, na nossa visão, é pouco provável, e seria de as entregas fiscais ficarem muito aquém do que o mercado espera, o câmbio andar, bater na inflação, e a política monetária ficar sem efeito. Aí o PIB seria muito menor”, afirmou em entrevista exclusiva à Coluna do Estadão/Broadcast. “Acho que eles vão entregar um bom pacote de gasto”, reforçou o presidente do segundo maior banco privado do País. “Acho que chegou a hora, estão dizendo e vão fazer. Tenho a expectativa de que se faça o suficiente.”
O executivo não arrisca um número “mágico” para o corte de gastos, mas avalia ser preciso tomar medidas em várias linhas. Na visão dele, por exemplo, há espaço para rever a política de reajuste do salário mínimo, que influencia os gastos da Previdência. Também considera necessário cuidado no debate sobre a isenção do imposto de renda para pessoas que ganhem até R$ 5 mil mensais.
Diante do aumento das despesas públicas, os agentes econômicos têm projetado um crescimento da dívida em relação ao PIB, o que pressiona as expectativas para os juros, o dólar e também a inflação.
Noronha ressalta que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está trabalhando para entregar o ajuste fiscal e não o vê isolado no governo. “Não acredito nisso (que Haddad esteja sozinho no governo). O presidente (Lula) disse que está dando todo o apoio para ele. Temos de ter expectativa positiva e dar esse voto de confiança.” Há duas semanas o presidente do Bradesco e CEOs de outros bancos privados no País tiveram reunião com Lula.
Marcelo Noronha mantém a confiança na independência do Banco Central e não espera uma guinada na política monetária com a chegada de Gabriel Galípolo à presidência da instituição. “Acho que nem o Galípolo e nem ninguém colocaria sua reputação em jogo errando na política monetária. Não perco sono com isso”, destacou.
O atual diretor de Política Monetária do BC foi indicado à presidência por Lula após o chefe do Executivo fazer uma série de críticas à condução dos juros pela gestão de Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro e que comanda o Banco Central até o dia 31 de dezembro. Esse fator ajudou a ampliar os temores do mercado de uma interferência nas decisões da autoridade monetária.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista:
Temos um cenário com indicadores econômicos de crise nos juros e no dólar. Por que estamos nessa situação, e que medidas o governo precisa adotar para resolver esse cenário?
A expectativa é de que o ministro Haddad entregue uma proposta de redução de gastos que poderia contemplar algumas despesas debaixo do arcabouço, diferentemente do que o mercado chegou a comentar, de que se poderia tirar algumas despesas do arcabouço. O que pega no mercado é a dívida sobre o PIB, que deve atingir 79,5% no final deste ano e poderia crescer para mais de 80% ao longo de 2025. O mercado não quer ver somente a arrecadação, mas também o gasto público contido. Fizemos uma visita ao presidente, com a Febraban e um conjunto de bancos, e o ministro Haddad estava lá. Ninguém foi lá para fazer reivindicação, mas para apoiar o ministro Haddad na política fiscal. Temos decisões políticas e decisões econômicas que têm de ser tomadas no âmbito governamental. Mudar o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil pode ter um custo muito grande para o poder público. O salário mínimo é importante para a sociedade, mas, se não me falha a memória, temos um dos maiores salários mínimos reais da história. Talvez seja o caso de continuar dando aumento real, mas ao redor de 0,5%. Há muitas formas de se conter o gasto público indo ao encontro do que deseja a sociedade, e o ministro Haddad tem essa consciência. O câmbio bate na inflação, e não está sujeito somente à questão interna. O outro lado da moeda é a economia real. Temos um nível de desemprego baixo para a história do Brasil, a renda real do trabalhador crescendo mais de 6% e o PIB crescendo 3% esse ano. Tem um Brasil funcionando, e que funciona diferente em cada região. Voltando à política fiscal, com esse desemprego, deveríamos crescer o seguro-desemprego? Havia um critério passado que funcionava, e agora temos de revê-lo.
Esses dados sugerem otimismo, mas o mercado reage com ansiedade. Mercado e governo enxergam mundos diferentes? O que há de crise real ou crise de expectativa?
A crise se torna real por expectativa. O mercado, não os bancos, mas outros agentes econômicos, cria expectativas diferentes por conta do endividamento público. Subir a taxa de juros eleva o custo da dívida pública e, portanto, a dívida pública sobe. Por isso, se espera que o governo entregue a contenção dos gastos públicos para vermos uma expectativa melhor. A economia real não está mal, mas também é uma ofensora para a política monetária, que tem de olhar para os núcleos de inflação.
O governo erra ao demorar para apresentar esse ajuste?
Não digo que erra, não tenho capacidade de avaliar o contexto político. Mas acho que chegou a hora, estão dizendo e vão fazer. Tenho a expectativa de que se faça o suficiente.
E nesse suficiente tem um número mágico, que vocês imaginam que acalmaria o mercado?
Não tenho esse número, mas acho que não é em uma linha, e sim em algumas. Colocar outras despesas debaixo do arcabouço é positivo não só para agora, mas também para médio e longo prazo.
Como isso pode mudar a expectativa que o banco tem para o crédito? Por que há essa divergência entre o mercado financeiro, que tem uma visão mais pessimista, e os bancos, que parecem ter uma visão menos pessimista ou até otimista?
Eu sou otimista com o pé no chão. Uma variável que fala de expectativa dos bancos é o crescimento do crédito que o Banco Central mostrou, de 9,9% (em setembro), crescendo mais na pessoa física. Estamos fazendo o dever de casa. Quando dizem que o cenário se deteriorou, eu digo que isso é etéreo. Com base no cenário deteriorado, qual o significado para o nosso setor e a nossa companhia? Estamos com modelos de crédito muito melhores, uma unidade de crédito tinindo, e vamos entregar cada vez mais resultado. Quando olho para a pessoa física, temos uma participação importante em todas as faixas de renda, e crescemos em modalidades como o consignado. Olhando para o horizonte, há um cenário base e um cenário de estresse. O cenário de estresse, na nossa visão, é pouco provável, e seria de as entregas fiscais ficarem muito aquém do que o mercado espera, o câmbio andar, bater na inflação, e a política monetária ficar sem efeito. Seria um cenário ruim. Já no cenário mais provável, a taxa de juros pode chegar a 12,5%, 13% ao ano. O PIB pode crescer 2%, e o nível de desemprego pode ficar em torno de 8%, o que para o Brasil, no histórico, é bom. Para o nosso setor é um cenário positivo. A renda real, que deve crescer 6,3% neste ano, pode crescer mais 2,5% no ano que vem. No Bradesco, não queremos entrar no crédito estressado, mas em linhas mais comedidas do crédito clean (sem garantia) para pessoa física, dependendo do rating, do relacionamento. Crescemos no crédito consignado e na alta renda. Nas empresas, com o tipo de portfólio que operamos, estamos tranquilos para enfrentar os dois cenários. Obviamente, tiramos o pé se o cenário se deteriorar.
Qual a expectativa de Selic que vocês têm para 2025? Existe algum temor de que com a mudança no Banco Central, haja menos independência?
Nenhum. Acho que nem o Galípolo e nem ninguém colocaria sua reputação em jogo errando na política monetária. E tem uma continuidade positiva, um time que continua na diretoria. Não perco sono com isso. A taxa de juros vai depender muito do câmbio, dos núcleos de inflação. Mas devemos continuar a ver a taxa crescendo na reunião do Copom no início do ano. A depender do horizonte, ela para em 12,5% ou 13%. Se a política fiscal estiver no lugar, o câmbio estiver comportado e o núcleo de inflação também, podemos ver queda de taxa de juros no segundo semestre do ano que vem, de volta a 11,75%.
Vocês acreditam no cumprimento, pelo governo, do resultado primário?
Temos de acreditar e estimulamos isso. Acho que eles vão entregar um bom pacote de gasto. Tenho ouvido o Haddad falar, e nessa reunião que fizemos ele foi muito enfático. O presidente disse que está dando todo o apoio para ele. Ninguém quer passar para a história com o carimbo de que não fez o dever de casa com o gasto público. Temos de ter expectativa positiva e dar esse voto de confiança.
Existe uma máxima no ambiente político, quando se trata de economia, que diz que, quando um ministro precisa que o presidente reforce em público que ele tem força e apoio, é porque ele está enfraquecido.
Não vejo dessa forma. Escutei dos outros colegas, CEOs de banco, todo mundo muito bem impressionado.
Haddad está sozinho na briga pelo ajuste?
Não acredito nisso, e ele está trabalhando para entregar. Tenho visto isso o tempo todo nas discussões com a Febraban. Tem coisa que se precisa aprovar no Executivo, e coisa que se precisa aprovar no Legislativo, e aí tem desafios políticos. Mas que tem gatilho e várias linhas que podem ser entregues para o equilíbrio fiscal, não tenho dúvida.
CNN Brasil - SP 04/11/2024
Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ocorre uma “forçação boba” para que o governo apresente ao Congresso um conjunto de medidas para corte de gastos.
A conduta do atual ministro tem sido questionada por parte do mercado. Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, Haddad foi hábil em aprovar a reforma tributária e alguns ajustes na arrecadação, mas o grande ajuste que ainda falta é nos gastos.
Para o economista, mesmo que Haddad sinalize querer lidar com o ajuste dos gastos, existe uma resistência do governo.
“Já se vão dois anos, é difícil imaginar que um grande ajuste fiscal vai acontecer ainda. Vai ser algum paliativo de corte de gastos para 2025, talvez na casa de R$ 50 bilhões, que levaria o déficit para 0,25% do PIB.”
Vale destacou ainda que, sob estas condições, só deve ocorrer um ajuste fiscal mais significativo em 2025.
“Até 2026 devemos ter uma alta de 12 pontos percentuais na dívida pública bruta. Sem nenhum cenário de crise, isso não se justifica”, apontou.
Para Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, a situação atual também não está favorável para a economia brasileira.
“Existem sinais claros de descontrole fiscal e a consequência já é totalmente percebida. Ela é ditada pelo mercado com títulos da dívida pública rondando os 13% e inflação a cerca de 7%”.
As medidas atuais, segundo Gubert, devem ter impacto generalizado. “O risco, o dólar e a inflação sobem. E, com isso, esse círculo vicioso deprime a economia brasileira”, avalia.
Infomoney - SP 04/11/2024
A atividade industrial dos Estados Unidos caiu para o nível mais baixo em 15 meses em outubro e as fábricas enfrentaram preços mais altos para os insumos.
O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou nesta sexta-feira que seu PMI do setor industrial caiu para 46,5 no mês passado, o nível mais baixo desde julho de 2023, de 47,2 em setembro. Uma leitura do PMI abaixo de 50 indica contração no setor manufatureiro, que responde por 10,3% da economia.
O declínio do PMI pode estar refletindo uma greve dos trabalhadores da fábrica da Boeing, que interrompeu a produção de seu campeão de vendas, o 737 MAX, bem como dos programas de fuselagem do 767 e 777. Os conflitos trabalhistas contribuíram para deprimir a produção industrial em setembro.
Outubro marcou o sétimo mês consecutivo em que o PMI permaneceu abaixo do patamar de 50, mas acima do nível de 42,5 que, segundo o ISM, ao longo do tempo geralmente indica uma expansão da economia em geral.
O subíndice de novos pedidos da pesquisa do ISM aumentou de 46,1 em setembro para 47,1 no mês passado. Porém, a produção contraiu ainda mais, provavelmente por causa da greve da Boeing, que teve efeitos em cascata sobre seus fornecedores. O índice de produção caiu de 49,8 em setembro para 46,2.
A medida da pesquisa dos preços pagos pelos fabricantes saltou de 48,3 em setembro para 54,8.
Infomoney - SP 04/11/2024
O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial do Brasil caiu a 52,9 pontos em outubro, de 53,2 pontos em setembro, segundo dados divulgados pela S&P Global nesta sexta-feira (1). Apesar da queda em relação ao mês anterior, a leitura é de um ritmo sólido de crescimento da indústria.
O crescimento da produção atingiu a maior alta em seis meses, impulsionado pela melhoria nas vendas internacionais.
Em relatório, Pollyanna de Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, disse que a retomada das vendas internacionais compensou uma desaceleração modesta na demanda interna. “Notavelmente, algumas empresas relataram que os custos crescentes dos fretes internacionais levaram as empresas sul-americanas a se abastecerem localmente, aumentando a competitividade regional”, detalha.
Além disso, ela destaca que o cenário positivo da demanda, atrelado a uma perspectiva otimista, estimulou as empresas a aumentarem os estoques em antecipação ao crescimento futuro das vendas. “Essa iniciativa de formação de estoques impactou positivamente diversos índices monitorados pela pesquisa, incluindo compra de insumos, emprego e produção, o que sugere uma trajetória econômica de curto prazo favorável”, pontua.
De acordo com a S&P, o movimento descendente no índice cheio refletiu principalmente um aumento mais lento de novos pedidos. Embora as empresas tenham indicado o décimo aumento consecutivo nas vendas totais, o ritmo de expansão diminuiu em relação ao mês anterior.
O aumento das vendas internacionais, porém, foi o destaque de outubro, com uma recuperação sólida e a mais acelerada desde novembro de 2020. As empresas notaram uma melhoria na demanda da África, do Japão e das Américas.
A S&P aponta que o aumento da produção em outubro foi sólido e o segundo em meses consecutivos. A taxa de expansão foi a mais alta desde abril e ficou bem acima da média de longo prazo da série. Em relação à inflação, os dados indicaram uma redução nas pressões sobre os custos e um aumento mais moderado nos preços de venda.
“Esse abrandamento poderia influenciar o Banco Central a manter as taxas de juros inalteradas, proporcionando um ambiente propício ao crescimento sustentado no setor industrial”, disse Lima.
Infomoney - SP 04/11/2024
A Vale (VALE3) continua sendo a principal escolha do Itaú BBA para o setor de mineração, logística, energia e siderurgia na América Latina, apesar dos desafios da área, por seu equilíbrio entre performance operacional e atratividade financeira. O banco manteve a recomendação de outperform (potencial de valorização maior do que outras ações comparáveis, equivalente à compra) para os papéis da mineradora, com preço-alvo de US$ 13 por ADR (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) para o final de 2025.
A atualização do modelo do BBA para a Vale incorpora os resultados do terceiro trimestre deste ano (3T24), assim como novas provisões financeiras relacionadas à Samarco. “Vemos um cenário positivo com o aumento da eficiência operacional da empresa, que vem acompanhada pela redução de passivos relevantes. A avaliação da Vale continua atrativa, com um múltiplo EV/Ebitda de cerca de 4,0 vezes para 2025 e uma previsão de retorno de fluxo de caixa livre (FCF) de 8-10%, excluindo despesas relacionadas a Brumadinho e Mariana”, afirma o relatório do banco.
O múltiplo EV/Ebitda é uma métrica financeira usada para avaliar o valor de uma empresa em relação à sua capacidade de geração de caixa operacional. Esse múltiplo compara o valor total da empresa, incluindo suas dívidas, com o Ebitda que representa o lucro operacional antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.
Com esses dados, os analistas estimam que o preço-alvo deve manter um potencial de alta de 21% até o final de 2025, além de oferecer um retorno total para o acionista (TSR) de 28%, incluindo um rendimento de dividendos projetado em 7%.
Impacto de preços e operações da Vale
Os estrategistas do BBA preveem uma queda nos preços do minério de ferro em 2025, estimando uma média de US$ 95 por tonelada, abaixo dos US$ 110 por tonelada registrados neste ano. Segundo eles, essa queda deve-se, em parte, ao aumento da oferta, com novos projetos entrando em operação, como Capanema e Vargem Grande, da própria Vale, além do projeto Onslow, da Mineral Resources. Outro fator de peso é a expectativa de queda na produção de aço na China, que deve ter uma retração de 3% em 2025, segundo a World Steel Association.
Apesar da perspectiva de preços mais baixos, o custo marginal de produção do minério de ferro se mantém alto, na faixa de US$ 90-95 por tonelada, o que tem ajudado a sustentar os preços em níveis estáveis. Além disso, os analistas dizem que as melhorias no controle de custos da Vale podem compensar parte desse impacto.
O banco observa que a mineradora registrou um custo C1 (custo de produção) de US$ 18,2 por tonelada em setembro, abaixo da média de US$ 22,9 registrada nos primeiros nove meses deste ano, e dentro do guidance (desempenho futuro) de US$ 21,5-23 por tonelada para o ano.
Previsão para o Ebitda e dividendos da Vale
Para 2025, o BBA projeta um Ebitda total de US$ 15,7 bilhões, 13% abaixo das estimativas anteriores. A justificativa que o banco dá para esse declínio é a queda nos preços do minério e por uma visão mais cautelosa em relação à divisão de metais básicos da empresa. No entanto, essa queda no Ebitda, segundo os analistas, será parcialmente compensada pela diminuição dos custos, impulsionada pela diluição de custos fixos.
Segundo os cálculos do banco, a Vale deve oferecer um retorno de fluxo de caixa livre de 8-10% entre 2025 e 2026, potencialmente traduzindo-se em um rendimento de dividendos nos mesmos níveis. A projeção considera a exclusão dos pagamentos relacionados às tragédias de Mariana e Brumadinho.
Valor - SP 04/11/2024
Marca holandesa especializada em pesados estreia nos segmentos vocacionais de mineração, construção e florestal
Gambrell: “Não há razão para as mulheres não estarem na indústria” — Foto: Divulgação
Ao sobrevoar a região de Minas Gerais, há dois meses, a presidente da DAF Caminhões no Brasil, Larisa Gambrell, ficou impressionada com o vigor da atividade de mineração na região. Há duas semanas, ela esteve em Balneário Camboriú (SC) e, novamente, se surpreendeu com a quantidade de construções civis. Os dois momentos serviram para a executiva ter certeza de que chegou a hora de a fabricante holandesa de caminhões pesados ampliar atuação e entrar nos segmentos de veículos para mineração, construção e florestal.
A nova linha de pesados vocacionais da marca holandesa será apresentada nesta segunda-feira em São Paulo, na abertura da Fenatran, maior feira de transportes da América Latina e um dos períodos mais importantes para a indústria de caminhões fechar negócios.
Quando comparada ao tempo em que concorrentes como Volkswagen, Volvo e Mercedes-Benz estão no Brasil - 28, 45 e 68 anos, respectivamente - a história da Daf no país é recente. A fábrica em Ponta Grossa (PR) foi inaugurada há 11 anos.
Mas a marca holandesa tem crescido mais do que o mercado. Suas vendas aumentaram 21,5% de janeiro a setembro, acima dos 15,3% do mercado de pesados. O resultado leva a empresa a planejar expansão. Em 2025, os prédios da linha de produção e administrativo serão ampliados e Gambrell já começa a planejar o segundo turno de produção se as vendas continuarem a crescer.
Em sua primeira entrevista a uma publicação brasileira desde que chegou ao país para assumir o novo cargo, em maio, Gambrell, primeira mulher na presidência de uma montadora de caminhões no Brasil, traz o conhecimento de 18 anos na Paccar, grupo americano que em 1996 adquiriu a DAF com o intuito de expandir a produção de caminhões em mercados que utilizam veículos com características europeias, como é o caso do Brasil.
A produção em Ponta Grossa - 46 caminhões por dia - é praticamente toda destinada ao mercado brasileiro. A exportação, limitada a Colômbia e Peru, ainda é tímida. Mas Gambrell está de olho no mercado externo. O Chile, por exemplo, surge com forte potencial em razão da vocação mineira. Hoje, quase todos os mercados sul-americanos são abastecidos por outras fábricas do grupo Paccar, instaladas em países como Estados Unidos, como Kenworth e Peterbilt.
“No futuro vamos colocar mais ênfase na exportação”, destaca Gambrell, sem fornecer detalhes.
A executiva conhece a região desde criança. Filha de pai equatoriano e mãe finlandesa, ela nasceu na Finlândia. Morou, ainda criança, na Suécia. Aos oito anos de idade, o pai, um empresário com negócios de exportação, achou que era o momento de a família viver as raízes do lado equatoriano.
Viveram no Equador até ela completar 18 anos e foi a partir das frequentes conversas da família sobre política e economia, à mesa do jantar, que a jovem decidiu estudar Economia. Embora a mãe, uma tradutora, tivesse se dado bem no Equador, chegara a hora de viver o outro lado da família, na Finlândia. Ali Gambrell iniciou o curso universitário que terminaria, posteriormente, em Seattle, onde foi morar depois de conhecer o americano com quem se casou.
Foi em Seattle que a executiva decidiu trocar o trabalho na área alfandegária por uma multinacional que oferecesse perspectiva de carreira mais sólida. “Queria aproveitar o conhecimento de vários idiomas”, diz a executiva que, além do finlandês, sueco, espanhol e inglês, também fala alemão.
Logo depois de a DAF anunciar o projeto de construção de uma fábrica no Brasil o setor entrou em crise depois de um período de crescimento “artificial”, provocado por antecipação de compras dos frotistas, que fugiam de uma nova legislação de emissões.
“O plano da Paccar era vir para o Brasil. É um negócio de longo prazo. Isso significa que você vai ter tempos difíceis num período e tempos ainda mais difíceis em outro. A crise nos deu a oportunidade de aprender sobre o mercado, sobre os desafios. Isso nos fez mais fortes a longo prazo. E é para o longo prazo que estamos aqui”, destaca Gambrell, cujo plano é alcançar, em 2025, crescimento de pelo menos 10%, três vezes mais do que o previsto para o mercado de pesados.
Segundo a executiva, a indústria de caminhões ainda é um “setor dominado por homens”. Mas há mudanças. “Quando entrei na Paccar, há 18 anos, só havia uma mulher em cargo de chefia, na área de Recursos Humanos”, afirma. Hoje, 40% dos cargos executivos da empresa são ocupados por mulheres.
No Brasil, 33% dos mil funcionários são mulheres. Elas ocupam 22% dos cargos de liderança. Gambrell não percebe estranheza de clientes, concessionários ou fornecedores quando se deparam com uma mulher no comando da empresa. “Eles só acham diferente”, diz. “Não há razão para mulheres não estarem na indústria. Há espaço para homens e para mulheres.”
O potencial brasileiro a empolga: “Basta dirigir numa estrada para ver como as rodovias estão cheias de caminhões.”
Gambrell elogia, também, a disposição do brasileiro em ajudar quem não sabe o idioma local. “Aqui ninguém perde a paciência com o estrangeiro”, disse ela ao marido quando ele e o cachorro do casal se preparavam para mudar para Ponta Grossa.
Na Europa, a DAF avança no desenvolvimento de veículos elétricos e movidos a hidrogênio. “Temos avaliado as novas tecnologias. Não acredito numa única alternativa”, diz. “No Brasil, a falta de infraestrutura torna a eletrificação mais desafiadora”, completa a executiva, que se diz atraída pelo uso de biocombustíveis. “Isso é algo muito novo para mim, mas parece um conceito bem interessante.”
Criada pelos irmãos Hub e Wim van Doorne em 1928, em Eindhoven, Holanda, a Doorne's Aanhangwagem Fabriek, ou fábrica de reboques Doornes, produzia implementos, como carrocerias. Em 1948, ao produzir seu primeiro chassi de caminhão, a companhia passou a se chamar DAF Trucks.
Tendo diversas grandes empresas brasileiras e multinacionais na vizinhança, a DAF ocupa uma vasta área de uma terreno que, antes da linha de produção de caminhões, abrigava, por coincidência, duas fazendas de famílias de imigrantes holandeses.
Um imenso e bem tratado gramado não é o único atrativo da fábrica em Ponta Grossa, cidade com 360 mil habitantes. Como em outras fábricas do grupo, a unidade paranaense tem a chamada “Daf House” - um pequeno hotel, dentro da fábrica, usado para hospedar os executivos que visitam a instalação.
Grambell não fornece detalhes sobre futuros investimentos no país. O mais recente, equivalente a cerca de R$ 350 milhões, abrange o período de 2021 a 2026. Como ela diz, a DAF cresce “por etapas”.
A repórter viajou a convite da DAF
Transporte Moderno - SP 04/11/2024
A Fenatran 2024, o maior evento de transporte de cargas da América Latina, começa nesta segunda-feira, 4 de novembro, com a expectativa de atrair 66 mil visitantes. A feira, que se estende até a próxima sexta-feira, 8, contará com a participação de 600 marcas, incluindo as principais montadoras de caminhões, que prometem ser as grandes estrelas do evento.
Com um mercado de caminhões em momento positivo, as montadoras esperam superar o volume de negócios da edição anterior, em 2022. O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, comentou ao portal Transporte Moderno que os visitantes encontrarão uma diversidade de soluções inovadoras. “Haverá veículos movidos a gás biometano disponíveis no mercado e um forte foco na eletrificação, com fabricantes apresentando inovações significativas. Também podemos esperar novidades em conectividade e telemetria, oferecendo ferramentas que ajudam os transportadores a otimizar o uso de veículos, especialmente os movidos a diesel, que continuam sendo essenciais para o transporte de cargas no Brasil.”
Os visitantes terão a chance de experimentar 18 modelos diferentes em test drives, incluindo veículos com motores a combustão, elétricos e a gás. Além disso, poderão participar de palestras e debates como o Rota Fenatran e o Fórum Transporte Sustentável (FTS), promovido pela OTM Editora.
Novidades da Ford: Transit e Ranger
A Ford apresenta na Fenatran novidades como a nova linha Transit e a picape Ranger com cabine simples. A Transit traz melhorias tecnológicas e um novo painel de instrumentos, visando aumentar a produtividade. Com diversas versões, a nova Transit estará disponível no primeiro semestre de 2025, com preço ainda não divulgado. A picape Ranger, com capacidade de carga de 1.200 quilos, ainda não tem data de lançamento, mas deve competir com modelos como Toyota Hilux e Chevrolet S10. No pós-venda, a Ford introduz um serviço móvel que oferece manutenção em um raio de 30 quilômetros, sem custos adicionais, começando no primeiro trimestre de 2025 em países como Brasil, Argentina, Chile e Colômbia.
(Divulgação: Ford) Iveco: Soluções multienergéticas
A Iveco está se preparando para lançar novos modelos de caminhões a gás (natural e biometano) e elétricos. No estande da marca, os visitantes poderão conferir inovações nas famílias Daily, Tector e e-Sway. A estratégia da Iveco busca consolidar a empresa como fornecedora de soluções “multienergéticas”. Essa abordagem foi destacada na IAA Transportation 2024, onde a fabricante apresentou uma gama diversificada de caminhões a diesel Euro 6, além de modelos movidos a HVO (diesel verde), gás, biometano e eletricidade. Marcio Querichelli, presidente da Iveco para a América Latina, ressaltou que a ampla gama de veículos menos poluentes é um grande trunfo na jornada de descarbonização no mercado brasileiro.
(Divulgação: Iveco) Mercedes-Benz: Accelo repaginado
A Mercedes-Benz apresenta a nova linha de caminhões Accelo 2025. Com 20 anos de presença no Brasil, os modelos leves e médios agora apresentam um design modernizado e melhorias técnicas significativas. A montadora visa expandir sua participação no segmento de caminhões leves e médios, especialmente na categoria de 11 toneladas, um novo nicho para a marca.
As versões Accelo 917, 117 e 1417 6×2 possuem capacidade de carga aumentada, agora com um novo motor de 163 cv. A expectativa de crescimento de 15% no mercado de caminhões em 2024, impulsionado por setores como agronegócio e construção civil, motiva a Mercedes a ampliar sua participação de vendas, incluindo atualizações para modelos Atego, Actros e Arocs, além de um possível caminhão elétrico leve.
(Divulgação: Mercedes-Benz) Scania: novo elétrico e expansão da linha de semipesados
A Scania está ampliando sua oferta no Brasil com o lançamento do caminhão elétrico 30 G 4×2, o primeiro cavalo mecânico elétrico da marca no país, com preço estimado em R$ 2,5 milhões. O diretor de vendas de soluções da Scania, Alex Nucci, afirmou que as inovações visam fortalecer a presença da empresa em nichos promissores.
Apesar de ter dobrado suas vendas de semipesados em um ano, a Scania busca aumentar sua participação nesse segmento. Novos motores de 7 litros foram introduzidos no caminhão P 280, disponível nas configurações 4×2 e 6×2, com potência de 280 cv. No segmento fora de estrada, será apresentado o caminhão vocacional P280 6×4 XT, ideal para aplicações que exigem betoneiras e guindastes.
(Divulgação: Scania) Volkswagen: Meteor renovado e novo Constellation
Desde o lançamento do Meteor, em setembro de 2020, a Volkswagen Caminhões e Ônibus tem ampliado sua participação no mercado de extrapesados, subindo de 5% para 12% em 2024. Para consolidar essa trajetória, a montadora apresentará inovações como o Meteor 28.480 6×2, agora com capacidade de tração de 58,5 toneladas e um retarder opcional, além do novo Constellation 4×2, com motor de 13 litros e 480 cv, destina-se a empresas que transportam cargas secas. A VWCO também melhorou o e-Delivery de 11 toneladas, reduzindo custos operacionais em até 10%. Desde 2021, a montadora vendeu 400 caminhões elétricos, com a meta de dobrar as vendas para cerca de 700 unidades até 2025, impulsionada por um novo motor elétrico que aumenta o torque em 7%.
(Divulgação: VWCO) Estreia de duas marcas chinesas
A TEVX Higer e a XCMG são as duas marcas chinesas de caminhões elétricos que estrearão na Fenatran 2024. Ambas apresentam novidades significativas e é a primeira vez que participam do evento. A TEVX Higer, que já comercializa ônibus elétricos no Brasil, trará modelos de caminhão e furgão de carga eletrificados, incluindo um caminhão pesado com PBT de 40 toneladas e furgões de 3,5 e 5 toneladas. Ambos são equipados com baterias CATL e motor DANA.
(Divulgação: XCMG)
Já a XCMG apresentará seu caminhão leve E3-10T, um modelo 100% elétrico com zero emissão de poluentes, além do primeiro caminhão médio elétrico da marca, o E7-18T, projetado para operações de transporte urbano.
Valor - SP 04/11/2024
Outras incorporadoras também registraram vendas maiores no período, apesar dos juros
O aumento de 239% no lucro líquido da EZTec no terceiro trimestre de 2024, na comparação anual, para R$ 132,6 milhões, é efeito de um maior volume de vendas e de vendas de lançamentos, segundo a incorporadora.
Esse crescimento de vendas, de 80%, acompanha a alta anual de 717% nos lançamentos, para R$ 694 milhões. Para o presidente da companhia, Silvio Ernesto Zarzur, o aumento é um “contrassenso” diante da atual taxa de juros e do movimento de aumento das taxas. Ele fez a afirmação em teleconferência com investidores, nesta sexta-feira (1º).
Outras incorporadoras também registraram vendas maiores no período, apesar dos juros. O presidente destacou, no entanto, que a empresa tem mantido uma política comercial “agressiva” e com aprovação de crédito “sem criar entrave desnecessário”, o que ajuda nas vendas.
Os resultados da EZTec foram muito bem recebidos pelo mercado. A empresa anunciou, após a divulgação do seu balanço na quinta-feira, dividendos extraordinários de R$ 150 milhões, que vão se somar aos R$ 31 milhões anunciados no trimestre.
Segundo Zarzur, a ideia é melhorar o ROE (retorno sobre patrimônio líquido, na sigla em inglês) da empresa, atualmente em 7,6%. O executivo afirmou que a EZTec tem um plano de longo prazo para atingir 20%, que já foi seu nível histórico.
No entanto, novas distribuições extraordinárias não estão garantidas. “O que está certo sobre dividendos são os 25% [do lucro], fora isso, vamos analisando conforme o período”, afirmou.
A empresa também espera uma geração de caixa maior em 2025, ante a queima de R$ 86,6 milhões no acumulado de 2024. Compras de terreno em menor volume devem contribuir para isso, de acordo com Zarzur. “Nosso banco de terrenos é suficiente para os próximos três anos, devemos ser bem criteriosos na compra e desembolsar menos dinheiro”, disse.
Em relação aos custos de obra, que já foi um problema para a EZTec nos últimos anos, subindo acima do índice de inflação da construção civil (INCC), a empresa relata que isso está sob controle.
A taxa de financiamento para obras, com bancos, também tem se mantido “nos mesmos patamares”, de acordo com Marcelo Ernesto Zarzur, vice-presidente e diretor comercial da empresa, ao menos para projetos previstos para até junho de 2025.
A preocupação, segundo Emilio Fugazza, diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, é com o cliente final, que pode ter mais dificuldade para se enquadrar no financiamento imobiliário e necessitar de financiamento direto da incorporadora.
A EZTec tem crescido sua carteira de alienação fiduciária, com esse propósito, que encerrou o terceiro trimestre em R$ 472 milhões.
Imóveis corporativos
O presidente da EZTec afirmou que a companhia deve concluir a primeira das duas torres do empreendimento Esther Towers até o fim de 2025, de forma especulativa, ou seja, mesmo que não haja locações já definidas. A empresa também quer entregar, ainda no primeiro semestre de 2025, seu outro projeto corporativo, o Air Brooklin.
Anteriormente, a estratégia da empresa era aguardar o fechamento de um contrato com locatário para só então finalizar as obras.
Segundo Zarzur, a mudança vem da percepção de melhora de demanda por escritórios na cidade. Os dois projetos, somados, possuem 101,5 mil metros quadrados de área bruta locável.
Lindenberg
A parceria com a construtora de luxo Lindenberg, iniciada em 2022, deve ganhar nova fase em breve. Na teleconferência, Zarzur afirmou que a capitalização da Construtora Adolpho Lindenberg (CAL) já foi concluída, e que agora a EZTec aguarda a realização de assembleias e a aprovação do Cade, o que pode ocorrer dentro de quatro meses.
Com tudo aprovado, a EZTec vai partilhar o controle da CAL com a Lindenberg Investimentos, atual controlador, por meio de acordo de acionistas. Segundo o presidente, a empresa teria 40% de participação no negócio.
Ele afirmou que a associação tem trazido frutos para a própria Lindenberg, que não tinha “condições de se financiar e crescer” antes da parceria.
A EZTec antecipou seu exercício de bônus de subscrição de 2026 e 2027 para 2024 e 2025. Questionado sobre esse adiantamento, o presidente afirmou que o momento atual de mercado é favorável aos produtos da Lindenberg, o que pode não ser o caso ao se aguardar mais três anos.
O Estado de S.Paulo - SP 04/11/2024
Se nenhum outro apartamento fosse construído e as vendas continuassem no ritmo atual, seriam necessários oito anos para vender todas as casas paradas em Luoyang, uma cidade de 7 milhões de habitantes no centro da China. A região é um ponto crítico da crise imobiliária do país, onde anos de construção excessiva transformaram distritos inteiros em cemitérios imobiliários. A cidade é marcada por extensos terrenos abandonados repletos de concreto e vidro.
A extensão do excesso de construções na China tem sido contestada há anos. Histórias de “cidades fantasmas” - distritos inteiros com casas não vendidas - começaram a ganhar as manchetes em 2010, seguidas de relatórios sobre como as áreas vazias estavam sendo preenchidas. Um ex-vice-chefe do departamento de estatísticas do governo disse no ano passado que toda a população da China poderia caber nas casas vazias do país. Alguns especialistas ainda argumentam que o número real é menor, mas analistas locais estimam que em julho havia 32 milhões de casas não vendidas; propriedades ociosas, ou aquelas que foram compradas como investimentos, mas não são habitadas, poderiam somar outros 49 milhões.
Uma coisa com a qual a maioria concorda é que a economia da China não pode ser recuperada sem antes resgatar o mercado imobiliário. Os líderes do país acreditam que a maneira mais fácil de fazer isso é se concentrar nos apartamentos ociosos.
Desde 24 de setembro, as autoridades anunciaram uma série de medidas para dar suporte à economia. O banco central alterou os termos de uma linha de crédito de 300 bilhões de yuans (US$ 42 bilhões), permitindo que os bancos comerciais refinanciem 100% dos empréstimos a empresas estatais, em vez de 60%, para permitir que essas estatais comprem apartamentos não vendidos e os transformem em moradias sociais.
Em uma reunião do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, prevista para 4 de novembro, os líderes poderão destinar 4 trilhões de yuans (US$ 561 bilhões) em títulos especiais que os governos locais poderão usar para comprar terrenos não utilizados e casas não vendidas nos próximos cinco anos, segundo a agência de notícias Reuters.
Ao visar as casas não vendidas, o governo acredita que pode resolver alguns dos problemas mais evidentes da economia. Com tantos apartamentos no mercado, as incorporadoras hesitam em iniciar novos projetos. Quando interrompem a construção, elas também param de alugar terrenos do governo - um choque para os governos locais altamente endividados, cuja principal fonte de receita é o aluguel de terrenos.
O excesso de casas também forçou as incorporadoras a reduzir os preços. Isso, por sua vez, minou a confiança das pessoas que, há pouco tempo, colocavam a maior parte de sua riqueza no mercado imobiliário, levando a um colapso dramático nas vendas. Calcula-se que os gastos com novas casas caíram mais de 16 trilhões de yuans (US$ 2,2 trilhões) em 2021 para cerca de metade desse valor este ano. Os analistas da S&P Global, uma agência de classificação de risco, foram sucintos: “Muito estoque, pouca confiança”.
Fundos extras seriam bem-vindos em Luoyang. Há cinco anos, os complexos de apartamentos imponentes e esmagadoramente vazios em seu distrito de Yibin fizeram com que a área fosse rotulada como uma cidade fantasma. Agora há sinais de vida: alguns projetos novos foram totalmente vendidos no final de outubro. Mas a área ainda está desconfortavelmente vazia. Os agentes imobiliários dizem esperar que muitos apartamentos à venda acabem sendo mantidos pelas incorporadoras como garantia para empréstimos, em vez de se tornarem casas de família.
Desde que o governo mudou seu tom em relação à economia no final de setembro, houve sinais de que as coisas estão melhorando. As vendas de casas aumentaram durante um feriado recente. Algumas medidas, como taxas de hipoteca mais baixas e restrições de vendas mais brandas nas grandes cidades, provavelmente ajudaram a convencer as pessoas a comprar. Algumas cidades foram forçadas a flexibilizar os controles de preços, o que levou a quedas acentuadas nos valores. Quanto mais próximos estiverem das taxas reais de mercado, mais rapidamente ocorrerão as vendas.
No entanto, os analistas temem que o plano do governo não consiga consertar o mercado. Ele não se concentra o suficiente em apartamentos não concluídos pelos quais o pagamento já foi recebido, um cenário de pesadelo que afasta os compradores. As famílias estão esperando que mais de 20 milhões dessas casas sejam concluídas; as incorporadoras de muitas delas estão falidas. Ao mesmo tempo, as autoridades locais não parecem muito interessadas em comprar casas não vendidas. Dos 300 bilhões de yuans disponibilizados em maio, apenas 4% haviam sido usados até o final de junho. Espera-se que o custo do serviço das dívidas seja maior do que os retornos que as autoridades podem obter.
A corretora Tianfeng Securities calcula que custaria ao governo central 7 trilhões de yuans (US$ 982 bilhões) para comprar todos os apartamentos ociosos do país. Isso é muito mais do que o Estado parece estar disposto a gastar. Como consequência, cidades como Luoyang terão de lidar com moradias indesejadas por muitos anos.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/11/2024
Em setembro deste ano, a produção de petróleo e gás natural no pré-sal foi de 3,681 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), maior volume já registrado. Também foi recorde a participação do pré-sal na produção nacional, chegando a 81,2% do total. As informações são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
No mês, a produção total de petróleo e gás no país, somando todos os ambientes, foi de 4,539 milhões de boe/d.
Segundo a ANP, a produção de gás natural foi de 169,92 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia), também se configurando como recorde. Trata-se de um aumento de 6,4% se comparada a agosto de 2024 e de 7,6% em relação a setembro de 2023.
Já a produção de petróleo nacional totalizou 3,470 milhões de barris por dia (bbl/d), um aumento de 3,9% na comparação com o mês anterior e uma redução de 5,5% em relação ao mesmo mês de 2023.
Pré-sal
O volume de 3,681 milhões de boe/d produzido no pré-sal representou aumento de 6,3% com relação ao mês anterior e de 2,4% se comparado a setembro de 2023. Desse total, foram 2,864 milhões de bbl/d de petróleo e 129,90 milhões de m³/d de gás natural. A produção foi realizada por meio de 153 poços.
Aproveitamento do gás natural
Em setembro, o aproveitamento de gás natural foi de 97,9%. Foram disponibilizados ao mercado 56,87 milhões de m³/d e a queima foi de 3,63 milhões de m³/d. Houve aumento de 0,6% na queima, em relação ao mês anterior, e de 8,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a ANP.
Origem da produção
No mês, os campos marítimos produziram 97,6% do petróleo e 83,6% do gás natural. Os campos operados pela Petrobras, sozinha ou em consórcio com outras empresas, foram responsáveis por 90,54% do total produzido. A produção teve origem em 6.428 poços, sendo 495 marítimos e 5.933 terrestres.
Campos e instalações
No mês de setembro, o Campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor, registrando 850,91 mil bbl/d de petróleo e 43,59 milhões de m³/d de gás natural. Já a instalação com maior produção foi a FPSO Guanabara, na jazida compartilhada de Mero, com 182.028 bbl/d de petróleo e 11,95 milhões de m³/d de gás.
TN Petróleo - RJ 04/11/2024
Com três FPSOs em operação no campo de Tupi, a MODEC é responsável por 37% dos 3 bilhões de barris de petróleo produzidos ao longo dos últimos 15 anos. Os FPSOs Cidade de Angra dos Reis MV22, Cidade de Mangaratiba MV24 e Cidade de Itaguaí MV26, juntos, produziram cerca de 1,1 bilhões de barris de óleo desde 2010, quando entrou em operação o FPSO Cidade de Angra dos Reis MV22. O navio foi a primeira embarcação a produzir em escala comercial no pré-sal brasileiro.
O recorde acumulado de Tupi foi divulgado nesta segunda-feira pela Petrobras em seu Relatório de Produção e Vendas do terceiro trimestre deste ano. De acordo com a companhia, o campo de Tupi é o principal campo produtor de petróleo no pré-sal da Bacia de Santos.
“Estamos muito orgulhosos em poder contribuir para este resultado tão significativo do nosso cliente no campo de Tupi, o precursor do pré-sal. O resultado comprova o compromisso e dedicação de toda a nossa equipe em busca constante por excelência operacional. Os FPSOs MV22, MV24 e MV26 desempenham um papel crucial e de pioneirismo”, comemora Rodrigo Rocha, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da MODEC.
Sobre a MODEC - A MODEC é líder global no segmento de construção, afretamento e operação de plataformas para produção de óleo e gás e possui mais de 55 anos de história. Há mais de duas décadas em mares brasileiros, a MODEC opera 13 plataformas de Petróleo e Gás. São mais de 3,2 mil empregados atuando no Brasil.
Petro Notícias - SP 04/11/2024
Um dado interessante trazido pela MODEC, uma empresa japonesa atua no segmento de construção, afretamento e operação de plataformas para produção de óleo e gás e possui mais de 55 anos de história: Com três FPSOs em operação no campo de Tupi, a companhia é responsável por 37% dos 3 bilhões de barris de petróleo produzidos ao longo dos últimos 15 anos. Os FPSOs Cidade de Angra dos Reis MV22, Cidade de Mangaratiba MV24 e Cidade de Itaguaí MV26, juntos, produziram cerca de 1,1 bilhão de barris de óleo desde 2010, quando entrou em operação o FPSO Cidade de Angra dos Reis MV22. O navio foi a primeira embarcação a produzir em escala comercial no pré-sal brasileiro.
O recorde acumulado de Tupi foi divulgado pela Petrobrás em seu Relatório de Produção e Vendas do terceiro trimestre deste ano. De acordo com a companhia, o campo é o principal produtor de petróleo no pré-sal da Bacia de Santos.
Chegada do FPSO Cidade de Angra dos Reis ao campo de Tupi na Bacia de Santos
“Estamos muito orgulhosos em poder contribuir para este resultado tão significativo do nosso cliente no campo de Tupi, o precursor do pré-sal. O resultado comprova o compromisso e dedicação de toda a nossa equipe em busca constante por excelência operacional. Os FPSOs MV22, MV24 e MV26 desempenham um papel crucial e de pioneirismo”, comemora Rodrigo Rocha, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da MODEC, que há mais de duas décadas opera 13 plataformas de Petróleo e Gás e tem mais de 3,2 mil empregados atuando no país.
O Estado de S.Paulo - SP 04/11/2024
O Brasil vive um momento de incerteza em relação ao futuro da produção de petróleo, que depende fundamentalmente de novas reservas e do aumento do fator de recuperação de campos maduros. Especialistas alertam que, sem novas descobertas nos últimos anos no pré-sal - hoje responsável por 81% da produção brasileira da commodity -, o Brasil corre o risco de se tornar importador já na próxima década. Esse é o cenário provável sobretudo se o País não conseguir explorar as bacias da Margem Equatorial, no Norte e Nordeste, ou de Pelotas, no Sul.
Atualmente o Brasil produz 3,47 milhões de barris de petróleo por dia, ou 1,2 bilhão de barris por ano, com reservas provadas de 15,9 bilhões de barris. Nesse ritmo, o petróleo nacional acabaria em 2035. Mesmo que fossem confirmadas as reservas prováveis e possíveis (que ainda dependem de testes), de 27 bilhões de barris, teria mais 10 anos de produção e terminaria em 2045. No ano passado, apenas seis poços foram perfurados no litoral brasileiro, mesmo número de 2024, até o momento.
Para o pesquisador e professor do Instituto de Energia da PUC-Rio, Edmar Almeida, não existe outra opção a não ser a exploração da bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, onde existe chance de se encontrar reservatórios gigantes a exemplo dos vizinhos da região, Guiana e Suriname. Já o “espelho” da bacia de Pelotas é a Namíbia, na África, onde estão sendo descobertos reservatórios bem menores, a própria Petrobras já indicou que a região Sul ficará para uma exploração posterior à do Norte do País.
Ele observa que, até o fim desta década, serão instaladas mais 17 plataformas no Brasil, mas a falta de exploração e de novas descobertas, mantida a produção atual ou aumentando-a, esgotará em pouco mais de uma década todo o petróleo conhecido atualmente. “Não tem opção. Já faz algum tempo que não tem nova descoberta no pré-sal e as empresas têm devolvido blocos. Estamos aumentando muito a produção e as reservas atuais não vão conseguir sustentar essa produção”, alerta.
Negativa do Ibama
Um parecer de técnicos do Ibama divulgado na terça-feira, 29, no entanto, apontou para uma nova negativa da licença ambiental para a perfuração de um poço da Petrobras na bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, situado a mais de 500 quilômetros da costa. Mesmo assim, o presidente da autarquia ambiental, Rodrigo Agostinho, voltou a pedir maiores esclarecimentos à estatal, antes de indeferir o pedido definitivamente.
Na quinta-feira, 31, no primeiro comentário de um executivo do alto escalão da Petrobras sobre o tema após o surgimento do parecer, a diretora de Exploração e Produção da estatal, Sylvia dos Anjos, afirmou estar “muito otimista” e disse acreditar que não vai demorar muito mais tempo para a estatal obter a licença.
Em evento no Rio de Janeiro, Anjos disse que a Petrobras vai insistir na Margem Equatorial porque já cumpriu várias etapas do processo de exploração e porque acredita no potencial da província petrolífera. Além disso, lembrou que a produção do petróleo brasileiro emite cerca da metade de gases do efeito estufa que a média mundial e advertiu que, se o País tiver de voltar a importar petróleo à frente, vai trazer um produto mais poluente do exterior. “Por isso, produzir petróleo no Brasil é bom negócio”, defendeu, sob a lógica ambiental.
O consultor e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Eberaldo Almeida, enxerga um componente ideológico muito forte na posição dos técnicos do Ibama. Eles estariam dificultando um rito técnico e usando de “filigranas burocráticas” para inviabilizar a licença e servir a uma leitura de que a produção de petróleo no mundo tem de acabar.
“O que está acontecendo nessa história é uma maldade grande com o País e principalmente com a região Norte, que fica alijada dos recursos especiais do petróleo, que poderiam gerar desenvolvimento e proteger efetivamente a floresta”, diz o especialista. “Não há fundamento científico para o que está sendo feito, a negativa de uma licença para uma operação de exploração segura a mais de 500 quilômetros do litoral, que apesar do nome geológico de Bacia da Foz do Amazonas, pouco tem a ver com a floresta e seus rios efetivamente.”
O especialista lembra que, se o Brasil parar de produzir petróleo, invariavelmente vai ter de importar um produto de origem comprometida. “Hoje, no mundo, dos 18 países que exportam volume de petróleo significativo, 14 são autocracias. Só estão fora desse grupo a Noruega, com produção declinante, o Canadá, o Brasil e o México”, afirma. “Se parar de produzir, o Brasil vai ter de importar petróleo mais poluente e de regimes como os da Rússia, Arábia Saudita, Kuwait e outros. É isso o que se quer?” questiona.
Para Eberaldo, uma saída positiva e eficaz para esse imbróglio seria vincular os leilões de área nas cinco bacias da Margem Equatorial a projetos socioambientais na Amazônia, para além dos pagamentos tradicionais à União.
“Já se vê declínio no pré-sal”, diz Edmar Almeida, lembrando que o declínio natural dos campos de petróleo é de cerca de 10% ao ano. “Basicamente, se o País decidir não aproveitar os recursos da Margem Equatorial, outro país vai produzir e exportar para o Brasil um petróleo com mais emissões de CO2", diz, repetindo o argumento de Anjos e ressaltando a incoerência da demora da licença, já que a Petrobras explora e produz no mar do Sudeste perto de adensamentos demográficos bem maiores, além de manter vasta operação na base de Urucu, encravada na floresta amazônica. “Qual é a diferença da Margem Equatorial e da Ilha Grande (RJ)?”, questiona.
Negociações em andamento
Segundo pessoas próximas à Petrobras, que falaram sob condição de anonimato, a estatal continua negociando com o órgão ambiental o aval para explorar a Margem Equatorial. O Estadão/Broadcast apurou que a expectativa é que a licença seja concedida após a reunião do G-20 no País, prevista para o mês que vem. Além disso, a estatal quer aumentar o fator de recuperação de campos maduros, principalmente na bacia de Campos, que segundo a diretora de Exploração e Produção da companhia, Sylvia Anjos, vai produzir mais 200 mil barris por dia em 2025.
No momento, entre os pontos mais sensíveis a serem resolvidos pela Petrobras está a unidade de apoio à fauna, a ser construída em distância razoável para o caso de eventual vazamento - a Petrobras havia construído uma base em Belém, considerada distante. E, também, e a utilização do Aeroporto Municipal de Oiapoque (AP) para as operações, cuja utilização, defende a Petrobras, estaria no limite operacional previsto sem perturbação maior a comunidades indígenas na região, o que os técnicos do Ibama questionam.
“Esse embate (com o Ibama) tem de ser resolvido. Se o Brasil quiser continuar relevante no mercado internacional, vai ter de encontrar uma área expressiva para explorar, como foi o pré-sal”, diz Edmar. “Mas o debate não está acontecendo de forma correta. Seria saudável se houvesse um debate mais honesto, mais aberto, porque a gente não consegue entender porque o offshore de lá (Margem Equatorial) é diferente do offshore da Ilha Grande.”
Valor - SP 04/11/2024
Expectativa é que a implementação aconteça no primeiro semestre de 2025
A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar) abriu na semana passada uma consulta pública para colher sugestões da sociedade sobre a implantação do mercado livre de gás natural no Estado. As contribuições podem ser enviadas para a agência até o dia 27 de novembro.
O mercado livre de gás natural permite ao consumidor escolher o fornecedor do insumo, o que pode trazer mais competição, com preços e condições de fornecimento mais atrativos. O modelo é semelhante ao que já existe no setor elétrico.
A Lei 14.134/2021, conhecida como Nova Lei do Gás, abre espaço para a migração de consumidores para o mercado livre de gás. No entanto, a competência para regular o mercado é dos Estados.
A expectativa é que a implementação do mercado livre de gás no Paraná aconteça no primeiro semestre de 2025, depois de cumpridas todas as etapas do ciclo regulatório pela Agepar.
O chefe da Coordenadoria de Distribuição de Gás Canalizado da Agepar, Guilherme Ricardo dos Santos Souza e Silva, disse que a implementação desse modelo no Paraná é importante para que os consumidores, principalmente do setor industrial, conquistem maior autonomia na compra da molécula, trazendo maior competitividade ao mercado paranaense.
"Com a implementação do Mercado Livre, porém, os consumidores livres poderão negociar o valor da molécula diretamente com os supridores, utilizando apenas o serviço de distribuição de gás canalizado da concessionária [a Compagás]”, afirmou Silva, em comunicado.
Valor - SP 04/11/2024
Para serem incorporados ao edital da oferta permanente, os blocos precisam passar por etapas como análise ambiental e audiência pública
A diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou na semana passada a indicação de 25 blocos exploratórios de petróleo e gás natural no rol de ativos em estudos para eventual inclusão em futuras ofertas permanentes de concessão.
Segundo a ANP, os blocos estão localizados na região norte da bacia de Campos e na região sul da bacia do Espírito Santo.
Para serem incorporados ao edital da oferta permanente de concessão, explicou a agência, os blocos precisam passar por etapas como análise ambiental, emissão de Manifestação Conjunta dos Ministérios de Minas e Energia (MME) e Meio Ambiente (MMA) e audiência pública, entre outras ações.
Os blocos aprovados ocupam uma área aproximada de 18 mil quilômetros quadrados (km²), que se encontra em lâmina d'água acima de 2.750 metros de profundidade e a uma distância superior a 190 km da costa.
"A incorporação desse novo conjunto de blocos na OPC também leva em consideração o surgimento de novos entendimentos geocientíficos sobre a atratividade exploratória da área como, por exemplo, uma analogia com as descobertas de acumulações petrolíferas na Namíbia", disse a ANP, em comunicado.
Oferta permanente
A oferta permanente é uma modalidade segundo a qual as empresas não precisam esperar uma rodada “tradicional” de leilões, ficando permanentemente aptas para arrematar blocos de petróleo. Da mesma forma, o edital só é alterado para inclusão de novas áreas e exclusão de outras, que foram arrematadas por empresas.
No modelo tradicional, as empresas são habilitadas para cada leilão e os blocos incluídos em editais unicamente produzidos para cada certame. Os leilões públicos, nos quais as empresas apresentam ofertas pelas áreas pretendidas, continuam ocorrendo como habitualmente – são as sessões públicas de cada ciclo da oferta permanente.
Os ciclos são abertos a partir da declaração de interesse das empresas pelas áreas. Entre a declaração de interesse e os leilões, decorre um prazo de 120 dias.
Os vencedores das sessões públicas passam a cumprir prazos de entrega de documentos exigidos no edital e de pagamento do bônus de assinatura, além da assinatura dos contratos, que podem ser de concessão ou de partilha.
A diferença na oferta permanente é que, se for de concessão, as áreas arrematadas são concedidas às empresas. O critério para vencer o leilão de uma área de petróleo sob o regime de concessão é a oferta do bônus de assinatura e o Programa Exploratório Mínimo (PEM).
Na oferta permanente de concessão, vence quem tiver a maior nota, calculada mediante atribuição de pontos e pesos aos critérios de bônus de assinatura e do PEM.
O bônus de assinatura é o valor em dinheiro ofertado pelo bloco. O PEM é um conjunto de atividades que o vencedor da área no leilão se compromete a executar durante a primeira fase do contrato, de exploração.
Globo Online - RJ 04/11/2024
A Bacia de Campos, que já foi a principal região produtora de petróleo do país, completa neste mês 50 anos de sua descoberta prestes a recuperar um lugar de destaque na estratégia de crescimento da Petrobras.
Apesar do avanço do pré-sal na Bacia de Santos, a região entre o litoral do Rio e o do Espírito Santo voltou a figurar como aposta prioritária da estatal para elevar suas reservas em meio às incertezas sobre a licença ambiental para explorar a área chamada de Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, no litoral norte do país, que já foi negada uma vez.
Na semana passada, um parecer de técnicos do Ibama recomendou a rejeição do recurso da Petrobras, mas o órgão encaminhou novos questionamentos à estatal antes de decidir.
Enquanto responde, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, quer acelerar os investimentos na revitalização da Bacia de Campos, que levou a Petrobras a desenvolver alta tecnologia de produção em águas profundas e colocou a estatal no mapa global do petróleo.
Com essa fronteira petrolífera, em dez anos a companhia triplicou sua produção, até então majoritariamente terrestre, passando de 200 mil barris por dia para 600 mil entre 1974 e 1984.
Agora, segundo a própria Magda, especializada em engenharia de reservatórios, há um potencial de tirar dali a mesma quantidade de óleo e gás produzidos desde os anos 1970, com novos poços, técnicas de revitalização de poços maduros e o reaproveitamento de plataformas, cujas aposentadorias foram suspensas.
Na indústria do petróleo, obstáculos geológicos impedem a retirada de todo o conteúdo dos reservatórios. A Petrobras avalia que é possível tirar mais.
— A produção de Campos tem hoje um fator de recuperação de 17% no seu total. Entendemos que pode produzir nos próximos 40 a 50 anos quem sabe a mesma quantidade de petróleo que produziu até hoje. Estamos voltados para o aproveitamento da Bacia de Campos — disse Magda, recentemente em evento.
A executiva quer acelerar um plano de revitalização da bacia, que ganha corpo desde a década passada, quando a companhia era liderada por Graça Foster. O antecessor de Magda, Jean Paul Prates também iniciou esforços na região, que hoje responde por 20% da produção própria da estatal, cerca de 450 mil barris por dia.
Levando em conta as áreas já em produção, a intenção é alcançar 600 mil até 2028. Para isso, a expectativa é que a Bacia de Campos receba investimentos superiores aos US$ 22 bilhões do último plano de negócios da Petrobras, que está finalizando o novo, para o período 2025-2029, e deve apresentá-lo em dezembro.
Uma das iniciativas é a instalação de cinco novas plataformas nos campos Marlim Leste/Sul, Jubarte, Albacora, Barracuda-Caratinga e Raias Manta e Pintada. A Petrobras já tem hoje em Campos 37 plataformas e 327 poços em 14 campos. Prevê 100 novos poços, que serão interligados às novas unidades de produção e às já instaladas.
Nove áreas devem passar a receber aportes, e a empresa vai buscar novas oportunidades nos campos de produção. “O programa de revitalização da Bacia de Campos é o maior de recuperação de ativos maduros em águas profundas no mundo”, limitou-se a Petrobras em nota.
Enquanto aguarda o sinal verde do Ibama na Margem Equatorial e avança nos estudos do potencial da Bacia de Pelotas, no litoral sul do país, Magda tem dado o tom da nova estratégia que envolve tirar mais de Campos: “Toda gota de petróleo importa”.
Custo é desafio
Recentemente, a executiva revelou que a estatal iniciou estudos para reaproveitar em Campos plataformas que seriam descartadas, como P35, P37, P47 e P19.
Segundo o gerente-geral da Unidade de Negócios de Exploração e Produção da Bacia de Campos da Petrobras, Alex Murteira Celen, a P-51, uma plataforma do tipo submersível, também terá sua vida útil estendida em Marlim Sul.
Ela produz 30 mil barris diários a 175 quilômetros de Macaé em uma profundidade de 1.250 metros. Terminaria a vida útil em 2034, mas, com reforma e manutenção, ficará no mar até 2052. Já estão aprovados investimentos de US$ 600 milhões até 2048.
Luiz Hayum, analista principal de E&P da Wood Mackenzie, vê desafios do plano, sobretudo, na contratação de novas plataformas, cujos preços subiram 40% desde 2021:
— Vemos dificuldades para contratar novas plataformas. Esses projetos (de revitalização) têm margens (de lucro) menores, pois não são tão rentáveis quanto os do pré-sal, e há pouco espaço para absorver custo maior. Soma-se a isso a falta de licença para Foz, o início do estágio exploratório na Bacia de Pelotas e o menor volume de descobertas no pré-sal nos últimos anos. Estamos vendo um problema de renovação de portfólio. Assim, a Petrobras vê novas oportunidades nos campos maduros.
Outros especialistas veem na Bacia de Campos espaço para recuperação adicional, também em curso nas áreas de outras petroleiras, como Shell, Brava, Prio e Equinor. Estima-se que, até hoje, só cerca de 15% de todo o petróleo depositado na região foram extraídos, metade da média de outras regiões produtoras no mundo, como o Golfo do México e o Mar do Norte, que superam 30%, segundo avaliação de Hayum.
Especialistas lembram que, com as novas tecnologias para vencer obstáculos geológicos, a produtividade das áreas em Campos pode elevar o volume recuperável para 40%.
A Petrobras cita o caso do campo de Marlim, onde está a P-51. Com a revitalização, estima ali 860 milhões barris adicionais: “O número considera o total a ser produzido até 2048, previsto para o final do prazo de concessão. Antes da revitalização, a expectativa era de que a produção de Marlim se encerrasse em 2025 com a devolução”, diz a empresa.
Fronteira tecnológica
Segundo consultores, uma vantagem em termos de custo é perfurar novos poços onde já há infraestrutura. Além disso, a Petrobras está na fronteira de tecnologias para revitalizar campos, como as novas técnicas de sísmica 3D e 4D, que capta informações constantemente e permite conhecer a trajetória do petróleo no reservatório, o uso de inteligência artificial na reavaliação de estratégias e a reinjeção de gás e água para facilitar a extração.
Para Rodrigo Almeida, analista do Santander, projetos de revitalização estarão cada vez mais presentes no Brasil, na Petrobras e nas outras petroleiras. Esse esforço não era feito porque havia sempre uma nova fronteira de alta produtividade adiante.
Campos, por exemplo, levou a Petrobras a deixar campos terrestres em segundo plano e acabou passando pelo mesmo ocaso com a descoberta do pré-sal e o deslocamento da maior parte da produção para a Bacia de Santos nos anos 2000.
— Na Europa, a recuperação é maior pois é a única opção. Por isso as empresas desenvolveram técnicas para maior extração. Agora, vemos esse esforço aqui, para otimizar o que temos diante do impasse na Foz do Amazonas.
Como tirar mais de poços maduros:
Sísmica 3D/4D: A geologia não permite retirada de todo o petróleo em um reservatório. Sensores acompanham continuamente o comportamento dos reservatórios, permitindo perfurar novos poços com maior precisão.Reinjeção: Separa-se água e COâ‚‚ no fundo do mar. A reinjeção eleva a pressão nos reservatórios e facilita extração.Digitalização e IA: O uso de supercomputadores e inteligência artificial em cálculos traz maior confiabilidade às estratégias de engenharia para aumentar a eficiência dos poços. Com o gêmeo digital, a Petrobras consegue, em terra, reproduzir as condições do reservatório e encontrar o melhor gerenciamento com modelos matemáticos.
O Estado de S.Paulo - SP 04/11/2024
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou nesta sexta-feira, 1º, o edital para a concessão do lote Agro Norte, composto pelo trecho da rodovia federal BR-364, em Rondônia. O leilão foi agendado para 27 de fevereiro, na sede da B3, em São Paulo.
Este é o segundo lote a ser leiloado a partir do contrato de estruturação de rodovias federais celebrado entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério dos Transportes.
O projeto ligará as cidades de Vilhena e Porto Velho, totalizando cerca de 687 quilômetros. A previsão é de R$ 6,3 bilhões ao longo de 30 anos de concessão.
O trecho compõe uma alternativa de escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste, integrando-se com a hidrovia do Rio Madeira em Porto Velho. “A Rota Agro Norte é o principal corredor logístico para transportar 11 milhões de toneladas de grãos para embarque pelos terminais portuários de Porto Velho e interliga as principais cidades de Rondônia, como Vilhena e Ji-Paraná, à capital”, afirma o diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Barbosa.
As principais melhorias envolvem 108 km de duplicações complementadas com mais de 190 km de terceiras faixas em pista simples. Está prevista também a implantação do acesso aos novos terminais portuários de Porto Velho, além de vias marginais em determinadas travessias urbanas e a implantação de três pontos de parada e descanso para caminhoneiros.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/11/2024
A CCR está vendo mais de 100 bilhões de reais em novos projetos de concessões de rodovias nos próximos anos e vai disputar novos leilões nos próximos seis meses, afirmou o presidente-executivo do maior grupo de infraestrutura de transporte do país, Miguel Setas, nesta sexta-feira.
“Vamos ser muito seletivos…É esperado que participemos de novas licitações nos próximos seis meses”, afirmou o executivo da CCR em conferência com analistas após a publicação dos resultados do terceiro trimestre da companhia na noite da véspera.
O comentário foi feito depois que a CCR venceu na quarta-feira o primeiro leilão dos três que participou no último ano e meio.
A empresa levou a Rota Sorocabana, um conjunto de rodovias no interior de São Paulo que a empresa considera como “estratégico” para seu portfólio.
Segundo Setas, a CCR já opera 130 quilômetros que reúnem 80% da receita esperada para a Rota Sorocabana e por isso conseguiu ver oportunidades adicionais no empreendimento, o que permitiu à empresa ser “competitiva” no leilão em que superou a Ecorodovias na etapa viva-voz.
Setas afirmou que o foco da CCR nos próximos leilões de infraestrutura no país está sobre rodovias e mobilidade urbana, como trens e metrô. Nesse segmento, a empresa vê um conjunto de ativos sendo ofertado à iniciativa privada nos próximos anos que soma de 60 bilhões a 70 bilhões de reais, disse o executivo.
Em aeroportos, a companhia deve concluir neste ano processo de redução de risco em seu portfólio, o que deve abrir espaço para a CCR “considerar movimentos de consolidação”, disse Setas.
“O mercado é muito fragmentado e há oportunidades de consolidação nesse mercado. O ano de 2025 será, seguramente, ano que a companhia vai trabalhar nessa agenda de criação de valor”, acrescentou o presidente-executivo da CCR.
O Estado de S.Paulo - SP 04/11/2024
O consórcio Novo Litoral começa a operar rodovias paulistas que ligam os municípios do Alto Tietê (Grande São Paulo) à Baixada Santista e ao Vale do Ribeira a partir desta sexta-feira, 1° de novembro. Há previsão de instalação de novas praças de pedágio e a promessa contratual de melhorias nas estradas, como duplicações das vias e ampliação da faixas de acostamento.
O trecho concedido à iniciativa privada abrange 213 quilômetros de pistas, que incluem as rodovias SP-055 (Rodovia Padre Manuel da Nóbrega); SP-088 (Mogi-Dutra) e SP-098 (Mogi-Bertioga), cobrindo 12 cidades ao todo: Arujá, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Bertioga, Santos, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Itariri, Pedro de Toledo e Miracatu.
O Novo Litoral é formado pela Companhia Brasileira de Infraestrutura (CBI) e pela empresa CLD Construtora. O consórcio vai explorar o serviço das estradas por meio de uma uma Parceria Público-Privada (PPP) firmada com o governo do Estado depois de vencer um leilão internacional promovido pelo Executivo estadual em abril deste ano.
O governo paulista defende que o modelo de PPP “proporciona economia aos cofres públicos” e pode diminuir o tempo de execução e finalização das obras. “O vencedor do certame será remunerado tanto pelo pagamento anual de contraprestação pelo Estado como por receitas de pedágio e atividades acessórias.”
A operação terá um investimento de R$ 4,3 bilhões e prazo de 30 anos. A Artesp, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo, será responsável pela fiscalização do contrato.
Existe a previsão de serem instalados 15 novos pórticos de pedágio automáticos no trecho concedido (veja os locais na tabela abaixo). Não há previsão de quando as novas praças vão começar a funcionar.
Mas, segundo o governo paulista, as cobranças serão feitas “somente após realização dos investimentos previstos contratualmente”. O contrato prevê, entre as obrigações, que o Novo Litoral faça adequação e pavimentação de vias como obrigações antes do início das cobranças.
O sistema de pagamento será feito no sistema de free-flow, automático, eletrônico, e calculado a partir do trecho percorrido pelo motorista. As tarifas vão variar entre R$ 1,08 e R$ 6,29, e o pagamento será feito por tags eletrônicas ou de forma presencial em lugares que ainda vão ser divulgados pela concessionária.
O contrato prevê que o Novo Litoral faça uma série de melhorias na infraestrutura das estradas, como 90 de quilômetros duplicação, 10 quilômetros de faixas de ultrapassagem, 47 quilômetros de acostamentos, 73 quilômetros de ciclovias, 27 novas passarelas para pedestres e obras gerais de segurança e drenagem.
Ainda segundo o governo de São Paulo, a concessionária vai instalar oitos postos de Serviços de Atendimento ao Usuário (SAU) às margens das rodovias. Os SAU deverão ser equipados com sanitários masculinos, femininos , fraldário, sala de descanso, água potável e estacionamento.
O consórcio ainda vai dispor de ambulâncias, guinchos leves e pesados, veículos para inspeção e supervisão de tráfego, caminhões pipa e motocicleta de inspeção.
Exame - SP 04/11/2024
As empresas do agronegócio e os produtores rurais brasileiros movimentaram R$ 7,56 trilhões em 2023, o que representa 32,31% das operações de compra e venda registradas no país. Os dados são de um estudo inédito divulgado nesta sexta-feira, 1º, pelo Empresômetro, uma spin-off do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
A análise, que levou seis meses para ser concluída e se baseou em notas fiscais eletrônicas com CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica) diretamente relacionadas ao setor agro, teve como objetivo mapear e entender cada segmento do setor. No levantamento, o Empresômetro analisou dois tipos de valor:
Valor comercializado: corresponde às transações que geraram, de fato, uma nota fiscal de compra e venda; Valor transacionado: engloba as transações em que o produto passa por diferentes etapas, do campo ao consumidor.
O valor transacionado pelo agronegócio atingiu R$ 11,53 trilhões — o equivalente a 32,59% do total de operações no Brasil em 2023, que somaram R$ 34,29 trilhões.
A soja ilustra esse tipo de transação: o grão é vendido pelo produtor à cooperativa, depois para a trading e, por fim, exportado para a China, o principal destino da commodity brasileira. Cada etapa envolve uma nova operação de venda, somando valor transacionado ao total.
O processo faz o valor do produto ser contabilizado em diversas etapas, mas o valor comercializado refere-se apenas à compra e venda inicial, evitando duplicidade nos cálculos do Empresômetro.
Os 10 maiores grupos de comercialização
O estudo do Empresômetro também agrupou os registros das notas fiscais em 26 categorias do agronegócio. As 10 com maior participação no valor comercializado foram soja (15,32%), insumos (12,51%), máquinas e equipamentos (7,73%), carnes (7,18%), alimentação humana (6,92%), bebidas (5,34%), milho (4,18%), animais vivos (4,15%), álcool (3,85%) e combustível (3,40%).
Somente a soja teve um valor transacionado de R$ 1,76 trilhão em 2023. Já o total comercializado chegou a R$ 1,31 trilhão.
A definição do que integra o agro considerou tanto a produção agropecuária “da porteira para dentro” quanto outras partes da cadeia, como indústria de transformação, insumos e serviços. As bebidas foram incluídas como um ramo do agronegócio por conterem matéria-prima de origem vegetal – cerveja, vinho e cachaça, por exemplo, têm origem em cevada, uva e cana-de-açúcar. O mesmo critério se aplicou aos biocombustíveis, como etanol e biodiesel.
A pesquisa estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) do agro foi de R$ 2,58 trilhões em 2023, representando 23,08% do total do país (R$ 9,91 trilhões).
O levantamento também apontou que o agro correspondeu a 24,73% da arrecadação tributária do Brasil no ano passado, somando R$ 897,46 bilhões de um total de R$ 3,62 trilhões. O setor primário respondeu por 18,45% do valor total de tributos – menor em comparação com os setores secundário (49,17%) e terciário (32,38%).
Os setores da economia organizam as atividades econômicas e produtivas da sociedade em três grandes áreas: o setor primário, que abrange a agricultura, pecuária e extrativismo; o setor secundário, que compreende as atividades industriais de transformação; e o setor terciário, que inclui os serviços — formais ou informais — e as atividades comerciais em diversas áreas.
O perfil das empresas do agro
O levantamento indica que existem 25.050.284 empresas no Brasil. Dessas, 3.348.138 pertencem ao setor do agronegócio, o que representa 13,37% do total. As empresas foram categorizadas conforme seu porte:
Microempreendedor Individual (MEI): com faturamento de até R$ 100 mil; Microempresa: de R$ 100 mil a R$ 3,8 milhões; Pequena empresa: de R$ 3,8 milhões a R$ 10 milhões; Média empresa: entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões; Grande empresa: acima de R$ 100 milhões.
Segundo o Empresômetro, a maioria das empresas do agronegócio são MEIs, com um total de 1.415.546 empresas, ou seja, 42,28% do setor – o número reflete um crescimento de 13,8% em relação a 2022. Ainda há 1.137.647 pequenas empresas (33,98%), o que representa alta de 7,1% em comparação ao levantamento anterior, 749.616 microempresas (22,39%), 37.932 empresas médias (1,13%) e 7.397 grandes empresas (0,22%).
Grande parte dos estabelecimentos de agronegócio está localizada em São Paulo (39,89%), somando 1.335.629 empresas. Na sequência, aparecem os estados de Minas Gerais (9,17%), Rio de Janeiro (6,13%), Paraná (5,63%) e Rio Grande do Sul (5,31%). Estes cinco estados concentram 66,13% das empresas do agronegócio no Brasil.
O perfil dos produtores
O levantamento do Empresômetro contabilizou 5.522.384 produtores rurais no Brasil, dos quais 3.916.486 são pessoas físicas, representando 70,93% do total. A maioria dos produtores registrados com CPF reside no Nordeste (46,01% ou 1.802.120). As demais regiões concentram:
748.781 produtores no Sudeste (19,12%); 644.227 no Sul (16,45%); 451.274 no Norte (11,52%); 270.192 no Centro-Oeste (6,90%).
Para mapear os produtores rurais pessoas físicas, os dados foram verificados por meio do cruzamento de notas fiscais eletrônicas com cadastros oficiais, como do Incra e registros estaduais. Como o estudo considerou apenas as transações com nota fiscal eletrônica, foi possível excluir gastos pessoais ou sem relação com atividades rurais.
A pesquisa mostrou também que os cinco estados com o maior número de produtores rurais são:
Bahia: 608.907 produtores (15,55% do total); Minas Gerais: 449.867 (11,49%); Ceará: 302.799 (7,73%); Rio Grande do Sul: 272.059 (6,95%); Paraná: 227.848 (5,82%).
Globo Rural - SP 04/11/2024
A indústria de máquinas e equipamentos agropecuários continua tendo um ano difícil marcado por seguidas quedas nas vendas internas e nas exportações. Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta que, no acumulado dos últimos 12 meses, o comércio de máquinas caiu mais de 25% no Brasil.
Em setembro, o desempenho também foi ruim ficando abaixo do esperado pela indústria. A receita líquida total do setor atingiu R$ 5,97 bilhões, uma queda de 7,3% em relação ao mês anterior e de 20,6% em comparação a setembro de 2023. Em termos de exportação, o valor foi de US$ 137,18 milhões, uma redução de 6,8% em relação a agosto e de 2,7% em comparação a setembro do ano anterior.